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HMC revista CIRURGIA UROLÓGICA POR VÍDEO TEM RÁPIDA RECUPERAÇÃO Edição 9 – dezembro 2015 COMIDA DE HOSPITAL NÃO! GASTRONOMIA SAUDÁVEL SIM! ESTRESSE DE FINAL DE ANO identifique e saia dessa!

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Estresse de Final de Ano. Identifique e saia dessa!

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CIRURGIA UROLÓGICA POR VÍDEO TEM RÁPIDA RECUPERAÇÃO

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COMIDA DE HOSPITAL NÃO!GASTRONOMIA SAUDÁVEL SIM!

ESTRESSE DE FINAL DE ANOidentifique e saia dessa!

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expediente

A rEvistA hmc é uma publicação do hospital marcelino champagnat, produzida pela Diretoria de marketing e comunicação do Grupo marista. tiragem: 40 mil exemplares

GRUpO MARiStA DirEtOr DA ÁrEA DE sAÚDE Álvaro Luis Lopes Quintas

HOSpitAL MARCeLinO CHAMpAGnAt

DirEtOr GErAL José Octávio Leme

chEFE DO cOrPO cLÍNicO Ademir Antonio schuroff

GErENtE mÉDicO marco Antônio Pedroni

GErENtE DE QUALiDADE Bianca Piasecki

GErENtE DE ENFErmAGEm Jhosy Gomes Lopes

GErENtE ADmiNistrAtivO Adriano carvalho

GErENtE FiNANcEirA Elaine costa

GErENtE cOmErciAL sabrina Yumi matumoto

Av. Pres. Affonso camargo, 1399, cristo rei, curitiba – Pr telefone: (41) 3087-7600

Email: [email protected]

Site: www.hospitalmarcelino.com.br

diRetORiA de MARketinG e COMUniCAçãOstephan Younes

cOOrDENAÇÃO EDitOriAL Eduardo correa

EDiÇÃO michelle thomé

PrOJEtO GrÁFicO Estúdio sem Dublê

EDiÇÃO DE ArtE E DiAGrAmAÇÃOO2 Design

iLUstrAÇÃO DE cAPA Daniel cabral

imAGENs shutterstock

COMentáRiOS, SUGeStõeS e CRítiCAS

[email protected]

Mais um fim de ano se aproxima e é hora de começarmos a repensar tudo o que foi

feito e planejarmos 2016. O primeiro item que deve entrar na lista é a preocupação com

a saúde. Aliás, essa deve ser uma prioridade ainda em 2015.

Depois de um ano cheio de desafios e atividades, é natural estarmos cansados e

estressados. Mas o que fazer para recuperarmos as energias? Estresse é justamente

o tema de Capa desta edição. Confira dicas de como desacelerar neste fim de ano e

encarar os próximos meses com mais tranquilidade.

Na editoria Em Dia, vamos falar sobre a alimentação hospitalar. Muita gente torce o nariz

quando o assunto é “comida de hospital”, mas vamos mostrar que uma alimentação

com restrições pode ser saborosa.

Em Por Dentro da Técnica, o assunto são as técnicas mais modernas utilizadas na

urologia. Nossos especialistas falam sobre intervenções seguras para os problemas mais

comuns, garantindo mais qualidade de vida para os homens.

No Perfil, conheça a trajetória do médico Alberto Accioly Veiga, decano da Escola de

Medicina da PUCPR e um nome de referência na área médica da capital. Em décadas de

experiência na profissão, acumulou muita experiência, sensibilidade e

histórias interessantes.

Desejo a todos um ótimo fim de ano e que 2016 seja melhor ainda.

Boa leitura!

José Octávio LemeDiretor geral do Hospital Marcelino Champagnat

Reta final de 2015

2 Revista HMC

Editorial

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10Capa

4Você sabia?

6em dia

O acúmulo de atividades nesta

época do ano é propício

ao estresse

16por dentro da técnica

20perfil

23Curtas

3Revista HMC

ÍndicE

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dEsigualdadE social x ExpEctativa dE vida

Os nova-iorquinos mais pobres vivem 11 anos a menos que os mais ricos. Esta é a conclusão de uma pesquisa sobre perfis sanitários feita pelo Departamento de Saúde de Nova York, nos Estados Unidos. Os objetivos desta pesquisa são chamar a atenção para a desigualdade

nos estilos de vida e seus impactos na saúde e o embasamento de ações públicas para a redução desta disparidade entre os cidadãos.

Entre os indicadores reunidos estão alguns tradicionais e outros incluídos pela primeira vez desde que esta pesquisa é feita (2003): ta-

bagismo, obesidade, diabetes e uso de drogas, qualidade de moradia, contaminação ambiental e meio ambiente do comércio.

Entre os perfis do Brooklyn (um dos cinco distritos de Nova York junto com Manhattan, Bronx, Queens e Staten Island), está o de Brownsville,

com uma população de maioria negra (76%) e uma das expectativas de vida mais baixas da cidade, de 74,1 anos, mais de 11 anos a menos

que o distrito financeiro de Manhattan (85,4 anos). "Os resultados sanitários ruins se reúnem em lugares em que vivem os negros e em que muitos residentes vivem na pobreza. Isso não se deve ao fato de

que os residentes de Brownsville morrem de doenças incomuns, mas sim porque morrem das mesmas doenças - em sua maioria problemas

de coração e câncer - mas em uma idade mais nova e em maiores porcentagens", constata a comissária de saúde, Mary Bassett.

abaixo aos sElfiEs E às curtidas

A modernidade tecnológica nos traz algo para pensar sobre a necessidade de docu-mentar a vida e o quanto isso impacta no desfrute do momento. Notícias publicadas mundo afora informam que os paus de selfie foram proibidos na Ópera de Sydney, no Coliseu de Roma e no Palácio de Versalhes. Na Rússia, fazer selfies pode levar à prisão e o governo alertou sobre o perigo de fazê-los no lugar errado – como na frente de trens em movimento, por exemplo – após registros de mortes.Em paralelo, pesquisas acadêmicas comportamentais estão constatando que quem faz muito selfie tende a ter personalidade narcisista, psicopática ou maquiavélica. Além de ter uma profunda necessidade de autogratificação, buscando a aprovação social via internet. Ou seja, quanto mais “curtidas”, mais feliz o internauta fica.Além disso, vários estudos psicológicos têm enfatizado o efeito maléfico no bem-estar pessoal quando se olha posts alheios que despertam a inveja. Sabe-se que na maioria da vezes selecionamos nosso melhor ângulo para a foto que será publicada e, segundo Ethan Kross, professor da Universidade de Michigan e um dos autores de uma destas pes-quisas comportamentais, "tendemos a selecionar a forma como aparecemos on-line e ver constantemente todas aquelas coisas positivas na vida dos outros não é necessariamente bom para o bem-estar emocional de uma pessoa".

no carro não podE mais

Muito países desenvolvidos estão adotando medidas para de-sestimular o tabagismo. Desde outubro, o governo da Inglaterra colocou em prática a legislação que pune com multa qualquer motorista ou ocupante que fume em um veículo em que há uma criança a bordo, incluindo vans e outros veículos de trabalho. A nova legislação define como criança qualquer menor de 18 anos e a multa padrão é de 50 libras esterlinas. A regra se aplica mesmo em exceções presumidas, como fumar no carro parado e com portas abertas, com o corpo debruçado sobre a janela, com o teto solar aberto ou, até mesmo, usando o ar-condicionado.O Conselho de Ministros da Itália está estudando a medida de proi-bição do cigarro nos carros com menores e com mulheres grávidas e pretende colocá-la em vigor até o Natal. Na França, regra parecida começou a vigorar em julho deste ano: passaram a ser multados motoristas que fumam em veículos com menores de 12 anos. Na Austrália a regra é a seguinte: fumar com um menor de 16 anos em um carro gera multa em vários estados desde 2007 e as penalidades chegam a 250 dólares australianos. O mesmo vale para boa parte das províncias do Canadá, sendo que na Nova Escócia a legislação pune até os que fumam em carros com menores de 19 anos.

4 Revista HMC

você sabia?

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prEvEnção dE psicosE

Uma metodologia, ainda experimental, poderá ser

útil no diagnóstico pre-coce de doenças como a esquizofrenia, ao colocar computadores para ana-lisar o grau de repetição e confusão do discurso.

Um time internacional de cientistas, com partici-

pação de um brasileiro, criou um algoritmo que consegue analisar a fala

de pacientes psiquiátricos e prever aqueles que irão desenvolver uma psicose. A identificação de

características que permitam a antecipação do surto é considerada bastante complicada pelos profissionais da área.

A pesquisa foi a seguinte: os cientistas entrevistaram, uma vez a cada três meses por um período de dois anos e meio, 34 jovens em situação de risco – algum sintoma mais leve de problema psiquiátrico. Eles transcreveram as entrevistas e analisaram o discurso dos pacientes levando em consideração critérios sintáticos, como a estrutura e o tamanho

das frases, bem como questões semânticas. Após o acompanhamento, cinco desses jovens desenvolveram uma psicose, termo amplo que engloba doenças como a esqui-

zofrenia e o transtorno bipolar. E o algoritmo conseguiu prever 100% dos casos.Para o neurocientista Sidarta Ribeiro, diretor do Instituto do Cérebro da Univer-

sidade Federal do Rio Grande do Norte e um dos autores do trabalho, a técnica, quando de sucesso comprovado, poderá fornecer as bases para criar um método

com critérios claros para prever os pacientes em risco.

anticoncEpcional masculino

Até agora, os únicos métodos anticon-cepcionais para homens são a vasec-

tomia e os preservativos. Estas opções podem ser ampliadas se o estudo de uma pílula anticoncepcional masculi-na por uma equipe de pesquisadores

japoneses tiver sucesso.O estudo dos cientistas baseia-se no

bloqueio de uma proteína denomina-da calcineurina, que exerce um papel

importante na fertilidade masculina. Masahito Ikawa, professor do Instituto de Pesquisa em Doenças Microbianas

da Universidade de Osaka, no Japão, e líder da equipe científica, pesquisa em ca-mundongos as variedades da proteína calcineurina expressadas nos genes PPP3CC

e PPP3R2, que só se encontraram em células de formação de esperma.Os pesquisadores conseguiram bloquear o PPP3CC nos camundongos machos

usando dois fármacos inibidores, e criaram uma mutação na proteína que fez com que os roedores se tornassem temporariamente estéreis, já que este esper-

ma era incapaz de fertilizar óvulos. A fertilidade dos ratos foi recuperada uma semana após terem encerrado o consumo dos fármacos.

Ikawa assinala que esta evolução específica da calcineurina também se encontra nos seres humanos, razão pela qual poderia ser utilizada como uma estratégia para

desenvolver anticoncepcionais reversíveis para homens. O estudo está em anda-mento e foi divulgado recentemente pela revista "Science".

alErta dE dEnguE com a chEgada do El niño

El Niño é o nome dado ao fenômeno que aquece as águas do Pacífico e que neste ano promete trazer ao continente brasileiro uma estação mais quente e chuvosa do que o habitual. A previsão dos meteorologistas é de que enfrentemos o El Niño mais forte das últimas duas décadas. O ano de 2015 está batendo o recorde no número de mortes causadas pela dengue no Brasil — 693 nos oito primeiros meses do ano — e a intensidade do El Niño traz evidências de que o próximo verão será propício para a multiplicação dos criadouros de Aedes aegypti, que se prolifera com o calor e a umidade. Por conta disso, especialistas e autorida-des sanitárias temem uma elevação dos casos de dengue, se não houver prevenção eficaz.A relação entre a dengue e o El Niño foi com-provada por uma pesquisa liderada pela Escola de Saúde Pública da Universidade de Pittsburgh, nos Estados Unidos, que compara os períodos de epidemias de dengue no sudeste asiático com a incidência do fenômeno climático. Os cientis-tas analisaram relatórios mensais de vigilância sanitária feitos durante 18 anos, com um total de 3,5 milhões de casos notificados no sudeste da Ásia. Segundo eles, a conclusão de que o El Niño ajuda a acelerar a transmissão da doença pode ser estendida a outras regiões tropicais e subtropicais do mundo.Pesquisas indicam que caixas d’água, galões e tonéis são os principais criadouros do Aedes ae-gypti, mas vasos de plantas, garrafas, pneus e lixo a céu aberto, entre outros, também são focos do mosquito — daí a importância da participação da população para identificar estes criadouros e eliminá-los.

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Comida de hospital Quem disse que tem que ser sem graça?

Dirce Cristina Ferreira é uma das experientes cozinheiras

responsáveis pela preparação das refeições

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Nem pense em sopinha aguada sem sal. Os pacientes do Hospi-tal Marcelino Champagnat têm cardápio gastronômico diário

elaborado por uma equipe de nutricionis-tas, preparado por cozinheiras experien-tes e supervisionado pelo premiado chef de cozinha Celso Freire. Esqueça também a imagem de porções de comida servidas em uma bandeja de plástico, pois as re-feições são servidas à la carte em pratos de louças especiais. O lema aqui é que o paciente tenha um momento de prazer ao fazer sua refeição.

“O cardápio leva em consideração as ba-ses de uma alimentação equilibrada e saudá-vel, utilizando temperos frescos e técnicas culinárias para atender tanto às necessidades dietoterápicas como a satisfação do cliente ao fazer uma refeição com prazer”, explica a nutricionista Tatiana Daneluz.

Comer bem durante a internação ajuda a reduzir o tempo da estada e minimiza ris-cos de complicações e taxa de mortalidade, segundo pesquisa em 25 hospitais brasilei-ros, feita em 2009 pela Sociedade Brasilei-ra de Nutrição Parenteral e Enteral.

A dona de casa Silvia Maria Sinhori, de 62 anos, esteve recentemente internada por uma semana no hospital fazendo um tratamento para polioneuropatia e neste período fez todas as refeições no quarto. “Eu gosto da comida do hospital, pricipal-mente do peixe”, elogia. Quando questio-nada se prefere a sua própria comida ou a do hospital ela dispara: “A minha é me-lhor, é claro! Coloco bem mais sal! (risos) Mas reconheço que a do hospital é bem menos gordurosa e mais saudável”.

São servidas cinco refeições por dia aos pacientes (café da manhã, almoço, lanche da tarde, jantar e ceia). Além destes horá-rios, caso haja alguma solicitação ou re-comendação clínica, a equipe da cozinha prepara o alimento e organiza a entrega na quarto.

Dirce Cristina Ferreira, a Cris, tem 46 anos, é cozinheira há 13 anos, sendo cinco cozinhando para pacientes em hospitais de Curitiba. “Fazemos comida leve e colo-camos temperos caseiros para dar aquele conforto ao paciente”, revela Cris, que já precisou ser internada em hospitais e não tem boa recordação da alimentação ser-vida. “Ter sido paciente me fez perceber como o sabor e a apresentação da comida são muito importantes”. Fã de alho, ela

conta que “com a dosagem certa, o alho dá um ‘tchan’ na comida”.

O hospital oferece um serviço alimentar chamado “catering to you” com a opção de escolha do cardápio das principais re-feições de acordo com as restrições die-téticas. Uma chef de cozinha está à dis-posição para explicar as opções do dia, facilitando a escolha do que mais atrai o paciente.

O pRATO pREDILETOPara fugir do estereótipo de que comida

de hospital é ruim, a equipe composta por nutricionistas, chef de cozinha, cozinhei-ras e auxiliares se envolve desde a escolha do cardápio até o desenvolvimento das técnicas culinárias que acrescentam aro-ma, sabor e apresentação às preparações. “Tive parentes internados que me disse-ram que cozinho melhor no hospital do que casa”, abre o jogo a cozinheira Cris.

E com tanto capricho assim, o que acon-tece se o paciente pede mais comida, além daquela servida? Tatiana explica que, em parceria com serviço de nutrição clínica, quando há uma solicitação assim, a de-manda nutricional é avaliada pela nutri-cionista clínica, que solicita as adequa-ções para as cozinheiras. “Dessa forma, o paciente é atendido respeitando o quadro clínico e as recomendações dietoterápicas pertinentes”, conta. E qual o prato que costumam pedir sem estar na dieta do dia? É a Cris quem revela: lasanha.

A paciente Silvia Maria Sinhori aprovou o cardápio

oferecido durante a semana que passou no hospital©

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Este é um exemplo de cardápio para o paciente que pode seguir a dieta livre:

Café da manhãcafé, leite, fruta , frios (queijo e presunto), cream cheese, margarina, geleia e pães (francês, leite e aveia)

ALmOçO

Salada – salada Caeser

Prato do chef – contrafilé provençal com molho de tomate

Acompanhamento – farofa primavera

Sugestão do dia – filé de peixe com crosta de castanha e ervas

Acompanhamento – misto de legumes grelhados

Sobremesa – creme de limão com suspiro ou fruta da estação

Lanche da tarde – café, leite, margarina, geleia, minissonho e torradas

JANTAREntrada – minestroneSugestão de massa – gnocchi do pizzaioloPrato do chef – polpeta aromáticaAcompanhamento – purê de batataSobremesa – bavaroise de abacaxi ou fruta da estaçãoCeia – biscoito amanteigado e chá de ervas

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estresseFinal do ano: um

e tanto!

Prazos no fim.Filhos em recuperação na escola.Quilos a perder.Mais contas para pagar.Presentes a escolher.Viagem a planejar.Trânsito parado.Festas a organizar.Relatórios a preencher.Malas a fazer.

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A lista de pendências e atividades parece maior nesta época do ano e a palavra estresse é comumen-te usada para definir excesso de

tarefas, ansiedade, pressão, aborrecimento, cansaço ou exaustão. O cardiologista André Bernardi afirma que a queixa de estresse é onipresente em seu consultório todo final de ano: “Percebo que há uma ansiedade gerada pela incerteza do novo ano que se aproxima em um momento em que o que se queria ter resolvido no ano vigente não foi concretiza-do. Sobrecarregando este estado de tensão, ainda vejo a influência de fatores como a competitividade, o perfeccionismo, o envol-vimento em múltiplas atividades, o estabele-cimento de metas impossíveis e o desejo de ser reconhecido e de progredir”.

Uma palavra multiuso como essa não é fácil de definir. Em termos gerais, o estresse pode ser conceituado como qualquer desa-fio que perturba mecanismos de homeostase naturais do corpo e este desafio pode vir na forma de um estressor físico ou um estressor psicológico. Portanto, não é difícil se sentir estressado. “Existe uma comunicação das vias cerebrais na modulação das respostas fi-siológicas de estresse, de excitação e de sono e isso afeta a memória e a aprendizagem, que são importantes para a nossa capacida-de de adaptação a situações estressantes”, explica Bernardi.

“Minha rotina com três filhos, marido, casa, comida, leva e traz, mais o traba-lho… já é estressante por si só. E como eu trabalho com eventos e em algumas épocas do ano as festas se acumulam, daí o estresse aumenta bastante. No-vembro e dezembro são os meses mais corridos! Além do trabalho ainda tenho os eventos sociais, familiares, escolares... é muita coisa. As festa que organizo acontecem praticamente nos finais de semana, então trabalho a semana toda atendendo clientes, indo atrás de fornecedores, deixando tudo pronto para finalizar no final de semana. Sendo assim, trabalho sem folga nessa época do ano”.

Juliana Ferraz, 37 anos, publicitária e party planner

Na minha área, boa parte do nosso resultado acontece no último quarter, o que gera uma pressão maior em vir-tude do término do ano. Então, o que mais estressa é ter que fazer as vendas a qualquer custo para que o número final seja alcançado. Isso acontece principalmente numa empresa que representamos, onde quem não bate sua meta tem chances reais de ser de-mitido em virtude da condição política funcional adotada. Mesmo assim, eu procuro não me deixar estressar e fazer o meu melhor dia após dia.

Marcio Trevisan, 44 anos, executivo de contas

“Chegando o final do ano o cansa-ço bate de um jeito que até tenho que voltar a usar óculos porque começo a ter dor de cabeça todos os dias. A impressão que dá é que todo mundo percebe que passou da metade do ano e decide resolver agora tudo o que enrolou o ano todo para fazer. Ou todo mundo terminou de pagar as contas da virada do ano e começa a sobrar dinheiro para fazer outras coisas. Aí tudo fica mais cheio e as pessoas mais cansadas e impa-cientes umas com as outras”.

Ana Paula Coura Horita Santos, 30 anos, fotógrafa

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Estes são alguns si-nais comuns em uma pessoa estressada:

• Preocupação física e mental• Mãos e dentes quase sempre apertados• Dificuldade de relaxamento, mesmo em

férias• Tensão facial• Insatisfação crônica com as realizações• Movimentos rápidos do corpo• Entonação emotiva e/ou explosiva duran-

te uma conversa habitual

“A cidade está nos enlouquecendo com excesso de luz, de movimento, de barulho, cerebralmente alterando nosso ritmo bioló-gico. Estar estressado é estar organicamente abalado por algum motivo, que pode ser ex-cesso de trabalho, por exemplo. Quem não consegue relaxar, fica no modo automático da rotina e não se programa para o lazer. Correr o tempo todo atrás da cenoura leva ao estresse”, alerta o psiquiatra Felipe Dufloth.

ExCESSO dE dEMANdASA advogada curitibana Luciana Calvo

Wolff, de 52 anos, identifica estar com “ir-ritabilidade à flor da pele e infinita ansieda-de para tentar terminar tarefas” nesta época do ano. Segundo ela, as exigências em sua área de atuação efetivamente aumentam por trabalhar predominantemente com direito de família. “As pessoas envolvidas nesses processos, sempre desgastantes e dolorosos, criam expectativas de terminar o ano livre dessas ‘tormentas’, entretanto e paradoxal-mente, é nessa época do ano que as deman-das ficam mais acirradas, principalmente nas disputas que envolvem pensão alimentícia - pagamentos de 13º salários, responsabili-dades pelas matrículas escolares, uniformes, ou visitas/férias das crianças, definições so-

“O final do ano é uma fase de

retrospectiva de ganhos e perdas e

um período de festa em que os entes

queridos falecidos são lembrados”

“Tenho dois adolecentes e vivo em função de levá-los ao colégio, inglês e academia. Minha filha está com 15 anos, vive em salão, ora fazendo unha ora maquiagem. Esta função de estar em vários lugares em uma tarde, em um transito caótico que é o de Curitiba, faz com que eu fique cansada. Minha filha faz aniversário em setembro. Assim que passa o aniversário, começo a fazer as compras de Natal e termino de comprar os presente em meados de novembro. Tudo pronto! Sei da correria das pessoas que acabam deixando isso para última hora, então eu me privo disso. A maior correria para mim continua sendo o leva e traz de filhos, almoço, mercado (que vou todo dia) e isso realmente é cansativo”.

Leslye Melo Ribeiro Bello, 49 anos, dona de casa

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bre Natal e Ano Novo, viagens, enfim, ques-tões que verdadeiramente têm potencial para ‘detonar’ guerras homéricas”, conta Luciana. Um fator externo que contribui para aumen-tar o estresse é o recesso de três semanas do judiciário paranaense: “Por essa razão, des-de outubro tudo passa a ser ‘para ontem’ e o período de trabalho, com ou sem horário de verão, só termina com as luzes da cidade acesas”, relata.

CONSEquêNCIASEstar atento aos sinais de estresse é im-

portante, segundo Dufloth, porque “o estres-se, além de tirar a capacidade do indivíduo de perceber o aqui e agora, pode causar de dor a doenças graves”. No caso da Luciana, o estresse causa dores: “Fico praticamente ‘sócia’ dos laboratórios que fabricam com-primidos para dor de cabeça e relaxantes musculares”, revela.

Uma pesquisa feita em 2008 em Londres avaliou mais de 10.000 funcionários públi-cos entre homens e mulheres entre 25 e 55 anos de idade e concluiu que houve um au-mento de 68% no risco de doença arterial coronariana entre as pessoas que citaram ter estresse crônico no trabalho em compa-ração com aqueles que relataram não sofrer de estresse.

A vida em estresse contínuo pode progre-dir para um quadro de depressão. “Muitos pacientes chegam ao consultório dizendo--se estressados e vemos que há tempos estão com cansaço, perda de energia, esgotamento de memória, falta de rendimento no traba-lho, irritação, ansiedade, alteração de sono, apatia ou agitação e deixaram de olhar com cuidado para estes sintomas”, exemplifica o psiquiatra. A autopercepção é importante para entender o porquê de cada um destes sintomas, pois o diagnóstico não é uma fór-mula pronta e as motivações de cada sensa-ção são as chaves para este entendimento.

O que me deixa mais estressado no final do ano é o planejamento de viagem de férias. Normalmente tudo está caríssimo e sobrefaturado e isso cria uma frustração que me estressa.

Felipe Ehlke Anastacio, 28 anos, engenheiro

“Como trabalho em escritório de con-tabilidade e a carteira de clientes com funcionários é muito grande, normal-mente fico mais estressada em outubro, pois já fico pensando na folha de pagamento, na primeira parcela do 13º salário, no adiantamento, nas férias co-letivas, enfim.... muita coisa se acumula para o fim do ano, sendo que temos que deixar tudo fechado em dezem-bro para também tirar as nossas férias coletivas. E mesmo assim voltamos com algumas coisas acumuladas em janeiro, pois os clientes que não tiram férias coletivas mandam funcionários embora bem quado estamos fora. É difícil achar algo neste tempo que alivie o estresse”.

Letícia Sibut Vieira, 36 anos, assistente de Recursos Humanos

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EM buSCA dA lEvEzABom, se você chegou até este parágrafo se

identificando com os sintomas, saiba que faz parte de um grande grupo de pessoas estres-sadas em algum nível – maior ou menor. E o que é indicado para um pode não servir para o outro, em termos de manejo do estresse. Porém, em termos gerais, os especialistas em saúde indicam o sincero comprometimento pessoal com cuidados orgânicos e psicológi-cos como o caminho para reequilíbrio bioló-gico e a mudança de hábito de vida. “Sim, todos temos muitos estímulos e atividades, mas é preciso também ter tempo para comer, para se cuidar, para simplesmente estar con-sigo mesmo ou com o outro. Isso é organiza-ção do corpo, da mente e do espírito”, sugere Dufloth.

Para desestressar, Luciana inclui a ati-vidade física no seu dia a dia. Ela vai para academia duas vezes por semana e faz pi-lates mais duas vezes. “Sou adepta da bike noturna e quando não chove aos finais de semana. E há pouco tempo fui apresentada - e me apaixonei - pelo SUP (stand up padlle), o que imagino que será, assim como a bike, outra prazerosa e eficiente válvula de escape a ser adotada nesse verão”. Um ingrediente fundamental para que a atividade física seja prazerosa, de acordo com a advogada, é a com-panhia de amigos. “Estar com pessoas muito queridas traz leveza”.

“estou habituada ao estresse nesta época do ano. Faz tempo que faço as compras de natal

depois das 23 horas do dia 23/12 e espero esse dia com tanto entusiasmo quanto quem espera a

chegada do papai noel!”

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“eu me cuido sempre fazendo check-ups e

praticando atividade física” CHECk-up COMplETO É fEITO EMSEIS HORAS

O empresário curitibano Daniel Russi Filho, de 63 anos, preocupa-se com a saúde e agenda anualmente seu check--up no Hospital Marcelino Champagnat – sempre no se-gundo semestre. “Tive alguns sinais de alerta no passado com relação à pressão e ao diabetes, então realizo o check--up e faço diagnósticos semestrais com meu cardiologista”, revela.

O check-up executivo oferecido pelo hospital às empre-sas possibilita a realização de todos os exames e avaliações em um único dia, sem precisar sair do hospital. Os exames laboratoriais e de imagem e as consultas com especialistas são realizados durante o período da manhã, com duração média de 6 horas. Além disso, o serviço inclui apartamento climatizado com frigobar e TV, gastronomia hospitalar dife-renciada e suporte de atendimento bilíngue.

Russi Filho nunca teve nenhuma doença que considerou grave e mantém uma alimentação saudável, além de fazer atividades físicas regularmente: “Tenho uma rotina de ca-minhar cinco vezes por semana em torno de oito quilôme-tros e depois fazer musculação por 20 minutos”.

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Cirurgia urológica por vídeo reduz tempodo paciente no hospital

por dEntro da tÉcnicaD

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A maioria dos pacientes do Hos-pital Marcelino Champagnat submetidos às cirurgias uro-lógicas apresenta quadro on-

cológico na próstata, no rim ou na bexi-ga. Para o cirurgião e urologista Anibal Wood Branco, os casos urológicos onco-lógicos diagnosticados têm sido mais fre-quentes nos últimos anos. Segundo ele, o aumento no registro deve-se ao aumento da conscientização sobre as doenças e à ampliação da expectativa de vida. “Como a população está vivendo mais e melhor, estas doenças es-tão sendo diagnosticadas em uma fase inicial, o que proporciona maior índice de cura e tra-tamentos com menor morbidade”, explica.

As cirurgias uroló-gicas mais realizadas no hospital são para retirada de tumores de próstata e de rim e todas são por videolaparoscopia. “Esta abordagem é a melhor por-que causa pouco sangramento, menor tempo de internação hospitalar, menos dor, retorno mais rápido às atividades e melhor efeito estético”, ressalta Branco. Além disso, para o médico há melhor vi-sualização das estruturas internas do cor-po, devido à utilização de alta tecnologia de imagem.

INTERNAçãO REduzIdAO especialista em Tecnologia da Informa-

ção, Carlos Alberto Vicari, de 39 anos, desco-briu um tumor no rim recentemente e acabou de fazer uma intervenção cirúrgica chama-da Nefractomia Parcial Laparoscópica. Em menos de duas horas de procedimentos ele estava fora do centro cirúrgico recuperando--se no quarto. “As técnicas minimamente in-vasivas que estamos utilizando são as mais avançadas no mundo e trazem melhor resul-tado para o paciente”, afirma o cirurgião.

A qualidade da imagem é uma das

vantagens da técnica videolaparoscópica.

Vicari ficou dois dias internado no hos-pital e depois passou por um período de repouso em casa com uso de medicação específica.

Segundo Branco, apesar de serem todas cirurgias de grande porte, a maioria abso-luta dos pacientes fica internada apenas 24 horas. “Este curto período no hospital é muito benéfica para o paciente e para sua família”, afirma o urologista. “Quando descobri que poderia operar, escolhi fazer

a cirurgia com a equipe do HMC por ter recebido várias boas indica-

ções de ser um hospital de referência”, conta Vicari.

pREvENçãOEm qualquer um

dos tipos de tumores – próstata, rim ou bexi-

ga – quanto mais rápido o diagnóstico, melhor.

“Usualmente, os problemas urológicos ou são descober-

tos durante um check-up ou são oligossintomáticos, quando há sintomas

urinários discretos. Portanto, assim que a pessoa sentir um desconforto ao urinar ou alguma dor aguda, deve investigar e procurar um especialista”, alerta Branco. No caso de Vicari, a descoberta do tumor foi durante a investigação de outro pro-blema. “Tive um quadro de cetoacido-se diabética e em uma das consultas me queixei de dores no estômago. Por isso, fiz vários exames e aí o tumor foi desco-berto e fui internado imediatamente. Per-cebo que foi importante olhar com mais atenção esta dor no estômago, pois possi-bilitou ver o tumor no rim”, conta Vicari. Ele levou um susto com o diagnóstico no rim: “Tenho cálculo renal há muito tem-po, fiz um exame há três anos e estava tudo bem nos rins. Agora, quando desco-bri o tumor, já estava do tamanho de um rabanete”, complementa.

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carlos alberto vicari recupera-se bem da cirurgia em curitiba

NOvEMbRO AzulO mês de novembro é o escolhido no calendário nacional para cam-

panhas de conscientização sobre o câncer de próstata, o segundo tipo de câncer mais frequente nos homens brasileiros, perdendo apenas para os tu-mores de pele. A próstata é uma glândula do aparelho reprodutor mas-culino, que pesa cerca de 20 gramas, de forma e tamanho semelhantes a uma castanha e está localizada abaixo da bexiga.

Os fatores de risco para o câncer de próstata são:• Idade (62% dos casos surgem a partir dos 65 anos)• Histórico familiar• Raça (maior incidência entre os negros)• Alimentação inadequada, à base de gordura animal e deficiente em frutas,

verduras, legumes e grãos• Sedentarismo• Obesidade

Na fase inicial, quando as chances de cura são de cerca de 90%, não há sintomas. Por isso, é importante fazer os exames regularmente para diagnóstico precoce. Na fase avan-çada, o paciente pode sentir vontade de urinar com urgência, dificuldade para urinar e levantar várias vezes à noite para ir ao banheiro, ter dor óssea, queda do estado geral, insuficiência renal ou dores fortes.

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CONHEçA MAIS vANTAgENS dA CIRuRgIA pOR vídEO

A videolaparoscopia é uma técnica de acesso à cavidade abdominal feita com mini-incisões. O cirurgião introduz uma microcâmera e pinças por portais (tro-cateres) colocados no corpo por meio de pequenas incisões ou punções. Algumas cirurgias são realizadas por uma única incisão no umbigo ou através de orifícios naturais do corpo. A primeira é chamada de Single Port, feita por um único corte, e a segunda é chamada de Notes (Natural Orifice Transluminal Endoscopic Surgery), sem corte ou cicatriz no abdome.

“A cirurgia laparoscópica vem sendo aprimorada constantemente nos últimos 20 anos com novos aparelhos, pinças e imagens 3D, resultando em um melhor cuidado com o paciente cirúrgico”, avalia o urologista Anibal Wood Branco.

As vantagens da laparoscopia sobre a cirurgia convencional são:• Redução no tempo cirúrgico• Menor dor no pós-operatório• Menor tempo de internação• Menor ocorrência de hematoma e hérnia na cicatriz• Menor dor no pós-operatório• Retorno mais rápido às atividades rotineiras• Menor índice de infecção de ferida cirúrgica• Menor índice de trauma da cirurgia e de aderências entre os órgãos

a cirurgia por videolaparoscopia é considerada minimamente

invasiva por precisar de pequenas incisões ou cortes

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Dr. Alberto Accioly Veiga Da pesquisa científica à gestão hospitalar: uma vida de conquistas

> O Que signifiCa ser reCOnheCidO COmO deCanO na PuCPr na área da mediCina?

Sou decano de fato, pois sou o mais velho! Creio que o mais velho em idade, com 83 anos, e em tempo de serviço perco apenas para um professor que entrou um pouco antes de mim na PUC. Em 27 de abril de 1989 fui convidado a ser decano, então estou nesta po-sição há 26 anos. Iniciei minhas atividades no Centro de Ciências Biológicas e da Saúde, que congregava os cursos de Medicina, Farmácia, Nutrição, Odontolo-gia, Biotecnologia... eram dez cursos. Nessa época o cargo era de diretor do Centro das Ciências Biológi-cas da Saúde e, anos mais tarde, o cargo foi alterado

para decano, mas com a mesma atividade. Passei 22 anos decano de todos estes cursos e, há quatro anos, fez-se uma divisão interna dos cursos e fui mantido decano somente da Escola de Medicina. Como decano incentivei a pesquisa, criando a disciplina de técni-ca operatória e cirurgia experimental, transformando completamente o Biotério, contratando professores de renome nas disciplinas básicas, criando o laborató-rio multiusuário de apoio às pesquisas dos cursos de pós-graduação. Com recursos iniciais do Governo do Estado, em 2000, desenvolvemos a pesquisa com cé-lulas tronco e hoje somos referência nessa área. Recen-temente, inaugurou-se o centro de simulação onde os

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Este artilheiro especialista em tiro de canhão mostra precisão também na lembrança de todos os fatos e datas importantes da sua vida. dr. Alberto Accioly veiga tem memória invejável. Com 60 anos de experiência em três universidades brasileiras - puCpR, ufpR e uSp - sua história como profissional da Medicina se mescla às histórias de desenvolvimento da área médica no país. prestes a se aposentar pela segunda vez, o decano, cardiologista, marido da Ruth, pai da daisy, do Alberto filho e do Marcelo, avô de cinco netos e bisavô da Olivia, conta alguns “causos” desta trajetória.

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alunos têm seu primeiro aprendizado utilizando bo-necos altamente sofisticados (que gemem e choram), antes de examinarem pacientes – um grande passo no sentido de humanização da nossa PUC.

> O Que reCOrda dO seu temPO de estudante de me-diCina em Curitiba?

Eu vim de Paranaguá para Curitiba com 15 anos para me preparar para o vestibular. Estudei no colégio San-ta Maria, que foi fundamental para melhorar meus estudos. Me formei na Universidade Federal do Pa-raná (UFPR) em dezembro de 1955, tenho quase 60 anos de formado. Naquela época, o curso de Medici-na da UFPR era o único na região e atraía estudantes do Brasil todo. Dos 180 estudantes do curso, somente 17 eram paranaenses. Era uma baita briga política no Diretório Acadêmico: paranaenses versus outros esta-dos. Queríamos um lugar ao sol, mas éramos minoria e perdíamos as eleições sempre! Nunca conseguimos ter um cargo no Diretório. As aulas práticas durante o curso eram na Santa Casa, no Sanatório de Tuber-culosos, no Portão, no Asilo Nossa Senhora da Luz e no Hospital de Leprosos. Nossa vida de estudante era agitada, pois íamos de um lado para outro da cidade de bonde para ter as aulas práticas.

> era um bOm alunO?Ainda aluno morei por um ano no Hospital São Lu-cas, atendia ocorrências da tarde e da noite, pois os médicos ficavam lá pela manhã. Este período foi de um aprendizado incrível, mas quase me custou a re-provação na faculdade. Eu preferia ficar trabalhando no hospital a ir para a aula. Fiquei em segunda época em três matérias naquele ano. Pense em um menino empolgado indo 6h30 da manhã para o centro cirúrgi-co com os profissionais... Era uma aventura!

> entãO COnte uma destas aventuras!Era domingo e o hospital tinha comprado uma am-bulância novinha. Só que a gente era o enfermeiro, o motorista e o médico da ambulância, três em um! Veio

um chamado da periferia da cidade para buscar uma mulher em trabalho de parto. Bom, liguei a sirene da ambulância e saí todo orgulhoso. Passei em frente à Catedral e chamei a atenção daquele povaréu que ali estava. Eu todo empolgado! Cheguei na casa dela, pedi que a mãe dela fosse junto e liguei a sirene de novo. E os vizinhos por ali vendo aquele movimento diferente. Ao chegar na Avenida João Gualberto, onde fica o Hos-pital São Lucas, tem um desnível até hoje na rua. Pois bem, passei correndo neste trecho, senti um balanço e ouvi o choro do bebê. Ele tinha nascido no tranco! Estacionei, chamei a parteira, que cortou o cordão um-bilical, arrumamos as coisas ali e rumamos de volta para a casa dela, com o bebê no colo. Então, a mulher saiu da ambulância com seu filho e fui saudado como “herói” ao chegar na casa. Apelidei aquela parte do desnível da João Gualberto de “rampa parteira”.

> e O Que marCOu na sua exPeriênCia COmO médiCO dO gOvernO federal?

Fui o primeiro estudante contratado em Curitiba para o Samdu, Serviço de Assistência Médica de Urgência, do Ministério do Trabalho. A sede era no Batel e os plantões eram de 24 horas. Ali tínhamos uma equipe formada por médico, enfermeiro, motorista e acadêmi-co de Medicina. Bom, recebíamos a ordem de atender qualquer tipo de ocorrência, onde quer que fosse. Po-dia ser uma gripe na Barreirinha ou algo mais grave na Serra do Mar, lá estávamos nós dentro da Kombi com a sirene ligada fazendo barulho. Era para mostrar serviço para a população, sabe? E eu com vergonha, com o braço para fora da Kombi, andando devagar em congestionamento e com a sirene ligada. Para fins políticos passávamos pela Rua XV de Novembro cha-mando atenção. O pessoal do Café Alvorada, vendo aquilo, perguntava: “para que esta pressa?”. Uma vez fui até a Serra do Mar assim: de Kombi até a estação de trem, depois um carro de linha, que era como se fos-se um vagão pequeno com motor, mais um tempo de caminhada no mato... Passei dois anos fazendo estes plantões como acadêmico na equipe do Samdu.

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> O Que deCidiu fazer dePOis Que se fOrmOu?

Ao terminar o curso, fui para a Escola de Medicina da USP em Ribeirão Preto, onde consegui uma bolsa de estudo por seis meses. Renovei por mais seis meses e depois fui admitido como professor assistente de Clí-nica Médica, onde fiquei por mais quatro anos. Guar-do lembranças maravilhosas da vida no campus em Ribeirão Preto, pois me preparei para ser pesquisador e clínico.

> O Que aCOnteCeu Para Que saísse de ribeirãO PretO Para retOrnar a Curitiba?

Fui para Ribeirão Preto noivo da Ruth. Depois de seis meses morando sozinho lá, casei com ela e fomos mo-rar na cidade. Era muito longe de Curitiba e leváva-mos dois dias de carro para fazer o trajeto pela Estra-da da Ribeira. No primeiro dia de viagem íamos até São Paulo, com 500 quilômetros de estrada de terra e muito pó, dormíamos e depois rumávamos para Ri-beirão Preto. Meu primeiro carro foi um alemão Adler 37, que comprei em 1956 da minha avó paterna. Era muito velho e dava muito trabalho, mas servia. Só que a Ruth ficava muito tempo longe da família, pois fazí-amos visita aos parentes em Curitiba uma vez por ano. Então, depois de cinco anos no interior de São Paulo, com a Ruth grávida de quatro meses do nosso terceiro filho, voltamos para Curitiba.

> e COmO fOi vOltar a trabalhar em Curitiba? O se-nhOr nasCeu aQui, nãO é?

Nasci em Curitiba, mas só nasci, pois com 40 dias minha mãe Nair voltou a Paranaguá, onde vivia. Nasci na casa da minha avó materna na esquina das ruas Saldanha Marinho com Dr. Muricy, que ainda está lá. Sou do tempo em que a parturiente passava 40 dias sem se mexer em casa e comendo somente galinha: caldo de galinha, canja de galinha, galinha ensopada... (risos) Quando retornei de Ribeirão Pre-to convenci alguns colegas a montar um hospital em Paranaguá. Estávamos planejando como fazer isso quando recebi o convite do Dr. Metry Bacila para ser pesquisador do Instituto de Bioquímica da UFPR. Daí desarticulei a ideia do hospital em Paranaguá e fiquei em Curitiba fazendo pesquisa. O Hospital de Clínicas (HC) começou a funcionar em março de 61 e me pediram para montar a parte de Bioquímica do Laboratório. Seis meses depois assumi a chefia do Laboratório e fiquei quatro anos ali. Dia 15 de março de 1961, a convite do Dr. Bacila, assumi uma disci-plina como professor assistente de Bioquímica da PUC. Também fui convidado a atender, a partir das 16h da tarde, em um consultório dentro do Hospital São Lucas. Era tudo ao mesmo tempo! Fiquei oito anos com este consultório e fiz a minha clientela ali. Eu era o clínico e o cardiologista do hospital. Em 1965 fui convidado para ser diretor técnico do HC, fi-

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quei ali por quatro anos. Após esse período consegui ir para onde eu queria: a Clínica Médica. Ensinei por cinco anos os alunos a examinarem os pacientes. Em setembro de 1973 fui convidado a ser o diretor geral do HC. Foram 11 anos nesse cargo, até setembro de 1984, quando fui aposentado.

> Quais fOram suas PrinCiPais realizações nO hOsPi-tal de ClíniCas?

Fizemos o primeiro transplante de rim no HC e o que considero o ponto alto foi o primeiro trans-plante de medula óssea do Hemisfério Sul feito pelo Dr. Eurípides Ferreira. Sempre soube que nunca teria todos os recursos que gostaria de dis-ponibilizar para as coisas que planejo, então sou obrigado a selecionar aquilo que pode dar reno-me para as instituições em que trabalho. Por isso concentrei as forças nos transplantes, na primeira UTI Pediátrica da região e na aquisição do eletro-miógrafo para estudo de doenças nervosas perifé-ricas. Também remodelei a UTI de adultos e a UTI móvel com equipamentos modernos e estrutura para os médicos.

> e COmO fOi O ingressO nO hOsPital Cajuru?Em 1986 o diretor superintendente me convidou para ser diretor clínico do Cajuru porque estava havendo um conflito entre a diretoria e o corpo clínico e ele achava que eu podia resolver o caso. Passei a fazer reuniões semanais na hora do almo-ço com os chefes de serviço. Um sanduíche e um refrigerante servidos em uma reunião uma vez por mês do corpo clínico com a direção do hospital. Num instante os conflitos despareceram. Fiquei três anos nesta atividade. Em abril de 1989 fui cha-mado para ser decano na PUC e estou aqui até hoje.

> Quais Os seu PlanOs a Partir de agOra?Em dezembro termino meu último mandato como decano. Isto está definido. Estou me co-locando à disposição da universidade como as-sessor e consultor. Escolhi um lugarzinho num laboratório aqui no prédio. Quero fazer mais pes-quisas e quem sabe posso ser ainda útil para a Escola de Medicina.

“Considero meu aprendizado no período em Ribeirão preto, destacado nesta carta do dr. zeferino vaz, como meu Mestrado e doutorado, algo incomum na época”, salienta o decano

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CursO de Cirurgia bariátriCa é OfereCidO a médiCOs estrangeirOs

Um grupo de sete médicos mexicanos esteve em outubro no HMC fa-zendo um curso de aperfeiçoamento em cirurgia da obesidade destina-do exclusivamente para eles e coordenado pelo cirurgião paranaense Caetano Marchesini.O México é considerado o país com maior número de obesos do mun-do. E o Brasil, segundo uma pesquisa divulgada na revista científica Lan-cet, recentemente aparece como o 5º no ranking mundial. Com isso, o número de cirurgias para redução de estômago está crescendo: são cerca de 70 mil cirurgias realizadas todos os anos no Brasil.

esPeCialistas e estudantes PartiCiPam dO i simPósiO de neurOlOgia

Médicos das áreas de neurocirurgia, clínica médica, neurologia, geriatria, emergência e estudantes de Medicina participaram em setembro do I Simpósio de Neurologia, que teve como tema “Emergências Neurológicas”.Referência em Neurologia em Curitiba, o HMC recebeu grandes nomes da especialidade em atividade. Os neurologistas do Hospital das Clínicas, Marcos Christiano Lange e Élcio Juliato Piovesan ministraram palestras sobre Acidente Vascular Cerebral (AVC) e Cefaléia na Emergência. Os es-pecialistas do HMC, Fernando Spina Tensini, Carlos Alberto Mattozzo, Ana Caroline Dariva Chula e Tallulah Spina Tensini também participaram do encontro trazendo atualizações em suas áreas de especialidade.

vOluntáriOs dO gruPO teraPia intensiva dO amOr trazem alegria aOs PaCientes

Palhaços, músicos, cantores e mágicos do grupo TIA – Terapia In-tensiva do Amor visitaram as unidades de internamento e quartos alterando a rotina do ambiente hospitalar em outubro. Foi a primei-ra vez que o hospital promoveu uma ação de voluntariado. “Eles vie-ram com muita alegria, amor, carinho, respeito e vontade de ameni-zar a dor do próximo, sendo voluntários preparados e dedicados ao simples gesto de transformar um momento de dificuldade em um grande gesto de amor”, contou a coordenadora de voluntariado do Grupo Marista, Nilza Brenny.

O diretor José Octavio leme recebeu para um jantar os médicos emergen-cistas e plantonistas do pronto Aten-dimento. O objetivo do encontro, além da confraternização, foi reforçar o atendimento do protocolo de dor torácica da instituição.Na foto, a gerente de enfermagem, Jhosy gomes lopes, o gerente médi-co, Marco Antonio pedroni, o diretor do Hospital Marcelino Champagnat, José Octavio, a coordenadora de En-fermagem de Cuidados Emergenciais, patrícia fuchs, e a coordenadora mé-dica do pronto Atendimento, Maria betania beppler.

curtas

médiCOs emergenCistas e PlantOnistas se reúnem COm diretOria

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