Universidade Federal de Pernambuco · 2019. 10. 25. · O design de superfície ou surface design...
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Universidade Federal de Pernambuco
Centro Acadêmico do Agreste
Núcleo de Design
PATRICIA REGIS
VALORIZAÇÃO DA CULTURA POPULAR PERNAMBUCANA ATRAVÉS
DO DESIGN DE SUPERFÍCIE: COLEÇÃO DE ESTAMPAS INSPIRADAS NAS
OBRAS DE SAMICO
Caruaru
2013
PATRICIA REGIS
VALORIZAÇÃO DA CULTURA POPULAR PERNAMBUCANA ATRAVÉS
DO DESIGN DE SUPERFÍCIE: COLEÇÃO DE ESTAMPAS INSPIRADAS NAS
OBRAS DE SAMICO
Trabalho de conclusão de curso apresentada a
Universidade Federal de Pernambuco como pré-
requisito para obtenção do título de bacharel em
Design, sob orientação da Professora Juliana
Emerenciano.
Caruaru
2013
Catalogação na fonte
Bibliotecária Simone Xavier CRB4 - 1242
R337v Regis, Patrícia Gonçalves de Araujo.
Valorização da cultura popular pernambucana através do design de superfície: coleção de estampas inspiradas nas obras de Samico / Patrícia Gonçalves de Araújo Regis. - Caruaru: O Autor, 2013.
63f.; il.; 30 cm. Orientadora: Juliana Emerenciano Monografia (Trabalho de Conclusão de Curso) – Universidade Federal de
Pernambuco, CAA. Design, 2013. Inclui referências bibliográficas 1. Cultura popular. 2. Design. 3. Samico, Gilvan – Desenhos. I. Emerenciano,
Juliana. (Orientadora). II. Título.
740 CDD (23. ed.) UFPE (CAA 2013-115)
AGRADECIMENTOS
Gostaria de agradecer aos meus familiares, pelo suporte e incentivo durante toda trajetória
acadêmica.
A Frank, pela paciência e por entender minha ausência em alguns momentos, e também pelo
incentivo.
A Jay, por ter aceitado me orientar e ter contribuído na minha pesquisa.
A Andrea Camargo, por ter me mostrado a beleza do design de superfície.
A Yalla e Tamie, pelas dicas e ajuda nos momentos de tensão e nervosismo durante a
pesquisa.
A Segundo pelas caronas.
Todos os amigos que fiz durante curso, que contribuíram, do seu modo, para minha pesquisa e
formação.
RESUMO
O presente trabalho é resultado de uma pesquisa bibliográfica sobre design, de superfície e
cultura popular. Nessas passagens são abordados pontos de intersecção entre as áreas em
questão, para chegar ao seguinte ponto: a valorização da cultura popular pernambucana
através do design de superfície. A partir de então, desenvolve-se um esclarecimento sobre o
que é cultura popular pernambucana e quais são seus elementos característicos. Como
resultado da pesquisa e todas as teorias fundamentadas até então, é apresentado um catálogo,
com estampas desenvolvidas a partir de elementos extraídos da cultura popular
pernambucana, construído com o intuito de valorização da cultura popular. Eis então a lógica
principal desse estudo: como o design e a cultura interagem, proporcionando a criação de um
artefato.
Palavras-chave: design de superfície, cultura popular, Samico.
ABSTRACT
This work is the result of a bibliographic research on surface design and popular culture. In
these passages are discussed intersection points between the areas in question, to get to the
next point: the appreciation of popular culture of Pernambuco through surface design.
From then, develops an explanation on what is popular culture of Pernambuco and what are
its characteristic features. As a result of this research and all theories reasoned until then, a
catalog with patterns developed from elements drawn from popular culture of Pernambuco
will be presented, built with the intention of appreciation of popular culture. Here then is the
main logic of this study: how design and culture interact, providing the creation of an
artifact.
Keywords: surface design, popular culture, Samico.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1. Exemplos de papel de parede (a), papelaria de escritório (b) e embalagem (c) (PINTEREST,
2013). .....................................................................................................................................................14
Figura 2. Estamparia artesanal | Goya Lopes; B) Jacuqard industrial | Eduardo du Pasquier; C)
Tecelagem | Manta desenvolvida para Fiateci; D) Jacquard em malharia industrial retilínea | Anne
Anicet. ....................................................................................................................................................15
Figura 3: A) Memorial da América Latina, SP | Athos Bulcão B) Congresso Nacional | Athos Bulcão.
................................................................................................................................................................15
Figura 4 A) Estampa Liberty B) Estampa Chita C) Estampa Floral (PINTEREST, 2013). ..................17
Figura 5. Padrões geométricos variados (PINTEREST, 2013). .............................................................17
Figura 6 A) Estampa de leopardo B) Estampa de pavão C) Estampa de zebra (PINTEREST, 2013). ..19
Figura 7: Módulo | fonte: a autora ..........................................................................................................21
Figura 8: Encaixe | fonte: a autora ..........................................................................................................22
Figura 9: Sistemas alinhados de translação, rotação e reflexão | fonte: a autora ...................................23
Figura 10: A) Smaller and Smaller, 1956 | M.C. Escher B) Flores em preto e branco | fonte:
www.zazzle.com.br ................................................................................................................................24
Tabela 1: Alguns Tipos de Rapport. .......................................................................................................25
Figura 11: Cloud modules | Ronan & Erwan Bouroullec .......................................................................26
Figura 12: Estampa casulos | Wagner Campelo .....................................................................................27
Figura 13: Impressão com xilo | fonte: prosalunos.blogspot.com.br .....................................................31
Figura 14: O Sagrado, 1997 | Samico. ....................................................................................................32
Figura 15: Registro da exposição ‘O rio tece e veste’, do designer Ronaldo Fraga (Fonte própria). ....34
Figura 16: Colagem painel do usuário (fonte própria). ..........................................................................36
Figura 17: Tendências Verão 2014 (fonte própria). ...............................................................................38
Figura 19: A) A pesca, 2007 B) A chave de ouro do reino vai-não-volta, 1969 | Samico .....................47
Figura 20: A) Criação das sereias, 2002 B) Criação - peixes e pássaros, 1992 C) A fonte, 1990 D) O
sagrado, 1997 E) A pesca, 2007 | Samico ..............................................................................................48
Figura 21: A) Criação - peixes e pássaros, 1992 B) O senhor do dia, 1986 | Samico ............................48
Figura 22: O rapto do sol, 1984 | Samico ...............................................................................................49
SUMÁRIO
Introdução ..................................................................................................................................10
Capítulo 1. Design de Superfície ...............................................................................................13
1.1 Áreas de atuação e aplicações ................................................................................. 13
1.1.1 Papelaria .............................................................................................................. 14
1.1.2 Têxtil .................................................................................................................... 14
1.1.3 Cerâmicas ............................................................................................................ 15
1.1.4 Outros materiais ................................................................................................... 16
1.2 Estamparia .............................................................................................................. 16
1.2.1 Tipos de estampas ................................................................................................ 16
1.2.2 Métodos de estamparia e processos de impressão ............................................... 19
1.3 Fundamentos do design de superfície ..................................................................... 20
1.3.1 Módulo ................................................................................................................. 21
1.3.2 Encaixe ................................................................................................................ 21
1.3.3 Repetição ............................................................................................................. 22
1.3.4 Padrões ................................................................................................................. 24
1.4 Criação .................................................................................................................... 26
Capítulo 2: Cultura e Sociedade ................................................................................................28
2.1 Identidade Cultural ................................................................................................. 29
2.2 Cultura popular ....................................................................................................... 30
2.3 Xilogravura ............................................................................................................. 31
2.3.1 Samico ................................................................................................................. 31
2.4 Hibridismo cultural ................................................................................................. 32
2.5 Moda e Cultura Popular: possibilidades de hibridismo cultural ............................. 33
2.5.1 Um encontro da cultura popular com a moda ...................................................... 34
Capítulo 3: Desenvolvimento do projeto ...................................................................................35
3.1 Definição do público-alvo ...................................................................................... 35
3.2 Pesquisa de tendências ............................................................................................ 37
3.3 Análise Visual das obras de Samico ....................................................................... 39
3.4 Análise Morfológica ............................................................................................... 47
3.5 Desenvolvendo a coleção de estampas ................................................................... 49
3.5.1 Definição do tema ................................................................................................ 49
3.5.2 Desenhando a superfície ...................................................................................... 49
Considerações finais ..................................................................................................................61
Referências ................................................................................................................................62
Introdução
A presente pesquisa trata das relações entre o design de superfície e a cultura popular,
com a finalidade de favorecer e valorizar a cultura em questão no atual contexto de mundo
globalizado onde a produção de um artefato híbrido é comum e inevitável devido à velocidade
da transmissão de informações.
Como afirmam Belinazo e Jacomeli (2006, p.2), a “cultura é marcada pela diversidade em
todos os sentidos, mas não se homogeneíza, e sim determina uma tendência crescente de
hibridação das sociedades”.
Para entender esse processo sociocultural, foi escolhida a cultura popular como foco de
pesquisa para o desenvolvimento de um catálogo de estampas. A abordagem será feita a partir
das relações entre design de superfície e cultura popular pernambucana, em seguida serão
feitas algumas considerações sobre Samico, para chegar até parte projetual da pesquisa: o
desenvolvimento de estampas para a coleção de biquínis (verão 2014) da empresa de moda
praia e moda fitness Camboriú. Então, esta pesquisa se apresenta de suma importante para o
entendimento de que relações de culturas diferentes estão ficando cada vez mais estreitas e,
como o designer deve criar produtos que satisfaçam às necessidades de seus usuários, deve
saber unir harmonicamente as diversas referências que constituem uma cultura.
Grande Área
Design de Superfície (Design Gráfico e Design de Moda).
Tópico Amplo
Valorizar a cultura popular pernambucana com a criação de estampas.
Tópico Específico
Representação e valorização da cultura popular pernambucana através de elementos
escolhidos para criar estampas.
Problema
A pouca valorização da cultura popular pernambucana em um mercado totalmente
globalizado é um problema que nos instiga a investir no design, como ferramenta de distinção
e fortalecimento de identidade. A minha pesquisa contribui para valorização dessa cultura
tendo como impulsionador, o design de superfície. Trata-se de uma pesquisa aplicada, tendo
em vista que será projetual e não apenas conceitual, constituindo-se em representações
gráficas que difundirão nossa cultura.
Objetivo Geral
Desenvolver estampas para a coleção de biquínis (verão 2014) da marca de moda praia e
moda fitness Camboriú e fazer um catálogo com estampas, tendo como inspiração a cultura
popular pernambucana e forma de agregar valor cultural local à marca pernambucana do
Agreste.
Objeto de estudo
A cultura popular pernambucana e as obras de Samico.
Objetivos específicos
● Utilizar a cultura popular pernambucana como inspiração para a criação de estampas;
● Agregar referências da cultura popular como valor simbólico a produtos de moda,
contextualizando os produtos de uma marca pernambucana em seu repertório cultural,
utilizando uma linguagem globalizada;
● Promover uma aproximação de referências da cultura popular com o design de superfície e
de moda.
Justificativa
A escolha do tema se deu inicialmente por causa de dois fatores. Primeiro a pouca exploração
da área design de superfície atualmente. Segundo porque existe uma certa desvalorização da
cultura popular pernambucana pelos nativos. Hoje em dia, existe tanto produto importado que
ofusca a beleza dos produtos pernambucanos/brasileiros. A proposta aqui oferecida será a
criação de estampas que, com elementos da cultura em questão, valorize e mostre como ela é
rica em detalhes e pode sim, ser produto para competir com os demais disponíveis no
mercado. As estampas, depois de criadas, podem despertar no consumidor um desejo de obter
um produto com a superfície proposta porque a cultura em que ele está inserido foi desperta
em seu imaginário. O tema escolhido foi para realização própria, visto que, eu como autora,
gostaria de me especializar no tema futuramente. A cultura popular pernambucana como
referência para criação das estampas se deu por causa de que há elementos ricos nessa cultura
que são esquecidos, desconhecidos, desprezados ou ignorados pelos próprios pernambucanos.
No que diz respeito aos métodos e procedimentos, a pesquisa se caracteriza como
monográfica, pois tem propósito de estudar sobre o tema e, baseando-se nessas investigações,
fundamentar a pesquisa e o desenvolvimento do catálogo. E sua divisão será da seguinte
maneira: Parte 1 – Referencial teórico: Foi feita uma pesquisa bibliográfica sobre design de
superfície, cultura e moda com intuito de fundamentar essa pesquisa; Parte 2 – Projeto: A
metodologia utilizada para criação de estampas foi a descrita por Renata Rubim (2010), que é
a técnica de rapport.
Capítulo 1. Design de Superfície
Para entender design de superfície se faz necessário compreender alguns conceitos, para
que as relações possam ser evidenciadas e sejam representadas da melhor forma. Design
gráfico, segundo a Associação Brasileira dos Designers Gráficos (ADG), é “um processo
técnico e criativo que utiliza imagens e textos para comunicar mensagens, ideias e conceitos,
com objetivos comerciais ou de fundo social”. A origem etimológica da palavra superfície
deriva do latim (super, superior + facies, face). Segundo o dicionário Aurélio (2010, p. 719),
superfície é “a parte externa dos corpos. Aparência, aspecto exterior, características
diretamente observáveis (de algo ou alguém, de uma situação).”
Rüthschilling (2008, p.24) afirma que superfícies são elementos delimitadores das formas,
dessa forma estão por toda parte. A Surface Design Association (SDA) afirma que o “design
de superfície abrange coloração, padronagem e estruturas de fibras e tecidos. Isso envolve
exploração criativa de processos como tingimento, pintura, estamparia, bordado,
embelezamento, quilting, tecelagem, tricô, feltro e confecção de papéis”.
O design de superfície ou surface design é praticamente desconhecido no Brasil. O termo
é recente, chegou ao país na década de 1980, trazido pela designer Renata Rubim ao retornar
dos Estados Unidos – onde essa designação é bastante utilizada para definir o projeto
elaborado por um designer (RUBIM, 2010, p. 21).
1.1 Áreas de atuação e aplicações
Embora a origem do termo design de superfície se restringisse apenas ao campo têxtil, no
Brasil é utilizado de uma maneira mais ampla. As aplicações do design de superfície são
inúmeras, sendo as mais comuns as seguintes:
1.1.1 Papelaria
Na papelaria, o designer atua desenvolvendo estampas para papéis de embrulho,
embalagens (figura 1 C), produtos descartáveis, materiais de escritório (figura 1 B), cadernos,
papéis de parede (figura 1 A) etc. (RÜTHSCHILLING, 2008, p. 31)
Figura 1. Exemplos de papel de parede (a), papelaria de escritório (b) e embalagem (c) (PINTEREST, 2013).
1.1.2 Têxtil
A área têxtil abrange todos os tipos de tecidos e não tecidos, sendo a maior área de
aplicação do design de superfície e com a maior diversidade de técnicas.
(RÜTHSCHILLING, 2008, p. 31). Segundo Chataignier (2006, p. 28), os tecidos são
formados pela união de fibras ou fios, natural ou química, a fim de obter uma estrutura
tridimensional. A autora classifica os tecidos de acordo com sua composição e tratamento.
Planos ou comuns: São formados pelo entrelaçamento de dois conjuntos de fios,
urdume e trama, formando um ângulo de 90º. Nesse seguimento existem os tecidos
lisos (podendo ele ser simples, composto, felpudo ou leno), tecidos maquinetados,
tecidos em jacquard e tecidos estampados.
Malha: Provém de um ou mais fios, formados por laços que se interceptam e se
apoiam. Podem ser de três tipos: malha de trama, malha de teia ou de urdume, e malha
mista.
Laçada: Seu processo se assemelha à malha e ao tecido comum no entrelaçamento. A
diferença é que seus fios, em certas situações, realizam laçadas completas, como nas
rendas.
Não-tecidos: Não sofrem o processo de entrelaçamento dos fios (tessitura). São
formados pela união de camadas de fibras, que se unem através de processos físicos
e/ou químicos.
Especiais: São obtidos através de uma estrutura mista e complexa de tecido comum,
somado a malha e ao não-tecido.
Figura 2. Estamparia artesanal | Goya Lopes; B) Jacuqard industrial | Eduardo du Pasquier; C) Tecelagem |
Manta desenvolvida para Fiateci; D) Jacquard em malharia industrial retilínea | Anne Anicet.
1.1.3 Cerâmicas
Com a classificação da Associação Brasileira de Cerâmica, o design de superfície atua em
cerâmicas de cor vermelha (tijolos, telhas), materiais de revestimento (azulejo, ladrilho) e
cerâmica branca (louças sanitárias, de mesa). E esses produtos podem receber, como processo
de acabamento, esmaltação, serigrafia, pincel, entre outros. (RÜTHSCHILLING, 2008, p. 39)
Figura 3: A) Memorial da América Latina, SP | Athos Bulcão B) Congresso Nacional | Athos Bulcão.
1.1.4 Outros materiais
Outros materiais que podem receber ótimos projetos de superfície e que não foram
suficientemente exploradas são: vidros (embalagens, vitrais, mosaicos, vitrines), madeiras
(caixas, placas), metais (latas, recipientes, placas), entre outros. Outra possibilidade de
aplicação apontada por Rüthschilling (2008, p. 50) é no desenvolvimento de jogos e
animações: “Neste campo onde não há limite para imaginação, a atividade de criação de
texturas assume a mesma importância”. E cada uma dessas áreas possui subdivisões
representam um campo muito importante para a aplicação do design de superfície.
O designer pode optar por transitar entre os campos e os suportes, também pode optar por
uma especialização em uma determinada área. O importante é que a relação entre a superfície
e o tratamento realizado seja boa, pois o desconhecimento do material pode trazer falhas ou
um resultado indesejado para o projeto.
1.2 Estamparia
Antes de surgirem os tecidos, os homens já se pintavam com minerais. Além de realçar a
beleza natural, tal pintura servia para diferenciar as classe sociais. Da pintura corporal passou
para o couro e, logo depois, para o tecido (PEZZOLO, 2007, p. 183). Segundo Chataignier
(2006, p. 82), a origem da palavra é inglesa, printwork, que significa trabalho pintado.
Segundo Pezzolo (2007, p. 184), a criação de estampas se deu pela necessidade do homem de
colorir e decorar o meio em que vivia.
1.2.1 Tipos de estampas
Pezzolo (2007, p. 199) define os tecidos de acordo com o universo de cores, podendo ser
lisos e fantasia. Os lisos seriam de apenas uma cor, já os tipos fantasia seriam os estampados,
com motivos variados. Chataignier (2006, p. 86) diz que existem seis famílias de motivos
estampados:
Florais: Segundo Edwards (2012, p.58), imagem de flores formam alguns dos padrões
mais universais que existem. Pezzolo (2007, p. 201) afirma que a natureza vem sendo
reproduzida há muitos séculos, tanto com fidelidade quanto de forma estilizada. A autora
ainda continua, afirmando que o floral foi o motivo mais popular até o fim do século
XVIII e, mais tarde, nos últimos anos do século XIX, voltou por causa do Art Nouveau,
movimento artístico onde o design rebuscado e elegante é bastante evidente.
Figura 4 A) Estampa Liberty B) Estampa Chita C) Estampa Floral (PINTEREST, 2013).
Geométricos: Pezzolo (2007, p. 202) diz que o motivo geométrico disputava a
preferência do consumidor europeu com os florais, nos séculos XVII e XVIII, e foram
bastante valorizados no início do século XX, por causa do Art Déco, movimento
sucesso do Art Noueau. Edwards (2012, p. 126) afirma que qualquer forma geométrica
tanto pode ser manipulada, gerando uma composição de repetição de si mesma, quanto
utilizada em conjunto com outras formas, para formar composições diferentes.
Figura 5. Padrões geométricos variados (PINTEREST, 2013).
Históricos ou comemorativos: Chataignier (2006, p. 87) define essa família com motivos
que representam diversas épocas, datas cívicas ou religiosas, comemorações diversas.
Étnicos: Esse motivo é definido por Chataignier (2006, p. 89) como aparições, de maneira
direta ou indireta, de figuras humanas de raças variadas ou elementos que possam identificar
raças/culturas de origens.
Artísticos: Esses motivos são baseados nas escolas e tendências de arte, referentes a uma
determinada época e com comportamento, estética e estilos específicos (CHATAIGNIER,
2006, p 90) são estes:
Classicismo: Se inspira nas ruínas da Antiguidade, como pirâmides, templos colunas, etc.
Gótico: Tem referência na Idade Média, onde as estampas possuem castelos, igrejas, torres,
elmos, joias de ferro ou de prata, animais fantásticos, como grifos ou dragões.
Barroco: O poder espiritual e temporal são vistos com formas rebuscadas, imagens de santos
da Igreja Católica, joias e colorações douradas se fazem presentes.
Art-nouveau: Os elementos presentes são flores e nenúfares, mulheres como deusas antigas
ou cocotes de cabaré, formas sinuosas, simétricas e redondas.
Art-déco: Movimento que está localizado no período entre guerras, que combina futurismo e
cubismo.
Modernismo: Utiliza a reprodução do surrealismo.
Op-art: O grafismo artístico que confunde a vista surge no final dos anos 50 e explodem nos
anos 60.
Psicodelismo: Formas e cores que denunciam contorções cerebrais e deformações psíquicas,
uso de drogas, marcando os anos 60 e 70.
Pop-art: A arte que tem a ver com o design, objetos do cotidiano e até seu maior autor, Andy
Wharol.
Kitsch: o popular que virou cult e entrou em galerias de arte, ursinhos, pinguins, fauna de
plástico e camelôs.
Trash: O lixo que pode ser luxo, o fragmento que vira estampa como uma guimba de cigarro,
remédios, jornal rasgado, objetos punks, etc.
Pezzolo (2007, p. 202) ainda afirma a existência da estampa animal, como plumagens das
aves, manchas felinas, zebras, etc., cujo uso teria sido impulsionado pelo movimento
ecológico e a preservação das espécies. Mesmo com os altos e baixos, continuam inspirando
os criadores ao longo da história.
Figura 6 A) Estampa de leopardo B) Estampa de pavão C) Estampa de zebra (PINTEREST, 2013).
1.2.2 Métodos de estamparia e processos de impressão
Chataignier (2009, p.82) conceitua estamparia como sendo a impressão de desenhos
coloridos, brancos ou monocromáticos, sobre tecidos. O designer deve se preocupar com a
criação de desenhos adequados aos processos de estampagem. São muitos métodos para a
aplicação da estampa no tecido, Sorger (2009, p.79) destaca os seguintes:
Impressão xilográfica: Essa é uma das primeiras formas de impressão. Um desenho é
talhado na madeira, compondo uma imagem negativa. Essa madeira é revestida de tinta e
aplicado no tecido, com pressão, para formar a estampa.
Impressão serigráfica: Nesse processo, utiliza-se um desenho, tinta, rodo e uma tela. Onde o
desenho é revelado nessa tela. A tela é colocada sobre o tecido, a tinta e puxada pela tela com
o rodo, deixando a imagem impressa no tecido. Para composições coloridas, são utilizadas
várias telas.
Impressão cilíndrica: Essa impressão produz um desenho contínuo, ótima para desenhos
com uma imagem repetida em uma grande área.
Impressão digital: A impressão pode ser aplicada diretamente da impressora a jato de tinta
no tecido. Não dependendo de muitas telas para criar composições muito coloridas. A
impressora a laser também é utilizada, mas é um processo mais caro.
Chataignier (p. 84) também sugere alguns tipos de estamparia, alguns deles são:
Batik: O nome deriva de batikken, que significa “desenho ou tintura com cera”. Antes de
tingir, coloca-se cera na área onde a tinta não deve tingir. Após tingir, a cera é derretida com
água quente e a composição aparece.
Tie and dye: Técnica que consiste em amarrar e tingir o tecido, dando origem a resultados
diferentes e únicos.
Dévoré: Técnica que produz uma imagem por corrosão, que mistura fibras naturais e
artificiais. Essa técnica só deve ser utilizada em materiais têxteis que tenham duas fibras
distintas próximas. A pasta de devore queima tanto a fibra natural quando a artificial.
1.3 Fundamentos do design de superfície
Rubim (2010, p. 35) diz que se pode representar o design de superfície de várias formas,
se aceitarmos que qualquer superfície pode receber um projeto. É muito comum o projeto ser
para superfícies contínuas, como tecidos, papéis de presente e de parede, carpetes etc. Então,
uma das coisas mais importantes é aprender a criar e projetar um desenho, pois uma imagem
simples pode compor uma superfície interessante. E Rüthschilling (2008, p. 63) acrescenta
que não há uma fórmula, pois o design é herdeiro da arte. Porém há um padrão para ser
tomado como base. Basta ter uma noção de módulo e de repetição.
1.3.1 Módulo
O módulo é a unidade da padronagem, ou seja, o elemento mínimo que contém todos os
elementos visuais que compões o desenho. O encaixe é o estudo feito prevendo os pontos de
encontro entre os módulos, para quando houver a repetição forme uma padronagem contínua,
sem interrupções, resultando assim na superfície. Que, dependendo da organização e da
articulação, gera um padrão, de acordo com a estrutura preestabelecida de repetição ou
rapport1. Segundo Rubim (2010, p. 36), os padrões em rapport podem apresentar variações
simples até as mais complexas. Nas simples, não é necessário um conhecimento específico
para poder identificar a imagem que se repete. Um exemplo disso é o azulejo. Para as
composições mais complexas é necessário que o designer se submeta a exercícios para
desenvolver a habilidade de criação e compreensão das imagens que se repetem.
Figura 7: Módulo | fonte: a autora
1.3.2 Encaixe
Rüthschilling (2008, p. 64) aponta que “é o estudo feito prevendo os pontos de encontro
das formas entre um módulo e outro”. A recomendação de representação gráfica é de nove
módulos, pois evidencia um módulo central e a relação visual com os vizinhos ao seu redor.
Os pontos de encontro indicam como será o efeito criado no desenho. Essa noção de encaixe é
regida por dois princípios:
1 Palavra de origem francesa que significa “encaixe"
Continuidade: É a sequência ordenada e ininterrupta, onde os elementos visuais são
distribuídos sobre a superfície, garantindo o efeito de propagação.
Contiguidade: É a harmonia visual na vizinhança dos módulo. Harmonia essa que, quando
repetidos lado a lado, em cima e embaixo, os módulos formam um padrão. É possível
verificar o sucesso quando a imagem dos módulos desaparece dando lugar à percepção da
imagem contínua.
Figura 8: Encaixe | fonte: a autora
1.3.3 Repetição
Rüthschilling (2008, p. 67) diz que “é a colocação dos módulos nos dois sentidos,
comprimento e largura, de modo continuo, configurando um padrão”, também pode ser
chamada de rapport.
Sistema de repetição: existe uma grande variedade de possibilidades de encaixe dos módulos
ou diferentes sistemas de repetição. E quem escolhe esse sistema é o designer, que deve ter
habilidade, considerando as especificidades do projeto. Esse sistema pode ser dividido em
sistemas alinhados, não alinhados, progressivos e multimódulos.
Sistemas alinhados: Estruturas que mantêm o alinhamento sem deslocamento. Podendo ter
variações podendo serem identificadas como: translação, onde o módulo mantém sua direção
original e se desloca sobre um eixo; rotação, onde o deslocamento radial do módulo é ao
redor de um ponto; e reflexção, onde há o espelhamento em relação a um eixou o ambos
(figura 9).
Figura 9: Sistemas alinhados de translação, rotação e reflexão | fonte: a autora
Sistemas não-alinhados: A possibilidade de deslocamento das células é a característica desse
sistema. Essa função pode ser controlada pelo designer, onde ele determina as medidas e/ou
porcentagens que vão determinar o deslocamento do módulo. Sendo o mais comum o
deslocamento de 50%, onde se tem o efeito “tijolinho”, em analogia a colocação de tijolos
numa construção. Além dessas mudanças, os sistemas não-alinhados oferecem as mesma
possibilidades dos sistemas alinhados (translação, rotação e reflexão), tornando, assim, a
criação mais complexa.
Sistemas progressivos: São os que possuem mudança gradual no tamanho das células
(dilatação ou contração), onde devem obedecer lógicas de expansão previamente
determinadas. Os trabalhos de Escher (figura 10 A) e os fractais (figura 10 B) são exemplos
desse sistema.
Figura 10: A) Smaller and Smaller, 1956 | M.C. Escher B) Flores em preto e branco | fonte: www.zazzle.com.br
Multimódulo: Um sistema de módulos origina outros sistemas, formando diferentes
desenhos e aumentando as possibilidades combinatórias.
1.3.4 Padrões
Para Rinaldi (2009, p. 75), a combinação de uma ou mais operações de simetria leva a
operações mais complexas, podendo estabelecer um sistema de repetição (rapport). Tais
sistemas funcionam como ferramenta de auxílio na geração de padrões gráfico. Porém, podem
existir outras combinações a ser realizada pelo designer. Tais combinações podem gerar
padrões interessantes e atraentes visualmente.
Sistema Definição Resultado
Full Drop
É um sistema alinhado de repetição
baseado na translação. Constitui-se
no sistema de repetição mais
simples. Suas linhas e colunas
encontram-se alinhadas.
Half Drop
É um sistema não alinhado de
repetição baseado também na
translação. Suas colunas
encontram-se deslocadas uma em
relação à outra pela metade da
medida do módulo.
Brick
É um sistema não alinhado de
repetição baseado na translação.
Suas linhas encontram-se
deslocadas uma em relação à outra
pela metade da medida do módulo.
Stripe
É um sistema alinhado de repetição
onde predomina linhas verticais,
horizontais ou diagonais. Equivale
a inversão.
Mirror Vertical
É um sistema de repetição que pode
ser alinhado, baseado na simetria
da reflexão. Equivale à reflexão em
um único eixo.
Mirror Horizontal
É um sistema de repetição alinhado
baseado na simetria de reflexão.
Equivale à reflexão com transação
em um único eixo.
Turn Over
É um sistema de repetição alinhado
baseado na simetria de reflexão em
dois eixos até o preenchimento
total da superfície. Equivale à
reflexão em dois eixos,
Tabela 1: Alguns Tipos de Rapport.2
2 Tabela adaptada de Rinaldi (2009, p. 82-83)
1.4 Criação
A criação é o ponto de partida do processo, o essencial, a origem. Para fazer design de
superfície é necessário que exista um pensamento de projeto, pois o rapport não é o único
meio de criação de uma superfície. O design de superfície pode ser visto como uma máscara a
fim de tornar o produto “bonitinho, porém ordinário” (RUBIM, 2010, p. 41). Porém, ao
desenvolver o projeto, o designer deve considerar os diferentes materiais e processos de
fabricação, não desprezando as características dos usuários, do contexto socioeconômico e
cultural, limitações econômicas e tecnológicas das unidades onde serão desenvolvidos os
projetos.
O design de superfície não se limita apenas à inserção de desenhos, cores e
texturas sobre um substrato, cuja função principal seria apenas conferir
qualidades às superfícies por meio de projetos de revestimento. Já é possível
pensar a superfície além da parte externa dos corpos e objetos, ou
relacionada à repetição e combinação de módulos em estamparia contínua. A
noção de superfície como elemento bidimensional pode ser ampliada e
passar a ser considerada uma estrutura gráfica espacial com propriedades
visuais, táteis, funcionais e simbólicas (RÜTHSCHILLING, 2008, p. 43).
Sendo assim, a superfície deixa de ser apenas uma aparência e passa a ser o próprio
objeto.
Figura 11: Cloud modules | Ronan & Erwan Bouroullec
Outro fator importante para o design de superfície é a cor. Rubim (2010, p. 39) diz que é
um dos principais fatores de sucesso num projeto, se não for o maior. Ela tem um enorme
poder, tanto de transformar um desenho simples em um trabalho fantástico, como o destruir
um ótimo trabalho. Edwards afirma:
Ainda que os padrões monocromáticos funcionem bem, a adição de cores
costuma ser de vital importância na definição dos desenhos. As cores
seguem a moda, influenciam psicologicamente, tem valor simbólico e
expressam estilo. A cor pode ser utilizada na tentativa de imitar a natureza
ou de surpreender ao fazer exatamente o oposto; ela também pode trazer
conotações políticas, religiosas ou militares. Cores e padrões se combinam
para comunicar ideias e emoções humanas; além disso, retratam diretamente
as imagens que nos cercam. Do simples tom sobre tom ao escandalosamente
psicodélico, ou às misturas vibrantes, a cor é o complemento chave na
decoração de tecidos. (EDWARDS, 2012, p. 28).
Figura 12: Estampa casulos | Wagner Campelo
Capítulo 2: Cultura e Sociedade
São fortes as ligações entre cultura e sociedade. Esses termos distintos interagem e
promovem a configuração/apresentação adequada de produtos/serviços ao público a que se
destinam. Entender tal relação harmoniosa e eficaz nunca foi tão importante como nos dias
atuais, em que as sociedades são caracterizadas pela diferença, ou seja, pela fragmentação ou
pluralização de identidades (HALL, 2006), pois, “o fato de um indivíduo participar de uma
cultura não significa necessariamente que tenha a mesma identidade”, ressalta Ono (2006, p.
18).
Segundo Laraia (2005, p. 28), o homem se diferencia dos demais seres vivos pela sua
“possibilidade de comunicação oral e a capacidade de fabricação de instrumentos, capazes de
tornar mais eficiente o seu aparato biológico”. O autor enfatiza esta ideia afirmando que pelo
aprendizado, possível através de códigos compartilhados, o homem é o único ser possuidor de
cultura. Edward Tylor3, em 1871, definiu pela primeira vez o conceito de cultura como sendo
“todo complexo que inclui conhecimentos, crenças, arte, moral, leis, costumes ou qualquer
outra capacidade ou hábitos adquiridos pelo homem como membro de uma sociedade”. Em
resumo, pode-se dizer que cultura é tudo aquilo que não é da natureza, que não é instinto.
Claude Lévi- Strauss4 considera que o surgimento da cultura se deu quando o homem
criou a primeira regra, que seria a proibição do incesto, uma prática comum entre as
sociedades humanas, pois havia problemas com a evolução da espécie. Já White5 acredita que
o surgimento se deus quando o homem foi capaz de gerar símbolos:
“todo comportamento humano se origina no uso de símbolos. Foi o símbolo
que transformou nossos ancestrais antropoides em homens e tê-los humanos.
Todas as civilizações se espalharam e perpetuaram somente pelo usos de
símbolos (...). Toda cultura depende de símbolos. (...) Sem o símbolo não
haveria cultura, e o homem seria apenas animal, não um ser humano. (...) O
comportamento humano é o comportamento simbólico.”
3 Apud Laraia (2005, p. 30) 4 Id, p. 54 5 Id, p. 55
White6 ainda acrescenta que os símbolos devem ser concretos, pois do contrário não
podem penetrar em nossa experiência, nem seu significado será percebido pelos sentidos.
Sendo assim, para perceber o significado de um símbolo se faz necessário conhecer a cultura
que o criou.
Neste contexto, de acordo com o dicionário Aurélio (p. 213), cultura significa “o
complexo dos padrões de comportamento, das crenças, das instituições, das manifestações
artísticas, intelectuais, etc., transmitidos coletivamente, e típicos de uma sociedade.”, e (p.
706) sociedade se refere a “grupo de indivíduos que vivem por vontade própria sob normas
comuns; comunidade”. De acordo com Ono (2006, p. 3):
a cultura encontra-se essencialmente vinculada ao processo de formação das
sociedade humanas, numa relação de simbiose, interdependente e dinâmica
que acompanha o desenvolvimento dos indivíduos e grupos sociais,
expressando sua linguagem, seus valores, gestos e comportamentos, enfim, a
sua identidade.
Já Laraia (2005, p. 67) compara a cultura com uma lente e diz que é através dela que o
homem vê o mundo, e homens de culturas diferentes usam lentes diversas, portanto tem
visões diferentes das coisas. Sendo assim, há a discriminação daqueles que não compartilham
da mesma visão, ou seja, daqueles que são de culturas diferentes.
2.1 Identidade Cultural
Ono (2006, p. 11) diz que a identidade pode ser compreendida como “um princípio de
coesão interiorizado por uma pessoa ou um grupo”, permitindo conhecer e ser reconhecido
pelos outros. E a identidade de um grupo consiste nas características compartilhadas, que
permitem a identificação entre as pessoas do grupo e diferenciação dos outros grupos. Em
suma, em um contexto social, a identidade cultural é fundamentada na diferença. Segundo
Stuart Hall, as identidades culturais surgem nos indivíduos a partir de uma noção de
“pertencimento” a culturas étnicas, raciais, linguísticas, religiosas e, sobretudo, nacionais.
6 Apud Laraia (2005, p. 55)
Rodrigues (2009, p. 92) diz que identidade nacional é uma ficção e, que em sã
consciência, nenhum cidadão consegue se identificar com toda a diversidade cultural de seu
país. E que, segundo Ortiz, é um discurso de segunda ordem, construído com a finalidade de
garantir o sentimento de pertencimento, de nacionalidade. “O enfoque local, regional, acabará
por se traduzir como um segmento do nacional.”.
2.2 Cultura popular
Coelho (1996, p.20) define cultura popular como uma soma de valores tradicionais de um
povo, podendo se expressar de forma artística ou em crendices e costumes gerais. Ele
acrescenta que é uma produção daqueles que a consomem, ao contrário da cultura de massa.
Já Arantes (2007, p.7) diz que “cultura popular está longe de ser um conceito bem definido
pelas ciências humanas e especialmente pela antropologia social”. Na cultura popular estão
inseridas todas as manifestações culturais produzidas pelo povo. Suas crenças, seu
comportamento e seus costumes são transmitidos de geração para geração informalmente, de
forma oral.
A cultura popular está amplamente relacionada ao fazer sem instrução, ao
senso comum. Sendo assim, na sociedade capitalista, o que é popular é
necessariamente associado ao fazer desprovido de saber (ARANTES, 1998,
p.14).
Assim, o que é feito pelo povo passa a ser visto com certo desdém pela sociedade elitista,
pois o que foi feito não passou por um estudo tampouco tem bases científicas.
O popular é visto de uma maneira negativa, pois a sua inspiração vem do cotidiano e não
dos livros. A cultura popular é imediatista, vem do povo e retrata a crítica da vida popular,
testemunha os fatos do dia a dia.
2.3 Xilogravura
O dicionário Aurélio (p. 794) define xilogravura como “gravura em relevo sobre prancha
de madeira. Estampa tirada por esse processo.”. E xilografia, também definida pelo dicionário
Aurélio, significa “arte de reproduzir imagens e textos por meio de prancha de madeira
gravada em relevo.”. A xilo era usada para impressão de rótulos de garrafas de cachaça e
outros produtos. Apesar de suas origens permanecerem um pouco desconhecidas, acredita-se
que a xilogravura popular nordestina tenha sido trazida pelos missionários portugueses, que
ensinaram ao índios. Nas décadas de 60 e 70 pesquisadores e intelectuais começaram a
publicar as gravuras feitas pelos artistas populares nordestinos. A partir daí, a xilo ganhou
status de arte. Alguns dos xilogravuristas conhecidos em Pernambuco são: J. Borges, Dila e
Samico (O NORDESTE, 2013).
Figura 13: Impressão com xilo | fonte: prosalunos.blogspot.com.br
2.3.1 Samico
O pernambucano Gilvan José Meira Lins Samico, ou apenas Samico, é considerado um
dos melhores gravadores da cultura popular pernambucana. Em suas obras podemos encontrar
um mundo todo mágico, cheio de fantasia e elementos mitológicos.
Suas imagens, minuciosamente gravadas na madeira e impressas no papel,
são registros de um mundo particular que ao mesmo tempo é íntimo e
universal, e por isso também humano (LEAL, 2012, p. 9).
Figura 14: O Sagrado, 1997 | Samico.
2.4 Hibridismo cultural
Não há fronteiras para diversidade cultural. A globalização e suas implicações
contrastantes, que oscilam desde a padronização à fragmentação, contribuindo para o declínio
das identidades nacionais e, consequentemente, ascensão de novas identidades híbridas, que
podem ser traduzidas em artefatos, também híbridos.
Canclini (2006, p. 19) conceitua hibridação como “processos socioculturais é nos quais
estruturas ou práticas discretas, que existam separadamente, se combinam para gerar novas
estruturas, objetos e práticas.”. Adjetivando as identidades atuais como híbridas, pode-se dizer
que o processo de identificação, através do qual se projeta identidades culturais, tornou-se
mais provisórios, variável e problemático (HALL, 2006), na medida em que diferentes
tradições culturais ligaram-se criativamente e produzem novas formas de cultura. Não apenas
nas artes, mas também na vida cotidiana e no desenvolvimento tecnológico. Busca a
reconversão de um patrimônio para reinseri-lo no mercado.
Esclarecendo culturalmente o significado de reconversão: “o termo é utilizado para
explicar as estratégias mediante as quais um pintor se converte em designer. (...) Também são
encontradas estratégias de reconversão econômica e simbólica em setores populares”, pois os
camponeses adaptam seus conhecimentos para trabalhar e consumir na cidade ou vinculam
seus trabalhos artesanais para usos modernos e para agradar compradores urbanos.
(CANCLINI, p. 22).
Cultura material é “a parte tangível de uma cultura, ou seja, seus objetos, construções,
artefatos, etc.” (FONTOURA, 2004, p. 41). Estudar elementos materiais das sociedades
humanas é uma maneira de conhecer melhor seus aspectos culturais, pois, seus objetos estão
carregados de significados, são reflexos de seus valores, hábitos e necessidades. Afinal,
artefatos podem ser considerados uma extensão do corpo humano, e são criados para atender
os interesses dos usuários (ONO, 2006).
Sendo assim, pode-se afirmar que um artefato híbrido é um produto da criação humana e
configura-se a partir da união de duas referências distintas que se combinam e formam um
artefato, que carrega a história de uma cultura. Enfatizando essa ideia e falando um pouco do
processo de absorção desses artefatos pela sociedade, Ono (2006, p. 17) diz que “o consumo
vai além do processo de apropriação de bens e satisfação de necessidades, trazendo em si o
caráter ativo da relação das pessoas com os objetivos, a coletividade e o mundo, enfim, do
processo cultural”.
2.5 Moda e Cultura Popular: possibilidades de hibridismo cultural
A roupa vem acompanhando o homem desde a sua evolução. Na pré-história, o homem
cobria-se com peles de animais para enfrentar as reações climáticas e para proteger seu corpo.
Avançando mais um pouco na história, as primeiras civilizações, os assírios, babilônicos e
egípcios, desenvolveram vestimentas diferentes, não se tratava mais de peles, e sim de fibras
naturais tecidas, como lã e linho.
Até esse momento, as roupas eram uma maneira de identificar um indivíduo dentro da
sociedade, existindo até leis que proibiam o uso de outro traje, isso era privilégio era da
nobreza e do governante maior. Até o final da Idade Média pode-se constatar que existia
indumentária, mas não moda.
Com a Revolução Comercial, a burguesia começou a enriquecer e ter acesso tecidos
trazidos do oriente. Em busca de ascensão social, os comerciantes começaram a comprar
títulos de nobreza e adotaram novas formas de se vestir. A partir desse fenômeno é que pode-
se falar em moda, pois as pessoas mudaram sua forma de se vestir em função de influências
sociais. A roupa, que antes era determinada apenas por recursos e tecnologias disponíveis,
agora varia de acordo com a tendência da época (TREPTOW, 2007, p. 23).
2.5.1 Um encontro da cultura popular com a moda
Chataignier (p.81) afirma que “A influência sociocultural é um fator que define com
precisão os motivos estampados nos tecidos, assim como os aspectos relacionados à etnia,
costumes e tradições.”. E Edwards (p. 9) afirma que “alguns padrões estabelecem uma
conexão imediata com o país ou com a cultura que produziram.”.
O estilista Ronaldo Fraga se destaca entre os demais estilistas brasileiros por agregar ao
seu trabalho a reafirmação cultural, valorizando e respeitando a identidade cultural. O seu
último projeto, Rio São Francisco, de 2012, teve como objetivo transportar parte da magia do
Rio São Francisco para sua exposição.
Figura 15: Registro da exposição ‘O rio tece e veste’, do designer Ronaldo Fraga (Fonte própria).
Nesse ambiente (figura 15), o estilista Ronaldo Fraga ilustra a cultura, a alma, o ofício dos
bordados feitos ao longo do rio São Francisco.
Capítulo 3: Desenvolvimento do projeto
Após o término da primeira parte, a fundamentação teórica com o embasamento teórico
desta pesquisa, dá-se início a segunda parte, a criação das estampas. Segundo Munari (2002, p
10-12), o método de projeto nada mais é do que uma série de operações necessárias com
objetivo de atingir o melhor resultado com o menor esforço. E, para o designer, o método de
projeto não é absoluto e nem definitivo, podendo ser modificado caso ele encontre outros
valores que melhorem esse processo. Montemezzo (2003, p 21) diz que “o conhecimento do
métodos, que instrumentalizem o designer, promove e facilita a interpretação e decodificação
dos fatores mutáveis que caracterizam as interações.”, isto é, para o sucesso do profissional, o
uso de métodos e técnicas de pesquisa são fatores essenciais.
Para o estilista saber o que criar não há nenhuma magia ou intuição, é tudo pesquisa e
planejamento, afirma Jones (2005, p. 51). Segundo Treptow (2007, p.77) o designer de moda
dever ter a pesquisa como uma constante na sua vida. Pesquisa é um trabalho que exige
disciplina e técnica. Porém, o designer de moda não deve ver a pesquisa como um processo
temporário, pois o acompanhamento do comportamento de mercado e das tendências de moda
devem ser constantes. Apenas a pesquisa de tema de coleção pode ser temporária, afinal,
limita-se à inspiração utilizada para uma estação.
3.1 Definição do público-alvo
Para melhor compreender o público-alvo, se faz necessário dividi-los de acordo com suas
necessidades, desejos, atitudes e predisposições diante do mercado. Há a necessidade de
identificar grupos que apresentem comportamento de compra semelhantes, para assim, então,
definir o público-alvo. Segundo Kotler (2006, p 243), as principais variantes de segmentação
para produtos de consumo são: geográfica, demográfica e psicográfica.
Com base nos produtos oferecidos na Camboriú, se fez necessária a identificação de um
público alvo para a confecção das estampas. No âmbito geográfico, as usuárias são do agreste
pernambucano, situadas nas cidades de Santa Cruz do Capibaribe, onde a empresa Camboriú
tem sede, e em Caruaru onde a empresa tem uma loja. No contexto demográfico, o público-
alvo é estruturado por indivíduos do sexo feminino, jovens entre 18 a 24 anos, com poder
aquisitivo alto, classe A. E no contexto psicográfico, as usuárias dos produtos frequentam
muito ambientes aquáticos, são pessoas que gostam e seguem tendências de moda, tendo
acesso a informações de moda em sites e blogs de moda. Elas procuram nos produtos
qualidade preço acessível. Jovens, de bem com a vida e com o corpo. São mulheres com
grande estima aos valores culturais e uma sensibilidade à referências simbólicas inerente aos
produtos que consomem. Buscam diferencial e anseiam transmitir sua personalidade e
individualidade através dos produtos que consomem.
Figura 16: Colagem painel do usuário (fonte própria).
3.2 Pesquisa de tendências
Segundo Carvalho (2013), quando o assunto é moda brasileira, o evento que mais serve de
referências é o São Paulo Fashion Week (CARVALHO, 2013). De lá saem o que
provavelmente aparecerão nas vitrines das lojas na próxima estação, que são:
Listras: Essa tendência já havia aparecido em outras temporadas de moda, afirma Carvalho,
porém vieram com toda força essa edição da SPFW Verão 2014. Apareceram de várias
maneiras, finas, grossas, desconstruídas, colorida, preto e brando, etc.
Assimetria: Carvalho diz que "golas, ombros barras e silhuetas deverão ter um toque
assimétrico, de acordo com as passarelas."
Formas retas: somadas as assimétricas, as formas e cortes retos e simétricos apareceram
bastante nos desfiles, afirma Carvalho.
Branco e preto: o looks neutros, dominaram as coleções apresentadas nessa edição
Cores fortes: apesar da grande quantidade de looks com tons neutros, os looks
monocromáticos, com cores vibrantes, também apareceram com tudo.
Mistura de estampas: Algumas grifes trouxeram a tendência de misturar estampas no
próximo verão, diversas formas e cores se misturaram, formando um mix bem interessante
Retrô: outra tendência que também apareceu em temporadas passadas, apareceu nessa edição.
As décadas de 1930 a 1980 serviram de inspiração para alguns estilistas.
Estampas floridas: se depender dos desfiles da SPFW, as flores estarão presentes nas roupas.
Temos, a seguir, imagens exemplificando as referências visuais das tendências
apresentadas:
Figura 17: Tendências Verão 2014 (fonte própria).
Escher (2013) diz que a Pantone reúne informações sobre cores que se estabelecem como
tendências. As cores vibrantes, alegres e neutras, estarão presentes no verão 2014.
Figura 18: Paleta de cores PANTONE | fonte: modaconceito.com
3.3 Análise Visual das obras de Samico
A partir das técnicas de comunicação visual apresentadas por Dondis (2007, p.139), foram
analisadas 11 das tantas obras de Samico, com a finalidade de compreender como suas obras
se estabelecem graficamente. Foram escolhidas as que possuem elementos aquáticos por se
adequarem mais a moda praia, escolhida como foco para aplicação das estampas produzida.
Além da análise visual, também foram levantados os elementos morfológicos utilizado.
A Chave do Reino de Ouro do Reino vai-não-volta, 1969 | 54,8 x 33 cm
Equilíbrio | Instabilidade Simetria | Assimetria Regularidade | Irregularidade Simplicidade | Complexidade Unidade | Fragmentação
É uma composição em que há equilíbrio,
partindo do ponto de vista que os
elementos se opõem diante do eixo vertical
central.
Há predominância de simetria axial
vertical e assimetria axial horizontal.
Apesar de a obra apresentar regularidades
em alguns elementos, a composição, como
um todo, não apresenta nenhuma ordem,
sendo assim, a irregularidade é
predominante.
A predominância da obra é de
complexidade, tendo em evidência a
grande quantidade de elementos.
É evidente a fragmentação na obra, pois a
decomposição dos elementos forma uma
unidade que, relacionada com o todo,
possui caráter individual.
Economia | Profusão Minimização | Exagero Previsibilidade | Espontaneidade Atividade | Estase Sutileza | Ousadia
A obra está carregada com elementos
bastante detalhados, evidenciando, assim,
a profusão.
Pela quantidade de detalhes presentes na
obra, fica clara a predominância do
exagero.
Apesar de saber que a obra é
milimetricamente planejada, a
predominância é de espontaneidade, pois é
quase impossível prever como seria a
composição a partir dos elementos
mínimos.
Há predominância de atividade, provocada
pela sugestão de movimento do barco e
pelas estrelas que se fundem.
A composição, como um todo, aponta para
o predomínio da ousadia.
Neutralidade | Ênfase Transparência | Opacidade Estabilidade | Variação Exatidão | Distorção Planura | Profundidade Analisando a obra com um todo, a
neutralidade predomina, pois não há um
fundo uniforme que provoque a ênfase na
composição.
O predomínio é de opacidade em toda a
composição.
Predomina a técnica de variação, pois os
elementos, apesar da diversidade, são
sobre o mesmo tema.
Com a realidade alterada e ausência de
perspectiva, fica evidente a predominância
da distorção.
Com a ausência de perspectiva, há o
predomínio de planura.
Singularidade | Justaposição Sequencialidade | Acaso Agudeza | Difusão Repetição | Episodicidade Elementos Morfológicos
Por haver comparações entre os elementos,
é notável a predominância de justaposição.
Há predomínio de sequencialidade,
especialmente quando se refere aos
padrões rítmicos.
Na composição a predominância é de
agudeza, que se evidencia pelo uso de
contorno claro e de fácil interpretação.
Há um reforço individual das partes sem
abandonar a obra como um todo,
evidenciando, assim, a episodicidade.
Cores: preto, vermelho, azul e amarelo;
Elementos humanos: homem e mulher
Animais: ave; Minerais: água; Astros:
estrelas; Outros: barco, chave.
O sonho de Mateus, 1987 | 90,5 x 50,2 cm Equilíbrio | Instabilidade Simetria | Assimetria Regularidade | Irregularidade Simplicidade | Complexidade Unidade | Fragmentação
É uma composição em que há equilíbrio,
tanto axial vertical quanto axial horizontal
Há predominância de simetria axial
vertical e assimetria axial horizontal.
Apesar de a obra apresentar regularidades
em alguns elementos, a composição, como
um todo, não apresenta nenhuma ordem,
sendo assim, a irregularidade é
predominante.
A predominância da obra é de
complexidade, tendo em evidência a
grande quantidade de elementos.
É evidente a fragmentação na obra, pois a
decomposição dos elementos forma uma
unidade que, relacionada com o todo,
possui caráter individual.
Economia | Profusão Minimização | Exagero Previsibilidade | Espontaneidade Atividade | Estase Sutileza | Ousadia
A obra está carregada com elementos
bastante detalhados, evidenciando, assim,
a profusão.
Pela quantidade de detalhes presentes na
obra, fica clara a predominância do
exagero.
Apesar de saber que a obra é
milimetricamente planejada, a
predominância é de espontaneidade, pois é
quase impossível prever como seria a
composição a partir dos elementos
mínimos.
A predominância de estase, que é
quebrada apenas pelo movimento dos
pássaros na parte superior da obra.
A composição, como um todo, aponta para
o predomínio da ousadia.
Neutralidade | Ênfase Transparência | Opacidade Estabilidade | Variação Exatidão | Distorção Planura | Profundidade Analisando a obra com um todo, a
neutralidade predomina, pois não há um
fundo uniforme que provoque a ênfase na
composição.
O predomínio é de opacidade em toda a
composição.
Predomina a técnica de variação, pois os
elementos, apesar da diversidade, são
sobre o mesmo tema.
Com a realidade alterada e ausência de
perspectiva, fica evidente a predominância
da distorção.
Com a ausência de perspectiva, há o
predomínio de planura.
Singularidade | Justaposição Sequencialidade | Acaso Agudeza | Difusão Repetição | Episodicidade Elementos Morfológicos
Por haver comparações entre os elementos,
é notável a predominância de justaposição.
Há predomínio de sequencialidade,
especialmente quando se refere aos
padrões rítmicos.
Na composição a predominância é de
agudeza, que se evidencia pelo uso de
contorno claro e de fácil interpretação.
Há um reforço individual das partes sem
abandonar a obra como um todo,
evidenciando, assim, a episodicidade.
Cores: preto, verde, azul, laranja,
vermelho; Elementos humanos: homem e
mulher Animais: peixe, serpente, ave;
Astros: sol, lua, estrela.
A fonte, 1990 | 85,5 x 53,5 cm Equilíbrio | Instabilidade Simetria | Assimetria Regularidade | Irregularidade Simplicidade | Complexidade Unidade | Fragmentação
É uma composição em que há equilíbrio,
partindo do ponto de vista que os
elementos se opõem diante do eixo vertical
central.
Há predominância de simetria axial
vertical e assimetria axial horizontal.
Apesar de a obra apresentar regularidades
em alguns elementos, a composição, como
um todo, não apresenta nenhuma ordem,
sendo assim, a irregularidade é
predominante.
A predominância da obra é de
complexidade, tendo em evidência a
grande quantidade de elementos.
É evidente a fragmentação na obra, pois a
decomposição dos elementos forma uma
unidade que, relacionada com o todo,
possui caráter individual.
Economia | Profusão Minimização | Exagero Previsibilidade | Espontaneidade Atividade | Estase Sutileza | Ousadia
A obra está carregada com elementos
bastante detalhados, evidenciando, assim,
a profusão.
Pela quantidade de detalhes presentes na
obra, fica clara a predominância do
exagero.
Apesar de saber que a obra é
milimetricamente planejada, a
predominância é de espontaneidade, pois é
quase impossível prever como seria a
composição a partir dos elementos
mínimos.
Há predominância de atividade, provocada
pela sugestão de movimento da água da
fonte e da boca do lagarto.
A composição, como um todo, aponta para
o predomínio da ousadia.
Neutralidade | Ênfase Transparência | Opacidade Estabilidade | Variação Exatidão | Distorção Planura | Profundidade Analisando a obra com um todo, a
neutralidade predomina, pois não há um
fundo uniforme que provoque a ênfase na
composição.
O predomínio é de opacidade em toda a
composição.
Predomina a técnica de variação, pois os
elementos, apesar da diversidade, são
sobre o mesmo tema.
Com a realidade alterada e ausência de
perspectiva, fica evidente a predominância
da distorção.
Com a ausência de perspectiva, há o
predomínio de planura.
Singularidade | Justaposição Sequencialidade | Acaso Agudeza | Difusão Repetição | Episodicidade Elementos Morfológicos
Por haver comparações entre os elementos,
é notável a predominância de justaposição.
Há predomínio de sequencialidade,
especialmente quando se refere aos
padrões rítmicos.
Na composição a predominância é de
agudeza, que se evidencia pelo uso de
contorno claro e de fácil interpretação.
Há um reforço individual das partes sem
abandonar a obra como um todo,
evidenciando, assim, a episodicidade.
Cores: preto, amarelo, vinho, azul;
Elementos humanos: mulher; Animais:
borboleta, lagarto; Vegetais: folhas;
Minerais: água; Elementos mitológicos:
sereia.
Criação – pássaros e peixes, 1992 | 90,5 x 50 cm Equilíbrio | Instabilidade Simetria | Assimetria Regularidade | Irregularidade Simplicidade | Complexidade Unidade | Fragmentação
É uma composição em que há equilíbrio,
partindo do ponto de vista que os
elementos se opõem diante do eixo vertical
central.
Há predominância de simetria axial
vertical e assimetria axial horizontal.
Apesar de a obra apresentar regularidades
em alguns elementos, a composição, como
um todo, não apresenta nenhuma ordem,
sendo assim, a irregularidade é
predominante.
A predominância da obra é de
complexidade, tendo em evidência a
grande quantidade de elementos.
É evidente a fragmentação na obra, pois a
decomposição dos elementos forma uma
unidade que, relacionada com o todo,
possui caráter individual.
Economia | Profusão Minimização | Exagero Previsibilidade | Espontaneidade Atividade | Estase Sutileza | Ousadia
A obra está carregada com elementos
bastante detalhados, evidenciando, assim,
a profusão.
Pela quantidade de detalhes presentes na
obra, fica clara a predominância do
exagero.
Apesar de saber que a obra é
milimetricamente planejada, a
predominância é de espontaneidade, pois é
quase impossível prever como seria a
composição a partir dos elementos
mínimos.
Apesar do movimento aparente da água e
dos pássaros, a obra possui uma
predominância de estase.
A composição, como um todo, aponta para
o predomínio da ousadia.
Neutralidade | Ênfase Transparência | Opacidade Estabilidade | Variação Exatidão | Distorção Planura | Profundidade Analisando a obra com um todo, a
neutralidade predomina, pois não há um
fundo uniforme que provoque a ênfase na
composição.
O predomínio é de opacidade em toda a
composição.
Predomina a técnica de variação, pois os
elementos, apesar da diversidade, são
sobre o mesmo tema.
Com a realidade alterada e ausência de
perspectiva, fica evidente a predominância
da distorção.
Com a ausência de perspectiva, há o
predomínio de planura.
Singularidade | Justaposição Sequencialidade | Acaso Agudeza | Difusão Repetição | Episodicidade Elementos Morfológicos
Por haver comparações entre os elementos,
é notável a predominância de justaposição.
Há predomínio de sequencialidade,
especialmente quando se refere aos
padrões rítmicos.
Na composição a predominância é de
agudeza, que se evidencia pelo uso de
contorno claro e de fácil interpretação.
Há um reforço individual das partes sem
abandonar a obra como um todo,
evidenciando, assim, a episodicidade.
Cores: preto, lilás, verde, amarelo,
marrom; Animais: peixe, ave; Vegetais:
folhas; Minerais: água.
A pesca, 2007 | 93,5 x 51,8 cm Equilíbrio | Instabilidade Simetria | Assimetria Regularidade | Irregularidade Simplicidade | Complexidade Unidade | Fragmentação
É uma composição em que há equilíbrio,
partindo do ponto de vista que os
elementos se opõem diante do eixo vertical
central. Porém, um pouco instáveis no
ponto de vista dos elementos que se
opõem a meio caminho do eixo horizontal
Há predominância de simetria axial
vertical e assimetria axial horizontal.
Apesar de a obra apresentar regularidades
em alguns elementos, a composição, como
um todo, não apresenta nenhuma ordem,
sendo assim, a irregularidade é
predominante.
A predominância da obra é de
complexidade, tendo em evidência a
grande quantidade de elementos.
É evidente a fragmentação na obra, pois a
decomposição dos elementos forma uma
unidade que, relacionada com o todo,
possui caráter individual.
Economia | Profusão Minimização | Exagero Previsibilidade | Espontaneidade Atividade | Estase Sutileza | Ousadia
A obra está carregada com elementos
bastante detalhados, evidenciando, assim,
a profusão.
Pela quantidade de detalhes presentes na
obra, fica clara a predominância do
exagero.
Apesar de saber que a obra é milimetricamente
planejada, a predominância é de espontaneidade,
pois é quase impossível prever como seria a
composição a partir dos elementos mínimos.
A predominância é quase totalmente de
atividade, exceto pelo pássaro da proa do
barco, que aparenta estar em repouso.
A composição, como um todo, aponta para
o predomínio da ousadia.
Neutralidade | Ênfase Transparência | Opacidade Estabilidade | Variação Exatidão | Distorção Planura | Profundidade Analisando a obra com um todo, a
neutralidade predomina, pois não há um
fundo uniforme que provoque a ênfase na
composição.
O predomínio é de opacidade em toda a
composição.
Predomina a técnica de variação, pois os
elementos, apesar da diversidade, são
sobre o mesmo tema.
Com a realidade alterada e ausência de
perspectiva, fica evidente a predominância
da distorção.
Com a ausência de perspectiva, há o
predomínio de planura.
Singularidade | Justaposição Sequencialidade | Acaso Agudeza | Difusão Repetição | Episodicidade Elementos Morfológicos
Por haver comparações entre os elementos,
é notável a predominância de justaposição.
Há predomínio de sequencialidade,
especialmente quando se refere aos
padrões rítmicos.
Na composição a predominância é de
agudeza, que se evidencia pelo uso de
contorno claro e de fácil interpretação.
Há um reforço individual das partes sem
abandonar a obra como um todo,
evidenciando, assim, a episodicidade.
Cores: preto, verde, vermelho, ocre,
laranja, amarelo; Elementos Humanos:
homem; Animais: peixe, ave; Vegetais:
folhas; Minerais: água; Outros: barco,
rede.
O segredo do lago, 1969 | 54,8 x 33 cm Equilíbrio | Instabilidade Simetria | Assimetria Regularidade | Irregularidade Simplicidade | Complexidade Unidade | Fragmentação
Composição bastante equilibrada do ponto
de vista axial vertical.
Há predominância de simetria axial
vertical e assimetria axial horizontal.
Apesar de a obra apresentar regularidades em
alguns elementos, a composição, como um
todo, não apresenta nenhuma ordem, sendo
assim, a irregularidade é predominante.
A predominância da obra é de
complexidade, tendo em evidência a
grande quantidade de elementos.
É evidente a fragmentação na obra, pois a
decomposição dos elementos forma uma
unidade que, relacionada com o todo,
possui caráter individual.
Economia | Profusão Minimização | Exagero Previsibilidade | Espontaneidade Atividade | Estase Sutileza | Ousadia
A obra está carregada com elementos
bastante detalhados, evidenciando, assim,
a profusão.
Pela quantidade de detalhes presentes na
obra, fica clara a predominância do
exagero.
Apesar de saber que a obra é
milimetricamente planejada, a
predominância é de espontaneidade, pois é
quase impossível prever como seria a
composição a partir dos elementos
mínimos.
Há predominância total de atividade, pois
nenhum elemento se apresenta em
repouso.
A composição, como um todo, aponta para
o predomínio da ousadia.
Neutralidade | Ênfase Transparência | Opacidade Estabilidade | Variação Exatidão | Distorção Planura | Profundidade Analisando a obra com um todo, a
neutralidade predomina, pois não há um
fundo uniforme que provoque a ênfase na
composição.
O predomínio é de opacidade em toda a
composição.
Predomina a técnica de variação, pois os
elementos, apesar da diversidade, são
sobre o mesmo tema.
Com a realidade alterada e ausência de
perspectiva, fica evidente a predominância
da distorção.
Com a ausência de perspectiva, há o
predomínio de planura.
Singularidade | Justaposição Sequencialidade | Acaso Agudeza | Difusão Repetição | Episodicidade Elementos Morfológicos
Por haver comparações entre os elementos,
é notável a predominância de justaposição.
Há predomínio de sequencialidade,
especialmente quando se refere aos
padrões rítmicos.
Na composição a predominância é de
agudeza, que se evidencia pelo uso de
contorno claro e de fácil interpretação.
Há um reforço individual das partes sem
abandonar a obra como um todo,
evidenciando, assim, a episodicidade.
Cores: preto, amarelo, laranja, azul, lilás;
Elementos Humanos: mulher (índia);
Animais: ave; Minerais: água; Elementos
mitológicos: cavalo; Armas: arco e flecha.
O rapto do sol, 1984 | 57,1 x 90,8 cm Equilíbrio | Instabilidade Simetria | Assimetria Regularidade | Irregularidade Simplicidade | Complexidade Unidade | Fragmentação
Há um equilíbrio indicado pelos pássaros,
porém os barcos interferem no equilíbrio e
se apresentam instáveis em relação ao eixo
vertical central.
Há predominância de assimetria vertical,
que é quebrada apenas pelos pássaros
laterais, e assimetria axial horizontal.
Apesar de a obra apresentar regularidades
em alguns elementos, a composição, como
um todo, não apresenta nenhuma ordem,
sendo assim, a irregularidade é
predominante.
A predominância da obra é de
complexidade, tendo em evidência a
grande quantidade de elementos.
É evidente a fragmentação na obra, pois a
decomposição dos elementos forma uma
unidade que, relacionada com o todo,
possui caráter individual.
Economia | Profusão Minimização | Exagero Previsibilidade | Espontaneidade Atividade | Estase Sutileza | Ousadia
A obra está carregada com elementos
bastante detalhados, evidenciando, assim,
a profusão.
Pela quantidade de detalhes presentes na
obra, fica clara a predominância do
exagero.
Apesar de saber que a obra é
milimetricamente planejada, a
predominância é de espontaneidade, pois é
quase impossível prever como seria a
composição a partir dos elementos
mínimos.
Há predominância quase que total de
atividade. O sol em repouso na mão da
sereia é o único elemento que se apresenta
em estase.
A composição, como um todo, aponta para
o predomínio da ousadia.
Neutralidade | Ênfase Transparência | Opacidade Estabilidade | Variação Exatidão | Distorção Planura | Profundidade Analisando a obra com um todo, a
neutralidade predomina, pois não há um
fundo uniforme que provoque a ênfase na
composição.
O predomínio é de opacidade em toda a
composição.
Predomina a técnica de variação, pois os
elementos, apesar da diversidade, são
sobre o mesmo tema.
Com a realidade alterada e ausência de
perspectiva, fica evidente a predominância
da distorção.
Com a ausência de perspectiva, há o
predomínio de planura.
Singularidade | Justaposição Sequencialidade | Acaso Agudeza | Difusão Repetição | Episodicidade Elementos Morfológicos
Por haver comparações entre os elementos,
é notável a predominância de justaposição.
Há predomínio de sequencialidade,
especialmente quando se refere aos
padrões rítmicos.
Na composição a predominância é de
agudeza, que se evidencia pelo uso de
contorno claro e de fácil interpretação.
Há um reforço individual das partes sem
abandonar a obra como um todo,
evidenciando, assim, a episodicidade.
Cores: preto, vermelho, amarelo, laranja,
marrom, azul, verde; Elementos
Humanos: homem; Animais: peixe, ave;
Minerais: água; Elementos mitológicos:
sereia; Astros: sol; Outros: navio,
fumaça.
O senhor do dia, 1986 | 55,7 x 90,3 cm Equilíbrio | Instabilidade Simetria | Assimetria Regularidade | Irregularidade Simplicidade | Complexidade Unidade | Fragmentação
É uma composição equilibrada, partindo
do ponto de vista que os elementos se
opõem diante do eixo vertical central.
Há predominância de simetria axial
vertical e assimetria axial horizontal.
Apesar de a obra apresentar regularidades
em alguns elementos, a composição, como
um todo, não apresenta nenhuma ordem,
sendo assim, a irregularidade é
predominante.
A predominância da obra é de
complexidade, tendo em evidência a
grande quantidade de elementos.
É evidente a fragmentação na obra, pois a
decomposição dos elementos forma uma
unidade que, relacionada com o todo,
possui caráter individual.
Economia | Profusão Minimização | Exagero Previsibilidade | Espontaneidade Atividade | Estase Sutileza | Ousadia
A obra está carregada com elementos
bastante detalhados, evidenciando, assim,
a profusão.
Pela quantidade de detalhes presentes na
obra, fica clara a predominância do
exagero.
Apesar de saber que a obra é
milimetricamente planejada, a
predominância é de espontaneidade, pois é
quase impossível prever como seria a
composição a partir dos elementos
mínimos.
Há predominância de estase. Que é
quebrada apenas pela sugestão de
movimento na água, no centro, e pelas
serpentes, nas laterais.
A composição, como um todo, aponta para
o predomínio da ousadia.
Neutralidade | Ênfase Transparência | Opacidade Estabilidade | Variação Exatidão | Distorção Planura | Profundidade Analisando a obra com um todo, a
neutralidade predomina, pois não há um
fundo uniforme que provoque a ênfase na
composição.
O predomínio é de opacidade em toda a
composição. Há transparência indicada
apenas pelo peixe localizado no centro
inferior da obra.
Predomina a técnica de variação, pois os
elementos, apesar da diversidade, são
sobre o mesmo tema.
Com a realidade alterada e ausência de
perspectiva, fica evidente a predominância
da distorção.
Com a ausência de perspectiva, há o
predomínio de planura.
Singularidade | Justaposição Sequencialidade | Acaso Agudeza | Difusão Repetição | Episodicidade Elementos Morfológicos
Por haver comparações entre os elementos,
é notável a predominância de justaposição.
Há predomínio de sequencialidade,
especialmente quando se refere aos
padrões rítmicos.
Na composição a predominância é de
agudeza, que se evidencia pelo uso de
contorno claro e de fácil interpretação.
Há um reforço individual das partes sem
abandonar a obra como um todo,
evidenciando, assim, a episodicidade.
Cores: preto, vermelho, amarelo, laranja,
azul, verde; Animais: peixe, ave, serpente;
Minerais: água; Astros: lua, estrela.
A criação das sereias, 2002 | 55,9 x 91,2 cm Equilíbrio | Instabilidade Simetria | Assimetria Regularidade | Irregularidade Simplicidade | Complexidade Unidade | Fragmentação
É uma composição equilibrada, partindo
do ponto de vista que os elementos se
opõem diante do eixo vertical.
Há predominância de simetria axial
vertical e assimetria axial horizontal.
Apesar de a obra apresentar regularidades em
alguns elementos, a composição, como um
todo, não apresenta nenhuma ordem, sendo
assim, a irregularidade é predominante.
A predominância da obra é de
complexidade, tendo em evidência a
grande quantidade de elementos.
É evidente a fragmentação na obra, pois a
decomposição dos elementos forma uma
unidade que, relacionada com o todo,
possui caráter individual.
Economia | Profusão Minimização | Exagero Previsibilidade | Espontaneidade Atividade | Estase Sutileza | Ousadia
A obra está carregada com elementos
bastante detalhados, evidenciando, assim,
a profusão.
Pela quantidade de detalhes presentes na
obra, fica clara a predominância do
exagero.
Apesar de saber que a obra é
milimetricamente planejada, a
predominância é de espontaneidade, pois é
quase impossível prever como seria a
composição a partir dos elementos
mínimos.
Há predominância quase que total de
atividade. Exceto pela sereia e o tritão
posicionados nas laterais da obra, que
sugerem estase.
A composição, como um todo, aponta para
o predomínio da ousadia.
Neutralidade | Ênfase Transparência | Opacidade Estabilidade | Variação Exatidão | Distorção Planura | Profundidade Analisando a obra com um todo, a
neutralidade predomina, pois não há um
fundo uniforme que provoque a ênfase na
composição.
O predomínio é de opacidade em toda a
composição.
Predomina a técnica de variação, pois os
elementos, apesar da diversidade, são
sobre o mesmo tema.
Com a realidade alterada e ausência de
perspectiva, fica evidente a predominância
da distorção.
Com a ausência de perspectiva, há o
predomínio de planura. Há profundidade
sugerida apenas pelas sequência: sereias,
água, sereia.
Singularidade | Justaposição Sequencialidade | Acaso Agudeza | Difusão Repetição | Episodicidade Elementos Morfológicos
Por haver comparações entre os elementos,
é notável a predominância de justaposição.
Há predomínio de sequencialidade,
especialmente quando se refere aos
padrões rítmicos.
Na composição a predominância é de
agudeza, que se evidencia pelo uso de
contorno claro e de fácil interpretação.
Há um reforço individual das partes sem
abandonar a obra como um todo,
evidenciando, assim, a episodicidade.
Cores: preto, ocre, laranja, azul, verde;
Animais: enguia, ave; Minerais: água;
Elementos mitológicos: tritão, sereia;
Astros: estrela.
A ilha, 2008 | 54,5 x 94,5 cm Equilíbrio | Instabilidade Simetria | Assimetria Regularidade | Irregularidade Simplicidade | Complexidade Unidade | Fragmentação
É uma composição equilibrada, partindo do
ponto de vista axial vertical. Porém, há uma
relação de instabilidade na distribuição do
peso dos elementos no compartimento central.
Há predominância de simetria axial
vertical e assimetria axial horizontal.
Apesar de a obra apresentar regularidades
em alguns elementos, a composição, como
um todo, não apresenta nenhuma ordem,
sendo assim, a irregularidade é
predominante.
A predominância da obra é de
complexidade, tendo em evidência a
grande quantidade de elementos.
É evidente a fragmentação na obra, pois a
decomposição dos elementos forma uma
unidade que, relacionada com o todo,
possui caráter individual.
Economia | Profusão Minimização | Exagero Previsibilidade | Espontaneidade Atividade | Estase Sutileza | Ousadia
A obra está carregada com elementos
bastante detalhados, evidenciando, assim,
a profusão.
Pela quantidade de detalhes presentes na
obra, fica clara a predominância do
exagero.
Apesar de saber que a obra é
milimetricamente planejada, a predominância
é de espontaneidade, pois é quase impossível
prever como seria a composição a partir dos
elementos mínimos.
Há predominância de estase. Quebrada
apenas pela sugestão de movimento da
anaconda, do barco, dos lagartos e dos
pássaros, com as asas abertas.
A composição, como um todo, aponta para
o predomínio da ousadia.
Neutralidade | Ênfase Transparência | Opacidade Estabilidade | Variação Exatidão | Distorção Planura | Profundidade
Analisando a obra com um todo, a
neutralidade predomina, pois não há um
fundo uniforme que provoque a ênfase na
composição.
O predomínio é de opacidade em toda a
composição.
Predomina a técnica de variação, pois os
elementos, apesar da diversidade, são
sobre o mesmo tema.
Com a realidade alterada e ausência de
perspectiva, fica evidente a predominância
da distorção.
Com a ausência de perspectiva, há o
predomínio de planura. Há profundidade
sugerida apenas na parte central da
composição, onde estão a anaconda, o barco e
a margem do lago.
Singularidade | Justaposição Sequencialidade | Acaso Agudeza | Difusão Repetição | Episodicidade Elementos Morfológicos
Por haver comparações entre os elementos,
é notável a predominância de justaposição.
Há predomínio de sequencialidade,
especialmente quando se refere aos
padrões rítmicos.
Na composição a predominância é de
agudeza, que se evidencia pelo uso de
contorno claro e de fácil interpretação.
Há um reforço individual das partes sem
abandonar a obra como um todo,
evidenciando, assim, a episodicidade.
Cores: preto, vermelho, laranja, azul, verde,
amarelo; Elementos humanos: homem;
Vegetais: planta; Animais: peixe, ave,
lagarto; Minerais: água; Elementos
mitológicos: anaconda; Astros: sol; Outros:
coração.
O Sagrado, 1997| 56 x 80,4 cm Equilíbrio | Instabilidade Simetria | Assimetria Regularidade | Irregularidade Simplicidade | Complexidade Unidade | Fragmentação
É uma composição equilibrada, partindo
do ponto de vista axial vertical. Porém, há
uma relação de instabilidade na
distribuição do peso dos elementos no
compartimento central.
Há predominância de simetria axial
vertical e assimetria axial horizontal.
Apesar de a obra apresentar regularidades
em alguns elementos, a composição, como
um todo, não apresenta nenhuma ordem,
sendo assim, a irregularidade é
predominante.
A predominância da obra é de
complexidade, tendo em evidência a
grande quantidade de elementos.
É evidente a fragmentação na obra, pois a
decomposição dos elementos forma uma
unidade que, relacionada com o todo,
possui caráter individual.
Economia | Profusão Minimização | Exagero Previsibilidade | Espontaneidade Atividade | Estase Sutileza | Ousadia
A obra está carregada com elementos
bastante detalhados, evidenciando, assim,
a profusão.
Pela quantidade de detalhes presentes na
obra, fica clara a predominância do
exagero.
Apesar de saber que a obra é
milimetricamente planejada, a
predominância é de espontaneidade, pois é
quase impossível prever como seria a
composição a partir dos elementos
mínimos.
Há predominância de estase. Quebrada
apenas pela sugestão de movimento da
serpente e dos peixes.
A composição, como um todo, aponta para
o predomínio da ousadia.
Neutralidade | Ênfase Transparência | Opacidade Estabilidade | Variação Exatidão | Distorção Planura | Profundidade Há presença de ênfases isoladas, mas
analisando a composição como um todo
predomina a neutralidade, pois não há
fundo uniforme que provoque ênfase na
composição como um todo.
O predomínio é de opacidade em toda a
composição.
Predomina a técnica de variação, pois os
elementos, apesar da diversidade, são
sobre o mesmo tema.
Com a realidade alterada e ausência de
perspectiva, fica evidente a predominância
da distorção.
Com a ausência de perspectiva, há o
predomínio de planura.
Singularidade | Justaposição Sequencialidade | Acaso Agudeza | Difusão Repetição | Episodicidade Elementos Morfológicos
Por haver comparações entre os elementos,
é notável a predominância de justaposição.
Há predomínio de sequencialidade,
especialmente quando se refere aos
padrões rítmicos.
Na composição a predominância é de
agudeza, que se evidencia pelo uso de
contorno claro e de fácil interpretação.
Há um reforço individual das partes sem
abandonar a obra como um todo,
evidenciando, assim, a episodicidade.
Cores: preto, ocre, vermelho, laranja, azul,
verde; Animais: peixe, serpente;
Minerais: água; Astros: estrela; Outros:
fogo, cálice.
Partindo dessa análise, pode-se destacar alguns aspectos relevantes para a compreensão da
obra de Samico, que são:
Equilíbrio | Instabilidade: Boa parte das composições possuem equilíbrio axial vertical.
Simetria | Assimetria: a maioria das gravuras apresenta simetria vertical e assimetria
horizontal. Apresenta assimetria apenas na obra: O rapto do sol, 1984.
Regularidade | Irregularidade: Apesar das obra apresentarem regularidades em alguns
elementos, a composição, como um todo, não apresenta nenhuma ordem, tendo a
irregularidade como predominante.
Simplicidade | Complexidade: A predominância é de complexidade, tendo em evidência a
grande quantidade de elementos.
Unidade | Fragmentação: É evidente a fragmentação nas obras, pois a decomposição dos
elementos forma uma unidade que, relacionada com o todo, possui caráter individual.
Economia | Profusão: As obras estão carregadas com elementos bastante detalhados,
evidenciando, assim, a profusão.
Minimização | Exagero: Pela quantidade de detalhes presentes nas obras de Samico, fica
clara a predominância do exagero.
Previsibilidade | Espontaneidade: Apesar de saber que as obras de Samico são
milimetricamente planejadas, a predominância é de espontaneidade, pois é quase impossível
prever como seria a composição a partir dos elementos mínimos.
Atividade | Estase: Apesar da predominância de atividade nas obras, provocada pela sugestão
de movimento dos elementos, há uma predominância de estase.
Sutileza | Ousadia: Todas as obras apontam, como um todo, para o predomínio da ousadia.
Neutralidade | Ênfase: Analisando todas as obras, com um todo, a neutralidade predomina,
pois não há um fundo uniforme que provoque a ênfase na composição.
Transparência | Opacidade: Há o predomínio de opacidade em todas as obras de Samico
analisadas.
Estabilidade | Variação: Há predominância da técnica de variação nas obras analisadas, pois
os elementos, apesar da diversidade, são sobre o mesmo tema.
Exatidão | Distorção: Com a realidade alterada e ausência de perspectiva, fica evidente a
predominância da distorção nas obras de Samico.
Planura | Profundidade: Em algumas obras há ausência de perspectiva, sendo assim o
predomínio de planura. Porém, na obra A criação das sereias, 2002, há profundidade
sugerida apenas pelas sequência: sereias, água, sereia. Já na obra A ilha, 2008, há
profundidade sugerida apenas na parte central da composição, onde estão a anaconda, o barco
e a margem do lago.
Singularidade | Justaposição: Por haver comparações entre os elementos, é notável a
predominância de justaposição nas obras.
Sequencialidade | Acaso: Há predomínio de sequencialidade, especialmente quando se refere
aos padrões rítmicos das obras.
Agudeza | Difusão: Nas composições a predominância é de agudeza, que se evidencia pelo
uso de contorno claro e de fácil interpretação.
Repetição | Episodicidade: Há um reforço individual das partes sem abandonar as obras
como um todo, evidenciando, assim, a episodicidade.
3.4 Análise Morfológica
Além da análise visual, a análise morfológica é igualmente relevante. Os elementos que
aparecem com frequência servirão de inspiração para a criação das estampas. Os elementos
foram agrupados em categorias partindo de características em comum, com a finalidade de
facilitar a contagem.
Elementos Humanos: homens: (5), mulheres: (4)
Figura 19: A) A pesca, 2007 B) A chave de ouro do reino vai-não-volta, 1969 | Samico
Cores: O preto é a cor que mais aparece nas obras analisadas, em todas as 11. Em segundo
lugar, a cor que mais aparece é o azul (9), em seguida o amarelo (8), laranja (8), verde (8),
vermelho (7), ocre (3), lilás (2), marrom (2) e vinho (1).
Figura 20: A) Criação das sereias, 2002 B) Criação - peixes e pássaros, 1992 C) A fonte, 1990 D) O sagrado,
1997 E) A pesca, 2007 | Samico
Vegetais: folhas (3) e planta (1).
Animais: Nas obras analisadas, as aves (8) aparecem com mais frequência, seguida por
peixes (7), serpente (3), lagarto (2), borboleta (1) e enguia (1).
Figura 21: A) Criação - peixes e pássaros, 1992 B) O senhor do dia, 1986 | Samico
Minerais: água (10).
Elementos mitológicos: sereia (3), anaconda (1), cavalo (1) e tritão (1).
Figura 22: O rapto do sol, 1984 | Samico
Armas: arco e flecha (1).
Astros: estrela (5), sol (3) e lua (2).
Outros: barco (2), cálice (1), chave (1), coração (1), fogo (1), fumaça (1) e navio (1).
3.5 Desenvolvendo a coleção de estampas
3.5.1 Definição do tema
No caso do projeto proposto, o tema da coleção se baseia no mundo mágico criado por
Samico. Sendo assim: Estampando a cultura popular pernambucana.
3.5.2 Desenhando a superfície
Os elementos escolhidos (figura 23) para a criação das estampas foram os que
apareceram com mais frequência durante a análise morfológica, com exceção das figuras
humanas. Dentre os que apareceram na análise, foram escolhidos três para a criação da
coleção: a sereia, o peixe e o pássaro (figura 24). Que são bastante marcantes nas obras de
Samico.
Figura 23: Geração de alternativas (fonte própria).
Figura 24: Elementos A) Pássaros B) Peixe C) Sereia (fonte própria).
Baseada na tendência de cores e nas cores da análise morfológica, foram escolhidas as
seguintes cores (figura):
Figura 25: Paleta de cores da coleção
Considerações finais
Esse projeto se propõem a unir cultura popular e design de superfície, apresentando
soluções para os desafios da inovação imputados pela demanda do mercado atual, e abrir
grandes possibilidades, além de um diferencial competitivo para os produtos pernambucanos.
Uma das contribuições dessa pesquisa é que ela atua como valorização da cultura popular
pernambucana que, infelizmente, ainda é pouco valorizada e divulgada para as outras regiões
do país. Sendo esse o motivo impulsionador do estudo da cultura popular local.
É importante o estudo de artistas como Samico, para revisitarmos sempre nossas raízes
culturais, e valorizar ainda mais Pernambuco, o Nordeste. E, quando somado ao design, há
uma troca de valores, onde um fortalece o outro. No caso das estampas e a cultura, há a
proposta de um produto inovador e cultural, podendo atingir novos públicos. O design, seja de
moda, gráfico ou produto, está transformando o tradicional, cheio de uma bagagem histórica e
simbólica, em algo que pode ser consumido pelo consumidor contemporâneo.
Partindo para o lado do design de superfície, as técnicas de rapport pode ser vista que
não possuem técnicas definidas, sendo possível criar e fazer novas experimentações partindo
da mistura de técnicas já existentes, tanto na criação de um módulo quanto na construção da
composição. E, por mais que o design de superfície esteja ligado a técnicas, sua afinidade com
o campo artístico é grande.
Não podendo deixar de lado a importância da fundamentação teórica e da metodologia
de projeto, ressaltando assim a importância desse processo como contribuição significativa
para o conhecimento e crescimento do estudo de design de superfície.
Uma sugestão é que, posteriormente, essas estampas não sejam apenas utilizadas no
vestuário, podendo estender sua aplicação para outras áreas do design como: interiores,
questão de decoração, papéis de parede, etc., entre outros.
Referências
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Brasiliense, 2007.
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em: 10 jun. 2013.
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culturais: bases do desenvolvimento regional. Revista FAE. V. 9, n. 2, jul/dez 2006.
CANCLINI, Néstor Garcia. Culturas híbridas: estratégias para entrar e sair da modernidade.
São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2006.
CARVALHO, Luciana. 10 tendências de moda para o Verão 2014 reveladas na SPFW.
EXAME.com. 2013. Disponível em: < http://exame.abril.com.br/estilo-de-vida/noticias/10-
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COELHO, Teixeira. O que é industria cultural. 16 reimp. São Paulo: Editora Brasiliense,
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CHATAIGNIER, Gilda. Fio a fio: tecidos, moda e linguagem. Estação das Letras, 2006
DONDIS, Donis A. Sintaxe da linguagem visual. 3 ed. São Paulo: Martins Fontes, 2007.
EDWARDS, Clive. Como compreender design têxtil: guia rápido para entender estampas e
padronagens. São Paulo. Editora Senac São Paulo, 2012.
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