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UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS -UFAM INSTITUTO DE CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLOGIA ICET ITACOATIARA AM 2019 LUANE SEIXAS DE OLIVEIRA TRATAMENTO DE ÁGUA COM ELEVADA CARGA SÓLIDA PARA CONSUMO HUMANO POR ULTRAFILTRAÇÃO: ANÁLISE PRELIMINAR DE PARÂMETROS FÍSICO-QUÍMICOS E OPERACIONAIS

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS -UFAM INSTITUTO DE CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLOGIA – ICET

ITACOATIARA – AM

2019

LUANE SEIXAS DE OLIVEIRA

TRATAMENTO DE ÁGUA COM ELEVADA CARGA SÓLIDA PARA CONSUMO

HUMANO POR ULTRAFILTRAÇÃO: ANÁLISE PRELIMINAR DE PARÂMETROS

FÍSICO-QUÍMICOS E OPERACIONAIS

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LUANE SEIXAS DE OLIVEIRA

TRATAMENTO DE ÁGUA COM ELEVADA CARGA SÓLIDA PARA CONSUMO

HUMANO POR ULTRAFILTRAÇÃO: ANÁLISE PRELIMINAR DE PARÂMETROS

FÍSICO-QUÍMICOS E OPERACIONAIS

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao

Instituto de Ciências Exatas e Tecnologia da

Universidade Federal do Amazonas - ICET/UFAM,

como requisito para obtenção do título de bacharela

em Química Industrial.

ORIENTADOR:

PROF. DR. ALEX MARTINS RAMOS

ITACOATIARA - AM 2019

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Ficha Catalográfica

O48t    Tratamento de água com elevada carga sólida para consumohumano por ultrafiltração: Análise preliminar de parâmetros físico-químicos e operacionais / Luane Seixas de Oliveira. 2019   50 f.: il.; 31 cm.

   Orientador: Alex Martins Ramos   TCC de Graduação (Química Industrial) - Universidade Federaldo Amazonas.

   1. Qualidade. 2. Ultrafiltração. 3. Eficiência. 4. Coagulante. 5.Potabilidade. I. Ramos, Alex Martins II. Universidade Federal doAmazonas III. Título

Ficha catalográfica elaborada automaticamente de acordo com os dados fornecidos pelo(a) autor(a).

Oliveira, Luane Seixas de

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AGRADECIMENTOS

Aos meus pais Eulina Seixas de Oliveira e José Olívio Fialho de Oliveira que sempre

me apoiaram e incentivaram a estudar.

A Universidade Federal do Amazonas, pela oportunidade e concessão de auxílios

financeiros.

Ao meu orientador Dr. Alex Martins Ramos e ao Dr. Jamal da Silva Chaar por terem

sido pacientes e ensinado que devemos ter autonomia, pois nem sempre haverá

alguém orientando por qual caminho devemos seguir.

A minha irmã Naiara e meu cunhado Fábio Alves, que sempre me ajudaram e

estiveram presentes, me incentivando e me acolhendo durante toda minha

graduação.

Aos meus irmãos, que sempre acreditaram e contribuíram para eu chegar até aqui.

Agradeço a Cristiane Rolim, Késsia Sales e Raimundo Tavares por terem

contribuído para a elaboração desse trabalho.

Agradeço aos professores Elson Almeida de Souza e Ana Paula Faccio, que

continuem sendo esses professores que inspiram muitos alunos.

Aos meus colegas que sempre torceram por mim, e aos que nunca torceram

também, estes foram fundamentais para minha inspiração e força de vontade em

fechar com sucesso mais uma fase da minha vida.

E a todos que direta ou indiretamente fizeram parte dessa trajetória.

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Não é a força da água, mas é a persistência das gotas que perfuram a pedra.

Ivan Teorilang

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RESUMO

Os corpos hídricos vêm sendo drasticamente alterados devido às ações humanas, com o aumento das poluições domésticas e industriais. Com isso, o tratamento de água surge como uma alternativa para o consumo de água sem riscos à saúde, visando reduzir ou eliminar contaminantes físicos, químicos e biológicos. O objetivo do trabalho foi realizar a avaliação da qualidade da água tratada pelo sistema de ultrafiltração com base nos padrões de potabilidade descritos na legislação vigente no país. A metodologia teve início com a determinação in situ da água bruta e ex situ da água tratada utilizando métodos eletrométricos, assim como a determinação espectrofotométrica dos parâmetros químicos e utilização do teste dos jarros na determinação da quantidade ótima de coagulante e tempo de sedimentação. Desse modo, os resultados obtidos mostram ótima eficiência de remoção de turbidez e cor da água após tratamento no sistema de ultrafiltração. O coagulante natural Tanfloc SG demonstrou não alterar o pH e nem elevar a condutividade elétrica da água no pré–tratamento, utilizando como quantidade ótima para a coagulação o volume de 6,0 mL. Aplicando ao sistema, a quantidade de coagulante foi 180 mL para 30 L de água bruta, com tempo de sedimentação de 17 minutos. Na água tratada verificou-se que os parâmetros químicos: amônia (NH3), nitrato (NO3

-), nitrito (NO2

-), fosfato (PO43-) e sulfato (SO4

2-) estão abaixo dos valores máximos permitidos pela legislação vigente. Os resultados permitem concluir que o sistema de ultrafiltração é eficiente para o tratamento de água com elevada carga sólida após o pré–tratamento com coagulante, tornando-a adequada para consumo humano sem riscos à saúde.

Palavras-chave: Qualidade. Ultrafiltração. Eficiência. Coagulante. Potabilidade.

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ABSTRACT

Water bodies have been drastically altered due to human actions, with increasing domestic and industrial pollution. Thus, water treatment emerges as an alternative to the consumption of water without health risks, with the objective of reducing or eliminating physical, chemical and biological contaminants. The objective of this work was to evaluate the quality of water treated by the ultrafiltration system based on the potability standards described in the legislation in force in the country. The methodology began with the in situ determination of raw water and ex situ of treated water, using electrometric methods, as well as spectrophotometric determination of chemical parameters and the use of the jar test to determine the ideal amount of coagulant and sedimentation time. Thus, the results show great efficiency in removing turbidity and water color after treatment in the ultrafiltration system. The natural coagulant Tanfloc SG has been shown not to change the pH or increase the electrical conductivity of the water in the pretreatment, using as the ideal amount for coagulation the volume of 6.0 mL. Applying to the system, the amount of coagulant was 180 mL for 30 L of raw water, with sedimentation time of 17 minutes. In treated water, it was found that the chemical parameters: ammonia (NH3), nitrate (NO3

-), nitrite (NO2-), phosphate (PO4

3-) and sulfate (SO42-) are below

the maximum values allowed by current legislation. The results show that the ultrafiltration system is efficient in treating high solids water after coagulant pretreatment, making it suitable for human consumption without health risks.

Keywords: Quality. Ultrafiltration. Efficiency. Coagulant. Potability.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Etapas do tratamento de água convencional ...................................... 17

Figura 2 - Capacidade de operação dos principais processos de separação por

membrana ................................................................................................................ 19

Figura 3 – Esquema da estação de tratamento de água por ultrafiltração ........ 30

Figura 4 - Curva de calibração da absorbância em função da concentração da

amônia ...................................................................................................................... 35

Figura 5 – Curva de calibração da absorbância em função da concentração do

nitrito ........................................................................................................................ 36

Figura 6 – Curva de calibração da absorbância em função da concentração do

nitrato ....................................................................................................................... 38

Figura 7 – Curva de calibração da absorbância em função da concentração do

fosfato ...................................................................................................................... 39

Figura 8 – Curva de calibração da absorbância em função da concentração de

sulfato ...................................................................................................................... 42

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Parâmetros determinados na amostra 1 ............................................. 31

Tabela 2 – Parâmetros determinados na amostra 2 ............................................. 31

Tabela 3 – Resultado dos testes dos jarros para coagulante natural Tanfloc ... 33

Tabela 4 – Concentração de NH3 em amostras de água do rio Amazonas......... 35

Tabela 5 – Concentração de N-NO2- em amostras de água do rio Amazonas .... 37

Tabela 6 – Concentração de N-NO3- em amostras de água do rio Amazonas .... 38

Tabela 7 –Concentração de P-PO43- em amostras de água do rio Amazonas .... 40

Tabela 8 – Concentração de SO42- em amostras de água do rio Amazonas ...... 42

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO................................................................................................ 9

2 OBJETIVOS ................................................................................................. 11

2.1 Objetivo geral ............................................................................................... 11

2.2 Objetivos específicos .................................................................................... 11

3 REFERENCIAL TEÓRICO ........................................................................... 12

3.1 Tratamento de água para consumo humano ................................................ 12

3.1.1 Características físicas da água ..................................................................... 12

3.1.2 Características químicas e físico-químicas da água ..................................... 14

3.2 Processo de tratamento da água .................................................................. 17

3.2.1 Tratamento convencional ............................................................................. 17

3.2.2 Tecnologia de membrana de ultrafiltração no tratamento de água ............... 18

4 METODOLOGIA ........................................................................................... 21

4.1 Local de coleta e amostragem ...................................................................... 21

4.2 Análises laboratoriais .................................................................................... 22

4.2.1 Métodos eletrométricos e espectrofotométricos ........................................... 22

4.2.2 Sólidos totais em suspensão ........................................................................ 22

4.2.3 Teste dos jarros ............................................................................................ 22

4.2.4 Preparo da curva de calibração .................................................................... 23

4.2.5 Amônia ......................................................................................................... 24

4.2.6 Nitrito ............................................................................................................ 25

4.2.7 Nitrato ........................................................................................................... 26

4.2.8 Fosfato .......................................................................................................... 27

4.2.9 Sulfato .......................................................................................................... 28

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO .................................................................... 30

5.1 Análise dos parâmetros físico-químicos e de projeto ................................... 30

5.2 Parâmetros químicos .................................................................................... 34

5.2.1 Amônia ......................................................................................................... 34

5.2.2 Nitrito ............................................................................................................ 36

5.2.3 Nitrato ........................................................................................................... 37

5.2.4 Fosfato .......................................................................................................... 39

5.2.5 Sulfato .......................................................................................................... 41

6 CONCLUSÃO ............................................................................................... 44

REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 45

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1 INTRODUÇÃO

O aumento da população humana influencia diretamente na qualidade das

águas de rios e lagos, com modificação nas características físicas, químicas e

biológicas devido a geração em maior quantidade de esgotos domésticos e industriais

que são despejados nos corpos d’água sem tratamento prévio (ESTEVES;

MENEZES, 2011; SILVA; MOREJON; LESS, 2014).

A região Amazônica possui mais de 40% dos recursos hídricos superficiais do

Brasil. Mesmo com essa abundância de águas em sua superfície, a população

amazônica que habita áreas de várzea sofrem com as variações nos níveis de água

dos mananciais superficiais, pois muitos secam completamente ou ficam com pouca

lâmina de água, o que inviabiliza sua utilização, seja pela insuficiência, e/ou por

condições impróprias para consumo humano, tendo em vista que diferentes formas

de ocupação humana se dão em ambiente entrecortado de rios, lagos, igarapés e

demais corpos d´água, com grandes variedades em suas características químicas e

biológicas (AZEVEDO, 2006; MOURA, 2007; PASCOALOTO; OLIVEIRA, 2016).

Nesse contexto, a população que mora às margens desses ambientes e

necessitam consumir água isenta de contaminantes, fazem o uso de hipoclorito de

sódio (NaClO) utilizado para desinfecção visando a inativação ou destruição de

organismos patogênicos e outros microrganismos indesejáveis na água bruta. No

entanto, a cloração da água pode ser um fator prejudicial à saúde, tendo em vista a

formação de trihalometanos (THMs), reação entre o cloro com a matéria orgânica

natural (MON), considerado como possível causador de câncer de cólon, bexiga,

estômago e outros (MEYER, 1994; PAIXÃO; SILVA; ANDREOLA, 2014; SILVA;

MELO, 2015).

Na maioria das vezes não há qualquer tipo de tratamento na água consumida,

sendo apenas retirada do corpo hídrico diante da necessidade de usá-la, pois muitos

sequer têm conhecimento de que aquela água está imprópria para consumo, o que

terá como consequência o desencadeamento de diversas doenças.

Diante desse cenário, e na busca por novas tecnologias de tratamento de

água mais eficiente, destaca-se a ultrafiltração, que vem sendo cada vez mais

empregada no tratamento de água, onde utiliza uma membrana porosa capaz de

remover substâncias da água com peso molecular entre 1000 e 2000 g/mol, incluindo

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coloides, compostos orgânicos solúveis e vírus (AZEVEDO, 2006; LIBÂNIO, 2010;

BAIRD; CANN, 2011).

Um fator limitante do emprego da membrana de ultrafiltração é a incrustação,

devido ao acúmulo de sólidos que causam problemas operacionais, e uma das

alegações para que esse sistema não seja considerado no tratamento de água para

abastecimento público é o elevado custo de implementação. Essa percepção vem do

fato de o Brasil não produzir membranas, além da quantidade limitada de empresas

que atuam no mercado (MIERZWA et al., 2008; PANTOJA, 2015).

Com relação ao fator incrustação, como a água do rio Amazonas é

classificada como branca devido aos sedimentos em suspensão, com maiores

concentrações de sedimento nos meses de novembro a abril devido à ressuspensão

dos sedimentos com o aumento da vazão e fenômeno das terras caídas, faz-se

necessário um pré-tratamento, aplicando um coagulante atuando em conjunto com a

membrana, fazendo com que a matéria orgânica em suspensão presente na água

bruta se aglomere (SIOLI, 1967 apud JUNK, 1979; SANTOS; RIBEIRO, 1988;

PANTOJA, 2015).

Com a aglomeração da matéria orgânica, haverá o aumento do tamanho das

partículas de sedimento diminuindo a superfície de contato, que irão sedimentar por

gravidade, o que facilitará o processo de filtração da água na membrana porosa.

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2 OBJETIVOS

2.1 Objetivo geral

Avaliar a qualidade da água tratada e a eficiência do sistema de ultrafiltração

com base nos padrões de potabilidade descritos na legislação vigente no país.

2.2 Objetivos específicos

i) Determinar parâmetros físico-químicos: temperatura, pH, turbidez, cor real,

cor aparente, oxigênio dissolvido (OD) e sólidos totais em suspensão nas

águas bruta e tratada;

ii) Determinar parâmetros químicos: nitrato, nitrito, amônia, fósforo e sulfato na

água tratada;

iii) Analisar os parâmetros de projeto: tempo de sedimentação e quantidade de

coagulante necessária ao pré-tratamento;

iv) Determinar as figuras de mérito linearidade, limite de detecção (LD) e

quantificação (LQ) das metodologias analíticas empregadas.

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3 REFERENCIAL TEÓRICO

3.1 Tratamento de água para consumo humano

A água para consumo humano é aquela que não oferece riscos à saúde,

sendo considerada água potável destinada à ingestão, preparação e produção de

alimentos, assim como higiene pessoal, independentemente de sua origem, para isso,

quando a água não atende aos requisitos essenciais para consumo, é então

submetida a processos físicos, químicos ou na combinação destes, visando atender

ao padrão de potabilidade (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2017).

Para realizar o tratamento da água a ser consumida, torna-se necessário

conhecer suas propriedades físico-químicas e biológicas que traduzem uma série de

processos que ocorrem no corpo hídrico e na bacia hidrográfica de escoamento

superficial e subterrâneo (RICHTER; NETTO, 1991; LIBÂNIO, 2010). O conhecimento

dessas propriedades é parte essencial em projetos de estação de tratamento.

3.1.1 Características físicas da água

As características físicas da água são consideradas de impacto imediato ao

consumidor, podendo tornar a procura por fontes de água de aspecto mais agradável,

um tanto perigosa, tendo em vista que a água pura considerada ideal para consumo

é em geral, um líquido incolor, inodoro, insípido e transparente (RICHTER; NETTO,

1991; RICHTER, 2009; LIBÂNIO, 2010).

As principais características físicas da água mais abordadas nas literaturas

são a cor, turbidez, sólidos totais em suspensão, condutividade elétrica e temperatura.

A cor da água é decorrente de sua capacidade de absorver radiação, normalmente

por ácidos húmicos e taninos, que são matérias orgânicas com dimensão inferior a

10 m. Quando a cor se manifesta em águas subterrâneas é o resultado da presença

de ferro e manganês ou lançamento de diversos tipos de resíduos industriais

(RICHTER; NETTO, 1991; RICHTER, 2009; LIBÂNIO, 2010).

Quando as substâncias estão dissolvidas e com o sólido em uma das fases

na forma finamente dividido, denominado estado coloidal, é denominada cor real ou

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verdadeira, quando há matéria em suspensão presente é denominada cor aparente.

Para determinar a cor real da amostra de água, realiza-se a centrifugação, ou a

filtração prévia da amostra. De modo geral, a remoção da cor pode ser realizada por

coagulação, utilizando coagulante inorgânico ou orgânico (APHA; AWWA; WPFC,

1999; RICHTER, 2009; LIBÂNIO, 2010).

Outro aspecto visível na água é a turbidez, decorrente da presença de matéria

suspensa em estado coloidal presente, sejam partículas insolúveis do solo, matéria

orgânica, microrganismos ou materiais diversos que provocam a dispersão e absorção

da luz, tornando a aparência da água nebulosa e esteticamente indesejável, sendo

expressa por meio de unidade de turbidez (uT) ou unidade nefelométrica de turbidez

(UNT). As disparidades de tamanho das partículas revestem a turbidez de uma

importância fundamental no tratamento da água, nos casos que a turbidez ultrapassa

300 UNT, torna-se necessário o uso de pré-sedimentadores antes da filtração, para

tornar o processo mais eficiente (RICHTER, 2009; LIBÂNIO, 2010; ROSA; GAUTO,

2011).

De acordo com Libânio (2010), a turbidez constitui-se em uma inferência da

concentração de sólidos totais em suspensão na água, que podem ser sedimentáveis

ou não sedimentáveis, essas partículas são capazes de adsorver substâncias tóxicas,

tais como agrotóxicos organoclorados, e outros compostos orgânicos, por isso sua

remoção é indispensável para a redução da concentração desses compostos nocivos

à saúde.

Dos parâmetros físicos, a temperatura da água é um dos mais importantes, pois

está relacionado com a solubilidade, fluoretação, com a mudança de pH, com a

desinfecção e velocidade das reações químicas que podem ocorrer nos corpos

hídricos, e influencia principalmente na solubilidade de oxigênio na água, visto que o

mesmo é fundamental para microrganismos aeróbicos decomporem a matéria

orgânica (RICHTER; NETTO, 1991; LIBÂNIO, 2010).

Por não haver efeitos significativos à saúde e a dificuldade de alterar a

temperatura da água para abastecimento de maiores populações, os padrões de

potabilidade brasileiro e a Organização Mundial de Saúde não estabelecem

temperatura máxima para água de consumo (LIBÂNIO, 2010).

Embora não haja efeitos significativos para a saúde, a temperatura tem

grande influência sobre a condutividade elétrica, devido a maior solubilidade dos íons

em temperaturas acima da temperatura ambiente, acarretando uma maior condução

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de corrente elétrica. A condutividade elétrica é um indicador de cargas e íons

condutores de corrente elétrica na água, sendo diretamente proporcional à

concentração iônica, de forma que quando há presença de compostos inorgânicos em

concentração elevada, a água irá apresentar alta condutividade elétrica, em

contrapartida, quando há presença de compostos orgânicos que não se dissociam,

reduz-se a transmissão da corrente elétrica (RICHTER, 2009; LIBÂNIO, 2010).

3.1.2 Características químicas e físico-químicas da água

As análises químicas da água são de grande importância do ponto de vista

sanitário e econômico, onde determina-se de modo explícito as características da

água, em que algumas análises como a determinação de cloretos, nitritos, nitratos e

teor de oxigênio dissolvido permitem avaliar o grau de poluição antropogênica de um

corpo hídrico (RICHTER; NETTO, 1991).

Dos parâmetros físico-químicos, no que diz respeito ao tratamento, o potencial

hidrogeniônico (pH) é o parâmetro que interfere em diversos processos e operações

unitárias inerentes a potabilização, tendo em vista a utilização de coagulantes que têm

sua eficiência em determinada faixa de pH (LIBÂNIO, 2010).

O pH representa a intensidade de acidez e alcalinidade por meio da

concentração de íons hidrogênios em solução (MINISTÉRIO DA SÁUDE, 2017;

FUNASA, 2013). Ocorre ainda que o grau de solubilidade de diversas substâncias é

influenciado pelo pH, tendo como consequência a intensidade da cor e na distribuição

das formas livres e ionizadas de diversos compostos orgânicos, definindo também o

potencial de toxidade de vários elementos (LIBÂNIO, 2010). O Ministério da Saúde

recomenda que as águas para abastecimento público devem apresentar valores de

pH entre 6 e 9,5.

Outro parâmetro que é importante determinar no controle de qualidade da

água é o oxigênio dissolvido (OD), que é um importante oxidante das águas naturais,

onde sua concentração depende de fatores físico-químicos e biológicos, de forma que

organismos aeróbicos o utilizam para decomposição da matéria orgânica, onde há a

consequente diminuição do OD. A concentração de OD nos corpos hídricos é

influenciada principalmente pela temperatura e pressão que determinam sua

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solubilidade (RICHTER; NETTO, 1991; BROWN et al., 2005; FIORUCCI; FILHO,

2005; MINISTÉRIO DA SÁUDE, 2017).

Para o ser humano, o predomínio de uma condição aeróbia no corpo hídrico

é fundamental, já que a maioria dos usos da água exige condições de qualidade só

encontradas em ambientes aeróbios (MINISTÉRIO DA SÁUDE, 2017).

Dentre os parâmetros importantes no controle de qualidade da água, destaca-

se o nitrogênio, que pode indicar poluição recente ou remota de origem antropogênica,

podendo ser encontrado na natureza na forma, orgânica, amoniacal (NH4+), nitritos

(NO2-) e nitratos (NO3

-). Águas com predominância de nitrogênio orgânico e amoniacal

são poluídas por uma descarga de esgotos próxima, águas com concentrações de

nitratos predominante indicam poluição remota, uma vez que os nitratos são a forma

oxidada mais estável do nitrogênio (RICHTER; NETTO, 1991; BASTOS et al., 2006).

O nitrato é tóxico aos seres humanos, em sua forma reduzida a nitrito (NO2-)

e em altas concentrações contribui para a doença conhecida como cianose ou

metemoglobinemia infantil, condição mórbida associada à descoloração da pele, em

consequência de alteração na coloração do sangue, dessa forma, a Portaria nº 5/2017

do Ministério da Saúde e a Resolução CONAMA n° 357 de 2005 estabelecem o limite

de 10 mg/L de nitrato em águas para consumo humano, visto que se a concentração

exceder esse valor a água estará em condições inadequada para consumo (MAZON

et al., 2005; ZOPPAS; BERNARDES; MENEGUZZI, 2016).

Diferentemente do nitrato, o nitrito pode ser obtido através da oxidação da

amônia ou a partir da redução do nitrato. Esses processos de oxidação e redução

podem ocorrer em estações de tratamento de águas residuárias, sistemas de

distribuição de água e águas naturais, visto que se o nitrito for usado como inibidor de

corrosão em água de processo industrial, o mesmo pode entrar no sistema de

abastecimento de água podendo levar a oxidação do íon ferroso (Fe2+) presente no

sangue a íon férrico (Fe3+),. Essa oxidação provoca a metemoglobinemia em

crianças, resultando na coloração azul do sangue, nesse sentido, a Portaria nº

5/2017–MS e a Resolução CONAMA n° 357 de 2005 estabelecem o nível máximo de

1,0 mg/L de nitrito em águas de para consumo, porém se este valor estiver superior a

seu valor máximo a água estará fora dos padrões de potabilidade. (APHA; AWWA;

WPCF, 1999; NASCIMENTO et al., 2008; LIBÂNIO, 2010).

A amônia está presente naturalmente nos corpos d’água, sendo sua

concentração geralmente baixa em águas subterrâneas. Podendo ser produzida pela

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hidrólise da ureia e por compostos contendo nitrogênio orgânico. Praticamente toda

amônia presente nos corpos d’água encontra-se ionizada na forma de íons amônio

para pH inferiores a 8 e não ionizada para pH superior a 11. Para águas superficiais

naturais, as concentrações de amônia encontradas variam de menos de 0,01 mg/L

em termos de nitrogênio amoniacal, no entanto, em águas subterrâneas naturais

essas concentrações variam para mais de 30 mg/L em algumas águas residuárias

(APHA; AWWA; WPCF, 1999; LIBÂNIO, 2010).

Assim como o nitrato, o fósforo é essencial para o crescimento de organismos

e pode ser o nutriente que limita a produtividade primária de um corpo hídrico. Como

o fosfato é um nutriente que pode limitar o crescimento, a descarga de águas brutas

ou tratadas, a drenagem agrícola ou certos resíduos industriais para essa água podem

estimular o crescimento de microrganismos aquáticos fotossintetizantes em

quantidades indesejáveis (APHA; AWWA; WPFC, 1999).

O fósforo nas águas naturais ocorre principalmente nas formas de ortofosfato,

polifosfatos e fosfatos organicamente ligados, denominados fosfato inorgânico

dissolvido (PID). O PID corresponde à forma mais assimilável pelos organismos

aquáticos e suas concentrações refletem diretamente na produção primária do

sistema. Em meio aquático o PID pode apresentar em diferentes formas iônicas

(H2PO4-, HPO4

2- e PO43-) e suas proporções dependem do pH (PAULA FILHO;

MOURA; MARINS, 2012).

Dos íons presentes na água, vale destacar ainda os sais presentes que podem

conferir sabor salino e propriedades laxativas, como é o caso do íon sulfato (SO42-),

que quando presente na água em concentrações elevadas tem propriedade laxativa

mais acentuada que outros sais, e associado a cálcio e magnésio, promove dureza

permanente e pode ser um indicador de poluição na decomposição da matéria

orgânica. Além disso quantidades excessivas desse sal podem tornar a água

inadequada para consumo, por isso a Portaria nº 5/2017-MS estabelece valor máximo

aceitável nas águas de 250 mg/L (RICHTER; NETTO, 1991).

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3.2 Processo de tratamento da água

3.2.1 Tratamento convencional

Há diversas tecnologias de tratamento de água que visam adequar as

características físicas, químicas e biológicas da água a determinados padrões

higiênicos, estéticos e econômicos, dentre elas existe o tratamento convencional

mostrado na Figura 1 que é utilizado pelo sistema público e é geralmente o primeiro

procedimento adotado para o tratamento de água para uso industrial (MIERZWA;

HESPANHOL, 2005; LIBÂNIO, 2010).

Figura 1 - Etapas do tratamento de água convencional

Fonte: A autora (2019).

O tratamento convencional, como mostra a Figura 1, consiste em operações

unitárias que inicia com a coagulação (2), havendo a desestabilização das partículas

coloidais da água bruta, onde geralmente utiliza-se sulfato de alumínio (Al2(SO4)3) ou

cloreto férrico (FeCl3) como coagulante com agitação intensa, seguido da floculação

(3), formando partículas maiores de sedimento, devido a diminuição das forças que

mantêm as partículas coloidais separadas, o processo é realizado com mistura lenta.

Após a formação de flóculos maiores, ocorre a sedimentação (4) e em seguida a

filtração (5) para a completa clarificação da água. O pH é corrigido quando a água se

encontra no reservatório para que logo após ocorra a desinfecção, com a adição de

cloro (7) e fluoretação, com adição de flúor (8), e enfim ir para a rede de distribuição

(9) (BOTERO et al., 2009; LIBÂNIO, 2010).

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3.2.2 Tecnologia de membrana de ultrafiltração no tratamento de água

Com o avanço da tecnologia surge novas técnicas de tratamento de água que

buscam aumentar a eficiência dos processos, a redução dos custos e tempo de

operação. Dessa forma, destacam-se os processos de separação por membrana que

são a microfiltração, ultrafiltração, nanofiltração e osmose reversa. Esses métodos se

diferem por meio do diâmetro dos poros da membrana e da intensidade da pressão

hidráulica que promove a separação dos contaminantes (MIERWA; HESPANHOL,

2005). A Figura 2 ilustra esses principais processos de separação de membrana que

utilizam pressão hidráulica.

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Figura 2 - Capacidade de operação dos principais processos de separação por membrana

Fonte: Adaptado de Mierzwa; Hespanhol (2005).

Conforme Figura 2, na separação por membrana existem três correntes de

fluxo, a corrente de alimentação, por onde entra a água bruta, a corrente de permeado,

sai a água tratada e a corrente de concentrado, água com contaminantes que não

atravessaram a membrana. Observa-se na mesma figura que a osmose reversa e a

nanofiltração são as mais eficientes na remoção de contaminantes devido ao menor

diâmetro dos poros, porém, nota-se ainda na Figura 2 que a pressão decresce com o

aumento dos poros. Diante disso, esses dois processos de separação têm a

desvantagem de consumir maior quantidade de energia, devido a elevadas pressões

de operação (MIERZWA et al., 2008).

Dentre os processos de filtração por membrana, o processo de ultrafiltração

para o tratamento de água para abastecimento pode ser o mais adequado, pois

apresenta menor consumo de energia elétrica e maior eficiência na remoção da

matéria orgânica natural em função do peso molecular de corte, a ultrafiltração tem

preferência em relação a microfiltração devido sua maior capacidade de separação

para vírus e coloides, além disso, a ultrafiltração é ainda menos suscetível à obstrução

dos poros da membrana, tendo em vista sua maior porosidade (DOYEN, 1997; YOON

et al., 2006).

Devido a pequena porosidade das membranas, a separação por membranas

deve ser precedida por sistemas de pré–tratamento, como forma de proteger e

melhorar o desempenho das membranas. Essa operação consiste normalmente na

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coagulação/floculação, com utilização de coagulante inorgânico ou orgânico

(MIERZWA; HESPANHOL, 2005; VAZ et al., 2010).

Existem diversos tipos de coagulantes de origem química e vegetal, no

tratamento de efluentes. Os coagulantes químicos mais utilizados são sulfato de

alumínio (Al2(SO4)3) e cloreto férrico (FeCl3), já os coagulantes de origem orgânica

naturais ou sintetizados ainda estão sob investigação, porém, vêm se mostrando uma

alternativa melhor, pois, não altera o pH e o lodo gerado é biodegradável (RICHTER,

2009; VAZ et al., 2010).

O sulfato de alumínio é o coagulante químico mais empregado em estação de

tratamento de água (ETA), pois apresenta maior eficiência quando o pH da suspensão

estiver entre 5 e 7, fora dessa faixa de pH haverá formação de hidróxidos solúveis de

alumínio que não desestabilizarão as partículas sólidas coloidais em suspensão,

tornando impraticável a coagulação. Os sais de alumínio têm baixa eficiência em

águas com baixas temperaturas devido a menor solubilidade dos sais de alumínio,

principalmente o (Al2(SO4)3), assim como o retardo da cinética das reações de

hidrólise do cátion, responsáveis pela formação de elevada carga positiva que são

essenciais para a desestabilização das partículas coloidais em suspensão (LIMA

JÚNIOR; ABREU, 2018; MATOS et al., 2007; RICHTER, 2009; VAZ et al., 2010)..

A principal desvantagem do uso desse coagulante é a disposição final do lodo

inorgânico gerado, pois os sais de alumínio são agentes inorgânicos e não

biodegradáveis, o que se torna um problema ambiental a ser resolvido, tendo em vista

que o alumínio é um elemento tóxico para o ser humano, plantas e microrganismos

(MATOS et al., 2007; RICHTER, 2009; VAZ et al., 2010).

O cloreto férrico quando utilizado como coagulante, reage de forma a

neutralizar a carga negativa dos coloides e proporcionam a formação de hidróxidos

insolúveis de ferro, como esses hidróxidos férricos têm baixa solubilidade, são

eficientes em uma larga faixa de pH que vai de 4 a 11 (MATOS et al., 2007; RICHTER,

2009).

A vantagem dos sais de alumínio e ferro é que são produtos químicos de baixo

custo, porém, há produção em grande quantidade de lodos que disponibilizam

componentes orgânicos e inorgânicos que apresentam potencial ecotoxicológico por

não serem biodegradáveis, necessitando de tratamento e disposição ambiental

correto. E o uso desses sais em ETA ainda exigem produtos químicos para correção

do pH (MATOS et al., 2007; VAZ et al., 2010; LIMA JÚNIOR; ABREU, 2018).

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Os coagulantes orgânicos naturais ou artificiais, compostos de longa cadeia

molecular, denominados polieletrólitos, são polímeros com grupos ionizáveis ao longo

da cadeia, que se classificam como catiônico, aniônico e não iônico. Os polieletrólitos

catiônicos são fornecidos em sua maioria na forma líquida e são adequados como

coagulantes primários, as demais classificações de polieletrólitos são geralmente

sólidas (RICHTER, 2009, VAZ et al., 2010).

As principais vantagens desses coagulantes orgânicos é que sua utilização

no tratamento de água não afeta o pH da suspensão e nem a alcalinidade. Os lodos

gerados são biodegradáveis, o que possibilita a compostagem e disposição final,

mesmo que o custo desses biopolímeros catiônicos seja maior que os custos dos sais

de alumínio e ferro, as reduzidas dosagens requeridas diminuem o custo, que chegam

próximos aos dos coagulantes químicos (RICHTER, 2009, VAZ et al., 2010).

4 METODOLOGIA

4.1 Local de coleta e amostragem

O município de Itacoatiara situa-se na região nordeste do Estado do

Amazonas, entre as coordenadas geográficas de 2º 30’ norte e 3º 45’ sul e longitude

de 59°30’ leste e 58°05’ a Greenwich (WGr), distante aproximadamente 285 km da

capital do Amazonas localizada junto à Bacia Amazônica (SILVA ,2003).

Foi coletada duas amostras de aproximadamente 40 L de água em agosto e

setembro de 2019 de apenas um ponto da margem esquerda do rio Amazonas no

novo porto de Itacoatiara/AM, localizado no Bairro Jauary II. A coleta foi feita às 10:00

horas da manhã com auxílio de vasilhames de polietileno (capacidade de 20 L), na

superfície da água. A amostra foi imediatamente transportada para o laboratório do

Instituto de Ciências Exatas e Tecnologia da Universidade Federal do Amazonas.

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4.2 Análises laboratoriais

4.2.1 Métodos eletrométricos e espectrofotométricos

O OD, pH, temperatura e condutividade elétrica da água foram medidos no

local da coleta (in situ) para a água bruta e no laboratório para a água tratada (ex situ)

por meio do medidor multiparâmetro à prova d’água modelo AK88. A turbidez foi

medida utilizando um turbidímetro digital de modelo TU430, ambos da marca Akso. A

cor real, cor aparente, nitrato, nitrito, amônio, fosfato e sulfato foram determinados ex

situ por espectrofotometria em espectrofotômetro UV/Vis modelo UV5200S da marca

Global Trade Technology.

4.2.2 Sólidos totais em suspensão

A determinação de sólidos totais em suspensão foi determinada pelo método

gravimétrico baseado na 20ª edição do Standard Methods protocolo nº 2450 D. As

amostras foram filtradas à vácuo utilizando uma bomba da marca Solab, modelo SL-

60 com filtro de membrana de 0,45 µm, previamente secos e pesados utilizando uma

balança analítica de modelo ATY224 e marca Shimadzu, até massa constante. Em

seguida, foi filtrado cerca de 100 mL de amostra de água em triplicata.

O material retido na membrana foi seco em uma estufa da marca SP Labor,

modelo SP-400 entre 105 ºC e 110 ºC por uma hora, ao retirar, deixou-se resfriar no

dessecador por 30 minutos e posteriormente pesou-se na balança analítica. Esse

processo de secagem, resfriamento e pesagem foi realizado até as membranas

contendo os sólidos em superfície atingissem massa constante.

4.2.3 Teste dos jarros

Para determinar a quantidade de coagulante necessária ao pré-tratamento da

água utilizou-se o teste dos jarros (BAUMGARTNER et al., 2013), preparando uma

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solução de coagulante natural a base de tanino com concentração de 1% (v/v).

Posteriormente selecionou-se cinco jarros, produzidos a partir de garrafa PET, no

quais foram adicionados 1,0 L de amostra bruta em cada um. Em seguida, adicionou-

se as quantidades de 4,0; 6,0; 8,0; 10,0 e 15,0 mL de solução do coagulante,

respectivamente. A solução foi agitada vigorosamente por 2 minutos e suavemente

por 5 minutos, de forma manual, utilizando um bastão de PVC.

Para o sedimentador de 30 litros utilizado no sistema de ultrafiltração, utilizou-

se a Equação 1 para calcular a quantidade de coagulante, com base no valor obtido

no teste dos jarros.

𝑉𝐶 =𝑉𝑐𝑜𝑎𝑔𝑢𝑙𝑎𝑛𝑡𝑒 × 𝑉á𝑔𝑢𝑎 𝑏𝑟𝑢𝑡𝑎

𝑉 (1)

Onde VC é o volume de coagulante necessário para coagular a água bruta

alimentada no sistema, Vcoagulante é o volume do coagulante que proporcionou a

coagulação mais eficiente no teste dos jarros, Vágua bruta é o volume da água alimentada

no sistema de ultrafiltração e V é o volume de água bruta utilizada no teste dos jarros.

4.2.4 Preparo da curva de calibração

A leitura da amostra para os parâmetros foi realizada em triplicata, a

metodologia utilizada para determinação do NO2-, NO3

-, SO42- e PO4

3- foram as

constantes no Standard Methods for Examination of Water and Westewater (APHA,

1999). Para determinar a amônia utilizou-se ainda o Manual de Métodos de Análise

de Solo da Embrapa (TEIXEIRA et al., 2017). Todas as leituras de absorbância dos

padrões e amostra foram realizadas utilizando o espectrofotômetro UV/Vis modelo

UV5200S.

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4.2.5 Amônia

Na determinação da amônia, utilizou-se solução de ácido salicílico básico,

citrato trissódico dihidratado, hipoclorito de sódio, nitroprussiato de sódio e cloreto de

amônio, todos da marca Neon.

A solução de ácido salicílico básico foi preparada dissolvendo 1,25 g de ácido

salicílico com 0,5250 g de hidróxido de sódio. Em seguida, adicionou-se 1,25 g de

citrato trissódico dihidratado, já dissolvido em água. As soluções foram transferidas

para um balão volumétrico de 25 mL, completando o volume com água destilada.

A solução de nitroprussiato de sódio foi preparada com concentração de 0,1%

(m/v), adicionando 0,1 g de nitroprussiato de sódio em um balão volumétrico de

100 mL, completando o volume com água destilada. Essa solução foi mantida

refrigerada e ao abrigo da luz para manter sua estabilidade.

Preparou-se uma solução de hipoclorito de sódio 3% (v/v) com a adição de

30,0 mL de hipoclorito de sódio 5% (v/v) em um balão volumétrico de 50 mL,

completando o volume com água destilada. A solução foi preparada antes de iniciar o

preparo dos padrões e a restante descartada após o uso, devido sua baixa

estabilidade.

A solução estoque de cloreto de amônio foi preparada medindo a massa de

1,9095 g de cloreto de amônio anidro, previamente seco em estufa por 24 horas a

100 ºC, e dissolvido em um balão volumétrico de 500 mL com água destilada, até o

volume indicado. A concentração obtida para a solução foi de 1216,0 mg NH3/L.

A curva de calibração foi obtida preparando padrões em triplicata nas

concentrações de 0,50; 1,0; 1,5; 2,0 e 2,5 mg NH3/L com a adição de 0,050. 0,10;

0,15; 0,20 e 0,25 mL de solução estoque de cloreto de amônio 100,0 mg NH3/L e

1,25 mL de solução de ácido salicílico básico, 1,25 mL de nitroprussiato de sódio

dihidratado 0,1% (m/v) e 1,25 mL de solução de hipoclorito de sódio 3% (v/v),

respectivamente, completando para o volume de 10,0 mL com água destilada. Após

a adição das soluções no balão volumétrico, o mesmo foi tampado, agitado e mantido

cada padrão em repouso por 70 minutos para que desenvolvesse a coloração verde

claro com estabilidade de 1 hora.

As amostras foram preparadas em triplicatas com a adição das mesmas

soluções utilizadas no preparo dos padrões, porém, ao invés de adicionar volume de

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solução estoque de cloreto de amônio, adicionou-se 1,25 mL de amostra de água

bruta, e completou-se o volume com água destilada para 10 mL.

Na leitura das absorbâncias, leu-se inicialmente o branco no comprimento de

onda de 660 nm, onde utilizou-se água destilada. As leituras de absorbância dos

padrões foram realizadas em triplicatas autênticas no comprimento de onda de

660 nm. As amostras foram lidas em triplicatas autênticas no mesmo comprimento de

onda que os padrões. A concentração das amostras foi obtida na curva de calibração.

4.2.6 Nitrito

Na determinação do nitrito, utilizou-se sulfanilamida (C6H8N2O2S), mL de

ácido clorídrico (HCl) concentrado, N-(naftil) etilenodiamina dicloridrato (C12H16Cl2N2),

acetato de sódio (CH2COONa), nitrito de sódio (NaNO2), o HCl era da marca Nuclear

e os demais reagentes marca Neon.

Preparou-se uma solução tampão adicionando 0,25 g de sulfanilamida em um

béquer, no qual foi adicionado água destilada, 5,3 mL de ácido clorídrico concentrado,

que foi agitado e transferido para um béquer contendo 0,025 g de N-(naftil)

etilenodiamina dicloridrato. Em seguida, adicionou-se 6,8 g de acetato de sódio.

Agitou-se a solução até a completa solubilidade da sulfanilamida, transferindo-se para

um balão volumétrico de 25 mL, completou-se o volume com água destilada. A

solução restante foi armazenada ao abrigo da luz e refrigerada com estabilidade de 3

semanas.

A solução estoque de nitrito de sódio foi preparada medindo a massa de

0,0747 g de nitrito de sódio anidro, seco por 24 horas em dessecador. Após as 24

horas, transferiu-se a massa para um balão volumétrico de 500 mL, completando o

volume com água destilada e adicionando 1 mL de clorofórmio para preservar a

solução, com estabilidade de 6 meses. A concentração obtida para a solução é

100 mg NO2-/L.

Obteve-se a curva de calibração preparando padrões nas concentrações de

0,10; 0,25; 0,50; 0,75 e 1,0 mg NO2-/L com a adição de 10,0; 25,0; 50,0; 75,0 e 100,0

L de solução estoque de nitrito de sódio 100,0 mg NO2-/L, com adição de 0,4 mL de

solução tampão, completando para o volume de 10 mL com água destilada, deixado

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em repouso por 10 minutos para que desenvolvesse coloração rósea, com

estabilidade de 2 horas.

As amostras foram preparadas em triplicatas com a adição de 9,6 mL de água

bruta e 0,4 mL de tampão, o mesmo utilizado no preparo dos padrões, as soluções

foram mantidas em repouso e lidas após 10 minutos.

Todas as leituras de absorbâncias foram realizadas no comprimento de onda

de 540 nm, onde inicialmente fez-se a leitura do branco, utilizando água destilada. As

leituras de absorbância dos padrões e das amostras foram realizadas em triplicatas

autênticas. A concentração das amostras foi obtida na curva de calibração.

4.2.7 Nitrato

Para determinar nitrato, utilizou-se ácido clorídrico (HCl) e solução estoque de

nitrato de sódio (NaNO3). O HCl era da marca Nuclear e nitrato de sódio da marca

Neon.

Preparou-se solução de ácido clorídrico 1,01 mol/L com adição de 8,5 mL de

HCl concentrado, cuidadosamente em um balão volumétrico de 100 mL contendo

água destilada, e completou-se com água destilada até o volume indicado.

A solução estoque de nitrato foi preparada adicionando 0,3611 g de nitrato de

sódio, previamente seco em estufa por 24 horas e a 105 ºC, em um balão volumétrico

de 500 mL, completando o volume com água destilada gerando um estoque de 440,0

mg NO3-/L. Para preservar a solução, adicionou-se 1 mL de clorofórmio para manter

a estabilidade por 6 meses.

Obteve-se a curva de calibração com a preparação de padrões em triplicata

nas concentrações de 1,0; 5,0; 10,0; 20,0 e 30,0 mg/L com a adição de 0,20; 1,0; 2,0;

4,0 e 6,0 mL de solução estoque de nitrato de sódio 440,0 mg NO3-/L e 0,20 mL de

HCl 1,01 mol/L, em cada padrão, completando o volume para 10 mL com água

destilada. As amostras foram preparadas em triplicatas com a adição de 9,8 mL de

água bruta e 0,2 mL de HCL 1,01 mol/L.

Todas as leituras de absorbâncias foram realizadas em triplicatas autênticas

no comprimento de onda de 220 e 275, simultaneamente, onde inicialmente fez-se a

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leitura do branco, utilizando água destilada. A concentração das amostras foi obtida

na curva de calibração.

4.2.8 Fosfato

Na determinação do fosfato, utilizou-se solução de ácido sulfúrico (H2SO4)

2,52 mol/L, solução de tartarato de antimônio e potássio (C8H10K2O15Sb2), solução de

molibdato de amônio ((NH4)6Mo7O24.4H2O) 4% (m/v), solução de ácido ascórbico

(C2H8O6) 0,1 mol/L e fosfato de potássio bibásico anidro (K2HPO4). Todos os

reagentes utilizados eram da marca Neon.

A solução de ácido sulfúrico 2,52 mol/L foi preparada com a adição de 14 mL

de ácido sulfúrico concentrado em um balão volumétrico de 100 mL e em seguida

completou-se o volume com água destilada.

Para a solução de tartarato de antimônio e potássio, adicionou-se 1,3719 g de

tartarato de antimônio de potássio em um balão volumétrico de 500 mL, completando

o volume com água destilada.

Na preparação de molibdato de amônio 4% (m/v), adicionou-se 4,0 g de

molibdato de amônio em um balão volumétrico de 100 mL e completou-se o volume

com água destilada.

A solução de ácido ascórbico 0,1 mol/L foi preparada com a adição de 1,76 g

de ácido L-ascórbico em um balão volumétrico de 100 mL, completando o volume com

água destilada.

Para o preparo da curva de calibração, preparou-se uma solução de reagente

combinado misturando 25 mL de ácido sulfúrico 2,52 mol/L, 2,5 mL de solução de

tartarato de antimônio e potássio, 7,5 mL de solução de molibdato de amônio 4% (m/v)

e 15 mL de solução de ácido ascórbico 0,1 mol/L, sempre agitando após a adição de

cada reagente. Solução com estabilidade de 4 horas.

A solução estoque de fósforo para preparo dos padrões foi obtida com a

adição de 0,1406 g de fosfato de potássio bibásico anidro em um balão volumétrico

de 500 mL, completando o volume com água destilada.

Para obtenção da curva de calibração preparou-se padrões em triplicata nas

concentrações de 0,25; 0,50; 0,75; 1,00 e 1,25 mg/L adicionando volumes de 50,0;

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100,0; 150,0; 200,0 e 250,0 L de solução estoque de fosfato de potássio bibásico

anidro 50,0 mg/L e 16 mL de solução reagente combinado em um balão volumétrico

de 10 mL, completando o volume com água destilada. Deixou-se os padrões reagir

por 30 minutos para que desenvolvesse a coloração azul. As amostras foram

preparadas em triplicatas com a adição de 8,4 mL de água bruta e 1,6 mL de solução

reagente combinando em um balão volumétrico de 10 mL.

Todas as leituras de absorbâncias foram realizadas em triplicatas autênticas

no comprimento de onda de 880 nm, onde inicialmente fez-se a leitura do branco,

utilizando água destilada. A concentração das amostras foi obtida na curva de

calibração.

4.2.9 Sulfato

Para determinar o sulfato utilizou-se solução tampão, solução de cloreto de

bário 0,1 mol Ba2+/L e solução estoque de sulfato de sódio.

A solução tampão foi preparada com adição de 7,5 g de cloreto de magnésio

(MgCl2.6H2O), 1,25 g de acetato de sódio (CH3COONa), 0,25 g de nitrato de sódio

(NaNO3) e 5 mL de ácido acético (CH3COOH) 99% em um balão volumétrico de

250 mL, completando o volume com água destilada. O ácido acético utilizado era da

marca Impex, os demais eram da marca Neon.

A solução de cloreto de bário 0,1 ml Ba2+/L foi preparada adicionando 1,373 g

de cloreto de bário anidro em um balão volumétrico, completando o volume para

100 mL com água destilada.

No preparo da solução estoque de sulfato, dissolveu-se 0,1479 g de sulfato

de sódio anidro em um balão volumétrico de 1 L e completou-se o volume com água

destilada, obtendo uma solução com 100 mg SO42-/L.

Na obtenção da curva de calibração preparou-se soluções padrão em

triplicata nas concentrações de 5,0; 10,0; 20,0; 30,0 e 40,0 mg/L adicionando volumes

de 0,50; 1,0; 2,0; 3,0 e 4,0 mL de solução estoque de sulfato de sódio 100,0 mg SO42-

/L da marca Neon. Em seguida, adicionou 2,0 mL de solução tampão,4,0 mL de

solução de cloreto de bário (BaCl2) 0,1 mol Ba2+/L da marca Dinâmica e volumes de

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29

água destilada até completar 10,0 mL, o padrão foi levado para um agitador magnético

da marca edulab, agitando em velocidade constante por 60 segundos.

As amostras foram preparadas em triplicata com a adição de 4 mL de amostra

de água bruta, 2 mL de solução tampão e 4,0 mL de solução de cloreto de bário

0,1 mol Ba2+/L, cada amostra preparada foi imediatamente agitada em velocidade

constante por 60 segundos.

Após agitação, mediu-se a turbidez em triplicatas autênticas entre

5±0,5 minutos no comprimento de onda de 420 nm, de cada padrão e das amostras.

A concentração das amostras foi obtida na curva de calibração.

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30

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO

5.1 Análise dos parâmetros físico-químicos e de projeto

Na Figura 3 está esquematizado a estação de tratamento de água utilizada,

que está instalada no laboratório 211, Instituto de Ciências Exatas e Tecnologia -

ICET/UFAM.

Figura 3 – Esquema da estação de tratamento de água por ultrafiltração

Fonte: A autora (2019).

A água bruta entra pela corrente de alimentação (1) e abastece o reservatório

(4) até o volume desejado juntamente com adição de coagulante (3). Após a

sedimentação, o clarificado é transferido para o reservatório (5) que passa pelo

módulo de membrana de ultrafiltração (7). A água filtrada é armazenada no

reservatório (9) que é, então, retirada pela corrente de distribuição (10).

Nas Tabelas 1 e 2 estão os resultados obtidos dos parâmetros analisados

antes e depois do processamento no sistema de ultrafiltração, assim como os valores

máximos permitidos (VMP) pela Portaria de consolidação n° 5/2017–MS.

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31

Tabela 1 – Parâmetros determinados na amostra 1

Parâmetros físico-químicos Unidade Antes Depois VMP

Temperatura ºC ND 32,3 -

Oxigênio dissolvido (O2) mg/L ND ND -

Ph - 6,40 6,00 6,0-9,5

Condutividade elétrica S/cm ND 45,4 -

Turbidez Ut 33,80 0,00 0,5

Cor real mg Pt/L 98,05 0,00 -

Cor aparente mg Pt/L 278,82 0,00 15

Sólidos totais em suspensão mg/L 19,00 0,00 -

Tempo de sedimentação min 17,0 - -

Fonte: A autora (2019). *ND=Não detectado.

Tabela 2 – Parâmetros determinados na amostra 2

Parâmetros físico-químicos Unidade Antes Depois VMP

Temperatura ºC 30,6 32,83 -

Oxigênio dissolvido (O2) mg/L 5,67 6,27 -

pH - 7,53 7,53 6,0-9,5

Condutividade elétrica S/cm 34,23 45,67 -

Turbidez uT 28,47 0,00 0,5

Cor real mg Pt/L 268,52 0,00 -

Cor aparente mg Pt/L 297,42 0,00 15

Sólidos totais em suspensão mg/L 1,00 0,00 -

Tempo de sedimentação min 17,0 - -

Fonte: A autora (2019).

A partir das Tabelas 1 e 2, observa-se que o pH das amostras 1 e 2, antes e

depois do tratamento se mantiveram entre levemente ácido a alcalino, demonstrado

que não houve alteração brusca do pH após a adição do coagulante natural como

acontece com os coagulantes inorgânicos sulfato de alumínio e cloreto férrico, pois o

coagulante utilizado não consome a alcalinidade do meio(MATOS et al., 2007;

BONGIOVANI et al., 2010; VAZ et al., 2010).

O valor de pH já foi determinado em amostras de água brutas das águas do

rio Amazonas e tributários (SILVA et al., 2013) cujos os valores variaram no rio Içana

4,51, rio Nhamundá 5,30 e rio Xingu 6,98. Valores entre 4,0 a 7,8 foram encontrados

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por Sioli (1956) apud Silva et al., (2013) e Junk (1979) nas águas dessa região. Em

outros rios de água branca, apresentam faixas aproximadas de pH no Purus (7-8,4),

Madeira (6,3-7,5) e o Solimões (6,3-7,5) (RÍOS-VILLAMIZAR; PIEDADE; JUNK,

2016). Esses valores de pH encontrados em águas brancas ao comparar com os

determinados nesse trabalho, demonstram que essas faixas de pH nas amostras são

naturais desses corpos hídricos. Além disso, considerando apenas o parâmetro pH, a

água analisada nas Tabelas 1 e 2 podem ser consideradas potáveis conforme a

Portaria nº 5/2017-MS

Dos parâmetros constantes na Portaria n° 5/2017-MS, Richter (2009) diz que

um dos focos do tratamento de água está da obtenção de níveis mais baixos de

turbidez, pois esta é um indicativo de compostos geradores de sabor e odor na água.

Nesse sentido, após a ultrafiltração da água, obteve-se ausência de turbidez nas duas

amostras utilizadas no tratamento, estando, portanto, em conformidade com a

legislação vigente.

O sistema de tratamento também se mostrou eficiente para os parâmetros cor

e sólidos totais em suspensão. Porém a condutividade elétrica apresentou um leve

aumento como pode ser notado na Tabela 2, mas que ainda é muito menor se

comparado aos coagulantes inorgânicos (JUSTINA, 2017). Esse leve aumento pode

estar associado à variação de temperatura antes e depois da ultrafiltração, pois

observa-se que a amostra 2 também apresentou aumento da condutividade elétrica

com o aumento da temperatura, visto que a solubilidade de íons na água aumenta

com o aumento da temperatura (BROW et al., 2005).

Embora a Portaria n° 5/2017-MS não mencione sobre valores máximos

permitidos para a condutividade elétrica, de acordo com FUNASA (2014), as águas

naturais apresentam valores de condutividade na faixa de 10 a 100 S/cm e ambientes

poluídos por esgotos domésticos ou industriais os valores podem chegar a atingir

1000 S/cm. Dessa forma, essa variável medida nas amostras de água do rio

Amazonas estudadas nessa pesquisa não apresenta indícios de poluição antrópica,

que é aquela decorrente de atividade humanas.

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33

5.2 Análise dos parâmetros de projeto

Na Tabela 3 estão os resultados dos testes para determinar a quantidade

ótima de coagulante Tanfloc SG.

Tabela 3 – Resultado dos testes dos jarros para coagulante natural Tanfloc

Volume de

coagulante

(mL)

Condutividade

elétrica

(S/cm)

pH Temperatura (ºC) Turbidez

(uT)

4,0 38,3 5,60 29,4 3,01

6,0 41,4 5,70 29,3 0,00

8,0 44,4 5,60 29,2 0,00

10,0 46,9 5,60 29,1 1,58

15,0 54,8 5,10 29,0 27,7

Fonte: A autora (2019).

Da Tabela 3, o jarro escolhido para servir de referência na ampliação de escala,

ou seja, para o cálculo da quantidade de coagulante necessária ao tratamento de

maior volume de água bruta foi o de volume de 6,0 mL de coagulante natural Tanfloc

SG, pois este apresentou ausência de cor aparente e turbidez, e os demais

parâmetros determinados (pH, condutividade elétrica e temperatura) não variaram de

forma brusca entre os volumes de coagulante adicionados. Embora a turbidez para os

volumes 6,0 mL e 8,0 mL tenha sido zero, o primeiro volume foi escolhido com base

na economia de coagulante.

Dessa maneira, por meio da Equação 1 obteve-se o volume de 180 mL de

coagulante para o sedimentador com capacidade para 30 litros de água bruta. Ao

adicionar o coagulante natural para reduzir o sólido total em suspensão em 30 litros

de água bruta, obteve-se o tempo de sedimentação de 17 minutos. Utilizando Tanfloc

SG, Trevisan (2014) encontrou o tempo de sedimentação de 10 minutos para turbidez

de água bruta igual a 336 uT, havendo redução de mais de 99% da turbidez. Esse

intervalo de tempo de 10-17 minutos que o Tanfloc SG teve sua eficiência de remoção

de turbidez obteve-se resultados em conformidade com a Portaria nº5/2017-MS

quanto à sua potabilidade.

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34

5.2 Parâmetros químicos

Para todos os parâmetros químicos determinados por espectrofotometria, fez-

se primeiramente a determinação das figuras de mérito: linearidade, limite de

detecção (LD) e limite de quantificação (LQ) utilizando soluções padrão.

O LD é a menor concentração de analito na amostra que pode ser detectada,

mas não necessariamente quantificada, pelo método utilizado. Na mesma linha, o LQ

é a menor concentração de analito na amostra que pode ser quantificada com exatidão

e precisão pelo método utilizado (RIBANI et al., 2004; ANVISA, 2017).

A linearidade foi determinada por meio de curvas de calibração, utilizando a

regressão linear conforme Equação 2.

A = m×C + b (2)

Onde A é a absorbância, m é o coeficiente angular da reta, C é a concentração

do analito e b é o coeficiente linear da reta.

O LD e o LQ foram calculados pelos parâmetros da curva analítica, conforme

Equações 3 e 4 (RIBANI et al., 2004; ANVISA, 2017).

LD = 3,3 × 𝑠

𝑚 (3)

LQ = 10 × 𝑠

𝑚 (4)

Em que s é o desvio padrão do coeficiente linear e m é o coeficiente angular.

5.2.1 Amônia

A relação entre a absorbância e concentração da amônia está apresentada na

Figura 4. Como se pode observar, tal relação é linear dentro do intervalo de

concentração estudado 0,5 – 2,5 mg/L. O resultado do ajuste do gráfico desta Figura

4 é dado na Equação 5.

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35

Figura 4 - Curva de calibração da absorbância em função da concentração da amônia

Fonte: A autora (2019).

A=0,5619×C + 0,3199 (5)

A curva analítica da Figura 4 se mostra linear cujo coeficiente de determinação

R2 é 0,9918. De posse da curva de calibração, obteve-se os resultados da Tabela 4,

os quais mostram os LD, LQ, VMP e concentração da amônia nas amostras de água

analisadas

Tabela 4 – Concentração de NH3 em amostras de água do rio Amazonas

Amostra LD (mg/L) LQ (mg/L) VMP (mg/L) [NH3] (mg/L)

1 0,25 0,75 1,5

<LD

2 <LD Fonte: A autora (2019).

Os resultados da Tabela 4 demonstram que a concentração de amônia nas

amostras de água processada está abaixo do limite de detecção do método. Nota-se

que o valor de LD é cerca de seis vezes menor ao estabelecido pela Portaria n°

5/2017-MS, que tem como valor máximo permitido 1,5 mg NH3/L. Valores abaixo do

VMP foram encontrados em vários locais do rio Amazonas com variações de 0,02 a

0,30 mg NH3/L (SILVA et al., 2013) e 0,30 mg/L (cheia máxima) e 0,40 mg/L (seca)

(AZEVEDO, 2006). Dessa forma, fica demonstrado que em relação a esse parâmetro,

a amostra de água está dentro dos valores máximos permitidos para consumo

humano pela legislação vigente.

0,0

0,2

0,4

0,6

0,8

1,0

1,2

1,4

1,6

1,8

2,0

0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0

Absorb

ância

,A

Concentração, mg/L

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36

5.2.2 Nitrito

A relação entre a absorbância e concentração do nitrato está apresentada na

Figura 5. Como se pode observar, tal relação é linear dentro do intervalo de

concentração estudado: 0,1 – 1,0 mg/L. O resultado do ajuste do gráfico desta Figura

5 é dado na Equação 6.

Figura 5 – Curva de calibração da absorbância em função da concentração do nitrito

Fonte: A autora (2019).

O gráfico de regressão mostrou-se linear, com coeficiente de determinação

R2 = 0,9977.

A=0,3599×C + 0,1023 (6)

Os resultados da análise de nitrito nas amostras de água após a ultrafiltração

estão na Tabela 5, os quais mostram os LD, LQ, VMP bem como a concentração de

nitrito.

0,00

0,05

0,10

0,15

0,20

0,25

0,30

0,35

0,40

0,45

0,50

0,0 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0 1,2

Absorb

ância

,A

Concentração, mg/L

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37

Tabela 5 – Concentração de N-NO2- em amostras de água do rio Amazonas

Amostra LD (mg/L) LQ (mg/L) VMP (mg/L) [N-NO2-] (mg /L)

1 0,015 0,045 1,0

<LD

2 <LD Fonte: A autora (2019.

Como pode-se notar, não houve detecção do nitrogênio como nitrito (N-NO2-)

nas duas amostras analisadas. Observa-se que o limite de detecção do método é seis

vezes menor que o valor máximo permitido. Uma vez que o nitrito é rapidamente

oxidado a nitrato (EMBRAPA, 2019) é de se esperar que seja de difícil detecção

quando não há lançamentos constantes de efluentes domésticos e industriais nos

corpos hídricos, tendo em vista que o NO2- é a forma menos estável de nitrogênio na

natureza e um indicativo de poluição recente, pois é o produto do estado intermediário

do nitrogênio, tanto pela oxidação da amônia a nitrato como pela redução do nitrato

(ZOPPAS; BERNARDES; MENEGUZZI, 2016).

5.2.3 Nitrato

O cálculo da absorbância do nitrato é dado pela Equação 7, para a qual é

necessária a medida da absorbância simultânea nos comprimentos de onda 220 e

275 nm, sendo que a absorbância deste último comprimento de onda refere-se aos

interferentes.

A= A1-(2×A2) (7)

onde A é a absorbância corrigida para o nitrato, A1 é a absorbância referente ao íon

nitrato e A2 é absorbância dos interferentes. Observa-se que a relação entre a

absorbância e a concentração do nitrato é linear, conforme a Figura 6 para o intervalo

de concentração 1,0 – 30,0 mg/L.

A curva analítica obtida pelo ajuste do modelo linear aos dados é apresentada

na Equação 8, cujo R2 é igual a 0,9981.

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38

Figura 6 – Curva de calibração da absorbância em função da concentração do nitrato

Fonte: A autora (2019).

A=0,0627×C + 0,0396 (8)

Verificou-se que o valor da absorbância corrigida (A) foi menor que 10% do

valor da absorbância a 220 nm (A1). Segundo APHA; AWWA; WPFC (1999) e Souto

(2006) essa é a condição necessária para que o método seja utilizado, embora o

método original recomende o limite de 2×A2 < 0,1×A1. Após análise, constatou-se que

a absorbância corrigida (A) satisfaz ambos os critérios. Logo, o método pode ser

utilizado para determinação da concentração de nitrato nas amostras coletadas.

A concentração do nitrato está descrita na Tabela 6 acrescida dos LD, LQ e

VMP.

Tabela 6 – Concentração de N-NO3- em amostras de água do rio Amazonas

Amostra LD (mg/L) LQ (mg/L) VMP (mg/L) [N-NO3-] (mg/L)

1 0,28 0,72 10

0,29

2 <LD Fonte: A autora (2019).

Como se pode perceber da Tabela 6, a concentração de nitrogênio como

nitrato (N-NO3-) é cerca de 34 vezes menor que o VMP para amostra 1 e abaixo do

LD para amostra 2. Em relação a este parâmetro, a água tratada pelo processo de

ultrafiltração por membrana pode ser considerada potável.

0

0,5

1

1,5

2

2,5

0,0 5,0 10,0 15,0 20,0 25,0 30,0 35,0

Absorb

ância

,A

Concentração, mg/L

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39

No entanto, concentrações de nitrato acima de 0,20 mg/L desencadeia

processos de eutrofização em lagos, ou seja, o aumento excessivo de nutrientes

provocando um crescimento exagerado de biomassa. Essa proliferação afeta o nível

de oxigênio dissolvido, temperatura, passagem de luz, isto é, condições que

acarretarão má qualidade da água para consumo humano. A quantidade de nitrato e

amônia em água superficial é menor que 1,0 mg/L, concentrações acima de 5,0 mg/L

de NO3- normalmente indicam poluição por fertilizantes usados na agricultura, ou

dejetos humanos e animais (EMBRAPA, 2019).

Como a concentração do nitrato, na amostra 1 é pequena e na amostra 2 está

abaixo do LD, indica, portanto, que não está havendo despejo de grande quantidade

de resíduos com concentração suficiente para indicar poluição por fertilizantes ou

dejetos. A não detecção de nitrato na amostra 2 mostra que o rio Amazonas se

submete ao efeito de diluição devido sua grande vazão, que em Itacoatiara é de

107.845 m3/s (BOURGOIN; CARDOSO, 2003).

5.2.4 Fosfato

O comportamento linear para intervalo de concentração 0,25 – 1,25 mg/L de

fosfato está demonstrado na Figura 7. O ajuste do modelo linear aos dados

experimentais permitiu obter a Equação 9, cujo coeficiente de determinação é 0,9941.

Figura 7 – Curva de calibração da absorbância em função da concentração do fosfato

Fonte: A autora (2019).

0

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

0,6

0,7

0,00 0,20 0,40 0,60 0,80 1,00 1,20 1,40

Abso

rbânc

ia,A

Concentração, mg/L

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40

A=0,4893×C + 0,0225 (9)

A curva de calibração representada pela Equação 9 possibilitou a

determinação dos LD, LQ bem como a concentração de fosfato nas amostras de água

após a ultrafiltração. Esses valores estão na Tabela 7.

Tabela 7 –Concentração de P-PO43- em amostras de água do rio Amazonas

Amostra LD (mg/L) LQ (mg/L) VMP (mg/L) [P-PO4

3-]

(mg/L)

1 0,11 0,32 -

<LD

<LD 2 Fonte: A autora (2019).

Da Tabela 7, nota-se que as amostras analisadas não apresentaram detecção

de concentração de fósforo como fosfato. A Portaria n° 5/2017-MS não menciona

sobre o VMP para o fosfato, tendo em vista que o enriquecimento da água com fósforo

não traz maiores problemas à saúde, pois é um elemento requerido em elevadas

quantidades pelos animais (RESENDE, 2002).

No entanto, esse enriquecimento traz desequilíbrio aos sistemas aquáticos

devido ao processo de eutrofização quando há combinação do fosfato, nitrato, dióxido

de carbono e água. Esses compostos dissolvidos em água são incorporados pelo

fitoplâncton durante o processo de fotossíntese, transformando-os em tecido vegetal

pela reação de Redfield na Equação 10 (RESENDE, 2002; CAMPOS; JARDIM, 2003).

106CO2 + 16NO3-+HPO4

2- + 122H2O+18H+ + luz ↔ C106H263O110N16P+138O2 (10)

Essa eutrofização que contribui para um grande desenvolvimento de algas,

provoca variação nas características organolépticas das águas, como o odor e sabor

desagradáveis, problemas de saúde através da liberação de substâncias nocivas aos

seres humanos, além da depreciação visual do corpo hídrico (PEREIRA; BRANCO,

2007).

Nesse contexto, a Resolução CONAMA nº 357/2005 para águas de classe 2,

que são águas doces destinadas ao abastecimento para consumo humano após

tratamento convencional tem VMP para o fósforo total de 0,1 mg P/L para ambiente

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41

lótico, concentração considerada máxima para que não haja a eutrofização do corpo

hídrico.

Em rios de águas com características parecidas com as do rio Amazonas,

foram encontrados valores de fósforo abaixo do VMP pela legislação no rio Purus

(0,03 mg/L) e no rio Madeira (0,09 mg/L), sendo considerado o elemento mais

deficitário nas águas da Amazônia, pois geralmente é encontrado naturalmente em

pequenas concentrações (SANTOS; RIBEIRO, 1988).

Porém, para lagos o VMP estabelecido pelo CONAMA e os encontrados por

Santos e Ribeiro (1988) não impedem que haja desencadeamento eutrófico das

águas, tendo em vista que a concentração considerada crítica para esses ambientes

lênticos, considerando, para efeito eutrófico, pode ser tão baixa quanto 0,02 a

0,035 mg P/L (HECKRATH et al., 1995).

A eutrofização depende da vazão e profundidade dos cursos d’água, como rio

Amazonas, no município de Itacoatiara, possui profundidade média 66 metros e

grande vazão, considera-se então que o fósforo é submetido ao efeito de diluição, o

que dificulta a eutrofização, evitando prejuízos à qualidade da água para consumo

humano (BOURGOIN; CARDOSO, 2003; BARRETO et al., 2013).

5.2.5 Sulfato

A relação entre a absorbância e concentração do sulfato está apresentada na

Figura 8. Como se observa, tal relação é linear dentro do intervalo de concentração

5,0 – 40,0 mg/L. O resultado do ajuste do gráfico desta Figura 8 é dado na Equação

11. Com a leitura da turbidez dos padrões foi possível obter o gráfico da Figura 8 que

se mostra linear com R2=0,9928.

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42

Figura 8 – Curva de calibração da absorbância em função da concentração de sulfato

Fonte: A autora (2019).

A=0,0141×C + 0,01 (11)

Os resultados obtidos do ajuste da curva estão inseridos na Tabela 8 e

mostram os LD, LD, VMP e concentração de fosfato nas amostras de água analisadas.

Tabela 8 – Concentração de SO42- em amostras de água do rio Amazonas

Amostra LD (mg/L) LQ (mg/L) VMP (mg/L) [SO42-] (mg/L)

1 3,5 10,5 250

<LD

2 <LD Fonte: A autora (2019).

Os resultados obtidos demonstram que na amostra 1 e amostra 2 não foi

detectado concentração de sulfato pelo método utilizado.

No estudo realizado por Santos e Ribeiro (1988), verificou-se que em águas

barrentas a predominância de sulfato é de 3,35 mg/L. Pantoja (2015) encontrou na

água do rio Amazonas em comunidade de várzea de Itacoatiara na época de cheia, a

concentração de sulfato de 1,20 mg/L, na vazante 1,19 mg/L, no início da enchente

1,82 mg/L e na enchente 1,73 mg/L. Esses valores ainda apresentam concentração

mais de duzentas vezes menor que o valor máximo permitido pela portaria nº 5/2017-

MS, estando a água adequada para ser consumida sem riscos à saúde quanto a

concentração de sulfato.

0

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

0,6

0,0 10,0 20,0 30,0 40,0 50,0

Absorb

ância

, A

Concentração, mg/L

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O sistema de ultrafiltração utilizado no tratamento de água não trata as

substâncias químicas analisadas, no entanto, a água ainda se apresenta potável

quanto aos parâmetros NH3, NO3-, NO2

-, PO43- e SO4

2, dessa forma, considera-se que

os resultados das análises apresentam concentrações naturais, com os valores abaixo

do máximo permitido pela legislação vigente.

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5 CONCLUSÃO

De acordo com os parâmetros químicos determinados, o rio Amazonas ainda

mantém suas características químicas abaixo de concentrações nocivas aos seres

vivos, dessa forma, as etapas de pré-tratamento seguida de filtração com meio filtrante

eficiente podem ainda ser consideradas etapas básicas para se ter água adequada

para consumo humano sem riscos à saúde.

No que se refere a quantidade ótima de coagulante ao pré-tratamento, ficou

demonstrado que duas quantidades podem ser utilizadas para reduzir os sólidos totais

em suspensão, porém, a escolha da quantidade deve ser focada na economia de

coagulante.

Dessa forma, o tratamento de água utilizando membrana de ultrafiltração

apresentou-se eficiente com alta capacidade de remoção das características físico-

químicas, deixando-a adequada para consumo humano, atendendo aos padrões

organolépticos, químicos e físico-químicos de potabilidade estabelecidos pela Portaria

de Consolidação nº 5/2017-MS.

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