SISTEMAS DE INFORMAÇÕES NAS ORGANIZAÇÕES
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Professor André Andrade Longaray SISTEMAS DE INFORMAÇÕES NAS
ORGANIZAÇÕES
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Andre Andrade Longaray
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Professor André Andrade Longaray
Março de 2003
NOTAS DE AULA
SISTEMAS DE INFORMAÇÕES NAS ORGANIZAÇÕES
Importante
Estas notas de aula são apenas uma compilação do material usado por mim na disciplina de
Sistemas de Informações nas Organizações e destinam-se única e exclusivamente aos alunos
da mesma. Não devem ser consideradas, portanto, como uma apostila ou qualquer outro tipo
de publicação. Sua distribuição ou reprodução é expressamente proibida.
Professor André Andrade Longaray, M.Sc.
Doutorando em Engenharia de Produção e Sistemas
3
SUMÁRIO
Apresentação 06
1 FUNDAMENTOS DE SISTEMAS DE INFORMAÇÃO 07
1.1 Dados 07
1.2 Informação 07
1.3 Sistemas 08
1.3.1 Componentes de um sistema 08
1.3.2 Classificação dos sistemas 09
1.3.2.1 Simples x Complexo 09
1.3.2.2 Aberto x Fechado 09
1.3.2.3 Estável x Dinâmico 09
1.3.2.4 Adaptáveis x Não adaptáveis 09
1.3.2.5 Permanente x Temporário 09
1.3.3 Limites de um sistema 10
1.3.4 Modelagem de sistemas 11
1.3.4.1 Modelo narrativo 11
1.3.4.2 Modelo físico 11
1.3.4.3 Modelo esquemático 11
1.3.4.4 Modelo matemático 11
1.4 Sistemas de informações 12
1.4.1 Tipos de sistemas de informações 13
1.4.1.1 Sistemas de apoio às operações 13
1.4.1.2 Sistemas de apoio gerencial 14
Referências 15
2 SISTEMAS DE INFORMAÇÕES NAS EMPRESAS 16
2.1 Origens 16
2.2 A empresa como um sistema 16
2.2.1 Aspectos do sistema-empresa 17
2.2.1.1 Cadeia de valor 18
2.2.1.2 Estrutura organizacional 18
2.3 Alinhamento do sistema-empresa com o sistema de informação 21
2.3.1 Sistema em nível estratégico 21
2.3.2 Sistema em nível tático 21
2.3.3 Sistema em nível operacional 21
2.4 Exemplos de sistemas empresariais de informação 22
2.4.1 Sistema empresarial de fabricação e produção 22
2.4.2 Sistema empresarial de vendas e marketing 23
2.4.3 Sistema empresarial de finanças e contabilidade 24
2.4.4 Sistema empresarial de recursos humanos 26
2.5 Uso estratégico dos sistemas de informação nas empresas 27
2.5.1 Identificação dos Fatores Críticos de Sucesso (FCS) 27
2.5.2 Produtividade 27
2.5.3 Aperfeiçoamento contínuo 27
2.5.4 Vantagem competitiva 28
Exercício prático 29
Referências 32
3 S.I. BASEADOS EM COMPUTADORES 33
3.1 Sistemas de processamento de transações (SPT) 33
3.1.1 Funções dos SPT’s 33
4
3.1.2 Origem dos dados de um SPT 34
3.1.3 Atividades de um SPT 34
3.1.3.1 Entrada e coleta de dados 34
3.1.3.2 Processamento e armazenamento 34
3.1.3.3 Saída 35
3.1.4 Características de um SPT 35
3.1.5 Sistemas tolerantes a falhas 36
3.1.6 Métodos de processamento de transações 36
3.1.7 Sistemas de processamento de transações básicos 36
3.1.7.1 Sistemas básicos de fabricação e produção 37
3.1.7.2 Sistemas básicos de venda e marketing 37
3.1.7.3 Sistemas básicos de contabilidade e finanças 38
3.1.7.4 Sistemas básicos de recursos humanos 39
3.1.8 Inter-relações entre os SPT’s de uma empresa 40
3.2 Sistemas de informação gerencial (SIG) 40
3.2.1 Diferenças entre relatórios gerados pelo SPT e os gerados pelo SIG 41
3.2.2 Integração de informações gerenciais através do SIG 41
3.2.3 Entradas para um SIG 41
3.2.4 Saídas de um sistema de informação gerencial 42
3.2.4.1 Orientações para desenvolver relatórios de um SIG 43
3.2.5 Relacionamento entre profissionais de informação e usuários do SIG 43
3.2.6 Aspectos funcionais de um SIG 43
3.2.7 Exemplos de SIG empresariais 45
3.2.7.1 Sistema de informações gerenciais financeiros 45
3.2.7.2 Sistema de informações de marketing 47
3.3 Sistemas de apoio às decisões (SAD) 50
3.3.1 Características de um SAD 50
3.3.2 Componentes de um SAD 51
3.3.2.1 Banco de dados, gerência de dados e sistemas gerenciadores
de banco de dados
52
3.3.2.2 Banco de modelos 56
3.3.2.3 Interface com o usuário 57
3.3.3 Tipos de SAD 57
3.3.3.1 SAD para suporte individual 57
3.3.3.2 SAD para suporte a vários gerentes 58
3.3.4 Comparação entre SAD e SIG 60
3.4 Sistemas especialistas 60
3.4.1 Componentes de um sistema especialista 60
3.5 Sistemas de informações executivas (EIS) 61
3.5.1 Características do EIS 62
3.6 Sistemas de gestão empresarial (ERP) 63
3.6.1 Características dos ERP’s 64
Case 65
Referências 76
4 Internet, web e comércio eletrônico 77
4.1 Introdução 77
4.2 A internet como agente propulsor da “e-volução” 78
4.3 Comércio eletrônico: a nova arquitetura de negócios 79
4.4 Estratégias emergentes em comércio eletrônico 83
4.4.1 Exemplo de e-commerce no mercado de ações e investimentos 83
5
4.4.2 Exemplo de e-commerce em uma loja de varejo 84
4.4.3 Exemplo de e-commerce da Amazon.com 85
4.5 Considerações finais 87
Referências 87
5 Costumer Relationship Management (CRM) 89
5.1 Fidelização de clientes 89
5.2 CRM como propulsor das vendas via web 90
5.3 Áreas de atuação do CRM nos negócios da empresa 91
5.4 Metas do CRM 91
Exercício prático 93
Artigo Customer Relationship Management — além do mero jargão 94
Artigo Com licença... não pretendo incomodar! 97
Artigo CRM não é bom serviço ao cliente 99
Artigo Bancando uma solução de Customer Relationship Management 101
Artigo Integrar dados do cliente para melhorar o atendimento 104
Artigo As soluções de data warehousing da NCR 106
Referências 107
6
APRESENTAÇÃO
A convivência com estudantes de graduação e pós-graduação das áreas de
Administração, Economia, Contabilidade, Direito, Medicina, entre outras, fez com que eu me
deparasse um sem número de vezes com explanações tais como “-sistemas de informações
não é coisa para engenheiro da computação ou bacharel em informática?”; “-sou um micro
empresário, do que me adianta saber o que é um ERP ou B2B!”.
Na grande maioria das vezes o que ocorre é uma confusão sobre o verdadeiro enfoque
dos sistemas de informações e quem deve estudar e se preocupar com o quê, o usuário, o
profissional de informática ou analista de negócios.
Inicialmente, pode-se dizer que conhecer os princípios básicos da disciplina de
sistemas de informações nos dias de hoje não é mais uma opção para quem está no mercado
de trabalho, mas sim uma contingência. As caixas registradoras de uma lanchonete funcionam
em rede on line do tipo EDI, o número do pedido de mercadoria deve ser checado no módulo
de distribuição do sistema de gestão, as operações financeiras devem ser autenticadas
eletronicamente etc.
Quanto a amplitude de utilização dos sistemas de informações, é cada vez maior o
número de micro e pequenas empresas que procuram desenvolver projetos lógicos de
mapeamento das suas informações. Isso é plenamente justificável, pois, um adequado sistema
de informações elimina as duplicidades de documentos e procedimentos operacionais,
aumenta a precisão do controle orçamentário da empresa, bem como deixa o gerente com
mais tempo para dedicar-se à parte estratégica do negócio.
No que se relaciona aos conhecimentos técnicos da área de sistemas de informações, é
necessário distinguir três tipos básicos de pessoas envolvidas. O primeiro é o usuário, que
deve saber quais informações ele precisa para suas decisões, e como elas podem ser
mensuradas.
Outro envolvido é o analista de negócios, que, com sólida formação na área de
processos organizacionais, tem por principal função auxiliar o usuário a identificar suas
necessidades de informações, para em um segundo momento mapeá-las dentro da empresa.
Com base nisso, o analista de negócios estrutura o projeto lógico do sistema de informações.
Estabelecido o projeto lógico, entra em ação o analista de sistemas, que é um
profissional da área computacional e que irá desenvolver o sistema em uma plataforma de
software. Ele é o responsável por fazer o sistema “falar” na linguagem do usuário.
Importa ressaltar também, que o negócio deve estar a frente das ferramentas
empregadas para atingir os resultados esperados. Ou seja, não é o sistema de informações que
irá direcionar a empresa para os seus objetivos. Ele é apenas um meio para diminuição dos
custos e agilização nas operações. Nem toda a empresa necessita de um ERP (Enterprise
Resource Planning). Muitas vezes, apenas a organização e estruturação de seus processos é o
suficiente para alcançar bons índices.
No presente curso, os sistemas de informações são tratados como uma ferramenta que
irá auxiliar o bom gerenciamento do negócio. A ênfase está voltada para como a tecnologia da
informação pode auxiliar o usuário em suas estratégias para obtenção de melhor performance
do empreendimento.
Professor André Andrade Longaray
Março de 2003
7
1 FUNDAMENTOS DE SISTEMAS DE INFORMAÇÃO
O bom aproveitamento das facilidades e vantagens que um sistema de informação
pode auferir a seus usuários passa pela correta compreensão de como o mesmo funciona e de
quais são seus objetivos. Este tópico tem por finalidade expor os conceitos básicos dos
sistemas de informações e qual a base metodológica sob os quais são construídos. Assim,
inicialmente são apresentadas as definições de dados e informação, bem como a conceituação,
os componentes, a classificação e a modelagem de sistemas. Na seqüência, introduz-se as
bases dos sistemas de informações. Por último, os principais tipos de sistemas de informação
são identificados.
1.1 Dados
Dados são os fatos em sua forma primária, como por exemplo, o nome do funcionário,
número de horas trabalhadas no mês, número de peças em um estoque. Quando esses dados
estão organizados ou configurados de uma maneira significativa, eles se tornam uma
informação.
1.2 Informação
É a expressão lógica do fato global. A transformação de dados em informação é um
processo ou uma série de tarefas logicamente relacionadas, executadas para atingir um
resultado definido. O processo de definição das relações entre dados requer conhecimento.
Conhecimento são as regras, diretrizes, procedimentos usados para selecionar, organizar e
manipular os dados, com a finalidade de torná-los úteis para uma tarefa específica.
Exemplo 1.1: fiscal de uma linha de ônibus (MELO, 1999).
Ao final de cada viagem percorrida pelo ônibus, o fiscal anota (transcreve) o número
que se encontra registrado na catraca em uma planilha. Em seguida subtrai desse número o
que ele havia transcrito ao final da viagem anterior, calculando o total de passageiros e
transcreve o resultado na própria planilha. Esse total de passageiros é a expressão lógica do
fato observado pela catraca.
8
1.3 Sistemas
Segundo o criador da Teoria Geral dos Sistemas, o austríaco Ludwig Von Bertalanffy,
um sistema é um conjunto de elementos ou componentes que interagem para se atingir
objetivos.
1.3.1 Componentes de um sistema
Os elementos constituintes da estrutura de um sistema são:
Entrada: envolve captação e reunião de elementos que entram no sistema para serem
processados. Por exemplo, matéria-prima, energia, dados e esforço humano devem ser
organizados para a próxima etapa que é o processamento.
Processamento: envolve processos de transformação que converte insumo (entrada)
em produto. Entre os exemplos se encontram um processo industrial, controle de
estoque, respiração humana ou cálculos matemáticos.
Saída: envolve a transferência de elementos produzidos por um processo de
transformação até o seu destino final. Produtos acabados, serviços, informações
gerenciais devem ser transmitidos a seus usuários.
Feedback ou realimentação: é uma saída usada para fazer ajustes ou modificações
nas atividades de entrada ou processamento. Assim, erros ou problemas podem fazer
com que dados de entrada sejam corrigidos ou que um processo seja modificado.
Esses componentes interagem entre si de forma dinâmica, dando origem a um ciclo de
tal modo que, toda a saída de determinado sistema serve como entrada para outro sistema. A
Figura 1.1 ilustra esse processo:
Figura 1.1: dinâmica de um sistema.
Feedback
entradas
saídas
aammbbiieennttee
processamento
9
1.3.2 Classificação dos sistemas
Os sistemas, de acordo com Stair (1998), podem ser classificados dentro de inúmeras
visões. Eles podem ser simples ou complexos, abertos ou fechados, estáveis ou dinâmicos,
adaptáveis ou não adaptáveis, permanentes ou temporários.
1.3.2.1 Simples x Complexo
Um sistema simples é o que possui poucos elementos ou componentes e a relação
entre os componentes ou elementos não é complicada e direta.
Por outro lado, um sistema complexo possui muitos elementos que são altamente
relacionados e interconectados. Na realidade, a maioria dos sistemas se situa num estágio
contínuo entre simples e complexo.
1.3.2.2 Aberto x Fechado
Um sistema aberto interage com seu ambiente. Em outras palavras, há um fluxo de
entradas e saídas por todos os limites do sistema. Todos os organismos vivos, animais e
plantas são sistemas abertos, porque tem alto grau de interação com o ambiente. Todas as
empresas são sistemas abertos. Matérias-primas e entradas fluem para dentro do sistema
(empresas). Depois essas matérias são processadas, os bens e serviços (saídas) fluem de volta
para o ambiente, para clientes e compradores.
Um sistema fechado é o oposto do aberto. Não há qualquer interação com o ambiente.
Por isso, existem pouquíssimos sistemas fechados. Geralmente, investiga-se o grau que um
sistema é fechado, pois alguns sistemas têm mais interação com o ambiente que outros.
1.3.2.3 Estável x Dinâmico
Um sistema estável é aquele em que as mudanças no ambiente resultam em pouca ou
nenhuma mudança no sistema. Um sistema dinâmico é o que sofre mudanças rápidas e
constantes devido a mudanças no seu ambiente.
1.3.2.4 Adaptáveis x Não-adaptáveis
Os conceitos sobre adaptáveis ou não adaptáveis estão relacionados à estabilidade e a
dinâmica. Um sistema adaptável é o que responde ao ambiente mutável. Em outras palavras, é
o que monitora o ambiente e recebe modificações em resposta a mudança do ambiente. Um
sistema não-adaptável é o que não muda com o ambiente mutável.
1.3.2.5 Permanente x Temporário
O sistema permanente é o que existe ou existirá por um longo período de tempo,
geralmente 10 anos ou mais. Já o sistema temporário é o que existirá por um curto espaço de
tempo. Alguns negócios e investimentos são feitos para serem temporários.
10
1.3.3 Limites de um sistema
Uma das mais importantes características dos sistemas é a que se relaciona a
delimitação de suas fronteiras. Um sistema não é uma entidade isolada. Usualmente ele
abrange outros subsistemas menores que ele, e é subsistema de outro sistema de maior
amplitude. A figura 1.2 representa um exemplo de um sistema e seus subsistemas.
Figura 1.2: exemplo do sistema “bolo” e de seus subsistemas A (mistura) e B (cozimento). Fonte: adaptado de Stair, 1998, p.8.
O exemplo acima apresentado proporciona a visualização do efeito cascata que um
sistema produz. A simples confecção de um bolo pode ser entendida como dois subsistemas
onde, no primeiro confecciona-se a mistura e, no segundo há a cocção da massa, resultando o
bolo.
É interessante que o leitor verifique que, se fosse comprada a mistura para bolo da
marca X, o subsistema A não existiria. Nesse caso a mistura seria apenas uma entrada do
“sistema” B.
1 2 3 4
Combinação Subsistema A
5
7 6
Saída
Subsistema B
Limite do sistema
5
Farinha Água Ovos Fermento
Mistura
GLP
Forno
Batedeira
Bolo
11
1.3.4 Modelagem de sistemas
Modelos são representações da realidade, porém em menor escala. Como principal
vantagem, pode-se apontar o fato de que por meio dos modelos é possível testar novas idéias
sem que ocorram interferências no ambiente real em que o sistema está inserido. Conforme
Stair (1998) os principais tipos de modelos são o narrativo, o físico, o esquemático e o
matemático.
1.3.4.1 Modelo narrativo
Um modelo narrativo, como o próprio nome já diz, se baseia em palavras. As
descrições da realidade, tanto verbais quanto escritas, são consideradas modelos narrativos.
Em uma organização, relatórios, documentos e conversações referentes a um sistema são
todos narrativas importantes. Os exemplos incluem, um vendedor fazendo uma descrição
verbal de um produto concorrente para um gerente de vendas, um relatório escrito
descrevendo a função de uma nova máquina industrial, um operário descrevendo suas
operações de rotina.
1.3.4.2 Modelo físico
Um modelo físico é a representação tangível da realidade. Muitos modelos físicos são
construídos por computador. Exemplos: modelo em escala de um novo shopping, protótipo de
um novo produto resultado do trabalho de pesquisa do departamento de marketing.
Prototipação das telas e relatórios de um sistema gerencial.
1.3.4.3 Modelo esquemático
Um modelo esquemático é uma representação gráfica da realidade. Gráficos, mapas,
figuras, diagramas, ilustrações e fotografias são tipos de modelos esquemáticos. Os modelos
esquemáticos são usados em grande parte no desenvolvimento de programas e sistemas de
computador. Fluxogramas de programas mostram como os programas podem ser
desenvolvidos. Diagramas de fluxo de dados são usados para mostrar como dados fluem
através da organização. Gráficos que mostram projeções orçamentais e financeiras, diagramas
de fiação elétrica e gráficos que mostram quando certas tarefas ou atividades devem ser
completadas para permanecerem dentro do prazo de um projeto são exemplos de modelos
esquemáticos usados na área de negócios.
1.3.4.4 Modelo matemático
Um modelo matemático é uma representação aritmética da realidade. Estes modelos
são utilizados em todas as áreas de negócios. Por exemplo, o modelo matemático a seguir
poderia ser desenvolvido para determinar o custo total do projeto:
onde:
CT = custo total
V = custo variável por unidade
X = número de unidades produzidas
CF = custo fixo
CT = (V) (X) + CF
12
1.4 Sistemas de informações
Na concepção de Laudon e Laudon (1999, p.4), “um sistema de informação é um tipo
especializado de sistema, podendo ser definido como um conjunto de componentes inter-
relacionados trabalhando juntos para coletar, recuperar, processar, armazenar e distribuir a
informação com a finalidade de facilitar o planejamento, o controle, a coordenação, a análise
e o processo decisório em empresas e organizações”.
Os sistemas de informação contêm informações sobre pessoas, lugares e coisas de
interesse no ambiente, ao redor e dentro da própria organização.
Seguindo a definição da teoria dos sistemas, Stair (1998, p.11), diz que “um sistema de
informação é uma série de elementos ou componentes inter-relacionados que coletam
(entrada), manipulam e armazenam (processo), disseminam (saída) os dados e informações e
fornecem um mecanismo de feedback”.
Exemplo 1.2: sistema de informação de folha de pagamento (STAIR, 1998).
Entrada: as horas trabalhadas pelos funcionários devem ser levantadas (captadas) através dos
cartões de horas do funcionário.
Processamento: No aplicativo de folha de pagamento, as horas trabalhadas de cada
funcionário devem ser convertidas em pagamento líquido. O processamento necessário pode
envolver:
1. Multiplicação das horas trabalhadas pela taxa de pagamento por hora do
empregado, para se obter o pagamento bruto.
2. Se o pagamento de horas semanais trabalhadas superar 44 horas, o pagamento de
horas extras também pode ser determinado.
3. Então as deduções são subtraídas do pagamento bruto para se obter o pagamento
líquido. Por exemplo: taxas federais e estaduais podem ser mantidas ou subtraídas
do pagamento bruto; muitos funcionários têm seguro de saúde e de vida e outros
que devem ser subtraídos do pagamento bruto para obter o pagamento líquido.
Saída: em sistemas de informação, a saída envolve a produção de informações úteis,
geralmente na forma de relatórios, documentos e dados de transações. No caso do sistema de
informação de folha de pagamento, as saídas podem incluir cheques de pagamentos a
empregados, relatórios para gerentes e informações fornecidas para acionistas, bancos,
agências governamentais e outros grupos.
Feedback: é uma saída usada para fazer ajustes na entrada ou no processamento. No exemplo
da folha de pagamento, talvez o número de horas trabalhadas de um empregado tenha entrado
no computador como 440 horas, em vez de 44 horas. Contudo, a maioria dos sistemas de
informação verifica se os dados que alimentam o sistema enquadram-se dentro de certas
faixas predeterminadas. Para horas trabalhadas, a faixa poderia ser de 0 a 100 horas. É
improvável que um empregado trabalhe mais de 100 horas em uma semana. Neste caso, o
sistema de informação determina que 440 horas estão fora do alcance e fornece um feedback
como um relatório de erro. O feedback é usado para checar e corrigir a entrada do número de
horas trabalhadas para 40. Se não detectado tal erro resultaria em pagamento líquido muito
acima do normal, o qual seria impresso no contra-cheque do funcionário.
13
1.4.1 Tipos de sistemas de informações
Em termos conceituais, O’Brien (2002) afirma que os sistemas de informação podem
ser classificados de maneiras diferentes. Vários tipos de sistemas de informação, por exemplo,
podem ser classificados conceitualmente ora como de operações ora como sistema de
informação gerencial. A figura 1.3 ilustra esta classificação conceitual dos sistemas de
informação. Eles são classificados dessa maneira para destacar os papéis principais que cada
um desempenha nas operações e administração de um negócio.
Figura 1.3: principais tipos de sistemas de informação. Fonte: adaptado de O’Brien, 2002, p.28.
1.4.1.1 Sistemas de apoio às operações
O sistema de apoio às operações tem como principal função processar dados gerados e
utilizados nas operações de uma empresa. Embora produzam uma diversidade de informações
para uso interno e externo, não há ênfase para a geração de informações específicas para a
decisão gerencial. Existem três tipos principais de sistemas de apoio às operações, os sistemas
de processamento de transações (SPT), os sistemas de controle de processos e os sistemas
colaborativos.
Sistemas de processamento de transações
Segundo Stair (1998), o objetivo de muitos desses primeiros sistemas era reduzir
custos. Isto era feito pela automatização de muitas rotinas, sistemas empresariais de trabalho
intenso. Um dos primeiros sistemas empresariais a ser computadorizado foi o sistema de folha
de pagamento. Os primeiros sistemas de folha de pagamento eram capazes de produzir
cheques de pagamento para empregados, juntamente com importantes relatórios sobre o
empregado. Simultaneamente, outros processos de rotina, inclusive faturamento aos clientes e
controle de estoque, também estavam sendo computadorizados. Como esses sistemas
tratavam e processavam transações, eles foram chamados de sistema de processamento de
transações.
Sistemas de Informação
Sistemas de Apoio às Operações
Sistemas de Apoio Gerenciais
Sistemas de Processamento de Transações
Sistemas de Controle de Processos
Sistemas Colaborativos
Sistemas de Informação Gerencial
Sistemas de Apoio à Decisão
Sistemas de Informação Executiva
Apoio à tomada de decisão
Apoio às operações
Processamento de transações
Controle de Processos Industriais
Colaboração entre equipes e grupos de trabalho
Relatórios padronizados para gerentes
Apoio interativo a decisão
Informação elaborada especificamente para executivos
14
Sistemas de controle de processos
De acordo com O’Brien (2002), os sistemas de controle de processos são aqueles que
monitoram e controlam processos físicos. Uma refinaria de petróleo, por exemplo, utiliza
sensores eletrônicos conectados a computadores para monitorar continuamente os processos
físicos e fazer reajustes (em tempo real) que controlam o processo de refino.
Sistemas Colaborativos
Os sistemas colaborativos, na concepção de O’Brien (2002), proporcionam o aumento
das comunicações e da produtividade de equipes e grupos de trabalho. Em uma equipe de
projetos, por exemplo, os membros podem usar o correio eletrônico e a videoconferência para
realizar reuniões eletrônicas e coordenar as suas atividades.
1.4.1.2 Sistemas de apoio gerencial
Os sistemas de apoio gerencial, diferentemente dos sistemas de apoio às operações, se
concentram em fornecer informação e apoio para a tomada de decisão eficaz pelos dirigentes.
A categorização mais comumente usada os divide em sistemas de informação gerencial (SIG),
sistemas de apoio à decisão (SAD) e sistemas de informação executiva (EIS). A esses ainda
podem ser acrescidos os sistemas especialistas.
Sistemas de informação gerencial
Conforme Stair (1998), os sistemas de informação gerencial (SIG) começaram a ser
desenvolvidos na década de 1960 e são caracterizados pelo uso de sistemas de informação
para produzir relatórios gerenciais. Estes relatórios ajudam administradores a executar suas
obrigações. Por exemplo, um relatório resumido dos custos totais de folha de pagamento
poderia ajudar um gerente de contabilidade a prever futuros custos com folha de pagamento.
Esse mesmo relatório pode ser útil para o gerente de produção para ajudar a monitorar e
controlar os custos do trabalho e das tarefas. Outros relatórios poderiam ser usados para
ajudar administradores de diferentes departamentos a controlar o crédito dos clientes,
pagamentos a fornecedores, desempenho dos representantes de vendas, níveis de estoque
entre outros.
Sistemas de apoio a decisão
Nas décadas de 1970 e 1980, como relata Stair (1998), os aperfeiçoamentos na
tecnologia resultaram em sistemas de informação que custavam menos e eram mais
poderosos. Pessoas de todos os níveis da empresa passaram a utilizar microcomputadores para
fazer uma variedade de tarefas; elas não dependiam mais de um setor de sistema de
informação para realizar as suas atividades. Durante esse período foi reconhecido que
sistemas de informação baseados em computadores poderiam dar apoio adicional de tomada
de decisão. Os sistemas de apoio à decisão vão além da emissão de relatórios, fornecendo
alternativas para auxiliar na decisão final dos dirigentes. Um sistema de apoio à decisão pode,
por exemplo, auxiliar uma empresa a decidir onde irá localizar geograficamente uma nova
unidade de produção, ou uma companhia de petróleo a identificar o melhor local para
prospecção.
15
Sistemas de informação executiva
O’Brien (2002, p.29) explicita que os sistemas de informações executivas “fornecem
informações críticas em quadros de fácil visualização para uma multiplicidade de gerentes. Os
altos executivos, por exemplo, podem utilizar terminais acionados por toque para
visualizarem instantaneamente textos e gráficos que destacam áreas fundamentais de
desempenho organizacional e competitivo”.
Sistemas especialistas
Para Stair (1998), as organizações freqüentemente usam sistemas baseados na noção
da Inteligência Artificial (IA), na qual um sistema de computador toma as características da
inteligência humana. A IA inclui vários subcampos e os sistemas especialistas são um deles.
Um sistema especialista (ES – Expert System) é um sistema de informação baseado em
conhecimento que pode fazer sugestões e chegar a conclusões de modo bem semelhante ao de
um profissional especialista. Cada vez mais empresas estão usando estes tipos de sistemas
para resolverem problemas complexos e auxiliarem nas decisões difíceis.
REFERÊNCIAS
LAUDON, Kenneth C.; LAUDON, Jane P. Sistemas de informação. Rio de Janeiro: Ltc,
1999.
MELO, Ivo Soares. Administração de sistemas de informações. São Paulo: Pioneira, 1999.
O’BRIEN, James. A. Sistemas de informação e as decisões gerenciais na era da internet.
São Paulo: Saraiva, 2002.
STAIR, Ralph M. Princípios de sistemas de informação: uma abordagem gerencial. São
Paulo: LTC, 1998.
16
2 SISTEMAS DE INFORMAÇÕES NAS EMPRESAS
2.1 Origens
De acordo com Stair (1998), durante o final da década de 60 e início dos anos 70,
muitos sistemas de informação computadorizados eram desenvolvidos para fornecer relatórios
contendo informações para os tomadores de decisão. As informações contidas nesses
relatórios ajudavam os administradores a monitorar e controlar processos e operações
empresariais, como por exemplo, os relatórios que listavam número e quantidade por itens em
estoque poderiam ser usados para monitorar níveis de estoque.
Infelizmente, muitos desses sistemas não levaram em conta todas as metas da
organização e os estilos gerenciais de solução de problemas. Exemplo: Alguns tomadores de
decisão queriam relatórios de estoques detalhados com todos os itens estocados, enquanto
outros queriam relatórios somente quando os itens estivessem com níveis baixos.
Mais importante ainda, esses primeiros sistemas não foram desenvolvidos para serem
parte do processo de negócio, tornando os sistemas falhos. Como resultado, os sistemas não
eram utilizados em sua total potencialidade.
Hoje, reconhece-se que os conceitos e processos importantes da organização devem
ser levados em consideração e receber apoio de sistemas de informação efetivos.
O uso de sistemas de informação por parte das empresas sofre influência da estrutura
da organização e do modo como uma empresa em particular procura atingir suas metas
através da solução de seus problemas ou do aproveitamento de oportunidades.
2.2 A empresa como um sistema
Para Stair (1998), uma organização ou empresa é um sistema, sendo possível
identificar os componentes de entrada, processamento e saída.
Entrada: recursos como materiais, pessoas, dinheiro, dados;
Processamento: organização estrutural da empresa e as suas relações que transformam
as entradas em saídas (bens e serviços); e
Saída: bens e serviços produzidos pela organização.
17
A figura 2.1 representa a concepção básica de um modelo geral de organização. Ainda
que não esteja demonstrado neste modelo simples, a entrada do subsistema do processo pode
vir de fontes internas e externas. Exatamente antes de entrar no subsistema, o dado é externo.
Uma vez dentro do subsistema, ele se torna interno. Os produtos e serviços também podem
ser saídas para outros sistemas internos ou externos (STAIR, 1998).
Figura 2.1: modelo geral de organização. Fonte: Stair, 1998, p.27.
fluxo de material e físico
fluxo de decisão
fluxo de dados
fluxo de valores
sistema (s) de informação
2.2.1 Aspectos do sistema-empresa
Dada a extensão do assunto, serão aqui tratados apenas os aspectos indispensáveis ao
entendimento básico do funcionamento do sistema-empresa: sua cadeia de valor e os tipos de
estruturas organizacionais.
Entrada
Transformação
do produto
Saída
Tomada de
decisão do
funcionário
Ambiente
Subsistema
do processo
Sistema
organizacional
18
2.2.1.1 Cadeia de valor
No que concerne à geração de valor para a empresa, Stair (1998) entende que o lógico
é que a saídas (bens e serviços produzidos pela organização) tenham um valor mais alto do
que as entradas (elementos necessários a sua produção). É por meio dessa diferença de valor
que as empresas tentam atingir suas metas. Mas como conseguir esse valor?
Stair (1998, p.27) conceitua cadeia de valor como sendo “uma série (cadeia) de
atividades que inclui logística calculada, operações, logística excedente, marketing e vendas e
serviços”.
Cada uma dessas atividades é investigada para se determinar o que pode ser feito para
aumentar o valor percebido pelo cliente. Dependendo do cliente, o valor pode significar preço
mais baixo, melhores serviços, melhor qualidade ou exclusividade de produto.
O valor vem da técnica, conhecimento, tempo e energia investidos pela empresa.
Adicionando uma quantidade significativa de valor a seus produtos e serviços, as empresas
assegurarão sucesso organizacional mais duradouro.
Se a empresa é um sistema, a mesma pode apresentar subsistemas (departamentos ou
setores) que contêm processos que ajudam a transformar entradas específicas em bens ou
serviços de maior valor. Cada um desses subsistemas (departamentos da organização)
desenvolve processos de valor adicionado que se combinam e que irão transformar-se em
saídas finais da empresa. Disso decorre a importância da compreensão da estrutura
organizacional do sistema empresa.
2.2.1.2 Estrutura organizacional
Dependendo das metas da organização e da sua forma de gerenciamento, várias
estruturas podem ser usadas. A estrutura organizacional refere-se às subunidades
organizacionais e como elas estão relacionadas e ligadas à organização como um todo.
A estrutura de uma empresa pode ter impacto sobre como são vistos os sistemas de
informação e sobre o tipo de sistema de informação usado. Embora exista um grande número
de possibilidades, a estrutura de uma organização se enquadra geralmente em uma dessas
categorias: a estrutura organizacional departamental ou a estrutura por projeto.
Estrutura organizacional departamental
A fim de responder as exigências internas e externas, a organização pode desenvolver
uma especialização vertical (proporcionando maior número de níveis hierárquicos) e uma
especialização horizontal (proporcionando maior número de órgãos dedicados), ou seja, a
departamentalização.
A departamentalização constitui a combinação e/ou agrupamento adequados das
atividades necessárias a organização em departamentos específicos.
Usualmente, as formas departamentalização mais utilizadas são:
- por funções;
- por produtos ou serviços; e
- por clientes.
19
Cada tipo de departamentalização apresenta características, vantagens e limitações que
influirão nas decisões quanto às escolhas de alternativas de sistemas de informação a adotar
em uma dada organização.
A figura 2.2 representa um exemplo de estrutura organizacional departamental por
função.
Figura 2.2: estrutura organizacional departamental por funções.
A figura 2.3 apresenta uma estrutura organizacional departamental por
produtos.
Figura 2.3: estrutura organizacional departamental por produtos.
Logística
Vendas
Produção
Marketing
Pesquisa de
mercado
Estoque de
MP
Manutenção
Divisão de
tintas
Tintas
industriais
Tintas
decorativas
Tintas
automotivas
Revestimento
naval
Tintas
prediais
Solventes
20
A figura 2.4 expõe um exemplo de estrutura departamental por clientes.
Figura 2.4: estrutura departamental por clientes.
Estrutura organizacional por projeto
É aquela centralizada nas tarefas para o cumprimento dos objetivos do projeto. Por
exemplo, numa companhia aeroespacial que produz inúmeras aeronaves e satélites, cada tipo
de aeronave ou satélite é produzido por uma unidade independente. Funções tradicionais
como marketing, finanças e produção estão posicionadas dentro dessas atividades principais.
Geralmente constitui-se em uma estrutura temporária, que é desmantelada assim que o projeto
se encerra. A figura 2.5 ilustra esse tipo de estrutura.
Figura 2.5: estrutura organizacional por projeto.
Corpo discente
1ª série 2ª série 3ª série
Turma
A
Turma
A
Turma
B
Turma
A Turma
B Turma
B
Equipe 1
Equipe 2
Equipe 3
Equipe 1
Equipe 2
Equipe 3
Equipe 1
Equipe 2
Equipe 3
Equipe 1
Equipe 2
Equipe 3
Equipe 1
Equipe 2
Equipe 3
Equipe 1
Equipe 2
Equipe 3
Projeto
Columbia
Corpo da
nave
Sistemas da
nave
Chassi
Estrutura
Sistemas
mecânicos
Sistemas
eletrônicos
21
2.3 Alinhamento do sistema-empresa com o sistema de informação
Laudon e Laudon (1999) explicitam que nenhum sistema sozinho rege todas as
atividades de uma empresa inteira. As empresas têm diferentes tipos de sistema de informação
para enfocar diferentes tipos de problemas e diferentes funções dentro da organização.
As empresas não têm um único grande sistema, mas diferentes sistemas
especializados. Cada área funcional de uma firma desenvolve sistemas. Os principais são:
sistemas de fabricação e produção;
sistemas de finanças e contabilidade;
sistemas de vendas e marketing; e
sistemas de recursos humanos.
Os sistemas também podem ser classificados pelo tipo de problema organizacional que
eles resolvem, como segue:
sistemas em nível estratégico: ajudam os planos de gerência sênior;
sistemas em nível tático: ajudam a gerência intermediária; e
sistemas operacionais: funcionários da expedição e serviços.
2.3.1 Sistema em nível estratégico
Os problemas claramente estratégicos são aqueles que envolvem questões de objetivos
da organização, produtos, serviços e sobrevivência a longo prazo. Sendo assim, são utilizados
pelo gerente sênior ou outro profissional com autoridade e poder de decisão.
Os sistemas em nível estratégico podem ser usados em algumas situações como:
quando introduzir novos produtos;
quando investir em novas tecnologias; e
quando mudar ou fazer instalações num novo local.
2.3.2 Sistema em nível tático
Problemas táticos são aqueles que envolvem questões de como atingir objetivos e
como avaliar o processo de alcance dos objetivos. Esses problemas estão dentro da área
gerencial intermediária e envolvem o desenvolvimento de sistemas táticos ou de suporte
gerencial.
Os sistemas táticos podem ser aplicados em situações como: acompanhamento de
vendas para ver se as metas anuais ou mensais foram atingidas; revisão de orçamentos para
assegurar que a firma não está desperdiçando recursos.
2.3.3 Sistema em nível operacional
Os sistemas são usados para resolver problemas relacionados às operações, serviço e
produção. Exemplo: com que velocidade as máquinas devem se operadas? Como as cartas
atuais devem ser produzidas? Quantos pedidos foram expedidos hoje? Como se pode lidar
com uma fila de consumidores irados?
Esses problemas são esfera de ação dos funcionários técnicos, de produção, serviços e
operacionais e envolvem o monitoramento das atividades diárias.
22
2.4 Exemplos de sistemas empresariais de informações
2.4.1 Sistema empresarial de fabricação e produção
Para Laudon e Laudon (1999), as organizações produtoras de bens normalmente
desenvolvem uma função de fabricação e produção com um departamento ou divisão de
fabricação que se especializa na produção dos bens e serviços que a firma destina ao ambiente
(clientes). Em indústrias são geralmente chamados de sistemas de operações ou simplesmente
“produção”.
Um processo de produção típico pode ser visualizado conforme a figura 2.6.
Figura 2.6: processo de produção. Fonte: adaptado de Laudon e Laudon, 1999, p.28.
Para dar suporte a esse processo de produção é necessária uma série de sistemas
estratégicos, táticos e operacionais.
Os sistemas de fabricação em nível estratégico tratam dos objetivos de fabricação da
empresa a longo prazo. Como e onde localizar novas fábricas, investir em tecnologia de
fabricação.
Os sistemas táticos de fabricação e produção tratam do gerenciamento e controle dos
recursos e custos da produção.
Os sistemas operacionais de produção tratam da situação das tarefas relacionadas à
produção.
Um resumo dos sistemas de informação típicos de fabricação e produção, ordenados
conforme o nível organizacional do problema, pode ser visualizado por meio do quadro 2.1.
Logística de Entrada Comprar materiais Entregar suprimentos Manusear materiais
Logística de Produção Desenvolver e manter instalações Programar operações Fabricar produtos Montar peças Manter estoques
Logística de Saída Processar pedidos Controlar expedição Distribuir produtos
23
Sistema de informação de fabricação e produção
Sistemas estratégicos
Aplicação de leitura óptica para tecnologia de produção
Aplicações para localizações de instalações
Pesquisa e análise de concorrência
Sistemas táticos
Planejamento de recursos de fabricação
Fabricação integrada por computador
Sistemas de controle de estoque
Sistema de cálculo de custo
Planejamento de capacidade
Sistemas de cálculo de mão-de-obra
Planejamento de produção
Sistemas operacionais
Sistema de compra/venda
Sistemas de expedição
Sistemas de custo de mão-de-obra
Sistemas de materiais
Sistemas de manutenção de equipamentos
Sistemas de controle de qualidade Quadro 2.1: sistema de informação de fabricação e produção. Fonte: Laudon e Laudon, 1999, p.28.
2.4.2 Sistema empresarial de vendas e marketing
A função das áreas de vendas e marketing é vender o produto ou serviço a clientes que
estão dispostos a pagar o preço pedido. As principais tarefas são identificar clientes e suas
necessidades, criar conhecimento e necessidade para seu produto, contatar clientes, identificar
os canais de distribuição a utilizar, distribuir fisicamente os produtos, financiar o marketing e
como avaliar os resultados. A figura 2.7 demonstra o processo de vendas e marketing.
Figura 2.7: processo de vendas e marketing. Fonte: adaptado de Laudon e Laudon, 1999, p.31.
Identificar e criar mercados
Identificar novos produtos e serviços Identificar clientes Entender as necessidades do cliente Desenvolver previsões do mercado
Desenvolver mercados Desenvolver canais e rede de distribuição Desenvolver estratégia de preços Financiar distribuição de marketing Avaliar resultados
Manter mercados Executar a estratégia de distribuição e de preços Examinar táticas alternativas Monitorar a concorrência Diferenciar produtos e serviços
24
Os sistemas em nível estratégico para marketing e vendas acompanham as tendências
que afetam novos produtos e oportunidades de vendas, dando suporte aos novos serviços e
produtos, e monitorando o desempenho dos concorrentes.
No que concerne aos sistemas em nível tático, esses atuam na pesquisa de mercado;
nas pesquisas promocionais e propaganda, nas decisões quanto a preços e na análise do
desempenho de vendas.
Já os sistemas em nível operacional auxiliam na localização e contato com clientes em
potencial, no acompanhamento de vendas, no processamento de pedidos, no fornecimento do
serviço e no suporte ao cliente.
O quadro 2.2 expõe os principais tipos de sistemas de vendas e marketing, de acordo
com os níveis estratégico, tático e operacional.
Sistema de informação de vendas e marketing
Sistemas em nível estratégico
Sistema de previsão de mercado demográfico
Previsões econômicas
Aplicações para levantamento da concorrência
Sistemas em nível tático
Sistemas de gerenciamento de vendas
Sistemas de suporte a decisões em estratégia de preços
Sistemas de gerenciamento de pessoal de vendas
Análise de dados de mercado
Sistemas operacionais
Sistemas de suporte a vendedores
Sistemas de entrada de pedidos
Sistemas para ponto-de-venda (PDV)
Sistemas de telemarketing
Sistema de informação de crédito Quadro 2.2: sistema de informação de vendas e marketing. Fonte: Laudon e Laudon, 1999, p.32.
2.4.3 Sistema empresarial de finanças e contabilidade
Os sistemas de finanças referem-se ao gerenciamento adequado dos ativos financeiros
de uma empresa. Dinheiro em caixa, papéis, negociações, ações, etc. A finalidade da área
financeira é maximizar o retorno dos ativos financeiros e administrar a capitalização da
empresa.
A contabilidade envolve a administração dos registros financeiros – despesas, receitas,
depreciação de ativos, folha de pagamento, etc. A finalidade da contabilidade é contabilizar os
fundos de uma empresa.
As funções de finanças e contabilidade compartilham problemas relacionados:
controlar os ativos financeiros e o fluxo de caixa de uma empresa. A figura 2.8 resume a
configuração dos processos de finanças e contabilidade.
25
Figura 2.8: o processo de finanças e contabilidade. Fonte: Laudon e Laudon, 1999, p.33.
Em nível estratégico, os sistemas de informação da função de finanças e contabilidade
estabelecem objetivos de investimentos a longo prazo para a firma e fornecem previsões de
longo alcance do desempenho financeiro da empresa.
Os sistemas de informação financeira em níveis táticos ajudam os gerentes a visualizar
e controlar os recursos financeiros da organização, fornecendo ferramentas e estações de
trabalho analíticas para avaliar o desempenho financeiro da firma.
Já os sistemas operacionais de finanças e contabilidade monitoram o fluxo de caixa da
firma através de cheques de pagamento, pagamento a fornecedores, relatórios de balanços e
receitas.
O quadro 2.3 mostra alguns dos principais sistemas de finanças e contabilidade
encontrados em uma típica organização de grande porte.
Sistema de informação de finanças e contabilidade
Sistemas em nível estratégico
Análise de dados de mercado financeiro
Sistemas de previsão econômica e demográfica
Sistemas de previsões orçamentárias
Sistemas em nível tático
Contabilidade de ativo fixo
Sistemas de cálculos de custos
Sistemas de orçamentos
Sistemas operacionais
Contas a pagar/receber
Livro-razão
Folha de pagamento Quadro 2.3: sistema de informação de finanças e contabilidade. Fonte: Laudon e Laudon, 1999, p.33.
Finanças
Gerenciar ativos financeiros Maximizar o retorno Gerenciar a capitalização da empresa
Contabilidade Gerenciar relatórios financeiros Monitorar fluxo de fundos Desenvolver demonstrações financeiras
26
2.4.4 Sistema empresarial de recursos humanos
No entendimento de Laudon e Laudon (1999), o papel da função de recursos humanos
em uma empresa é atrair, desenvolver e manter uma força de trabalho eficaz. Isto inclui
localizar e contratar novos colaboradores, medir e nivelar o desempenho dos colaboradores
atuais e manter uma equipe apropriada e competitiva ao longo do tempo. A figura 2.9 remete-
se a esse processo.
Figura 2.9: processo de recursos humanos. Fonte: Laudon e Laudon, 1999, p.36.
No nível estratégico, os sistemas de recursos humanos identificam os requisitos de
força de trabalho (habilidades, nível de instrução, tipo de posições, número de posições e
custo) que atendam os planos da empresa a longo prazo. Em nível tático, os sistemas de
recursos humanos ajudam os gerentes a acompanhar e analisar o recrutamento, o
direcionamento e a compensação de empregados. Já os sistemas de nível operacional de
recursos humanos registram o recrutamento e a colocação dos colaboradores de uma empresa
etc. O quadro 2.4 representa os sistemas de informações de recursos humanos em seus três
níveis.
Quadro 2.4: sistema de informação de recursos humanos. Fonte: Laudon e Laudon, 1999, p.37.
Sistema de informações de recursos humanos
Sistemas em nível estratégico
Planejamento de recursos humanos
Sistemas de previsão de força de trabalho
Análises demográficas
Sistemas de planejamento de sucessões
Sistemas em nível tático
Sistemas de estimativas de força de trabalho
Sistemas de controle de posições
Sistemas de análise de funções e compensações
Sistemas de relações de trabalho e custo de contrato
Sistemas operacionais
Registro de pessoal
Registro de candidatos a emprego
Sistemas de benefícios
Sistemas de levantamento de habilidades e treinamento
Acompanhamento de posições
Atrair força de trabalho
Prever necessidades de mão-de-obra Identificar empregados potenciais Analisar funções Recrutar empregados
Desenvolver força de trabalho
Prever necessidades de mão-de-obra Avaliar desempenho Compensar empregados Fazer planos de carreira Administrar questões trabalhistas
Manter a força de trabalho Permitir benefícios competitivos/ compensatórios Monitorar a concorrência Atender requisitos legais e de segurança
27
2.5 Uso estratégico dos sistemas de informação nas empresas
Conforme Stair (1998), as empresas usam sistemas de informação para darem apoio as
suas metas. O uso bem sucedido dos sistemas de informação envolve a identificação dos
fatores críticos para o sucesso, empenho para melhorar a eficiência ou produtividade, ênfase
ao desenvolvimento de aperfeiçoamento contínuo e desenvolvimento de novos sistemas de
informação que possam oferecer vantagem competitiva.
2.5.1 Identificação dos Fatores Críticos de Sucesso (FCS)
Os Fatores Críticos de Sucesso (FCS) podem ser definidos como componentes ou
fatores-chaves para o sucesso de uma empresa. Exemplos:
Para uma empresa de microcomputadores, um FCS poderia ser o uso de tecnologia
avançada de modo a oferecer microcomputadores de baixo custo.
Já para um fabricante de carros luxuosos, os FCS mais importantes poderiam estar na
oferta do melhor modelo sedan para viagens: a personalização e qualidade seriam mais
importantes que o lucro auferido pelas vendas.
Uma vez identificados os FCS, os processos-chave que tem impacto sobre eles devem
ser avaliados, juntamente com quaisquer sistema de informação que sejam parte do processo.
Daí, os processos podem ser redefinidos e novos sistemas de informação podem ser
desenvolvidos para funcionar de maneira eficaz e eficiente.
2.5.2 Produtividade
“O desenvolvimento de sistemas de informação que medem e controlam a
produtividade é um elemento-chave para muitas organizações. A produtividade, um conceito
intimamente relacionado à idéia de eficiência, é a medida da saída obtida, dividida pela
entrada necessária”. (STAIR, 1998, p.41).
Exemplo: em uma jornada semanal de trabalho de 40 horas, um determinado
funcionário totaliza entre atendimento a clientes, preenchimento de documentos e ligações a
fornecedores 36 horas trabalhadas. Considerando-se o cálculo da produtividade, tem-se um
índice de 0,90. Isso indica que praticamente não houve ociosidade por parte desse empregado.
Uma vez medido o nível básico de produtividade, um sistema de informação pode
monitorá-lo e compará-lo ao longo do tempo para verificar se a produtividade está
aumentando.
2.5.3 Aperfeiçoamento contínuo
Nas palavras de Stair (1998, p.44), “o aperfeiçoamento contínuo busca a qualidade
total. Qualidade total significa a capacidade de um produto, incluindo serviços, satisfazer ou
exceder as expectativas dos clientes. Inúmeras empresas adotam estratégias de
aperfeiçoamento contínuo que exigem que cada importante processo (sistema) empresarial
siga as orientações da TQM (Total Quality Management)”.
A gestão da qualidade total (TQM) consiste em um conjunto de abordagens,
ferramentas e técnicas que oferecem um compromisso de toda a organização com a qualidade.
28
2.5.4 Vantagem competitiva
De acordo com Stair (1998) a vantagem competitiva é um benefício a longo prazo para
as empresas, tendo em vista a competição. Para atingir esse objetivo, as organizações
encontram diversas estratégias genéricas, relacionadas com seus processos de valor
adicionado. As principais estratégias são:
aperfeiçoamento de produtos e serviços existentes: significa replanejar os produtos
e serviços para torná-los mais atraentes e de maior valor para clientes. Exemplo:
fabricantes de carros;
desenvolvimento de novos produtos: novas ofertas para ganhar novos clientes e
manter os já existentes. Exemplo: linha de produtos saudáveis e light;
mudança da indústria existente e suas características. Tem como principal
característica dificultar a entrada de novas indústrias no mercado ou reduzir
produtos e serviços de concorrentes. Exemplo: baterias de reposição para
notebooks (com a proliferação dos serviços de recondicionamento de baterias, as
fábricas de computadores passaram a produzi-las nacionalmente e a preços
competitivos); e
criação de novos mercados: desenvolver serviços e produtos que representam uma
indústria completamente nova. Exemplo: Empresa Apple na década de 70 tornou
os microcomputadores disponíveis ao público em geral, dando surgimento a uma
nova indústria bem-sucedida.
29
EXERCÍCIO PRÁTICO
A) Contextualização
Suponha que você faça parte de determinada empresa que esteja sofrendo um processo
de reestruturação de seus sistemas. O diretor executivo da organização convidou você para
participar do desenvolvimento do novo sistema do departamento no qual você trabalha
(materiais, recursos humanos, produção, contabilidade, manutenção, vendas, financeiro,
marketing, sistemas, compras etc).
O que o diretor quer de você é o levantamento das informações do setor, para que as mesmas
façam parte do projeto lógico do novo sistema de informações da empresa.
B) Etapas do trabalho a ser desenvolvido pelos pós-graduandos em sala de aula
1. Formar grupos de 05 a 06 pessoas com afinidade em uma determinada área, por exemplo,
todos os alunos que trabalham ou gostam do assunto recursos humanos, poderão formar o
grupo de trabalho “Recursos Humanos”. (tempo estimado 10 minutos).
2. Logo após a montagem dos grupos, os componentes deverão identificar qual a proximidade
de cada um deles com aquele setor e eleger um líder. (tempo estimado 10 minutos).
3. Decorridas as duas fases anteriores, cada grupo irá desenvolver o trabalho de levantamento
das informações sugerido na contextualização deste estudo de caso. (tempo estimado 2
horas).
4. Cada grupo deverá preparar uma apresentação onde TODOS os membros ajudarão o líder
a:
apresentar a empresa, qual o setor de atuação dela (laticínios, metalurgia,
financeiro, varejo etc.), qual o tamanho dela (grande, média, pequena, micro);
expor a estrutura organizacional da empresa;
demonstrar o levantamento de informações feitas no setor, conforme instruções do
item C deste estudo de caso.
O tempo destinado para cada apresentação deve estar entre 20 e 30 minutos.
O professor deverá receber uma cópia das transparências (em folha de papel sulfite) ou
um resumo do material apresentado.
30
C) Instruções para elaboração do trabalho
1. O grupo deve desenvolver o organograma da empresa que ele está simulando.
Exemplo:
2. O grupo deve contextualizar a empresa, relatando o segmento de mercado em que a
empresa atua, seu tamanho, eventuais problemas etc.
Exemplo:
“A empresa descrita por nosso grupo é a Metal Pesado, uma indústria de máquinas
para produção de rolamentos. Ela tem sede em São Paulo. Possui 78 clientes cadastrados, 114
funcionários e um faturamento de R$ 6.700.000 anuais. Seu problema é que, dadas as
contingências de mercado, ela necessita reestruturar seu sistema de informações de vendas.
Para tanto, iremos levantar as informações mais relevantes e como elas se enquadram na
empresa ... ... ... ”.
3. O terceiro passo diz respeito ao trato direto com as informações do setor. Os componentes
do grupo devem identificar cada informação necessária para a administração do setor,
respondendo as seguintes questões:
Nome da informação; exemplo: ÍNDICE DE ROTATIVIDADE.
Sobre o quê trata a informação; exemplo: ITENS DE ESTOQUE.
Com que nível de detalhe a informação deve ser obtida; exemplo: POR GRUPO DO ABC.
Com que freqüência você necessita dessa informação. Exemplo: MENSAL.
Gerência Regional
RH
Estoques
Marketing
Vendas
Compras
Depto comercial
Contabilidade
Transportes
Serv. gerais
Depto Administrativo
Contas a receber
Contas a pagar
Crédito e cobrança
Depto financeiro
Tesouraria
31
Para facilitar o trabalho, sugere-se a utilização de uma tabela.
Exemplo 1: levantamento das informações do setor de estoques da empresa Metal Pesado
Ltda.
Exemplo 2: levantamento das informações do setor de marketing da empresa Metal Pesado
Ltda.
Informações Sobre o quê? Nível de
detalhe Freqüência
Custo Lançamento de novos produtos Por produto Semanal
Custo/Benefício Gasto com promoções/aumento
das vendas
Por espécie
promocional Mensal
Custo/Benefício Gasto com propaganda/ aumento
das vendas
Por espécie de
propaganda Mensal
Informações Sobre o quê? Nível de detalhe Freqüência
Entradas de estoque Valores Por centro de custo Mensal
Saídas de estoque Valores Por centro de custo Mensal
Nível de estoque Valores Total Mensal
Inventário Sobras e perdas de
estoque
Principais
diferenças Mensal
Rotação dos estoques Classificação ABC Mensal
Armazenamento em
depósitos de terceiros Valores Por depósito mensal
32
Exemplo 3: levantamento das informações do setor de recursos humanos da empresa Metal
Pesado Ltda.
Informações Sobre o quê? Nível de detalhe Freqüência
Turn over Número e valor Por setor Mensal
Pesquisa de salário Comparativo do
mercado Por setor Semestral
Avaliação do pessoal Análise de desempenho Por setor Semestral
Análise de
incidências Absenteísmo Por setor Mensal
Análise de
incidências Horas extras Por setor Mensal
Programação Férias Por setor Mensal
Avaliação de custo Recrutamento e seleção Por setor Mensal
REFERÊNCIAS
CASSARRO, Antonio C. Sistemas de informações para tomada de decisões. São Paulo:
Pioneira, 1999.
LAUDON, Kenneth C.; LAUDON, Jane P. Sistemas de informação. Rio de Janeiro: Ltc,
1999.
STAIR, Ralph M. Princípios de sistemas de informação: uma abordagem gerencial. São
Paulo: LTC, 1998.
33
3 S.I. BASEADOS EM COMPUTADORES
3.1 Sistemas de processamento de transações (SPT)
Na perspectiva de Laudon e Laudon (1999, p.287), “no nível mais elementar, os
sistemas de informação monitoram as atividades diárias, periódicas ou rotineiras de uma
empresa como controle de estoque, folha de pagamento, atendimento a clientes e fluxo de
materiais em uma fábrica”. Esse tipo de sistema de informação pode ser chamado de sistema
de processamento de transações (SPT) ou de sistema empresarial básico.
Uma transação é o registro de um evento ao qual a empresa deve responder. Por
exemplo, os dados sobre um pedido que acabam de ser registrados constituem uma transação.
A empresa responde a essa transação atendendo ao pedido, ajustando seu estoque para
contabilizar os itens utilizados para esse atendimento, gerando uma nota de embarque,
embalando e despachando o pedido e enviando cobrança ao cliente. Desse modo, a transação
aciona toda uma série de eventos que atualizam os registros comerciais da empresa e
produzem os documentos apropriados.
3.1.1 Funções dos SPT’s
O principal objetivo dos SPT’s, para Laudon e Laudon (1999), é responder a questões
rotineiras e acompanhar o fluxo de transações através da organização. Quantas peças existem
em estoque? O que aconteceu com o pagamento do professor Paulo Munhoz? Quantos
empregados foram pagos no mês?
Sob essa ênfase, os SPT’s dão suporte às funções básicas da empresa, resolvendo
questões a nível operacional da empresa. No nível operacional as informações para soluções
são estruturadas, pois se baseiam em procedimentos padronizados e rotineiros. Portanto, os
problemas a nível operacional são resolvidos em curtíssimo prazo. A decisão de pagar um
empregado ativo, por exemplo, fundamenta-se em dois critérios predefinidos: o empregado
está na folha de pagamento e trabalhou esta semana? Uma decisão destas não requer muita
deliberação da direção. Tudo que precisa ser verificado é se o empregado satisfaz a esses
critérios.
34
Em conseqüência, esses sistemas são utilizados principalmente por pessoas com pouca
ou nenhuma responsabilidade – funcionários de folha de pagamento, da entrada de pedidos ou
promotores de lojas. Os sistemas exigem pouca ou nenhuma decisão das pessoas que os
operam.
Os SPT’s capacitam as organizações a executar suas atividades mais importantes de
maneira mais eficiente. Sendo assim, esses sistemas são importantes fornecedores de dados
para o nível operacional da empresa e também para os níveis mais elevados da empresa
(gerências tática e estratégica).
3.1.2 Origem dos dados de um SPT
Embora grande parte das informações dos SPT’s provenha de dentro da empresa, esses
sistemas têm que lidar com clientes, fornecedores e fatores externos a empresa. Por exemplo,
um sistema de processamento de pedidos conterá dados de clientes; um sistema de compras
conterá dados de fornecedores; um sistema de recursos humanos deverá incorporar normas
governamentais relativas a segurança no trabalho, ao desemprego e as práticas contábeis de
benefícios. Assim, os SPT’s ajudam a solucionar problemas que dizem respeito ao
relacionamento da empresa com seu ambiente externo.
3.1.3 Atividades de um SPT
Um sistema de processamento de transações desempenha as seguintes atividades:
3.1.3.1 Entrada e coleta de dados
Origem dos dados de entrada: digitação, cartões, scanners, entrada de áudio. Quando é
necessária agilidade na coleta de dados, scanners e outras mídias de entrada podem ser
utilizados.
3.1.3.2 Processamento e armazenamento
A manipulação dos dados ou processamento é a etapa de execução de cálculos sobre
os dados, classificação dos dados, disposição dos arquivos em categorias e sumário de
resultados.
Após completar a manipulação dos dados, a transação de dados é armazenada pelo
SPT. O armazenamento de dados envolve a colocação dos dados da transação em um ou mais
banco de dados.
Uma vez armazenadas as informações em bancos de dados, essa informação pode
sofrer um processamento e manipulações adicionais para outros sistemas, auxiliando o apoio à
decisão pelos gerentes. Os SPT’s são os principais fornecedores de dados para os sistemas de
informação que dão suporte aos gerentes que se deparam com problemas menos estruturados.
Assim, enquanto um banco de dados de transações pode ser considerado um
subproduto de um processamento de transações, ele pode ter forte efeito sobre quase todos os
sistemas de informação e processos de tomada de decisões na organização.
35
3.1.3.3 Saída
Mercadorias acabadas, documentos, etiquetas de embalagens ou pedidos de compras.
O fornecimento de dados para a utilização por outros sistemas também é uma
importante saída. Os SPT’s são os principais fornecedores de dados para os sistemas de
informação que dão suporte aos gerentes de nível intermediário, que fazem uso de resumos de
dados das transações para monitorar e controlar o desempenho da empresa. Exemplo: um
relatório típico de um gerente intermediário do departamento de vendas de uma empresa é o
resumo das transações de vendas de cada região relativo à um mês ou um ano.
A figura 3.1 ilustra um sistema de processamento de transações com suas entradas,
fluxo de processamento e as saídas geradas pelo mesmo.
Figura 3.1: o SPT é o suporte principal de uma empresa porque ele executa os procedimentos básicos
que mantêm a empresa funcionando. O sistema recebe as entradas relacionadas a uma
transação, efetua seu processamento e produz saídas que possibilitam que a empresa
continue funcionando. Fonte: adaptado de Laudon e Laudon, 1999, p.289.
3.1.4 Características de um SPT
Segundo Stair (1998), os sistemas de processamento de transação têm inúmeras
características gerais relevantes a aplicações mais específicas. Estas características incluem:
uma grande quantidade de dados de entrada;
uma grande quantidade de saída;
necessidade de processamento eficiente para lidar com grandes quantidades de
entradas e saídas;
Entrada On line
Cartões Scanners e Sensores
Entrada de Áudio
Processamento de Transações
Registrar
Executar
Listar
Juntar
Ordenar
Atualizar
Documentos Dados para outros
sistemas
Saída de Áudio
Produtos
36
capacidade de entrada e saídas rápidas;
alto grau de repetição no processamento;
computação simples (adição, subtração, multiplicação e divisão);
grande necessidade de armazenamento;
atualização de arquivos segura e eficiente; e
impacto grave e negativo sobre a organização em caso de pane ou falha de
operação.
3.1.5 Sistemas tolerantes a falhas
Imaginem se os clientes de um banco ficassem sem caixas automáticos, o transtorno e
prejuízo que isso poderia causar ou se uma loja de varejo ficasse sem comunicação entre os
pontos de vendas, servidor e as empresas de cartão de crédito? Como seria atualizado o
estoque? Como verificaria clientes inadimplentes? Algumas empresas como as lojas de varejo
e os bancos têm pesados requisitos de PTOL (Process Transactions On Line) com numerosas
solicitações de informações e modificações de arquivos ocorrendo a todo instante. Seus
sistemas de processamento de transação on line, nos quais maciças quantidades de transações
são processadas a cada instante, podem causar grandes perturbações empresariais se tiverem
problemas de processamento.
Para evitar essas calamidades, muitas empresas com requisitos pesados de PTOL
contam com sistemas de computadores tolerantes a falhas com hardware extra, software e
suprimento como backups contra falhas dos sistemas. Eles podem utilizar rotinas de software
ou lógica de auto-verificação para detectar falhas de hardware e passar automaticamente para
um dispositivo reserva. As peças podem ser retiradas ou consertadas sem interromper o
sistema de computador (LAUDON e LAUDON, 1999).
3.1.6 Métodos de processamento de transações
Existem basicamente dois métodos de processamento para os SPT:
Processamento em lotes (Batch): as transações são acumuladas por um certo período
de tempo e periodicamente processadas.
Processamento em tempo real (on line): as transações ou dados são processados no
momento da ocorrência de uma transação.
Exemplo: sistemas de ponto-de-venda e lojas de varejo podem acumular transações
localmente (em lote) para posterior processamento, ou as transações são processadas
imediatamente (em tempo real).
3.1.7 Sistemas de processamento de transações básicos
Os sistemas de informações transacionais geralmente são classificados de acordo com
o tipo de sistema empresarial em nível operacional da organização, conforme apresentado
na seção 2.4 do capítulo anterior, e usualmente estão enquadrados dentro de um dos quatro
grandes processos da empresa:
fabricação e produção;
vendas e marketing;
finanças e contabilidade; e
recursos humanos.
37
3.1.7.1 Sistemas básicos de fabricação e produção
Os sistemas de informação podem dar suporte às funções de produção e fabricação,
fornecendo dados para operar, monitorar e controlar o processo de produção. Eles coletam
dados e produzem relatórios concernentes à situação das tarefas de produção, estoque,
compras e fluxo de bens e serviços.
Os sistemas de compras mantêm dados sobre itens adquiridos para o processo de
produção, como arquivos sobre fornecedores, preços de itens adquiridos e itens pedidos.
Os sistemas de recebimento mantêm dados sobre bens adquiridos e suas datas de
entrega e fornecem informações para as funções de produção, estoque e contas a pagar.
Os sistemas de expedição acompanham a colocação de produtos acabados no estoque
e as remessas para clientes; essas informações depois são passadas para o estoque e para
contas a receber.
Os sistemas de estoque monitoram os níveis de estoque, as rupturas de estoque, a
localização e a distribuição de estoque na organização.
Os sistemas de materiais monitoram a utilização de materiais no processo de
produção. O sistema lista de materiais inventaria as matérias-primas e as peças componentes
necessárias para fabricar um determinado produto. O sistema de custo de mão-de-obra
acompanha a utilização dos recursos de pessoal no processo de produção, e os sistemas de
equipamentos monitoram os custos do equipamento e da produção.
Os sistemas de controle de qualidade monitoram os processos de produção para
identificar variações em relação aos padrões e controle de qualidade.
Os sistemas de controle de processos monitoram os processos físicos de produção em
andamento.
Os sistemas de controle de máquinas monitoram o funcionamento das máquinas.
Geralmente, a robótica é utilizada para o controle inteligente das máquinas. A robótica utiliza
dispositivos eletrônicos que se assemelham aos humanos (como movimento e visões) capazes
de controlar as suas próprias atividades.
Além de executar essas tarefas, os sistemas de fabricação e produção são importantes
fontes de dados para outros sistemas. Eles interagem com o estoque da empresa, o processo de
processamento de pedidos e os sistemas de contabilidade e fornecem dados para a gerência de
nível médio e de topo.
3.1.7.2 Sistemas básicos de venda e marketing
No nível mais elementar, os sistemas de informação dão suporte à função de vendas e
marketing facilitando a movimentação de mercadorias e serviços dos produtores para os
consumidores. Esses sistemas coletam e processam dados rotineiros e repetitivos para
localizar clientes, oferecer serviços, processar vendas e pedidos e autorizar vendas a clientes.
38
Os sistemas de suporte a vendas ajudam o pessoal de vendas a identificar possíveis
clientes, fazer contato com clientes e acompanhar uma venda. Esses sistemas registram e
acompanham clientes potenciais e os contatos com clientes. Eles podem incluir informações
como nome, endereço e preferências de produtos de clientes potenciais ou clientes antigos.
Os sistemas de telemarketing controlam a utilização do telefone para contato com os
clientes, oferecimento de produtos e verificação do andamento de vendas.
Os sistemas de processamento de pedidos registram e processam pedidos de vendas
para o acompanhamento da situação dos pedidos, para a emissão de faturas e muitas vezes
para a produção de dados para a análise de vendas e controle de estoque.
Os sistemas de ponto-de-venda coletam dados sobre venda no local em que elas
ocorrem por meio de scanners manuais ou registros de caixa.
Os sistemas de informações sobre crédito de clientes fornecem aos representantes de
vendas ou aos gerentes informações sobre o crédito máximo que pode ser concedido a um
cliente; eles também podem conter informações sobre históricos de crédito. Esses sistemas
muitas vezes são integrados aos sistemas de processamento de pedidos e aos de contabilidade.
Os dados sobre processamento de pedidos e de ponto-de-venda são usados não só para
acompanhar vendas, mas também para que os sistemas de informações gerenciais sobre
vendas ajudem os gerentes de vendas a avaliar o desempenho das vendas ou estabelecer os
alvos das vendas.
Os sistemas de vendas também são vinculados aos sistemas funcionais de outras áreas
funcionais, como o sistema de compras e o de contas a receber.
3.1.7.3 Sistemas básicos de contabilidade e finanças
Os sistemas de contabilidade mantêm registros referentes ao fluxo de fundos nas
empresas e produzem demonstrações financeiras, como balanços e demonstrações de lucros e
perdas. Os sistemas de finanças mantêm registros concernentes à utilização e gerenciamento
da empresa.
Contabilidade
Sistemas de contas a receber mantêm registros de importância devida pelos clientes e
informações de créditos, com base em faturas de clientes e datas de pagamento.
Sistemas de contas a pagar registram as importâncias devidas a credores da empresa.
Eles geram cheques para as faturas pendentes e relatam transações de pagamento.
Sistemas livro-razão utilizam dados das contas a receber e a pagar, dados da folha de
pagamento e de outros sistemas contábeis para registrar as receitas e despesas da empresa.
Eles produzem demonstrações de lucros e perdas, balanços, balancetes do livro-razão e outros
relatórios.
39
Sistemas de folha de pagamento às vezes são tratados como sistemas de recursos
humanos, mas também desempenham importantes funções contábeis. Eles calculam e
produzem os pagamentos a empregados, declarações para o imposto de renda e para as
autoridades dos impostos estaduais e locais, além de relatórios sobre pagamentos.
Finanças
Sistemas de gerência de caixa: monitoram as despesas e as receitas de caixa. As
empresas utilizam essas informações para identificar excessos de fundos que podem ser
depositados ou investidos para gerar renda adicional. Os sistemas de gerência de caixa
também podem produzir previsões de fluxo de caixa que os gerentes podem utilizar para
planejar e desenvolver alternativas estratégicas de investimentos.
3.1.7.4 Sistemas básicos de recursos humanos
Os sistemas básicos de recursos humanos lidam com o recrutamento, a colocação, a
avaliação de desempenho, a remuneração e o desenvolvimento da carreira dos funcionários de
uma empresa.
Esses sistemas coletam dados relativos aos empregados e dão suporte a tarefas
repetitivas e rotineiras como contratação de novos empregados, promoções, transferências e
demissões, mantendo registro dos benefícios e beneficiários dos empregados.
Os sistemas de manutenção de registros sobre o pessoal mantêm dados básicos como,
nome, endereço, estado civil, dependentes, idade, categoria para o imposto de renda e
avaliações de cargos, além de registrar transações de contratações, demissões, transferências,
promoções e avaliações de desempenho.
Os sistemas de acompanhamento de candidatos a empregos mantêm dados sobre
candidatos a empregos e fornecem relatórios para satisfazer os regulamentos federais,
estaduais e locais sobre contratação de pessoal.
Os sistemas de cargos, ao contrário, não mantêm informações sobre empregados, e
sim sobre os cargos da empresa. Um cargo pode ser definido como uma vaga no organograma
da empresa. Os sistemas de cargos mantêm dados sobre cargos ocupados e vagos e monitoram
as transações relativas a cargos e indicações de empregos.
Os sistemas de treinamentos e habilidades mantêm registros do treinamento e da
experiência de trabalho de empregados, interesses, habilidades especiais e proficiência. Esses
sistemas podem identificar empregados com habilidades apropriadas para determinados
cargos.
Os sistemas de benefícios mantêm dados sobre empregados, como seguros de vida,
seguros de saúde, pensões e outros benefícios, e monitoram transações como mudanças nos
beneficiários e cobertura de benefícios.
Os sistemas básicos de recursos humanos também podem fornecer dados para gerentes
ou para outros sistemas que atendem especificamente a alta administração. Por exemplo, os
sistemas de cargos são usados para a análise gerencial dos problemas de rotatividade e
estratégias de recrutamento, bem como o planejamento de substituições.
40
3.1.8. Inter-relações entre os SPT’s de uma empresa
É importante observar a característica de inter-relacionamento entre as diversas
funções da empresa. Para uma determinada aplicação, diversos departamentos funcionais são
inter-relacionados. A figura 3.2 ilustra as inter-relações de diversos sistemas de
processamento de transação de uma empresa para o processamento dos livros contábeis.
Figura 3.2: inter-relações entre SPT’s de uma empresa para o processamento dos livros contábeis.
3.2 Sistemas de informações gerencial (SIG)
A finalidade principal de um SIG, segundo Stair (1998, p.208), é “ajudar uma
organização a atingir suas metas, fornecendo aos administradores uma visão das operações
regulares da empresa, de modo que se possa organizar, controlar, planejar mais eficaz e
eficientemente. Em resumo, um SIG fornece aos administradores informações úteis para obter
um feedback para as operações empresariais”.
As informações reduzidas, que são fundamentais para que os gerentes executem as
suas funções na empresa (processos de decisão), são apresentadas através de vários relatórios
resumidos. Estes relatórios resumidos podem ser obtidos pela filtragem e análise de dados
altamente detalhados em bancos de dados de processamento de transações e apresentação de
resultados aos administradores de forma que façam sentido.
Esses relatórios ajudam os administradores, fornecendo-lhes dados e informações para
a tomada de decisões, de forma que possam utilizá-los prontamente.
Processamento de pedidos
Fatura
Análises de Vendas
Contas a receber
Recebimento de caixa
Contas a pagar
Desembolsos de caixa
Livro-Razão Geral
Relatórios Financeiros
Folha de Pagamento
Controle de Ponto
Compras
Processamento de inventário
SPT RECEBIMENTOS E DESEMBOLSOS DE CAIXA
SPT VENDAS
PROCESSAMENTO LIVROS
CONTÁBEIS
SPT FOLHA DE
PAGAMENTO SPT
COMPRAS
41
3.2.1 Diferenças entre relatórios gerados pelo SPT e os gerados pelo SIG
Conforme Stair (1998, p.208), “a principal diferença entre os relatórios gerados pelo
SPT e os gerados pelo SIG é que os relatórios gerados pelo SIG dão suporte à tomada de
decisão gerencial dos níveis mais altos de gerenciamento, onde as decisões tendem a serem
menos estruturadas (semi-estruturadas) e menos rotineiras. Enquanto um SPT dá suporte mais
freqüentemente à eficácia da organização, um SIG dá suporte a eficácia gerencial”.
3.2.2 Integração de informações gerenciais através do SIG
Uma empresa ou uma organização é um sistema e seus departamentos ou áreas
funcionais são seus subsistemas organizados em linhas funcionais (finanças, marketing,
industrial, e assim por diante).
A maior parte dos subsistemas funcionais, é claro, compartilham certos recursos de
hardware, dados e, freqüentemente, até pessoas. Alguns subsistemas, porém, não o fazem.
Esses subsistemas são totalmente auto-suficientes dentro de uma área funcional e são úteis
para finalidades específicas.
Um dos papéis do administrador de sistemas de informação é aumentar a eficiência
global do SIG através do aperfeiçoamento da integração desses subsistemas. Por exemplo,
poderia haver grupos de dados que se sobrepõem significativamente e, no entanto, estão sendo
mantidos em dois departamentos funcionais diferentes (por exemplo: listas de clientes
mantidas pelo departamento de vendas e pelo departamento financeiro).
Então, deve-se projetar um SIG para que ele seja uma coleção integrada de
subsistemas funcionais dentro da organização. Para tanto, recursos de hardware e banco de
dados devem ser compartilhados para que haja a integração.
Quando uma abordagem funcional é adotada, é necessário tentar ligar os vários
sistemas de informação gerencial. Um meio de unificar e integrar vários sistemas é através de
um banco de dados compartilhado. O uso de banco de dados comum serve não apenas para
integrar os vários SIG como também pode ligar os diversos SPT’s da organização, tornando
mais fácil o acesso a informações, reduzindo custos e aumentando a eficiência e eficácia dos
relatórios gerenciais.
Como outros recursos corporativos, o investimento em SIG deve ser maximizado pela
redução da subutilização.
Embora o aumento da eficiência global do SIG seja importante, todos os
administradores (incluindo os gerentes de SI) devem considerar que um importante papel do
SIG é aperfeiçoar a eficácia através do fornecimento da informação certa à pessoa certa da
maneira certa e no momento certo.
3.2.3 Entradas para um SIG
Stair (1998) relata que, tecnicamente falando, todos os dados que entram num SIG são
dados internos. Isto é, antes de entrarem no SIG os dados estão contidos dentro da empresa.
No entanto, os dados que entram em um SIG podem ser originários tanto de fontes internas e
externas.
42
Fontes de dados internas para o SIG:
os SPT’s são as principais fontes de dados de entrada para um SIG; e
a missão estratégica ou plano da organização é uma outra importante fonte interna de dados.
Fontes de dados externas para o SIG:
clientes, fornecedores, concorrentes e acionistas cujos dados não foram coletados pelo SPT.
O SIG usa os dados obtidos dessas fontes, processando-os em informações mais úteis
para administradores do que mera coleta de dados, basicamente através do fornecimento de
relatórios predeterminados. Por exemplo, mais do que apenas obter uma listagem cronológica
das atividades de vendas durante as últimas semanas, um gerente nacional de vendas poderia
obter os dados semanais de venda da sua organização, em um formato tal que ele possa
facilmente ver a atividade de vendas por região, por representante local de vendas, por
produto e mesmo em comparação às vendas do último ano.
3.2.4 Saídas de um sistema de informação gerencial
A saída da maioria dos sistemas de informações gerenciais é uma coleção de relatórios
que são distribuídos aos administradores. Esses relatórios incluem relatórios programados,
relatórios por solicitação e relatórios de exceção.
Relatórios programados: são produzidos periodicamente ou de forma programada,
diária, semanal ou mensal. Por exemplo, um gerente de produção poderia utilizar um relatório
resumido semanal que liste os custos totais com folha de pagamento com a finalidade de
monitorar os custos de mão-de-obra e das tarefas.
Relatório indicador de pontos críticos: um tipo especial de relatório programado,
resume as atividades críticas do dia anterior e fica disponível caracteristicamente a cada dia de
trabalho. Os relatórios indicadores de níveis críticos podem resumir níveis de estoques,
atividades de produção, volume de vendas, etc. Os relatórios indicadores de pontos críticos
estão geralmente ligados aos fatores críticos de sucesso (FCS) de uma organização, de modo
que os administradores e executivos possam usar esse relatório para tomar medidas rápidas e
de ações corretivas sobre aspectos significativos do negócio.
Relatórios sob solicitação: são desenvolvidos para dar certas informações a pedido de
um administrador. Em outras palavras, esses relatórios são produzidos por solicitação. Um
executivo, por exemplo, pode querer saber o nível de estoque de um item em particular.
Relatórios de exceção: são relatórios produzidos automaticamente quando uma
situação é incomum ou requer uma atitude da administração. Por exemplo, um gerente
poderia estabelecer um parâmetro que gerasse um relatório de todos os itens de estoque com
menos de 50 unidades disponíveis. O relatório de exceção gerado por esse parâmetro conteria
apenas aqueles itens com menos de 50 unidades no estoque. Um relatório de todos os
empregados que trabalharam mais de 40 horas na semana é outro exemplo de relatório de
exceção. Como acontecem com os relatórios indicadores de pontos críticos, os relatórios de
exceção são freqüentemente usados para monitorar aspectos críticos para o sucesso de uma
organização. Em geral, quando um relatório de exceção é produzido, um gerente ou executivo
toma uma atitude.
Importante: A determinação de parâmetros ou pontos de cortes para um relatório de
exceção deve ser feita cuidadosamente. Um ponto de corte muito baixo pode resultar em uma
abundância de relatórios de exceção; um ponto de corte muito alto poderia acarretar em
problemas que precisariam de ações que poderiam ficar negligenciadas.
43
Exemplo: se um gerente quer um relatório que contenha todos os projetos do seu orçamento
de $100,00 para cima, ele pode descobrir que quase todos os projetos da empresa excedem o
seu orçamento em no mínimo esta quantia. O ponto de corte $100,00 é provavelmente muito
baixo. Um ponto de partida de $5000,00 poderia ser mais apropriado.
3.2.4.1 Orientações para desenvolver relatórios de um SIG
O quadro 3.1 explicita as principais orientações a serem seguidas na elaboração de
relatórios de um sistema de informação gerencial:
Orientações Explicações
Ajustar cada relatório às necessidades do usuário. Requer o envolvimento do usuário e a alimentação de dados.
Gastar tempo e esforços na produção apenas daqueles relatórios que serão usados.
Uma vez instituídos, muitos relatórios continuam a ser gerados mesmo que ninguém os usem mais; eles ficam apenas esquecidos.
Prestar atenção ao conteúdo e à apresentação do relatório.
Mostrar a informação que é a mais procurada de forma mais destacada. Não sobrecarregue o relatório com dados desnecessários. Use palavras e frases de aceitação geral.
Ao relatar, usar gerenciamento por exceção Alguns relatórios só devem ser produzidos quando há um problema a ser solucionado ou uma ação que deve ser tomada.
Estabelecer parâmetros cuidadosamente Baixos parâmetros podem resultar em relatórios em excesso; altos parâmetros podem negligenciar informações valiosas.
Produzir todos os relatórios pontualmente Relatórios desatualizados são de pouco ou nenhum valor.
Quadro 3.1: orientações para desenvolver relatórios de um SIG. Fonte: Stair, 1998, p.211.
3.2.5 Relacionamento entre profissionais de informação e usuários do SIG
Tipicamente, os programadores e analistas de sistemas estão envolvidos no
desenvolvimento e implementação dos relatórios SIG.
Muitas vezes, é comum a solicitação de relatórios por parte dos usuários sem muita
formalidade, o que acarreta, em falta de prioridade, necessidade, podendo comprometer o
funcionamento do SIG.
Portanto, os profissionais do departamento de sistemas de informação devem exigir
solicitação formal para a elaboração de relatórios por parte dos usuários.
3.2.6 Aspectos funcionais de um SIG
Muitas organizações estão estruturadas por linhas ou áreas funcionais (ver seção
2.2.1.2 do capítulo anterior). Isto é geralmente mostrado no organograma da empresa.
Algumas das áreas funcionais tradicionais são as de contabilidade, finanças, marketing,
pessoal, pesquisas e desenvolvimento (P&D), serviços legais, administração de produção e
sistemas de informação.
44
Somado a isso, cada uma dessas áreas funcionais dentro da organização contém os
vários níveis de administração (estratégico, tático e operacional). Assim, além do corte
vertical da administração em várias áreas funcionais, há também uma necessidade do corte
horizontal da administração nos níveis estratégico, tático e operacional. Cada área funcional
utiliza seu próprio conjunto de subsistemas de funções específicas, os quais interagem tanto
com o SPT como com o SIG, de alguma forma (ver seção 2.4 do capítulo anterior).
A figura 3.3 retrata o SIG como uma coleção integrada de sistemas de informações
funcionais, cada um dando suporte a áreas funcionais específicas.
Figura 3.3: SIG composto por sistemas de informações funcionais das diversas áreas de uma
organização. Fonte: Stair, 1998, p.212.
SIG
Contabilidade
Finanças
Recursos Humanos
Industrial
Marketing
Outras áreas funcionais
Administração geral
Relatórios de contabilidade
Relatórios financeiros
Relatórios de RH
Relatórios industriais
Relatórios de marketing
Relatórios de outras áreas
Relatórios adm. geral
Fontes de dados
45
Para Stair (1998), quando uma abordagem funcional é adotada, é necessário tentar
ligar os vários sistemas de informações gerenciais (a exemplo da caixa rotulada SIG que cerca
os sistemas de informações funcionais na figura 3.3). Caso contrário, a organização teria uma
coleção de sistemas separados e ineficazes.
Um meio de unificar e integrar vários sistemas é através de um banco de dados
compartilhado, como mostrado na figura 3.4.
Figura 3.4: os sistemas de informações gerenciais da área funcional são integrados através de bancos
de dados compartilhados. Com isso, aumenta a veracidade das informações e também do
fluxo de informações entre as áreas funcionais, fornecendo relatórios mais precisos. Fonte: Stair, 1998, p.214.
O uso de um banco de dados comum serve não apenas para integrar os vários SIG’s
funcionais como também pode ligar os SPT’s da organização com os SIG’s funcionais. A
integração de diferentes sistemas de informações torna mais fácil o compartilhamento de
dados e informações, o que pode levar à redução de custos, relatórios mais precisos, dados
mais seguros e aumento da eficiência da organização.
3.2.7 Exemplos de SIG empresariais
3.2.7.1 Sistema de informações gerenciais financeiro
Na concepção de Stair (1998), desde dos primórdios da computação comercial, as
finanças têm sido uma área funcional importante na maioria das organizações. A área
financeira monitora o fluxo de caixa e a lucratividade. Sistemas financeiros sofisticados são
capazes de fornecer aos gerentes e executivos financeiros informações imediatas, fator crítico
para o sucesso na atual economia global acelerada.
O sistema de informações gerenciais financeiro fornece informações financeiras a
todos os administradores financeiros dentro de uma organização, inclusive ao diretor
financeiro. Especificamente, o SIG financeiro:
analisa as atividades financeiras históricas e atuais;
projeta as necessidades financeiras futuras; e
monitora e controla o uso de recursos através do tempo.
Produção Finanças marketing Recursos humanos
P&D Outras áreas
funcionais
SISTEMA DE GERENCIAMENTO DE BANCO DE DADOS
BANCO DE DADOS
Bancos de dados funcionais
Estratégico
Tático
Operacional
46
Entradas para um SIG financeiro
1. Plano estratégico ou políticas corporativas: o plano estratégico contém os objetivos
financeiros principais. As metas financeiras, razões de débitos e empréstimos e
expectativas de retorno são algumas das medidas que podem ser incluídas no plano
estratégico. O plano freqüentemente projeta as necessidades financeiras da empresa para o
futuro de um a cinco anos. Muitas necessidades específicas de informação, tais como o
retorno dos investimentos de vários projetos, razões débito-eqüidade desejadas e
expectativas das necessidades de caixa, vêm diretamente do plano estratégico.
2. O sistema de processamento de transações: importantes informações financeiras são
colhidas de praticamente todas as aplicações de processamento de transações – folha de
pagamento, controle de estoque, processamento de pedidos, contas a pagar e receber e
contabilidade geral. Os custos totais ao longo do tempo, a quantia total paga pela empresa
aos fornecedores, a quantidade total devida à companhia pelos clientes e dados contábeis
detalhados fornecem a base para muitos relatórios financeiros.
3. Fontes externas: as informações da e sobre a concorrência podem ser fundamentais para
a tomada de decisões financeiras. Relatórios anuais e balanços financeiros dos
concorrentes, novos itens e relatórios gerais podem ser incorporados aos relatórios de SIG
para oferecer unidades de medida ou uma base de comparação. Departamentos do governo
também fornecem importantes informações econômicas e financeiras. Inflação, índice de
preços ao consumidor e principais indicadores econômicos podem ajudar uma empresa a
planejar futuras condições econômicas. Além disso, importantes leis tributárias e
exigências de relatórios financeiros também podem estar refletidas no SIG financeiro.
Subsistemas e saídas do SIG financeiro
Um SIG financeiro pode ser composto de subsistemas. Cada subsistema interage com
o SPT de forma especializada e funcional e tem saídas informativas que auxiliam os
administradores financeiros a tomarem as melhores decisões. Esses relatórios incluem
relatórios de previsão financeira, sistema de informação de lucros e perdas e de custos,
relatórios de auditoria interna e externa e relatórios de gerenciamento de recursos.
Exemplo: previsão financeira
Previsão financeira: o processo de se fazer previsões financeiras sobre o crescimento futuro
de produtos ou de uma organização como um todo é chamado de previsão financeira. A
atividade financeira se baseia na atividade do comércio anterior. Por exemplo, vendas
passadas de mercadorias e serviços podem ser convertidas em expectativa de faturamento e
custos. O preço de venda por unidade e os fatores do custo da produção podem ser
multiplicados pelo número esperado de unidades a serem vendidas, a fim de chegar a um
valor de faturamento e custos. Custos fixos, tais como seguros, aluguéis e despesas gerais de
escritórios, são estimados e usados para determinar a expectativa de lucros líquidos em base
mensal, quinzenal ou anual. Essas estimativas são incorporadas ao SIG financeiro.
Ter uma estimativa de fluxos de caixas futuros pode ser um dos primeiros passos para
uma boa administração. Administradores e executivos financeiros usam essa informação
valiosa para projetar futuras necessidades de caixa. Por exemplo, os administradores de uma
organização saberão com antecedência que, em alguns meses, poderia ser necessário um caixa
47
adicional, enquanto em outros meses o excesso de caixa deverá ser investido. O fluxo de caixa
administrado inadequadamente é uma das principais causas de fracasso das empresas.
A previsão financeira pode ajudar executivos financeiros a evitar problemas de fluxo
de caixa através da previsão das necessidades de fluxo de caixa. O gráfico 3.1 mostra um
exemplo do resultado de um programa estilizado de previsão.
Gráfico 3.1: exemplo de previsão financeira. O software de previsão pode predizer uma tendência
constante de crescimento, as vendas reais podem aumentar em forma de curva. Fonte: adaptado de Stair, 1998, p.216.
3.2.7.2 Sistema de informações de marketing
O SIG de Marketing dá apoio à atividade administrativa nas áreas de desenvolvimento
do produto, distribuição, decisões de preços, eficácia promocional e previsão de vendas.
Entradas para um SIG de marketing
Mais do que outras áreas funcionais, o SIG de marketing se baseia em fontes externas
de dados. Essas fontes incluem a concorrência, clientes, jornais, revistas e outras publicações.
Há também importantes fontes internas de dados.
1. Fontes internas: o plano estratégico ou políticas corporativas - O marketing se baseia no
plano estratégico de alvos e projeções de vendas da organização. Por exemplo, um plano
estratégico poderia indicar que se espera um aumento fixo de 8% nas vendas nos
próximos 5 anos. Um relatório de SIG de marketing dessa firma poderia organizar o
desempenho das vendas atuais em termos desta meta estratégica. Além das projeções de
vendas, o plano estratégico pode conter informações sobre as necessidades projetadas da
força de vendas, determinação de preços de produtos e serviços, canais de distribuição e
características de novos produtos.
Vendas reais
Vendas previstas
Ve
nd
as e
m r
ea
is
1 2 3 4 5
Vendas reais
Vendas previstas
Ve
nd
as e
m r
ea
is
1 2 3 4 5
48
2. Fontes internas: SPT - O SPT contém uma grande quantidade de dados de vendas e
marketing sobre produtos, clientes e força de vendas. Os dados de venda sobre produtos
podem revelar quais os produtos que estão vendendo em grandes volumes e quais os mais
lentos nas vendas. Os relatórios resumindo dados de pedidos poderiam incluir atividade de
venda por cliente, por produto e por área do país. O SIG de marketing organizaria esta
informação de modo a ser útil na formulação de planos de vendas e promocionais. Os
dados de vendas por clientes podem ser usados para determinar que clientes contribuem
mais para a lucratividade global. O desempenho da força de vendas pode também ser
monitorado a partir dos dados coletados no SPT, de modo que bônus e programas de
incentivos possam ser desenvolvidos para premiar os representantes de vendas com
melhor atuação.
3. Fontes externas: A concorrência. Dados sobre concorrentes – tais como novos produtos
e serviços, estratégias de fixação de preços, pontos fortes e fracos de uma linha de produto
de um concorrente, embalagem, marketing e distribuição de produtos para clientes – são
importantes para a maioria das empresas. Saber como os concorrentes estão fazendo ou
são capazes de fazer no futuro é de grande utilidade para o projeto de novos produtos e
serviços. Dados da concorrência podem ser obtidos de muitas fontes. Materiais de
marketing, brochuras e programas de vendas oferecidos pela concorrência são fontes
típicas. Os clientes e outros associados comerciais também fornecem dados. O processo
de obtenção de informações sobre o concorrente é freqüentemente chamado de
inteligência de marketing.
4. Fontes externas: O mercado - Uma fonte externa adicional de informações úteis para o
SIG de marketing é o mercado para os produtos da empresa. Uma grande quantidade de
dados úteis sobre o mercados que já estão servidos pela empresa pode ser obtida do SPT,
porém a visão do comportamento e preferências do comprador em novos mercados só
pode ser obtida de fontes de fora da empresa.
Subsistemas e saídas do SIG de marketing
Os subsistemas de um SIG de marketing incluem os subsistemas do produto,
distribuição, promoção e preços. Esses subsistemas e suas saídas ajudam os administradores e
executivos de marketing a aumentar as vendas, reduzir “despesas” de marketing e desenvolver
planos para que futuros produtos e serviços atendam às necessidades dos clientes.
Exemplo: preço do produto
Preço do produto. O preço do produto é uma importante e complexa função de marketing. O
preço do varejo, o preço do atacado e os descontos devem ser determinados. Um importante
fator na determinação da política de preços é a análise de curva de demanda, que tenta
determinar a relação entre preços e vendas. A maioria das empresas tenta desenvolver
políticas de preços que maximizem os rendimentos totais de vendas. Esta é geralmente uma
função de elasticidade do preço. Se o produto é muito sensível às mudanças de preço, uma
redução no preço pode gerar um aumento substancial nas vendas, podendo resultar em
rendimentos mais altos.
49
Exemplo: análise de vendas
Análise de vendas: a análise de vendas também é importante para identificar os produtos,
força de vendas e clientes que têm contribuído para o lucro e os que não têm. Diversos
relatórios podem ser gerados para ajudar os administradores de marketing a tomar boas
decisões de vendas, como os relatórios de vendas por produto, por vendedor e por cliente. A
figura 3.5 ilustra esses relatórios.
Vendas por Produto
Produto Ago Set Out Nov Dez Total
Produto 1 34 32 32 21 33 152
Produto 2 156 162 177 163 122 780
Produto 3 202 145 122 98 66 633
Produto 4 345 365 352 341 288 1691
Vendas por Vendedor
Vendedor Ago Set Out Nov Dez Total
Vendedor 1 24 42 42 11 43 162
Vendedor 2 166 155 156 122 133 732
Vendedor 3 166 155 104 99 106 630
Vendedor 4 245 225 305 291 301 1367
Vendas por Cliente
Cliente Ago Set Out Nov Dez Total
Cliente 1 234 334 432 411 301 1712
Cliente 2 56 62 77 61 21 277
Cliente 3 1202 1445 1322 998 667 5634
Cliente 4 45 65 55 34 88 287
Figura 3.5: relatórios gerados para ajudar os administradores de marketing a tomar boas decisões. No
alto: Este relatório de vendas por produto lista todos os principais produtos e suas vendas
de agosto a dezembro. No centro: Os relatórios de vendas por vendedor listam as vendas
totais para cada vendedor no mesmo período. Embaixo: Este relatório de vendas por
cliente lista as vendas por cada cliente no período. Como todos os relatórios de SIG, os
totais são fornecidos automaticamente pelo sistema, a fim de mostrar aos administradores
de forma instantânea a informação de que eles necessitam para tomar decisões acertadas. Fonte: Stair, 1998, p.223.
O relatório de vendas por produto lista todos os principais produtos e suas vendas em
um determinado período de tempo, como um mês, por exemplo. Esse relatório mostra quais
os produtos que estão se saindo bem e quais os que necessitam de melhorias, ou que deveriam
ser completamente descartados.
O relatório de vendas por vendedor, lista as vendas totais para cada vendedor em cada
semana ou mês. Esse relatório pode ser subdividido por produto, para mostrar quais produtos
que estão sendo vendidos por cada vendedor.
O relatório de vendas por cliente é um bom meio de identificar clientes de alto e baixo
volume de negócios.
50
3.3 Sistemas de apoio às decisões (SAD)
Na concepção de Stair (1998, p.232), “um Sistema de Suporte à Decisão – SSD
(também denominado de Sistema de Apoio à Decisão – SAD) é um conjunto organizado de
pessoas, procedimentos, software, banco de dados e dispositivos utilizados para dar suporte à
tomada de decisões específicas de um problema. O foco de um SAD está na eficácia da
tomada de decisões em face de problemas não-estruturados ou semi-estruturados”.
Os SAD’s destinam-se a estruturar melhor esses problemas, de modo a auxiliar o
processo decisório. Através de uma interface amigável, os SAD’s permitem aos gerentes e
administradores inserirem o problema não-estruturado, para em seguida, oferecer modelos
analíticos e acesso à base de dados corporativa, de modo a auxiliar esses profissionais na
tomada de decisões, através de simulações de soluções, comparação e classificação de riscos,
além de fornecer base para uma boa escolha de alternativa.
Embora sejam parcialmente destinados aos níveis mais elevados de gerência
(estratégica), os SAD’s são utilizados em todos os níveis. Isso ocorre porque, até certo ponto,
os gerentes de todos os níveis defrontam-se com problemas menos estruturados, não-
rotineiros. A quantidade e a magnitude dessas decisões aumentam à medida que um gerente
atinge níveis mais elevados na organização.
3.3.1 Características de um SAD
Uma vez que não há ainda nenhuma definição exata do que é um sistema de apoio às
decisões, surgiu um acordo sobre quais as principais características e capacidades de um
SAD:
1. os SAD’s permitem aos decisores trabalhar com problemas semi-estruturados e
não estruturados, pois conseguem juntar o pensamento humano e a informação
computadorizada;
2. deve ser providenciado suporte a vários níveis, desde executivos a gerentes;
3. deve ser também possível o trabalho individual ou em grupo (certos problemas
menos estruturados podem necessitar do envolvimento de várias pessoas ou
departamentos);
4. os SAD’s devem permitir várias decisões independentes ou seqüenciais;
5. devem abranger todas as fases do processo de decisão: identificação, desenho,
seleção e implementação;
6. devem suportar uma variedade de processos de tomada de decisão;
7. devem poder ser adaptativos ao longo do tempo, devem ser flexíveis, para que os
seus usuários possam acrescentar, eliminar ou mudar certos elementos chave;
8. devem ser de fácil utilização, com fortes capacidades gráficas e com uma interface
usuário que possa aumentar a sua eficiência;
9. devem tentar melhorar a eficiência das decisões (ao nível da qualidade, tempo,
exatidão) ao invés de se preocupar com o custo dessas decisões;
10. o decisor tem um controle absoluto sobre todos os passos do processo de tomada
de decisão quando resolve um problema (o objetivo do SAD é ajudar e não
substituir o decisor);
11. os usuários finais devem ser capazes de construir e modificar sistemas simples (os
sistemas mais complicados devem ser construídos com a ajuda de um especialista);
12. um SAD normalmente utiliza modelos para analisar situações de tomada de
decisão (a capacidade de modelização permite experiências com diferentes
estratégias sob diferentes configurações); e
13. os SAD devem permitir o acesso a várias fontes, tipos e formatos de dados.
51
3.3.2 Componentes de um SAD
O cerne de um sistema de apoio às decisões, conforme Stair (1998), é composto por
um banco de dados, um banco de modelos e um gerador de SAD. Além disso, um SAD típico
contém uma interface com o usuário, uma conexão com bancos de dados externos e acesso a
outros sistemas baseados em computadores. A interface com o usuário de um SAD, chamada
de gerenciador de diálogo, possibilita que os tomadores de decisões acessem e manipulem
com facilidade o SAD. O acesso aos bancos de dados externos propicia que o SAD percorra
vastos volumes de informações contidas no banco de dados corporativo, permitindo que o
SAD recupere informações sobre estoques, vendas, pessoal, produção, finanças, contabilidade
e outras áreas. Por fim, o acesso a outros sistemas baseados em computadores permite que o
SAD seja ligado a outros sistemas poderosos, inclusive um SPT ou subsistemas de função
específica.
A figura 3.6 ilustra o modelo conceitual de um sistema de apoio às decisões.
Figura 3.6: modelo conceitual de um SAD. Fonte: Stair, 1998, p.237.
Banco de dados Banco de Modelos
SGBD SGM
Gerador de SAD
Interface com o usuário
Acesso a outros sistemas
computacionais
Acesso externo ao banco de
dados
Banco de
dados externo
52
A figura 3.6 mostra um modelo conceitual de um SAD. É possível observar que o
usuário interage com a interface, que por sua vez interage com o gerador de SAD. O gerador
de SAD atua como um buffer (depósito temporário de dados) entre o usuário e outros
componentes do SAD, interagindo com o sistema gerenciador de banco de dados (SGBD), o
banco de modelos e a interface com o usuário ou gerenciador de diálogo.
3.3.2.1 Banco de dados, Gerência de dados e sistemas gerenciadores de banco de dados
Os sistemas de informação não podem proporcionar soluções se seus dados não forem
exatos, no tempo certo e facilmente acessíveis. Diversas técnicas de organização e
gerenciamento de arquivos foram desenvolvidas para alcançar esses objetivos. Cada uma
dessas técnicas funciona melhor com um diferente tipo de problema.
Banco de dados
Os bancos de dados ajudam as empresas a gerar informação que pode auxiliar a
reduzir custos, aumentar os lucros, acompanhar atividades de negócios passados e abrir novas
oportunidades de mercado.
A compreensão dos conceitos básicos do sistema do banco de dados pode aumentar a
sua capacidade de usar o potencial de um sistema de banco de dados computadorizado em
apoio ao SI e às metas da organização.
Para que os dados sejam transformados em informação útil, eles devem ser
organizados de forma significativa.
Os dados são organizados em uma hierarquia que começa com bits e bytes,
processamento de campos, registros e arquivos, até compor um banco de dados, como mostra
a figura 3.7:
Figura 3.7: estrutura básica de um banco de dados. Fonte: Stair, 1998, p.106.
Banco de Dados
Arquivo
Registro
Campo
Byte
Bit 0,1
1011 1010 (Letra Z em ASCII)
Rubens Mota
Rubens Mota 36 220 Alameda das Margaridas
Rubens Mota 36 220 Alameda das Margaridas
Ana Maria Almeida 25 654 José do Patrocínio
George Vasta 55 23 Av. Estados Unidos
Arquivo de Folha de Pagamento
Arquivo de Pessoal
Arquivo de Recursos Humanos
53
Bit: representa a menor parcela de informação que o computador pode manipular.
Byte: é um conjunto de 8 bits que representa um único caracter, podendo ser letra, número ou
símbolo.
Campo: o agrupamento de caracteres, ou grupo de palavras como nome, idade, sexo é
denominado campo.
Registro: uma coleção de campos relacionados como nome, idade e endereço de uma pessoa.
Arquivo: um grupo de registros relacionados. Exemplo: o arquivo de funcionários é uma
coleção de todos os registros dos funcionários da empresa.
Banco de dados: uma coleção de arquivos integrados e relacionados. Juntos, bits, caracteres,
campos, registros, arquivos e banco de dados formam a hierarquia dos dados.
Assim, os caracteres são combinados para formar um campo, os campos são
combinados para formar um registro, os registros são combinados para formar um arquivo, os
arquivos são combinados para formarem um banco de dados.
Gerência de dados
Existem duas maneiras básicas de gerenciar dados:
Gerenciamento tradicional – através de arquivos; e
Gerenciamento baseado em banco de dados.
Gerenciamento tradicional
Todos os métodos de organização de arquivos são associados com arquivos e
programas de softwares individuais. Mas e se as informações necessárias para resolver um
determinado problema estiverem localizadas em mais de um arquivo? Muitas vezes, será
necessária a programação e manipulação de dados para obter essas informações. Por exemplo:
suponha que você deseje conhecer todos os pedidos pendentes de um determinado cliente.
Algumas informações são mantidas em um arquivo de pedidos para uma aplicação de entrada
de pedidos. O restante das informações está contido em um arquivo mestre de clientes. Assim,
a informação requerida é armazenada em arquivos separados, cada um dos quais de maneira
diferente. Para obter as informações necessárias, será preciso ordenar ambos os arquivos
repetidamente até que estejam arrumados na mesma ordem. Os registros dos dois arquivos
terão de ser comparados e os itens de dados dos dois arquivos terão de ser extraídos e
emitidos. A obtenção dessas informações inclui programação adicional, criação de mais
arquivos e aumento da complexidade na extração de informações.
As empresas desenvolvem seus sistemas de informação um de cada vez, conforme a
necessidade. Com o passar do tempo, essas aplicações e arquivos independentes poderão
proliferar ao ponto em que os recursos de informações da empresa fiquem fora de controle.
Alguns sintomas dessa crise são redundância de dados, dependência de programas e de dados,
a inconsistência de dados e custos excessivos de software.
54
Redundância de dados: refere-se a presença de dados duplicados em múltiplos arquivos de
dados. Por exemplo: nome e endereço de um funcionário é mantido e armazenado em
diversos arquivos diferentes por vários sistemas diferentes.
Dependência de programas e dados: refere-se ao estreito relacionamento entre os dados
armazenados em arquivos e os programas específicos necessários para atualizar e manter
esses arquivos.
Inconsistência dos dados: a inconsistência ocorre quando um mesmo campo tem valores
diferentes em sistemas diferentes. Exemplo: o estado civil de uma pessoa é solteiro em um
sistema e casado em outro. Isto ocorre porque houve atualização das informações em um
arquivo e não no outro.
Custos excessivos com softwares: resultam da criação, documentação e acompanhamento de
muitos arquivos e aplicações diferentes, muitos dos quais contêm dados redundantes.
Dependendo do problema a resolver é necessário criar novos softwares para retirar dados dos
arquivos existentes e os recombinar em novos arquivos.
A figura 3.8 apresenta um exemplo de enfoque tradicional de gerenciamento de dados.
Figura 3.8: o enfoque tradicional ao gerenciamento de dados, onde um ou mais arquivos são criados
para cada aplicativo. Fonte: Stair, 1998, p.108.
55
Gerenciamento baseado em banco de dados
Devido aos problemas associados com a abordagem tradicional do gerenciamento de
dados, havia um desejo de desenvolver meios mais eficientes e eficazes de organização de
dados. O resultado foi a abordagem de banco de dados.
A abordagem de banco de dados é aquela em que um conjunto de dados relacionados é
compartilhado por múltiplos programas aplicativos. Em vez de utilizarem arquivos de dados
separados, cada aplicativo utiliza uma coleção de arquivos de dados que se juntaram ou se
inter-relacionaram no banco de dados.
A figura 3.9 demonstra um exemplo de banco de dados para o gerenciamento de
dados.
Figura 3.9: o enfoque de banco de dados ao gerenciamento de dados. Fonte: Stair, 1998, p.109.
Programa de folha de
pagamento
Relatórios
Programas
aplicativos Usuários
Programa de faturamento
Relatórios
Programa de controle de estoque
Relatórios
Programa de questionário de gerenciamento
Relatórios
Sistema de gerenciamento
de banco de
dados
Dados de folha de pagamento
Dados de controle de estoque
Dados de fatura
Outros dados
Interface
Banco de dados
56
Sistema de gerenciamento de banco de dados (SGBD)
A fim de usar uma abordagem de banco de dados para gerenciamento de dados, é
necessário um software adicional – um sistema de gerenciamento de banco de dados (SGBD).
Um SGBD consiste em um grupo de programas que pode ser usado como interface
entre o banco de dados e o usuário ou um banco de dados e um programa aplicativo. Este
software age como um amortecedor entre os programas aplicativos e o banco de dados
propriamente dito.
Componentes de um SGBD
Um SGBD tem três componentes: uma linguagem de definição de dados, uma
linguagem de manipulação de dados e um dicionário de dados.
Linguagem de definição de dados: define cada elemento de dado como ele aparece no banco
de dados antes de ser convertido para a forma requerida pelos diversos programas aplicativos.
Os programadores utilizam essa linguagem para desenvolver o banco de dados.
Linguagem de manipulação dos dados: é uma ferramenta especial para manipular dados no
banco de dados. Ela é utilizada com algumas linguagens de programação convencionais de 4ª
geração. A mais importante linguagem de manipulação é a SQL (Structured Query Language)
– linguagem de consulta estruturada.
Dicionário de Dados: é um catálogo ou arquivo computadorizado contento metadados, ou
seja, dados sobre dados. Armazena definições de elementos de dados e outras características
como padrões de utilização, propriedades, relacionamento entre os elementos de dados e
segurança. Enfim, identifica para os usuários finais e para os especialistas empresariais quais
dados existem no banco de dados, a estrutura, formato e sua utilização na empresa.
3.3.2.2 Banco de modelos
O propósito do banco de modelos de um SAD é proporcionar aos tomadores de
decisão acesso a uma variedade de modelos e auxiliá-los no processo decisório. O banco de
modelos pode incluir um software de gerenciamento de modelos (SGM). A seguir serão
discutidos alguns modelos utilizados no banco de modelos.
Modelos Financeiros: os modelos financeiros fornecem análise de fluxo de caixa, taxa interna
de retorno e outras análises de investimentos. As planilhas eletrônicas (Excel, por exemplo),
são muito utilizadas para essa finalidade. Além disso, podem ser empregados programas mais
sofisticados de planejamento e modelagem financeira.
Modelos de análise estatística: podem fornecer resumos estatísticos, projeções de tendências,
testes de hipóteses entre outros. Esses programas podem calcular a média, desvio padrão,
coeficientes de correlação e muitas outras técnicas. Alguns programas estatísticos também
têm a capacidade de produzir apresentações gráficas que revelam o relacionamento entre
variáveis e quantidades.
57
Modelos gráficos: são pacotes de software que auxiliam os tomadores de decisões a projetar,
desenvolver e utilizar apresentações gráficas de dados e informações.
Modelos de gerenciamento de projetos: são utilizados para manipular e coordenar grandes
projetos e para descobrir tarefas críticas que podem atrasar ou colocar em perigo todo o
projeto. Esses modelos podem determinar a melhor maneira de acelerar um projeto pela
utilização eficaz de recursos adicionais, como mão-de-obra, dinheiro e equipamentos.
3.3.2.3 Interface com o usuário
A interface com o usuário, também chamada de gerenciador de diálogo, possibilita
que os usuários interajam com o SAD para obter informações. Para fornecer informações
úteis e pontualmente, a interface com o usuário exige dois recursos. Primeiro, o usuário tem
que ser capaz de dizer ao SAD o que é preciso e fornecer-lhe todos os dados necessários. Isto
é realizado através da linguagem de ação. Além disso, o SAD precisa ter a capacidade de
apresentar resultados para o usuário. Isto é conseguido por meio da linguagem de
apresentação.
A linguagem de ação pode fazer uso de diversos recursos como linguagem natural e
de consultas, macros ou programas de shell. Programas de shell permitem telas personalizadas
para a entrada de dados. Exemplo: um programa de shell pode ser utilizado para desenvolver
uma tela de entrada a fim de capturar dados de um pedido de vendas. O usuário indica onde
dados como nome e endereço de clientes, itens adquiridos e quaisquer descontos devem ser
postos na tela, assim como a aparência das informações a serem exibidas. Os programas shell
podem ser baseados em textos ou gráficos.
A apresentação de resultados ao usuário pode ser através de gráficos e textos, sendo
que essa saída pode ser solicitada pelo usuário, como também o grau de complexidade das
informações.
3.3.3 Tipos de SAD
Os sistemas de apoio à decisão (SAD) cobrem uma grande variedade de sistemas,
ferramentas e tecnologias. Portanto, de acordo com o tipo de abordagem determinadas
ferramentas e tecnologias devem ser aplicadas.
3.3.3.1 SAD para suporte individual
Os SAD para usuários individuais geralmente não recebem o destaque e a atenção que
é dada aos SAD para grandes empresas, embora sejam altamente eficientes. Muitas vezes,
utilizam-se planilhas de cálculo como o Excel ou o Lotus 123 para pequenas análises ou para
o desenvolvimento de aplicações de apoio à decisão específicas para usuários individuais.
Outras vezes torna-se necessária a aquisição de pacotes especializados de SAD para um PC
ou mesmo para um servidor. Um exemplo destes pacotes especializados que servem como um
SAD de desktop é o Expert Choice.
58
O Expert Choice implementa a hierarquia do processo. Este software para Windows
pode ser utilizado para suportar um grande número de situações de decisão, incluindo a
estruturação de problemas complexos, desenvolvimento de prioridades e alternativas, a
medição da consistência dos julgamentos, alocação de recursos, e a condução da análise de
custos/benefícios. O programa ajuda na construção de informações relacionadas num modelo
hierárquico que consiste em um objetivo, cenários possíveis, critérios e alternativas. O Expert
Choice permite ao tomador de decisão fazer sistematicamente julgamentos sobre a
importância relativa de algum critério, ou a preferência para algumas alternativas relativas a
outro critério.
Existem ainda outros níveis de SAD de desktop disponíveis ao usuário individual.
Podemos encontrar esses tipos de sistemas, por exemplo, no notebook de um executivo,
usando os recursos do Microsoft Access. Modelos de gestão de contas e finanças podem ser
implementados como SAD de desktop no Microsoft Excel. Em algumas organizações os
especialistas preparam uma análise financeira usando ferramentas de desktop e publicando os
seus resultados na intranet da empresa. Uma outra ferramenta de SAD disponível em alguns
pacotes é a simulação.
3.3.3.2 SAD para suporte a vários gerentes
Os sistemas de apoio às decisões para grandes empresas podem abranger desde
sistemas mais simples até sistemas de informação para executivos sofisticados com análises
complexas e intensas de dados. Pode-se conceituar os SAD para grandes empresas
primeiramente como sistemas que permitem o acesso imediato a itens de dados específicos. A
um nível mais sofisticado encontramos sistemas de análise de dados que tornam mais fácil
manipular dados, utilizando ferramentas de análise computadorizadas como pacotes
estatísticos, data mining etc. A definição mais refinada da análise destes sistemas para
grandes empresas providencia o acesso a bases de dados “decision-oriented” ou data marts,
dispositivos e alertas ligados a certos acontecimentos ou variáveis que constituem o data
warehouse.
Um data warehouse (repositório de dados) armazena dados analíticos, destinados às
necessidades da gerência no processo de tomada de decisões. No data warehouse os dados
podem ser retirados de múltiplos sistemas de computação normalmente utilizados há vários
anos e que continuam em operação, como também podem ser de fontes externas da empresa.
Normalmente contém dados com o histórico dos eventos de dois a cinco anos.
Assim, o data warehouse é um conjunto de tecnologias com o objetivo de converter
uma grande quantidade de dados em informações utilizáveis. Para as organizações, o data
warehouse transforma um banco de dados operacional num ambiente que permite o uso
estratégico dos dados. É um ambiente e não um produto.
Com o tempo o data warehouse começa a ter uma quantidade enorme de registros,
podendo atrapalhar a procura da informação. Também a complexidade de certos relatórios
requerem conhecimentos amplos de programação em linguagem de acesso a dados. O
conceito de OLAP (On Line Analytic Processing) proporciona as condições de análise de
dados on line necessárias para superar estes problemas e responder às possíveis torrentes de
perguntas dos analistas, gerentes e executivos.
59
Às vezes, devido ao porte da empresa, torna-se mais prático a construção do data
warehouse baseado em um conjunto de data mart's - que são data warehouse´s específicos a
uma determinada área, ou gerência da empresa.
O data mining é uma tecnologia usada para revelar informação estratégica escondida
em grandes massas de dados. No data mining, os dados de um data warehouse são
processados para identificar fatores e tendências chaves nos padrões das atividades de
negócios. Esse procedimento pode ser utilizado para gerentes tomarem decisões sobre
mudanças estratégicas nas operações empresariais para obter vantagens competitivas no
mercado.
O conhecimento extraído dos dados da fábrica, por meio do processo de data mining
será utilizado para apoio à tomada de decisão. Previsões de manutenção de máquinas em
função de sinais coletados pelos sensores, indicadores de desempenho extraído dos dados
históricos, previsões de compras de matéria-prima em função da evolução do seu gasto,
previsão de alocação de colaboradores de acordo com a demanda de produção e descoberta de
relacionamentos entre produtos, facilitando ações de marketing são alguns exemplos de
conhecimento que podem ser extraídos do data warehouse utilizando-se data mining.
Como exemplos de SAD corporativos para finalidades especiais, pode-se citar:
SAD para varejo: a Information Advantage e a Unisys oferecem o Category Management
Solution Suite, um sistema de processamento analítico on line de apoio à
decisão e modelo de dados específicos para o setor.
SAD para seguros: a Platinum Technology oferece o RiskAdvisor, um sistema de depósito de
dados e apoio à decisão cujo modelo de dados armazena informações em
tabelas específicas ao setor projetadas para o desempenho ótimo das
consultas.
SAD para telecomunicações: a NCR e a SABRE Decision Technologies juntaram forças para
criar o programa NCR Customer Retention para o setor de
comunicações, incluindo data marts para serem utilizados
pelas companhias telefônicas para apoio à decisão na
administração da fidelidade do cliente, qualidade do serviço,
administração de redes, fraude e marketing.
60
3.3.4 Comparação entre SAD e SIG FATOR COMPARAÇÃO
Tipo de Problema SAD: problema não-estruturado. SIG: problema estruturado.
Usuários SAD: apoio a pequenos grupos na organização. SIG: apoio a toda a organização.
Apoio
SAD: apoio em todas as fases da tomada de decisão e não substitui o tomador de decisão. SIG: nem sempre apóia todas as fases e pode substituir o tomador de decisão, através de decisões automáticas.
Ênfase SAD: enfatiza decisões reais. SIG: enfatiza a informação.
Abordagem SAD: sistema de apoio direto; relatórios interativos na tela do computador. SIG: sistema de apoio indireto que utiliza relatórios produzidos regularmente.
Sistema
SAD: sistemas de computadores conectados de forma on line, possibilitando respostas imediatas em telas de computadores. SIG: sistemas de computadores que fornecem como saídas relatórios impressos semanais (não fornecem resultados imediatos).
Velocidade SAD: sistema com resposta mais rápida ao usuário. SIG: sistema menos veloz que o SAD.
Saída SAD: relatórios na tela, podendo também ser impressos. SIG: relatórios e documentos preferencialmente impressos.
Desenvolvimento SAD: usuário é diretamente envolvido. SIG: participação menor do usuário.
Quadro 3.2: comparação entre SAD e SIG. Fonte: Stair, 1998, p.39.
3.4 Sistemas especialistas
Na visão de Stair (1998), um sistema especialista é um agrupamento organizado de
pessoas, banco de dados e dispositivos usados para gerar um parecer especializado ou sugerir
uma decisão em uma área ou disciplina. Esses sistemas de computador são como um
profissional especializado com muitos anos de experiência em determinada área.
Assim, os sistemas especialistas são desenvolvidos através de entrevistas com esses
profissionais e exaustivas observações de atuação de tais profissionais.
3.4.1 Componentes de um sistema especialista
Os sistemas especialistas são compostos de três elementos: uma base de
conhecimento, uma base de regras e um motor de inferência.
A base de conhecimento é um conjunto de dados, informações e heurísticas
(informações empíricas - baseadas em experiências e atividades práticas) sobre um campo ou
área.
A base de regras consiste em uma série de regras ou relações usadas para ajudar a
tomar boas decisões.
O motor de inferência interage com a base de conhecimento e com a base de regra
com a finalidade de formular conclusões, fazer sugestões, fornecer pareceres especializados,
da mesma forma que profissionais especialistas. A interface com o usuário dá ao tomador de
decisão o acesso ao sistema especialista.
61
A figura 3.10 ilustra os componentes de um sistema especialista.
Figura 3.10: componentes de um sistema especialista. Fonte: Stair, 1998, p.40.
O valor singular dos sistemas especialistas é que eles permitem às organizações captar
o conhecimento e experiência de especialistas. Assim, anos de experiência e técnicas
específicas não se perdem quando o profissional morre, se aposenta ou deixa a empresa.
Exemplo: sistema especialista médico
Base de Conhecimento: informações sobre doenças e distúrbios, juntamente com seus
antecedentes familiares, sintomas e causas.
Base de Regras: se existem tais sintomas, um diagnóstico é feito com a prescrição de um
tratamento.
Motor inferência: apresentação de conclusões sobre diagnósticos e tratamentos.
3.5 Sistemas de informações executivas (EIS)
Com base nos dados existentes nos SPT’s, nas informações disponíveis nos SIG e em
informações coletadas de fontes externas à organização, é possível construir sistemas de
informação voltados para a alta gerência. Estes sistemas, que abastecem a alta gerência, são
geralmente chamados de Executive Information System (EIS) e permitem que o executivo
tenha ou ganhe acesso às informações internas e externas à organização que sejam relevantes
para controlar os fatores críticos de sucesso. Segundo alguns autores, um EIS não tem maiores
diferenças conceituais em relação a um sistema de apoio à decisão. O que diferencia é, em
geral, a interface com o usuário, que deve permitir que um executivo o utilize com facilidade.
Base de regras
Motor de
inferência
Base de
conhecimento
Interface com o
usuário
Sistema
especialista
usuário
62
3.5.1 Características do EIS
Os EIS começam a ser desenvolvidos nas organizações nos estágios avançados de
administração de sistemas de informação. Nestes estágios, os sistemas de informação
existentes refletem o fluxo de informações da organização, o usuário participa integralmente
do desenvolvimento dos sistemas, as informações passam a ser consideradas patrimônio da
organização, o crescimento da informática é ordenado, a informática passa a ter função de
apoio estratégico para a organização e não se tomam decisões sem base nas informações
produzidas por um EIS.
As principais funções e características desses sistemas são:
projetados para atender executivos;
gerar mapas, gráficos e dados que possam ser submetidos à análise estatística para
suprir os executivos com informações comparativas, fáceis de entender;
fornecer dados detalhados sobre passado, presente e tendências futuras das
unidades de negócios em relação ao mercado para auxiliar o processo de
planejamento e de controle da organização;
possibilitar a análise das informações obtidas;
permitir que o executivo se comunique com o mundo interno e externo através de
interfaces amigáveis (correio eletrônico, teleconferências, etc.) que sejam flexíveis
a ponto de se ajustarem ao seu estilo pessoal;
oferecer ao executivo ferramentas de organização pessoal (calendários, agendas
eletrônicas, etc.) e de gerenciamento de projetos, tarefas e pessoas;
informações de nível estratégico – indicadores de desempenho;
complemento dos SI atuais através da facilitação do acesso aos bancos de dados
existentes (data warehouse, por exemplo); e
capacidade de navegar do sintético para o detalhe.
O objetivo de um EIS, portanto, é prover informações de modo acessível e em formato
interativo, sem exigir que os executivos tornem-se especialistas em análise e modelo de
dados.
63
A figura 3.11 ilustra um exemplo de sistema informações executivas.
Figura 3.11: exemplo de sistemas de informações executivas. Fonte: adaptado de Furlan et al., 1994.
3.6 Sistemas de gestão empresarial (ERP)
Muito divulgada atualmente, a sigla ERP (Enterprise Resource Planning) significa
planejamento de recursos empresariais, que aqui no Brasil também é chamado de Sistemas de
Gestão Empresarial.
A solução ERP visa integrar as informações dentro de uma empresa, tendo como
função principal criar um único fluxo de informação na organização.
Para isso, os sistemas ERP incorporam as informações em um banco de dados único
para toda a organização, ao contrário do que acontece na maioria dos sistemas de
processamento transacionais que possuem um banco de dados para cada aplicação. Com isso,
consistência e veracidade de dados aumentam e, conseqüentemente a fidedignidade do fluxo
de informações.
Um sistema ERP é, basicamente, transacional, e, portanto não dotado de inteligência
para decisões. Em muitos casos é necessário utilizar um outro recurso para extração de dados
voltados às informações gerenciais.
EIS
CMA Bolsas Commodities
Reuters McGrawHill CNN
Notícias Correio Eletrônico Agenda Mensagens
Automação de Escritórios
Sistema de apoio ao Marketing
Gerenciamento de produtos Monitoração de Clientes Plano de Publicidade
Sistema Financeiros e DSS
Orçamentos Investimentos Planejamentos Análises Simulações
Sistema Corporativos e de Operação do Negócio
RH/Folha Vendas Produção Contabilidade Estoques
Informações Externas
64
3.6.1 Características dos ERP’s
O ERP é uma evolução natural do MRP (MRP MRP II ERP). Sua diferença
básica em relação aos anteriores está na arquitetura, não na filosofia:
sistemas MRP eram baseados em caracter, escritos com software proprietário e
rodando em hardware proprietário; e
sistemas ERP são projetados para serem independentes de plataforma, com
interface GUI e arquitetura cliente/servidor.
Pode-se definir ERP como uma arquitetura de software que facilita o fluxo de
informações entre todas as atividades de uma empresa, como fabricação, logística, finanças e
recursos humanos. Normalmente, é composto por um banco de dados único, operando em
uma plataforma comum que interage com um conjunto de aplicações.
O ERP emprega tecnologia cliente/servidor. Isto significa que o usuário do sistema
(cliente) roda uma aplicação (rotina de um módulo do sistema) que acessa as informações de
uma base de dados única (servidor). O banco de dados interage com todos os aplicativos do
sistema. Desta forma, elimina-se a redundância de informações e redigitação de dados, o que
assegura a integridade das informações obtidas.
Dentre os motivos que levam uma empresa a usar ERP, podem ser citados:
permanecer competitivas;
melhorar a produtividade;
melhorar a qualidade;
melhorar os serviços prestados aos clientes;
reduzir custos, estoques; e
melhorar o planejamento e alocação de recursos.
Os módulos componentes típicos de um ERP, geralmente são:
finanças;
contabilidade;
planejamento e controle da produção;
recursos humanos;
custos;
vendas; e
marketing.
Alguns sistemas ERP existentes no mercado:
R/3 da empresa alemã SAP;
Baan IV da Holandesa Baan;
OneWorld da americana JD Edwards;
Oracle Financials, da americana Oracle;
Magnus, da brasileira Datasul;
Microsiga, da brasileira Microsiga; e
Logix, da brasileira Logocenter.
65
CASE
Empresa Moda Fácil Ltda.
A Moda Fácil Ltda é uma empresa comercial que vende roupas e acessórios. 1
Foi fundada em 1975, como uma pronta-entrega, sem fabricação própria, por 2
Carla Abreu e Tomás Corrêa de Souza. 3
4
Estava localizada num pequeno espaço, em Copacabana, atendendo a várias 5
boutiques do Rio de Janeiro. Os produtos eram formados, basicamente, de 6
camisas, camisetas, saias, calças e vestidos, destinados ao público feminino. 7
8
As funções eram divididas entre quatro pessoas: os dois sócios e dois 9
empregados. Carla era a encarregada do desenho e do projeto das roupas, e 10
do controle interno da loja. Tomás opinava sobre os modelos, contratava as 11
costureiras, comprava os tecidos, controlava as dívidas da loja e visitava os 12
clientes mais importantes. Ana Maria era a balconista, atendendo a clientela 13
que vinha à loja. Severino era o office-boy e o faxineiro. Encarregava-se de ir 14
ao banco, entregava mercadoria quando necessário, e fazia a limpeza da loja. 15
16
Em dezembro de 1976, aconteceu a primeira mudança na empresa. Devido ao 17
acúmulo de pedidos e a sempre crescente clientela de balcão, a pronta-entrega 18
estava se transformando numa "nada-entrega", pois as pessoas não davam 19
conta de todo o trabalho. Assim, contratou-se outra balconista, Sônia, e Tomás 20
passou a ser auxiliado por seu irmão Emanuel, ficando com a compra de 21
tecidos e com a parte dos contatos com as costureiras. A empresa continuou 22
em franco crescimento, tendo cada vez mais clientes. O espaço em que 23
estavam começou a ficar pequeno, pois a quantidade de produtos em estoque 24
continuou a aumentar para fazer face ao aumento da demanda, tendo também 25
que armazenar tecidos. 26
27
Em agosto de 1977 aconteceu o primeiro problema grave. Um grupo de três 28
costureiras que vinham prestando serviços desde a abertura da loja copiou os 29
modelos e abriu a sua própria pronta-entrega. Este grupo era o principal, em 30
termos de produção. A Moda Fácil Ltda ficou numa situação difícil, pois de uma 31
só vez perdeu a produção e ganhou uma concorrente muito semelhante em 32
termos de produto. 33
34
Carla e Tomás resolveram então fechar a pronta-entrega, ou melhor, 35
transformá-la em boutique. Carla continuou desenhando e projetando, 36
mantendo-se assim uma linha exclusiva da loja. O esquema de compra de 37
tecido e contração de costureiras para este fim continuou basicamente o 38
mesmo. Os clientes mais importantes - foram selecionados sete - continuaram 39
a ser atendidos. Foi alugada uma nova loja, agora em uma calçada, também 40
em Copacabana. As duas vendedores e o offíce-boy foram mantidos, 41
contratando-se outras duas vendedoras. Carla ficou como gerente da loja e 42
66
Tomás comprava roupa de confecções e prontas-entregas. Os contatos com as 43
costureiras e a compra de tecidos ficou com Emanuel. 44
45
Até dezembro de 1977, a loja não tinha vendas boas, sustentando-se com os 46
sete clientes antigos. Mas, com a chegada do verão e com a nova coleção 47
desenhada por Carla, as vendas aumentaram substancialmente, encerrando a 48
estação com falta de produtos, pois a demanda tinha sido maior do que as 49
expectativas. Os problemas de produção passaram então a tomar um vulto 50
indesejável, pois não só não atendia ao acréscimo de volume, como também, 51
pela pressão das altas vendas, a qualidade piorou. Os sete clientes 52
rapidamente protestaram, embora os produtos vendidos na própria loja não 53
tivessem críticas. 54
55
Carla e Tomás resolveram encarar o problema de frente. Passaram a pensar 56
em várias hipóteses. As principais eram contratar uma equipe de costureiras e, 57
portanto, também tornar-se uma confecção, contratar serviços de várias 58
confecções, contratar o serviço de uma determinada confecção, ou continuar 59
com o esquema atual, aumentando o número de costureiras. Depois de várias 60
ponderações, tais como qualidade do produto, prazos de entrega e carga de 61
trabalho, entre outras, resolveram contratar uma confecção de confiança, que 62
garantisse prazos de entrega e qualidade, e atendesse a Moda Fácil Ltda com 63
prioridade. Entretanto deste estudo nasceram algumas questões importantes: a 64
Moda Fácil Ltda vai continuar sendo só uma loja, vai crescer ou terá mais 65
lojas? Manterá a linha exclusiva? Para responder a estas perguntas, que eram 66
importantes para dimensionarem o tamanho da confecção que deveriam 67
contratar, nasceu o plano de expansão. 68
69
Este plano foi abordado com a consciência de que a linha exclusiva da Moda 70
Fácil Ltda era um sucesso, e que a empresa tenderia a crescer. Carla e Tomás 71
desejavam este crescimento, mas eles tinham uma série de receios quanto à 72
complexidade que a administração de uma empresa maior teria. Devido a isso 73
resolveram crescer, mas sempre com o cuidado de não perderem o controle de 74
nada e, por outro lado, que este controle não deveria impedir o crescimento. O 75
plano, em linhas gerais, era o seguinte: 76
77
a) Em termos de mercado: 78
abrir outra filial (Ipanema); 79
expandir a linha exclusiva; 80
manter-se no mercado de pronto-a-vestir. 81
82
b) Em termos de administração: 83
abrir a estrutura à medida que fosse necessário; 84
pouca rotatividade de pessoal; 85
fazer um bom plano de contas que possibilitasse o controle; 86
agilizar o fluxo de informações para que a velocidade atual na resolução 87
de problemas não se perdesse. 88
89
Tomás começou procurando a confecção que atendia a Moda Fácil Ltda, em 90
termos de prazo, qualidade e prioridade. Depois de uma busca exaustiva, 91
foram selecionadas quatro confecções. Uma delas era formada pela equipe 92
67
das três costureiras que tinham aberto a pronta-entrega quando pararam de 93
atender a Moda Fácil Ltda. Esta confecção estava em estado de quase 94
falência, pois desde que os modelos da Moda Fácil Ltda foram copiados, em 95
agosto de 1977, não houvera inovação, já que não possuíam uma estilista 96
como Carla. 97
98
Tomás e Carla viram nesta confecção vantagens importantes, pois além do 99
trabalho ser de ótima qualidade, a confecção poderia ficar dependente da 100
Moda Fácil Ltda, que a tiraria da pré-falência. Os prazos de entrega também 101
poderiam ser cumpridos, pois a Moda Fácil Ltda teria prioridade total, já que 102
praticamente era a única cliente. A desvantagem era que poderia acontecer o 103
mesmo problema de agosto de 1977. 104
105
Avaliando a situação, resolveram dar um voto de confiança e firmaram um 106
contrato de fornecimento, avalizado por um advogado, que colocaria a 107
confecção em má situação se houver perda da exclusividade dos modelos. 108
109
No final de 1978, a Moda Fácil Ltda estava com um nível de vendas que 110
permitia investir em uma nova loja. O plano inicial era a abertura de uma filial 111
em Ipanema. Entretanto, começou a surgir o projeto Rio Sul, como um centro 112
comercial bem localizado, com bastante lojas, estacionamento, etc. Tomás e 113
Carla estavam então em dúvida se abririam a loja em Ipanema ou esperariam a 114
abertura do Rio Sul, para 1980. Eles estimavam que demorariam cerca de 4 a 115
5 meses para abrirem a loja depois que tivesse contratado espaço físico. 116
117
Prevaleceu a idéia inicial de abrir a loja em Ipanema, pois além de ser um lugar 118
tradicional da moda, o tempo de espera para a abertura era bem menor. Assim, 119
em abril de 1979 foi aberta a filial Ipanema, com as mesmas características da 120
loja de Copacabana. 121
122
Para esta expansão, foi feita uma reestruturação administrativa que 123
basicamente se dividia agora nos seguintes níveis: a diretoria, Tomás e Carla; 124
a gerência da cada loja, uma ficou com Ana Maria (Ipanema) e a outra com 125
Sônia. Foram contratadas mais vendedores. Emanuel ficou cuidando da parte 126
de compras e a parte administrativa era controlada por Tomás, com a ajuda de 127
um advogado que prestava consultoria. 128
129
A situação atual é um pouco diferente da programada. Hoje, a Moda Fácil Ltda 130
é uma empresa de mais ou menos médio porte, constituída por três filiais e um 131
escritório administrativo. A estrutura da empresa está representada pelo 132
organograma apresentado a seguir. 133
68
Organograma da Roupa Leve Ltda
Pessoal Serviços
Gerais
Gerência
Administrativa
Contabilidade Crédito e
Cobrança
Contas a
Pagar
Tesouraria
Gerência
Financeira
Compras
Filial 1 Filial 2 Filial 3
Vendas Estoque
Gerência
Comercial
Diretoria
134 135
As lojas estão localizadas em Copacabana, Ipanema e a terceira no 136
Barrashopping. Tem cerca de vinte modelos diferentes, com vários padrões, 137
além de uma linha de acessórios. 138
139
Como principal fornecedor, continua a confecção inicialmente contratada, tendo 140
no entanto diversificado bastante, chegando a um número de vinte. 141
142
Os clientes continuam sendo de dois tipos: os de varejo, com compras no 143
balcão da loja e vendas à vista, (a compra também usa cartões de crédito tais 144
como Credicard, Visa, American Express, entre outros, com um movimento de 145
cerca de 1500 pagamentos mensais), e os clientes do atacado que inicialmente 146
eram sete, aumentaram para cerca de vinte, fornecendo, inclusive , para outros 147
estados. Estas vendas são feitas a 30, 60 e 90 dias. 148
149
As compras, que até o início de 1984 eram todas feitas à vista, passaram 150
também a ser faturadas a 30, 60 e 90 dias, coincidindo com o início das vendas 151
a prazo, no atacado, havendo o cuidado de equilibrar as contas a pagar com as 152
a receber. Em média, há cerca de cem duplicatas de cada uma, mensalmente. 153
154
Foi montado um plano de contas para auxílio ao controle. Este plano de contas 155
era composto pelas seguintes contas: 156
157
1. Ativo 158
Caixa: 159
Conta - Banco 1 160
Conta - Banco 2 161
Conta - Banco 3 162
Aplicações Financeiras 163
Estoques 164
Fundos e investimentos 165
166
2. Passivo 167
Títulos a pagar 168
Provisão para imposto de renda 169
Dividendos 170
Empréstimos a curto prazo 171
172
69
3. Patrimônio líquido 173
Capital 174
Lucros retidos 175 176
4. Receitas 177
Vendas: 178
Filial 1 179
Filial 2 180
Filial 3 181
Receitas financeiras 182 183
5. Despesas 184
Despesas gerais 185
Despesas financeiras 186
Despesas de depreciação 187 188 O controlador e gerente financeiro era João Paulo, amigo de Carla e Tomás, 189
formado em Ciências Contábeis. Havia um movimento mensal de 190
aproximadamente quatro mil lançamentos que mantinha a contabilidade em 191
dia. A empresa mantinha, basicamente, três contas-correntes em banco: uma 192
para pagamento de fornecedores, outra para recebimento de clientes e outra 193
como caixa geral da empresa. Havia outras contas que eram da diretoria, mas 194
que não sofriam controle por parte do gerente financeiro. Havia uma política 195
para concentrar as contas todas num mesmo banco, para haver um maior 196
poder de barganha sobre os serviços bancários. Como o escritório estava 197
localizado em Copacabana, foi escolhida a agência de um banco naquele 198
bairro. 199 200 A Moda Fácil Ltda, como já foi assinalado, tinha uma política de baixa 201
rotatividade de pessoal, algo incomum para o setor em que atuava. 202
Rapidamente, a fama de ser um bom empregador cresceu no mercado de 203
trabalho, havendo uma fila de espera para vários cargos dentro da empresa. 204
Os mais procurados eram os de vendedores e mensageiro. A seguinte lotação 205
de pessoal compunha o quadro de funcionários: 206 207 1. DIRETORIA 208
2 Diretores-sócios 209
210
2. GERÊNCIA ADMINISTRATIVA 211
2.1. PESSOAL 212
Chefe de pessoal 213
Secretária 214
Auxiliar 215
2.2. SERVIÇOS GERAIS 216
Chefe dos serviços gerais 217
Auxiliar 218
3 office-boys 219
4 serventes 220
Telefonista/recepcionista 221
Operador de xerox 222
70
223
3. GERÊNCIA FINANCEIRA 224
3.1. CONTABILIDADE 225
Auxiliar de contabilidade 226
3.2. CRÉDITO/COBRANÇA 227
2 auxiliares 228
3.3. CONTAS A PAGAR 229
Auxiliar 230
3.4. TESOURARIA 231
Controle 232
Caixa 233
234
4. GERÊNCIA COMERCIAL 235
4.1. COMPRAS 236
2 compradores 237
4.2. ESTOQUE 238
3 auxiliares de estoque 239
4.3. VENDAS 240
4.3.1. FILIAL 1 241
Gerente 242
Caixa 243
8 vendedores 244
4.3.2. FILIAL 2 245
Gerente 246
Caixa 247
8 vendedores 248
4.3.3. FILIAL 3 249
Gerente 250
Caixa 251
8 vendedores 252
253
Carla e Tomás eram pessoas bem sucedidas profissionalmente. Com a 254
crescente evolução da Moda Fácil Ltda, mais uma vez estavam pensando em 255
traçar planos para crescimento. A idéia básica de que não se poderia perder o 256
controle da empresa e que por sua vez o controle não deveria impedir o 257
crescimento se manteve. 258
259
A linha desenhada por Carla tinha cada vez mais sucesso. Um dos pontos que 260
estava em discussão era investir num departamento de criação, que além de 261
executar graficamente as idéias de Carla teria a liberdade de também discutí-262
las e propor novas idéias. A experiência profissional dos componentes deste 263
novo departamento deveria ser constituída basicamente por desenhistas, 264
estilistas e modelistas. 265
266
Outro mercado que Tomás também pretendia atingir era o da Tijuca. Além 267
disso, estava-se pensando em atingir São Paulo. A idéia-mestra era abrir uma 268
filial em cada capital de estado. No entanto, isso requeria investimentos 269
vultuosos e afastava da política de crescimento lento, mas consistente. São 270
Paulo, no entanto, era uma meta possível e além de tudo tentadora. Teria de 271
71
haver uma reestruturação administrativa que assimilasse a ida para São Paulo, 272
o que era um assunto de solução complexa. 273
274
Outra idéia que surgia constantemente na mente de Tomás, e que preocupava 275
um pouco Carla, era a de abrir o capital da empresa, para que houvesse a 276
entrada de recursos e possibilidade de crescer para todas as capitais. Esta era 277
uma idéia audaciosa que gerava muitas discussões. 278
279
DETALHAMENTO DA ÁREA FUNCIONAL RECURSOS HUMANOS 280
281
A área de Recursos Humanos da Moda Fácil Ltda, visando contribuir para o 282
atendimento ao objetivo da empresa de minimizar a rotatividade de pessoal, 283
manter a qualidade de seus produtos e aumentar a participação no mercado, 284
trabalha a partir de uma política rigorosa de valorização de seus funcionários e 285
de capacitação para o trabalho realizado nos mais diversos setores da 286
empresa. 287
288
Esta política, coordenada pela Gerência Administrativa, é implementada 289
através de um ótimo plano de cargos e salários, um programa de benefícios e 290
convênios abrangente e um consistente programa de treinamento e 291
capacitação. 292
293
O plano de cargos e salários mantém cadastrados todos os cargos da 294
empresa, com a respectiva descrição de funções e habilidades requeridas. Os 295
salários correspondentes a cada cargo, após uma pesquisa de mercado, são 296
definidos, ficando geralmente acima da média. Visando manter os funcionários 297
motivados, o plano prevê ainda a possibilidade de progressão a diversos 298
níveis, dentro de um mesmo cargo. 299
300
Há uma rigorosa definição do quadro de pessoal por setor. Cada vez que um 301
setor necessita de uma nova vaga, há a necessidade de aprovação da Diretoria 302
para que a vaga seja aberta. Se a nova vaga for correspondente a um novo 303
cargo, há o estudo necessário para implementação do mesmo no plano de 304
cargos e salários. Os salários por cargo e nível são atualizados em cada 305
reajuste salarial. Também pode haver atualização na tabela de salários quando 306
houver pesquisa que demonstre eventual defasagem do valor praticado pela 307
empresa. Em qualquer situação, os valores salariais sempre devem ser 308
aprovados pela Diretoria antes de serem utilizados. 309
310
Quando houver uma promoção de funcionário, há a necessidade de existir uma 311
vaga corresponde ao novo cargo em aberto (e isto é aprovado pela diretoria, 312
mediante proposta da respectiva gerência onde o funcionário atua). É feita, 313
assim, a manutenção no cadastro de funcionários. 314
315
O programa de benefícios e convênios inclui uma série de possibilidades que 316
são cadastradas. Alguns benefícios aplicam-se a todos os funcionários, 317
enquanto que outros são optativos. Por exemplo, a empresa mantém um plano 318
de assistência médica, em que todos os funcionários são incluídos. Cada um 319
pode optar por incluir seus dependentes neste plano, ou acrescentar outros 320
planos, como o de assistência odontológica, por exemplo, além de poder incluir 321
72
outras características em seu plano. Outro exemplo, é o seguro de vida, que é 322
mantido para todos os funcionários, com um prêmio pré-estabelecido. Os 323
funcionários podem optar por aumentar o prêmio, pagando a diferença da 324
apólice. Os convênios referem-se a acordos com outras empresas, que podem 325
comercializar os seus produtos com os funcionários da Moda Fácil e os valores 326
são descontados em folha de pagamento. As despesas de cada funcionário em 327
empresas conveniadas são considerados adiantamento de salários do 328
funcionário. 329
330
Para as novas vagas, ou para substituir aquelas em que o funcionário deixar 331
(por promoção, aposentadoria ou demissão), é aberto um edital, que é 332
publicado e os interessados em se candidatar à vaga são cadastrados. Os 333
currículos de interessados em vagas na empresa também são cadastrados. 334
Para a seleção de funcionário para a vaga aberta em edital, é feita uma triagem 335
dos candidatos dentre aqueles que se inscreveram através do anúncio, bem 336
como dentre os currículos cadastrados, sendo selecionados aqueles que 337
aparentam ser mais próximos do perfil desejado pela empresa. Os candidatos 338
selecionados passam por entrevistas e/ou exames e o, quando houver a 339
deliberação, o candidato considerado melhor para a vaga é chamado para a 340
contratação. 341
342
No momento da contratação, o candidato deve apresentar seus documentos 343
pessoais e profissionais e deve fazer exame médico. Uma vez que o contrato 344
de trabalho seja registrado em carteira profissional, o candidato é cadastrado 345
como funcionário. 346
347
Inicialmente, o candidato passa por um processo de treinamento para a função 348
que ele irá realizar. Este treinamento consiste em apresentar a empresa e a 349
prática da função que ele irá realizar. 350
351
Os programa de treinamento são cadastrados pela empresa e, toda vez que for 352
constatado pelos setores da empresa ou quando um funcionário desejar, é feita 353
a inscrição de funcionários para os programas de treinamento, independente 354
do tempo de trabalho na empresa que o funcionário tenha. A seleção dos 355
candidatos ao treinamento é feita de acordo com o número de vagas existente, 356
o parecer da chefia do funcionário sobre a necessidade e a oportunidade do 357
treinamento solicitado e aplicação do objeto do treinamento na função 358
desempenhada pelo funcionário. 359
360
Os programas de treinamento podem ser realizados na própria empresa ou em 361
outras instituições (às vezes, a terceirização pode ser interessante em função 362
da redução de custos) e podem ser realizados no horário de trabalho do 363
funcionário ou fora dele. 364
365
Dentre as rotinas mais comuns da área de Recursos Humanos, está a folha de 366
pagamentos. Ela começa com o registro diário do ponto. Este registro é feito de 367
acordo com a tabela de horários cadastrada para o funcionário e serve para 368
registrar as horas trabalhadas, que serve de base para o cálculo do salário 369
mensal do funcionário. As horas extras também são registradas e são objetos 370
73
de um cálculo específico. As horas extras dependem de aprovação da chefia 371
imediata. 372
373
Para calcular o salário mensal, são levadas em consideração: o registro de 374
horas trabalhadas (a partir do ponto registrado pelo funcionário); o registro das 375
ocorrências deferidas pela chefia (como compensação de horas, licença por 376
motivo particular, etc) ou pelo próprio setor de pessoal (ocorrências previstas 377
na lei trabalhista, como licença gestante, licença paternidade, licença-saúde, 378
licença de gala [casamento], licença de nojo [falecimento de familiar direto] e 379
outras); os valores de adiantamentos concedidos; as horas extras; e salário 380
família. 381
382
Uma vez calculado o salário mensal, e após sua conferência, é emitido um 383
demonstrativo de pagamento que, no dia do pagamento, é entregue ao 384
funcionário. O valor dos pagamentos aos funcionários é depositado em banco e 385
são recolhidos os valores correspondentes, calculados durante o 386
processamento da folha de pagamento, de INSS, Imposto de Renda e FGTS. 387
388
Anualmente é feito o processamento de dados que são enviados à Receita 389
Federal, correspondente ao Imposto de Renda Retido na Fonte (IRRF). Com 390
base neste processamento, os funcionários recebem um informe de 391
rendimentos anual, contendo os dados que deverão apresentar em suas 392
respectivas declarações de imposto de renda. 393
394
A área de Recursos Humanos também é responsável pelo processamento das 395
férias dos funcionários. Uma planilha ajuda a acompanhar os casos em que o 396
período para gozo das férias está se encerrando e também para impedir que 397
férias sejam gozadas antes de se concluir o período aquisitivo. Uma vez que o 398
funcionário marque suas férias, o período destas é registrado e é feito o cálculo 399
da folha de pagamentos específica para férias. Esta folha inclui o cálculo do 400
abono de férias (1/3 do valor correspondente ao salário mensal) e o 401
adiantamento de férias (o salário correspondente ao período das férias é pago 402
antecipadamente). Após o cálculo desta folha, é feito o depósito de pagamento 403
do abono e adiantamento de férias. 404
405
O cadastro de funcionários pode ser alterado, mediante solicitação dele 406
próprio, para atualização de dados pessoais, como endereço ou número de 407
dependentes, dentre outras. Há informações em que a atualização requer a 408
apresentação de documentos comprobatórios. 409
410
A demissão de um funcionário pode se dar por pedido voluntário, por pedido de 411
desligamento comum mediante solicitação da chefia imediata, ou por justa 412
causa, desde que comprovada pela chefia imediata. Se a demissão for feita 413
pela empresa sem justa causa, há a necessidade de aviso prévio (o funcionário 414
continua recebendo por mais um mês). Neste caso, também é paga uma 415
indenização correspondente a 40% do valor do FGTS que a empresa recolheu 416
ao funcionário ao longo do tempo em que este permaneceu como funcionário. 417
Em todos os casos, há uma recisão de contrato de trabalho, que deve ser 418
homologado pelo sindicato, atualizando-se a carteira profissional. Os valores 419
devidos ao funcionário são depositados na conta do mesmo. 420
74
421
Quando um funcionário entra com pedido de aposentadoria, é feita a contagem 422
de tempo de serviço, para verificar se faz jus ao benefício. Uma vez constatado 423
o enquadramento nos critérios legais, é montado o processo que vai ao INSS. 424
Neste caso, há uma atualização na carteira profissional. O funcionário que se 425
aposenta pode, a critério da empresa, permanecer na vaga, mediante novo 426
contrato de trabalho. 427
75
Questões para o estudo de caso da empresa Moda Fácil Ltda
1. Aplicando os princípios gerais dos sistemas e considerando a empresa como um sistema,
identifique o sistema do qual a empresa é um sub-sistema e alguns sub-sistemas que
existem dentro da empresa.
2. Identifique os objetivos do sistema (empresa).
3. Identifique o ambiente do sistema (empresa) e comente como ele é afetado ou afeta o
sistema.
4. Identifique os dados de entrada para o sistema (empresa) e para seus sub-sistemas.
5. Identifique as informações de saída para o sistema (empresa) e para seus sub-sistemas.
6. Identifique os principais processos de transformação de dados em informações.
7. Selecione algumas informações envolvidas no sistema (empresa) e avalie sua relevância,
de acordo com as características estudadas, e o valor da informação.
8. Classifique, justificando, o sistema (empresa) e seus sub-sistemas de acordo com as
categorias estudadas (simples x complexo; aberto x fechado; estável x dinâmico;
adaptável x não-adaptável; permanente x temporário).
9. Faça um modelo do sistema (empresa) e de seus principais sub-sistemas.
10. Identifique saídas do sistema (empresa) e de seus sub-sistemas que podem servir como
feedback.
11. Identifique possíveis sistemas de processamento de transações.
12. Identifique possíveis sistemas de informações gerenciais.
13. Identifique possíveis sistemas de apoio à decisão.
14. Identifique possíveis sistemas de informação para executivos.
15. Identifique possíveis sistemas especialistas.
16. Identifique elementos que permitam visualizar a existência de procedimentos operacionais
padronizados.
17. Identifique elementos que permitam visualizar as políticas organizacionais.
18. Identifique elementos que permitam visualizar a cultura organizacional.
19. Identifique e justifique o tipo de estruturação organizacional.
20. Identifique as áreas funcionais da empresa.
76
21. Identifique os principais processos da área funcional de recursos humanos.
22. Identifique os sistemas da área de recursos humanos que poderiam servir à gerência
sênior.
23. Identifique os sistemas da área de recursos humanos que poderiam servir à média
gerência.
24. Identifique os sistemas da área de recursos humanos que poderiam servir aos
trabalhadores do conhecimento.
25. Identifique os sistemas da área de recursos humanos que poderiam servir aos funcionários
da produção e serviços.
REFERÊNCIAS
FURLAN, José D. et al. Sistemas de informação executiva. São Paulo: Makron Books,
1994.
STAIR, Ralph M. Princípios de sistemas de informação: uma abordagem gerencial. São
Paulo: LTC, 1998.
77
4 INTERNET, WEB E COMÉRCIO ELETRÔNICO*
4.1 Introdução
A evolução da tecnologia da informação, nas últimas três décadas, permitiu às
organizações experimentarem uma diversidade de cenários em seu ambiente de negócios.
Atreladas a esse processo de inovação tecnológica, profundas mudanças ocorreram nas
estruturas das empresas, na sua forma de gestão e, em suas relações com fornecedores,
parceiros e clientes.
O desenvolvimento de sistemas de processamento transacionais, na década de 1970,
marcaram o início dessa trajetória. Utilizando uma ínfima parte da capacidade de um
mainframe, as atividades de registro de informações de áreas como produção, distribuição e
materiais eram realizadas por um software. Ainda nessa década, esses sistemas foram
aprimorados, permitindo a elaboração de relatórios gerenciais. Surgiam, então, os sistemas de
informações gerenciais.
Nos anos 80, o desenvolvimento de novas ferramentas computacionais, e da
arquitetura cliente/servidor, ampliaram as possibilidades de acesso às informações nas
organizações. Surgiram os sistemas integrados de gestão (ERP’s), responsáveis pela
integração de todas as atividades da empresa. Como esses sistemas requerem o tratamento de
informações sob o enfoque processual, uma visão que se contrapunha à vigente naquele
momento, muitos percalços ocorreram. Para tentar vencer esses obstáculos, algumas
ferramentas de gestão foram empregadas, tais como a reengenharia e o downsizing.
A última década do século XX trouxe novos avanços tecnológicos para o dia-a-dia das
empresas. Os sistemas de transferência eletrônica de dados, as redes internas (LAN’s) e
externas (WAN’s) de computadores, a Internet, extranet e intranet, passaram a fazer parte do
cotidiano organizacional.
*Este capítulo corresponde à versão na íntegra do trabalho apresentado por este autor no IX Simpósio de
Engenharia de Produção da Universidade do Estado de São Paulo, em outubro de 2002.
78
Essa diversidade de possibilidades, hoje existentes na tecnologia da informação,
propiciou o desencadeamento de uma nova forma de relacionamento entre organizações, e,
entre organizações e pessoas. Transações passaram a ser realizadas sem a necessidade da
presença física do cliente. O mercado não é mais regional, ou nacional. Ele é mundial. As
possibilidades aumentaram infinitamente, a tal ponto, que, atualmente, empresas possam ser
quase que integralmente concebidas, a partir da rede mundial de computadores. Alguns
teóricos têm chamado esta fase de transição, de organizações físicas para virtuais, de “e-
volução” (ALSOP, 1999).
Este trabalho analisa as potencialidades desse novo ambiente de negócios, tendo como
pressuposto o comércio eletrônico. Para tanto, inicialmente, apresenta um panorama da
criação e desenvolvimento da tecnologia propulsora da era digital, a Internet. Em um segundo
momento, preceitua os aspectos básicos do comércio eletrônico, tipologia e modelos de
relacionamento. Na seqüência, discorre sobre algumas das estratégias aplicadas por empresas,
que tenham representado evolução na forma de fazer e-commerce. A título de conclusão, são
feitas algumas considerações a respeito do tema.
4.2 A Internet como agente propulsor da “e-volução”
A Internet surgiu em meados dos anos 1960, inicialmente chamada de ARPANet. Ela
representou a criação de um padrão de comunicação utilizado por todos os participantes da
rede, denominado Internet Standards, baseado na especificação de protocolos padrões de
comunicação, Internet Protocol (IP) (FRANCO Jr., 2001). Concebida com o intuito da troca
de dados e comunicação entre bases militares, e, entre pesquisadores de algumas
universidades da Europa e dos Estados Unidos da América do Norte, permaneceu limitada a
esses objetivos por aproximadamente duas décadas. Sua aplicação no meio empresarial nesse
período ficou restrita basicamente a sistemas de Eletronic Data Interchange (EDI), como o
sistema APOLLO, criado pela United AirLines em 1976, que permitia que os agentes de
viagens fizessem reservas nos vôos oferecidos por aquela Companhia, diretamente de seus
escritórios, acessando um terminal IBM (APLEGATE, CASH e MILLS, 1997).
Em 1989, utilizando-se da tecnologia da Internet, o pesquisador britânico Tim
Berners-Lee propôs um sistema que iria permitir a interligação de computadores em qualquer
parte do mundo. Ele desenvolveu a World Wide Web (WWW), constituída de um padrão de
comunicação, o Hyper Text Transfer Protocol (HTTP), de um sistema de formatação de texto,
o Hyper Text Markeup Language (HTML), de uma estrutura de endereçamento, o Uniform
Resource Locator (URL), e, de um navegador rudimentar (Browser) (AMORIM, 1999),
(FLEURY, 2000).
A World Wide Web, ou simplesmente Web, entretanto, somente viria a se tornar
acessível para um número maior de usuários de computadores a partir de 1993, quando um
grupo de estudantes da Universidade de Illinois, integraram gráficos e características de
multimídia ao navegador criado por Lee, possibilitando a compatibilidade com diversas
plataformas computacionais, como o Windows e o Macintosh (FLEURY, 2000). Era
concebido, assim, o navegador “Mosaic”, que daria origem, um ano depois, ao Netscape, o
browser que popularizou a Internet (PATEL e McCARTHY, 2001).
Ressalta-se, contudo, que a Web, com o protocolo de comunicação HTTP, é apenas
um dos muitos esforços que a Internet oferece. É provavelmente o protocolo mais popular, e,
por sua padronização e facilidade de uso, provocou uma revolução na Internet, chegando a
causar essa sobreposição de conceitos em que, erroneamente, para muitos Web corresponde à
Internet e vice-versa (FRANCO Jr., 2001).
79
Para diferentes objetivos, a Internet usa diferentes protocolos, tais como o protocolo
POP3 e SMTP, para envio e recebimento de e-mails, o IRC, para chats, e o HTTP, como
padrão de transferência de hipertextos (FRANCO Jr., 2001).
Hoje, decorridos aproximadamente doze anos desde seu surgimento, a Web assume
um papel irrefutável de agente agregador de tecnologia e conhecimento, troca de informações
e transações comerciais. A distância física de pessoas e organizações de diferentes regiões
geográficas, o elevado número de informações envolvidas em uma simples operação de
determinada empresa, a dificuldade de processamento de dados on line, são apenas algumas
das barreiras já superadas pela Web na última década.
Outro desafio que está sendo vencido é a expansão das possibilidades de alcance à
tecnologia da informação. Há cerca de 30 anos havia pouco mais de 25.000 computadores no
planeta. Em 1998, já eram contabilizados mais de 200 milhões de computadores em uso
(McKENNA, 1998). Em 1999, pesquisas estimavam que, no ano de 2000, o número de
internautas chegaria a algo em torno de 320 milhões no mundo, sendo que, destes, 5 milhões
estariam no Brasil (MATTOS, 1999).
Soma-se a isso, a tendência à gratuidade dos serviços básicos oferecidos por
provedores da Web às pessoas físicas. É possível possuir uma conta para recebimento e envio
de e-mails, participar de salas de discussões (chats), ler as principais notícias do dia, realizar
consultas acadêmicas, ou visitar sites de empresas sem nenhum outro custo além da ligação
telefônica. No Brasil, o provedor Internet Grátis (www.ig.com.br) pode ser citado como
exemplo. Lançado no primeiro trimestre de 2000, em apenas duas semanas já possuía 450.000
usuários. Após três meses, atingiu 1,6 milhão de usuários (FRANCO Jr., 2001).
Essa expansão é verificada no cenário econômico. Em apenas alguns anos desde a
introdução da Web, a economia da Internet já rivaliza com o tamanho de setores centenários
como o de energia, automotivo e telecomunicações. Marcos que levaram cem anos para serem
alcançados na Era Industrial estão ocorrendo a um ritmo impressionante na nova economia
(PATEL e McCARTHY, 2001).
Um dos alicerces da nova economia, ou como Peter DRUCKER (2001) define, dessa
“Revolução da Informação”, é o comércio eletrônico. Segundo esse autor (2001, p.92), “o
comércio eletrônico é para a Revolução da Informação o que a ferrovia foi para a Revolução
Industrial – um avanço totalmente novo, totalmente sem precedentes, totalmente inesperado.
Fazendo uma analogia com a ferrovia de 170 anos atrás, o comércio eletrônico está criando
uma nova explosão, mudando rapidamente a economia, a sociedade e a política”.
4.3 Comércio eletrônico: a nova arquitetura de negócios
Comércio eletrônico ou e-commerce, é, na concepção de ALBERTIN (2000), a
realização de toda a cadeia de valores dos processos de negócio em um ambiente eletrônico,
por meio da aplicação intensa das tecnologias de comunicação e informação, atendendo aos
objetivos de negócio. A cadeia de valores aqui referenciada, contempla desde a distribuição
de informações de produtos e serviços até a realização de transações entre as partes que
compõem o ambiente de negócio.
A origem do e-commerce está relacionada às primeiras aplicações da Internet no
ambiente empresarial. No começo dos anos 70, um grupo de fornecedores norte americanos
criou canais de vendas eletrônicas de fonte única (MALONE, YATES e BENJAMIN, 1997).
Essas empresas implantaram tecnologia da informação entre si mesmas e seus parceiros
comerciais de forma menos agressiva, adotando uma estratégia de intercâmbio eletrônico de
dados (EDI), numa tentativa de obter benefícios mútuos (McGEE e PRUSAK, 1994). A
ênfase inicial do EDI era a eliminação de documentos redigidos em papéis, usados nas
80
transações comerciais de rotina. Os sistemas internos de processamento de transações de uma
organização passaram a interagir com os sistemas das empresas parceiras. A Figura 4.1 –
apresenta a lógica dos primeiros EDI’s.
No lado esquerdo da Figura 4.1 tem-se o sistema de processamento das operações de
Gestão de Estoque e Sistema de Compras de uma determinada empresa “Cliente”. Os pedidos
de compra são, inicialmente, gerados em meio magnético, dentro da linguagem de
programação utilizada pela empresa. Em um momento posterior, esses pedidos são
“traduzidos” pelo software de EDI, para uma linguagem comum a do “Fornecedor”, para
então ser enviado, via software de rede de comunicações.
A parte direita da Figura 4.1, representa o processo das operações de atendimento a
Pedidos de Compra da empresa “Fornecedor”. Quando ela recebe os dados do pedido de
compra através da rede, que já estão em formato comum, realiza a conformação do pedido da
empresa “Cliente” com os dados do Sistema de Entrada de Pedidos de Compra.
Pode-se verificar que os primeiros sistemas de troca eletrônica de dados tinham como
objetivo evitar que fosse necessário imprimir dados que estavam em meio magnético, e que
deveriam ser repassados para o fornecedor, que teria de redigitá-los para poder processar os
mesmos em seu sistema automatizado (McGEE e PRUSAK, 1994), (MALONE, YATES e
BENJAMIN, 1997).
Figura 4.1: lógica dos primeiros EDI’s – Eletronic Data Interchange. Fonte: adaptado de McGEE e PRUSAK, 1994, p.79.
Os sistemas de EDI começaram, então, a sofrer evoluções. Em 1976, a United Airlines
criou um canal de vendas de fonte única chamado APOLLO, para reservas de passagens
aéreas. Em seguida, a American Airlines superou a United com a criação do sistema SABRE,
que incluía a possibilidade de agendamento de vôos de outras companhias. Os agentes de
viagens gostaram de ver ampliada sua margem de opções. Imediatamente, a United Airlines
reestruturou o APOLLO, acrescentando vôos de outras empresas a seu sistema (MALONE,
YATES e BENJAMIN, 1997).
O e-commerce, através do EDI, foi desenvolvendo novas aplicações nos setores
bancário, financeiro, hospitalar, entre outros. Sempre com a agregação de algum tipo de
tecnologia, mas sem modificações na concepção inicial do sistema. Mas, a grande força
Gestão de estoque e
sistema de compras
Pedidos de compra em
meio magnético (formato
interno da empresa)
Software de tradução de
EDI (de formato interno da
empresa para X12)
Pedidos de
compra
(formato X12
Software de rede
de comunicações
Cliente Fornecedor
Software de tradução de EDI (de formato interno da
empresa para X12)
Sistema de entrada de
Pedidos de compra
Pedidos de compra em
meio magnético (formato
interno da empresa)
Pedidos de
compra
(formato X12
Software de rede
de comunicações
81
impulsionadora, foi a criação da Web, que, a partir de 1994, modificou o modelo de negócios
em vigor, através de um processo de mudança radical. Explicitar algumas das principais
características desse novo modelo de comércio importam para um melhor entendimento do
fenômeno ocorrido.
Primeiramente, deve-se considerar que, no âmago do e-commerce, está o atendimento
a uma demanda, quer seja de produtos ou serviços, caracterizando um processo que se inicia
em um desejo ou necessidade criada, seguido por uma etapa de busca, avaliação e, finalmente
tomada de decisão.
Nesse sentido, pode-se dizer que, a arquitetura atualizada para o processo de compra e
venda de produtos ou serviços de uma empresa, passa do antigo ciclo de vida de vendas para
um novo processo interfuncional na organização, onde o enfoque desloca-se do produto para
o cliente (FRANCO Jr., 2001).
O processo tradicional de compra pode ser decomposto em quatro etapas (FRANCO
Jr., 2001):
a) consulta e cotação de compra;
b) configuração técnica do produto ou serviço solicitado;
c) comprometimento e interesse pela compra;
d) confirmação do pedido.
A proposta do e-commerce, fundamenta-se na transformação do ciclo de vida
tradicional de compra em um processo mais claro e dinâmico do relacionamento de compra e
venda com o cliente, onde devem ser considerados os seguintes pressupostos (FRANCO Jr.,
2001):
a) o processo de compra e venda deve ser o mais fácil possível para o cliente;
b) é necessário que o cliente perceba o valor agregado em seu processo de compra e
venda pela Internet;
c) criar mecanismos em que o cliente possa personalizar seu produto ou serviço de
maneira simples;
d) o e-commerce deve obrigatoriamente, em função do aumento da produtividade do
fator humano, aumentar o poder da venda de uma empresa; e
e) o e-commerce deve ser uma ferramenta que, além de vender, possa auxiliar na
melhora do gerenciamento das equipes de vendas.
Como exemplo, um setor que está modificando sua arquitetura de vendas em
decorrência do e-commerce é o musical. Em sites como o NAPSTER (www.napster.com) ou
JUKEBOX (www.jukebox.com) é possível escolher as músicas desejadas, compondo o play
list de acordo com o desejo do cliente. Não há necessidade de esperar o pelo lançamento do
CD. No momento em que a música começa a veicular em uma estação de rádio, já é possível
realizar o download da mesma. A mudança é tão significativa que, novos modelos de canais
de distribuição estão surgindo, inclusive para as grandes gravadoras, como a Seagram, Sony e
EMI. Um desses canais é o MP3. Para se ter idéia, o mercado norte americano de música pela
Internet em 2001 foi estimado em aproximadamente 13 bilhões de dólares, representando
cerca de 11% da receita do setor (FRANCO Jr., 2001).
Outro ponto que deve ser esclarecido em relação ao e-commerce é a classificação
quanto ao tipo de serviço prestado (demanda atendida) aos usuários. De acordo com
ANDRADE (2000, p.14-15), existem quatro tipos de comércio eletrônico:
82
1) de acesso a informação – esse tipo de e-commerce fornece pesquisa e capacidade de
recuperação de dados de arquivos em domínio público ou a eles relacionados. Oferece
serviços de informação e vende exatamente isso: informação. Versões eletrônicas de
revistas como Business Week e The Economist são apenas dois exemplos de empresas
que mantêm uma base de dados de artigos relacionados a negócios e cobram dos
assinantes o acesso a essas informações. Newsletters eletrônicas, pelas quais o leitor
paga pela assinatura, servem como outro exemplo.
2) de serviços de comunicação interpessoal – métodos para organizações, ou mesmo
indivíduos, com interesses comuns, trocarem informações, ‘discutir’ idéias e cooperar
entre si. Os exemplos incluem grupos de fornecedores e clientes que, juntos, criam e
chegam a especificações de produtos, arquivos atualizados sendo enviados por
editores às gráficas e um comprador utilizando o e-mail para negociar uma entrega
urgente com o fornecedor. Em linhas gerais, é o correio eletrônico sendo utilizado por
empresas, no dia-a-dia de trabalho.
3) empresas virtuais – acordos em que empresas associadas, fisicamente separadas, na
geografia e na especialização, conseguem integrar-se em atividades complexas como
se fossem uma única empresa. Um exemplo é a verdadeira integração da supply chain,
em que o planejamento e a previsão dos dados são transmitidos em tempo real por
meio de uma cadeia de suprimentos multidisposta. Isso ocorre com a Wrangler,
empresa que fabrica calças jeans, em que os pedidos são automaticamente enviados ao
fornecedor todas as vezes que um de seus produtos é vendido (por meio da caixa
registradora de uma de suas lojas).
4) Serviços de compra on line – essa forma de comércio eletrônico é a mais conhecida e
o que vem à mente quando se fala em e-commerce. É o método pelo qual os clientes
procuram e compram mercadorias ou serviços por meio das redes eletrônicas.
Por fim, outra dimensão do e-commerce que é passível de considerações, diz respeito
aos modelos de relacionamento existentes nesse ambiente. São eles, o Business-to-Costumer
(B2C) e o Business-to-Business (B2B).
O Business-to-Costumer, ou B2C, é um modelo de venda direta ao consumidor.
Refere-se aos sites em que as empresas negociam diretamente com o consumidor final. Um
exemplo clássico é o da Dell Computadores, que desde 1994, ou seja, quando do surgimento
da Web, vende seus produtos diretamente ao cliente, pelo seu site. Cerca de 30% de sua
receita – mais de US$ 18 milhões por dia – é gerada por vendas pela Internet (SALHMAN,
2000).
O fator conveniência parece ser o impulsionador dessa forma de compra, em
preterimento as lojas de varejo convencionais. Adiciona-se a isso, a expectativa do cliente em
encontrar novos produtos, que ainda não estejam disponíveis em lojas ‘físicas’, e que possuam
preços mais baixos (ANDRADE, 2000).
Já o Business-to-Business (B2B), é o negócio entre empresas pela Internet. No ano de
2000, foram registradas no Brasil mais de 169 aberturas de empresas “ponto-com” (empresas
de e-commerce) voltadas para o comércio eletrônico corporativo em 14 setores da economia
(REBOUÇAS, 2001). O Covisint, portal global de compras da General Motors, Ford e
Daimler-Chrysler, é uma aplicação de B2B, onde há a padronização da linguagem e
procedimentos de compra entre as montadoras e seus fornecedores, cujo principal objetivo é
reduzir custos, controlar melhor os estoques e agilizar o processo de compras (FRANCO Jr.,
2001).
Quanto à configuração de cada um dos modelos, pode-se dizer que o B2C é um
modelo baseado na Internet ‘pura’. O B2B, ainda que alicerçado na Internet, usa
83
predominante os recursos de Extranet, que se refere ao acesso parcial de usuários externos
autorizados, geralmente através de um nome de usuário e senha, a Intranet da empresa (rede
corporativa protegida por um firewall).
Dessa forma, o e-commerce, que se originou ainda na década de 70, a partir das
transações realizadas por sistemas EDI, obteve importante evolução no início dos anos 90,
quando a Web foi desenvolvida. Foram criadas novas relações de compra e venda, onde o
foco passou a ser o cliente, e não mais os produtos ou serviços da empresa. Os tipos de
serviços prestados aos usuários expandiram-se ao acesso a informação, comunicação
interpessoal, empresas virtuais, além do serviço de compras. Foram estabelecidos o B2C e o
B2B como modelos de relacionamento entre empresa-clientes e empresa-empresa,
respectivamente.
4.4 Estratégias emergentes em comércio eletrônico
Um dos maiores desafios que as empresas têm enfrentado é a dificuldade de adaptação
das estratégias de marketing, aplicadas com sucesso em suas operações de comércio
tradicional, ao segmento de e-commerce. Esse desconforto percebido pela maioria das
organizações é plenamente justificável, pois, o cenário econômico na qual estão inseridas,
mudou de forma abrupta nos últimos 5 anos. Nesse sentido, as estratégias não estão seguindo
um curso normal de criação, desenvolvimento e maturação. Elas estão ‘surgindo’ à medida
que as organizações se deparam com novos obstáculos em seu dia-a-dia.
Seguindo essa tendência, esta seção procura apresentar algumas das melhores práticas
em comércio eletrônico, tomando como base, as experiências vivenciadas por empresas de
três diferentes segmentos de mercado: ações e investimentos, varejo e o de livrarias.
4.4.1 Exemplo de e-commerce no mercado de ações e investimentos
Em se tratando de estratégias emergentes, as corretoras on line buscam hoje,
conquistar investidores que ainda preferem a segurança da caderneta de poupança aos riscos
da bolsa. As barreiras a serem vencidas são a imaterialidade, ainda mais complexa no setor
financeiro, onde definições como ações e investimento são abstrações puras; a recente
estabilidade econômica, que é um processo que tem apenas sete anos no Brasil; e, a cultura da
aplicação em algo que possua garantias do governo. Soma-se a isso, o fato de que não há a
cultura de investimento em ações no Brasil.
Desde que o sistema home broker, que permite ao internauta ‘entrar’ no pregão da
Bolsa de Valores de São Paulo (BOVESPA) para comprar e vender ações diretamente, foi
implementado, em março de 1999, o volume de negócios não tem obtido grande performance.
Em janeiro de 2000, foram movimentados 124,95 milhões de reais, apenas 0,38% do
Ibovespa. O pico ocorreu em agosto do mesmo ano, com 295,73 milhões de reais e fechou o
ano com 190,41 milhões (MARZOCHI, 2001).
O diretor geral do site de investimentos Patagon, diz que a pergunta certa a se fazer
sobre a venda de ações na Web não é quanto isso representa hoje, mas quanto vai representar
em pelo menos três anos. Pelos números divulgados pelo executivo, cerca de 40% do
faturamento da Patagon é oriundo da negociação com ações e o restante das receitas com
publicidade e outros produtos financeiros. Para ele, a estratégia a ser adotada é a
diversificação. O site deve ampliar a venda de outras formas de investimento, de tal forma que
84
as aplicações em renda variável representem 13% do faturamento em três anos, dando espaço
para outros produtos (MARZOCHI, 2001).
O iG Finance criou outra estratégia. O site fez um acordo com a corretora Agora, que
faz a interligação com o home broker. A taxa de corretagem é paga à corretora, que repassa ao
site um percentual fixo. Para atrair ainda mais o investidor, instituiu a corretagem fixa por
operação, que em janeiro de 2001 era de 20 reais, quando a fórmula usual de se calcular a taxa
de corretagem é feita com base no volume transacionado e em um valor fixo. Como resultado,
60% dos recursos dos investidores que utilizam o site são destinados ao mercado de capitais
(MARZOCHI, 2001).
Talvez, as melhores perspectivas estejam na captação de investimentos de pessoas
físicas. A grande inovação da Web para o mercado de ações foi a facilidade de trazer para a
Bolsa a pessoa física. Essa oportunidade foi percebida por todas as corretoras que antes
tinham como receita apenas os investimentos feitos pelas empresas e fundos de investimento.
Com isso, embora o volume de ações negociadas via Web seja pequeno hoje, a tendência é
um crescimento dessas operações em um curto prazo.
4.4.2 Exemplo de e-commerce em uma loja de varejo
Muitas empresas do mercado de varejo já possuem transações de e-commerce. Dessas,
uma quantidade razoável realiza operações não somente com seus clientes, mas também com
seus fornecedores. Como, em sua grande maioria, são organizações alicerçadas na filosofia do
comércio tradicional, a transição para a nova economia não tem sido nada fácil. É o que se
pode constatar pela análise da Toy’R’Us, uma grande empresa do varejo de brinquedos nos
Estados Unidos.
Fundada em 1978 e pioneira das empresas category-killers, expressão que significa
líderes absolutos em um segmento de mercado, a Toy’R’Us enfrentou dificuldades em sua
transposição para o novo cenário econômico, em meados dos anos 90. Em abril de 1999,
depois de perder a posição de maior vendedora de brinquedos para a Wal-Mart, decidiu lançar
um site na Web. Foi criado o site Toysrus.com, mas não funcionou bem. Os US$ 39 milhões
em vendas no ano foram considerados fracos. A concorrente eToys.com era melhor.
(ROTHFEDER, 2000).
Os erros estratégicos da Toysrus. começaram na elaboração do site. Com campos de
busca confusamente agrupados, fornecimento on line de produtos limitado, artigos diferentes
dos vendidos nas lojas, ofertas de produtos feitas somente para determinadas regiões.
Problemas de logística também influenciaram no desempenho da organização. No primeiro
natal do site, os atrasos nas entregas dos produtos fez com que a empresa pagasse US$ 100
dólares a cada um dos muitos clientes lesados (ROTHFEDER, 2000).
Em contrapartida, a Toy’R’Us contratou um executivo de renome para reformular as
estratégias de seu negócio eletrônico. Das falhas por ela cometidas, a companhia retirou um
conjunto de premissas, fruto de sua mal sucedida experiência inicial na Web, dando formato a
uma estratégia para atuação no e-commerce (ROTHFEDER, 2000):
1) os varejistas estabelecidos têm vantagens significativas e vitais para o sucesso na
Web: sistemas de distribuição, experiência em logística, relacionamento com os
fornecedores, uma marca conhecida, fluxo de caixa para financiar o marketing e
estoques, e oportunidades para fazer vendas cruzadas;
2) os riscos de canibalização são exagerados. Uma empresa florescente na Web não
precisa necessariamente prejudicar as vendas no mundo real e pode, ao contrário,
atrair receita adicional de clientes existentes e novos;
85
3) os varejistas constantemente precisam reinventar seu modelo empresarial para
reagir às mudanças, mas devem manter os valores centrais que os clientes
identificam com a marca;
4) embora a ‘polinização cruzada’ entre as operações on line e o mundo real seja
importante, as unidades eletrônicas dos varejistas devem ser independentes,
geralmente com administração própria e em locais separados, a fim de serem livres
para expandir a marca e não serem atrapalhadas por idéias tradicionais sobre
varejo;
5) a fim de estimular o apoio administrativo das unidades tradicionais às operações
na Web, os altos executivos das lojas da empresa devem receber opções no novo
empreendimento; e
6) é importante não fugir da partilha do patrimônio e do controle com um parceiro no
empreendimento, em troca da maior experiência em comércio eletrônico do
parceiro.
Das premissas estipuladas pela Toy’R’Us, para sua estratégia virtual, é possível
estabelecer um posicionamento. No varejo, boa parte da satisfação e do relacionamento com o
cliente depende de dar às pessoas um lugar onde possam devolver alguns produtos, onde
haverá uma pessoa para falar sobre esses produtos e dar atenção individual. É possível criar
um ambiente assim na Internet, transformando o site de e-commerce em uma comunidade
virtual especializada (ROTHFEDER, 2000). Parece ser esse o caminho da Toysrus.com.
4.4.3 Exemplo de e-commerce da Amazon.com
Esse tópico será ilustrado por meio do exemplo da Amazon, o arquétipo de empresa da
Internet. Desde seu lançamento, ela construiu uma base de 10 milhões de clientes e expandiu
suas ofertas de discos a CDs, vídeos, DVDs, brinquedos, produtos eletrônicos de consumo e
leilões. Investiu em empreendimentos de marca na Internet tais como a pets.com e a
drugstore.com, e desde o final de setembro de 1999 tem permitido que outros varejistas
vendam suas mercadorias em seu site por meio do chama ‘programa de associados’
(McKINSEY e Co, 2001).
Ela é uma livraria virtual, cuja loja é um site na Web, oferecendo 2,5 milhões de
títulos à venda (uma grande loja física pode estocar no máximo 175.000 títulos). A Amazon
tem tudo o que pode ser encontrado em Books in Print e quase não faz propaganda. O centro
logístico da Amazon é um depósito de 1.580m² em um setor industrial de Seattle (LAUDON e
LAUDON, 1998).
Um recurso de agente inteligente chamado Eyes permite que os clientes digam à
Amazon que escritores ou assuntos preferem. A Amazon os avisará por e-mail sobre novos
livros daqueles assuntos ou autores. O cliente também pode enviar suas críticas em relação a
um livro lido. Ela será disponibilizada para os clientes que venham a procurar aquela obra
LAUDON e LAUDON, 1998).
Uma das estratégias da Amazon é proporcionar ao consumidor a segurança de que o
mesmo encontrará no site o que ele está buscando. De acordo com Jeff Bezos, o criador da
Amazon.com, o motivo pelo qual os clientes voltam a uma livraria virtual é a ajuda ativa que
o site oferece na localização do item procurado, mesmo quando a existência do item for
desconhecida pelo próprio usuário, e sua necessidade só se torna clara para ele quando recebe
a sugestão e reconhece nela inegável relevância. O site conhece tão bem o perfil e os hábitos
de consumo do cliente que identifica esses itens relevantes e os leva à sua atenção (Ramo,
1999 apud ARANHA, 2000).
86
A outra estratégia diz respeito ao modelo empresarial adotado pela Amazon. Sua
capacidade de disponibilizar uma faixa maior de produtos a preços mais acessíveis,
empregando um volume de capital menor, faz com que ela praticamente não precise de ajuda
para operar sua loja on line, porque quando um cliente adquire um livro, a empresa de cartão
de crédito repassa ao banco da livraria o valor imediatamente, enquanto que, ela tem até 60
dias para pagar seus fornecedores. Com os recursos, a Amazon investe em instalações e
equipamentos, e aprimora a qualidade de suas atividades de logística e gestão de estoques,
que são terceirizadas (SALHMAN, 2000).
A Amazon aposta no seu relacionamento com consumidores. Para Jeff Bezos, no
momento em que alguém resolve acessar o site da livraria, já é um cliente. As duas estratégias
adotadas convergem para a manutenção da satisfação dos usuários dos serviços da empresa.
Isso reitera um dos pressupostos básicos da nova economia, que são as organizações com foco
nos clientes, ao invés dos produtos (McGEE e PRUSAK, 1994).
Os casos apresentados nesta seção, nos mercados de ações e investimentos,
brinquedos, e livrarias, procuraram demonstrar como as empresas de e-commerce, estão
reagindo às incertezas do mundo virtual. Não há um padrão estabelecido de estratégias, ou de
regras a serem usadas no comércio eletrônico. Em cada uma das situações descritas, os
administradores optaram por estratégias que atendessem as contingências do momento. O que
se evidencia, portanto, é a necessidade de uma rápida reação por parte dessas organizações, de
maneira quase que imediata, às transformações do cenário econômico em seus segmentos de
atuação. O quadro 4.1 – representa um resumo das estratégias adotadas pelas empresas aqui
analisadas, levando em consideração o segmento de atuação, bem como os resultados
esperados.
SEGMENTO EMPRESA ESTRATÉGIA EXPECTATIVA
Ações
e
Investimentos
Patagon
Diversificação dos produtos
oferecidos
Pulverização dos investimentos de
risco nos demais produtos da
empresa
iG
Terceirização do home brooker
Taxa de correta fixa
Aumento do número de
investidores pessoas físicas no
mercado de ações
Brinquedos
Toysrus.com
Utilização da cadeia logística
Aliar vendas físicas às virtuais
Manter identidade com o cliente
Gestão separada dos negócios
físicos e virtuais
Perspectiva para os executivos
de e-commerce
Necessidade de um partner
Serviços customizados
Fidelização do cliente
Conquista do mercado
Consolidar a empresa
Livrarias
Amazon.com
Serviço de busca de alta
performance
Manutenção e aprimoramento
dos serviços terceirizados
Máxima satisfação do cliente
Fidelização do usuário
Quadro 4.1 – Estratégias adotadas pelas empresas analisadas.
87
4.5 Considerações finais
A incorporação do meio virtual aos negócios das organizações transformou-se em uma
exigência para a competitividade. Os mercados, que antes tinham características da região
geográfica onde estavam inseridos, hoje estão abrangendo possibilidades até então, não
levadas em consideração. Uma pessoa em algum país da América Central pode estudar inglês
nas melhores escolas da Inglaterra, sem ter que sair de seu quarto.
O agente propulsor dessa revolução é a Internet. Idealizada no final dos anos 70, foi ter
um melhor aproveitamento de seu potencial de interconectividade somente a partir da década
de 90, quando do surgimento da Web, que veio trazer a padronização e simplificação do uso
da rede para os mais diversos fins. Surgia, na metade da década, o comércio eletrônico.
Apoiado na Web, o e-commerce está provocando mudanças na economia mundial de
grandeza e complexidade somente vistas na Revolução Industrial. As transações entre
pessoas, organizações e sistemas ocorrem em tempo real. As empresas tradicionais tiveram
que adaptar-se à nova forma de compra e venda, onde o foco é o cliente e não o produto. Os
tipos de serviços prestados aos clientes da rede expandiram-se ao acesso a informação,
comunicação interpessoal, empresas virtuais, além do serviço de compras. Quanto aos
negócios, esses podem ser realizados em um modelo de relacionamento organização x pessoas
(B2C), ou organização x organização (B2B).
Em busca da identificação de estratégias emergentes no e-commerce, procurou-se
analisar três segmentos de mercado com volume considerável de operações na Web. Com
base nos casos descritos, foi possível verificar que o ciclo das ações empresariais no ambiente
virtual é extremamente dinâmico. Procura dar resposta às exigências daquele momento. Além
disso, percebeu-se que, grande parte das estratégias usadas pelas organizações estão voltadas
para a melhoria do serviço prestado ao usuário, a fidelização desse, e a consolidação da
empresa comércio eletrônico.
REFERÊNCIAS
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ano 4, n. 22, p. 32-38, set./ out. 2000.
89
5 CUSTOMER RELATIONSHIP MANAGEMENT
Grandes oportunidades aguardam as empresas que conhecem bem os hábitos dos seus
consumidores. Mais do que um argumento de marketing, o conceito CRM vem sendo
alardeado como algo imprescindível para as empresas, com um impacto tão forte quanto o que
representou o data warehouse na última década.
O principal atrativo está em conquistar a lealdade do cliente satisfazendo suas reais
necessidades de consumo. É o fim daquelas insistentes malas diretas que oferecem produtos e
serviços às pessoas erradas.
A sigla CRM (Customer Relationship Management) ou gerenciamento das relações
com o cliente, em busca da sua lealdade, é apontada como o novo e inevitável caminho para a
sobrevivência nos negócios. Mais do que uma nova chance de venda de soluções
tecnológicas, as premissas do conceito pregam uma revolução no modelo tradicional de
marketing e vendas. Agora, o cliente precisa ser visto por todos os departamentos da mesma
maneira e a comercialização não deve estar focada nos produtos, mas nas necessidades de
cada consumidor.
5.1 Fidelização de clientes
A cada cinco anos, uma empresa contabiliza a perda de metade de todos os clientes. A
dramática estatística da Harvard Business Review reforça a importância de uma tecnologia
que vem conquistando empresas de todo o mundo, interessadas em aumentar o tempo de
permanência dos consumidores, utilizando as técnicas de CRM.
Criado como uma plataforma para identificar os clientes e trabalhar as oportunidades,
a solução por trás da terminologia sofisticada se baseia numa lógica muito simples: valorizar a
relação para manter por mais tempo.
O mercado projetado para as soluções CRM revela a importância desse novo enfoque
corporativo. Segundo a IDC (International Data Corporation), até o final de 2003 este
segmento movimentará US$ 16,8 bilhões. O Brasil deve corresponder a 10% deste volume.
Até lá, o crescimento médio esperado é de 50% ao ano.
90
Os analistas acreditam que nos próximos quatro anos, o mercado de CRM registrará
um crescimento similar ao observado no segmento de ERP. Para se ter uma idéia, a poderosa
SAP, que se projetou graças ao desenvolvimento do software de gestão integrada R3, estima
que em três anos 30% da receita dela venha do setor de CRM.
O conceito CRM aborda tudo que se identifica e participa da relação com os clientes,
focado não necessariamente na venda do produto ou serviço. A base de aplicação desse
conceito está na segmentação. A partir daí faz-se uma diferenciação no tratamento. O
resultado é a fidelidade.
Não se pode tratar todos os clientes da mesma forma. Um cliente que traz mais
rentabilidade, ou maior volume é um cliente valioso que deve ter um tratamento diferenciado.
Uma estatística da Michaelson and Associates mostrou que 69% dos consumidores
trocam de fornecedor por conta de um atendimento sofrível. Para ilustrar o tom dos novos
tempos, em que individualização faz diferença, um executivo de uma grande empresa de
consultoria, cita uma estatística mais estarrecedora: cerca de 80% dos clientes que abandonam
um fornecedor não estão insatisfeitos com os produtos e serviços. Tampouco foram
maltratados. O motivo que os levou a trocar de parceiro foi a indiferença.
Para coibir estes impactos, a base do CRM trás um conjunto de processos: identificar o
cliente certo, oferecer-lhe o que interessa, no momento em que ele precisa, através do canal
adequado. Segundo a AMR, vender para um novo cliente custa 10 vezes mais do que a venda
para um cliente antigo.
5.2 CRM como propulsor das vendas via web
Empresas de internet são vendedoras de relacionamento. Veja o exemplo da Amazon:
eles não são especialistas em produtos, mas em clientes. E não precisam de um portfólio de
produtos, podem oferecer só o que os consumidores querem comprar. Por outro lado, a
internet torna o desafio da fidelidade ainda mais dramático. Estatísticas do mercado apontam
para uma taxa de desistência entre 60% e 70% no comércio eletrônico. Isto significa que mais
da metade dos consumidores que enchem os carrinhos nas lojas virtuais desistem da compra
antes de chegar ao caixa.
Com um bom CRM, esta questão pode ser fortemente amenizada, fazendo o cliente
desistir de abandonar as compras. Outro fator importante é a redução de custos de compra:
custos em escolhas, comparações, tempo etc. Quanto mais caro ou complexo o produto ou
serviço a ser comprado, mais informações queremos e precisamos ter, pois o nível de
incerteza será maior.
Até alguns anos atrás, as possibilidades para se obter essas informações eram
conhecidas via: revistas, amigos, especialistas, programas de tv, etc. As novas tecnologias da
comunicação e informação (principalmente a internet) tornam nosso acesso à informação
muito mais barato e amplo. O custo para compra está caindo, muitas empresas estão
diminuindo de tamanho, estão encontrando com mais facilidade parceiros compatíveis com
suas necessidades de qualidade.
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A Amazon.com faz parcerias para entrega e armazenamento dos seus produtos. O
custo do livro não cai, mas o custo da compra cai muito. Sua competência está na venda.
Informações de qualidade, em abundância com o mínimo custo para acesso.
Por isso, as empresas de comércio eletrônico devem contribuir decisivamente no
crescimento previsto para o mercado de CRM.
5.3 Áreas de atuação do CRM nos negócios da empresa
Do ponto de vista do negócio, o conceito de CRM pode ser inserido em quatro áreas
de desenvolvimento:
geração de oportunidade;
execução e incentivo de negócios;
consolidação de vendas; e
fidelidade do cliente.
Para isto, o CRM conta com todo o arsenal de tecnologia e informação provenientes da
plataforma ERP e call center. Integração é a palavra chave neste processo, para que se tire
proveito das informações já existentes sobre clientes, utilizadas para uma realimentação
eficiente do banco de dados de relacionamento.
Para muitos analistas, o CRM pode mesmo ser encarado como uma expansão do ERP.
Isto porque o sistema transforma todo o histórico de relacionamento entre clientes e
fornecedores, contido na base de dados operacionais, em informações segmentadas sobre o
público da empresa. Nesta nova base, constrói-se um data warehouse e faz-se data mining.
Daí em diante, os programas de negócios inteligentes ajudam na definição das novas
estratégias para atrair ou manter os clientes fiéis.
Souza Filho, da Price Waterhouse, acredita que a maior dificuldade não está na
tecnologia nem no operacional da implantação, mas na qualidade da informação que se tem a
respeito do cliente. “É comum o empresário achar que tem um dado importante sobre o
cliente, quando, na verdade, está longe disto. E se não há informação, não há relacionamento.
Ninguém começa a se relacionar com alguém que não conhece”.
5.4 Metas do CRM
CRM implica em uma mudança na filosofia de trabalho da empresa. Uma orientação a
clientes. Parece simples e conceitualmente é. Porém isso implica em mudanças culturais
profundas que muitas vezes exigem o repensar de toda a organização.
Por que CRM? Basicamente para tratar clientes diferentes de forma diferente.
Iniciativas de CRM devem ter como objetivo pelo menos três coisas:
(1) identificar e manter clientes mais lucrativos, ou de maior valor. Quanto mais a
empresa conhece as preferências individuais de seus melhores clientes, mais pode
personalizar sua oferta de serviços e produtos para eles. Isto torna a fidelidade
conveniente para o cliente;
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(2) identificar e desenvolver relacionamentos com clientes de maior potencial. Muitas
vezes, o cliente tem necessidades que são satisfeitas pela concorrência; e
(3) identificar os clientes que dão prejuízo à empresa. O que fazer com eles? Ignorá-
los não os fará desaparecer. Devemos saber pelo menos quem são, quanto custa
atendê-los e se possível diminuir ou eliminar o custo desse atendimento.
Na verdade, tornar a empresa sensível às diferenças que existem entre os clientes é o
primeiro passo para garantir a fidelidade dos melhores. O relacionamento contínuo também é
conveniente para o consumidor.
93
EXERCÍCIO PRÁTICO
A atualidade do assunto CRM exige uma discussão mais aprofundada do mesmo. Isso
porque a teoria sobre CRM está sendo configurada em tempo real, à medida que ocorrem
acertos e erros nas organizações que o colocam em prática.
Com o intuito de ampliar nossos conhecimentos a respeito do tema, foram
selecionados seis artigos que versam sobre CRM, que estão transcritos na íntegra nas páginas
seguintes.
Pede-se que a turma forme seis diferentes grupos e que cada um desses faça a leitura
de um dos artigos (a ser sorteado pelo professor), discuta-o, e prepare um resumo, de tal
forma que ao final do tempo estipulado pelo professor, todos os grupos façam a explanação
do conteúdo do artigo para os demais membros da classe.
Artigos:
1. Customer Relationship Management — além do mero jargão
2. Com licença... não pretendo incomodar!
3. CRM não é bom serviço ao cliente
4. Bancando uma solução de Customer Relationship Management
5. Integrar dados do cliente para melhorar o atendimento
6. As soluções de data warehousing da NCR
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Customer Relationship Management — além do mero jargão
por Mandeep Khera
artigo extraído do site www.1to1.com.br em 10/02/03
Internet. CRM. Web. Electronic Commerce. e-CRM. Se não souber estes termos
técnicos "avançados", talvez você não faça muito sucesso nas festas. Cite um ou outro de vez
em quando, e você irá impressionar uma boa quantidade de pessoas à sua volta. O CRM, ou
Customer Relationship Management (gerenciamento de relacionamentos com clientes) é uma
das áreas de crescimento mais rápido — tanto no mundo do "termos técnicos" quanto no
mundo real. Mas... O que é CRM? E por que tanto falatório, afinal?
O conceito de gerenciar relacionamentos com clientes não é novo. As empresas fazem
interações com os clientes desde o surgimento do comércio. A maioria delas não tem sido
muito eficiente. Lembra-se dos anos 70, quando o cliente precisava ir ao aeroporto para
comprar uma passagem aérea? E se você perguntasse o porquê disso, ouviria: "É porque é lá
que nós guardamos as passagens!" Com o passar dos anos, os clientes foram se acostumando
a serem tratados mal e ainda assim continuar comprando das empresas que os maltratavam.
Isso explica algumas das definições da palavra "cliente". No dicionário Aurélio, "cliente"
apresenta, e ainda assim como terceiro significado, "freguês", apenas. (Em inglês, no Webster,
"cliente" significa "alguém que regularmente ou repetidamente faz compras em um
comerciante".) Observe que nada se falou de atendimento de necessidades ou de satisfação.
A concorrência, orientada pela Internet e pela desregulamentação, mudou tudo isso. A
Internet reduziu as barreiras para que novos participantes entrassem nos mercados e
oferecessem produtos a preços muito menores, independentemente do local. A concorrência
foi estimulada mais ainda pela desregulamentação do ramo de telecomunicações. Os clientes
agora têm opções e, o que é mais importante, estão cientes delas. O poder passou para as
mãos do cliente. O cliente é, verdadeiramente, o rei!
Com a intensificação da concorrência, as empresas perceberam que precisam tratar os
clientes de maneira diferenciada — com respeito. Os clientes têm muito mais opções e não
precisam ser leais a empresa nenhuma. As empresas agora estão tentando, desesperadamente,
descobrir formas de gerenciar com eficiência os relacionamentos com os clientes, e não
apenas adquirir novos clientes, mas reter os que já existem. Segundo um estudo da Harvard
Business Review feito pela Reicheld e Sasser, algumas empresas podem intensificar os lucros
em quase 100%, bastando reter meros 5% de seus clientes.
O CRM não é um produto ou serviço. Ele é uma estratégia global de negócios que
possibilita às empresas gerenciar com eficiência os relacionamentos com seus clientes. Ele
oferece uma visão integrada dos clientes de uma empresa para todas as pessoas da
organização. Por exemplo, se o departamento de marketing realizar uma campanha de
divulgação, todas as informações sobre os clientes e o programa deverão ser mantidas para
que o pessoal de vendas possa fazer acompanhamento, o pessoal de atendimento ao cliente
possa responder qualquer consulta, e o suporte técnico possa oferecer qualquer apoio ao
campo. A idéia é ter as mesmas informações disponíveis a todos da empresa, para que o
cliente não tenha que se desdobrar, ele próprio, para que suas necessidades sejam atendidas. A
maioria dos clientes vai embora, em vez de tentar explicar o problema ou dúvida vezes
seguidas para diferentes pessoas da empresa. O CRM implica que todos na empresa estejam
voltados para o cliente.
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Implementar uma estratégia de CRM exige três ativadores fundamentais: (1)
profissionais qualificados; (2) processos bem elaborados e (3) tecnologia de ponta. É
fundamental contratar profissionais que sejam intensamente treinados para lidar com clientes
com postura profissional. Eles também devem saber usar a tecnologia. Sem processos bem
elaborados, qualquer disciplina fracassará em atingir seus objetivos. O CRM não é exceção.
As empresas devem definir seus requisitos e objetivos de negócios e desenvolver processos de
CRM para atender a esses requisitos. Por final, a tecnologia deve abranger pelo menos os
seguintes elementos:
Regras de negócios: As regras de negócios são necessárias para garantir que qualquer
transação com o cliente seja processada de maneira eficiente. Por exemplo, se uma empresa
quiser que os clientes mais lucrativos e de alto volume sejam atendidos por especialistas, as
regras de negócios devem definir, com clareza, qual é esse critério. Com base na
complexidade das transações, uma organização pode precisar de centenas de regras de
negócios.
Data warehousing: Gerenciar relacionamentos com os clientes depende das
informações sobre ele, que geralmente estão em bancos de dados diversos e separados.
Consolidar as informações importantes em um lugar e ter certeza de que elas se inter-
relacionem não é uma tarefa fácil. No entanto, uma vez realizada, a data warehousing
(armazenamento conjunto de dados) amplia o potencial de receita de uma empresa e o
atendimento ao cliente. Por exemplo, uma empresa pode segmentar os tipos de cliente
mantidos no data warehouse e lançar uma campanha de marketing direcionada para tipos
específicos de clientes. De modo semelhante, uma boa elaboração de data warehouse pode
ajudar a apresentar as informações com base em determinadas regras de negócios, para ajudar
as vendas híbridas ou o up-selling (venda de atualizações, complementos ou aperfeiçoamentos
para um determinado produto ou serviço) para clientes que telefonarem por outras razões.
Web: O uso mais importante da Web, na perspectiva do CRM, é o auto-atendimento,
de modo que os clientes possam fazer consultas sobre suas contas a qualquer momento e de
qualquer lugar. A Web também deve ser usada para emissão eletrônica de faturamento e
pagamento (EBPP, Electronic Bill Presentment and Payment), para que os clientes possam
consultar o valor devido e fazer o pagamento on line, se for apropriado. Para a ampliação da
receita, as empresas também podem oferecer mensagens instantâneas, a serem usadas para
serviços de vendas híbridas e up-selling, com base nos perfis dos clientes que usarem seu
Web site.
IVR: É necessário um sistema de IVR (Interactive Voice Response, resposta interativa
de voz) para que os clientes façam consultas de auto-atendimento por telefone, em vez de pela
Web.
Geração de relatórios: É preciso ter boas ferramentas para geração de relatórios, tanto
para relatórios de clientes quanto para relatórios internos.
Tecnologia de central de atendimento: Algum tipo de tecnologia de central de
atendimento (call center) com PBX ou VoIP (Voice over Internet Protocol - voz por
protocolo de Internet) integrada com roteamento inteligente de chamadas é um requisito
obrigatório para a interação com profissionais de atendimento ao cliente em operação.
Estrutura de integração: Uma estrutura tecnológica que permita que todos os
aplicativos e bancos de dados que tenham informações sobre clientes sejam integrados pode
representar uma grande diferença na implementação.
Há diversas soluções disponíveis no mercado para as empresas implementarem sua
estratégia de CRM. Podem ser adquiridos pacotes CRM comerciais prontos, que oferecem
funcionalidades em diversos níveis. A maioria desses produtos é avançada e abrangente. No
entanto, arremessar, simplesmente, o produto com a mais avançada tecnologia em direção ao
problema de CRM não vai resolvê-lo. As empresas ainda precisam ter os processos corretos e
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a integração de todos os aplicativos legados (existentes) para ter sucesso em um programa de
CRM. Como alternativa, as empresas podem criar seu próprio aplicativo e comprar alguma
tecnologia para determinados componentes fundamentais, como o data warehouse. Esta
solução, embora atraente, em geral leva muito mais tempo e, raramente, tem mais êxito do
que comprar soluções prontas. Outra solução viável é terceirizar a função de CRM para
empresas especializadas. As boas empresas de terceirização com especialização em CRM
podem oferecer soluções inovadoras e com um cronograma bem rápido.
Isto ajuda as empresas na eliminação de custos relacionados à sua infra-estrutura de
capital para CRM e permite que se concentrem em suas competências essenciais. Uma
empresa de terceirização confiável garantirá os resultados, o que elimina qualquer risco para
as empresas que a contratarem.
É evidente que as empresas precisam implementar uma estratégia de CRM eficiente
para sobreviver e ter sucesso. Qual solução adotar depende da cultura organizacional e da
estratégia global da empresa. Independentemente do tipo de solução, as empresas precisam
encarar o CRM sob o aspecto de ciclo de vida, que vai da aquisição até a retenção. O
telemarketing com profissionais não-treinados, que telefonam para os clientes no horário do
jantar e são excessivamente insistentes, não é CRM. Além disso, as empresas precisam
permitir aos clientes a interação com eles de qualquer ponto ou meio de contato com o qual se
sintam à vontade. Por exemplo, pela Web, IVR, telefone, ou em reuniões em pessoa. O uso
exagerado da tecnologia apenas pela tecnologia pode ser um tiro pela culatra e tem potencial
devastador. Uma combinação apropriada de tecnologia e de pessoas é o segredo do sucesso.
Por final, as empresas precisam lembrar que o gerenciamento de relacionamentos com
clientes não é um centro de custo, mas um diferencial competitivo.
97
Com licença... não pretendo incomodar!
por Valsoir Tronchin
extraído do site www.1to1.com.br em 10/02/03
Recentemente, ao entrevistar uma gerente de uma grande empresa, perguntei o que ela
sabia sobre CRM ou marketing de relacionamento com clientes. Com certo ar de medo, ela
me disse: “por favor, não me diga que CRM é ligar para a casa do cliente às oito horas da
manhã de sábado para tentar vender uma assinatura de revistas!”.
Em outra entrevista, quando perguntei ao diretor responsável pelo call center se a
ligação do cliente também era encarada como uma oportunidade de venda, ele, após fazer
uma careta, respondeu: “não é, e nunca vai ser! Isso não é telemarketing, é ‘telemalho’! Nossa
central existe para servir o cliente!”. Algumas lições podem ser tiradas dessas duas conversas.
Cada vez mais, no intuito de aumentar as vendas, as empresas estão interrompendo a
vida dos clientes ou de possíveis clientes, com comunicações impessoais que pouco têm a ver
com suas necessidades. Estamos reproduzindo um modelo antigo, que tem criado enorme
antipatia nos clientes nos Estados Unidos e em outros mercados mais maduros.
As chamadas de telemarketing, pelo menos aqui na cidade de São Paulo, geralmente
ocorrem nos horários mais inoportunos - após às 19h e às vezes logo cedo, inclusive aos
sábados. Qual dos leitores ainda não recebeu uma ligação, provavelmente sábado de manhã,
de uma certa organização religiosa para fazer doações? Para quem faz a chamada, o horário
de maior possibilidade de encontrar a pessoa da casa que toma a decisão de compra é
extremamente inoportuno para quem recebe a ligação, justamente o cliente potencial. Como
resolver esse dilema?
A resposta, embora simples e com respaldo no sentido comum, tem sido utilizada
ainda com certa timidez. Basta pedir a permissão do cliente para contatá-lo. Simples, não?
Essa forma de marketing foi batizada por Seth Godin de “Marketing de Permissão”,
em seu livro de mesmo nome. A idéia é simples: contate o cliente somente após obter sua
permissão e através da forma de contato preferida por ele. A cada contato, busque aumentar o
nível de permissão. Torne a mensagem cada vez mais relevante para o cliente, em troca desse
aumento de permissão. Personalize a mensagem de tal forma que o cliente passe a esperar por
ela. Nunca viole ou abuse da permissão do cliente.
Quando eu discuto esse tema em seminários, sempre me é perguntado como se obtém
essa permissão. É claro que não se vai pedir a permissão para ligar para o cliente ligando-se
para ele. A regra geral é que o primeiro nível de permissão deve ser “comprado”. Isso mesmo:
a empresa deve incentivar o primeiro contato através de uma linha 0800, da Internet e de
outros meios, oferecendo algum tipo de incentivo ou benefício para que o cliente inicie a
interação.
Durante essa primeira etapa, devemos buscar obter a permissão do cliente para realizar
futuros contatos, oferecendo a ele um benefício claro, que tenha a ver com suas necessidades.
A cada nova interação, buscamos conhecê-lo mais e aumentar o nível de permissão.
Essa é a forma de vender através do call center sem “malhar” o cliente. Quando o
cliente liga com uma solicitação, temos uma oportunidade de ouro para, conhecendo-o,
ganhar a sua permissão para abordá-lo para uma venda. A arte está em oferecer algo que tenha
que ver com o que o cliente necessita, e não com o quê precisamos vender, sem invadir sua
privacidade e roubar seu tempo.
98
Até no caso da doação, precisamos, antes de qualquer coisa, identificar os clientes que
têm a necessidade e a possibilidade de doar. A abordagem deve ser autorizada, ou ela pode
destruir a relação com o doador. Conheço casos de doadores que pararam de doar para uma
determinada instituição somente pela forma como foram abordados.
Não quero que o leitor pense que implementação de idéias simples sempre seja
simples. Quero apenas mostrar que é possível ver o problema de outra forma.
Uma coisa é certa. O “marketing de interrupção” não constrói relações duradouras,
muitas vezes as destrói. Quanto mais maduro e educado for o cliente, menos tolerante ele será
a esse tipo de abordagem.
Pense nisso e mude seu comportamento, como cliente e como fornecedor.
99
CRM não é bom serviço ao cliente
por Valsoir Tronchin
extraído do site www.1to1.com.br em 10/02/03
No Brasil, de um modo geral, estamos pouco a pouco elevando o nível de serviço ao
cliente. Temos um código de proteção ao consumidor que funciona cada vez mais e a
concorrência, mais acirrada em quase todos os setores da economia, está forçando as
empresas a reavaliar a forma de atender os clientes. Apesar disso, o leitor provavelmente
concorda comigo, há um longo caminho pela frente.
Paralelamente, em todo o mundo, as empresas estão reavaliando a forma de fazer
negócios, quando no mercado, seus produtos e serviços ou são muito parecidos ou iguais aos
dos concorrentes, e a competição passa a ser por preço. Entre outros nomes, essa “nova”
forma de abordar o mercado é chamada de marketing one to one, marketing de
relacionamento, ou CRM (Customer Relationship Management – Gerência de Relações com
Clientes), o nome mais usado.
Cada vez mais discutido na mídia, CRM é um modelo de negócios, cujo objetivo final
é o aumento da lucratividade da empresa através da retenção de seus melhores clientes. Essa
retenção, ou fidelidade é conseguida pela utilização do conhecimento individual, de cada
cliente, na personalização de aspectos da relação com aquele cliente.
Uma das confusões mais freqüentes relativas ao tema é que muitas empresas pensam
que praticar CRM é atender bem o cliente e não questionar suas solicitações. Na realidade, um
bom serviço ao cliente é o mínimo que se espera de qualquer empresa e isso está se tornando
cada vez mais comum, deixando de ser um diferencial. É o caso de países como os Estados
Unidos.
Em um mundo de serviços e produtos de alta qualidade e de preços cada vez mais
justos, a única forma de garantir que os melhores clientes continuem a fazer negócios com sua
empresa é criar barreiras de mudanças. Satisfação é importante, mas não garante fidelidade.
É claro que a adoção do CRM implica na integração de todos os pontos de contato
com o cliente, o que, como resultado natural, eleva o nível de serviço. Porém o inverso não é
verdadeiro.
A integração de dados e a implantação de uma “memória corporativa” de cada cliente
são conseguidas através da utilização de ferramentas operacionais de CRM, como a infra-
estrutura de call center, Web sites, sistemas de automação de vendas, banco de dados de
clientes, etc. É justamente nessa área, que hoje se concentram a maior parte dos investimentos
em CRM no Brasil. Porém, é através da análise dos dados, com ferramentas de CRM
analítico, que a empresa tem a oportunidade de conhecer cada um de seus clientes. Para isso,
uma estratégia de CRM clara é fundamental. CRM não se instala, se adota.
A filosofia por trás do CRM é tratar clientes diferentes de forma diferente. Conhecer
as diferenças em termos de valor e de necessidades é fundamental para que a empresa possa
saber onde e como deve investir para personalizar a atenção aos melhores clientes.
Quando falo de personalização não me refiro simplesmente ao envio de cartões de
aniversário ou ao “bom-dia fulano” da página Web. Refiro-me à personalização da
experiência do cliente quando ele entra em contato com a empresa, tornando a sua relação
com ela cada vez mais fácil, produtiva e natural; conveniente.
100
Em sua essência, praticar CRM é cultivar as diferenças que existem entre os clientes,
não ignorá-las. Todos os clientes merecem receber um bom serviço, isso é garantido por lei,
além de fazer parte da cultura das empresas sérias. Entretanto os clientes especiais, os mais
rentáveis, merecem um tratamento especial.
A prática de CRM responde quais são esses clientes e o que a empresa deve fazer com
eles.
101
Bancando uma solução de Customer Relationship Management
por Larry Widel
extraído do site www.1to1.com.br em 10/02/03
No cenário altamente competitivo do mercado bancário atual as instituições
financeiras de pequeno e médio porte terão sucesso somente se utilizarem as melhores
ferramentas disponíveis para se diferenciar, através do marketing one-to-one e do
fornecimento de serviços cada vez mais personalizados aos clientes.
As novas tecnologias podem aumentar a velocidade e conveniência dos serviços
fornecidos aos clientes, mas também podem provocar maior distanciamento, substituindo os
relacionamentos pessoais por caixas automáticas e Internet banking. Essa diminuição da
interação pessoal pode reduzir a fidelidade do cliente e, portanto a rentabilidade da instituição
financeira.
Para pequenas e médias instituições, há várias coisas a fazer para manter a fidelidade
dos clientes, junto com sua lucratividade, e concorrer com os bancos maiores. Muitas
instituições de menor porte estão adotando sistemas de gestão eletrônica de relacionamentos
com clientes (electronic Customer Relationship Management - eCRM) para melhor
compreender as necessidades de seus clientes e oferecer respostas mais personalizadas, de
modo a cultivar relacionamentos melhores e mais próximos. Para isso, é fundamental trazer os
dados sobre os clientes e suas necessidades e preferências do suporte para os pontos de
contato em tempo real. Só assim é que eCRM pode ser usado com eficácia para personalizar o
atendimento.
Para criar um ambiente bem-sucedido de vendas e marketing, uma instituição
financeira precisa ter uma visão panorâmica dos clientes atuais e potenciais. Armada com
informações abrangentes, a instituição estará capacitada para filtrar e analisar as informações
sobre clientes existentes e prospectivos. Assim, terá as informações vitais de que precisa para
tomar as decisões rápidas que afetam a rentabilidade do negócio.
É imperativo poder personalizar uma campanha de marketing para fazer vendas
cruzadas e upselling (vender atualizações, complementos ou aperfeiçoamentos para
determinado produto ou serviço). A instituição precisa saber tudo a respeito dos clientes
atuais ou em potencial.
Sugestões Quanto ao Uso Eficaz do eCRM:
Perfil completo do cliente
Para personalizar os esforços de marketing e vendas de modo a atrair clientes novos e
reter os existentes, as pequenas e médias instituições financeiras precisam de sistemas de
CRM que combinem informações internas sobre contas com informações externas de ordem
demográfica e comportamental. Tendo uma visão abrangente do cliente, o banco é capaz de
criar oportunidades de venda cruzada e upselling mais dirigidas e mais eficazes.
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A existência de múltiplos departamentos dentro do banco significa que há múltiplos
sistemas (para seguros, aplicações, financiamentos, etc.), que precisam ser integrados entre si
e combinados com dados mais detalhados sobre cada cliente de modo a permitir que o banco
veja o cliente como indivíduo e não apenas como elemento de um grupo ou agregado. Os
profissionais de marketing precisam ter como identificar os clientes que têm contas correntes
ou de poupança no banco e visualizar essas informações no contexto de outras, tais como
quantos carros cada cliente possui, os empréstimos em aberto, número de filhos etc., de modo
a obter uma visão mais abrangente do cliente.
Tendo uma compreensão clara das necessidades em potencial de seus clientes, você
poderá incrementar a rentabilidade do negócio.
Lucratividade dos clientes
Existe um “mito da lucratividade” dentro dos bancos, segundo o qual os clientes que
visitam o banco são aqueles que dão mais lucro. Isso simplesmente não corresponde à
verdade. Na maior parte das vezes, as pessoas que comparecem às agências — geralmente 80
por cento da base de clientes — são justamente os que dão menos lucro porque dão mais
trabalho em termos de recursos do banco e tempo dos funcionários. Os 20 por cento dos
clientes que você nunca vê são aqueles que dão lucro. Você nunca os encontrou, eles não vão
ao banco e conduzem seus negócios através de saldos muito grandes em poucas contas. Dão
lucro porque efetuam poucas transações e deixam altos saldos em suas contas para o banco
utilizar como capital. Esses são os clientes que deveriam ser o alvo dos esforços de marketing
mais fortes, especialmente se você puder atingi-los quando algum evento importante está
acontecendo, tal como o nascimento de um filho, pagamento dos estudos universitários,
casamentos etc.
Promoções
Com uma plena compreensão de seus clientes, você poderá melhorar suas campanhas
de marketing dirigido e desenvolver promoções sob medida para as necessidades dos clientes.
Através do eCRM você poderá compatibilizar os serviços específicos oferecidos com as
preferências e necessidades dos clientes.
Mix de produtos
Analisando de perto os dados demográficos das diferentes áreas de mercado, os bancos
de rede com múltiplas agências verificarão que as necessidades variam bastante de um bairro
para outro. Conhecer bem essas diferenças pode ser a melhor maneira de obter uma forte
vantagem competitiva no caso de um banco de pequeno ou médio porte, permitindo o
desenvolvimento de um mix de produtos e de campanhas promocionais de acordo com os
clientes específicos a serem atingidos. Por exemplo, se várias reformas residenciais estiverem
em andamento em determinado bairro, você pode oferecer financiamentos apropriados aos
clientes que moram lá.
Gerenciamento de funcionários
O uso do eCRM ajuda todos os representantes de marketing de um banco a
desenvolver relacionamentos bancários pessoais com seus clientes. Para cada conta corrente
aberta os funcionários podem utilizar eCRM para tratar a conta como oportunidade de venda
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cruzada, oferecendo ao cliente outros serviços de que talvez precise. Além disso, a gerência
do banco pode utilizar eCRM para analisar o desempenho da equipe de vendas e identificar os
produtos que cada componente da equipe está vendendo melhor. Essa avaliação direta das
atividades de marketing a clientes ajuda o banco a focalizar, medir e gerenciar seus
funcionários — e isso também acaba melhorando os relacionamentos com clientes.
Ao incorporar aos esforços de marketing um conhecimento mais abrangente dos
clientes e de seus perfis demográficos através de um bom programa de eCRM, o banco terá as
ferramentas disponíveis para fornecer serviços personalizados, melhorar a lucratividade de
cada cliente e incrementar o retorno sobre investimento em clientes de modo geral.
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Integrar dados do cliente para melhorar o atendimento
por Mark Esiri, CEO da Cyber Dialogue
extraído do site www.1to1.com.br em 10/02/03
Em uma época em que os consumidores estão começando a perceber a personalização
de produtos e atendimento como algo normal, tanto as empresas on line quanto as off line
precisam implementar uma filosofia de negócios que coloque o cliente em primeiro lugar.
Assim as empresas vêm sendo obrigadas a procurar soluções de CRM (Customer Relationship
Management) que ajudem a extrair as informações críticas de marketing que estão contidas
em múltiplas fontes de dados sobre os clientes.
Embora muitas empresas tenham consciência da necessidade de buscar uma vantagem
competitiva através do marketing baseado em relacionamentos, enfrentam sérias dificuldades
no esforço de alcançar o sucesso na área de CRM por não integrarem suas operações de
vendas, marketing e atendimento a clientes, além das várias fontes de dados sobre clientes.
Um dos problemas é que as empresas tradicionais relutam em comprometer-se com
investimentos pesados e por isso deixam de se valer do imenso potencial da Internet como
ferramenta para estabelecer relacionamentos one-to-one. Tendo construído suas marcas e
obtido lucro em vendas a varejo, por catálogo, via mala direta e telemarketing, essas empresas
encaram a Internet como apenas mais um canal de vendas e comunicação. Mas em vez disso,
deveriam estar utilizando sua presença on line para coletar junto aos consumidores
informações valiosas de natureza demográfica, psicográfica, atitudinal e comportamental, em
troca de conteúdo personalizado e atendimento superior. Essas informações podem então ser
utilizadas para satisfazer as necessidades dos clientes, aumentar a fidelidade a longo prazo e
elevar o retorno sobre o investimento em marketing.
Há ótimas oportunidades para as empresas que queiram integrar as fontes de dados
sobre os clientes. Vejamos o exemplo do cliente fiel de um banco de grande porte. Digamos
que esse cliente tenha uma conta corrente na mesma agência há 30 anos, tenha renda anual de
seis dígitos, tenha financiado a compra de sua residência junto ao banco em questão e tenha
um histórico impecável de pagamento de suas dívidas. Certo dia, esse cliente visita o Web site
do banco, mas deixa de responder todas as perguntas apresentadas no formulário obrigatório
de cadastramento e vai embora sem concluir qualquer transação. Se não houver integração de
dados, essa pessoa não será valorizada pelo departamento de marketing on line do banco. Mas
se o banco de dados operacional estivesse ligado a um data warehouse central, algumas
poucas informações identificadoras bastariam para revelar o valor do cliente para a empresa.
Se o banco preparar as informações para que sejam utilizadas por todas as áreas da
organização, conseguirá interagir com um cliente de alto valor de uma maneira
economicamente viável e recompensadora. Mas se deixar de integrar os dados on line e off
line, o banco correrá o risco de enfraquecer o relacionamento.
O potencial para otimização do valor desse cliente estende-se além de sua primeira
visita. Mesmo que seja identificado corretamente, se torne usuário experiente da Web e abra e
mantenha uma conta corrente on line, nosso cliente sem dúvida continuará a interagir com os
vários outros pontos de contato do banco. A melhor maneira para o banco manter um bom
relacionamento com esse cliente é continuar a escutá-lo através de todos os pontos de contato.
Isso significa implementar a tecnologia necessária para coleta dos dados necessários, seja a
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partir de arquivos de log, transações on line, vendas diretas ou call centers, para que os dados
possam ser continuamente atualizados, analisados, pontuados e armazenados em um data
warehouse central.
Uma empresa que disponha de tal riqueza de informações, extraídas de fontes on line e
off line, aumentará significativamente sua capacidade de efetuar vendas cruzadas de produtos
e serviços e de reter os clientes de maior valor. Dados os custos extremamente altos
associados com a aquisição de clientes novos, as empresas precisam identificar os clientes
existentes de maior valor através da coleta de dados junto a todos os pontos de contato.
Assim, poderão utilizar técnicas de data mining e modelagem preditiva para explorar todas as
oportunidades de marketing. E poderão ainda criar uma visão mais global de cada cliente,
aumentando dessa forma o retorno sobre o investimento feito nesses sistemas.
Qualquer empresa que consiga integrar seus dados da maneira exposta neste artigo terá
dado o primeiro passo no processo de fortalecer os relacionamentos com seus clientes e estará
melhor posicionado para lucrar com a nova economia centrada no cliente.
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As soluções de data warehousing da NCR
por Dra. Martha Rogers
extraído do site www.1to1.com.br em 10/02/03
A NCR, um dos principais fornecedores de tecnologia de hardware e terminais de
caixa automático, registrou recentemente alguns sucessos marcantes nos ramos de varejo,
telecomunicações e linhas aéreas, com base em sua poderosa tecnologia Teradata. A
plataforma Teradata proporciona a uma companhia a capacidade de manusear enormes
volumes de dados, e de administrar consultas cada vez mais complexas a estes dados. A
expansão do seu negócio de data warehousing faz sentido para a NCR, porque permite à
companhia participar intensamente do crescimento do comércio eletrônico, o qual muitas
vezes envolve um ambiente complexo e com muitos dados.
Os produtos "carro-chefe" da NCR (http://www.ncr.com) foram projetados para
analisar bancos de dados que freqüentemente chegam a muitos terabytes. Este conjunto de
aplicativos, denominado Customer Relationship Management Solutions (Soluções de
Gerenciamento das Relações com Clientes) permite que a companhia analise informações
sobre clientes individuais, associe determinados clientes ou grupos de clientes a interações
específicas, e gerencie o fluxo permanente de comunicação com cada cliente de modo a
estabelecer um diálogo.
Um dos produtos deste grupo, o Behavior Explorer (Explorador do Comportamento)
mapeia o comportamento do cliente e divide-o em três níveis, ou "perspectivas". A
Perspectiva de Produto identifica quais clientes adquirem quais produtos; a Perspectiva do
Futuro prognostica a tendência de um cliente para comprar um determinado produto, com
base no seu comportamento anterior; e a Perspectiva de Transação analisa o comportamento
de um cliente em relação a canais. Por exemplo, a Perspectiva de Transação poderia ajudar
um banco a determinar quais clientes que estão tirando o máximo benefício de quais terminais
bancários.
Um outro produto da série da NCR, o Relationship Optimizer (Otimizador de
Relacionamentos), ajuda as companhias a determinarem os eventos que são significativos
para o comportamento do cliente e merecem uma ação imediata ou, pelo menos, devem ser
assinalados para referência futura. A companhia poderá então filtrar todos os eventos
significativos e identificar oportunidades -- eventos importantes que exigem um follow-up nas
próximas 24 ou 48 horas. Utilizando este produto, uma companhia pode gerar uma lista de
indicações priorizadas que deveriam provocar uma ação mais ou menos imediata. E para
ajudar a administrar estas indicações, o Vector Manager (Gerenciador de Vetores) do
Relationship Optimizer pode encaminhar cada uma delas ao canal apropriado e determinar as
providências a serem tomadas, usando regras de negócios pré-definidas. Por exemplo, se você
pedir um financiamento da casa própria, mas indicar que também está interessado em adquirir
um automóvel, o Vector Manager poderia encaminhar esta informação à central de
despachos, fazendo com que já no dia seguinte lhe seja enviado um folheto sobre
financiamento de automóveis.
O National Australia Bank (NAB), que ajudou a NCR a desenvolver o Relationship
Optimizer, também utiliza o programa. Segundo Rem Merry, diretor de marketing da NCR, o
Relationship Optimizer eleva o NAB ao nível seguinte de gerenciamento de clientes,
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permitindo encontrar soluções financeiras "sob medida" para as necessidades de casa cliente.
Entretanto, ainda é cedo para dizer qual tem sido o seu impacto sobre os negócios do banco.
REFERÊNCIAS
PEPPERS and ROGERS GROUP. CRM series – marketing 1 to 1. 2. ed. São Paulo: Makron
Books, 2001. Disponível em: <http//www.1tol.com.br>. Acesso em: 10 fev. 2003.
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