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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO FACULDADE DE AGRONOMIA, MEDICINA VETERINÁRIA E ZOOTECNIA Programa de Pós-graduação em Agricultura Tropical ESTRATÉGIAS DE SUPLEMENTAÇÃO DE NOVILHOS DE CORTE EM PASTEJO WELTON BATISTA CABRAL C U I A B Á - MT 2015

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO

FACULDADE DE AGRONOMIA, MEDICINA VETERINÁRIA E

ZOOTECNIA

Programa de Pós-graduação em Agricultura Tropical

ESTRATÉGIAS DE SUPLEMENTAÇÃO DE NOVILHOS DE CORTE

EM PASTEJO

WELTON BATISTA CABRAL

C U I A B Á - MT

2015

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO

FACULDADE DE AGRONOMIA, MEDICINA VETERINÁRIA E

ZOOTECNIA

Programa de Pós-graduação em Agricultura Tropical

ESTRATÉGIAS DE SUPLEMENTAÇÃO DE NOVILHOS DE CORTE

EM PASTEJO

WELTON BATISTA CABRAL

Zootecnista

Orientador: Prof. Dr. Luciano da Silva Cabral

Co-orientador: Prof. Dr. Alexandre Lima de Souza

Tese apresentada à Faculdade de

Agronomia e Medicina Veterinária da

Universidade Federal de Mato

Grosso, para obtenção do título de

Doutor em Agricultura Tropical.

C U I A B Á - MT

2015

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DEDICATÓRIA

Dedico ao meu Deus Altíssimo e ao Senhor Jesus Cristo...

E a minha linda esposa Jéssica e minhas princesas Isadora Lorena e Isis Larissa...

Dedico ao meu Pai José e minha Mãe Lindinete...

A minha força e fé vem de vocês...

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AGRADECIMENTOS

A Ele toda honra e toda glória. Obrigado Senhor por tudo. Até aqui o Senhor

me ajudou. Grande é o meu Deus. Farei menção do Teu nome e bondade por onde

caminhar, todos saberão como Tu és bom, através do meu testemunho. Muito

obrigado Jesus Cristo de Nazaré por essa conquista. Agradeço aos meus pais, José

e Lindinete, que acreditaram no meu potencial e se doaram para que essa vitória fosse

alcançada. Pai você me ensinou a ser Homem, e a não reclamar diante as

dificuldades, mas supera-las. Mãe, você me ensinou a se doar as pessoas, a fazer o

melhor sem esperar recompensas. Muito obrigado pelo meu caráter. Agradeço a

minha companheira, minha parceira para todas as horas. Minha esposa tão amada,

Jéssica. Te agradeço pela compreensão e paciência. Obrigado por lutar mais uma vez

comigo. Te agradeço pelas minhas princesinhas, Isadora e Larissa, são minha maior

felicidade. Obrigado as minhas irmãs, Andréia e Fernanda. Obrigado ao meu sogro e

sogra, Jaice e Marleide. Quem tem família, tem muito. Vocês são a base de conforto

que preciso para não parar. Aos meus grandes amigos, Nelcino, Leni, Carla, Luca,

Inácio e Carlos Eduardo, Fernanda e Toinho que sempre foram meu apoio nos

momentos de angustia e dúvidas. Inestimável valor vocês têm para mim. Ao Prof. Dr.

Luciano da Silva Cabral, meu modelo de profissionalismo e competência. Exemplo de

ser humano. Obrigado pela confiança, paciência, ajuda e por todo conhecimento

transmitido desde a graduação, Deus lhe recompense por tudo. Agradeço ao Prof. Dr.

Alexandre Lima de Souza, por essa oportunidade e ajuda de sempre, sem seu apoio

tudo seria muito mais difícil. Ao meu grande amigo Afonso Celso, pela parceria. A

todos os alunos que foram fundamentais nesse projeto (Fran, Deyse, Pedra, Arthur,

Donovan, Diana, Vitor, Emerson, Nelore, João, Douglas, Jack, Altieres, Carol,

Morgana, Geneildo, Day, Sula, Diogo, Deusilaine, Milene e todos que contribuíram,

meu muito obrigado. Pela banca avaliadora, obrigado por tornando-o mais apto e

qualificado a compor o conhecimento científico. À Universidade Federal do Mato

Grosso e o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico e a Pós-

Graduação em Agricultura Tropical pela oportunidade. Agradeço ainda imensamente

as empresas Novanis Animal Ltda (Arlindo), pela doação dos animais, suplementos e

a Heringer Fertilizantes (Laércio), pela doação dos fertilizantes. Muito obrigado a

todos. Foi um trabalho construído por muitas mãos.

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Aclamem o Senhor todos os habitantes

da terra! Prestem culto ao Senhor com

alegria; entre na sua presença com

cânticos alegres. Reconheçam que o

Senhor é o nosso Deus. Ele nos fez e

somos dele: somos o seu povo, E

rebanho do seu pastoreio. Entre por suas

portas com ações de graças e em seus

átrios com louvor; deem-lhe graças e

bendigam o seu nome. Pois o Senhor é

bom e o seu amor leal é eterno; a sua

fidelidade permanece por todas as

gerações.

Salmos 100:1-5

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ESTRATÉGIAS DE SUPLEMENTAÇÃO DE NOVILHOS DE CORTE

EM PASTEJO

Resumo – O principal objetivo do sistema de produção de bovinos a pasto é cobrir as necessidades nutricionais dos animais durante todo o ano, mantendo uma oferta permanente de alimento em quantidade e qualidade suficientes, para obter ótima resposta produtiva por parte dos animais. Porém, na bovinocultura brasileira, a oferta de alimentos é inconstante ao longo do ano. E uma das razões é a falta de uso de tecnologias suplementares para melhorar o desempenho dos animais, principalmente na recria, que é o ciclo mais longo, que leva em média 24 meses. Assim, objetivou-se avaliar, estratégias de suplementação da recria e engorda de bovinos de corte em pastejo, realizando manejo correto das pastagens alinhada a viabilidade econômica. Realizou-se toda a avaliação econômica dos períodos: recria, engorda e recria-engorda. O experimento foi conduzido no município de Rondonópolis – MT. A área experimental continha 4,8 ha de capim-marandu, dividida em dois blocos de 2,4 ha, subdividido em três módulos de 0,8 ha. Cada módulo era dividido para uso do pastejo rotacionado, em oito piquetes de 0,1 ha. O período experimental teve duração de 301 dias, sendo esse período dividido em duas fases. A primeira fase, recria dos animais, durou 170 dias. A segunda fase, período de engorda, 131 dias. Estipulou-se a meta de peso de abate de 540 kg. Utilizou-se delineamento experimental em blocos casualizados com três tratamentos durante o período de recria nas águas (sal mineral; 0,6% PV; 1,2% PV). No período seco do ano, avaliou-se o impacto das estratégias na recria intensiva nas águas sobre à produção e comportamento dos animais na engorda, onde todos os tratamentos e repetições passaram a receber concentrado ad libitum. Utilizaram-se 36 novilhos não castrados da raça Brangus, com peso vivo médio inicial de 217,97 kg ± 14 kg, e idade entre 10 a 12 meses. Os animais suplementados com 1,2% PV apresentaram os maiores ganhos de peso diário; 0,887 kg/cab/dia (P<0,05). No período de recria, os animais suplementados com 0,6% e 1,2% PV apresentaram acréscimo de 82,01 e 102,59 kg de PV. O tratamento 1,2% PV apresentou ao final do período de recria 83,68%; 124,85%; 106,30% maior taxa de lotação quando comparado ao grupo controle. Na fase de engorda, quando os animais tinham acesso ad libitum ao suplemento, os animais que receberam maiores níveis de suplementação na fase de recria (1,2% PV) obtiveram pior desempenho (P<0,05): 1,352 kg/cab/dia. O grupo controle na fase de recria ganhou 1,569 kg/cab/dia na fase de engorda. O peso de abate dos animais em arrobas foram: 17,31 (controle); 19,80 (0,6% PV) e 20,52 (1,2% PV). Estimando-se os valores em produção de @/ha/ano, chegou-se aos valores de 96,54 (Controle); 136,72 (0,6%) e 198,83 @/ha/ano (1,2%). Essa produtividade é 1.831%, 2.634% e 3.877%, respectivamente, mais produtivo quando comparada à média brasileira, que é de 5@/ha/ano. As atividades de comportamento ingestivo dos novilhos na fase de engorda tiveram efeito da estratégia adotada na fase de engorda dos animais. A suplementação com 1,2% PV nas águas na fase da recria de bovinos de corte, juntamente com ração ad libitum na fase de engorda da seca, mostrou-se a melhor opção para intensificar a produção e lucratividade da fase recria-engorda de bovinos de corte. Porém, a viabilidade econômica e variáveis mercadológicas ditarão a implementação dessa estratégia.

Palavras-chave: Bovinos de corte, recria, engorda de gado, suplementação.

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STRATEGIES CUTTING STEERS SUPPLEMENTATION IN GRAZING

Abstract – The main purpose of grazing cattle production system is to meet the

nutritional needs of animals throughout the year, keeping the permanent provision of

food in sufficient quantity and quality for optimal production response from the animals.

However, Brazilian cattle, the food supply is unstable throughout the year. And one of

the reasons is lack of use of additional technologies to improve animal performance,

particularly in the rearing, which is the longest cycle, which takes about 24 months.

The objective was to evaluate, supplementation strategies for growing and fattening

beef cattle grazing, making proper management of pastures aligned economic viability.

Held all the economic evaluation periods: rearing, fattening and rearing-fattening. The

experiment was conducted in the city of Rondonópolis - MT. The experimental area

contained 4.8 ha of marandu-grass divided into two blocks of 2.4 hectares, divided into

three modules of 0.8 ha. Each module was divided for use of rotational grazing in eight

paddocks of 0.1 ha. The trial lasted 301 days, this period being divided into two phases.

The first stage of rearing animals lasted 170 days. The second phase of fattening

period 131 days. Stipulated up to 540 kg slaughter weight target. We used a

randomized block design with three treatments during the rearing period in water

(mineral salt, 0.6% LW, 1.2% LW). In the dry season, we evaluated the impact of the

strategies in the growing intensively in the waters of the production and behavior of

animals in fattening, where all treatments and repetitions have received concentrate

ad libitum. They used 36 bulls uncastrated the Brangus breed, with average weight of

217.97 kg ± 14 kg and aged 10 to 12 months. The animals supplemented with 1.2%

LW showed the highest daily weight gains; 0.887 kg/head/day (P<0.05). In the rearing

period, the animals supplemented with 0.6% and 1.2% LW showed 82.01 increase and

102.59 kg of LW. The 1.2% LW treatment showed the end of the rearing period

83.68%; 124.85%; 106.30% higher stocking rate compared to the control group. In the

fattening phase, when the animals had access ad libitum to supplement the animals

that received higher levels of supplementation in the growing phase (1.2% LW) had

the worst performance (P<0.05): 1.352 kg/head/day. The control group in the growing

phase gained 1.569 kg/head/day in the fattening stage. The animal slaughter weight

in kilos were: 17.31 (control); 19,80 (0,6% LW) and 20.52 (1.2% BW). Estimating the

values in production @/ha/year was reached values of 96.54 (control); 136.72 (0.6%)

and 198.83 @/ha/year (1.2%). This productivity is 1.831%, 2.634% and 3.877%,

respectively, more productive compared to the national average, which is 5 @ / ha /

year. The feeding behavior of activities of the bulls in the fattening stage had an effect

of the strategy on animal fattening stage. Supplementation with 1.2% LW in the waters

at the stage of rearing of beef cattle, along with ad libitum in the dry fattening stage,

proved the best option to enhance the production and stage of profitability recreates

fattening cattle cutting. However, the economic viability and market variables will

dictate the implementation of this strategy.

Keywords: Beef cattle, breeding, cattle fattening, supplementation

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LISTA DE FIGURAS

Página

Figura 1. Precipitação mensal (mm) e temperaturas médias (°C) durante o período

experimental. ............................................................................................................. 30

Figura 2. Peso vivo (kg) mensal de bovinos de corte submetidos a suplementação

estratégica nas águas (recria). .................................................................................. 39

Figura 3. Ganho de peso diário (kg/cab) de bovinos de corte submetidos a

suplementação estratégica nas águas (recria). ......................................................... 40

Figura 4. Taxa de lotação média (UA/ha) no período de bovinos de corte submetidos

a suplementação estratégica nas águas (recria) e ad libitum na seca (engorda)...... 48

Figura 5. Peso vivo (kg) mensal de bovinos de corte submetidos a suplementação ad

libitum na seca (engorda). ......................................................................................... 41

Figura 6. Peso vivo (kg/cab) mensal de bovinos de corte submetidos a suplementação

estratégica nas águas (recria) e ad libitum na seca (engorda). ................................. 42

Figura 7. Ganho de peso médio (kg/cab/dia) de bovinos de corte submetidos a

suplementação ad libitum na seca (engorda). ........................................................... 43

Figura 8. Ganho de peso médio (kg/cab/dia) de bovinos de corte submetidos a

suplementação estratégica nas águas (recria) e ad libitum na seca (engorda)......... 45

Figura 9. Consumo médio de suplemento (%PV/cab/dia) de bovinos de corte

submetidos a suplementação estratégica nas águas (recria) e ad libitum na seca

(engorda). .................................................................................................................. 47

Figura 10. Taxa de lotação média (UA/ha) no período de recria-engorda de bovinos

de corte submetidos a suplementação estratégica nas águas (recria) e ad libitum na

seca (engorda). ......................................................................................................... 49

Figura 11. Produção média de arroba/animal no período de recria-engorda de bovinos

de corte submetidos a suplementação estratégica nas águas (recria) e ad libitum na

seca (engorda). ......................................................................................................... 51

Figura 12. Produção de @/ha no período de recria-engorda de bovinos de corte

submetidos a suplementação estratégica nas águas (recria) e ad libitum na seca

(engorda). .................................................................................................................. 52

Figura 13. Comportamento (minutos) no período de engorda de bovinos de corte

submetidos a suplementação ad libitum na seca na fase de engorda. ..................... 54

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LISTA DE TABELAS

Página

Tabela 1. Resultado da análise física e química do solo da área experimental. ....... 31

Tabela 2. Peso vivo inicial (kg) dos animais submetidos a diferentes níveis de suplementação durante o período das águas na fase de recria e suplementação ad libitum na fase de engorda na seca. .......................................................................... 32

Tabela 3. Composição do suplemento com base na matéria seca (%). .................... 33

Tabela 4. Composição bromatológica (%) das amostras de B. brizantha cv. Marandu obtidas por meio da simulação de pastejo, em função dos tratamentos. .................. 35

Tabela 5. Valores médios da estrutura da pastagem de B. brizantha cv. Marandu obtidos em função dos tratamentos ao longo do período experimental. ................... 36

Tabela 6. Desempenho de bovinos de corte submetidos a suplementação estratégica nas águas (recria) e ad libitum na seca (engorda). ................................................... 38

Tabela 7. Desempenho de bovinos de corte que receberam diferentes níveis de suplementação na recria-engorda. ............................................................................ 44

Tabela 8. Consumo médio estimado de MS, PB e NDT (kg/cab/dia) de bovinos de corte submetidos a suplementação estratégica nas águas (recria) e ad libitum na seca (engorda). .................................................................................................................. 45

Tabela 9. Consumo médio de suplemento (kg/cab/dia) de bovinos de corte submetidos a suplementação estratégica nas águas (recria) e ad libitum na seca (engorda)...... 46

Tabela 10. Comportamento ingestivo (minutos) de bovinos de corte durante o período seco do ano submetidos a suplementação ad libitum na fase de engorda. .............. 53

Tabela 12. Resultados produtivos dos animais submetidos a diferentes níveis de suplementação durante o período das águas na fase de recria. ............................... 68

Tabela 13. Resultados produtivos dos animais submetidos a diferentes níveis de suplementação ad libitum na fase de engorda na seca. ........................................... 70

Tabela 14. Resultados produtivos dos animais submetidos a diferentes níveis de suplementação durante o período das águas na fase de recria e ad libitum na fase de engorda na seca. ....................................................................................................... 72

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SUMÁRIO

Página

1. INTRODUÇÃO ................................................................................................ 13

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ........................................................................... 15

2.1. Bovinocultura de corte no estado de Mato Grosso ...................................... 15

2.2. Intensificando o uso das pastagens ............................................................. 16

2.3. Suplementação de bovinos em pastejo ........................................................ 18

2.4. Viabilidade econômica da suplementação a pasto ...................................... 20

2.5. Referências bibliográficas ............................................................................ 23

3. ESTRATÉGIAS DE SUPLEMENTAÇÃO NA RECRIA: IMPACTOS

PRODUTIVOS E COMPORTAMENTAIS SOBRE A ENGORDA DE BOVINOS DE

CORTE .................................................................................................................. 27

3.1. Introdução .................................................................................................... 29

3.2. Material e Métodos ....................................................................................... 30

3.3. Resultados e Discussão ............................................................................... 38

3.4. Conclusões .................................................................................................. 56

3.5. Referências Bibliográficas ............................................................................ 57

4. VIABILIDADE ECONÔMICA DA RECRIA E ENGORDA INTENSIVA EM

BOVINOS DE CORTE ........................................................................................... 60

4.1. Introdução .................................................................................................... 62

4.2. Material e Métodos ....................................................................................... 63

4.3. Resultados e Discussão ............................................................................... 68

4.4. Conclusões .................................................................................................. 74

4.5. Referências Bibliográficas ............................................................................ 75

ANEXO .................................................................................................................. 78

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1. INTRODUÇÃO

A bovinocultura de corte é frequentemente classificada como um investimento

de baixo retorno financeiro, e que somente se tornou viável economicamente, devido

ao seu papel na expansão contínua das áreas de pastagem nas fronteiras agrícolas

do país. De fato, na sua origem, foi uma atividade pioneira, associada à expansão do

território nacional, em resposta à conjuntura macroeconômica e aos valores da

sociedade naquela época, que apontavam para a necessidade de ocupar o território.

Entretanto, nas últimas décadas, o modelo de produção da pecuária mudou

sensivelmente e passou a priorizar tecnologias mais intensivas (VILELA et al., 2011).

Atualmente, a bovinocultura de corte vem se desenvolvendo rapidamente

devido à estabilidade da moeda e a contenção da inflação, os ganhos especulativos

desapareceram. Esses motivos têm levado os profissionais da área a se tornarem

mais competitivos, não havendo mais a possibilidade de ganhos financeiros

compensatórios às ineficiências produtivas (BORTOLUZZO et al., 2011). O cenário

atual se resume em estreitas margens de lucro e concorrência das áreas de produção

com outras atividades agrícolas, mercado consumidor internacional mais exigente,

entre outros fatores, que fazem com que o pecuarista procure aumentar escala de

produção e a eficiência produtiva. Frente a este novo cenário econômico, só

sobreviverão na atividade, os produtores e empresas que otimizarem seus sistemas

de produção, com maior planejamento e gerenciamento, usando de modo eficiente os

recursos disponíveis.

A exploração econômica da bovinocultura de corte brasileira sempre teve como

base o uso do pasto como o principal recurso alimentar (ANDRADE & PRADO, 2011).

No entanto, grande parte destas áreas está degradada ou em algum estágio de

degradação, devido, principalmente, a má utilização e manejo. Paulino et al. (2006)

salientam que dos 50 milhões de pastagens cultivadas, 80% estão degradadas. Com

isso, verifica-se uma alimentação inadequada no rebanho, ocasionando ciclos

produtivos longos com idade ao abate acima de 36 meses em machos, e idade ao

primeiro parto em fêmeas entre 36 e 45 meses. O principal fator limitante ao ciclo de

produção é o longo período de recria dos animais, que na média brasileira, leva-se 24

meses para recriar os animais (HOFFMANN et al., 2014).

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No entanto, percebe-se que houve aumento dos índices produtivos na

bovinocultura brasileira. As áreas de pastagens no país diminuíram em 8% nos últimos

36 anos, enquanto o número de bovinos dobrou, passando de 102 para

aproximadamente 204 milhões de animais, ocorrendo ainda neste período aumento

da taxa de desfrute do rebanho (MAPA, 2013). O grande desafio agora é reduzir a

idade de abate e aumentar ainda mais a capacidade de suporte das pastagens. Sendo

que, a suplementação pode permitir a redução no tempo necessário para a engorda

dos animais para o abate.

Dentre as vantagens produtivas da suplementação, algumas como aumento na

taxa de lotação, desocupação de áreas para entradas de animais mais jovens, e

normalmente mais eficientes, aumento de taxa de desfrute e planejamento para venda

em momentos mais oportunos, estão entre as de maior impacto (HOFFMANN et al.,

2014). Porém, a adoção da técnica de suplementação alimentar, além da adubação

dos pastos, deverá, antes de qualquer coisa, tornar a exploração mais lucrativa. A

lucratividade resultante do sucesso da aplicação desse tipo de manipulação

nutricional normalmente se encontra associada a algumas vantagens produtivas. Com

o uso de tecnologias é possível ter essas condições exigidas para manter os níveis

de desempenho, rentabilidade e eficiência similares ou superiores aos observados em

sistemas de produção de grãos.

Objetivou-se avaliar a intensificação da recria e engorda de bovinos de corte

em pastejo e a viabilidade econômica das estratégias adotadas, através do manejo

intensivo das pastagens associado à suplementação em diferentes épocas do ano,

visando promover redução do ciclo produtivo, maior peso ao abate e maior produção

e lucro por área.

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2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1. Bovinocultura de corte no estado de Mato Grosso

O Brasil possui aproximadamente uma área de 152 milhões de hectares de

pastagens, dos quais cerca de 60 milhões de hectares se encontram na região

Centro–Oeste e, mais especificamente, 26 milhões de hectares estão presentes no

estado de Mato Grosso. Desse total, grande parte da área plantada é representada

pelo uso do capim-marandu (IBGE, 2010; MAPA, 2013). Ademais, o estado de Mato

Grosso possui o maior rebanho bovino do Brasil, 28,4 milhões de cabeças (INDEA,

2013), criados por cerca de 108.185 produtores rurais nos 141 municípios do Estado

(IBGE, 2010).

A importância da bovinocultura mato-grossense teve seu início com o processo

de consolidação histórico e de desenvolvimento econômico desse Estado. Foi uma

das principais atividades responsáveis pela ocupação e manutenção do território

(BONJOUR, 2008). No entanto, a introdução da pecuária de corte, de maneira oficial,

no Estado de Mato Grosso, ocorreu no século XVIII, quando houve necessidade de

carne para abastecer os trabalhadores que construíam a estrada que ligava Cuiabá à

Vila Boa de Goiás, em 1750, além de suprir a população residente praticante de

extrativismo mineral naquela época (BORGES, 2010).

Quando, no século XX, houve a decisão governamental de abertura e ocupação

das regiões do Cerrado, criando políticas públicas para reorganizar o sistema

produtivo em moldes capitalistas, ocorreu incentivo à produção pecuária mato-

grossense. Com o tempo, definidas as características da região e suas facilidades,

estabeleceram-se os empreendimentos especializados em cria, recria e engorda de

gado, onde os produtores passaram a utilizar processos produtivos mais eficientes,

visando aumentar a produção (ACRIMAT, 2012).

Com o passar dos anos, a agricultura moderna e mecanizada ocupou espaço

e importância dentro estado, uma vez que, tem remunerado melhor o uso da terra,

com maior lucratividade por hectare/ano. Essa atividade passou a investir

intensamente nas áreas mais férteis e de topografias planas, deslocando a

bovinocultura para áreas cuja topografia era ondulada e de menor fertilidade. No

entanto, apesar da agricultura estar crescendo sobre as áreas de pastagens, esse fato

possibilitará maiores ofertas de grãos e coprodutos da agroindústria para a

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intensificação da pecuária de corte, preservando as áreas de florestas, através do

desmatamento evitado. Ao mesmo tempo, agricultores passaram a perceber que a

atividade pecuária poderia gerar renda alternativa e tornar o uso da terra mais

eficiente, os quais tem implantando sistemas integrados de produção. A pecuária

extensiva deve aumentar significativamente sua produtividade através da inclusão de

novas técnicas e da integração com a cadeia de grãos (MICOL et al, 2008).

2.2. Intensificando o uso das pastagens

Os capins do gênero Brachiaria ocupam espaços cada vez maiores na pecuária

brasileira. Em menos de 20 anos após sua implantação e, por ser uma planta pouco

exigente às condições edafoclimáticas, a Brachiaria se configura como suporte

alimentar essencial na criação de gado. Contudo, apesar do potencial dessa

forrageira, os sistemas mais utilizados para pastejo, continuam sendo aqueles

extensivos, em regime extrativista, sem a devida atenção ao manejo da pastagem e

correção/manutenção da fertilidade do solo (COSTA et al., 2006). Além disso, a

importância do gênero é aumentada pela adaptabilidade que essas espécies

apresentam a vários tipos de solos (SOUZA FILHO & DUTRA, 1991) e,

principalmente, pela resistência à cigarrinha-das-pastagens (VALLE et al., 2000).

Porém, independente do capim utilizado para pastejo, produzir bovinos em

pastagens de forma eficiente e lucrativa requer conhecimento dos conceitos de

sistemas de produção, gestão financeira dos dados, compreensão e entendimento de

respostas morfofisiológicas de plantas e animais as estratégias de pastejo adotados

(DA SILVA et al., 2005). Na maioria das vezes os objetivos de maximização das

respostas de plantas e animais individualmente são complexos e independentes.

Mais especificamente, a proposta de um bom manejo do pastejo é realizar

desfolhações frequentes, mas pouco severas, de modo a evitar períodos de baixa

interceptação de luz solar após cada desfolha, assegurando assim, a manutenção de

área foliar suficiente para interceptar completamente a luz incidente. Indicadores como

altura do dossel, massa de forragem total ou de folhas, interceptação luminosa (IL) e

índice de área foliar (IAF) são parâmetros para determinar o correto manejo do pastejo

para tomadas de decisão em condições de campo (DA SILVA et al., 2005).

Os dois principais métodos de pastejo adotados são a lotação contínua e a

lotação rotacionada, sendo a frequência e intensidade de pastejo os parâmetros mais

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importantes para determinar a persistência das plantas forrageiras em ambos

sistemas (LEMAIRE & CHAPMAN, 1996). Qualquer que seja o método de pastejo

utilizado, ele conceitualmente implica num certo grau de controle sobre o pasto e os

animais. Pedreira & Pedreira (2014) afirmou haver alguns benefícios quanto ao uso

da lotação rotacionada em relação à lotação contínua, sendo, aumento da taxa de

lotação, redução da seleção e de áreas de pastejo desuniforme no piquete, aumento

da sobrevivência de espécies e consorciações de plantas que não toleram o pastejo

de lotação contínua, oportunidade de conservação do excesso de forragem

proveniente da época de chuvas, maior tempo de utilização da forragem, aumento da

eficiência de utilização da pastagem e melhor controle de parasitas nos animais

(PEDREIRA & PEDREIRA, 2014).

O método de pastejo, para ser eficiente, com um balanço adequado entre a

quantidade, qualidade de forragem, e maior eficiência de utilização pelo animal deve

idealmente ser combinado com a adoção da taxa de lotação variável. Isso deve ser

feito tanto em lotação rotacionada como em lotação contínua. Animais e forragem

devem interagir de forma complementar as necessidades de cada um, o que implica

em que as práticas de movimentação do rebanho na área de pastagem ocorram

sempre que necessárias e justificadas, em função das necessidades da planta e/ou

animal, mas nunca em função de um calendário fixo ou épocas de mudanças pré-

estabelecidas (ROUQUETTE JR., 1993).

A intensificação do sistema de produção animal em pastagens pode estar

associada ao nível, à intensidade e abrangência dos conhecimentos aplicados no seu

gerenciamento, mais do que ao nível de investimento financeiro ou de utilização de

recursos externos, como adubos e corretivos (CARVALHO et al., 2005). Contudo, a

adubação também pode ser idealizada e proposta para almejar objetivos distintos da

intensificação do sistema produtivo. Com a adubação, é possível suprir a carência de

nutrientes do solo e, assim, proporcionar adequado desenvolvimento das plantas

forrageiras (FONSECA et al., 2011).

A adubação, quando aplicado nas pastagens, tem o intuito de aumentar a

produção de matéria seca, a disponibilidade de forragem e, por consequência, a

capacidade de suporte da área, principalmente na época quente e chuvosa do ano

(período das águas), onde a eficiência de resposta à adubação é maior (MOREIRA,

2000). Em sistemas intensivos, a adubação é utilizada com o objetivo de manter níveis

elevados de produção vegetal e animal (FONSECA et al., 2011).

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O aumento da produtividade do pasto, em geral, é alcançado quando se

realizam aplicações de nitrogênio (FAGUNDES et al. 2006), fósforo, potássio

(TOWNSEND et al., 2000), e outros nutrientes minerais nos pastos. A maior produção

de forragem permite o emprego de maior taxa de lotação na pastagem adubada, o

que, normalmente, resulta em maior produtividade animal por unidade de área

(MOREIRA, 2001). A adubação da pastagem modifica as características morfogênicas

da planta (MARTUSCELLO et al., 2006; FAGUNDES et al.; 2006) e, por conseguinte,

altera a estrutura do pasto (LEMAIRE & CHAPMAN, 1996), sendo esse efeito

condicionado pelo manejo do pastejo.

Segundo Santos et al. (2007), a quantidade mínima de nitrogênio necessária

para garantir a perenidade do pasto e sua frequência de aplicação precisam ser mais

bem definidas. Porém, uma boa alternativa consiste na aplicação de 50 kg/ha de N a

cada dois ou três anos, em forma de rodízio, para adubar uma porcentagem dos

pastos a cada ano.

Os fertilizantes estão cada vez mais onerosos, de modo que o custo dos

adubos, em relação aos preços dos produtos pecuários, vem causando preocupação

nos últimos anos. No entanto, cabe ressaltar que existe sempre uma relação

benefício/custo favorável ao uso da adubação. Isso evidencia que, mesmo com os

elevados preços dos adubos, especialmente os nitrogenados, a adubação ainda pode

ser estratégia para melhorar a rentabilidade dos sistemas de produção, dependendo

da dose utilizada e do manejo do pastejo (FONSECA et al., 2008).

Independentemente dos objetivos almejados, toda estratégia de adubação em

pastagens deve estar em consonância com o contexto atual no que diz respeito às

condições econômicas e ambientais vigentes na região, assim como adequações do

manejo do pastejo a fim de otimizar o uso da forragem produzida.

2.3. Suplementação de bovinos em pastejo

O princípio básico e universal de qualquer sistema de produção animal é a

obtenção do equilíbrio entre suprimento e demanda por alimentos (SILVA &

PEDREIRA, 1996). Nesse contexto, o longo período de recria e engorda de bovinos

mantidos em pastagem recebendo apenas suplementação de minerais tem se

mostrado cada dia menos eficiente, principalmente pelo baixo e demorado retorno

econômico do capital investido.

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O valor nutritivo de uma forragem é afetado não apenas pela estacionalidade

da produção, mas também pela idade da planta. Forragens que deixam de ser

pastejadas no momento correto envelhecem, ocorrendo aumento dos carboidratos

estruturais em detrimento dos carboidratos solúveis, redução dos teores de proteína

bruta e da digestibilidade. Este fato é responsável pela redução na ingestão de matéria

seca pelos animais devido a diminuição das taxas de digestão e passagem do

alimento pelo trato digestivo do bovino (VAN SOEST, 1994).

Nesse contexto, a suplementação energética e/ou proteica dos pastos pode

constituir-se em ferramenta auxiliar para melhorar o valor nutritivo da dieta e o

desempenho individual dos animais, aumentar a taxa de lotação dos pastos,

incrementando a produção total de carne por unidade de área, bem como melhorar a

qualidade da carcaça dos animais e a eficiência reprodutiva (LUCHIARI FILHO, 1998;

EUCLIDES & MEDEIROS, 2005; CORREIA, 2006; RAMALHO, 2006; COSTA, 2007;

SANTOS et al. 2007).

Reis et al. (2011) destacam que o termo suplementação é muitas vezes usado

inadequadamente, uma vez que o alimento fornecido pode compor toda a dieta do

animal. Assim, suplemento deve ser considerado como um complemento da dieta, o

qual supre os nutrientes deficientes na forragem colhida durante o pastejo (REIS et

al., 1997). Existem basicamente dois objetivos para a utilização de suplementos,

sendo eles: suprir nutrientes limitantes à manutenção ou incrementar o ganho de peso

vivo (ANDRADE & PRADO, 2011), tornando a exploração mais lucrativa (ALMEIDA &

AZEVEDO, 1996). Adicionalmente, Reis et al. (1997) afirmam que o uso de

suplementos além de corrigir a deficiência de nutrientes da forragem, aumenta a

capacidade de suporte das pastagens, e também auxilia no manejo das pastagens.

Segundo Paulino (2001), o fornecimento de nutrientes via suplementação pode

possibilitar desempenho diferenciado aos animais, desde a simples manutenção de

peso, passando por ganhos moderados de 200 a 300 g/animal/dia, até ganhos de 500

a 600 g/animal/dia.

As principais alterações observadas quando se fornece suplementos

energético e/ou proteico para animais mantidos em pastagens é a ocorrência de três

efeitos associativos entre o pasto e o suplemento: substitutivo, aditivo e, combinado.

O efeito substitutivo é caracterizado pela diminuição do consumo de energia digestível

oriunda da forragem, em decorrência do consumo do suplemento. Revisão de

publicações nacionais realizada por Malafaia et al. (2003), mostraram que o

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fornecimento de suplemento proteico-energético em quantidade superior a 0,2% do

peso vivo tende a reduzir o consumo de forragem, principalmente quando o

suplemento apresenta altos teores de carboidratos não fibrosos de rápida

fermentação.

O efeito aditivo refere-se ao aumento do consumo total de energia digestível

devido ao incremento no consumo do concentrado, podendo o consumo de forragem

permanecer o mesmo ou ser aumentado. De acordo com o NRC (1984), o consumo

de uma forragem com baixo nível de proteína é incrementado quando uma pequena

quantidade de suplemento proteico for fornecida. De acordo com Horn & McCollum

(1987), o consumo de suplemento em até 0,7% do peso vivo (PV) em concentrado

não reduziu o consumo de forragem. Resultados de estudos realizados no Brasil

mostraram que desde que se tenha massa de forragem ad libitum, o consumo de

forragem na época da seca começa a ser reduzido quando os bovinos são

suplementados com mais de 0,5% do peso vivo (SILVA et al., 2010).

No efeito combinado, observa-se ambos os efeitos substitutivo e aditivo, ou

seja, há acréscimo no consumo de forragem e ao mesmo tempo elevação no de

concentrado, o que resulta em maior consumo de energia. De maneira geral, todo

programa de suplementação objetiva fornecer aos animais nutrientes que estão em

déficit na dieta, e não substituir a forragem pelo suplemento. Todavia, o que

normalmente ocorre é o efeito substitutivo, pois, o pecuarista dá mais ênfase ao

suplemento do que ao pasto, sendo o último na maioria dos casos a principal fonte de

nutrientes disponíveis na dieta (ANDRADE & PRADO, 2011).

Diante do exposto, deve-se considerar as diferentes épocas do ano e, então,

traçar um plano de suplementação energética e/ou proteica de bovinos a pasto que

permita a expressão do potencial máximo de produção dos bovinos associado ao

ótimo desempenho econômico.

2.4. Viabilidade econômica da suplementação a pasto

O produto em análise (carne bovina) refere-se a uma commodity e seu mercado

é classificado como concorrência perfeita, isto é, ocorre competição entre os

produtores, que são tomadores de preço. Em mercados com concorrência perfeita os

produtores podem vender qualquer quantidade ao preço de equilíbrio (intersecção das

curvas de oferta e demanda) e o aumento de preços faz com que percam grande parte

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de seus clientes. O modelo de competição perfeita baseia-se em três suposições

básicas: todas as empresas produzem um produto idêntico; cada uma delas é tão

pequena em relação à dimensão do setor que suas decisões não têm impacto sobre

o preço de mercado (são aceitadoras de preços) e há livre entrada e saída de

concorrentes. No curto prazo, estas empresas operam com lucro econômico positivo.

No longo prazo, quando a entrada de participantes no mercado torna-se viável, o lucro

econômico positivo atrai a entrada de novos competidores e essa entrada ocorre até

o ponto no qual o lucro econômico passa a ser zero, não sendo mais um investimento

atrativo a novos investidores (BORTOLUZZO et al., 2011).

Como a pecuária é um setor onde as decisões de mercado são soberanas, uma

grande parte dos produtores de carne bovina já perceberam o fato de que o uso de

tecnologias visa justamente intensificar o retorno do capital sobre a produtividade

animal, pois essa etapa da cadeia produtiva ainda está sob controle do produtor rural.

E a nutrição tem grande impacto na maximização dos resultados produtivos dos

rebanhos bovinos. Porém, um desafio constante é predizer com exatidão o impacto

que a suplementação exercerá no desempenho animal e principalmente na

rentabilidade da atividade (REIS et al., 2004).

Uma estratégia de suplementação adequada seria aquela destinada a

maximizar o consumo e digestibilidade da forragem disponível com o menor custo

possível (REIS et al., 1997). Para isso, é necessário conhecer as exigências dos

animais e dos microrganismos do rúmen, o conteúdo de nutrientes da forragem e do

suplemento, bem como a proporção de proteína degradável e não degradável no

rúmen e de energia digestível, a capacidade de consumo dos animais, e as possíveis

interações que ocorrem entre o consumo e a digestibilidade da forragem e do

suplemento, e o retorno econômico da estratégia adotada (DEL MORO, 1990 citado

por ANDRADE & PRADO, 2011). Segundo Paulino et al. (2008), a avaliação da

viabilidade econômica deve levar em conta as particularidades de cada sistema. A

disponibilidade ou não de suplementos a baixo custo, logística de matéria-prima local

e/ou distribuição do produto final para uso junto ao mercado consumidor, o próprio

custo de implantação, melhoramento e manutenção das pastagens podem ser

bastante distintos para um ou outro produtor, o que pode viabilizar ou não o sistema.

Silva et al. (2010) testaram diferentes níveis de suplementação com

concentrado (0,3; 0,6 e 0,9% do peso vivo do animal) em comparação à

suplementação com sal mineral utilizando bovinos Nelore no período da seca e

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concluíram que os níveis de suplementação elevaram a quantidade de carne

produzida por hectare. No entanto, o aumento da receita é menos acentuado que a

dos custos, o que resulta em redução do lucro de acordo com os níveis de

suplementação estudados.

Existem duas formas básicas de interferir no ganho financeiro real de uma

atividade: aumentando seu preço de venda, mas com algumas consequências em

relação à demanda, ou implementando uma política de redução de custos e aumento

de produtividade, que também favoreceria o aumento da margem sem, contudo,

depender diretamente do fator demanda (FIGUEIREDO et al., 2007). Enquanto a

viabilidade técnica da suplementação de animais em pastejo é considerada

praticamente consolidado, questionamentos quanto a sua viabilidade econômica

existem desde longa data, muito embora comparações econômicas entre os sistemas

intensivos e extensivos de pecuária tenham apontado para resultados superiores para

os sistemas intensivos (PILAU et al., 2003).

A cada ano que passa, o agronegócio brasileiro consolida sua importante

posição na economia, como resultado do avanço tecnológico, do incremento na

produtividade e da ocupação de novas áreas (FERNANDES et al., 2007). Desta

maneira, como qualquer atividade do setor pecuário, para se manter competitiva, deve

ser constantemente avaliada, principalmente no que tange aos aspectos econômicos.

Neste contexto, os custos de produção da atividade, a receita obtida e a rentabilidade

do capital investido são fatores importantes para o sucesso de qualquer sistema de

produção (SILVA et al., 2009).

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3. ESTRATÉGIAS DE SUPLEMENTAÇÃO NA RECRIA: IMPACTOS

PRODUTIVOS E COMPORTAMENTAIS SOBRE A ENGORDA DE

BOVINOS DE CORTE

Resumo – A bovinocultura de corte no Brasil é uma das principais atividades econômicas geradora de empregos. No entanto, os índices de produtividade estão aquém do potencial produtivo possível. Uma das razões para a baixa produção está a falta de uso de tecnologias para melhorar o desempenho dos animais na recria, e reduzir o período, que leva em média 24 meses. Assim, objetivou-se avaliar estratégias de suplementação da recria nas águas e o impacto sobre a engorda de bovinos de corte no período seco sob pastejo. O experimento foi conduzido na propriedade rural localizada no município de Rondonópolis – MT. A área experimental continha 4,8 ha de capim-marandu. O período experimental teve duração de 301 dias, sendo esse período dividido em duas fases. A primeira fase, recria dos animais, durou 170 dias. A segunda fase, período de engorda, 131 dias. Estipulou-se a meta de peso de abate de 540 kg. Utilizou-se delineamento em blocos casualizados com três tratamentos durante o período de recria nas águas (sal mineral; 0,6% PV; 1,2% PV). No período seco do ano, avaliou-se o impacto das estratégias na recria nas águas sobre à produção e comportamento dos animais na engorda, onde todos os animais passaram a receber concentrado ad libitum. Utilizaram-se 36 novilhos não castrados da raça Brangus, com peso vivo médio inicial de 217,97 kg ± 14 kg, e idade de 10 a 12 meses. Houve efeito quadrático para os desempenhos na fase de recria, ponto de máxima para 1,1% PV, GPD estimado em 0,890 kg/cab/dia. Os animais suplementados com 1,2% PV apresentaram ganhos de peso diário, 0,887 kg/cab/dia (P<0,05). No período de recria, os animais suplementados com 0,6% e 1,2% PV apresentaram acréscimo de 0,482 kg/cab/dia e 0,603 kg/cab/dia, respectivamente ao grupo controle; com 82,01 e 102,59 kg de PV, 2,73 @ e 3,41 @ a mais no período avaliado. O tratamento 1,2% PV apresentou ao final do período de recria 83,68% a mais de taxa de lotação, quando comparado ao grupo controle. No período de engorda foi de 124,85%, e quando considerado o período de recria-engorda a diferença foi de 106,30%. Na fase de engorda, quando os animais tinham acesso ad libitum ao suplemento, os animais que receberam maiores níveis de suplementação na fase de recria (1,2% PV) obtiveram pior desempenho (P<0,05): 1,352 kg/cab/dia. O grupo controle na fase de recria ganhou 1,569 kg/cab/dia na fase de engorda. O peso de abate dos animais em arrobas foram: 17,31 (controle); 19,80 (0,6% PV); 20,52 (1,2% PV). Estimando-se os valores em produção de @/ha/ano, chegou-se aos valores de 96,54 (controle); 136,72 (0,6%); e 198,83 @/ha/ano (1,2%). Essa produtividade é 1.831%, 2.634% e 3.877%, respectivamente, mais produtivo quando comparada à média brasileira, que é de 5@/ha/ano. Os animais ficaram em ócio boa parte do dia, devido ao alto consumo de suplemento e o baixo tempo de pastejo. A estratégia de suplementação de 1,2% PV na recria, no período chuvoso proporcionou o abate de animais mais pesados, maiores taxas de lotação, e maior produção de arroba/ha/ano. As atividades de comportamento ingestivo dos novilhos na fase de engorda tiveram efeito da estratégia adotada na fase de engorda dos animais.

Palavras-chave: Comportamento ingestivo, engorda, forragem, suplementação.

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SUPPLEMENTARY STRATEGIES IN POST-WEANING: PRODUCTIVE

AND BEHAVIORAL IMPACTS ON THE BEEF CATTLE FATTENING

Abstract – The beef cattle in Brazil is one of the main economic activities generating jobs. However, productivity levels are short as possible productive potential. One reason for the low production is the lack of use of technologies to improve the performance of animals in growing and reduce the period it takes on average 24 months. The objective was to evaluate supplementation strategies recreates the waters and the impact on fattening beef cattle in the dry season grazing. The experiment was conducted in a rural property located in the city of Rondonópolis - MT. The experimental area contained 4.8 ha of marandu-grass. The trial lasted 301 days, this period being divided into two phases. The first stage of rearing animals lasted 170 days. The second phase of fattening period 131 days. Stipulated up to 540 kg slaughter weight target. Design was used in a randomized block design with three treatments during the rearing period in water (mineral salt, 0.6% LW, 1.2% LW). In the dry season, we evaluated the impact of the strategies in the growing waters on the production and behavior of animals in fattening, where all the animals have received concentrate ad libitum. They used 36 bulls uncastrated the Brangus breed, with average weight of 217.97 kg ± 14 kg and aged 10 to 12 months. There was a quadratic effect on the performance in the growing phase, maximum point to 1.1% BW, ADG estimated at 0.890 kg/head/day. The animals supplemented with 1.2% PV showed daily weight gains, 0.887 kg/head/day (P<0.05). In the rearing period, the animals supplemented with 0.6% and 1.2% PV showed an increase of 0.482 kg/head/day and 0.603 kg/head/day, respectively the control group; with 82.01 and 102.59 kg of LW, 2.73 and 3.41 @ the most during the study period. Treatment 1.2% LW presented at the end of the rearing period 83.68% higher stocking rate, when compared to the control group. The fattening period was 124.85%, and when considering the period of growing-fattening the difference was 106.30%. In the fattening phase, when the animals had access ad libitum to supplement the animals that received higher levels of supplementation in the growing phase (1.2% LW) had the worst performance (P<0.05): 1.352 kg/head/day. The control group in the growing phase gained 1.569 kg/head/day in the fattening stage. The animal slaughter weight in kilos were: 17.31 (control); 19,80 (0,6% PV); 20.52 (1.2% BW). Estimating the values in production @/ha/year was reached values of 96.54 (control); 136.72 (0.6%); and @ 198.83/ha/year (1.2%). This productivity is 1.831%, 2.634% and 3.877%, respectively, more productive compared to the national average, which is 5 @/ha/year. The animals were in idle most of the day due to high consumption of supplement and low grazing time. The 1.2% LW supplementation strategy in the growing, in the rainy season provided the slaughter of heavier animals, higher stocking rates, and increased production at sign/ha/year. The feeding behavior of activities of the bulls in the fattening stage had an effect of the strategy on animal fattening stage.

Keywords: Feeding behavior, fattening, forage, supplementation.

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3.1. Introdução

O Estado de Mato Grosso possui o maior rebanho de bovinos de corte (28,4

milhões de cabeças) e a maior produção de grãos do Brasil (28 milhões/ton/ano)

(IMEA, 2013). Essas particularidades possibilitarão a bovinocultura mato-grossense

tornar-se uma das maiores produtoras de carne do mundo. No entanto, para

acompanhar a crescente demanda de consumo de carne bovina vindoura e contornar

alguns dos problemas ambientais relacionadas ao setor, a solução apontada é a

intensificação da produtividade. Para intensificar a bovinocultura deve-se reduzir o

ciclo produtivo e aumentar a capacidade de suporte das pastagens.

A diminuição do tempo de abate dos animais, do número de animais em recria

e do tempo de duração desta fase, tornam-se importantes para o desenvolvimento de

uma bovinocultura de corte com menor ciclo de produção. A intensificação da

produção de gado de corte implica, entre outros fatores, em acelerar o crescimento e

a engorda dos bovinos, de modo a promover o abate em idade cada vez mais precoce

(HOFFMANN et al. 2014). Os índices de produtividade por animal e por área estão

bem abaixo do potencial da pecuária brasileira. De acordo com Homma et al. (2006),

cada animal produz em média 140 a 160 kg/cab/ano e uma produção por área de 70

a 160 kg/ha/ano.

O uso de suplementos concentrados é uma excelente ferramenta quando se

almeja uma pecuária de ciclo curto com altos ganhos por área e produtividade acima

da média nacional. Para obtenção de tais metas, a suplementação dos animais em

pastagens surge como uma ferramenta para o suprimento de nutrientes limitantes,

bem como para o aumento da eficiência de utilização das forragens (POPPI &

MCLENNAN, 1995), isto porque na maioria das situações, a fonte de forragem não

contém todos os nutrientes essenciais na proporção adequada de forma a atender

integralmente as exigências dos animais em pastejo (PAULINO et al., 2005).

Dessa maneira, a pecuária de corte brasileira tem a possibilidade de seguir

novos rumos, com novas tecnologias de intensificação, como adubação e

suplementação. Porém, essas estratégias produtivas devem ser bem avaliados

quanto ao retorno econômico e produtivo. Dessa forma, objetivou-se, em condições

de manejo de pastagens tecnificado, avaliar as estratégias de suplementação da

recria de novilhos de corte e elucidar quais os seus efeitos sobre o desempenho e

comportamento de bovinos de corte na fase de engorda.

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3.2. Material e Métodos

O experimento foi conduzido na propriedade rural Nossa Senhora Aparecida,

conveniada à Universidade Federal de Mato Grosso, localizada no município de

Rondonópolis - MT (16°28’45" Sul; 54°31’49" Oeste; 284 m de altitude). O clima na

região é o tropical quente, com estação seca no inverno (classificação climática de

Köppen Awh), apresentando temperatura média anual de 24,8ºC. A precipitação

pluvial média anual é de 1.500 mm, com 85% do total de chuvas concentradas nos

meses de novembro a março. Os dados de precipitação mensal e temperaturas

médias durante o experimento foram coletados na estação meteorológica do Campus

de Rondonópolis, credenciada junto ao Instituto Mato-grossense de Meteorologia

(Figura 1).

Figura 1. Precipitação mensal (mm) e temperaturas médias (°C) durante o período experimental.

A área experimental de 4,8 ha, formados com o capim-marandu (Brachiaria

brizantha cv. Marandu), foi dividida em dois blocos de 2,4 ha. Cada bloco foi composto

por três áreas de pastejo (0,8 ha), onde foram dispostos os tratamentos. Por sua vez,

cada área de pastejo foi subdivida em oito piquetes de 0,1 ha para uso no método de

pastejo com lotação rotacionada. Cada área de pastejo foi composto por uma área de

lazer de 200 m2 na qual foram alocados os comedouros e bebedouros.

109

572

180

53 6581

100

0 0

44

27,626,6 26,9 27,1 27,3

25,324,4

23,6

25,7

29

0

5

10

15

20

25

30

35

0

100

200

300

400

500

600

dez/11 jan/12 fev/12 mar/12 abr/12 mai/12 jun/12 jul/12 ago/12 set/12

Precipitação T°C Média

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1* Gerou-se uma equação para estimar o rendimento de carcaça dos animais, com base num banco de dados de 102.000 cabeças de bovinos abatidos em fazendas comerciais, que foram terminados com suplementação ad libitum a pasto, similar ao presente estudo.

Nos dias 19/08/2011 a 22/08/2011 foi realizado o controle químico de plantas

invasoras na área, utilizando-se do princípio ativo 2,4-D + Picloran. Coletou-se

amostras de solo na profundidade de 0 a 20 cm para caracterização física e química

da área. Foram coletadas 48 amostras simples e foram confeccionadas duas

amostras compostas, uma para cada bloco. Estas amostras foram encaminhas a um

Laboratório de Análises de Solos credenciado pela Empresa Brasileira de Pesquisa

Agropecuária. As características granulométricas e químicas dos solos amostrados

estão apresentadas na Tabela 1.

Tabela 1. Resultado da análise física e química do solo da área experimental.

Amostra pH P K Ca2+ Mg2+ H + Al3+

Al3+ MO SB CTC V% Argila Silte Areia Total

Bloco 1 4,7 320 93 2,0 0,4 4,3 0,0 16,8 2,6 6,9 38,0 200 75 725

Bloco 2 5,0 135 93 3,6 0,5 3,0 0,0 20,0 4,4 7,4 59,2 135 75 790

pH em CaCl2; P (mg/dm3); K (mg/dm3); Ca2+ (cmolc/dm3); Mg2+ (cmolc/dm3); H + Al3+ (cmolc/dm3); Al3+ (cmolc/dm3);

MO (g/Kg); SB (cmolc/dm3); CTC (cmolc/dm3); V% (%); argila (g/Kg); silte (g/Kg); areia total (g/Kg).

O período experimental com 301 dias de duração, foi dividido em duas fases.

A primeira fase, recria dos animais, durou 170 dias (05/12/2011 a 22/05/2012).

Estipulou-se o peso final da recria de 360 kg, assim que um dos tratamentos atingisse

esse peso, essa fase seria finalizada, iniciando-se a engorda. A segunda fase, período

de engorda, foi de 131 dias (23/05/2012 a 30/09/2012). Estipulou-se o peso de abate

de 540 kg, sendo que, assim que um dos tratamentos atingisse esse peso, o

experimento seria finalizado. Não foi possível a obtenção do rendimento de carcaça

dos animais experimentais, devido a restrições internas da indústria frigorifica1.

A área experimental foi fertilizada com 120 kg de N/ha; 50 kg/ha de K2O; e 30

kg/ha de P2O5. A adubação foi realizada com base nos resultados da análise de solo

e nas recomendações de Cantarutti et al. (1999), em sistemas de exploração de médio

nível tecnológico. A adubação foi realizada logo após a saída dos animais dos

piquetes, nos três primeiros ciclos de pastejo, durante o período chuvoso. Porém, a

adubação fosfatada foi realizada de uma única vez.

O experimento foi conduzido em delineamento blocos casualizados, por área,

com três tratamentos durante o período de recria nas águas, correspondendo: sal

mineral; 0,6% PV e 1,2% de peso vivo (PV) de fornecimento de suplemento

concentrado, com 12 animais por tratamento.

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No período seco do ano, avaliou-se o impacto das estratégias na recria

intensiva nas águas sobre a fase de engorda dos animais, onde todos os tratamentos

e repetições passaram a receber concentrado ad libitum.

Utilizaram-se 36 novilhos não castrados da raça Brangus, denominados

animais-testes, com PV médio inicial de 217,97 kg ± 14 kg e idade entre 10 e 12

meses, devidamente vermifugados, e vacinados (clostridioses, botulismo e febre

aftosa). Após as pesagens iniciais, os animais foram distribuídos ao acaso nos

tratamentos, e posteriormente, destinados aos piquetes. Os pesos médios iniciais dos

animais na fase de recria e engorda encontram-se na Tabela 2. Durante o período

experimental os animais foram pesados a cada 28 dias, no sentido de acompanhar o

desenvolvimento dos mesmos e permitir o ajuste da oferta de suplemento para cada

tratamento após as pesagens. Nas pesagens inicial e final, todos os animais foram

submetidos ao jejum por 14 horas.

Tabela 2. Peso vivo inicial (kg) dos animais submetidos a diferentes níveis de suplementação durante o período das águas na fase de recria e suplementação ad libitum na fase de engorda na seca.

Bloco Fase Tratamentos

Bloco Tratamentos

Controle 0,6% PV 1,2% PV Controle 0,6% PV 1,2% PV

1 Recria 217,67 217,67 218,33

2 217,67 217,67 218,33

Engorda 268,42 356,42 371,67 263,08 339,83 366,33

Quinzes novilhos (animais reguladores) de igual composição genética e

contemporânea aos animais testes foram adicionados e removidos das áreas sempre

que houve necessidade de se ajustar à capacidade de suporte da pastagem dos

piquetes. No experimento, o ajuste da taxa de lotação foi necessário sempre que

houve efeito de substituição do consumo de forragem pelo suplemento. Antes de

serem colocados nos piquetes, registravam-se os pesos e o número de animais

reguladores adicionados em cada tratamento, anotando-se as horas, datas de entrada

e de saída dos animais, visando determinar a taxa de lotação por hectare.

O ganho de peso diário dos animais testes foi utilizado para estimar o

desempenho individual dos novilhos. O ganho de peso por área (kg/ha) foi calculado

com base no ganho de peso individual médio e no número de animais (testes e

reguladores) em cada área experimental, em dia/ha. A taxa de lotação (unidade

animal por hectare) foi calculada com base nos quantitativos, pesos e tempo de

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permanência dos animais testes e reguladores presentes em cada área experimental

(CASAGRANDE, 2010; PACIULLO et al., 2011).

A suplementação ofertada constituiu-se de uma ração comercial (Novanis Corte

Plus 18®), com 18% de proteína bruta e 76% de nutrientes digestíveis totais. A

composição dos ingredientes (% matéria natural) do suplemento utilizado e a

composição química dos alimentos encontram-se nas Tabela 3. Os suplementos

foram fornecidos apenas uma vez ao dia (7:00 hs). Todos os animais tiveram livre

acesso à mistura mineral, disponibilizada em cochos apropriados posicionados na

área de lazer de cada área experimental.

Tabela 3. Composição do suplemento com base na matéria seca (%).

Alimentos MS PB EE MM FDN FDA NDT

Película de Soja 90,2% 11,7% 2,3% 5,0% 65,5% 47,1% 68,7%

Milho moído 88,2% 9,1% 4,2% 1,6% 14,1% 4,2% 85,3%

Sorgo moído 89,1% 9,7% 2,9% 2,1% 14,5% 6,1% 79,8%

Torta de algodão 90,1% 27,8% 9,7% 4,8% 51,2% 35,2% 45,3%

Como método de pastejo, utilizou-se durante a fase de recria nas águas a

lotação rotacionada, com ciclo de pastejo com dias de ocupação variáveis,

empregando-se a técnica put-and-take (MOTT & LUCAS, 1952). Quando a altura

média do resíduo pós-pastejo atingisse 20 cm, os animais eram destinados a outro

piquete. Para a orientação do próximo piquete a ser pastejado pelos animais, utilizou-

se como parâmetro o piquete que estivesse com o dossel forrageiro mais próximo de

95% de interceptação luminosa (IL).

Além da IL, avaliou-se também o índice de área foliar (IAF). Para a

determinação do IAF e IL utilizou-se o aparelho AccuPAR Linear PAR/LAI ceptometer,

Ingredientes Matéria Seca (%)

Casca de Soja 29,89%

Milho moído 24,63%

Sorgo moído 21,03%

Torta de algodão 20,15%

Carbonato de Cálcio 2,15%

Ureia 1,98%

Enxofre 0,07%

Monensina 0,01%

Premix Mineral 0,08%

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modelo LP-80 (DECAGON Devices). Para quantificar a IL foram efetuadas 15 leituras

por piquete em locais representativos. O monitoramento da IL seguiu à metodologia

descrita por Carnevalli (2003). Na fase de engorda dos animais, dentro do período

seco, em decorrência da baixa produção de forragem, o método de pastejo adotado

foi o de lotação contínua, onde os piquetes de cada área experimental foram abertos

para pastejo. Os dados de altura do dossel forrageiro foram obtidos no momento das

medições da IL. Nesse procedimento foi utilizada uma régua de madeira graduada em

centímetros, sendo as leituras obtidas na inflexão das folhas mais altas (BARTHRAM,

1985), associada a uma folha de transparência. Estas medidas foram realizadas em

todos os piquetes para cada ciclo de pastejo em 30 pontos por piquete.

A massa de forragem pré e pós pastejo, o acúmulo de forragem e a densidade

de perfilhos durante o período chuvoso foram obtidas a partir da amostragem de

forragem de três piquetes por área experimental e por ciclo de pastejo com três

repetições por piquete. Neste procedimento foram utilizados quadros de amostragem

de 0,50 m2 (1,0 m x 0,50 m), alocados em pontos representativos da altura média do

pasto. Primeiramente foi realizada a contagem de perfilhos basais e aéreos. Em

seguida, o corte da forragem a 20 cm do solo (t’ MANNETJE, 1978). No período seco

do ano foi realizado apenas uma amostragem mensal da altura, com três repetições

por piquete, utilizando-se os mesmos quadros de amostragem de forragem.

Após serem coletadas, as amostras foram acondicionadas em sacos plásticos

e transportadas para o laboratório, onde permaneceram congeladas em freezer a

temperatura –15°C até o momento do seu fracionamento morfológico. As amostras de

forragem foram pesadas e separadas manualmente em lâmina foliar, colmo + bainha

e material senescente. Posteriormente, essas frações foram secas em estufa de

circulação forçada de ar por 72 horas a 65 ºC, para expressão dos dados de acúmulo

e de massa de forragem em MS/ha e para determinação da relação lâmina foliar:

pseudocolmo. A soma da massa seca das três frações morfológicas totalizou a massa

de forragem total expressa em kg/ha de MS.

Os teores de matéria seca foram determinados seguindo a metodologia de

Silva & Queiroz (2002). O percentual de cada fração multiplicado pela massa total de

forragem (MF) permitiu a estimativa da massa de lâmina foliar/ha (MLF), massa de

colmos + bainhas/ha (MCB) e massa de material senescente/ha (MMS). A massa de

forragem verde/ha (MFV) foi obtida subtraindo-se da MF a MMS. Foram estimados os

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consumos de matéria seca, NDT e PB conforme BR-Corte (VALADARES FILHO et al.

2010).

O acúmulo de forragem foi obtido pela subtração da massa de forragem do pré-

pastejo pela massa de forragem do pós-pastejo do período anterior. Com o valor

obtido, dividindo pelo número de dias do período de descanso correspondente,

encontrou-se a taxa de acúmulo de forragem (kg/ha/dia). A densidade de perfilhos foi

calculada pelo número de perfilhos basais e aéreos contidos dentro de um retângulo

de 0,15 m2. Por meio da técnica de simulação do pastejo foram coletadas três

amostras por área experimental para cada ciclo de pastejo. Estas amostras foram

secas em estufa com circulação forçada de ar a 65°C por 72 horas, e processadas em

moinho do tipo Willey, em peneira de 1 mm e encaminhadas para análises.

Todas as amostras de capim e concentrado foram analisadas quanto aos

teores de matéria seca (MS); matéria mineral (MM); proteína bruta (PB), fibra em

detergente neutro (FDN); fibra em detergente ácido (FDA); e extrato etéreo (EE),

conforme técnicas descritas por Detmann et al. (2012). As análises bromatológicas

foram realizadas no Laboratório de Nutrição Animal da Faculdade de Medicina

Veterinária, Agronomia e Zootecnia - FAMEV, da Universidade Federal do Mato

Grosso, Campus de Cuiabá.

Na Tabela 4 e 5 estão descritas as composições bromatológicas e as

características estruturais da pastagem da área experimental.

Tabela 4. Composição bromatológica (%) das amostras de B. brizantha cv. Marandu obtidas por meio da simulação de pastejo, em função dos tratamentos.

Composição Bromatológica

Tratamentos

0 0,6% 1,2%

Águas Seca Águas Seca Águas Seca

Matéria Seca 27,94 41,34 29,50 45,72 30,01 43,23

Proteína Bruta 10,49 6,76 9,05 7,92 11,67 6,94

Extrato Etéreo 1,74 0,54 1,31 1,60 1,40 0,84

Matéria mineral 14,37 19,40 10,03 18,70 9,06 18,65

Fibra em detergente neutro 56,23 70,51 69,22 78,09 65,33 67,93

Fibra em detergente ácido 33,45 38,56 33,81 37,51 32,11 37,77

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36

Tabela 5. Valores médios da estrutura da pastagem de B. brizantha cv. Marandu obtidos em função dos tratamentos ao longo do período experimental.

Estrutura da pastagem

Tratamentos

0 0,6% 1,2%

Águas Seca Águas Seca Águas Seca

Massa (kg MSV/ha) 1.814 1.121 2.214 1.342 2.451 1.213

Lâmina Foliar (%) 82,44 69,81 76,72 61,9 75,44 58,91

Colmo+Bainha (%) 12,21 16,54 15,42 23,43 16,21 25,33

Material Morto (%) 5,35 13,65 7,86 14,67 8,35 15,76

Altura (cm) 45,54 25,87 55,34 26,65 58,43 24,43

IAF 4,45 3,23 5,43 3,11 5,65 3,20

IL (%) 93 89 94 91 96 90

Perfilhos/0,15m2 155 102 122 95 115 91

Realizou-se também avaliação do comportamento dos animais durante o

período de engorda. Os dados sobre o comportamento de pastejo dos 36 animais

foram obtidos por seis observadores treinados, com turno de observação de doze

horas consecutivas, iniciando-se às 6:00 h e encerrando-se às 18:00 h. Os

observadores foram posicionados em cada área experimental, equipados de

binóculos e pranchetas de anotação. Cada animal foi identificado com uma

numeração realizada com tinta preta na região das costelas, de ambos os lados, no

sentido de permitir sua identificação pelos observadores.

As observações foram realizadas durante o período de engorda dos animais,

após a estabilização do consumo, visando identificar o efeito das estratégias da recria

sobre a fase de engorda dos animais. As avaliações ocorreram nos dias 25/08/2012;

01/09/2012 e 08/09/2012, sendo no 95º, 102º dia e 109º dia após início do período de

engorda. A cada cinco minutos eram realizadas as anotações dos respectivos

comportamentos dos animais, sendo avaliados individualmente. Durante as

observações, foram anotados os tempos gastos nas atividades de: pastejo, ruminação

(em pé e deitado), ócio (em pé e deitado), tempo gasto pelos animais com ingestão

de água e de consumo de suplemento no cocho.

Considerou-se como tempo de pastejo, o tempo gasto pelos animais na

seleção, preensão da forragem e manipulação do bolo alimentar, incluindo os curtos

espaços de tempo utilizados no deslocamento para seleção de forragem. O tempo de

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ócio foi considerado como o período em que os animais não mostravam atividade de

locomoção e ausência de movimentos mandibulares. O tempo gasto na

regurgitação/remastigação dos bolos alimentares e o tempo decorrido entre a

deglutição/regurgitação foi computado como tempo de ruminação. O tempo de

permanência no cocho foi considerado o período em que os animais ficavam próximo

do cocho consumindo o suplemento. O tempo de consumo de água era considerado

o tempo que os animais passavam no bebedouro. As atividades comportamentais dos

animais foram consideradas como mutuamente excludentes.

As variáveis estudadas foram analisadas em delineamento em blocos

casualizados utilizando modelos mistos, sendo o tratamento considerado como efeito

fixo, bloco e resíduo como efeito aleatório. Utilizou-se o procedimento MIXED do SAS,

versão 9.3. A opção LSMEANS foi utilizada para gerar as médias individuais para

tratamentos. Os polinômios ortogonais foram utilizados para partição especifica dos

efeitos de tratamento em linear e quadrático, e os efeitos foram declarados

significativos quando P<0,05.

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38

3.3. Resultados e Discussão

3.3.1. Produção e desempenho por animal

Os dados de desempenho foram analisados para o período de recria, somente

engorda e juntando os dois períodos, fase de recria-engorda. Ao analisar os dados de

desempenho dos animais na fase de recria (Tabela 6), verifica-se que houve efeito

quadrático (P<0,05) para todas as variáveis avaliadas. O ponto de máximo ganho de

peso diário (GPD) na recria foi obtido com a suplementação de 1,1% PV; GPD = 0,283

+ 1,104 * %PV – 0,501770153 * (%PV)2, estimado em 0,890 kg/cab/dia.

Tabela 6. Desempenho de bovinos de corte submetidos a suplementação estratégica nas águas (recria) e ad libitum na seca (engorda).

Variáveis Tratamentos

EPM1 Valor P

Controle 0,6% 1,2% Linear Quad.

Recria

Peso corporal inicial/Recria (kg) 217,63 218,00 218,29 5,275 - -

Peso corporal final/Recria (kg) 265,75 348,13 369,00 8,033 <0,001 0,004

Ganho de peso diário/Recria (kg) 0,283 0,766 0,887 0,037 <0,001 <0,001

Ganho de peso total/Recria (kg) 48,12 130,13 150,71 6,307 <0,001 <0,001

Engorda

Peso corporal inicial/Engorda (kg) 265,75 348,13 369,00 8,033 <0,001 0,004

Peso corporal final/Engorda (kg) 471,25 529,42 546,08 19,927 <0,001 0,239

Ganho de peso diário/Engorda (kg) 1,581 1,395 1,362 0,037 <0,039 <0,391

Ganho de peso total/Engorda (kg) 205,50 181,29 177,08 13,986 0,039 0,390

1EPM = Erro Padrão da média;

No período de recria, os animais suplementados com 0,6% e 1,2% PV

apresentaram acréscimo de 0,482 e 0,603 kg/cab/dia, respectivamente em relação ao

grupo controle; sendo 82,01 e 102,59 kg/animal no período, correspondendo a uma

produção de 2,73 @ e 3,41 @ a mais, (Rendimento de carcaça de 50%).

Os ganhos de peso do grupo controle na fase de recria foram bem abaixo do

potencial genético dos animais. Demonstrando que animais meio-sangue (Brangus),

exigem melhores condições de ambiente, sendo que, apenas suplementação mineral

e forragem podem limitar o desempenho dos mesmos. As taxas de lotação inicial em

todos os tratamentos foram bem altas (3,62; 3,63; 3,63 UA/ha para 0; 0,6% e 1,2% PV

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respectivamente) o que pode ter comprometido o desempenho dos animais do grupo

controle, pelo aumento da competição e menor oportunidade de seleção do capim,

sem acesso a suplementação concentrada.

As limitações do ambiente determinam à magnitude do crescimento animal

expresso em aumento do tamanho e peso (RYAN, 1990). O estresse nutricional,

resultante de uma limitação quantitativa ou qualitativa de nutrientes fornecidos pelos

alimentos, impede o animal de expressar o seu potencial de crescimento. A

intensidade desse estresse pode causar até mesmo desempenhos negativos (HOGG,

1991).

Na Figura 2 observa-se que o peso corporal dos animais do grupo controle

sempre esteve abaixo dos demais tratamentos durante a fase de recria, e as

diferenças no desempenho ficaram evidentes desde o primeiro mês da estratégia

estabelecida. Embora a lotação rotacionada tenda a promover o aumento da produção

de forragem, este método de pastejo força o animal a colher elevada proporção da

planta durante o período de ocupação do piquete, resultando em dietas de menor valor

nutritivo e menor ganho de peso individual com os dias de ocupação da área. O

pastejo mais uniforme é feito às custas de menor desempenho animal. O resultado

líquido é que a diferença no ganho por área torna-se muito pequena ou indiferente

(PEDREIRA & PEDREIRA, 2014).

Figura 2. Peso vivo (kg) mensal de bovinos de corte submetidos a suplementação estratégica nas águas (recria).

Com o decorrer do tempo, foi visível a diferença do peso corporal dos animais

dos tratamentos 0,6% e 1,2% em relação ao grupo controle. Possivelmente, devido

215,00

235,00

255,00

275,00

295,00

315,00

335,00

355,00

375,00

dez-11 jan-12 jan-12 fev-12 mar-12 abr-12 mai-12

Peso V

ivo (

kg)

Sal Mineral 1,2% PV 0,6% PV

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40

ao incremento constante de peso corporal desses animais, aumentando as exigências

nutricionais, porém a oferta de nutrientes não melhorou para o grupo controle, fazendo

que os animais perdessem peso de modo acentuado a partir do mês de março e abril

(Figura 3).

Figura 3. Ganho de peso diário (kg) sem jejum de bovinos de corte submetidos a suplementação estratégica nas águas (recria).

Até mesmo a estratégia de fornecer 0,6% PV não foi suficiente para manter os

ganhos de pesos obtidos nos meses anteriores (dezembro-janeiro-fevereiro). Pelo

contrário apresentou uma perda de potencial de ganho de peso em relação ao mês

de fevereiro quando os animais vinham ganhando em média 0,929 kg/cab/dia, e

passaram a ganhar 0,292 kg/cab/dia (- 0,637) e 0,068 kg/cab/dia (- 0,861), para o mês

de março e abril, respectivamente. Isso provavelmente ocorreu devido a limitação na

oferta e consumo de nutrientes para os animais para atender as exigências

nutricionais dos mesmos.

O tratamento 1,2% PV apresentou ganho de peso diário maior no início do

experimento, possivelmente devido ao ganho compensatório, uma vez que os animais

vieram de um período seco, com alguma restrição alimentar, e a partir do segundo

mês de estratégia perdeu potencial de desempenho. Uma hipótese seria a introdução

de animais reguladores adicionados nos piquetes desse tratamento, visando rebaixar

o pasto. Esse fato poderia ter influenciado a quebra da hierarquia existente entre os

animais, gerando disputas e afetando o desempenho do lote nessas fases de

remanejamento da taxa de lotação.

-0,200

0,000

0,200

0,400

0,600

0,800

1,000

1,200

1,400

1,600

dez-11 jan-12 fev-12 mar-12 abr-12

Ganho d

e P

eso D

iário (

kg/c

ab/d

ia)

Sal Mineral 0,6% PV 1,2% PV

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41

Na fase de engorda (Tabela 6), quando os animais tinham acesso ad libitum ao

suplemento, nota-se que os animais que receberam maiores níveis de suplementação

na fase de recria (1,2% PV) obtiveram menor GPD (P<0,05). Logo os animais do grupo

controle na fase de recria apresentaram maiores desempenhos diário quando foram

suplementados ad libitum na engorda, em seguida os animais do tratamento 0,6% PV

apresentou ganhos de peso diário intermediários.

Analisando a curva de acúmulo de peso corporal a cada pesagem na engorda

dos animais (Figura 4), observa-se que o acúmulo constante de peso vivo foi muito

próximo entre os tratamentos avaliados, quando submetidos ao consumo de

suplemento ad libitum na fase de engorda na seca. Nessa fase de engorda devido ao

consumo elevado de suplemento, o pasto provavelmente teve pouca contribuição no

desempenho dos animais, igualando o comportamento da curva de acúmulo de ganho

corporal entre os tratamentos. Evidenciando que a estratégia da recria tem grande

impacto na determinação de respostas de desempenho na fase de engorda. Pois, as

diferenças observadas de peso corporal ao final da fase de recria, não foram

grandemente alteradas na fase subsequente, na engorda dos bovinos.

Figura 4. Peso vivo (kg) mensal sem jejum de bovinos de corte submetidos a suplementação ad libitum na seca (engorda).

Na Figura 5 pode ser notado que a curva de crescimento dos animais

apresentou comportamento assintótico quando avaliado todo o período experimental,

demonstrando que as estratégias durante o período das águas limitaram o potencial

genético dos animais. Os animais aumentaram o ganho de peso logo que foram

250,00

300,00

350,00

400,00

450,00

500,00

550,00

mai-12 jun-12 jul-12 ago-12 set-12

Peso V

ivo (

kg)

Sal Mineral 0,6% PV 1,2% PV

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42

submetidos a maiores ofertas de nutrientes, através da suplementação em altas

quantidades na fase de engorda durante o período seco do ano.

Figura 5. Peso vivo (kg/cab) mensal sem jejum de bovinos de corte submetidos a suplementação estratégica nas águas (recria) e ad libitum na seca (engorda).

Ao analisar os dados de desempenho dos animais na fase de engorda (Tabela

6), verifica-se que houve efeito linear decrescente (P<0,05) para ganho de peso diário.

Os ganhos de pesos diários dos animais nessa fase apresentaram comportamento

decrescente para ambos tratamentos (Figura 6), demonstrando assim que o maior

peso de abate dos animais quando submetidos ao consumo a vontade de suplemento

na fase de engorda foram determinados durante o período de recria, ou seja, a

eficiência nessa fase determinou o peso ao abate.

Porém deve-se avaliar com cautela a conversão (kgMS/kgPV) e eficiência

alimentar (kgPV/kgMS), além da eficiência biológica (kgMS/@produzida) dos animais

nessa fase de engorda. Observa-se uma queda acentuada de desempenho de todos

os animais do experimento, independente do tratamento, no mês de setembro, devido

a ocorrência de chuva esporádica nesse período, ocasionando rebrotação do capim-

marandu e diminuição no consumo de suplemento.

200,00

250,00

300,00

350,00

400,00

450,00

500,00

550,00

dez-11 jan-12 fev-12 mar-12 abr-12 mai-12 jun-12 jul-12 ago-12 set-12

Peso V

ivo (

kg)

Sal Mineral 0,6% PV 1,2% PV

Recria

Engorda

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Figura 6. Ganho de peso médio (kg/cab/dia) sem jejum de bovinos de corte submetidos a suplementação ad libitum na seca (engorda).

Durante a fase de engorda, o grupo controle apresentou ganho compensatório,

devido a melhoria da oferta de nutrientes, porém não foi suficiente para alcançar os

demais tratamentos quanto ao peso de abate. O ganho compensatório pode ser

definido como o crescimento mais rápido e eficiente em animais provindos de um

período de restrição alimentar. Biologicamente, trata-se da combinação de hipertrofia

compensatória dos músculos esqueletais, acúmulo aditivo de gordura e crescimento

mitótico de ossos, com retenção de água, minerais e material protéico, incluindo

completa reversão das características desejáveis da carcaça, desde que seja dado

tempo suficiente para recuperação (VILLARES, 1995).

Segundo Ryan (1990), o animal pode apresentar compensação completa,

parcial ou não apresentar compensação, após um período de subnutrição ou restrição

alimentar. No caso de compensação completa, o ângulo de inclinação da curva de

crescimento dos animais que passaram por restrição é maior do que o dos animais

que não passaram por restrição. Essa compensação na taxa de crescimento pós-

restrição permite que o mesmo peso de abate seja atingido à mesma idade. Na

compensação parcial, o ângulo de inclinação da curva de crescimento dos animais

que passaram por restrição é maior do que dos animais que não passaram por

restrição, mas não o suficiente para que o mesmo peso de abate seja atingido a uma

mesma idade.

Ainda, ao analisar o ciclo completo, recria-engorda agrupadas, verifica-se

incremento para todas as variáveis avaliadas à medida que se aumentou o nível de

-0,300

0,200

0,700

1,200

1,700

2,200

mai-12 jun-12 jul-12 ago-12 set-12 set-12

Ganho d

e P

eso D

iário (

kg/c

ab/d

ia)

Sal Mineral 0,6% PV 1,2% PV

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suplementação na fase de recria, podendo inferir que houve efeito linear (P<0,05) para

os diferentes níveis de suplementação adotados na recria-engorda, e que os maiores

desempenhos observados para os animais controle e 0,6% PV na fase de engorda,

não foram suficientes para alcançar o desempenho dos animais submetidos a

suplementação com 1,2% PV na fase de recria (Tabela 7).

Tabela 7. Desempenho de bovinos de corte que receberam diferentes níveis de suplementação na recria-engorda.

Variáveis Tratamentos

EPM Valor P

Controle 0,6% 1,2% Linear Quadrático

Peso Corporal Inicial (kg) 217,63 218,00 218,29 5,275 - -

Peso Corporal Final (kg) 471,25 529,42 546,08 19,927 <0,05 -

Ganho de Peso Total (kg) 253,63 311,42 327,79 19,002 <0,05 -

Ganho de Peso Diário (kg) 0,845 1,038 1,093 0,063 <0,05 -

1EPM = Erro Padrão da média;

Tomando o peso de abate do grupo suplementado com 1,2% PV, como

parâmetro de comparação, o grupo controle e 0,6% levariam 88 e 75 dias a mais para

serem abatido com o mesmo peso de abate do referido grupo (546,08 kg). Além do

aumento de custos, ocupação da área e idade mais tardia ao abate, ter-se-ia menor

produção de carne/ha/ano, devido ao maior tempo decorrido.

Ainda, avaliando-se a Figura 7, pode-se concluir que o ganho de peso dos

animais durante todo o ciclo produtivo (recria-engorda), evidenciou que, restringir uma

nutrição adequada na fase de melhor conversão alimentar, como é na recria dos

animais, para depois investir tecnologia na engorda para acelerar o peso e o tempo

de abate, não foi uma estratégia otimizada em tempo e produção. Os animais quando

mal recriados, mesmo quando passam a receber uma dieta adequada na fase de

engorda não atingem o potencial máximo de exploração da carcaça, comparado a

animais que foram suplementados desde a recria.

Esse fato é bem comum na bovinocultura de corte, onde muitos produtores não

praticam nenhuma estratégia suplementar aos animais na fase de recria e depois

alocam os animais em sistemas confinados ou semiconfinado, esperando obter o

máximo retorno dos investimentos. Aplicam tecnologias e capital numa fase onde a

resposta biológica dos animais é menos responsiva aos insumos nutricionais, e

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desconsideram a grande capacidade de produzir musculatura existente dentro da fase

de recria dos bovinos de corte.

Figura 7. Ganho de peso médio (kg/cab/dia) sem jejum de bovinos de corte submetidos a suplementação estratégica nas águas (recria) e ad libitum na seca (engorda).

Os consumos de matéria seca, proteína bruta e nutrientes digestíveis totais

estimados (VALADARES FILHO et al., 2010) para os animais dos tratamentos nas

três fases (recria, engorda, recria-engorda) estão apresentada na Tabela 8. Observa-

se que os consumos de MS, PB e NDT do grupo controle sempre estiveram abaixo

dos demais grupos na fase de recria nas águas. Esses dados reforçam o baixo

desempenho dos animais do grupo controle por restrição de oferta de massa de

forragem, e consequentemente menor consumo de matéria seca, na fase de recria.

Tabela 8. Consumo médio estimado de MS, PB e NDT (kg/cab/dia) de bovinos de corte submetidos a suplementação estratégica nas águas (recria) e ad libitum na seca (engorda).

Variáveis1 Recria Engorda Recria-Engorda

0 0,6% 1,2% 0 0,6% 1,2% 0 0,6% 1,2%

Consumo MS (kg) 3,97 6,12 6,56 8,50 9,46 9,70 7,270 8,080 8,300

Consumo MS (%PV) 1,64 2,16 2,23 2,31 2,16 2,12 2,110 2,160 2,170

Consumo NDT (kg/cab) 2,66 3,84 4,18 6,63 6,79 6,86 4,510 5,220 5,430

Consumo PB (kg/cab) 0,54 0,81 0,87 1,29 1,24 1,24 0,900 1,020 1,050

Na engorda, o consumo de MS em relação ao peso vivo do grupo controle foi

maior que os demais tratamentos. Porém calculando-se o consumo de MS e

0,283

1,569

0,8430,765

1,384

1,035

0,887

1,352

1,089

0,000

0,200

0,400

0,600

0,800

1,000

1,200

1,400

1,600

GPD Recria GPD Engorda GPD Recria-Engorda

GP

D (

kg/c

ab/d

ia)

Sal Mineral 0,6% PV 1,2% PV

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nutrientes ao longo do experimento, fica evidente o menor consumo desse grupo,

justificando o menor peso de abate em relação ao grupo 0,6% e 1,2% PV. O

tratamento 1,2% apresentou maior consumo de MS e NDT, correspondendo ao maior

peso de abate obtido para esse grupo.

Ramalho (2006) revisou 15 trabalhos de pesquisa que avaliaram o

desempenho dos animais mantidos em pastagens de Brachiaria decumbens,

Brachiaria brizantha cv. Marandu, Cynodon dactylon cv. Coastcross e Panicum

maximum cv. Mombaça, com ou sem suplementação concentrada no período das

águas e o GPD dos animais mantidos exclusivamente em pastagens variou de 0,500

kg a 0,890 kg por cabeça com valor médio de 0,700 kg.

Segundo o mesmo autor, dificilmente valores de GPD superiores a 0,800

kg/cab/dia durante todo o período das águas são alcançados por bovinos mantidos

em pastagens tropicais sem a suplementação com concentrado. Por outro lado,

Zervoudakis et al. (2001) observaram ganhos médios de 0,890 kg/cab/dia, para

animais suplementados com sal mineral, mantidos em pastagens de Brachiaria

decumbens, durante o período de janeiro a maio. Certamente a massa de forragem

por hectare foi o fator determinante para atingir esses ganhos, sendo esses valores

satisfatórios para engorda de bovinos, sem necessidade de suplementação

concentrada, mas, porém, bem abaixo do potencial genético dos animais adultos.

Na Tabela 9, é possível analisar o consumo médio de suplemento nos períodos

experimentais, onde se observa que os animais que não foram suplementados com

concentrados durante a recria (sal mineral), apresentaram maior consumo na fase de

engorda, quando comparado aos animais que foram suplementados na recria (0,6%

e 1,2% PV).

Tabela 9. Consumo médio de suplemento (kg/cab/dia) de bovinos de corte submetidos a suplementação estratégica nas águas (recria) e ad libitum na seca (engorda).

Tratamentos Recria Engorda Recria - Engorda

Sal Mineral 0,081 9,466 4,120

0,6% PV 1,688 8,893 4,824

1,2% PV 3,082 8,709 5,531

O consumo de suplemento dos animais do grupo controle aparenta haver um

efeito compensador na ingestão de concentrado, quando o mesmo passa a ser

oferecido ad libitum na seca aos animais que vinham apenas suplementados com sal

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mineral nas águas. Porém quando se soma todo o consumo de concentrado fornecido

aos animais desde a recria e engorda, e dilui-se pelo período total avaliado (301 dias),

observa-se que a quantidade fornecida (kg/cabeça/dia), não apresenta grandes

diferenças entre os tratamentos.

O grupo controle apresentou consumo diário de suplemento de 0,757

kg/cab/dia a mais quando comparado ao tratamento de 1,2% PV na fase de engorda,

mesmo sendo, na média 20% mais leve. Porém, durante todo o período avaliado

(recria-engorda) o grupo controle apresentou consumo de 1,411 kg/cab/dia a menos

que o grupo 1,2% PV. Demonstrando assim, que talvez seja interessante distribuir ao

longo do ciclo de vida do animal a suplementação.

Interessante notar que, o consumo de suplemento em relação ao peso vivo, o

grupo controle chegou a ingerir 2,36% PV, enquanto o grupo 0,6% e 1,2% PV

consumiram 1,86% e 1,75%, respectivamente (Figura 8).

Quando avaliado todo o período de recria-engorda, fica evidente que os

consumo de suplementos em relação ao peso vivo ficam muito próximo,

demonstrando que é mais interessante do ponto de vista produtivo suplementar

durante toda a fase de recria dos animais, e não apenas na engorda, uma vez que, o

consumo será maior, assim como o desempenho, mas, porém, não o suficiente para

abater animais mais pesados e com idade de até 24 meses.

0,03%

2,36%

1,10%

0,55%

1,86%

1,19%

0,97%

1,75%

1,33%

0,00%

0,50%

1,00%

1,50%

2,00%

2,50%

3,00%

Recria Engorda Recria - Engorda

Consum

o %

PV

Sal Mineral 0,6% PV 1,2% PV

Figura 8. Consumo médio de suplemento (%PV/cab/dia) de bovinos de corte submetidos a suplementação estratégica nas águas (recria) e ad libitum na seca (engorda).

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48

3.3.2. Produção por área (ha)

A taxa lotação média (UA/ha) foi bem alta e crescente ao longo do período

experimental, devido ao aumento do peso corporal dos animais e a adição de animais

reguladores (Figura 9). Essa maior taxa de lotação proporciona maiores produções de

arroba/ha.

Figura 9. Taxa de lotação média (UA/ha) no período de bovinos de corte submetidos a suplementação estratégica nas águas (recria) e ad libitum na seca (engorda).

Esses valores estão bem acima da média nacional, que segundo Hoffmann et

al. (2014) é de 1,0 UA/ha. Porém, essa alta taxa de lotação pode ter comprometido o

desempenho principalmente do grupo controle devido a menor oferta de forragem,

como ressaltado anteriormente. A suplementação com 1,2% PV proporcionou

aumento de 83,68%; 124,85%; 106,30% na taxa de lotação em comparação aos

animais não suplementados para o período de recria, engorda e recria-engorda,

respectivamente. Esses valores confirmam uma das grandes vantagens da

suplementação, o aumento da capacidade de suporte (taxa de lotação/área) e a maior

produtividade/hectare. Isso ocorre geralmente, dependendo do nível de

suplementação, devido ao efeito substitutivo e pelos maiores ganhos de desempenho

dos animais suplementados.

O efeito do suplemento pode ser influenciado pela qualidade da forragem,

sendo que forragem de baixa qualidade não tem o seu consumo reduzido com o

fornecimento de concentrado, já que a sua ingestão normalmente é baixa. No entanto,

se a forragem for de boa qualidade, o fornecimento de suplementos pode causar uma

4,78

6,80

5,71

6,52

9,95

8,108,78

15,29

11,78

3,000

5,000

7,000

9,000

11,000

13,000

15,000

Recria Engorda Recria - Engorda

Taxa d

e L

ota

ção (

UA

/ha)

Sal Mineral 0,6% PV 1,2% PV

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49

diminuição da ingestão de forragem, causando um efeito substitutivo (EUCLIDES,

2002).

A suplementação alimentar em um pasto de alta qualidade resulta em redução

de consumo da forragem por parte do animal, como consequência do controle

quimiostático, que é sensível à quantidade de energia digerível ingerida (EUCLIDES,

2002). Dessa forma, para se evitar esse efeito de substituição, a suplementação

durante o período das águas deveria ser utilizada somente para corrigir nutrientes

específicos que estão deficientes na forragem, como macro e micronutrientes, porém

perde-se o efeito no aumento da taxa de lotação.

A decisão a respeito do tipo de suplemento a ser fornecido aos animais ficará

por conta da estratégia adotada pelo produtor para uma situação específica. Elizalde

et al. (1998), avaliando o efeito de diferentes níveis de proteína e energia na

suplementação de novilhos em pastejo, encontraram altas taxas de substituição e,

consequentemente, desempenhos pouco expressivos em relação ao tratamento

controle. Os tratamentos com milho quebrado e farelo de glúten de milho indicaram

que os animais reduziram o consumo de forragem, em razão do consumo dos

suplementos.

A oferta constante de suplemento aos animais, principalmente os tratamentos

0,6% e 1,2% PV, possibilitou altas taxas de lotação durante todo período experimental

(Figura 10). Esse fato permitiu aumento considerável na produção de kg/PV/ha e na

produção de @/ha.

Figura 10. Taxa de lotação média (UA/ha) no período de recria-engorda de bovinos de corte submetidos a suplementação estratégica nas águas (recria) e ad libitum na seca (engorda).

0,00

2,00

4,00

6,00

8,00

10,00

12,00

14,00

16,00

18,00

Taxa d

e L

ota

ção (

UA

/ha)

Sal Mineral 0,6% PV 1,2% PV

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O efeito substitutivo da forragem pelo concentrado pode ter duas vantagens:

uma de proporcionar aos animais nutrientes necessários para manutenção e produção

em situações em que a massa de forragem está comprometida; a outra vantagem é o

aumento da taxa de lotação.

Correia (2006) comparou o efeito do fornecimento de suplemento mineral ao

fornecimento de suplemento concentrado nas quantidades de 0,3; 0,6; 0,9% do peso

corporal para bovinos mantidos em pastos de capim-marandu, no período das águas,

e verificou aumento linear do ganho de peso diário individual (0,595; 0,673; 0,810;

0,968 kg, respectivamente) e do ganho de peso por área/ha (490; 683; 776; 1015 kg,

respectivamente). A suplementação em quantidade de 0,9% do peso vivo propiciou

acréscimo de 35,5% na taxa de lotação dos pastos; 62,7% no ganho individual; 107%

no ganho/área.

Entretanto, Zervoudakis et al. (2011) salientam que as estratégias de

suplementação devem ser continuamente avaliadas quanto à sua duração, níveis de

fornecimento e ingredientes utilizados, para que se possa atingir maior viabilidade

econômica do sistema produtivo.

Para cálculo da produção de arrobas por cabeça, foi considerado 50% de

rendimento de carcaça para os animais na fase de recria, e para o cálculo de

rendimento de carcaça no abate, foi gerado uma equação para estimar o rendimento

de carcaça dos animais, com base num banco de dados de 102.000 cabeças de

bovinos abatidos em fazendas comerciais, que foram terminados com suplementação

ad libitum a pasto, similar ao estudo realizado (Peso de carcaça (kg) = - 43,92131 +

(0,64405 * Peso Vivo). Assim, na Figura 11, observa-se que a produção de arroba por

animal na fase de engorda foi bem semelhante entre os tratamentos, porém na fase

de recria as diferenças em produtividade ficaram evidentes. O peso de abate dos

animais em arroba foram: 17,31 (controle), 19,80 (0,6% PV) e 20,52 (1,2% PV).

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Figura 11. Produção média de arroba/animal no período de recria-engorda de bovinos de corte submetidos a suplementação estratégica nas águas (recria) e ad libitum na seca (engorda).

Segundo Reis et al. (2009), este aporte extra de nutrientes proveniente da

suplementação permite com que o animal obtenha nutriente suficiente para mantença

e possa utilizar o excedente para produção, melhorando seu desempenho e

aumentando a taxa de lotação no pasto, que resulta em maior produtividade do

sistema de produção a pasto. Na Figura 12 a diferença entre os tratamentos em

relação a produção de @/ha/período são evidentes para cada estratégia adotada. O

grande diferencial entre os tratamentos na fase de engorda foi a taxa de lotação em

cada área. Esses valores estão considerados os animais-testes e animais

reguladores. Estimando-se os valores em produção de @/ha/ano, chega-se aos

valores de 96,54 (controle); 136,72 (0,6%); 198,83 @/ha/ano (1,2%). Essa

produtividade é 1.831%, 2.634% e 3.877%, respectivamente, mais produtivo quando

comparada à média brasileira, que é de 5@/ha/ano (HOFFMANN et al., 2014).

1,60

8,45

10,05

4,34

8,20

12,54

5,02

8,22

13,24

0,00

2,00

4,00

6,00

8,00

10,00

12,00

14,00

Recria Engorda Recria Engorda

@/c

ab/P

erí

odo

Sal Mineral 0,6% PV 1,2% PV

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Figura 12. Produção de @/ha no período de recria-engorda de bovinos de corte submetidos a suplementação estratégica nas águas (recria) e ad libitum na seca (engorda).

3.3.3. Comportamento dos animais

O comportamento dos animais na fase de engorda, quando foram

suplementados ad libitum durante o período seco do ano, está apresentado na Tabela

10. Para o tempo médio diário em pastejo e tempo despendido bebendo água não

houve diferença significativa entre os tratamentos (P>0,05). Houve efeito linear

significativo (P<0,05) dos níveis de tratamentos sobre o ócio em pé, ruminando em pé

e tempo de permanência dos animais no cocho durante o período de engorda entre

os níveis de suplementação exercidos na recria e que impactaram o comportamento

na engorda. Enquanto que, o tempo em ócio deitado e ruminando deitado houve efeito

quadrático dos níveis de tratamentos (P<0,05). Então, a estratégia adotada na recria

dos animais teve influência sobre o comportamento dos animais na fase de engorda,

uma vez que as diferenças em tamanho corporal, ganho compensatório e experiência

previa com a suplementação foram logo minimizadas, porém não anuladas após o

período de adaptação e estabilização do consumo de suplemento pelos animais.

13,44

66,18

79,61

37,82

74,92

112,75

54,65

109,33

163,97

10,00

30,00

50,00

70,00

90,00

110,00

130,00

150,00

170,00

Recria Engorda Recria Engorda

@/h

a/P

erí

odo

Sal Mineral 0,6% PV 1,2% PV

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Tabela 10. Comportamento ingestivo (minutos) de bovinos de corte durante o período seco do ano submetidos a suplementação ad libitum na fase de engorda.

Itens Tratamentos

EPM1

Valor P

Sal Mineral 0,6% 1,2% Linear Quadrático

Pastejo 83,19 88,88 95,83 5,116 0,084 0,921

Ócio em pé 225,56 260,83 259,31 12,128 0,047 0,209

Ócio deitado 270,83 235,42 259,44 16,255 0,471 0,032

Ruminando em pé 16,94 13,61 6,66 3,692 0,031 0,659

Ruminando deitado 40,92 51,66 31,66 4,838 0,177 0,011

Bebedouro 18,19 18,05 17,08 3,509 0,680 0,858

Cocho 69,30 56,52 55,13 3,724 0,007 0,201

1EPM = Erro padrão da média

Animais do grupo controle passaram mais tempo ao cocho consumindo

concentrado (efeito linear, P<0,05). Esse fato fica evidente quando calculado o

consumo de suplemento em relação ao peso vivo animal (Figura 8) na fase de

engorda. Na Figura 13 está representado a porcentagem dos diferentes tempos

dispendidos para os comportamentos avaliados no período de engorda. Grande parte

do período, os animais passaram em ócio, devido ao alto consumo de suplemento e

o menor tempo em pastejo. Por esses fatores o tempo de ruminação dos animais são

bem abaixo quando comparados aos animais exclusivamente a pasto. Os três grupos

apresentam comportamento muito próximos para o tempo de cocho e de pastejo.

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Figura 13. Comportamento (%) no período de engorda de bovinos de corte submetidos a suplementação ad libitum na seca na fase de engorda.

Silva et al. (2005) observaram um comportamento linear crescente do tempo

de permanência dos animais no cocho com a elevação dos níveis de suplementação.

Eles relatam que isso seria previsível, uma vez que ao se utilizar tratamentos com

quantidades crescentes de suplemento, obviamente os animais permaneceriam por

maior tempo no cocho.

Os resultados encontrados no presente experimento são semelhantes ao

relatados por Barton et al. (1992), em que novilhos suplementados descansaram 11

horas. Pardo et al. (2003) verificaram observações diurnas de comportamento animal,

notaram que animais não-suplementados diminuíram o tempo de descanso, enquanto

os animais que receberam suplementação 1,5% do PV apresentaram maior tempo de

descanso. Essa relação positiva entre o tempo de ócio e o aumento do nível de

suplementação, segundo Pardo et al. (2003), provavelmente esteja relacionado ao

aumento do aporte de nutrientes pelo suplemento e à diminuição do consumo de

forragem.

Fischer et al. (2002) observaram que novilhos suplementados com milho a 1%

do PV descansaram por mais tempo que os animais não suplementados com 3,15 e

2,57 horas, respectivamente. Existem diferenças entre indivíduos quanto à duração e

à repartição das atividades de ingestão e ruminação, que parecem estar relacionadas

ao apetite dos animais, às diferenças anatômicas e ao suprimento das exigências

energéticas ou repleção ruminal, influenciadas pela relação volumoso: concentrado e

pelo estresse térmico (FISCHER et al., 2002).

11,48%

68,47%

7,98%

2,51%

9,56%

Sal Mineral

12,26%

68,45%

9,00%

2,49%7,80%

0,6% PV

Pastejo Ócio Ruminando Bebedouro Cocho

13,22%

71,54%

5,28%2,36%

7,60%

1,2% PV

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Semelhantemente ao observado neste estudo, Difante et al. (2001)

concluíram que a suplementação diminuiu o tempo de ruminação de novilhos em

pastagem de azevém (Lolium multiflorum). Pardo et al. (2003) também relataram o

efeito depressor do suplemento energético sobre o tempo de pastejo diurno de

bovinos, que nesse caso, os novilhos suplementados diminuíram em 1,5 horas o

tempo de pastejo em comparação ao grupo controle. De acordo com Van Soest

(1994), o tempo despendido com ruminação é influenciado pela natureza da dieta, em

que os alimentos concentrados reduzem o tempo de ruminação e os volumosos, com

alto teor de fibra tendem a aumentá-lo. Welch & Smith (1970) destacaram que existe

uma relação positiva entre o teor de fibra do alimento com o tempo de ruminação.

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3.4. Conclusões

Em sistema rotativo de pastejo, com o uso de suplementação na fase de recria

de 1,2% PV durante o período chuvoso proporciona o abate de animais mais pesados

comparado às demais estratégias avaliadas neste estudo, e permiti maiores taxas de

lotação, produzindo maior quantidade de arroba/ha/ano.

As atividades de comportamento ingestivo dos novilhos na fase de engorda

tiveram efeito da estratégia adotada na fase de recria dos animais.

A viabilidade econômica e variáveis mercadológicas ditarão a implementação

dessa estratégia.

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4. VIABILIDADE ECONÔMICA DA RECRIA E ENGORDA INTENSIVA EM BOVINOS DE CORTE

Resumo – Objetivou-se avaliar a viabilidade econômica da suplementação de novilhos Brangus submetidos a diferentes níveis de suplementação. Utilizou-se delineamento experimental em blocos casualizados com três tratamentos durante o período das águas (sal mineral, 0,6% PV e 1,2% PV), com seis repetições. Durante o período seco, fase de engorda, todos os animais passaram a receber ração concentrada ad libitum. A área experimental com 4,8 hectares de Brachiaria brizantha cv. Marandu foi dividida em duas áreas experimentais, e os animais estavam sob pastejo com lotação rotacionada nas águas e continua na seca, utilizando-se a técnica put-and-take. O período experimental teve duração de 301 dias (05/12/2011 a 30/09/2012), sendo esse período dividido em duas fases. A primeira fase, recria dos animais, durou 170 dias, e a segunda fase, período de engorda, teve duração de 131 dias. A análise de viabilidade econômica foi realizada pela receita total com a venda dos animais descontando-se os custos totais de produção (fixos e variáveis). A suplementação na fase de recria durante o período chuvoso apresentou viabilidade apenas para os animais suplementados com ração concentrada, apresentando prejuízo os animais do grupo controle. A melhor resposta econômica por área na fase de recria foi o grupo suplementado com 1,2% PV. Obteve-se um lucro de R$ 871,44/ha/período. Na fase de engorda, todos os tratamentos apresentaram resultados econômicos negativos, principalmente o grupo 1,2% PV, que pagou mais ágio na reposição, pelos animais serem mais pesados. Na fase de recria-engorda verificou-se que a melhor viabilidade econômica, considerando remuneração do capital de 6,5% ao ano, foi do grupo suplementado com 1,2% PV, com taxa de rentabilidade ao ano de 18,20%. Intensificar o uso de tecnologias exige planejamento e capacidade de execução, além de uma boa capacidade de gerenciamento de risco e comercialização.

Palavras-chave: Bovinos de corte, recria, suplementação, viabilidade econômica.

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4. ECONOMIC VIABILITY OF THE FATTENING AND POST-WEANING INTENSIVE IN BEEF CATTLE

Abstract – This study aimed to evaluate the economic viability of supplementation Brangus steers different levels of supplementation. We used a randomized block design with three treatments during the rainy season (mineral salt, 0.6% and 1.2% LW), with six replications. During the dry season, fattening stage, all animals have received concentrated feed ad libitum. The experimental area with 4.8 hectares of Brachiaria brizantha cv. Marandu was divided into two experimental areas, and the animals were grazing to rotational stocking waters and continues to dry, using the put-and-take technique. The trial lasted 301 days (05/12/2011 to 30/09/2012), this period being divided into two phases. The first stage of rearing animals, lasted 170 days, and the second phase of fattening period lasted 131 days. The economic viability analysis was performed by total revenue from the sale of animals were discounting the total production costs (fixed and variable). Supplementation in the growing phase during the rainy season presented viability only for animals supplemented with concentrated feed, with injury to the animals in the control group. The best economic response area in the growing phase was the group supplemented with 1.2% LW. Obtained a profit of R $ 871.44/ha/year. In the fattening stage, all treatments had negative economic results, especially the 1.2% PV group, which paid more goodwill on the replacement, the animals are heavier. In the growing phase-fattening it was found that the best economic viability considering return on capital of 6.5% per year, was the group supplemented with 1.2% LW, with a return rate of 18.20% per annum. Intensify the use of technology requires planning and execution capabilities, plus a good risk management capabilities and marketing. Keywords: Beef cattle, breeding, supplementation, economic viability.

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4.1. Introdução

A taxa de crescimento dos bovinos na fase de recria, geralmente decresce em

condições normais de exploração da bovinocultura de corte no Brasil (MUNIZ et al.,

2008), devido ao estresse da desmama, e o início dessa fase geralmente coincide

com um período seco. O menor desempenho durante a recria prolonga a duração

dessa fase, retardando o início do período de acabamento e, com isso, ampliando o

ciclo de produção (BOIN & TEDESCHI, 1997).

A adoção de um programa de recria e engorda de bovinos em pastejo, que

pretende ser eficiente e competitivo, requer a eliminação das fases negativas do

sistema, proporcionando condições ao animal para se desenvolver normalmente,

durante todo o ano (REIS et al., 2004). O entendimento da curva de crescimento do

animal e os limitantes nutricionais dentro de cada fase produtiva são de extrema

importância para a otimização da exploração animal e abate de animais jovens, com

24 a 30 meses (SIQUEIRA et al., 2008). Tecnologias como a suplementação de

concentrado e adubação de pastagens estão entre as opções disponíveis aos

produtores que buscam aumentar a produtividade da atividade.

A redução da idade de abate dos animais além de melhorar as taxas de

desfrute dos rebanhos, ciclos de produção mais curtos geralmente significam oferta

de produtos de melhor qualidade e, do ponto de vista econômico, giro mais rápido de

capital (EUCLIDES FILHO, 2000). Porém, a definição de estratégias de

suplementação durante a recria e a adoção do semiconfinamento com altos níveis de

suplementação com grãos na engorda, devem ser previamente planejadas e

determinadas, considerando todas as respostas produtivas dos animais e

principalmente o máximo retorno financeiro possível.

Enquanto a viabilidade técnica da intensificação da exploração de pastagens

é algo tido como praticamente consolidado, questionamentos quanto sua viabilidade

econômica existe desde longa data, muito embora comparações econômicas entre

sistemas intensivos e extensivos tenham apontado para resultados muito superiores

para os primeiros (ESTEVES, 2000). Desse modo, objetivou-se avaliar os resultados

econômicos de três estratégias de suplementação de bovinos de corte na fase de

recria durante o período das águas e determinar quais os impactos na engorda em

sistema de semiconfinamento ad libitum durante o período seco do ano.

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4.2. Material e Métodos

O experimento foi conduzido na propriedade rural Nossa Senhora Aparecida,

conveniada à Universidade Federal de Mato Grosso, localizada no município de

Rondonópolis - MT (16°28’45" Sul; 54°31’49" Oeste; 284 m de altitude). O clima na

região é o tropical quente, com estação seca no inverno (classificação climática de

Köppen Awh), apresentando temperatura média anual de 24,8ºC. A precipitação

pluvial média anual é de 1.500 mm, com 85% do total de chuvas concentradas nos

meses de novembro a março. Os dados de precipitação mensal e temperaturas

médias durante o experimento foram coletados na estação meteorológica do Campus

de Rondonópolis, credenciada junto ao Instituto Mato-grossense de Meteorologia

(Figura 14).

Figura 144. Precipitação mensal (mm) e temperaturas médias (°C) durante o período experimental.

A área experimental de 4,8 ha, formados com o capim-marandu (Brachiaria

brizantha cv. Marandu), foi dividida em dois blocos de 2,4 ha. Cada bloco foi composto

por três áreas de pastejo (0,8 ha), onde foram dispostos os tratamentos. Por sua vez,

cada área de pastejo foi subdivida em oito piquetes de 0,1 ha para uso no método de

pastejo com lotação rotacionada. Cada área de pastejo foi composto por uma área de

lazer de 200 m2 na qual foram alocados os comedouros e bebedouros.

109

572

180

53 6581

100

0 0

44

27,626,6 26,9 27,1 27,3

25,324,4

23,6

25,7

29

0

5

10

15

20

25

30

35

0

100

200

300

400

500

600

dez/11 jan/12 fev/12 mar/12 abr/12 mai/12 jun/12 jul/12 ago/12 set/12

Precipitação T°C Média

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1* Gerou-se uma equação para estimar o rendimento de carcaça dos animais, com base num banco de dados de 102.000 cabeças de bovinos abatidos em fazendas comerciais, que foram terminados com suplementação ad libitum a pasto, similar ao presente estudo.

O período experimental com 301 dias de duração, foi dividido em duas fases.

A primeira fase, recria dos animais, durou 170 dias (05/12/2011 a 22/05/2012).

Estipulou-se o peso final da recria de 360 kg, assim que um dos tratamentos atingisse

esse peso, essa fase seria finalizada, iniciando-se a engorda. A segunda fase, período

de engorda, foi de 131 dias (23/05/2012 a 30/09/2012). Estipulou-se o peso de abate

de 540 kg, sendo que, assim que um dos tratamentos atingisse esse peso, o

experimento seria finalizado. Não foi possível a obtenção do rendimento de carcaça

dos animais experimentais, devido a restrições internas da indústria frigorifica1.

A área experimental foi fertilizada com 120 kg de N/ha; 50 kg/ha de K2O; e 30

kg/ha de P2O5. A adubação foi realizada com base nos resultados da análise de solo

e nas recomendações de Cantarutti et al. (1999), em sistemas de exploração de médio

nível tecnológico. A adubação foi realizada logo após a saída dos animais dos

piquetes, nos três primeiros ciclos de pastejo, durante o período chuvoso. Porém, a

adubação fosfatada foi realizada de uma única vez.

O experimento foi conduzido em delineamento blocos casualizados, por área,

com três tratamentos durante o período de recria nas águas, correspondendo: sal

mineral; 0,6% PV e 1,2% de peso vivo (PV) de fornecimento de suplemento

concentrado, com 12 animais por tratamento. No período seco do ano, avaliou-se o

impacto das estratégias na recria intensiva nas águas sobre a fase de engorda dos

animais, onde todos os tratamentos e repetições passaram a receber concentrado ad

libitum.

Utilizaram-se 36 novilhos não castrados da raça Brangus, denominados

animais-testes, com PV médio inicial de 217,97 kg ± 14 kg e idade entre 10 e 12

meses, devidamente vermifugados, e vacinados (clostridioses, botulismo e febre

aftosa). Após as pesagens iniciais, os animais foram distribuídos ao acaso nos

tratamentos, e posteriormente, destinados aos piquetes. Os pesos médios iniciais dos

animais na fase de recria e engorda encontram-se na Tabela 11. Durante o período

experimental os animais foram pesados a cada 28 dias, no sentido de acompanhar o

desenvolvimento dos mesmos e permitir o ajuste da oferta de suplemento para cada

tratamento após as pesagens. Nas pesagens inicial e final, todos os animais foram

submetidos ao jejum por 14 horas.

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Tabela 11. Peso vivo inicial (kg) dos animais submetidos a diferentes níveis de suplementação durante o período das águas na fase de recria e suplementação ad libitum na fase de engorda na seca.

Bloco Fase Tratamentos

Bloco Tratamentos

Controle 0,6% PV 1,2% PV Controle 0,6% PV 1,2% PV

1 Recria 217,67 217,67 218,33

2 217,67 217,67 218,33

Engorda 268,42 356,42 371,67 263,08 339,83 366,33

Quinzes novilhos (animais reguladores) de igual composição genética e

contemporânea aos animais testes foram adicionados e removidos das áreas sempre

que houve necessidade de se ajustar à capacidade de suporte da pastagem dos

piquetes. No experimento, o ajuste da taxa de lotação foi necessário sempre que

houve efeito de substituição do consumo de forragem pelo suplemento. Antes de

serem colocados nos piquetes, registravam-se os pesos e o número de animais

reguladores adicionados em cada tratamento, anotando-se as horas, datas de entrada

e de saída dos animais, visando determinar a taxa de lotação por hectare.

O ganho de peso diário dos animais testes foi utilizado para estimar o

desempenho individual dos novilhos. O ganho de peso por área (kg/ha) foi calculado

com base no ganho de peso individual médio e no número de animais (testes e

reguladores) em cada área experimental, em dia/ha. A taxa de lotação (unidade

animal por hectare) foi calculada com base nos quantitativos, pesos e tempo de

permanência dos animais testes e reguladores presentes em cada área experimental

(CASAGRANDE, 2010; PACIULLO et al., 2011).

A suplementação ofertada constituiu-se de uma ração comercial (Novanis Corte

Plus 18®), com 18% de proteína bruta e 76% de nutrientes digestíveis totais. Os

suplementos foram fornecidos apenas uma vez ao dia (7:00 hs). Todos os animais

tiveram livre acesso à mistura mineral, disponibilizada em cochos apropriados

posicionados na área de lazer de cada área experimental.

Como método de pastejo, utilizou-se durante a fase de recria nas águas a

lotação rotacionada, com ciclo de pastejo com dias de ocupação variáveis,

empregando-se a técnica put-and-take (MOTT & LUCAS, 1952). Quando a altura

média do resíduo pós-pastejo atingisse 20 cm, os animais eram destinados a outro

piquete. Para a orientação do próximo piquete a ser pastejado pelos animais, utilizou-

se como parâmetro o piquete que estivesse com o dossel forrageiro mais próximo de

95% de interceptação luminosa (IL).

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Foram verificadas as viabilidades técnica e econômica considerando-se as três

estratégias de suplementação na recria e a suplementação ad libitum na fase de

engorda para todos os tratamentos. O levantamento das variáveis de avaliação foi

realizado segundo metodologia de classificação dos custos, conforme Ferreira et al.

(2004), da forma que segue: Custo Operacional Variável Total (COpVT), Custo

Variável Total (CVT), Custo Operacional Fixo Total (COpFT), Custo Fixo Total (CFT),

Custo Alternativo ou Custo de Oportunidade (CA), Custo Total (CT), Receita Total

(RT) e Lucro (L). Os custos reais foram obtidos junto à contabilidade do projeto.

Os COpVT são os desembolsos diretos para compra de insumos (ração,

suplementos minerais, fertilizantes, animais, vacinas e medicamentos, operações

mecanizadas, manutenção de cercas, mão-de-obra contratada). O CVT é o somatório

do COpVT com custo alternativo, acrescido dos impostos e taxas e custo de

manutenção (de equipamentos e benfeitorias) de toda infraestrutura da propriedade.

O COpFT é o somatório das depreciações de equipamentos e benfeitorias. Foram

incluídos como custos fixos as depreciações de pastagens e infraestrutura (cercas,

cochos de sal e bebedouros). Também compuseram os custos fixos os juros sobre o

capital investido em terra, pastagens, infraestrutura. Além dos componentes

supracitados, custos relativos à administração e impostos também foram enquadrados

como fixos.

As depreciações foram calculadas pelo método linear (NORONHA, 1981). O

cálculo de depreciação (DP) foi realizado como descrito na fórmula (1).

VU

VRVTDP

(1)

Onde:

VT (Valor Total): valor investido nos equipamentos e benfeitorias;

VR (Valor Residual): valor que resta do bem após o término de sua vida útil;

VU (Vida Útil): tempo médio estimado de utilização de determinado bem.

O CA é o custo alternativo ou de oportunidade utilizado para a remuneração do

capital médio investido. Para cálculo do CA da terra foi utilizado o valor do

arrendamento da área. Esse valor refere-se ao custo do arrendamento da área para

a produção de bovinos de corte (R$ 15,00/cab/mês), sendo esse valor de R$ 180,00

por hectare ao ano. No cálculo do juro sobre o capital investido em terra, utilizou-se

uma taxa proporcional a de 6,5% ao ano sobre o valor imobilizado.

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O CFT é a somatória do COpFT com o CA. O CT foi determinado quando se

somou o CFT proporcional ao tempo de uso e o CVT. RT é composta por todas as

entradas monetárias provenientes da venda de animais nos diferentes sistemas de

produção. L é obtido subtraindo-se da RT o CT. Para cada tratamento obteve-se um

CT específico, uma vez que cada um deles apresenta um CVT diferenciado. Para

verificação de viabilidade econômica foi subtraído da RT (venda dos animais) o CT

(CFT + CVT), ou seja, calculou-se o lucro com a atividade. Realizou-se distribuição

proporcional dos custos para 170 dias para recria, 131 dias para engorda e 301 dias

para o período de recria-engorda, correspondentes ao período experimental.

O custo da arroba produzida foi calculado dividindo-se os COV (menos compra

de animais) pela diferença entre a quantidade de arrobas vendidas e adquiridas. O

cálculo da Margem Bruta (MB) foi realizado utilizando-se a fórmula MB = RT - COV.

O custo de oportunidade do capital (COC) foi calculado em relação ao capital COV,

com taxa de rendimento anual de 6,50%.

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4.3. Resultados e Discussão

Os animais do experimento foram comercializados todos no mesmo dia, com

idade média de 22 meses e para a mesma indústria frigorifica, com valor de venda de

R$ 92,00/@. Considerando que se obteve neste estudo os custos para produção de

uma arroba, é importante frisar que essa variável tão utilizada pelos produtores, assim

como o ganho de peso diário não são suficientes para auxiliar nas tomadas de

decisões. Elas não descrevem detalhadamente os custos financeiros por completo da

atividade, podem gerar uma distorção de interpretação de cenários e decisões podem

ser tomadas por impulso e falha da leitura dos números.

Os resultados técnico-econômicos referentes ao desempenho dos animais na

fase de recria durante o período chuvoso do ano estão apresentados na Tabela 12.

Tabela 11. Resultados produtivos dos animais submetidos a diferentes níveis de suplementação durante o período das águas na fase de recria.

Resultados Técnicos-Econômicos Recria

Tratamentos

Controle 0,60% 1,20%

Peso corporal inicial (kg/cab) 217,63 218,00 218,29

Peso corporal inicial (@/cab) 7,25 7,27 7,28

Preço Bezerro (R$/cab) R$ 837,88 R$ 839,30 R$ 840,42

Ágio @Bezerro/@Boi Magro (R$/cab) R$ 76,63 R$ 75,95 R$ 76,02

Peso corporal final (kg/cab) 265,75 348,13 369,00

Peso corporal final (@/cab) 8,86 11,60 12,30

Ganho de peso diário (kg/cab/dia) 0,283 0,766 0,887

Ganho de peso total (kg/cab/período) 48,12 130,13 150,71

Ganho de peso total (@/cab/período) 1,60 4,34 5,02

Taxa de Lotação (UA/ha/período) 4,78 6,52 8,78

Produção @ (ha/Período) 13,44 37,82 54,65

Custo Fixo Total (R$/cab/período) R$ 64,02 R$ 48,01 R$ 33,40

Custo Variável Total (R$/cab/período) R$ 951,82 R$ 1.094,78 R$ 1.197,48

Custo Total (R$/cab/período) R$ 1.015,84 R$ 1.142,79 R$ 1.230,88

Custo/Diária (R$/cab/dia) R$ 1,05 R$ 1,79 R$ 2,30

Margem Bruta/cab (R$/cab) R$ 15,51 R$ 163,52 R$ 137,34

Receita Bruta (R$/cab) R$ 930,30 R$ 1.218,00 R$ 1.291,50

Custo @ Produzida (R$/@) R$ 111,23 R$ 69,93 R$ 77,78

Lucro/Cab/Período (R$/cab) -R$ 85,54 R$ 75,21 R$ 60,62

Lucro Líquido Total (ha/período) -R$ 641,58 R$ 752,07 R$ 871,44

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Pelos dados apresentados, observa-se que a estratégia do grupo controle,

onde os animais recebiam apenas suplementação do sal mineral, demonstrou-se

insuficientes para cobrir os custos totais do projeto. A atividade não seria capaz de se

manter no médio prazo, uma vez que, no curto prazo os custos financeiros da

atividade não seriam reembolsáveis, corroendo o patrimônio com o avançar dos anos.

Esse prejuízo está diretamente ligado ao baixo desempenho dos animais e

também ao valor de ágio do bezerro oriundo de cruzamento industrial, ao qual

apresenta um valor de aquisição maior no momento da reposição. Outro ponto

importante, é remuneração da terra e do capital, além dos custos operacionais fixos,

que incidem sobre a atividade, porém o produtor muitas vezes considera apenas os

custos variáveis desembolsáveis no momento de tomar decisões. Animais do grupo

controle necessitariam ganhar por dia no mínimo 0,389 kg/cab/dia para empatar os

custos, o que não aconteceu, o prejuízo veio ocorrendo diariamente, em torno de –R$

0,50/cab/dia.

O melhor resultado econômico por cabeça foi do grupo suplementado com

0,6% PV, que apresentou um custo menor da @/produzida na ordem de 10%. Porém

o melhor resultado econômico por área foi do grupo 1,2%, devido a maior taxa de

lotação, apresentando um resultado de lucro/hectare no período de 15,8% maior em

relação ao grupo 0,6% PV.

Os resultados técnico-econômicos referentes ao desempenho dos animais na

fase de engorda durante o período seco do ano estão apresentados na Tabela 13.

Vale ressaltar que não foi possível a obtenção do rendimento de carcaça dos animais

experimentais, devido a restrições interna da indústria frigorifica. Desse modo, foi

gerado uma equação para estimar o rendimento de carcaça dos animais, com base

num banco de dados de 102.000 cabeças de bovinos abatidos em fazendas

comerciais, que foram terminados com suplementação ad libitum a pasto, em

condição similar ao presente projeto (Peso de carcaça = -43,92131+0,64405*%PV2;

R2 95%, CV 2%).

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Tabela 12. Resultados produtivos dos animais submetidos a diferentes níveis de suplementação ad libitum na fase de engorda na seca.

Resultados Técnicos-Econômicos Engorda

Tratamentos

Controle 0,60% 1,20%

Peso corporal inicial (kg) 265,75 348,13 369,00

Peso corporal inicial (@) 8,86 11,60 12,30

Preço Boi Magro (R$/cab) R$ 930,30 R$ 1.218,00 R$ 1.291,50

Ágio @Bezerro/@Boi Magro (R$/cab) R$ 115,18 R$ 150,80 R$ 159,90

Peso corporal final (kg) 471,25 529,42 546,08

Peso corporal final (@) 17,31 19,80 20,52

Rendimento de Carcaça Estimado (%) 55,10% 56,10% 56,37%

Ganho de peso diário (kg/cab/dia) 1,581 1,395 1,362

Ganho de peso total (kg/cab/período) 205,50 181,29 177,08

Ganho de peso total (@/cab/período) 8,45 8,20 8,22

Taxa de Lotação (UA/há/período) 6,80 9,95 15,29

Produção @/ha/Período 66,18 74,92 109,33

Custo Fixo Total/cab/período (CFT) R$ 49,33 R$ 37,00 R$ 25,74

Custo Variável Total/cab/período (CVT) R$ 1.650,28 R$ 1.888,76 R$ 1.936,35

Custo Total/cab/período (CT) R$ 1.699,61 R$ 1.925,76 R$ 1.962,09

Custo/Diária (R$/cab/dia) R$ 5,87 R$ 5,40 R$ 5,68

Margem Bruta/cab (MB) R$ 1,76 -R$ 3,22 R$ 17,41

Receita Bruta (RB) R$ 1.592,52 R$ 1.821,60 R$ 1.887,84

Custo @ Produzida (R$/@) R$ 91,04 R$ 86,31 R$ 81,58

Lucro/Cab/Período (R$/cab) -R$ 107,09 -R$ 104,16 -R$ 74,25

Lucro Líquido Total (ha/período) -R$ 803,19 -R$ 1.041,55 -R$ 1.067,30

Pelos dados apresentados, observa-se que independente das estratégias

adotadas na recria todos os tratamentos apresentaram resultados econômicos

negativos na fase da engorda. Apenas o grupo controle e 1,2% apresentaram uma

pequena margem bruta, que não é suficiente para gerar sustentabilidade financeira

ao projeto. Dessa forma, todas as estratégias quando submetidas a consumo a

vontade de concentrado, não demonstraram viabilidade, foram insuficientes para

cobrir os custos totais do projeto. A atividade não seria capaz de se manter nem no

curto prazo.

Os custos da diária dos animais foram bem elevadas, apesar do ganho de peso

ter sido satisfatório. Observa-se também que os custos da arroba produzida estão

abaixo dos valores de comercialização (R$ 92,00/@), porém a margem é bem estreita,

sendo impossível cobrir os custos financeiros do projeto. Esses resultados negativos

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também estão diretamente ligados ao valor de ágio do boi magro oriundo de

cruzamento industrial, ao qual apresenta um valor de aquisição maior no momento da

reposição, e com pouco tempo e espaço para minimizar esse efeito até o abate.

Assim, quanto mais pesado os animais vieram da recria, mais caro se tornaram para

reposição na engorda, e mais próximos estavam do peso de abate, reduzindo as

oportunidades de diluição do ágio.

Os animais necessitariam ganhar por dia no mínimo 1,651 kg, 1,583kg e 1,470

kg/cab/dia, para os tratamentos controle, 0,6% e 1,2%, respectivamente, para empatar

com os custos. O prejuízo veio ocorrendo diariamente, em torno de –R$ 0,82, -R$

0,80 e –R$ 0,57/cab/dia. O elevado custo do concentrado também contribuiu para os

resultados alcançados. Esses apontamentos são valiosos porquê de acordo com

Peres et al. (2004), conhecer as variáveis com maior peso na determinação dos

resultados de cada sistema é de extrema importância, pois, ao identificar os itens de

maior impacto econômico, evitam-se erros ou decisões que ocasionam grandes

consequências, ou até prejuízos na instalação do sistema escolhido. Assim, pela

análise dos custos dos suplementos fornecidos e o desempenho demonstrado pelos

animais facilita a decisão de qual manejo alimentar a ser adotado em cada situação.

Neste momento, deve-se lembrar dos apontamentos de Restle e Vaz (1999)

que inferem que no processo de engorda de bovinos de corte, a alimentação

representa mais de 70% do custo total de produção, desses 70% aproximadamente

dois terços são representados pela fração concentrado. Com isso, alternativas

visando à redução nos custos destes componentes aumentarão a lucratividade e

verifica-se a importância de conhecer qual o percentual da participação da

alimentação no custo final para produção do animal. A escolha de um ou mais

alimentos abundantes na região resulta em menor custo de aquisição e de transporte,

possibilitando ainda o acompanhamento dinâmico da relação preços de

produtos/insumos (PÖTTER et al., 2000).

Assim, para que o produtor possa alcançar resultados satisfatórios, o mesmo

deve se valer de um bom sistema de gestão, e ficar atento ao custo inerente a

atividade explorada, principalmente nos momentos de comercialização, seja na

compra de animais de reposição, de insumos e até mesmo no momento de vender os

animais para abate. A lucratividade do sistema de produção é altamente dependente

das variações de mercado. Economicamente, é necessário que os gestores procurem

alternativas que aumentem a eficiência financeiras de suas empresas (retorno

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lucrativo), e ainda que, os custos sejam os menores possíveis, sem essa base o risco

de produzir com rentabilidade se torna vulneráveis.

Dessa forma, utilizando-se o processo de armazenagem, a aquisição de

insumos em períodos de alta oferta e, consequentemente, de menor preço permite

elevar de forma satisfatória a lucratividade do sistema (DETMANN et al., 2004), além

das opções de mercado futuro, boi a termo, e tantos outros.

Os resultados técnico-econômicos referentes ao desempenho dos animais na

fase de recria-engorda durante o período seco do ano estão apresentados na Tabela

14.

Tabela 13. Resultados produtivos dos animais submetidos a diferentes níveis de suplementação durante o período das águas na fase de recria e ad libitum na fase de engorda na seca.

Resultados Técnicos-Econômicos Recria-Engorda

Tratamentos

Controle 0,60% 1,20%

Peso corporal inicial (kg) 217,63 218 218,29

Peso corporal inicial (@) 7,25 7,27 7,28

Preço Bezerro (R$/cab) R$ 837,88 R$ 839,30 R$ 840,42

Ágio @Bezerro/@Boi Magro (R$/cab) R$ 170,88 R$ 170,46 R$ 170,66

Peso corporal final (kg) 471,25 529,42 546,08

Peso corporal final (@) 17,31 19,8 20,52

Ganho de peso diário (kg/cab/dia) 0,843 1,035 1,089

Ganho de peso total (kg/cab/período) 253,62 311,42 327,79

Ganho de peso total (@/cab/período) 10,05 12,54 13,24

Taxa de Lotação (UA/há/período) 5,71 8,1 11,78

Produção @/ha/Período 79,61 112,75 163,97

Custo Fixo Total/cab/período (CFT) R$ 113,35 R$ 85,01 R$ 59,14

Custo Variável Total/cab/período (CVT) R$ 1.691,61 R$ 1.632,37 R$ 1.582,32

Custo Total/cab/período (CT) R$ 1.804,96 R$ 1.717,38 R$ 1.641,46

Custo/Diária (R$/cab/dia) R$ 3,21 R$ 2,92 R$ 2,66

Margem Bruta/cab (MB) R$ 17,27 R$ 301,32 R$ 415,68

Receita Bruta (RB) R$ 1.592,52 R$ 1.821,60 R$ 1.887,84

Custo @ Produzida (R$/@) R$ 96,23 R$ 70,02 R$ 60,50

Lucro/Cab/Período (R$/cab) -R$ 212,44 R$ 104,22 R$ 246,38

Lucro Líquido Total (ha/período) -R$ 1.593,33 R$ 1.042,20 R$ 3.541,71

Rentabilidade (a.a) -14,27% 7,36% 18,20%

Observando-se os dados do ciclo recria-engorda, percebe-se que a

suplementação apenas com sal mineral apresentou prejuízo da atividade.

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Demostrando que estratégias que considerem apenas o sal mineral o ano todo estão

caminhando para a saída da atividade. Veja que ao considerar apenas a diferença

entre a receita bruta e o custo operacional variável total observa-se um retorno

bastante expressivo de R$ 17,27; R$ 301,32 e R$ 415,68 para os tratamentos

controle; 0,6%PV; 1,2%PV, respectivamente. Possivelmente, os cálculos de custo de

produção na pecuária nacional têm caminhado neste sentido, e este é o motivo da

ocorrência de utilização de equipamentos sucateados e pastagens degradadas não

conseguindo em longo prazo reestruturação das propriedades (CABRAL, 2007).

Para o ciclo recria-engorda o melhor resultado econômico por cabeça foi o

grupo 1,2% PV, e bem como, o melhor resultado por área (lucro/ha). Esses valores

ressaltam a importância da intensificação da produção, seja pela oferta de maiores

quantidades de alimentos, seja pelo efeito diluidor de custos e de escala de produção.

O menor custo de arroba produzida foi no grupo mais intensivo de produção, onde os

custos totais foram maiores, mas, porém, a produção também foi maior.

Figueiredo et al. (2007), avaliaram a resposta econômica de quatro estratégias

de suplementação baseadas na idade ao abate dos animais (18, 24, 30 e 40 meses)

durante o ciclo produtivo de bovinos de corte recriados e terminados em pastagens

tropicais e todas as alternativas de manejo foram economicamente viáveis. Entre as

estratégias de suplementação avaliadas, o melhor desempenho observado foi com

abate aos 18 meses, seguido pelas estratégias de abate aos 30, 24 e aos 40 meses.

A intensificação traz grandes benefícios aos produtores rurais, mas, porém, é

importante frisar que, o aumento de escala de produção, traz consigo a oferta mais

abundante de produtos ao mercado consumidor, podendo gerar baixas de preços, e

também o aumento da escala produtiva expõe riscos que muitas das vezes não

ameaçam pequenos negócios, menos intensivo. Porém, a intensificação é um

caminho sem volta.

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4.4. Conclusões

A suplementação com 1,2%PV nas águas na fase de recria de bovinos de corte,

juntamente com ração ad libitum na fase de engorda na seca, mostrou-se a melhor

opção para intensificar a produção e aumentar a lucratividade da bovinocultura de

corte, devido à redução de custos da arroba produzida e da maior taxa de lotação da

área, gerando assim, maior geração de lucro/ha/ano.

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4.5. Referências Bibliográficas

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

O maior desfio para os próximos anos será elevar a produtividade da

bovinocultura de corte, sem agredir ao meio ambiente, dando segurança aos

consumidores e principalmente gerando lucro aos produtores. A intensificação tem um

pouco a contribuir com cada uma dessas vertentes.

Suplementar com grãos e adubar pastos são excelentes opções, mas, no

entanto, totalmente dependente dos cenários regionais e temporais. Os melhores

resultados produtivos e econômicos foram encontrados no tratamento com maior

aporte tecnológico, onde os animais foram suplementados nas águas com 1,2% PV e

consumo de suplemento ad libitum na fase de engorda durante o período seco do ano.

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ANEXO

Ilustração 1 – Disposição dos blocos e módulos na área experimental (Fonte: Google Earth).

Bloco 02

Bloco 01

Bloco 02

Bloco 01

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Ilustração 2 – Disposição dos cochos e bebedouro na área de lazer (Fonte: Arquivo pessoal).

Ilustração 3 – Recepção, pesagem inicial e apartação dos animais-testes (Fonte: Arquivo pessoal).

Ilustração 3 – Área de lazer no campo experimental (Fonte: Arquivo pessoal).

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Ilustração 4 – Amostragem de IL e IAF nos piquetes (Fonte: Arquivo pessoal).

Ilustração 5 – Amostragem de forragem e medida de altura nos piquetes (Fonte: Arquivo pessoal).

Ilustração 6 – Amostragem de forragem e medida de altura nos piquetes (Fonte: Arquivo pessoal).

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Ilustração 7 – Identificação dos animais para comportamento animal (Fonte: Arquivo pessoal).

Ilustração 8 – Avaliação do comportamento animal na fase de engorda (Fonte: Arquivo pessoal).