Tde Murray Schafer
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CENTRO UNIVERSITÁRIO SANT’ANNA
LICENCIATURA EM MÚSICA Disciplina Didática
Andrea Mischiatti Gianelli
Seminário: Raymond Murray Schafer Educador Musical – Segunda Fase
Arnaldo Galdino da Silva – R.A. 01576113 Flávia Sodré – R.A.
Felipe Sangali Gonçalves – R.A. 03377116 Henrique Azevedo Marques – R.A. 01967116
Laudimar da Silva – R.A. 00085116 Maria Monteiro – R.A.
Rafael dos Santos Castro – R.A. 90079118 Rodrigo Barbosa Lô – R.A. 02105114
Sala: F 405
5º Semestre – noturno
São Paulo/SP Maio, 2013
1. Biografia
Raymond Murray Schafer nasceu na cidade de Sarnia no estado canadense
de Ontario no dia 18 de julho de 1933. Estudou em importantes instituições como a
Universidade de Toronto no Canada, e na Royal School of Music em Londres,
Inglaterra. Além de educador musical é também artista plástico, ambientalista
sonoro, compositor, pedagogo e escritor. Merecem destaque os livros O Ouvido
Pensante (1986) e A Afinação do Mundo (1977), ambos publicados no Brasil pela
Editora UNESP. Nessas publicações Schafer aborda assuntos cujos termos
determinantes foram criados por ele, como a paisagem sonora (Soundscape). Esse
conceito, talvez o principal relacionado ao autor, foi desenvolvido por Schafer num
período que vai de 1963 a 1975 na Memorial University e na Simon Fraser
University. Em O Ouvido Pensante Schafer compila uma série de relatos e fatos que
aconteceram nesse período de criação e descoberta. Fala sobre audição criativa e
consciência sensorial, relacionando-os a John Cage (Braga, 2009). Ele também cria,
juntamente a um aluno de composição, esculturas sonoras que são diagramadas no
capítulo final de O Ouvido Pensante, além da sala de música (fig 1.1):
Em 1974 Schafer muda-se para uma fazenda em Monteagle Valley, no estado
canadense de Ontario. Nesse período ele desenvolve e vivencia seu trabalho na
área de paisagem sonora – The World Soundscape Project, que já se iniciara em
1969 na Simon Fraser University juntamente com Bruce Davis, Peter Huse, Barry
Truax e Howard Broomfield, com os seguintes objetivos: 1. Realizar um estudo
interdisciplinar a respeito dos ambientes acústicos e seus efeitos no homem; 2.
Modificar a fim de melhorar ambientes acústicos; 3. Educar estudantes,
pesquisadores e público em geral; 4. Publicar materiais que servissem de guias de
estudos futuros (sonoro, 2006). O livro A Afinação do Mundo é dessa época (Braga,
2009). Nesse trabalho Schafer busca entender como era a paisagem sonora do
mundo antes da invensão, ou revolução das máquinas – que se tornaram
indispensaveis na vida do homem moderno. Mostra como o ambiente sonoro se
modificou a partir da revolução industrial e elétrica (podemos pontuar nesse
momento dois termos o lo-fi (baixa fidelidade) e o hi-fi (alta fidelidade). O primeiro
referindo-se à paisagem sonora da cidade, agora industrializada, em contraste com
o segundo, remetendo ao campo, ou área rural (sonoro, 2006):
“O ambiente silencioso da paisagem sonora hi-fi permite o ouvinte escutar mais longe, a
distância, a exemplo dos exercícios de visão a longa distancia no campo. A cidade abrevia essa
habilidade para a audição (e visão) a distância, marcando uma das mais importantes mudanças na
história da percepção”. (Schafer, A Afinação do Mundo, 1977)
Assim como vários educadores musicais da segunda fase (Fonterrada, 2005),
Schafer utiliza em seus trabalhos de educação musical a notação gráfica, ou
notação sonora (fig 1.2), diz que “todas as projeções visuais de sons são arbitrárias
e fictícias”. Schafer ainda diz, nesse livro, que seria ideal que existissem edificios
capazes de diminuir ou amenizar a poluição sonora (sonoro, 2006).
Figura 1.1 – Exemplo de notação sonora (extraído de educacaopublica.rj.gov.br)
Como já comentado, por conta de seu trabalho pioneiro, Schafer teve de criar
varias terminologias: “Tive de inventar meu próprio vocabulário, à medida que o
conceito evoluía: ecologia acústica, esquizofonia, marca sonora, som fundamental
etc.” (Schafer, A Afinação do Mundo, 1977).
2. Metodologia
Pontos importantes:
1. Para uma melhor percepção e captação do fazer musical deve-se
desenvolver a sensibilidade musical do aluno antes de abordar conteúdos
de teoria musical, por exemplo. O potencial criativo é o principal fator para
que o aluno faça música por si só.
2. A partir da percepção da paisagem sonora a sua volta o aluno será
delavado a compor com os sons percebidos, e posteriormente, realizar
uma crítica a respeito desse ambiente.
3. Envidenciar as semelhanças entre as diferentes formas de arte, tentando
uni-lás para que arte e vida seja a mesma sinônimos (Schafer, O Ouvido
Pensante, 1986).
4. O Homem é compositor da paisagem sonora mundial (essa é uma
composição “musical” macrocósmica). Mas para realizar esse trabalho
deve, antes, aprender a ouvir o ambiente sonoro como se fosse uma
composição musical.
5. “Para a criança de cinco anos, arte é vida e vida é arte. Porém, assim que
essas crianças entram na escola, arte torna-se arte e vida torna-se vida. Aí
elas vão descobrir que “música” é algo que acontece durante uma
pequena porção de tempo às quintas-feiras pela manhã enquanto às
sextas-feiras à tarde há outra pequena porção chamada pintura” (Schafer,
O Ouvido Pensante, 1986).
6. O silêncio é ponto importante do desenvolvimento da aprendizagem
musical. Schafer diz que essa é uma vantagem dos orientais sobre os
ocidentais: o “silêncio” faz parte da paisagem sonora (Schafer, O Ouvido
Pensante, 1986).
3. Anexo: Jogos Musicais segundo os conceitos de
Schafer.
Objetivo: Trabalhar a apreciação, socialização, integração de linguagens
(música, artes visuais, dança e teatro), criação, exploração sonora, percepção e a
sensibilidade auditiva.
1. Proposta: Jogo da Memória Sonora (Fazer um som e pedir para todos
gravarem e no final da aula, todos deverão lembrar e fazer o som que foi
feito).
2. Proposta: Jogo percepção de textura (associações de sons – Timbre –
Texturas sonoras: Áspero/liso. – Sentir a textura com os pés com os olhos
fechados e produzir um som que pareça com a textura que está sentindo.
3. Proposta: Paisagem Sonora:
O Trenzinho Caipira (Villa Lobos)
1º: Os alunos devem ouvir a música instrumental O Trenzinho Caipira do
compositor brasileiro Heitor Villa Lobos.
2º: Pergunta aos alunos: Essa música lembra o que? (trem)
3º: Proposta: Cada um fala o seu nome de trás para frente para sonorizar o trem.
Ex: Flavia = Aivalf; Rafael = Leafar.
4º: Num pulso rítmico dado, entoar o movimento de um trem, “falar cantando” o
nome ao contrário (passo 3º).
5º: Montar um trem humano:
- Maquinista (vagão da frente [piuí] – cantando o nome de trás para frente)
- Vagões ([ thch thch thch... ] – cantando o nome de trás para frente)
6º: Proposta: - Você é o maquinista e vai conduzir o trem. Por onde o trem vai
passar?
Ex: zoológico, campo (roça), cidade, praia, cachoeira, feira, etc...
7º: Desenhar a paisagem - Cada um escolhe um lugar, desenha num papel.
8º: Ainda imitando um trem, o aluno deve sonorizar, com dinâmica musical e
propriedades do som: forte/fraco; crescente/decrescente; pausa/retorno; longo/curto;
grave/agudo; nasal/oral).
9º: Agrupar os desenhos por grupos. Ex: campo com campo; zoológico com
zoológico; cidade com cidade; feira com feira; cachoeira com cachoeira; praia com
praia.
10º: Montar a “trilha sonora de desenhos” no chão. Cada um fica lado a lado
com o seu desenho, formando um corredor.
11º: Uma pessoa de olhos vendados (e conduzida por outra) passa no meio
da trilha sonora de desenhos. Conforme a pessoa passa, os demais participantes
fazem uma sonorização de acordo seu desenho – somente quando a pessoa, com
os olhos vendados, passar perto – para que a pessoa tenha a sensação de estar
passando por lugares diferentes. A música pode estar tocando com volume bem
baixinho de fundo.
12º: A pessoa que experimentou as diversas sensações, dirá o que percebeu.
13º Roda de conversa – Discussão sobre o aprendizado, reflexão sobre o
conteúdo aplicado: Apreciação (audição da música “O Trenzinho Caipira” – Villa
Lobos); criação (de som para a composição da trilha sonora), exploração sonora
(experimentação de diversos sons), percepção (dinâmica e propriedades do som) e
a sensibilidade auditiva (sensações que a sonorização percutiu no participante
durante a atividade).
4. Proposta: Explorar o som das sacolas de plástico e fazer samba com este
objeto.
5. Proposta: Jogo da cadeira: De olhos fechados explorar diversos sons da
cadeira e fazer música com os sons que gostou.
6. Proposta: Jogo – Procure o som. A partir de sons existentes caminhar na
sala executando-os.
7. Proposta: Jogo – Siga o som / Guiando o cego: em duplas: um guia com um
cego (de olhos vendados). O guia anda tocando seu instrumento sonoro e o
cego segue o som ou é guiado pelo som.
8. Proposta: Sensibilização Sonora: Todos de olhos vendados do lado de fora
da sala em fila. e dentro da sala um grupo que irá proporcionar um ambiente
sonoro de suspense (com instrumentos convencionais e sonoplásticos).
Duas pessoas do grupo guiará a fila (com todos de olhos vendados) a passar
nesse ambiente enquanto as mesmas pessoas do grupo que estão guiando
irão contar uma história de suspense próximo aos ouvidos com sussurros e
impostação vocal (num volume médio a baixo) fazendo com que os
participantes sintam estar dentro da história. Depois perguntamos o que eles
sentiram nessa experiência.
9. Proposta: Jogo de pesquisa sonora: Devemos separar um pequeno grupo de
alunos cerca de cinco participantes, após escolher os alunos que participaram
da atividade iremos dispor para eles vários instrumentos musicais e fontes
sonoras, dando a opção de que cada um escolha um instrumento ou objeto,
após todos escolherem explicamos que a atividade consiste em que cada
aluno explore ao Maximo o objeto ou instrumento escolhido, analisando a
textura, densidade, peso, possibilidades de manusear, todo esse processo
possibilitara ao aluno a descoberta de diversas possibilidades de criação
sonora, variando a maneira de manusear o objeto, a intensidade, com auxilio
de uma baqueta, ou percutindo com as mãos. Os alunos deveram ter um
tempo para explorar os objetos sonoros e ao final da pesquisa o professor ira
propor uma exposição onde cada aluno ira falar sobre sua descoberta
referente ao objeto sonoro, demonstrando na pratica o que conseguiu
descobrir nesta vivencia. O professor poderá propor outra atividade utilizando
as sonoridades descoberta pelos alunos.
Material para atividade: Para esta atividade podemos utilizar qualquer
tipo de instrumento musical, ou objeto sonoro, para nossa atividade daremos
preferência em utilizar instrumentos de percussão (bongô, ganzá,
caxixi,cajon,pandeiro).
10. Proposta: Jogo do espelho: Os alunos deveram ser reunidos em circulo, e
devera ser escolhida uma pessoa para começar o jogo, a ideia é: o
participante escolhido criara um motivo musical combinado com um
movimento corporal (esse motivo musical pode ser feito com canto ou algum
instrumento musical e o movimento corporal é de livre escolha do aluno),
após executar sua criação artística ele escolhera outro aluno para reproduzir
o motivo musical criado por ele e após reproduzir o motivo musical o
participante devera criar uma nova performance musical e devera escolher
um participante para reproduzir o feito, o jogo termina quando todos
participantes tiverem participado da ação criativa. Esta atividade pode ser
ampliada o professor pode propor o mesmo jogo só que em um grau de
dificuldade maior, o primeiro participante produz um motivo musical e escolhe
alguém para reproduzi-lo, esse novo participante ira imitar o feito anterior e ira
criar um novo motivo musical e escolhera um novo participante que terá que
reproduzir os motivos já feito e criar um novo e assim por diante ate que
todos tenham participado.
Material para atividade: Nesta atividade o material a ser utilizado de
livre escolha, pois os motivos musicais podem ser criados utilizando a voz,
percussão corporal, instrumentos musicais ou objetos sonoros a disposição,
nesta atividade daremos sequencia ao que foi abordado na aula anterior,
portanto utilizaremos os instrumentos e fontes sonoras explorados na aula
anterior.
4. Bibliografia Braga, F. J. (12 de 02 de 2009). O "fazer musical criativo" de Murray Schafer. Obtido
em 16 de 05 de 2013, de Blog do Braga: bragamusician.blogspot.com/.../o-fazer-musical-criativo-de-murray.html
Fonterrada, M. T. (2005). De tramas e fios: um ensaio sobre música e educação. São Paulo: Editora UNESP.
Schafer, R. M. (1977). A Afinação do Mundo. UNESP.
Schafer, R. M. (1986). O Ouvido Pensante. UNESP.
sonoro, T. (15 de 02 de 2006). Projeto Paisagem Sonora Mundial. Obtido em 15 de 05 de 2013, de Território sonoro: territoriosonoro1.blogspot.com/.../projeto-paisagem-sonora-mundial-mu