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Prof. Glenda Santiago – Artes – UniENEM/PIAP - 2017 UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAPÁ PRÓ-REITORIA DE EXTENSÃO E AÇÕES COMUNITÁRIAS DEPARTAMENTO DE EXTENSÃO PROGRAMA DE INCLUSÃO, ACESSO E PERMANÊNCIA CURSINHO UNIENEM/PIAP 2017 CADERNO DE ARTES PROFESSORA: GLENDA SANTIAGO Macapá 2017

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAPÁ

PRÓ-REITORIA DE EXTENSÃO E AÇÕES COMUNITÁRIAS

DEPARTAMENTO DE EXTENSÃO

PROGRAMA DE INCLUSÃO, ACESSO E PERMANÊNCIA

CURSINHO UNIENEM/PIAP 2017

CADERNO DE ARTES PROFESSORA: GLENDA SANTIAGO

Macapá

2017

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SUMÁRIO

1. RENASCIMENTO...................................................................................................................03

2. BARROCO...............................................................................................................................08

3. ROCOCÓ..................................................................................................................................12

4. NEOCLASSICISMO................................................................................................................14

5. ROMANTISMO.......................................................................................................................17

6. REALISMO..............................................................................................................................19

7. IMPRESSIONISMO.................................................................................................................21

8. PÓS-IMPRESSIONISMO........................................................................................................23

9. EXPRESSIONISMO................................................................................................................25

10. FAUVISMO..............................................................................................................................27

11. CUBISMO................................................................................................................................30

12. ABSTRACIONISMO...............................................................................................................32

13. FUTURISMO............................................................................................................................35

14. DADAÍSMO.............................................................................................................................37

15. SURREALISMO......................................................................................................................38

16. OP-ART...................................................................................................................................41

17. POP ART..................................................................................................................................43

18. ARTE CONCEITUAL..............................................................................................................45

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RENASCIMENTO

A palavra renascença significa nascer

novamente ou ressurgir, a ideia de tal

renascimento ganhou terreno na Itália

desde o tempo de Giotto. Quando ás

pessoas desse período queriam elogiar

um poeta ou um artista, diziam que sua

obra era tão boa quanto a do antigos.

Giotto fora exaltado assim como um

mestre que tinha liderado um verdadeiro

ressurgimento da arte: as pessoas

queriam significar com isso que a arte de

Giotto era tão boa quanto à daqueles

famosos mestres cujas obras

encontravam louvadas nos autores

antigos da Grécia e de Roma. Não

surpreende que essa ideia se tornasse

popular na Itália. Os italianos estavam

perfeitamente cônscios de que, num

passado distante, a Itália, tendo Roma por

capital, fora o centro do mundo civilizado,

e que seu poder e glória se dissipara

quando as tribos germânicas, godos e

vândalos, invadiram o país e

desmantelaram o Império Romano. A

ideia de um renascimento associava-se

na mente dos romanos, à ideia de uma

ressurreição da "grandeza de Roma". O

período entre a idade clássica, para a

qual voltavam os olhos com orgulho, e

a nova era de renascença, que

aguardavam com esperança, era

meramente um melancólico interregno.

Donatello adquiriu grande fama durante

sua vida. Tal como Giotto, um século

antes, era frequentemente chamado a

outras cidades italianas a fim de lhes

aumentar a beleza e a glória.

Relevo em bronze dourado, em uma pia

batismal em S.Giovanni, Siena. (cabeça

de João batista),Donatello.

Uma cena da vida de S. João Batista.

Mostra o tétrico momento em que a

princesa Salomé pediu ao Rei Herodes,

como prêmio por ter dançado para ele, a

cabeça de S. João e a obteve. O nosso

olhar penetra no régio salão do banquete

e vai ainda mais longe, até à galeria dos

músicos e a um lanço de escadas e salas

ao fundo. O carrasco acabou de chegar e

ajoelha-se ante o rei transportando numa

bandeja a cabeça do santo. O rei recua e

ergue as mãos horrorizado, crianças

choram e fogem; a mãe de Salomé, que

instigou o crime, é vista dirigindo-se ao rei,

tentando explicar a ato. Há um grande

vazio em torno dela, porque os

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convidados recuam. Um deles cobre os

olhos com a mão, outros cercam Salomé,

que parece ter nesse instante suspendido

a dança. Não é necessário explicar

detalhadamente que características são

novas nessa obra de Donatello, são todas.

As pessoas acostumadas às claras e

graciosas narrativas da arte gótica, o

modo de Donatello de contar uma história

deve ter causado um choque. Não houve

aqui o desejo de formar um padrão

agradável e bem arrumado, mas, pelo

contrário, o de produzir um efeito de

súbito caos.

A nova arte da perspectiva

aumenta ainda mais a ilusão de realidade.

Donatello deve ter começado por se

perguntar: "Como teriam acontecido, as

coisas quando a cabeça do santo foi

trazida para o salão?", Ele empenhou-se

em representar um palácio clássico como

àquele em que o evento poderia ter

ocorrido, e escolheu tipos romanos para

as figuras ao fundo. Percebe-se

nitidamente que, de fato, nessa época,

Donatello, como seu amigo Brunelleschi

(Famoso pela construção de igrejas e a

renovação da arquitetura nesses espaços)

tinha iniciado um estudo sistemático dos

remanescentes romanos para ajudá-lo a

concretizar o renascimento da arte.

Porém, imaginar que esse estudo da

arte grega e romana causou a

"Renascença". A verdade é quase o

oposto. Os artistas em redor de

Brunelleschi ansiavam com tanta

veemência por uma renovação da arte

que se voltaram para a natureza, a ciência

e os remanescentes da antiguidade a fim

de realizarem seus novos objetivos.

O domínio da ciência e do

conhecimento da arte clássica manteve-se

por algum tempo na posse exclusiva dos

artistas italianos da Renascença. Mas a

vontade apaixonada de criar uma nova

arte, que fosse mais fiel à natureza do que

tudo o que fora visto até então, inspirou

também os artistas da mesma geração no

Norte.

O humanismo pode ser apontado

como o principal valor cultivado no

Renascimento. Baseia-se em diversos

conceitos associados: neoplatonismo,

antropocentrismo, hedonismo,

racionalismo, otimismo e individualismo. O

humanismo, antes que um corpo filosófico

foi um método de aprendizado que

passava a dar um maior valor ao uso da

razão individual e à análise das

evidências empíricas, ao contrário

da escolástica medieval, que se limitava

basicamente à consulta às autoridades do

passado, principalmente Aristóteles e os

primeiros padres da Igreja, e ao debate

das diferenças entre os autores e

comentaristas. O humanismo afirma a

dignidade do homem e o torna o

investigador por excelência da natureza.

Costuma-se dividir o Renascimento

em três grandes fases, Trecento,

Quattrocento e Cinquecento,

correspondentes aos séculos XIV, XV e

XVI, com um breve interlúdio entre as

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duas últimas chamado de Alta

Renascença.

Principais artistas:

- Leonardo da Vinci

- Michelangelo

- Rafael Sânzio

O humanismo, a noção de autonomia da

arte, a emancipação do artista de sua

condição de artesão e equiparação ao

cientista e ao erudito, a busca pela

fidelidade à natureza, e o conceito de

gênio, tão perfeitamente encarnado em

Da Vinci, Rafael e Michelangelo.

Pietà, Michelangelo

Leonardo era como até hoje,

conhecido principalmente como pintor de

duas de suas obras, a Mona Lisa e A

Última Ceia, estão entre as pinturas mais

famosas, mais reproduzidas e mais

parodiadas de todos os tempos, e sua

fama se compara apenas à Criação de

Adão, de Michelangelo. O desenho

do Homem Vitruviano, feito por Leonardo,

também é tido como um ícone cultural, e

foi reproduzido por todas as partes, desde

o euro até camisetas. Cerca de quinze de

suas pinturas sobreviveram até os dias de

hoje; o número pequeno se deve às suas

experiências constantes e frequentemente

desastrosas com novas técnicas, além de

sua procrastinação crônica. Ainda assim,

estas poucas obras, juntamente com seus

cadernos de anotações que contêm

desenhos, diagramas científicos, e seus

pensamentos sobre a natureza da pintura

formam uma contribuição às futuras

gerações de artistas que só pode ser

rivalizada à de seu contemporâneo,

Michelangelo.

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O Homem Vitruviano, Leonardo da Vinci.

Criação de Adão, Michelangelo.

Deus é representado como um

ancião barbudo, envolto em um manto

que divide com alguns anjos. Seu braço

esquerdo está abraçado a uma figura

feminina, normalmente interpretada

como Eva – que ainda não foi criada e,

figuradamente, espera no céu para ganhar

uma forma humana. O braço direito de

Deus está esticado para criar o poder da

vida de seu próprio dedo para Adão, o

qual está com o braço esquerdo estendido

em contraposição ao do criador. Os dedos

de Adão e de Deus estão separados por

uma pequena distância.

Rafael Sânzio

Rafael Sânzio, frequentemente referido

apenas como Rafael, foi um mestre da

pintura e da arquitetura da escola de

Florença durante o renascimento italiano,

celebrado pela perfeição e suavidade de

suas obras.

Madonna del Prado, Rafael Sânzio,(1505-

1506).

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BARROCO

È o nome dado ao estilo artístico que

floresceu entre o final do século XVI e

meados do século XVIII, inicialmente

na Itália, difundindo-se em seguida pelos

países católicos da Europa e da América,

antes de atingir, em uma forma

modificada, as áreas protestantes e

alguns pontos do Oriente.

Considerado como o estilo

correspondente ao absolutismo e

à Contrarreforma, distingue-se pelo

esplendor exuberante. De certo modo o

Barroco foi uma continuação natural

do Renascimento, porque ambos os

movimentos compartilharam de um

profundo interesse pela arte

da Antiguidade clássica, embora

interpretando-a diferentemente. Enquanto

no Renascimento o tratamento das

temáticas enfatizava qualidades de

moderação, economia formal,

austeridade, equilíbrio e harmonia, o

tratamento barroco de temas idênticos

mostrava maior dinamismo, contrastes

mais fortes, maior dramaticidade,

exuberância e realismo e uma

tendência ao decorativo, além de

manifestar uma tensão entre o gosto

pela materialidade opulenta e as

demandas de uma vida espiritual. Mas

nem sempre essas características são

bem evidentes ou se apresentam todas ao

mesmo tempo. Houve uma grande

variedade de abordagens que foram

englobadas sob a denominação genérica

de "arte barroca", com certas escolas mais

próximas do classicismo renascentista e

outras mais afastadas dele, o que tem

gerado muita polêmica e pouco consenso

na conceituação e caracterização do

estilo.

Principais Artistas:

-Francesco Borromini (arquiteto italiano)

- Bernini (escultor italiano)

- Caravaggio (pintor italiano)

- Rubens (pintor flamengo)

- Frans Hals (pintor holandês)

- Diego Velásquez (pintor espanhol)

- Antoon van Dyck (pintor belga)

- Andrea Pozzo (pintor italiano)

Bernini

Gian Lorenzo Bernini ou

simplesmente Bernini, foi um eminente

artista do barroco italiano, trabalhando

principalmente na cidade de Roma.

Distinguiu-se como escultor e arquiteto,

ainda que tivesse sido pintor desenhista,

cenógrafo e criador de espectáculos

de pirotecnia. Esculpiu numerosas obras

de arte presentes até os dias atuais

em Roma e no Vaticano.

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O Êxtase de Santa Teresa, Bernini.

Caravaggio

Michelangelo Merisi , conhecido

como Caravaggio, um dos mais

notados pintores italianos, atuante

em Roma, Nápoles, Malta e Sicília,

entre 1593 e 1610. Seu trabalho exerceu

influência importante no estilo barroco,

estilo do qual foi o primeiro grande

representante. Caravaggio era o nome da

aldeia natal da sua família e foi escolhido

como seu nome artístico.

A Inspiração de São Mateus, obra

pertencente á Caravaggio

Rubens

Peter Paul Rubens foi

um pintor flamengo do estilo barroco,

proponente de um estilo extravagante que

enfatizava movimento, cor e sensualidade.

Ele é conhecido por suas obras

contrarreformistas, retratos e pinturas

históricas de assuntos mitológicos e

alegóricos.

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O rapto das filhas de Leucipo.

Andrea Pozzo

Foi um artista italiano atuando como

decorador, arquiteto, pintor, professor e

teórico. Desde jovem foi inclinado à vida

religiosa. Principal característica de sua

pintura era aproximar as pessoas do céu,

para se chegar ao resultado desejado o

artista transformava o teto da igreja em

um verdadeiro céu, criando essa

atmosfera celeste.

A Glorificação de Santo

Inácio, Igreja de Santo Inácio em Roma.

ROCOCÓ

De modo geral, a arte se desenvolveu

dentro do estilo rococó pode ser

caracterizada como requintada,

aristocrática e convencional. Foi uma arte

que se preocupou em expressar apenas

sentimentos agradáveis e que procurou

dominar a técnica de uma execução

perfeita.

O Rococó teve inicio na França, no

Século XVIII, difundindo-se a seguir por

toda a Europa. Caracterizou-se acima de

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tudo por sua índole hedonista e

aristocrática, manifesta em delicadeza,

elegância, sensualidade e graça, e na

preferência por temas leves e

sentimentais, onde a linha curva, as cores

claras e a simetria tinham um papel

fundamental na composição da obra.

O rococó tem como principais

características:

Cores claras;

Tons pastel e douramento;

Representação da vida profana da

aristocracia;

Representação de Alegorias;

Estilo decorativo;

Possui leveza na estrutura das

construções;

Unificação do espaço interno, com

maior graça e intimidade;

Texturas suaves;

Hedonismo;

Uso de temas relacionado a vida

cotidiana e a sexualidade

Igreja no estilo Rococó (Birnau Basílica)

A arte do Rococó refletia, portanto, os

valores de uma sociedade fútil que

buscava nas obras de arte algo que lhe

desse prazer e a levasse a esquecer de

seus problemas reais. Os assuntos

explorados pelos artistas deveriam ser as

cenas graciosas, realizadas de tal forma

que refletissem uma sensualidade sutil,

como podemos observar na tela O

Balanço (divertimento de uma jovem

Burguesa) do pintor Fragonard.

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“Divertimento da jovem Burguesa” de

(Jean-Honoré Fragonard).

NEOCLASSICISMO

Nas duas últimas décadas do século

XVIII e nas três primeiras do XIX, uma

nova tendência estética predominou nas

criações dos artistas europeus. Trata-se

do Academicismo ou Neoclassicismo, que

expressou os valores próprios de uma

nova e fortalecida burguesia, que assumiu

a direção da sociedade europeia após a

Revolução Francesa e principalmente com

o império de Napoleão.

Esse estilo chamou-se

Neoclassicismo porque retomou os

princípios da arte da antiguidade greco-

romana. A outra denominação

Academicismo estava ligada ao fato de

que as concepções artísticas do mundo

greco-romano tornaram-se os conceitos

básicos para o ensino das artes nas

academias mantidas pelos governos

europeus.

De acordo com a tendência

neoclássica, uma obra de arte só seria

perfeitamente bela na medida em que

imitasse não as formas da natureza,

mas as que os artistas clássicos

gregos e os renascentistas italianos já

haviam criado. E esse trabalho de

imitação só era possível através de um

cuidadoso aprendizado das técnicas e

convenções da arte clássica. Por isso,

o convencionalismo e o tecnicismo

reinaram nas academias de belas-artes,

até serem questionados pela arte

moderna.

Teve como base os ideais

do iluminismo e um renovado interesse

pela cultura da Antiguidade clássica,

advogando os princípios da moderação,

equilíbrio e idealismo como uma reação

contra os excessos decorativistas e

dramáticos do Barroco.

Acrescente-se a isso a descoberta

de Herculano e Pompeia, duas antigas

cidades romanas soterradas por uma

erupção do Vesúvio, uma grande surpresa

para os conhecedores e o público,

tornando-se logo uma parada obrigatória

no Grand Tour europeu e local de

pesquisa para artistas e antiquários.

Embora as escavações que começaram a

ser realizadas nas ruínas em 1738 e 1748

não tenham encontrado grandes obras-

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primas, trouxeram para a luz uma

quantidade de relíquias e artefatos que

revelavam aspectos do cotidiano romano

até então desconhecidos. Seguiram-se

outras pesquisas sistemáticas da arte e

cultura antiga, formaram-se importantes

coleções públicas e privadas de arte e

artefatos antigos e o "estilo grego" se

tornava cada vez mais um favorito para os

decoradores, estilistas de moda e

arquitetos. Esses fatores contribuíram de

forma importante para a educação de um

maior público e para um alargamento da

sua visão sobre o passado, estimulando

uma nova paixão por tudo o que fosse

antigo.

Apesar de a arte clássica ser

apreciada desde muito antes, segundo

Cybele Gontar era-o de forma

circunstancial e empírica, mas agora o

apreço se construía sobre bases mais

científicas, sistemáticas e racionais. Com

essas descobertas arqueológicas e

estudos teóricos tornou-se possível formar

pela primeira vez uma cronologia da

cultura e da arte dos gregos e romanos,

distinguindo o que era próprio de uns e de

outros, e fazendo nascer um interesse

pela tradição puramente grega que havia

sido ofuscada pela herança romana, ainda

mais porque na época a Grécia estava

sob domínio turco e por isso, na prática,

era pouco acessível para os estudiosos e

turistas do Ocidente cristão.

A pintura desse período foi inspirada

principalmente na escultura clássica grega

e na pintura renascentista italiana,

sobretudo em Rafael, mestre inegável do

equilíbrio da composição e da harmonia

do colorido. O maior representante da

pintura clássica é, sem duvida, Jacques

Louis David (1748-1825). Ele nasceu em

Paris e foi considerado o pintor da

Revolução Francesa, mais tarde, tornou-

se o pintor oficial do Império de Napoleão.

A morte de Marat, (1793), Jacques David.

Jean-Auguste Dominique Ingres

Por outro lado, Ingres revela um

inegável apuro técnico na pintura do nu.

Sua célebre tela Banhista de Valpinçon é

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um testemunho disso. Nessa obra fica

evidente o domínio dos tons claros e

translúcidos para a representação da pele

e do domínio do desenho, uma das

características mais fortes de Ingres.

A Banhista de Valpinçon - Jean-Auguste

Dominique Ingres.

ROMANTISMO

O século XIX foi agitado por fortes

mudanças sociais, politicas e culturais

causadas pela Revolução Industrial e pela

Revolução Francesa do final do Século

XVIII. Do mesmo modo, a atividade

artística tornou-se mais complexa. Assim,

podemos identificar nesse período vários

movimentos que produziam obras de artes

segundo diferentes concepções e

tendências. Por isso, quando estudamos

arte do Século XIX, entramos em contato

com movimentos artísticos muito

diferentes, como é o caso do

Romantismos, do Realismo, do

Impressionismo, do Pós-Impressionismo.

Enquanto os artistas neoclássicos

voltaram-se para a imitação da arte greco-

romana e dos mestres do Renascimento

italiano, submetendo-se ás regras

determinadas pelas escolas de belas-

artes, os românticos procuraram se

libertar das convenções acadêmicas em

favor da livre expressão da personalidade

do artista. Assim de modo geral,

podemos afirmar que a característica

mais marcante do Romantismo é a

valorização dos sentimentos e da

imaginação como princípios da criação

artística.

Ao negar a estética neoclássica, a

pintura romântica aproxima-se das formas

barrocas. Assim, os pintores românticos,

como Goya, Delacroix, Turner e

Connstable, recuperam o dinamismo e o

realismo que o neoclássico havia negado.

Outro elemento que podemos observar

nos quadros românticos é a composição

em diagonal, que sugere instabilidade de

claro-escuro reaparecem, produzindo

efeito de dramaticidade. Quantos aos

temas, os fatos reais da historia

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nacional e contemporâneas dos

artistas despertam maior interesse do

que os da mitologia greco-romana.

Além disso, a natureza, relegada a

pano de fundo das cenas aristocráticas

pelo neoclassicismo, ganha

importância. A própria natureza passa

a ser tema da pintura, ora calma, ora

agitada, a natureza exibe na tela dos

românticos, um dinamismo equivalente

ás emoções humanas.

GOYA - Os Fuzilamentos de 3 de Maio.

Delacroix, no Museu do Louvre.

REALISMO

Entre 1850 e 1900 surge nas artes

européias, sobretudo na pintura francesa,

uma nova tendência estética chamada

Realismo, que se desenvolveu ao lado da

crescente industrialização das

sociedades. O homem europeu, que tinha

aprendido a utilizar o conhecimento

científico e a técnica para interpretar e

dominar a natureza, convenceu-se de que

precisava ser realista, inclusive em suas

criações artísticas, deixando de lado as

visões subjetivas e emotivas da realidade.

A pintura realista do século XIX,

caracteriza-se sobretudo pelo principio de

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que o artista deve representar a realidade

com a mesma objetividade com que um

cientista estuda um fenômeno da

natureza. Ao artista não cabe “melhorar”

artisticamente a natureza, pois a beleza

está na realidade tal qual ela é. Sua

função é apenas revelar os aspectos mais

característicos e expressivos da realidade.

Em vista disso, a pintura realista deixou

completamente de lado os temas

mitológicos, bíblicos, históricos e literários,

pois o que importa é a criação a partir de

uma realidade imediata não imaginada. A

volta do artista para a representação do

real teve consequência: sua

politização. Isso porque, se a

industrialização trouxe um grande

desenvolvimento tecnológico, ela

provocou também o surgimento de

uma grande massa de trabalhadores

vivendo nas cidades em condições

precárias e trabalhadores em situação

desumana. Surge então a chamada

“pintura Social”, denunciando as injustiças

e as imensas desigualdades entre a

miséria dos trabalhadores e a opulência

da burguesia.

Principais artistas:

Gustave Courbet;

Jean-François Millet

Édouard Manet

Os Britadores e Moças Peneirando Trigo,

Gustave Courbet.

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As Respigadeiras, Jean-François Millet.

IMPRESSIONISMO

Foi um movimento que surgiu na

pintura francesa do século XIX, vivia-se

nesse momento a chamada Belle Époque

ou Bela Época em português. O nome do

movimento é derivado da obra

"Impressão: nascer do sol" (1872), de

Claude Monet. Começou com um grupo

de jovens pintores que rompeu com as

regras da pintura vigentes até então. O

grupo tem sua formação associada à

Académie Suisse e ao ateliê Gleyre, em

Paris, e entre seus principais integrantes

estão Monet, Pierre Auguste Renoir (1841

- 1919), Alfred Sisley (1839 - 1899),

Frédéric Bazille (1841 - 1870), Camille

Pissarro (1831 - 1903), Paul Cézanne

(1839 - 1906), Edgar Degas (1834 - 1917),

Berthe Morisot (1841 - 1895) e Armand

Guillaumin (1841 - 1927). .Os

impressionistas não mais se preocupavam

com os preceitos do Realismo ou da

academia. A busca pelos elementos

fundamentais de cada arte levou os

pintores impressionistas a pesquisar a

produção pictórica não mais interessados

em temáticas nobres ou no retrato fiel da

realidade, mas em ver o quadro como

obra em si mesma. A luz e o movimento

utilizando pinceladas soltas tornam-se o

principal elemento da pintura, sendo que

geralmente as telas eram pintadas ao ar

livre para que o pintor pudesse capturar

melhor as variações de cores da natureza.

Algumas características encontradas nas

pinturas:

A pintura deve mostrar os pontos

que os objetos adquirem ao refletir

a luz do corpo num determinado

momento, pois as cores da

natureza mudam todo dia,

dependendo da incidência da luz

do sol;

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É também, com isto, uma pintura

instantânea (captação do

momento), recorrendo,

inclusivamente, à fotografia;

As figuras não devem ter

contornos nítidos pois o desenho

deixa de ser o principal meio

estrutural do quadro, passando a

ser a mancha/cor;

As sombras devem ser luminosas

e coloridas, tal como é a impressão

visual que nos causam. O preto

jamais é usado em uma obra

impressionista plena;

Os contrastes de luz e sombra

devem ser obtidos de acordo com

a lei das cores complementares.

Assim um amarelo próximo a um

violeta produz um efeito mais real

do que um claro-escuro muito

utilizado pelos academicistas no

passado. Essa orientação viria dar

mais tarde origem ao [pontilhismo];

As cores e tonalidades não devem

ser obtidas pela mistura de

pigmentos. Pelo contrário, devem

ser puras e dissociadas no quadro

em pequenas pinceladas. É o

observador que, ao admirar a

pintura, combina as várias cores,

obtendo o resultado final. A mistura

deixa, portanto, de ser técnica para

se tornar óptica;

Preferência pelos pintores em

representar uma natureza morta a

um objeto;

Valorização de decomposição das

cores.

Embora não se possa falar em

uma escola homogênea ou em programa

definido, é possível localizar certos

princípios comuns na pintura desses

artistas: preferência pelo registro da

experiência contemporânea; observação

da natureza com base em impressões

pessoais e sensações visuais imediatas;

suspensão dos contornos e dos claro-

escuros em prol de pinceladas

fragmentadas e justapostas;

aproveitamento máximo da luminosidade

e uso de cores complementares,

favorecidos pela pintura ao ar livre. Em

relação ao trabalho com as cores pela

técnica da mistura ótica de cores que se

formam na retina do observador e não

pela mistura de pigmentos, cabe observar

o diálogo que estabelecem com as teorias

físicas da época, como as de Chevreul,

Helmholtz e Rood. A primeira vez que o

público teve contato com a obra dos

impressionistas foi em uma exposição

coletiva realizada em Paris, em abril de

1874. Mas o publico e a crítica, reagiram

muito mal ao novo movimento, pois os

mesmos ainda que se mantinham fiéis aos

princípios acadêmicos da pintura. Entre os

expositores estavam Renoir, Degas,

Pissarro, Cézanne, Sisley, Monet e

Morisot. Só na década seguinte é que os

impressionistas começaram a ser

compreendidos pela crítica e pelo público.

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Em 1886 realizou-se a última

exposição coletiva do grupo de artistas

impressionistas. Dessa exposição

participaram dois pintores que dariam uma

nova tendência ao movimento: Georges

Seurat (1859-1891) e Paul Signac (1863-

1935). O trabalho desses dois artistas

aprofundou as pesquisas que os

impressionistas realizavam quanto á

percepção óptica. Seurat, principalmente,

acabou reduzindo as pinceladas a um

sistema de pontos uniformes que, no seu

conjunto, são ao observador a percepção

de uma cena. Essa técnica foi chama de

Pontilhismo e Divisionismo, porque as

figuras, na tela, são representadas em

minúsculos fragmentos ou pontos,

cabendo ao observador percebê-las como

um todo plenamente organizado.

PÓS-IMPRESSIONISMO

Foi à expressão artística utilizada

para definir a pintura. O pós-

impressionismo designa-se por um grupo

de artistas e de movimentos diversos

onde se seguiram as suas tendências

para encontrar novos caminhos para a

pintura. Esses artistas acentuaram a

pintura nos seus valores específicos a cor

e bidimensionalidade. A maioria dos

artistas iniciaram suas carreiras como

impressionista, partindo daí para diversas

tendências distintas. Chamavam-se

genericamente pós-impressionistas os

artistas que não mais representavam

fielmente os preceitos originais do

impressionismo, ainda que não tenham se

afastado muito dele ou estejam agrupados

formalmente em novos grupos. Sentindo-

se limitados e insatisfeitos pelo estilo

impressionista, alguns jovens artistas

queriam ir mais além, ultrapassar a

Revolução de Monet. Aí se encontra a

gênese do novo movimento, que não

buscava destruir os valores do grande

mestre, e sim aprimorá-los. Insurge-se

contra o impressionismo devido à sua

superficialidade ilusionista da análise à

realidade. Movimentos impressionistas

como o Pontilhismo ou o Divisionismo

nunca são chamados pós-impressionistas,

mas sim de neo-impressionistas. Os

principais artistas desse movimento são:

Paul Cézanne (1839-1906), Vincent van

Gogh (1853-1890) e Paul Gauguin

(1848-1903), considerados as figuras

centrais da nova atitude crítica em relação

ao programa impressionista.

Na década de 1890, Gauguin viveu no

Taiti e produziu uma série de telas que

constituiu a parte mais conhecida de suas

obras. Seus quadros dessa época

registram o espaço natural e a vida

simples das pessoas livres do peso da

civilização ocidental, como se pode

observar em sua obra.

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Jovens Taitianas com Flores de Manga

(1899). Dimensões: 94 x 73 cm.

Como Gauguin, Paul Cézanne

(1839-1906) também teve o início de sua

carreira ligada ao movimento

impressionista. Mas não tardou muito para

que sua pintura tomasse outros rumos.

Ele não se preocupava em registar o

aspecto passageiro de um momento

provocado pela constante mudança da luz

solar, como defendiam os impressionistas.

Ao contrario, o que Cézanne buscava era

permanente, a estrutura intima da

natureza. Essa mudança radical de

concepção estética já é evidente em sua

tela O Castelo de Médan. Nesse quadro,

os campos de cor são bem delimitados,

embora persistam ainda áreas matizadas

com ocre e laranja. No entanto, as árvores

são concebidas com uma estrutura

cilíndrica bem definida e é nítida a

diferença entre linhas horizontais e

verticais.

O castelo de Médan, (1879-1882), de

Cézanne. Dimensões 59 cm x 72 cm.

A partir dessa obra, o rompimento

com o grupo impressionista é inevitável,

pois a tendência de Cézanne em

converter os elementos naturais em

figuras geométricas como (cilindros, cones

e esferas) acentua-se cada vez mais, de

tal forma que se torna impossível para

recriar a realidade segundo “impressões”

captadas pelo sentido.

Um dos pós-impressionistas mais

famosos é sem dúvida Vincent Van Gogh

(1853-1890), que dentro do

impressionismo não tinha liberação

artística suficiente para melhor exprimir

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suas emoções. Durante sua juventude foi

pregador religioso, tomando-se pintor por

volta dos trinta anos. Sua vida com a

pintura foi dividida em quatro fases:

iniciando na Holanda, seus quadros

possuíam os contrastes de claro-escuro,

em Paris, como Impressionista, suas

angústias manifestavam-se em suas

obras; em Arles, ao sul da França,

conseguiu libertar-se do Naturalismo,

transformando o estilo em um colorido

abstrato; e, após várias crises nervosas,

transferiu-se para Anvers, uma cidade

tranquila ao norte da França, onde em três

meses conseguiu pintar cerca de oitenta

quadros, destacando-se dentre eles Trigal

com Corvo.

Trigal com corvos (1890), de Van Gogh.

Dimensões: 50,5 cm x 100,5 cm.

EXPRESSIONISMO

Movimento artístico e cultural de

vanguarda surgido na Alemanha no

início do século XX, os primeiros

representantes das chamadas

"vanguardas históricas". Mais do que

meramente um estilo com características

em comum, o Expressionismo é sinónimo

de um amplo movimento heterogéneo, de

uma atitude e de uma nova forma de

entender a arte, que aglutinou diversos

artistas de várias tendências, formações e

níveis intelectuais. O movimento surge

como uma reação ao positivismo

associado aos movimentos impressionista

e naturalista, propondo uma arte pessoal

e intuitiva, onde predominasse a visão

interior do artista – a "expressão" – em

oposição à mera observação da realidade

– a "impressão". O progresso tecnológico

no campo das artes, sobretudo depois da

aparição da fotografia e do cinema, faz

com que toda a comunidade artística se

interrogue sobre o seu papel na

sociedade. A imitação da realidade deixou

de fazer sentido, uma vez que as novas

técnicas tornaram o processo mais fácil,

rápido e reprodutível. As novas teorias

científicas como a teoria da relatividade de

Einstein, a psicanálise de Freud ou a

subjetividade do tempo de Bérgson,

abriram a porta a noções subjetivas da

realidade, fornecendo elementos para que

o mundo artístico se questionasse sobre

as próprias fronteiras da objetividade. A

procura de novas linguagens artísticas e

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novas formas de expressão traduziu-se na

formação de vários movimentos de

vanguarda que exploravam uma nova

relação do artista com o público. Os

vanguardistas pretendem integrar a arte

com a própria sociedade e fazer da sua

obra uma expressão do inconsciente

coletivo da sociedade que representava.

Por sua vez, a interação com o

espectador leva a que este se envolva na

percepção e compreensão da obra, assim

como na sua difusão e mercantilização,

fator que estará na origem do crescimento

exponencial das galerias de arte e dos

museus.

Através de uma paleta cromática

vincada e agressiva e do recurso às

temáticas da solidão e da miséria, o

expressionismo é um reflexo da angústia

e ansiedade que dominavam os círculos

artísticos e intelectuais da Alemanha. O

expressionismo integra aquilo que se

convencionou designar por "vanguardas

históricas"; o imenso grupo de

movimentos artísticos surgidos desde o

início do século XX anterior à I Guerra

Mundial até o fim da II Guerra Mundial em

1945. Esta designação inclui ainda, entre

outros, o fauvismo, o cubismo, o

futurismo, o construtivismo, o

neoplasticismo, o dadaísmo e o

surrealismo. A vanguarda está

intimamente ligada ao conceito de

modernidade, caracterizado pelo fim do

determinismo e da supremacia da religião,

substituídos pela razão e pela ciência,

pelo objetivismo e pelo individualismo, e

pela a confiança na tecnologia, no

progresso e nas próprias capacidades do

ser humano. O artista pretende dessa

forma colocar-se a si próprio na linha da

frente do progresso social e dar voz às

ideias progressistas através da sua obra.

Esse movimento artístico teve

origem em Dresden, Alemanha, entre

1904 e 1905, com um grupo chamado Die

Brucke, que em português significa A

Ponte. Faziam parte desse grupo Ernst

Ludwig Kirchner (1880-1938), Erich

Heckel (1883-1970) e Karl Schmidt-

Rottluff (1884-1976).

Assim como Van Gogh, o pintor

norueguês Edvard Munch (1863-1944),

inspirou o movimento expressionista. Sua

obra o Grito é um exemplo dos temas que

sensibilizavam os artistas ligados a essa

tendência. Nela a figura humana não

apresenta suas linhas reais, mas

contorce-se sob o efeito de suas

emoções. As linhas sinuosas do céu e da

água, e a linha diagonal da ponte,

conduzem o olhar do observador para a

boca da figura que se abre num grito

perturbador. Essa atitude é inédita até

aqui para as personagens da pintura e a

ênfase para as linhas fortes evidenciam a

emoção que o artista procura expressar.

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O Grito, (1898), de Munch.

Dimensões: 91 cm x 73,5 cm.

FAUVISMO

O fauvismo ou fovismo (do

francês fauvisme, oriundo de les fauves,

"as feras", como foram chamados os

pintores não seguidores do cânone

impressionista, vigente à época) é uma

corrente artística do início do século XX,

que se desenvolveu entre 1905 e 1907. O

estilo começou em 1901, mas só foi

denominado e reconhecido como um

movimento artístico em 1905. Segundo

Henry Matisse, em "Notes d'un Peintre",

pretendia-se com o fauvismo "uma arte do

equilíbrio, da pureza e da serenidade,

destituída de temas perturbadores ou

deprimentes". Este grupo de pintores

utilizava nos seus quadros cores

violentas, de forma arbitrária. A

denominação do movimento deve-se ao

crítico conservador Louis Vauxcelles, que,

no Salão de Outono de 1905, em Paris,

comparou-os a feras (fauves). Os pintores

fauvistas foram influenciados por: Van

Gogh, através de seu emocionalismo e

ardor passional no uso das cores, e por

Gauguin, com seu primitivismo e visão

sintética da natureza. A nova estética

obedece aos impulsos instintivos ou as

sensações vitais. Criar desobedecendo a

uma ordem intelectual, onde as linhas e

as cores devem jorrar no mesmo estado

de pureza das crianças e selvagens,

afrontando os cânones tradicionais da

pintura. Evitam a ilusão da

tridimensionalidade. A tela se apresentava

plana, fornecendo apenas comprimento e

largura. Basearam-se na força dos

matizes saídos das bisnagas de tinta. A

realidade era deformada com a finalidade

de produzir o estado de espírito do artista

diante do espetáculo oferecido pela

natureza em movimento (reflexos dos tons

vivos sobre a água e galhos retorcidos). A

nova geração de artistas buscava

recomeçar sem se preocupar com a

composição. Na ânsia de pintar o estado

de graça, muitas vezes aplicava-se a tinta

diretamente na tela, onde os vermelhos,

os amarelos, os verdes uivavam e

antecipavam o gosto moderno pela cor

pura. Era o novo espírito de síntese, que

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deixava para segundo plano o desenho e

a forma. Os elementos formais tornaram-

se deformadores e criavam contrastes ou

harmonia de coloridos inexistentes no

mundo visível. Não se deixaram

escravizar pelos aspectos visuais da

realidade e do naturalismo. A nova arte

surgiu como verdadeira libertação da

realidade objetiva e foi construída pelas

sensações visuais impulsivas dos artistas.

Características da pintura:

A simplificação das formas e

utilização maciça de cores puras;

A pouca, ou nenhuma, gradação

entre os matizes;

As pinceladas, largas e definitivas,

que continham espontânea

gestualidade;

A utilização da cor na delimitação

dos planos e na sensação de

profundidade;

A escolha dos matizes sem relação

com a realidade;

O movimento rítmico sugerido

pelas linhas, texturas e pela

continuidade dos elementos

desenhados;

Impulsividade e experimentação,

em vez de exaustivos estudos

preparatórios;

Temas cotidianos que retratavam

emoções e a alegria de viver;

A tradução de sensações

elementares, no mesmo estado de

graça das crianças e dos

selvagens;

Principais artistas do movimento:

Albert Marquet

André Derain

George Rouault

Henri Matisse

Jean Puy

Kees Van Dongen

Maurice de Vlaminck

Raoul Dufy

Dos pintores fauvistas, Matisse foi,

sem dúvida, a maior expressão. Sua

Característica mais forte é a

despreocupação com o realismo, tanto em

relação ás formas das figuras quanto em

relação ás cores. Em suas obras, as

coisas representadas são menos

importantes do que a maneira de

representá-las. Assim, as figuras

interessam enquanto formas que

constituem uma composição. È indiferente

ao artista se elas são de pessoas ou de

natureza-morta. Por exemplo, em

Natureza-morta com Peixes Vermelhos,

quadro pintando em 1911, podemos

observar, que o importante para Matisse é

que as figuras tais como a mulher, o

aquário, o vaso com flores e a pequena

estante, uma vez associadas, compõem

um todo orgânico. Mas esse objetivo não

era procurado apenas pela associação

das figuras. As cores puras e estendidas

em grandes campos, como o azul, o

amarelo e o vermelho, são também

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fundamentais para a organização da

composição.

Natureza-morta com peixes vermelhos

(1911), de Matisse. Museu de Arte

Moderna de Nova York.

Madame Matisse (1905) de Matisse.

Statens Museum for Kunst, Copenhagen,

Dinamarca.

CUBISMO

Surgiu no século XX, nas artes

plásticas, tendo como principais

fundadores: Pablo Picasso e Georges

Braque, esse movimento também se

expandiu para a literatura e a poesia. O

quadro "Les demoiselles d'Avignon", de

Picasso, 1907 é conhecido como o marco

inicial do cubismo. Nele ficam evidentes

as referências a máscaras africanas, que

inspiraram a fase inicial do cubismo,

juntamente com a obra de Paul Cézanne.

Historicamente o cubismo originou-se nas

obras de Cézanne, pois, eram como se

fossem cones, esferas e cilindros.

Entretanto, os cubistas foram mais longe

do que Cézanne. Passaram a representar

os objetos com todas as suas partes num

mesmo plano. È como se eles estivessem

abertos e apresentassem todos os seus

lados no plano frontal em relação ao

espectador. Na verdade, essa atitude de

decompor os objetos não tinha nenhum

compromisso de fidelidade com a

aparência real das coisas. Significava, em

suma, o abandono da busca da ilusão da

perspectiva ou das três dimensões dos

seres, tão perseguidos pelos pintores

renascentistas. Com o tempo, o Cubismo

evoluiu em duas grandes tendências

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chamadas Cubismo Analítico e

Cubismo Sintético. O cubismo analítico

foi desenvolvido por Picasso e Braque,

aproximadamente entre 1908 e 1911.

Esses artistas trabalharam com poucas

cores entre elas o preto, cinza e alguns

tons de marrom e ocre, já que o mais

importante para eles era definir um tema e

apresenta-lo de todos os lados

simultaneamente, levando ás ultimas

consequências, essa tendência chegou a

uma fragmentação tão grande dos seres,

que tornou impossível o reconhecimento

de qualquer figura nas pinturas cubistas.

Temos como exemplo:

Violino e Cântaro (1910) de Braque.

Museu de Arte Brasiléia

O Poeta (1911), de Pablo Picasso.

Coleção Peggy Guggenhein Veneza.

Reagindo á excessiva

fragmentação dos objetos e á destruição

de sua estrutura, os cubistas passaram ao

cubismo sintético. Essa tendência

procurou tornar as figuras novamente

reconhecíveis. Mas, apesar de ter havido

uma certa recuperação da imagem real

dos objetos, isso não significou o retorno a

um tratamento realista do tema. Foi

mantido o modo característico do cubismo

de apresentar simultaneamente as várias

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dimensões de um objeto, como podemos

observar em Mulher com o Violão, de

Braque.

Mulher com o Violão (1908),

de Braque.

O cubismo Sintético foi chamado também

de colagem porque introduziu letras,

palavras, números, pedaços de madeira,

vidro, metal e até objetos inteiros nas

pinturas. Essa inovação pode ser

explicada pela intenção dos artistas em

cria novos efeitos plásticos e de

ultrapassar os limites das sensações

visuais que a pintura sugere, despertando

também no observador as funções táteis

ABSTRACIONISMO

A principal característica da pintura

abstrata é a ausência de relação imediata

entre suas formas e cores e as formas e

cores de um ser. Por isso, uma tela

abstrata não representa nada da realidade

que nos cerca, nem narra figurativamente

alguma cena histórica, literária, religiosa

ou mitológica. Os estudiosos de arte

comumente consideram o pintor russo

Wassily Kandinsky (1866-1944) o

iniciador da moderna pintura abstrata. Em

1914, Kandinsky entrou em contato com

os pintores russos Mikhail Larionov e

Natalia Gontchorova, que valorizavam as

relações entre as cores, sem se preocupar

com a representação de um assunto. Em

1912, ao visitar Paris, o artista russo

Vladimir Tatlin impressionou-se com as

colagens cubistas. A partir de então

começou a fazer pintura de relevo, usando

materiais diversos. Daí, o artista deu mais

um passo e começou a construir objetos a

partir de vidro, metal e madeira. Suas

obras eram completamente abstratas e

foram base para o movimento

Construtivismo. Esse movimento teve a

participação também dos escultores

Antoine Pevsner e Naum Gabo que, ao

lado de Tatlin, usaram principalmente o

metal como matéria-prima para a criação

de peças abstratas, ou “construções”,

como preferiam chama-las, em vez de

esculturas, como tradicionalmente são

denominadas.

Em 1922, os artistas russos

separam-se e terminaram esta fase de

intensa pesquisa de novas formas de

expressão plástica. Tatlin ligou-se á

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Revolução Russa. Gabo e Pevsner

abandoaram o pais, quando o governo

revolucionário interferiu na produção

artística, fechando os ateliês dos artistas

modernos e valorizando a arte realista. Mas

em 1931, Gabo e Pevsner, novamente

juntos, tornam-se os fundadores do

movimento internacional abstrato chamado

Criação Abstrata. Depois das primeiras

pesquisas abstratas realizadas pelos

artistas russos, em pouco tempo o

abstracionismo dominou a pinta moderna e

tornou-se um movimento bastante

diversificado. Entretanto, duas tendências

firmaram-se um movimento com

características mais precisas o

abstracionismo informal e o

abstracionismo geométrico. No

abstracionismo informal predominam os

sentimentos e emoções. Por isso, as

formas e cores são criadas mais livremente,

sugerindo associações com os elementos

da natureza. A obras impressão, Domingo

de Kandinsky, constitui um bom exemplo

dessa tendência.

Impressão, Domingo (1910), de

Kandinsky. Staatliche Galerie, Munique.

As obras do pintor holandês Piet

Mondrian são as mais representativas do

Abstracionismo geométrico, pois,

segundo Mondrian, cada coisa, seja ela

uma casa, uma árvore ou uma paisagem,

possui uma essência que está por trás de

sua aparência. E as coisas, em sua

essência, estão em harmonia no universo.

O papel do artista, para ele, seria revelar

essa essência oculta e essa harmonia

universal. Essa busca da estrutura oculta

dos seres aparece na série de árvores

que pintou entre 1908 a 1912. Em Árvore

vermelha reconhecemos perfeitamente

uma árvore apesar do uso arbitrário que

faz da cor vermelha.

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Árvore Vermelha, (1906-1910), de

Mondrian.

Nas décadas de 20 e 30, as linhas

diagonais e curvas desaparecem dos seus

quadros, dando lugar somente ás linhas

horizontais e verticais; estas, juntamente

com as cores primárias, produzem

estruturas claras, brilhante e equilibradas.

Mas o equilíbrio obtido em suas obras não

é resultado da simetria, forma

tradicionalmente usada para consegui-los.

Ao contrario, em Mondrian, o equilíbrio é

resultado da assimetria.

Composição com Vermelho, Amarelo e

Azul, de Piet Mondrian.

FUTURISMO

Este movimento teve uma forte

relação com a literatura do inicio do século

xx, influencia em 1909 pelo Manifesto

Futurista do poeta e escritor italiano

Filippo Tommaso Marinetti. Foi publicado

no jornal francês Le Figaro em 20 de

fevereiro de 1909. Este manifesto marcou

a fundação do futurismo, um dos primeiros

movimentos da arte moderna. Consistia

em 11 itens que proclamavam a ruptura

com o passado e a identificação do

homem com a máquina, a velocidade e o

dinamismo do novo século.

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Na pintura, assim como na

literatura, os futuristas, como a própria

palavra sugere, exaltavam o futuro e,

sobretudo a velocidade, que passou a ser

conhecida e admirada a partir da

mecanização das indústrias e da

crescente complexidade social que

ganharam grandes centros urbanos. A

pintura futurista foi explicitada

pelo cubismo e pela abstração, mas o uso

de cores vivas e contrastes e a

sobreposição das imagens pretendia dar a

ideia de dinâmica, deformação e não

materialização por que passam os objetos

e o espaço quando ocorre a ação. Para os

artistas do futurismo os objetos não se

concluem no contorno aparente e os seus

aspectos interpenetram-se continuamente

a um só tempo. Procura-se neste estilo

expressar o movimento atual, registrando

a velocidade descrita pelas figuras em

movimento no espaço. O artista futurista

não está interessado em pintar um

automóvel, mas captar a forma plástica a

velocidade descrita por ele no espaço.

Suas principais características são:

Desvalorização da tradição e do

moralismo;

Valorização do desenvolvimento

industrial e tecnológico;

Propaganda como principal forma de

comunicação;

Uso de onomatopeias (palavras com

sonoridade que imitam ruídos, vozes,

sons de objetos) nas poesias;

Poesias com uso de frases

fragmentadas para passar a ideia de

velocidade;

Pinturas com uso de cores vivas e

contrastes. Sobreposição de imagens,

traços e pequenas deformações para

passar a ideia de movimento e

dinamismo.

Em 1910, foi lançado em Milão outro

manifesto futurista, dirigido

particularmente á pintura, assinado por

Umberto Boccioni, Carlos Carrá, Luigi

Russolo, Giacomo Balla e Gino Severini.

Para esses artistas não interessava a

representação de um corpo em

movimento. Como pretendiam evitar

qualquer relação com a imobilidade,

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recusaram toda representação realista e

usaram, além de linhas retas e curvas,

cores que sugerissem convincentemente

a velocidade.

Formas únicas de continuidade no

espaço, de Umberto Boccioni.

Cidade se levanta (1910), Umberto

Boccioni.

DADAÍSMO

O dadaísmo foi um movimento

artístico que surgiu na cidade Zurique no

ano de 1916. Possuía como característica

principal a ruptura com as formas de arte

tradicionais. Portanto, o dadaísmo foi um

movimento com forte conteúdo anárquico.

A palavra dada em francês signifique

"cavalo de madeira", sua utilização marca

o non-sense ou falta de sentido que pode

ter a linguagem (como na fala de um

bebê). Para reforçar esta ideia,

estabeleceu-se o mito de que o nome foi

escolhido aleatoriamente, abrindo-se uma

página de um dicionário e inserindo um

estilete sobre ele, de forma a simbolizar o

caráter antirracional do movimento,

claramente contrário à Primeira Guerra

Mundial e aos padrões da arte

estabelecida na época. Em poucos anos o

movimento alcançou, além de Zurique, as

cidades

de Barcelona, Berlim, Colônia, Hanôver, N

ova York e Paris. Muitos de seus

seguidores deram início posteriormente

ao surrealismo, e seus parâmetros

influenciam a arte até hoje. È preciso

também considerar que os estudos de

Freud chamavam a atenção para um

aspecto novo da realidade humana. Eles

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revelavam que muitos atos praticados

pelos homens são automáticos e

independentes de um encadeamento de

razões lógicas.

Dessa forma, os dadaístas

propunham que a criação artística se

libertasse das amarras do pensamento

racionalista e sugeriam que ela fosse

apenas o resultado do automatismo

psíquico, selecionando e combinando

elementos ao acaso. Na pintura, essa

atitude foi trazida por obras que usaram o

recurso da colagem. Só que agora a

intenção não é plástica e sim de sátira e

crítica aos valores tradicionais tão

valorizados, mas responsáveis pelo caos

em que se encontrava a Europa. O

dadaísmo, e principalmente o seu

principio do automatismo psicológico,

propiciou o aparecimento do Surrealismo.

O principal problema de todas as

manifestações artísticas estava, segundo

os dadaístas, em almejar algo que era

impossível: explicar o ser humano. Na

esteira de todas as outras afirmações

retumbantes, Tzara decreta: "A obra de

arte não deve ser a beleza em si mesma,

porque a beleza está morta". No seu

esforço para expressar a negação de

todos os valores estéticos e artísticos

correntes, os dadaístas usaram, com

frequência, métodos deliberadamente

incompreensíveis. Nas pinturas e

esculturas, por exemplo, tinham por hábito

aproveitar pedaços de materiais

encontrados pelas ruas ou objetos que

haviam sido jogados fora.

Foi na literatura, porém, que o

ilogismo e a espontaneidade alcançaram

sua expressão máxima: no último

manifesto que divulgou, Tzara disse que o

grande segredo da poesia é que "o

pensamento se faz na boca". Como uma

afirmação desse tipo é evidentemente

incompreensível, ele procurou orientar

melhor os seus seguidores dando uma

receita para fazer um poema dadaísta:

Pegue um jornal.

Pegue a tesoura.

Escolha no jornal um artigo do

tamanho que você deseja dar a seu

poema.

Recorte o artigo.

Recorte em seguida com atenção

algumas palavras que formam esse

artigo e meta-as num saco.

Agite suavemente.

Tire em seguida cada pedaço um

após o outro.

Copie conscienciosamente na ordem

em que elas são tiradas do saco.

O poema se parecerá com você.

Surgi um escritor infinitamente original

e de uma sensibilidade graciosa,

ainda que incompreendido do público.

O dadaísmo utilizava muito o

“Ready-made” que consiste em utilizar

objetos já feitos, e dá-lhe uma utilidade

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diferente do habitual. A única ação do

artista é descontextualizar o objeto e com

isso atribuir-lhes uma nova função, logo

um novo valor mental.

Principais artistas dadaístas:

- Tristan Tzara (Literatura)

- Marcel Duchamp

- Max Ernst

- Marcel Janco

- Man Ray

Marcel Duchamp, Gioconda. Em 1919, o

artista colocou um bigode sobre uma

reprodução barata do célebre quadro de

Da Vinci, com a inscrição LHOOQ.

SURREALISMO

Movimento artístico e literário nascid

o em Paris na década de 1920, inserido

no contexto das vanguardas que viriam a

definir o modernismo no período entre as

duas Grandes Guerras Mundiais. Reúne

artistas anteriormente ligados

ao dadaísmo ganhando dimensão

mundial. Fortemente influenciado pelas

teorias psicanalíticas do

psicólogo Sigmund Freud, o surrealismo

enfatiza o papel do inconsciente na

atividade criativa. Um dos seus objetivos

foi produzir uma arte que, segundo o

movimento, estava sendo destruída pelo

racionalismo. O poeta e crítico André

Breton era o principal líder e mentor deste

movimento. As características deste estilo

são:

Uma combinação do

representativo, do abstrato, do

irreal e do inconsciente. Entre

muitas das suas metodologias

estão à colagem e a escrita

automática.

Segundo os surrealistas, a arte

deve libertar-se das exigências

da lógica e da razão e ir além

da consciência cotidiana,

procurando expressar o mundo do

inconsciente e dos sonhos. No

manifesto e nos textos escritos

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posteriores, os surrealistas

rejeitam a chamada ditadura da

razão e valores burgueses

como pátria família, religião, trabal

ho e honra. Humor, sonho e a

contra lógica são recursos a serem

utilizados para libertar o homem da

existência utilitária. Segundo esta

nova ordem, as ideias de bom

gosto e de pudor devem ser

subvertidas.

Mais do que um movimento

estético, o surrealismo é uma

maneira de enxergar o mundo,

uma vanguarda artística que

transcende a arte. Busca restaurar

os poderes da imaginação,

castrados pelos limites do

utilitarismo da sociedade burguesa,

e superar a contradição entre

objetividade e subjetividade,

tentando consagrar uma poética

da alucinação, de ampliação da

consciência. Breton declara no

Primeiro Manifesto sua crença na

possibilidade de reduzir dois

estados aparentemente tão

contraditórios, sonho e realidade,

“a uma espécie de realidade

absoluta, de sobre realidade”.

Dos pintores surrealistas, Salvador

Dali, é sem duvida o mais conhecido, com

suas obras. A persistência da Memoria e a

Ceia Ele criou o conceito de “paranoia

critica” para referir-se á atitude de quem

recursa a lógica que rege a vida comum

das pessoas. Segundo o próprio pintor é

preciso “contribuir para o total descredito

da realidade”.

"A Persistência da Memória", de Salvador

Dalí, 1931.

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A Santa Ceia de Salvador Dalí.

O pintor René Magritte praticava o

surrealismo realista, ou “realismo mágico”.

Começou imitando a vanguarda, mas

precisava realmente de uma linguagem

mais poética e viu-se influenciado pela

pintura metafísica de Giorgio de Chirico.

Obras e Características de René Magritte:

Pintor de imagens insólitas, às quais deu

tratamento rigorosamente realista, utilizou-

se de processos ilusionistas, sempre à

procura do contraste entre o tratamento

realista dos objetos e a atmosfera irreal

dos conjuntos. Suas obras

são metáforas que se apresentam como

representações realistas, através da

justaposição de objetos comuns, e

símbolos recorrentes em sua obra, tais

como o torso feminino, o chapéu coco, o

castelo, a rocha e a janela, entre outros

mais, porém de um modo impossível de

ser encontrado na vida real.

Os Amantes II (1928), de René Magritte.

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Reprodução proibida’, óleo sobre tela de

René Magritte.

OP-ART

A expressão “op-art” vem do inglês

(optical art) e significa “ arte óptica”. O seu

percursor é Victor Vasarely, criador da

plástica do movimento. Os trabalhos de op

art são em geral abstratos, e muitas das

peças mais conhecidas usam apenas o

preto e o branco. Quando são

observados, dão a impressão de

movimento, clarões ou vibração, ou por

vezes parecem inchar ou deformar-se.

Apesar de ter ganho força na metade da

década de 1950, a Op Art passou por um

desenvolvimento relativamente lento. Ela

não tem o ímpeto atual e o apelo

emocional da Pop Art; em comparação,

parece excessivamente cerebral e

sistemática, mais próxima das ciências do

que das humanidades. Por outro lado,

suas possibilidades parecem ser tão

ilimitadas quanto as da ciência e da

tecnologia.

A razão da Op Art é a representação

do movimento através da pintura apenas

com a utilização de elementos gráficos. A

alteração das cidades modernas e o

sofrimento do homem com a alteração

constante em seus ritmos de vida também

são uma preocupação constante. A vida

rápida das cidades contribuiu para a

percepção do movimento como elemento

constituinte da cultura visual do artista.

Outro fator fundamental para a criação da

Op Art foi a evolução da ciência, que está

presente em praticamente todos os

trabalhos, baseando-se principalmente

nos estudos psicológicos sobre a vida

moderna e da Física sobre a Óptica.

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Victor Vasarely , nascido em Hungria, foi

um pintor e escultor húngaro radicado

na França considerado o "pai da OP ART"

.

É, no entanto, o período entre 1950-

60 (período Black and White) que marca

definitivamente o trabalho de Vasarely,

uma vez que ao introduzir pela primeira

vez a sugestão de movimento sem existir

movimento real, cria uma nova relação

entre artista e espectador (que deixa de

ser um elemento passivo para passar a

interpretar livremente a imagem em

quantos cenários visuais conseguir

conceber), desenvolvendo e definindo os

elementos básicos do que será conhecido

como Op Art -um estilo e técnica que

permanecerá para sempre ligado ao seu

nome.

Experimentou o uso de

transparências e cores em projeções,

produziu tapeçarias e publicou suas

primeiras gravuras. Seus quadros

combinam variações de círculos,

quadrados e triângulos, por vezes com

gradações de cores puras, para criar

imagens abstratas e ondulantes. Viajou

por muitos países, sempre recebendo

vários troféus.

Vega, Victor Vasarely, 1957.

É considerado um dos principais artistas

do movimento Optical Art, entre suas

obras se destacam suas "Vegas", obras

caracterizadas pela impressão 3D

concedida as 'esferas', e por cores

contrastantes.

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Vega-Lep, Victor Vasarely ( 1970).

POP ART

A expressão “pop-art” vem do inglês

e significa “arte popular”. Esse Movimento

artístico apareceu nos Estados Unidos por

volta de 1960 e alcançou extensa

repercussão internacional. A fonte da

criação para os artistas ligados a esse

movimento era o dia-a-dia das grandes

cidades norte-americanas, pois sua

proposta era romper qualquer barreira

entre a arte e a vida comum. Para a Pop-

art interessam as imagens, o ambiente,

enfim, a vida que a tecnologia industrial

criou nos grandes centros urbanos. Os

recursos expressivos da arte pop são

semelhantes aos dos meios de

comunicação de massa, como o cinema, a

publicidade e a tevê. Em consequência

disso, seus temas são símbolos e os

produtos industriais dirigidos ás massas

urbanas: lâmpadas elétricas, dentifrícios,

automóveis, sinais de trânsito,

eletrodomésticos, enlatados e até mesmo

a imagem das grandes estrelas do cinema

norte-americano, que também é

consumida em massa nos filmes, nas

tevês e nas revistas. Um exemplo

bastante ilustrativo é o trabalho Marilyn

Monroe, feita por Andy Warhol.

Nesse trabalho, realizado a partir de uma

fotografia, Andy Warhol reproduz em

sequencia, imagens de Marilyn Monroe

que, apesar das variações de cor, as

características marcantes da imagem real

permanecem invariáveis. Com isso, o

artista talvez quisesse mostrar que assim

como os objetos são produzidos em serie,

os mitos contemporâneos também são

manipulados para o consumo do grande

público.

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Marilyn Monroe

ANDY WARHOL, Campbell’s Soup II,

1969

Roy Fox Lichtenstein, Na sua

obra, procurou valorizar os clichês

das histórias em quadrinhos como forma

de arte, colocando-se dentro de um

movimento que tentou criticar a cultura de

massa. O seu interesse pelas histórias em

quadradinhos (banda desenhada), como

tema artístico, começou provavelmente

com uma pintura do rato Mickey, que

realizou em 1963 para os filhos. Nos seus

quadros a óleo e tinta acrílica, ampliou as

características da banda desenhada e dos

anúncios comerciais, e reproduziu à mão,

com fidelidade, os procedimentos gráficos.

Empregou uma

técnica pontilhista conhecida como Pontos

Ben-Day para simular os

pontos reticulados das histórias. Cores

brilhantes, planas e limitadas, delineadas

por um traço negro, contribuíam para o

intenso impacto visual.

Crying Girl – Lichtenstein.

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ARTE CONCEITUAL

A arte conceptual ou arte

conceitual foi iniciada nos anos 60 do

século XX (1965); prevaleceu pela década

de 70, o que implicou uma remodelação

dos processos criativos e expressivos.

Nesta arte valoriza-se mais a ideia da

obra do que o produto acabado, sendo

que às vezes este (produto) nem mesmo

precisa existir. É bastante se expressa

através de fotografias, vídeos, mapas,

textos escritos e performances. Não

existem limites muito bem definidos para

que uma obra seja considerada Arte

Conceitual já que esta abrange vários

aspectos tendo como intenção desafiar as

pessoas a interpretar uma ideia, um

conceito, uma crítica ou uma denúncia. O

objetivo é que o observador reflita sobre o

ambiente, a violência, o consumo e a

sociedade. Esta arte é vivenciada por

todos os observadores do mesmo modo,

ou seja, ela não possui nenhuma

singularidade aos olhos de quem a vê.

Esta perspectiva artística teve os

seus inícios em meados da década de

1960, parcialmente em reação

ao formalismo, sendo depois

sistematizada pelo crítico nova-iorquino

Clement Greenberg. Contudo, já a obra do

artista francês Marcel Duchamp, nas

décadas de 1950 tinha prenunciado o

movimento conceitualista, ao propor

vários exemplos de trabalhos que se

tornariam o protótipo das obras

conceptuais, como os readymades, ao

desafiar qualquer tipo de categorização,

colocando-se mesmo a questão de não

serem objetos artísticos.

Apesar das diferenças pode-se

dizer que a arte conceitual é uma tentativa

de revisão da noção de obra de arte

arraigada na cultura ocidental. A arte

deixa de ser primordialmente visual e feita

para ser olhada, e passa a ser

considerada como ideia e pensamento.

Muitos trabalhos que usam a fotografia,

xérox, filmes ou vídeo como documento

de ações e processos, geralmente em

recusa à noção tradicional de objeto de

arte, são designados como arte

conceitual. Além da crítica ao formalismo,

artistas conceituais atacam ferozmente as

instituições, o sistema de seleção de

obras e o mercado de arte. George

Maciunas, um dos fundadores do Fluxus,

redige em 1963, um manifesto em que diz:

"Livrem o mundo da doença burguesa, da

cultura 'intelectual', profissional e

comercializada. Livrem o mundo da arte

morta, da imitação, da arte artificial,

da arte abstrata. Promovam uma arte viva,

uma antiarte, uma realidade não artística,

para ser compreendida por todos [...]". A

contundente crítica ao materialismo da

sociedade de consumo, elemento

constitutivo das performances e ações do

artista alemão Joseph Beuys, pode ser

compreendida como arte conceitual.

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Embora os artistas conceituais critiquem a

reivindicação moderna de autonomia da

obra de arte, e alguns pretendam até

romper com princípios do modernismo, há

algumas premissas históricas que podem

ser encontradas em experiências

realizadas no início do século XX. Os

ready-mades de Marcel Duchamp, cuja

qualidade artística é conferida pelo

contexto em que são expostos, seriam um

antecedente importante para a

reelaboração da crítica dos conceituais.

Outro importante antecedente é

o Desenho de De Kooning Apagado,

apresentado por Robert Rauschenberg

em 1953. Como o próprio título enuncia,

em um desenho de Willem de Kooning,

artista ligado à abstração

gestual surgida nos Estados Unidos no

pós-guerra, Rauschenberg, com a

permissão do colega, apaga e desfaz o

seu gesto. A obra final, um papel vazio

quase em branco, levanta a questão sobre

os limites e as possibilidades de

superação da noção moderna de arte.

“ Fonte", de Marcel Duchamp

Uma experiência emblemática é realizada

pelo artista Robert Barry, em 1969, com

a Série de Gás Inerte, que alude à

desmaterialização da obra de arte, ideia

cara à arte conceitual.

Principais Artistas:

Marcel Duchamp

Joseph Beuys

Nam June Paik

Yoko Ono

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“I Like America and America Likes Me”

(Performance, 1974), Joseph Beuys.

“I Like America and America Likes Me”

(Performance, 1974), Joseph Beuys.

Um mestre de peças de desempenho

convincentes, Beuys voou para Nova

York, captado por uma ambulância, e

envolta em feltro, foi transportado para

uma sala no Bloco Galeria Rene. O quarto

também foi ocupada por um coiote

selvagem, e por um período de 8 horas

por dia para os próximos três dias, Beuys

passou seu tempo com o coiote no quarto

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pequeno, com pouco mais de um cobertor

de feltro e um monte de palha. Enquanto

no quarto, o artista envolvido em gestos

simbolistas, como golpear um triângulo e

jogando suas luvas para o coiote. No final

dos três dias, o coiote, que havia se

tornado bastante tolerante de Beuys,

permitiu um abraço do artista, que foi

transportado de volta para o aeroporto

através de ambulância. Ele nunca pôs os

pés em solo americano fora nem viu nada

da América que não seja o coiote e o

interior da galeria.

Imagens da performance Cut Piece de

Yoko Ono.

A performance consistia na artista

sentada sozinha no palco enquanto o

público cortava um pedaço de sua roupa

até que não restasse mais nada para

cortar ou até que ela decidisse pelo

término da performance. Yoko

permaneceu todo o tempo sem se

movimentar e em silêncio, com o olhar fixo

e distante, enquanto os convidados a

cortavam. A atividade do público era o que

resultava no êxito da comunicação, cito:

“É então inquestionável que o público, na

condição de parceiro participante no teatro

e não mais de mera testemunha do

exterior, decide sobre o êxito na

comunicação.” (H. T. Lehmann, “Teatro e

performance”), ou seja, na performance

feita por Yoko como o público era

convidado a cortar um pedaço da sua

roupa ela só teve êxito pois houve

resposta à indicação.

Nas duas primeiras apresentações a

performer tem como principal inquietação

a Guerra do Vietnã. Aqueles cortes eram

como se toda a violência do mundo

recaísse sobre ela e ela aceitava essa

violência na sua maior passividade. Já em

2003 seu fio condutor foi o ataque de 11

de Setembro, onde as pessoas estavam

convivendo com uma intimidação

constante. Segundo Yoko: “As pessoas

ficaram sem voz.”. Por essa passividade

da sociedade diante dos acontecimentos,

ela relata que fez o Cut Piece pela paz e

pelo amor pedindo para as pessoas que

mandassem o pedaço que elas cortassem

da sua roupa à pessoa amada.

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REFERÊNCIAS

SANTOS, Maria das Graças Vieira Proença dos. História da Arte. São Paulo: Ática,

2007.

GOMBRICH, E. H. A História da Arte; tradução de Álvaro Cabral. Rio de Janeiro:

LTC, 2012.

JANSON, H. W. Iniciação à História da Arte. Trad. Jefferson Luiz Camargo. 2.ed.

São Paulo: Martins Fontes, 1996.