UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS...Yessenia Paulina Rosero Gordon Dissertação apresentada à...
Transcript of UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS...Yessenia Paulina Rosero Gordon Dissertação apresentada à...
Universidade Federal de Goiás
Instituto de Ciências Biológicas
Programa de Pós-Graduação em Ecologia e
Evolução
INFLUÊNCIA DA TRANSFORMAÇÃO DA COBERTURA
VEGETAL NA COMUNIDADE DE CARABIDAE (COLEOPTERA)
EM DOSSEL DE FLORESTAS DE TERRA FIRME DA AMAZÔNIA
EQUATORIANA
Yessenia Paulina Rosero Gordon
Orientador: Paulo De Marco Júnior
Goiânia 2010
ii
Universidade Federal de Goiás
Instituto de Ciências Biológicas
Programa de Pós-Graduação em Ecologia e Evolução
INFLUÊNCIA DA TRANSFORMAÇÃO DA COBERTURA VEGETAL
NA COMUNIDADE DE CARABIDAE (COLEOPTERA) EM DOSSEL
DE FLORESTAS DE TERRA FIRME DA AMAZÔNIA
EQUATORIANA
Dissertação apresentada à Universidade Federal de Goiás como parte das exigências do Programa de Pós-graduação em Ecologia e Evolução para obtenção do título de Mestre.
Yessenia Paulina Rosero Gordon
Orientador: Paulo De Marco Júnior
Goiânia 2010
iii
INFLUÊNCIA DA TRANSFORMAÇÃO DA COBERTURA VEGETAL
NA COMUNIDADE DE CARABIDAE (COLEOPTERA) EM DOSSEL
DE FLORESTAS DE TERRA FIRME DA AMAZÔNIA
EQUATORIANA
Yessenia Paulina Rosero Gordon
Dissertação apresentada à Universidade Federal de Goiás como parte das exigências do Programa de Pós-graduação em Ecologia e Evolução para obtenção do título de Mestre.
Dr. Divino Brandão
Dra. Viviane Gianluppi Ferro
Dr. Paulo De Marco Júnior
(Orientador)
Goiânia 2010
iv
A mis amores Mamita Tete, Dome, Gabi, Nico e Mati
A la inmortal Charlotte y nuestra inmortal estación: esperanza
A la Pacha Mama
v
se miente más de la cuenta por falta de fantasía:
también la verdad se inventa
Antonio Machado
vi
AGRADECIMENTOS
Agradeço profundamente a minha família pelo imenso amor, força, espera,
compreensão: Luci, Angelo, Doménica, Gabriela, Nicolas, Matias, Cristina, Carlos e
muito especialmente para essa mulher amorosa, guerreira, minha maior mestre e
apoio: a mamita Tete.
As minhas amadisimas Gabi, Dani, Fer e Charlotte, pelo apoio, caminhos
compartilhados, sabedoria e autenticidade.
Meu agradecimento profundo para Luciana e sua família por sua extraordinária
solidaridade e carinho.
A Luis, Irena, Dani, Guilherme, Fran, Victor, Marina e Bruno, obrigada de coração
meus queridos e queridas, por todos os momentos, pelo carinho e pela força naquelas
malegrias da vida no meu paso pelo Brasil.
Agradeço a meu orientador Paulo De Marco Júnior por ter aceitado ser meu orientador
mesmo sem me conhecer muito bem, pelos ensinamentos e incentivo para a
conclusão do mestrado.
Agradeço ao CNPq, Conselho Nacional de Desenvolvimento científico e Tecnológico e
o convenio Brasil – Equador pela bolsa concedida para realizar o mestrado.
A toda essa linda galera do mestrado, de maneira especial para Ronny e Luciana pelo
apoio, carinho e convivência, e da mesma forma para o querido amigo Fabio gatinho
pela sempre bondosa e solicita ajuda.
A querida Myriam que me ajudou desde o primeiro dia que cheguei a Goiânia,
obrigada por estar sempre disposta me apoiar carinhosamente.
Agradeço aos amigos de besouros Mayra e Leonardo, obrigada por ser
carinhosamente muito solícitos. A Heury e Rodrigo pelas conversas, a Silvia pelas
caronas vespertinas e nocturnas e demais pessoal do laboratório pela ajuda de cada
um na sua maneira.
A André Junqueira, Anirban Bhattacharjee, Danielle Soares, Fernando R. Martins,
Guilherme Oliveira, Jari Niemelä, Maria Fernanda Checa, Mauricio González F., Matti
Salo, Mayra Pimenta, Miguel Pinto, Miriam Almeida, Nalini Nadkarni, Pablo Araujo,
vii
Pablo Jarrin, Rafael Cárdenas, Roland Navarrete, Sandra Enríquez e Simon Grove por
facilitarme a bibliografia.
Agradeço pela ajuda com o mapa a Belen Liger e pelo desenho da metodologia a
Valeria Granda.
Este trabalho não tivesse sido possível sem a ajuda incondicional de Pablo, obrigada
pelos ensinamentos, apoio constante e confiança em mim, da mesma forma para os
demais amigos que compartilhamos por anos mesmos sonhos e sonos, Güilli, Paulo,
Ruben, Sandrita e Valeria.
Sei que minhas palavras não puderam expressar toda minha gratidão, para todos e
todas que me ajudaram neste caminho: muito obrigada.
viii
RESUMO
INFLUÊNCIA DA TRANSFORMAÇÃO DA COBERTURA VEGETAL NA
COMUNIDADE DE CARABIDAE (COLEOPTERA) EM DOSSEL DE FLORESTAS DE
TERRA FIRME DA AMAZÔNIA EQUATORIANA
As florestas de terra firme da Amazônia equatoriana estão sujeitas a dramáticas
perturbações, devido principalmente às atividades de extração de madeira na região.
Considera-se a família de besouros Carabidae como um potencial grupo de
organismos que poderia indicar as transformações destes hábitats. Este estudo foi
desenvolvido em florestas Não-alteradas, Medianamente-alteradas e Alteradas,
distribuídas entre 19 locais de floresta amazônica de terra firme do Equador. Os
carábideos de dossel foram amostradas através da metodologia de fumigação. Para
testar se teve influência da transformação das florestas sobre as comunidades de
Carabidae de dossel, se estimou a riqueza de espécies em cada tipo de floresta e se
analisou a qualidade do ajuste ao modelo log-normal de distribuição de abundância
entre espécies. Além disso, se utilizou a metodologia IndVal para detectar espécies
indicadoras em cada tipo de floresta. As comunidades estudadas mostraram baixas
abundâncias para quase todas as espécies, com poucas espécies que podem ser
consideradas dominantes. A riqueza de espécies nas florestas com grau mediano de
perturbação foi maior que nos outros tipos de floresta, o que suporta a hipótese do
distúrbio intermediário. Contrário à expectativa teórica, nas florestas Não-alteradas a
distribuição das abundâncias de Carabidae não se ajustou ao modelo log-normal. Nas
florestas Mediamente-alteradas e Alteradas foram encontrados taxa bioindicadores
que serviriam como potenciais detectores de mudanças ambientais. Assim, neste
estudo, os padrões de diversidade das comunidades de Carabidae de dossel mudam
frente às modificações dos seus habitats, o que se observa nas inúmeras formas de
resposta das comunidades. Os padrões observados não suportam a hipótese de que a
competição interespecífica tenha um papel importante na organização dessa
comunidade, e sugerem que a dinâmica de dispersão pode ser um fator importante
para a resposta dessa comunidade às alterações ambientais.
ix
RESUMEN
INFLUENCIA DE LA TRANSFORMACIÓN DE LA COBERTURA VEGETAL EN LA
COMUNIDAD DE CARABIDAE (COLEOPTERA) EN DOSEL DE BOSQUES DE
TIERRA FIRME DE LA AMAZONÍA ECUATORIANA
Los bosques de tierra firme de la Amazonía ecuatoriana están sujetos a drámaticas
alteraciones, debido principalmente a las actividades de extracción de madera en la
región. Se considera a la familia de escarabajos Carabidae como un potencial grupo
de organismos que podrían indicar las transformaciones de estos hábitats. Este
estudio fue realizado en bosques No-alterados, Medianamente-alterados e Alterados,
distribuidos entre 19 localidades de bosques amazónicos de tierra firme del Ecuador,
con muestreos de carábidos de dosel colectados a través de la metodología de
fumigación. Para testar si hubo influencia de la transformación de los bosques sobre
las comunidades de Carabidae de dosel, se estimó la riqueza de especies en cada tipo
de bosque y se analizó la bondad de ajuste al modelo log-normal de distribución de
abundancia entre especies. Además, se utilizó la metodología IndVal para detectar
especies indicadoras en cada tipo de bosque. Las comunidades estudiadas
presentaron bajas abundancias para casi todas las especies, con pocas especies que
pueden ser consideradas dominantes. La riqueza de especies en bosques con
mediano grado de perturbación fue mayor que en los otros tipos de bosque, lo que
respalda la hipótesis del disturbio intermedio. La distribución de las abundancias de
Carabidae no se ajustó al modelo log-normal en bosques primarios, lo que es contrario
a la expectativa teórica. En bosques Medianamente-alterados y Alterados fueron
encontrados taxa indicadores que servirían como detectores potenciales de cambios
ambientales. Asi, en este estudio, los patrones de diversidad de las comunidades de
Carabidae de dosel cambian ante las modificaciones de sus hábitats lo que se observa
en las innumerables formas de respuesta de estas comunidades. Los patrones
observados no sustentan la hipótesis de que la competición interespecífica tenga un
rol importante en la organización de esa comunidad y sugieren que la dinámica de
dispersión puede ser un factor importante para la respuesta de esa comunidad a las
alteraciones.
x
ABSTRACT
INFLUENCE OF THE TRANSFORMATION OF VEGETAL COVER ON CARABIDAE
(COLEOPTERA) COMMUNITY IN CANOPY OF LOWLAND FOREST OF THE
ECUADORIAN AMAZON
The lowland forests of the Ecuadorian Amazon are subject to dramatic disturbances,
mainly due to logging activities in the region. The family of beetles Carabidae is a
group of organisms that potentially could indicate the changes in these habitats. This
study was conducted in Undisturbed, Moderately-disturbed and Disturbed forests,
distributed among 19 localities of lowland Amazonian forests in Ecuador. Samples of
canopy carabids were collected by the fogging method. To test whether there was
influence of the forest change in the communities of canopy Carabidae, the species
richness was estimated in each forest type and it was analyzed the goodness of fit of
species abundances to the log-normal model of species abundance distribution. In
addition, the IndVal methodology was used to detect indicator species in each forest
type. The communities studied showed low abundances for the majority of species,
with few species that could be considered dominant. Species richness in forests with
moderate degree of disturbance was greater than in other types of forest, which
supports the intermediate disturbance hypothesis. The distribution of the abundances
of Carabidae in the primary forest did not follow the log-normal model, which is contrary
to theoretical expectation. There were found indicators taxa in Moderately-disturbed
and Disturbed forests, which could serve as detectors of potential environmental
changes. Thus, in this study, patterns of diversity of the communities of canopy
Carabidae change with the modifications in their habitats, which are observed in the
countless forms of response from these communities. These patterns do not support
the hypothesis that interspecific competition has an important role in the community
organization and suggest that the dynamics of dispersal may be important to that
community's response to disturbances.
xi
SUMÁRIO
RESUMO___________________________________________________________viii
RESUMEN___________________________________________________________ix
ABSTRACT___________________________________________________________x
INTRODUÇÃO________________________________________________________1
MATERIAIS E MÉTODOS_______________________________________________5
Grupo de estudo_________________________________________________6
Área de estudo __________________________________________________7
Florestas de terra firme Não-alteradas__________________________7
Florestas de terra firme Medianamente-alteradas _________________8
Florestas de terra firme Alteradas_____________________________9
Coleta de dados ________________________________________________12
Análise de dados_______________________________________________13
Estimativa da riqueza de espécies ____________________________13
Análise dos padrões da abundância das espécies _______________13
Análise de taxa bioindicadores _______________________________14
RESULTADOS_______________________________________________________15
Descrição geral da comunidade____________________________________15
Floresta Não-alterada______________________________________16
Floresta Medianamente-alterada_____________________________16
Floresta Alterada__________________________________________17
Riqueza e distribuição das abundâncias de espécies de Carabidae________17
Carabidae como bioindicador______________________________________20
DISCUSSÃO________________________________________________________21
Padrões na diversidade de Carabidae_____________________________________22
Distúrbio intermediário e as comunidades de Carabidae de dossel ______________22
xii
Distribuição da abundância das comunidades de Carabidae de dossel___________24
Comunidade de Carabidae e seu papel como bioindicador_____________________28
Implicações na Conservação____________________________________________29
CONCLUSÕES ______________________________________________________31
LITERATURA CITADA_________________________________________________33
APÊNDICES_________________________________________________________50
Apêndice I. Tabela geral de indivíduos coletados ___________________________50
Apêndice II. Tabela geral dos gêneros coletados___________________________53
Apêndice III. Tabela das espécies exclusivas______________________________54
Apêndice IV. Tabela das espécies comuns________________________________56
xiii
SUMÁRIO DE FIGURAS
Figura 1. Mapa dos locais de estudo _____________________________________11
Figura 2. Representação esquemática da metodologia de fumigação____________12
Figura 3. Porcentagem de morfoespécies de Carabidae de dossel compartidas entre
os diferentes tipos de floresta ___________________________________________ 16
Figura 4. Riqueza estimada das morfoespécies de Carabidae pelo procedimento
Jackknife ___________________________________________________________ 18
xiv
SUMÁRIO DE TABELAS
Tabela 1. Ajuste das abundâncias de Carabidae de dossel à distribuição log-normal
truncada nos diferentes locais amostrados _________________________________19
Tabela 2. Ajuste das abundâncias de Carabidae de dossel à distribuição log-normal
truncada nos diferentes tipos de florestas__________________________________20
Tabela 3. Morfoespécies de Carabidae com INDVAL significativo______________21
Tabela 4. Gêneros de Carabidae com INDVAL significativo___________________21
1
INTRODUÇÃO
Argumenta-se que as florestas chuvosas de terra firme apresentam alta riqueza
de espécies (Osborne 2000) e que a porção da Amazônia sobre influência dos Andes
pode ter a maior diversidade de flora e fauna que qualquer outra parte do mundo,
baseado em estudos sobre a riqueza de árvores (Gentry 1988), aves (Parker et al.
1994), borboletas (Lamas 1985), répteis (Dixon e Soini 1986), anfíbios (Duellman
1978, 1988) e mamíferos (Rex et al. 2008). Estudos estimam que existam mais de 100
milhões de espécies de invertebrados, com a maior parte representada pelos
artrópodes de dossel na floresta tropical (Stork et al. 1997).
Da fauna total existente aproximadamente 75% são insetos, e somente a
ordem Coleoptera (besouros) representa 40% das espécies de todos os animais
(Wilson 1988). Com uma diversidade tão alta, os besouros estão associados a uma
grande variedade de processos ecológicos e desempenham importante papel na
funcionalidade de ecossistemas (Evans e Bellamy 1996, Lassau et al. 2005). Muitas
das famílias de Coleoptera têm ampla distribuição geográfica (Lawrence e Britton
1994). A família Carabidae é uma das mais ricas e abundantes, ocorrendo em todos
os ecossistemas terrestres à exceção da Antártida (Erwin 1985) e é particularmente
rica no dossel das florestas neotropicais (Erwin 1994). Este grupo, considerado de
manera geral como predador, tem sido objeto de estudo em tópicos de filogenia e
biogeografia (Erwin 1981, Ball e Shpeley 2000), de relações com as características do
habitat e bioindicação (Davies e Margules 1998, Pearson e Carroll 1998, Rodríguez et
al. 1998; Rainio e Niemelä 2003).
Os besouros Carabidae têm sido selecionados como grupo indicador da
qualidade do ambiente (e.g. Eyre et al. 1996, Rodriguez et al. 1998, Rainio e Niemelä
2003) por serem sensíveis às perturbações do habitat (Eyre e Ruston 1989, Niemelä
2001), principalmente nos estágios larvais (Lövei e Sunderland 1996). Os
bioindicadores têm sido utilizados como ferramentas úteis para monitorar e detectar as
mudanças no ambiente (Rainio e Niemelä 2003) e podem ser definidos como uma
espécie ou grupo de espécies que refletem o estado biótico e abiótico do ambiente, e
que representam o impacto nas mudanças ambientais, podendo indicar seu efeito na
diversidade de outras espécies (McGeoch 1998). Embora exista muita controvérsia a
respeito do uso de biondicadores (Pearson 1994, Rolstad et al. 2002), muitos
especialistas sustentam o seu uso para avaliar as condições ambientais (McGeoch
1998, 2007, Niemi e McDonald 2004).
2
Neste trabalho serão analisados os padrões de comunidades de carabídeos no
dossel de florestas tropicais amazônicas. O dossel das florestas se tornou um tema
cada vez mais explorado (Basset et al. 2003a) e reconhecido em relação à
compreensão da biodiversidade (Nadkarni 1994). É considerado um subsistema único
da floresta no qual ocorre uma parte principal de muitos processos (Bongers 2001). É
o principal lugar de assimilação de energia em produção primária, com intensa troca
de oxigênio, vapor de água e dióxido de carbono (Basset et al. 2003a). A maior
atividade fotossintética na biosfera ocorre no dossel, sendo os dosséis florestais
responsáveis por quase metade do carbono armazenado na vegetação terrestre (Malhi
e Grace 2000).
O termo “dossel” tem sido utilizado por diferentes autores para se referir a
diferentes significados. Uma definição aceita é dada por Nadkarni (1995), que define o
dossel como agregado de cada copa das árvores na floresta, incluindo folhas, galhos,
ramos finos e epífitas. A estrutura do dossel da floresta tropical compreende um
mosaico heterogêneo de hábitats no interior da rede tridimensional do tronco da árvore
(Yanoviak et al. 2003). Geralmente os dosséis tropicais estão repletos de cipós e
outras plantas aéreas, contendo muitos microhábitats irregulares, tais como camadas
de epífitas, bolsas de húmus, serrapilheira suspensa, buracos de árvores e bromélias
(Erwin 2001), os mesmos que podem adicionar considerável complexidade física e
biológica para o ambiente do dossel (Benzing 2000). Desta forma, o dossel contém
uma série excepcional de recursos orgânicos para um número igualmente diverso de
consumidores (Basset et al. 2003a). Estes microhábitats possivelmente aumentam a
riqueza coletiva de espécies de artrópodes arborícolas, aumentando a diversidade de
nichos disponíveis (Erwin 1995). Nadkarni (1994) demonstrou que as camadas de
epífitas funcionam como habitat para invertebrados, amenizando as variações no
ambiente local através da retenção da umidade, refúgio contra o vento, além de
servirem como zonas de alimentação e sítios de ovoposição para vários artrópodes.
Os principais determinantes da distribuição vertical dos artrópodes podem ser
agrupados em quatro categorias: fatores abióticos, fisionomia florestal e arquitetura da
árvore, disponibilidade de recursos e comportamento dos artrópodes per se (Basset et
al. 2003b). Considerando apenas os predadores, sua distribuição vertical depende,
provavelmente, do grau de especialização em determinadas presas e de sua
tolerância a condições ambientais nos diferentes estratos. Assim, predadores
generalistas poderiam ocupar mais de um estrato pela presença de presas potenciais,
mas serem restringidos pela disponibilidade de microhabitats adequados nesses locais
(Basset et al. 2003b). Um exemplo da diferença entre estratos é a presença de
3
substratos que afetam a ocorrência de insetos é a serrapiheira, que pode estar
suspensa em um estrato superior às epífitas presas nos troncos das árvores, mas
apresenta um microhabitat mais adequado devido à retenção da umidade.
A Amazônia equatoriana representa 3% de toda a bacia amazônica, porém é
metade do território nacional, sendo enquadrado como um hot spot sob sérias
ameaças (Josse et al. 2001). Nas últimas quatro décadas a floresta de terra firme na
região amazônica equatoriana perdeu aproximadamente 16% da cobertura vegetal
original (Sierra 1999), devido principalmente ao desmatamento, o aumento da
exploração de petróleo e aos processos de reforma agrária e colonização, ambos
iniciados na década de 60 (Araujo 2008).
Existem várias definições de perturbação. Para Grime (1977) a perturbação é a
destruição parcial ou total da biomassa. Sousa (1984) definiu como o deslocamento ou
o dano moderado nos indivíduos que direta ou indiretamente criam uma oportunidade
para que se estabeleçam novos indivíduos. Já Picket e White (1985) definiram como
um evento que perturba os ecossistemas, a comunidade ou a estrutura da população,
no qual mudam os recursos, a disponibilidade de substrato ou o ambiente físico.
Assim, apesar de não ter chegado num consenso na definição de perturbação, tem
que se destacar que a perturbação tem efeitos direitos na dinâmica populacional dos
organismos.
A maioria das explicações sobre a estrutura das comunidades naturais está
baseada nas interações entre espécies, sendo a competição considerada durante
muito tempo como a interação de maior importância nessa estrutura (Schoener 1982).
É esperado que a competição interespecífica seja um fator importante que controla as
comunidades e determina os padrões, principalmente em sistemas estáveis nos quais
as espécies podem estar mantendo populações altas, próximas de sua capacidade
suporte. Nessas condições, a maior quantidade de indivíduos favorece explicações
interativas para a estrutura da comunidade.
No entanto, os padrões nas comunidades podem ser resultado das interações
de muitos fatores desde esses fatores interativos até a resposta das espécies às
condições ambientais (Haddad et al. 2008). Considerando perturbações e as
alterações que causam tanto nas interações interespecíficas quanto nas condições
abióticas, a hipótese do distúrbio intermediário, prediz uma maior diversidade de
espécies em níveis intermédios de alteração (Grime 1973, Connell 1978, Wilkinson
1999). Quando os agentes causadores da perturbação atuam com intensidades
médias, evitam que as espécies mais competitivas excluam as demais, permitindo que
4
essas persistam na comunidade. Se a intensidade do distúrbio fosse baixa as
espécies mais competitivas não seriam inibidas, e se fosse alta nenhuma das espécies
poderia compensar a grande mortalidade provocada pelo distúrbio (Connell 1978,
Wilson e Tilman 2002, Bongers et al. 2009). Espera-se que espécies com maior
amplitude de nicho ou maior tolerância a variações ambientais (e.g. r-estrategistas)
consigam se manter ou preferencialmente colonizem as áreas alteradas (e.g. Molino e
Sabatier 2001, Valdivia et al. 2005). Assim a alteração ambiental em nível
intermediário deve aumentar a riqueza de espécies local pela adição de espécies r-
estrategistas.
Além dos efeitos sobre a diversidade de espécies, o desmatamento ou as
alterações dele decorrentes, também afetam a distribuição de abundância entre
espécies (Cleary et al. 2009, Ernst e Rodel 2005). May (1975) demonstrou que a
distribuição log-normal seria esperada em sistemas estáveis com muitas espécies e
interações interespecíficas multiplicativas. Ugland e Gray (1982) utilizaram esse
argumento para propor uma predição testável sobre a distribuição de abundâncias:
comunidades alteradas não devem seguir a distribuição log-normal, enquanto
comunidades preservadas devem se ajustar a esse modelo. A existência dessa
relação foi corroborada pelos estudos de Kevan e colaboradores (1997) com
comunidades de polinizadores de mirtilos (Vaccinium spp.). No entanto, não foi
observado o mesmo padrão em estudos com besouros (Nummelin 1998, Belaoussoff
et al. 2003), borboletas (Lewis 2001) e plantas do sudeste do Brasil (Cielo Filho et al.
2002). Assim, apesar de um forte apelo teórico, o uso da distribuição log-normal como
indicador de alterações ambientais exige ainda um maior suporte de observações
empíricas que nos ajudem entender em que situações essas predições realmente são
observadas.
O princiapal objetivo deste trabalho é determinar a influência da transformação
da cobertura vegetal em florestas de terra firme da Amazônia equatoriana sobre as
comunidades de besouros Carabidae de dossel. Com base na teoria sobre os efeitos
da perturbação sobre a riqueza e a distribuição de abundância nas comunidades, as
seguintes predições foram avaliadas:
1. Considerando a hipótese de distúrbio intermediário espera-se que a floresta com
grau médio de alteração apresente maior riqueza de espécies.
2. O padrão de distribuição da abundância de espécies pode ser um preditor do nível
de alteração, se isso ocorrer espera-se que a floresta prístina apresente uma
distribuição Log-normal, e as áreas alteradas não se ajustariam a esse modelo.
5
3. Sendo Carabidae considerado como um grupo sensível às perturbações, espera-se
encontrar bioindicadores desse grupo que podem ser utilizados como referentes dos
diferentes graus de alteração nas florestas de terra firme da Amazônia.
MATERIAIS E MÉTODOS
Grupo de estudo
A família Carabidae é uma das dez famílias de besouros com maior número de
espécies. Foi criada por Latreille em 1802, e nesta época era composta de 29 gêneros
(Ball 1996, Roig-Juñent e Domínguez 2001). Atualmente estima-se 40 mil espécies
descritas, distribuídas em 86 tribos (Lövei e Suderland 1996, Roig e Domínguez 2001).
As classificações recentes de Carabidae incluem grupos anteriormente considerados
como famílias distintas, como Cicindelidae, Omophronidae, Paussidae e Rhysodidae
(Martínez 2005).
Os carabídeos habitam todos os continentes excetuando a Antártida entre 78°
de latitude norte e 55° de latitude sul. Eles ocorrem numa ampla gama de
microhábitats, desde o subsolo até o topo das árvores, incluindo praias marinhas,
gretas nas rochas intermareais, solo, margens dos glaciares (montanhas altas) e
cavernas (Erwin 1991).
Lawrence e Briton (1994) classificaram os carabídeos em três grupos
ecológicos:
1) Hidrófilos: aqueles que vivem nas bordas de corpos da água ou habitats
inundáveis. Estão incluidas nesse grupo as tribos Omophronini (Omophron),
Scaritini, Cliviini, Panagaeini (Panagaeus), Peleciini, Chlaeniini, Oodini,
Harpalini, Galeritini (Galerita), Cyclosomini (Tetragonoderus)
2) Geófilos ou mesófilos: aqueles que vivem no solo, sem estar associados com
água. Estão incluidas nesse grupo as tribos Pterostichini, Panagaeini (Coptia),
Galeritini (Ancystroglossus), Platynini, Perigonini, Lachnophorini (Euphorticus),
Pentagonicini
3) Arborícolas: aqueles que habitam folhas e galhos do dossel de florestas.
Fazem parte desse grupo as tribos Collyridini (Ctenostoma), Ozaenini,
Bembidiini, Ctenodactylini, Lebiini (Agra, Calleida, Coptodera, Inna, Lebia)
O tamanho corporal dos carabídeos varia de 1 a 60 mm, usualmente de 2,5 a
30 mm (Lawrence e Britton, 1994). A forma do corpo pode variar de plana a muito
convexa. Igualmente, a coloração é muito diversa, variando de totalmente negras até
6
cores vivas e metálicas, sendo a maioria das espécies de cor parda escura (Ball
1979).
A maioria dos carabídeos são onívoros de vida livre ou carnívoros que
localizam seu alimento através de químico receptores (Ball e Shpeley 2000). Os
Alimentam-se de artrópodes mortos ou moribundos e/ou ovos de insetos, porém
existem algumas espécies de Harpalinae que são fitófagas (Lawrence e Newton
1982). O estágio larval possui três instares. A maioria das larvas são predadoras, mas
algumas se alimentam de frutas ou sementes, e outras são comensais de formigas ou
ectoparasitas de pupas de coleópteros (Roig e Domínguez 2001). A diferença dos
demais adéfagos, as larvas de Carabidae são terrestres (Thompson 1979). Muitos
destes insetos possuem asas posteriores bem desenvolvidas sendo ágeis voadores.
No entanto, algumas espécies apresentam asas reduzidas e não voam, estas
espécies ocorrem em ilhas e, no caso das zonas tropicais, em ecossistemas de
maiores altitudes (i. e. montanhas) (Ball 1979).
A classificação de Carabidae tem recebido grande atenção nos últimos anos,
porém ainda existem problemas a serem resolvidos em vários grupos (Martinez 2005),
e muitas espécies ainda não foram descritas. O sistema de classificação usado na
presente dissertação é de Erwin e Sims (1984).
Área de Estudo
O presente estudo foi realizado em florestas de terra firme na região norte
amazônica do Equador. As formações de terra firme alcançam até 600 m acima do
nível do mar. Neste tipo de floresta a temperatura oscila entre 24°C e 26°C. A umidade
relativa do ar varia de 96% a 100%. A precipitação anual é superior a 3500 mm
(Jaramillo e De Vries 2002), apresentando diferenças em relação à estacionalidade. O
regime da precipitação do tipo equatorial do hemisfério norte apresenta dois picos de
precipitação, um de março a junho e o outro de outubro a novembro. Os períodos
menos chuvosos são janeiro, fevereiro, agosto e setembro (Lips e Duivenvoorden
2001). Uma das características mais importantes das florestas de terra firme é que,
apesar das chuvas freqüentes, estes sistemas nunca ficam alagados.
A floresta de terra firme é a formação natural com maior extensão na Amazônia
equatoriana (Palacios et al. 1999). A maior parte de terra firme está densamente
ocupada com redes de drenagem de padrão dendrítico, formado por extensos
sistemas de colinas pequenas (aproximadamente o 60% da área total), característica
comum nas terras baixas do trópico úmido. O resto da terra firme está em forma de
7
platoa. Em geral as colinas e platoas não ultrapassam os 60 m de altura sobre o nível
local dos rios (Lips e Duivenvoorden 2001).
Segundo Palacios et al. (1999) as florestas de terra firme da Amazônia
equatoriana são altamente heterogêneas e diversas, com um dossel que atinge 30 m
de altura e árvores emergentes que ultrapassam 40 m, sendo a vegetação deste
estrato descontínua. As espécies mais representativas no dossel são: Eschweilera
coriacea (matamatá), Iriartea deltoidea (paxiubinha, paxiúba-barriguda), Guarea
kunthiana (marinheiro), Oenocarpus bataua (patauá), Otoba glycycarpa, Otoba
parvifolia (noz moscada santa fé, otoba), Parkia multijuga (paricá, paricá-grande-da-
terra-firme), Pouroma minor (purumaí, tourém), Pouroma bicolor (imbúba),
Pseudolmedia laevis (inharé folha miúda, muiratinga), Virola duckei (ucuúba), entre
outras (Palacios et al. 1999, Pitman et al. 2001). O subdossel está formado por
espécies de árvores mais ou menos homogêneas em diâmetro e altura (10 a 20 m),
muitas delas com raízes tabulares (Araujo e Enríquez 2005). As espécies abundantes
nesse ambiente são: Grias neuberthii, Phytelephas tenhuicaulis (yarina, jarina),
Protium nodulosum (breu), Symphonia globulifera (anani), Tetrathyllacium
macrophyllum, Virola calophylla (ucubarana) e algumas espécies do gênero
Anacardium (Palacios et al. 1999).
O sub-bosque está constituído por árvores, arbustos e plantas com altura de
entre 1 a 9 m, se caracteriza por ter uma densa vegetação. Está representado pelas
seguintes espécies: Gustavia longifolia, Matisia malacocalyx, Pouteria caimito (abiu,
abiurana), Rinorea apiculata, Siparuna decipiens (Palacios et al. 1999, Pitman et al.
2001). No estrato baixo se encontram raízes de árvores e várias espécies dos gêneros
Dieffenbachia (comigo-ninguém-pode), Philodendron, Calathea, Oenocarpus bataua
(patauá), entre outras (Palacios et al, 1999, Jaramillo e De Vries 2002)
O estudo foi realizado em 19 locais em áreas de floresta de terra firme (Figura
1). De acordo com diferentes condições de cobertura vegetal. Os locais foram
categorizados em três tipos: Não-alteradas, Medianamente-alteradas e Alteradas.
Florestas de terra firme Não-alteradas. Nessas florestas a cobertura vegetal se
encontrava inalterada até o momento da coleta, devido principalmente ao difícil acesso
aos locais. O dossel está a 35 m, mas individualmente existem árvores que
ultrapassam esses limites, chegando até 60 m de altura, sendo a vegetação neste
estrato descontinua. As espécies vegetais mais representativas são: Guarea sp., Inga
sp., Brownea sp., Ireartea deltoidea (paxiubinha), Otoba sp., Eschweilera sp.,
Oenocarpus bataua (patauá), Licania sp., Sterculia corrugata, Iriartea exorrhiza
8
(paxiuba), Pourouma sp., Brosimum sp., Grias neuberthii, Virola sp., Sterculia
apeibophylla e várias espécies das famílias Lauraceae e Moraceae (Pitman et al.
2001).
As amostras em áreas não alteradas ocorreram nos seguintes locais:
1. Lliquino (-77,457° longitude; -1,5° latitude), aproximadamente 7 km ao norte do
povoado Villano, no Rio Pastaza.
2. Río Acaro (-77,419° longitude; -1,388° latitude), aproximandamente 25 km ao
norte de Lliquino.
3. Pozo Apaika (-75,933° longitude; -0,858° latitude), próximo ao Rio Rumiyacu,
dentro do Parque Nacional Yasuní.
4. Nushiño (-77,39° longitude; -1,080° latitude), nos arredores de Waponi,
comunidade étnica Waorani, no Rio Nushiño.
5. Zábalo (-75,690° longitude; -0,260° latitude), situada aproximadamente 10 km
ao norte da comunidade étnica Cofán de Zábalo do Rio Aguarico, dentro da
Reserva de Produção Faunística Cuyabeno.
6. Apaika 1 (-75,887° longitude; -0,822° latitude), entre o Rio Pindoyacu e o Rio
Tiputini, na zona intangível do Parque Nacional Yasuní.
7. Apaika 2 (-75,906° longitude; -0,837° latitude), entre o Rio Pindoyacu e o Rio
Tiputini, dentro da zona intangível do Parque Nacional Yasuní.
Florestas de terra firme Medianamente-alteradas. Caracterizam-se principalmente
pela prática de corte seletivo de madeira, utilizado para o aproveitamento tradicional
das comunidades indígenas próximas, como construção de embarcações e casas, ou
para a comercialização ilegal das árvores. Nessas áreas, contudo a cobertura vegetal
não foi drasticamente modificada, com dossel chegando até 30 m de altura, e árvores
emergentes de 40 m de altura. O dossel e subdossel são bastante densos. A presença
de cipós e trepadeiras é abundante e estão presentes em todos os estratos verticais. A
vegetação característica é: Iriartea exorrhiza (paxiuba), Virola peruviana, Bauhinia
arborea, Pouroma cecropiifolia (embauba de vinho).
Neste habitat as amostras ocorreram nos seguintes locais:
1. Ginta (-76,164° longitude, -1,351° latitude), a aproximadamente 1 km de uma
trilha que conduz ao Km 110 da rodovia Maxus (empresa petroleira), dentro da
Reserva Étnica Waorani, Parque Nacional Yasuní.
9
2. Huataraco (-77,017° longitude; -0,3° latitude), nas proximidades da comunidade
Huataraco. A floresta está influenciada principalmente por plantações e
extração de madeira que é utilizada para construção de casas.
3. OnkoneGare (-76,441° longitude; -0,661° latitude), nas proximidades do Km 32
da rodovia Maxus (empresa petroleira), dentro da Reserva Étnica Waorani no
Parque Nacional Yasuní. O hábitat é influenciado pela abertura da estrada a
mesma que facilitou a extração seletiva de madeira.
4. Chontapunta-Mondaña (-77,265° longitude; -0,891° latitude), nas proximidades
da comunidade Chontapunta. A floresta é influenciada principalmente pela
extração de madeira utilizada para varias atividades do povoado.
5. Sacha El Control 1 (-76,771° longitude; -0,208° latitude), o local amostrado tem
um histórico de 30 anos de corte de árvores madeiráveis.
6. Sacha La Texaco 1 (-76,846° longitude; -0,268°Y), o local é influenciado por
atividades petroleiras e trilhas que facilitaram o corte de árvores usadas para
construção de casas e barcos.
7. Limoncocha Río Blanco Chico (-76,617° longitude; -0,342° latitude), o local é
influenciado por atividades de caça e corte seletivo de madeira.
Florestas de terra firme Alteradas. Caracterizam-se pela proximidade de povoados,
o que facilita a retirada de árvores, o estabelecimento de áreas de plantações, a coleta
de produtos silvestres, a abertura de estradas para trânsito veicular, dentre outros
tipos de impactos sobre a floresta. Neste tipo de floresta o dossel não é muito alto,
chegando até 20 m de altura. O subdosel e sub-bosque são densos. A vegetação está
constituída por árvores pioneiras como Ochroma pyramidale (pau balsa), Cecropia
sciadophylla (embaúba), alem de espécies como: Acalypha diversifolia, Urera
caracasana (urtigão), Cordia alliodora (louro amarelo), Piper aduncum (aperta ruao),
Cecropia ficifolia (Jaramillo e De Vries 2002).
Neste hábitat as amostragens foram realizadas nos seguintes locais:
1. Pompeya Sur (-76,604° longitude; -0,447° latitude), perto da comunidade
Kichwa Pompeya Sur, que é ponto de acesso para a rodovia que conduz às
instalações da empresa petroleira REPSOL-YPF. A floresta está afetada pelas
diferentes atividades do povoado, principalmente extração de árvores para
construção de canoas e domicílios, além de existir trânsito veicular e áreas de
plantações.
10
2. Lumbaqui Río Aguarico (-77,295° longitude; 0,063° latitude), ao noroeste do
povoado Lumbaqui. O hábitat é afetado principalmente pela abertura de vias de
acesso e retirada de madeira.
3. Unión San Miguel (-77,138° longitude; -0,759° latitude), nas proximidades da
comunidade Kichwa Unión San Miguel, perto do Rio Inchillacu, próximo à
estrada La Delicia-Rio Napo. A floresta está influenciada pelo atividades
antrópicas da comunidade como extração de árvores para construção de
canoas e casas, além do trânsito veicular.
4. Sacha El Control 2 (-76,770° longitude; -0,224° latitude), o local foi alterado
para atividades de petróleo e assentamentos humanos. Apresenta vegetação
pionera e poucas árvores remanescentes.
5. Sacha La Texaco 2 (-76,836° longitude; -0,266° latitude), perto de uma
plataforma petroleira. A área foi alterada faz 10 anos, apresenta vegetação
pioneira, arbustos e poucas árvores remanescentes.
11
Figura 1. Mapa dos locais de estudo. Florestas Não-alteradas: 1 (Lliquino), 2 (Rio Acaro), 3 (Pozo Apaika), 4 (Nushiño), 5 (Zábalo), 6 (Apaika 1), 7
(Apaika 2). Florestas Medianamente-alteradas: 8 (Ginta), 9 (Huataraco), 10 (OnkoneGare), 11 (Chontapunta Mondaña), 12 (Sacha El Control 1), 13
(Sacha La Texaco 1), 14 (Limoncocha Rio Blanco Chico). Florestas Alteradas: 15 (Pompeya Sur), 16 (Lumbaqui Rio Aguarico), 17 (Unión San
Miguel), 18 (Sacha El Control 2), 19 (Sacha La Texaco 2).
12
Coleta de dados
Os besouros forma coletados através da metodologia de fumigação proposta
por Erwin (1983) com modificações, com uma média de 10 amostras em cada local.
Em cada local se delimitava um transecto de 1 km ao longo do qual se penduraram
horizontalmente abaixo da cobertura vegetal arbórea, lençóis de nylon de 9 m²
(unidade de amostragem), distanciados 100 metros entre si, onde pelo menos
abrangeram três árvores com no mínimo 20 m de altura (Figura 2). Durante a noite se
fumigava a cobertura vegetal dos pontos de amostragem usando uma fumigadora
(Dyna fogger) com inseticida biodegradável (permetrina técnica 3%), durante um
minuto, tempo suficiente para cobrir de inseticida os microhábitats presentes nos
estratos arbóreos. Os insetos foram coletados e conservando-os em álcool etílico
75%.
Os coleópteros pertencentes à família Carabidae foram separados do material
coletado e identificados até morfoespécie. A classificação taxonômica utilizada
pertence a Erwin e Sims (1984) e outras revisões (Reichardt 1977, Erwin 1991). O
material coletado foi revisado por especialistas para verificar as identificações
realizadas ao nível de morfoespécie, garantindo uma não extrapolação da riqueza de
espécies devido ao dimorfismo sexual.
Figura 2. Representação esquemática da metodologia de fumigação (Desenho de Valeria
Granda).
v
v
v
v
v
v
v
v
Unidade amostral
Transecto 1 km
100 m
13
Análise de Dados
Estimativa da riqueza de espécies
Para corrigir o viés próprio da medida de riqueza, se utilizou o estimador não
paramétrico Jackknife (Burnham e Overton 1978, 1979, Heltshe e Forrester 1983,
Colwell e Coddington 1994). Este é um método que fornece uma estimativa para a
riqueza das espécies somando a riqueza observada mais um parâmetro calculado a
partir do número de espécies que ocorreram em apenas uma amostra (Krebs 1999). A
partir deste método, é possível obter um intervalo de confiança que permite fazer
comparações estatísticas entre dois ou mais locais amostrados. Para a realização
desta análise foi usado o EstimateS Win 7.5 (Colwell 2000).
Na seguinte equação SJack1 é a riqueza estimada, Sobs é a riqueza observada ou
seja o número de espécies coletadas, Q1 é o número de espécies encontradas em
apenas uma amostra e m é o número de amostras.
m
1mQ+S=S 1obs1Jack
- (Eq. 1)
Análise dos padrões da abundância das espécies
Para analisar os padrões da abundância das espécies de Carabidae de dossel,
se realizou um ajuste ao modelo log-normal truncado à distribuição das abundâncias
(Preston 1948). Foi usado um método de estimação não-linear usando os mínimos
quadrados como perda da função no procedimento iterativo quasi-Newton.
A distribuição log-normal é descrita pela seguinte equação:
)Ra-exp(S=)R(S 22o (Eq. 2)
onde:
S(R) = número de espécies na r-ésima classe ou oitava
S0 = número de espécies na classe modal
a = (2σ2)1/2 = amplitude inversa da distribuição
S0 é a freqüência das espécies na classe modal e a está inversamente relacionada à
dispersão da distribuição.
A qualidade do ajuste foi testada pelo teste do qui-quadrado (Zar 1996). Foram
estimados os erros padrões para cada parâmetro e através deles calculado o intervalo
14
de confiança de 95%. Para o cálculo foi utilizada uma rotina no programa MATLAB
versão 7.2.0.232 (R2006a).
Análise de taxa bioindicadores
Para encontrar espécies que caracterizam cada tipo de floresta se utilizou o
Método Valor Indicador (Indicator Value Method – IndVal), desenvolvido por Dufrêne e
Legendre (1997). Este método baseia-se no grau de especificidade de uma espécie
(exclusividade a um habitat particular) e a fidelidade (freqüência de ocorrência dentro
do mesmo habitat), ambos medidos de maneira independente para cada espécie e
que é expressa como porcentagem (McGeoch et al. 2002). Através deste método é
possível não apenas identificar as espécies características, as quais são
indispensáveis para diagnósticos, mas também as espécies detectoras, que são mais
úteis no monitoramento (Van Rensburg et al. 1999, McGeoch et al. 2002).
Já que é comum que espécies de mesmo gênero compartilhem características
ecológicas que podem afetar sua resposta às alterações ambientais se analisou não
apenas as morfoespécies como também os gêneros. Para restar importância de
espécies vágueis nesta análise, morfoespécies e gêneros com apenas um ou dois
indivíduos foram eliminadas, o que reduziu de 85 para 42 o número de morfoespécies
e de 28 para 17 o número de gêneros avaliados como biondicadores.
Este método se calcula com a seguinte fórmula:
100xB xA=IndVal ijij (Eq. 3)
Onde: Nindiv
Nindiv=A
i
ij
ij (Eq. 4)
Aij = medida da especificidade
Nindiv ij = número médio de indivíduos da espécie i em todos os locais do grupo j
Nindiv i = é a soma da média dos indivíduos da espécie i em todos os grupos
Nlocais
Nlocais=B
i
ij
ij (Eq. 5)
Bij = medida de fidelidade
Nlocais ij = número de locais no grupo j onde a espécie i está presente,
Nlocais j = número total de locais nesse grupo
15
A significância do valor indicador foi testada pela técnica de Monte Carlo.
Foram realizadas 10000 aleatorizações para determinar a significância estatística dos
indicadores. As morfoespécies e os gêneros de Carabidae com IndVal
estatisticamente diferente do acaso (p<0,05) e maior que 70% são considerados como
características do hábitat em questão. Já aqueles com IndVal significativo mas
menores que 70% são indicadas como detectoras (Van Rensburg et al. 1999,
McGeoch et al. 2002). O IndVal foi calculado utilizando PCOrd versão 5.15 (McCune e
Mefford 2006).
RESULTADOS
Descrição Geral da Comunidade
Foram capturados um total de 764 indivíduos de besouros Carabidae de dossel
de terra firme, distribuídos em três subfamílias, quatro tribos e 85 morfoespécies
(Apêndice I e II). Dos locais amostrados, os que apresentaram maior abundância de
carabídeos foram OnkoneGare com 193 indivíduos, seguida por Limoncocha Rio
Blanco Chico com 104 e Huataraco com 61, todas em florestas Medianamente-
alteradas.
Os gêneros mais abundantes de Carabidae foram Agra (25%), Lebia (19%),
Euproctinus (15%) e Coptodera (9%). Os gêneros Agra e Lebia tiveram uma ampla
distribuição, ocorrendo em todos os locais estudados. Alguns gêneros apareceram
somente em um local como: Heraldinium, que foi registrada em Apaika 2 (floresta Não-
alterada), Ogygium, em Limoncocha Rio Blanco Chico (floresta Medianamente-
alterada), Apenes e Phacocerus, em Unión San Miguel (floresta Alterada) e
Cryptobates em Sacha La Texaco 2 (floresta Alterada).
Foram encontradas 18 morfoespécies de Carabidae de dossel em comum
entre florestas Não-alteradas e Medianamente-alteradas, duas entre Não-alteradas e
Alteradas, quatro entre Medianamente-alteradas e Alteradas e 20 morfoespécies
foram comuns entre os três tipos de florestas (Figura 3, Apêndice IV).
16
Não-alterado
Alterado Medianamente-alterado
21,18% 2,35%
4,7%
23,53%
11,77%
25,8% 2,35%
Figura 3. Porcentagem de morfoespécies de Carabidae de dossel compartilhadas entre
os diferentes tipos de florestas de terra firme da Amazônia equatoriana.
Floresta Não-alterada
Foram coletados 205 indivíduos de 50 morfoespécies. A abundância média foi
de 4,1 (± 6,11 desvio padrão). As morfoespécies mais freqüentes foram Goniotropis
sp.1 (100% dos locais amostrados), seguido por Lebia sp.1 e Lebia sp.2 (86% dos
locais amostrados). As morfoespécies mais abundantes foram Lebia sp.1 com 31
indivíduos (0,403 ± 1,042) (média ± desvio padrão), seguido de Coptodera sp.2 com
25 indivíduos (0,325±1,446) e Agra sp.1 com 19 indivíduos (0,247 ± 0,691).
Para este tipo de floresta foram registrados 23 singletons (espécies com um
único indivíduo) e oito doubletons (espécies com dois indivíduos). No que diz respeito
a todo o estudo, foram registrados oito singletons (9,4% do total de espécies
coletadas) e dois doubletons (2,35% do total de espécies coletadas). Neste tipo de
floresta ocorreram 10 morfoespécies exclusivas (Apêndice III).
Floresta Medianamente-alterada
Foram coletados 460 indivíduos de 63 morfoespécies. A abundância média foi
de 7,30 (± 13,49). As morfoespécies mais freqüentes foram Agra sp.1 e Onota sp.1
(100% dos locais amostrados), seguido por Lebia sp.1 (86% dos locais amostrados).
As morfoespécies mais abundantes foram Euproctinus sp.1 com 91 indivíduos (1,071
17
± 5,058) (média ± desvio padrão), seguido de Agra sp.1 com 41 indivíduos (0.482 ±
0.766) e Lebia sp.1 com 32 indivíduos (0,376 ± 0,963).
Para este tipo de floresta foram registrados 24 singletons e 11 doubletons. No
que diz respeito a todo o estudo, foram registrados 11 singletons (12.94 % do total de
espécies coletadas) e 5 doubletons (6% do total de espécies coletadas). Neste tipo de
floresta foram encontradas 22 morfoespécies exclusivas (Apêndice III).
Floresta Alterada
Foram capturados 99 indivíduos de 35 morfoespécies. A abundância media foi
de 2,83 (± 3,83). As morfoespécies mais freqüentes foram Agra sp.1 (57% dos locais
amostrados), seguido por Hyboptera sp.1 (43% dos locais amostrados). As
morfoespécies mais abundantes foram Euproctinus sp.1 com 21 indivíduos (0,477 ±
1,959)(média ± desvio padrão), seguido de Agra sp.1 com 10 indivíduos(0,227 ±
0,424) e Lebia sp.11 com nove indivíduos (0,205 ± 0,462).
Para este tipo de bosque foram registrados 18 singletons e sete doubletons.
No que diz respeito a todo o estudo, foram registrados sete singletons (8,23% do total
de espécies coletadas) e um doubleton (1,17% do total de espécies coletadas). Neste
tipo de floresta foram encontradas nove morfoespécies exclusivas (Apêndice III).
Riqueza e Distribuição das Abundâncias das Espécies de Carabidae
As florestas Medianamente-alteradas apresentaram maior riqueza de espécies
que florestas Não-alteradas e Alteradas (Figura 4). A variação espacial observada na
riqueza, a partir dos valores de variância estimados pelo Jackknife, não mostram
grande diferença, sugerindo que do ponto de vista da heterogeneidade ambiental
espacial os três sistemas foram semelhantes.
As abundâncias das morfoespécies de Carabidae foram ajustadas ao modelo
log-normal tanto para cada local como para cada tipo de floresta. Do total de locais
amostrados (19) foram realizados 16 ajustes, os três restantes locais não se ajustaram
porque tiveram poucos números de classes. Ao contrário do esperado, o modelo log-
normal não discriminou entre locais com e sem perturbação (Tabela 1). Ao analisar por
categorias, as florestas Medianamente-alterada e Não-alterada apresentaram um
ajuste log-normal da comunidade de besouros Carabidae (Tabela 2).
18
NA MA A
Categoria
25
30
35
40
45
50
55
60
65
70
Riq
ueza d
e m
orf
oespécie
s d
e C
ara
bid
ade d
e d
ossel
(Jackknife
)
Figura 4. Riqueza estimada das espécies de Carabidae pelo procedimento Jackknife,
nas florestas Não-alteradas (NA), Medianamente-alteradas (MA) e Alteradas (A) das
florestas de terra firme da Amazônia equatoriana. As barras representam o intervalo de
confiança de 95%.
19
Tabela 1. Ajuste das abundâncias de Carabidae de dossel à distribuição log-normal
truncada nos diferentes locais amostrados nas categorias NA (Não-alterada), MA
(Medianamente-alterada), A (Alterada). So é número de espécies na classe modal, a
representa a equitabilidade na distribuição de abundância de espécie, x2 é a estatística do
teste qui-quadrado e GL são os graus de liberdade. *Indica que as abundâncias do local
não apresentam ajuste ao modelo log-normal.
Locais
So
a
x²
GL
p Estimado Erro Padrão
Estimado Erro Padrão
NA
Lliquino 19,999 4,605 0,437 0,160 6,670 2 *<0,001
Pozo Apaika 11,761 1,832 0,289 0,078 4,130 2 0,127
Nushiño 11,100 2,789 0,250 0,113 16,810 3 *<0,001
Zábalo 7,751 3,569 0,189 0,170 2,561 2 0,278
Apaika 1 16,937 12,397 0,636 0,636 435,644 2 *<0,001
Apaika 2 8,758 1,926 0,167 0,070 1,373 3 0,712
MA
Ginta 10,361 2,298 0,135 0,059 1,598 3 0,660
Huataraco 16,344 4,152 0,401 0,165 43,788 2 *<0,001
OnkoneGare 11,199 2,655 0,063 0,031 7,328 6 0,292
Contapunta Mondaña 6,614 0,797 0,148 0,035 0,411 3 0,938
Sacha El Control 1 12,867 4,317 0,610 0,286 16,976 2 *<0,001
Sacha La Texaco 1 85,034 21106,1 2,651 248,671 4263,857 1 *<0,001
LRBC 10,512 2,139 0,100 0,041 2,862 4 0,581
A
Pompeya Sur 0,644 0,975 -0,018 0,091 <0,001 4 >0,05
Sacha El Control 2 6,088 0,277 0,188 0,017 0,020 2 0,990
Sacha La Texaco 2 15,861 11,640 0,574 0,605 261,746 2 *<0,001
20
Tabela 2. Ajuste das abundâncias de Carabidae de dossel à distribuição log-normal
truncada pertencentes às florestas NA (Não-alterada), MA (Medianamente-alterada) e A
(Alterada). So é o número de espécies na classe modal, a representa a equitabilidade na
distribuição de abundância de espécies, x2 é a estatística do teste qui-quadrado e GL são
os graus de liberdade. *Indica que as abundâncias do local não apresentam ajuste ao
modelo log-normal.
Tipos de
Floresta
So
a
x² GL p Estimado Erro Padrão
Estimado Erro Padrão
NA 22,350 4,405 0,116 0,045 12,754 5 *0,0257
MA 20,942 3,255 0,068 0,022 8,533 6 0,202
A 19,689 3,305 0,166 0,053 5,122 4 0,275
Carabidae como Bioindicador
Das 42 morfoespécies analisadas nove podem ser consideradas como detectoras,
pois apresentam valores de IndVal menor a 70% (Tabela 3). A morfoespécie que
apresentou a maior porcentagem foi Agra sp.1, quanto aos gêneros, dos 18 analisados
três podem ser considerados como detectores (Tabela 4). O gênero Agra apresentou a
maior porcentagem de valor indicador. No geral, a maioria dos taxa que puderam ser
considerados indicadores estão associados a florestas Medianamente-alteradas ou
Alteradas, não sendo encontrada nenhuma espécie indicadora de condições
preservadas.
21
Tabela 3. Morfoespécies de Carabidae com INDVAL significativo. MA (Medianamente-
alterada) e A (Alterada).
Tipo de Floresta Morfoespécie
%
IndVal
p *
MA Agra sp.1 9 0,033
MA Agra sp.5 6 0,006
MA Onota sp.1 5 0,028
MA Lebia sp.12 3 0,008
MA Coptodera sp.1 3 0,044
MA Inna sp.5 2 0,026
MA Coptodera sp.4 2 0,020
A Lebia sp.11 6 <0,000
A Lebia sp.9 2 0,010
Tabela 4. Gêneros de Carabidae com INDVAL significativo. MA (Medianamente-alterada)
e A (Alterada).
Tipo de Floresta Gênero
%
IndVal
p*
MA Agra 18 0,001
MA Onota 5 0,018
A Cylindronotum 2 0,033
DISCUSSÃO
Existem poucos estudos na bacia amazônica que exploraram os efeitos da
perturbação em besouros e nenhum desses estudos enfoca o dossel das florestas. De
fato, estudos prévios foram realizados em comunidades de coleópteros terrestres (e.g.
Klein 1989, Didham et al. 1998, Quintero e Roslin 2005, Scheffler 2005, Carpio et al.
2009).
Erwin e colaboradores (2005) coletaram 462 espécies de Carabidae de dossel
em dois locais de florestas de terra firme da Amazônia equatoriana com intensa
22
amostragem (1200 amostras). Na presente pesquisa foram coletadas 85
morfoespécies em 206 amostras. Os gêneros Agra e Lebia foram os mais abundantes
e freqüentes em todos os tipos de bosque. As espécies de Agra são estritamente
arbóreas com um grupo de caracteres que são encontrados exclusivamente em
grupos altamente especializados do dossel (Erwin 1991). No entanto, algumas
espécies são adaptadas à serrapilheira suspensa localizada abaixo do dossel e
inclusive a capim de altura. Já as espécies de Lebia são arbóreas e semi-arbóreas,
habitam na terra dos arbustos ou do dossel (Erwin 1991).
A floresta Medianamente-alterada apresentou a maior riqueza e abundância
observadas, seguida pela floresta Não-alterada. Ao longo dos dados se apresentou
uma tendência de alto número de morfoespécies raras. Aproximadamente um terço
das morfoespécies observadas foi encontrado apenas uma vez ao longo de todo o
estudo. No caso de bosques Não-alterados e Alterados quase metade das
morfoespécies foram singletons. Lucky et al. (2002), com um maior esforço de
amostragem (900 amostras), encontraram um padrão similar de espécies raras em
florestas preservadas de terra firme amazônicas.
Padrões na diversidade de Carabidae
A perturbação é considerada um dos principais fatores que influencia os
padrões da diversidade das comunidades naturais (e.g. Connell 1978, Huston 1979,
Haddad et al. 2008). Para o presente estudo, foi demonstrado que as transformações
da vegetação de florestas de terra firme influenciam a riqueza de espécies de
carabídeos de dossel, mas não a distribuição das abundâncias, já que os tipos de
floresta estudados apresentaram um padrão diferente ao estabelecido pela teoria.
Distúrbio intermediário e as comunidades de Carabidae de dossel
As perturbações naturais (e.g. fogo, desmoronamento, vulcões, enchentes,
clareiras geradas pela queda de árvores) dentro de uma escala de tempo ecológica
são consideradas parte integral do funcionamento dos ecossistemas tropicais (Hill e
Hill 2001). A dinâmica de alterações naturais nas florestas tropicais do neotrópico está
dominada pela queda de árvores, que desempenha um papel central na manutenção
da diversidade (Denslow 1995). Espera-se que essas perturbações criem um mosaico
de diferentes etapas sucessionais com cada fase mantendo sua própria composição
de espécies. Uma importante formulação conceitual dos efeitos das alterações
naturais sobre a diversidade é a hipótese do distúrbio intermediário (Connell 1978),
23
proposta inicialmente por Horn (1975). Esta hipótese se prediz que em níveis
intermédios de intensidade e freqüência de perturbação há um incremento na riqueza
das espécies, já que estarão presentes tanto espécies pioneiras como espécies
clímax. Este mesmo padrão é esperado para as perturbações antrópicas, e explica
porque neste estudo a floresta Medianamente-alterada apresentou maior riqueza de
espécies estimada que nos demais tipos de bosques. Estas florestas contém mais de
um terço de espécies raras em todo o estudo. A presença de espécies com apenas
um indivíduo é freqüente nos grupos de insetos na região neotropical, com maior
ênfase no dossel (Kitching et al. 1997, Basset 2001), mas também poderia representar
a entrada eventual de novas espécies “satélites” na comunidade em vista do
relaxamento da competição interespecífica.
Em estudos análogos de comunidades de Carabidae na região holártica
(Niemelä e Kotze 2009, Magura et al. 2008, Magura et al. 2004, Niemelä et al. 1988) e
na Austrália (Davies e Margules 1998) não foram encontrados resultados similares.
Considerando outros estudos de besouros em sistemas amazônicos, o estudo de
Didham et al. (1998) não revelou diferenças na riqueza das espécies de besouros de
serrapilhera entre florestas com diferentes graus de perturbação. Padrões similares
apresentaram as comunidades de besouros coprófagos (e. g. Scheffler 2005, Klein
1989).
A estrutura das comunidades é delineada em grande parte pelas interações
entre espécies e é explicada principalmente pela competição (Schoener 1982). A
ocorrência e importância da competição entre besouros Carabidae tem tido uma
grande controvérsia (Lövei e Sunderland 1996). Alguns pesquisadores apoiam a idéia
de que a competição interespecífica é uma força importante que influencia na riqueza,
na abundância e/ou na distribuição espacial das assembléias de Carabidae presentes
(e.g. Lenski 1982a, 1982b, Loreau 1986) ou tem alegado como causa da repartição de
recursos que operam principalmente no passado (fantasma da competição passada)
(Brandl e Topp 1985, Müller 1987, Erikstad et al. 1989, Loreau 1986). No entanto,
outros estudos sugerem que a competição interespecífica não é comum neste grupo
(den Boer 1980, 1985, 1986, Hengeveld 1985).
Erwin na sua teoria do pulso-taxon (1979, 1985) propôs que a evolução de
Carabidae pode ser conduzida por múltiplas forças incluindo a competição
interespecífica. A relativa importância de diferentes fatores pode variar durante o
processo evolutivo, por exemplo, o maior “pulso” pode ter sido iniciado pelas
mudanças de pressões da predação, mas os refinamentos entre “pulsos” pode ter sido
provocado pela competição interespecífica (Erwin 1985).
24
Para Chesson (1991) qualquer par ou conjunto de espécies que competem
para coexistir, devem diferenciar-se em formas ecologicamente significativas, mas a
mera presença de diferenças ecológicas entre as espécies não garante a coexistência.
No caso dos mecanismos de coexistência que dependem da variabilidade ambiental,
as diferenças ecológicas definem as várias formas em que as espécies diferem na sua
resposta a essa variabilidade (Roxburgh et al. 2004). Por outro lado, pesquisadores
sugerem que as condições abióticas (Thiele 1977), a predação (Parmenter e
MacMahon 1988) ou mesmo o parasitismo (Andersen e Skorping 1991) podem ser
mais importantes na organização das comunidades de Carabidae ou podem moderar
os efeitos da competição. Assim, se os efeitos da competição existem podem ser
mascarados pelo “ruído” provocado por outros fatores não controlados (Hilborn e
Stearns 1982).
Distribuição da abundância nas comunidades de Carabidae de dossel
A distribuição da abundância das espécies é utilizada com freqüência para
examinar a relação entre os conjuntos de espécies e seus habitats (Davies et al.
2001). Considera-se que a distribuição log-normal reflete as complexas assembléias
das espécies em equilíbrio (Davies et al. 2001, Ugland e Gray 1982, Sugihara 1980,
Stenseth 1979). No entanto neste estudo o padrão de abundância das assembléias de
Carabidae da floresta Não-alterada não ajustou ao modelo log-normal.
Nummelin (1998) estudando vários grupos de insetos, em áreas de bosque
primário e de corte seletivo, concluiu que a distribuição log-normal não pode ser
utilizada como um indicador universal da alteração das florestas tropicais. Este
argumento foi fundamentado porque a qualidade do ajuste ao modelo log-normal
dependeu do lapso de tempo depois da perturbação e do tipo de comunidade. Assim,
após 20 anos da perturbação o estado de equilíbrio atingido pelas comunidades
naturais não correspondeu à recuperação completa da floresta.
Por outro lado, apesar da possível vantagem para interpretar ou inferir sobre os
processos ecológicos a partir dos padrões de distribuição das abundâncias dos
organismos, em vários destes processos as comunidades teoricamente poderiam
gerar outras distribuições de abundâncias relativas semelhantes (Melo 2008). De
acordo com Wilson (1991), as limitações dos métodos de ajuste de dados observados
para os diferentes modelos matemáticos obscurecem a distribuição da abundância
observada das comunidades aos eventos ecológicos. O fracasso recorrente em
encontrar padrões consistentes envolvendo a distribuição de abundância tem sido
atribuído ao caráter individual das comunidades estudadas (Watkins e Wilson 1994).
25
Sendo assim, a aplicabilidade e o poder preditivo do modelo log-normal deve ser
avaliado com outros grupos e com uma maior robustez nos conjuntos naturais.
Segundo Belaoussoff et al. (2003) a avaliação da incidência da perturbação,
através do uso do modelo log-normal deve ser feita a partir de um único grupo
funcional. Neste contexto os carabídeos de dossel estudados não se ajustariam a este
modelo já que estes organismos apresentam vários grupos funcionais, isto expressado
na ampla variedade de hábitos alimentares e, portanto, no tamanho do corpo das
diferentes espécies. Devido às diferenças de tamanho entre as espécies, é
questionável que a competição ocorra entre várias espécies de carabídeos. A
diferença de tamanho em Carabidae evidencia diferentes formas de ocupar os
microhabitats (para maior detalhe ver Erwin 1979, 1991) e diversos hábitos
aliementares (Lövei e Sunderland 1996, Müller 1985), inclusive existem carabídeos
que requerem da associação com taxa particulares para completar sua história de vida
(Ball e Shpeley 2000). As espécies pequenas (menores do que 10 mm de
comprimento) se alimentam unicamente de presas de tamanho menor porque estão
limitadas por sua habilidade de capturar ou mastigar suas presas (Hengeveld 1980).
Nas espécies grandes o espectro de presas é maior (Rushton et al. 1991) e dessa
forma utilizará maior parte dos recursos dentro do habitat (Brown e Maurer 1986,
Siemann et al. 1996). Não são apenas diversos os hábitos alimentares nos adultos,
entre as larvas existem diferenças adicionais no comportamento de alimentação (Lövei
e Sunderland 1996, Thiele 1977). Assim, devido à diversidade de hábitos alimentares
durante os diferentes estádios de vida dos carabídeos, as perturbações sobre todas as
espécies não terão efeitos uniformes (Belaoussoff et al. 2003)
Cabe mencionar novamente que os gêneros mais abundantes e amplamente
distribuídos foram Agra e Lebia. Agra oscila entre 5,5 mm a 26 mm (Erwin 1991). As
espécies deste grupo são provavelmente predadoras de artrópodes, tem sido
observado que os adultos bebem exsudados de brotos novos e folhas jovens de uma
variedade de espécies de árvores, assim como também se alimentam de pólen (Arndt
et al. 2001). No entanto é ainda desconhecido se existem espécies que são ou não
especialistas em determinados taxa. As espécies deste gênero são encontradas
durante todo o ano. Indivíduos tenerais são comuns na época chuvosa (Erwin 1991).
Além do mais, se conhece que alguns grupos de espécies de Agra têm características
de carabídeos que vivem com formigas (Erwin 1979). Por outro lado, o gênero Lebia
apresenta espécies de tamanho que varia entre 2 mm a 9 mm. Indivíduos tenerais
foram encontrados em época chuvosa (Erwin 1991). As larvas são ectoparasitoideas
de larvas de vários Chrysomelidae (Lindroth 1969). Todas estas particularidades
26
sugerem que os locais de exploração de recursos destes dois grupos sejam diferentes,
já que provavelmente, a preferência do microhabitat dos grupos funcionais dos
besouros está mais fortemente influenciado pelos hábitos da alimentação (Lassau et
al. 2005).
Contrapondo Belaoussoff et al. 2003, está a lógica de como a distribuição log-
normal foi deduzida e discutida por May (1975). Naquele estudo, May demonstra que a
distribuição emergiria simplesmente como resultado de um grande número de
espécies com interações multiplicativas fortes. Essas interações seriam esperadas se
a competição interespecífica fosse um fenômeno importante na organização da
comunidade. A explicação mais plausível e, que se beneficia de alguns argumentos de
Belaoussoff et al. 2003, é que a intensidade de interações interespecíficas na
comunidade de carabidae estudada é pequena. Uma forma de isso acontecer é que as
diferenças de tamanho minizem a intensidade de interações, restando potencialmente
apenas uma competição difusa entre espécies. Outra evidência desse sistema não
apresentar uma alta intensidade de competição é a baixa abundância de todas as
espécies amostradas. A competição interespecífica é um fenômeno dependente da
densidade. Em baixas densidades não se espera que ela tenha influência suficiente na
organização do sistema e, consequentemente, não se esperaria uma distribuição log-
normal dentro dos argumentos analíticos de May (1975).
Em geral, há forte evidência de que comunidades de insetos de dossel
apresentam espécies com baixa abundância em sistemas tropicais (Basset, 1999). Há
dois pontos importantes a considerar aqui. O primeiro deles é: o que é abundância
baixa? Neste estudo aproximadamente 68% das espécies apresentaram menos de
cinco indivíduos. Mas do ponto de vista da teoria da competição, densidades altas e
baixas devem ser julgadas em relação à capacidade suporte do ambiente. Isso é
fundamental porque só assim poderemos associar densidades altas com a
possibilidade de mecanismos interativos, e as densidades baixas com a falta de
suporte à importância desses mecanismos. As densidades de Carabidae no dossel
podem estar sendo afetadas pela abundância de presas. Assim, o encontro de um ou
dois indivíduos de uma espécie poderia indicar apenas que a disponibilidade de
recursos é baixa e que essa população está muito perto da capacidade suporte
sofrendo alta intensidade de competição. Por outro lado, a existência de um ou dois
indivíduos de uma espécie dentro de uma área tão grande pode representar uma
baixa probabilidade de encontro inter e intraespecífico e, logo, uma baixíssima
probabilidade de que a competição direta realmente ocorra. Considerando as
características ecológicas de Carabidade, sua capacidade de movimentação e a
27
possível disponibilidade de presas, se adere à noção de que as comunidades de
besouros do dossel da floresta de terra firme representam um sistema onde as
interações ecológicas como a competição desempenham um papel secundário.
Se a competição não for um fator importante, o aumento da riqueza de
espécies nas áreas medianamente alteradas pode estar sendo causado por
mecanismos diferentes daquele sugerido por Connel (1978) e outros estudos que se
baseiam no distúrbio intermediário (e.g. Kevan et al. 1997). É possível que
intensidades menores de perturbação facilitem a dispersão de espécies bem
adaptadas a condições presentes em refúgios como a serrapilheira suspensa no
dossel e gere um maior efeito da dispersão e colonização sobre o número total de
espécies presentes em cada ponto, ao invés do efeito da competição entre essas
espécies. Esse mecanismo aqui sugerido está baseado em uma explicação neutra
para os padrões de riqueza. A teoria neutra sustenta que a riqueza local é mais
afetada por processos de dispersão do que pelos processos interativos (Hubbell
1997). Estes resultados sugerem que, a teoria neutra também pode representar uma
explicação plausível para os padrões encontrados.
Nas áreas muito alteradas, os impactos devem estar efetivamente diminuindo a
quantidade de árvores no dossel do sistema. Apenas ali, se poderia assumir que as
alterções ambientais estão causando um efeito sério sobre os recursos necessários
para a manutenção da assembléia de Carabidae de dossel.
Através da alta diversidade nichos, os insetos são um elemento chave de todas
as teias alimentares da floresta tropical e a modificação do habitat pode causar
alterações marcantes na estrutura da cadeia alimentar (Tylianakis et al. 2007). Um
estudo de Morris et al. (2004, 2005) numa comunidade de hospedeiro-parasitóides da
floresta tropical sugere que a remoção de uma única espécie pode ter efeitos indiretos
em cascata através de competição aparente. Da mesma forma, alterações na
abundância de herbívoros podem levar a cascatas tróficas (Letourneau e Dyer 1998,
Dyer e Letourneau 1999). Considerando os efeitos principais que os insetos podem ter
sobre o fitness da planta (Marquis 2005) e potencialmente a diversidade de plantas
(Janzen 1970), as alterações nas assembléias de insetos podem ter repercussões
importantes para o ecossistema tropical.
28
Comunidade de Carabidae e seu papel como indicador
Poucas foram as morfoespécies e os gêneros que atingiram o nível de serem
consideradas indicadoras nesse estudo. No caso da floresta Não-alterada não se
encontrou nenhum taxon que fosse considerado bioindicador. Isto pode ser explicado
pela baixa abundância de carabídeos ou porque as espécies não ocorreram em todos
os locais do mesmo tipo de habitat, já que a metodologia IndVal é sensível a estes
parâmetros (Tejada-Cruz et al. 2008). As abundâncias reduzidas limitam as
possibilidades de que as mesmas espécies sejam encontradas em outras
investigações (McGeoch 1998) e, portanto, no seu uso como bioindicadores. Para
Atlegrim et al. (1997) as comunidades de carabídeos são dependentes do tamanho
amostral devido à distribuição irregular das espécies e, portanto, os resultados da
pesquisa podem depender do número de locais estudados. Adicionalmente, os
padrões de diversidade das espécies de insetos no neotrópico, em condições naturais,
tendem a ter muitas espécies com baixas abundâncias (Magurram 2004). Tais
conseqüências estariam elucidadas na existência de várias espécies singletons e
doubletons tanto em cada local amostrado como em cada tipo de floresta. Na floresta
Não-alterada mais de um terço das espécies registradas para todo o estudo foram
raras. Tudo isto em conjunto explicaria a ausência de espécies bioindicadoras para as
florestas primárias.
Os gêneros indicadores para florestas Medianamente-alteradas foram Agra e
Onota e para as florestas Alteradas Cylindronotum. Todos estes gêneros pertencem à
tribo Lebiini (Apêndice IV). A pesar de Agra ser o gênero melhor estudado dentro
desse grupo, se desconhece informação relacionada a bioindicação. A maior parte dos
trabalhos estão direcionados a estudos de sistemática e taxonomia (e. g. Erwin 2002,
2000a, 2000b, Ardnt et al. 2001), isto devido em parte a enorme quantidade de
espécies deste grupo. Especialistas em Carabidae já manifestaram que o excessivo
número de espécies provoca problemas para classificação taxonômica e
conseqüentemente para estudos ecológicos (Stork 1988, Samways 1994). Para ter
uma idéia, existem 567 espécies de Agra descritas e mais de 1.600 estão em museus
ainda não descritas (Ardnt et al. 2001) e, com certeza, muitas espécies não foram
descobertas (Erwin e Geraci 2009). Rainio e Niemelä (2003) consideram que devido a
fatores como estes é muito cedo para avaliar a idoneidade deste grupo como
bioindicadores nas florestas tropicais. No entanto para Andersen (1999) a detecção de
uma resposta não requer necessariamente uma revisão exaustiva ou a análise ao
nível de espécie. De forma similar, Kitching (2006) expressou que embora ainda falta
29
muito para conhecer, já existe o suficiente para poder procurar explicações gerais dos
padrões.
Neste estudo foram encontradas unicamente taxa detectores, ou seja, aqueles que
abrangem uma ampla gama de estados ecológicos e tem especificidade intermédia
(McGeoch 2007). Para MacGeoch et al. (2002), as espécies detectoras seriam mais
úteis no monitoramento porque têm diferentes graus de preferência para diferentes
estados ecológicos. Deste modo são menos propensas a se tornar vulneráveis do que
as espécies características, porque uma grande variedade de habitats ou estados
ecológicos fornecem recursos adequados para elas. Neste sentido, isso respalda que
os taxa de Carabidae encontrados seriam potenciais bioindicadores da direção em que
as mudanças em florestas de terra firme amazônicas estão acontecendo.
Implicações na Conservação
Os padrões apresentados nas comunidades de Carabidae de dossel deste
estudo têm algumas implicações, particularmente para a conservação das florestas de
terra firme. Dado que as florestas Alteradas foram as mais pobres em riqueza de
espécies e as que apresentaram menor porcentagem de espécies compartilhadas com
florestas primárias e, por outro lado, as florestas Medianamente-alteradas e Alteradas
apresentaram taxa detectoras, tudo isto sugere que o dossel das florestas de terra
firme está sendo afetado pelas alterações ali observadas.
Pouco se tem enfatizado sobre o valor e a necessidade de conservar os
besouros como um importante componente da biosfera, apesar de fornecer
numerosos serviços para o ecossistema (Grove e Stork 2000, New 2007). A maioria
dos estudos de Coleoptera tem sido desenvolvidos para documentar mudanças nos
habitats (e.g. Horgan 2008, Castillo e Lobo 2004, Didham et al. 1998). A maior parte
dos estudos ecológicos no grupo não foram realizados com ênfase em questões de
conservação como acontece com estudos de mamíferos, aves e outros grandes
vertebrados, provavelmente devido à maior facilidade de trabalho inerente a esses
grupos (Leather et al. 2008). É assim que, com freqüência, as extinções de insetos são
ignoradas por programas de conservação que estão centrados em vertebrados e
plantas (Dunn 2005).
Segundo Erwin et al. (2005, 2009) as florestas Amazônicas de terra firme
equatorianas são incrivelmente ricas em espécies de Carabidae de dossel, inclusive
em escala local. Para estes autores, os padrões de distribuição de espécies de
invertebrados provavelmente estão ordenados em mosaico ou em um padrão
descontinuo e não distribuídos uniformemente em toda a paisagem local. Contudo
30
Wolda (1992), que analisou um conjunto de dados de 14 anos de insetos de bosques
tropicais, observou que tais conjuntos mudam com o tempo, inclusive em florestas não
sujeitas a qualquer tipo de perturbação.
Ao longo de todo o estudo foram presentes muitos singletons e doubletons, o
que é característica de comunidades de insetos das florestas tropicais (Basset 2001).
Um dos critérios usualmente mais citados para seleção de locais para conservação
são as espécies raras (Lawler et al. 2003, Margules e Ushe 1981). Mas esse critério é
mais fácil de ser utilizado nas regiões temperadas onde as espécies raras são mais
bem conhecidas e estas podem ser utilizadas como grupos indicadores para
estratégias de conservação (Lawler et al. 2003). Infelizmente, esta realidade não se
ajusta nas florestas tropicais (Groombridge 1992).
Erwin et al. 2005 observam que se deve ter atenção quando se tem poucas e
grandes áreas conservadas e amplamente separadas, pois elas podem não conservar
em grande parte a diversidade biológica existente. Este exemplo pode ser também
válido para este estudo. A série de amostragens realizadas ao longo das florestas de
terra firme da região descrevem um mosaico de distribuição de Carabidae de dossel
para os três diferentes tipos de florestas, mas para ter uma melhor compreensão da
dinâmica desse sistema será necessário avaliar se outros grupos presentes no dossel
têm padrões de riqueza concordantes que sustentam uma abordagem
conservacionista mais geral.
Em um contexto diferente, é relevante mencionar que estudos como estes têm
o intuito de gerar informação que sirva como ferramenta para medir as perturbações e
suas conseqüências. As florestas de terra firme da Amazônia equatoriana sofrem
dramáticas alterações provocadas principalmente pela atividade petroleira que se
desenvolve na região (altas taxas de desmatamento, elevados níveis de contaminação
dos ambientes aquáticos, contaminação atmosférica, ruído) (Bass et al. 2010, Araújo
2009). As concessões de petróleo cobrem enormes extensões, incluindo áreas
protegidas e territórios indígenas (Finer et al. 2008, Araújo 2009), o que demonstra
claramente que o acesso aos recursos petrolíferos se superpõe frente aos interesses
ambientais e sociais. No entanto, no ano 2007 o Equador emitiu uma iniciativa
revolucionária que poderia ter implicações nos trópicos, principalmente naquelas áreas
com conflito de extração de recursos naturais e proteção da biodiversidade. Esta
inovadora proposta, conhecida como A Iniciativa Yasuní – ITT, manteria pelo menos
850 milhões de barris de petróleo bruto pesado debaixo terra, sem exploração, para
proteger a diversidade biológica, respeitar os territórios indígenas e combater a
mudança climática (Bass et al. 2010, Finer et al. 2010)
31
Este estudo pretende fornecer uma base científica que sustente estratégias e
planos de conservação, assim como o monitoramento ou o manejo de áreas a serem
conservadas. Finalmente, parafraseando Erwin et al. (2005), é necessário um novo
paradigma de conservação se queremos proteger uma grande parte do patrimônio
natural da terra, desde o universo fractal comumente ignorado, aquele dos pequenos
insetos.
CONCLUSÕES
A floresta Mediamente-alterada apresentou maior riqueza de espécies
comparada com os outros tipos de florestas, suportando a hipótese do distúrbio
intermediário. Um dos principais fatores que servem de mecanismo a essa hipótese é
a competição interespecífica, mas não existem evidências claras de tal processo para
Carabidae de dossel. Uma interação entre capacidade de dispersão e facilitação da
dispersão em florestas Medianamente-alteradas pode explicar a alta riqueza ali
encontrada.
Contrariamente ao estabelecido pela teoria, as abundâncias das morfoespécies
de Carabidae das floresta Não-alterada não se ajustaram ao modelo log-normal. Esse
resultado pode ser em parte função da baixa densidade ali encontrada e da variedade
das comunidades de besouros estudadas em termos de grupos funcionais de
Carabidae, o que está evidenciado na presença das espécies mais abundantes de
Agra e Lebia.
Em florestas Não-alteradas não foi encontrado nenhum tipo de bioindicador.
Entre as razões deste fato está a baixa abundância de insetos em bosques primários
do neotrópico, assim como a distribuição irregular das comunidades de Carabidae.
Adicionalmente, foram encontrados taxa detectores em florestas Medianamente-
alterada e Alterada, o que confirmaria que os bosques de terra firme estão sendo
afetados com a transformação da cobertura vegetal.
As comunidades estudadas no dossel podem ser pouco afetadas por
competição interespecífica, mas são afetadas pelas alterações ambientais. A
capacidade de dispersão dentro do sistema e a existência de microhabitats adequados
podem explicar algumas diferenças de riqueza e a ocorrência de taxa detectores. Essa
informação poderia ser utilizada em planos de monitoramento ou mesmo em
estratégias para conservação das florestas de terra firme Amazônicas do Equador,
que atualmente são as mais propensas a desmatamento, contaminação ou
32
colonização em comparação o resto de habitats amazônicos, devido principalmente a
presença das empresas petroleiras.
33
LITERATURA CITADA
Andersen, J. and A. Skorping. 1991. Parasites of carabid beetles: prevalence
depends on habitat selection of the host. Canadian Journal of Zoology 69: 1216 –
1220.
Andersen, A. N. 1999. My bioindicator or yours? Making the selection. Journal of
Insect Conservation: 3: 61 – 64.
Arndt, E., S. Kimse and T. L. Erwin. 2001. Arboreal beetles of Neotropical forests:
Agra Fabricius, larval descriptions with notes on natural history and behaviour
(Coleoptera, Carabidae, Lebiini, Agrina). The Coleopterists Bulletin 55: 297 –
311.
Araujo, P. 2008. Estado de la Biodiversidad. Páginas 93 – 110 em G. Fontaine, I.
Narváez y P. Cisneros, editores. GEO Ecuador 2008, Informe sobre el estado del
medio ambiente. PNUMA, FLACSO. Quito, Ecuador.
Araujo, P. 2009. El extractivismo: petróleo y procesos de protesta social en el
nororiente ecuatoriano, Shushufindi (Sucumbíos). FLACSO - Sede Ecuador.
Araujo, P. y S. Enríquez. 2005. Composición de la comunidad de escarabajos
arbóreos (Coleoptera: Carabidae y Cerambycidae) en várzea, igapó y bosque de
tierra firme en la Amazonía ecuatoriana. Tesis de Doctorado, Escuela de
Biología de la Universidad Central del Ecuador. Quito, Ecuador.
Atlegrim, O., K. Sjoberg and J. P. Ball. 1997. Forestry effects on a boreal ground
beetle community in spring: selective logging and clear-cutting compared.
Entomologica Fennica 8: 19 – 26.
Ball, G. E. 1979. Conspectus of carabid classification: history, holomorphology,
and higer taxa. Páginas 63-111 em T. L Erwin, G. E. Ball and D. R. Whitehead,
editors. Carabid beetles, their evolution, natural history, and classification. Dr. W.
Junk Publishers. The Hague, The Netherlands.
Ball, G. E. 1996. Vignettes of the history of neotropical carabidology. Annales
Zoologici Fennici 33: 5 – 16.
34
Ball, G. E. and D. Shpeley. 2000. Carabidae (Coleoptera). Páginas 363 – 398 em
J. Llorente Bousquets, J. González y N. Papayero, editores. Biodiversidad,
Taxonomía y Biogeografía de Artrópodos de México: hacia una Síntesis de su
conocimiento. Volumen II. Universidad Nacional Autónoma de México. México
DF, México.
Bass, M. S., M. Finer, C. N. Jenkins, H. Kreft, D. F. Cisneros-Heredia, S. F.
McCracken, N. C. A. Pitman, P. H. English, K. Swing, G. Villa, A. Di Fiore, C. C.
Voigt and T. H. Kunz. 2010. Global Conservation Significance of Ecuador’s
Yasuní National Park. PLoS ONE 5: e8767.
Basset, Y. 1999. Diversity and abundance of insect herbivores foraging on
seedlings in a rainforest in Guyana. Ecological Entomology 24: 245 – 259.
Basset, Y. 2001. Invertebrates in the canopy of tropical rain forests: How much
do we really know? Plant Ecology 153: 87 – 107.
Basset, Y., V. Novotny, S. E. Miller and R. L. Kitching. 2003a. Canopy
entomology, an expanding field of natural science. Páginas 3 – 6 em Y. Basset,
V. Novotny, S. E. Miller and R. L. Kitching, editors. Arthropods of tropical forests:
spatio-temporal dynamics and resource use in the canopy. Cambridge University
Press. United Kingdom.
Basset, Y., P. M. Hammond, H. Barrios, J. D. Holloway and S. E. Miller. 2003b
Vertical stratification of arthropod asemblages. Páginas 17 – 27 em Y. Basset, V.
Novotny, S. E. Miller and R. L. Kitching, editors. Arthropods of tropical forests:
spatio-temporal dynamics and resource use in the canopy. Cambridge University
Press. United Kingdom.
Belaoussoff, S., P. G. Kevan, S. Murphy and Clarence Swanton. 2003. Assessing
tillage disturbance on assemblages of ground beetles (Coleoptera: Carabidae) by
using a range of ecological indices. Biodiversity and Conservation 12: 851 – 882.
Benzing, D. H. 2000. Bromeliaceae: Profile of an Adaptive Radiation. Cambridge
University Press. Cambridge.
35
Bongers, F. L. Poorter, W. D. Hawthorne and D. Sheil. 2009. The intermediate
disturbance hypothesis applies to tropical forests, but disturbance contributes
little to tree diversity. Ecology Letters 12: 798 – 805.
Bongers, F. 2001. Methods to assess tropical rain forest canopy structure an
overview. Plant Ecology 153: 263 – 277.
Brandl, R. and W. Topp. 1985. Size structure of Pterostichus spp. (Carabidae):
aspects of competition. Oikos 44: 234 – 238.
Brown, J. H. and B. A. Maurer. 1986. Body size, ecology dominance and Cope’s
rule. Nature 324: 248 – 250.
Burnham, K. P. and W. S. Overton. 1978. Estimation of the size of a closed
population when capture probabilities vary among animals. Biometrika 65: 625 –
633.
Burnham, K. P. and W. S. Overton. 1979. Robust estimation of population size
when capture probabilities vary among animals. Ecology 60: 927 – 936.
Carpio, C., D. Donoso, G. Ramon and O. Dangles. 2009. Short term response of
dung beetle communities to disturbance by road construction in the Ecuadorian
Amazon. Annales de la Société Entomologique de France 45: 455 – 469.
Castillo, M. L. and J. M. Lobo. 2004. A comparison of Passalidae (Coleoptera,
Lamellicornia) diversity and community structure between primary and secondary
tropical forest in Los Tuxtlas, Veracruz, México. Biodiversity and Conservation
13: 1257 – 1269.
Chesson, P. 1991. A need for niches. Trends in Ecology and Evolution 6: 26 –
28.
Cielo Filho, R., F. R. Martins and A. Gneri. 2002. Fitting abundance distribution
models in tropical arboreal communities of SE Brazil. Community Ecology 3: 169
– 180.
Cleary D. F. R., M. J. Genner, L. P. Koh, T. J. B. Boyle, T. Setyawati, R. de Jong,
and S. B. J. Menken. 2009. Butterfly species and traits associated with selectively
logged forest in Borneo. Basic and Applied Ecology 10: 237 – 245.
36
Colwell, R. K. 2000. EstimateS: Statistical estimation of Species Richness and
Shared Species from Samples. (Software and User’s Guide), Version 7.5.
http://viceroy.eeb.uconn.edu/estimates.
Colwell, R. K. and J. A. Coddington. 1994. Estimating terrestrial biodiversity
through extrapolation. Philosophical Transactions of the Royal Society of London
Series B 345: 101 – 118.
Connell, J. H. 1978. Diversity in tropical rain forests and coral reefs. Science
199:1302 – 1310.
Davis, A. J., J. D. Holloway, H. Huijbregts, J. Krikken, A. H. Kirk-Spriggs and S. L.
Sutton. 2001. Dung beetles as indicators of change in the forests of northern
Borneo. Journal of Applied Ecology 38: 593 – 616.
Davies, K. F. and C. R. Margules. 1998. Effects of habitat fragmentation on
carabid beetles: experimental evidence. Journal of Animal Ecology 67: 460 –
471.
den Boer, P. J. 1980. Exclusion or coexistence and the taxonomic or ecological
relationship between species. Netherlands Journal of Zoology. 30: 278 – 306.
den Boer, P. J. 1985. Exclusion, competition or coexistence? A question of
testing the right hypothesis. Zeitschrift Zoology System Evolutions Forschung 23:
259 – 274.
den Boer, P. J. 1986. The present status of the competitive exclusion principle.
Trends in Ecology and Evolution 1: 25 – 28.
Denslow, J. S. 1995. Disturbance and Diversity in Tropical Rain Forests: The
Density Effect. Ecological Applications 5: 962 – 968.
Didham, R., P. Hammond, J. Lawton, P. Eggleton and N. Stork. 1998. Beetle
Species Responses to Tropical Forest Fragmentation. Ecological Monographs
68: 295 – 323.
Dixon, J. R. and P. Soini. 1986. Reptiles of the Upper Amazon Basin, Iquitos
Region, Peru. Part 1: Lizards and Amphisbaenians. Part 2: Crocodilians, Turtles
and Snakes. Milwaukee Public Museum, Milwaukee.
37
Dufrene, M. and P. Legendre. 1997. Species Assemblages and Indicator
Species: The need for a Flexible Asymmetrical Approach. Ecological
Monographs 67: 345 – 366.
Duellman, W. E. 1978. The biology of an Equatorial Herpetofauna in Amazonian
Ecuador. Miscellaneous Publication Museum of Natural History. University of
Kansas.
Duellman, W. E. 1988. Patterns of species diversity in anuran amphibians in the
American tropics. Annals of the Missouri Botanical Garden 75: 79 – 104.
Dunn, R. 2005. Modern Insect Extinctions, the Neglected Majority. Conservation
Biology 19: 1030 – 1036.
Dyer, L. A. and D. K. Letourneau. 1999. Trophic cascades in a complex,
terrestrial community. Proceedings of the National Academy of Sciences of the
United States of America 96: 5072 – 5076.
Erikstad, K. E., I. Byrkjedal and J. A. Kalas. 1989. Resource partitioning among
seven carabid species on Hardangervidda, southern Norway. Annales Zoologici
Fennici. 26: 113 – 120.
Ernst, R. and M.-O. Rodel. 2005. Anthropogenically induced changes of
predictability in tropical anuran assemblages. Ecology 86: 3111 – 3118.
Erwin, T. L. 1979. Thoughts on the evolutionary history of ground beetles:
hypotheses generated from comparative faunal analyses of lowland forest sites in
temperate and tropical regions. Páginas 539 – 587 em T. L. Erwin, G. E. Ball and
D. R. Whitehead, editors. Carabid beetles: their evolution, natural history and
classification. Dr. W. Junk Publishers. The Hague, The Netherlands.
Erwin, T. L. 1981. Taxon Pulses, Vicariance, and Dispersal: an Evolutionary
Synthesis Illustrated by Carabid Beetles. Páginas 159 – 183 em G. Nelson and
D. E. Rosen, editors. Vicariance Biography: A Critique. Columbia University
Press. New York.
Erwin, T. L. 1983. Beetles and other insects of tropical forest canopies at
Manaus, Brazil, sampled by insecticidal fogging. Páginas 59-75 em S. L. Sutton,
38
T. C. Whitmore, and A. C. Chadwick, editors. Tropical Rain Forest: Ecology and
Management. Blackwell Scientific Publications. Oxford, United Kingdom.
Erwin, T. L. 1985. The taxon pulse: a general pattern of lineage radiation and
extinction among carabid beetles. Páginas 437 – 472 em G. Ball, editor.
Taxonomy, phylogeny and zoogeography of beetles and ants. Dr. W. Junk
Publishers. The Hague, The Netherlands.
Erwin, T. L. 1991. Natural history of the carabid beetles at the BIOLAT Biological
Station, Rio Manu, Pakitza, Peru. Revista Peruana de Entomología 33: 1 – 85.
Erwin, T. L. 1994. Arboreal beetles of tropical forests: The Xystosomi Group,
subtribe Xystosomina (Coleoptera: Carabidae: Bembidiini), Part I. Character
Analysis, Taxonomy and Distribution. Canadian Entomologist 126: 549 – 666.
Erwin, T. L. 1995. Measuring arthropod biodiversity in the tropical forest canopy.
Páginas 109 – 127 em M. D Lowman and N. M. Nadkarni, editors. Forest
Canopies. Academic Press. San Diego, California.
Erwin, T. L. 2000a. Arboreal Beetles of Neotropical Forests: Agra Fabricius, A
Taxonomic Supplement for the Platyscelis Group with New Species and
Distribution Records (Coleoptera: Carabidae, Lebiini, Agrina). The Coleopterists
Bulletin 54: 90 – 119.
Erwin, T. L. 2000b. Arboreal Beetles of Neotropical Forests: Taxonomic
Supplement for the Agra virgata and ohaust Groups with a New Species and
Additional Distribution Records (Coleoptera: Carabidae). The Coleopterists
Bulletin, 54, 251 – 262.
Erwin, T. L. 2001. Forest Canopies, Animal Diversity. Encyclopedia of
Biodiversity 3: 19 – 25.
Erwin, T. L. 2002. The Beetle Family Carabidae of Costa Rica: Twenty-nine new
species of Costa Rican Agra Fabricius 1801 (Coleoptera: Carabidae, Lebiini,
Agrina). Zootaxa 119: 1 – 68.
Erwin, T. L. and C. J. Geraci. 2009. Amazonian rainforests and their richness of
Coleoptera, a dominant life form in the critical zone of the neotropics. Páginas
39
463 - 473 em R. Foottit and P. Adler, editors. Insect Biodiversity, Science and
Society. Wiley Blackwell, USA.
Erwin, T. L., M. C. Pimienta, O. E. Murillo and V. Aschero. 2005. Mapping
Patterns of Diversity for Beetles Across the Western Amazon Basin: A
Preliminary Case for Improving Inventory Methods and Conservation Strategies.
Proceedings of the California Academy of Sciences 56: 72 – 85.
Erwin, T. L. and L. L. Sims. 1984. Carabid beetles of the West Indies (Insecta:
Coleoptera): a synopsis of the genera and checklist of Caraboidea, and of the
West Indian species. Quaestiones Entomologicae 20: 351 – 466.
Evans, A. V. and C. L. Bellamy. 1996. An inordinate fondness for beetles. Henry
Holt and Company. New York.
Eyre, M. D. and S. P. Ruston. 1989. Quantification of conservation criteria using
invertebrates. Journal of Applied Ecology 26: 159 – 171.
Eyre, M., D. A. Lott and A. Garside. 1996. Assessing the potential for
environmental monitoring using ground beetles (Coleoptera: Carabidae) with
riverside and Scottish data. Annales Zoologici Fennici 33: 157 – 163.
Finer, M., R. Moncel and C. N. Jenkins. 2010. Leaving the Oil Under the Amazon:
Ecuador’s Yasuní - ITT Initiative. Biotropica 42: 63 – 66.
Finer, M., C. N. Jenkins, S. L. Pimm, B. Keane and C. Ross. 2008. Oil and gas
projects in the western Amazon: Threats to wilderness, biodiversity, and
indigenous peoples. PLoS ONE 3: e2932.
Gentry, A. 1988. Tree species richness of upper Amazonian forest. Proceedings
of the National Academy of Science of the United States of America 85: 156 –
159.
Grime, J. P. 1973. Competitive exclusion in herbaceous vegetation. Nature 242:
344 – 347.
Grime, J. P. 1977. Evidence for the existence of three primary strategies in plants
and its relevance to ecological and evolutionary theory. American Naturalist 111:
1169 – 1194.
40
Groombridge, B. 1992. Global biodiversity. Chapman and Hall. London.
Grove, S. J. and N. E. Stork. 2000. An inordinate fondness for beetles.
Invertebrate Taxonomy 14: 733 – 739.
Haddad, N., M. Holyoak, T. M. Mata, K. F. Davies, B. A. Melbourne and K.
Preston. 2008. Species traits predict the effects of disturbance and productivity
on diversity. Ecology Letters 11: 348 – 356.
Heltshe, J. F. and N. E. Forrester. 1983. Estimating species richness using the
Jacknife Procedure. Biometrics 39: 1 – 11.
Hengeveld, R. 1985. Methodology of explaining differences in dietary
composition of carabid beetles by competition. Oikos 45: 37 – 49.
Hilborn, R. and S. C. Stearns. 1982. On inference in ecology and evolutionary
biology: the problem of multiple causes. Acta Biotheor 31: 145 – 164.
Hill, J. L. and R. A. Hill. 2001. Why are tropical rain forests so species rich?
Classifying, reviewing and evaluating theories. Progress in Physical Geography
25: 326 – 354.
Horgan, F. G. 2008. Dung beetle assemblages in forests and pastures of El
Salvador: a functional comparison. Biodiversity and Conservation 17: 2961 –
2978.
Horn, H. S. 1975. Markovian properties of forest succession. Páginas 196 – 211
em M. L. Cody and J. M. Diamond, editors. Ecology and evolution of
communities. Harvard University Press. Cambridge, Massachusetts.
Hubbell, S. P. 1997. A unified theory of biogeography and relative species
abundance and its application to tropical rain forests and coral reefs. Coral Reefs
16: S9–S21.
Huston, M. A. 1979. A general hypothesis of species diversity. American
Naturalist 113: 81 – 101.
Janzen, D. H. 1970. Herbivores and the number of tree species in tropical
forests. American Naturalist 104: 501 – 528.
41
Jaramillo, J. y T. De Vries. 2002. Estudio de flora y fauna en el bloque 31 Parque
Nacional Yasuní. Ekseption Publicidad. Quito, Ecuador.
Josse, C. M. Hurtado y T. Granizo. 2001. La diversidad de los Ecosistemas.
Páginas 67-71 em C. Josse, editora. La biodiversidad en Ecuador. Informe 2000.
Ministerio del Ambiente, EcoCiencia y Unión Mundial para la Naturaleza (UICN).
Quito, Ecuador.
Kevan, P. G., C. F. Greco and S. Belaoussoff. 1997. Log-normality of biodiversity
and abundance in diagnosis and measuring of ecosystemic health: pesticide
stress on pollinators on blueberry heaths. Journal of Applied Ecology 34: 1122 –
1136.
Kitching, R. L. 2006. Crafting the pieces of the diversity jigsaw puzzle. Science
313: 1055 – 1057.
Kitching, R. L., H. Mitchell, G. Morse, and C. Thebaud. 1997. Determinants of
species richness in assemblages of canopy arthropods in rain forests. Páginas
131 – 150 em N. E. Stork, J. Adis and R. K. Didham, editors. Canopy arthropods.
Chapman and Hall, London.
Klein, B. 1989. Effects of Forest Fragmentation on Dung and Carrion Beetle
Communities in Central Amazonia. Ecology 70: 1715 – 1725.
Krebs, C. J. 1999. Ecological Methodology. Second Edition. Addison Wesley
Longman, New York.
Lamas, G. 1985. Los Papilionoidea (Lepidoptera) de la Zona Reservada
Tambopata, Madre de Dios, Perú. I: Papilionidae, Pieridae y Nymphalidae (en
parte). Revista Peruana de Entomología 27: 59 – 73.
Lassau, S. A., D. F Hochuli, G. Cassis and A. M. Reid. 2005. Effects of habitat
complexity on forest beetle diversity: do functional groups respond consistently?
Diversity and Distributions 11: 73 – 82.
Lawler, J. J., D. White, J. C. Sifneos and L. L. Master. 2003. Rare species and
the use of indicator groups for conservation planning. Conservation. Biology. 17:
875 – 82.
42
Lawrence, J. F. and E. Britton. 1994. Australian beetles. Melbourne University
Press. Australia.
Lawrence, J. F. and A. F. Newton Jr. 1982. Evolution and classification of
beetles. Annual Review of Ecology and Systematics 13: 261 – 290.
Leather, S. R., Y. Basset and B. A. Hawkins. 2008. Forum Insect conservation:
finding the way forward Insect Conservation and Diversity 1: 67 – 69.
Lenski, R. E. 1982a. Effects of forest cutting on two Carabus species: evidence
for competition for food. Ecology 63: 1211 – 1217.
Lenski, R. E. 1982b. The impact of forest cutting on the diversity of ground
beetles (Coleoptera: Carabidae) in the southern Appalachians. Ecological
Entomology 7: 385 – 390.
Letourneau, D. K. and L. A. Dyer. 1998. Experimental test in lowland tropical
forest shows top-down effects through four trophic levels. Ecology 79: 1678 –
1687.
Lewis, O. 2001. Effect of Experimental Selective Logging on Tropical Butterflies.
Conservation Biology15: 389 – 400.
Lindroth, C. H. 1969. The Ground Beetles (Carabidae, excl. Cicindelinae) of
Canada and Alaska. Parts 6. Opuscula Entomologica Supplement 34: 945 –
1192.
Lips, J. y J. Duivenvoorden. 2001. Caracterización ambiental. Páginas 53 - 55
em J. H. Duivenvoorden, J. Baslev, C. Cavelier, C. Grandez, H. Tuomisto y R.
Valencia, editores. Evaluación de recursos vegetales no maderables en la
Amazonía Noroccidental. IBED. Universiteit van Amsterdam. Amsterdam.
Loreau, M. 1986. Niche differentiation and community organization in forest
carabid beetles. Páginas 465 – 487 em P. J. den Boer, M. L. Luff, D.
Mossakowski and F. Weber editors. Carabid beetles, their adaptations and
dynamics. Fischer, Stuttgart.
Lövei, G. and K. Sunderland. 1996. Ecology and behavior of ground beetles
(Coleoptera: Carabidae). Annual Review of Entomology 41: 231 – 256.
43
Lucky, A., T. L. Erwin and J. D. Witrnan. 2002. Temporal and Spatial Diversity
and Distribution of Arboreal Carabidae (Coleoptera) in a Western Amazonian
Rain Forest. Biotropica 34: 376 – 386.
Magura, T., G. L. Lövei and B. Tóthmérész. 2008. Time-consistent
rearrangement of carabid beetle assemblages by an urbanisation gradient in
Hungary. Acta Oecologia 34: 233 – 243.
Magura, T., B. Tóthmérész, and T. Molnár. 2004. Changes in carabid beetle
assemblages along an urbanisation gradient in the city of Debrecen, Hungary.
Landscape Ecology 19: 747 – 759.
Magurran, A. E. 2004. Measuring Biological Diversity. Oxford: Blackwell
Publishing. United Kingdom.
Malhi, Y. and J. Grace. 2000. Tropical forests and atmospheric carbon dioxide.
Trends in Ecology and Evolution 15: 332 – 337.
Margules, C. and M. B. Usher. 1981. Criteria used in assessing wildlife
conservation value: a review. Biological Conservation. 21: 79-109.
Marquis, R. J. 2005. Impacts of herbivores on tropical plant diversity. Páginas
328 – 346 em D. F. R. P. Burslem, M. A. Pinard and S. E. Hartley, editors. Biotic
Interactions in the Tropics: Their Role in the Maintenance of Species Diversity.
Cambridge University Press. Cambridge.
Martínez, C. 2005. Introducción a los escarabajos Carabidae (Coleoptera) de
Colombia. Instituto de Investigación de Recursos Biológicos Alexander von
Humboldt. Bogotá D. C., Colombia.
May, R.M. 1975. Patterns of species abundance and diversity. Páginas 81–120
em M.L. Cody and J.M. Diamond, editors. Ecology and Evolution of
Communities. Harvard University Press. Cambridge, MA.
McCune, B. and M. J. Mefford. 2006. PC-ORD: Multivariate Analysis of
Ecological Data. (MjM Software Design). Version 5.15. Gleneden Beach, Oregon,
USA.
44
McGeoch, M. 1998. The selection, testing and application of terrestrial insects as
bioindicators. Biological Reviews 73: 181 – 201.
McGeoch, M. A. 2007. Insects and Bioindication: Theory and Progress. Páginas
144 – 174 em A. J. A. Stewart, T. R. New and O. T. Lewis, editors. Insect
Conservation Biology. CABI Publishing. Oxfordshire, UK.
McGeoch, M. A., B. J. Van Rensburg and A. Botes. 2002. The verification and
application of biondicators: a case study of dung beetles in a savanna
ecosystem. Journal of Applied Ecology 39: 661 – 672.
Melo, A. S. 2008. O que ganhamos 'confundindo' riqueza de espécies e
equabilidade em um índice de diversidade? Biota Neotropica 8: 21 – 27.
Molino, J. and D. Sabatier. 2001. Tree Diversity in Tropical Rain Forests: A
validation of the Intermediate Disturbance Hypothesis. Science 294: 1702 –
1704.
Morris, R. J., O. T. Lewis and H. C. J. Godfray. 2004. Experimental evidence for
apparent competition in a tropical forest food web. Nature 428: 310 – 313.
Morris, R. J., O. T. Lewis and H. C. J. Godfray. 2005. Apparent competition and
insect community structure: towards a spatial perspective. Annales Zoologici
Fennici 42: 449 – 462.
Müller, J. K. 1987. Period of adult emergence in carabid beetles: an adaptation
for reducing competition? Acta Phytopathologica et Entomologica Hungarica 22:
409 – 415.
Nadkarni, N. M. 1994. Diversity of Species and Interactions in the Upper Tree
Canopy of Forest Ecosystems. American Zoologist 1994 34: 70 – 78.
Nadkarni, N. M. 1995. Good-bye, Tarzan: The science of life in the treetops gets
down to business. The Sciences: 28 – 33.
New, T. R. 2007. Beetles and conservation. Journal of Insect Conservation 11: 1
– 4.
45
Niemelä, J. 2001. Carabid beetles (Coleoptera, Carabidae) and habitat
fragmentation: a review. European Journal of Entomology 98: 127 – 132.
Niemelä, J. and D. J. Kotze. 2009. Carabid beetle assemblages along urban to
rural gradients: A review. Landscape and Urban Planning 92: 65 – 71.
Niemelä, J., Y. Haila, E. Halme, T. Lath, T. Pajuenen and P. Punttila. 1988. The
distribution of carabids bettles in fragments of old coniferous taiga anda adjacent
managed forest. Annales Zoologici Fennici 25:107 – 119.
Niemi, G. J. and M. E. McDonald. 2004. Application of Ecological Indicators.
Annual Review of Ecology, Evolution, and Systematics 35: 89 – 111.
Nummelin, M. 1998. Lognormal distribution of species abundances is not a
universal indicator of rain forest disturbance. Journal of Applied Ecology 24: 454
– 457.
Osborne, P. 2000. Tropical ecosystems and ecological concepts. Cambridge
University Press. United Kingdom.
Palacios, W., C. Cerón, R. Valencia y R. Sierra. 1999. Las formaciones naturales
de la Amazonía del Ecuador. Páginas 23 – 41 em R. Sierra, editor. Propuesta
preliminar de un sistema de clasificación de vegetación para el Ecuador
continental. Proyecto INEFAN/GEF-BIRF y EcoCiencia. Quito, Ecuador.
Parker T., P. K. Donahue and T. S. Schulenberg. 1994. Birds of the Tambopata
Reserve (Explorer's Inn Reserve). Páginas 106 – 124 em R. B. Foster, T. Parker,
A. H. Gentry, L. H. Emmons, A. Chicchón, T. Schulenberg, L. Rodriguez, G.
Lamas, H. Ortega, J. Icochea, W. Wust, M. Romo, J. A. Castillo, O. Phillips, C.
Reynal, A. Kratter, P. K. Donahue, and L. J. Barkley, editors. The Tambopata
Reserved Zone of southeastern Peru: a biological assessment. Rapid Ecological
Assessment Working Papers No. 6, Conservation International. Washington DC,
USA.
Parmenter, R. R. and J. A. MacMahon. 1988. Factors influencing species
composition and population sizes in a ground beetle community (Carabidae):
predation by rodents. Oikos 52: 350 – 356.
46
Pearson, D. L. 1994. Selecting indicator taxa for the quantitative assessment of
biodiversity. Philosophical Transactions of the Royal Society of London Series B
345: 75 – 79.
Pearson, D. L. and S. S. Carroll. 1998. Global Patterns of species Richness:
Spatial Models for Conservation Planning Using Bioindicator and Precipitation
Data. Conservation Biology 12: 809 – 821.
Pickett, S. T. A. and P. S. White. 1985. The ecology of natural disturbance and
patch dynamics. Academic Press, London, United Kingdom.
Pitman, N., M. Macia y H. Mogollón. 2001. Los árboles del Parque Nacional
Yasuní. Páginas 183 – 189 em J. Jorgenson y M. Coello, editores. Conservación
y desarrollo sostenible del Parque Nacional Yasuní y su área de influencia.
Memorias del Seminario-Taller 2001. Ministerio del Ambiente, UNESCO, Wildlife
Conservation Society, Editorial Simbioe. Quito, Ecuador.
Preston, F. W. 1948. The commonness and rarity of species. Ecology 29: 254 –
283.
Quintero, I. and T. Roslin. 2005 Rapid Recovery of Dung Beetle Communities
Following Habitat Fragmentation in Central Amazonia. Ecology 86: 3303 – 3311.
Rainio, J. and Niemelä. 2003. Ground beetles (Coleoptera: Carabidae) as
bioindicators. Biodiversity and Conservation 12: 487 – 506.
Reichardt, H. 1977. Synopsis of the genera of Neotropical Carabidae (Insecta:
Coleoptera). Quaestiones Entomologicae 13: 346 – 493.
Rex, K., D. H. Kelm, K. Wiesner, T. H. Kunz and C. C. Voigt. 2008. Species
richness and structure of three Neotropical bat assemblages. Biological Journal
of the Linnean Society 94: 617 – 629.
Rodríguez, J., D. Pearson and R. Barrera. 1998. A test for the adequacy of
bioindicator taxa: are tiger beetles (Coleoptera: Cicindelidae) appropriate
indicators for monitoring the degradation of tropical forest in Venezuela?
Biological Conservation 83: 69 – 76.
47
Roig-Juñent, S. and M. C. Domínguez. 2001. Diversidad de la familia Carabidae
(Coleoptera) en Chile. Revista Chilena de Historia Natural 74: 549 – 571.
Rolstad, J., I. Gjerde, V. S. Gundersen and M. Saeterdal. 2002. Use of Indicator
species to Assess Forest Continuity: a Critique. Conservation Biology 16: 253 –
257.
Roxburgh, S. H., K. Shea, J. B. Wilson. 2004. The Intermediate Disturbance
Hypothesis: Patch Dynamics and Mechanisms of Species Coexistence. Ecology
85: 359 – 371.
Rushton, S. P., M. L Luff and M. D. Eyre. 1991. Habitat characteristics of
grassland Pterostichus species (Coleoptera, Carabidae). Ecological Entomology
16: 91 – 104.
Samways, M. J. 1994. Insect Conservation Biology. Chapman and Hall, London.
Scheffler, P. 2005. Dung beetle (Coleoptera: Scarabaeidae) diversity and
community structure across three disturbance regimes in eastern Amazonia.
Journal of Tropical Ecology 21: 9 – 19.
Schoener, T. W. 1982. The controversy over interspecific competition. American
Scientist 70: 586 – 595.
Siemann, E., D. Tilman and J. Haarstad. 1996. Insect species diversity,
abundance and body size relationships. Nature 380: 704 – 706.
Sierra, R. 1999. Propuesta preliminar de un sistema de clasificación de
vegetación para el Ecuador continental. Proyecto INEFAN/GEF-BIRF y
EcoCiencia. Quito, Ecuador.
Sousa, W. P. 1984. The role of disturbance in natural communities. Annual
Review of Ecology and Systematics 15: 353 – 391.
Stenseth N.C. 1979. Where have all the species gone? On the nature of
extinction and the Red Queen hypothesis. Oikos 33: 196 – 227.
Stork, N. E. 1988. Insect diversity: facts, fiction and speculation. Biological
Journal of the Linnean Society 35: 321 – 337.
48
Stork, N., J. Adis and R. Didham. 1997. Canopy arthropods. Chapman and Hall.
London.
Sugihara, G. 1980. Minimal community structure: an explanation of species
abundance patterns. The American Naturalist 116: 770 – 787.
Tejada-Cruz, C., K. Mehltreter y V. J. Sosa. 2008. Indicadores ecológicos multi-
taxonómicos. Páginas 271 – 278 em R. H. Manson, V. Hernández-Ortiz, S.
Gallina y K. Mehltreter, editores. Agroecosistemas Cafetaleros de Veracruz
Biodiversidad, Manejo y Conservación. INECOL - INE-SEMARNAT. México.
Thiele, H. U. 1977. Carabid beetles in their environments: a study on habitat
selection by adaptations in physiology and behaviour. Springer-Verlag. Berlin.
Thompson, R. G. 1979. Larvae of North American Carabidae with a key to the
tribes. Páginas 209 – 291 em T. L. Erwin, G. E. Ball and D. R. Whitehead,
editores. Carabid beetles, their evolution, natural history, and classification. Dr.
W. Junk Publishers. The Hague, The Netherlands.
Tylianakis, J. M., T. Tscharntke and O. T. Lewis. 2007. Habitat modification alters
the structure of tropical host-parasitoid food webs. Nature 445: 202 – 205.
Ugland, K. I. and J. S. Gray. 1982. Lognormal distributions and the concept of
community equilibrium. Oikos 39: 171 – 178.
Valdivia, N., A. Heidemann, M. Thiel, M. Molis, and M. Wahl. 2005. Effects of
disturbance on the diversity of hard-bottom macrobenthic communities on the
coast of Chile. Marine Ecology Progress Series 299: 45 – 5.
Van Rensburg B., M. A. McGeoch, S. L. Chown and A. S. Jaarsveld. 1999.
Conservation of heterogeneity among dung beetles in the Maputaland Centre of
Endemism. Biological Conservation 88: 145 – 153.
Watkins, A. J. and J. B.Wilson. 1994. Plant community structure and its relation
to the vertical complexity of communities: dominance/diversity and spatial rank
consistency. Oikos 70: 91 – 98.
Wilkinson, D.M. 1999. The disturbing history of intermediate disturbance. Oikos
84: 145 - 147.
49
Wilson, E. O. 1988. The Current State of Biological Diversity. Páginas 6 – 13 em
E. O. Wilson and F. M. Peter, editors. Biodiversity, National Academy Press.
Washington DC, USA.
Wilson, J. B. 1991. Methods of fitting dominance/diversity curves. Journal of
Vegetation Science 2: 35 – 46.
Wilson, S. D. and D. Tilman. 2002. Quadratic variation in old-field species
richness along gradients of disturbance and nitrogen. Ecology 83: 492 – 504.
Wolda, H. 1992. Trends in abundance of tropical forest insects. Oecologia 89: 47
– 52.
Yanoviak, S. P., H. Walker and N. M. Nadkarni. 2003. Arthropod assemblages in
vegetative vs. humic portions of epiphyte mats in a neotropical cloud forest.
Pedobiologia 48: 51 – 58.
Zar, J. H. 1996. Biostatistical analysis. Third Edition. Pretince-Hall. London.
50
Apêndice I. Tabela geral de indivíduos coletados.
Espécies de Carabidae de dossel coletadas em florestas de terra firme da Amazônia
equatoriana. Fr (freqüência de ocorrência), Ab Total (abundância total), Ab Média
(abundância média), DP (desvio padrão).
Subfamília Tribo Espécie Fr Ab
Total Ab
Média DP
Harpalinae Lebiini Euproctinus sp.1 15 114 0,553 3,395
Harpalinae Lebiini Agra sp.1 51 70 0,340 0,685
Harpalinae Lebiini Lebia sp.1 35 65 0,316 0,901
Harpalinae Lebiini Agra sp.5 29 38 0,184 0,499
Harpalinae Lebiini Coptodera sp.2 19 38 0,184 0,940
Harpalinae Lebiini Hyboptera sp.1 29 37 0,180 0,496
Harpalinae Lebiini Lebia sp.2 21 30 0,146 0,502
Harpalinae Lebiini Onota sp.1 27 30 0,146 0,393
Harpalinae Lebiini Gallerucidia sp.1 14 26 0,126 0,680
Harpalinae Lebiini Agra sp.4 19 24 0,117 0,402
Harpalinae Lebiini Lebia sp.3 14 21 0,102 0,468
Harpalinae Lebiini Coptodera sp.1 13 20 0,097 0,419
Harpalinae Lebiini Agra sp.6 13 15 0,073 0,296
Harpalinae Lebiini Calleida sp.1 12 14 0,068 0,288
Harpalinae Lebiini Agra sp.10 13 13 0,063 0,244
Harpalinae Lebiini Coptodera sp.4 6 13 0,063 0,384
Harpalinae Lebiini Inna sp.2 9 10 0,049 0,237
Harpalinae Lebiini Lebia sp.11 9 10 0,049 0,237
Harpalinae Lebiini Hyboptera sp.2 8 8 0,039 0,194
Harpalinae Lebiini Lebia sp.12 7 8 0,039 0,217
Carabinae Cicindelini Ctenostoma sp.2 7 7 0,034 0,182
Harpalinae Lebiini Inna sp.3 1 7 0,034 0,488
Harpalinae Lebiini Inna sp.4 6 7 0,034 0,207
Harpalinae Lebiini Inna sp.5 5 7 0,034 0,250
Harpalinae Lebiini Agra sp.2 6 6 0,029 0,169
Harpalinae Lebiini Agra sp.7 6 6 0,029 0,169
Harpalinae Lebiini Calleida sp.3 5 5 0,024 0,154
Harpalinae Lebiini Eucheila sp.1 4 5 0,024 0,183
Harpalinae Helluonini Helluobrochus sp.2 3 4 0,019 0,170
Harpalinae Lebiini Agra sp.12 4 4 0,019 0,138
Harpalinae Lebiini Calleida sp.2 3 4 0,019 0,170
Harpalinae Lebiini Inna sp.1 4 4 0,019 0,138
Harpalinae Lebiini Lebia sp.7 4 4 0,019 0,138
Harpalinae Lebiini Pseudotoglossa sp.1 3 4 0,019 0,170
Harpalinae Lebiini Thoasia sp.1 4 4 0,019 0,138
Paussinae Ozaenini Pachyteles sp.1 4 4 0,019 0,138
Harpalinae Helluonini Helluobrochus sp.1 3 3 0,015 0,120
Harpalinae Lebiini Agra sp.9 3 3 0,015 0,120
Harpalinae Lebiini Cylindronotum sp.1 3 3 0,015 0,120
Harpalinae Lebiini Euproctinus sp.2 1 3 0,015 0,209
Harpalinae Lebiini Lebia sp.9 3 3 0,015 0,120
51
Apêndice I (continuação). Tabela geral de indivíduos coletados.
Espécies de Carabidae de dossel coletadas em florestas de terra firme da Amazônia
equatoriana. Fr (freqüência de ocorrência), Ab Total (abundância total), Ab Média
(abundância média), DP (desvio padrão).
Subfamília Tribo Espécie Fr Ab
Total Ab
Média DP
Harpalinae Lebiini Nemotarsus sp.1 3 3 0,015 0,120
Carabinae Cicindelini Ctenostoma sp.3 2 2 0,010 0,098
Harpalinae Lebiini Agra sp.11 2 2 0,010 0,098
Harpalinae Lebiini Agra sp.13 2 2 0,010 0,098
Harpalinae Lebiini Agra sp.15 2 2 0,010 0,098
Harpalinae Lebiini Calleida sp.4 2 2 0,010 0,098
Harpalinae Lebiini Calleida sp.5 2 2 0,010 0,098
Harpalinae Lebiini Calleida sp.7 2 2 0,010 0,098
Harpalinae Lebiini Eucheila sp.2 2 2 0,010 0,098
Harpalinae Lebiini Geballusa sp.1 2 2 0,010 0,098
Harpalinae Lebiini Inna sp.6 1 2 0,010 0,139
Harpalinae Lebiini Lebia sp.4 2 2 0,010 0,098
Harpalinae Lebiini Plochonius sp.1 2 2 0,010 0,098
Harpalinae Lebiini Pseudotoglossa sp.2 2 2 0,010 0,098
Harpalinae Lebiini Straneotea sp.1 2 2 0,010 0,098
Paussinae Ozaenini Goniotropis sp.1 10 2 0,010 0,098
Paussinae Ozaenini Goniotropis sp.3 2 2 0,010 0,098
Paussinae Ozaenini Pachyteles sp.2 2 2 0,010 0,098
Carabinae Cicindelini Ctenostoma sp.1 1 1 0,005 0,070
Carabinae Cicindelini Ctenostoma sp.4 1 1 0,005 0,070
Harpalinae Lebiini Agra sp.14 1 1 0,005 0,070
Harpalinae Lebiini Agra sp.3 1 1 0,005 0,070
Harpalinae Lebiini Agra sp.8 1 1 0,005 0,070
Harpalinae Lebiini Apenes sp.1 1 1 0,005 0,070
Harpalinae Lebiini Calleida sp.6 1 1 0,005 0,070
Harpalinae Lebiini Calleida sp.8 1 1 0,005 0,070
Harpalinae Lebiini Coptodera sp.3 1 1 0,005 0,070
Harpalinae Lebiini Cryptobates sp.1 1 1 0,005 0,070
Harpalinae Lebiini Cylindronotum sp.2 1 1 0,005 0,070
Harpalinae Lebiini Epikastea sp.1 1 1 0,005 0,070
Harpalinae Lebiini Epikastea sp.2 1 1 0,005 0,070
Harpalinae Lebiini Heraldinium sp.1 1 1 0,005 0,070
Harpalinae Lebiini Hybopteroides sp.1 1 1 0,005 0,070
Harpalinae Lebiini Lebia sp.5 1 1 0,005 0,070
Harpalinae Lebiini Lebia sp.6 1 1 0,005 0,070
Harpalinae Lebiini Lebia sp.8 1 1 0,005 0,070
Harpalinae Lebiini Lebia sp.10 1 1 0,005 0,070
Harpalinae Lebiini Lebia sp.13 1 1 0,005 0,070
Harpalinae Lebiini Leia sp.1 1 1 0,005 0,070
Harpalinae Lebiini Leia sp.2 1 1 0,005 0,070
Harpalinae Lebiini Ogygium sp.1 1 1 0,005 0,070
52
Apêndice I (continuação). Tabela geral de indivíduos coletados.
Espécies de Carabidae de dossel coletadas em florestas de terra firme da Amazônia
equatoriana. Fr (freqüência de ocorrência), Ab Total (abundância total), Ab Média
(abundância média), DP (desvio padrão).
Subfamília Tribo Espécie Fr Ab
Total Ab
Média DP
Harpalinae Lebiini Onota sp.2 1 1 0,005 0,070
Harpalinae Lebiini Phacocerus sp.1 1 1 0,005 0,070
Paussinae Ozaenini Goniotropis sp.2 1 1 0,005 0,070
Paussinae Ozaenini Pachyteles sp.3 1 1 0,005 0,070
53
Apéndice II. Tabela geral dos gêneros coletados
Riqueza (Riq) e abundância (Ab) observada de gêneros de Carabidae de dossel nas
florestas de terra firme Não-alteradas (NA), Medianamente-alteradas (MA) e
Alteradas (A) da Amazônia equatoriana.
NA MA A
Subfamília Tribo Gênero Riq Ab Riq Ab Riq Ab
Carabinae Cicindelini Ctenostoma 2 6 3 4 1 1
Harpalinae Helluonini Helluobrochus 2 3 2 4
Lebiini Agra 11 52 12 110 10 26
Calleida 5 10 7 18 1 3
Coptodera 3 29 3 42 1 1
Cryptobates 1 1
Cylindronotum 1 1 2 3
Epikastea 2 2
Eucheila 1 2 2 5
Euproctinus 1 2 2 94 1 2
Gallerucidia 1 8 1 18
Geballusa 1 1
Heraldinium 1 1
Hyboptera 2 11 2 27 2 7
Hybopteroides 1 1
Inna 3 5 6 27 3 5
Lebia 5 51 9 75 6 22
Leia 1 1 1 1
Nemotarsus 1 1 1 2
Ogygium 1 1
Onota 1 8 2 21 1 2
Phacocerus 1 1
Plochonius 1 1 1 1
Pseudotoglossa 1 3 1 1 1 2
Straneotea 1 2
Thoasia 1 2 1 2
Paussinae Ozaenini Goniotropis 3 3 2 1 1 1
Pachyteles 2 2 3 4 1 1
54
Apêndice III. Tabela das espécies exclusivas.
Morfoespécies exclusivas de Carabidae de dossel nos locais coletados, Ll (Lliquino),
RAc (Rio Acaro), PAp (Pozo Apaika), Nus (Nushiño), Zab (Zábalo), Ap2 (Apaika 2),
Gin (Ginta), Hua (Huataraco), OG (OnkoneGare), ChM (Chontapunta Mondaña),
SEC1 (Sacha El Control 1), SLT1 (Sacha La Texaco 1), LRBC (Limoncocha Rio
Blanco Chico), LRAg (Lumbaqui Rio Aguarico), USM (Unión San Miguel), SEC2
(Sacha El Control 2), SLT2 (Sacha La Texaco 2).
Tipo de Floresta Morfoespécie (Tribo) Locais presentes Número de indivíduos
Não-alterado Ctenostoma sp.1(Cicindelini) RAc 1
Agra sp.3 (Lebiini) Ll 1
Calleida sp.6 (Lebiini) Ap2 1
Coptodera sp.3 (Lebiini) Nus 1
Geballusa sp.1 (Lebiini) PAp, Zab 2
Heraldinium sp.1 (Lebiini) Ap2 1
Lebia sp.5 (Lebiini) Nus 1
Leia sp.1 (Lebiini) RAc 1
Straneotea sp.1 (Lebiini) PAp, Zab 2
Goniotropis sp.2 (Ozaenini) RAc 1
Medianamente-alterado Ctenostoma sp.3 (Cicindelini) Hua 1
Ctenostoma sp.4 (Cicindelini) Hua 1
Agra sp.14 (Lebiini) OG 1
Calleida sp.5 (Lebiini) Gin, Hua 2
Calleida sp.7 (Lebiini) Hua, OG 2
Calleida sp.8 (Lebiini) OG 1
Coptodera sp.4 (Lebiini) OG 1
Epikastea sp.1 (Lebiini) Gin 1
Epikastea sp.2 (Lebiini) OG 1
Eucheila sp.2 (Lebiini) Huat 1
Euproctinus sp.2 (Lebiini) LRBC 1
Inna sp.3 (Lebiini) Gin 1
Inna sp.5 (Lebiini) OG, ChM, LRBC 3
Inna sp.6 (Lebiini) LRBC 1
Lebia sp.6 (Lebiini) OG 1
Lebia sp.7 (Lebiini) OG 1
Lebia sp.12 (Lebiini) LRBC 1
Lebia sp.13 (Lebiini) LRBC 1
Leia sp.2 (Lebiini) SEC1 1
Ogygium sp.1 (Lebiini) LRBC 1
Onota sp.2 (Lebiini) SEC1 1
Pachyteles sp.3 (Ozaenini) SLT 1 1
Alterado Agra sp.8 (Lebiini) USM 1
Cryptobates sp.1 (Lebiini) SLT2 1
55
Apêndice III continuação. Tabela das espécies exclusivas.
Morfoespécies exclusivas de Carabidae de dossel nos locais coletados, Ll (Lliquino),
RAc (Rio Acaro), PAp (Pozo Apaika), Nus (Nushiño), Zab (Zábalo), Ap2 (Apaika 2),
Gin (Ginta), Hua (Huataraco), OG (OnkoneGare), ChM (Chontapunta Mondaña),
SEC1 (Sacha El Control 1), SLT1 (Sacha La Texaco 1), LRBC (Limoncocha Rio
Blanco Chico), LRAg (Lumbaqui Rio Aguarico), USM (Unión San Miguel), SEC2
(Sacha El Control 2), SLT2 (Sacha La Texaco 2).
Tipo de Floresta Morfoespécie (Tribo) Locais presentes Número de indivíduos
Alterado Cylindronotum sp.2 (Lebiini) USM 1
Hybopteroides sp.1 LRAg 1
Lebia sp.8 (Lebiini) USM 1
Lebia sp.9 (Lebiini) SLT2 1
Lebia sp.10 (Lebiini) SLT2 1
Phacocerus sp.1 (Lebiini) USM 1
Pseudotoglossa sp.2 (Lebiini) SEC2 1
56
Apêndice IV. Tabela das espécies comuns.
Morfoespécies de Carabidae de dossel comuns entre os diferentes tipos de
florestas. NA (Não-alterado), MA (Medianamente-alterado), A (Alterado).
Tribo Espécie NA-MA NA-A MA-A NA-MA-A
Cicindelini Ctenostoma sp.2 X
Helluonini Helluobrochus sp.1 X
Helluobrochus sp.2 X
Lebiini Agra sp.1 X
Agra sp.10 X
Agra sp.11 X
Agra sp.12 X
Agra sp.13 X
Agra sp.2 X
Agra sp.4 X
Agra sp.5 X
Agra sp.6 X
Agra sp.7 X
Agra sp.9 X
Agra sp.15 X
Calleida sp.1 X
Calleida sp.2 X
Calleida sp.3 X
Calleida sp.4 X
Coptodera sp.1 X
Coptodera sp.2 X
Cylindronotum sp.1 X
Eucheila sp.1 X
Euproctinus sp.1 X
Gallerucidia sp.1 X
Hyboptera sp.1 X
Hyboptera sp.2 X
Inna sp.1 X
Inna sp.2 X
Inna sp.4 X
Lebia sp.1 X
Lebia sp.2 X
Lebia sp.3 X
Lebia sp.4 X
Lebia sp.11 X
Nemotarsus sp.1 X
Onota sp.1 X
Plochonius sp.1 X
Pseudotoglossa sp.1 X
Thoasia sp.1 X
Ozaenini Goniotropis sp.1 X
Goniotropis sp.3 X
Pachyteles sp.1 X
Pachyteles sp.2 X
57