Universidade de São Paulo - teses.usp.br · claim that the Sign of Pancreas and the Cross of...

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1 UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENFERMAGEM LÉIA FORTES SALLES AVALIAÇÃO DA PREVALÊNCIA E DA HERDABILIDADE DOS SINAIS IRIDOLÓGICOS QUE SUGEREM DIABETES MELLITUS EM INDIVÍDUOS COM E SEM A DOENÇA SÃO PAULO 2012

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    UNIVERSIDADE DE SO PAULO ESCOLA DE ENFERMAGEM

    LIA FORTES SALLES

    AVALIAO DA PREVALNCIA E DA HERDABILIDADE DOS

    SINAIS IRIDOLGICOS QUE SUGEREM DIABETES MELLITUS EM INDIVDUOS COM E SEM A DOENA

    SO PAULO 2012

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    LIA FORTES SALLES

    AVALIAO DA PREVALNCIA E DA HERDABILIDADE DOS SINAIS IRIDOLGICOS QUE SUGEREM DIABETES MELLITUS

    EM INDIVDUOS COM E SEM A DOENA

    Tese apresentada para a obteno do ttulo de Doutor em Cincias pelo Programa de Ps-Graduao da Escola de Enfermagem da Universidade de So Paulo

    rea de concentrao: Enfermagem na Sade do Adulto Orientadora: Profa. Dra Maria Jlia Paes da Silva

    SO PAULO 2012

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    Folha de Aprovao

    Candidata: Lia Fortes Salles

    Ttulo: Avaliao da prevalncia e da herdabilidade dos sinais iridolgicos que sugerem Diabetes Mellitus em indivduos com e sem a doena

    Tese apresentada Escola de Enfermagem da Universidade de So Paulo para

    obteno do ttulo de Doutor em Cincias. Aprovado em ____/ ____/ ____.

    Banca Examinadora

    Profa. Dra. Maria Jlia Paes da Silva Instituio_______________________

    Julgamento__________________ Assinatura ______________________

    Profa. Dra Snia Aurora Grossi Instituio_______________________

    Julgamento__________________ Assinatura ______________________

    Profa. Dra Eliseth Ribeiro Leo Instituio_______________________

    Julgamento__________________ Assinatura_______________________

    Profa. Dra Instituio_______________________

    Julgamento___________________ Assinatura_______________________

    Prof. Dr Instituio_______________________

    Julgamento___________________ Assinatura_______________________

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    Dedico este trabalho

    Ao meu marido Antnio Carlos e filhos Daniel e Amanda, pelo

    apoio e amor incondicional.

    Aos meus pais, David Fortes e Fajga Szajndla Fortes, pelo

    exemplo vivo de f, persistncia e otimismo.

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    Agradeo

    Deus por ter permitido que eu conclusse mais este desafio.

    minha querida orientadora, Prof. Dra. Maria Jlia Paes da Silva, que me

    possibilitou adentrar neste mundo infinito de possibilidades, onde a pesquisa e

    a cincia encontram amor e a f.

    Aos meus familiares pela compreenso e apoio.

    Dra Carlins Rossi Sarno de Moraes, pela coragem em experimentar novas

    possibilidades.

    Dr. Flvio Sica pelo apoio.

    Aos funcionrios do Centro de Sade Escola Geraldo de Paula Souza,

    pela valiosa colaborao.

    Lbia Maria Almeida, pela sua disposio em auxiliar-me.

    Ao Dr. Celso F. Battello, pelas anlises das ris e pelo compromisso com o

    desenvolvimento e a divulgao da Iridologia.

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    Ao Thiago Correa, pela dedicao no tratamento estatstico dos dados.

    s minhas queridas amigas que contriburam para meu bem-estar durante este perodo de inmeras experincias e emoes.

    Aos docentes e funcionrios da Escola de Enfermagem pela colaborao.

    Aos membros do Grupo de Estudo em Prticas Alternativas e Complementares em Sade pela oportunidade de discusso e aprendizado.

    Aos pacientes, sujeitos desta pesquisa, pelo interesse imediato em cooperar

    com estudos em prol da sade.

    Ana Beln Fernandez Cervilla, pela rica experincia que me proporcionou durante meu estgio na Escola de Enfermagem da Universidade de Barcelona

    e aos novos amigos que por l encontrei.

    Aos membros do Colgio Oficial de Barcelona e Comisso de Terapias Naturais pelo acolhimento.

    E a todos que de alguma forma contriburam para a realizao deste trabalho.

    Obrigada a todos!

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    SHE

    She may be the face I can't forget,

    A trace of pleasure or regret,

    May be my treasure or

    The price I have to pay.

    She may be the song that summer sings,

    May be the chill that autumn brings,

    May be a hundred different things

    Within the measure of a day.

    She may be the beauty or the beast,

    May be the famine or the feast,

    May turn each day into a

    Heaven or a hell.

    She may be the mirror of my dream,

    A smile reflected in a stream,

    She may not be what she may seem

    Inside her shell.

    She who always seems so happy in a crowd,

    Whose eyes can be so private and so proud, No one's allowed to see them

    When they cry.

    She may be the love that cannot hope to last,

    May come to me from shadows of the past,

    That I'll remember till the day I die.

    She may be the reason I survive,

    The why and wherefore I'm alive,

    The one I'll care for through the

    Rough and ready years.

    Me, I'll take her laughter and her tears

    And make them all my souvenirs

    For where she goes I've got to be.

    The meaning of my life is she, she, she--.

    (She - Charles Aznavour / Herbert Kretzmer)

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    RESUMO Salles LF. Avaliao da prevalncia e da herdabilidade dos sinais iridolgicos que sugerem Diabetes Mellitus em indivduos com e sem a doena [tese]. So Paulo (SP): Escola de Enfermagem da USP; 2012.

    Diabetes um problema de sade pblica. Mtodos que identifiquem

    precocemente a predisposio para a doena devem ser investigados.

    Iridologistas afirmam que o Sinal do Pncreas e a Cruz de Andras sugerem

    predisposio para diabetes. Os objetivos deste trabalho foram verificar a

    prevalncia destes sinais em indivduos com e sem a doena bem como sua

    herdabilidade. A coleta de dados ocorreu entre fevereiro de 2010 e junho de

    2011. Participaram 356 indivduos com idade superior a 30 anos. Indivduos

    com diabetes apresentaram maior prevalncia dos sinais iridolgicos

    estudados. Os testes t de Student apontam diferena estatisticamente

    significativa na prevalncia desses sinais entre pacientes com e sem diabetes e

    entre indivduos com e sem antecedentes familiares para a doena. O Chi

    Quadrado demonstra que ter ambos os sinais aumenta a chance de

    desenvolv-la. O coeficiente de correlao de Pearson aponta que os sinais

    estudados tm correlao com antecedncia familiar para diabetes e com a

    taxa de glicemia alterada. Conclumos que estes sinais sugerem predisposio

    para Diabetes e que novos estudos so necessrios para avaliar a

    herdabilidade.

    Descritores: Diabetes Mellitus (preveno). Iridologia. Enfermagem. Terapias

    Complementares. Medicina integrativa.

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    ABSTRACT Salles, LF. Evaluation of the prevalence and heritability of iridology signs that suggest Diabetes in individual with and without the disease [thesis]. So Paulo (SP): USP Nursing School; 2012.

    The method to identify early the predisposition for Diabetes mellitus should be

    investigated, since the disease is a public health problem. Scholars of iridology

    claim that the Sign of Pancreas and the Cross of Andreas suggest

    predisposition to diabetes. Our objectives were to determine the prevalence of

    these signals in subjects with and without the disease and its heritability. Data

    collection occurred between February 2010 and June 2011. Participants 356

    individuals older than 30 years treated at the Health Center School. Individuals

    with diabetes had a higher prevalence of signs studied iridology. The Student t

    test showed statistically significant differences in the prevalence of these signs

    between patients with and without diabetes and among individuals with and

    without family history of the disease. The Chi Square demonstrates that having

    both signals increase the chance of developing diabetes. The Pearson

    correlation coefficient shows a correlation between the signals studied with a

    family history of diabetes and the blood glucose alteration. We conclude that

    these signs suggest a predisposition to diabetes and that further studies are

    needed to assess the heritability.

    Descriptors: Diabetes Mellitus (prevention). Iridology. Nursing. Complementary

    Therapies. Integrative medicine.

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    LISTA DE GRFICOS

    GRFICO 1. IMC nos 3 grupos investigados. So Paulo, 2011.................... 115

    GRFICO 2. Classificao da atividade fsica nos 3 grupos investigados. So Paulo, 2011..................................................................................................... 116 GRFICO 3. Antecedncia familiar para diabetes no grupo 1. So Paulo, 2011................................................................................................................ 116 GRFICO 4. Condio da taxa de glicemia nos 3 grupos investigados. So Paulo, 2011..................................................................................................... 118

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    LISTA DE QUADROS

    QUADRO 1. Critrios para o diagnstico do DM e estgios pr-clnicos. So Paulo, 2011........................................................................................................ 79 QUADRO 2. Estimativa de crescimento de casos de DM em determinadas regies. So Paulo, 2011.................................................................................. 88 QUADRO 3. Tamanho amostral. So Paulo, 2011......................................... 102 QUADRO 4. Classificao do ndice de Massa Corprea (IMC) pela OMS... So Paulo, 2011...................................................................................................... 134

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    LISTA DE TABELAS TABELA 1. Comparao de idade, gnero, sexo, IMC e atividade fsica nos 3 grupos investigados. So Paulo, 2011............................................................ 113

    TABELA 2. Faixa etria total dos indivduos entrevistados. So Paulo, 2011................................................................................................................. 114 TABELA 3. Comparao da presena de alterao na taxa de glicemia nos 3 grupos investigados. So Paulo, 2011............................................................ 117

    TABELA 4. Comparao da presena do Sinal do Pncreas e da Cruz de Andras nos 3 grupos investigados. So Paulo, 2011.................................... 120 TABELA 5. Teste de t de Student para o Sinal do Pncreas em indivduos com e sem diabetes. So Paulo, 2011.................................................................... 121

    TABELA 6. Teste de t de Student para a Cruz de Andras em indivduos com e sem diabetes. So Paulo, 2011....................................................................... 121 TABELA 7. Teste de t de Student para o Sinal do Pncreas em pacientes sem diabetes, com e sem AFDM. So Paulo, 2011................................................ 122 TABELA 8. Teste de t de Student para a Cruz de Andras em pacientes sem diabetes, com e sem AFDM. So Paulo, 2011................................................ 122 TABELA 9. Teste Chi Quadrado para os sinais iridolgicos e Diabetes. So Paulo, 2011...................................................................................................... 124 TABELA 10. Coeficiente de Correlao de Pearson entre Sinal do Pncreas e as demais variveis. So Paulo, 2011............................................................. 125 TABELA 11. Coeficiente de Correlao de Pearson entre a Cruz de Andras e as demais variveis. So Paulo, 2011............................................................. 127 TABELA 12. Coeficiente de Correlao de Pearson entre glicemia e Sinal do Pncreas. So Paulo, 2011............................................................................. 129 TABELA 13. Coeficiente de Correlao de Pearson entre glicemia e Cruz de Andras. So Paulo, 2011.............................................................................. 130

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    LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

    AFDM - Antecedentes Familiares para Diabetes Mellitus

    CAM - Complementary and Alternative Medicine

    CNPq - Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientfico e Tecnolgico

    COFEN - Conselho Federal de Enfermagem

    D - Direito

    DM - Diabetes Mellitus

    DM 1 - Diabetes Mellitus tipo 1

    DM 2 - Diabetes Mellitus tipo 2

    DCCT - Diabetes Control and Complication Trial Research Group

    E - Esquerdo

    FSP/USP - Faculdade de Sade Pblica da Universidade de So Paulo

    GOD - Enzima Glicose-Oxidase

    IDF - International Diabetes Federation

    IMC - ndice de Massa Corprea

    MODY - Maturity Onset Diabetes of the Young

    n - Amostra

    NCCAM - National Center for Complementary and Alternative Medicine

    OMS - Organizao Mundial da Sade

    OPAS - Organizao Pan-Americana de Sade

    PNCS - Prticas no-convencionais em Sade

    PNPIC - Poltica Nacional de Prticas Integrativas e Complementares

    SBD - Sociedade Brasileira de Diabetes

    SUS - Sistema nico de Sade

    TAC - Terapias Alternativas e Complementares

    TCC - Terapia Comportamental Cognitiva

    TCLE - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido TTG - Teste de Tolerncia Glicose

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    SUMRIO

    DEDICATRIA E AGRADECIMENTOS RESUMO ABSTRACT LISTA DE GRFICOS LISTA DE QUADROS LISTA DE TABELAS LISTA DE ABREVIATURAS SUMRIO 1. INTRODUO.......................................................................................... 19 2. OBJETIVOS.............................................................................................. 23 2.1 OBJETIVO GERAL................................................................................. 24 2.2 OBJETIVOS ESPECFICOS.................................................................. 24 3. REFERENCIAL TERICO....................................................................... 25 3.1.TERAPIAS ALTERNATIVAS E COMPLEMENTARES.......................... 26 3.1.1 Contextualizao das TACs................................................................ 29 3.1.2 Legislaes reguladoras das TACs..................................................... 33 3.1.2.1 Legislao de Enfermagem........................................................ 34 3.1.2.2 Legislao Municipal e Nacional................................................ 35 3.1.2.3 Organizao Mundial de Sade................................................. 35 3.1.3 As Terapias Alternativas e Complementares e a Enfermagem........... 36 3.1.3.1 TAC e as teorias de Enfermagem.............................................. 36 3.1.3.2 Assistncia de Enfermagem em TAC......................................... 39 3.1.3.3 Pesquisa de Enfermagem nas TACs no Brasil........................... 41 3.1.4 Importncia das TACs no cenrio mundial.......................................... 42 3.1.5 TAC no mundo..................................................................................... 44 3.1.6 TAC e Medicina Integrativa................................................................. 50 3.2 IRIDOLOGIA E IRISDIAGNOSE............................................................ 51 3.2.1 Principais escolas da Iridologia........................................................... 54 3.2.2 Pesquisas em Iridologia....................................................................... 59 3.2.3 Iridologia e Diabetes Mellitus............................................................... 62 3.2.4 Iridologia e Enfermagem...................................................................... 67

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    3.3 DIABETES MELITUS............................................................................. 68 3.3.1 Conceito e epidemiologia.................................................................... 69 3.3.2 Classificao e etiologia...................................................................... 71 3.3.3 Gentica e DM 2.................................................................................. 72 3.3.4 Sinais e sintomas................................................................................. 76 3.3.5 Diagnstico do DM.............................................................................. 77 3.3.6 Complicaes...................................................................................... 79 3.3.7 Tratamento e preveno..................................................................... 82 3.3.8 Diabetes, um problema de sade pblica........................................... 87 4. JUSTIFICATIVA DO ESTUDO................................................................. 93 5. HIPTESES............................................................................................. 96 6. CASUSTICA E MTODOS...................................................................... 98 6.1 TIPO DE ESTUDO................................................................................. 99 6.2 CAMPO DE ESTUDO............................................................................ 99 6.3 AMOSTRA............................................................................................ 100 6.4 PROCEDIMENTOS DE COLETA DE DADOS..................................... 104 6.5 TRATAMENTO DOS DADOS.............................................................. 109 7. RESULTADOS....................................................................................... 111 7.1 CARACTERIZAO DA AMOSTRA.................................................... 112 7.2 ANLISES ESTATSTICAS.................................................................. 120 8. DISCUSSO........................................................................................... 132 9. CONCLUSES....................................................................................... 142 10. CONSIDERAES FINAIS.................................................................. 145 11. LIMITAES DO ESTUDO.................................................................. 148 REFERNCIAS.......................................................................................... 150

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    APNDICES............................................................................................... 167 Apndice 1. Termo de Consentimento Livre e Esclarecido........................ 168 Apndice 2. Ficha clnica............................................................................ 169 ANEXOS..................................................................................................... 170 Anexo 1. Resoluo COFEN 197 /1997..................................................... 171 Anexo 2. Lei n 13.717............................................................................... 172 Anexo 3. Lei n 5.471................................................................................. 173 Anexo 4. Portaria n 971............................................................................. 174 Anexo 5. Mapa condensado da Iridologia.................................................. 175 Anexo 6. Cruz de Andras.......................................................................... 176 Anexo 7. Disposio concntrica da ris..................................................... 177 Anexo 8. Aprovao no Exame de Qualificao........................................ 178 Anexo 9. Autorizao do Comit de tica em Pesquisa............................ 179 Anexo 10. Declarao de concordncia do Centro de Sade................... 180 Anexo 11. Rotina de anlise da glicemia.................................................... 181

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    1. INTRODUO

    A viso holstica do mundo vem ganhando considervel espao em todos

    os setores dos saberes humanos, assim como as terapias complementares,

    que derivam deste novo paradigma.

    A Enfermagem como cincia de vanguarda no poderia deixar de abraar

    estes novos ideais. Surge ento, a Enfermagem Holstica. Ou melhor, ressurge,

    pois em sua essncia, a Enfermagem sempre se baseou no holismo para cuidar

    dos seres humanos.

    Minha rea de interesse a promoo da sade e preveno das

    doenas. As ferramentas escolhidas foram as Terapias Alternativas e

    Complementares (TAC). Aps a graduao em Enfermagem participei de

    diversos cursos que abordaram algumas dessas terapias, como quiropatia, do-

    in, reflexologia, cromoterapia, aromaterapia, auriculoterapia, toque teraputico,

    reiki e tcnica metamrfica. Em 2003, especializei-me em Iridologia e

    Irisdiagnose, curso oferecido pela Faculdade de Cincias em Sade de So

    Paulo, em parceria com o Instituto Brasileiro de Estudos Homeopticos

    (IBEHE). Em 2010, conclu o curso de Especializao em Terapia Floral:

    interveno vibracional em sade, pela Escola de Enfermagem da USP.

    Utilizo estas tcnicas como complemento no cuidar em Enfermagem. Nos

    ltimos anos, venho dedicando-me s pesquisas com estas prticas e

    divulgao das TAC por meio de aulas na graduao de Enfermagem,

    palestras, participao em congressos e publicaes de artigos cientficos,

    captulo de livro e livros.

  • 21

    Este trabalho utiliza a Irisdiagnose, uma das tcnicas complementares de

    cuidado em sade, para que, aliado aos conhecimentos e cuidados de

    Enfermagem, possamos promover a manuteno da sade por meio da

    preveno e do diagnstico precoce do Diabetes Mellitus.

    Ele continuao da dissertao de mestrado que teve como objetivo

    verificar a prevalncia de sinais iridolgicos, como o sinal do pncreas e Cruz

    de Andras, em indivduos com Diabetes Mellitus (sinais que, segundos os

    iridologistas, indicam predisposio para a doena), bem como, a associao

    destes sinais com os trs fatores de risco reconhecidos mundialmente para a

    doena: obesidade, sedentarismo e hereditariedade. No perodo de 05 de abril

    a 03 de Junho 2006, participaram da pesquisa 97 indivduos com idade superior

    a 30 anos e portadores de Diabetes mellitus, atendidos no Centro de Sade-

    Escola Geraldo de Paula Souza, na cidade de So Paulo. Aps anlise de

    suas ris, verificou-se que a prevalncia ajustada do sinal do pncreas e a da

    Cruz de Andras foram, respectivamente, de 98% e 89%. Houve associaes

    significativas (p

  • 22

    Assim, no comeo de 2007 escolhemos uma amostra composta por

    idosos para fazer a pesquisa. Os sinais iridolgicos revelam a predisposio

    para determinada doena e a pesquisa em indivduos mais jovens poderia

    mostrar estes sinais em indivduos que ainda no a desenvolveram. Sendo

    assim, a escolha de uma amostra de idosos nos permitia sanar, em parte, a

    dificuldade de realizar pesquisas em iridologia com um grupo controle. O

    estudo foi realizado no mesmo Centro de Sade-Escola, o Geraldo de Paula

    Souza , nos dias 25 e 27 de Abril de 2007, com 30 pessoas. Entre os

    indivduos com diabetes, 100% apresentaram os sinais; no grupo controle,

    53,3% apresentou os sinais e 46,7% no. Dentre os indivduos que no tinham

    a doena, mas tinham os sinais, a maioria relatou ter antecedente familiar, ou

    seja, eram predispostos ao Diabetes Mellitus. Testes estatsticos apontaram

    diferena significativa (p

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    2. OBJETIVOS 2.1 OBJETIVO GERAL

    Comparar a prevalncia dos sinais iridolgicos estudados, o Sinal do

    Pncreas e a Cruz de Andras, em indivduos com e sem Diabetes

    Mellitus.

    2.2 OBJETIVOS ESPECFICOS

    Caracterizar a amostra investigada em relao s variveis de interesse -

    sexo, idade, IMC, atividade fsica, antecedente familiar para a doena,

    glicemia de jejum, presena do diabetes e dos sinais iridolgicos.

    Verificar associao entre as variveis e os sinais iridolgicos estudados

    nos trs grupos: G1 com diabticos, G2 sem DM e com antecedentes

    familiares para a doena e G3 sem DM e sem antecedentes familiares

    para a doena.

    Avaliar a influncia desses sinais iridolgicos no desenvolvimento da

    doena.

    Comparar a taxa da glicemia nos trs grupos e verificar a correlao com

    os sinais iridolgicos estudados.

    Avaliar a herdabilidade do Sinal do Pncreas e Cruz de Andras.

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    3. REFERENCIAL TERICO 3.1 TERAPIAS ALTERNATIVAS E COMPLEMENTARES

    Sob a classificao de Terapias Alternativas e Complementares (TAC)

    esto diversas tcnicas com finalidades de promoo sade, preveno e

    tratamento de doenas, que embora reconhecidas pelo uso popular desde a

    antiguidade, ainda no fazem parte da maioria dos programas oficiais da

    sade, principalmente nos pases ocidentais.

    Nos Estados Unidos, o National Center for Complementary and

    Alternative Medicine (NCCAM) define as Complementary and Alternative

    Medicine (CAM) como aqueles tratamentos ou prticas de ateno sade

    que no so amplamente ensinados nas escolas mdicas, no so geralmente

    utilizados em hospitais e no so usualmente reembolsados pelas empresas de

    seguro mdico(2).

    Faz parte das TAC uma diversidade de prticas de cuidado com a sade

    que inclui acupuntura, antroposofia, aromaterapia, auriculoterapia, fitoterapia,

    hidroterapia, iridologia, massagens teraputicas, meditao, musicoterapia,

    quiropatia, reiki, reflexologia, relaxamento, terapia floral, toque teraputico,

    entre outras. No Brasil, a homeopatia e a acupuntura foram reconhecidas pelo

    Conselho Federal de Medicina em 1980 e 1995, respectivamente, e fazem parte

    das especialidades mdicas oferecidas em diversas instituies, sendo

    reembolsadas pelas seguradoras de sade(3).

  • 27

    Estas terapias compreendem muitas disciplinas diferentes e um largo

    espectro de prticas e filosofias que diferem dos tratamentos convencionais.

    Enquanto os tratamentos alopticos objetivam o diagnstico, tratamento e a

    cura dos sintomas, as TAC visam no somente o alvio dos sintomas, mas a

    restaurao do bem-estar e equilbrio dinmico, ajudando no processo de

    autocura, dentro de uma viso holstica da sade.

    Ao longo dos tempos, estas terapias foram denominadas de diferentes

    formas: terapias alternativas, naturais, no-ortodoxas, holsticas,

    integrativas e no-convencionais. Nas dcadas passadas, foram conhecidas

    por terapias alternativas, termo que acabou substitudo por terapias

    complementares, uma vez que o primeiro exclui outras possibilidades e o

    segundo, agrega. Assim, a denominao terapias complementares parece ser

    mais adequada e pressupe que estas prticas devam atuar em conjunto com

    outras formas de tratamentos, proporcionando ao paciente uma assistncia

    mais completa(4). No Servio de Clnica Geral do Hospital das Clnicas da

    Faculdade de Medicina da Universidade de So Paulo, a denominao utilizada

    prticas no-convencionais em sade (PNCS) (4). E na Universidade Federal

    do Estado de So Paulo algumas dessas terapias tm lugar no Departamento

    de Medicina Integrativa.

    Em muitos pases, como EUA e Canad, mdicos adeptos utilizam a

    nomenclatura Medicina Alternativa Complementar (CAM). As enfermeiras

    destes pases preferem usar o nome Terapias Alternativas e Complementares

    (TAC), pois entendem que o uso delas feito por diversos profissionais,

  • 28

    evitando assim, a sua associao unicamente aos profissionais da rea

    mdica(2,5) .

    Neste estudo, tambm preferimos usar a denominao Terapias

    Alternativas e Complementares (TAC), pois alm destas prticas no

    pertencerem de modo exclusivo a nenhuma categoria profissional, algumas

    podem ser utilizadas sozinhas, enquanto outras devem ser aliadas a demais

    formas de tratamento.

    As TAC tm em comum algumas caractersticas, a saber(6-7):

    - A nfase na preveno um dos principais pilares. Muitas destas prticas

    mantm e fortalecem a sade, equilibrando a energia e garantindo a

    homeostase.

    - O tratamento o mais natural possvel. Os produtos vm da natureza, como

    por exemplo, a gua na hidroterapia, as plantas na fitoterapia, as flores na

    terapia floral, o espectro solar e as cores na cromoterapia, a energia universal

    no toque teraputico e no Reiki. Em algumas terapias, como massagem,

    quiropatia, reflexologia, shiatsu e toque teraputico, os nicos instrumentos do

    terapeuta so suas mos, a sensibilidade e o tato.

    - A abordagem holstica (holos - todo), onde a totalidade representa mais do

    que a soma de suas partes. O cliente analisado no pelo sintoma ou rgo

    que est afetado, e sim, como um todo - fsico, mental, emocional e espiritual.

    a viso multidimensional do ser humano, percebido e cuidado de forma

    integral e no dividido em sistemas.

  • 29

    - Nas TAC, a atitude mental, o padro do pensamento e as emoes tm lugar

    de destaque no processo sade-doena. Nas terapias complementares mais

    antigas, como a Medicina Tradicional Chinesa e a Ayurveda, esta relao

    mente - corpo j era conhecida. Cada vez mais a medicina ocidental d

    importncia s emoes, criando-se diferentes saberes como a psicossomtica,

    a imunoneuroendocrinologia e a terapia comportamental cognitiva.

    - Muitas TAC usam um rgo como holograma. O princpio do holograma

    que cada parte pode conter a essncia do todo, ou seja, holograma a parte

    que representa o todo. Assim, no apenas as partes esto no todo, como

    tambm o todo est contido nas partes. Como exemplos de hologramas nas

    prticas complementares, podemos citar a ris na iridologia, o p e mo na

    reflexologia, a coluna vertebral na quiropatia e a orelha na auriculoterapia.

    Neste princpio, o microcosmo est contido no macrocosmo e este, naquele.

    As prticas complementares, na sua maioria, como j referido, buscam o

    re-equilbrio global e no somente o tratamento sintomtico. Desta forma,

    acabam por exigir um envolvimento maior do indivduo em seu prprio

    tratamento, alm da maior disponibilidade de tempo para cuidar de si mesmo.

    Algumas vezes, os resultados no ocorrem to imediatamente, pois so

    processos de cura.

    3.1.1 Contextualizao das TAC

    Embora a maioria das prticas utilizadas em terapias complementares

    tenha surgido na antiguidade, elas foram re-descobertas pelo mundo ocidental

  • 30

    somente nas ltimas dcadas, graas ao movimento de mudana de paradigma

    de compreenso de mundo e de realidade. a transio da concepo

    moderna de mundo racionalista, mecanicista e reducionista, para a concepo

    ps-moderna com viso holstica, de interdisciplinaridades e probabilidades(6-7).

    Segundo Kuhn, Paradigmas so realizaes cientficas universalmente

    reconhecidas que, durante algum tempo, fornecem problemas e solues

    modelares para uma comunidade de praticantes de uma cincia(8). Envolvem

    crenas, valores, tcnicas e procedimentos partilhados no consenso de uma

    comunidade determinada(6).

    A construo de novos paradigmas na sociedade ocidental se deve

    revoluo acontecida na dcada de 60, que provocou mudanas e

    redimensionamento de valores, idias, objetivos do ser humano. Segundo

    Gerber(6), os principais focos de ataque da contracultura foram o conhecimento

    tecnolgico e cientfico das sociedades. Para Crema(7), a crise planetria e

    multidimensional, originada de uma cultura racional e tecnolgica que tornou a

    vida fragmentada e encerrada em compartimentos estanques.

    Uma das concluses da contracultura que a medicina tem sido menos

    importante no aumento da expectativa de vida do que o crescimento

    econmico, e que os mecanismos reais para a melhoria da sade da populao

    esto ligados economia, instruo, qualidade do ambiente(9). As doenas

    crnico-degenerativas crescem em grande velocidade e o modelo biomdico

    no est preparado para atender esta demanda, tanto nas suas bases

    conceituais, quanto no preparo dos profissionais para este atendimento. Neste

  • 31

    contexto a sociedade repensa as prticas alternativas e complementares em

    sade(10).

    Neste novo movimento, houve posicionamentos radicais que tentaram

    negar a fase anterior e excluir tudo o que lembrasse o passado. Foi neste

    cenrio que o nome terapia alternativa, com o seu carter excludente, tomou

    fora.

    A Medicina Complementar o meio termo entre o paradigma da cincia

    Biomdico e o paradigma alternativo. Ela visa ampliar a perspectiva biolgica,

    buscando padres, causas e tratamento dos sintomas no estilo de vida dos

    pacientes e nas suas relaes sociais e ambientais, devolvendo ao paciente

    sua autonomia no processo de produo e cura de sua enfermidade(6).

    A contribuio da viso holstica a integrao do mtodo de anlise de

    Descartes com a sntese da ps-modernidade, que focaliza a totalidade e a

    interconexo.

    A fsica clssica, representada principalmente por Isaac Newton, por

    muito tempo explicou os eventos da sociedade moderna. Na era ps-moderna,

    a inrcia, a passividade e a imutabilidade no fazem mais sentido(7). As

    descobertas da fsica moderna (quntica) estabelecem um conceito de mundo

    unificado e inseparvel e introduzem termos como complementaridade,

    interconexes e correlaes, probabilidades, causalidades e incertezas que

    comeam influenciar todas as reas do conhecimento. Alm de Albert Einstein,

    os fsicos que representam esta nova etapa so Max Planck, Werner

    Heisemberg e Niels Bohr(6-7,9).

  • 32

    Os conhecimentos na rea da sade aloptica derivam da viso

    biomdica do modelo cartesiano e da fsica newtoniana, e no conseguem

    explicar as caractersticas sutis da vida, como a energia, e conseqentemente,

    vrias das terapias complementares(10).

    A maioria das terapias complementares pode ser explicada pela fsica

    quntica, mais particularmente pela compreenso vibracional / energtica da

    natureza(10).

    A nfase na doena e no na sade um dos principais aspectos que

    diferencia a prtica aloptica da holstica e vibracional. As manifestaes de

    doena no corpo so evidentes, porm os aspectos mais sutis da sade

    (energia) no podem ser mensurados com a mesma facilidade. A medicina

    convencional aloptica lida diretamente com os componentes qumicos e

    estruturais do corpo. A medicina vibracional lida com as substncias e energias

    que intervm na qumica e na estrutura do corpo fsico(6,7,10).

    Segundo Gerber(6), quando o organismo est enfraquecido ou

    desequilibrado, oscila numa frequncia diferente e menos harmoniosa. Essa

    frequncia anormal reflete-se no estado geral do equilbrio energtico celular.

    Se a pessoa no for capaz de reequilibrar-se ou elevar seu padro energtico,

    para uma frequncia normal, faz-se necessrio a entrada de uma frequncia

    especfica que promova a modificao. Algumas terapias complementares

    interagem com esta energia sutil, como o caso da acupuntura, homeopatia,

    florais, cromoterapia, toque teraputico, entre outras.

  • 33

    Do ponto de vista einsteiniano, o ser humano um organismo

    multidimensional constitudo de sistemas fsicos / celulares em interao

    dinmica com complexos campos energticos reguladores. Em lugar de

    procurar curar as doenas manipulando clulas e os rgos afetados por meio

    do uso de drogas e da realizao de cirurgias, as terapias alternativas e

    complementares tentam atingir os mesmos objetivos manipulando os campos

    energticos sutis e estimulando a vida no corpo(7).

    Sabe-se que o enfoque disciplinar da cincia moderna levou a uma

    esfacelao do conhecimento e uma viso unilateral e desagregada em todos

    os mbitos da vida. A perspectiva do holos da cincia ps-moderna tenta

    resgatar a unicidade dos seres humanos, bem como a interligao de todos os

    aspectos da vida da nossa sociedade complexa(7).

    A crise no sistema de sade, ainda pautado na cincia newtoniana, tem

    como base a viso estritamente curativa e o excesso de fragmentao que

    causa, muitas vezes, redundncia no atendimento e erros fatais por falta de

    comunicao entre os diversos especialistas que atendem a uma mesma

    pessoa. Outro problema o uso abusivo de exames e medicamentos caros,

    que por serem prescritos indiscriminadamente, no conseguem ser usados para

    os casos em que existe real necessidade.

    3.1.2 Legislaes reguladoras das TACs

    Dentre as profisses, a Enfermagem foi pioneira no reconhecimento das

    terapias complementares.Enquanto muitos Conselhos punem seus profissionais

  • 34

    pela utilizao das prticas naturais, o Conselho Federal de Enfermagem

    reconhece e estimula os enfermeiros interessados na rea a estudarem os

    assuntos com a profundidade necessria para o conhecimento e

    desenvolvimento de habilidades a fim de proporcionar uma assistncia integral

    ao paciente.

    3.1.2.1 Legislao de Enfermagem

    Resoluo COFEN 197/1997 (19/01/1997)(11) - Estabelece e reconhece

    as Terapias Alternativas como especialidade e/ou qualificao do

    profissional de Enfermagem (ANEXO 1).

    - Art.1: Estabelece e reconhece as Terapias Alternativas como

    especialidade e/ou qualificao do profissional de Enfermagem.

    - Art.2: Para receber a titulao prevista no artigo anterior, o profissional de

    Enfermagem dever ter concludo e ter sido aprovado em curso reconhecido

    por instituio de ensino ou entidade congnere, com carga horria mnima

    de 360 horas.

    Resoluo COFEN - 283/2003. Fixa regras sobre a prtica da

    Acupuntura pelo Enfermeiro e d outras providncias(12).

    Resoluo COFEN - 290/2004. Fixa as Especialidades de Enfermagem.

    Uma das indicaes na rea das Terapias Naturais, Tradicionais e

    Complementares, como de competncia do Enfermeiro(12).

  • 35

    Resoluo COFEN - 301/2005. Atualiza os valores mnimos da Tabela

    de Honorrios de Servios de Enfermagem( 12)

    3.1.2.2 Legislao Municipal (SP) e Nacional

    Lei N 13.717, de 8 de Janeiro de 2004 - Dispe sobre a implantao das

    Terapias Naturais na Secretaria Municipal de Sade, e d outras

    providncias(13) (ANEXO 2).

    Lei N 5471, de 10 Junho de 2009. Estabelece no mbito do Estado do

    Rio de Janeiro a criao do Programa de Terapia Natural(14) (ANEXO 3).

    Portaria N 971 de 3 maio de 2006 - Aprova a Poltica Nacional de

    Prticas Integrativas e Complementares (PNPIC) no Sistema nico de

    Sade(15) (ANEXO 4).

    3.1.2.3 Organizao Mundial da Sade - OMS

    A OMS reconhece a importncia e eficcia das Terapias Alternativas /

    Complementares. Uma das estratgias que a OMS cita no seu documento de

    2002, o desenvolvimento de estudos cientficos regionais e nacionais para o

    melhor conhecimento da segurana, eficcia e qualidade dos mtodos

    complementares(16).

  • 36

    3.1.3 As terapias Alternativas e Complementares e a Enfermagem 3.1.3.1 TAC e Teorias de Enfermagem

    A Enfermagem, como cincia do cuidar, resgata o holismo inerente sua

    histria e filosofia. As razes da Enfermagem Holstica emergiram das

    colocaes visionrias de Florence Nightingale em seu livro Notas sobre a

    Enfermagem, em 1860, quando descreveu ser o trabalho da Enfermagem

    direcionado melhoria das condies de sade dos pacientes, enfatizando o

    tocar e a delicadeza como propriedades importantes no processo de cura,

    aliados melhoria das condies ambientais, tais como prover ar fresco, luz e

    calor do sol, paz, quietude e limpeza(17).

    Para Fuerst, Wolff e Weitzel(18), a Enfermagem oferece servios de sade

    que so orientados no sentido de providenciar cuidados que promovem e

    mantm a sade: prevenir, detectar e tratar as doenas e incapacidades,

    restaurar o nvel mais alto possvel de sade. Segundo os mesmos autores, o

    enfermeiro busca conhecimentos em muitas disciplinas; tira delas as

    informaes de que precisa para o seu trabalho de cuidar do paciente.

    As primeiras teorias de Enfermagem tm aspectos holsticos, como por

    exemplo, a Cincia do ser Unitrio de Martha Rogers, em 1970; a Teoria das

    Necessidades Humanas Bsicas de Wanda de Aguiar Horta, em 1979, e a

    Teoria da Cincia Humana e do Cuidar Humano de Jean Watson, em 1979.

    Rogers desenvolveu uma estrutura conceitual para a Enfermagem,

    baseada na teoria geral dos sistemas e em cinco pressupostos. Um deles

  • 37

    afirma que o ser humano um todo unificado que possui uma integridade

    individual e manifesta caractersticas que so mais do que a soma das partes e

    diferentes delas. Para Rogers, a Enfermagem uma cincia humanstica e

    humanitria, voltada para a descrio e explicao do ser humano, num todo

    sinrgico. O cuidar deve ser integral e a preveno uma das diversas faces

    desse processo. Rogers uma das primeiras teoristas de Enfermagem que

    mostra o ser humano como um campo energtico, como um sistema aberto em

    troca ininterrupta de energia com o ambiente, ao qual est integrado,

    configurando um campo energtico suficientemente forte para se estender ao

    infinito. Os pressupostos bsicos de ressonncia e helicidade, que sustentam a

    sua teoria, tambm reafirmam o ser humano como fonte de energia em

    constante troca energtica com outras pessoas e com o meio ambiente (19).

    Horta fundamenta-se na Psicologia Humana e na Teoria da Motivao

    Humana de Maslow. Os pressupostos da sua teoria so essencialmente

    holsticos, como podemos ver a seguir(20):

    - A Enfermagem respeita a unicidade, a autenticidade e a individualidade do

    indivduo.

    - A Enfermagem prestada ao ser Humano e no doena e ao desequilbrio.

    - Todo cuidado de Enfermagem preventivo, curativo e de reabilitao.

    - A Enfermagem reconhece o ser humano como elemento participante ativo do

    seu autocuidado.

    A Teoria da Cincia Humana e do Cuidar Humano, de Jean Watson, tem

    como um dos seus princpios a satisfao das necessidades humanas e

  • 38

    recomenda que o enfermeiro tenha em mente a estrutura holstico-dinmica

    para visualizar as necessidades humanas, a fim de que a assistncia, como

    fator de cuidado, leve a um desenvolvimento mais completo dessas

    necessidades(21).

    Waldow(22), fazendo uma retrospectiva sobre as modificaes que tm

    ocorrido na Enfermagem, assinala que definitivamente estamos na era da

    humanizao da assistncia, tendncia que se estende sobre toda a rea da

    sade. E, portanto, o cuidar visualizado sob uma nova perspectiva, na qual o

    ser humano valorizado em sua totalidade. Analisando essas mudanas

    paradigmticas na equipe de Enfermagem, Waldow reflete que as cuidadoras

    (referindo-se aos enfermeiros) pouca autonomia conquistaram at hoje no que

    se refere ao cuidado, por sucumbirem ao poder dominante e s presses

    impostas pelo sistema. Mas talvez hoje, com a crescente aceitao de terapias

    no-convencionais e apelo espiritualidade, as cuidadoras se sintam com mais

    coragem para deixar extravasar a sensibilidade oprimida, o que facilitar a

    implantao de uma prtica de cuidado integral. E isso j est acontecendo.

    Dobbro(23) afirma que a dificuldade na utilizao das terapias

    complementares pelos enfermeiros est na formao profissional, como relata

    em sua dissertao: essas terapias envolvem muito tempo de estudos

    preliminares antes de sua utilizao e requerem um conhecimento especfico

    para os quais no fomos preparados. Muitas enfermeiras no tiveram nenhum

    contato com esse tema durante a graduao, calcada ainda no modelo

    biomdico da assistncia. Alm do mais, continua a autora, como as

  • 39

    experincias em nosso meio so recentes nesta rea, no dispomos de grande

    volume de material publicado.

    Uma pesquisa com 117 enfermeiros e mdicos brasileiros mostrou que

    88,7% desconheciam as diretrizes nacionais para a rea, embora 81,4%

    concordassem com sua incluso no Sistema nico de Sade. A maioria

    (59,9%) mostrou interesse em capacitaes e todos concordaram que estas

    prticas deveriam ser abordadas na graduao(24).

    3.1.3.2 Assistncia de Enfermagem em TACs

    Reafirmamos nossa crena de que a assistncia de Enfermagem deve

    ser integral e inclui tanto o cuidado convencional quanto as prticas

    complementares, levando ao cliente o que h de melhor para um atendimento

    completo e personalizado(25).

    As prticas complementares podem ser usadas em conjunto com a

    abordagem convencional ou de maneira isolada.

    Na consulta de Enfermagem, com a perspectiva de uso de terapias

    complementares, o processo deve ser utilizado no seu todo: coleta de dados

    (entrevista e exame fsico), levantamento de problemas, diagnstico, aes a

    serem implementadas e acompanhamento da evoluo com avaliao da

    eficcia das prticas utilizadas(10).

    A assistncia de Enfermagem deve ser integral e inclui tanto o cuidado

    convencional quanto as terapias complementares, pois cada mtodo no

  • 40

    convencional tambm apresenta vantagens e desvantagens. A verdadeira

    abordagem holstica ou integral est em saber escolher ou combinar essas

    diferentes prticas a fim de se obter o mximo de benefcio para o cliente(10).

    Um exemplo de atendimento conjunto ocorre quando um paciente

    submetido quimioterapia sofre efeitos colaterais como nuseas, vmitos,

    fraqueza e diminuio da hemoglobina. Neste caso, ser extremamente

    benfico associar terapias complementares como toque teraputico, reiki,

    terapia floral, entre outras(10).

    A classificao atual da Associao Norte-Americana de Diagnstico

    (NANDA) reconhece as terapias vibracionais e se esfora para inserir a viso

    holstica na terminologia dos diagnsticos de Enfermagem. O Diagnstico de

    Enfermagem Distrbio no campo energtico definido como sendo um estado

    no qual a interrupo do fluxo de energia em torno da pessoa resulta em uma

    desarmonia do corpo, mente e /ou esprito, e permite a interveno com

    diversas prticas complementares(25-26).

    Entre todos os profissionais de sade, a equipe de enfermagem a que

    passa maior parte do tempo com o cliente, e por isso tem condies de

    acompanhar de perto e avaliar os efeitos fsicos e emocionais destas

    prticas(25).

    Mais pesquisas agregando saberes e mtodos so necessrias para

    fundamentar, ampliar e incorporar as tcnicas como possibilidades teraputicas

    complementares, favorecendo tanto o restabelecimento do equilbrio energtico,

    quanto uma recuperao adequada.

  • 41

    3.1.3.3 Pesquisas de Enfermagem nas TAC no Brasil As Faculdades de Enfermagem comeam a perceber a importncia de ter

    nos seus currculos as terapias complementares, tanto no nvel de graduao

    como de ps-graduao. A Escola de Enfermagem da USP disponibiliza uma

    disciplina optativa no tema e j ofereceu cursos de Especializao em Terapias

    Florais em 1998, 2000 e 2010, sendo que do primeiro curso resultou o livro

    Florais: uma alternativa saudvel, com a publicao de trabalhos de pesquisa

    realizados no curso (27).

    A Escola de Enfermagem da Universidade de So Paulo abriga reunies

    mensais do Grupo de Estudos de Prticas Alternativas / Complementares em

    Sade cadastrado no CNPq. Alm disso, na referida instituio, o nmero de

    produo cientfica nesta rea vem aumentando. Nas monografias,

    dissertaes e teses, assuntos como terapia floral, acupuntura, musicoterapia,

    iridologia, antroposofia, aromaterapia e toque teraputico vem sendo discutidos.

    Em uma reviso de literatura sobre a produo cientfica em terapias

    complementares escritas por enfermeiros brasileiros, notou-se maior

    incremento das publicaes de artigos a partir de 1998, o que provavelmente

    tem relao com a Resoluo COFEN 197/ 97. Outros fatores que

    contriburam para esse aumento foram o incio de Cursos de Especializao

    nesta rea e a incluso desta matria no currculo de graduao. As prticas

    mais citadas em pesquisas da Enfermagem so toque teraputico, fitoterapia,

    terapia floral e musicoterapia. O fato destas quatro prticas j ter gerado teses

  • 42

    e dissertaes est contribuindo para aumentar o nmero de artigos a respeito

    no Brasil. Em outros pases, vrias prticas j so estudadas h mais tempo. O

    toque teraputico, por exemplo, bastante utilizado pelas enfermeiras norte-

    americanas e canadenses(28).

    3.1.4 Importncia das TAC no cenrio atual

    No cenrio mundial, o capitalismo, a globalizao, as sucessivas crises

    na economia e na sade, a desenfreada busca pela tecnologia, consumo e

    facilidades revelaram e reforaram a marginalizao de boa parte da populao

    mundial. Os altos custos dos novos medicamentos, tecnologias e instituies de

    ponta reforam o grave problema da falta de equidade nas condies de sade

    da populao, onde, via de regra, os mais abastados tm uma melhor

    assistncia sade. As terapias alternativas e complementares, alm de

    produzirem poucos efeitos colaterais, so geralmente acessveis financeira-

    mente(28).

    Esta nova crise econmica refora a necessidade de novos modelos de

    sade, mais slidos e que tenham uma base ampla para sustentar as

    intempries dos movimentos econmicos e no fazer cada vez mais novas

    vtimas da excluso.

    O aumento da expectativa de vida, o declnio da fecundidade, a

    diminuio da mortalidade por doenas infecto-contagiosas e pela criao de

    novas tecnologias em sade, contriburam para o rpido envelhecimento da

    populao do mundo todo. Estima-se que em 2050 teremos mais de dois

  • 43

    bilhes de idosos no mundo, sendo que dois teros deles estaro vivendo nos

    pases em desenvolvimento. O Brasil passou de 7 milhes de idosos em 1980,

    para 14,5 milhes em 2000. As projees apontam para cerca de 32 milhes

    deles em 2025(29-30).

    Vrios pases no esto preparados para esta nova realidade. O

    envelhecimento populacional tem alto impacto sobre diversas dimenses do

    desenvolvimento e do funcionamento das sociedades. No sculo XXI, a sade

    dos idosos ser um dos elementos essenciais do desenvolvimento econmico e

    social de todos os pases(31).

    As doenas crnicas, como os problemas cardiovasculares, respiratrios,

    neoplasias, diabetes, aumentam rapidamente. Nos pases em desenvolvimento,

    que ainda lutam contra as doenas transmissveis, este aumento de doenas

    crnicas no transmissveis causa inevitvel congestionamento nas instituies

    e dficit oramentrio nos cofres pblicos(29-31).

    O envelhecimento um processo que dura a vida toda, ou seja, os

    padres de vida que promovem o envelhecimento saudvel devem ser

    formados ao longo da vida.

    Um dos desafios mundiais de sade encontrar novos e mais eficazes

    modos de prevenir o aparecimento de doenas crnico-degenerativas e suas

    incapacidades(29-31).

    As terapias alternativas e complementares, com o seu olhar holstico,

    podem ser uma ferramenta til para o enfrentamento deste desafio na medida

    em que auxiliam na manuteno da homeostase ao longo da vida e, nas idades

  • 44

    mais avanadas, podem melhorar a sade, aumentar o bem- estar e a

    capacidade funcional. Utilizadas de maneira sistemtica, elas auxiliam na

    promoo da sade e preveno de doenas. Este novo modelo (no ocidente)

    de pensar sade, no mais curativo e assistencial, evita sofrimentos e gastos

    desnecessrios(10).

    O sofrimento causado por uma doena est longe de afetar somente o

    doente. Os reflexos repercutem na famlia e na sociedade. Os gastos vo alm

    da soma de consultas, exames, medicamentos e internao. A conta do que o

    indivduo deixa de produzir ou at de uma aposentadoria precoce, debitada

    na sociedade e gera esgotamento dos recursos do Estado e dificuldade na

    conteno de despesas, alm de sobrecarregar a sade pblica, que se torna

    incapaz de atender as necessidades da populao(10).

    O desenvolvimento de uma viso holstica no processo sade-doena

    permite que o paciente aprenda a implementar o controle sobre a sua sade. A

    participao ativa do sujeito contribui para a preveno de doenas(10).

    3.1.5 TAC no Mundo

    O monoplio sobre cuidados de sade que tem beneficiado a profisso

    de medicina na sociedade ocidental est sendo desafiado por um complexo

    conjunto de processos globais. So amplas as mudanas culturais: o

    crescimento do consumismo, transformaes no padro da doena com

    aumento nos custos dos cuidados de sade, maior acesso informao atravs

    da Internet e novos movimentos sociais ligados sade, tais como as TAC(32).

  • 45

    O aumento de problemas crnicos de sade criou interesse em solues

    alternativas para estas condies. Expectativas com a liberdade de escolha na

    rea de sade exercem presso sobre o estado para que sejam ponderadas

    mais polticas inclusivas no sistema formal de sade(32).

    Em muitos pases como, por exemplo, no Canad, EUA, Gr-Bretanha,

    Austrlia, vrias prticas dentre as TAC pretendem atingir o estatuto de uma

    profisso oficial e reconhecida para adquirir um lugar nos sistemas oficiais de

    cuidados de sade(32). Grande parte da populao destes pases j simptica

    s terapias complementares.

    Segundo revista britnica, os pacientes tm impulsionado a mudana

    com a busca por formas heterodoxas no cuidar, a ponto da Medicina

    Alternativa e Complementar (CAM) representar o segundo maior crescimento

    da indstria na Europa(33).

    Comeam surgir movimentos para integrar a medicina tradicional com

    as TAC. De um lado esto os pacientes, que comeam a desejar que o seu

    clnico geral associe as duas formas de tratamentos; do outro esto os

    prprios profissionais de sade (inclusive mdicos) que incorporam algumas

    destas terapias. Neste cenrio, muitos governos comeam a regulamentar

    algumas prticas(32).

    Em 2001 surgiu o primeiro curso oficial no CAM para graduao mdica

    na Universidade de Glasgow (Inglaterra)(33). Na Alemanha, desde 2003, os

    currculos mdicos tm uma carga horria destinada para as CAM. Esta

    estratgia do governo permite que os mdicos conheam as terapias

  • 46

    alternativas e complementares e tenham melhor relacionamento com os

    terapeutas das CAM. Eles tambm podem realizar pesquisas investigando

    eficcia e segurana de diferentes prticas(34). Em Barcelona, um Mestrado em

    Medicina Naturista e Enfermagem Naturista oferecido para Mdicos e

    Enfermeiros. Este curso uma realizao de ambos os Colgios, o de

    Enfermagem e de Medicina, com apoio da Universidade de Barcelona e da

    Universidade Autnoma de Barcelonaa.

    Uma reviso sistemtica da literatura sobre o ensino das CAM em

    escolas mdicas teve finalidade de refletir sobre as evidncias publicadas.

    Observaram-se diferentes formas de insero das CAM no ensino, atitudes

    positivas dos estudantes de medicina frente a elas e desejo de aprend-las

    como objetivo de tratar e orientar futuros pacientes(35).

    Mas esta abertura ainda muito lenta. Na maioria dos pases, as TAC

    ainda no so regulamentadas oficialmente, no so ensinadas de forma

    sistemtica nas faculdades, no so oferecidas pelos convnios. Alm de

    pagar por estes tratamentos, os pacientes tambm no so beneficiados pela

    deduo fiscal(32,34-37).

    Na China, assim como na Austrlia, enfermeiros que gostariam de

    trabalhar com as TAC se preocupam por no terem formao adequada, nem

    apoio das instituies polticas e tambm pelos tratamentos no serem

    indenizados pelos seguros(36-37). Como na maioria dos pases, enfermeiras de

    Barcelona apontam a falta de tempo e de disponibilidade das instituies em

    a Informao vivenciada durante meu estgio na Escola de Enfermagem de Universidade de Barcelona.

  • 47

    reconhecer e valorizar as TAC como os principais fatores que dificultam o uso

    das prticas(38).

    Segundo Einsberg(39), os motivos que mais levam os pacientes a buscar

    estas terapias so a procura da promoo da sade e a preveno das

    doenas por meio de prticas benficas emocional e espiritualmente. Outros

    consideram que a efetividade da medicina convencional indeterminada e/ou

    comumente associada a efeitos colaterais e riscos. A aderncia s TAC

    tambm costuma acontecer quando os recursos tradicionais para determinada

    condio patolgica so esgotados.

    Segundo a Comisso Europeia em 1998, estas prticas so utilizadas

    para a preveno ou tratamento de doenas crnicas, musculoesquelticas e

    problemas psicossomticos(33). Nos EUA, tambm foi evidenciado seu uso nas

    condies crnicas de sade como artrite, osteoporose e dores nas costas,

    alm de depresso(40). Um recente estudo italiano mostra que nos casos de

    cefaleia tambm existe uma grande busca pelas TAC(41). Mdicos adeptos s

    TAC defendem que a medicina holstica proporciona a influncia da

    conscincia pessoal de maneira benfica sobre o curso, preveno e

    tratamento da doena(42).

    Todos esto de acordo que este movimento no tem volta, porm

    preciso cautela, investimento em pesquisa e na formao de pessoal bem

    treinado (33-35,42-44).

    Nos ltimos 10 anos houve um grande aumento no exponencial de

    financiamento da investigao das TAC nos Estados Unidos, Canad e Reino

  • 48

    Unido, fortalecendo um desenvolvimento consistente e coerente na capacidade

    de investigao. No Reino Unido, por exemplo, fundaes privadas, hospitais

    renomados e o Ministrio da Sade uniram-se em prol destas pesquisas. As

    fundaes apoiaram financeiramente, hospitais abriram espao para os

    estudos e o Ministrio estabeleceu a regulamentao formal do processo de

    investigao, alm de custear um programa de bolsas em doutoramento e ps-

    doutoramento nesta rea. Isto permitiu um significativo processo de

    desenvolvimento acadmico destas terapias nas universidades britnica(44).

    So constantes os embates entre profissionais em relao s pesquisas

    em TAC. comum que as metodologias aceitas pela sociedade cientfica,

    principalmente a ocidental, no sejam adequadas na avaliao das TAC.

    Muitos autores defendem que ensaios randomizados controlados so

    importantes na avaliao da eficcia das TAC, porm so limitantes para

    checar o funcionamento da prtica e a percepo do paciente sobre as

    terapias. J as pesquisas qualitativas, tidas como de menor valor por muitos

    pesquisadores, podem ajudar na compreenso do significado da interveno

    para o paciente, bem como suas crenas e expectativas em relao aos

    resultados do tratamento, alm de colaborar na compreenso do contexto e do

    processo de interveno e, consequentemente, melhorar a prestao de

    cuidados de sade. Deste modo, aliar pesquisa qualitativa ao ensaio

    randomizado controlado aumentaria a compreenso das TAC(43).

    Com o aumento dos estudos na rea surge a necessidade de padronizar

    definies e terminologias das TAC e classificaes as diferentes prticas.

  • 49

    Algumas propostas esto sendo usadas, mas ainda no h consenso sobre

    elas(45-47). O National Center for Complementary and Alternative Medicine

    (NCCAM) classificou as terapias disponveis organizando-as em cinco amplas

    categorias: Sistemas de Cura; Conexo Corpo-Mente; Suplementos Dietticos

    e Plantas Medicinais; Manipulao e Toque; Terapias Vibracionais. Este

    modelo foi o indicado pela OMS (Organizao Mundial da Sade) para a

    criao de centros de excelncia na investigao e estudo das TAC(47). Uma

    abordagem diferente quanto classificao proposta pela Faculty of

    Medicine - University of Manitoba, do Canad. Nela no existe a diviso entre

    convencional ou no convencional; a classificao baseada nas intervenes

    das terapias e as divide em quatro categorias, pensando a terapia do ponto de

    vista da forma de aplicao: Corpo, Corpo/Mente, Corpo/Energia e Corpo/

    Esprito(48).

    Mediante o movimento atual da crescente popularidade das TAC entre o

    grande pblico, grupos profissionais esto tentando adaptar-se nova realidade

    para poder discutir e/ou indic-las para os pacientes, ou mesmo para aplic-las.

    As enfermeiras de Ontrio seguem o College of Nurses of Ontario

    Practice Guideline: Complementary & Therapies(48), um guia prtico para a

    utilizao das TAC que visa evitar a criao de dilemas para a categoria, uma

    vez que ainda no h pesquisas suficientes sobre estas prticas.

  • 50

    3.1.6. TAC e Medicina Integrativa

    A filosofia da medicina integrativa ou integral no exatamente nova.

    Tem sido abordada em diferentes pocas de acordo com o contexto e cultura

    vigente, embora tenha se perdido de vista em alguns perodos da histria,

    quando a medicina oscilava de um extremo para o outro(49).

    Esta abordagem resultou do cenrio formado pelo descontentamento

    com a medicina biomdica, a expanso das terapias alternativas e

    complementares e o impasse causado por posies radicais de ambos os

    lados. Por um lado, temos o excesso de fragmentao da medicina com as

    inmeras especialidades, o aumento da expectativa de vida e das doenas

    crnico-degenerativas, a desigualdade no acesso sade resultante de

    tratamentos cada vez mais caros, alm do desgaste da relao mdico/

    paciente. Por outro, o avano pela procura dos mtodos complementares, a

    falta de regulamentao de ensino e exerccio profissional e poucas pesquisas

    cientficas na rea (7,10,25,28-30,35).

    O termo Medicina Integrativa (MI) foi criado no final da dcada de 1990

    para descrever um novo modelo que retratasse a integrao dos diversos

    modelos teraputicos e oferecesse um cuidado integral sade(50).

    A Medicina Integrativa tenta unir a medicina convencional com a

    complementar, utilizando todas as formas de terapias j consagradas

    cientificamente para oferecer o que h de melhor para o paciente. Esta

    modalidade, que j est bem difundida nos EUA, procura olhar o indivduo

  • 51

    como um todo, com compreenso dos aspectos fsicos, emocionais,

    psicolgicos e espirituais no processo sade-doena.

    A Medicina Integrativa est orientada para a restituio da sade e

    ressalta a importncia da relao entre mdico e paciente como aspecto

    central. Enfoca mtodos menos invasivos, menos txicos e menos custosos

    alm de integrar tanto os tratamentos tradicionais quanto os complementares(49-

    50).

    No seria exatamente um sinnimo de Medicina Complementar, pois

    teria uma concepo mais ampla, cujo princpio iria de encontro ao novo

    paradigma holstico de sade: o de lidar com aspectos como sade e cura,

    muito mais do que doena e tratamento(51). A palavra integrar significa

    tornar (-se) inteiro, completar (-se)(52).

    Muitas das prticas complementares advm de sistemas mdicos

    prprios, utilizados pelos povos que lhes deram origem como tradicionais, como

    a MTC. Portanto, so independentes da Medicina Aloptica. A ideia de integrar

    surge como uma possibilidade de suprimir a relevncia de uma forma de

    medicina sobre outra, o que de certa forma beneficia a todos, principalmente ao

    paciente.

    3.2. IRIDOLOGIA E IRISDIAGNOSE Iridologia significa o estudo da ris e Irisdiagnose a cincia que permite

    conhecer, atravs da ris aspectos, fsicos, emocionais e mentais do

    indivduo(53).

  • 52

    Esta cincia revela as desordens patolgicas e funcionais do corpo

    humano por meio de linhas, pontos anormais e descoramentos da ris(54).

    O termo correto quando usado em consultas nesta rea, Irisdiagnose,

    que conhecer atravs da ris(53). Neste estudo, a palavra iridologia usada

    para designar Irisdiagnose, j que se trata de um termo mais conhecido.

    A ris um holograma, parte que representa o todo. Na ris tem-se a

    representao do organismo, assim como na palma da mo, na planta do p e

    no lbulo da orelha. Quanto mais irregularidades aparecerem no sedoso tecido

    da ris, menor a vitalidade, menor a resistncia e mais longe se estar do bem

    estar(53).

    A anlise da ris pode nos revelar dois aspectos distintos do organismo.

    Os sinais fixos mostram os rgos de choque, que reforam a predisposio

    deles em adoecer. Os sinais sancionam como o organismo est naquele

    determinado momento por meio da colorao e grau de evoluo de uma leso,

    por exemplo.

    O objetivo da irisdiagnose detectar precocemente os sinais que sugerem

    determinadas condies patolgicas(53-55), assim como compreender

    comportamentos e modos de relao dos indivduos(53,56-57).

    A ris um microssistema completamente formado aos 6 anos de idade e

    nela esto contidas as informaes sobre a parte fsica, emocional e mental de

    seus donos, o que permite ao iridologista realizar uma abordagem profiltica e

    teraputica atravs da pr-diagnose. Uma vez detectados sinais de

  • 53

    comprometimento, estes rgos devem ser investigados com exames

    especficos para afastar a possibilidade de certas patologias(53-58).

    A Iridologia no faz diagnstico, ela to somente aponta os rgos de

    choque do organismo e, assim, a predisposio deles em adoecer. Em hiptese

    alguma a iridologia substitui exames subsidirios, tais como os laboratoriais, de

    imagens e outros. Muito pelo contrrio, d subsdios para que o mdico, como

    bom detetive, elucide o caso(53).

    O maior trunfo da Iridologia est na preveno das doenas, uma vez que

    antes mesmo do indivduo apresentar sintomatologia, possvel ao iridologista

    detectar sinais de comprometimentos e utilizar meios para manter a

    homeostase do organismo, evitando que ele adoea. Deste modo, atua na

    manuteno da sade, bem como, na preveno da doena, que de extrema

    importncia tanto para o indivduo, como para a sociedade(53-58).

    Fundamentando a iridologia, temos que a delicada membrana da ris est

    em conexo nervosa direta e indiretamente, com cada uma das partes do nosso

    corpo. A ris est em constante atividade e no permanece indiferente a

    nenhuma reao nervosa do organismo(54). Ela uma extenso do crebro e

    est fartamente dotada de terminais nervosos, minsculos capilares sanguneos

    e outros tipos de tecidos especializados. Conectada com todos os rgos e

    tecidos, via tlamo ptico e sistema nervoso, a ris torna-se uma espcie de

    tela de televiso em miniatura e revela a condio das reas mais remotas do

    organismo por meio das mudanas do refluxo neurolgico no estroma e em

    suas fibras(58).

  • 54

    Os princpios que norteiam a Iridologia passam pelo estudo da

    homeostasia, atravs da autorregulao, adaptao e compensao; fenmeno

    da alergia (hiper e hipoalergia) e Lei de Hering, que refere que a cura deve

    ocorrer de cima para baixo, de dentro para fora e na ordem inversa ao

    aparecimento dos sintomas. H tambm a lei de Arndt-schultz, que afirma que

    se um rgo submetido a um estmulo forte, ele ter uma reao fraca no

    futuro e se este mesmo rgo for submetido a um estmulo fraco, ter uma

    reao forte no futuro(53).

    3.2.1 Principais escolas da Iridologia

    Existem diferentes mtodos de estudo da ris e os mais utilizados no

    Brasil so o Mtodo Jensen (escola americana), Mtodo Deck (escola alem) e

    o Mtodo Ray Id (escola americana). Alm destas, temos abordagens como a

    Ditese de Menetrier (escola francesa) e o Cronorischio e Iridologia

    Multidimensional da escola italiana.

    O mtodo Jensen foi elaborado pelo nutricionista americano Bernard

    Jensen. Os pilares do estudo desta escola so os conceitos de constituio

    geral, constituio parcial e os estgios evolutivos da leso. A constituio geral

    dada pela densidade das fibras da ris e est relacionada com a resistncia, a

    capacidade de defesa e a recuperao do organismo. A densidade atribuda

    para a ris vai de 1 a 5, sendo 1 a mais alta e 5 a mais baixa, de forma que

    indivduos com ris de constituio 1 apresentam maior capacidade de reagir

    frente a estmulos diversos, compensar e se recuperar(53). A constituio parcial

  • 55

    representada pelos rgos de choque, aqueles que nasceram mais fracos e

    que, por serem rgos de menor resistncia, sero os primeiros atingidos frente

    a estmulos nocivos. Podem-se detectar os rgos de choque com auxlio do

    mapa condensado, que mostra a relao topogrfica do rgo na ris (Figura

    1)(53).

    Figura 1. Mapa Condensado da Iridologia. Battello CF(53)

    O rgo de choque aparece com lacunas ou manchas e ao detect-lo

    deve-se recorrer a exames especficos para eliminar a possibilidade de

    patologias, alm de repor vitaminas e sais minerais que favoream o folheto

    embrionrio que deu origem ao rgo em questo. Esta reposio pode ser

    feita atravs de alimentos, oligoelementos ou fitoterpicos(53). Os estgios de

    evoluo das leses podem ser agudas, subagudas, crnicas ou degenerativas

    e so diferenciados pela cor e profundidade da lacuna(53,58). Alm destes

  • 56

    pilares, a escola Jensen atribui significado a vrios outros sinais da ris, como o

    rosrio linftico, os anis de tenso, os radis solaris , os anis de sdio e

    colesterol, entre outros(53-56,58).

    Os estgios evolutivos nos mostram o grau de profundidade e

    comprometimento do rgo de choque. Eles vo desde um estgio mais

    superficial e ameno, at uma etapa mais profunda em que se detecta uma

    menor capacidade de reao de cura. Quanto mais profunda a leso, mais

    camadas do estroma foram atingidas. Cada estgio tem uma profundidade e

    colorao diferente(59).

    A leso aguda de cor branca e mostra um aumento do metabolismo do

    rgo representado neste local da ris, com maior consumo de nutrientes e

    energias na tentativa de solucionar o dano. E se isso no for amenizado, a

    leso aprofundar mais chegando ao prximo estgio evolutivo. O sinal

    subagudo, com colorao branca acinzentada, demonstra a diminuio da

    absoro e reteno de nutrientes, m perfuso sangunea, com consequente

    diminuio da capacidade de cura. Nas leses crnicas, alm da diminuio de

    absoro e reteno de nutrientes, ocorre dificuldade de eliminao das toxinas

    oriundas do catabolismo, com alteraes vasculares e nervosas. Aqui a

    colorao j cinza. Por fim, no estgio degenerativo, de cor preta, a

    capacidade de reao do organismo j se esgotou, ocasionando dano

    irreversvel(59).

  • 57

    O bom iridologista deve detectar o rgo de choque, bem como o seu

    estgio evolutivo, e lanar mo de mtodos que evitem o aprofundamento da

    leso.

    Existem diferentes posies em relao formao dos sinais

    iridolgicos. Alguns autores afirmam que os indivduos tm estes sinais

    formados j aos 6 anos de idade e outros consideram a hiptese deles irem se

    formando ao longo da vida. Os iridologistas americanos consideram a maioria

    das lacunas inerentes. Mas ao mesmo tempo, admitem que h lacunas que

    podem ser adquiridas por hbitos de vida. Algumas crianas nascem com

    lacunas, outras nascem com meras sombras que vo se abrindo se o meio

    ambiente e a alimentao no forem saudveis(58).

    A escola alem baseia-se na cor da ris e em certos sinais estruturais e

    de deposio para estudar a biotipologia do indivduo e suas diferenas nas

    funes orgnicas e psquicas, para assim estabelecer o tratamento mais

    adequado, uma vez que d a conhecer predisposies bsicas e padres de

    reaes(53,56,58). Os indivduos linfticos tm ris azul, verde ou cinza e

    apresentam metabolismo lento voltado para assimilao e crescimento. O

    sistema mais sobrecarregado o linftico. Indivduos de ris marrom so

    chamados de hematognicos ou sanguneos e os seus processos

    fisiopatolgicos geralmente so agudos, caminhando para a inflamao e suas

    fragilidades costumam estar ligada ao cardiovascular. A mistura dos dois

    grupos anteriores resulta no tipo misto biliar ou hepatobiliar que apresenta

    dificuldade em eliminar toxinas e os rgos sobrecarregveis so o fgado, a

  • 58

    vescula biliar e o sistema urinrio. Para cada biotipologia existem tratamentos e

    orientaes mais adequadas(53,56). Cada uma destas constituies primrias

    est subdividida em subtipos para incluir variaes comumente observadas no

    comportamento. Os processos patolgicos no so limitados a um nico tipo de

    constituio mas, estatisticamente, ocorrem mais em uma constituio do que

    em outra(58).

    O mtodo Ray Id foi desenvolvido pelo norte-americano Denny Johnson

    e estuda as reas mentais e psquicas do indivduo(53,56-57). Existem trs

    padres bsicos de ris: flor, joia e corrente, alm de um quarto tipo que resulta

    da combinao flor - joia, o ponta de lana. H necessidade de se compreender

    os padres para saber onde o indivduo est desperdiando energia e o que

    precisa aprender para viver melhor. As pessoas do tipo Flor costumam ser

    emotivas, deixando-se guiar pelos sentimentos. Gostam de msica e artes e

    normalmente so bem criativas. Aprendem melhor pela audio e a lio que

    precisam aprender focar mais e ter persistncia. Sugere-se que pessoas

    como padro joia sejam analticas, reflexivas, observadoras, com facilidade

    para aprender e comunicar-se, tendo o dom da palavra. A aprendizagem d-se

    pelo visual e precisam aprender a relaxar, a se soltar. O tipo corrente costuma

    ser sensitivo e intuitivo, intermedirio entre a flor e a jia. Os indivduos deste

    tipo no so nem to emotivos e volveis quanto primeira, nem to rgidos

    quanto o segundo e aprendem melhor pela experincia e tem como lio de

    vida o movimento. Sobre pessoas do padro ponta de lana, afirma-se tratar de

    indivduos pioneiros e inovadores que gostam de desafios e esto sempre

  • 59

    envolvidos em muitas coisas ao mesmo tempo. Aprendem melhor pela intuio

    e pelo toque e precisam aprender a se aquietar e saber parar(53,56-57).

    3.2.2 Pesquisas em Iridologia

    Apenas 25 artigos especficos sobre Iridologia - com resumo em Ingls,

    Francs, Espanhol ou Portugus - foram encontrados nas bases de dados da

    literatura cientfica. A insignificncia do nmero demonstra que pouco se

    conhece sobre o assunto. Do total, havia 1 reviso sistemtica, 12 pesquisas e

    12 se dividiam em editoriais, atualizaes ou histricos. 10 artigos se

    posicionaram contra o mtodo, 15 atestaram a favor. Os pases que

    contriburam com publicaes foram Brasil, Rssia, Inglaterra, Frana, Estados

    Unidos, Coreia do Sul, Dinamarca, Alemanha, Sua, Austrlia, Nova Zelndia,

    Ucrnia, China e Romnia(60).

    A reviso da literatura sobre Iridologia, baseada em apenas quatro

    artigos(61), desencoraja o uso deste mtodo. Outros artigos tambm se referem

    a ele de forma negativa, sendo trs atualizaes(62-64) e seis pesquisas

    mostrando que no eficaz para diagnosticar determinadas patologias, como

    cncer, traumas ortopdicos, doenas renais, problemas vesiculares e

    outros(65-70). Contudo, como vimos anteriormente, a Iridologia no se prope a

    fazer diagnsticos, e sim pr-diagnoses, revelando apenas os rgos

    debilitados que merecem ateno para no adoecer.

    Dentre os quinze artigos a favor, somente seis(71-76) so pesquisas; alguns

    com metodologia questionvel. Os outros so atualizaes (77-85).

  • 60

    Um destes estudos coreano e investigou a relao da constituio da ris

    e o marcador gentico para hipertenso arterial - o gene polimorfo

    Apolipoprotena E (apo E) - em indivduos com e sem a doena(75). Foi

    encontrada uma porcentagem significantemente maior de hipertensos na

    constituio neurognica da ris, dado que condiz com as observaes de

    iridologistas brasileiros(53,58). Esta constituio aumentou o risco relativo de

    hipertenso em indivduos com o alelo apo 2 e 4(75).

    Em um ensaio clnico controlado com 100 adolescentes (50 com distrbios

    de audio e 50 audio normal) foi testada a eficcia da anlise da ris para

    identificao do problema de audio. Um iridologista, que no tinha

    conhecimento dos diagnsticos dos participantes, foi convidado para analisar

    suas ris. Uma identificao correta de 70% do estado de audio foi obtida por

    meio de anlise iridolgica e houve uma relao estatisticamente significativa

    da anlise da ris com o status da audincia real (p

  • 61

    anis de contrao (que os iridologistas chamam de anis de tenso) foram

    encontrados em pessoas com impulsividade e neuroticismo e estes resultados

    so similares aos j encontrados em pesquisas de iridologia, que relatam a

    relao deles com comportamentos de ansiedade, irritabilidade e impulsividade(

    87,88-90).

    Como exposto anteriormente, muito ainda deve ser pesquisado. Tal

    possibilidade no deve ser descartada por preconceito ou por diferir do que

    temos como verdade, pois a ris parece ainda reservar muitas surpresas.

    Pesquisa realizada no departamento de Engenharia Mecnica da

    Universidade de Santa Catarina demonstrou que a cor da ris sofre alteraes

    em funo de variaes no nvel de glicose na corrente sangunea, levando

    concluso de que a medio da glicemia atravs da ris pode ser possvel(91).

    Outra pesquisa de gentica e iridologia a de Dopke(92), que relacionou

    Gentica e os padres psquicos do mtodo Rayid, uma das escolas da

    iridologia. Foi estabelecida relao com o gentipo dos biotipos Corrente, Joia,

    Ponta de lana e Flor, mostrando que os padres psquicos so transmitidos

    atravs de uma herana autossmica monognica com relao de dominncia

    (polialelia).

    Estes primeiros estudos na rea de gentica e rs, realizados por

    iridologistas e alopatas, mostram que h muito por pesquisar e corroboram com

    o pressuposto que os sinais da ris podem se comportar como marcadores

    genticos.

  • 62

    3.2.3 Iridologia e Diabetes Mellitus

    Vrias escolas dentro da iridologia estudam sinais que indicam

    predisposio para Diabetes mellitus.

    Na Escola americana de Jensen, tem-se que os rgos de choque so

    os enfraquecidos do organismo. Eles so identificados por sinais que

    demonstram diminuio da densidade do tecido (como aberturas de fibras e

    lacunas) e acmulo de pigmentos, indicando debilidade do rgo(53).

    No mapa condensado da iridologia, esquematizado por Batello (ANEXO

    5)(53), o pncreas est localizado na ris direita s 7 horas (comparando-se a ris

    a um relgio). No mapa europeu, esquematizado por Ferrandiz(58), o pncreas

    localiza-se na ris direita entre 7 e 7:30 horas e na esquerda entre 4 e 4:30

    horas.

    Outros autores sugerem que, podem ser sinalizados s 4 horas (20) e 8

    horas (40) de ambas as ris e que em caso de distrbios extensivos da glndula

    inteira, os sinais podem aparecer, tambm, s 2 horas (10) e 10 horas (50)(58).

    O que corresponde, como veremos mais para frente, Cruz de Andras.

    Lindemann (2005) refere que os pontos iridolgicos do pncreas, em

    qualquer caso, tm ntima ligao com o colarete (regio aps a pupila). A ris

    direita indica distrbios da funo excrina e a ris esquerda mostra distrbios

    da funo endcrina(93) (Fig. 2).

  • 63

    Figura 2. Representao do pncreas na ris. Lindemann (2005)(82)

    Os sinais iridolgicos da alterao funcional do pncreas e do DM

    encontram-se, principalmente, na ris E a 40 e 20 (pncreas endcrino),

    representando o corpo e a cauda pancretica, respectivamente(93).

    Ao identificar um rgo de choque podemos afirmar apenas que o rgo

    tem maior debilidade e predisposio em adoecer. No possvel determinar

    qual ser a doena que o indivduo tem, teve ou ter. Assim, no caso deste

    sinal ser o pncreas, no se pode assegurar se a doena que poder se

    desenvolver ser pancreatite, tumor ou diabetes. Porm, conforme Robins(94),

    de todas as doenas do pncreas, o Diabetes Mellitus a que tem a maior

    frequncia, morbidade e mortalidade.

    Outro sinal que indica predisposio para Diabetes Mellitus, a Cruz de

    Andras, primeiramente descrita por Josef Karl(93).

  • 64

    A Escola Alem refere que o sinal da Cruz de Andras ou Cruz de Santo

    Andr (Fig. 3) indica especificamente predisposio para Diabetes Mellitus(93,95).

    Enquanto o rgo de choque mostra apenas a fragilidade e a probabilidade de

    determinado rgo adoecer (e nesse caso DM uma das possibilidades), o

    sinal de Cruz de Andras aponta unicamente para a predisposio de DM.

    Segundo Batello(95), a presena da Cruz de Andras indica disfuno

    endcrina e excrina no pncreas. Os pacientes que apresentam estes sinais

    costumam alimentar-se incorretamente e dificilmente aceitam uma mudana

    alimentar.

    A Cruz de Andras (ANEXO 6) pode ser visualizada em ambas as ris em

    forma de 4 lacunas (aberturas das fibras) dispostas as 10, 20, 40 e 50 minutos,

    comparando-se a ris com o relgio. Estas lacunas tambm significam tecidos

    menos densos e dbeis, predispostos a adoecer(53, 58,93, 95).

    Figura 3. Cruz de Andras. Batello CF(95).

  • 65

    Kramera afirma que sinais de abertura de fibras no crculo 3 da

    disposio concntrica da ris (ANEXO 7), indicam predisposio a

    desequilbrios hormonaisb.

    Ainda segundo a escola alem, encontramos maiores predisposies aos

    problemas pancreticos na constituio misto biliar devido predisposio

    especial a problemas hepticos e biliares, alm da funo pancretica fraca;

    nos hematognicos com ansiedade tetnica por predisposio a erros no

    metabolismo de glicose sangunea; nos indivduos com variante pluriglandular

    ou hormonal nas diferentes cores de ris, por fragilidade do sistema hormonal,

    sobretudo tiride, adrenais, pituitrias e pncreasc.

    A principal caracterstica da constituio ansiedade tetnica so os anis

    de tenso, o que corrobora com os resultados apontados na pesquisa sobre a

    sintomatologia e diagnsticos mais frequentes dos indivduos com estes sinais,

    que indica ser o diabetes um dos diagnsticos mais frequentes na faixa etria

    de 61-80 anos de pacientes portadores dos anis de tenso(88).

    Pigmentos laranja na ris esto relacionados a distrbios funcionais

    pancreticos e eventual diabetes, entre outros distrbios hormonais, ainda

    conforme a escola Alem de Iridologia(89).

    Os estudos da esclera e da pupila corroboram com as investigaes da

    ris. Eles tambm podem fornecer dados sobre uma possvel leso pancretica b Palestra Klaus Kramer. VI Jornada de Iridologia. Valinhos/2003. c Alcntara IA, Beringhs L. Apostila do Curso Bsico de Iridologia: Iridologia Alem.

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    atravs de vasos na esclera e formato irregular da orla pupilar na rea

    correspondente ao pncreas na ris(53).

    Battello ressalta, que as mltiplas interseces topogrficas do pncreas

    dificultam a identificao dos sinais pancreticos, sendo ento, necessria

    criteriosa investigao(89).

    Os estudos encontrados sobre Iridologia e Diabetes mellitus reforam as

    observaes dos iridologistas.

    Ruas(96), em seu estudo Diabetes mellitus e Cruz de Andras conclui

    que este sinal est presente em 76% dos portadores da doena, em ambos os

    sexos, principalmente na faixa etria entre 61 a 70 anos.

    Squizani(87) observou 75% de correspondncia entre os sinais iridolgicos

    sugestivos da predisposio de DM e os exames laboratoriais que auxiliam no

    diagnstico da doena. Esta pesquisa quantitativa e horizontal foi realizada no

    Municpio de Entre-Ijus (RS), em um posto de sade onde o mdico

    responsvel membro da Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD). Tanto o

    pesquisador quanto o mdico no conheciam os pacientes. Os indivduos

    estudados passaram pelo pesquisador, que aps fotografar e analisar suas ris,

    encaminhou as pessoas com sinais sugestivos de DM para o