The Mechanics of Interest Rate Swaps Amazingly Presented By: Greg Mendonca.
Rosangela a Mendonca
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UNIVERSIDADE VEIGA DE ALMEIDA
Rosangela Alves de Mendona
AVALIAO DO PROGRAMA DE EXERCCIOS FUNCIONAIS VOCAIS DE STEMPLE E GERDEMAN (1993)
EM PROFESSORES
RIO DE JANEIRO
2007
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Rosangela Alves de Mendona
AVALIAO DO PROGRAMA DE EXERCCIOS
FUNCIONAIS VOCAIS DE STEMPLE E GERDEMAN (1993) EM PROFESSORES
Dissertao apresentada ao Programa de Ps-Graduao em Fonoaudiologia da Universidade Veiga de Almeida, como requisito parcial para obteno do Grau de Mestre. rea de concentrao: Voz.
Orientadora: Profa. Dra. Tania Maria Marinho Sampaio Co Orientador: Prof. Dr. Domingos Svio Ferreira de Oliveira
Rio de Janeiro 2007
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ROSANGELA ALVES DE MENDONA
AVALIAO DO PROGRAMA DE EXERCCIOS FUNCIONAIS VOCAIS DE STEMPLE E GERDEMAN (1993)
EM PROFESSORES
Dissertao apresentada Universidade Veiga de Almeida, Rio de Janeiro, como parte dos requisitos para obteno do ttulo de Mestre em Fonoaudiologia. rea de concentrao: Voz.
Aprovada em 30 de novembro de 2007
BANCA EXAMINADORA
Professora Tania Maria Marinho Sampaio Doutora em Filosofia Universidade Veiga de Almeida - UVA
Professor Domingos Svio Ferreira de Oliveira Doutor em Letras Universidade Veiga de Almeida UVA
Professora Mnica de Medeiros Britto Pereira Doutora em Lingstica Universidade Veiga de Almeida UVA
Professor Sylvio Brock Doutor em Cincias dos Polmeros UNIBENNET
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UNIVERSIDADE VEIGA DE ALMEIDA SISTEMA DE BIBLIOTECAS Rua Ibituruna, 108 Maracan 20271-020 Rio de Janeiro RJ Tel.: (21) 2574-8845 Fax.: (21) 2574-8891
FICHA CATALOGRFICA
FICHA CATALOGRFICA
Ficha Catalogrfica elaborada pela Biblioteca Setorial Tijucal/UVA
M539a Mendona, Rosangela Alves de Avaliao do programa de exerccios funcionais vocais de Stemple e Gerdeman em professores / Rosangela Alves de Mendona, 2008.
131p. ; 30 cm. Dissertao (Mestrado) Universidade Veiga de
Almeida, Mestrado em Fonoaudiologia, Rio de Janeiro, 2008.
Orientao: Tania Maria Marinho Sampaio Co-orientao: Domingos Svio de Oliveira
1. Voz Educao - Exerccios. 2. Stemple, Joseph C. 3.Gerdemarn, B. K. I. Sampaio, I.Tnia Maria Marinho Sampaio (orientador) II. Oliveira, Domingos Svio de III. Universidade Veiga de Almeida, Mestrado em Fonoaudiologia. IV. Ttulo.
CDD 616.85506
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A minha filha, Alice, que, com sua
alegria e gracinhas, descontraa os momentos de
estudo.
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AGRADECIMENTOS
A Deus, que nos momentos difceis me deu foras para continuar.
Aos meus pais, que me apoiaram em todos os sentidos para atingir a minha
meta.
A minha orientadora Tnia Marinho, minha gratido por tudo que construmos.
Ao co-orientador Domingos Svio, meu agradecimento.
A minha querida Ligia Marcos, agradeo pelas orientaes nos momentos
decisivos do desenvolvimento da pesquisa.
Ao Dr. Franz Luiz Almeida, agradeo a disponibilidade em realizar as Vdeo
Endoscopias Larngeas, ateno dispensada as professoras e por acreditar
neste trabalho.
A Tereza Cristina, uma companheira de estudos que se tornou uma amiga,
muito obrigada.
A Jnia, obrigada pelos artigos e o carinho de mineirinha de BH.
A Lcia, agradeo as contribuies nos estudos.
As amigas Maria Cristina e Liliane, do Programa de Sade Vocal/FME
Niteri/RJ, meu sincero agradecimento.
A Marise Junc, diretora da Gesto de Pessoas do Municpio de Niteri,
agradeo pela oportunidade concedida em desenvolver a pesquisa no
Departamento.
A todas as colegas da Unidade de Sade Escolar CETEP/Barreto, da
FAETEC, Maria Lcia, Rosa, Marlia, Jeusa, Solange e Marcela muito obrigada.
s professoras que participaram do processo de avaliao do Programa de
Exerccios Funcionais Vocais, meu especial agradecimento.
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RESUMO
A presente pesquisa tem como objetivo avaliar o efeito do Programa de Exerccios Funcionais Vocais (Stemple e Gerdeman, 1993) em professoras, com alterao vocal, que atuam no Ensino Fundamental do Municpio de Niteri-RJ. O perodo analisado compreende de maio de 2006 a janeiro de 2007. O universo de participantes compe-se de 17 professoras, que aceitaram participar espontaneamente, de um grupo de 222 convidadas. Aplicou-se o programa de exerccios: vogal /i/ sustentada, glissando ascendente e descendente da palavra /nol/, e escala de tons musicais D, R, Mi, F, Sol, com emisso do som /ol/, pelo tempo mximo de fonao. O programa de exerccios foi avaliado atravs dos dados coletados: exame de vdeo - endoscopia larngea; qualidade vocal (escala RASAT) e variabilidade da freqncia fundamental ambos atravs da fala espontnea; anlise acstica (intensidade diagrama de desvio fonatrio e espectrograma) pelo Programa de software Vox Metria, pr e ps-aplicao do programa, utilizando-se a vogal sustentada []. Um questionrio de auto-avaliao ps-tratamento somado aos depoimentos finais das professoras, endossou a significncia do programa, na anlise estatstica. Os resultados revelaram que as docentes aumentaram o tempo de fonao, a intensidade, maior quantidade de harmnicos e extenso da voz, melhorando a qualidade, resistncia e projeo vocal, possibilitando maior habilidade das participantes no desempenho profissional, benefcios que se estendem ao social. Palavras-chave: Voz; Acstica da Fala; Qualidade da Voz; Treinamento Vocal
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ABSTRACT
The present research aims at assessing the effects of a Vocal Functional Exercise Program (Stemple and Gerdeman, 1993) applied to teachers who presented Voice alterations and who teach at the Elementary School Education level in the municipality of Niteroi/Brazil. The study took place from May 2006 until January 2007. The set of subjects consists of 17 female teachers who spontaneously agreed to participate from the initial group of 222 invited teachers. This is the exercise program that was applied: sustained vowel /i/, ascending and descending gliding on the word /nol/, and musical scale tones Do Re Mi Fa Sol issuing the /ol/ for a maximum time of phonation. The exercise program was evaluated by means of the following tools: the video examination laryngeal endoscopy; the vocal quality (RASAT scale) and fundamental frequency variability both by means of spontaneous speech; acoustics analysis (intensity phonation deviation diagram and spectrogram) from the Vox Metria Program, pre and post program application making use of the sustained // vowel. A questionnaire of self post evaluation was added to the final reports made by the teachers and which endorsed the program significance for the statistical analysis. The results reveal that the teachers presented an increase in the phonation duration, in its intensity, in the greater amount of harmonics and voice extension, therefore, improving their vocal quality, resistance and project, thus, enhancing their professional performance, benefits which were then extended to the social ground level.
Key-words: Voice; Speech Acoustics; Voice Quality; Voice Training.
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LISTA DE ABREVIATURAS
ADP Adenosina difosfato ATP Composto de Adenosina Trifosfato CAL Msculo Cricoaritenideo Lateral CAP Msculo Cricoaritenideo Posterior CL Fibras de Contrao Lenta CR Fibras de Contrao Rpida CT Msculo Cricotireideo EFV - Exerccios Funcionais Vocais GRBAS Grau global da rouquido, Rugosidade, Soprosidade, Astenia, Tenso I Intensidade IA Msculo Interaritenideo PEFV Programa de Exerccios Funcionais Vocais Pi Fosfato Inorgnico RASAT Rouquido, Aspereza, Soprosidade, Astenia e Tenso SJLF Sociedade Japonesa de Logopedia e Foniatria TA Msculo Tireoaritenideo TMF Tempo Mximo de Fonao
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LISTA DE TABELAS
Tabela 1 Video Endoscopia Larngea, p. 64
Tabela 2 Avaliao Perceptivo-Auditiva, p. 65
Tabela 3 Qualidade Vocal, p. 66
Tabela 4 Tempo Mximo de Fonao, p. 67
Tabela 5 Intensidade, p. 68
Tabela 6 Variabilidade da Freqncia Fundamental, p. 72
Tabela 7 Avaliao do Efeito do Programa de Exerccios Funcionais Vocais, p. 75
Tabela 8 Descrio das Participantes, p. 104
Tabela 9 Queixas Vocais, p. 105
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LISTA DE GRFICOS
Grfico 1 Seus sintomas vocais reduziram-se com o tratamento, p. 74
Grfico 2 Sua voz ficou mais clara com o tratamento, p. 74
Grfico 3 O tratamento deixou voc falar ou cantar mais fcil, p. 74
Grfico 4 Quanto voc se dedicou ao tratamento, p. 75
Grfico 5 Participantes anos de atividades no magistrio, p. 105
Grfico 6 Participantes anos de idade, p. 105
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SUMRIO
LISTA DE TABELAS LISTA DE GRFICOS LISTA DE ABREVIATURAS RESUMO ABSTRACT 1. INTRODUO, p. 13 2. REVISO DE LITERATURA, p.17 2.1 FISIOLOGIA DA VOZ, p. 17 2.2 O PROFESSOR E SUA VOZ, p. 25 2.3 AVALIAO FUNCIONAL DA VOZ, p. 30 2.3.1 Avaliao Perceptivo-Auditiva, p.30 2.3.2 Medida de Tempo Mximo de Fonao, p.32 2.3.3 Exame de Vdeo Endoscopia larngea, p. 34 2.3.4 Anlise Acstica Computadorizada, p. 35 2.3.5 Auto-Avaliao Perceptiva do Professor, p.40 2.3.6 Terapias Vocais, p. 41 2.4 PROGRAMA EXERCCIOS FUNCIONAIS VOCAIS, p.44 3. METODOLOGIA, p. 53 3.1 PARTICIPANTES, p. 53 3.2 MATERIAL, p. 54 3.2.1 Exame de Vdeo Endoscopia Larngea, p. 54 3.2.2 Avaliao Fonoaudiolgica Perceptivo-Auditiva da Voz, p. 55 3.2.3 Medida do Tempo Mximo de Fonao, p. 56 3.2.4 Anlise Acstica Computadorizada, p. 56 3.2.5 Programa de Exerccios para a Funo Vocal, p. 57 3.2.6 Auto-Avaliao Perceptiva do Professor, p. 58 3.3 PROCEDIMENTOS, p. 59 3.4 ANLISE ESTATSTICA, p.62 4. RESULTADOS, p. 63 4.1 EXAME DE VIDEO ENDOSCOPIA LARNGEA, p. 63 4.2 AVALIAO DA QUALIDADE VOCAL ESCALA RASAT, p. 65 4.3 AVALIAO DO TEMPO MXIMO DE FONAO, p. 67 4.4 ANLISE ACSTICA COMPUTADORIZADA, p. 68 4.4.1 Parmetro Intensidade, p. 68 4.4.2 Diagrama de Desvio Fonatrio, p. 69 4.4.3 Variabilidade da Freqncia Fundamental, p. 71 4.4.4 Espectrografia Vocal, p. 73 4.5 AUTO-AVALIAO PS-TRATAMENTO, p. 73 4.6 AVALIAO DO EFEITO DO PROGRAMA DE EXERCCIOS, p.75
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5. DISCUSSO, p. 77 6. CONCLUSO, p. 88 7. REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS, p. 90 8. APNDICES 9. ANEXOS
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1. INTRODUO
O campo da comunicao oral est no universo dos comportamentos de
comunicao, e nele no apenas se inclui o comportamento verbal, mas tambm os
no-verbais, como a mmica, olhares, sorrisos, gestos, variaes de posturas e
tnus e, principalmente, sons, dentre os quais o mais importante produzido com a
respirao sonorizada: a voz (BRANDI, 1996). No contexto deste estudo, a voz abordada a profissional, caracterstica dos
usurios com grande demanda vocal, conforme Sataloff et al. (1994): so aqueles que dependem das habilidades vocais no exerccio regular da profisso. Behlau
(2005) enfatizam que o indivduo que depende de certa produo e/ou qualidade vocal especfica para a sua sobrevivncia profissional.
O professor, transmite seus conhecimentos pela voz falada e exerce
influncia sobre a formao social, cultural e educacional dos indivduos, o objeto de estudo deste trabalho. Pesquisas apontam que esses profissionais da
comunicao negligenciam os cuidados com a voz, por no reconhec-la como seu
instrumento principal de trabalho e que na maioria das vezes, no receberam
preparo especfico ou orientao vocal (SOUZA, 1998), nem mesmo receberam suporte de preparao vocal no seu curso de formao. Assim, podem vir a
apresentar alteraes vocais que os limitem em seu desempenho profissional. E, de
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fato, a maior incidncia de disfonias em profissionais da voz falada est na
categoria dos professores (BEHLAU, 2005). Os docentes podem apresentar alteraes vocais devido a uma srie de
fatores, e, s orient-los, no o suficiente. importante observar as condies
desfavorveis de trabalho, tais como os rudos de fundo do ambiente da sala de
aula e de todos os espaos em que o professor circula pela escola, a quantidade de
horas/aula e, entre outros, o uso excessivo da voz, podendo desencadear
problemas vocais em decorrncia das condutas inadequadas ao falar.
Os desvios nas condutas vocais envolvem desequilbrio nos sistemas da
produo de voz (respirao, fonao e ressonncia), alterando a qualidade vocal para rouca, spera, soprosa, astnica, tensa, sujeita perda de projeo. Esses desvios podem causar, tambm, alteraes orgnicas secundrias, como ndulos e
plipos (FERREIRA e COSTA, 1993). Os professores so os profissionais com os mais altos ndices de queixas
vocais, em comparao com os outros profissionais do universo das comunicaes.
Eles apresentam desajustes motores em relao produo vocal e, conseqentemente, qualidade de voz alterada (ROY et al., 2003).
A proposta deste trabalho de pesquisa avaliar o efeito do Programa de
Exerccios Funcionais Vocais de Stemple e Gerdeman (1993), aplicado a professores com queixa sobre seu desempenho vocal, da rede municipal de ensino
da Cidade de Niteri - RJ. Desta forma, a meta principal, e justamente o que torna a pesquisa relevante, possibilitar aos professores, com ou sem alterao vocal, no
exerccio de sua funo de ensinar, obter qualidade vocal adequada para o
processo de comunicao oral. Alm disso, objetiva-se prevenir condutas vocais
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inadequadas, como o mau uso e/ou abuso da voz, desencadeadas por hiper ou
hipofuncionamento vocal, ou ainda desequilbrios musculares.
Os estudos cientficos sobre a reabilitao vocal surgiram na dcada de 30,
mas apenas recentemente intensificaram-se possibilitando, assim, maior
conhecimento cientfico sobre as abordagens de terapia vocal (BEHLAU, 2001). Os fonoaudilogos Stemple e Gerdeman (1993) propuseram um programa de
tratamento de voz, que visa ao fortalecimento e ao reequilbrio dos sistemas de
fonao, da respirao e da ressonncia, na produo da voz, atravs da aplicao
do programa de exerccios funcionais vocais (EFV), uma vez que favorecem a resistncia e projeo vocal com adequados ajustes motores. Esses exerccios
objetivam a melhor conduta de voz para o professor, reabilitando a voz, afastando-o de efeitos vocais negativos e aumentando o tempo de uso da voz Stemple, Glaze e
Gerdeman (2000), sem a necessidade de afast-lo da sala de aula. O programa de exerccios da funo vocal teve sua eficincia comprovada
por Stemple, Lee, DAmico e Pickup (1994), por meio da melhora dos parmetros vocais: tempo mximo de fonao, extenso vocal e fluxo areo.
Considerando-se que esses exerccios fazem parte de pesquisas cientficas e
que pertencem a um processo vocal complexo, so apresentados, inicialmente, no
captulo 2, princpios de fisiologia larngea; revisando na literatura o comportamento
do professor com relao a sua voz; a avaliao da voz, analisando a percepo-
auditiva, medida do tempo mximo de fonao, exame de videoendoscopia
larngea, anlise acstica computadorizada, envolvendo tambm o professor na
auto-percepo dos resultados do programa de exerccios funcionais vocais,
aplicados e descritos com a fisiologia dos exerccios.
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No captulo 3, apresenta-se a metodologia da aplicao do programa de
exerccios funcionais vocais, com o perfil dos participantes, o material utilizado e o
procedimento de aplicao do programa de exerccios.
Os resultados so apresentados em tabelas no captulo 4, e sua discusso
descrita no captulo 5. O captulo 6 conclui o resultado do estudo da avaliao do
efeito do programa de exerccios funcionais vocais.
Assim, pretende-se beneficiar o professor, com terapias vocais, como o
programa de exerccios funcionais vocais, abordando-se as questes acima
descritas e as condutas comportamentais que possibilitaro um melhor
aproveitamento da voz.
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2. REVISO DE LITERATURA
2.1 FISIOLOGIA DA VOZ
A anatomia funcional e a fisiologia da voz relacionam-se de forma
interdependente e interagem na produo vocal atravs dos sistemas de fonao,
de respirao e de ressonncia, a fim de manter o padro vocal bsico equilibrado e
tratar a alterao vocal com eficcia, levando ao usurio da voz profissional a
compreenso do processo de emisso da voz.
De acordo com Pratter e Swift (1986), o processo vocal depende dos trs sistemas de fonao, respirao e ressonncia -, mas o que produz o som que
chamamos de voz o sistema fonatrio, constitudo por uma estrutura
cartilaginosa, a laringe, que se move pela ao dos grupos musculares extrnsecos
e intrnsecos, diferentes em funcionamento e anatomia, e conecta-se inferiormente
com o sistema respiratrio (a traquia e o pulmo) e superiormente com o trato
vocal (faringe, cavidade oral e narinas) que chamamos de cavidades de ressonncia.
Vocal Function Exercises first described by Barnes (Barnes J. Voice Therapy paper presented at: the meeting of the Southwestern Ohio Speech and Hearing association;1977; Cincinnati, Ohio) and modified by Stemple ( Stemple J. Clinical Voice Pathology teoria e prtica. Columbus, Ohio: Charles & Merril, 1984, 1.edio) strive to balance the subsystems of voice production. (STEMPLE, GLAZE e GERDEMAN, 2000:336; grifo da autora).
A laringe consiste de um complexo arranjo de msculos, membrana mucosa e tecidos conectivos que desempenham as funes de respirao, fonao e
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proteo das vias areas. Esses trs so resultados reflexos do que ocorre no
tronco cerebral. No adulto, a laringe mede em torno de 5 cm de comprimento, no
sexo masculino, sendo um pouco menor no feminino. Localiza-se entre os corpos
vertebrais C3 a C6. Apresenta cartilagens pares, como as aritenides, as
corniculadas (de Santorini), as cuneiformes (de Wrisberg), e as mpares: a tireide, a cricide, a epiglote.
Existem msculos extrnsecos com um ponto de insero na laringe e outro
nas estruturas externas. Eles funcionam para fixar, elevar e abaixar a posio dela
no corpo. Sua movimentao no deve ser prejudicada, uma vez que pode interferir
nas modificaes ressonantais importantes produo vocal.
Os msculos intrnsecos com pontos de insero dentro da laringe so
ligados s cartilagens e funcionam diretamente na produo do som, para fechar e
armazenar o ar debaixo do seu nvel infragltico e proteger as vias respiratrias
inferiores de substncias estranhas. Um desses msculos, o tireoaritenideo, ou
msculo vocal, forma o corpo das pregas vocais.
Definimos a prega vocal como a estrutura par, em forma de tringulo, situada
na regio posterior da cartilagem tireidea, e o processo vocal da cartilagem
aritenidea. constituda por mucosa, formada por epitlio e lmina prpria, e pela
parte medial do msculo tireoaritenideo.
A prega vocal composta por cinco camadas: epitlio de revestimento;
lmina prpria, com camada superficial, intermediria e profunda; e msculo vocal.
O epitlio de revestimento formado por quatro tipos de clulas epiteliais e
por clulas neuroendcrinas. A lmina prpria composta por tecido extracelular:
fibras elsticas, colgenas, sustncia amorfa ( formada por gua, glicoprotenas,
glicosaminoglicanas, como o cido hialurnico, e proteoglicanos) e vasos
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sangneos; dividida em camadas. A camada superficial, ou espao de Reinke,
apresenta poucas fibras elsticas e colgenas, sendo um tecido conjuntivo frouxo e flexvel que favorece a reteno de gua e controla a viscosidade; a intermediria,
composta por fibras elsticas, fornece elasticidade prega vocal; a profunda
compe-se de fibras colgenas que fornecem resistncia e esto inseridas no
msculo vocal (MELO, 2004). As cinco camadas so reclassificadas, do ponto de vista mecnico, em trs
regies: cobertura, consistindo no epitlio e na camada superficial da lmina
prpria; regio de transio, correspondendo s camadas intermedirias e profunda
da lmina prpria, e corpo, representado pelo msculo vocal.
O espao interpregas vocais chama-se glote, acima delas, supraglote e
abaixo, infraglote (ou subglote) (SATALOFF, GOULD e SPIEGEL, 2002). Na fonao, a vibrao das pregas vocais depende da teoria da produo
vocal mais aceita atualmente, que a mioelstica-aerodinmica, teoria de Van den
Berg, que inter-relaciona foras de duas naturezas, a da elasticidade dos msculos
larngeos (mioelsticas) e as foras fsicas aerodinmicas da respirao. A vibrao das pregas vocais est estreitamente relacionada descrio do fenmeno de
Bernolli. Esse fenmeno diz respeito ao fato de que, medida que ocorre um
aumento da velocidade de um fluido passando pelas paredes internas de um tubo
flexvel, ocorre uma reduo da presso ao longo das paredes desse tubo, o que
aproxima essas paredes entre si, no caso, as pregas vocais e, como conseqncia,
ocorre a sua vibrao.
Portanto, a produo sonora requer uma fonte (ar expirado) e um elemento
vibratrio, as pregas vocais. Elas formam os elementos vibratrios desse ar
expirado, fonte sonora, com fases de fechamento e abertura. E a converso desse
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som pode ocorrer, quase em todos os locais, ao longo do trato vocal (TOMITA e HORTA, 2001). Esse trato localiza-se acima das pregas vocais, indo aos lbios e narinas, e funciona como propagador de diversas freqncias contidas no som dado
pela fonte sonora (FUKS e SUNDBERG 1999). Som este, cuja freqncia fundamental, no seu estado mais puro, precisa ser enriquecido com os harmnicos,
para que possa ganhar uma qualidade vocal e uma intensidade auditiva aceitvel
para os nossos ouvidos. O trabalho dos ressonadores ( trato vocal) naturais do nosso corpo: trax, faringe, boca, nariz.
[...] aps gerar o som, o ar sonorizado se torna gerador de impulso de emisso com duas funes supraglticas:
1. gerar os sinais do cdigo lingsticos...; 2. transmitir a mensagem...
[...] nesse impulso de comunicao, o corpo emissor, mesmo sem o saber, no pode deixar de mobilizar a respirao, porque sem ela no emitiria fonemas. Mas, o mais importante que no haveria voz transformando-se em vogais sonoras nem mesmo o fenmeno das consoantes sonoras, se no ocorresse, ao nvel da fonte gltica, o fenmeno de sonorizao dessa respirao, graas existncia, ali, do maravilhoso sistema fonatrio (BRANDI, 1996: 173 e 174).
Quanto s condies neurolgicas, a fonao origina-se no crtex cerebral,
que ativa os ncleos motores do tronco enceflico e medula, transmitindo os
impulsos nervosos para a musculatura da laringe, articuladores, trax e abdmen
(COLTON e CASPER, 1996; PINHO, 2003). fundamental a integridade e funcionalidade dessas estruturas e sistemas, para que a fonao se efetive, ou seja, ela requer um controle neurofisiolgico complexo.
A capacidade fonatria dada pelo funcionamento dos msculos
intrnsecos de suma importncia, pois o trabalho atravs dos exerccios funcionais
vocais pretende ativar, principalmente, essa musculatura, que capaz de fazer
movimentos ligeiros e discretos e funcionar sinergicamente na execuo de vrias
funes larngeas (PRATER e SWIFT, 1986). Os msculos intrnsecos alteram a posio, a forma e a tenso das pregas vocais, mantendo-as juntas (aduo),
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separadas (abduo) ou apertando-as por meio de tenso longitudinal crescente (SATALOFF, GOULD e SPEIGEL, 2002). Os dois ajustes bsicos internos da laringe so a fora com que as pregas vocais so unidas na linha mdia (compresso medial) e a extenso da fora de estiramento (tenso longitudinal). Esses dois ajustes bsicos mais a passagem de ar vindo do pulmo so responsveis pela versatilidade da voz humana (ZEMLIM,
2000). O mesmo autor afirma que raras so as vezes em que um msculo isolado
atua de modo a executar movimento. Eles trabalham em pares e grupos, de forma
que a contrao de qualquer msculo acompanhada pela contrao dos msculos
parceiros.
As funes dos cinco principais msculos larngeos intrnsecos no ajuste da
prega vocal esto detalhadas a seguir, conforme diversos autores:
O Msculo Cricotireideo (CT), segundo Colton e Casper (1996), faz rotao da cartilagem cricidea para cima e da cartilagem tireidea para baixo,
aumentando a distncia entre a cartilagem tireidea e os processos vocais das
aritenideas, situados sobre a superfcie posterior da cartilagem cricidea. As
pregas vocais, que so fixadas anteriormente sobre a superfcie interna da
cartilagem cricidea e posteriormente sobre os processos vocais das aritenideas,
so alongadas por uma ou outra dessas aes, diminuindo sua rea transversal e
impondo a elas maior tenso longitudinal.
De acordo com Sataloff, Gould e Speigel (2002), o CT liga a borda do tero anterior da prega vocal ao ligamento cricoaritenideo posterior; logo, o CT
aduz posicionando a prega vocal em paramediana e, tambm, abduz na mesma
posio. O nvel da prega vocal na laringe abaixado e, conseqentemente, a
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prega vocal alonga-se e afina-se em toda a sua extenso, produzindo tenso
longitudinal, fato importante para o controle do volume e da qualidade vocal.
Pinho (2003) diz que o cricotireideo o principal tensor da prega vocal e, sendo ativado, a sua funo aproximar as cartilagens que lhe do nome, num
movimento de bscula, em que a prega vocal alongada, diminuindo a massa em
vibrao, aumentando a tenso e elevando a freqncia fundamental.
O msculo cricotireideo o tensor das pregas vocais, e sua contrao
alonga e diminui a massa das pregas vocais, elevando o pitch vocal. A contrao do
cricotireideo promove o encurtamento do msculo tireoaritenideo, pois eles
trabalham simultaneamente, favorecendo, assim, o aumento da freqncia
fundamental.
O Msculo Tireoaritenideo (TA) aduz a prega vocal, especialmente em sua poro membranosa, tero posterior. Esse msculo abaixa a ponta da
cartilagem aritenide ou a extremidade posterior da prega vocal, encurtando-a e
tornando-a espessa. Quando o msculo se contrai, o corpo da prega vocal enrijece,
enquanto a cobertura e a transio afrouxam (SATALOFF, GOULD e SPIEGEL
2002). Como lembram Behlau, Azevedo e Madazio (2001), o tireoaritenideo
um msculo par, com origem na cartilagem tireidea e insero no processo vocal
da cartilagem aritenidea, com extenses em direo ao processo muscular. O TA
aduz, abaixa, encurta e espessa a prega vocal. Apresenta:
- O feixe interno do TA considerado msculo vocal por estar inserido no
processo vocal, e suas fibras de contrao serem rpidas, com participao ativa na
produo da fonao, j que o vocal vibra de modo sincronizado com a vibrao da
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mucosa. H um mecanismo de contrao que tensiona a prega vocal, independente
de seu comprimento encurtado;
- O feixe externo do TA tem insero no processo muscular, e suas fibras de
contrao rpida agem pouco sobre a ao da fonao e mais na aduo das
pregas vocais.
- O feixe superior apresenta algumas fibras do TA, que se dirigem s pregas
vestibulares, e estas podem estar envolvidas na fonao vestibular, quando h o
deslocamento das pregas vestibulares. A ao do TA encurtar e aduzir as pregas
vocais, diminuindo a distncia entre as cartilagens de origem e a insero, tornando
o feixe mais largo e reduzida a freqncia da voz.
O Msculo Cricoaritenideo Lateral (CAL) aduz e abaixa a ponta do processo vocal da cartilagem aritenide e dessa forma, toda a prega vocal. Quando
o CAL se contrai, a prega vocal alongada e afinada. A borda livre da prega vocal
se torna ntida e todas as camadas, rgidas. Sendo msculo par, o CAL auxilia na
coaptao gltica, necessria para a fonao, e sua contrao responsvel pelo
fechamento da glote anterior, ou seja, pelo processo vocal. Na aduo completa, h necessidade da ao do CAL e do msculo interaritenideo (SATALOFF, GOULD, SPEIGEL, 2002).
O Msculo Interaritenideo ( IA ) situa-se entre as duas cartilagens aritenideas, com a funo de aduzir a prega vocal, no tero cartilaginoso. No
afeta a mecnica de cada camada da prega vocal (SATALOFF, GOULD e SPEIGEL, 2002).
Segundo Behlau, Azevedo e Madazio (2001), o interaritenideo um msculo nico, podendo ser chamado de ari-aritenideo e aritenideo, e apresenta
dois feixes: o transverso, por percorrer horizontalmente de uma cartilagem
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aritenidea a outra, e o feixe oblquo, que se estende da base de uma cartilagem
aritenidea, no processo muscular, ao pice da outra cartilagem aritenidea,
bilateralmente; sua ao aproxima as pontas das cartilagens. O efeito global da
ao do msculo aritenideo aproxima e aduz as cartilagens aritenideas, fechando
a glote posterior, o processo muscular.
O Msculo Cricoaritenideo Posterior (CAP) abduz e eleva a ponta do processo vocal da cartilagem aritenide e a prega vocal. Alonga a prega vocal,
tornando-a afinada, quando se contrai. As camadas da prega vocal enrijecem. O CAP um msculo par e constitui-se nico msculo abdutor das pregas vocais,
permitindo a respirao e, por isso, denominado msculo da vida. Sua contrao
desloca o processo muscular, posteriormente, abduzindo as pregas vocais e
permitindo a inspirao. Sua ao na fonao se d na emisso de fonemas
surdos, uma vez que, durante a produo do som, seu disparo rpido ocasiona a
suspenso da vibrao da mucosa para a produo desses sons (SATALOFF, GOULD e SPEIGEL, 2002). Zemlim (2000) resume a ao dos msculos intrnsecos da laringe: a abduo das pregas vocais deve-se contrao dos msculos cricoaritenideos
posteriores, enquanto a aduo parcial ( compresso medial) devida ao dos
msculos cricoaritenideos laterais. Essa aduo complementada pela contrao
dos msculos interaritenideos. A tenso longitudinal das pregas vocais devida,
primariamente, ao do cricotireideo e a uma fora oposta, conseqentemente
da contrao da musculatura tireoaritenidea.
Os msculos larngeos contribuem para o controle da qualidade vocal e da
freqncia fundamental; a qualidade da voz regulada pelo cricotireideo e pelo
msculo vocal, e a freqncia fundamental regulada, basicamente, pelo
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cricotireideo e, parcialmente, pelo msculo vocal e o cricoaritenideo lateral
(SATALOFF et al., 2002). Andrews (1995), no captulo sobre princpios de interveno, cita Colton e Casper, (1990) e Stemple (1993), autores que utilizam a terapia vocal fisiolgica. Esta se baseia em estudos da anatomofisiologia, para modificar a funo da
musculatura larngea e o suporte respiratrio na produo da voz. Essa abordagem
envolve direta modificao da inapropriada atividade fisiolgica atravs de
exerccios, por exemplo, os de funo vocal que tm seu foco no fluxo areo e na
fora da musculatura larngea.
A terapia fisiolgica da voz uma abordagem para o tratamento das
alteraes vocais, que se preocupa em balancear os sistemas da produo vocal:
respirao, fonao e ressonncia (STEMPLE, GLAZE e GERDEMANN, 2000).
2.2 O PROFESSOR E SUA VOZ
A voz deve ser sempre pensada em relao sade geral do indivduo,
(PINHO, 2003). Dessa forma, todo o corpo participa da produo da voz, interferindo diretamente na qualidade vocal.
Como a voz um comportamento e obedece s regras de aprendizagem,
muitas vezes o professor realiza condutas inadequadas para a produo vocal
as quais interferem na qualidade desta, por exemplo: no coordena suas funes
areas com o que deseja falar; no inspira o suficiente para o tempo de fala
planejado; expira quantidade excessiva de ar, antes ou durante a fala; grita e eleva a intensidade da voz, para superar o rudo ambiente, e utiliza freqncia vocal
elevada (BOONE e FARLANE, 1994). Assim, facilita o desequilbrio dos subsistemas respirao - fonao ressonncia, o que favorece o adoecimento
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desse profissional, no s em sua funo da sade vocal como de toda a sade em
geral.
A partir dessas condutas, o professor deve conhecer melhor o mecanismo
larngeo, a fim de obter controle na produo vocal, contribuindo para a efetividade
do ensino e preservao de sua sade. Logo, ele precisa receber informao sobre
como sua voz produzida; desenvolver uma boa plasticidade vocal, ou seja, realizar ajustes motores, utilizando a respirao e a fonao, com equilbrio da ressonncia; falar com boa intensidade e articular sem exagero; fazer repouso vocal
- conduta importante a ser adotada, em vista da alta demanda vocal, bem como a
hidratao.
Uma voz considerada normal ou saudvel quando emitida forte o
suficiente para ser ouvida, numa intensidade adequada ao ambiente; produzida sem
esforo ou cansao do falante, devendo represent-lo quanto idade e sexo, com
ressonncia equilibrada. (DRAGONE e NAGANO, BEHLAU 2004). Segundo os mesmos autores, os professores preferem utilizar a voz forte,
para que todos os escutem, o que faz normalmente com esforo, com movimentos
articulatrios exagerados, com tendncia tenso. Esta no a melhor conduta
vocal para a atuao profissional. uma atitude que favorece vrios desvios vocais
na comunicao, constituindo o que chamamos de disfonia, que representa toda e
qualquer dificuldade ou alterao na emisso vocal que impede a produo natural
da voz (BEHLAU, 2001). Uma disfonia pode apresentar vrios tipos de alteraes, como desvios na
qualidade vocal, esforo e cansao na emisso, variaes na freqncia
fundamental, perda na eficincia vocal, baixa resistncia da musculatura larngea. O
termo disfonia implica avaliao completa do indivduo e constatao dos desvios.
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Ento, quando a voz nos soa desviada e no foi submetida avaliao, melhor
referirmo-nos como tendo uma voz alterada (BEHLAU, AZEVEDO e PONTES, 2001).
Pesquisas comprovam a grande incidncia de alteraes de voz em
professores e a necessidade do uso adequado da voz para a preveno dos seus
distrbios (DRAGONE, 2001). Poderia citar outros autores que constataram alta ocorrncia de alteraes vocais em professores, como o estudo de (GARCIA, TORRES e SHASAT,1986 ; SMITH et al., 1987). A presena de sintoma (queixa vocal) serve como alerta para as alteraes de voz iniciais ou j instaladas, e so resultado de abuso e/ou mau uso vocal (DRAGONE, NAGANO e BEHLAU, 2004).
preciso orientar o professor, inicialmente, quanto aos cuidados gerais com
a sade vocal e prticas de sade geral, para evitar abusos vocais, posturas
corporais prejudiciais, hbitos inadequados, como poucas horas de sono, nutrio pobre, competio sonora, tabagismo, uso de sprays e pastilhas, que mascaram o
desconforto vocal, e ainda esclarec-lo quanto importncia da hidratao e prtica
de esportes, entre outras atividades benficas para a sade vocal. Realizar
treinamentos por meio de programas vocais, objetivando adequada projeo e resistncia vocal, coordenao entre a respirao, voz, articulao e modulao da
voz so procedimentos que possibilitam a transmisso da mensagem sem esforo.
Na presena de alterao em uma ou mais dessas prticas, pode-se
considerar que h um comprometimento na emisso vocal que impede ou prejudica a produo natural da voz. Para o professor, uma alterao vocal tem impacto no
seu desempenho profissional, bem como na sua qualidade de vida, limitando a
utilizao da voz e interferindo no seu bem-estar.
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As principais queixas vocais que sinalizam um problema de voz em
professores so cansao e esforo vocal, momentos de piora da voz durante o dia,
rouquido, pigarro, voz grave, perda da voz em tons mais elevados, ardncia,
sensao de secura na garganta ou na boca, dor ao falar.
Tais queixas muitas vezes no so relacionadas como uma indicao de
desgaste vocal por parte do professor, que adia a ida ao mdico para obteno de
um diagnstico adequado, o que repercute na manuteno e evoluo de leses
(VAZ et al., 2002). As causas e fatores relacionados alterao da voz do professor so uso
incorreto ou abusivo da voz: falar durante quadro gripal, falar em rudo de fundo,
falar sob tenso, tom inadequado de voz, m postura; fatores fsicos e ambientais:
ar-condicionado, p de giz, poluio, ventilao inadequada, poeira, rudo,
disposio das carteiras, nmero de alunos; fatores psicoemocionais: estresse, m
remunerao, falta de reconhecimento profissional e social; fatores intrnsecos:
resistncia vocal, idade, estado geral de sade, alergias, problemas posturais,
respirao bucal de suplncia; hbitos vocais inadequados: falta de hidratao,
tabagismo, tosse ou pigarro e uso de pastilhas (BEHLAU, 2001). Oyarzn et al., (1986) apresenta alguma discordncia, pois consideraram um mito os fatores determinantes de alterao vocal, como anos de docncia, demanda
vocal, compromisso psquico e tabagismo e - uma realidade do professor - os
transtornos das vias areas superiores, seguidos do tipo de conduta vocal adotada
por esse profissional.
O professor que identifica os fatores e causas prejudiciais ao seu desempenho vocal, sendo capaz de modificar o comportamento e transformar essa
realidade, maximiza seu potencial vocal.
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A alta incidncia de alteraes vocais e larngeas se deve a vrios fatores,
como o desconhecimento e a falta de conscientizao dos professores sobre a
importncia do uso correto da voz (SERVILHA, 1997; HERMES e NAKAO, 2003). Por exemplo, a ausncia de aes preventivas dentro do ambiente escolar, entre
outros fatores, indicando a necessidade de implementao de medidas
pedaggicas para prevenir e reduzir os altos ndices de alteraes vocais.
A assistncia ao professor deveria iniciar-se no processo de sua formao
acadmica e permanecer por toda a sua vida profissional. A capacitao continuada
sobre a produo da voz e o cuidado com a sade vocal deveriam ser vistos como
medidas necessrias qualidade e longevidade vocal, dando competncia ao
docente para exercer sua profisso, sem riscos sade e minimizando as
interferncias negativas da voz no processo educativo.
Em se tratando de leses, a mais freqente leso benigna de prega vocal em
professores, o ndulo, ocorre devido a hbitos e conduta vocal inadequada
(QUINTAIROS, 2000). H tambm a preocupao com o que Smith et al. (1997) observaram nos professores,um desgaste aps apenas 10-20 anos de trabalho. No estudo realizado
na pesquisa da rede Municipal de Niteri - RJ (LIMA, 2004), tambm foi encontrada a mesma quantidade de anos de trabalho para o professor em exerccio de sua
funo.
A questo do professor e sua voz no se limitam sade vocal, mas envolve
aspectos scio culturais, econmicos, ambientais e psicoemocionais.
O professor, que faz uso de sua voz profissionalmente, deve obter
conhecimento sobre a produo desse instrumento de trabalho, os cuidados com a
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sade fsica geral e vocal e o treinamento da voz, objetivando um melhor desempenho durante sua vida de docente, sem perder a qualidade vocal.
2.3 AVALIAO FUNCIONAL DA VOZ
De acordo com Boone e Farlane (1994), o fonoaudilogo deve fazer uma anlise dos fatores perceptuais e acsticos da voz, em relao respirao,
fonao e ressonncia.
Em Behlau (2001), o objetivo de uma avaliao de voz descrever o perfil vocal bsico de um indivduo e verificar a influncia do comportamento vocal na
origem de uma alterao de voz. A avaliao otorrinolaringolgica parte essencial
e prioritria da avaliao vocal.
Em seu artigo, Dejonckere et al. (2001) considera a funo vocal multidimensional e que, para haver resultados no tratamento, deve-se respeitar um
tronco bsico de anlise para as alteraes vocais, e os mais comuns so os
seguintes componentes: avaliao perceptivo-auditiva, exame de vdeo-endoscopia
larngea, anlise acstica, tempo mximo de fonao e auto-avaliao perceptiva.
Esses componentes fizeram parte do material metodolgico,
enriquecendo o conhecimento geral do professor submetido ao Programa de
Exerccios para a Funo da voz, para propiciar a melhor avaliao do efeito do
tratamento.
2.3.1 Avaliao Perceptivo-Auditiva
A avaliao perceptivo-auditiva a avaliao clssica da qualidade vocal e,
por sua vez, o termo empregado para designar o conjunto de caractersticas que
identificam uma voz, porquanto cada um de ns tem um padro bsico de emisso
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(Behlau, 2001). Deve-se ressaltar a importncia dessa avaliao na prtica fonoaudiolgica. Os instrumentos de avaliao perceptivos e tecnolgicos so
complementares e tm possibilitado avaliaes mais apuradas da qualidade vocal
(KHLE, CAMARGO e NEMR, 2004). A escala japonesa GRBAS, divulgada por Hirano (1981) e desenvolvida pelo
comit para Testes de Funo Fonatria da Sociedade Japonesa de Logopedia e
Foniatria (SJLF), passa a ser uma das escalas mais difundidas internacionalmente e qualifica a voz como rouquido, onde G Grade, grau global de rouquido; R
Rough, rugosidade; B Breath, soprosidade; A Asthenic, astenia; S Strain,
tenso.
Em nosso pas, houve necessidade de adaptao dos termos da escala
GRBAS, sugerindo-se uma nova sigla, RASAT, na qual R significa rouquido; S,
soprosidade; A, astenia; T, tenso; A, aspereza; e exclui G do grau global da
impresso da qualidade vocal. Pinho e Pontes (2002) adaptaram esta escala, a fim de adequar e facilitar o procedimento de triagem vocal perceptiva no nvel gltico,
pois, na traduo fiel, alguns termos no contemplavam o aspecto perceptivo
especfico. A graduao de 0 a 3 foi mantida para cada qualidade de voz avaliada.
A fala espontnea a ser analisada baseia-se na percepo auditiva,
apresentada como definio para a qualidade vocal; segundo os termos para
Isshiki (1980), rouquido representa a irregularidade vibratria da onda mucosa nas pregas vocais durante a fonao; demonstra presena de alterao orgnica na
onda mucosa vibratria, podendo apresentar ndulos vocais, hiperemias e edemas,
gerando rudos de frequncia baixa (creptao). Pinho e Pontes (2002) relacionam aspereza reduo ou ausncia da onda mucosa, rigidez da mucosa, que causa tambm irregularidade vibratria,
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dependendo ou no da presena de fenda gltica e de associaes com alteraes
larngeas, como edema encontrado nos casos de sulco vocal, cistos e pontes na
mucosa. A impresso da qualidade vocal de voz seca e sem projeo. A soprosidade corresponde presena de rudo de fundo audvel e, com freqncia,
relacionado fenda gltica; percebe-se tambm, nos casos de extrema rigidez de
mucosa, a ausncia de fenda gltica, escape de ar na glote, sensao de
passagem de ar na voz. Astenia, representa a fraqueza vocal, hipotonicidade,
perda de potncia, energia vocal reduzida, harmnicos pouco definidos. E a tenso,
que demonstra impresso de estado hiperfuncional, freqncia aguda, rudo nas
freqncias altas do espectro e harmnicos marcados.
A escala GRBAS ou RASAT, em portugus, possibilita a avaliao da
qualidade vocal, atravs da anlise perceptivo-auditiva da voz.
2.3.2 Medida do Tempo Mximo de Fonao
A avaliao funcional da voz inclui medidas respiratrias, como o tempo
mximo de fonao.
O Tempo Mximo de Fonao (TMF), em segundos, consiste de uma medida
complementar e tem demonstrado sua validade entre adultos: refere-se ao tempo
mximo que o sujeito pode sustentar um som em uma respirao( COLTON e CASPER, 1996).
Os mesmos autores observaram que, quando o tempo mximo de fonao
reduzido, pode haver relato por parte do professor de momentos inesperados de
ausncia de sonorizao na fala espontnea. O esforo vocal, presso de ar ou
aproximao insuficiente das pregas vocais, para compensar as demandas vocais,
so outras possibilidades de reduo do TMF.
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Segundo Behlau (2001), a medida do tempo mximo em que um indivduo consegue sustentar a emisso de um som, numa s expirao, permite a
investigao quantitativa e qualitativa da fonao.
Behlau e Pontes (1995) consideram valores de 14 segundos para mulheres uma mdia para falantes da cidade de So Paulo.
Em Zemlim (2000), um adulto deve ser capaz de sustentar um som por, no mnimo, 15 segundos, e deve-se levar em conta que o tempo mximo de fonao
um teste de eficincia vocal.
Neste estudo, o teste da vogal sustentada // , em freqncia e intensidade
habituais, um teste de eficincia gltica que indicar a habilidade do paciente em
controlar as foras aerodinmicas da corrente pulmonar e as foras mioelsticas da
laringe.
O mecanismo larngeo sofre desequilbrios, por aumento ou diminuio da
atividade de grupos musculares especficos, por presena de pequenas
inadaptaes fnicas ou pela presena de alteraes orgnicas, causando o
aparecimento de fendas glticas, que so fechamentos glticos incompletos das
pregas vocais, passveis de tratamento.
Indivduos com tcnica vocal inadequada utilizam o TMF entrando no ar de
reserva expiratria, realizando diversas inspiraes, muitas vezes longas, com
esforo muscular e pouca eficincia na coordenao pneumofnica. Indivduos com
fendas glticas so um exemplo de tal comportamento, comum na classe de
professores.
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2.3.3 Exame de Videoendoscopia Larngea
O exame de videoendoscopia larngea, realizado por mdico
otorrinolaringologista, possibilita avaliar a laringe, de forma mais detalhada do que a
laringoscopia indireta, por utilizar o sistema ptico com cmeras de vdeo. As
tcnicas endoscpicas permitem, assim, gravao permanente, melhor estudo e
documentao completa das descobertas larngeas.
Para Hirano e Bless (1997), a tcnica fornece informaes teis sobre a funo larngea, visualiza o movimento das aritenides, fornecendo iluminao e
imagens ampliadas das pregas vocais.
Tsuji et al. (1999) dizem que os limites do exame so o reflexo nauseoso, a impossibilidade de deglutir, cantar e articular palavras, durante a endoscopia rgida,
restringindo-se a oferecer uma avaliao funcional das vogais.
O exame por endoscpio rgido ou flexvel, mostra imagem aumentada do
mecanismo vocal e a funo da prega vocal. Essa avaliao relevante, no sentido
de fornecer imagem do movimento velofarngeo, trato vocal e modificao do
fechamento gltico (STEMPLE, GLAZE e GERDEMAN, 2000). Apesar dos avanos tecnolgicos da videoendoscopia larngea, entre outros
exames, a realidade de nossa populao-alvo ainda se encontra na laringoscopia
indireta, porm, no caso deste estudo, foi possvel a disponibilizao da endoscopia
rgida, para viabilizar a eficcia na avaliao da condio funcional-orgnica das
pregas vocais.
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2.3.4 Anlise Acstica Computadorizada
A anlise acstica computadorizada um instrumento no invasivo de
avaliao da funo fonatria que auxilia o diagnstico diferencial das alteraes
vocais e tem a vantagem de propiciar as chamadas medidas objetivas, isto , fornece dados quantitativos, extrados, automaticamente, por meio de programa
computacional (PINHO, 2006). Esse instrumento, na fase de avaliao, complementa a avaliao
perceptivo-auditiva da qualidade vocal (Escala RASAT); na fase da aplicao dos exerccios, favorece o monitoramento teraputico e, na fase final, possibilita verificar
a efetividade do programa teraputico proposto pr e ps-aplicao do Programa de
Exerccios Funcionais Vocais realizados nas professoras.
Para Sataloff (2002), dizer ao paciente que sua voz mudou e sua conduta vocal est mais adequada, sem mostrar o resultado da avaliao acstica, seria o
mesmo que dizer a um indivduo que sua audio melhorou, sem mostrar o exame
audiomtrico que evidencia essa melhora.
A aplicao da anlise acstica computadorizada oferece melhor
compreenso acstica vocal, possibilitando a associao entre as anlises
perceptivo-auditivas e, ainda, a monitorao da eficcia de um tratamento clnico,
comparando resultados de diferentes procedimentos teraputicos (TOMITA e
HORTA, 2001). Os sons produzidos pelas pregas vocais resultam da complexa interao
entre fluxo e presso de ar com atividade muscular, que regulam o tamanho, a
massa e a tenso das pregas vocais. A variao desses parmetros afetar a
freqncia fundamental da voz, bem como sua intensidade e qualidade vocal
(COLTON e CASPER, 1996).
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O mecanismo para a intensidade vocal requer produo da resistncia das
pregas vocais mantendo-se aduzidas na passagem do fluxo areo para a produo
do som. Segundo Zemlim (2000), a aduo das pregas vocais atingida pela contrao simultnea dos msculos cricoaritenideo lateral e aritenideo, enquanto
o aumento da tenso gltica mediado pelos msculos tiroaritenideos ou
cricotireideos ou, mais possivelmente, por ambos.
A intensidade do som que a quantidade de energia contida no movimento
vibratrio, traduz-se com uma maior ou menor amplitude na vibrao ou na onda
sonora. medida atravs de dois parmetros: a energia contida no movimento
vibratrio e a presso do ar causada pela onda sonora. Podemos sempre ter em
mente intensidade sonora em Watts/cm2 e nvel de intensidade sonora em NIS
decibels (dB). O decibel no uma unidade de medida , mas apenas uma escala. A intensidade de fonao pode ser regulada nos nveis subgltico, gltico e
supragltico (PINHO, 2006). Segundo a mesma autora, no nvel subgltico h um aumento da potncia
aerodinmica, no nvel gltico, o aumento da resistncia gltica (fora adutora da glote) e no supragltico, o trato vocal, favorecendo tambm o aumento da intensidade.
A intensidade vocal aumentada acompanhada por maior atividade do
msculo vocal, importante para a resistncia vocal. O cricoaritenideo lateral e o
interaritenideo tambm mostram aumento de atividade.
Yanagihara, Koike e Von Leden (1966), examinaram a voz de adultos e encontraram a intensidade mdia para mulheres de 64 dB.
Uma intensidade mnima de 46 dB, mxima de 86 dB e a mdia de 65 dB
a esperada para a populao em geral (BERG e FLETCHER, 1970).
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Segundo Zemlim (2000), ao longo da produo sonora, produzida por um falante uma intensidade mnima de 50 dB como normalidade.
Verdolini et al. (2002) consideram intensidade normal 65dB. Outra medida extrada, o diagrama de desvio fonatrio, um mtodo que
analisa a qualidade vocal, descrevendo a periodicidade nas medidas horizontais de
jitter (variao na freqncia de ciclos), shimmer (variao na intensidade) e correlao waveform matching coefficient MWC e indica a similaridade entre os
ciclos de todo o sinal sonoro e, verticalmente, a quantidade de rudo (glottal-to-noise excittation ratio (GNE) da voz analisada (MICHAELIS, 1998). Esse diagrama mostra, de forma resumida, a qualidade da emisso vocal.
Definio subjetiva do rudo toda sensao auditiva desagradvel ou
insalubre; definio fsica todo fenmeno acstico no peridico, sem
componentes harmnicos definidos.
As vozes normais apresentam uma certa quantidade de rudo, relacionada s
perturbaes da produo da voz. Essas perturbaes permitem posicionar a
emisso em regio normal ou alterada mostrando a distribuio da irregularidade e
da qualidade da emisso vocal (BEHLAU, 2001). A mesma autora se refere medida da variabilidade da freqncia
fundamental como subproduto dessa freqncia, sempre esperada numa fala
normal, podendo ser expressa em extenso de semitons indicando a modulao da
voz. Indivduos com pregas vocais sadias apresentam um mnimo de 20 semitons.
Zemlim (2000) considera o parmetro extenso fonatria quando a voz normal apresenta uma variabilidade da freqncia fundamental, durante a conversa
espontnea em que os sons da fala so muito montonos, sem essa variabilidade.
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Um adulto pode produzir tons que se estendem em uma faixa de freqncia de
duas oitavas acima do tom mais baixo sustentvel.
Segundo Colton e Casper (1996), os desvios-padro da freqncia fundamental so referidos como a variabilidade da freqncia fundamental. A falta
ou variabilidade dela pode ser uma medida fsica relacionada percepo de voz
montona, um sinal perceptual observado em algumas alteraes vocais.
A funo da anlise espectrogrfica medir a onda sonora vocal,
acsticamente, em forma de grficos, tornando possvel detectarem-se
espeficidades do sinal vocal. O registro dessa anlise o espectrograma, um
grfico tridimensional que apresenta o tempo no eixo horizontal, a freqncia no
eixo vertical e a intensidade no contraste da impresso, ou seja, no grau de
escurecimento das marcas do registro. Esse grfico oferece dados sobre a voz
como um todo, sobre as fontes do som, sejam de natureza gltica ou friccional e sobre as caractersticas de ressonncia do trato vocal (BEHLAU, 2005). Na avaliao espectrogrfica deste estudo utilizamos a vogal [] sustentada
pois apresenta ressonncia mais alta (aguda), medida em que o comprimento do
trato vocal diminui, e mais baixa (grave), medida em que o comprimento do trato vocal aumenta. E, por que as vogais so produzidas isoladamente e por um perodo
extenso, sem que se tenha de mudar a posio do trato vocal. O som quase
peridico apresenta harmnicos que so trabalhados nas cavidades de
ressonncia, assumindo configuraes estveis.
Cabe ressaltar que o espectrograma permite compreender a coaptao
gltica, ressonncia vocal e preciso articulatria, do pr para o ps-treinamento. A
pesquisa em questo observa, no grfico espectrogrfico, a quantidade de
harmnicos de cada voz, uma vez que, quanto mais amplificados, melhor ajuste
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muscular na emisso vocal, apresentando, portanto, ressonncia equilibrada
(BEHLAU, 2001). Na anlise de qualidade do sinal sonoro, da mesma autora, citando Titze
(1995) o sinal do tipo 1, aquele que permite mensuraes de freqncia fundamental e anlise das perturbaes da onda, em vozes normais ou levemente
alteradas, resultantes de fendas glticas. E o sinal do tipo 2, aquele que apresenta
alteraes qualitativas, como bifurcaes, intermitncia, sub-harmnicos e
modulaes. Essa condio de onda no permite a mensurao das medidas de
perturbaes, com confiabilidade. So sinais presentes em ndulos.
A anlise acstica foi realizada por meio dos parmetros de intensidade,
espectrograma e do desvio fonatrio da vogal sustentada [], bem como pela
variabilidade da freqncia fundamental da fala espontnea, pr e ps- aplicao do
programa de exerccios funcionais vocais.
Em Pinho (2003), o fechamento gltico depende diretamente da quantidade do fluxo areo e da capacidade de contrao dos msculos adutores intrnsecos da
laringe, cricoaritenideo lateral, interaritenideo e do tireoaritenideo.
A produo vocal ser analisada atravs da vogal [], por ser esta
considerada a vogal mais estvel do ponto de vista larngeo, nas vozes do
portugus brasileiro. O programa de software utilizado neste estudo solicita a
medida da vogal [] no modo anlise da qualidade vocal, no s pela vogal []
manter o trato vocal mais estvel, mas por expressar mais fielmente o nmero de
semitons (BEHLAU, 2001). As vogais so preferidas por serem facilmente produzidas e representam uma situao-padro mais controlada, sendo tambm
mais estveis e menos influenciadas por questes articulatrias ou regionalismos,
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fazendo com que o ouvinte mantenha sua ateno na fonte do som, a voz
(ZRAICK; WENDEL e SMITH-ONLINE, 2005). A anlise acstica quantifica, neste estudo, as medidas de intensidade, o
diagrama do desvio fonatrio, a variabilidade da freqncia fundamental e faz breve
estudo do traado visual do espectrograma da vogal [], possibilitando avaliar o
efeito do programa de exerccios e complementar os dados subjetivos dos estudos fonoaudiolgicos.
2.3.5 Auto-Avaliao Perceptiva do Professor
A aplicao do questionrio PsTratamento (ROY, et al., 2001- adaptado por BEHLAU, ) demonstrar o quanto os sintomas vocais foram reduzidos aps o programa; indicar o quanto a voz melhorou com o tratamento, o quanto o professor
falou mais fcil, a partir dos exerccios e, por quarto e ltimo item, o quanto se
dedicou ao programa de exerccios funcionais vocais.
A relevncia da aplicao do questionrio baseia-se no argumento de que a
forma pela qual os sujeitos se auto-avaliam seja a principal razo que os conduz ao fonoaudilogo e/ou ao mdico, para fins de diagnstico e tratamento.
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2.4 TERAPIAS VOCAIS
O tratamento fonoaudiolgico das disfonias realizado atravs de
abordagens e procedimentos variados, para desenvolver um comportamento vocal
adequado, reduzindo o esforo fonatrio e visando a qualidade vocal que atenda s
necessidades pessoais, sociais e profissionais do indivduo.
O tratamento deve ser realizado aps avaliao vocal multiprofissional, com
o fonoaudilogo e o mdico otorrinolaringologista, alm de outros profissionais,
quando necessrio.
As abordagens teraputicas mdicas diferenciam-se da terapia
fonoaudiolgica, j que utilizam medicamentos e/ou cirurgia. O tratamento
fonoaudiolgico pode anteceder ou ser paralelo ao tratamento mdico. E muitas
alteraes vocais podem ser resolvidas apenas por intermdio de terapia vocal.
Na terapia fonoaudiolgica so utilizados diferentes mtodos, seqncias,
tcnicas e exerccios que devem ser selecionados conforme a necessidade
particular do paciente. Entende-se como mtodo o conjunto sistemtico de regras
que se baseia em uma determinada concepo filosfica. No mtodo encontramos
as tcnicas, que, por sua vez, so o conjunto de modalidades de aplicao de um exerccio vocal baseado nos dados anatomofuncionais do indivduo. Exerccio
qualquer estratgia para corrigir ou aprimorar uma dada habilidade vocal ou
parmetro de voz. A seqncia uma srie de procedimentos ou exerccios
organizados (BEHLAU, 2005) A mesma autora cita a fonoaudiloga doutora Edme Brandi de Souza Mello,
pois elaborou o Mtodo Indutivo Progressivo (MIP) que prope a reestruturao do
sujeito falante pelo prprio sujeito. As fonoaudilogas Maria da Glria Beutenmller e Nelly Lapport (1974) desenvolveram o Mtodo Espao Direcional, que tem como
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proposta a expresso corporal e vocal, trabalhando o ritmo do corpo e da voz nas
diferentes dimenses sonoras.
Colton e Casper (1996) apresentam uma abordagem denominada terapia de Voz Confidencial, utilizada em pacientes com leses larngeas benignas por
comportamento vocal alterado. O paciente deve falar sem esforo, em intensidade
reduzida; no um sussurro, porque h alguma voz presente. Ela til como parte
de um programa de higiene vocal, sempre que um perodo de repouso vocal for
indicado. A autora sugere quatro sesses de terapia para o paciente utilizar a
qualidade vocal mais adequada.
Verdolini (2004) desenvolveu um programa sistematizado de terapia, o mtodo de ressonncia Lessac-Madsen, em oito sesses, nas quais so
trabalhados os sons nasais com foco rinofarngeo; tem como objetivo ajudar o paciente com problemas de voz a alcanar melhor resistncia e flexibilidade vocal e,
ao mesmo tempo, prevenir ou reverter problemas j existentes. O tratamento d nfase na informao sensorial relacionada com a produo ressonante do som no
trato vocal, mais do que com o processo fisiolgico de sua produo.
Stemple (2000) descreve variadas linhas de abordagens fonoaudiolgicas na terapia vocal para o paciente com diagnstico de disfonia: sintomtica, psicolgica,
fisiolgica, ecltica e a higiene vocal. A sintomatolgica tem seu olhar para a
modificao dos sintomas, principalmente nas causas de abuso ou mau uso vocal;
a psicolgica baseia-se na nos distrbios emocionais envolvido na manuteno da
alterao vocal. A terapia vocal fisiolgica visa a modificao da atividade fisiolgica
inadequada, preocupando-se com as funes fonatria e larngea, essenciais para
a realizao dos ajustes musculares larngeos e respiratrios. Os programas de
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terapia de higiene vocal so oferecidos para prevenir e eliminar abusos vocais e
favorecer um bom comportamento vocal.
A terapia ecltica fundamenta-se na produo de uma melhor voz e uma
comunicao mais efetiva, partindo de sistemas diversos para oferecer um
tratamento mais abrangente ao paciente.
Behlau e Pontes (1995) propem uma abordagem global para a reabilitao da voz, que corresponde a uma abordagem holstica constando de trs
procedimentos interligados como: orientao, psicodinmica e treinamento vocal,
que devem ser includos no tratamento do mesmo paciente sempre que possvel.
Segundo a autora, entende-se como treinamento da voz a realizao de exerccios
selecionados para fixar os ajustes motores necessrios reestruturao do padro de fonao alterado.
A abordagem atravs dos Exerccios de Funo Vocal baseia-se na linha
fisiolgica, apresentado em forma de programa por Stemple e Gerdeman, 1993,
utilizando-se das funes fonatrias e larngeas essenciais para modificar as
relaes musculares e respiratrias e contribuindo na qualidade vocal.
Portanto, para trabalhar a resistncia vocal, a qualidade de voz mais
harmnica, com sons que propiciem um melhor equilbrio funcional da produo
vocal, se faz necessrio um treinamento sistemtico.
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2.5 PROGRAMA DE EXERCCIOS FUNCIONAIS VOCAIS
Conscientizar, prevenir e orientar sobre sade vocal so pontos
imprescindveis na formao e atuao do professor. Na maioria das vezes, as
instituies no oferecem aos professores tais informaes. Instalada uma
alterao vocal, consideram que o docente necessita de afastamento, enquanto que
importante seria trat-lo no exerccio laboral dirio (ORTIZ et al., 2004). A fim de oferecer condies vocais favorveis ao professor para o exerccio
dirio de sua profisso, foi proposto o Programa de Exerccios Funcionais Vocais de
Stemple e Gerdeman a professores, o qual visa ao aquecimento vocal matinal e,
como conseqncia, melhor aproveitamento da voz.
Desde o sculo XIX, a prtica da terapia vocal utiliza exerccios e manuais de
treinamento destinados a intensificar a voz normal e, ao longo desses anos, vem
sendo estudada e estimulada pelos avanos da clnica laringoscpica.
Behlau (2005) cita Briess (1957) como o precursor na utilizao de tcnicas de terapia, com exerccios que avaliam as funes vocais dos msculos envolvidos
na fonao, sob aspectos da fisiologia larngea, das quais Stemple, em 1993,
desenvolve o prprio Programa de exerccios junto com Gerdeman, realizando, tambm pesquisas com Stemple et al. (1994), que acreditam na linha fisiolgica de reabilitao da voz.
Levando-se em conta que a musculatura larngea tem a mesma natureza que
a musculatura esqueltica de todo o corpo, vale ressaltar que o programa
fundamenta-se na fisiologia do exerccio, aspecto da medicina desportiva, que
implica o estudo de como o corpo, do ponto de vista funcional, responde e se
ajusta ao exerccio (FOX e MATHEWS, 1986).
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Segundo os mesmos autores a fisiologia do exerccio se preocupa com a
energia da clula para o movimento muscular. Sendo assim, do ponto de vista
qumico, o alimento constitui nossa fonte indireta de energia. Dentro do corpo, ele
sofre uma srie de reaes qumicas, denominadas vias metablicas. Essas
reaes resultam na formao do composto adenosina trifosfato (ATP), que constitui a fonte direta de energia para o corpo, porque armazenada em todas as
clulas musculares. A energia liberada durante a desintegrao do ATP representa
a fonte energtica imediata que pode ser usada pela clula para realizar trabalho,
ou seja, contrao e relaxamento (alongamento) muscular. A enzima de miosina ATPase acarreta a desintegrao do ATP em ADP (adenosina difosfato)e fosfato inorgnico (Pi), com liberao de grandes quantidades de energia, que permitem a translocao da ponte cruzada de tal forma, que o filamento de actina ao qual est
preso desliza sobre o filamento de miosina na direo do sarcmero1, composto por
filamentos das duas protenas, a miosina e a actina, responsveis pela contrao
muscular. Assim, o msculo desenvolve tenso e se encurta.
As clulas da musculatura geram ATP, atravs de trs sistemas:
O ATP-CP um processo rpido que pode ser obtido sem ocorrer a
presena de oxignio e, por isso, considerado anaerbico. Os estoques de ATP
com a energia derivada da creatina fosfato podem sustentar as necessidades
energticas dos msculos por apenas 3 a 15 segundos.
Devido ATP ser mantida numa concentrao relativamente constante, e a
concentrao de creatina fosfato diminuir gradativamente, medida que utilizada
para repor a diminuio de ATP, os msculos passam a depender de outros
1 Sarcmero = fibra muscular
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processos para a formao de ATP: a combusto glicoltica e oxidativa de
substratos.
O glicoltico, mtodo de produo de ATP, envolve a liberao de energia
atravs da degradao (lise) da glicose em gliclise, que a degradao da glicose
ou glicognio por meio de enzimas glicolticas em cido pirvico. Quando realizada
sem a presena de oxignio (anaerbico), o cido pirvico convertido em cido
ltico, responsvel por fornecer energia ao msculo, durante os minutos iniciais do
exerccio de alta intensidade.
O oxidativo um sistema de produo de energia celular mais complexo do
que os outros dois. O organismo separa substratos (os carboidratos so os preferidos) com o auxlio do oxignio, para gerar energia (aerbico). A produo oxidativa de ATP ocorre no interior das mitocndrias das clulas. Os msculos
necessitam de um suprimento constante de energia para produzir, continuamente, a
fora necessria durante a atividade de longa durao. Nessas condies, o
organismo est capacitado a liberar oxignio para os msculos ativos. A resistncia
muscular melhora quando o suprimento de glicognio muscular elevado no incio
da atividade.
Tanto o sistema anaerbico quanto o aerbico contribuem com ATP durante
o exerccio, mas seus papis dependem dos tipos de exerccios realizados, que
podem ser de curta ou prolongada durao, relacionando-se com os diferentes
tipos de fibras encontradas no msculo esqueltico. A maioria dos msculos
humanos contm dois tipos bsicos de fibras: uma fibra de contrao rpida (CR),
cuja ao se d durante a realizao de trabalhos de curta durao e alta intensidade (como exerccios intermitentes), e uma fibra de contrao lenta (CL) utilizada durante o exerccio contnuo e prolongado.
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A ressntese de glicognio nas fibras CR mais rpida que nas fibras de CL.
Conseqentemente, de se esperar que a ressntese do glicognio seja mais
rpida aps exerccio intermitente, pois as fibras CR so usadas em maior
proporo nesse tipo de atividade que no exerccio de resistncia.
Todas as unidades motoras dos msculos esquelticos funcionam segundo a
mesma maneira. Entretanto, nem todas as unidades motoras contm fibras
musculares com as mesmas capacidades metablicas e funcionais. Por exemplo,
enquanto que todas as unidades motoras e, conseqentemente, todas as fibras
musculares podem atuar sob condies tanto aerbicas quanto anaerbicas,
algumas so melhor equipadas bioqumica e fisiologicamente para trabalharem
aerobicamente, e outras esto melhor equipadas para trabalharem
anaerobicamente. As fibras (ou unidades motoras) do tipo aerbicas so denominadas tipo I e caracterizadas por um baixo nvel de atividade de ATP, tem
aparncia avermelhada, tnica, velocidade de contrao lenta (CL), ou oxidativas lentas, com alta resistncia fadiga; as fibras tipo anaerbicas so denominadas
tipo II, caracterizadas pela capacidade de gerar energia rpida para permitir a
produo de contraes rpidas (CR), em funo do alto nvel de atividade de ATP
ou glicolticas rpidas, de aparncia branca, fsicas, resistentes ou no fadiga
(FOX e MATHEWS, 1986 e McARDLE; KATCH e KATCH, 2003) . Os msculos larngeos (o tireoaritenideo, o cricoaritenideo lateral e o interaritenideo) so msculos considerados rpidos, com alta predominncia de fibras do tipo II, sistema glicoltico, de baixa a moderada resistncia fadiga;
enquanto o cricotireideo e o cricoaritenideo posterior so msculos mais lentos e
resistentes fadiga, devido predominncia de fibras do tipo I, metabolismo
oxidativo (PINHO, 2006).
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Existe uma diversidade muito grande de tipos de fibras de contraes rpidas
(CR): tipo IIa, IIb e IIc. Assim, no existe um msculo composto exclusivamente de fibras dos tipos I ou II (com seus vrios subtipos). Os msculos so compostos por diferentes tipos de fibras, mas com predomnio de um tipo especfico (MINAMOTO,
2004). Os fatores que influenciam na porcentagem dos tipos de fibras contidos nos
msculos esquelticos so a gentica, os nveis hormonais no sangue e os hbitos
de exerccios individuais (McARDLE; KATCH e KATCH, 2003). Power e Howley (2000) relacionaram os tipos de fibras ao
desempenho muscular e verificaram no haver significncia na distribuio das
fibras musculares em relao idade e ao sexo. Em relao s alteraes
musculares da idade, os autores mostram uma perda de 10% de massa entre 25 e
50 anos, e em torno de 40% entre 50 e 80 anos.
Conforme j sinalizado anteriormente, Stemple, Glaze e Gerdeman (2000) consideram que o mecanismo larngeo similar a outros sistemas musculares do
corpo: pode se tornar sem resistncia e desbalanceado (desajustado) e necessitar at de imobilizao muscular; no caso larngeo, o repouso vocal. Tais autores
tomaram por base a produo normal da voz, firmando o Programa de Exerccio da
Funo Vocal em passos sistemticos que objetivam o equilbrio entre o fluxo areo
(respirao) para a atividade larngea (fonao) e para o tnus do trato vocal (ressonncia). O paciente recebe um programa especfico, com conceitos da terapia fsica.
O Programa apresenta uma srie de 4 exerccios que pretendem beneficiar o
professor com alteraes vocais na extenso da altura vocal grave/agudo , por
tempo mximo de fonao, e eliminar o esforo larngeo na utlizao da voz.
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Os exerccios foram desenvolvidos para exercitar msculos larngeos
especficos (BEHLAU, 2005), favorecendo os devidos ajustes motores para o funcionamento vocal.
No Exerccio Funcional Vocal 1, o aquecimento muscular semelhante ao
aquecimento de qualquer musculatura do corpo para alguma atividade fsica, seja ele jogador de futebol, cantor, ou outros. da maior importncia para o profissional da voz aquecer a musculatura larngea, para obter ajuste motor adequado e utilizar a voz confortavelmente (STEMPLE, GLAZE e GERDEMAN, 2000).
O exerccio de sustentao da vogal [i:], proposto por Stemple e Gerdeman
(1993), favorece a funo isomtrica da prega vogal o msculo desenvolve tenso, sem mudana em seu comprimento, e gera fora muscular, mesmo quando
no ocorre qualquer alongamento ou encurtamento perceptvel do msculo:
contrao esttica.
Saxon e Schneider (1995) dizem que isometria envolve resistncia sem movimento, desenvolve tenso nos elementos contrteis musculares, mas o
msculo no contrai ou estira. Melhor treinamento implica a contrao mxima,
segurando por 6 segundos, com repetio diria.
No Exerccio Funcional Vocal 2, glissando ascendente realizado com a slaba
[nol:], favorecendo o deslizamento ascendente e abertura da faringe.
Este exerccio requer o uso de toda a musculatura larngea, ao alongar
suavemente e sistematicamente a prega vocal, trabalhando, principalmente, o
msculo cricotireideo. Para Behlau (2005), esse exerccio contrai no s o prprio msculo da prega vocal, o tireoartienideo, mas, principalmente, o cricotireideo.
O objetivo melhorar a fora e resistncia muscular das pregas vocais e desenvolver a coordenao entre os msculos larngeos e respiratrios e tambm
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aumentar a massa muscular, trabalhando a contrao isotnico-excntrica, tipo de
contrao que se refere ao alongamento de um msculo durante a movimentao,
isto , durante o desenvolvimento de tenso ativa (FOX e MATEWS, 1986). O Exerccio Funcional Vocal 3, glissando descendente realizado da mesma
palavra [nol:], do tom mais agudo para o mais grave.
um exerccio de contrao (encurtamento) que trabalha fora muscular e ativa o msculo tireoaritenideo. Funciona como grande adutor, possibilitando maior
firmeza gltica na manuteno das pregas vocais aduzidas; um exerccio
isotnico-concntrica porque, quando o msculo se encurta durante a contrao,
produz o mesmo grau de tenso durante o encurtamento, ao superar uma
resistncia constante ( BEHLAU, 2001 ; WILMORE e COSTILL, 2001). Saxon e Schneider (1995) em artigo sobre mtodos de exerccios para desenvolver fora e resistncia, escreve que isotonia envolve resistncia com
movimentos de encurtamento e alongamento do msculo, criando tenso por toda a
extenso muscular.
No Exerccio Funcional Vocal 4 as notas musicais D3, R3, Mi3, F3, Sol3,
so emitidas uma a uma com o som [ol:], pelo tempo mximo de fonao
favorecendo o suporte respiratrio e a valorizao do trato vocal para ressonncia.
Esse exerccio considerado pelos autores como de baixo poder de aduo,
com pouco impacto na vibrao de pregas vocais. Trabalha a contrao muscular
isocintica tenso desenvolvida pelo msculo, com velocidade constante, em toda
a amplitude de movimento (SAXON e SCHNEIDER, 1995; BEHLAU, 2001). MCardle, Katch e Katch (2003) escreveram sobre os fatores que influenciam
os efeitos do treinamento:
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Intensidade do treinamento de primordial importncia, no
sentido de garantir aumentos mximos na aptido do sujeito em realizar aquele tipo de exerccio. medida que a intensidade
em termos de carga do exerccio seja aumentada, a potncia
aerbica muscular tambm aumenta.
Freqncia de treinamento no foram estabelecidos os nveis
ideais de freqncia, provvel que o mnimo do treinamento
aerbico seja de aproximadamente 2 a 3 dias por semana.
Durao do treinamento est intimamente relacionada com a
intensidade em seus efeitos sobre a resposta ao treinamento.
Em geral, para se obter melhora significativa no treinamento,
preciso fazer de 10 a 15 minutos dirios, a fim de se conseguir
resposta muscular favorvel ao programa de exerccios.
A intensidade, a durao e a frequncia devem sendo mantidas constantes,
os aprimoramentos induzidos pelo treinamento sero semelhantes, independente
da sua modalidade, desde que os msculos sejam exercitados e que a avaliao
seja feita com a atividade utilizada durante o treinamento. Saxon e Schneider (1995) informam que o grau de melhora de fora e de
resistncia muscular depende de freqncia, durao e intensidade do programa de
treinamento, entendendo-se resistncia muscular como a habilidade de um grupo
muscular desempenhar contraes repetidas por um longo perodo de tempo. A
musculatura larngea pode se beneficiar com programas de treinamento, pois, com
a melhora da fora muscular e da resistncia, os msculos obtm melhor
desempenho.
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Ao pesquisar o efeito do Programa que apresenta uma seqncia de quatro
exerccios, no se pode esquecer que o sujeito objeto do estudo vive sob o impacto de uma dinmica e, para trabalhar com tcnicas, o fonoaudilogo dever ter
cuidado para no se tornar um professor de ginstica vocal, que trata da alterao
vocal e no do sujeito (FERREIRA, 1993).
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3. METODOLOGIA
3.1 PARTICIPANTES
A presente pesquisa utilizou o Programa de Exerccios Funcionais Vocais de
Stemple e Gerdeman (1993), em dezessete (17) professoras da Rede Pblica Municipal do Ensino Fundamental da cidade de Niteri, Rio de Janeiro.
A aplicao do programa, em professoras, justifica-se pelo fato de que o quadro docente das Escolas Pblicas do Municpio de Niteri constitui-se, em sua
maioria, do gnero feminino, e o programa de exerccios estabelece um
procedimento diferenciado entre mulheres e homens. Dessa forma, pretendeu-se
obter um nmero suficiente de participantes para avaliar o efeito do programa,
contando-se com as eventuais desistncias e situaes adversas.
As professoras do quadro ativo da Fundao Municipal de Educao, num
total de 974, assistiram a uma breve palestra sobre a importncia da voz
profissional.
Com o objetivo de esclarecer os profissionais do magistrio a respeito dos cuidados com a sade vocal, foi oferecida uma segunda palestra, ao trmino da
qual apresentou-se o Programa de Exerccios Funcionais Vocais. Dentre os
duzentos e vinte e dois (222) professores presentes, inscreveram-se no Programa quarenta e trs (43) docentes, e somente dezessete (17) professoras mantiveram-se efetivamente compromissadas com a pesquisa.
As idades das participantes variaram entre 20 e 60 anos, e o tempo de
utilizao profissional da voz era, em mdia 8 horas dirias. As informaes quanto
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idade, anos de atividade no magistrio, quantidade de horas/aula e queixa vocal
esto descritas no anexo 4.
A fim de possibilitar melhor aproveitamento dos exerccios do programa, fez-
se necessrio, na pesquisa, o exame de vdeo endoscopia larngea, para
detectarem-se afeces, como paresias, paralisias, leucoplasias, sulcos e plipos, a
fim de serem excludas da pesquisa. Mantiveram-se, no programa, voluntrias com
todo o tipo de fenda gltica, ndulos, edemas e hiperemias de prega vocal,
alteraes estas referentes musculatura larngea.
Com o objetivo de melhorar a qualidade vocal do professor no desempenho laboral, considerando suas queixas vocais, foi aplicado o Programa de Exerccios
Funcionais Vocais Stemple e Gerdeman (1993), numa extenso vocal da escala musical especfica para mulheres. Em seguida, foram avaliados os resultados,
atravs dos materiais descritos a seguir.
3.2 MATERIAL
3.2.1 Exame Vdeoendoscopia Larngea
As participantes foram submetidas ao exame de laringe, realizado por mdico
otorrinolaringologista, em consultrio particular.
Modelo de laudo no anexo 2.
Descrio do equipamento: vdeo endoscopia larngea, 70 graus, da
marca Scott e microfone; televiso Sony; dois vdeos cassetes quatro cabeas
SLZ40 BR VHS Sony Trinitron LC 960.
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3.2.2 Avaliao PerceptivoAuditiva da Voz (Escala RASAT, Pinho e Pontes, 2002).
Na avaliao perceptivo-auditiva da escala RASAT, no apndice 2,
identificou-se a participante quanto a dados pessoais e a qualidade vocal. A
professora foi avaliada atravs dessa escala, pelos parmetros de rouquido,
aspereza, soprosidade, astenia e tenso, com a graduao de 0 a 3 para cada
tpico e relacionados ao seu comportamento vocal, conforme descrito: 0= normal,
1 = leve, 2 = moderada e 3 = intensa.
A qualidade vocal considerada normal (0) quando nenhuma alterao vocal percebida pelo examinador; leve (1), para alteraes vocais discretas; moderada (2), para alteraes vocais evidentes; intensa (3), para alteraes vocais extremas. Consta, tambm, na escala, a graduao de 1 para 2 e
2 para 3 como variveis na determinao de alteraes intermedirias dos graus.
Pretendeu-se, com o uso desses parmetros e graduao, avaliar a
qualidade vocal da professora, atravs da amostra da Fala Espontnea, ao
responder pergunta pr e ps-programa: Qual a sua queixa vocal?.
As vozes da fala espontnea das professoras, gravadas no software
Vox Metria, serviro para anlise perceptivo-auditiva. A avaliao das amostras de
vozes contar com mais duas fonoaudilogas, para preservar a fidedignidade da
avaliao da pesquisadora.
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3.2.3 Medida do Tempo Mximo de Fonao - TMF
A medida foi colhida atravs de cronmetro digital da marca Mondaine
profissional, na emisso sustentada da vogal [], com mdia de duas amostras
iniciais e finais, considerando-se o valor de 14 segundos, para falantes adultos
femininos normais.
3.2.4 Anlise Acstica Computadorizada Programa Vox Metria
O exame acstico tem como medida a ser analisada os parmetros, atravs
da emisso da vogal []:
Intensidade (I) Mdia de 65 dB. Diagrama de Desvio Fonatrio Distribuio do rudo/ irregularidades
das pregas vocais, em vibrao na regio normal ou alterada.
Espectrograma Anlise vocal, em banda estreita, da extenso e
definio dos harmnicos, presena do componente rudo entre os harmnicos e
acima deles.
A Variabilidade da freqncia fundamental outro parmetro a ser
analisado mas, atravs da fala espontnea, com mdia a considerar de 20
semitons.
As medidas foram extradas pelo Programa VOX METRIA da CTS
Informtica, num microcomputador HP Pavilion ze 2410BR AMD Sempron mbile
3000,1,8 GHz, memria de sistema de 256 MB, unidade de disco rgido de 80 GB e
Microsoft Windows XP Home, placa de som Soundblaster, microfone profissional
condenser unidirecional da marca Shure SM 58, acoplado em trip, com as
professoras na posio sentada.
A medio do nvel de som da sala de avaliao foi realizada pelo
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medidor do nvel de presso (decibelmetro) da marca Radio Shack , tendo como
medida o nvel de rudo da sala, abaixo de 55 dB.
3.2.5 Programa de Exerccios para Funo Vocal PEFV
(Stemple e Gerdeman, 1993).
O Programa de Exerccios Funcionais Vocais, Stemple e Gerdeman (1993) e
em literatura recente (2000) descrito a seguir:
Exerccio Funcional Vocal 1
O programa utiliza vogal [i:] sustentada, pois a que mais trabalha a
resistncia vocal. Realiza-se a aduo prolongada das pregas vocais, em vibrao
durante a emisso da vogal [i:], numa intensidade confortvel, procurando
direcionar a ressonncia rinofarngea, pelo maior tempo de fonao possvel. Tal
procedimento possibilita eliminar o esforo larngeo.
Exerccio Funcional Vocal 2
O exerccio realizado atravs do glissando ascendente da palavra [nol:].
Baseia-se na palavra original do programa knoll sem o / k /, segundo o autor,
emitindo o segmento /noll/. Opta-se neste estudo pela colocao entre colchetes
por se tratar de realizao sonora. O sinal diacrtico: representa prolongamento
sonoro.
Os lbios do paciente devero ficar arredondados e sentir ligeira vibrao,
amplificando o som e projetando-o ao meio.
Exerccio Funcional Vocal 3
Glissando descendente da palavra [nol:], deve ser realizado com a faringe
aberta e focar a vibrao suavemente nos lbios, sendo o indivduo motivado a
deslizar lentamente do som agudo para os tons graves emitindo a vogal,
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trabalhando assim, sistematicamente, o msculo tireoaritenideo, sem a presena
do foco de peito.
Exerccio Funcional Vocal 4
Na atividade do exerccio 4, prope-se manter o som [ol:] em cada nota D3,
R3, Mi3, F3 e Sol3. Os exerccios podem ser treinados em notas mais baixas ou
mais altas, conforme condio vocal ou tipo particular de cada voz. Emisso com
faringe aberta, leve constrio labial (descrio no anexo 1). A todas as participantes foi entregue na semana 1, o CD udio, para o devido
acompanhamento dos tons musicais de cada exerccio, conforme orientao dos
autores.
Os encontros foram semanais, com durao de trinta minutos para cada
participante, sempre no horrio aps as oito horas/aula.
3.2.6 Auto-Avaliao Perceptiva do Professor:
Aplicao do questionrio Ps-Tratamento (ROY, N.; GRAY, S.D.; SIMON, M.; DOVE, H.; CORBIN-LEWIS, K e STEMPLE, J. 2001).
Consiste de um questionrio de auto-avaliao, com 4 questes a
serem respondidas numa escala de 5 pontos (anexo 3). A terminologia utilizada nas perguntas como clara e fcil so termos
padronizados e utilizados por avaliadores para compreenderem melhor as
caractersticas do som ouvido, so adjetivos relacionados aos rgos dos sentidos.
Segue em apndice 4 quadro 8, descrio dos sujeitos participantes do estudo.
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3.3 PROCEDIMENTOS
De acordo com os objetivos a serem alcanados, direcionou-se o universo da pesquisa aos professores do Ensino Fundamental, da rede pblica municipal
Fundao Municipal de Educao de Niteri RJ, que foram convidados para uma
palestra sobre sade vocal.
O primeiro contato com o corpo docente foi atravs de uma breve palestra na
prpria escola dos professores sobre a importncia da voz profissional. Nesse
momento eles foram convidados para a Palestra sobre a sade vocal.
A Palestra Informativa sobre os Cuidados com a Sade geral, com enfoque
vocal, abordava a anatomofisiologia larngea e temas referentes aos abusos e mau
uso vocais, condies alimentares, condies respiratrias, hidratao e busca do
auxlio do otorrinolaringologista e do fonoaudilogo.
Ao trmino da palestra, os professores foram convidados a participar do
Programa de Exerccios para a Funo Vocal, num trabalho sistemtico e dirio,
para resistncia muscular e por ser considerado profissional da voz.
As docentes inscritas foram encaminhadas para prestar exame de vdeo
endoscopia larngea com mdico otorrinolaringologista.
No exame, solicitou-se a respirao profunda, em emisso confortvel das
vogais [:] e/ou [i:]. Gravou-se o material colhido em fita VHS, analisado pelo
mdico.
As participantes foram avaliadas pela autora numa sala com nvel de som
ambiente igual ou menor a 55dB.
O tempo mximo de fonao foi medido atravs