Revista Horticultura Bras. Dez 2010

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    ISSN 0102-0536

    Hortic. bras., v. 28, n. 3, jul. - set. 2010 253

    ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE HORTICULTURAThe Brazilian Association for Horticultural ScienceIAC - Centro de HorticulturaC. Postal 28, 13012-970 Campinas – SPTel./Fax: (0xx19) 3202 1725E-mail: [email protected] Site: www.abhorticultura.com.br Presidente/ President Paulo César T de Melo

    USP-ESALQ - PiracicabaVice-Presidente/Vice-President Dimas Menezes

    UFRPE - Recife

    1º Secretário / 1st 

     SecretaryValéria Aparecida ModoloIAC - Campinas

    2º Secretário / 2nd  SecretaryEunice O Calvete

    UPF-FAMV - Passo Fundo1º Tesoureiro / 1st  Treasurer Sebastião Wilson Tivelli

    IAC - Campinas2º Tesoureiro / 2nd  Treasurer João Bosco C da Silva

    COMISSÃO EDITORIAL DA HORTICULTURABRASILEIR A Editorial Committee

    C. Postal 190, 70351-970 Brasília – DFTel.: (0xx61) 3385 9088 / 3385 9000Fax: (0xx61) 3556 5744E-mail: [email protected] Presidente / President Paulo Eduardo de Melo

    Embrapa Estudos Estratégicos e CapacitaçãoEditor Assistente / Assistant EditorMirtes F Lima

    Embrapa HortaliçasCoordenação Executiva e Editorial / Executive and Editorial CoordinationSieglinde BruneEditores Associados / Associated Editors

    Antonio T Amaral Júnior UENF - Campo dos GoytacazesArminda M de Carvalho

    Embrapa CerradosGilmar Paulo Henz

    Embrapa HortaliçasFrancisco Bezerra Neto

    UFERSA - MossoróPaulo E Trani

    IAC - CampinasRonessa B de Souza

    Embrapa HortaliçasSebastião Wilson Tivelli

    IAC - APTA - São Roque

    Editores Cientícos / Scientifc EditorsAna Cristina PP de Carvalho

    Embrapa Agroindústria TropicalAna Maria MP de Camargo

    IEA - São PauloAndré Luiz Lourenção

    IAC - CampinasAntônio Evaldo Klar 

    UNESP - BotucatuArthur B Cecilio Filho

    UNESP - JaboticabalCarlos Alberto Lopes

    Embrapa Hortaliças

    Daniel J CantliffeUniversity of FloridaDerly José H da Silva

    UFV - ViçosaFrancisco Antônio Passos

    IAC - CampinasItamar R Teixeira

    UEG - AnápolisJosé Fernando Durigan

    UNESP - JaboticabalJosé Magno Q Luz

    UFU - UberlândiaJuliano Tadeu V de Resende

    UNICENTRO - Guarapuava

    Luiz Henrique BassoiEmbrapa Semi-ÁridoMaria de Fátima A Blank 

    UFS - DEAMaria do Carmo Vieira

    UFGD - DouradosMarinice O Cardoso

    Embrapa Amazonia OcidentalMônica S de Camargo

    IAC - APTA - PiracicabaPaulo César T de Melo

    USP-ESALQRenato Fernando Amabile

    Embrapa CerradosRoberval D Vieira

    UNESP - JaboticabalRogério L Vieites

    UNESP - BotucatuRosana Rodrigues

    UENF - Campos dos GoytacazesVagner Augusto Benedito

    Samuel Roberts Noble Foundation - USAValter R Oliveira

    Embrapa HortaliçasWagner F da Mota

    UNIMONTES - JanaúbaWaldemar P Camargo Filho

    IEA - São Paulo

    Volume 28 número 3

    Julho - Setembro 2010

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    Programa de apoio a publicações científcas

    A revista Horticultura Brasileira é indexada pelo AGRIS/FAO, AGROBASE,

    CAB, JOURNAL CITATION REPORTS, SciSearch® e TROPAG

    Scientifc Eletronic Library Online: http://www.scielo.br/hbwww.abhorticultura.com.br 

    Horticultura Brasileira, v. 1 n.1, 1983 - Brasília, Sociedade de Olericultura do Brasil, 1983 

    Trimestral

    T í t u l o s a n t e r i o r e s : V . 1 - 3 , 1 9 6 1 - 1 9 6 3 , O l e r i c u l t u r a .V. 4-18, 1964-1981, Revista de Olericultura.

     Não foram publicados os v. 5, 1965; 7-9, 1967-1969.

    Periodicidade até 1981: Anual.de 1982 a 1998: Semestral

    de 1999 a 2001: Quadrimestrala partir de 2002: TrimestralA partir de 2005: Sociedade de Olericultura do Brasil denomina-se Associação Brasileira deHorticulturaISSN 0102-0536

    1. Horticultura - Periódicos. 2. Olericultura - Periódicos. I. Associação Brasileira deHorticultura.

    CDD 635.05

    Editoração e arte/CompositionJoão Bosco Carvalho da Silva

    Revisão de inglês/ English revision

    Carlos Francisco Ragassi

    Revisão de espanhol/ Spanish revisionMarcio de Lima e Moura

    Tiragem/ printing copies1.000 exemplares

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    ISSN 0102-0536

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    SUMÁRIO / CONTENT * Artigos em inglês com resumo em português* Articles in English with an abstract in Portuguese

    CARTA DO EDITOR / EDITOR'S LETTER

      257

    CARTA AO EDITOR / LETTER TO EDITOR

      259

    ARTIGO CONVIDADO / INVITED ARTICLE 

    Desaos enfrentados por agricultores familiares na produção de morango no Distrito FederalChallenges faced by smallholders in strawberry production in the Federal District, Brazil GP Henz 260

    PESQUISA / RESEARCH 

    Doses de nitrogênio e molibdênio no rendimento e teor de micronutrientes em alface americana Doses of nitrogen and molybdenum effects on yield and micronutrient content of crisphead lettuce plantsGM Resende; MAR Alvarenga; JE Yuri; RJ Souza 266

    Relações fonte:dreno e crescimento vegetativo do meloeiro Effect of source:sink ratios and vegetative melon growthTS Duarte; RMN Peil 271

    * Produção da batata-doce adubada com esterco bovino e biofertilizante*Yield of sweet potato fertilized with cattle manure and biofertilizer 

    AP Oliveira; JF Santos; LF Cavalcante; WE Pereira; MCCA Santos; ANP Oliveira; NV Silva 277Aproveitamento dos resíduos da produção de conserva de palmito como substrato para plantas

     Reutilization of wastes from the production of palm heart canning as substrates for plantsMH Fermino; RS Gonçalves; A Battistin; JRP Silveira; AC Busnello; M Trevisam 282

    Inuência de doses de potássio nos teores de macronutrientes em plantas e sementes de alface Macronutrient content in lettuce affected by potassium side dressing C Kano; AII Cardoso; RL Villas Bôas 287

    Produtividade e qualidade de tomates Santa Cruz e Italiano em função do raleio de frutosYield and fruit quality of Santa Cruz and Italian tomatoes depending on fruit thinning FH Shirahige; AMT Melo; LFV Purquerio; CRL Carvalho; PCT Melo 292

    Qualidade físico-química e de fritura de tubérculos de cultivares de batata na safra de inverno Physicochemical and frying quality of potato cultivars in winter seasonAM Fernandes; RP Soratto; RM Evangelista; I Nardin 299

    Comportamento fenotípico e genotípico de populações de manjericão Phenotypic and genotypic behavior of basil populationsAF Blank; EM Souza; JWA Paula; PB Alves 305

    Efeito de diferentes temperaturas na qualidade de mandioquinha-salsa minimamente processada Effect of different temperatures on the quality of fresh-cut Peruvian carrot EE Nunes; EVB Vilas Boas; RH Piccoli; ALRP Xisto; BM Vilas Boas 311

    Desempenho de cultivares de alface em cultivo hidropônico sob dois níveis de condutividade elétrica Evaluation of two electric conductivity levels on the hidroponic cultivation of lettuceAG Magalhães; D Menezes; LV Resende; E Bezerra Neto 316

    Desenvolvimento e produção de genótipos de couve manteiga

     Development and yield of kale genotypesMCSS Novo; A Prela-Pantano; PE Trani; SF Blat 321

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    257Hortic. bras., v. 28, n. 3, jul.- set. 2010

    Carta do editor

    Prezados,

    Horticultura Brasileira alcança vocês novamente. Seguimos prestigiando o Ano Internacional da Biodiversidade em nossascapas. Neste número, nosso prezado Editor Associado, Prof. Antonio Teixeira do Amaral Júnior, comenta sobre a importânciada conservação de germoplasma e, em conseqüência, da biodiversidade. A ilustração da capa, por sua vez, vem da pesquisadoraRosa Lia Barbieri, que, entre outras atribuições, tem trabalhado com anco no tema.

    Temos motivos para celebrar, e celebrar muito. Após dois anos de indexação internacional, estamos conhecendo o nosso primeiro Fator de Impacto no Journal of Citation Reports: 0,312. Embora módico, é um valor signicativo se considerarmosque (1) é o nosso primeiro índice e (2) temos uma proporção muito alta do nosso conteúdo escrita em português e, portanto,de acesso restrito. É um valor superior ao que esperávamos e, com certeza, nos indica que a linha editorial escolhida paraHorticultura Brasileira, baseada em relevância cientíca, transparência e responsabilidade editorial, está correta. Ao mesmo

    tempo, nos indica que ainda há um longo caminho a percorrer. Convido a todos a empreendermos juntos a jornada.Ainda tratando do Fator de Impacto, tivemos várias consultas a respeito de um dos itens que mencionamos na Carta do

    Editor publicada no número anterior. Por isso, gostaria de reforçar que, de fato, “as citações de uma revista feitas nesta mesmarevista são sim consideradas para o cálculo do Fator de Impacto. Em outras palavras, se um trabalho publicado em HorticulturaBrasileira citar outro(s) trabalho(s) publicado(s) na própria revista, então este trabalho estará contribuindo para elevar o Fatorde Impacto de Horticultura Brasileira”.

    Por m, gostaria de armar que Horticultura Brasileira não comenta, sob hipótese alguma, críticas anônimas. As críticaslegítimas, por outro lado, são necessárias, muito bem vindas e vistas por nós, sempre, como uma contribuição preciosa àrevista.

    Até o próximo número,

    Paulo Melo, editor-chefe

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     Editor's letter 

    Dearest,

    Horticultura Brasileira is here again. Our cover is once more committed to the International Year of Biodiversity. In thisissue, our dear Associate Editor, Prof. Antonio Amaral Júnior, comments on the importance of the conservation of germplasm,and thus, of biodiversity. The image on the cover comes from Dr. Rosa Lia Barbieri, who, among several other responsibilities,has been working hard on the theme.

    We have reasons to celebrate. And to celebrate a lot! After two years of international indexing, we nally knew our rstImpact Factor at the Journal of Citation Reports: 0.312. Although moderate, it is signicant when we consider that (1) it is ourvery rst gure and (2) a high ratio of our articles are written in Portuguese and therefore not fully available to everybody.The Impact Factor is above our expectations, which surely indicates that the editorial policy we adopted, based on scienticrelevance, transparency and editorial responsibility, is correct. At the same time, the Impact Factor indicates that there is still

    a long way to go. Join us in this journey!Still talking about the Impact Factor, we received some messages asking about a statement we made at the Editor´s Letter

     published at the previous issue. Hence, I would like to reinforce that indeed "citations from a journal in the same journal docount for the impact factor. In other words, when a paper published in Horticultura Brasileira cites other(s) paper(s) publishedin Horticultura Brasileira, then the paper is contributing to increase Horticultura Brasileira´s Impact Factor".

    Finally, I would like to afrm that Horticultura Brasileira, under no circumstances, makes any comments about anonymouscriticism. On the other hand, true criticism is necessary, very welcome and received always as a precious contribution to the journal.

    See you in our next issue,

    Paulo Melo, editor-in-chief 

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    259Hortic. bras., v. 28, n. 3, jul.-set. 2010

    Carta ao editor / Letter to the editor 

    Réplica às críticas feitas ao artigo de capa de Horticultura Brasileira v. 28, n. 2.

    Prezado Sr. Editor Chefe,

    Gostaria de ocupar este espaço para esclarecer aos leitores que as críticas feitas ao artigo de minha autoria, publicado capa

    de Horticultura Brasileira, v. 28, n. 2 e intitulado “Plantas úteis nativas do Brasil na obra dos naturalistas”, enviadas ao

     portal da Associação Brasileira de Horticultura (ABH) e também postadas em um grupo de discussão eletrônico de estudantes

    da UFMG, não têm qualquer fundamento. Para tanto, ressalto os seguintes pontos:

    As críticas são anônimas e, como tal, não merecem crédito. O nome que as assina inexiste nos bancos de dados mais(a)

    comuns à comunidade cientíca. Tampouco foi encontrado em pesquisas mais amplas. É importante mencionar

    ainda que o e-mail de correspondência informado pelo(a) autor(a) anônimo(a) ao portal da ABH não é real e que o

    grupo de discussão dos estudantes da UFMG em que as críticas foram postadas foi retirado do ar. Portanto, não há

    como responder diretamente ao(à) autor(a);

    Todas as informações taxonômicas incluídas no referido artigo de capa, assim como todas as demais informações(b)

    históricas e de nomenclatura botânica que divulgamos em nosso trabalho, são revisadas por uma botânica taxonomista

    exclusiva do nosso grupo;

    Ao contrário do que o(a) autor(a) anônimo(a) arma, o território de Minas Gerais nunca foi totalmente coberto por(c)orestas, exceto pela sua região leste. O restante do território mineiro é (ou foi) coberto por cerrados e caatingas;

    Somente os diários de viagem de Auguste de Saint-Hilaire encontram-se traduzidos e disponíveis na internet. Coube(d)

    a nós a honra de traduzir os demais textos e livros, especialmente aqueles relacionados às plantas medicinais.

    Desconheço a razão das palavras grosseiras, descorteses e ofensivas utilizadas pelo(a) autor(a) anônimo(a), completamente

    inadequadas ao meio cientíco em que todos atuamos e onde buscamos, sem cessar, a ética, o rigor cientíco e o respeito aos

    colegas, não só àqueles com quem concordamos, mas, da mesma forma, àqueles de quem divergimos. É uma infelicidade

    constatar que nem todos se pautam pelos mesmos princípios.

    Para o nosso grupo foi uma honra ilustrar e comentar a capa de Horticultura Brasileira, v. 28, n. 2. Permanecemos ao dispor

    da revista e da ABH para novas atividades e outros trabalhos.

    Atenciosamente,

    Prof a.Maria das Graças Lins Brandão

    Faculdade de Farmácia e Museu de História Natural e Jardim Botânico da UFMG

    Av. Gustavo da Silveira, 1035

    30180-010 Belo Horizonte-MG

    [email protected] 

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    Artigo convidado / Invited article

    O cultivo do morangueiro já podeser considerado como tradicionale consolidado no Distrito Federal. Omorangueiro foi primeiramente intro-duzido e cultivado de forma empírica pelos agricultores de origem japonesavindos da região de Atibaia, São Paulo,até hoje o principal pólo de produção demorango naquele estado. Estes agricul-

    HENZ GP. 2010. Desaos enfrentados por agricultores familiares na produção de morango no Distrito Federal. Horticultura Brasileira 28: 260-265.

    Desafios enfrentados por agricultores familiares na produção demorango no Distrito FederalGilmar P HenzEmbaixada do Brasil, Suíte 91, Private Bag X1, Menlo Park, 0102, Pretória, África do Sul; [email protected] 

    RESUMO Neste artigo são relatados, a partir de um levantamento realizado

    em 2009, as diculdades e os desaos enfrentados por agricultoresfamiliares na produção de morango no Distrito Federal (DF), assimcomo são discutidas algumas alternativas para mitigar os problemas.As principais diculdades relatadas pelos produtores foram, por or -dem de importância: (1) incidência de pragas e doenças; (2) aquisiçãode mudas; (3) custo de embalagens; (4) necessidade de mão-de-obra;e (5) custos de produção elevados. Considerando-se estes resultados,algumas possíveis alternativas para aprimorar a produção de morangodo DF são: (a) produção local de mudas com qualidade sanitária ecusto adequado, para minimizar a dependência de material propagati-vo de outros estados; (b) melhor uso da concentração de instituições

     públicas e privadas de ensino superior, pesquisa e desenvolvimento eextensão rural presentes na região para buscar informações técnicase apoio para o sistema de produção; (c) buscar uma forma de asso-ciativismo para ganhar escala de produção, ter acesso a mercadosdiferenciados e aumentar o peso político das demandas do setor; (d)aprimorar o manuseio pós-colheita do morango, adotando embalagensmais adequadas e refrigeração; (e) implementar ferramentas modernas

    de rastreabilidade do morango, para aumentar o valor agregado do produto e ter acesso a mercados mais exigentes; (f) adotar as práticasda “Produção Integrada do Morango (PIMo)”, lançadas pelo MAPAem 2006, e ingressar ocialmente no programa para obter um produtocerticado, com alto padrão de qualidade; (g) realizar um estudo demercado sobre o consumo de morango no DF e suas tendências paraatender melhor os distintos segmentos de consumo e traçar estratégiasde marketing para o morango candango. A pressão cada vez maiordos consumidores por produtos de qualidade, isentos de agrotóxi-cos e com certicação, seguramente tornará o sistema produtivo demorango do DF mais eciente e seletivo.

    Palavras-chave: morango ( Fragaria x ananassa), pequenos produ-

    tores, custos de produção, mercado.

    ABSTRACTChallenges faced by smallholders in strawberry production

    in the Federal District, Brazil

    In this article, I had highlighted the results of a survey carried outin 2009 on the situation and difculties faced by strawberry growers,characterized as smallholders, in the Federal District (DF), Brazil.

    In addition, I discuss some alternatives to mitigate these problems.The most cited challenges identied by smallholders were, in orderof importance: (1) incidence of pests and diseases; (2) strawberry

     plantlet acquisition; (3) packing costs; (4) need of intensive labor;and (5) high production costs. Based on these information, some

     possible measures to improve the social and economic status of thesmallholders involved in the strawberry production in DF are: (a)local production of plantlets, with sanitary quality and affordablecosts, to reduce the dependence on other Brazilian States; (b) a moreintensive use of the several public and private universities, science andtechnology institutions and rural extension services available in DFto support the sector; (c) creation of an association or cooperative toscale up production, access distinct market niches and strengthen the

     political inuence of the sector; (d) improve the postharvest handlingsystem by adopting modern packing materials and refrigeration; (e)adopt modern traceability tools, so as to increase the local strawberryadded value and, therefore, access more demanding markets; (f)implement and join the “Strawberry Integrated Production Program(PIMo)”, ofcially launched by the Brazilian Ministry of Agriculture,Livestock and Food Supply in 2006; (g) survey the local strawberrymarket and consumer demands to develop a strategic marketing planto serve the distinct market segments. The increasing consumers’demand for fruit quality and certied and residue free products willsurely push the strawberry production system in DF into a scenarioof efciency and excellence.

    Keywords: Strawberry ( Fragaria x ananassa), smallholders, pro-

    duction costs, market.

    (Recebido para publicação em 2 de fevereiro de 2010; aceito em 31 de agosto de 2010)( Received on February 2, 2010; accepted on August 31, 2010)

    tores iniciaram o cultivo de hortaliças efrutas no Distrito Federal para abastecero mercado local, até então dependenteda importação de outros estados. Muitosforam assentados pelo Instituto Nacio-nal de Colonização e Reforma Agrária(INCRA), a partir de 1970, no “ProjetoIntegrado de Colonização AlexandreGusmão (PICAG)”, na região admi-

    nistrativa de Brazlândia, atualmente o principal pólo produtor de morango doDistrito Federal, além de outras hortali-ças e frutas (Lopes et al ., 2005).

    A partir do início da década de 1990,o cultivo do morangueiro no DistritoFederal seguiu acompanhando a evolu-ção tecnológica das regiões produtorasdo sul de Minas Gerais e São Paulo,

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    as principais do Brasil. A partir destaépoca, foi reconhecido o potencialeconômico do cultivo de morango noDF. A introdução de novas cultivares eoutras técnicas de cultivo possibilitaramum salto de produção e qualidade quetornaram o morango uma alternativaeconômica atraente para os produtores

    rurais do Distrito Federal, não obstanteo custo de produção (Lopes et al ., 2005).Além disto, o cultivo do morangueirotem um grande papel social para oDistrito Federal pela elevada demandade mão-de-obra, que representa partesignicativa do custo total da cultura econtribui para a geração de emprego erenda (Lopes et al ., 2005).

    A cultura do morango adaptou-semuito bem à altitude do Distrito Federal,em torno de 1.000 metros, e às condi-ções climáticas do Planalto Central, emque ocorrem temperaturas mais altas noverão, boas para a produção de mudas,seguido de um inverno ameno e seco,que favorece a oração, fruticação equalidade dos frutos. Estas condiçõesedafoclimáticas diferem signicativa-mente das demais regiões brasileiras produtoras de morango, como o sul deMinas Gerais, São Paulo, Espírito Santoe Rio Grande do Sul, especialmente emrelação à umidade relativa e precipitação

    no período de produção.

    A “Associação Rural e Cultural Ale-xandre Gusmão (ARCAG)” e a EMA-TER-DF promovem anualmente, entreo nal de agosto e o início de setembro,a “Festa do Morango de Brasília” e a“Exposição Agrícola de Brasília”, doiseventos paralelos que movimentam aregião e valorizam seus principais pro-dutos. Neste ano (2010), foi realizadaa 15a  edição da Festa do Morango deBrasília, com bons motivos para celebrara cultura na região. O ano apresentouuma excelente safra, estimada em 5 milt. A produtividade, 40 t ha-1, é 25% su- perior em relação ao ano anterior devidoàs temperaturas mais baixas em 2010,que retardaram o início da safra, masmelhoraram a produção e a qualidadedos frutos (Costa & Queiroz, 2010). Em2010, 120 produtores cultivaram 70 hade morango na região de Brazlândia,utilizando cerca de 5 milhões de mudas.Parte da produção local é exportada paraoutros estados, como Goiás, Tocantins,

    Maranhão e Piauí (Festa do Morango deBrasília, 2010).

    Dificuldades enfrentadas pelosprodutores de morango do DistritoFederal

    As informações sobre as diculda-des e desaos enfrentados pelos produ-

    tores de morangueiro do Distrito Federalforam obtidas a partir de um trabalho deconclusão de curso em agronomia reali-zado no período de junho a outubro de2009 (Araújo & Pereira, 2009), em queos próprios produtores do Distrito Fede-ral, por meio de entrevistas presenciaise aplicação de questionários, indicaramsuas preocupações. As principais dicul-dades relatadas pelos produtores foram, por ordem de importância (Figura 1):incidência de pragas e doenças (28%),aquisição de mudas (24%), custo deembalagens (24%), necessidade de mão-de-obra (19%) e custos de produçãoelevados (5%).

    A seguir serão discutidas com mais profundidade algumas destas diculda-des, as possíveis causas de sua lembran-ça e citação pelos agricultores familiarese a indicação de algumas soluções.

    Incidência de pragas e doenças Assim como outras plantas oleríco-

    las, o morangueiro é muito suscetívela doenças e pragas, várias delas dedifícil diagnóstico e controle, e que podem causar grandes perdas, mesmoconsiderando-se o ciclo de produçãorelativamente curto. Por esta razão, écompreensível a grande preocupaçãodemonstrada pelos agricultores familia-res do Distrito Federal com a incidênciade pragas e doenças. De um modo geral,os produtores de hortaliças utilizam preventivamente vários agrotóxicos eo cultivo de morango não foge a estarealidade, como pode ser comprovado pela participação deste item no custode produção do morango nas diferentesregiões brasileiras.

     No Distrito Federal, já foram cons-tatadas várias das principais doenças domorangueiro (Furlanetto et al ., 1996).Entretanto, é muito interessante esta preocupação com doenças e pragas porque as condições climáticas preva-lentes no período de cultivo no PlanaltoCentral são desfavoráveis à maior partedos agentes causais de doenças, princi- palmente fungos e bactérias. Entretanto,

    a incidência de ácaros é um problema bem conhecido na região, tanto que airrigação por gotejamento é complemen-tada com pelo menos duas aplicaçõessemanais de água por aspersão para“lavar” as plantas e reduzir a populaçãode ácaros. Um levantamento sistemáticodas doenças e pragas que ocorrem na

    região na atualidade pode resultar emeconomia na aplicação de vários fun-gicidas e inseticidas ou pelo menos nonúmero das aplicações.

    Aquisição das mudas

    O processo de obtenção de mudas éuma das etapas críticas para o sucesso docultivo do morangueiro porque envolvedecisões gerenciais relevantes, comoa qualidade do material propagativo,o preço unitário, a disponibilidade e a

    escolha das cultivares. De acordo com aestimativa do custo de produção de umhectare de morango no Distrito Federal,a aquisição de mudas corresponde a 20%do custo total (EMATER-DF, 2008). Os produtores de morango do Distrito Fe-deral têm grande dependência de alguns poucos fornecedores locais, que por suavez, adquirem as mudas de revendedoresdo sul de Minas Gerais e São Paulo ou,ainda, de uma empresa do Rio Grandedo Sul, que importa mudas da Argentinae do Chile. As mudas são transportadas por caminhão, geralmente sem refrigera-ção e, nesta condição, podem apresentar problemas fisiológicos significativos posteriormente. O “vermelhão”, pro- blema detectado no Distrito Federal em2009, aparentemente se enquadra nestasituação, uma vez que nenhum patógenoou agente causal associado às plantasfoi identicado até o momento (Henz& Reis, 2009).

    A equipe técnica da INCAPERlançou em 2004 a publicação “Mudasde Morangueiro - Tecnologias paraa Produção em Viveiro” (Balbinoet al ., 2004), um conjunto completode informações sobre a produção demudas de morangueiro em viveiros,complementada por outra publicaçãosobre o sistema de produção no esta-do (Balbino, 2006). A produção localde mudas de alta qualidade genética,siológica e tossanitária e com preçoacessível pode resolver ou atenuar este problema e a grande dependência doDistrito Federal em relação à importação

    Desaos enfrentados por agricultores familiares na produção de morango no Distrito Federal

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    de mudas de outros estados. Além disto,é interessante estudar o comportamentodas diferentes cultivares de morangueirodisponíveis no mercado nas condiçõesde cultivo do DF, principalmente para ocultivo em túnel baixo.

    Custo de embalagens 

     No Distrito Federal, praticamentetoda a produção local é comercializadaem recipientes de material PET (‘cum- bucas’), com peso médio de 250 g, acon-dicionados em embalagens de papelãoque comportam até quatro unidades. Nenhuma destas embalagens é retor-nável, o que acaba gerando um custoadicional razoável já que é necessáriofazer o descarte nos pontos de vendado varejo. As equipes dos escritórioslocais da EMATER-DF de Brazlândiae Alexandre Gusmão estão avaliando junto aos produtores a possibilidade detrocar as embalagens de papelão poroutras feitas de plástico, retornáveis emais duráveis, o que alteraria a com- posição de custos e também a logísticade distribuição e comercialização. Estamudança pode ter maior impacto para pequenos produtores que, em geral, tam- bém se responsabilizam pelas vendas.Ao mesmo, seria interessante avaliaroutras embalagens, como diferentesformatos de recipientes PET, com pesose tamanhos diferenciados, oferecendomais opções aos consumidores.

    Necessidade de mão-de-obra 

    Outro aspecto marcante da culturado morango é a grande necessidade demão-de-obra para os tratos culturais, es- pecialmente nas etapas de instalação dacultura e de colheita. O custo estimadoda execução de serviços e de mão-de-obra no Distrito Federal é de 40% docusto total (EMATER-DF, 2008). No

    Espírito Santo, o cultivo de moranguei-ro demanda um grande contingente demão-de-obra, estimada em 15 pessoasha ano-1, apenas nas operações de pro-dução, colheita e manuseio pós-colheita,alcançando o número de 2.400 pessoas(Balbino et al ., 2004; Balbino, 2006). No caso do Distrito Federal, é comumter vários membros da família trabalhan-do nas distintas etapas de produção demorango, além da contratação de umou mais trabalhadores temporários no período de produção. De uma maneirageral, em um grande número de pro-

     priedades, as mulheres se encarregamda colheita, seleção e classicação dosfrutos e embalagem. Mesmo pagandosalários relativamente altos, está difícila contratação de mão-de-obra para acultura do morango no Distrito Federal pelo fato de haver maior oferta de em- pregos regulares na região em outros

    setores, como serviços, e também pelasazonalidade da demanda para a culturado morango.

    Custo de produção 

    De acordo com a EMATER-DF(2008), o custo de produção de morangoem um hectare, para uma produtividadede 24 t ha-1, era R$ 51.502,53, estimadocom preços de abril de 2008. Esta produ-tividade equivalia a 20.000 caixas de 1,2kg, com os custos de produção corres- pondendo a R$ 31.132,53 de insumos eR$ 20.470,00 de serviços. A distribuição percentual aproximada destes custos,agrupada por itens de dispêndio, é aseguinte: serviços/mão-de-obra (40%),mudas (20%), embalagens (18%), adu- bos/corretivos (14%), plásticos para“mulching” (5%), agrotóxicos (3%). EmMinas Gerais, os custos operacionais deum hectare de morango são distribuídosda seguinte maneira: embalagens (43%);mecanização/mão-de-obra (16%); mu-das (14,5%); fertilizantes e corretivos desolo (14%); agrotóxicos (10%) e 2,5% para outros custos (Carvalho, 2005).Alguns itens do custo de produção dacultura do morangueiro, como mudase embalagens, por exemplo, diferemsobremaneira do custo de produção deoutras hortaliças. Por esta razão, um es-tudo mais detalhado da composição doscustos das cultura é necessário para pro- por modicações e avaliar seu impactona rentabilidade da atividade.

    Desaos para a produção de mo-rango no Distrito Federal

    Atualmente, a produção de moran-go no Distrito Federal é uma importanteatividade para agricultores familiares principalmente por causa da alta pro-dutividade e do emprego intensivode mão-de-obra, gerando emprego erenda. Como já descrito anteriormente,a cultura é bem adaptada às condiçõesde solo e clima do DF, além de já existiruma tradição de seu cultivo na região.Entretanto, existem vários aspectos dacadeia produtiva de morango local que

    necessitam de uma atenção especial paraque a atividade seja sustentável a médio prazo e torne-se competitiva com outrasregiões produtoras.

    Aquisição de mudas

    É indiscutível a importância daqualidade e custo das mudas de moran-

    gueiro para os produtores do DistritoFederal. Até o momento, este é um dos principais entraves técnicos para a me-lhoria da produção local, principalmente porque o fornecimento das mudas estáconcentrado em poucos fornecedores,o que pode representar um risco para oatendimento de todos os pedidos, porexemplo, no caso de expansão da áreacultivada. Outros riscos estão associadosao perigo potencial de introdução de no-vas pragas e doenças por meio de mudas produzidas sem scalização adequada,como ocorreu com a doença “or preta”causada por Colletotrichum acutatum noDF na década de 1990 (Henz & Reifsch-neider, 1990; Henz et al ., 1992).

    As mudas comercializadas no DFem geral são produzidas no sul de MinasGerais e São Paulo, com a multiplica-ção a campo, de forma convencional. No Distrito Federal, também existe aoferta de mudas de empresas de SãoPaulo e do Rio Grande do Sul, quemultiplicam cultivares estrangeiras pormeio de cultura de tecidos a partir de plantas-matrizes importadas do Chile eda Argentina, com qualidade sanitária eintegridade genética. O principal entrave para a popularização destas mudas noDistrito Federal é o seu custo unitáriomuito elevado quando comparado ao dasmudas tradicionais. Esta é uma grandediculdade para os agricultores fami-liares que não podem arcar com custosde produção elevados por conta dosriscos intrínsecos à cultura. Por questõesestratégicas, a produção local de mudas por uma ou mais empresas ou produtoresespecializados deve ser incentivada, principalmente para atender uma parteda demanda, estimada em cinco milhõesde mudas em 2010.

    Orientação técnicaÉ preocupante o comportamento de

    grande parte dos produtores familiaresde morango do Distrito Federal emrelação à orientação técnica. Brasíliae região têm um grande número deinstituições que podem auxiliar os

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     produtores, como a EMATER-DF, aSecretaria de Agricultura do DistritoFederal, as unidades da Embrapa (Hor-taliças, Cerrados, Recursos Genéticos eBiotecnologia), universidades públicase privadas (Universidade de Brasília,Universidade Católica de Brasília, Fa-culdades da Terra de Brasília, UPIS),

    ministérios (Agricultura, Pecuária eAbastecimento; Desenvolvimento Agrá-rio; Desenvolvimento Social; Ciência eTecnologia), além de vários escritóriosdo SEBRAE.

    A mobilização deste grande poten-cial de apoio ao pólo de produção de mo-rango local depende apenas de uma me-lhor articulação e, principalmente, umademanda vinculada a uma organização,como uma associação de produtores oucooperativa. A atuação do MDA e do

    MDS neste segmento, em conjunto coma EMATER-DF, pode ser mais efetivaconsiderando-se que a grande maioriados produtores de morango do DistritoFederal enquadram-se nos critérios deagricultura familiar do PRONAF e ain-da têm baixa escolaridade, o que podeafetar seu acesso e compreensão sobreinformações técnicas ou cientícas diri-gidas para outros públicos. Uma maiorcapacitação técnica destes produtores parece ser essencial para sua integração

    a sistemas produtivos de nível mais alto,como a produção integrada e sistemasde rastreabilidade, por exemplo.

    AssociativismoA falta de uma cooperativa ou as-

    sociação realmente ativa tem impedido

    o progresso coletivo dos produtoresfamiliares de morango do Distrito Fe-deral. É interessante perceber que, naregião dos Núcleos Rurais de Pipiripaue Taquara, distante 60 km da cidadede Brasília, mas ainda no DF, existeum ótimo exemplo nesta área. Uma pequena associação de produtores de

    hortaliças, criada em 1997 com o apoioda EMATER-DF, se transformou emcooperativa de sucesso, a CooperativaAgrícola da Região de Planaltina-DF(Cootaquara). A Cootaquara atualmentetem 140 cooperados que produzem 400t por mês de 40 produtos hortícolas,sendo hoje o principal pólo de produçãode pimentão sob cultivo protegido noBrasil. Como resultado da atuação daCooperativa, a região desenvolveu-seeconômica e socialmente, constatando-

    se uma signicativa melhoria no usode técnicas modernas de produção,aumento das oportunidades de trabalhoe melhoria da qualidade de vida da população local (Lana et al ., 2010).Teoricamente, o mesmo modelo podeser replicado nos Núcleos Rurais deBrazlândia e Alexandre Gusmão comos produtores de morango, que também produzem outras hortaliças, como alfa-ce, tomate, brócolos, couve-or, couve,cenoura, beterraba, salsa, coentro, chu-

    chu, entre outras, além de ser uma regiãotradicional de produção de goiaba. Cer-tamente os custos de produção podemser reduzidos pela compra em grandesquantidades de insumos, de mudas etambém das embalagens, sem contar o

    maior poder na comercialização, hoje pulverizada por vários pequenos pro-dutores ou concentrada em um grande produtor. A falta de uma associação oucooperativa tem impedido o progressocoletivo e a evolução da produção demorango na região, ao mesmo tempoque diculta a exportação do produto

     para outras regiões, como o Nordeste e Norte, atualmente abastecidos por Mi-nas Gerais, Espírito Santo e São Paulo,que têm maior volume de produção.

     Na região de Brazlândia já existe aARCAG, uma associação de produtoresque congrega a comunidade japonesada região, os pioneiros agricultores queintroduziram a cultura do morango. Umaoutra associação ou cooperativa espe-cíca para os produtores de morangoou do segmento de agricultura familiar

     pode ser uma alternativa.Manuseio pós-colheita

    O manuseio pós-colheita do mo-rango produzido no Distrito Federaldeve ser aprimorado urgentemente, poisapresenta uma série de problemas queafetam a qualidade e a durabilidade dosfrutos. Algumas ações que precisam serimplementadas a curto prazo são:

    (a) aumentar a higiene na colheitae manipulação dos frutos pelos traba-lhadores rurais nos galpões de bene-ciamento dos agricultores familiares,mediante a adoção de Boas PráticasAgrícolas (BPA);

    (b) adotar critérios transparentes econsistentes na classicação dos frutos por tamanho, aparência e grau de ma-durez, para recuperar a conança dosconsumidores. Há uma reclamação geralde que, a camada inferior de frutos nosrecipientes PET utilizados para comer-cialização, tem qualidade muito inferioràqueles da camada superior, visíveis nomomento da compra;

    (c) adotar técnicas de pós-colheita já consagradas para o morango, comoo pré-resfriamento em temperaturas próximas a 0oC em câmara fria ou ar frioforçado e o armazenamento em câmarafria entre 2 a 3oC e 95% de umidaderelativa, com manutenção da cadeia defrio em caminhões com sistema de re-frigeração durante a comercialização e adistribuição para o mercado local.

    RastreabilidadeA adesão a algum tipo de controle

    Figura 1. Diculdades na produção do morango identicadas por agricultores familiares noDistrito Federal em 2009. Brasília, Embrapa Hortaliças, 2009 (difculties on the productionof strawberries, identied by the familiar farmers in the Federal District, in 2009).

    Desaos enfrentados por agricultores familiares na produção de morango no Distrito Federal

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    de qualidade ou de rastreabilidade é umfator essencial para aumentar a conan-ça entre produtores e consumidores demorango. No Distrito Federal, toda acomercialização é feita em recipientesde PET, com peso variando de 250 a 300g em cada unidade. Muitos produtoresainda não utilizam um selo identica-

    dor da procedência, com a composiçãocentesimal, data da colheita e validadedo produto, o que ocasiona uma série de problemas para os consumidores.

     No Espírito Santo, por meio de umainiciativa da Secretaria de Agricultura eda INCAPER junto aos produtores demorango dos municípios de Santa Mariade Jetibá, Domingos Martins, Castelo,Venda Nova do Imigrante, Brejetuba,Vargem Alta, Alfredo Chaves e AfonsoCláudio, foi criado um selo (“Morangos

    das Montanhas do Espírito Santo – Qua-lidade com Responsabilidade”), quefunciona como um certicado de ras-treabilidade do produto (SEAG, 2008). Neste sistema, a adesão por parte dos produtores é voluntária e sua produçãoé monitorada. Aproximadamente 90%dos produtores da região possuem o selode origem (SEAG, 2008). Idéia seme-lhante poderia ser aplicada à produçãode morango do Distrito Federal, que possui área menor e mais concentrada

    da produção, inclusive com a criação deum selo de qualidade para identicar o produto local.

    Adesão ao “Programa de Produ-ção Integrada do Morango (PIMo)”

    A adesão dos produtores de moran-go do Distrito Federal ao “Programade Produção Integrada do Morango(PIMo)” certamente resolveria uma parte signicativa dos problemas e de-saos levantados. As normas técnicas

     para a produção integrada do morango já publicadas pelo Ministério da Agricul-tura, Pecuária e Abastecimento (MAPA,2006) prevêem a capacitação dos produ-tores em práticas agrícolas, como BPA(Boas Práticas Agrícolas) e PI (ProduçãoIntegrada); organização dos produtorese gestão da PI Morango; capacitação emcomercialização e marketing; segurançado trabalho; educação ambiental; orga-nização dos produtores; planejamentoambiental; cuidados com material pro- pagativo (mudas), como a utilização demudas oriundas de viveiros scalizados;

    cuidados na implantação do cultivo,como denição de parcela, deniçãoda época de cultivo; localização dalavoura, com cuidados com rotação deculturas, declividade do terreno; sele-ção da cultivar; polinização; sistemade plantio, com denição do númerode linhas de plantas no canteiro, altura

    dos canteiros, bordaduras, túnel baixoou alto; fertilização; manejo do solo;irrigação; qualidade da água; manejo da parte aérea, como a eliminação de partesdoentes; adoção de técnicas de proteçãointegrada, como MIP (Manejo Integradode Pragas), utilização de agrotóxicosregistrados de acordo com a legislaçãovigente e receituário agronômico; usode EPI (Equipamento de Proteção Indi-vidual) e manutenção de equipamentosde aplicação de agrotóxicos; obediência

    às recomendações técnicas no preparo,aplicação e armazenamento de agrotó-xicos; efetuar a tríplice lavagem e en-caminhar as embalagens de agrotóxicosaos centros de recolhimento; tomar oscuidados devidos na colheita e pós-colheita dos frutos, utilizar caixas de plástico limpas e higienizadas; cuidar dahigiene na colheita; obedecer critériosde classicação, embalagem e etiqueta-gem; obedecer às normas de transportee armazenamento; cuidar de aspectos de

    logística e distribuição do produto paragarantir a manutenção da qualidade atéo ponto nal de consumo.

    Com a implantação das práticas preconizadas no sistema de produçãointegrada é possível reduzir o uso deagrotóxicos, com a diminuição dasquantidades e do número de aplicações.Em conseqüência, são reduzidos tam- bém os riscos de contaminação do solo,água, frutos e dos próprios produtores.A produção integrada fornece ainda osmeios para aumentar a capacitação e prossionalização dos agricultores eobter produtos de melhor qualidade, re-sultando em reconhecimento e aumentoda conança dos consumidores.

    Estudo de mercadoO morango tem alto custo de produ-

    ção, similar a outras olerícolas de altovalor agregado, o que implica riscos aoinvestimento realizado no caso de haveralgum problema que afete a produtivida-de ou aparência dos frutos. Este temor

    de perda financeira ocasionado pela possibilidade de problemas na produção

    leva a exageros em determinados tratosculturais, como a irrigação e aplicaçãode fertilizantes e agrotóxicos.

    Atualmente, existe pouco conheci-mento e capacidade nanceira por partedos agricultores familiares para aprimo-rar o manuseio pós-colheita do morango,como por exemplo, a utilização de pré-

    resfriamento e manutenção da cadeiade frio até o varejo, com o transporteem caminhão refrigerado. Certamente,uma das maiores limitações é a produçãorelativamente pequena das unidades de1 ha e a comercialização com vendadireta para mercados menos exigentes.Estes mercados certamente não teriamcomo absorver os custos adicionais douso de tecnologias mais sosticadas oude sistemas de garantia de qualidade ourastreabilidade. Incluem-se nesta cate-

    goria o morango destinado ao mercadoin natura para mercearias, ‘sacolões’e pequenos mercados das cidades-satélite do Distrito Federal, tambémabastecidos por vendedores ambulantese pelo comércio de beira de estrada, eo morango congelado, destinado paraagroindústrias de polpas, restaurantese lanchonetes.

    O mercado consumidor de frutas ehortaliças do Distrito Federal e da regiãoé muito diversicado e complexo por

    conta dos distintos estratos sociais. Faltaum estudo mais aprofundado sobre osconsumidores e suas preferências, paraque assim os produtores de morango pudessem explorar melhor os nichos demercado e oportunidades que atualmenteignoram. Aparentemente, os produtoresfamiliares de morango do DF conhe-cem parcialmente alguns segmentosde mercado, como os supermercadosde pequeno e médio porte, e pequenosmercados, mercearias e “sacolões”,

    comuns nas cidades satélites, porquefazem venda direta, sem passar porcentrais de abastecimento.

    Considerações nais

    O pólo produtivo de morango doDistrito Federal apresenta característicasaltamente favoráveis para a consecuçãode um arranjo produtivo local (APL),em que o associativismo e a adoção detécnicas modernas de produção, como oPIMo, e de uma estratégia comercial co-

    letiva podem melhorar substancialmentea renda e a capacidade produtiva dos

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    agricultores familiares locais, respon-sáveis por mais de 90% da produção demorango brasiliense.

    Um bom exemplo a ser seguido é odo estado do Espírito Santo, em que aSecretaria de Agricultura e a INCAPER, por meio de várias ações integradas de pesquisa, desenvolvimento e inovação,implementaram diversas ações de apoio,tais como introdução de cultivaresmais produtivas, produção integrada,ampliação da produção de mudas invitro, programa de monitoramento daslavouras, ampliação e capacitação darede de assistência técnica, além docadastro de produtores e a criação damarca e selo próprios para caracterizara produção capixaba.

    Alguns dos desaos para tornar oDistrito Federal um grande pólo de produção de morango, com reconhecidaqualidade e conabilidade, estão apre-sentados preliminarmente neste artigo.Entretanto, para alcançar esta condição,é fundamental a participação ativa dos próprios agricultores familiares, quecontam com uma situação privilegiadaem termos de facilidade de acesso ainformações e apoio por parte de insti-tuições públicas localizadas no próprioDistrito Federal. No Brasil, em algumascadeias produtivas de hortaliças, apesarde um grande esforço de instituições públicas e do próprio MAPA, não houveinteresse por parte dos produtores emaderir ao sistema de produção integrada,como por exemplo, os produtores de batata do sul de Minas Gerais.

    Com certeza, a pressão dos consu-midores por produtos de qualidade, comcerticação, tornará parte do sistema produtivo de morango do Distrito Fede-ral cada vez mais eciente e seletivo. Asoutras regiões produtoras de morangono Brasil já têm várias iniciativas de

    valorização de seu produto, ocupandoespaços importantes no mercado nacio-nal. No Distrito Federal, os produtoresdo sistema orgânico já sabem disto eaqueles que identicam seus produtoscom selos próprios também sentema diferença em estabelecer um elo deconança com os consumidores. Esta

    é uma excelente oportunidade parauma mudança signicativa na formade produzir e comercializar o morangocandango, com benefícios para todos.

    AGRADECIMENTOS

    O autor agradece às EngenheirasAgrônomas Tatiane M. Araújo e Sirleide Fátima Pereira, que executaram oTrabalho de Conclusão de Curso (TCC)

    com a cultura do morango junto à Facul-dade da Terra de Brasília (Unisaber); atodos os produtores de morango entre-vistados pelas informações prestadas eaos engenheiros agrônomos e técnicosda EMATER-DF (escritórios de Ale-xandre Gusmão e Brazlândia), pelosuporte técnico e informações. Tambémagradeço a leitura criteriosa e as valio-sas sugestões dos revisores ad hoc  eda Comissão Editorial da HorticulturaBrasileira.

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    Desaos enfrentados por agricultores familiares na produção de morango no Distrito Federal

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    Pesquisa / Research

    Hortic. bras., v. 28, n. 3, jul.- set. 2010

    Aalface americana, tipo repolhuda(crisphead lettuce), vem adquirindoimportância crescente, principalmente,na região sul de Minas Gerais. O plantiodeste tipo de alface visa principalmente

    atender as redes fast food  de alimenta-ção, como MacDonald’s (Mota et al .,2003).

    A fertilização constitui uma das práticas agrícolas mais caras e de maiorretorno econômico, resultando em maio-res rendimentos e em produtos maisuniformes e de maior valor comercial(Ricci et al., 1995). A alface é uma planta composta basicamente por folhase responde à fertilização nitrogenada. Adeciência de N retarda o crescimento

    da planta e induz à má formação da ca- beça, folhas mais velhas amareladas que

    RESENDE GM; ALVARENGA MAR; YURI JE; SOUZA RJ. 2010. Doses de nitrogênio e molibdênio no rendimento e teor de micronutrientes em alfaceamericana. Horticultura Brasileira 28: 266-270.

    Doses de nitrogênio e molibdênio no rendimento e teor de micronutrientesem alface americanaGeraldo M de Resende1; Marco Antônio R Alvarenga2; Jony E Yuri3; Rovilson José de Souza21Embrapa Semi-Árido, C. Postal 23, 56302-970 Petrolina-PE; 2UFLA-Depto. Agricultura, C. Postal 37, 37200-000 Lavras-MG; 3UNIN-COR, Av. Castelo Branco 82, 37410-000 Três Corações-MG; [email protected]; [email protected][email protected][email protected] 

    RESUMOO trabalho foi conduzido no município de Três Pontas, Sul de

    Minas Gerais, de outubro a dezembro de 2002, com o objetivo deavaliar a inuência de doses de nitrogênio (N) e molibdênio (Mo) norendimento e teor de micronutrientes da alface americana. Utilizou-

    se o delineamento de blocos casualizados em arranjo fatorial 4 x5, compreendendo quatro doses de N (0, 60, 120 e 180 kg ha -1) emcobertura adicionais à dose aplicada pelo produtor de 60 kg ha -1 ecinco doses de Mo via foliar (0,0; 35,1; 70,2; 105,3 e 140,4 g ha-1)com três repetições. O maior rendimento de massa fresca comercialfoi obtido com a dose de 89,1 kg ha -1 de N em cobertura e 94,2 gha-1 de Mo. Os resultados indicaram incremento nos teores de boro,zinco, ferro e manganês com o aumento das doses de N e Mo. Emrelação ao teor de cobre vericou-se efeito signicativo da interação

     N x Mo, evidenciando para a maior dose de Mo (140,4 g ha-1) umaredução linear com o aumento das doses de N.

    Palavras-chave:  Lactuca sativa, rendimento, boro, zinco, cobre,ferro, manganês.

    ABSTRACTDoses of nitrogen and molybdenum effects on yield and

    micronutrient content of crisphead lettuce plants

    The trial was carried out in Três Pontas, Minas Gerais State,

    Brazil, from October to December, 2002, to evaluate the inuence ofdoses of nitrogen and molybdenum on yield and macronutrient uptakeof crisphead lettuce ( Lactuca sativa L.). A randomized complete

     block design scheme with three replications was used, in which thetreatments were a factorial combination of nitrogen rates (0, 60, 120and 180 kg ha-1 of N) in top dressing in addition to the dose used byfarmers (60 kg ha-1 of N) and ve foliar molybdenum rates (0.0;35.1; 70.2; 105.3 and 140.4 g ha-1). The highest yield of commercialfresh mass was obtained using the dose of 89.1 kg ha-1 of nitrogen intop dressing and 94.2 g ha-1 of molybdenum. The results indicated anincrease in the levels of Ca, Zn, Fe and Mn as a consequence of theapplication of higher doses of nitrogen and molybdenum. Signicanteffect of the interaction N x Mo on the Cu level was veried and it wasevidenced, for the highest molybdenum level (140.4 g ha-1), a linear

    reduction due to the application of increasing doses of nitrogen.

    Keywords:  Lactuca sativa, yield, boron, zinc, copper, iron,manganese.

    (Recebido para publicação em 10 de fevereiro de 2009; aceito em 16 de junho de 2010)

    (Received on February 10, 2009; accepted on June 16, 2010)

    desprendem-se com facilidade (Garciaet al., 1982).

    O Mo é constituinte de pelo menoscinco enzimas catalisadoras de reações(redutase do nitrato, nitrogenase e oxida-

    se do sulto) e três são encontradas em plantas (Gupta & Lipsett, 1981), sendo asua função mais importante relacionadacom o metabolismo do N.

    O crescimento da alface, e comoconseqüência o acúmulo de nutrientes,é lento até 30 dias após a emergência,aumentando rapidamente após este pe-ríodo. Apesar de absorver quantidadesrelativamente pequenas de nutrientesdevido ao seu ciclo curto (2 a 3 me-ses), esta cultura pode ser considerada

    exigente em nutrientes, principalmentena fase nal do seu ciclo (Katayama,

    1993).

    Informações relacionadas à fertili-zação da alface com os micronutrientes boro, cloro, cobre, ferro, manganês,molibdênio e zinco, são escassas, prin-cipalmente em se tratando de alface tipoamericana. Entretanto, estes nutrientessão essenciais uma vez que a sua faltaimpede a planta de completar seu ciclovital (Malavolta, 2006).

    O objetivo deste trabalho foi avaliaros efeitos de doses de N e de Mo sobreo rendimento e teor de micronutrientesna parte aérea da alface americana cul-tivada sob condições de verão no sul deMinas Gerais.

    MATERIAL E MÉTODOS

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    267Hortic. bras., v. 28, n. 3, jul.- set. 2010

    O experimento foi conduzido em propriedade rural, no município de TrêsPontas, sul de Minas Gerais, (21º22’00”S; 45º30’45’’ W; 870 m altitude) (IBGE,2005), em solo classicado como La-La-tossolo Vermelho Distroférrico texturaargilosa (Embrapa, 1999). O clima daregião é caracterizado por temperatura

    média anual variando de 15,80C nomês mais frio, a 22,10C no mês maisquente; com precipitação média anualde 1.529,7 mm e umidade relativa doar de 76,2% (Brasil, 1992). A análisequímica do solo resultou os valores:K= 70,0 mg dm-3; P (Mehlich)= 78,0mg dm-3; Ca= 4,1 cmol

    cdm-3; Mg= 0,8

    cmolcdm-3; Al= 0,0 cmol

    cdm-3; H + Al=

    2,3 cmolcdm-3; Zn= 0,8 mg dm-3; Fe=

    25,0 mg dm-3; Mn= 14,2 mg dm-3; Cu=

    1,0 mg dm-3; B= 0,3 mg dm -3; pH em

    H20= 6,0 e MO= 24 g kg-1.O delineamento experimental uti-

    lizado foi de blocos ao acaso; ostratamentos distribuídos em fatorial 4x 5, compreendendo quatro doses denitrogênio (0, 60, 120 e 180 kg ha-1) emcobertura adicionais à dose aplicada pelo produtor de 60 kg de N ha-1 e cincodoses de molibdênio aplicadas via foliar(0,0; 35,1; 70,2; 105,3 e 140,4 g ha-1),com três repetições. A uréia foi utilizadacomo fertilizante nitrogenado e o mo-

    libdato de sódio como fonte de Mo. Auréia foi aplicada em cobertura aos 10,20 e 30 dias após o transplante em 40%,30% e 30%, respectivamente, da dosetotal em avaliação. As doses de uréiaavaliadas foram previamente diluídasem água pura, aplicando-se 10 mL dasolução, lateralmente a cada planta.O molibdato de sódio foi aplicado aos21 dias após o transplante por meio de pulverizador costal manual capacidadede 4 L em máxima pressão, gastando-se

    300 L ha-1 de calda.O preparo do solo foi realizado com

    aração e gradagem, e os canteiros foramlevantados a 0,20 m de altura. As mudasforam feitas em bandejas multicelularesde 288 células cada uma, preenchidascom substrato articial (Plantmax), sen-do o transplante feito aos 25 dias apóso semeio, quando as plantas apresen-taram dois pares de folhas denitivas,utilizando-se a cultivar Raider.

    As parcelas experimentais cons-tituíram-se de canteiros com quatro

    linhas de 2,1 m de comprimento eespaçamento entre plantas de 0,30 x0,35 m. As linhas centrais formaram aárea útil, retirando-se duas plantas emcada extremidade. Em toda a área foiinstalada uma estrutura de proteção,constituída de túneis altos com 2,0 mde altura, cobrindo dois canteiros por

    túnel, constituído de tubos de ferrogalvanizados, coberta com lme plás-tico transparente de baixa densidade,aditivado com anti-UV, de 100 micras deespessura. Os canteiros foram revestidoscom lme plástico preto mulching , de 4m de largura e 35 µm de espessura.

    A fertilização básica de plantio uti- básica de plantio uti-lizada pelo produtor constou de 30 kgde N + 410 kg de P

    2O

    5+

     120 kg de

     K 

    2O.

    Após os adubos serem incorporados aosolo, instalou-se em cada canteiro duas

    linhas de tubo gotejador, com emissoresespaçados a cada 30 cm e com vazão de1,5 L h-1. As adubações em cobertura fo-As adubações em cobertura fo-ram realizadas através de fertirrigaçõesdiárias, totalizando 30 kg de N ha-1 e 60kg de K 

    2O ha-1.

    A cultura foi mantida no limpo pormeio de capinas manuais e o controletossanitário foi realizado pelo método padrão do produtor, com pulverizaçõessemanais alternando produtos à basede oxicloreto de cobre, iprodione, pro-cimidone e piretróides, de acordo coma necessidade.

    O transplantio das mudas foi reali-transplantio das mudas foi reali-zado 30 dias após a semeadura em 28de outubro de 2002 e a colheita foi feitaem 9 de dezembro de 2002, quando as plantas apresentaram-se completamentedesenvolvidas.

    Por ocasião da colheita avaliou-se orendimento de massa fresca comercial (g planta-1) e retiraram-se amostras no terçomédio da cabeça comercial de todasas plantas úteis da parcela, obtendo-seuma amostra (±300 g) por tratamento.Estas foram lavadas em água corrente edestilada, e secas em estufa com circu-lação forçada de ar, a 65-700C, até pesoconstante, moídas e acondicionadas emrecipientes vedados com tampa de plás-tico, com as devidas identicações. Aanálise dos micronutrientes no respecti-vo material foi realizada em laboratórioda UFLA.

    O boro foi determinado pelo mé-todo colorimétrico da curcumina com

    digestão por via seca. O zinco, man-ganês e cobre foram determinados porespectrofotometria de absorção atômicano extrato nitroperclórico. Os demaismicronutrientes foram analisados porespectrofotometria de absorção atômica(EAA), de acordo com Malavolta et al. (1997).

    Os dados coletados foram subme-tidos à análise de variância e regressãocom base no modelo polinomial a 5%de probabilidade.

    RESULTADOS E DISCUSSÃO

    Houve efeitos significativos dasdoses de N e de Mo para massa frescacomercial da parte aérea. As dosesde N foram ajustadas a um modelo

    quadrático, no qual 89,6 kg ha-1

      de N em cobertura resultaram em maiorrendimento (Figura 1). Estes resulta-dos são inferiores aos encontrados porTei et al . (2000), para alface tipo lisae butterhead , que vericaram maiores produtividades com a dose de 155,0 kgha-1  de N. Furtado (2001), avaliandodoses acima de 148,0 kg ha-1 de N, nãoencontrou para massa fresca comercialdiferenças signicativas.

    Em relação às doses de Mo obser-

    vou-se efeito quadrático com máxima produtividade na dose de 94,2 g ha-1 (Figura 2). Com o incremento dasdoses de Mo em função das épocas deaplicação, Yuri et al. (2004) vericaramefeitos quadráticos para massa frescacomercial, tendo as doses de 82,7 gha-1 proporcionado o maior rendimentoquando aplicado aos 21 dias após otransplantio. Resultados positivos daaplicação de Mo na cultura da alfacesão relatados por Zito et al. (1994), que

    observaram aumento médio de 24,1%,na produção comercial de alface com aaplicação desse micronutriente.

    Os teores de boro na parte aérea daalface receberam inuência das doses de N e Mo, assim como da interação destesfatores. O desdobramento da interaçãoMo x N mostrou efeitos lineares posi-tivos na ausência de Mo e na dose de70,2 g ha-1 de Mo, as quais aumentaramlinearmente com o incremento das dosesde N (Tabela 1). Na dose de 35,1 g ha-1

    de Mo, ajustou-se um modelo quadráticocom teor mínimo de boro (19,8 mg kg-1)

    Doses de nitrogênio e molibdênio no rendimento e teor de micronutrientes em alface americana

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    na dose de 94,2 g ha-1 de N em cobertura.Para a dose de 105,3 g ha-1 de Mo veri-

    cou-se efeito quadrático com maior teorde boro (16,8 mg kg-1) na dose de 106,6kg ha-1  de N. Estes resultados estãocoerentes com os obtidos por Resendeet al . (1997) que constataram aumentolinear no teor de boro na parte aérea domilho, com o incremento das doses de N, atribuindo este fato, ao papel do Nno desenvolvimento da planta. Furtado(2001) também encontrou tendência demaior teor de boro com o incremento dasdoses de N em alface americana.

    Foram constatados efeitos signica-tivos das doses de N e Mo e da interação

    destes fatores no teor de zinco na parteaérea da alface. Desdobrando-se a in-in-

    teração Mo x N vericou-se um efeitolinear positivo para a dose de 35,1 g deMo ha-1, a qual aumentou com o incre-mento das doses de N (Tabela 1). Naausência de Mo, a dose de 74,6 kg de N ha-1 em cobertura promoveu o maiorteor de Zn. Os maiores teores de Znforam obtidos para as interações entreas doses de 70,2, 105,3 e 140,4 g ha-1 deMo e 102,1, 113,3 e 86,3 kg ha-1 de N.Também foram observados efeitos po-sitivos da fertilização nitrogenada sobre

    o teor de zinco na parte aérea de batata(Soltanpour, 1969) e milho (Resende et

    al ., 1997), assim como em  Ligustrumvulgare (Stratton et al , 2001). Furtado(2001) porém não observou diferençasignicativa no teor de zinco em funçãoda aplicação de doses de N em alfaceamericana.

    Resultados similares foram observa-dos em relação ao teor de cobre na parteaérea da alface (Tabela 1). Na análiseda interação Mo x N foram ajustadosmodelos quadráticos, evidenciando paraa maior dose de Mo (140,4 g ha-1) umefeito linear depressivo com o aumentodas doses de N. Na ausência da fertiliza-ção com Mo, nas doses de 70,2 e 105,3g ha-1, ajustaram-se modelos quadráticoscom pontos de máximo teor de cobrenas doses de 62,2, 89,8 e 92,2 kg ha-1 de N em cobertura. Para a dose de 35,1 gha-1 de Mo houve ajuste quadrático com ponto de mínimo teor de cobre na dosede 113,3 g de N ha-1. Furtado (2001) nãoobservou aumento no teor de cobre emalface americana submetida a aplicaçõesde doses crescentes de N, bem como Al-varenga et al. (2000) quando aplicaram N e cálcio. No entanto, Resende et al .(1997) constataram aumento linear noteor de cobre na parte aérea do milhocom as doses de N. Stratton et al . (2001)observaram maior teor de cobre na parteaérea de ligustrum (privet) em função da

    aplicação de N. Segundo Santos (1991),há um efeito de inibição não competi-tiva entre os íons MoO

    42- e Cu2+, isto é,

    o inibidor se combina com o sítio nãoativo do carregador.

    Observaram-se efeitos signicati-vos das doses de N, Mo e da interação N x Mo sobre o teor de ferro na parteaérea da alface. O desdobramento dainteração entre doses de N e de Moajustou modelos quadráticos para todas

    as doses (Tabela 1). Na ausência de Moobteve-se a dose de 133,9 kg de N ha-1 como a que proporcionou maior teorde ferro. Para as doses de 35,1; 70,2;105,3 e 140,4 g ha-1 de Mo estimou-seas doses 119,6; 95,6; 99,1 e 95,8 kg ha-1 de N, respectivamente, como as queresultaram em maior teor de Fe. Furtado(2001) observou tendência de maior teorde ferro com o incremento das doses de N em alface americana. Resende et al .(1997) obtiveram maior teor de Fe na

     parte aérea de plantas de milho comfertilização nitrogenada.

    250

    300

    350

    400

    450

    500

    0 60 120 180

    Doses de nitrogênio em cobertura (kg/ha)

       M  a  s  s  a   f  r  e  s  c  a

       (  g   /  p   l  a  n   t  a   )

    Y = 416,9893 + 0,738711D - 0,0041203D2 R 2 = 0,76**

    Figura 1. Massa fresca comercial de alface tipo americana em função de doses de nitrogênio(commercial fresh mass of  crisphead lettuce in response to nitrogen levels). Três Pontas,Embrapa Semi-Árido, 2002.

    250

    300

    350

    400

    450

    500

    0,0 35,1 70,2 105,3 140,4

    Doses de molibdênio (g/ha)

       M  a  s  s  a   f  r  e  s  c  a   (  g   /  p   l  a  n   t  a   )

    Y = 402,9909 + 0,922334D - 0,0048947D2 R 2 = 0,94**

    Figura 2. Massa fresca comercial de alface tipo americana em função de doses de molib-dênio (commercial fresh mass of crisphead lettuce in response to molybdenum levels). TrêsPontas, Embrapa Semi-Árido, 2002.

    GM Resende et al .

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    A análise do teor de manganês na parte aérea da alface mostrou efeitossignicativos das doses de N e Mo e dainteração entre esses nutrientes (Tabela1). Pelo desdobramento da interaçãovericou-se na ausência de Mo, um ajus-te quadrático, no qual a dose de 134,6kg ha-1 de N em cobertura resultou emmaior teor de manganês. Para as demaisdoses de Mo ajustou-se modelos lineares positivos, ou seja, com o incremento dasdoses de N houve incremento no teorde manganês. Furtado (2001) observouuma tendência de aumento do teor demanganês na parte aérea de alface ame-ricana com o aumento das doses de N,

    enquanto Resende et al . (1997), verica-ram aumento na absorção de manganêsna planta com a adubação nitrogenadaem milho e por Stratton et al . (2001) em

     Ligustrum vulgare (privet).Conclui-se que as doses de 89,1 kg

    ha-1 de N em cobertura e 94,2 kg ha-1 de Mo proporcionaram a maior massafresca comercial, e que a interação N emcobertura e Mo foliar aumentaram osteores de boro, zinco, ferro e manganês ereduziram o teor de cobre na parte aéreade alface americana na maior dose deMo (140,4 kg ha-1).

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    Tabela 1.  Teores de micronutrientes na parte aérea de alface americana em função dedoses de nitrogênio e de molibdênio (kg ha-1) (micronutrients content of crisphead lettuceaboveground part in response to nitrogen and molybdenum levels (kg ha -1)). Três Pontas,Embrapa Semi-Árido, 2002.

    Micro-nutrientes(mg kg-1)

    Equações de regressão R 2

    BoroY (0,0 ) = 16,0953 + 0,007755*D 0,98Y (35,1) = Y = 18,1116 - 0,036444D + 0,0001935**D2 0,98

    Y (70,2) = 15,1883 + 0,007666*D 0,96

    Y (105,3) = 11,7701+ 0,095086D - 0,0004461**D2 0,86

    Zinco

    Y (0,0 ) = 41,1930 + 0,129411D - 0,0008675**D2 0,88

    Y (35,1) = 41,3926 + 0,034655**D 0,99

    Y (70,2) = 40,6691+ 0,049875D - 0,0002442**D2 0,96

    Y (105,3) = 39,2673 + 0,037122D - 0,0001638*D2 0,77

    Y (140,4) = 36,9843 + 0,051516D - 0,0002986**D2 0,92

    Cobre

    Y (0,0 ) = 7,0993 + 0,018988D - 0,0001527**D2 0,91

    Y (35,1) = 7,4318 - 0,013163D + 0,0000581**D2 0,99Y (70,2) = 6,9896 + 0,012050D - 0,0000671**D2 0,99

    Y (105,3) = 6,4410 + 0,009127D - 0,0000495*D2 0,93

    Y (140,4) = 6,1466 - 0,003388**D 0,96

    Ferro

    Y (0,0 ) = 91,2893 + 0,191239D - 0,0007143**D2 0,88

    Y (35,1) = 94,5004 + 0,191064D - 0,0007988**D2 0,72

    Y (70,2) = 95,1256 + 0,083816D - 0,0004384*D2 0,95

    Y (105,3) = 95,1406 + 0,091150D - 0,0004597*D2 0,99

    Y (140,4) = 94,4838 + 0,148952D - 0,0007775**D2 0,84

    Manganês

    Y (0,0 ) = 23,6739 + 0,123483D - 0,0004588**D2 0,97

    Y (35,1) = 21,6896 + 0,051188**D 0,89

    Y (70,2) = 22,6886 + 0,048366**D 0,98

    Y (105,3) =22,4356 + 0,022900**D 0,95

    Y (140,4) = 19,8436 + 0,067283**D 0,82

    **Signicativo pelo teste de F, p

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    271Hortic. bras., v. 28, n. 3, jul.- set. 2010

    O processo produtivo das culturas pode ser caracterizado atravésdo seu crescimento, o qual é denidoa partir da produção e distribuição da

    matéria seca e fresca entre os diferentesórgãos da planta (Marcelis, 1993a). Adistribuição de matéria seca entre osdiferentes órgãos de uma planta é oresultado nal de um conjunto de pro-cessos metabólicos e de transporte, quegovernam o uxo de assimilados atravésde um sistema fonte-dreno.

    Os órgãos fonte são responsáveis pela produção de assimilados a partir dafotossíntese e são representados princi- palmente pelas folhas. Os assimilados

    tanto podem ser usados como fonteenergética necessária ao funcionamento

    DUARTE TS; PEIL RMN. 2010. Relações fonte:dreno e crescimento vegetativo do meloeiro. Horticultura Brasileira 28: 271-276.

    Relações fonte:dreno e crescimento vegetativo do meloeiroTatiana da S Duarte1; Roberta MN Peil21EPAGRI, C. Postal 121, 88400-000 Ituporanga-SC; 2UFPel-FAEM, Depto. Fitotecnia, Rod. BR 392, km 78, 96010-900 Pelotas-RS;[email protected]; [email protected] 

    RESUMOAvaliou-se o efeito de diferentes relações fonte:dreno, determi-

    nadas a partir de variações da densidade de plantio e do número defrutos/planta, sobre o crescimento vegetativo de plantas de meloeiro.Foram realizados dois experimentos no período de primavera-verãode 2004/2005, em estufa plástica. Em um dos experimentos, 3 densi-dades de plantio (1,7; 2,4 e 3,0 plantas m-2) e dois números de frutos/

     planta (3 e 4) foram estudados. No outro experimento estabeleceu-sedois tratamentos: remoção de todos os frutos e três frutos/planta, am de avaliar o efeito da ausência de frutos na planta. A partir dosdados de matéria seca e fresca e da área foliar (AF), aos 68 dias apóso transplante, foi determinada a produção e a distribuição de matériaseca para a fração vegetativa, bem como o índice de área foliar (IAF),

    a área foliar especíca (AFE) e os teores de matéria seca do caulee das folhas. O aumento da densidade de plantio não incrementoua força de fonte, não alterando o crescimento vegetativo em épocasde alta disponibilidade de radiação solar. A AF alcançada ao naldo cultivo foi relativamente baixa, o que diminuiu o efeito de maiorsombreamento mútuo e permitiu a penetração de radiação solar nointerior do dossel, mesmo em densidades mais elevadas. O apareci-mento de um novo fruto compete mais com os frutos remanescentesdo que com os órgãos vegetativos. Os frutos competem com as

     partes vegetativas aéreas indistintamente, ou seja, o caule e as folhasatuam como um órgão único. As plantas de meloeiro se adaptam à

     baixa demanda de drenos através do acúmulo de fotoassimilados nosórgãos vegetativos.

    Palavras-chave: Cucumis melo, repartição de matéria seca, densi-dade de plantas, carga de frutos, área foliar especíca.

    ABSTRACTEffect of source:sink ratios and vegetative melon growth

    We evaluated the effect of different source:sink ratios determinedthrough variations of planting density and number of fruits per plantduring the vegetative growth of melon plants. Two experiments werecarried out in a plastic greenhouse in the 2004/2005 spring-summerseason. In one experiment, three planting densities (1.7; 2.4 and 3.0

     plants m-2) and two different quantities of fruits per plant (3 and4) were studied. In the other experiment, two treatments were set:

     pruning all fruits and keeping 3 fruits plant-1, in order to evaluatethe effect of the absence of fruits. From the data of dry and freshmatter and leaf area (LA) 68 days after setting, it was determineddry matter production, distribution to the vegetative parts, leaf area

    index (LAI), specic leaf area (SLA) and dry-matter content ofthe stems and leaves. The increase of the planting density did notimprove the source strength and had no effect on vegetative growthduring periods of the year with high solar radiation. At the end ofthe cropping period, the relatively low melon planting density LA,in association to a high available solar radiation, avoided an excessof mutual shading among plants; this allowed the penetration ofsolar radiation inside the vegetative canopy, even at higher plantingdensities. A new fruit competes more with the remaining fruits thanwith the vegetative organs. The fruits compete indistinctly with thevegetative aboveground parts. In other words, stem and leaf act as anentity. The melon plant adapts to a low demand of sinks accumulatingfotoassimilates in vegetative organs.

    Keywords: Cucumis melo, dry-matter partitioning, planting density,fruit load, specic leaf area.

    (Recebido para publicação em 7 de maio de 2009; aceito em 4 de agosto de 2010)( Received on May 7, 2009; accepted on August 4, 2010)

    da planta, através da respiração, comoserem transportados e armazenadostemporariamente em órgãos de reservaou nos drenos, representados pelas

    raízes, meristemas e frutos das plantas.Segundo Marcelis (1996), a força defonte não é considerada neste processo,freqüentemente, como exercendo efeitodireto na distribuição de matéria seca,mas atua indiretamente, via formaçãode órgãos drenos.

    O produtor tem interesse em que amáxima proporção de assimilados sejadestinada aos frutos. Não obstante, exis-tem limites para a fração de assimiladosque pode ser desviada para esses, já que

    as plantas necessitam destinar quantida-de suciente para os órgãos vegetativos,

    a m de manter a sua capacidade produ-tiva futura (Peil & Gálvez, 2005). Comisso, o balanço apropriado entre o aportee a demanda de assimilados da planta

    tem grande importância para maximizara produção, e pode ser obtido através deadequada relação fonte:dreno.

    A relação fonte:dreno pode ser ma-nipulada aumentando ou diminuindo aforça de fonte (taxa fotossintética dacultura) ou a força de dreno (demanda por assimilados). A densidade de plantioafeta a penetração da radiação solar nodossel vegetal, a taxa fotossintética e oequilíbrio entre o crescimento da fraçãovegetativa e dos frutos. Modicações na

    eciência das fontes, a partir da elevaçãona população de plantas, aumentam a

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     produção absoluta de matéria seca dacultura, apresentando efeito indireto deaumento da distribuição de matéria seca para os órgãos vegetativos e redução dadistribuição para os frutos de plantas detomate (Heuvelink, 1995b) e de pepino(Schvambach et al ., 2002; Peil & Gál-vez, 2002a). Um incremento no número

    de frutos aumenta a distribuição defotoassimilados para os frutos em detri-mento da fração vegetativa, mas diminuia fração para cada dreno generativoconsiderado individualmente, para asculturas do tomateiro (Heuvelink, 1997)e do pepino (Marcelis, 1992).

    Assim, as práticas de manejo dasculturas, como a variação da densidadede plantio (Marcelis, 1996; Peil & Gál-vez, 2002a; Schvambach et al ., 2002;Fagan, 2005) e do número de frutos

     por planta (Marcelis, 1993b; Heuve-link, 1997; Valantin et al ., 1999; Peil &Gálvez, 2002b), interferem nas relaçõesfonte:dreno e no equilíbrio entre o cres-cimento dos compartimentos vegetativoe generativo da planta (fonte:dreno).

    Trabalhos semelhantes com o me-loeiro são escassos. Para esta culturaexistem dados que indicam que a mani- pulação da relação fonte:dreno, atravésde modicações da densidade de plantioe do número de frutos por planta, poderáreetir-se de maneira diferente sobreo crescimento dos frutos e dos órgãosvegetativos, em comparação com hor-taliças que produzem frutos menores(Duarte et al ., 2008a). A maioria dasinformações sobre o crescimento e adistribuição de matéria seca entre osórgãos vegetativos de hortaliças defruto, principalmente o meloeiro, temsido obtida a partir de experimentos commudas, sendo ainda limitado o conheci-mento sobre o crescimento vegetativo de

     plantas em fruticação (Marcelis, 1994).Poucas informações existem a respeitodo efeito da manipulação da fonte,através da variação da densidade de plantio sobre o crescimento vegetativoe as relações de distribuição de matériaseca vegetativa de plantas adultas demeloeiro. Adicionalmente, como osfrutos do meloeiro são os maiores drenosda planta (Duarte et al ., 2008a; Duarteet  al ., 2008b), torna-se importante co-nhecer o seu efeito sobre o crescimento,

    a produção e a distribuição da matéria

    seca entre os órgãos vegetativos (caulee folhas), pois estes são os responsáveis pela capacidade produtiva da planta.

    O objetivo deste trabalho foi es-tudar os efeitos de diferentes relaçõesfonte:dreno, estabelecidas a partir devariações da densidade de plantio e donúmero de frutos por planta, na pro-dução e distribuição de matéria secavegetativa.

    MATERIAL E MÉTODOS

    O experimento foi conduzido emestufa “Arco”, revestida com lme de polietileno, localizada no Campus daUFPEL, de setembro de 2004 a janeirode 2005. Semeou-se a cultivar de melo-eiro tipo gália ”Hale’s Best Jumbo” var.

    reticulatus, em bandejas de poliestirenocom 72 células, contendo vermiculita.As mudas foram produzidas em sis-tema utuante com solução nutritiva,a mesma recomendada para o cultivodenitivo para a cultura do meloeiroem substratos (Castro, 1999), porém naconcentração de 50%.

    Aos 35 dias após a semeadura, asmudas foram transplantadas indi-vidualmente para sacos plásticos decultivo contendo 13 L de casca de arroz

    crua, perfurados na base. e dispostosno interior de 12 canais impermeáveis(7,5 x 0,37 m), com declividade de 2%,arranjados em seis linhas duplas, comdistância interna de 0,50 m e passeiode 1,19 m.

    O sistema de condução das plantasfoi adaptado de Cermeño (1996). As plantas foram tutoradas, com haste úni-ca e despontadas ao alcançar o aramedos tutores. Somente após o oitavo nó, permitiu-se o crescimento de hastes se-

    cundárias e a partir do décimo segundoo desenvolvimento de frutos. Fez-se odesponte das hastes secundárias após a primeira folha seguida da or herma-frodita. O raleio dos frutos realizou-selogo após a antese das ores hermafro-ditas, conforme o tratamento utilizado,respeitando-se a distância entre os frutosdeixados na planta (3 a 4 hastes secun-dárias entre frutos).

    A solução nutritiva (Castro, 1999),no sistema denitivo, foi monitorada

    diariamente através das medidas de con-

    dutividade elétrica e de pH. Fez-se repo-sição de nutrientes ou de água quando ovalor da condutividade elétrica sofreu,respectivamente, uma diminuição ou umaumento, da ordem de 15%. A fertirriga-ção fez-se através de uxo intermitente, programado em oito intervalos de tem- po. A vazão média diária por planta foi

    estabelecida conforme a fase de desen-volvimento, baseando-se em dados deconsumo d’água e coeciente de culturado meloeiro cultivado em estufa plástica(Caron, 1999), além de 20% de soluçãonutritiva para drenagem.

    Estudou-se a densidade de plantioem três níveis: (1,7; 2,4; e 3,0 plantasm-2, distanciadas na linha a 0,7; 0,5 e 0,4m, respectivamente) e número de frutos por planta, em dois níveis (3 e 4 frutos/ planta). O delineamento experimental

    foi de parcelas subdivididas (parcela para densidade de plantio e subparcela para número de frutos), com 3 repeti-ções. Cada parcela foi constituída por 20 plantas e a subparcela por 10 plantas.

    Um experimento adicional foi reali-zado para investigar o efeito da ausênciade frutos na planta (baixa demanda dedrenos). Dois tratamentos foram esta- belecidos, remoção de todos os frutosda planta e três frutos/planta, ambosna densidade de plantio de 1,7 plantasm-2. O delineamento experimental foiinteiramente casualizado com seis re- petições. Cada parcela foi constituída por cinco plantas.

    Obteve-se matéria fresca e secaacumulada das frações (folhas, caulese frutos) ao nal do experimento, 68dias após o transplante, incluindo osfrutos colhidos e as podas da fraçãovegetativa realizadas durante o culti-vo (4% da matéria seca acumulada).Determinou-se a área foliar acumulada,

    ao nal do experimento, através de in-tegralizador de área (LI-COR, modelo3100). A matéria seca total da plantacorrespondeu à soma das folhas, caulese frutos, e a matéria seca vegetativa àsoma das folhas e caules. Com basenos dados levantados, estabeleceram-sea produção e a distribuição de matériaseca entre os diferentes órgãos da plan-ta, a área foliar especíca (relação áreafoliar/matéria seca de folhas), o índicede área foliar (relação área foliar/ área

    de solo ocupada), bem como os teores

    TS Duarte & RMN Peil

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    de matéria seca (relação matéria seca/matéria fresca em percentual) da fraçãovegetativa total, caule e folhas. Os re-sultados foram submetidos à análise devariância e, quando houve diferençassignicativas, as médias foram com- paradas pelo teste de Duncan, a 5% de probabilidade de erro.

    RESULTADOS E DISCUSSÃO

     N