Tecnologia CADCAM aplicada a prótese dentária

download Tecnologia CADCAM aplicada a prótese dentária

of 6

Transcript of Tecnologia CADCAM aplicada a prótese dentária

  • Jornal ILAPEO

    Srgio Rocha Bernardes1, Rodrigo Tiossi2, Ivete A. de Mattias Sartori3, Geninho Thom4

    1CD, Ms, PhD, ILAPEO.2CD, Ms, PhD, ILAPEO.3CD, Ms,PhD, Coordenadora do Curso de Especializao em Prtese Dentria, ILAPEO.4CD, Ms, PhD, Presidente Neodent.

    Autor correspondente:Srgio Rocha Bernardes.Rua: Jacarezinho,656 Mercs, CEP:80710-150. Curitiba, Paran, Brasil.email: [email protected]

    RESUMO

    Novas tecnologias utilizadas na Odontologia, como a digitalizao de imagens, levaram a mudanas significativas na obteno de prteses e infraestruturas protticas. A grande rea da engenharia desenvolve processos para fabricao de diversos produtos industrializados com auxlio da tecnologia CAD/CAM (Computer-aided design/Computer-ai-ded manufacturing - desenho auxiliado por computao e manufatura auxiliada por computao). O uso desta tcnica vem sendo sugerido na clnica odontolgica desde a dcada de setenta, com o objetivo de simplificar, automatizar e garantir nveis de qualidade com adaptaes micromtricas das prteses dentrias. O processo pode envolver di-ferentes ambientes: industrial, laboratorial ou clnico. Este estudo ir apresentar uma reviso crtica da literatura, apresentando o sistema CAD/CAM, seu funcionamento, suas vantagens e desvantagens e dis-cutir sobre o estado atual do sistema para o desenho e obteno de prteses e restauraes por usinagem auxiliada por computadores.

    PALAVRAS-CHAVE

    CAD-CAM, Implantes Dentrios, Prtese Dentria.

    ABSTRACTNew technologies used in dentistry, such as image digitization, have led to significant changes in the fabrication of prosthetic frameworks and restorations. Several consumer products are fabricated with the aid of the CAD/CAM (Computer-aided design/Computer-aided manu-facturing) technology. The use of the CAD/CAM technique in dentistry dates back from the 1970s, aiming to simplify, to mechanize, and to en-sure micrometrical fit to dental prosthesis. The fabrication process may incorporate different environments: industrial, laboratorial, or clinical. This study aims to critically revise the scientific literature, introducing the CAD/CAM system, its functioning, its advantages and disadvanta-ges, and to discuss the state of the art of the system in designing and fabricating dental prostheses and restorations.

    KEYWORDSCAD-CAM, Dental Implants, Dental Prosthesis.

    INTRODUO

    Ao longo dos anos, a prtese odontolgica sofreu alteraes significativas graas ao desenvolvi-mento de diferentes materiais restauradores. Tentati-vas de reposio dentria que ocorreram nos sculos dezesseis e dezessete envolveram dentes artificiais feitos base de marfim, ouro, lato e at mesmo ma-deira1. Inclusive existem relatos de implantes dent-rios feitos a partir de conchas que foram encontrados inseridos na cavidade oral de mmias2. A introduo da tcnica de fundio por cera perdida2 e o adven-to das cermicas dentrias talvez possam ser citados como de grande importncia para que possibilidades reabilitadoras com semelhana ao dente natural, esta-bilidade qumica e propriedades fsicas pudessem ter se tornados possveis3. O processamento laboratorial das diferentes partes que compem uma prtese dentria um pro-cesso complexo que envolve materiais com diferentes propriedades e caractersticas. A primeira coroa de porcelana feldsptica pura foi introduzida em 19054. No entanto, as cermicas utilizadas em prteses fixas tiveram maior sucesso a partir da aplicao destas sobre infraestruturas metlicas, devido combinao das propriedades mecnicas de ambos os materiais restauradores: cermicas friveis associadas a metais dcteis e tenazes. Os diferentes profissionais envolvidos (den-tista e tcnico em prtese dentria/TPD), os diversos tipos de processamentos, materiais restauradores, indicaes e necessidades, associados ao nvel de exigncia clnica em relao adaptao, passivida-de, esttica, suporte, restabelecimento da funo com harmonia fisiolgica e qualidade macro e micromtrica da prtese dentria, tornam essa especialidade odon-

    Tecnologia CAD/CAM aplicada a prtese dentria e sobre implantes: o que , como funciona, vantagens e limitaes. Reviso crtica da literatura.

    08

  • Volume 06 | n 01 | Jan. Fev. Mar . 2012

    tolgica altamente complexa. O domnio das tcnicas de algutinao e sinte-rizao em forno especfico3, sendo cada camada es-tratificada de acordo com a necessidade esttica, per-mitiram obter nas reabilitaes um perfeito mimetismo com as propriedades ticas das estruturas remanes-centes. Durante muitos anos, este tipo de trabalho, as coroas metalocermicas assim obtidas, significaram o mximo que a Odontologia oferecia nas reabilitaes. Porm, devido a alguns problemas identificados em controles clnicos, como aparecimento de superfcies metlicas nas regies cervicais das restauraes, te-cido gengival com aparncia enegrecida no contorno cervical e falta de opalescncia nas prteses devido transmisso desfavorvel da luz, assim como relatos de incompatibilidade de metais na cavidade oral, leva-ram busca por tcnicas que permitissem o uso das porcelanas sem associao com metal, como as cha-madas prteses metal free. Para suprir essa deman-da, os materiais cermicos se modificaram3-6. Surgiram ento as porcelanas com carga, que passaram a permitir a aplicao na regio do ombro na face vestibular, a tcnica collar less assim como a produo de restauraes intracoronrias. Como a esttica foi muito melhorada, foram introduzidas as porcelanas injetadas e as cermicas aluminizadas in-filtradas por vidro. Assim, passou-se a poder oferecer prteses de at trs elementos sem associao com metal, tendo depois surgido as cermicas de zircnia infiltradas por vidro, em busca da possibilidade de exe-cuo de prteses um pouco mais extensas. Como a resistncia do material o fator primordial para deter-minar a indicao da tcnica assim como a preserva-o da reabilitao ao longo do tempo, a necessidade de desenvolvimentos que levassem possibilidade de execuo de reabilitaes de maiores extenses le-vou busca pela tecnologia CAD/CAM. Esta tecnologia j estava presente na grande rea da engenharia. H alguns anos, a fabricao de diversos produtos industrializados j realizada com auxlio da tecnologia CAD/CAM. Desde a dcada de setenta, a aplicao desta tcnica vem sendo suge-rida na clnica odontolgica com o objetivo de simpli-ficar, automatizar e garantir nveis de qualidade com adaptaes micromtricas das nossas prteses den-trias7,8.

    O que a tecnologia CAD/CAM CAD/CAM uma sigla na lngua inglesa para Computer-Aided Design e Computer-Aided Manufac-toring8,9 que significam, respectivamente: desenho auxiliado por computao e manufatura auxiliada por computao. A indstria de maneira geral utiliza esse processo com o objetivo de automatizar, agilizar e controlar os processos de fabricao. O CAD ou o desenho realizado pelo compu-tador teve sua origem depois do desenvolvimento de programas ou softwares de computadores, bem como

    o hardware ou a mquina propriamente dita. Hoje, grande parte da populao tem acesso e est habi-tuada tecnologia virtual, trabalhando com arquivos computacionais ao invs de objetos reais. Por exem-plo, a escrita e at mesmo a leitura da rotina diria est cada vez mais vinculada ao uso de computado-res pessoais contra mquinas de datilografia, papis e seus derivados. Assim, o trabalho de projetistas nos dias de hoje muito mais rpido do que alguns anos atrs, pois os computadores permitem que tais profis-sionais realizem seu trabalho em um computador10. No caso da prtese dentria, o modelo de gesso ou at mesmo a arcada dentria dos pacientes podem ser digitalizados, se transformando em arqui-vos (ou files) por processos de escaneamento. O es-caneamento uma tcnica de digitalizao de objetos reais a partir de imagens geradas por luz ou, original-mente, por contato. Assim, podemos ter scanners in-traorais ou de bancada, a partir da captao do reflexo da luz ou por contato fsico. A tabela 1 sugere uma classificao para os scanners de acordo com suas diferentes caractersticas. De maneira geral, as deci-ses a respeito do uso de scanners dizem respeito da qualidade da imagem gerada, do tempo de escanea-mento, da necessidade de preparo da amostra a ser escaneada, do tamanho do scanner, do volume inter-no do scanner, da forma com que a pea escaneada e da tecnologia tica empregada, bem como de como o paciente ser escaneado, se a partir do modelo de gesso, moldagem ou com moldagem intraoral. Uma vez que as imagens so adquiridas pelo escaneamento, as mesmas so importadas para softwares de planejamento e manipulao das ima-gens captadas que sero trabalhadas com auxlio do computador. Normalmente os softwares para captura e trabalho com as imagens esto no mesmo computa-dor em que o scanner est conectado. Nesses progra-mas, as imagens ou o modelo de gesso virtual so trabalhados e as futuras restauraes so criadas. Podemos chamar este procedimento de enceramen-to virtual; nele, os espaos edntulos so preenchi-dos a partir da modelagem das imagens. Os softwares especficos para a prtese den-tria tm um banco de dados ou biblioteca onde as formas dos dentes, dos componentes protticos e implantes dentrios esto arquivadas. Assim, quando h a necessidade do enceramento virtual, o programa ajuda o programador inserindo a imagem determinada pelo operador, que fez o diagnostico prvio da regio a ser reabilitada ou do componente prottico que ser utilizado sobre o implante ou intermedirio. Os softwa-res podem ser: (1) abertos, esses importam imagens de quaisquer scanners, bem como exportam ou en-viam dados para quaisquer mquinas de usinagem controlada; ou (2) fechados, esses programas s acei-tam recebimento e envio de dados para determinadas mquinas de captao de imagens e usinagem, ou seja, um processo totalmente incomunicvel entre os diferentes processos.

    09

  • Jornal ILAPEO

    O processo CAM, ou a manufatura auxiliada pelo computador, nada mais do que a materializao ou fabricao da imagem virtual trabalhada no softwa-re CAD. Desde que mquinas CNC ou Computer Nu-meric Control (controle numrico computadorizado) foram desenvolvidas, o processo CAM foi tambm criado. Mquinas ou tornos controlados por computa-dores realizam os procedimentos de usinagem com alta preciso a partir de uma lista de movimentos es-crita num cdigo especfico. Tal cdigo permite o con-trole simultneo de vrios eixos para corte de material ou matria prima. Assim, a forma e os cuidados do corte ou usinagem so respeitados e controlados de forma automatizada. A usinagem com CAM pode ser classificada como: (1) industrial; (2) in lab ou laboratorial; e (3) clnico. Os tornos in lab e clnicos so normalmente peas menores, mais leves e apresentam custos mais acessveis comunidade odontolgica de forma geral. Tornos industriais normalmente so maiores, com cus-tos maiores e normalmente so adquiridos por empre-sas ou grandes companhias que constroem centrais de usinagem. Algumas diferenas entre os dois pro-cessos so mapeadas pela tabela 2. Tais diferenas resultam em vantagens e desvantagens a serem leva-das em considerao pelo profissional no momento de decidir em qual tecnologia um profissional vai investir. O processo clnico o mais novo entre os trs e pode envolver todos os procedimentos envolvidos (escane-

    amento, enceramento virtual e usinagem in lab) ou apenas parte deles, como no caso de scanners intra orais com envio de imagens para empresas via rede de comunicao (internet). Entre os trs, este o que exige maior investimento inicial ao dentista envolven-do, provavelmente, a formao de uma equipe multi-disciplinar. Algumas caractersticas podem influenciar na qualidade final do produto como, por exemplo, o peso da mquina de usinagem. Tornos menores e mais le-ves podem vibrar ou se deslocar com mais facilidade que mquinas maiores, resultando em limitaes na usinagem. Quanto maior uma maquina de usinagem, maior sua capacidade de copiar pequenos detalhes de uma restaurao odontolgica pela quantidade de eixos em que determinada ferramenta pode trabalhar, quanto menos eixos uma maquina possui, menor, mais simples e mais barata ela tambm . A maior vantagem do processo laboratorial a sua versatilida-de, pois a pea fica pronta imediatamente aps a usi-nagem, que pode estar inclusive dentro do ambiente ambulatorial-clnico, podendo resultar em maior pro-dutividade. O controle de qualidade das peas fabricadas pode ser feito de trs maneiras: direto em boca, no modelo de gesso ou com auxlio de um modelo ou r-plica da cavidade oral ou troquel da rea que foi esca-neada; ambas de forma convencional (a olho nu) ou com ajuda de lentes de aumento ou medidores auto-

    Classificaes Forma de escaneamento

    Local para escaneamento

    Tipo de escaneamen-to

    Tecnologia tica

    Tcnicas para escaneamento

    Materiais a serem escaneados

    Tipos

    1. Intraoral 1. Clnica Odon-tolgica

    1. Por contato 1. Luz 1. Necessidade do uso de sprays sobre o material a ser escaneado

    1. Troquel

    2. Extraoral, de bancada ou

    laboratorial

    2. Central de escaneamento

    2. Tecnologia tica

    2. Laser

    2. Sem necessidade do uso de sprays

    sobre o material a ser escaneado

    2. Modelo de gesso parcial

    3. Ambas

    3. Modelo de gesso total

    4. Modelos de gessos com

    componentes para escaneamento sobre

    implantes ou intermedirios

    5. Moldagens orais em moldeiras para impresso.6. Dentes ou arcada

    dentria dos pacientes

    7. Componentes de escaneamento sobre

    implantes ou inter-medirios dentro da boca dos pacientes

    Tabela 1. Classificao das diferentes opes de scanners odontolgicos.

    10

  • Volume 06 | n 01 | Jan. Fev. Mar . 2012

    matizados. Hoje, as mquinas de impresso por pro-cessos de estereolitografia (tcnica em que se depo-sitam vrias camadas de resinas de forma controlada por processos CAD/CAM que so imediatamente poli-merizadas) podem ajudar uma fabrica a fazer ajustes fora em ambiente com ajuda de prottipos rpidos ou rplicas daquilo que foi inicialmente escaneado. Em-presas de implantes tm o dever de se comprometer em ter peas (implantes e componentes protticos) com limites de adaptao (tolerncias) eficientes, pois isso tambm determina a qualidade de um sistema.

    Como funciona a tecnologia CAD/CAM De forma simples, podemos dividir as tecnolo-gias CAD/CAM em diferentes partes e essas determi-nam diretamente no s a qualidade do produto final, mas tambm as opes de tipos de prteses e mate-riais que se pode trabalhar. Dependendo da tecnologia que a equipe reabilitadora deseja empregar, pode-se ter ou no acesso a determinados materiais odontol-gicos e tipos de prteses. Hoje, algumas fresadoras no conseguem usinar peas grandes, com mais de um determinado nmero de elementos, dependen-do da sua origem ou marca. Algumas mquinas tm limitao ao usinar estruturas de metais como as li-gas de Cobalto-Cromo, que so extremamente duras. Por isso, recentemente foram lanadas no mercado odontolgico, diferentes tecnologias de produo de infraestruturas, que no apenas as fresadoras, para tentar compensar as limitaes de determinadas tec-nologias. As zircnias, por exemplo, necessitam ser usinadas nas fases verdes ou pr-sinterizadas, se-no a qualidade do produto final insatisfatria e, por

    isso, elas necessitam de fornos para sinterizao ps-usi-nagem. O que pode dificultar o entendimento de como funciona a tecnologia CAD/CAM o fato de esta envolver vrias partes, que foram separadas na tabela 3. De acordo com as centrais, podemos ter: (1) centrais de usinagem; (2) centrais de escaneamento; (3) centrais de usinagem e escaneamento e todos os trs tipos podem ser industriais, laboratoriais e clnicas. Todas as partes envolvidas se comunicam entre si, por isso as grandes opes de ferramentas para se trabalhar com tecnologia CAD/CAM.

    Vantagens da tecnologia CAD/CAM A usinagem de blocos metlicos resulta em me-nor oxidao e maior preciso para as infraestruturas das prteses quando comparadas a infraestruturas fundidas, at mesmo quando comparadas a estruturas fundidas em ouro11,12 e fundidas em liga de prata-paldio12,13. A tecnologia CAD/CAM permite o controle de qualidade a nvel micromtrico, o que de grande importncia, es-pecialmente em infraestruturas de prteses parafusadas sobre implantes, pois essas exigem mais preciso de adaptao do que as prteses cimentadas sobre dentes ou implantes, j que o cimento facilita na passividade da pea. Estruturas adaptadas diretamente sobre um implante ou intermedirios customizados so as pe-as que exigem o maior critrio de adaptao, pois so peas sempre parafusadas. De maneira geral um sistema de implante garante a qualidade de seus produtos uma vez que o profissional trabalhe com a mesma empresa, desde o implante ao componente prottico. A mistura de peas compatveis pode re-

    Tabela 2. Diferenas entre processos CAM industrial, laboratorial e clnico.

    Tecnologias CAM

    Industrial Laboratorial Clnico

    Propriedades

    Menor investimento inicial, pois o modelo enviado para centrais

    de escaneamento

    Maior investimento inicial (normalmente scanner de

    bancada, computador, torno e fornos,

    dependendo do material a ser empregado)

    Investimento inicial mdio quando h o envio dos dados para centrais de usinagem industrial ou laboratorial (neste caso, inves-

    timento em scanner intraoral e computa-dor). Por outro lado, o usurio pode investir

    mais se desejar ter todo o processo CAD/CAM: em torno e fornos dependendo

    do material a ser empregadoEscaneamento intraoral ou do

    modelo de gessoEscaneamento do modelo

    de gessoEscaneamento intraoral ou do modelo de

    gessoDepende de controles internos

    fabris (processos mais burocratizados). Envio de peas

    pelo correio

    Rapidez e agilidade na entrega da restaurao

    Rapidez e agilidade na entrega da restaurao quando o processo fabril

    estiver dentro do mesmo ambiente que o paciente

    Oferece garantia Custos de retrabalho sero sempre do proprietrio

    Garantias dependem se o profissional quer ter todo o processo ou no

    Controle de adaptao fabril (maior controle) direto sobre mo-delos de gesso ou em rplica dos modelos/troquel gerados a partir dos escaneamentos (prottipos

    rpidos em Estereolitografia)

    Controle de adaptao convencional sobre o

    modelo de gesso

    Controle de adaptao convencional direto sobre os dentes ou em modelos de gesso

    11

  • Jornal ILAPEO

    sultar em alteraes na tolerncia entre as peas, o que poderia levar a falha mecnica da restaurao. No caso das prteses implantossuportadas, estudos j reportaram resultados de adaptao margi-nal de 3,7 m em infraestruturas usinadas de zircnia e de 3,6 m em infraestruturas usinadas de titnio12. J foi sugerido que, para uma prtese ser considera-da passiva durante seu assentamento, um desajuste vertical de at 10 m seria necessrio14. Contudo, no mesmo estudo mencionado anteriormente12, quando a passividade das estruturas foi avaliada, pela anli-se do desajuste vertical no lado desparafusado das prteses implantossuportadas de trs elementos, os resultados foram significativamente menos satisfat-rios para o titnio (13,6 m) do que para a zircnia (5,5 m). No caso das prteses implantossuportadas, estudos j reportaram resultados de adaptao margi-nal de 3,7 m em infraestruturas usinadas de zircnia e de 3,6 m em infraestruturas usinadas de titnio12. J foi sugerido que, para uma prtese ser considera-da passiva durante seu assentamento, um desajuste vertical de at 10 m seria necessrio14. Contudo, no mesmo estudo mencionado anteriormente12, quando a passividade das estruturas foi avaliada, pela anlise do desajuste vertical no lado desparafusado das prteses implantossuportadas de trs elementos, os resultados foram significativamente menos satisfatrios para o ti-tnio (13,6 m) do que para a zircnia (5,5 m). J para as prteses suportadas por dentes, os parmetros de desajuste vertical esperado so dife-rentes8. Foi sugerido que o nvel de desajuste clnico ideal seria entre 25 e 40 m15. Contudo, muitos clni-cos concordam que o desajuste marginal no deve ser maior que 50 a 100 m16-18. Em estudos publicados recentemente, foi encontrado que a maioria dos sis-temas CAD/CAM usados atualmente na Odontologia so capazes de obter estruturas com nveis de adap-tao inferiores a 100 m8,19,20. A qualidade da adapta-

    o depende de todos os passos envolvidos: preparo do caso, escaneamento, modelagem em CAD, usina-gem, controle de qualidade, checagem e critrio da prova em boca. A tecnologia CAD/CAM tambm oferece a possibilidade de se obter infraestruturas de prtese com diferentes materiais (Zircnia, Liga de Cobalto--Cromo, Titnio, entre outros) disponveis atualmente com o uso do mesmo processo de fabricao (usina-gem). A limpeza do ambiente de fabricao das estru-turas tambm maior, devido possiblidade de esca-neamento dos preparos ou da posio dos implantes, assim com menor nmero de pessoas envolvidas no processo de obteno das estruturas. Esta nova tcnica apresenta mais facilidade de uso, melhor qualidade, maior gama de aplicao e mais complexidade. Ela permite a aplicao de no-vos materiais com mais segurana, que por sua vez podem ser mais estticos, com desgastes parecidos ao esmalte e resistncia suficiente para serem usados em coroas totais posteriores e em prteses parciais fixas8. Repeties podem ser feitas com mais rapi-dez e menos trabalho porque os modelos so compu-tadorizados e o enceramento um arquivo armaze-nado em um computador. A existncia de um modelo virtual pode ser uma forma de arquivar pacientes sem a necessidade de uma grande rea de estoque para esse material.

    Limitaes da tecnologia CAD/CAM Os sistemas CAD/CAM clnicos ou laborato-riais possuem algumas limitaes e fatores que po-dem afetar a preciso da adaptao. Dentre eles, podemos citar limitaes de uso de alguns softwares usados para desenho das restauraes, assim como limitaes do hardware utilizado, como a cmera, o equipamento de escaneamento e as mquinas de usi-nagem4. A experincia e conhecimento dos clnicos e tcnicos de laboratrio tambm so de extrema impor-tncia quando sistemas CAD/CAM clnicos ou labora-

    Tecnologias en-volvidas

    Escaneamento ou digitalizao de imagens (CAD)

    Softwares ou programas de computao

    (CAD)

    Fabricao (CAM) Material odontol-gico restaurador

    Tipos de prteses/produto

    final

    Tipos Intraoral (ambiente clnico)

    Aberto Usinagem Industrial

    Metais (titnio, CoCr)

    Unitrias (meta-locermicas ou

    cermicas puras)Extraoral

    (ambiente labora-torial ou industrial)

    Fechado Usinagem Laboratorial

    Cermicos (Dissilicato de

    Ltio, Zircnia/Y-ZTP, Feldspticas

    reforadas)

    Parciais (metaloce-rmicas, cermicas puras, metalopls-

    ticas ou ambas)

    Tecnologias diferentes da

    usinagem (podem ser industrial ou

    laboratorial)

    Acrlicos e ceras Totais (metalocer-micas, cermicas

    puras, metaloplsticas ou

    ambas)

    Tabela 3. Resumo das partes envolvidas para funcionamento da tecnologia CAD/CAM aplicada s prteses dentrias.

    12

  • Volume 06 | n 01 | Jan. Fev. Mar . 2012

    toriais forem utilizados4,21. O material que ser escaneado (modelo de gesso, material de moldagem ou a arcada dentria) pode apresentar vantagens e limitaes de acordo com o processo escolhido. Os preparos subgengivais dificilmente so digitalizados com a tecnologia dispo-nvel nos dias de hoje em processos de escanemento intra oral. Para este tipo de preparo (subgengival), o escaneamento de moldagens ou do modelo em ges-so deve ser a primeira opo. O escaneamento de implantes e componentes apresentam grande efic-cia, pois como so peas parafusas ou perfeitamente adaptadas sobre as fixaes. Assim, o processo de escaneamento intra oral pode resultar em menos pas-sos clnicos, ou seja, menor possibilidade de distor-es, sendo esse de primeira opo neste caso (sobre implantes). Em determinados casos, h a necessidade do uso de produtos (Sprays) que reflitam a luz emitida e capturada pelos scanners, com o objetivo de gerar a imagem CAD. Estes sprays podem resultar em uma fina camada que pode gerar desadaptao da restau-rao final. Alguns sistemas que utilizam o escaneamento por contato apresentam m qualidade da imagem ge-rada e no so capazes de reproduzir adequadamen-te superfcies retentivas proximais com menos de 2,5 mm de largura e com mais 0,5 mm de profundidade4,22. Preparos com trmino em lmina de faca, presena de sulcos retentivos profundos e morfologia oclusal complexa tambm no so recomendados, no s para o escaneamento e para a usinagem, mas tam-bm para minimizarem as tenses que sero geradas nas restauraes com preparos e geometria marginal inadequados4,22. Normalmente preparos de dentes para esca-neamento e aplicao de tecnologia CAD/CAM exigem preparos ntidos e arredondados, devem-se seguir as recomendaes dos fabricantes, pois o tamanho da fresa que uma maquina de usinagem usa para fabri-car uma pea deve ser compatvel com a broca que o dentista usa para preparar o dente em boca. Desta maneira, um problema adicional nas restauraes usi-nadas cermicas que a broca para o corte interno pode possuir maior dimetro que partes do preparo dentrio como, por exemplo, a margem incisal, o que resultaria em desajustes internos maiores que os ob-tidos por outros mtodos de fabricao4,23. Tambm devemos ressaltar a necessidade de investimento em treinamento de pessoal e material. Como em qualquer tcnica, o fator huma-no tambm decisivo em processos CAD/CAM. Por exemplo, pode-se alterar o espao interno para cimen-tao em muitos softwares para desenho de prteses. Recomenda-se que este parmetro seja varivel, pois dependendo da restaurao, material restaurador e do tipo de preparo, este espao deve ser maior ou menor.

    CONCLUSO

    Com base nos dados encontrados na litera-tura cientfica, podemos concluir que a evoluo dos sistemas CAD/CAM usados atualmente na Odonto-logia capaz de produzir restauraes protticas de alta qualidade e com muitas opes de materiais res-tauradores e tipos de prtese. Apesar disso, a tcnica por si s no decisiva para o sucesso, pois envolve vrias etapas. Os vrios passos envolvidos devem ser controlados para correta concluso de um trabalho. Assim, a tcnica depende diretamente dos passos clnicos, do escaneamento, da modelagem computa-cional, da fabricao, do controle de qualidade, das opes de materiais, dos tipos de prtese e da finali-zao laboratorial.

    REFERNCIAS

    1. Johnson WW. The history of prosthetic dentistry. J Prosthet Dent. 1959;9:841-6.2. Anusavice KJ, Phillips RW. Phillips science of dental materials. St. Louis, Mo. Saunders, 2003.3. Kelly JR, Nishimura I, Campbell SD. Ceramics in dentistry: histori-cal roots and current perspectives. J Prosthet Dent. 1996;75:18-32.4. Conrad HJ, Seong WJ, Pesun IJ. Current ceramic materials and systems with clinical recommendations: a systematic review. J Pros-thet Dent. 2007;98:389-404.5. Sailer I, Feher A, Filser F, Gauckler LJ, Luthy H, Hammerle CH. Five-year clinical results of zirconia frameworks for posterior fixed par-tial dentures. Int J Prosthodont. 2007;20:383-8.6. Gomes EA, Assuno WG, Rocha EP, Santos PH. Cermicas odontolgicas: o estado atual. Cermica. 2008;54:319-25.7. Wildgoose DG, Johnson A, Winstanley RB. Glass/ceramic/refrac-tory techniques, their development and introduction into dentistry: A historical literature review. J Prosthet Dent. 2004;91:136-43.8. Liu PR, Essig ME. Panorama of dental CAD/CAM restorative syste-ms. Compend Contin Educ Dent. 2008;29:482, 4, 6-8 passim.9. Giordano R. Materials for chairside CAD/CAM-produced restora-tions. J Am Dent Assoc. 2006;137 Suppl:14S-21S.10. van Noort R. The future of dental devices is digital. Dent Mater. 2012;28:3-12.11. Takahashi T, Gunne J. Fit of implant frameworks: an in vitro comparison between two fabrication techniques. J Prosthet Dent. 2003;89:256-60.12. Abduo J, Lyons K, Waddell N, Bennani V, Swain M. A Comparison of Fit of CNC-Milled Titanium and Zirconia Frameworks to Implants. Clin Implant Dent Relat Res. 2011.13. Al-Fadda SA, Zarb GA, Finer Y. A comparison of the accuracy of fit of 2 methods for fabricating implant-prosthodontic frameworks. Int J Prosthodont. 2007;20:125-31.14. Branemark PI. Osseointegration and its experimental background. J Prosthet Dent. 1983;50:399-410.15. Christensen GJ. Marginal fit of gold inlay castings. J Prosthet Dent. 1966;16:297-305.16. Hunter AJ, Hunter AR. Gingival crown margin configurations: a re-view and discussion. Part I: Terminology and widths. J Prosthet Dent. 1990;64:548-52.17. Chaffee NR, Lund PS, Aquilino SA, Diaz-Arnold AM. Marginal adaptation of porcelain margins in metal ceramic restorations. Int J Prosthodont. 1991;4:508-16.18. Sorensen JA, Okamoto SK, Seghi RR, Yarovesky U. Marginal fi-delity of four methods of swaged metal matrix crown fabrication. J Prosthet Dent. 1992;67:162-73.19. Tinschert J, Natt G, Mautsch W, Spiekermann H, Anusavice KJ. Marginal fit of alumina-and zirconia-based fixed partial dentures pro-duced by a CAD/CAM system. Oper Dent. 2001;26:367-74.20. May KB, Russell MM, Razzoog ME, Lang BR. Precision of fit: the Procera AllCeram crown. J Prosthet Dent. 1998;80:394-404.21. Martin N, Jedynakiewicz NM. Interface dimensions of CEREC-2 MOD inlays. Dent Mater. 2000;16:68-74.22. Lin MT, Sy-Munoz J, Munoz CA, Goodacre CJ, Naylor WP. The effect of tooth preparation form on the fit of Procera copings. Int J Prosthodont. 1998;11:580-90.23. Reich S, Wichmann M, Nkenke E, Proeschel P. Clinical fit of all--ceramic three-unit fixed partial dentures, generated with three diffe-rent CAD/CAM systems. Eur J Oral Sci. 2005;113:174-9.

    13

    ERRADOJornal ILAPEO Vol06 n01capaJornal ILAPEO Vol06 n01151 ArteFinal_WDS_JIlapeovol5-ed4anuncio cursosanuncio facebookDentalNewsPgina 1

    DFLIV_Revista ILAPEONeodent AF_an_ILAPEONeodent AF_an_qualidadeNeoorthoP&G_Job_0527_12_An._Ilapeo_21x28cm_(Andreia_Moralis)Plena