Revista InMatris Corde - Ano da Fé

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Crédito: Rosana Mottinha No coração da Mãe In Matris Corde A PROCURA DE DEUS... ... NO PERCURSO PARA CHEGAR À PORTA DA FÉRevista Institucional | 2012 | Paróquia Imaculado Coração de Maria | Curitiba - PR | Missionários Claretianos | www.paroquiacoracaodemaria.com.br

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Revista InMatris Corde

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20 anos do Catecismo da Igreja Católica

Pág. 6 a 8

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In Matris Corde | Paróquia Imaculado Coração de Maria 3

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Nossa Paróquia na

era digital Queremos caminhar em comu-nhão com a Igreja e vivenciar nossa fé como gesto de encontro com Je-sus Cristo vivo e presente em nossa história. A fé, por meio da qual nos unimos ao Salvador, é nossa ade-são ao seu plano de amor e à sua vontade salvífica. O Papa Bento XVI, no 50º aniversário do Concí-lio Vaticano II e no 20º aniversário da publicação do Catecismo da Igreja Católica, convida os fiéis à conversão por meio de uma séria e responsável reflexão sobre a fé. O Ano da Fé iniciará em 11 de outu-bro de 2012 e terminará em 24 de novembro de 2013 na Solenidade de Cristo Rei do Universo.

Teremos, portanto, um tempo especial para amadurecer as reali-dades de nossa fé e renovar nossos esforços no desejo de seguir Cristo com radicalidade. O Papa salienta que entrar pela Porta da Fé é aven-turar-se num caminho que dura por toda a vida: “Este caminho tem

início com o Batismo, pelo qual podemos dirigir-nos a Deus com o nome de Pai, e está concluído com a passagem através da morte para a vida eterna”.

Será um ano de estudos a respeito da fé. O Papa exorta as comunidades a despertarem e redescobrirem o verdadeiro valor da fé que nos leva ao coração do próprio Deus e da humanidade. Exorta a buscar no Catecismo da Igreja as respostas para as ques-tões mais emergentes que se apre-sentam na sociedade. Ele será um precioso instrumento a serviço da evangelização, sobretudo, no que diz respeito à formação dos cris-tãos. “Possa este Ano da Fé tornar cada vez mais firme a relação com Cristo Senhor, dado que só n’Ele temos a certeza para olhar o futuro e a garantia dum amor autêntico e duradouro”.

Dessa maneira, queremos que nossa comunidade paroquial se

envolva decididamente neste Ano da Fé e proclame por meio do tes-temunho e da Palavra que Jesus Cristo está presente no meio de nós. Que os fiéis aproveitem para fazer uma reciclagem de sua fé e tomem uma decisão coerente ca-minhando em direção d’Aquele que é a fonte da alegria. Que Ma-ria Santíssima nos guarde em seu coração, para saborearmos esse processo catequético com espírito aberto e generoso. E como bons cristãos, já está na hora de acordar-mos para Deus e para um tempo novo onde brilha a Verdade refle-tida pela Palavra Encarnada. Que o amor a Jesus Cristo e ao Reino de Deus seja nossa constante mo-tivação, a fim de vencermos as ten-tações cotidianas e proclamarmos nossa fé com convicção no amor a Deus e ao próximo.

Aproveitem este itinerário que a revista In Matris Corde oferece para tomar posse do mistério da sal-vação e se entregarem com mais disponibilidade à obra de Deus. Como dizia S. Tiago “a fé sem obras é morta”. Passemos pela porta da fé com entusiasmo e mística.

Aproveitem este itinerário que

a revista In Matris Corde oferece para

tomar posse do mistério da salvação

Por que escolhemos o Ano da Fé? Sua importância...

Carta A Porta da Fé, uma reflexão

Pág. 12 e 13

50 anos da abertura do Concílio Vaticano

Pág. 4 e 5

20 anos do Catecismo da Igreja Católica

Pág. 6 a 8

Adesão pessoal do homem a Deus

Pág. 9

A fé como memória e reconhecimento

Pág. 10 e 11

Principais eventos do “Ano da Fé”

Pág. 14

O papel especial de Maria no mistério da Salvação

Pág. 16 e 17

Fé: caminho de “restauração da unidade dos povos cristãos”

Pág. 15

Romarias: caminhos de fé

Pág. 18 e 19

direção:Pe. Nilton Cesar Boni, Cmf

rua prof. rosinha campos, 52,sala 02, abraão - FLORIANÓPOLIS/SC

FONE: 48 3365 [email protected]

JORNALISTA RESPONSÁVELKETLIN DA ROSA - SC02821 - [email protected]

diagramaçãoANDRÉ KINAL

tiragem: 3 mil

impressão: grá�ca Radial

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produção

Paróquia Imaculado Coração de Maria

Missionários Claretianos

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Pe. Nilton César Boni cmf

Page 4: Revista InMatris Corde - Ano da Fé

In Matris Corde | Paróquia Imaculado Coração de Maria4

porque ela é a primeira e necessária fonte onde os fiéis hão de beber o espírito genui-namente cristão (n. 14).

Constituição Pastoral Gaudium et Spes Sobre A Igreja No Mundo Atual

Ora, a vontade do Pai é que reconheçamos e amemos efetivamente em todos os homens a Cristo, por palavra e por obras, dando assim testemunho da verdade e comunicando aos outros o mistério do amor do Pai celeste (n. 93).

Declaração Nostra Aetate Sobre a Igreja a as religiões não cristãs 

Sendo assim tão grande o patrimônio es-piritual comum aos cristãos e aos judeus, este sagrado Concílio quer fomentar e recomendar entre eles o mútuo conhecimento e estima, os quais se alcançarão sobretudo por meio dos estudos bíblicos e teológicos e com os diálo-gos fraternos (n. 4).

Declaração Dignitatis Humanae sobre a liberdade religiosa

Finalmente, a autoridade civil deve tomar providências para que a igualdade jurídica dos cidadãos - a qual também pertence ao bem comum da sociedade nunca seja lesada, clara ou larvadamente, por motivos religiosos, nem entre eles se faça qualquer discriminação (n. 6).

Decreto Ad Gentes sobre a atividade mis-sionária  da Igreja

A razão desta atividade missionária vem da vontade de Deus, que «quer que todos os homens sejam salvos e cheguem ao ple-

são como que o primeiro seminário, quer as paróquias, de cuja vida fecunda participam os mesmos adolescentes.

Decreto Perfectae Caritatis sobre a conveniente renovação da Vida Religiosa

Os Superiores, porém, como quem deverá dar contas das almas que lhes foram confiadas, dóceis à vontade de Deus no cumprimento do seu cargo, exerçam a autoridade em espírito de serviço a favor de seus irmãos, de tal manei-ra que sejam a expressão da caridade com que Deus os ama (n. 14).

Decreto Christus Dominus sobre o múnus pastoral dos bispos na Igreja

A ordem dos Bispos, porém, que sucede ao colégio dos Apóstolos no magistério e no governo pastoral, e, mais ainda, na qual o corpo apostólico se continua perpetua-mente, é também, juntamente com o Ro-mano Pontífice, sua cabeça, e nunca sem a cabeça, sujeito do supremo e pleno poder

No dia 11 de outubro de 1962 inaugurava-se o Concílio Ecumênico Vaticano II, o maior even-to da Igreja no século XX. É necessário conhecer a Igreja na época anterior ao Concílio para per-ceber a mudança que representou em todos os aspectos a celebração do Concílio e as reformas que ele encaminhou. Foram emanados 16 docu-mentos de diferentes tipos e assuntos, todos eles de grande importância.

A seguir você confere um pequeno trecho de cada documento, como uma sugestão e incenti-vo para ler o documento por completo.

Constituição Dogmática Dei Verbum sobre a Divina Revelação

Deus invisível, na riqueza do seu amor fala aos homens como amigos e convive com eles, para os convidar e admitir à comunhão com Ele. (n. 2)

Constituição Dogmática Lumen Gentium Sobre A Igreja

Cristo foi enviado pelo Pai “a evangelizar os pobres... a sarar os contritos de coração” (Lc. 4,18), “a procurar e salvar o que perecera” (Lc. 19,10). De igual modo, a Igreja abraça com amor todos os afligidos pela enfermidade hu-mana; mais ainda, reconhece nos pobres e nos que sofrem a imagem do seu fundador pobre e sofredor, procura aliviar as suas necessida-des, e intenta servir neles a Cristo (n. 8).

Constituição Conciliar Sacrosanctum Concilium Sobre a Sagrada Liturgia

Na reforma e incremento da sagrada Li-turgia, deve dar-se a maior atenção a esta plena e ativa participação de todo o povo

no conhecimento da verdade. Ora há um só Deus, e um só que é mediador de Deus e dos homens, o homem Cristo Jesus, que se deu a si mesmo como preço de resgate por todos» (1Tm 2, 4-6), «e não há salvação em nenhum outro» (At 4,12) (n. 7).

Decreto Presbyterorum Ordinis sobre o ministério e a vida dos sacerdotes

 Lembrem-se, pois, os presbíteros que no exercício da sua missão nunca estão sós, mas apoiados na força omnipotente de Deus: e assim, com fé em Cristo que os chamou a participar do Seu sacerdócio, deem se com toda a confiança ao seu ministério, sabendo que Deus é poderoso para aumentar neles a caridade (n. 22).

Decreto Apostolicam Actuositatem sobre o apostolado dos leigos

Assim, existem na Igreja muitas iniciativas apostólicas nascidas da livre escolha dos leigos e dirigidas com o seu prudente critério. Em de-terminadas circunstâncias, a missão da Igreja pode realizar-se melhor por meio de tais inicia-tivas, e daí o serem com frequência louvadas e recomendadas pela Hierarquia (n. 24).

Decreto Optatam Totius sobre a formação sacerdotal

  O dever de fomentar as vocações per-tence a toda a comunidade cristã, que as deve promover sobretudo mediante uma vida plenamente cristã; mormente para isso concorrem quer as famílias, que animadas pelo espírito de fé, de caridade e piedade,

50 anosDiversos documentos eclesiais deram base para um novo tempo

Pe. Jaime Sánchez Bosch cmf

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In Matris Corde | Paróquia Imaculado Coração de Maria 5

são como que o primeiro seminário, quer as paróquias, de cuja vida fecunda participam os mesmos adolescentes.

Decreto Perfectae Caritatis sobre a conveniente renovação da Vida Religiosa

Os Superiores, porém, como quem deverá dar contas das almas que lhes foram confiadas, dóceis à vontade de Deus no cumprimento do seu cargo, exerçam a autoridade em espírito de serviço a favor de seus irmãos, de tal manei-ra que sejam a expressão da caridade com que Deus os ama (n. 14).

Decreto Christus Dominus sobre o múnus pastoral dos bispos na Igreja

A ordem dos Bispos, porém, que sucede ao colégio dos Apóstolos no magistério e no governo pastoral, e, mais ainda, na qual o corpo apostólico se continua perpetua-mente, é também, juntamente com o Ro-mano Pontífice, sua cabeça, e nunca sem a cabeça, sujeito do supremo e pleno poder

sobre toda a Igreja (n. 4, citando LG 22).

Decreto Unitatis Redintegratio sobre o Ecumenismo

Por outro lado, é mister que os católicos reconheçam com alegria e estimem os bens verdadeiramente cristãos, oriundos de um patrimônio comum, que se encontram nos irmãos de nós separados. É digno e salutar reconhecer as riquezas de Cristo e as obras de virtude na vida de outros que dão tes-temunho de Cristo, às vezes até à efusão do sangue (n. 4).

Decreto Inter Mirifica sobre os Meios de Comunicação Social

Os destinatários, sobretudo os jovens, procurem acostumar-se a ser moderados e disciplinados no uso destes meios; ponham, além disso, empenho em entenderem bem o que ouvem, leem e veem; dialoguem com educadores e peritos na matéria e aprendam a formar um reto juízo (n. 10).

no conhecimento da verdade. Ora há um só Deus, e um só que é mediador de Deus e dos homens, o homem Cristo Jesus, que se deu a si mesmo como preço de resgate por todos» (1Tm 2, 4-6), «e não há salvação em nenhum outro» (At 4,12) (n. 7).

Decreto Presbyterorum Ordinis sobre o ministério e a vida dos sacerdotes

 Lembrem-se, pois, os presbíteros que no exercício da sua missão nunca estão sós, mas apoiados na força omnipotente de Deus: e assim, com fé em Cristo que os chamou a participar do Seu sacerdócio, deem se com toda a confiança ao seu ministério, sabendo que Deus é poderoso para aumentar neles a caridade (n. 22).

Decreto Apostolicam Actuositatem sobre o apostolado dos leigos

Assim, existem na Igreja muitas iniciativas apostólicas nascidas da livre escolha dos leigos e dirigidas com o seu prudente critério. Em de-terminadas circunstâncias, a missão da Igreja pode realizar-se melhor por meio de tais inicia-tivas, e daí o serem com frequência louvadas e recomendadas pela Hierarquia (n. 24).

Decreto Optatam Totius sobre a formação sacerdotal

  O dever de fomentar as vocações per-tence a toda a comunidade cristã, que as deve promover sobretudo mediante uma vida plenamente cristã; mormente para isso concorrem quer as famílias, que animadas pelo espírito de fé, de caridade e piedade,

- - - – Pág. 9

- - - – Pág. 16 e 17- – Pág. 18 e 19

- Os pecados contra a fé – Pág. 20- O Sacramento da Penitência como fortalecimento da fé – Pág. 21

- Fé e Razão: antagonismo aparente – Pág. 22 e 23- Aos jovens é tempo de um novo ardor – Pág. 24 e 25

- Família: primeiro lugar para transmissão da fé – Pág. 26 e 27- Santos, modelos de fé – Pág. 28 e 29

- Dicas para viver a fé – Pág. 30 e 3150 anosDiversos documentos eclesiais deram base para um novo tempo

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20 anos do Catecismo da Igreja

Algumas pistas para a leitura deste importante Documento da fé católicaPe. Alceu Luiz Orso cmf

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In Matris Corde | Paróquia Imaculado Coração de Maria 7

Catecismo da Igreja Católica foi promulgado pelo Papa João Paulo II no dia 08 de dezembro de 1992. Portanto, neste ano de 2012 cele-bramos 20 anos de sua promulgação. A primeira edição em portu-guês, no Brasil, foi lançada no dia 04 de outubro de 1993.

Tudo começou em 1986, após o término do Sínodo Extraordinário de 1985, que teve como tema: “para avaliar o pós-Concílio”, quando

este solicitou ao Papa um catecismo para toda a Igreja Católica da dou-trina e da moral. O Papa João Paulo II nomeou uma comissão de Cardeais

para assumir a tarefa de redigir esta obra. Esta comissão foi presidida pelo Carde-al Josef Ratzinger (atual Papa Bento XVI). Foram seis (06) anos de trabalho.

Este trabalho ficou pronto no dia 30 de abril de 1992. O Papa João Paulo II deu-lhe a aprovação no dia 25 de junho do mesmo ano, mas determinou que só fosse publicado em 08 de dezembro do mesmo ano. Escolheu duas datas comemorativas do Concílio Vaticano II (1962 – 1965) para simbolicamente ligar, unir este catecismo com o Concílio. A primeira data, o ano do início do Concílio 1962, para que fosse publicado o catecismo em 1992, portanto 30 anos depois. A segunda data é o dia 08 de dezembro de 1965, dia e mês do encerramento do Concílio Vaticano II, para que também fosse publicado o Catecismo da Igreja Católica, dia 08 de dezembro.

20 anos do Catecismo da IgrejaMissa, memória, eucaristia e reconciliaçãoO

Algumas pistas para a leitura deste importante Documento da fé católica

A fim de Atingir o público jovem, há pouco mAis de um Ano foi lAn-çAdo o YoucAt, um cAtecismo com linguAgem e projeto gráfico dife-renciAdo, pensAdo exclusivAmente pArA este público

O Catecismo da Igreja Católica está es-truturado em quatro (04) grandes partes:

Parte I: A profissão da fé

O Catecismo começa explicando os doze (12) Artigos do Credo. Assim,

situa antropologicamente o Ato de Fé (“Eu Creio”, “Nós Cremos”). Desta forma, explicita que o “Homem e a Mulher são capazes de Deus” e que “Deus vem ao encontro dessa capacidade deles e “eles dão sua resposta pessoal e comunitária a Deus”. Deste modo, o Catecismo apresenta em que consiste a Revelação, através da qual Deus se dirige e se doa ao homem, bem como a fé, pela qual o homem e a mulher respondem a Deus.

Segunda parte: A celebração do mistério cristão

Nesta segunda parte, o Catecismo come-ça enfocando o Mistério Pascal da Liturgia e dos Sacramentos. Apresenta-o como a sal-vação de Deus realizada uma vez por todas, através de Jesus Cristo e pelo Espírito Santo, que se torna presente nas ações sagradas da liturgia da Igreja, e aqui desenvolve de forma particular cada um dos sete sacra-mentos.

Terceira parte: A vida em CristoA terceira parte do Catecismo começa

apresentando um belo tratado sobre “A vo-cação do Homem e da Mulher, que é a Vida no Espírito”. Portanto, apresenta o fim últi-mo do homem e da mulher, criados à “ima-gem e semelhança” de Deus: a bem-aven-turança e os caminhos para chegar a esta vida no Espírito, através: de um agir reto e livre, de um agir que realiza o mandamento da caridade, desdobrado na compreensão e na vivência dos dez Mandamento da Lei de Deus.

Quarta parte: A oração CristãÉ a última parte do Catecismo. Trata do

sentido e da importância da oração na vida dos crentes. Nesta parte, encontramos um verdadeiro tratado sobre a Oração: “A Reve-lação da Oração”, “A Tradição da Oração”, “A vida de Oração”. Enfim, apresenta um breve comentário sobre os sete pedidos da ora-ção do Pai Nosso. Nestes sete pedidos en-contramos o conjunto dos bens que deve-mos esperar e que Deus, o Pai celeste, quer conceder a cada um de nós.

Estrutura do Catecismo

Pe. Alceu Luiz Orso cmf

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1) As duas primeiras partes do Catecismo (A primeira parte: A profissão da fé: “Eu creio”,

“nós cremos” e a segunda parte “A celebração do mistério cristão”: os sacramentos) significam que Deus se comunica e se dá a conhecer ao homem e à mulher para salva-los.

2) Na primeira parte do Catecismo: “Profissão da fé”, (fé professada), Deus se revela atra-

vés da Natureza, através do coração do homem e da mulher e através da Sagrada Escritura. Esta revelação é condensada na oração do credo (creio).

3) Há no Catecismo uma segunda maneira de Deus se comunicar conosco. É através

da celebração do mistério cristão (a fé celebra-da), que é a liturgia e os sacramentos.

4) A parte terceira e a quarta do Catecismo apresentam a resposta que o homem e a

mulher devem dar a Deus. Como esta resposta

Pistas para uma compreensão do CatecismoVou procurar apresentar algumas chaves de leitura do Catecismo da Igreja Católica, enume-rando-as para fins pedagógicos:

deve ser dada? Pela vida em Cristo (a fé vivida), pela moral (o modo de viver) e pela oração cristã (a fé orada), através do diálogo, da con-versa pessoal e comunitária com Deus.

5) Uma das chaves para uma compreensão total do catecismo é lê-lo na ótica bíblica

e litúrgica. Assim nos oferece ao mesmo tem-po uma doutrina sã e adaptada à vida atual dos cristãos.

6) Este Catecismo oferece subsídios, orien-tações para as crianças e os adolescentes

que se preparam para receber os sacramentos da Eucaristia e da Confirmação, bem como também é útil para os fiéis que quiserem ter em mãos um resumo acessível de toda a vasta e profunda doutrina da Igreja Católica.

7) Servirá também como roteiro para cursos, palestras e encontros de jo-

vens e adultos.

8) Vem atender à contingência histórica, isto é, dar resposta adequada e segura de uma

fé vivida e coerente diante de inúmeras incerte-zas de opiniões conflitantes no campo da Moral, tais como, a oportunidade do divórcio, a licitu-de do aborto, da eutanásia, a possibilidade de experiências sexuais pré e extramatrimoniais, e tantos outros.

9) Este Catecismo vem dar resposta segura e adequada na cultura de hoje. Surgem no-

vos e desafiadores problemas, exemplificando: a justiça social, a relações financeiras internacio-nais, os avanços da biologia com a engenharia genética e outras conquistas científicas, como no campo da medicina, sobretudo as novas ci-rurgias.

10) O Papa João Paulo II, na Constituição Apostólica “Fidei Depositum” (guardar

o depósito da fé) enumera vários objetivos do Catecismo, tais como: a) Este Catecismo é dado aos Pastores da Igreja para que o usem assidua-mente ao cumprirem a sua missão de anunciar a fé e de apelar para vida evangélica e a fim de que sirva como texto de referência, seguro e au-tentico, para o ensino da doutrina católica, e de modo muito particular, para a elaboração dos catecismos locais. b) É oferecido a todos os fiéis que desejam aprofundar o conhecimento das riquezas da salvação. c) Pretende dar um apoio aos esforços ecumênicos animados pelo desejo de unidade de todos os cristãos, mostrando com exatidão o conteúdo e a harmoniosa coerência da fé católica. d) É oferecido a todo o homem que nos pergunta a razão de nossa esperança e queira conhecer aquilo em que a Igreja católica crê. Para concluir devo dizer que este Catecismo é para: os Bispos, elaboradores de catecismos, para todos os fiéis, para os cristãos não católicos, e todos os que se interessam pela Igreja.

É preciso ver para crer?!

Adesão pessoal do homem a DeusPe. Luis Erlin Gomes Gordo cmf

Page 9: Revista InMatris Corde - Ano da Fé

In Matris Corde | Paróquia Imaculado Coração de Maria 9

8) Vem atender à contingência histórica, isto é, dar resposta adequada e segura de uma

fé vivida e coerente diante de inúmeras incerte-zas de opiniões conflitantes no campo da Moral, tais como, a oportunidade do divórcio, a licitu-de do aborto, da eutanásia, a possibilidade de experiências sexuais pré e extramatrimoniais, e tantos outros.

9) Este Catecismo vem dar resposta segura e adequada na cultura de hoje. Surgem no-

vos e desafiadores problemas, exemplificando: a justiça social, a relações financeiras internacio-nais, os avanços da biologia com a engenharia genética e outras conquistas científicas, como no campo da medicina, sobretudo as novas ci-rurgias.

10) O Papa João Paulo II, na Constituição Apostólica “Fidei Depositum” (guardar

o depósito da fé) enumera vários objetivos do Catecismo, tais como: a) Este Catecismo é dado aos Pastores da Igreja para que o usem assidua-mente ao cumprirem a sua missão de anunciar a fé e de apelar para vida evangélica e a fim de que sirva como texto de referência, seguro e au-tentico, para o ensino da doutrina católica, e de modo muito particular, para a elaboração dos catecismos locais. b) É oferecido a todos os fiéis que desejam aprofundar o conhecimento das riquezas da salvação. c) Pretende dar um apoio aos esforços ecumênicos animados pelo desejo de unidade de todos os cristãos, mostrando com exatidão o conteúdo e a harmoniosa coerência da fé católica. d) É oferecido a todo o homem que nos pergunta a razão de nossa esperança e queira conhecer aquilo em que a Igreja católica crê. Para concluir devo dizer que este Catecismo é para: os Bispos, elaboradores de catecismos, para todos os fiéis, para os cristãos não católicos, e todos os que se interessam pela Igreja.

Crer é uma atitude que exige adesão. Nunca poderemos afirmar que chegamos

num amadurecimento completo da fé, pois a alma pulsa de desejo por Deus. Nosso espírito lateja pela necessidade do Altíssimo. Quanto mais temos fé, mais fé desejaremos ter.

Quanto mais progredimos na vida espiritual, maior será nossa entrega a Deus. Há momentos em que sentimos dúvidas, porém questionar-se, não é sinônimo de fraqueza na fé, mas desejo concreto de crer integramente, sem vacilar.

Se não questionamos, corremos o risco de viver de forma infantil nossa espiritualidade. Tomé, um dos apóstolos, não estando pre-sente no momento em que Jesus apareceu

É preciso ver para crer?!

aos discípulos, duvida da palavra de seus companheiros. A atitude de Tomé até hoje é interpretada por muitos como algo negativo, pois ele não creu. Em determinadas situa-ções da vida, costumamos até dizer: - Eu sou como Tomé, preciso ver para crer.

Muitas vezes, nós somos introduzidos na fé, por influência de alguém por testemunho de algum parente ou amigo, ou simplesmente aprendemos a ter fé devido à devoção de nos-sos pais. Porém, chega uma hora em que o tes-temunho do outro é insuficiente para satisfazer nossas inquietações. Assim, é preciso fazer a pró-pria experiência, andar com as próprias pernas.

Os amigos da samaritana, depois de ouvi-la,

desejaram conhecer Jesus. Ao fazerem a ex-periência do encontro com ele, afirmam: Já não é por causa da tua declaração que cre-mos, mas nós mesmos ouvimos e sabemos ser este verdadeiramente o Salvador do mundo. (João 4,42)

Tomé não é o símbolo da falta de fé. Ele as-pira tocar o Senhor com as próprias mãos. Sua adesão não é fraca; ele é um homem que quer crer com convicção por ter se encontrado pes-soalmente com o Ressuscitado. Ele quer crer como adulto.

Nós jamais poderemos crer pelo outro. Mesmo tendo reta intenção, nunca pode-remos impor nossa fé ao outro, mesmo que sejam nossos filhos. Crer é dom pessoal, po-demos incentivar, testemunhar, mas nunca obrigar o próximo a acreditar com a mesma intensidade com que nós acreditamos.

Não se alcança a fé através de sentimen-talismos baratos, lavagem cerebral... É pre-ciso ouvir pessoalmente o Senhor dizendo: Introduz aqui (em minha chaga) o teu dedo. Põe tua mão no meu lado. Não sejas incré-dulo, mas homem de fé. (João 20,27)

Assim, poderemos cair de joelhos e professar: Meu Senhor e meu Deus! (João 20,28). Depois desse encontro, pode cair a pior tempestade, mas a casa não cairá, pois estará firmada sobre alicerce.

Adesão pessoal do homem a DeusPe. Luis Erlin Gomes Gordo cmf

Page 10: Revista InMatris Corde - Ano da Fé

In Matris Corde | Paróquia Imaculado Coração de Maria10

Para entender a figura de Maria no mistério da salvação é preciso an-tes de tudo recordar alguns aspec-tos da própria história que levam a essa mulher tão especial. Desde o

início, a história de Israel é marcada por lutas e contradições, por um sentimento de amor e fidelidade a Deus, por guerras e escravidão, por libertação e exílio. Deus enviou muitos homens e mulheres para falar ao povo e reve-lar sua vontade, para fazê-los voltar ao verda-deiro Deus uma vez que, no caminho, haviam perdido o rumo.

A história da salvação é uma história do amor de Deus por seus filhos, um amor sem limites que vai até as últimas consequências. Deus nunca se cansou de seu povo e sempre fez de tudo para que seus filhos não se per-dessem. Um amor tão grande fez com que escolhesse uma jovem simples, anônima e humilde para ser a mãe de seu Filho unigêni-to. Nossa história da salvação tem seu início e cume em Jesus Cristo. Mas Jesus não nas-ceu num passe de mágica, ele se encarnou na história da humanidade por meio de uma mulher, filha de um povo, crente, judia, obser-vante da lei de Moisés.

Certamente a cena da visita do anjo a Maria nos faz entrar na realidade de alguém que se

Algumas pistas para a leitura deste importante Documento da fé católicaPe. Alceu Luiz Orso

Maria e o mistério da salvação

Pe. Nilton Cesar Boni cmf

As atitudes de Nossa Senhora são exemplos de abandono e fé para todos

vê envolvida por uma graça especial. Dar um sim ao desconhecido é mergulhar numa total confiança em Deus. Essa é, por excelência, a vocação de Maria: dizer sim a Deus e unir-se a Ele por meio de sua maternidade divina. Maria dá seu consentimento ao Senhor e realiza o maior matrimônio da história: o divino com o humano. Sem dúvida, foi um sim cheio de incertezas, como ela mesma afirma “como vai acontecer isto se não conheço homem algum?” (Lc 1,34). Porém, um sim libertador e encantador que passa por cima de uma cultura com suas crenças e encontra abrigo no coração de um homem justo que simples-mente acreditou. Maria descobre que seu ser está consagrado a Deus e do seu ventre virá a “luz para as nações”, Aquele que os profetas anunciaram e que todo o povo espera ansio-samente.

A Missão

Ser a Mãe do Filho de Deus é para ela uma grande responsabilidade, que lhe fere a alma com as piores dores de quem presencia nos so-frimentos do Filho a miséria humana. A Encarna-ção muda totalmente o rumo da vida de Maria

e a faz participante da beleza da criação. A Nova Eva pura e imaculada, que por meio do seu sim esmagou a cabeça da serpente une-se à Paixão do Filho por amor à humanidade. Maria cami-nhou sempre com Cristo e se mostrou solícita em todos os acontecimentos. Mesmo na gravi-

dez deixou seus afazeres em Nazaré e foi pronta-mente socorrer Izabel. Esse gesto de entrega revela o despojamento e a atenção a quem mais precisa. Nisto consiste sua missão mater-na. Maria por meio de seu sim conduz a humanidade

a Deus e nos faz participantes do mistério da re-denção. A mulher humilde torna-se a fiel inter-cessora de seu povo e devolve a alegria numa festa fadada a terminar por falta de vinho.

Maria na história da salvação é a mulher atenta e preocupada com o bem estar de to-dos. Mesmo sem saber deixa-se guiar pelo co-ração e chega até o Filho levando os dramas do homem. Quer que todos sintam a alegria que ela mesma sentiu ao dar a luz ao Salvador. A fé de Maria foi sendo aos poucos purificada à me-dida que ela se aventurou nos braços de Deus e deixou a confiança moldar seus desejos.

É por isso, que a Igreja reconhece em Ma-

Doce Coração de Maria

seja sempre nossa materna companhia!

Page 11: Revista InMatris Corde - Ano da Fé

In Matris Corde | Paróquia Imaculado Coração de Maria 11

Maria e o mistério da salvação

As atitudes de Nossa Senhora são exemplos de abandono e fé para todos

e a faz participante da beleza da criação. A Nova Eva pura e imaculada, que por meio do seu sim esmagou a cabeça da serpente une-se à Paixão do Filho por amor à humanidade. Maria cami-nhou sempre com Cristo e se mostrou solícita em todos os acontecimentos. Mesmo na gravi-

dez deixou seus afazeres em Nazaré e foi pronta-mente socorrer Izabel. Esse gesto de entrega revela o despojamento e a atenção a quem mais precisa. Nisto consiste sua missão mater-na. Maria por meio de seu sim conduz a humanidade

a Deus e nos faz participantes do mistério da re-denção. A mulher humilde torna-se a fiel inter-cessora de seu povo e devolve a alegria numa festa fadada a terminar por falta de vinho.

Maria na história da salvação é a mulher atenta e preocupada com o bem estar de to-dos. Mesmo sem saber deixa-se guiar pelo co-ração e chega até o Filho levando os dramas do homem. Quer que todos sintam a alegria que ela mesma sentiu ao dar a luz ao Salvador. A fé de Maria foi sendo aos poucos purificada à me-dida que ela se aventurou nos braços de Deus e deixou a confiança moldar seus desejos.

É por isso, que a Igreja reconhece em Ma-

ria a santidade e a materna proteção. Sem ela nossa história não se completaria. É na fé de Maria em relação ao Filho que a Igreja se molda e busca sempre novos caminhos, novas alternativas para levar o Evangelho a todos os povos. Maria é a mulher que apon-ta para o Cristo Ressuscitado. Ela mesma fez todo o percurso de alguém que está seden-to por Deus e quer mudar os rumos de sua vida. Não teve medo, simplesmente confiou no Altíssimo e reconheceu na cruz a grande misericórdia do Pai. Os sofrimentos de Maria também iluminam nossa redenção e solidi-ficam nossa fé em Deus, em Jesus seu Filho.

As virtudesO Papa Bento XVI propõe que Maria seja

nossa fiel companheira neste Ano da Fé. Que ela oriente nossos passos para encontrarmos o amor e transformarmos os corações. Somos interpelados a viver o mesmo “sim” que a Mãe de Deus deu com responsabilidade e compro-misso. A fé de Maria questiona nosso modo de ser e pensar, cicatriza nossas feridas e nos im-pulsiona a ver o mundo com os olhos de Deus. Maria está totalmente envolvida com o misté-rio da salvação e atrai para Cristo seus filhos convictos ou não da fé.

Com certeza são muitas as atitudes de Maria que nos inspiram na caminhada de fé da Igre-ja. Podemos ver em Maria a humildade como dom primeiro para acolher Deus. A humilda-de nos aproxima do coração materno do Pai e molda nossa existência para acolhermos as demais virtudes do reino. A obediência é outro caminho de entrega à vontade de Deus; sem ela não podemos fazer o que “Ele quer”; a obe-diência é uma atenta escuta da Palavra e um colocar-se a serviço da Boa Nova. Outra atitude fundamental é a oração. Por meio do silêncio e da oração, Maria soube encontrar as respostas para sua fé. Guardava e meditava a voz de Deus em seu coração, por isso, foi solícita ao plano da salvação.

Se quisermos viver o Ano da Fé em plenitu-de, coloquemos Maria como companheira de nosso caminho. Ela é a ponte para chegarmos ao Filho e certamente nos instruirá acerca da fé. Ela nos ensina a amadurecer no seguimento de Cristo, pois foi a primeira vocacionada e partici-pante ativa da missão do Filho. Nela reconhe-cemos o grande potencial que a Igreja tem de colocar-se a serviço da vida. Somos marianos por excelência e amantes da verdade.

Doce Coração de Maria seja sempre nossa

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In Matris Corde | Paróquia Imaculado Coração de Maria12

Na Carta Apostólica “PORTA FIDEI”(A Porta da Fé), de 11 de outubro de 2011, o nosso

querido Papa Bento XVI convida-nos a refletir sobre a nossa fé e a fé da Igreja Católica neste ano litúrgico que estamos vivendo agora.

Penetrar por esta porta compre-ende nos abrirmos à ação da Trin-dade, pois é crer em Deus Pai, que é AMOR; no seu Filho unigênito, que veio para nos salvar; e no Espírito Santo, que mantém-nos no cami-nho desta fé até que volte gloriosa-mente o Senhor. Ao entrarmos pela porta, não pode haver retorno e a cada passo neste caminho aprofun-da-se mais no mistério da salvação. Mas este caminho é longo, afirma o Papa: é uma jornada por toda a vida.

A longa jornada na fé deve ser encarada com grande entusiasmo, pois o encontro com Cristo é algo maravilhoso e inesquecível. A moti-vação de escrever este documento para a Igreja, segundo Bento XVI, é a profunda falta de fé que vive a sociedade contemporânea e que a leva para um profundo abismo sem saída e por vezes a conduz por es-tradas tortuosas como a “Nova Era”.

Dentro deste meio social em que vivemos, devemos procurar sentir de novo a necessidade de ir como a samaritana ao poço e encontrar lá a água viva, a água que realmente matará nossa sede de Deus. De-vemos readquirir o gosto de nos alimentarmos da Palavra, como a Igreja fielmente a transmite, e do Pão da vida que nos dará forças para sermos o sal que não perdeu seu sabor e a luz que foi acesa para os demais.

O crer é um gesto que abran-ge todo o nosso ser: o lado cog-nitivo precisa conhecer naquilo que se crê; o lado afetivo precisa sentir e ter a experiência do que se crê; e, por fim, a nossa von-tade, nossa ação, refletirá o que cremos, pois conhecemos e sen-timos o que é crer.

Dessa maneira, crer em Cristo é

professar a fé que dominicalmente respondemos na Missa. É entender o conteúdo deste patrimônio que nos foi passado desde a origem do cristianismo. Cada palavra, cada parágrafo desta profissão deve ser muito bem compreendida e aplica-da à nossa vida.

Crer em Cristo é ouvir sua Palavra e compreendê-la dentro do enten-dimento da Santa Mãe Igreja, e não buscar novas interpretações equi-vocadas que conduzem às divisões. Não buscar outras “teologias” que podem parecer mais modernas e criativas, mas que no fundo levam para o lugar comum: a desesperança.

Crer em Cristo é buscar a novi-dade Naquele que é o inédito em cada celebração e que fala direta-mente aos nossos corações. O ano da fé é um convite para uma autên-tica e renovada conversão ao Se-nhor, o único Salvador do mundo. Esta renovação atinge a todos, da criança recém-batizada ao Papa. É um itinerário jamais completamen-te terminado nesta vida. Quem se acha totalmente conhecedor dos mistérios pascais e não precisa mais de orientação, deve ter cuida-do, pois quem está muito alto, terá uma queda maior. A humildade

A Porta da Fé, uma reflexãoCarta de Bento XVI aos fiéis católicos reflete sobre a confiança em Deus

Page 13: Revista InMatris Corde - Ano da Fé

In Matris Corde | Paróquia Imaculado Coração de Maria 13

professar a fé que dominicalmente respondemos na Missa. É entender o conteúdo deste patrimônio que nos foi passado desde a origem do cristianismo. Cada palavra, cada parágrafo desta profissão deve ser muito bem compreendida e aplica-da à nossa vida.

Crer em Cristo é ouvir sua Palavra e compreendê-la dentro do enten-dimento da Santa Mãe Igreja, e não buscar novas interpretações equi-vocadas que conduzem às divisões. Não buscar outras “teologias” que podem parecer mais modernas e criativas, mas que no fundo levam para o lugar comum: a desesperança.

Crer em Cristo é buscar a novi-dade Naquele que é o inédito em cada celebração e que fala direta-mente aos nossos corações. O ano da fé é um convite para uma autên-tica e renovada conversão ao Se-nhor, o único Salvador do mundo. Esta renovação atinge a todos, da criança recém-batizada ao Papa. É um itinerário jamais completamen-te terminado nesta vida. Quem se acha totalmente conhecedor dos mistérios pascais e não precisa mais de orientação, deve ter cuida-do, pois quem está muito alto, terá uma queda maior. A humildade

cristã deve de ser nossa meta.Usando uma passagem de 2Cor

5,14 (“o amor de Cristo nos impele”) Bento XVI fala que é urgente uma nova evangelização e que deve ha-ver um empenho eclesial rumo a este objetivo: descobrir de novo a alegria de crer e reencontrar o en-tusiasmo de comunicar a fé.

Retomando a necessidade de experiência interior, não há fé sem que o coração também esteja comprometido. Paulo nos fala (Rm 10,10) que devemos acreditar com o coração e com a boca fazermos a profissão de fé. O primeiro passo é o mais íntimo da pessoa. Sem isso, a fé professada apenas com a boca é vazia. E quantos católicos assim o fazem, envergonhados de agir como cristãos em suas escolas, tra-balhos, clubes, famílias e até mes-

mo dentro da Igreja.Mas para abrir este sacrário da

pessoa – seu coração – precisamos da graça de Deus agindo dentro dela. A oração é uma forma de aju-da para nos transformarmos em ou-tros Cristos, influenciando a todos em nossa volta, fazendo a diferença em prol da vida e da solidariedade.

Onde buscar esta fé? O Papa diz que o primeiro sujeito da fé é a Igreja. Ninguém crê sozinho e é na comunidade, por meio do Batis-mo, que entramos nesta porta que nos levará à salvação. Nela, temos o Magistério que nos auxilia a en-tendermos um pouco do que seja o mistério da salvação e o plano de Deus. Neste caso, o Catecismo da Igreja Católica torna-se um espe-cial instrumento auxiliar. Ali temos todo o desenvolvimento da fé até chegar aos grandes temas da vida diária. Muitos parecem não saber as respostas para dilemas morais modernos como o aborto, a euta-násia, o homossexualismo, as célu-las-tronco embrionárias, o segundo matrimônio e outros, quando tudo está respondido neste documento que orienta e é um verdadeiro ins-trumento de apoio da fé.

Como não há fé, somente da

boca para fora, a fé clama pela cari-dade. O testemunho do católico é o maior meio de se levar a fé ao ateu ou ao não crente, pois o amor ar-rasta as pessoas e modifica-as. A fé sem obras está morta, dizia Paulo. Devemos, então, mostrar a fé pe-las ações, não por palavras vazias. A Igreja Católica já é a maior insti-tuição caritativa do planeta, mas se contar com mais a sua ajuda, será ainda maior. Para muitos, dar dinheiro é o suficiente. Na verdade fazer com as próprias mãos a cari-dade é que é o verdadeiro ato de ajuda ao irmão. Toda a Igreja preci-sa de ajuda financeira é claro, mas a messe é grande e poucos são os trabalhadores. A fé é mostrada com obras verdadeiras.

Nossa Paróquia precisa de muita ajuda nas pastorais que possui. As atividades dos Enfermos, Catequé-tica, Liturgia, Centro Social, Dízimo, Batismo, entre outras carecem de pessoas que querem viver a fé cris-tã, amando o próximo. Amor para o cristão é a mesma coisa que carida-de. É doar-se, ou seja, abrir mão do meu tempo e dá-lo ao irmão neces-sitado, seja ele quem for. Não só o dinheiro, mas a atenção para ajudar a obra de evangelização. Muitos acreditam que a evangelização só acontece lá na Amazônia, na África, ou nestes locais abandonados do mundo. Mas, aqui na nossa própria Paróquia também somos chama-dos a evangelizar, e muito.

Por fim, Paulo lembra a Timó-teo (2Tm2,22), quando está já no final de sua vida, “procure a fé”. Ou seja, é necessário manter a mesma constância e força de vontade na busca da verdade. Sempre deve-mos nos aprofundar na mistagogia que é Jesus Cristo. Só acreditando é que a fé cresce e revigora. Não há outra possibilidade de adquirir certeza sobre a própria vida, senão abandonar-se progressivamente nas mãos de um amor que se ex-perimenta cada vez maior porque tem a sua origem em Deus.

A Porta da Fé, uma reflexãoCarta de Bento XVI aos fiéis católicos reflete sobre a confiança em Deus

Claudio Titericz

Não há fé sem que

o coração também esteja comprometido

Page 14: Revista InMatris Corde - Ano da Fé

In Matris Corde | Paróquia Imaculado Coração de Maria14

Com a Carta Apostólica “Porta Fidei” o Papa Bento XVI convocou um “Ano da Fé”, que começa em outubro deste ano (por ocasião do qüinquagésimo aniver-sário da abertura do Concílio Vaticano II) e termina em 24 de novembro de 2013, Soleni-dade de Cristo-Rei. 

O Papa Bento XVI destaca que a finalidade deste tempo será dar um novo impulso à missão de toda a Igreja, con-duzindo as pessoas para fora do deserto em que muitas ve-zes se encontram, e fazendo com que descubram o valor da amizade com Cristo que nos dá a sua vida plena-mente. Este “será um momento de graça

Um novo tempo para a Igreja

e de compromisso com uma conversão cada vez mais completa a Deus, para fortalecer nossa fé Nele e para anunciá--lo com alegria ao ser humano do nosso

tempo”.A fé, como nos ensina o

Catecismo da Igreja Católi-ca, é um ato pessoal: a res-posta livre do ser humano à iniciativa do Deus que se re-vela. É um presente de Deus, é um dom que não devemos esconder, a riqueza na qual acreditamos, celebramos e proclamamos com a Igreja:

“Esta é a nossa fé, esta é a fé da Igreja”.A Congregação para a Doutrina da Fé

emitiu algumas diretrizes para celebrar-

mos o Ano da Fé. Teremos a oportuni-dade de entender melhor esse dom de Deus para cultivá-lo e testemunhá-lo. Viver plenamente a fé é uma forma de testemunharmos alegremente a pre-sença de Cristo Ressuscitado entre nós, “todos os dias até o fim do mun-do” (cf. Mt 28, 20).

As indicações que foram dadas abar-cam a Igreja em âmbito universal, as Conferências Episcopais, Dioceses, Paróquias, Comunidades, Pastorais, Associações e Movimentos.  Dentre as muitas recomendações que preten-dem suscitar a pronta responsabilida-de eclesial durante este ano, podemos destacar as seguintes: a celebração da XIII Assembleia Geral do Sínodo dos Bispos sobre o tema da “Nova Evange-lização para a transmissão da fé cristã” (outubro de 2012); o convite para que os fiéis organizem peregrinações à Sé de Pedro e à Terra Santa; a indicação de que busquemos reconhecer e apro-fundar o papel de Maria na história da salvação (peregrinações aos santuários marianos devem ser motivadas); a or-ganização de simpósios, congressos e conferências que contribuam para uma melhor compreensão da fé, da re-descoberta dos ensinamentos do Con-cílio Vaticano II e estudo do Catecismo da Igreja Católica; e o incentivo para a produção de filmes e publicações so-bre o tema da fé, utilizando as novas linguagens de comunicação.

O Brasil será agraciado com a recep-ção da próxima Jornada Mundial da Ju-ventude. Esta ocorre em julho de 2013, no Rio de Janeiro, e pretende oferecer aos jovens uma oportunidade especial para experimentar a alegria que vem da fé no Senhor. 

Além disso, uma solene celebração de Inauguração do Ano da Fé aconte-ce no dia 11 de outubro de 2012. Cada Igreja Particular está incumbida de preparar a festa de encerramento des-te Ano, para “confessar a fé no Senhor Ressuscitado”.

A fé, como o Papa nos diz, “é nossa companheira de vida que nos permite distinguir com olhar sempre novo as maravilhas que Deus faz por nós.  É um dom a ser redescoberto para que possa-mos dar um testemunho alegre”. Anime-mo-nos a fazer esta experiência!

Ano da Fé incentiva fiéis a realizarem eventos, estudos e discussões sobre o tema

Pe. Rodrigo Godoi Fiorini cmf

Esta é a nossa

fé, esta é a fé da Igreja

Fagner Geraldo de Almeida Pereira cmf

Page 15: Revista InMatris Corde - Ano da Fé

In Matris Corde | Paróquia Imaculado Coração de Maria 15

A fé é proposta como caminho restaurador do sentido de união entre as nações

mos o Ano da Fé. Teremos a oportuni-dade de entender melhor esse dom de Deus para cultivá-lo e testemunhá-lo. Viver plenamente a fé é uma forma de testemunharmos alegremente a pre-sença de Cristo Ressuscitado entre nós, “todos os dias até o fim do mun-do” (cf. Mt 28, 20).

As indicações que foram dadas abar-cam a Igreja em âmbito universal, as Conferências Episcopais, Dioceses, Paróquias, Comunidades, Pastorais, Associações e Movimentos.  Dentre as muitas recomendações que preten-dem suscitar a pronta responsabilida-de eclesial durante este ano, podemos destacar as seguintes: a celebração da XIII Assembleia Geral do Sínodo dos Bispos sobre o tema da “Nova Evange-lização para a transmissão da fé cristã” (outubro de 2012); o convite para que os fiéis organizem peregrinações à Sé de Pedro e à Terra Santa; a indicação de que busquemos reconhecer e apro-fundar o papel de Maria na história da salvação (peregrinações aos santuários marianos devem ser motivadas); a or-ganização de simpósios, congressos e conferências que contribuam para uma melhor compreensão da fé, da re-descoberta dos ensinamentos do Con-cílio Vaticano II e estudo do Catecismo da Igreja Católica; e o incentivo para a produção de filmes e publicações so-bre o tema da fé, utilizando as novas linguagens de comunicação.

O Brasil será agraciado com a recep-ção da próxima Jornada Mundial da Ju-ventude. Esta ocorre em julho de 2013, no Rio de Janeiro, e pretende oferecer aos jovens uma oportunidade especial para experimentar a alegria que vem da fé no Senhor. 

Além disso, uma solene celebração de Inauguração do Ano da Fé aconte-ce no dia 11 de outubro de 2012. Cada Igreja Particular está incumbida de preparar a festa de encerramento des-te Ano, para “confessar a fé no Senhor Ressuscitado”.

A fé, como o Papa nos diz, “é nossa companheira de vida que nos permite distinguir com olhar sempre novo as maravilhas que Deus faz por nós.  É um dom a ser redescoberto para que possa-mos dar um testemunho alegre”. Anime-mo-nos a fazer esta experiência!

Entender a fé no contexto em que se vive hoje, numa sociedade corrompida pela modernidade e tendo o homem como centro do mundo, é uma questão que nos impulsiona a rever posturas em prol do reino e sua realização.

Observam-se crises acerca da fé e de como ela vem sendo interpretada pelas pessoas, surgindo muitas indagações e discussões. Ter a fé como caminho de res-tauração da unidade dos povos cristãos é essencial para que se possa levar os que professam a fé em Jesus Cristo a um reavi-vamento dela.

A busca por uma unidade dos povos cristãos se faz necessário, uma vez que como filhos de Deus, através do Sacra-mento do Batismo, “todos quantos fostes batizados em Cristo, vos revestistes de Cristo... Pois todos sois um em Cristo Je-sus” (Gál. 3, 27-28), formamos uma só Igre-ja e o dever e o compromisso é de todos.

UniversalidadeO Dicionário Michaelis define o termo

Ecumênico da seguinte maneira: “Algo uni-versal, mundial”. O Dicionário de Conceitos Fundamentais de Teologia diz que Ecume-ne: “significa, na linguagem comum mo-derna, o movimento de unificação e reu-nião da cristandade na face da terra; sua finalidade é: para dentro, a reunificação da cristandade separada numa única, santa, apostólica e universal Igreja de Jesus Cristo na ceia comum do Senhor e na universal aliança de amor de todas as Igrejas; para

A unidade dos povos cristãos

fora, o entendimento universal das culturas e raças, regiões e religiões, ideologias e ciências, em torno dos problemas, necessidades e de-veres da humanidade”.

Portanto, o movimento ecumênico visa buscar uma unidade que leva a superar as divisões entre as diferentes igrejas cristãs. Muitas vezes, percebe-se que ele é entendido com traços negativos, quando não bem com-preendido e que seu modo de fazer teologia pode ser interpretado de maneira equivocada no que tange a religião.

Tais diferenças são as pedras dos nossos sapatos e que nos impedem de caminhar unidos em busca de um mesmo ideal. O diá-logo fraternal é de suma importância, porque e através dele que se terá indícios para uma restauração da unidade dos povos cristãos no processo de discernimento da fé, sem ferir a religiosidade de cada um, ou seja, cada um respeitando o outro na sua diversidade, pois é dentro da pluralidade é que buscamos a uni-dade e a paz.

O caminho que o Ecumenismo per-passa nos leva a uma reflexão mais ampla acerca de como servimos a Deus e de como somos sinal Dele para as outras nações ou povos, tendo como principio primeiro o amor a Deus e o de amar ao próximo como amamos a nós mesmos.

OrientaçõesO Papa Paulo VI no De-

creto Unitatis Redintegratio nos

apresenta o que vem a ser o Ecumenis-mo, para que tenhamos um esclareci-mento melhor sobre ele, preparando--nos para futuras dúvidas que possam aparecer.

A Exortação Apostólica Pós-Sinodal Verbum Domini, do Papa Bento XVI, também menciona a questão do Ecu-menismo em consonância com a Pala-vra de Deus no número 46 e nos con-vida a ter a centralidade dos estudos bíblicos no diálogo ecumênico, tendo em vista a unidade de todos em Cristo.

Então, depois de feita esta breve descrição sobre o Ecumenismo e o caminho que os cristãos devem fazer, vemos que não se esgota aqui toda a compreensão e discussão sobre o as-sunto. Cabe a cada cristão examinar a fidelidade à vontade de Cristo junto

com a Igreja e continuarem fervoro-samente o trabalho de renovação,

de diálogo, de recon-ciliação e de reforma.

Fagner Geraldo de Almeida Pereira cmf

Page 16: Revista InMatris Corde - Ano da Fé

In Matris Corde | Paróquia Imaculado Coração de Maria16

Crer em um só Deus que é Pai, Filho e Espírito Santo e a relação entre essas três Pessoas faz parte das reflexões da fé católica

A fé como memória e reconhecimento

Márcio Luiz Fernandes cmf

Ao abrir o Catecismo da Igreja Cató-lica nos deparamos com diversas e significativas características da fé:

como virtude teologal pela qual cremos em Deus e na sua palavra revelada (n. 1814), como resposta da vontade e da inteligên-cia do ser humano ao Deus amor (n. 143), como adesão pessoal e livre a Deus (n.150), como graça (n.153) e dom que frutifica em obras (n.1815). Também a fé é apresentada como o começo da vida eterna (163), ato voluntário, livre (n. 160), autenticamente humano (n. 154) e como um ato do enten-dimento (n. 155). Desse modo, ele é um ato pessoal (n. 166) e, ao mesmo tempo, comu-

nitário (n.185) alimentada pela Palavra de Deus, atuada pela caridade e sustentada pela esperança (n.162). Nós fazemos a nos-sa primeira profissão de fé no batismo (n. 189) e, por meio da Igreja, nós recebemos a fé e a vida nova em Cristo (n. 168) e o co-nhecimento que a fé nos dá do Deus vivo implica em comportamentos e obrigações com relação ao testemunho de Cristo na vida ordinária (n. 2087).

Desse modo, a graça que recebemos de crer naquilo que a Igreja não cessa de con-fessar que é a sua fé em um só Deus Pai, Fi-lho e Espírito Santo (n.152) não é uma ideia ou um conjunto de fórmulas complicadas,

mas é um fato, ou seja, uma realidade que se pode experimentar e viver (n.170).

A expressão de Gregório de Nissa (330-395) de que “somente a maravilha conhece” expressa o dinamismo do conhecimento em geral e também manifesta o que ocorre no ato de fé do crente. O mistério da vida exi-ge um olhar para o real sempre comovido e maravilhado. No caminho da fé somos convidados a alargar o horizonte de nossa compreensão da vida no respeito àquele núcleo de exigências que poderíamos cha-mar de elementares como o desejo de ver-dade, beleza, justiça e amor (ver Mt.16,26). No fundo, para o cristão o crer passa a ser uma experiência de aproximação à concep-ção da vida que tinha Jesus, o qual, por sua vez, “demonstra na sua existência uma pai-xão pelo indivíduo, um ímpeto pela felicida-de do indivíduo, que nos leva a considerar o valor da pessoa como algo incomensurável e irredutível, pois o problema da existência do mundo é a felicidade de cada homem” (Giussani, p. 110). É impossível não imagi-nar os discípulos fascinados e atraídos pela forma como Jesus olhava para a vida, abra-çando misericordiosamente cada detalhe da experiência e alargando o horizonte da com-preensão deles na aventura apaixonada pela existência. A experiência da fé da Igreja está diretamente relacionada em viver o relacio-namento com essa Presença de Jesus, desse

Tu que nos constitui por meio da memória. Há uma convergência, portanto, entre

a fé e a memória. A própria fé de Jesus era memória. Toda a vida de Jesus foi marcada pelo relacionamento de fidelidade e obe-diência incondicional ao Pai. A fé de Jesus era vivida como memória por essa contínua referência ao Pai e à força do Espírito que o

conduzia. Para Jesus o significado de viver a memória do Pai traduzia-se no caminho de obediência, de renúncia e na oferta livre de si mesmo para a realização do Reino. E não era uma atitude passiva por parte de Jesus mas, ao contrário, conforme nos apresenta o Evangelho, esta adesão de fidelidade total

Page 17: Revista InMatris Corde - Ano da Fé

In Matris Corde | Paróquia Imaculado Coração de Maria 17

Crer em um só Deus que é Pai, Filho e Espírito Santo e a relação entre essas três Pessoas faz parte das reflexões da fé católica

A fé como memória e reconhecimento

Márcio Luiz Fernandes cmf

mas é um fato, ou seja, uma realidade que se pode experimentar e viver (n.170).

A expressão de Gregório de Nissa (330-395) de que “somente a maravilha conhece” expressa o dinamismo do conhecimento em geral e também manifesta o que ocorre no ato de fé do crente. O mistério da vida exi-ge um olhar para o real sempre comovido e maravilhado. No caminho da fé somos convidados a alargar o horizonte de nossa compreensão da vida no respeito àquele núcleo de exigências que poderíamos cha-mar de elementares como o desejo de ver-dade, beleza, justiça e amor (ver Mt.16,26). No fundo, para o cristão o crer passa a ser uma experiência de aproximação à concep-ção da vida que tinha Jesus, o qual, por sua vez, “demonstra na sua existência uma pai-xão pelo indivíduo, um ímpeto pela felicida-de do indivíduo, que nos leva a considerar o valor da pessoa como algo incomensurável e irredutível, pois o problema da existência do mundo é a felicidade de cada homem” (Giussani, p. 110). É impossível não imagi-nar os discípulos fascinados e atraídos pela forma como Jesus olhava para a vida, abra-çando misericordiosamente cada detalhe da experiência e alargando o horizonte da com-preensão deles na aventura apaixonada pela existência. A experiência da fé da Igreja está diretamente relacionada em viver o relacio-namento com essa Presença de Jesus, desse

Tu que nos constitui por meio da memória. Há uma convergência, portanto, entre

a fé e a memória. A própria fé de Jesus era memória. Toda a vida de Jesus foi marcada pelo relacionamento de fidelidade e obe-diência incondicional ao Pai. A fé de Jesus era vivida como memória por essa contínua referência ao Pai e à força do Espírito que o

conduzia. Para Jesus o significado de viver a memória do Pai traduzia-se no caminho de obediência, de renúncia e na oferta livre de si mesmo para a realização do Reino. E não era uma atitude passiva por parte de Jesus mas, ao contrário, conforme nos apresenta o Evangelho, esta adesão de fidelidade total

era vivida na tensão dramática, tal como a passagem no monte das Oliveiras onde Je-sus declara: “não a minha, mas a tua vontade seja feita”. Para pronunciar a aceitação defini-tiva da vontade do Pai Jesus, travou uma luta consigo mesmo culminando no abandono e na plena solidão da cruz onde, de novo, seu gesto é de amor e doação completa ao Pai, dizendo: “Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito” (Lc. 23,46).

Na Eucaristia se faz a memória do doar--se de Jesus por nós e, nesta ceia, se com-preende que a vida do cristão também está destinada a tornar-se vida doada aos outros. Na liturgia, a nossa prece ao Pai, por Cristo e no Espírito é justamente a de fazer lembrar: “recorda-te Pai da tua Igreja, dos nossos ir-mãos, etc”. Se nós não recordamos de Deus, não temos a vida. E a oferta da nossa parte é, neste sentido, a fé em ato dentro das cir-cunstâncias cotidianas. O modo como Jesus se relaciona com o Pai, a sua fé como obe-diência, mostra-se como princípio e funda-mento da fé dos fiéis, de tal modo que hoje, os discípulos e discípulas de Jesus vivem a fé como memória dessa doce Presença.

Pode parecer, às vezes, que os nossos li-mites sejam impedimento à abertura para com Deus. Mas é bem outra a experiência que nos revela o caminho cristão, pois “no cristianismo e no mistério da encarnação, Deus percorre o caminho da limitação para

reconciliar o mundo a si”. Recordemos a parábola do filho pródigo, da ovelha e da moeda perdida. O Verbo de Deus assume a humanidade inteira, entra em diálogo com o ser humano para revelar-lhe as profundas e misteriosas entranhas do seu próprio ser.

Assim, o relacionamento do ser humano diante do Mistério de Deus pode ser descri-to no duplo movimento: de Deus que se re-corda da sua criatura e do ser humano que, no estupor do acontecimento de Cristo, faz memória dos gestos e maravilhas de Deus na sua história. Ora, a fé é, de um lado, um ato pessoal (n.166), resposta livre à inicia-tiva de Deus e, por outro lado, é também gesto comunitário (n. 185) pela força da presença de tantas testemunhas que toca-das pelo Mistério do Deus vivo sabem nos chamar continuamente “a fazer memória” e a reconhecer a vida como doada por um Outro. Por isso, temos de voltar os olhos às testemunhas da fé que tal como Abraão sa-bem “esperar contra toda a esperança” (Rm. 4,18) ou como Maria peregrinam mesmo quando chega à noite escura da fé ao parti-cipar do sofrimento do seu Filho.

RefeRências:GiUssani, L. na oRiGem da pRetensão

cRistã: cURso básico de cRistianismo. são paULo: companhia iLimitada, 1990.

catecismo da iGReja catóLica

O modo como Jesus se

relaciona com o Pai, a sua fé como obediência, mostra-se como princípio e fundamento da fé dos fiéis

Page 18: Revista InMatris Corde - Ano da Fé

In Matris Corde | Paróquia Imaculado Coração de Maria18

Romarias, exercícios de féPara viver de forma prática o Ano da

Fé foram lançadas indicações pasto-rais para este tempo. A nota publica-

da pela Congregação para a Doutrina da Fé – órgão do Vaticano – estimula os fiéis a en-corajar as romarias à “Sé de Pedro, para ali professarem a fé em Deus Pai, Filho e Espíri-to Santo, unindo-se àquele que é chamado hoje a confirmar seus irmãos na fé (cf. Lc 22, 32). Será importante favorecer também as romarias à Terra Santa, lugar que por pri-meiro viu a presença de Jesus, o Salvador, e de Maria, sua mãe”.

A Paróquia Imaculado Coração de Maria, de Curitiba (PR), deseja também que seus fiéis sintam-se motivados a participar de romarias e peregrinações. Por se tratar de uma igreja de profunda devoção mariana, indicam-se alguns locais para visitação. Afi-nal, a nota assim publicada ressalta que é “muito conveniente organizar romarias, celebrações e encontros junto dos maiores Santuários”. Pois, Maria é a figura da Igreja que “reúne em si e reflete os imperativos mais altos da nossa fé”.

Caminhos de MariaPe. Nilton César Boni é o pároco da Pa-

róquia Imaculado Coração de Maria e foi o diretor espiritual da viagem Caminhos de Maria, que visitou os principais santuários marianos da Europa, entre maio e junho

Neste ano, Igreja indica viagens a Santa Sé, Terra Santa e Santuários como oportunidades de contemplação

Page 19: Revista InMatris Corde - Ano da Fé

In Matris Corde | Paróquia Imaculado Coração de Maria 19

deste ano. Durante os 14 dias ele

juntamente dos romeiros, percorreram três cidades eu-ropeias: Portugal, Espanha e França, onde visitaram os santuários de Nossa Senho-ra de Fátima, do Pilar, Nossa Senhora de Lourdes, de La Salette e da Medalha Mila-grosa. Segundo a agência de turismo que promove a via-gem, os roteiros são temáti-cos. “Cada roteiro conta uma história, que elaboramos embasados na Bíblia e nos livros de história”, explica Nelson Redivo, diretor e guia de viagens.

CaminhosA Agência Caminhos, na cidade de Curi-tiba, atua há 15 anos no ramo de turis-mo religioso e oferece cinco diferentes pacotes de viagens, são eles: Caminhos de fé, Caminhos de São Paulo, Caminhos de Maria, Caminhos de Luz e Caminhos de Guadalupe.

Caminhos da FéNeste roteiro são visitadas as seguintes localidades: Porto, Santiago de Compos-tela, Milão, Pádua, Veneza, Pisa, Florença, Assis, Cássia, Lanciano, Roma e Cidade do Vaticano. É possível conhecer Basíli-cas importantes, como de Santa Justina - onde está o túmulo de São Lucas - e de Santo Antônio. Basílica de São Marcos, de Santa Maria del Fiore, entre outras.

Caminhos de Jesus É um roteiro que leva o visitante a Ter-ra Santa, passando por diversas cidades e regiões: de Tel Aviv, Cesareia Maríti-ma, Haifa, Monte Meguido, Nazaré, re-gião do Mar da Galiléia, Banias, Vale do Jordão, Jericó, Belém, Jerusalem, Mar Morto, Massada e Qumran. É uma opor-tunidade para conhecer o Monte das Oliveiras, a Basílica da Natividade (local do nascimento de Jesus) a Gruta de João Batista, entre outros.

Caminhos de GuadalupeTraz o foco para América Central. Neste roteiro são visitados a Cidade do Méxi-co, Teotihuacán, Mérida, Uxmal, Chichén Itzá e Cancun. Com foco especial para Nossa Senhora de Guadalupe, passando

por seu Santuário.

Caminhos da Luz Outra oportunidade de conhecer a Terra Santa e conhecer lugares como: Tel Aviv, Cesareia Marítima, Haifa, Caná, Nazaré, Mar da Galiléia, Rio Jordão, Jericó, Mar Morto, Massada, Belém e Jerusalém. A primeira Missa do roteiro é na Igreja das Bodas de Caná, onde Jesus realizou seu primeiro milagre. Ainda há a oportuni-dade de Renovação do batismo no Rio Jordão, além de um passeio a pé pelo Caminho de Ramos para conhecer o Horto das Oliveiras.

Caminhos de São PauloLeva o romeiro a conhecer cidades da Grécia e Turquia, por onde São Paulo viajou difundindo o cristianimo. São vi-sitadas as cidades de Istambul, Ancara, Avanos, Capadócia, Tarso, Adana, Esmir-na, Pamukkale, Éfeso, Kusadasi, cruzeiro nas Ilhas Gregas, Atenas, Corinto, Mice-nas e Epidauro. Participa da Missa na casa onde Maria teria vivido e visitar a Gruta do Apocalipse, onde São João Evangelis-ta escreveu o último livro da Bíblia.

Caminhos de MariaApreciada pelos devotos de Nossa Se-nhora, essa viagem tem em seu roteiro quatro santuários cujas aparições de Maria são reconhecidas pela Igreja. Pas-sa por Lisboa, Fátima, Madri, Zaragoza, Lourdes, Avignon, La Salette, Grenoble, Lisieux e Paris. Com visitas ao Santuário de Fátima, Lourdes, de La Salette (alpes franceses) e de Licieux em Paris.

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Os pecados contra a féCegueira espiritual e negligência da verdade também se caracterizam como faltas

Pe. Valter Maurício Goedert

Para a Bíblia, a fé é a fonte e o centro de toda a vida religiosa. O homem irá res-pondendo, através da história, ao plano

de salvação de Deus. Abraão é o “pai de todos os que creem” (cf. Rm 4,11) e, seguindo seu exemplo, todos os personagens, considerados modelos no Antigo Testamento, vão testemu-nhando sua fidelidade ao Senhor. A fé exige um seguimento pronto e perseverante do chama-do de Deus (Gn 12,1-9; Hb 11,8-10). Prescreve compromisso com a Aliança estabelecida com Moisés (Ex Ex 14,31; Hb 11,29). Ela será um veí-culo que conduzirá o povo de Israel ao Messias e, através dele, a todas as nações.

No Novo Testamento são apresentados vários modelos de fé. Maria, a Mãe de Jesus, é a discípula por excelência de Jesus; sua vida é um caminho luminoso de fé (Lc 1,26-38). José, esposo de Maria, é um homem te-mente a Deus e obediente à sua vontade (Mt

1,18-25). João Batista prepara os caminhos do Senhor na penitência, oração e na pregação (Mc 1, 4-8). A samaritana acolhe na fé a auto--revelação de Jesus Cristo (Jo 4,1-42). Paulo de Tarso converte-se e entrega toda a sua vida a

serviço da pregação do Evangelho (At 9,1-19). O cego de Jericó torna-se o modelo do segui-dor de Jesus (Mc 10,46-52).

A fé constitui o centro da moral do Evange-lho que, por sua vez, é o próprio Jesus Cristo, Palavra eterna do Pai. A pessoa e a mensagem de Jesus se tornam, pois, o conteúdo central da fé cristã. Crer significa escutar e acolher Je-sus. Os fariseus foram condenados exatamen-te porque não aceitaram Jesus como o envia-do do Pai e, por conseguinte, não levaram em consideração Sua mensagem (Jo 8, 13-15; Mc 5, 11-12; Mt 23,31-34). A negação de Jesus ou a rejeição de sua mensagem constituem pe-cado de infidelidade, o primeiro e fundamen-tal pecado contra a fé.

Aceitação, dúvida e incredulidadeA fé implica a aceitação da filiação divina,

fruto da Paixão e Morte de Jesus e que foi con-cedida mediante o dom do Espírito Santo pelo batismo (Catecismo, 1813-1816). A atitude de fé supõe uma aceitação livre do homem (Catecis-mo, 154-155). Acarreta um compromisso moral (Catecismo, 816; 2220; 2473-2474). A fé abrange os mistérios centrais do cristianismo e se visua-liza na fé da Igreja (Catecismo, 949). Por isso, ne-cessita de uma contínua educação pela escuta da Palavra de Deus, através da vida de oração, da vivência dos sacramentos, particularmente da Eucaristia, e do testemunho de vida.

O Catecismo da Igreja Católica (2087-2089) chama atenção para duas atitudes contrárias à fé; são desvios morais, pecados que perver-tem a fé em sua raiz: a dúvida voluntária e a incredulidade.

A dúvida voluntária sobre a fé negligencia ou recusa como verdadeiro o que Deus revelou e que a Igreja propõe para crer. Trata-se de uma hesitação em crer, uma dificuldade de superar as objeções ligadas a fé ou, ainda, a ansiedade sus-citada pela obscuridade da fé; Evidentemente, não se refere à uma dúvida passageira que possa inquietar em momentos determinados da vida. Essas são passageiras e fazem parte da nossa si-tuação humana. As hesitações às quais se refere o Catecismo são posições assumidas consciente-mente e de modo permanente. Esta dúvida, se cultivada propositalmente, pode levar ao que a Teologia Moral chama de cegueira espiritual.

A incredulidade, por sua vez, é a negligência da verdade revelada ou a recusa voluntária de lhe dar o próprio consentimento. Chamamos de heresia a negação persistente de, após o ba-tismo, não crer em Deus e na sua Igreja. Pode, ainda, ocorrer o abandono ou o repúdio da fé cristã; a apostasia, ou o cisma, a recusa de comu-nhão com a Igreja.

“Na Bíblia a cegueira se liga a endurecimento do coração, ao tema da luz e das trevas, à hipocrisia e, consequentemente, ao pecado”

O Sacramento da Penitência como fortalecimento da fé

A História da Salvação é, antes de mais nada, a história das maravilhas de Deus na história do pecado humano. O sacramento da penitência se insere na dialética entre a bon-dade infinita de Deus e o mistério da fraqueza humana Celebrar o sacramento da Penitência significa, portanto, manifestar e tornar vivo o amor misericordioso de Deus que, sempre de novo, retoma a Aliança e acolhe o pecador arrependido.

Desde o início, a Escritura lembra a presen-ça do pecado na história do ser humano (Gn 3). O autor sagrado lembra que os desígnios do coração do homem são maus desde a sua infância (Gn 8,2). O mau atinge a família (Gn 4,1-16), pervade sobre a sociedade (Gn 11,1-9). Deus pede fidelidade do povo eleito (Ex 20,20). Os profetas denunciam a dureza dos corações (Is 1,2-3). O salmista reconhece seu pecado (Sl 51). O pecado é uma ação errada, porque vai contra o projeto de Deus, portan-to uma ação do homem contra si mesmo. Constitui uma ruptura da Aliança com o Se-nhor. Contudo, Deus é rico em misericórdia e tem piedade do seu povo (Ex 34,6-7). O pro-feta Joel afirma: “Voltai para mim com todo o vosso coração, com jejuns, lágrimas, gemidos; rasgai os corações, e não as vestes; voltai para o Senhor, vosso Deus; ele é benigno e com-passivo, paciente e cheio de misericórdia, in-clinado a perdoar o castigo” (Jl 2,12-13).

Com o advento do Messias, a redenção e a remissão dos pecados é anunciada e es-tendida a todos os povos. A misericórdia de Deus se manifesta em Jesus, o Redentor dos homens. Por isso, haverá mais alegria no céu

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In Matris Corde | Paróquia Imaculado Coração de Maria 21

serviço da pregação do Evangelho (At 9,1-19). O cego de Jericó torna-se o modelo do segui-dor de Jesus (Mc 10,46-52).

A fé constitui o centro da moral do Evange-lho que, por sua vez, é o próprio Jesus Cristo, Palavra eterna do Pai. A pessoa e a mensagem de Jesus se tornam, pois, o conteúdo central da fé cristã. Crer significa escutar e acolher Je-sus. Os fariseus foram condenados exatamen-te porque não aceitaram Jesus como o envia-do do Pai e, por conseguinte, não levaram em consideração Sua mensagem (Jo 8, 13-15; Mc 5, 11-12; Mt 23,31-34). A negação de Jesus ou a rejeição de sua mensagem constituem pe-cado de infidelidade, o primeiro e fundamen-tal pecado contra a fé.

Aceitação, dúvida e incredulidadeA fé implica a aceitação da filiação divina,

fruto da Paixão e Morte de Jesus e que foi con-cedida mediante o dom do Espírito Santo pelo batismo (Catecismo, 1813-1816). A atitude de fé supõe uma aceitação livre do homem (Catecis-mo, 154-155). Acarreta um compromisso moral (Catecismo, 816; 2220; 2473-2474). A fé abrange os mistérios centrais do cristianismo e se visua-liza na fé da Igreja (Catecismo, 949). Por isso, ne-cessita de uma contínua educação pela escuta da Palavra de Deus, através da vida de oração, da vivência dos sacramentos, particularmente da Eucaristia, e do testemunho de vida.

O Catecismo da Igreja Católica (2087-2089) chama atenção para duas atitudes contrárias à fé; são desvios morais, pecados que perver-tem a fé em sua raiz: a dúvida voluntária e a incredulidade.

A dúvida voluntária sobre a fé negligencia ou recusa como verdadeiro o que Deus revelou e que a Igreja propõe para crer. Trata-se de uma hesitação em crer, uma dificuldade de superar as objeções ligadas a fé ou, ainda, a ansiedade sus-citada pela obscuridade da fé; Evidentemente, não se refere à uma dúvida passageira que possa inquietar em momentos determinados da vida. Essas são passageiras e fazem parte da nossa si-tuação humana. As hesitações às quais se refere o Catecismo são posições assumidas consciente-mente e de modo permanente. Esta dúvida, se cultivada propositalmente, pode levar ao que a Teologia Moral chama de cegueira espiritual.

A incredulidade, por sua vez, é a negligência da verdade revelada ou a recusa voluntária de lhe dar o próprio consentimento. Chamamos de heresia a negação persistente de, após o ba-tismo, não crer em Deus e na sua Igreja. Pode, ainda, ocorrer o abandono ou o repúdio da fé cristã; a apostasia, ou o cisma, a recusa de comu-nhão com a Igreja.

Pe. Valter Maurício Goedert

O Sacramento da Penitência como fortalecimento da fé

A História da Salvação é, antes de mais nada, a história das maravilhas de Deus na história do pecado humano. O sacramento da penitência se insere na dialética entre a bon-dade infinita de Deus e o mistério da fraqueza humana Celebrar o sacramento da Penitência significa, portanto, manifestar e tornar vivo o amor misericordioso de Deus que, sempre de novo, retoma a Aliança e acolhe o pecador arrependido.

Desde o início, a Escritura lembra a presen-ça do pecado na história do ser humano (Gn 3). O autor sagrado lembra que os desígnios do coração do homem são maus desde a sua infância (Gn 8,2). O mau atinge a família (Gn 4,1-16), pervade sobre a sociedade (Gn 11,1-9). Deus pede fidelidade do povo eleito (Ex 20,20). Os profetas denunciam a dureza dos corações (Is 1,2-3). O salmista reconhece seu pecado (Sl 51). O pecado é uma ação errada, porque vai contra o projeto de Deus, portan-to uma ação do homem contra si mesmo. Constitui uma ruptura da Aliança com o Se-nhor. Contudo, Deus é rico em misericórdia e tem piedade do seu povo (Ex 34,6-7). O pro-feta Joel afirma: “Voltai para mim com todo o vosso coração, com jejuns, lágrimas, gemidos; rasgai os corações, e não as vestes; voltai para o Senhor, vosso Deus; ele é benigno e com-passivo, paciente e cheio de misericórdia, in-clinado a perdoar o castigo” (Jl 2,12-13).

Com o advento do Messias, a redenção e a remissão dos pecados é anunciada e es-tendida a todos os povos. A misericórdia de Deus se manifesta em Jesus, o Redentor dos homens. Por isso, haverá mais alegria no céu

por um só pecador que se converta do que por noventa e nove justos que não precisam de conversão (Lc 15, 10). Com sua existência, Cristo proclama a misericórdia do Pai (Rm 11, 30-32). Sua vinda ao mundo é sinal de que Deus quer salvar os homens e não condená--los (Jo 3,16-17). Sua existência é um dom que manifesta a bondade de Deus para conosco (Tt 2,11; 3,4-7).

Através de sua união com Cristo e da fiel aceitação de sua missão, a Igreja é, e pode tor-nar-se cada vez mais, um grande sacramento da fé. Tudo o que ela é e tem, todas as suas dimensões e estruturas deveriam manifestar ao mundo sua fé em Cristo. Cristo, que é o sacramento da salvação, estende sua sacra-mentalidade à Igreja, que abrange todos e tudo, tornando Deus conhecido de todos os homens.

Os sete sacramentos da Igreja não mono-polizam, mas exprimem de modo particular essa sacramentalidade. Os sacramentos são sinais privilegiados, instituídos por Cristo, para manifestar e para atuar sua graça. São sinais da Aliança de Deus com os homens, re-alizada por Jesus Cristo na força do seu Espíri-to Santo. Não só são sinais da salvação, mas a realizam por força do Espírito.

Dentro deste contexto geral podemos situar o sacramento da Penitência como si-nal eficaz do fortalecimento da fé. Ao cele-brar este sacramento, não só professamos a fé no amor misericordioso do Pai, que se manifesta no perdão, mas também apro-fundamos a própria virtude da fé. Cremos na sua misericórdia, e, por isso, celebramos

o perdão. O perdão celebrado, por sua vez, reaviva nossa fé.

O sacramento da Penitência ou Reconcilia-ção é, antes de tudo, um encontro com Jesus Salvador que, sempre de novo, nos repete: “Filho, os teus pecados estão perdoados... Vai em paz” (Lc 7, 48-50).Constitui um even-to de libertação e santificação. Nesse senti-do, o sacramento da Reconciliação reanima e fortalece a fé na bondade de Deus. João Paulo II relaciona a Penitência à Eucaristia: “Na Igreja que, sobretudo em nossos tempos, se reúne especialmente em torno da Eucaristia e deseja que a autêntica comunidade euca-rística, se torne sinal de unidade de todos os cristãos, unidade que vai amadurecendo gra-dualmente, deve estar viva a necessidade da penitência, quer no seu aspecto sacramental, quer também no que diz respeito à penitên-cia como virtude” (Carta Encíclica, O Redentor do Homem, 20).

O Batismo, a Crisma e a Eucaristia são eta-pas essenciais da inserção do homem em Cristo e na Igreja. O pecado é uma infidelida-de a esta aliança. Fruto do sacramento da pe-nitência, a graça santificante, como inserção na santidade batismal perdida, enriquece a fé, retoma a fidelidade original, renovação a adesão interior a Deus, realiza o renascimento em Cristo. O sacramento celebra o abraço mi-sericordioso do Pai que reconduz o filho pró-digo ao seio da família, põe o anel no dedo, reveste-o com a dignidade de filho amado, coloca sandálias nos pés, torna-o absoluta-mente novo, restaura nele a confiança no amor de Deus.

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Fé e Razão: antagonismo aparente

Quem pode falar de uma relação en-tre a fé e a razão? À primeira vista pode-ria parecer que a única relação existente seria a de um antagonismo excludente – pois a fé não se caracterizaria exatamen-te pela exclusão da razão? A resposta a esta última pergunta é não. A fé não ex-clui a razão, pelo contrário, a fé necessita de modo absoluto da razão a tal ponto que uma fé sem razão não seria fé.Há quase 14 anos o Papa João Paulo II escrevia uma das suas principais con-tribuições ao mundo – a Encíclica Fides et Ratio (Fé e Razão), que começa poe-ticamente com a afirmação: A fé e a ra-zão constituem como que as duas asas pelas quais o espírito humano se eleva para a contemplação da verdade.Para entender a relação entre essas duas asas é necessário antes entender que, histori-camente, reduzimos o âmbito da razão, limitando-a ao âmbito do positivismo científico.

Para Aristóteles, a ciência é o conhe-cimento certo das coisas reais através das suas causas. Sendo assim, de um modo amplo, mas real, todo o conhe-cimentodas causas de algo é verda-deira ciência. Neste contexto a Igreja será a primeira a estimular o desenvol-vimento da ciência, fundando, a partir do século XIII, as primeiras Universida-des (Paris, Bolonia, Salamanca, Oxford, etc.). Dentro deste conceito amplo de ciência e formando parte do mesmo, existe a chamada ciência positiva, re-gida por um método muito peculiar

– o método científico positivo – que exige verificabilidade e repetibilidade. Esta ciência positiva foi essencial para

o desenvolvimento da sociedade nos últimos séculos e alcançou resultados jamais imaginados. Porém, por exage-ro na aplicação do método, trouxe o problema do positivismo científico: a partir do século XVIII e principalmente depois do Iluminismo, tentam reduzir a ciência somente à ciência positiva. A máxima seria: Tudo o que não pode ser verificado e repetido, deixa de ser científico e consequentemente ver-dadeiro. A contradição é evidente nos próprios termos, pois tal máxima não pode ser verificada e nem repetida através do método científico positivo.

A contradição levou à consequência

atual de duvidar até mesmo da verda-de científica. Tudo passou a ser relati-vo a tal ponto que quem afirma existir uma verdade – em qualquer âmbito e ainda sem faltar com respeito a nin-guém – é taxado de fundamentalista. Vivemos o que chama o Papa Bento XVI de ditadura do relativismo.

Superando o cientificismo positivo e encarando a razão e a ciência de um modo mais amplo, podemos voltar à sua relação com a fé. Nesse sentido a razão é necessária para dar os funda-mentos da fé – por exemplo, a existên-cia de um princípio criador é necessá-ria racionalmente, pois não podemos recorrer a causas anteriores de modo infinito (seria contrário à razão). Agora a fé – por exemplo, em que este princí-pio criador seja um Deus pessoal, que se encarnou e morreu numa cruz por cada um de nós – vai além da razão, mas jamais pode ser contrário à mes-ma (neste caso ou a fé ou o raciocínio estariam equivocados). Assim se diz que a razão é necessária para a fé, mas ao mesmo tempo deve fazer um obse-quio à fé – obséquio de nunca poder alcançar aquilo que é próprio da razão, ou seja, a certeza (mas pode e deve sempre fazer perguntas à fé).

Assim a relação entre razão e fé é – e deve ser – uma relação harmôni-ca e complementária. Em palavras de Santo Agostinho devemos ter um crer, para entender e ao mesmo tempo um entender para crer.

A fé exclui a razão? E a razão não necessita da fé? Leia a relação entre essas duas “asas”. Confira!

A fé e a razão constituem como que as duas asas pelas quais o espírito humano se eleva para a contemplação da verdade

Pe. Hélio Luciano

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Aos Jovens, é tempo de um novo ardorHá quase dois anos, chegou até nós o

convite para participar da Jornada Mundial da Juventude (JMJ), que

aconteceria em Madri, na Espanha. A Congre-gação dos Missionários Filhos do Imaculado Coração de Maria, que sonha reunir jovens de todas as frentes missionárias para que, a partir daí, possa criar aquilo que chamamos de juventude claretiana, viu no evento uma oportunidade. A JMJ seria um marco impor-tante para começar um trabalho mais efetivo com a juventude.

A partir daí, começamos os trabalhos. Foram meses de preparação, com leitura da autobiografia do padre Claret, estudo sobre o carisma claretiano e promoções para angariar fundos para a viagem. Não obstante as difi-culdades, os envolvidos permaneceram fir-mes, pois estavam “enraizados em Cristo”. Sou testemunha de tantas barreiras enfrentadas.

Ao chegarmos a Madri para participarmos da JMJ 2010, fomos diretamente a Segóvia. Ali nos juntamos com mais de mil jovens de nossa família. Diferente do que imagináva-mos, fomos recebidos com uma calorosa bienvenida dos espanhóis que ali residem. Caloroso também era o clima na Espanha.

Iniciava ali o que para nós ficará inesque-cível: a pré-jornada em família. O clima era de alegria, abertura e acolhida do diferente. Os dias foram passando e os laços de amizades aumentando. Os nossos jovens ficavam cada vez mais estarrecidos com a riqueza que sig-nifica pertencer à família claretiana.

Foram dias intensos de alegria e profun-da experiência para todos nós. Na Igreja do Rosário, local onde o padre Claret recebeu a Grande Graça da conservação da espécie em seu peito, tivemos a alegria de celebrar a San-ta Eucaristia, recordando aqueles claretianos que foram testemunhas fiéis até as últimas consequências: a festa dosmártires claretia-nos de Barbastro.

Edificados pelo testemunho desses nos-sos mártires e pela companhia de irmãos de diversos países, continuamos com a nossa programação. Foram dias em que a bela ci-dade de Segóvia presenciou a alegria e o testemunho de jovens claretianos de todo o

Juventude claretiana se uniu para viver a JMJ de Madri, com entusiasmo e vigorTiago Almeida Silva cmf

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Aos Jovens, é tempo de um novo ardormundo. A vitalidade do carisma claretiano os contagiou e animou a serem missionários de Jesus Cristo.

Ao chegarmos a Madri, sentimos o impac-to e a força da Igreja. Centenas de milhares de jovens marchavam pelas ruas e praças can-tando e louvando a Deus. A ideia que tínha-mos de que os jovens europeus eram frios e desanimados foi se desfazendo.

As praças se transformaram em montes de adoração. Os metrôs em catedrais. Os restau-rantes, mesas de igualdade. As ruas, tendas de alegria e acolhida fraterna. Como narra o Evangelho de São João (4,23) – “mas vem a hora – e é agora – em que os verdadeiros ado-radores adorarão o Pai em espírito e verdade, pois tais são adoradores que o Pai procura”. Foram dias de graça. Um verdadeiro Pente-costes. Cada um falam em sua própria língua, porém todos se compreendiam.

Estávamos todos contagiados pela alegria e pela fé. Podíamos sentir o poder Deus ma-nifestado naquela multidão congregada à es-pera do seu pastor. Soava-nos forte a passa-gem do Evangelho de João (10,14) – “Eu sou bom pastor; conheço minhas ovelhas e elas me conhecem”.

O Santo Padre chama a juventude para o encontro com o Mestre e ela prontamen-te atende a esse chamado. Muito mais que sedentos de água, diante do forte calor que fazia em Madri, aquela juventude estava se-denta de Deus. Aqui novamente me vinha à memória do Evangelho de João (4,15): “Se-nhor dá-me desta água...”

Ali sentíamos a força da Igreja. E em meio à imensa multidão estávamos nós, juventude claretiana do mundo e do Brasil, sendo fer-mento na massa e sal da terra. “Enraizados em Cristo, firmes na fé”.

Agora é a nossa vez. Já começou a gran-de maratona para 2013. Precisamos preparar o nosso coração e o coração do nosso povo para a Jornada do Rio do Janeiro. Precisamos fazer de nossas casas, cidades e país um am-biente fraterno e acolhedor. Precisamos reu-nir em família novamente, a família claretiana. Ânimo e coragem. Vamos juntos assumir essa missão. “Ide e fazei discípulos de todos os po-vos” (Mt 28,19).

Juventude claretiana se uniu para viver a JMJ de Madri, com entusiasmo e vigorTiago Almeida Silva cmf

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In Matris Corde | Paróquia Imaculado Coração de Maria26

A família é projeto de Deus e é tão impor-tante que o Filho de Deus abriu mão de tudo, quando veio ao mundo, mas ele quis ter fa-mília. E qual é a família planejada por Deus? É aquela fundamentada no casamento entre um homem e uma mulher. É o lugar onde se acolhe a vida desde a concepção até a morte natural; onde se vivencia os valores evangéli-cos para a formação integral da pessoa como filha de Deus e como cidadã.

Vivemos hoje num mundo tão avançado em ciência e tecnologia e ao mesmo tempo, tão carente de valores que satisfaçam as reais necessidades da pessoa. A vivência de valores é um exercício que se começa desde cedo. É na família que se vive e aprende, porque valo-res não podem ser ensinados como se ensina uma técnica; eles são testemunhados e, daí então, aprendidos e vivenciados. A fé é um desses valores que precisa ser resgatado e vi-venciado pelas famílias, porém, essa vivência não é para ser “aprendida” na catequese ou atividades pastorais.

Os filhos têm na igreja doméstica, no lar, o lugar ideal para a iniciação na fé. Ela deve ser transmitida primeiro na família, depois na Igreja e na sociedade. Para isso, o testemunho

Família, primeiro lugar para transmissão da fé

Há 30 anos o Beato João Paulo II afirmava que o futuro da humanidade passa pela família. O que estamos fazendo então?

João Bosco e Eunides Lugnani

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In Matris Corde | Paróquia Imaculado Coração de Maria 27

A família é projeto de Deus e é tão impor-tante que o Filho de Deus abriu mão de tudo, quando veio ao mundo, mas ele quis ter fa-mília. E qual é a família planejada por Deus? É aquela fundamentada no casamento entre um homem e uma mulher. É o lugar onde se acolhe a vida desde a concepção até a morte natural; onde se vivencia os valores evangéli-cos para a formação integral da pessoa como filha de Deus e como cidadã.

Vivemos hoje num mundo tão avançado em ciência e tecnologia e ao mesmo tempo, tão carente de valores que satisfaçam as reais necessidades da pessoa. A vivência de valores é um exercício que se começa desde cedo. É na família que se vive e aprende, porque valo-res não podem ser ensinados como se ensina uma técnica; eles são testemunhados e, daí então, aprendidos e vivenciados. A fé é um desses valores que precisa ser resgatado e vi-venciado pelas famílias, porém, essa vivência não é para ser “aprendida” na catequese ou atividades pastorais.

Os filhos têm na igreja doméstica, no lar, o lugar ideal para a iniciação na fé. Ela deve ser transmitida primeiro na família, depois na Igreja e na sociedade. Para isso, o testemunho

dos pais é fundamental. E testemunhar é viver no dia a dia o valor da oração, do respeito à dignidade do outro, do perdão, etc. É resgatar e cultivar o valor da oração à mesa, em família; a oração do terço, da partilha da Palavra, da participação nos sacramentos. Parece que es-sas coisas caíram de moda, ficaram obsoletas.

É triste quando uma família, ao invés de se reunir à mesa para as refeições e fa-zer uma oração por breve que seja, prefere sentar-se na frente da televisão. Pior ainda, muitas vezes para assistir a certos progra-mas que são verdadeiras afrontas à integri-dade de qualquer pessoa.

Mesmo dentro de casa, as pessoas vivem tão envolvidas com tantos equipamentos ele-trônicos e com tantas redes sociais, que não tem tempo para a principal rede social que é a família. Como tirar um tempo para a vida de oração, para rezar o terço em família? Ou isso já não tem mais importância?

Começar com pequenos detalhes Coisas aparentemente pequenas fazem

diferença na vivência e resgate de valores. Por exemplo, coisas como pedir licença, agrade-cer com um muito obrigado, dar um sorriso,

cumprimentar as pessoas, sejam elas conhe-cidas ou não, ceder um lugar no ônibus, pedir desculpas... Isto tudo parece que está “caindo de moda”, é coisa de “gente velha”. Se dentro de casa exercitarmos esses valores, as crianças e os jovens vão naturalmente aprender e co-locar em prática. Tudo isto significa respeitar a pessoa humana.

Os problemas de violência que se agigan-tam cada vez mais, o desrespeito à dignidade humana, certamente são consequências da falta de fé. E as famílias precisam urgentemen-te reconhecer e cumprir seu papel de transmi-tir essa fé, que é concreta, não depende de grandes coisas, mas precisa ser testemunhada e transmitida dentro de casa.

O mundo está carente de testemunho de fé; a Igreja está carente de testemunho, e compete à família grande parte na responsa-bilidade da transmissão do testemunho de fé. O Papa João Paulo II já afirmava há trinta anos, que o futuro da humanidade passa pela família. Para que o futuro seja esperançoso, a família tem que cumprir o seu papel de ser o lugar por excelência de acolher a vida, educar e formar novos cidadãos.

Família, primeiro lugar para transmissão da fé

João Bosco e Eunides Lugnani

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A história da humanidade sempre destacou personagens que, por suas virtudes ou feitos, influenciaram um determinado contexto. Des-de nossa mais tenra idade, buscamos referen-ciais, seja na família ou na sociedade. Na vida cristã não é diferente. Não caminhamos na vida de fé sem um modelo que nos ajude a alcançar nosso fim último: o encontro com Deus. O pri-meiro e maior é Jesus Cristo, Filho de Deus, que ao se encarnar divinizou nossa humanidade, mostrando que é possível ao homem participar daquilo que é próprio de Deus: sua santidade. Ademais, a Igreja sempre venerou Maria, pri-meiro modelo de seguimento a Cristo, e aque-les homens e mulheres de todos os tempos e lugares que hoje são tidos como intercessores e inspiradores para nós, aos quais chamamos de santos.

Mas quem são os santos? Segundo o Cate-cismo da Igreja Católica “ao proclamar solene-mente que esses fiéis praticaram heroicamente as virtudes e viveram na fidelidade à graça de Deus, a Igreja reconhece o poder do Espírito de santidade que está em si e sustenta a esperança dos fiéis, propondo-os como modelos e inter-cessores. Os santos e as santas sempre foram fonte e origem de renovação nas circunstâncias mais difíceis na história da Igreja” (CIC 828).

Os santos de nossa devoção foram pessoas que viveram como nós: na encruzilhada entre o pecado e a graça, entre a fraqueza e a fidelidade, mas fizeram de suas vidas uma opção radical por Jesus Cristo. Santos como Antônio Maria Claret, que viveu sua juventude no afã de ser um tecelão promissor, mas bastou uma frase do Evangelho para mudar radicalmente sua vida, levando-o a dedicar-se inteiramente à evangelização; Francis-co de Assis, que cresceu entre finas estampas e coisas extravagantes, mas tornou-se homem po-bre de Deus; Terezinha de Lisieux deixou o con-forto de sua casa para dedicar-se inteiramente a Deus na clausura; Rita de Cássia pela docilidade e prudência de esposa conseguiu a conversão de seu esposo, sofreu com a morte do mesmo e dos filhos, mas manteve-se fiel a Deus, consagrando sua vida a Ele.

Santidade no Ano da FéEmbora, somente Deus seja Santo (cf. Ap 15,4),

nós somos chamados a participar de sua santida-de (Ef 1,4), e não apenas chamados, mas capazes da mesma (Cl 1,12). Bento XVI ressalta esse resga-te da santidade no Ano da Fé: “Será decisivo re-passar, durante esse Ano, a história de nossa fé, que faz ver o mistério insondável da santidade entrelaçada com o pecado...” (Porta Fidei, 13).

Santos, modelos de fé

É bom que tenhamos em nosso con-texto exemplo de pessoas que são inspi-radoras. Cito dois exemplos: o Sr. Carlos e a Sra. Cleusa Bombonati eram advoga-dos militantes em Campinas (SP), com uma carreira promissora, mas, em dado momento, experimentaram o encontro pessoal com Jesus Cristo, como eles mes-mos relatam: “Este, olhou-nos nos olhos e chamou-nos a segui-lo. Não titubeamos! Deixamos tudo e, há mais de 25 anos, pas-samos a seguir Aquele que nos oferecia a Paz que o mundo nos havia negado!”. Para a Sra. Isaura P. Azzolini o fato de ter de-safiado a fé de seu esposo em São Judas ajudou-lhe a entender o significado da in-tercessão dos santos. “Hoje sou devota a São Judas Tadeu, tendo recebido grandes graças”, afirma ela.

É decisivo para nossa vida de fé perceber a atuação de Deus. A fé somente será sóli-da se soubermos intuir os pequenos sinais dessa presença salvífica, seja na vida dos irmãos ou em nossa própria vida. Embora a mídia enalteça as celebridades, é impor-tante buscarmos os verdadeiros santos de hoje: aqueles que inspiram virtudes e atos merecedores de nossa admiração.

Os santos de nossa devoção também viveram como nós, entre a graça e o pecado, a fraqueza e a fidelidade, mas optaram radicalmente por Cristo

Eguione Nogueira Ricardo cmf

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Santos, modelos de fé

É bom que tenhamos em nosso con-texto exemplo de pessoas que são inspi-radoras. Cito dois exemplos: o Sr. Carlos e a Sra. Cleusa Bombonati eram advoga-dos militantes em Campinas (SP), com uma carreira promissora, mas, em dado momento, experimentaram o encontro pessoal com Jesus Cristo, como eles mes-mos relatam: “Este, olhou-nos nos olhos e chamou-nos a segui-lo. Não titubeamos! Deixamos tudo e, há mais de 25 anos, pas-samos a seguir Aquele que nos oferecia a Paz que o mundo nos havia negado!”. Para a Sra. Isaura P. Azzolini o fato de ter de-safiado a fé de seu esposo em São Judas ajudou-lhe a entender o significado da in-tercessão dos santos. “Hoje sou devota a São Judas Tadeu, tendo recebido grandes graças”, afirma ela.

É decisivo para nossa vida de fé perceber a atuação de Deus. A fé somente será sóli-da se soubermos intuir os pequenos sinais dessa presença salvífica, seja na vida dos irmãos ou em nossa própria vida. Embora a mídia enalteça as celebridades, é impor-tante buscarmos os verdadeiros santos de hoje: aqueles que inspiram virtudes e atos merecedores de nossa admiração.

Os santos de nossa devoção também viveram como nós, entre a graça e o pecado, a fraqueza e a fidelidade, mas optaram radicalmente por Cristo

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Em família, na Igreja e na sociedadeVeja algumas formas de professar e alimentar a fé a

partir de atividades eclesiais

A Igreja Católica nos coloca à disposição vários seguimentos onde podemos nos engajar e vivermos nossa fé. Acompanhe abaixo algumas sugestões!

DicasEm nível de Arquidiocese e em nossa

Paróquia encontramos:PASTORAL FAMILIAR: onde o foco

principal é a vivência da fé em família.MOVIMeNTO De IRMãOS: que viven-

cia a espiritualidade conjugal atuando nas atividades da paróquia; eles surgiram para auxiliar os párocos no apostolado.

MINISTéRIO PARA AS FAMíLIAS: onde, desenvolvendo a espiritualidade em família, busca-se formar uma nova ge-ração de famílias, vivendo sob o Senhorio de Jesus!

CAPeLINHAS De NOSSA SeNHORA: visa renovar a fé das famílias por meio da visita de Nossa Senhora. É um momento de encontro das famílias para a reza em comum do santo rosário.

CATeCUMeNATO: um importante meio para a iniciação cristã de adultos, pois desperta a consciência para o servi-ço missionário na paróquia.

  Na  Paróquia Imaculado Coração de Maria, encontramos momentos fortes para alimentarmos nossa fé e colocá-la em prática no nosso dia a dia.

ADORAÇÃO:  toda primeira sexta-feira do mês acontece dois momentos de Ado-ração ao SS. Sacramento. No período da tarde (14h) e à noite, após a Missa das 19h. 

ORAÇÃO:  A Oficina de Oração e Vida ensina-nos a orar e nos Grupos de Oração

Carlos e Cleusa Bombonati

da Renovação Carismática Católica (RCC) desenvolvemos nossa espiritualidade, para a prática da oração espontânea, que é uma conversa íntima com Deus. Além disso, acontece a ‘Novena Pais orando Pelos Filhos’ todas as segundas quintas--feiras do mês, com início às 19h com a Santa Missa.

FORMAÇÃO: Por meio da Escola da Fé e as Noites de Formação Paroquial é pos-sível se aprofundar nos diversos tema da Igreja e espiritualidade. Também existem outros eventos formativos mensais que atraem as pessoas para a comunidade.

ACONSELHAMENTO ESPIRITUAL: visa ajudar os fiéis na sua vivência cristã. Du-rante a semana o padre disponibiliza sua agenda para ouvir e aconselhar as pessoas. Isso contribui para levá-las a ter maior consciência de sua fé e com-promisso com Deus.

Enfim, a Igreja nos oferece tantas opor-tunidades de vivenciarmos nossa fé den-tro e fora dela, que, aquele que deseja, pela fé, estar mais próximo de Deus, sem-pre encontrará uma Pastoral ou Movimen-to, que se encaixe em seu perfil.

Somente nas práticas espirituais, ofere-cidas pela Santa Igreja, é que desenvolve-remos a fé, que nos levará a fazer a dife-rença no mundo em que vivemos, seja em nossa casa, na sociedade, no trabalho, ou em qualquer outro lugar onde estivermos.

O mundo necessita de testemunhos de homens e mulheres de fé, para  que a semente do amor seja lançada e frutos de paz, amor, solidariedade e união sejam co-lhidos por todos!

Dica infalívelO Espírito Santo é o portador de to-

dos os dons! Portanto, não há que se fa-lar em dicas para vivenciarmos a fé, sem lembrarmos de que recebemos o Espírito Santo em nosso Batismo e que Ele é o au-tor do Dom da Fé!

Peçamos sempre ao Espírito Santo que nos dê a graça de sermos cristãos católicos agraciados com esse dom.

  Segundo as palavras do Papa Bento XVI, “teremos oportunidade de confessar a fé no Senhor Ressuscitado, nas nossas ca-tedrais e nas Igrejas do mundo inteiro, nas nossas casas e no meio das nossas famílias, para que cada um sinta, fortemente, a exi-gência de conhecer melhor e de transmitir às gerações futuras a fé de sempre”. 

Av. P. Getúlio Vargas, 1193 - Rebouças – Curitiba/PR

www.pjvcmf.com.br

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Em família, na Igreja e na sociedade

Dica infalívelO Espírito Santo é o portador de to-

dos os dons! Portanto, não há que se fa-lar em dicas para vivenciarmos a fé, sem lembrarmos de que recebemos o Espírito Santo em nosso Batismo e que Ele é o au-tor do Dom da Fé!

Peçamos sempre ao Espírito Santo que nos dê a graça de sermos cristãos católicos agraciados com esse dom.

  Segundo as palavras do Papa Bento XVI, “teremos oportunidade de confessar a fé no Senhor Ressuscitado, nas nossas ca-tedrais e nas Igrejas do mundo inteiro, nas nossas casas e no meio das nossas famílias, para que cada um sinta, fortemente, a exi-gência de conhecer melhor e de transmitir às gerações futuras a fé de sempre”. 

Imaculado Coração de Maria?Você quer ser um filho do

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