Tribuna Portuguesa, Outubro 1, 2010

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QUINZENÁRIO INDEPENDENTE AO SERVIÇO DAS COMUNIDADES DE LÍNGUA PORTUGUESA 1 a Quinzena de Outubro de 2010 Ano XXXI - No. 1095 Modesto, California $1.50 / $40.00 Anual O Institute of Christ the King Sovereign Priest, de- cidiu cancelar a Missa em Latim que se vinha rea- lizando na Igreja Nacional das Cinco Chagas, afir - mando "... some difficulties force us unfortunately to discontinue this service". Perdem-se assim 20% de paroquianos e ainda cerca de $26 mil dólares anuais de colectas. Tudo indica que a comunidade portuguesa ao exigir à Dioce- se de San José esta mudança, terá alternativas para melhor suportar a Igreja no futuro. Pág. 30 A 4 de Outubro de 1910 começaram a ouvir-se em Lisboa tiros de canhão. Tratava-se de dois cruza- dores que bombardeavam o Rossio e o Palácio das Necessidades, onde se encontrava D. Manuel I. Estava na rua a revolução que iria derrubar a rea- leza.Nessa manhã um grupo de membros da Car- bonária havia-se dirigido ao quartel de Infantaria 16, onde um cabo, também implicado na conjura, lhes abriu o portão. Aliciaram-se alguns oficiais e a maioria dos soldados mas quando o comandante tentou reagir foi abatido a tiro. Pág. 9 Carlos Avalon o pianista Carlos Avalon vai actuar no dia 6 de Novembro de 2010 pelas 7:00 no Cas- tlewood Country Club em Pleasanton. Na página 16 poderão ler uma entrevista com este nosso artista, que desde mui- to novo começou uma longa carreira de sucesso. Quem não se lembra do Conjunto "Azo- res 68", e das suas actuações a solo no Reno, Las Vegas e Atlantic City? Esta é mais uma oportunidade de pode- rem ver um dos grandes artistas da nos- sa comunidade. Não falte ao espectáculo. Cinco Chagas perde Missa e $26 mil dólares República 100 anos Realizou-se a 24 de Setembro a Noite das Vindimas do Programa de Português da San José State University. Esta angariação de fundos que esgotou a sala das barricas da adega luso-americana, Léal Estate Vineyards em Hollister, California, rendeu mais de $17,000, que beneficiará aquele programa de estudo. Com mais de 37 anos de existência, o programa deu recentemente as boas vindas à nova profes- sora, Deolinda Adão. A Tribuna Portuguesa, que se associou ao evento, felicita o Conselho Consultivo do Programa de Português pelo sucesso alcançado. Reportagem nas páginas 30 e 31. 1 st Annual San Jose State University Portuguese Studies A Educação Ganhou em Hollister Fundraiser: $17 mil dólares www.portuguesetribune.com www.tribunaportuguesa.com [email protected]

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Tribuna Portuguesa, Outubro 1, 2010

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QUINZENÁRIO INDEPENDENTE AO SERVIÇO DAS COMUNIDADES DE LÍNGUA PORTUGUESA

1a Quinzena de Outubro de 2010Ano XXXI - No. 1095 Modesto, California$1.50 / $40.00 Anual

O Institute of Christ the King Sovereign Priest, de-cidiu cancelar a Missa em Latim que se vinha rea-lizando na Igreja Nacional das Cinco Chagas, afir-mando "... some difficulties force us unfortunately to discontinue this service". Perdem-se assim 20% de paroquianos e ainda cerca de $26 mil dólares anuais de colectas. Tudo indica que a comunidade portuguesa ao exigir à Dioce-se de San José esta mudança, terá alternativas para melhor suportar a Igreja no futuro. Pág. 30

A 4 de Outubro de 1910 começaram a ouvir-se em Lisboa tiros de canhão. Tratava-se de dois cruza-dores que bombardeavam o Rossio e o Palácio das Necessidades, onde se encontrava D. Manuel I. Estava na rua a revolução que iria derrubar a rea-leza.Nessa manhã um grupo de membros da Car-bonária havia-se dirigido ao quartel de Infantaria 16, onde um cabo, também implicado na conjura, lhes abriu o portão. Aliciaram-se alguns oficiais e a maioria dos soldados mas quando o comandante tentou reagir foi abatido a tiro. Pág. 9

CarlosAvalono pianista

Carlos Avalon vai actuar no dia 6 de Novembro de 2010 pelas 7:00 no Cas-tlewood Country Club em Pleasanton.Na página 16 poderão ler uma entrevista com este nosso artista, que desde mui-to novo começou uma longa carreira de sucesso.Quem não se lembra do Conjunto "Azo-res 68", e das suas actuações a solo no Reno, Las Vegas e Atlantic City?Esta é mais uma oportunidade de pode-rem ver um dos grandes artistas da nos-sa comunidade.Não falte ao espectáculo.

Cinco Chagasperde Missa e

$26 mil dólares

República100 anos

Realizou-se a 24 de Setembro a Noite das Vindimas do Programa de Português da San José State University. Esta angariação de fundos que esgotou a sala das barricas da adega luso-americana, Léal Estate Vineyards em Hollister, California, rendeu mais de $17,000, que beneficiará aquele programa de estudo. Com mais de 37 anos de existência, o programa deu recentemente as boas vindas à nova profes-sora, Deolinda Adão. A Tribuna Portuguesa, que se associou ao evento, felicita o Conselho Consultivo do Programa de Português pelo sucesso alcançado. Reportagem nas páginas 30 e 31.

1st Annual San Jose State University Portuguese Studies

A Educação Ganhou em Hollister

Fundraiser: $17 mil dólares

www.portuguesetribune.com www.tribunaportuguesa.com [email protected]

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2 1 de Outubro de 2010SEGUNDA PÁGINA

Year XXXI, Number 1095, Oct 1st, 2010

Poucos, mas bons exemplos...

EDITORIAL

Mesmo aqui ao lado se mostra um exemplo daquilo que se podia e deveria fazer "all over California". Não podem ser sempre os mesmos a fazerem sempre as mesmas coisas. Ainda há dias no Conselho Mundial das Casas dos Açores, realizada na Ilha Graciosa, alguém dizia que a juventude está totalmente alheada das Casas dos Açores espalhadas por esse mundo fora. Porquê? São tantas e variadas razões que poder-se-ia usar o texto para servir numa tese de mestrado. Pelo menos esta tese muita gente estaria interessada em lê-la.Há uns ténues sinais que as coisas possam mudar um pouco, aqui e acolá, mas para isso é preciso uma maior colaboração de muita gente jovem, que queira arcar com responsabilidades e algum trabalho e esquecer os velhotes do Restelo.

Na página 30 devem ler o comunicado da Diocese de San José acerca do cancelamento da Missa de Latim na Igreja das Cinco Chagas. Tirem as vossas conclusões. Já não bastava a crise económica em que vivemos, para também termos uma nova crise na nossa Igreja Nacional.Bem dizia o fundador desta Igreja, Monsenhor Henrique Ribeiro que "A Church for ALL Christians is a vestibule to Heaven". Será que muita gente já o leu? jose avila

A Associação Estudantil SOPAS — Society of Portuguese-American Students — das escolas secundárias de Tulare celebra uma semana dedi-cada à cultura açoriana. O evento será nas escolas secundárias de Tu-lare, para toda a população estudan-til e para a comunidade em geral. A semana cultural será de 2 a 8 de Ou-tubro e terá o seguinte programa:No sábado, 2 de Outubro, no Cy-press Park em Tulare haverá um pi-quenique do meio-dia às 4 da tarde, durante o qual focaremos alguns as-pectos da cultura popular açoriana. De segunda a sexta (4-8 de Outubro) haverá uma série de anúncios no bo-letim diário das escolas secundárias de Tulare com informações sobre os Açores e sobre açor-americanos que se têm distinguido nesta sociedade. Nas aulas de português estarão em destaque vários aspectos da cultura açoriana, incluindo a música, a gas-tronomia, as tradições e a história do arquipélago . Ao longo desta sema-na cultural, cada dia será dedicado a uma ilha diferente. Na terça-feira, 5 de Outubro haverá uma sessão de

poesia e música tradicional dos Aço-res na biblioteca da escola Tulare Union. Na quarta-feira, 6 de Outu-bro, haverá durante a hora do almo-ço dos alunos, uma série de activida-des culturais e a venda de comidas da culinária açoriana.Na sexta-feira, 8 de Outubro cele-

brar-se-á o X festival cultural aço-riano para a juventude, com uma amalgama de apresentações e acti-vidades lúdicas no salão português TDES em Tulare. Mais de 300 alu-nos das escolas secundárias de Tula-re participarão neste evento. O fes-tival realiza-se das 9 da manhã até às 3 da tarde e tem o patrocínio do Clube Cabrilho do Condado de Tu-lare, do TDES e de outras organiza-ções e entidades, como o programa do governo federal GATE.Este é o décimo ano consecutivo em

que se dedica uma semana à cultura açoriana nas escolas secundárias de Tulare. Este evento tem por objec-tivo celebrar a cultura açoriana e os contributos que os açor-americanos têm feito para esta cidade e este es-tado. Um dos objectivos da associa-ção SOPAS em colaboração comas

aulas de língua e cultura portugue-sas, para este ano escolar 2010-11, é aproximar cada vez mais a escola à comunidade, com eventos que sejam para os alunos e para a comunidade em geral. Esta aproximação, segun-do o corpo directivo da associação, passa por eventos culturais como este e por forjar alianças e protoco-los de trabalho entre esta associação e as nossas organizações portugue-sas.

Semana de Cultura Açoriana

em Tulare

Este evento tem por objectivo celebrar a cultura açoriana e os contributos que os açor-america-nos têm feito para esta Cidade e este Estado

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3COMUNIDADE

fotos de Diliana Pereira

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4 1 de Outubro de 2010COLABORAÇÃO

Era uma vez... uma garota gorda

Quando se conta uma história, geralmente inicia-se por “era uma vez...”, porém, hoje

começo dizendo que “esta é a vez...” da bela desta história!Desde cedo, Karla pouco se sen-tiu feliz e com o tempo desistiu de tudo e se escondeu atrás dos qui-los de gordura que se apossavam do seu corpo e se acumulavam, à medida que os anos passavam e sua ansiedade se tornava mórbi-da. Talvez a historia ficasse mais interessante se eu a fantasiasse com bruxas más e príncipes en-cantados, mas, ao contrário dos contos, a “princesa” em questão era bem comum, nascida num lar bem estruturado, um bebê espe-rado e amado ao extremo. Pode ser que o amor excessivo tenha desencadeado o processo da sua obesidade, uma vez que nada lhe era negado por ser filha única e porque para alguns pais e avós, criança sadia é criança “fofinha”. Até nos anúncios de TV e revis-tas não se vê crianças magras. Por trabalharem, seus pais deixa-vam-na aos cuidados de uma babá que se encarregava do preparo da sua alimentação e lhe servia re-frigerantes, massas, sanduíches e biscoitos, ao invés de uma co-mida saudável, contrariando as orientações do Pediatra. Os finais de semana se tornavam confli-tantes, porque sua mãe não con-seguia convencer a filha a comer legumes, verduras, frutas e sucos naturais, uma vez que a menina

se acostumara ao paladar das gu-loseimas. Cedo resolveram matriculá-la num “jardim de infância” para conviver com outras crianças e ter atividades físicas. A menina descobriu-se diferente ao receber apelidos pejorativos dos cole-guinhas e ao ouvir exclamações de espanto, na rua, sobre suas perninhas grossas. Os meninos atormentavam-na bem mais do que as meninas, com o que hoje se chama “bulling”.Karla criou seu mundo de faz de conta, não permitindo que dele alguém participasse, a não ser uma amiga com quem mantém amizade até hoje e que se tornou sua confidente. Naquele “escon-derijo” sentia-se bem. Não se relacionava com as crianças do prédio onde morava, pois nessa época, já aos cuidados da avó materna, primeiro, não tinha per-missão para sair e segundo, por ela mesma se sentir desconfor-tável. Assim foi que desistiu das festinhas próprias da sua idade e desenvolveu mania de perse-guição, pois em todos os lugares aonde ia, parecia-lhe ouvir risos e cochichos sobre ser gorda. No entanto, Karla tinha um so-nho: ser “prima ballarina” do Teatro Municipal e cantar em musicais. Seus pais viram nesse desejo nova oportunidade da fi-lha se interessar por uma dieta, se exercitar e emagrecer. E foi assim que Karla passou a estudar ballet aos seis anos. Ali, tam-

bém foi motivo de brincadeiras cruéis. Aos doze anos, ouviu de sua professora que, por ser gorda, jamais seria bailarina. Engoliu a decepção, desligou-se da escola de dança e se permitiu rios de lá-grimas pelos sonhos desfeitos.Foi um período complicado: apai-xonou-se por um garoto que era quem mais fazia chacotas com sua aparência. Nunca lhe falou sobre seus sentimentos. Desis-tiu do amor e de ter namorados, por todos os anos seguintes. Ain-da adolescente viu-se às voltas com uma disfunção hormonal da Tireóide e embora tenha ime-diatamente começado um trata-mento, o distúrbio só contribuiu para descontrolar bem mais o seu peso. Seus pais jamais desistiram de ajudá-la, porém, com o tempo, também engordaram e a luta con-tra a balança, agora, era de toda família. Karla tentou varias die-tas sem sucesso: emagrecia e en-gordava o dobro. Mudaram-se do Rio de Janeiro para uma cidade serrana e en-tre a solidão e a saudade, bateu a depressão e com ela a vontade de mais comer. Nesse mesmo ano começou a cursar Odontologia e numa de suas férias realizou ou-tro sonho que era o de trabalhar uma temporada na Disney.Por não emagrecer, passou a questionar-se sobre a hipótese de uma cirurgia para diminuir o estomago. Relutava porque, para-doxalmente, queria ser magra co-

mendo bem. O tempo voou e no penúltimo ano da sua faculdade, resolveu que no baile de formatu-ra estaria magra. Marcou a ope-ração. Aproveitou uma viagem de seus pais a Portugal, tratou dos exames, risco cirúrgico, teve reunião com cirurgião e aneste-sista e dez dias depois do retorno dos seus pais, aos 22 anos, com 1,71 de altura e pesando 130 qui-los, Karla foi operada. No pós operatório teve assistên-cia de sua mãe. Karla diz que não dá para fazer uma cirurgia aber-ta, desse porte, sem que uma pes-soa dedicada e paciente, esteja ao lado. Seis meses após, ela havia tirado do seu corpo 30 quilos. Um ano depois teve que remover a vesícula e hoje, passados dois anos, jogou fora um total de 57 quilos. Atualmente, estabilizado seu peso, inicia nova etapa: a de conseguir uma cirurgia plástica

para modelar suas pernas. Karla nos conta o final da sua his-tória:“Estou estagiando como profes-sora de Jazz. Voltei ao sapateado e ballet. Encenei duas peças de teatro e sonho com a Broadway, mesmo sabendo do quanto preci-so me preparar para chegar La!! Voltei às minhas aulas de canto. Parei de trabalhar como dentista, tenho que me decidir sobre isso. Não deveríamos fazer escolhas baseados só no presente. O que eu quero muito fazer, pode não dar mais tempo, porém, mesmo assim vou correr atrás dos meus palcos que é onde sempre quis e quero estar. Um recado para quem enfrenta os problemas que tive: ninguém poderá te ajudar se não tiveres sonhos para reali-zar!”

Sabor Tropical

Elen de [email protected]

O que começou com a ideia de comprar uma nova máquina de lavar louça, acabou por ser uma remodelação completa da

cozinha. O fogão não dizia com a máquina, o “trash compactor” não trabalhava, o chão era antigo, a tinta das paredes não ficava bem com o tijolo, etc., etc.. Vocês sabem como é. Aos poucos, lá fomos remodelando, pin-tando e pondo nos seus lugares as coisas que achávamos por bem guardar e as que necessitávamos. E chegou a vez do meu escritório. A secretária era antiga, muito pesada, com gavetas para mil e uma quin-quilharias. “O pai precisa uma coisa mais moderna”, diz o meu filho. O “staples” tinha um saldo e lá compramos uma secretária que agora não tem gavetas. Começo a pôr os meus livros em ordem e diz o Michael outra vez: “O pai para que quer essa enciclopédia Britânica?” Eu respondi: “Michael, os livros não se deitam fora”. Ele volta de novo ao barulho e diz: - “Ó pai, essa enciclopédia não é corrente, diz que os Açores têm 10 ilhas e a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas, USSR, já não existe. A Rodésia já não é Rodésia, Lourenço Marques é Maputo, Timor não é Português, etc., etc.. Não dei-xas de ter razão, mas, por enquanto, vou guardá-la, foi o que eu disse. Entretanto, tive que sair e chegaram os ho-

mens que vinham trazer o colchão novo e deveriam levar o velho. Deixaram o novo e recusaram-se a levar o velho porque estava molhado da chuva. Mas que coisa! Disse eu quando voltei. Se eu estivesse aqui não deixavam o novo sem levarem o velho pri-meiro e se não levassem o velho eu con-tinuaria a dormir no velho. Cá nada! Diz minha mulher. As molas já não prestam, já não têm a firmeza que tinha. Vai para o lixo e pronto.

Eu comecei a pensar no velho col-chão de casca de milho em que eu muitos anos dormi. Todos os dias minha mãe lá mexia a cas-

ca no colchão para ficar fofa. Uma vez por ano a casca era removida e deitada ao sol para talvez que os raios ultravioletas de-sinfectassem as mesmas e sei lá para que algum resto de DDT se evaporasse. As travesseiras eram cheias com o cabe-linho dos fetos silvestres ou com as penas das galinhas ou das pombas que guardá-vamos quando matávamos algumas. Anos depois, não sei a que cargas de água, meus pais arranjaram para a sua cama um col-chão de esporim. Vocês lembram-se des-ses colchões? A tecnologia continuou a avançar até que apareceram os célebres colchões Molofex. A marca ainda existe, mas ao Moloflex, acrescentaram euromola. Talvez soa me-lhor ao ouvido. Agora é tudo euro para aqui e euro para ali.

Não interessa se o raio do colchão da mi-nha cama vai ser de esporim, de ar, de água, moloflex ou de qualquer produto que ainda não foi inventado, nunca me trará o conforto ou os saborosos sonos de outrora e muito menos os meus sonhos de criança.

Ao Sabor do Vento

José [email protected]

Os meus sonhos de Criança

CONSULADO GERAL DE PORTUGALS. FRANCISCO - CALIFORNIA

COMUNICADO

COMUNICADO

O Consulado-Geral de Portugal em San Francisco apresenta os seus melhorescumprimentos e, por instruções do Gabinete de Sua Excelencia o Secretário de Estadodas Comunidades Portuguesas, tem a honra de comunicar que, de 23 de Agosto a 16 de Outubro de 2010, está a decorrer a inscrição na edição 2010 Lusa-Vox, concurso destinado à descoberta de novos talentos musicais portugueses e luso-descendentes residentes fora de Portugal.Informações sobre este Concurso estão disponíveis em www.lusavox.sapo.pt

Podem chamar para o Consulado-Geral de Portugal, de Segunda à Sexta-feira, das 9 da manhã às 4 da tarde pelo telefone (415) 346-3400 ou fax (415) 346-1440,

3298 Washington Street - San Francisco California 94115

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5COLABORAÇÃO

Tribuna da Saudade

Ferreira Moreno

A maçã tem presença marcada não só no cancioneiro, mas também no folclore e na mitologia. Embora sem base

histórica, encontrámo-la associada com o fruto proibido referido na Bíblia. A maçã é igualmente representada como símbolo da imortalidade e da fertilidade, servindo ainda como amuleto amoroso.As quadras, que se seguem, são aqui inten-cionalmente reproduzidas p’ra um casal rendez-vous dum par de namorados:

A maçã que tu me deste,Não a comi nem a dei;Ainda a tenho guardada,P’ra ver a tua lei.

A maçã que tu me deste,Apodreceu a metade;Ensinaste-me a mentir,Não sei falar verdade.

A maçã é venenosa,Se eu a comi vós ma destes;Se eu amei a mais alguém,A culpa vós a tivestes.

Minha maçã vermelhinhaPicada do rouxinol,Quem te picou que te coma,Que te tirou o melhor.

Minha maçã vermelhinhaQue ao pé da fonte deixei,Não se me dá que outros logremAmores que eu enjeitei.

Minha maçã vermelhinha,Não te tornes amarela,Que a palavra qu’eu te dei,Não hei-de faltar a ela.

Sai-te do sol, não te quei-mes.Minha maçã camoesa,Não venha um vento do norte,Que te leve a boniteza.

Tenho uma maçã cheirosaAo canto do meu baú,P’ra dar ao meu amor,Oxalá que sejas tu.

Evidentemente que quando se fala da maçã, devemos incluir a macieira:

A maçã na macieiraÉ c’ma mãe c’o’a filha,Que não é senhora delaSenão ementes a cria.

A maçã da macieiraNão quer ser apedrejada;É c’má moça donzelaQue espera ver-se casada.

A maçã da macieira,Cai sempre a mais madura;É c’má moça solteira,Sempre cai a mais segura.

A maçã na macieira,

A Fruta no Cancioneiro (3)

Se lá está não apodrece;Deixa estar a maçãzinha,Logo vem quem na merece.

Olha como está coradaA maçã na macieira;Olha como faz diferençaA casada da solteira.

Quem quiser comer maçãs,Vá ao pé da macieira;Vá comendo, vá gostando,Vá metendo n’algibeira.

Através dos séculos a pêra desen-volveu-se em muitíssimas varieda-des. Tradicionalmente, divide-se nessas variedades destinadas p’rà comida fresca e p’ra usos culinários, bem como p’rà conserva e fruta seca.A seguir, um airoso desfile de quadras amorosas romantizando a pêra:

Minha pêra joanica,Comida dos canarinhos,A quem tu deste os abraços,Dá-lhe também os beijinhos.

Ó minha perinha doce,Comida dos tentilhões,A quem tu deste os abraços,Dá também os beliscões.

Chamaste-me pêra parda,Pêra parda quero ser;

Lá virá o mês d’Agosto,Em que me queiras comer.

Chamaste-me pêra parda,Não te quero desmentir;Nem que caia de madura,

P’ra ti não hei-de cair.

Entre pedras e pedrinhas,Nascem pêras carvalhais;Entre todos os amores,O meu é que brilha mais.

Toda a moça que é bonita.Que se preza de o ser,É c’má pêra madura,Todos la querem comer.

És uma pêra na doçura,És uma ginja na cor,Só tu és a criaturaOnde eu pus o meu amor.

Pêra, que estás na pereira,Amarela e tão madura,Tendes a boquinha doce,Dai-me dessa doçura.

Deste-me uma pêra verde,Na minha mão amadura;Não sei que amor é o teuQue tão pouco tempo dura.

Deste-me uma pêra verdeP’ra eu amadurar;Quem é verde, verde fica,Quiseste-me experimentar.

Já que me deste a pêra,Dá-me também a navalha;Tu bem sabes qu’eu não comoPêra sem ser aparada.

Dos teus braços um abraço,Da tua boca um beijinho,Da pêra, que estás comendo,Dá-me dela um bocadinho.

O pêssego é originário da China, onde já era cultivado séculos antes da Era Cristã, transitando p’ró Médio Oriente e depois p’rà Europa, to-mando o nome persica por se julgar, errone-

amente, oriundo da Pérsia. O pês-sego goza de grande estima em muitos países, e está particularmente associado com o folclore e mitologia, quer na China, quer no Japão, sendo até considera-do como a fruta da longevidade, e amuleto fa-vorito contra o demónio e espíritos malignos. Devido às suas proprie-dades medicinais, o pêssego é tam-bém empregado no combate contra as malfadadas ver-rugas.

O pessegueiro no adroDeita a flor na igreja;Quem tem o seu bem à vista,Tem tudo quanto deseja.

Eu espero, vou esperandoP’la vossa vinda, amor,Que nem pessegueiro novoCarregadinho de flor.

Bananeiras e morangueiros espe-lham-se nas seguintes quadras:

Eu sou c’má bananeiraP’lo ar sustenta a rama;Todos fazem o que querem,Só eu fico c’o’a fama.

Encostei-me à bananeira,Das folhas fiz um encosto;Tenho visto caras lindas,Só tu foste a do meu gosto.

Moranguinho, moranguinho,Morangal dos meus beijos;A tua boca é cestinho,Morangos são meus desejos.

O morango redondinho,Rola na folha amarela;Mal empregada meninaSer tão linda e tão varela.

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6 1 de Outubro de 2010COMUNIDADE

A Foto da QuinzenaPara os amantes do bom vinho

Visitem a Adega Leal em 300 Maranatha Drive, Hollister, CA 95023

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www.tribunaportuguesa.com

VENDE-SETerra de Semeadura e Arvoredo, com mais de 776,000 m2, locali-zado nas Travessas, Freguesia da Ribeira Seca, melhor conhecida pela “Ferreira da Marceneira”, “O Coração da Ribeira Seca”, Concelho da Calheta, Ilha de São Jorge, Açores. Tem uma frente junto ao Caminho, a estrada central da ilha. Tem uma excepcional vista para a ilha do pico. Os interessados devemchamar para (408) 258-1347

“Os cigarros são o único produto que eu conheço à face da Terra, que se forem utilizados como recomen-

dam seus produtores, matam 60 por cento dos seus consumido-res” Estas são as palavras de Dr. Richard Hurt. Aliás, se já viu um maço de tabaco em Portugal, com certeza que não lhe passou despercebido o aviso que se en-contra estampado na frente de cada maço com letras bem visí-veis: “Fumar Mata”. Mas nem estas duas palavras nem os avi-sos proferidos por parte dos pro-fissionais de saúde conseguem fazer com que 45 milhões (21% dos adultos) Americanos fuma-dores se deixem de “suicidar” aos poucos.Este artigo, como todos os outros que escrevo, é fruto de uma fonte de inspiração exterior, neste caso, três situações diferentes serviram de motivação.Há dias, estava no hospital à es-pera de ser atendido quando ouvi uma conversa entre uma enfer-meira e um paciente. Após várias perguntas, a enfermeira pergun-tou ao paciente se este fumava. O paciente respondeu “sim, um maço por dia”. A enfermeira pau-sou e disse “o senhor sabe que a sua doença seria mais recupe-rável se deixasse de fumar?” O paciente respondeu “sim eu sei, minha esposa e meus filhos já fi-zeram tudo para que eu deixasse

de fumar, mas eu perfiro morrer a fazer aquilo que gosto do que viver desconsolado”. A enfer-meira compreendeu ou fingiu que compreendeu pois faz parte do seu dever como profissional. Se ele tivesse dito que morria desconsolado se não comesse frequentemente torresmos, lin-guiça ou outras comidas pouco saudáveis eu até compreendia mais fácilmente, mas morrer des-consolado por não poder inalar fumo cheio de toxinas, alcatrão e outras substâncias cancerígenas? É difícil compreender atitudes como a deste paciente e de outros que adoecem e continuam a fu-mar como se nada fosse. Outro caso que me marcou foi o de uma jovem de 25 anos fuma-dora que estava grávida. Conheci esta jovem este ano na universi-dade num dia em que eu e colegas meus analisamos pacientes e para os quais fizemos recomendações nutricionais. Ao questionar esta jovem descobrimos que ela esta-va grávida 3 meses e esta confes-sou que, apesar de estar grávida, continuava a fumar! A minha pri-meira impressão foi pensar que a jovem não sabia dos riscos deste comportamento, mas a verdade é que ela sabia e até nos disse cheia de convicção que não iria deixar de fumar pois a sua mãe também não deixou de fumar quando es-tava grávida. Ao ouvir tais decla-rações pensei cá p̀ ra mim, que

Deus protega este bebé pois ele não tem culpa da ignorância da sua mãe. A atitude desta jovem é deplorável ainda p̀ ra mais por-que está em risco a vida de outro ser humano. Ao fumar durante a gravidez, a mãe aumenta o risco do bebé sofrer de pneumonia ou bronquite nos primeiros anos de vida e a probabilidade de morte súbita quadruplica. Ao fumar também está a aumentar o risco do bebé nascer com peso baixo e com maiores fragilidades assim como reduz as hipóteses de ama-mentar. Isto são apenas alguns factores entre outros perigos para filho e mãe relacionados com o consumo de tabaco durante a gravidez. Por fim, falo de um caso referente a uma amiga minha de 21 anos. Quando era mais nova, esta jo-vem era uma desportista de elite em artes marciais. Ao chegar ao terceiro ano de liceu transferiu-se para outra escola onde conheceu novo grupo de amigos, os quais incentivaram o consumo de ci-garros assim como um problemá-tico consumo de álcool. Ao lon-go dos anos, o seu consumo de tabaco tem variado dependendo muito de quem está em seu re-

dor. É um hábito que ela pratica socialmente mas nunca à frente dos pais embora estes conheçam o vício da filha. Ela também ad-quiriu o hábito de fumar Hookah (cachimbo de água) com os ami-gos, um novo hábito pouco sau-dável que se tem tornado popular ultimamente, embora a maioria dos seus consumidores não co-nheçam os perigos de tal prática. Um artigo publicado no Journal of Adolescente Health revela que uma só inalação de Hookah é equivalente a fumar 100 cigar-ros! Oxalá que este dado sirva de lição para aqueles que pensam que fumar Hookah é menos pe-rigoso que fumar cigarros espe-cialmente para os pais que são contra os cigarros mas aprovam Hookah. Esta jovem sabe que fu-mar não é saudável mas diz que

“feels good”. Como amigo, faço o que posso para mudar tal pen-samento ao explicar o mal que ela está a fazer a si própria e quan-do a vejo com o cigarro na boca digo sempre “tira esse cigarro da boca”. Até lhe confessei que tal comportamento lhe retira a bele-za, mas é muito complicado mu-dar tal comportamento quando a maioria das suas amigas também fumam.A história desta jovem é interes-sante porque é semelhante a tan-tas outras cada vez mais comuns hoje em dia. De acordo com a American Cancer Society, todos os dias, 3,500 jovens com me-nos de 18 anos experimentam o seu primeiro cigarro, 1,100 destes tornam-se fumadores regulares e um terço destes acabará por mor-rer de uma doença causada pelo consumo de cigarros. Os números não mentem e estes 3 casos que mencionei são apenas exemplos entre tantos outros. Fu-mar é um vício muito complicado de contrariar mas não impossível. Aqueles que não fumam podem ajudar um familiar ou um amigo. Podem começar a ajudar ao dizer : “tira esse cigarro da boca”.

Tira esse cigarro da bocaLufada de Ar Fresco

Paul [email protected]

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7COLABORAÇÃO

Rasgos d’Alma

Luciano [email protected]

Nada como uma oportuna des-locação às nossas mimosas ilhas de bruma para nos pôr a escrita em dia. Quer à partida,

quer à chegada, ou durante a estadia, o menos que faltam são argumentos válidos para compilar meia dúzia de parágrafos actualizados em saudades ainda bem fres-quinhas, acabadas de desembrulhar com o abrir das malas.O passeio é quase sempre agradável e ra-ramente nos desilude. Quanto à viagem, tudo depende.Da última, que recentemente lá efectuei, não tenho razão de queixa. Antes pelo contrário. Tanto o vôo de ida como o de volta foram explêndidos e encorajam-me a rabiscar estas notas sobre pessoas e factos que acho por bem realçar.Primeiro do que tudo, volto a reconhecê-lo porque não posso ignorá-las: estas pro-moções “charters” com que a Sata nos seduz no decurso de cada Verão a partir de Oakland são-me duma conveniência bestial. Moro a dez minutos do aeroporto, com o carro a trinta à hora. Mas a distân-cia não é tudo. O desempeço, em relação à barafunda verificada em San Francisco ou até mesmo em San José, não se compa-ra. Os preços tambem voltaram a ser mais convidativos. E o serviço de bordo, apesar de nem sempre contentar algumas almas mais desconsoladas, temos que admiti-lo: é de primeira água. Embora vinho tambem não falte lá por cima, servido sempre com sorrisos e amabilidade ao moderado gosto do freguês. É um serviço típico à portu-guesa, que nos cai sempre bem e nos faz sentir em casa, porque os delicados sons da nossa língua mãe, de facto, tem sempre

outro sabor. E soam ainda melhor quando somos bem atendidos.As partidas de Oakland, agora com o rigo-roso apalpar da bagagem, o descalçar de sapatos, cintos, relógios e demais metálica bujiganga ganham um contorno hilariante de comentários castiços que, às vezes, dão mesmo vontade de rir e até ajudam a des-contrair. Já na sala de espera, cedo à cunha de gente pontual que para ali vai à pressa com medo de perder o avião, o ambiente é de boa disposição, quase à laia de arraial provinciano, onde as gargalhadas não es-condem o nervosismo de quem se prepara para voar para longe. Gente ansiosa para se apanhar no outro lado do Atlântico.À boca do avião, sempre prestável, servi-çal e amigo da sua/nossa gente, lá está o carismático Bernie Ferreira a oferecer-nos o melhor que tem da sua irradiante simpa-tia – um autêntico mimo à partida, que nos sugere logo um pronto “Bem haja!” a este incansável filho da Serreta, a servir com brioso profissionalismo a nossa comunida-de viajante há já largos anos.Um bom arranque é sempre crucial. E, logo que o piloto não se discuide nem as condições atmosféricas se compliquem, a paragem em solo canadiano, cinco horas depois, para o indispensável reabasteci-mento, embora aborrecida, é sempre ben-vinda. Só com combustível em abundância nos tanques do aparelho, a gente se atreve a enganar o sono que nos ataca por algum tempo antes de nos aproximarmos das La-ges. Aí sim! A aterragem arranca mereci-dos aplausos duma multidão inquieta para pôr o pé em terra.

“Terra como aquela não há!”, dizem to-

dos na volta de casa, consolados com mais umas férias de estoiro. Férias genuínas, que nenhum outro lugar no mundo lhes pode verdadeiramente proporcionar.Aquando de regresso, suspiramos sempre por um vôo sereno, sem sobressaltos de maior, que se pode tornar ainda mais apra-zível se tivermos a sorte de desencantar à nossa volta uma boa conversa que tambem faça o tempo voar.

Surpresa agradável, sentada a meu lado, oriunda da Artesia mas com ascendência familiar nos Altares e na Ribeirinha da Terceira, a sim-

pática jovem Kayla Rodrigues, professora por profissão e bailarina por amor à arte, confirmou-me todo o respeito e admiração que sinto, e acho que todos devemos nutrir, pela actual geração lusa dos nossos filhos e netos que cá se integram com ganas de vencer na vida, para muito orgulho nosso.Por louvável iniciativa da Direção Regio-nal das Comunidades, deslocou-se a Kayla (única selecionada da California, dentre 120 aplicantes, para se juntar a vários ele-mentos representativos das demais comu-nidades, Canadá, Brasil, etc.) aos Açores para participar num seminário cultural so-

bre dança, com sessões diárias de trabalho coordenado por Álamo de Oliveira durante quase duas semanas, concluidas em gran-de apoteose num magnífico espectáculo, “Danças e Voltas com Sentido e Memória”, elaborado e coreografado pelos diversos participantes com actuações de casa cheia nos Teatros, Angrense, Faialense e Ribei-ragrandense. Três noites consecutivas, três ilhas diferentes – um programa de estoiro num fim de samana de sonho.Um êxito formidável! Uma experiência inesquecível! Assim confessa, emocio-nada, a talentosa bailarina, que mal teve tempo para rever os familiares mas regres-sou encantada com a oportunidade. E está pronta a voltar. Porque o amor as raízes, no dizer dela, agora é ainda mais forte.Um testemunho vibrante que nos faz pen-sar. Uma conversa enriquecedora que, penso eu, nos encurteceu o tempo de vôo. É que a Sata, normalmente atrasada, des-ta vez até chegou antes da hora marcada, merecendo, uma vez mais, a estrondosa salva de palmas que o capitão recebeu e nós tambem agradecemos.Estamos todos de parabens.

Férias de Estoiro

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8 1 de Outubro de 2010

Terminaram as férias quando deviam começar. Depois de muitas horas de viagem, desta vez

em assento priveligiado graças ao Amigo Bernie Ferreira, por esse motivo não tão cansativa, che-guei à Ilha de destino: Terceira. Tudo é lindo à chegada. O abraço é mais alegre, o céu da Ilha não está nublado, mas já quase faltam neste tempo as lindas hortências, a nossa flor de eleição. Há falta de flores da época que alegrem a pas-sagem do Imigrante ou do Turista simplesmente. Só vi esse cuidado em algumas janelas e varandas de Angra onde as petúnias brancas e rosa-velho emprestam um colorido festivo da natureza. Seria lindo se cada varanda tivesse as flores da época, aliviariam o nosso olhar do pesadelo dos carros hospedados em todas as ruas, de onde os altos e lindos prédios parecem querer emergir, além dos quiosques e pe-quenos restaurantes nos passeios, que se acomodam cada vez mais, alguns desabridos, já sem estética. Só nos fins-de-semana consegui-mos ver a Angra do Heroísmo - Patrimómio Mundial - no seu todo. Em termos de Turismo, é necessário estar-se atento, há que não cair no “deixa-lá” até ao ridículo. Tem que haver outra solução que a de subirmos e descermos as ruas de Angra de espartilho, tanto de carro como a pé.

A pé, é como gosto de andar para casualmente encontrar os que eventualmente já não via há muitos anos. Pela noi-te, na Rua de Lisboa encontrei essa figura esguia, de cabe-lo cinza e curto, que me saudou: Adeus, Filomena Rocha! - perdendo-se na noite. Fez-me lembrar a saudosa Maria Vitorina... Eu dei a boa noite mas não soube quem era e tive pena. Em pena sempre fica a minha alma quando deixo para tràs a Ilha, os amigos de antes e vivências de outrora. Que bom que ainda tive tempo de visitar um antigo colega de trabalho como foi João D'Ávila no Rádio

Clube de Angra, uma voz sui-géne-ris, um pioneiro da nossa Rádio nos Açores, que durante muitos anos Despertou os ouvintes com a sua voz alegre e bem disposta. Foi uma responsabilidade muito grande para mim ter ocupado o lugar do João. E com toda a humildade ainda hoje acredito que ninguém faz o lugar de ninguém. Ao visitá-lo este ano já no hospital, recebeu-me muito emocio-nado, com lágrimas nos olhos azuis que mal abriu. Estava lúcido, mas cansado. Eu estava contente por tê-lo visto e ao mesmo tempo muito triste. Não quero crer que estivesse apenas à espera da minha visita... João D'Ávila (foto) faleceu no dia em que parti da Terceira e eu ouvi a notícia uma hora de-

pois de chegar à California, através da RTP. O meu mais sentido pesar.

Gostei do que vi a caminho da Serreta, todo o dia e toda a noite, ao encontro de Nossa Senhora dos Milagres. Com muita ou pouca Fé, ou simplesmente

pelo prazer da caminhada, que esta por si só me pareceu um modo de estar-se próximo do sagra-do, do espiritual, do momento de interiorização, da promessa que não se conta porque poderá pa-recer sinal de fraqueza... Foi lindo de ver como os jovens de toda a ilha, ora em silêncio, ora conversando ou escutando música, se dirigem ao Santuário. E que nobre multidão foi na pro-cissão, desde residentes a imigrantes, com cinco filarmónicas tocando a preceito até o andor da imagem da Senhora dos Milagres recolher, e o povo cantando à Senhora da Azinheira. Ainda há gente com Fé.

Com esta Fé me fico de na próxima ver os que não vi.

COLABORAÇÃO

1600 Colorado AvenueTurlock, CA

"Ainda há gente com Fé"

Agua Viva

Filomena [email protected]

João Avila - um inesquecível Homem da Rádio

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9 COLABORAÇÃO

Cem Anos de República em Portugal

A 4 de Outubro de 1910 começaram a ouvir-se em Lisboa tiros de canhão. Tratava-se

de dois cruzadores que bombar-deavam o Rossio e o Palácio das Necessidades, onde se encontra-va D. Manuel I. Estava na rua a revolução que iria derrubar a re-aleza.Nessa manhã um grupo de mem-bros da Carbonária havia-se diri-gido ao quartel de Infantaria 16, onde um cabo, também implicado na conjura, lhes abriu o portão. Aliciaram-se alguns oficiais e a maioria dos soldados mas quan-do o comandante tentou reagir foi abatido a tiro.Os sublevados marcharam depois para Campolide onde Artilharia 1 se lhes juntou. Todos se enca-minharam então para a Rotunda, hoje Praça Marquês de Pombal, local da concentração de mari-nheiros, cadetes da Escola do Exército e grande número de ci-vis armados..Tropas favoráveis à monarquia, muito superiores em número aos revoltosos, haviam ocupado o Rossio mas era tíbia a sua lealda-de. Trocaram-se alguns tiros mas horas depois forças de Infantaria 5, da Polícia e da Guarda Muni-cipal juntaram-se também aos insurgentes..O fim da revolução foi marcado no Quartel do Carmo, sobran-ceiro ao Rossio, pelo arvorar da bandeira verde-rubra, que iria substituir a azul e branca. No dia seguinte, 5 de Outubro, a Repú-blica Portuguesa foi proclamada desde a varanda da Câmara Mu-nicipal de Lisboa.O entusiasmo dos lisboetas ex-plodiu. Nessa noite a cidade es-teve em festa. Havia luminárias em muitos edifícios da Baixa e as ruas enchiam-se de gente. Nos bairros populares tocava-se gui-tarra, cantava-se, dançava-se e davam-se vivas à República.Infelizmente, nesses dias e nos que se seguiram cometeram-se na cidade condenáveis excessos. Bandos de populares assaltaram instituições religiosas, residên-

cias de monárquicos e redacções de jornais partidários do antigo regime.Foi preso o Cardeal Patriarca de Lisboa. O mesmo aconteceu a grande número de religiosos. Na Cadeia do Limoeiro encontra-vam-se detidos 46 padres, assim como 82 no Forte de Caxias. 233 religiosas foram levadas para o Arsenal de Marinha.Pouco a pouco, todavia, a cidade foi recobrando a calma e assistiu a uma vasta campanha de libe-ralização das instituições. Os primeiros governos republica-nos notabilizaram-se pelos seus esforços para melhorar o nível de vida da população. No entan-to a instabilidade política não permite ao país um tranquilo progresso.Nem toda a política conduzida pela Primeira República teve contudo uma feição netamente democrátia. Em vários aspectos a abertura tentada pelo idealismo dos primeiros líderes implicou restrições. Uma delas teve que ver com a liberdade de expres-são.É certo que o novo sistema abriu as portas à proliferação de jornais republicanos e mesmo, em casos

esporádicos, monárquicos. Os sucessivos governos impuseram todavia, ou pelo menos tolera-ram, acções punitivas, tais como assaltos a instalações da impren-sa conservadora e a suspensões de vários jornais.O mais flagrante desvio a um espírito democrático foi a feroz opressão do culto católico que assinalou os primeiros tempos do

regime. Uma implacável vaga de anticlericalismo, quase imponde-rável num país homogeneamente católico, teve origem desde as primeiras horas da revolução.É apenas em 1917, quando sobe ao poder o governo autoritário de Sidónio Pais, que se pode ob-servar uma mais larga aceitação

da presença da Igreja na vida do País.

Até 1926 registou-se uma longa série de greves, motins, aten-tados bombistas e

revoluções. As rivalidades parti-dárias levavam a constantes mu-danças de ministério. Um deles durou apenas um mês, de 1 de Julho a 1 de Agosto de 1925.

Por outro lado a inter-venção de Portugal na Grande Guerra foi desas-trosa e milhares de vidas se perderam inutilmente tanto na Flandres como em África.É inegável que esta fase da História portuguesa revelou vigorosas facetas de preocupação pelo bem estar das classes popula-res, ainda que por vezes apressada e incompleta-mente postas em acção. Melhoraram-se todavia as condições de trabalho e a assistência médica, am-pliou-se e liberalizou-se o ensino a todos os níveis e concedeu-se à mulher um estatuto social mais digno.A 28 de Maio de 1926 o General Gomes da Costa revoltou-se em Braga e instituiu a Ditadura Mili-tar, que depois daria lugar

ao Estado Novo.

Criou-se desde então uma feroz polícia política, uma milícia pa-ramilitar que funcionou como guarda pretoriana, uma organiza-ção juvenil campo de cultura para futuros dirigentes, fez-se calar a voz da oposição e estabeleceu-se um Parlamento que o era só de fachada, todos elementos pouco compatíveis com um conceito de república, na sua pureza inicial. Sob a direcção de um chefe di-nâmico mas de apagada presença pública, 1940 foi sem embargo um ano de conseguimentos, A celebração de um Duplo Cente-nário inspirou um sentimento de orgulho nacional, manifestado por esplendorosos festivais, uma vasta inauguração de edifícios públicos e pela restauração de monumentos históricos.1961 marcou todavia o início do descalabro do chamado Império Colonial Português. Menos de um ano depois da sublevação de Luanda, a primeira parcela do Império, o Estado da Índia, era ocupada por poderosas forças in-dianas, a que havia sido impossí-vel resistir.A guerra colonial prenunciava-se perdida antes de se haver inicia-do. Por um lado o Governo, mes-mo perante advertências vindas do próprioo interior do regime e de constantes pressões interna-cionais, fechava os olhos à vaga de descolonização que alastrava pela África e pela Ásia. Por ou-tro, as altas estruturas militares responderam à estratégia de uma ofensiva de guerrilha com os métodos que havia aprendido na Escola do Exército vinte ou trinta anos atrás.A guerra incrementou sem dúvi-da a saúde económica e o estilo de vida de Angola e Moçambi-que. O seu custo - cerca de me-tade do orçamento anual - levou contudo a graves consequências na Metrópole. Milhares de portu-gueses tiveram de deixar o País nessa década e desertificaram-se extensas zonas rurais.Tal como sucedera a 28 de Maio de 1926 com a chamada Revolu-ção Nacional, a Revolução dos Cravos decorreu virtualmente sem se haver disparado um tiro em som de guerra.Cunho verdadeiramente repu-

blicano, pelo menos na sua fase inicial, tão pouco o novo sistema demonstrou. Não há que negar que muito impiedosamente demo-liu os mais restritivos aspectos do anterior regime mas, num clima de fragilidade administrativa e na ausência de um líder carismá-tico, instituiu um quase governo militar dentro do Governo, criou uma organização não muito dife-rente de uma polícia política mi-litar, restringiu a liberdade de im-prensa, afogou dissidências mais radicais e tolerou sevícias contra presos por razões ideológicas.O fracasso da revolta de 25 de Novembro de 1975, prefaciou uma normalização da vida po-lítica e levou eventualmente ao esquema democrático pretendido pelo Movimento dos Capitães.Com 1976 começa a amainar a onda de nacionalizaçào de quase todo o complexo económico do País. Concede-se autonomia aos Açores e à Madeira e eleições presidenciais, legislativas e autár-quicas decorrem com transparên-cia e considerável participação de votantes. Com Mário Soares vol-ta a Belém o primeiro Presidente civil desde 1926.Foi sobretudo após a adesão à Comunidade Europeia que se estabilizou uma democracia fun-cional que, apesar de muitas defi-ciências, concretizou um pacífico regime parlamentar e estabeleceu amistosas relações com quase todos os países do mundo.Lamentavelmente o centenário da República Portuguesa não pode ser celebrado em glória.A primeira década do milénio culminou em Portugal com uma situação que, agravada por uma devastadora crise económica mundial, reflecte um panorama de frequentes inépcias e corrupção administativas, uma preocupante deterioração da ordem pública, um incremento da emigração sazonal e o doloroso contraste da incapacidade de contenção de magnânimas despesas governa-mentais com o triste cenário de falências de empresas e o conse-quente desemprego de cerca de 700 000 trabalhadores.

Minha Língua Minha Pátria

Eduardo Mayone [email protected]

O mais flagrante desvio a um espírito democrático foi a feroz opressão do culto católico que assinalou os primeiros tempos do regime. Uma implacável vaga de anticlericalismo, quase imponderável num país homogeneamente católico, teve origem desde as primeiras horas da revolução.É apenas em 1917, quando sobe ao poder o governo autoritário de Sidónio Pais, que se pode observar uma mais larga aceitação da presença da Igreja na vida do País.

José Relvas proclama a República

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10 1 de Outubro de 2010COLABORAÇÃO

Reflexos do Dia–a–Dia

Diniz [email protected]

Memorandum

João-Luís de [email protected]

Fervor republicano e tradição monárquica

A campanha política para as eleições legis-lativas nos EUA está activada. Por todo o

país, durante as próximas cinco semanas, seremos bombardeados com anúncios sobre este ou aque-le candidato, esta ou aquela causa. A luta pelo controlo do Congres-so é verídica. Os analistas mais proeminentes, que em Julho e Agosto davam como certa a der-rota dos Democratas, estão dubi-tativos, e falam na possibilidade dos Republicanos aumentarem a sua presença na Câmara e no Se-nado, mas sem maioria. Porém, não deixa de ser interessante, e até mesmo importante, saber-se como será a Câmara dos Repre-sentantes, se os Republicanos obtiverem a maioria dos lugares. Será uma Câmara e uma Améri-ca bastante diferentes. Será esta a América que se deseja?São múltiplos os relatórios e estu-dos sobre um Congresso hipote-ticamente republicano. De todos esses estudos, um dos mais exaus-tos e credíveis foi feito pelo gru-po progressista Think Progress. E vejamos alguns dos, também pressupostos, líderes de algumas das comissões do Congresso. É que são estes homens (quase que escrevi homens e mulheres, mas mulheres e minorias étnicas não abundam no Partido Republica-no), alguns com visões bastante radicais, que gerirão comissões e subcomissões, com grande influ-ência na vida dos cidadãos.Para a comissão de energia e co-mércio, irá o Congressista Joe Barton, Republicano do Texas. Primeiro, é importante saber-se que o dito legislador recebeu

mais de 3 milhões de dólares de ofertas para as suas sucessivas campanhas de companhias liga-das à industria do gás. Durante a recente crise do derramamento de petróleo no Golfo do México, o inefável Congressista defendeu a companhia BP, ao ponto de pedir-lhes desculpa pelo governo estar a forçar-lhes no processo de limpeza. Não só, não acredita no aquecimento do planeta, como está convicto de que se há aque-cimento é benéfico para a huma-nidade. Para a comissão de vigilância governativa, irá o ultra-conser-vador Darrel Issa, Republicano da Califórnia. Segundo disse na Fox News tem toda a intenção de lançar uma investigação com o intuito de destituir o Presidente Obama. Se bem que ninguém saiba porquê? Disse ao jornal Washington Post que o poder de chamar entidades ao Congres-so para testemunharem deve ser utilizado nas entidades publicas, como os funcionários da Casa Branca, e não em entidades de companhias privadas, que estão a cima lei, claro. Outro Republicano da Califór-nia, Jerry Lewis (para aqueles de mais idade, como eu, não, não é o actor Jerry Lewis, antes fosse), dirigirá a comissão encarregada do dinheiro, a poderosa Appro-priations Committee. Este mem-bro da Câmara dos Represen-tantes recebeu mais de 800 mil dólares de grupos com interesses legislativos. É alvo de uma in-vestigação federal, que o acusa de ter beneficiado as companhias que apoiaram a sua candidatura. Foi nomeado pela organização

CREW como um dos congres-sistas mais corruptos. Esta co-missão parece estar condenada a ser gerida por corruptos, já o De-mocrata Charlie Rangel de Nova Iorque, que foi director da mesma teve que demitir-se por alegações de corrupção.Lamar Smith, outro Republicano do Texas, chefiará a comissão dos assuntos judiciários. Tem sido um dos apoiantes de um movi-mento retrógrado que deseja mo-dificar a décima-quarta emenda à constituição americana. Esta é a emenda que dá cidadania a quem nasça em território americano. Recentemente, e consistente com os seus princípios conservado-res, num artigo de opinião para a revista National Review Online, equacionou os emigrantes clan-destinos com os terroristas. Jim Sensenbrenner, Republicano do estado de Wisconsin será o dirigente da comissão de inde-pendência energética e mudanças climáticas. Este é mesmo um dos mais absurdos. É que vai chefiar uma comissão que não acredita deva existir, já que votou contra a formação da comissão da qual será o patrão, caso os republica-nos ganhem as eleições. Acusa os cientistas que acreditam no aquecimento do planeta (mais de 95% em todo o mundo) de "cien-tistas fascistas". Dirigiu, por duas vezes, delegações que recu-sam a teoria do aquecimento do planeta, em protestos realizados em Kyoto e Copenhagem.Também do Wisconsin vem Paul Ryan, que conduzirá comissão do orçamento. Quer privatizar o plano nacional de reformas, Social Security, assim como os

planos de saúde nacional para os reformados, desabilitados e de-ficientes, Medicare e Medicaid. Favorece reduções drásticas na carga fiscal. Apesar de se dizer um conservador em termos or-çamentais, segundo o Instituto não partidário Tax Policy Center o plano "Roadmap for America's Future" de que é autor, aumenta-ria o orçamento geral do estado até 2020 na ordem de 1,3 triliões de dólares. A hipocrisia também abunda para os lados de Wisconsin.Do estado de Utah, virá Bob Bishop para administrar a subco-missão de recursos naturais que tutela legislação relacionada com os parques nacionais, as florestas e os terrenos públicos. Foi um dos principais autores duma me-dida, que infelizmente passou na Câmara dos Representantes, per-mitindo que quem visite os par-ques nacionais possa transportar armamento oculto. Foi citado como tendo dito que as industrias das energias renováveis são fictí-cias.

Mais dois texanos, primeiro Louie Gohmert, que co-mandará a subco-

missão da segurança nacional e terrorismo. É um dos autores do termo "bebés âncora", segundo o qual, as imigrantes clandestinas vêm para os Estados Unidos para engravidarem e terem crianças, as quais regressarão aos seus pa-íses, para crescerem e fazerem-se homens e mulheres, os quais, 25 anos mais tarde, como cidadãos americanos, terão oportunidade de voltarem aos EUA para matar americanos. Ultimamente andou a promover um artigo de opinião

de Thomas Sowell, que compara-va as acções do Presidente Oba-ma na crise da petrolífera BP no Golfo do México, com o ditador alemão Adolfo Hitler. E o outro legislador do Texas é Ron Paul. Chefiará a subcomissão dos serviços financeiros e politica monetária. Imaginem, que este legislador favorece a abolição to-tal do banco central americano, o Federal Reserve Bank. Por último, temos Steve King, Republicano do estado de India-na, o qual será o responsável pela gerência da subcomissão de as-suntos de imigração, cidadania, refugiados, segurança fronteiri-ça e lei internacional. Este con-gressista, acredita que a emigra-ção clandestina é para os EUA um "Holocausto". Favorece a construção de uma parede gigan-te entre os EUA e o México, liga-da à corrente eléctrica. Quando lhe perguntaram se não achava isso abusivo, respondeu: "não vejo mal nenhum nisso, ao fim e ao cabo é o que fazemos com as manadas." Disse, num recente comício do grupo Tea Party (um grupo de ultra-conservadores hipócrita e desumaníssimo) que até podia favorecer a cidadania de alguns ilegais, desde que cada vez que tornássemos um ilegal cidadão pudéssemos expatriar um cidadão que se considerasse liberal e progressista. Como dizia meu pai, "graças a Deus que não sou Republicano". Mas se fosse, seja o diabo surdo, tinha medo destes "Novos Repu-blicanos".

Começo por agradecer a oportunidade de con-versar com amigos(*) sobre um dos aconte-

cimentos mais importantes deste século no panorama da história politica portuguesa – a implanta-ção do regime republicano. Tornou-se lugar-comum refe-rir que o regime republicano foi implantado em Portugal por via revolucionária; houve heróis que sobreviveram ao golpe sangrento que resultou em mais de trezen-tos feridos e setenta mortos (sem contar com os membros da fami-lia real assasinados cerca de 32 meses antes). Estamos aqui reunidos para re-cordar factos que são do domínio público, mas que nunca é demais lembrar, designadamente o perfil cívico e político daqueles ilhéus açorianos que abraçaram com indesmentível coragem as inde-clináveis responsabilidades que a situação requeria: Teófilo Bra-ga, Manuel de Arriaga, Mário de Azevedo Gomes – naturais, res-pectivamente, de Ponta Delgada, Horta, Angra do Heroísmo.Com base nas notas populares

da históriada época , Manuel de Arriaga (embora neto do gene-ral Sebastião Brum da Silveira, monárquico absolutista e aliado de D. Miguel) desde jovem ali-nhou na vertente demo-liberal paladina do ideal republicano. Em termos do formalismo cons-titucional, Arriaga foi o primeiro presidente da república, e Teófilo Braga o primeiro chefe do gover-no provisório. Sem perder o controle do colo-rido bairrista da nossa açoriani-dade, diria que a nossa terra foi berço de personalidades ímpares que marcaram a vida artística, política e até religiosa do uíltimo quartel do século XIX: Sena Frei-tas, Manuel de Arriaga, Antero de Quental, Teófilo Braga (todos nascidos entre 1840 e 1842).É sabido que Antero de Quental, apesar do seu apostolado em prol do humanismo socialista, sempre manifestou um prudente desdém pelo delírio republicano. Por ou-tro lado, se quizermos comparar (ideologicamente) Teófilo & Ar-riaga, haveria que admitir que o primeiro era mais radical do que o segundo. Exemplo: ao contrá-

rio de Teófilo, Manuel de Arria-ga nunca resvalou na calçada do anti-clericalismo jacobino... É sempre mais fácil revoltar o povo do que acalmá-lo. Nas últi-mas semanas de 1911, houve pa-lavrosa polémica àcerca da ban-deira nacional. Guerra Junqueiro (apesar do seu acrisolado republi-canismo) continuou a defender as cores da bandeira monárquica; e havia aqueles que gostariam que “Maria da Fonte” fosse escolhido para hino nacional...

Prezados e prezadas Ca-maradas; simpatizantes socialistas:Na compreensível pressa

de atender ao carácter moderado do nosso primeiro presidente da república, há por vezes a tendên-cia para secundarizar o mestre Teófilo Braga – poeta, sociólogo, politico, escritor e académico de confirmada reputação e autorida-de. Consta que aos quinze anos de idade, escreveu “Folhas Ver-des” – o seu primeiro livro, por ele próprio composto nas oficinas tipográficas do jornal “A Ilha”. Apesar de um ano mais jovem que o seu conterrâneo Antero de

Quental (e temperamentalmen-te muito diferente), é sabido que Teófilo cedo assentou praça nas tertúlias de Coimbra. Há notícias que apontam para a particulari-dade de que era um cavalheiro odiado por alguns e tolerado por muitos, todavia quase sempre admirado pelos adversarios: Teó-filo era a antítese da imbecilida-de feliz! Aos vinte e cinco anos defendeu tese, obtendo o grau de doutoramento em “História do Direito Português – os Forais”. Vamos deixar esta faceta da per-sonalidade teofiliana ao cuidado dos especialistas. Foi-nos ain-da dito que Teófilo Braga não conhecia a fadiga ou a vaidade. Curiosamente, quiz o destino que o nosso patrício fosse poupado a assistir ao fim da I República (morreu em 1924). Como sabe-mos, o inglorioso e (sal)azarento golpe de 28 de Maio de 1926, ao contrário da revolução de 1910, ficou conhecida como a “revolu-ção dos telegramas”, num altura em que a cobardia e o oportunis-mo desceram à rua mascarados de salvadores da pátria... Adiante. O que agora mais inte-

ressa (a nosso ver) é avivar a me-mória dos bravos pioneiros da de-mocracia republicana. Sobretudo, recapitular os ensinamentos que a história reflecte, ou seja evitar os excessos provocados pelo delírio totalitário venha ele donde vier... Repito, estou vivamente impres-sionado com a corajosa humil-dade da vossa presença, aqui, nesta sala, como se pode ver, tão mal tratada pela recente ousadia bombista de criminosos reaccio-nários. Felizmente, não viemos aqui para inventariar os actos do barbarismo mercenário. Estamos aqui a recordar factos antigos que nunca envelhecem, porque a República em liberdade é um ideal que não tem idade: renasce todas as manhãs na memória e no coração dos democratas...

Muito obrigado.

(*) excertos da comunicação diri-gida a militantes e simpatizantes do P.S./A, alusiva ao 65º. aniver-sário da implantação da Repúbli-ca em Portugal . Ponta Delgada – Outubro de 1975.

Os Radicais do Próximo Congresso Americano

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11COLABORAÇÃO

O fenómeno da “New Zea-land” na produção e comer-cialização de produtos do leite a nível global

A Ilha Nação Nova Zelândia, no Sudoeste do Oceano Pacífico e pertencente ao grupo das Poliné-sias, tem por larga data sido um local ideal para a produção do lei-te e que deve ser acreditada com a comercialização do leite e pro-dutos do mesmo a nível global.A agricultura e agropecuária são a sua maior fonte económica, esta ultima que produz para os cerca de 4 milhões de habitantes, deixa ainda 95% da sua produção para exportação.Há aproximadamente três déca-das, o Governo da Nova Zelândia estava directamente envolvido

nas exportações, subsidiando, e garantindo assim a entrada dos seus produtos nos mercados in-ternacionais. Em determinada altura, este apoio governamental desapareceu e as cooperativas de produtores criaram entre si, uma das maiores firmas do co-mércio de lacticínios no globo, “Fonterra’s”, que mencionámos brevemente no nosso último tra-balho. A sua integração nos mer-cados mundiais tem sido notória e influencial - estão presentemente nos continentes americano, euro-peu e são responsáveis pela intro-dução dos productos do leite em muitos mercados asiáticos. A sua experiência na comercialização destes productos levou esta firma a criar parcerias em diferentes países, não só na comercializa-

ção mas tambem na manufaturação e produção.Este país que pro-duz a grande maio-ria do seu leite em linhas orgânicas e convencionais (usando as suas maravilhosas pas-tagens) produz uma grande maioria do leite na Primavera, baixando conside-rávelmente a pro-dução no inverno, ou em anos de seca, que acontecem de vez enquanto, a mais recente no ano 2009.O Ministério da

Agricultura e Florestas da Nova Zelândia indicou recentemente que, no próximo ano o numero de vacas aumentará 6.5 % e a produ-ção cerca de 10 % , acrescentando que alguns mercados no Pacífico já tem baixado na expectativa de que a oferta pode ser superior à procura. A longo prazo o futuro parece prometedor, a curto prazo a industria pode sofrer ainda uma vagarosa recuperação. A Oceâ-nia, (Nova Zelândia e Austrália) os Estados Unidos e a União Eu-ropeia são responsáveis por 80 % das exportações Mundiais.

Temas de Agropecuária

Egídio [email protected]

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Page 12: Tribuna Portuguesa, Outubro 1, 2010

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Page 13: Tribuna Portuguesa, Outubro 1, 2010

13COMUNIDADE

DOMINGO, DIA 3 de OUTUBRO até SEXTA-FEIRA, DIA 8 de OUTUBRO

7:30 pm: Recitação do terço na capela da S.E.S.

SABADO, DIA 9 de OUTUBRO

6:30 pm: Missa vespertina na Igreja de St.Clare’s. 7:45 pm: Procissão de velas para o S.E.S acompanhada da Imagem de Nossa Senhora de Fátima 9:00-12 pm: Baile no salão da S.E.S com Gilberto Amaral. A mesa directiva e as rainhas também vão ser apresentadas.

DOMINGO, DIA 10 de OUTUBRO

9:30 am: Procissão da capela da S.E.S para a Igreja de St.Clare’s. 10:30 am: Missa cantada. 12:00 pm: Procissão da Igreja de St.Clare’s para o S.E.S. 2:00-6 pm: Vai ser servido as tradicionais sopas e carne. 6:00pm: A festa vai terminar com a reza do terço na capela da S.E.S. Haverá bazar e arrematações.

Concertos pelas Filarmónicas:Azores Band de Escalon

União Portuguesa de Santa ClaraUnião Popular de San Jose.

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Um membro da Irmandde de Nossa Senhora de Fatima

Festa da Irmandade de Nossa Senhora de Fátima de Santa Clara 2010

Vice Presidente Henriqueta Silveira

e esposo Manuel Silveira

Presidente da IrmandadeElizabeth Gaspar

ILHA do PICOFoi com grande emoção e orgulho que vi a minha ilha do Pico subir a tão honroso topo das 7 Maravilhas Naturais de Portugal. Sempre tive essa esperança, pois que a sua paisagem vulcânica é única no mundo.Se bem que não era necessário este prémio para me sentir orgulho-samente picarota, foi, todavia, uma forma de reconhecimento que ultrapassou a Ilha Montanha.Quando anunciaram a “vitória” do Pico, o meu pensamento voou para todos os familiares e amigos, de cá e de lá, que, de certo, co-mungavam comigo da mesma alegria e gratidão. Mas, ao mesmo tempo, senti imenso pesar por o meu grande amigo Dias de Melo não ter visto as suas “Pedras Negras” alcançarem tão grande re-levo, pois que ninguém soube “cantar” a sua terra como ele o fez durante tantos anos.Manuel Alegre, que não sendo picaroto, adora a ilha e também a sabe “cantar” através da sua mágica poesia. Tomei a liberdade de transcrever o seu poema que vai acompanhado de um fraternal abraço para todos os que nasceram ou fizeram do Pico a sua Ilha.

ILHA DO PICO

Pode escrever-se um poema com basaltoCom pedra negra e vinha sobre a lavaCom incenso mistérios criptomériasE um grande Pico dentro da palavra.

Ou talvez com gaivotas e cagarrasCigarras do silêncio que se trilhaSílaba a sílaba até ao poema que está escritoLá em cima no Pico sobre a ilha.

Manuel Alegre12/4/97

Traços do Quotidiano

Margarida da [email protected] Carlos César nomeou novos Directo-

res Regionais e substitui administra-dores na LOTAÇOR e na ATLANTI-COLINE

Nova Directora Regional das Comu-nidades - Maria da Graça Castanho

Foram nomeados, com efeitos a partir do próximo dia 1 de Outubro, por despacho do Presidente do Governo e dos secretários regionais das respectivas tutelas, novos titulares para as direcções regionais dos Assuntos do Mar, recentemente criada, do Am-biente, dos Transportes Aéreos e Marítimos e das Comunidades. O até agora Director Regional do Ordenamento de Território e Recursos Hídricos, João Luís Gaspar, cessa as suas funções, a seu pe-dido, por razões relacionadas com a sua progressão na carreira académica.Frederico Cardigos, licenciado em Biologia Mari-nha e mestre em Gestão e Conservação da Nature-za, até agora Director Regional do Ambiente, pas-sa a ser o novo Director Regional dos Assuntos do Mar.Para a Direcção Regional do Ambiente é nomeado João Carlos Correia de Lemos Bettencourt, licen-ciado em Gestão e Administração Pública pela Uni-versidade Técnica de Lisboa. Ambas as direcções têm sede no Faial.Maria da Graça Borges Castanho substitui na Direc-ção Regional das Comunidades, também sedeada no Faial, a actual titular, Rita Dias. Graça Castanho é licenciada em Português-Inglês, tem um Mestra-do em Ciências de Educação pela Lesley University nos EUA e é Doutorada pela Universidade do Mi-nho, sendo presentemente Professora Auxiliar da Universidade dos Açores com nomeação definitiva.Também por despacho do Presidente do Governo passa a exercer o cargo de Director Regional dos Transportes Aéreos e Marítimos, sedeado em S. Miguel e até agora desempenhado por Lucília Soa-res, Nuno Ferreira Domingues. O novo responsável

desta área da Secretaria Regional da Economia é licenciado em Engenharia Civil pelo Instituto Su-perior Técnico de Lisboa e possui o grau de Mestre pela Universidade de Lausanne, com vasta experi-ência profissional internacional.Igualmente no âmbito do sector público empresa-rial regional foi determinada a convocação de uma Assembleia Geral da LOTAÇOR, S.A., que se reali-zará no dia 12 de Outubro, com vista à substituição do seu actual Conselho de Administração, o qual, de acordo com a proposta a apresentar pelo accio-nista, o Governo, passará a ser presidido por José Luís Amaral, continuando, porém, a integrar Luís Fernandes. Lucília Soares, socióloga e pós-graduada em Am-biente, Saúde e Segurança, substituirá José Luís Amaral como Assessora do Presidente do Gover-no para os Assuntos Empresariais e da Cooperação Externa.A Assessoria do Presidente do Governo passará a ser coordenada por Mariana Matos.Finalmente, também em meados de Outubro, e para a administração da ATLANTICOLINE, Carlos Alberto Viveiros dos Reis vai substituir António Raposo à frente dos destinos da empresa, cuja prin-cipal actividade tem sido o transporte marítimo de passageiros entre as ilhas dos Açores.Carlos Reis é licenciado em Organização e Gestão de Empresas, tendo exercido as funções de admi-nistrador na Companhia de Seguros Açoreana. O Presidente do Governo já manifestou a todos os que cessam funções o seu reconhecimento pelos bons serviços prestados à Região.

Aia Vanessa Laranjo, Rainha Sydney Escobar, aia Brianna Laranjo

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14 1 de Outubro de 2010 FESTAS

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15 COMUNIDADE

Homenagem a Marie Kelly, Monique Vallance

David e Monique Vallance, Marie Kelly e Jonine Barreiro, Richard Castro, MariaHelena Borges, Flaminio e Beatriz Matos (PFSA, Conselho 97)

Tim Borges, PFSA CEO

Monique Marie Vallance, PFSA 20-30's Ambassador Marie B. Kelly-Barreiro (PFSA Ambassador) Duarte Teixeira (PFSA Concelho 16)

Realizou-se no dia 25 de Setembro de 2010 no Salão de Festas do Mo-desto Portuguese Pentecost Association, um jantar de homenagem a Marie Kelly-Barreiro, PFSA Ambassador (ex-Presidente da UPEC) e Monique Marie Vallance, PFSA 20-30's Ambassador, pelo Conselho 97 da PFSA (Portuguese Fraternal Society of America).Com a presença de muitos amigos e tendo como mestre de cerimó-nias Jonine Barreiro, primeiro falou Tim Borges (orador da noite), seguindo-se Richard Castro que apresentou Monique e Marie Kelly-Barreiro, que agradeceram reconhecidamente a presença de tantos amigos e ambas historiaram a felicidade e a honra que têm em per-tencerem à nova fraternal e também falaram àcerca das visitas que fizeram aos diversos conselhos. Só a Monique visitou 60 Concelhos desde Janeiro. Por fim tomou a palavra Duarte Teixeira.Gloria de Melo cantou "God Bless America" (foto acima), seguindo-se animado baile.

Richard Castro e Jonine Barreiro

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16 1 de Outubro de 2010ENTREVISTA

Qual foi a influência do vosso pai no começo da vossa carreira artística? Bem, meu pai, Eduino Bulcão Ávila foi a maior influência na minha vida e no princípio da carreira. Porque, como sabe, eu nasci com a música no sangue. Não só o meu pai, mas também seu pai, o meu avô, eram músicos, até maestros. Quan-do eu tinha três ou quatro anos, tanto o pai como a minha mãe notaram que eu gostava muito de música. Se eu estava sentado à mesa de jantar ouvindo a rádio, eu fingia que estava a tocar piano com os dedos na mesa... talvez com teclado imaginado. Depois lembro-me bem de ir com o pai para os ensaios do "Sem Rei nem Roque", conjunto que tocava no club "Amor da Pátria" e também para os ensaios da filarmónica "Artista Faialense" onde meu pai foi Mestre. Até cheguei a reger a Artista na tribuna da "Praça da República" lá no Faial.

Então estava a nascer um artista?

Naturalmente meu pai falou com a nossa amiga de família, a Dona Maria Olivia Lacerda, grande professora de piano no Faial. Só ela e o professor Carvalhinho é que davam lições de piano naquele tem-po. E foi assim, que comecei a aprender música e a tocar piano. Em 1966 quan-do chegámos à America, outra amiga de família, a professora Luísa Correia, filha do senhor Luís Correia, que foi Presiden-te da U.P.E.C. nos anos 60's, foi minha professora de piano e acordeão. No Natal de 1967 as nossas prendas, para mim e meus irmãos, foram instrumentos musi-cais. Um orgão para mim, uma bateria para meu irmão George, maracas e ma-rimbas para o meu irmão Luís. E com essas prendas nasceu um ano depois, o conjunto "Azores 68", connosco e o nosso amigo Joe Amaral, a quem o meu pai dava lições de saxophone. E o resto é história.

Fale-nos da sua carreira - defina datas de importância e de sucesso. A minha carreira nasceu na Comunidade Portuguesa da California com o conjunto "Azores 68", um conjunto que teve grande sucesso e por isso até hoje considero-me um produto da Comunidade Portuguesa deste grande Estado. Em 1968 foi a pri-meira data significante. A segunda foi em 1974 quando eu fiz a difícil decisão de ter-minar o conjunto, para me dedicar a uma carreira a "solo". Nessa altura, por inter-médio do nosso amigo e representate da TAP, o senhor Bernie Ferreira, os "Azores 68", as "Irmãs Alvernáz" e alguns outros artistas, fomos à comunidade Portuguesa de Hawaii dar vários espectáculos. Eu, talvez como o meu programa tinha mais música americana, um promotor que nos ouviu, gostou muito da minha actuação e ofereceu-se para me representar. Estava a começar o meu primeiro ano no colégio, quando recebi uma ferta de um bom contrato no "Naniloa Surf Hotel" em Hilo, Hawaii. Com o apoio da família, não pensei duas vezes. Tomei a decisão de deixar os estudos e o colégio, acabar com o conjunto, para me apresentar com um show, estilo Las Vegas, no Hawaii. Os artistas que eu mais admirava e queria emular eram Waine Newton, Paul Anka, Engelbert Humperdink, Tom Jones e ou-tros. É importante também saberem que o con-junto "Azores 68" estava perto de acabar, não foi só eu querer ir "solo" que o fez ter-minar. Éramos novos, entre 13 a 18 anos de idade, e estávamos a perder toda a nos-sa folia de juventude. Não havia fim de semana livre, para fazermos outras coisas,

porque, devido ao sucesso do conjunto, estávamos sempre ocupados. O conjunto estava mesmo a chegar ao fim. É impor-tante eu esclarecer isso. Agora, vamos lá a ver...a terceira data mais importante foi em 1983, quando no Reno, Nevada, abrimos o novo "Showroom" do "Sundowner Hotel Casino" com o meu show. Infelizmente o show não demorou muitos meses, mas foi um importante passo, que me pôs ao nível de grandes artistas de "Showroom", que estavam actuando nos outros hotéis-casi-nos no Reno. Depois, talvez a outra data que hoje mais que nunca teve uma grande importância foi também em 1983, quan-do fui ver o show do grande pianista Mr. Showmanship "Liberace", em Lake Tahoe. Por contactos de empresários, fui convida-do para depois do show ir atrás do palco participar num "Cocktail Party" e conhe-cer e falar com essa grande estrela, não só dos Estados Unidos mas mundial. Foi a minha grande inspiração dessa noite em Lake Tahoe, com o Liberace, que me fez voltar ao piano, porque quando me tornei artista a solo, eu só cantava, tinha a bem dizer abandonado o piano.Digo que talvez essa é a data mais importante, por-que hoje em dia o piano é o nuclear da minha carreira. Outra data importante foi em 1987, quando assinei o contrato com a grande companhia de Casinos' "Harrah's" que me deu grande sucesso em Atlan-

tici City e Las Vegas, e também em 2007 quando fiz um contrato para actuar nos Celebrity Cruises, e sua companhia irmã, Azamara Club Cruises. Tenho tido grande success nos palcos do mar. Como era estar todos os dias a actuar em Las Vegas ou Atlantic City? Era maravilhoso, óptimo, fantástico, fazer quatro espectáculos por noite, seis noi-tes por semana. Eu que sempre gostei da vida nocturna, mal acabava o ultimo show à uma hora da manhã, jantava às duas e depois jogava ténis até às quatro ou cinco da madrugada. Era o meu estilo de vida. Hoje, depois de anos e anos fazendo a minha vida de noite, continuo a ir para a cama às tres ou quatro da manhã e só me levanto ao meio dia ou mesmo à uma da tarde, quer nos cruzeiros, quer em casa, mesmo quando não tenho compromissos musicais. Se me encontrarem num Starbu-cks às duas da tarde, talvez esteja a tomar o meu café da manhã... Sabemos que está envolvido actualmen-te num projecto. Conte-nos como acon-teceu e que tipo de projecto é esse? Talvez posso dizer que estou envolvido em quatro projectos, que juntos fazem parte de um plano geral para a minha vida. Não é segredo, que realmente o CARLOS AVA-LON tem actuado e concentrado a maioria do seu tempo no meio e mercado america-no. Agora, o meu maior desejo é ir dar um grande SHOW na terra onde nasci. Quero actuar no Teatro Faialense, na Horta, cida-de onde nasci, no Faial, nos nossos Açores. O espectáculo que vou dar em Pleasanton em Novembro é a bem dizer o espectáculo que lá quero levar. Também quero final-mente apresentar-me na Televisão Portu-guesa (RTP Internacional) porque acho que já não é sem tempo. Embora não esteja actuando muito na Co-munidade Portuguesa, em todos os lugares que me apresento, estou indirectamente a promover as raízes Portuguesas.Todos os meu admiradores americanos, mexicanos, etc., sabem que este artista, este produto, foi feito em Portugal. "I was made in Portugal" digo eu muitas vezes à minha audiênca. Outro projecto, é o lançamento do meu novo CD, que é o meu primeiro como pia-nista. Totalmente "instrumental" apresen-tando em CD a parte mais importante do meu show e da minha carreira... o piano. Sou Pianista, por isso o título do CD é "Carlos Avalon, o Pianista".O último projecto, não diz respeito à car-reira musical, mas é uma das paixões da minha vida. O que mais adoro fazer fora do palco, é andar de mota. Tenho tido mo-tas quase toda a minha vida de adulto e ultimamente tenho tido grande interesse no negócio de motas. Estou explorando

a possibilidade de abrir uma empresa de motas eléctricas (scooters). Penso que em Portugal são chamadas Lambretas. Esta-mos actualmente em negociações.Se tudo correr bem, vou ser o único re-presentate desta nova tecnologia em duas rodas, na cidade onde vivo, Palm Springs, que é para mim, o meu paraíso no deser-to. Qual foi o sucesso do CD Loving Arms? O "Carlos Avalon-Loving Arms" foi lan-çado em 2003. Com o apoio dos nossos amigos da Rádio Portuguesa, não só nos Estados Unidos, mas no Canadá e no Faial, a cançãao "Se o amor se vai" teve gran-de sucesso. Depois que comecei a actuar nos cruzeiros, as vendas têm multiplicado, porque são milhares de passageiros que eu encontro nos cinco meses por ano que es-tou actuando nesses navios. O Carlos vai estar muito ocupado nestes próximos 12 meses. Tenho mais cinco meses de contrato com CELEBRITY CRUISES e AZAMARA CLUB CRUISES. Também tenho mais um ano assinado no Castlewood Country Club, em Pleasanton, onde vou dar o es-pectáculo em Novembro. Será o meu déci-mo ano actuando em Outubro, Novembro e Dezembro. Estou a tentar reservar dois meses livres porque gostava de fazer um espectáculo no Faial e depois voltar a dar alguns shows nos casinos, não só aqui na California, mas também em Altantic City e outros Estados. Gostaria um dia de fa-zer parte das festas do Dia de Portugal, ou de voltar a dar espectáculo num dos luga-res onde a minha vida artistica comecou, como por exemplo, no Portuguese Atlhetic Club de San José.Gostaria que as nossas organizações fi-cassem a saber que teríamos muito gosto em ser convidados deles. E se tudo correr bem, começarei o meu negócio de Scoo-ters eléctricas em Palm Springs. Gostaria de agradecer ao Tribuna Portu-guesa, por toda a sua amizade e por me ter dado a oportunidade desta entrevista. Também gostava de mencionar os que me estão apoiando no espectáclo em Pleasan-ton - A "KLBS" em Los Banos, "KSQQ" em San José, a grande companhia dos meus antigos amigos, Dino e Fernanda Pereira, "Spectrum Lithograph", em Fre-mont, "Furtado Imports" do grande amigo do meu pai o senhor Furtadinho em San José e o Abílio do "Sousa's Discount & Food Liquors" em Fremont, meu amigo desde o princípio da minha carreira. Obrigado a todos.

"Gostava de ir cantar à minha terra, ao Faial"Carlos Avalon

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17FESTAS

Biblioteca Miguel do Canto e Castro

Miguel do Canto e Castro tem uma biblioteca com valiosos livros, sendo muitos deles de seu pai, Francisco do Canto e Castro e de sua mãe Josefina do Canto e Castro, ambos falecidos. Muitas primeiras edições assinadas pelos autores, à sua mãe, autores portugueses dos mais prestigiados, enfim, uma biblioteca de muito valor. Miguel deci-diu oferecê-la à Casa dos Açores de Hilmar. Este evento teve lugar no dia 17 de Setembro. Ainda deixou muitos em casa para serem entre-gues mais tarde. A Casa dos Açores decidiu dar o nome do ofertante à sua biblioteca.Nesse mesmo dia, Elmano Costa (ver foto) apresentou cinco livros do escritor terceirense Liduino Borba, que têm sido muito bem re-cebidos pelos terceirenses em particular, pois fala da Freguesia de São Mateus da Calheta, da Família Contente, da mesma freguesia, do Toiro 64, de Humberto Filipe e outros.Os jovens músicos da casa tocaram para Isalino dos Santos, e para os improvisadores, incluindo o próprio escritor Liduino Borba, que até cantou as Velhas com António Azevedo e José Ribeiro. Jorge Costa Jr. também saudou a assistência com alguns fados, que foram muito apreciados.

Miguel do Canto e Castro explica as razões da oferta da sua biblioteca à Casa dos Açores de Hilmar. Embaixo: Vital Marcelino, Presidente daCasa dos Açores entrega uma lembrança a Liduino Borba.

Liduino Borba autografa os seus livros a pedido de vários amigos

A Lira Açoriana de Livingston teve a gentileza de ir saudar a Casa dos Açores no dia da Inauguração da sua Biblioteca. Um gesto sempre bonito.

Liduino Borba falou das suas obras já publicadas e de outras que irão surgir no futuro. Foi Euclides Álvares que teve a ideia de trazer o escritor a Hilmar para apresentar os seus livros.

Isalino dos Santos quiz dar um ar da sua graça, cantando como poucos. Até o "tio" Miguel quis juntar-se ao jovem grupo de violas da Casa dos Açores para o acompanhar.

O nosso jovem fadista Jorge Costa Jr. tem ganas de fadista e quer aprender a cantar cada vez melhor o Fado.

Vital Marcelino, António Azevedo, Adelino Toledo, José Ribeiro e Liduino Borba cantaram bem, como já é ha-bito nestas noites de amizade. Pena foi que tivessem mantido um só tema durante toda a cantoria.

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18 1 de Outubro de 2010COMUNIDADE

Conselho Mundial das Casas dos Açores

Afonso Quental

O Conselho Mundial das Casas dos Açores, reunido sexta-feira e sábado na Graciosa, decidiu on-tem concretizar a agenda comum das Casas dos Açores por regiões – América do Norte, do Sul e da Europa – “com enfoque na parti-lha e programação concertada de agendas culturais e intercâmbio dos seus associados, em especial os mais jovens”.Registou “o interesse” da inicia-tiva de criação da Associação de Emigrantes Açorianos, cujos pro-motores assistiram aos trabalhos desta assembleia, bem como o in-teresse no estabelecimento duma parceria entre aquela associação e este conselho.Distinguiu com a medalha de mérito do Conselho Mundial das Casas dos Açores, o presidente do governo dos Açores, a câmara municipal de Santa Cruz da Gra-ciosa e, “como produto açoriano de qualidade”, o vinho branco “Pedras Brancas” da Adega Coo-perativa da Ilha da Graciosa;Congratulou-se pelas actividades desenvolvidas pelas Casas inte-grantes do Conselho que revelam “um aumento da sua quantidade e qualidade.”Readmitiu ao Conselho Mundial das Casas dos Açores, por acla-mação, a Casa dos Açores da Ca-lifórnia em Hilmar;Manifestou o interesse na pre-sença do presidente do Conselho Mundial das Casas dos Açores nas cerimónias de celebração do Dia dos Açores;

Decidiu adoptar a proposta da Casa dos Açores de Lisboa para o desenvolvimento de novas funcionalidades no sítio electrónico do Conselho Mundial das Casas dos Açores, potenciando-o como plataforma de suporte à sua actividade;Foi, igualmente, deci-dido consolidar o Con-selho Mundial das Ca-sas dos Açores através da concretização do conceito de Casa dos Açores alinhado com os fins que as Casas reunidas em conselho se propõem prosse-guir, em proposta a elaborar para o efeito e do fomento a adesão ao Conselho de novos membros.A próxima Assembleia-Geral do Conselho Mundial das Casas dos Açores vai realizar- se em 2011, no Rio de Janeiro, sendo o seu presidente António Toste, presi-dente da Casa dos Açores do Rio de Janeiro.

Açores dão dimensão a Portugal

O Presidente do Governo dos Açores disse sexta-feira à noite ser “fundamental salvaguardar o equilíbrio orçamental, salva-guardar as finanças públicas na-cionais e regionais”, mas que isso “tem de ser feito por uma razão

social e ética”.Para Carlos César, que falava no Conselho Mundial das Casas dos Açores, na Graciosa, afirmou que, nos Açores, “não somosresponsáveis pela degradação da situação financeira que se tem vi-vido ao longo dos anos” – do que deu alguns exemplos, nomeada-mente o de a dívida pública ser de 9% do PIB regional, muito menor do que os mais de 75% da média da União Europeia.Carlos César reiterou, na ses-são da XIII Assembleia-Geral do Conselho Mundial das Casas dos Açores, a convicção de que “os açorianos são hoje um capi-tal muito importante do prestígio que o nosso país tem em vários lugares, com destaque para os pa-

íses no continente americano.”Confessando ter ficado sensibi-lizado com a Medalha de Mé-rito com que foi homenageado pelo Conselho, num acto que “o marcou indelevelmente”, Carlos César revelou que, ao longo do exercício das suas funções, “mui-tos dos momentos mais fortes que viveu foram, exactamente, com açorianos residentes fora da região e em locais onde as Ca-sas dos Açores funcionam como autênticas plataformas de comu-nicação com as autoridades dos países onde se localizam”.E uma das vantagens dessa co-municação é a de, como realçou, poder ser contada a história da grande evolução registada no ar-quipélago, “mostradas as nossas

realidades mais recentes, aquilo que os Açores são hoje nos mais variados planos da sua vida so-cial, económica e cultural:”Estiveram presentes doze Casas dos Açores sediadas em Portu-gal Continental (Lisboa, Norte e Algarve); Brasil (Rio de Janeiro, São Paulo, Santa Catarina e RioGrande do Sul); Estados Unidos da América (Nova Inglaterra e Hilmar) e Canadá (Quebeque, Ontário e Winnipeg).O Conselho tem como principais objectivos congregar as comuni-dades açorianas e dar a conhecer os Açores, os açorianos e a sua cultura às populações das suas respectivas áreas de influência.

in Correio dos Açores

“Os açorianos são hoje um capitalmuito importante e de prestígio”

Responsáveis pelo Conselho Mundial das Casas dos Açores no mundo foto de António Lopes

Casamento Lisa & André

Casaram na Igreja de Saint Elizabeth em Sacramento, Lisa Vieira e André Paulo da Silva. A recepção teve lugar no Arden Hills Resort Club & Spa.A noiva é filha de de Sra. e Sr. José Vieira e o noivo de Maria Humberta da Silva.Os noivos ficaram a residir em Sacramento, capital da California. Fotos de Mike Silva

Let's Re-elect

TONY SANTOS for San Leandro Mayor

Page 19: Tribuna Portuguesa, Outubro 1, 2010

19FESTAS

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Page 20: Tribuna Portuguesa, Outubro 1, 2010

20 1 de Outubro de 2010COMUNIDADE

Celebração dos 80 Anos da Escola Primá-

ria Anne Darling em São José e Dedica-

ção da Nova Biblioteca Escolar ao Falecido

Professor Duarte Santos

A escola primária Anne Darling de San Jose, que durante vá-rias décadas teve um dos principais programas bilingues por-tugueses na Califórnia, celebra o seu octagésimo aniversário no sábado, dia 16 de Outubro, das 10 horas da manhã às 4 horas da tarde. Durante o evento haverá música, danças (in-cluindo o grupo folclórico de San Jose High), venda de varia-das comidas, jogos, prémios e muito divertimento para todos. Também serão apresentados vídeos sobre as várias décadas da escola, bem como a exibição de algumas cenas teatrais infan-tis representando a história de Anne Darling.O ponto alto da celebração será a dedicação da nova biblioteca da escola ao falecido professor Duarte Santos, figura ímpar da nossa comunidade, pelo seu talento, simpatia e facilidade de comunicação, que durante muitos anos ensinou no progra-ma bilingue português de Anne Darling. Durante essa ceri-mónia, que terá lugar às 10:30 da manhã, apresentar-se-á a placa comemorativa, bem como um retrato com a biografia do professor, um vídeo sobre a sua vida, preparado pelo seu filho Joshua, oradores, e exibição de pinturas e fotografias da autoria de Duarte Santos. Esta homenagem merecidíssima dará a oportunidade à comunidade portuguesa de mostrar o seu apreço pelo professor Duarte Santos que, durante a sua vida, tanta dedicação demonstrou a inúmeras actividades comunitárias. Venha celebrar os 80 anos da Escola Anne Darling no dia 16 de Outubro, e prestar homenagem a um dos nos-sos grandes vultos comunitários já desaparecidos. A entrada para todas as festividades é $2 por pessoa e $8 para cada grupo de 5 pessoas. Todos os fundos angariados nesse dia reverterão a favor de projectos e actividades escolares que benificiarão os alunos, entre os quais se encontram muitas crianças de origem portuguesa. Para mais informação,

é favor contactar Isabel van Sunder, professora aposentada e co-chair do evento, pelo telefone 925-209-7140.

80 Anos da Escola Primária Anne Darling Dedicação da nova Biblioteca a Duarte Santos

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21 COLABORAÇÃO

... no CENTRO LEONI-NO DA CALIFORNIA, EM SAN JOSÉ !

Todas as vezes que recebemos visitantes de Portugal uma das primeiras perguntas que nos fa-zem é se existem restaurantes portugueseses aqui nesta parte da California. E depois tambem querem saber se há muitos lusitanos a residir aqui na costa do Pacifico.Quando respondemos que a co-munidade portuguesa da Cali-fornia é uma das mais numero-sas da América respiram logo de alívio... antevendo que devem existir muitos restaurantes portu-gueses e que vão poder saborear a mesma culinária lá da nossa santa terrinha.Mas a ilusão dissipa-se rapida-mente quando descobrem que só existe praticamente uma úni-ca casa no ramo da restauração servindo pratos tradicionais por-tugueses na área da baía de San Francisco! Inacreditável, dizem eles.Mas calma, minha gente. Há alternativas. Temos a Casa do Benfica e o Centro Leonino da California que também servem uns petiscos. “Mas se não somos benfiquistas ou sportinguistas como poderemos lá entrar”?É aqui que reside a grande dife-rença entre a América e Portugal, meus amigos. A democracia aqui funciona ás mil maravilhas, ga-rantiu-nos o amigo P. Joe Ferreira (Ferreira Moreno) frequentador assiduo do Centro Leonino e que já há muito tempo nos andava a convidar para ir até á sucursal dos “lagartos” em San José, para um almoço. Vais gostar, garantiu ele, sem se preocupar qual era o nosso clube de futebol favorito. E lá fomos para averiguar “in loco” o menu que ía ser servido naquele dia e como se iam portar os adep-tos de vários clubes nacionais que uma vez por mês se reunem no local para saborear a nossa gas-tronomia e rever velhos amigos.E o que vimos será muito difi-cil de praticar em Portugal. Ver numa filial do Sporting Clube de Portugal, a confraternizar ale-gremente, adeptos do Benfica, Porto, Sporting, Braga e de ou-tras agremiações desportivas do continente e das ilhas. A começar logo pela empregada de mesa que é natural do Porto e adepta fer-vorosa do Benfica! E envergando

uma garrida blusa vermelha ! Em Portugal, no reino dos “leões”, ou dos “dragões” isso era considera-do uma provocação...Mas por favor não digam nada ao Felipe Vieira, Pinto da Costa ou ao José Eduardo Bettencourt, para evitar de aparecer por ali umas comissões de inquérito para investigar essas estranhas e sus-peitas reuniões...com o objectivo, quem sabe, de organizar uma conspiração para depor os três presidentes. Não seria má ideia. A bem do futebol português...

Armando Martins

"Águias, Leões & Dragões"...

A escola JARDIM INFANTIL DOM DI-NIS muito brevemente dará início a mais um ano de Português Para Crianças.

Português Para Crianças é um curso de aprendizagem do Português como língua segunda para crianças que têm o Inglês como língua materna e destina-se a crian-ças entre os três e os doze anos de idade. Nível 1 3 aos 5 anos Nível 2 5 aos 7 anos Nível 3 8 aos 12 anos

As aulas do Nível 2 e 3 terão lugar às Terças e Quarta-Feiras das 3:45 às 5:15 da tardeEste curso é uma actividade extra-curri-cular e oferece-se a qualquer criança, não sendo necessário estar matriculado no pro-grama normal da escola.

Chame já e reserve um espaço para a sua criança. Para mais informações chame a escola JARDIM INFANTIL DOM DI-NIS para o número (408) 993-0383.

Português para Crianças

Águias, Leões e Dragões no covil dos Verdes de San José

O Bar do Centro Leonino de San José Guter Sousa, Alice, Joe Ferreira, Manuel Macedo

Guter Sousa, Armando Martins, Bernie Ferreira, Carolina e Armando Antunes Horácio Cavaleiro, José Luís da Silva, Fernando Silva

Oh Padre Ferreira, será que todos estes aficionados da bola são assinantes do Tribuna?

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22 1 de Outubro de 2010PATROCINADORES

José Rodrigues dos Santos é hoje um dos jornalistas mais influentes para as novas gerações e no panorama informativo nacional. No entanto, além da sua mais conhe-cida faceta como jornalista, José Rodrigues dos Santos é também um ensaísta e ro-mancista. Especialmente nesta última vertente, tornou-se dos escritores portugue-ses contemporâneos a alcançar maior número de edições com livros que venderam mais de cem mil exemplares cada. Doutorado em Ciências da Comunicação, com uma tese sobre reportagem de guerra, é professor da Universidade Nova de Lisboa e jornalista da RTP, ocupando por duas vezes o cargo de Director de Informação da televisão pública portuguesa. É um dos mais premiados jornalistas portugueses.Baseada nas últimas e mais avançadas descobertas científicas nos campos da física, da cosmologia e da matemática, "A Fórmula de Deus" ("The Einstein Enigma" na edição em inglês) transporta-nos numa surpreendente viagem até às origens do tem-po, à essência do universo e ao sentido da vida. Nas escadarias do Museu Egípcio, em pleno Cairo, o protagonista Tomás Noronha é abordado por uma desconhecida. Chama-se Ariana Pakravan, é iraniana e traz consigo a cópia de um documento inédito, um velho manuscrito com um estranho título e um poema enigmático. O inesperado encontro lança Tomás numa empolgante aventura, colocando-o na rota da crise nuclear com o Irão e da mais importante descoberta jamais efectuada por Albert Einstein, um achado que o conduz ao maior de todos os mistérios. Uma história de amor, uma intriga de traição, uma perseguição implacável, uma busca espiritual que nos leva à mais espantosa revelação mística de todos os tempos.

José Rodrigues dos Santos publicou novo livro

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23DESPORTO

JOGOS INTERNACIONAIS Braga e Benfica perdem, Sporting, Porto ganham

FC Schalke 04 conseguiu o primeiro triunfo em jogos oficiais realizados em casa na presente temporada, em todas as provas, ao derrotar o Benfica, por 2-0, resultado que lhe permitiu alcan-çar o campeão de Portugal no segundo lugar do Grupo B da UEFA Champions League.O Benfica apresentou-se na Arena Au-fSchalke, o mesmo estádio onde, em 2004, o FC Porto conquistou a sua se-gunda UEFA Champions League, com os mesmos 11 elementos que iniciaram o encontro na Madeira, com o Marítimo, enquanto o Schalke voltou a contar com o lateral-direito Atsuto Uchida, após ter fracturado um dedo do pé, que rendeu o suspenso Benedikt Höwedes, enquanto o peruano Jefferson Farfán substituiu Jermaine Jones a meio-campo.A primeira ocasião de grande perigo foi criada aos 14 minutos pelo Benfica. Na sequência de um lançamento de linha lateral do lado direito, Luisão desviou de cabeça junto ao poste mais próximo na direcção oposta. Aí apareceu Javier Saviola liberto de marcação a rematar de primeira, mas ao lado do poste es-querdo da baliza de Manuel Neuer.Despertado pelo perigo dos campeões portugueses, o Schalke 04 reagiu e, três minutos depois, Klaas-Jan Huntelaar colocou a bola no fundo das redes de Ro-berto, mas o lance foi anulado por fora de jogo do holandês e de mais dois com-panheiros de equipa. Os comandados de

Felix Magath continuaram a porfiar e o central Christoph Metzelder subiu com perigo à área encarnada, onde foi trava-do por César Peixoto, num lance que o árbitro optou por deixar seguir.Entrara-se, entretanto, numa fase de parada e resposta e, aos 36 minutos, Fábio Coentrão entrou com perigo pelo flanco esquerdo, rematando da mesma posição de onde marcara ao Marítimo, mas, desta feita, encontrou um adversá-rio pelo caminho.Novamente acossado pelo Benfica, o Schalke 04 sentiu-se na necessidade de reagir e, aos 41 minutos, num lance em que três dos protagonistas eram es-panhóis, esteve muito perto de marcar.

Raúl tabelou com José Manuel Jurado e, em boa posição, acertou no poste di-reito. Na recarga, Ivan Rakitić rematou de pronto, para uma grande defesa de Roberto.Para a segunda parte, o Benfica surgiu dos balneários com Eduardo Salvio no lugar de Nicolás Gaitán, que tivera uma passagem discreta pelo encontro, mas o jogo passou a ser mais fechado. As defesas tornaram-se mais consistentes, conforme mostrou a do Benfica aos 69 minutos, com David Luiz a oferecer o corpo à bola rematada de pé esquerdo por Farfán.Continuando a área contrária bem pro-tegida, Jermaine Jones tentou a sua sorte de longa distância mas o dispa-ro de pé direito saiu muito longe. No meio-campo contrário, Metzelder ia comprometendo a sua defesa com uma má recepção da bola, que deixou Oscar Cardozo isolado. No entanto, o para-guaio foi interceptado por Kyrgiakos Papadopoulos e saiu lesionado do lan-ce, tendo de imediato sido rendido por Alan Kardec.Na jogada seguinte e quando estavam decorridos 73 minutos, o Schalke 04 chegou ao golo. Lukas Schmitz cruzou do lado esquerdo para o lado oposto e César Peixoto não conseguiu intercep-tar de cabeça, deixando Farfán liberto de marcação e completamente solto para rematar cruzado para o fundo das redes. O Benfica teve, então, uma in-

cursão de Fábio Coentrão pelo lado es-querdo, de onde cruzou para o coração da área, sem que, no entanto, Kardec e Salvio conseguissem chegar à bola para a emenda.Mais eficaz voltou a ser o Schalke 04, que chegaria, aos 85 minutos, ao segun-do golo na sequência de um rápido con-tra-ataque iniciado por uma bola perdi-da por David Luiz. Raúl progrediu da direita para o meio, antes de endossar a bola a Jones, que surgira solto no lado esquerdo. Daí, cruzou para o centro, onde apareceu Huntelaar entre Luisão e David Luiz a desviar para o fundo das redes, sentenciando de imediato o en-contro. in eufa.com

FC Schalke 2 Benfica 0

O FC Porto somou a segunda vitória em ou-tras tantas jornadas do Grupo L da UEFA Europa League, com um golo madrugador de Falcao a ser suficiente para bater fora o PFC CSKA Sofia, por 1-0.Embalado pela série de dez vitórias conse-cutivas na presente temporada, o FC Porto apresentou-se em Sófia com algumas altera-ções na equipa titular, com destaque para a titularidade de Souza e Cristián Rodríguez. Os "dragões" assumiram o controlo do jogo e foram sempre a equipa mais perigosa na primeira parte, com o 1-0 a surgir aos 16 mi-nutos. Hulk desmarcou Falcao e este iludiu a armadilha do fora-de-jogo, antes de bater com classe o guarda-redes Raïs M'Bolhi. O golo não alterou o cariz do jogo, mas foi preciso esperar até ao minuto 41 para se as-sistir a nova oportunidade de golo, por sinal com os mesmos intervenientes. Alvaro Pe-reira cruzou da esquerda e colocou a bola em Falcao, que rodou bem antes de desferir um remate com o pé esquerdo que obrigou M'Bolhi a uma defesa apertada. Ainda mais perto do 2-0 ficou Belluschi três minutos volvidos, com o disparo de fora da área do médio argentino a fazer a bola embater com estrondo na trave.A etapa complementar começou por ofe-recer mais do mesmo, com Falcao, sempre ele, a rematar ao lado aos 48 minutos, na

sequência de um excelente lance individual. A equipa portuguesa parecia ter a partida controlada, mas o CSKA esteve prestes a empatar quatro minutos volvidos. Rumen Trifonov assinou um cruzamento preciso do lado esquerdo, com a falha de marcação da defesa portista a permitir que surgisse Michel livre de marcação, valendo a Helton o facto de o cabeceamento do médio brasi-leiro ter saído ao lado.O CSKA parecia querer crescer na parti-da, mas o FC Porto acertou as marcações e voltou a controlar o encontro, tendo Maicon visto M'Bolhi negar-lhe o golo aos 68 mi-nutos, após um vistoso cabeceamento. Os búlgaros, contudo, não atiravam a toalha ao chão e voltaram a ameaçar o empate aos 71 minutos, com Cillian Sheridan a saltar mais alto no coração da área portista e a cabece-ar ligeiramente por cima. Rodríguez esteve perto de facturar por duas vezes no mesmo lance aos 81 minutos, mas o triunfo já não escapou aos comandados de André Villas-Boas. Líder do agrupamento com os mes-mos seis pontos que o Beşiktaş JK, o FC Porto visita o terreno dos turcos a 21 de Ou-tubro, o mesmo dia em que SK Rapid Wien e CSKA vão tentar somar os primeiros pon-tos na prova, na Áustria. in uefa.com

PFC CSKA Sofia 0-1 FC Porto

Sporting 5-0 PFC Levski O Sporting deu um passo importante na tentativa de passar à fase seguinte da UEFA Europa League, ao golear esta quinta-feira o PFC Levski Sofia, por 5-0, na segunda jornada do Grupo C, resultado que lhe per-mitiu isolar-se no topo da classificação.Num encontro entre duas equipas vitorio-sas na ronda inaugural, a formação de Paulo Sérgio impôs a primeira derrota ao Levski em cinco jogos disputados fora da Bulgária nas provas de clubes da UEFA com tentos da autoria de cinco jogadores diferentes. Daniel Carriço e Maniche levaram o Spor-ting a vencer para o intervalo com dois go-los de cabeça, antes de Diogo Salomão se estrear a marcar pelos “leões” no início da etapa complementar, altura em que também facturaram Hélder Postiga e Matías Fernán-dez.O desafio começou com uma excelente oportunidade para a equipa da Bulgária, numa falha de Anderson Polga que permitiu a Garra Dembélé embalar direito à baliza de Rui Patrício antes de rematar em posição frontal, mas o guarda-redes sportinguista negou os intentos ao ponta-de-lança francês com uma defesa apertada no chão. Logo a seguir, na sequência de um canto de Matí-as, Postiga surgiu em boa posição na grande área só que o cabeceamento do ponta-de-lança saiu ao lado.À meia-hora, na quinta tentativa de Postiga, o Sporting ganhou novo canto, outra vez apontado por Matías, que lhe possibilitou

inaugurar o marcador. Carriço, defesa-cen-tral e capitão dos “leões”, deu o exemplo ao desviar de cabeça para o fundo das redes adversárias, embora Petkov a tenha ainda empurrado para dentro da baliza. O domí-nio do conjunto de Paulo Sérgio na etapa inicial foi coroado com o segundo golo, a dois minutos do intervalo, numa jogada rá-pida pela direita em que Simon Vukčević cruzou largo, Petkov e Dustley Mulder fica-ram a olhar a trajectória do esférico e Mani-che marcou de cabeça.Um pontapé de Salomão oito minutos de-pois de começar a segunda parte aumentou a vantagem dos anfitriões: João Pereira cru-zou da direita para o pontapé de primeira do jovem extremo de 22 anos, Petkov en-viou a bola para o poste mas esta só parou no fundo das redes. Muito longe da área, Postiga desferiu um potente remate que o experiente guardião búlgaro não conseguiu suster aos 61 minutos e fez o quarto tento da noite, tendo instantes depois acertado com estrondo no poste, antes de Matías fechar as contas a 11 do fim.O triunfo deixou a equipa da capital lusita-na sozinha na frente do Grupo C com o má-ximo de seis pontos conquistados, mais três do que o oponente e antes de receber a visi-ta do KAA Gent, a 21 de Outubro, enquanto o Levski volta a actuar fora, desta vez em França, frente ao LOSC Lille Métropole.

in uefa.com Gettyimages

Page 24: Tribuna Portuguesa, Outubro 1, 2010

24 1 de Outubro de 2010TAUROMAQUIA

Quarto Tércio

José Á[email protected]

Atiro-me para o chão de contente, dou d

Tiro o meu cha-péu uma mon-tanha de vezes à Direcção da Gustine Pentecost Society, por ter respondido em beleza, às neces-sidades mais premen-tes da sua praça de toiros - a segurança das pessoas envol-vidas na festa, colocando burladeros entre-barreiras e cimentando toda essa área, onde só devem estar as pes-soas necessárias às funções de uma corrida. Também cimentaram toda a parte exterior da praça. Um luxo para todos nós. Uma grande chapelada para a GPS e um muito obrigado em nome de muitos aficionados. É mesmo bom sentirmos orgulho na nossa gente.

Duvidar-se da integridade de um director de corrida, de três cavaleiros, dois cabos de forcados, e de um ganadero, não lembrou ao diabo. Mas que o Diabo as tece, e que há muita gente pronta para a confusão, isso não temos muitas dúvidas.O Grupo de Forcados de Vila Franca de Xira saíu da nossa terra, mais confundido, do que toda a confusão que houve na arena. Será que valeu a pena todas essas "bocas" que andaram no ar, no mesmo dia e no dia se-guinte à Corrida de Gustine?A minha festa brava não é essa. Não pertenço, nem quero pertencer a grupos fundamentalistas, quer se-jam daqui, dali ou d'acolá. A minha festa é beleza, arte, entrega, integridade, profissionalismo, técnica, amor à festa, saber entender as dificuldades ineren-tes à função dos artistas e dos ganaderos, e nunca perder de vista o rei da festa - o toiro. Esta é que é a minha festa brava. O resto são cantigas, como sempre me dizia o meu amigo Conselheiro.

Morreu Na-zaré Felício, uma das pri-meira mulheres portuguesas que tourearam. Ti-nha 87 anos.Nazaré era fi-lho do famoso Maioral Real das Casas Infante da Câmara, Fran-cisco Felício.Foi discípula de D. Alexandre de Mascarenhas e aprendeu a tou-rear a pé e a ca-valo. Estreou-se em 1947 na Gole-gã, num festival

em homenagem a Manuel dos Santos. Despediu-sem em 1955, mas an-tes disso toureou na velhinha Praça de São João (fotos) em Angra do Heroísmo em 1949, acompanhada por D. Francisco de Mascarenhas. Mostrou os seus dotes, quer a pé quer a cavalo. (fotos do N.Burladero)

Fátima Albinouma Ganadeira da Terceira

Não é todos os dias que se publicam livros sobre a vida de uma ganada-deira, ainda por cima da nossa terra, e com os pergaminhos de uma Casa Agrícola das mais prestigiadas em todo o Portugal.Isabel Coelho da Silva, natural de Santa Luzia, Terceira, licenciada em Línguas e Literatura Modernas, meteu ombros a este empreeendi-mento de contar a vida de uma mu-lher, que desde muita jovem sempre se viu envolvida na Festa Brava, quer no tempo de seu avô José Di-nis Fernandes, quer no do seu pai José Albino Fernandes. Herdou a ganadaria de seu pai e com o seu marido, meteu ombros à aventura de viver uma vida de sacrificio para poder gozar em pleno a mais bonita das festas. Podemos bem dizer que lhe corre sangue de toiro nas veias desta terceirense Fátima Albino. A escritora resumiu assim o objec-tivo do livro:

O livro JAF – Uma GanadariaTerceirense resulta de um trabalho de pesquisa sobre a Casa Agríco-la José Albino Fernandes, uma das ganadarias mais antigas dos Aço-res. Com a publicação deste livro pretende-se lançar um testemunho escrito que confirma o legado de três gerações de ganadeiros ter-ceirenses. Os registos escritos, fo-tográficos e documentais propor-cionam aos aficionados da Festa Brava um encontro com as origens de uma ganadaria da ilha Terceira, bem com o reconhecimento do seu actual papel de relevo em prolda tradição taurina nos Açores.

Fátima Albino no dia do lançamento do livro proferiu as seguintes pala-vras:

"Boa noite a todos! É sempre um pra-zer poder estar nesta sala repleta de gente amiga, conhecida, de familia-res e de aficionados. Gostaria de referir que este trabalho surge como resultado de uma entre-vista para um trabalho académico, que logo contou com a minha dispo-nibilidade. Faz parte do meu modo de ser colaborar com todos os trabalhos que me têm sido solicitados, por alu-nos desde o 1º, 2º, 3º ciclo, secun-dário, universidade, da escola profis-sional ou outro grau de ensino. Esta disponibilidade só tem um objectivo, motivar e desenvolver o gosto pela “Festa Brava”, sem dúvida, uma das minhas paixões. E logo que, essa con-tribuição do mundo taurino, ajude a evolução de qualquer aluno, podem contar com a minha colaboração. Para mim, é muito importante, que a ganadaria sirva de mote ou seja um instrumento de escola de vida, pois foi assim que eu aprendi, acompa-nhando os trabalhos “no mato” com o meu avô ou com o meu pai.Com este projecto, o trabalho aca-démico, transformou-se neste livro, onde a Isabel, numa visão antropo-lógica analisou, pesquisou e relacio-nou o meu testemunho, a minha expe-riência de vida. A Isabel, deu-se ao trabalho de permitir historiar a mi-nha vivência, relacionando-a como um testemunho duma época, dum modo de estar e ser, que caracteriza a nossa ilha, o nosso sentir e a nossa existência. É, também, um testemunho da evo-lução da festa brava e dos sinais do tempo. Espero que possamos con-

tribuir para uma festa brava mais forte, mais conhecedora e mais bem preparada para enfrentar os tempos vindouros, preservando as nossas ra-ízes. As tradições são tão importantes como as inovações e podem sempre contribuir para o enriquecimento hu-mano e para a sua valorização.Em primeiro lugar quero agradecer à Isabel pelo rigor e boa qualidade literária, que tem imprimido em to-dos os seus trabalhos. À pessoa que é, ao seu valor humano, aos seus sen-timentos, à sua maneira de estar na vida e aos sonhos que orientam a sua vida. À tenacidade com que trata os factos e as informações sem deturpar a realidade. E considero-a, depois de todos estes contactos, uma verdadei-ra amiga.Ao apresentador e autor do prefácio, excelente comunicador, que no seu modo característico de ser, dá um toque de graça a tudo o que refere. Obrigado por permitir ser um conhe-cido e amigo desde criança, no nosso relacionamento de família, de exce-lente professor durante o meu per-curso académico e de uma persona-gem histórica credível na nossa ilha, que sempre valoriza as nossa raízes.Ao Carlos Alberto Moniz embaixa-dor da Ilha Terceira e dos Açores, no País e no Mundo, o seu nome sobe-jamente conhecido assim como o seu amor pelos Açores como a sua alma terceirense. Com a parceria do nos-so extraordinário escritor Álamo de Oliveira, as suas canções são uma homenagem aos nossos costumes e tradições, e um hino ao nosso modo de ser e estar. Duas figuras públicas que se disponibilizaram para colabo-rar com esse projecto, a quem deixo aqui o nosso reconhecimento. À Comissão de Festas do Império de S. Carlos pela pronta disponibilidade com que acederam a que este lança-mento fizesse parte do Programa das

Festas.À BLU Edições, através do Mário Duarte, empreendedor dinâmico, que preencheu uma grave lacuna na nossa ilha, pois foi ele que deu voz e fez obra às nossas tradições com objectos ou livros de qualidade, que têm permitido aos nossos emigrantes e turistas levarem uma recordação digna da nossa ilha, onde sentimos muito orgulho de habitar.Ao Hotel Terceira Mar pela disponi-bilidade com que nos apoiou neste evento através da sua gerente D. Na-tália Candeias.Gostaria de agradecer à minha famí-lia, todo apoio que me tem dado, ao longo dos anos, e em todos os meus projectos, que têm sido muitos e va-riados. Sem ela nada teria sido igual, nem a Ganadaria seria a realidade que é hoje. São eles que fazem com que tudo se torne fácil. A nossa Casa Agrícola não seria a mesma, se o meu marido não trabalhasse tão empe-nhadamente como o faz, nem usasse a sua organização e perfeccionismo para que tudo seja cuidado e evolua com rigor e tenacidade, que tornam os seus projectos numa realidade. As minhas filhas são o sonho torna-do realidade e a representação da continuidade, que eu gostaria que a ganadaria seguisse. Por isso o meu obrigado e o meu testemunho público de como me são queridos.Finalmente o meu obrigado pela Vos-sa presença, uns estão aqui através da amizade, outros do relaciona-mento profissional, outros dos laços de família e outros ainda devido à aficion e paixão à festa brava, que é uma realidade e une muita gente.

NOTA: este livro estará à venda na Festa de Thornton, através da An-gelina Bertão.

Page 25: Tribuna Portuguesa, Outubro 1, 2010

25PATROCINADORES

Atiro-me para o chão de contente, dou d

Pomar das CastanhasAmaral Chestnut Orchard

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Sabores da VidaQuinzenalmente convidaremos uma pessoa a dar-nos a receita do seu prato favorito, com uma condição - que saibam cozinhá-lo.

Hoje não temos um convidado, mas a pedido de diversas pessoas vou dar-vos uma receita de Licor de Poejo, de Peter Crama.

Ingredientes (tudo com 7 que é para dar sorte)

70 cl de aguardente vinícola70 cl de água700 g de açúcar1 ramo de Poejos

Preparação

Coloque um molho de poejos dentro de um frasco e encha-o com a aguardente. Deixe macerar (infusão) durante 15 dias, agitando de vez em quando. Passados os quinze dias, prepare uma calda da seguinte maneira: ponha a água a ferver com outro molho de poejos; assim que começar a ferver, retire os poejos e deite o açúcar; deixe ferver três minutos, apague o lume e deixe arrefecer. Entretanto filtre a aguar-dente (pode utilizar um filtro de papel de máquina de café). Junte por fim a aguar-dente e a calda, mexa, coloque em garrafas e deixe estagiar durante pelo menos 15 dias.

Nota: todas as outras receitas são semelhantaes a esta, variando as quantidades. Algumas, mais modernas, usam vodka em vez de aguardente.Façam, provem e depois digam-nos o resultado.

Page 26: Tribuna Portuguesa, Outubro 1, 2010

26 1 de Outubro de 2010ARTES & LETRAS

São mesmo duas palavras, ou pouco mais, chamando a atenção dos nossos leitores para o magnífico ensaio do nosso amigo e distinto colaborador da Maré Cheia, o critico literário Vam-berto Freitas sobre um dos mais famo-sos romances do autor luso-americano Julian Silva. Estamos, mais uma vez, gratos ao Vamberto por colaborar com esta página de artes e letras.

abraçosdiniz

The Gunnysack Castle de Julian Silva“He had cast off the foreign-sounding Vicente for the simple Vince. Still his pallid American classmates remained obstinately unmatery, and he spent his childhood in a no-man’s land, no lon-ger a true Portaghee, yet only a token American.”

Julian Silva, The Gunnysack Castle

The Gunnysack Castle é um so-berbo romance ombreando e por vezes superando o que de melhor já existe na literatura

luso-americana de língua inglesa. A sua primeira edição foi publicada pela Ohio University Press em 1983, mas Ju-lian Silva já circulava com os seus tex-tos narrativos em várias e reconhecidas revistas literárias da época. A demora com que o descobrimos na Diáspora (pelo menos alguns de nós), claro está, em nada desfaz na sua grandeza artística ou na absoluta relevância e agora in-deléveis representações da nossa vida e história como grupo nacional nos EUA. Em retrospectiva, é The Gunny-sack Castle que abre definitivamente o surto de escrita de qualidade superior de autores luso-descendentes naquele país, e que outros souberam reconhecer editando-os em casas de prestígio. Com efeito, a escrita de Julian Silva como que inaugura ainda entre nós uma certa visão pós-modernista (a revisitação da nossa história social como comunidades étnicas na América do Norte) liberta de todos e quaisquer complexos que até en-tão rodeavam e distorciam radicalmen-te as habituais abordagens em ficção e poesia do “povo ordeiro e trabalhador”, que aqui não o deixa de ser, mas parte tematicamente para outros rumos nas suas representações da subida ao hoje quase esfarrapado sonho americano. Tranquilizem-se todos aqueles que no nosso meio se preocupam com uma su-posta “universalidade” literária, só para virar cara e cabeça envoltas em igno-rância persistente: a serenidade poética da sua linguagem (ou a prosa “quase sempre elegante”, como escreve George Monteiro numa tirada crítica inserida na capa de The Gunnysack Castle) su-gere como a nossa presença no grande país a oeste em nada difere da de outros bem mais conhecidos noutras escri-tas norte-americanas—a força da vida luso-americana contém tanto de “vir-tude” como de “imoralidade” sociais, tanto merece admiração pela coragem de erguer “castelos” em terra por outros governada e que durante muito tempo nos era “alheia”, como pela denúncia da cobardia e esperteza com que alguns criaram a riqueza nas costas vergadas da maioria de outros imigrantes e seus descendentes. Se a literatura deve ser sempre e acima de tudo um acto estéti-co, sem qualquer cedência a ideologias dominantes ou em voga, as interpre-tações do seu conteúdo são a outra e grande justificação para lermos, ou para lermos sobretudo com a essencial sensi-bilidade crítica e temática.The Gunnysack Castle transporta-nos para fins do século dezanove e encer-ra no pós-Segunda Guerra Mundial, acompanhando a ascensão e queda de uma família lusa ou açor-americana de segunda geração numa comunidade na área da Baía (San Francisco), os herdei-ros, neste caso, dos que haviam partido do Faial e Pico nas baleeiras e outros

barcos iniciando assim a nossa fuga em busca de espaço e riqueza. O romance abre com os rebentos desses primeiros aventu-reiros, os protagonistas Vince Woods (ex-Silva), mudança de nome que leva a pró-prio narrador a sorrir, a sua mulher Clara Bettencourt, e a irmã desta, Belle, solteiro-na sempre em rota da solidão silenciosa e estóica, para em breve estarmos ante a res-tante família, duas filhas de nome Louise e Lorraine, e Arnie, o filho rebelde mas cuja independência e boémia eventualmente se submetem ao poder do dinheiro e teimosia paternais. Sarah Cabral, por sua vez, a do-méstica do “castelo”, parece saída de um romance William Faulkner, corpulenta, primitiva e de bigode, não faltando sequer a sua inevitável sedução do filho primogé-nito e a introdução num monte de palha às delícias de uma mulher. O leitor é confron-tado nestas vivíssimas páginas com uma comunidade quase totalmente fechada, significativamente aparecendo como única outra personagem desenvolvida um des-cendente de irlandeses, trabalhador rural e derrotado marginal, que por algum tempo serve de companhia a Belle, num desafio por parte desta ao seu meio luso circun-dante e à “moralidade” ancestral. Falar ou entender português em San Oriel, o nome fictício da cidade San Lorenzo localizada entre San Leandro e Hayward, era como que um passaporte para os círculos desta elite dominante na primeira metade do século passado, a maioria dos seus traba-lhadores portugueses de igual modo sen-tindo-se privilegiados em relação a outros ao seu lado. Antes de chegarmos ao previ-sível colapso da terceira geração, as pági-nas simultaneamente densas de conteúdo e de uma leveza linguística magistral de The Gunnysack Castle colocam-nos, como nunca havia acontecido antes ou depois na literatura luso-americana, no centro do quotidiano próspero mas gritantemente medíocre de uma família, que por “direi-to” cívico e histórico lidera a comunidade reiterando valores que, todavia, a cami-nhada do século vai extinguindo nas gera-ções já nascidas no berço de ouro. A rique-za à base de vastas terras fazendeiras (o único e verdadeiro chão de riqueza segura e duradoura, como acredita Vince e diz ter aprendido dos antepassados açorianos) vai dando lugar à geração seguinte, a que olha sem ironia para um curso universitário e as profissões de mãos limpas como a sua saída única e desejada. O fim de tudo em The Gunnysack Castle é previsível, segue o caminho natural das grandes fortunas. Se Vince fazia tudo para que os seus filhos esquecem-se o que ele rejeitava do pas-sado, muito enfaticamente o seu passado luso, a terceira geração encarregava-se de o contrariar também nessa atitude e esco-lha: um deles, seu genro, já formado numa universidade, não só dá o nome de Vasco (em homenagem a Vasco da Gama, natu-ralmente) ao neto de Vince, como pensa fazer o seu doutoramento sobre a presen-ça portuguesa no Brasil. Mise-en-scène: é precisamente as gerações seguintes que se encarregam de nos presentear a todos como uma vigorosa escrita, na qual Julian Silve ocupa, com outros colegas seus na sua pátria americana, o topo de um novo panteão literário e cultural.Bem-vindos aos primórdios da L(USA)lândia que todos conheciam e conhecem na ruralidade californiana dos tempos idos; bem-vindos ao que tínhamos pre-senciado ou meramente espreitado na re-alidade, mas nunca tínhamos visto numa transfiguração de imenso e inesquecível poder artístico—a “cultura” e a “solidão” do real poder socioeconómico de um mini-

clã açor-americano.A presença dos dois mundos, o ancestral e a América, são lembrados e vividos de passo em passo em The Gunnysack Cas-tle, guiando toda existência quotidiana da família nesse referencial híbrido, a filoso-fia de vida dominante definida principal-mente pela memória dos tempos de luta e saída das casas pequenas e humildes com que a geração emigrada do torrão natal açoriano havia deparado no Eldorado. Cada degrau socialmente subido por esta gente, a primeira geração de luso-des-cendentes, significava mais um triunfo e menos humilhação na esperada ascensão em demanda do que então já se chamava o sonho americano. Atravessamos as pri-meiras décadas do século passado, ven-do como estes novos lordes californianos vão reagindo às mudanças radicais no seu país e no mundo. A loucura dos anos 20 provoca desconfiança ante meninas de cabelo curto e vestido mais revelador ou espampanante; a Grande Depressão é vivida sem que ninguém aparentemente tivesse culpa de nada, pois não se podia castigar o sagrado sistema económico num mundo ainda por cima fortemen-te ameaçado pelos comunistas em toda a parte (the red menace, como então se dizia), e os muitos que passaram a dor-mir de barriga vazia em tendas ou de-baixo da ponte um terrível incómodo, se calhar merecidamente caídos das graças de Deus, mas úteis para o trabalho escra-vizante que permitia a classe dominante não só se recuperar como acima de tudo prosperar ainda mais; Roosevelt tratado abaixo de cão por querer ensaiar o que hoje se chamaria, por certo, um primitivo Estado Social. Vince, na obsessão de ser aceite pela sociedade dominante anglo-americana, adiciona à sua auto-negação o respectivo racismo ante outras minorias, com os japoneses (“japs”, na linguagem pejorativa da época) servindo-lhe de par-ticulares bombos da festa. Foi esta gente que um dia John Steinbe-ck--que nunca se libertou do seu próprio racismo em relação aos portugueses e a outras minorias étnicas--denunciou ve-ementemente em As Vinhas da Ira, os fazendeiros luso-americanos tornando-se alvos preferidos do autor de Salinas, ali ao lado e vivendo na época dos mesmos expedientes e “ideologia”. Na obra de Ju-lian Silva, voltamos a lembrar tudo (e de um modo narrativo muito mais sofistica-do do que em Steinbeck), mas agora de perto, com a emoção de leitores que reco-nhecem os nomes e entendem a dualidade das linguagens com que sempre revesti-mos as nossas fantasias novo-mundistas e lembramos o país das nossas origens. Fi-camos a saber, uma vez mais, que na pá-tria de todos sonhos nada ou muito pouco no fundo nos distingue dos outros, a não ser o sotaque e o persistente gosto pelo “bacalhao”. As novas gerações vão ade-rindo, enquanto ora aberta ora sorratei-ramente partem para outros meios, onde por vezes tentarão recriar o mesmo berço de ouro, mas já sem nada lembrarem das origens e rejeitando os patriarcas a ca-minho da morte e do esquecimento. Só a literatura, agora, nos redime e ressuscita as memórias do que fomos, ou teríamos sido, só a literatura nos reaproxima a to-dos, como demonstra Julian Silva, como vêm demonstrando outros escritores luso-americanos do nosso tempo. De resto, permitam-me afirmar aqui sem quaisquer reticências que The Gunnysack Castle contém algumas das páginas mais brilhantes em língua inglesa sobre uma Festa do Espírito Santo, que já na altura

contava com todas as estruturas comunitá-rias que nos haviam de ser legadas na Amé-rica do Norte. Também aqui o narrador de Julian Silva não se poupa à ironia e a certo sarcasmo, quando tudo nos relata através das perspectivas dos que desdenham do seu passado, mas não o largam nunca. Aliás, o narrador de Julian Silva é como que um cúmplice autêntico do leitor, que ele even-tualmente poderá ter imaginado como al-guém que tudo já conhecia, mas nunca teria “ouvido” e “visto” exactamente deste modo. O mais venerando de todos os rituais aço-rianos não tem nada a ver aqui com pobres, igualdade ou fraternidade. Renasceu do luxo e exuberâncias californianas, requer as mais vistosas capas, vestidos e sapatos, e, como noutras festas religiosas ainda hoje aqui no arquipélago de origem, sai à rua acompanhado pelos seus filhos predilectos alinhados na procissão em hierarquias de riqueza, poder e influência social de qual-quer tipo ou género. A concorrência entre as famílias “de bem” transforma tudo numa patética ostentação pública dos ricos e arro-gantes nas suas respectivas comunidades, lembrando a todos que se quedam nos pas-seios a ver a procissão passar e nas barracas improvisadas de comes e bebes quem é que manda em quem. Uma vez mais, a prosa de Julian Silva é impiedosa sem deixar de ser leve e elegante, um feito literário de que poucos são capazes. Por fim, relembro que The Gunnysack Cas-tle foi recentemente republicado numa edi-ção de The Center for Portuguese Studies and Culture, University of Massachusetts Dartmouth, em conjunto com outro roman-ce de Julian Silva, The Death of Mae Ramos (este revisitando alguns personagens que já tinham aparecido na obra aqui em foco), ambos agora sob o título de Distant Music. The Gunnysack Castle é totalmente autó-nomo, mas para se perceber inteiramente The Death Mae Ramos (matriarca da famí-lia concorrente dos Woods em San Oriel) é preciso, segundo o próprio autor, ter lido o primeiro. Tenho toda a intenção de numa segunda parte deste texto dar conta dessa leitura necessariamente sequencial.

1. Alguns anos mais tarde, Katherine Vaz viria a fazer algo parecido no seu conto “The Man Who Made of Netting” (que eu traduzi como “O Homem Que Era Feito de Rede”, publicado numa série especial da extinta Salamandra (Lisboa) em 2002.

Vamberto Freitas

Diniz [email protected]

Apenas Duas Palavras

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27 PATROCINADORES

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28 1 de Outubro de 2010COMUNIDADE

Em Setembro passado foi criada a Fundação Aristides de Sousa Mendes-U.S. com o apoio da família do antigo diplomata português e heroi da Segunda Guerra Mundial. Tudo começou através do Facebook quando Olivia Mattis, filha de um judeu belga que recebeu um visto de Sousa Mendes em Junho de 1940, final-mente conheceu a família do homem que salvou a vida a seu pai. Depressa entrou em contacto com a Tribuna Portuguesa e com elementos da família Sousa Men-des para conhecer melhor a sua história. Passados cerca de 4 meses, aí está a nova fundação que tem por objectivos restaurar a Casa do Passal, residência da família

Sousa Mendes em Cabanas de Viriato, na Beira Alta em Portugal, e apoiar projec-tos nos Estados Unidos que aumentem o legado de Sousa Mendes. Presidida por Lizzy Jarvik, que recebeu um visto do Cônsul Geral de Portugal em Bordéus, a fundação tem como vice-presidente o neto Sebastian Mendes e como diretores a neta Sheila Abranches, Olivia Mattis e Harry Oesterreicher, ambos filhos e netos de refugiados salvos por Sousa Mendes, e Miguel Ávila, diretor adjunto da Tribu-na Portuguesa. A fundação lançou já um site em www.sousamendesfoundation.org e está no Facebook ("Aristides de Sousa Mendes Foundation-US").

Casa dos Açores de Hilmar ensina InglêsA Casa dos Açores de Hilmar, a partir do dia 28 de Setembro, e das 7:00 pm até 9:00 pm está a oferecer duas horas semanais para quem queira aprender ou melhorar o seu Inglês.A classe está a cargo da professora Maria Salvador, de Hilmar.As aulas são grátis para todos, e destinam-se a todas as idades e comunidade em geral.Para mais informação podem contactar o Presidente da Casa dos Açores, Vital Marceli-no pelo telefone 209-480-3777

Teve lugar no dia 17 de Setembro a primei-ra reunião do Conselho Consultivo da àrea consular do Consulado-Geral de Portugal em San Francisco. Compete ao Conselho produ-zir informações e pareceres sobre as maté-rias que afectam os portugueses residentes na respectiva área de jurisdição consular, assim como elaborar e propor recomendações res-peitantes à aplicação das políticas dirigidas às comunidades portuguesas.A constituição do Conselho é a seguinte:Cônsul-Geral, António Costa Moura, Direc-tora do AICEP, Maria João Bonifácio, Coor-denadora do Ensino de Português na Califor-

nia (vago), Vice-Cônsul, Manuela Ávila Silveira, Manuel do Bem-Barroca, Rodrigo Leal Alvernaz, Batista Vieira, Elmano Costa, Manuel Eduardo Vieira, Manuel Bettencourt, Idalmiro da Rosa, Deolinda Adão e António Goulart.Este primeiro encontro serviu apenas para todos os conselheiros se conhecerem melhor e definir futuros encontros. O Conselho reune ordináriamente três vezes por ano, em data a convocar pelo presidente, e extraordináriamente por iniciativa do seu presidente ou a requerimento de, pelo menos, um terço dos seus membros.

Conselheiros reunem-se no Consulado

It was with great jubi-lation that we learned that San Diego had been the community

chosen to receive the N.P.R. Sagres and to celebrate the Day of Portugal, Camo-es, of of the Communities and of the Armed Forces in 2010.

As a Portuguese and an Immigrant, versed on the Community and well aware of the "modus vivendi" of the Portuguese Communi-ty and Luso-American in San Diego County and ob-viously of the entire State of California, I was deeply saddened with the level of preparation for the visit of the Sagres and of the Am-bassador of Portugal in Washington. The results were evident by the many

failures, especially, as it re-ferredddd to protocol that should have been exercised during the visit, and whi-ch in the minimum should have included a ceremony at the Monument to Joao Rodrigues Cabrillo, due to the strong ties that exist be-tween the Portuguese Navy and the multi-national festi-val that commemorates the arrival of the first Europe-an in what is now the West Coast of the United States. Failures of this caliber are not acceptable, nor can the lack of welcoming and sen-ding off ceremonies for the Sagres, be blamed on igno-rance.

This is not the first trip of the Sagres to San Diego. Past visits were well de-fined by the level of orga-

nization that is possible, if such an event is coordina-ted by competent persons in the community.

However, not all was nega-tive, as the presence of the Sagres in the Port of San Diego, could not have better represented Portugal, and the reception on board of the Sagres, was as always, an unforgettable evening. Additionally, the presence of the Ambassador of Por-tugal, contributed the fact that the Day of Portugal 2010 in San Diego, will ne-ver be forgotten.

José Maurício Lomelino Alves

Vista, CA

The Sagres in San Diego - A Visit That Deserved More!

Fundação Aristides Mendes de Sousa - US

Em cima: Manuel Bem-Barroca, Manuel Eduardo Vieira e Tony Goulart (encobertos), Ma-ria João Bonifácio, Deolinda Adão e Idalmiro da Rosa.

Embaixo; Deolinda Adão, Idalmiro da Rosa, Manuel Bettencourt, Manuela Silveira (enco-berta) e António Costa Moura

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Assine o Tribuna Portuguesa e fique a par do que se passa na nossa

Comunidade

California Chronicles

Ferreira MorenoNêspera - portuguese for Loquat

The loquat, called nespera in Por-tuguese, is a pearl-shaped fruit, yellow in color, containing large stony seeds. Obviously, the seeds

are not for eating, but the pulp certainly is, due mostly to its characteristic mellow-acid taste, at times somewhat bitter, but otherwise deliciously sweet and juicy.The loquat has a delicate flavor. It grows in clusters, and it is particularly prized as the first soft fruit to mature, ripening in spring, ahead of peaches and apricots.The loquat can be eaten fresh, in fruit sa-lads or stewed, and it is sometimes made into jam or jelly.The loquat tree is an evergreen plant nati-ve of China, where it has been cultivated for over a thousand years. It is now natura-lized and cultivated around the world, in-cluding California, South America, Japan, India, the Mediterranean and Australia. Today, Japan is the world's largest produ-cer of loquats. Although the loquat tree is grown primarily for its pomes (fruit), it is also utilized as a decorative plant.Curiously, when loquat trees were introdu-ced in the Azores Islands it was for the sole purpose to serve as decoration. It was the aristocrat Barão da Fonte Bela (the Baron of the Beautiful Fountain), who was the one directly responsible for bringing and

planting the first loquat trees on São Mi-guel Island in the year 1819.Those original loquat trees adapted them-selves quite easily and developed rapidly in the island soil. Soon the fruit gained in popularity among the local people, and tree samples were later distributed and planted on other Azorean islands. The tree also grew in importance due to the quality of its wood, hard enough for construction of carts and farming too1s.Meanwhile, on São Miguel Island, the pro-duction and culture of loquats took a new direction. With the decline of the orange commercialization, which until the mi-ddle of the 19th century had been a very successful and profitable enterprise and source of extraordinary income, it was su-ggested that increasing the production of loquats might remedy the citrus crisis.As someone observed at the time, “The loquats have such an exquisite flavor that, except for oranges, there is no other fruit presently as abundant and desirable as the loquat on São Miguel Island."The magazine "Agricultor Micaelense", in its edition of September 1849, published the following: “The loquat tree is a robust plant, extremely pro1ific, and capable of adapting itself to any kind of soil. It mul-tiplies easily through layering or seeding.

The fruits are succulent, subacid and pul-pous. The pulp is tender and can be used to make a most pleasant liqueur. In the months when oranges are no longer availa-ble, loquats appear bringing freshness and pleasure."

Once loquats proved to be deli-cious and popular in the local stores, a member of "Socieda-de Promotora da Agricultura",

named Amâncio Gago da Câmara, in the spring of 1849, began exporting to En-gland several boxes of loquats. Unfortuna-

tely, the ambitious project never achieved the importance and success which had oc-curred previously with the commerce and exportation of oranges.So the operation ended in an apparent fiasco, but not in a total disgrace, as the nespereiras (1oquat trees) were being transplanted to the other Azorean is 1ands and became very useful, not only for the abundance of their fruit, but al so for the aguardentes (brandies) extracted from the loquats.In the Azores Islands loquats are also kno-wn as "mónicas", and the seeds are equally called "pevides and caroços" Some of the local folks use loquats to make what they call açorda (panada), a type of a very tasty soup mingled with bread.In her little book "Foods from the Azores Islands", Deolinda Maria Avila presents a recipe for doce de nêspera (loquat Jam). Another recipe for similar jam can be found in Augusto Gomes'Traditional Cui-sine of São Miguel Island.Finally for those who appreciate loquat pie (torta de nêspera), as well as loquat chu-tney (cortume de nêspera) the respective recipes are included in The Azorean Ki-tchen, a collection of recipes, compiled and written by Penelope Feathers, Mary Gillies and Jean Hegardt.

The Portuguese American Leader-ship Council of the United Sates to hold Gala at UMASS/Dartmount.

Manassas, VA – PALCUS will hold that the 14th Annual Leadership Awards Gala at the UMASS at Dartmouth, Mass on Oc-tober 23, 2010, The event, held for the first time in the state of Massachusetts, will recognize the Luso American success in the United states will kick off with the reception at 6:30 to be followed by the dinners.Massachusetts State Senator Marc Pacheco, the only Portuguese American on the Mass Senate, will serve as Honorary Chairman, and Ricardo Farias will be the master of ce-remonies.The Leadership Awards, the main event of the evening, will be made to the following individuals:

Carlos Cesar - President of the Regional Government of the Azores; International AwardRui Machete – former President of FLAD; Lifetime AwardJoaquim Almeida – Portuguese born well know actor; -Film awardPeter Sousa – White House Photographer; - Art awardM. Teresa Paiva Weed – President of the RI Senate – Public Service Award;Ferreira Mendes – Sisters – Philanthropy AwardManuel Canito – Community AwardKatie Stevens – Promessa Award

There is a block of Rooms under the name of PALCUS at the Fairfield Inn Marriot in New Bedford.

PALCUS is the most prominent National Portuguese American organization, based in the Washington DC, with volunteer di-rectors throughout the US. It is a non pro-fit, 501 c 3 founded in 1991.Among the activities are the internships for young Portuguese American, the census 2010 campaign, the Madeira Re-lief campaign, the People Museum, In 2010 PALCUS adopted the Espirito Santo School in Fall River, the oldest school te-aching Portuguese in the East Coast cele-brating 100 years of teaching.The Annual Leadership Awards Gala is a black tie event and expected to attended besides the Awards Recipients is HE the Ambassador of Portugal Dr. Joao de Vale-ra. Previous event took place in Hartford, CT, San Jose, CA, Providence, RI, Newa-rk, NJ, New York and Washington DC.

For more information you may contact the office or Fernando G. Rosa, Chairman 860-614-8614

Palcus 14th Annual Gala

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30 1 de Outubro de 2010PATROCINADORES

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32 1 de Outubro de 2010ULTIMA PAGINA

Praça de Toiros de São João

Dia 16 de Outubro de 2010as 3 horas da tarde

3 Toiros da Ganadaria Pico dos Padres 3 Toiros da Ganadaria Frank Borba & Filhos Cavaleiros

Grupo de Forcados

Feira Taurina de Thornton

Rui Salvador Paulo Ferreira

Filipe Gonçalves

Amadores de Turlock

Amadores do Aposento de Turlock

Praça de Toiros de São João

Dia 18 de Outubro de 2010às 8 horas da noite

3 Toiros da Ganadaria Manuel Costa 3 Toiros da Ganadaria Açoriana

Cavaleiros

Grupo de Forcados

Rui Salvador Paulo Ferreira

José Luís Gonçalves

Amadores de Turlock

Admissão: $30.00 para cada corrida

Matador

Não perca a melhor Feira Taurina da California