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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO
CENTRO ACADÊMICO DE VITÓRIA
CURSO DE GRADUAÇÃO EM NUTRIÇÃO
PATRÍCIA ARCANJO DE LIMA
ESTRATÉGIAS DE EDUCAÇÃO ALIMENTAR E NUTRICIONAL COM
CRIANÇAS BRASILEIRAS NO AMBIENTE ESCOLAR: UMA REVISÃO
SISTEMÁTICA
Vitória de Santo Antão
2016
UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO
CENTRO ACADÊMICO DE VITÓRIA
CURSO DE GRADUAÇÃO EM NUTRIÇÃO
PATRÍCIA ARCANJO DE LIMA
ESTRATÉGIAS DE EDUCAÇÃO ALIMENTAR E NUTRICIONAL COM
CRIANÇAS BRASILEIRAS NO AMBIENTE ESCOLAR: UMA REVISÃO
SISTEMÁTICA
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Colegiado do Curso de Graduação em Nutrição do Centro Acadêmico de Vitória da Universidade Federal de Pernambuco em cumprimento a requisito parcial para obtenção do grau de Bacharel em Nutrição, sob a orientação das Professoras Juliana Souza Oliveira e Vanessa Sá Leal.
Vitória de Santo Antão
2016
Catalogação na Fonte
Sistema de Bibliotecas da UFPE. Biblioteca Setorial do CAV. Bibliotecária Ana Ligia Feliciano dos Santos, CRB4: 2005
L732e Lima, Patrícia Arcanjo de.
Estratégias de educação alimentar e nutricional com crianças brasileiras no ambiente escolar: uma revisão sistemática / Patrícia Arcanjo de Lima. – Vitória de Santo Antão, 2016.
28 folhas: il., tab. Orientadora: Juliana Souza Oliveira. Coorientadora: Vanessa Sá Leal.
TCC (Graduação) – Universidade Federal de Pernambuco, Centro Acadêmico de Vitória, Bacharelado em Nutrição, 2016.
Inclui referências.
1. Educação alimentar e nutricional. 2. Crianças. 3. Escolas - Brasil. I. Oliveira, Juliana Souza (Orientadora). II. Leal, Vanessa Sá (Coorientadora). III. Título.
613.20832 CDD (23.ed.) BIBCAV/UFPE-006/2017
PATRÍCIA ARCANJO DE LIMA
ESTRATÉGIAS DE EDUCAÇÃO ALIMENTAR E NUTRICIONAL COM
CRIANÇAS BRASILEIRAS NO AMBIENTE ESCOLAR: UMA REVISÃO
SISTEMÁTICA
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Colegiado do Curso de Graduação em Nutrição do Centro Acadêmico de Vitória da Universidade Federal de Pernambuco em cumprimento a requisito parcial para obtenção do grau de Bacharel em Nutrição, sob a orientação das Professoras Juliana Souza Oliveira e Vanessa Sá Leal.
Aprovado em: 28/12/2016.
BANCA EXAMINADORA
________________________________________ Vanessa Sá Leal
_________________________________________ Catarine Santos da Silva
_________________________________________ Nathália Barbosa de Aquino
AGRADECIMENTOS
Primeiramente quero externar minha gratidão a Deus pelo dom da vida,
pelo seu amor infinito, sem Ele nada sou. Tenho a plena certeza que sem Ele
jamais chegaria aqui. E como diz Vitorino Silva em um dos seus belos hinos:
“Como agradecer por tudo que fizeste a mim? Não merecedor, mas provaste o
seu amor sem fim. As vozes de um milhão de anjos não expressam a minha
gratidão, tudo o que sou e o que almejo ser, eu devo tudo a Ti...”.
Agradeço aos meus pais, obrigada por cada incentivo e orientação,
pelas orações em meu favor, pela preocupação para que estivesse sempre
andando pelo caminho correto. As minhas irmãs, Priscila, Pauliana e Paloma,
por todo amor e carinho. Aos meus tios, tias, avós e primos que sempre
estiveram presentes, ainda que à distância. Ao meu namorado, Iago, por todo
amor, carinho, paciência e compreensão que tem me dedicado.
À professora Juliana Oliveira que, com muita paciência e atenção,
dedicou do seu valioso tempo para me orientar em cada passo deste trabalho.
A professora Vanessa Leal, por me coorientar e pela contribuição na minha
vida acadêmica.
As minhas colegas de classe, em especial a Wêdja, Juliana Costa e
Michella minhas companheiras de estágios, a quem aprendi a amar e construir
laços eternos. Obrigada por todos os momentos em que fomos estudiosas,
brincalhonas e cúmplices. Porque em vocês encontrei verdadeiras irmãs.
Obrigada pela paciência, pelo sorriso, pelo abraço, pela mão que sempre se
estendia quando eu precisava. Esta caminhada não seria a mesma sem vocês.
As minhas amigas Rayanne, Cathleen, Jardilene, Wêdja e Laís, por todo
apoio e cumplicidade. Porque mesmo quando distantes, estavam presentes em
minha vida. As minhas amigas e irmãs em Cristo, Thamirys, Mariana e Mayara,
por todos os conselhos, incentivo e orações.
Obrigada a todos que, mesmo não estando citados aqui, tanto
contribuíram para a conclusão desta etapa.
“Que todo o meu ser louve ao Senhor, e que eu não esqueça nenhuma
das suas bênçãos!” Salmos 103:2.
RESUMO
A Educação Alimentar e Nutricional (EAN) é um campo de conhecimento e de
prática constante e permanente, transdisciplinar, intersetorial e multiprofissional
que objetiva a promoção da prática autônoma e voluntária de hábitos
alimentares saudáveis. Acredita-se que a escola seja um ótimo local para a
realização das estratégias de EAN. Neste estudo, objetivou-se avaliar as
estratégias de EAN realizadas com crianças brasileiras no ambiente escolar.
Realizou-se uma revisão sistemática da literatura na qual foram selecionados
artigos entre 2012 e 2016, nas bases de dados LILACS, MEDLINE, SCIELO,
Periódicos da CAPES e Biblioteca Virtual em Saúde. Observou-se que, apesar
da importância do tema, existe um baixo número de publicações na área,
mesmo sendo um período marcado pela publicação desse documento. Os
estudos apresentavam de forma diversificada mais de uma estratégia de EAN,
como por exemplo, dinâmicas, palestras, reuniões, histórias infantis, jogos
didáticos, teatro de fantoches, vídeos, recorte e colagem, entre outras. Os
resultados mostraram uma melhora no conhecimento sobre alimentação e
nutrição e nas escolhas alimentares. Reconhece-se a necessidade de novos
trabalhos que atuem neste âmbito e de maior participação dos profissionais
envolvidos na promoção dos hábitos saudáveis de vida para a redução da
obesidade e doenças a ela associadas.
Palavras-chave: Educação alimentar e nutricional. Crianças. Escolas - Brasil.
.
ABSTRACT
The food and nutritional education (EAN) is a field of knowledge and constant
practice and permanent, transdisciplinary, multidisciplinary intersectoral and
aimed at the promotion of autonomous and voluntary practice of healthy eating
habits. It is believed that the school is a great place to carry out the strategies of
EAN. In this study, it was aimed to evaluate the strategies of EAN performed
with Brazilian children in the school environment. A systematic review of the
literature in which articles were selected between 2012 and 2016, in the
databases LILACS, MEDLINE, SCIELO, CAPES Journals and Virtual Health
Library. It was observed that, despite the importance of the theme, there is a
low number of publications in the area, even though it was a period marked by
the publication of this document. The studies were so diversified over a strategy
of EAN, such as Dynamics, lectures, meetings, children's stories, educational
games, puppet theater, videos, cut and glue, among others. The results showed
an improvement in knowledge about food and nutrition and the food choices.
Recognizes the need of new works that act in this field and greater participation
of professionals involved in promoting healthy living habits for the reduction of
obesity and associated diseases.
Keywords: Food and nutritional Education. Kids. Schools - Brazil.
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Categorização dos artigos que apresentam estudos de intervenção em
educação alimentar e nutricional em escolares quanto ao tipo de estudo e local de
realização. Brasil, 2012 a 2016.
Tabela 2 - Categorização dos artigos que apresentam estudos de intervenção em
educação alimentar e nutricional em escolares, quanto aos objetivos, metodologia e
principais resultados. Brasil, 2012 a 2016.
SUMÁRIO
1. Introdução ....................................................................................................................... 09
2. Objetivos .......................................................................................................................... 11
3. Justificativa ...................................................................................................................... 12
4. Metodologia ..................................................................................................................... 13
5. Resultados ....................................................................................................................... 14
6. Discussão ........................................................................................................................ 20
7. Conclusões ...................................................................................................................... 24
8. Referências...................................................................................................................... 25
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1 INTRODUÇÃO
O Marco de Referência de Educação Alimentar e Nutricional para as Políticas
Públicas conceitua a EAN como:
“Um campo de conhecimento e de prática contínua e permanente, transdisciplinar, intersetorial e multiprofissional que visa promover a prática autônoma e voluntária de hábitos alimentares saudáveis. A prática da EAN deve fazer uso de abordagens e recursos educacionais problematizadores e ativos que favoreçam o diálogo junto a indivíduos e grupos populacionais, considerando todas as fases do curso da vida, etapas do sistema alimentar e as interações e significados que compõem o comportamento alimentar.” (BRASIL, 2012, p. 23).
Santos (2012) descreve que o crescimento da importância da EAN, no que diz
respeito à promoção da saúde e da alimentação saudável, vem sendo visto como
uma estratégia fundamental para enfrentar os novos desafios nos campos da saúde,
alimentação e nutrição, como por exemplo, as transformações nas práticas
alimentares que ocorrem por influência da mídia, afetando principalmente às
crianças, grupo mais vulnerável. Essas mudanças têm tido uma maior atenção do
setor saúde, a partir do momento que as doenças crônicas não transmissíveis estão
diretamente relacionadas à alimentação (CAMOZZI et al, 2015; COTRIM, 2016).
Oliveira et al (2013) e Viana et al (2008) confirmam que a mídia é uma grande
influenciadora dos hábitos alimentares das crianças. E citam que a família e colegas
de escola também contribuem para o consumo de alimentos com baixo valor
nutricional e para o sedentarismo, principalmente quando esses têm obesidade. Por
outro lado, os maiores moldadores de hábitos alimentares nas crianças são os pais,
particularmente a mãe, uma vez que convivem e observam o padrão e as escolhas
alimentares que existe dentro de casa.
É visível o aumento nos índices de sobrepeso e a obesidade infantil em
decorrência da ingestão de alimentos com pouco valor nutricional e da ausência de
práticas de exercício físico, que por sua vez colabora com a prevalência de doenças
crônicas não transmissíveis em crianças, repercutindo na baixa qualidade de vida
desses indivíduos (CARVALHO et al, 2013; MACHADO, 2011; RINALDI, 2008;
SILVEIRA; ABREU, 2006).
Diante do panorama brasileiro e mundial de transição nutricional, em que se
diminuiu a prevalência da desnutrição e passou-se a ter uma população com
excesso de peso, revela-se a importância da promoção da saúde através do
estímulo às práticas alimentares e de um estilo de vida mais saudável para pessoas
9
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de todas as faixas etárias. E isso tem se incorporado nas politicas de saúde e se
tornado prioridade no território mundial (BONFIM et al, 2016; BRASIL, 2012;
LOBSTEIN; BAUR, 2005; REIS et al, 2011).
O comportamento alimentar de uma pessoa é de natureza bastante complexa
e é estabelecido por numerosos fatores, como já demonstrado. Sabe-se que a
infância é a fase crucial para a construção de hábitos alimentares, os quais tendem
a se manter ao longo da vida e são determinados principalmente por fatores
fisiológicos, socioculturais e psicológicos (BRASIL et al, 2013; SOUZA; ORNELLAS,
2011; ZANCUL; VALETA, 2009).
A escola é considerada o melhor local para a promoção da saúde, já que a
criança passa a maioria do tempo na instituição e oferece condições de
desenvolvimento de ações que promovam a saúde contemplando a educação
infantil podendo se perpetuar por um logo período, além de permitir a inserção dos
familiares neste processo (CAMOZZI et al, 2015; BIZZO; LEDER, 2005; SCHMITZ et
al, 2008; TEIXEIRA; DESTRO, 2010; ZANCUL, 2008). A escolha desse espaço é
justificado por ser um local com finalidades educativas e formadoras, pelo qual
passam todas as crianças e jovens do país. Nas escolas os estudantes, na sua
maioria, consomem alimentos, refletindo e compartilhando hábitos, preferências,
modismos e comportamentos alimentares (ZANCUL, 2008).
Entende-se, assim, que a implantação de programas de EAN nas escolas e a
consequente criação de um ambiente favorável à promoção de práticas alimentares
e estilos de vida saudáveis, constituam estratégias importantes para combater a
obesidade infantil e as doenças crônicas a ela associadas (PEREIRA; SCAGLIUSI;
BATISTA, 2011).
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2 OBJETIVOS
Objetivo Geral:
Avaliar as estratégias de EAN realizadas com crianças brasileiras no
ambiente escolar em artigos científicos no período de 2012 a 2016.
Objetivos Específicos:
Revisar a literatura brasileira no que tange as estratégias de EAN para
crianças;
Comparar estratégias de EAN nos diferentes estudos analisados
Verificar os resultados obtidos nos estudos que abordam estratégias de
EAN para crianças no ambiente escolar.
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3 JUSTIFICATIVA
Diante do atual perfil epidemiológico e nutricional, as estratégias de EAN
no ambiente escolar têm se tornado essencial para a construção de bons
hábitos alimentares. Logo, se faz necessária para a promoção da saúde
através de intervenções que contribuem para mudanças alimentares (PICCOLI
et al, 2010; TOASSA et al, 2010). A promoção da alimentação saudável é
primordial para a saúde, nesse sentido, é necessário sensibilizar a população
sobre a importância da alimentação, fazendo que reflitam sobre as melhores
escolhas de alimentos que ajudem na prevenção da doença e na promoção da
saúde (IULIANO et al, 2009; RODRIGUES; RONCADA, 2008).
Em 2012 o Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome
publicou o Marco de Referência de Educação Alimentar e Nutricional para
Políticas Públicas, publicação que reflete um momento singular de valorização
destas ações, traduzido, por exemplo, no Plano Nacional de Segurança
Alimentar e Nutricional (SAN) e no Plano Plurianual. O mesmo foi construído
por pessoas que compartilham e acreditam que a EAN contribui para a
realização do Direito Humano à Alimentação Adequada. Também
reconhecendo a importância desse material para uma melhor qualificação das
ações de EAN, é importante lembrar que ele não é o ponto final do processo
reflexivo sobre o tema, é necessária a continuação da sua construção para que
cada vez mais sejam incorporadas mais informações sobre as práticas de EAN
(BRASIL, 2012).
Dessa maneira, este trabalho se justifica pela necessidade de identificar
estudos que mostrem as estratégias de EAN para a sensibilização da
importância de promover a prática autônoma e voluntária de hábitos
alimentares saudáveis. Somando-se ao baixo número de publicações que
tenham como prática intervenções com estratégias de EAN em ambiente
escolar para crianças. Uma vez que a infância é a fase crucial para a
construção de hábitos alimentares, e a escola ser um local adequado que tem
finalidades educadoras onde passam todas as crianças do país.
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4 METODOLOGIA
Trata-se de uma pesquisa bibliográfica, retrospectiva, sistemática. A
pesquisa aconteceu entre os meses de setembro a dezembro de 2016. A
revisão sistemática da literatura científica foi operacionalizada mediante a
busca eletrônica de artigos indexados em bases de dados: LILACS, MEDLINE,
Periódicos da CAPES e SciELO. De modo a encontrar artigos não identificados
em tal pesquisa, utilizou-se também a Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), que
integra as bases acima citadas a fim de identificar artigos científicos publicados
entre 2012 a 2016, que compreende o período pós-publicação do Marco de
Referência de EAN para as Políticas Públicas (BRASIL, 2012).
A pesquisa nas fontes citadas foi realizada utilizando o termo “educação
nutricional” e “escolares” e “educação alimentar e nutricional” e “crianças”, e
seu correspondente em inglês “nutrition education” and “school” and “education
food and nutrition” and “Child”. As publicações foram pré-selecionadas pelos
títulos, acompanhada da leitura dos resumos disponíveis e seguida da leitura
completa dos artigos.
Foram incluídas publicações em inglês e português atendendo aos
seguintes critérios: ser um estudo de intervenção; apresentar na metodologia a
descrição, aplicação e/ou avaliação de uma intervenção em EAN com crianças
no ambiente escolar desenvolvida no Brasil. Logo após foram excluídos artigos
repetidos em diferentes bases de dados. Realizou-se então uma pesquisa
complementar nas referências dos artigos selecionados com intuito de ampliar
o campo empírico a ser analisado, e incluíram-se publicações que atendiam
aos critérios supracitados. Para a comparação das estratégias de EAN nos
diferentes estudos foram feito tabelas onde se resumiu a metodologia e os
principais resultados, a fim de facilitar a visualização das ações e seus efeitos.
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5 RESULTADOS
A busca bibliográfica seguiu os critérios pré-estabelecidos resultando
em um total de 31 artigos, cinco na base de dados LILACS, quatro na base
MEDLINE, dez na SciELO, quatro nos Periódicos da CAPES e oito na BVS.
Depois de uma análise criteriosa, foram excluídos nove artigos por não se
tratar de um estudo de intervenção com crianças em ambiente escolar e doze
por estarem repetidos nas diferentes bases de dados. Logo, desse modo,
restaram seis artigos na SciELO e quatro na BVS, totalizando dez artigos.
No presente estudo, 40% das pesquisas foram publicadas no ano de
2012, não sendo identificados estudos realizados na região Norte, estando a
maioria concentrados na Região Sul e Sudeste, e no Nordeste apenas dois
estudos se enquadraram nos critérios desse trabalho (Tabela 1).
A tabela 2 descreve os estudos de acordo com os objetivos expostos,
metodologia empregada e os principais resultados alcançados. No que diz
respeito aos objetivos, verificou-se que a maioria dos estudos tinha por objetivo
avaliar uma intervenção em EAN. Onde o objeto de avaliação foi designado por
diversos termos utilizados como: “avaliar um programa de EAN”; “avaliar
conceitos de alimentação saudável”; “propor ações de EAN”; “investigar
percepções sobre hábitos alimentares”; “desenvolver EAN”; “inserir a promoção
da saúde”; “promover atividades de EAN”; “aplicar métodos lúdicos em EAN”. É
evidente o foco sobre mudança de hábitos alimentares em crianças, onde os
autores falam que o ambiente escolar é o melhor lugar de se trabalhar com
estratégias de EAN.
Os estudos apresentavam de forma diversificada mais de uma estratégia
de EAN, como por exemplo, dinâmicas, palestras, reuniões, histórias infantis,
jogos didáticos, teatro de fantoches, vídeos, recorte e colagem, entre outras.
Todavia, muitas dessas estratégias não foram detalhas na metodologia dos
estudos. No que se refere ao tempo de duração da intervenção, encontrou-se o
período de um mês como o menor (BELLINASO et al, 2012), enquanto o maior
foi de dez meses (FERFEBAUM et al, 2012).
As intervenções foram avaliadas através do conhecimento de nutrição e
consumo alimentar por meio de questionários e avaliação do estado nutricional,
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pela antropometria. Alguns relataram outros métodos de avaliação, como
ilustrações e jogos. Outros avaliaram através da comparação do grupo
intervenção com o controle (FEFERBAUM et al, 2012; PRADO et al, 2012;
PRADO et al, 2016; SILVA et al, 2013). Quando observamos os principais
resultados encontrados, nota-se que houve um foco nas mudanças ocorridas
sobre o conhecimento em nutrição e nas opções alimentares que as crianças
apresentavam após a intervenção, onde a maioria constituiu mudanças
positivas em relação a hábitos alimentares saudáveis.
Tabela 1- Categorização dos artigos que apresentam estudos de intervenção em educação alimentar e nutricional em escolares quanto ao tipo de estudo e local de realização. Brasil, 2012 a 2016
Estudo Ano Tipo de estudo
Local de realização do estudo
Belinasso et al 2012 Intervenção Santa Maria/RS
Ferfebaum et al 2012 Intervenção São Paulo/SP
Lanes et al 2012 Intervenção Uruguaiana/RS
Prado et al 2012 Intervenção Cuiabá/MT
Silva et al 2013 Intervenção Niterói/RJ
Zanirati et al 2013 Intervenção Belo Horizonte/MG
Oliveira et al 2014 Intervenção Fortaleza/CE
Capelari e Bezerra
2015 Exploratório e intervencional
Rio Grande do Sul
Santana et al 2015 Intervenção Vitória da Conquista/BA
Prado et al 2016 Intervenção Cuiabá/MT
Fonte: LIMA, P. A. L., 2016. Nota: Elaborada pela autora com os dados coletados na pesquisa.
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Tabela 2- Descrição dos artigos que apresentam estudos de intervenção em educação alimentar e nutricional em escolares, quanto aos objetivos, metodologia e principais resultados. Brasil, 2012 a 2016
ARTIGO ANO OBJETIVO METODOLOGIA PRINCIPAIS RESULTADOS
Público Alvo Período Intervenção Bellinaso et al 2012 Propor uma estratégia
de EAN com pré-escolares.
20 pré-escolares, de 4 a 6 anos de uma escola municipal da cidade de Santa Maria, RS.
Setembro de 2011.
Realizou-se a aplicação de questionário para verificação das escolhas alimentares dos alunos e familiares, após o diagnóstico, foi realizado o planejamento das ações sobre alimentação no ambiente escolar, enfocando a promoção de hábitos saudáveis das crianças. Foram realizadas atividades lúdicas, pois se notou um maior entendimento dos pré-escolares nas dinâmicas, dramatizações, brincadeiras e degustação realizadas.
Os dados obtidos demonstram que, por mais que o período de intervenção fosse curto, houve sensibilização e conhecimento sobre hábitos alimentares dos pré-escolares. Os autores consideram satisfatório ver as crianças discutindo sobre as atividades, relembrando-as, como aquela feita para o incentivo à alimentação saudável.
Feferbaum et al 2012 Avaliar um programa de EAN dirigido a alunos, que frequentam escola pública, com o intuito de promover práticas alimentares saudáveis e analisar e comparar as alterações do estado nutricional.
416 crianças e adolescentes, na faixa etária de 7 a 14 anos, de ambos os sexos, que frequentam duas escolas públicas de educação complementar ao ensino regular.
10 meses consecutivos (O estudo não diz quais são os meses)
Consistiram na promoção de hábitos alimentares saudáveis por meio de reuniões, palestras, oficinas culinárias, aulas práticas e atividades lúdicas, de acordo com a faixa etária considerada. Também foi utilizado como modelo o Programa Alimenta-se Bem do Sesi-SP. As preparações culinárias seguiram os parâmetros nutricionais contemplados no referido programa. O estado nutricional foi avaliado por impedância bioelétrica e correlacionado ao IMC e ao crescimento estatural.
Observou-se que a escola 1 teve um aumento de 30% no consumo de frutas, verduras e legumes, com 95% de aceitação dos mesmos, além da diminuição do lixo orgânico em 35%. Enquanto os alunos da escola 2 aumentaram a porcentagem de massa gorda.
Lanes et al 2012 Investigar as percepções das crianças acerca dos hábitos alimentares saudáveis.
32 crianças, sendo 17 meninas e 15 meninos, na faixa etária entre 3 e 5 anos de idade.
Junho a agosto de 2010.
A intervenção consistiu em uma série de atividades onde se utilizou a recreação para abordar a temática “hábitos alimentares saudáveis”. Exemplos das atividades: quadro com nomes de alimentos salgados e doces; sacola com figuras de alimentos gordurosos; pega-pega conforme as cores dos alimentos; experimentar sabores e texturas, adivinhando o alimento, montagem do prato, entre outros.
Após a intervenção houve uma diminuição na ocorrência do consumo de “cereais, massas, tubérculos e raízes”, “açúcares e óleos” e aumento em “frutas, hortaliças, leite e derivados, carne, ovos, leguminosas”. Pode-se dizer que houve mudanças nas percepções das crianças a respeito do que seriam alimentos saudáveis.
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Cont. Tabela 2. Prado et al 2012 Avaliar o efeito de
ações de EAN no consumo de alimentos no ambiente escolar.
Escolares de 8 a 14 anos, matriculados no 5º ano do ensino fundamental de duas escolas públicas estaduais.
Fevereiro a agosto de 2010.
Foi aplicado um questionário, onde foram obtidas informações sobre alimentos preferidos oferecidos na merenda escolar. Criaram-se variáveis desfecho que significavam efeito positivo no consumo de alimentos e na frequência de consumo. As ações de EAN abordaram os temas: Pirâmide alimentar, grupos alimentares com apresentação dos principais nutrientes e alimentação saudável, em 11 encontros que ocorreram na escola com duração de 60 minutos cada um e com utilização de jogos, atividades de recorte e colagem, cartazes e vídeos.
Os alimentos mais preferidos na merenda escolar foram preparações com arroz ou macarrão com carne ou frango, seguidos dos lanches (bolo, pães, biscoitos e tortas); bebidas (leite com achocolatado, iogurte, suco de polpa de fruta e vitamina); salada de folhas e legumes; salada de frutas e doces (canjica/arroz doce). Foi observada associação entre efeito positivo da intervenção para a frequência semanal de alimentos trazidos de casa e um aumento na preferência por frutas e saladas de frutas oferecidas pela merenda escolar.
Silva et al 2013 Avaliar conceitos de alimentos e alimentação saudável de alunos do ensino fundamental em escolas da rede pública de Niterói- RJ, através de abordagens lúdico-didáticas ministradas pelos professores das turmas.
Alunos do 2º ano do ensino fundamental de duas escolas públicas municipais de Niterói-RJ, com idades entre 6 a 10 anos.
Junho a setembro de 2007
Utilizaram-se dois pôsteres: um com a pirâmide alimentar o outro com ilustrações de alimentos e sua origem, denominado “alimentos: de onde vem o que são e o que contém”. E a história ilustrada “João e o espelho mágico” contendo informações sobre como ocorre a digestão dos alimentos. Os alunos participaram de duas aplicações de jogos para avaliar o conhecimento sobre alimentos e alimentação saudável.
Os alunos obtiveram resultados estaticamente significativos mostrando um ganho de conhecimento e capacitação das crianças para a identificação de alimentos saudáveis e não saudáveis. .
Zanirati et al 2013 Inserir a promoção da saúde no ambiente escolar.
98 alunos de 6 a 12 anos.
Segundo semestre de 2009.
A intervenção consistiu em oficinas de promoção da saúde focada nos temas alimentar, desperdício de alimentos, higiene pessoal e ambiental. As oficinas desenvolvidas foram subsidiadas por materiais educativos e realizadas de forma lúdica, com teatro de fantoches, dinâmicas e jogos relacionados aos temas abordados.
Em relação ao consumo alimentar dos escolares se identificou, antes da intervenção, maior aceitabilidade de alimentos do grupo das carnes, enquanto no período posterior as oficinas o grupo das frutas foi o mais aceito. Já quanto à rejeição, verificou-se maior frequência entre o grupo dos cereais e tubérculos.
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Cont. Tabela 2. Oliveira et al 2014 Desenvolver um
trabalho de EAN com crianças matriculadas em uma Unidade Federal de Educação Infantil e suas famílias
Crianças pré-escolares na faixa de 3 a 5 anos de idade que estudavam no Núcleo de Desenvolvimento da Criança (NDC), uma unidade universitária federal de educação infantil.
Segundo semestre de 2011
Foram desenvolvidas as seguintes atividades: apresentação de cartazes falando sobre alimentação saudável; atividade com massa de biscuit; contação de estórias; atividades de colagem e uma atividade com bonecos, onde foi informado para as crianças que os bonecos se alimentavam bem, pois gostam de frutas, verduras, sucos, tudo o que é saudável. Os bonecos visitaram a casa das 62 crianças.
Na contação da estória, as crianças teciam correlação entre os personagens e alguns colegas ao seu tipo físico, e ou, o ato de comer. Apesar da presença dos bonecos por um dia na casa de cada criança, observou-se que nas refeições ainda havia muitos alimentos industrializados, também se observou a falta de verduras e legumes nas refeições. O trabalho com a pirâmide permitiu um aprendizado eficiente e prazeroso. O uso das atividades lúdicas ajudou a promover hábitos saudáveis nas crianças.
Capelari & Bezerra
2015 Aplicar métodos lúdicos-pedagógicos em EAN, com a orientação de crianças em idade pré-escolar sobre a importância da alimentação saudável e instrução dos mesmos na formação de hábitos alimentares adequadas.
40 pré-escolares, da faixa etária de 3 a 5 anos de idade, de ambos os sexos.
- O diagnóstico consistiu na observação da alimentação das crianças, durante o lanche e almoço realizados na escola. A partir desse diagnóstico, foram formuladas propostas de intervenção nutricional, como pinturas, recortes, colagem, cartazes, entre outras. As atividades foram iniciadas com a exposição da história infantil “O sanduíche da Dona Maricota”. Em outra ocasião, os pré-escolares foram estimulados e orientados a montar individualmente um sanduíche com os alimentos variados.
Observou-se que havia pouca aceitação das verduras ofertadas no almoço e das frutas fornecidas do lanche. A respeito das intervenções a população alvo assimilou favoravelmente a proposta, sendo observado que crianças na fase pré-escolar estão aptas para receber informações sobre alimentação e nutrição.
Santana et al 2015 Promover atividades que ajudem nas mudanças de comportamento relacionado à alimentação e nutrição.
20 crianças de 6 a 10 anos.
Agosto a outubro de 2014.
Para realização da intervenção os componentes didáticos utilizados foram métodos lúdicos com jogos didáticos, dinâmicas e aulas dialogadas e demonstrativas. Os temas abordados foram: macro e micronutrientes, com peça teatral intitulada de Nutriamigos e dinâmica de grupo “Indo as compras”; importância das refeições com a dinâmica “Montando o prato saudável”; sucos funcionais e degustação de sucos; jogo de perguntas e respostas e dinâmica de “Passa ou repassa”.
Notou-se que as informações foram passadas de forma efetiva, uma vez que os alunos não eram somente ouvintes, mas participantes ativos das atividades. Também se observaram, através das atividades, que as crianças apresentaram muitas dúvidas com relação alimentação.
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Cont. Tabela 2. Prado et al 2016 Descrever uma
experiência de EAN com escolares.
49 escolares de 8 a 14 anos matriculados no 5° ano do ensino fundamental.
O estudo foi realizado de março a junho de 2010.
Foi elaborado um projeto de intervenção de EAN efetivadas em 11 encontros na escola, com duração de 60 minutos cada. Os temas abordados foram: pirâmide alimentar, grupos alimentares com apresentação dos principais nutrientes e alimentação saudável. Cada encontro contava com aulas expositivas e dialogadas de aproximadamente 20 minutos. Foram utilizados pôsteres, vídeos, jogos e atividades de recorte e colagem, como material de apoio.
Foi observado o aumento no consumo semanal de alimentos trazidos de casa para o ambiente escolar, aumento da preferência por frutas e salada de frutas oferecidas na merenda escolar e redução na aquisição de balas, pirulitos e chicletes na cantina escolar.
Fonte: LIMA, P. A. L., 2016.
Nota: Elaborada pela autora com os dados coletados na pesquisa
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6 DISCUSSÃO
No presente estudo observou-se um baixo número de artigos publicados
tendo como prática as estratégias de EAN, particularmente se tratando de
estudo de intervenção e com descrição da metodologia utilizada ao longo do
trabalho. Resultados semelhantes foram encontrados por Pereira et al (2011) e
Ramos et al (2013), que objetivaram em seus trabalhos descrever e analisar os
trabalhos de intervenção no campo da EAN em escolares, em período anterior
a 2012.
Apesar do período escolhido, no qual temos a publicação do Marco de
Referência de Educação Alimentar e Nutricional para Políticas Públicas
(BRASIL, 2012), onde se sugere a implantação de estratégias permanentes e
participativas de EAN, a fim de fomentar o empoderamento e a autonomia das
pessoas sobre as suas escolhas para o consumo alimentar, não houve
mudanças em relação ao número reduzido de estudos publicados.
Depois de ter percorrido um longo caminho superando obstáculos,
atualmente a EAN está inserida nas políticas públicas no contexto da SAN e na
promoção da saúde. Sobre isso, Santos (2005) destaca que a EAN é
importante no contexto da promoção da saúde e de hábitos alimentares
saudáveis, e que é vista como uma estratégia fundamental para enfrentar
desafios nos campos da saúde, alimentação e nutrição. Porém, reforça que
existem poucas referências sobre o tema, tanto na literatura acadêmica como
nos documentos de referência que norteiam as políticas públicas.
Esperava-se encontrar um número maior de estudos que se
enquadrassem nesta revisão, segundo Pereira et al (2011) pode-se supor duas
justificativas para esse fato , a primeira é que atualmente os nutricionistas não
estejam envolvidos com atividades de EAN em sua prática profissional, ou
realizam as atividades, mas não avaliam seus efeitos. E a segunda explicação,
seria ao fato de não ser comum a publicação das intervenções nessa área,
visto que os mais publicados são trabalhos que têm como objetivo a realização
de diagnósticos, como avaliar o estado nutricional de crianças.
O Conselho Federal de Nutricionistas (CFN, 2005) dispõe na Resolução
nº 380/2005, as atribuições dos nutricionistas em suas áreas de atuação, e
define por meio deste documento a EAN como uma destas obrigações. E
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aplicando essa função às escolas, a partir de 2006 o Programa Nacional de
Alimentação Escolar (PNAE) passou a incluir em suas diretrizes a inserção da
EAN no processo de promoção de ações educativas e da saúde, porém devido
à alta demanda de trabalho muitas vezes o nutricionista do PNAE não
consegue realizar as atividades de EAN, faz-se necessário uma maior
fiscalização para que seja possível o nutricionista cumprir as propostas
estabelecidas (BRASIL, 2006).
Apesar das intervenções não estarem adequadamente descritas nos
estudos (BELLINASO et al, 2012; LANES et al, 2012; PRADO et al, 2012;
PRADO et al, 2016; SANTANA et al, 2012; ZANIRATI et al, 2012;), Boog
(1997) diz que se sabe da existência de um obstáculo referente à base teórica
no desenvolvimento de qualquer esfera do conhecimento e que a EAN não
foge a regra. A observação dos estudos escolhidos neste trabalho mostra
como o Marco de Referência de Educação Alimentar e Nutricional para
Políticas Públicas define esse tema, que é um campo de conhecimento e de
prática contínua e permanente, transdisciplinar, intersetorial e multiprofissional
que visa promover a prática autônoma e voluntária de hábitos alimentares
saudáveis (BRASIL, 2012).
Dos estudos analisados, a maior parte era de intervenção, Pitanga
(2002) diz que tais estudos têm como objetivo avaliar o efeito de um tratamento
específico aplicado a um grupo ou amostra, no qual é testado seu efeito e
comparado com outras intervenções. Entretanto, os estudos são no campo da
educação, logo apresentam limitações em suas metodologias como o curto
tempo entre as intervenções e as avaliações, e o uso de questionários como
principal forma de avaliação.
Em relação aos métodos de avaliação das intervenções, verificou-se que
houve um maior número de artigos que usaram o consumo alimentar e a
avaliação do conhecimento sobre alimentação saudável e nutrição para o
processo avaliativo. Toral, et al (2007) relatam que esse ponto de vista baseia-
se de que a compreensão do saber estabelecido leva à aquisição de novos
comportamentos e práticas.
Quanto a isso, Bizzo e Leder (2005) apontam que a eficiência da EAN
ao escolar não poderia estar marcada como apuração de conhecimentos, e sim
progredindo pela inserção da avaliação de práticas e indicadores efetivos de
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saúde no desenrolar do processo educativo e convergindo para planejamentos
de aperfeiçoamento sinergizada por complementaridade entre variáveis
quantitativas e qualitativas. Em que pese à necessidade de aprofundamento
sobre o que seja eficácia nas práticas de EAN, defende-se aqui a necessidade
de uma avaliação crítica do processo educativo, e não somente dos resultados
objetivos, considerando as suas dificuldades.
Ao analisar a intervenção por meio do consumo alimentar, percebe-se
uma restrição de resultados encontrados, porque se pode ocasionar uma
confusão de conhecimentos pré e pós-intervenção. Em seu estudo Vargas et al
(2011) salientam que há uma possibilidade de os estudantes não terem
alterado suas práticas, porém ter relatado práticas mais adequadas por terem a
consciência da avaliação depois da intervenção. Onde podem ter dado
respostas mais condizentes com o que aprenderam com as atividades
desenvolvidas no programa, e não propriamente com suas práticas. O que
confirma a ideia de que outros métodos para avaliação de todo processo
educacional devem ser desenvolvidos.
A antropometria também foi outro método empregado por um dos
estudos (FEFERBAUM et al, 2012), já que se entende que o conhecimento em
nutrição provoque melhores escolhas alimentares, refletindo no estado
nutricional. Singhal et al (2010) concluíram que o índice de massa corporal não
reduz significativamente mesmo com as intervenções de EAN. O que se
explica pelo fato de que as mudanças corporais não ocorrem em curto tempo,
demonstrando que esse método não é apropriado para avaliação de
intervenções desenvolvidas em pequeno prazo.
Dessa maneira, alguns dos estudos considerados retrataram como
objetivo avaliar os resultados das intervenções desenvolvidas (FEFERBAUM et
al, 2012; PRADO et al, 2012; SILVA et al, 2013). Segundo Magalhães et al
(2012) os objetivos constituem a norma da ação didática e devem descrever o
que se deseja realizar ou alcançar. A evolução das etapas subsequentes
condiciona-se aos comportamentos esperados dos educandos após o processo
de ensino-aprendizagem. Os objetivos possíveis de serem realizados devem
estar de acordo com os interesses do público, com as características sociais,
econômicas e culturais da população e com os recursos disponíveis, além de
apresentarem embasamento científico.
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Consegue-se observar em alguns estudos, como de Feferbaum et al
(2012), Santana et al (2015) e Zanirati et al (2013), que trabalharam com
métodos que Freire (1987) classificava como pedagogia da transmissão ou
transferência de conhecimentos, em que parte do principio de que as ideias e
conhecimentos são os pontos mais importantes da educação, é importante
destacar a necessidade de práticas de EAN baseadas no Marco de Referência
de Educação Alimentar e Nutricional para Políticas Públicas, onde favorece o
diálogo para obter melhores resultados.
Os estudos aqui analisados se preocuparam em traçar planos para que
os escolares construíssem uma visão crítica sobre alimentação saudável e
hábitos alimentares saudáveis, como os estudos de Santana et al (2015) e
Zanirati et al (2013). A importância do processo de EAN é apontada por
Camossa et al (2005) como um método que desperta no indivíduo o interesse
pela alteração de seus hábitos alimentares, levando em consideração suas
crenças, sua cultura e seus costumes.
No que concerne às estratégias que predominaram nas metodologias
dos estudos notou-se o uso de métodos mais tradicionais como palestras,
discussões e apresentações, porém observou-se também a associação com
atividades lúdicas, os quais se caracterizam como exemplo do estilo vertical e
horizontal da pedagogia de Paulo Freire (1987). Dallabona e Mendes (2004)
dizem que as atividades lúdicas são recursos metodológicos e se destacam
como uma das maneiras mais eficazes de envolver os alunos nas atividades,
pois a brincadeira é algo próprio da criança, formando seu jeito de trabalhar,
refletir e discutir o mundo que o cerca. Sendo assim, faz-se necessário
abordagens de EAN mais dinâmicas ao invés de métodos tradicionais.
Os resultados obtidos nos estudos desta revisão, recorrentes à
intervenção com crianças no espaço escolar por meio de ações que inseriram
atividades de EAN, também são confirmados por outros estudos, como por
exemplo, Botelho et al (2010), Fernandes et al (2009), Ganglianone et al (2006)
e Zancul e Valeta (2009), revelando a eficácia das ações neste âmbito. De toda
forma, precisa-se entender a educação como um processo de transformações
de comportamento que nem sempre se consolidam num curto espaço de
tempo, ou seja, os resultados destas ações e programas também precisam ser
avaliados num prazo mais longo.
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7 CONCLUSÕES
Diante dos dados revisados, pode-se destacar a importância da EAN
para a promoção de hábitos alimentares saudáveis. Evidencia-se, a potência
destes estudos para embasar futuras intervenções no campo da alimentação e
nutrição escolar e incentivar novas pesquisas neste âmbito. Porém foi
constatado que existem poucos estudos publicados com atividades de EAN
com crianças no espaço escolar, e reconhece-se a necessidade de novos
trabalhos que atuem neste âmbito e de maior participação dos profissionais
envolvidos na promoção dos hábitos saudáveis de vida para a redução da
obesidade e doenças a ela associadas. Também se notou que as ações de
EAN no ambiente escolar são eficazes, principalmente quando as estratégias
são planejadas de uma forma mais dinâmica.
No que se refere ao Marco de Referência de Educação Alimentar e
Nutricional para as Políticas Públicas, nota-se que foi um divisor de águas para
os profissionais que trabalham com alimentação e nutrição e contribui para
alcançar o objetivo que é garantir a sociedade brasileira o direito a uma
alimentação adequada e saudável.
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