Revista Cientifica v1 n002 Alagoinhas

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    Reia UNIRB Facldade Regional da Bahia . 1, n. 2 (20082009)

    Salado: Edioa e Gfica do SENASP, 2009.

    ISSN 18099157

    1.  Administração 2. Direito 3.Educação 3. Psicologia 4. Saúde 5. Serviço Social

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    Reia UNIRB Volme I Nmeo 2 20082009

    C EDA

    Saa Boge (Dieoa Acadmica)

    Eliani Caalcani (Coodenadoa Pedaggica)

    Siomaa Andade (Aeoa Ncleo de Geo Pedaggica e Docene Unib)

    Silana Va (Aeoa Ncleo de Geo Pedaggica)

    Leila Bbaa Menee Soa (Aeoa Pedaggica e Docene Unib)

    Lao Ggel de Olieia Jnio (Edcao Fica)

    Lcia Coo (Seio Social)

    Liliana Onoo (Adminiao)

    Aline Claa (Biomedicina)

    Milena Bao (Enfemagem)

    CE EDA CEFC

    Saa Boge (Dieoa Acadmica)

    Eliani Caalcani (Coodenadoa Pedaggica)

    GAADE DEE E

    Annio Calo Vinha (Pofeo Unib)

    Baia Telle Peeia Sano (Pofeoa Unib)

    Leila Bbaa Menee Soa (Aeoa Pedaggica e Pofeoa Unib)

    E

    Annio Calo Vinha (Pofeo Unib)

    Baia Telle Peeia Sano (Pofeoa Unib)

    Benedio Calo Libio Caie Aajo (Pofeoa Unib)

    Yacina Mae (Pofeoa Unib)

    E GFC E E

    Gfica SENASP

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    AEEA

    A Reia da UNIRB em o objeio de dilga a podo acadmica da Facldade Regional

    da Bahia (UNIRB) e abange emica da egine ea: adminiao, edcao, ade epicologia. Se objeio maio o de popociona a oca de infomae e o debae obe a

    pincipai ee emegene nee campo de conhecimeno.

    Ee o pimeio olme de comnicao de cnho cienfico, endo ee conido de

    aigo indio, fao e ambm aconece no pimo nmeo.

    Vale eala e a opinie epea no abalho pblicado o de eponabilidade de

    e aoe, no efleindo, neceaiamene, a opinio da Comio Edioial.

    Reia UNIRB Volme I Nmeo 2 20082009

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    Aigo diibdo po ea

    ADA ........................................................................................................

    A CONTRIBUIO DE UMA ORGANIZAO NO GOVERNAMENTAL NA FORMAO EDESENVOLVIMENTO DE JOVENS: O PAPEL DA ASSOCIAO PICOLINO DE ARTES DO CIRCO EMSALVADOR, BAHIA .................................................................................................................... 9

      ,

    A APLICABILIDADE DO MARKETING DE RELACIONAMENTO E FIDELIZAO DO CLIENTE NATICA DO FUNCIONRIO DA TELEVISO CIDADE S/A (NET)

    ................................................................................................................................................ 34  ,

    ANLISE REFLEXIVA DAS HABILIDADES E COMPETNCIAS QUE DISCUTEM A INTELIGNCIAEMOCIONAL NA PRTICA DOCENTE UNIVERSITRIA ................................................................................................................................................ 55 

    ,  

    MODELO COMPUTACIONAL DE CRIPTOGRAFIA DOS GREGOS ............................................. 69

    RETENO E DESENVOLVIMENTO DE TALENTOS COMO FERRAMENTA DE CRESCIMENTOORGANIZACIONAL: ESTUDO DE CASO DO EDUCANDRIO PEDACINHO DO CU..................................................................................................................................................77

    EDCA

    A IMPORTNCIA DA LEITURA PARA A FORMAO DE UMA SOCIEDADE CONSCIENTE

    ................................................................................................................................................ 94

    SOCIEDADE SOLIDRIA: POSSIBILIDADE DE MUDANA, DIANTE DO CAPITALISMOGLOBALIZADO....................................................................................................................... 103

     

    DE

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    ANISTIA AUTOCONCEDIDA PELA DITADURA MILITAR E O PROCESSO DE SUA DESLEGITIMAONO BRASIL CONTEMPORNEO COMO PRESSUPOSTO PARA REPARAES PELAS VIOLAESAOS DIREITOS HUMANOS ..................................................................................................... 122

    DIREITOS HUMANOS E LEGISLAO TRABALHISTA ............................................................. 148

    INFORMAO E ACCOUNTABILITY: ESTUDO DAS POLTICAS PBLICAS ATINENTES AMPLIAO DO CURRCULO E DO ESPAO DE APRENDIZAGEM A PARTIR DO PROGRAMASEGUNDO TEMPO ESCOLAR ................................................................................................ 160

     

    O DIREITO INFORMAO COMO COROLRIO DA EFETI VAO DA CIDADANIA NO BRASIL:ANLISE DE DISPOSITIVOS JURDICOS E DE EFETIVOS INSTRUMENTOS DE DEFESA TENDENTES

    ACESSIBILIDADE DA INFORMAO .................................................................................. 178 

    O NEOCONSTITUCIONALISMO COMO PARMETRO PARA A APLICABILIDADE DAS NORMASCONSTITUCIONAIS .............................................................................................................. 202

    ADE

    ABORDAGEM SOBRE A PSICONEUROIMUNOLOGIA E A FASE MEDITATIVA RELACIONADA PRTICA DO QI GONG ......................................................................................................... 225

    ATUAO FISIOTERAPUTICA NAS REPECURSSES RESPIRA TRIAS DO TUMOR DEMEDIASTINO ........................................................................................................................ 233

    EFEITOS DA ACUPUNTURA NO TRATAMENTO DA ASMA .................................................... 243

    Renao Sano de Almeida

    PREVALNCIA DAS ENTEROPARASITOSES NO ORFANATO LAR DA CRIANA, NO BAIRRO DEVILA LAURA, SALVADORBA ...................................................................................................260 . . , ,

    CGA

    SER MULHER E HOMOSSEXUAL: UM DIREITO DE SER DIFERENTE ...................................... 270

      . .

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    REFLEXES SOBRE O USO DE CHECKLIST PARA A AUTOAVALIAO NA CONSTRUO DAAUTONOMIA DE APRENDIZAGEM EM UM CURSO DE PEDAGOGIA...................................... 298

    Lys Maria Vinhaes Dantas e Olívia Maria Costa Silveira

    E CA

    A PESQUISA, A AVALIAO E O PLANEJAMENTO COMO INSTRUMENTOS DO SERVIO SOCIAL................................................................................................................................................. 316

     

    VIDA PSQUICA DO TRABALHADOR FRENTE S MUDANAS DO MUNDO DO TRABALHO................................................................................................................................................. 325 .  

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    A CONTRIBUIÇÃO DE UMA ORGANIZAÇÃO NÃOGOVERNAMENTAL NA FORMAÇÃO E DESENVOLVIMENTO DEJOVENS: O PAPEL DA ASSOCIAÇÃO PICOLINO DE ARTES DO

    CIRCO EM SALVADOR, BAHIA.THE CONTRIBUTION OF NON-GOVERNMENTAL

    ORGANIZATION IN THE FORMATION AND DEVELOPMENT OFYOUNG: THE PAPER OF PICOLINO OF ARTS OF THE CIRCUS

    ASSOCIATION IN SALVADOR, BAHIA

    Aline Eloy de Alcântara1 Maria de Fátima Araújo Frazão2 

    Marithânia de Almeida Nogueira3 

    RESUMO: As Organizações Não Governamentais são caracterizadas poraturem em prol da cidadania, da luta por interesses da coletividade, a inclusãosocial de jovens em situação de vulnerabilidade social, entre outras atividades.A pesquisa analisa a contribuição da Associação Picolino de Artes do Circo naformação e desenvolvimento de jovens carentes do bairro de Pituaçu eadjacências, com suporte pedagógico das artes circenses na educação comoprática pedagógica. Justifica-se o ineditismo da pesquisa por conta da inserçãodo mundo do circo e do entretenimento no contexto sócio-educativo visto queconcorre com novas tecnologias, televisão digital, realidade virtual, internet, jogos eletrônicos, entre outras, por vezes inacessíveis aos extratos menos

    favorecidos da sociedade. O processo de resgate da cidadania e de inclusãosocial de jovens por meio da educação e cultura das artes circenses promovidopela Associação Picolino de Artes do Circo tem contribuído para melhorar orendimento escolar dos jovens e os mecanismos internos de inteligência, sendousado como um meio de transformação, os quais procuram ocupar o espaçosadio da educação usando a brincadeira como incentivo.

    Palavras-chave: Organização Não Governamental; Circo; Arte-educação;Inclusão social. 

    ABSTRACT: The Non-Governmental Organizations characterized by acting infavor of the citizenship, of the fight for interests of the collective, the social

    inclusion of young in situation of social vulnerability, among others activities.The research analyzes the contribution of the Picolino of Arts of the CircusAssociation in the formation and development of devoid young of the quarter ofPituaçu and adjacencies, with pedagogical support of the circus arts in thepedagogical education as practical. The ineditism of the research of theinsertion of the world of the circus and the entertainment in the partner-educative context is justified on account since it concurs with new technologies,

    1 Administradora de Empresas, Graduada pela UNIRB, e-mail: [email protected]  Mestre em Administração Estratégica pela UNIFACS, Pós-graduada em Marketing pela

    ESPM, Administradora, Professora do Curso de Graduação da UNIRB, Consultora emMarketing e Responsabilidade Social e Ambiental, email: [email protected] Administradora de Empresas, Graduada pela UNIRB, e-mail: [email protected]

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    digital television, virtual reality, electronic Internet, games, among others, forinaccessible times to favored extracts less of the society. The process of rescueof the citizenship and social inclusion of young by means of the education andculture of the circus arts promoted by the Picolino of Arts of the Circus

    Association has contributed to improve the pertaining to school income of theyoung and the internal  mechanisms of intelligence, being been used as a way oftransformation, which they look to occupy the healthy space of the education beingused the trick as incentive.

    Keywords: Non-Governmental Organizations. Circus. Art-Education. SocialInsertion. 

    INTRODUÇÃO

    Este estudo aborda as atividades empreendidas por uma Organização

    Não Governamental (ONG) que atua no desenvolvimento e formação dos

     jovens do bairro Pituaçu e adjacências, em Salvador, Bahia, utilizando as artes

    circenses. Delimita-se essa pesquisa à Associação Picolino de Artes do Circo

    com seu projeto social que insere a arte na educação de jovens em situação de

    risco e vulnerabilidade social.

    A Associação foi criada pelos artistas Anselmo Serrat e Verônica

    Tamaoki e desde sua fundação mantém uma Escola de Circo e atua em

    parceria com a Prefeitura de Salvador, o Juizado de Menores, no atendimento

    a crianças e adolescentes carentes em situação de vulnerabilidade social,

    independente de cor, sexo, religião, formação, tendo em comum o encanto pelo

    mundo mágico do Circo.

    Compreender a origem e a evolução das ONGs, requer caracterizar o

    setor de atividade em que elas se inserem, o Terceiro Setor - lócus das

    instituições que não são mercado (segundo setor) nem Estado (primeiro setor)

    e constituem a esfera de atuação da sociedade civil organizada, de cunhopúblico não-estatal, sem ânimo de lucro, voltadas ao bem estar social e a

    defesas de demandas sociais. Credita-se a origem no setor às iniciativas

    sociais na Europa do pós-guerra e a influência do associativismo bastante

    presente nos Estados Unidos da América.

    No âmbito do Terceiro Setor, agrega-se, estatística e conceitualmente,

    um conjunto altamente diversificado de instituições que atuam em áreas as

    mais diversas: educação, proteção social; meio ambiente, saúde, entre outras.O setor tem experimentado um crescimento acentuado no mundo e

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    particularmente no Brasil, gerando emprego, renda e melhoria dos indicadores

    sociais do país. Drucker (1994, p.79), caracterizou o Terceiro Setor como uma

    nova esfera da economia, denominada de “economia social” e acrescenta “foi o

    setor que mais cresceu, movimentou recursos, gerou empregos e foi o mais

    lucrativo na economia norte-americana nos últimos vinte anos”

    (DRUCKER,1999, p.81).

    Os recursos para o desenvolvimento das atividades das organizações do

    Terceiro Setor, em geral, são provenientes de parcerias com o governo e

    empresas privadas, da venda de produtos, de doações feitas pela sociedade,

    da mão-de-obra voluntária e de agentes de desenvolvimento internacionais. O

    setor enfrenta os desafios da profissionalização da gestão, estabelecer diálogocom os setores governamentais e empresariais, além da concorrência por

    recursos e conquistar novos espaços (HUDSON, 1999; TENÓRIO, 2000;

    FRAZÃO, 2003).

    A pesquisa em tela, um estudo de caso, justiça-se pela motivação das

    autoras em investigar o papel das artes circenses em um espaço sadio voltado

    à educação de jovens carentes como meio de transformação da realidade

    social e construção de uma verdadeira rede de proteção e inserção social dosnão incluídos no sistema vigente. Nesse contexto, apresenta-se a questão

    norteadora do estudo: Qual o impacto das ações da Associação Picolino de

    Artes do Circo na formação e desenvolvimento dos jovens do bairro de Pituaçu

    e adjacências?

    Busca-se investigar se ações empreendidas pela Associação Picolino de

    Artes do Circo contribuem para a formação e o desenvolvimento dos jovens do

    bairro Pituaçu e adjacências.Vale destacar o ineditismo da pesquisa por conta da inserção do mundo

    do circo e do entretenimento no contexto sócio-educativo visto que concorre

    com novas tecnologias, televisão digital, realidade virtual, internet, jogos

    eletrônicos, entre outras, por vezes inacessíveis aos extratos menos

    favorecidos da sociedade.

    No depoimento dos gestores da Associação Picolino de Artes do Circo,

    pelos artistas Anselmo Serrat e Verônica Tamaoki percebe-se que eles

    acreditam na arte-educação, como mecanismo de promoção e aceleração dos

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    mecanismos internos de inteligência dos jovens, formando um cidadão sadio,

    com uma infância mais rica em informação, cultura e diversão.

    OBJETIVOS

    O objetivo geral da pesquisa é analisar a contribuição da ação social da

    Associação Picolino de Artes do Circo e os trabalhos desenvolvidos no

    contexto sócio-educativo do bairro de Pituaçu e adjacências. Os objetivos

    específicos são: caracterizar a organização alvo da pesquisa, apresentar as

    ações sócio-educativas empreendidas pela organização, traçar o perfil dos

    beneficiários da ação social e descrever o trabalho social realizado pela da

    organização estudada.

    Para atender aos objetivos propostos, realizou-se a pesquisa

    bibliográfica sobre a temática abordada, utilizando-se fontes primárias e

    secundárias tais como: livros, revistas, artigos, documentários fornecidos pela

    ONG, entrevistas com o Coordenador Geral, a Coordenadora Pedagógica, a

    Educadora Pedagógica da instituição, além dos questionários respondidos

    pelos beneficiários da ação social. Enfim, sistematizou-se a base teórico-

    empírica para construir a base da pesquisa, o trabalho de campo e a análisesdos resultados.

    FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA - ORGANIZAÇÕES NÃO

    GOVERNAMENTAIS

    As ONGs são associações da sociedade civil, sem fins lucrativos que

    desenvolvem ações em diferentes áreas e que geralmente mobilizam a opinião

    pública e o apoio da população em prol de uma causa social. As ONGsintegram o conjunto de instituições que compõem o Terceiro Setor, o espaço

    das Associações ou Setores Voluntários (voluntary sector ); Organização da

    Sociedade Civil (OSC); Setor Sem Fins Lucrativos (Nonprofit Sector );

    Organizações Sociais (OS); Organizações da Sociedade civil de Interesse

    Público (OSCIP), dentre outras terminologias. Trata-se de um conceito

    abrangente e generalizado para caracterizar as ações em busca de certos

    interesses coletivos e difusos, de entidades com campos de trabalho e perfis

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    diferenciados. Para Coelho (2000, p.57) “os termos se misturam e têm sido

    usados indiscriminadamente”.

    As ONGs contam com o trabalho voluntário de pessoas que investem

    tempo e recursos, expressando seu idealismo e a vontade de servir a uma

    causa, ajudar pessoas, sem benefícios em troca. Parcerias e alianças entre

    diversos ONGs resultam na captação de recursos junto ao mercado

    viabilizando a realização de ações que nem sempre o Estado se envolve.

    Nesse sentido, as organizações não governamentais, subvencionadas por

    capital estrangeiro ou nacional, têm demonstrando capacidade e competência

    para elaborar e aplicar projetos que trazem ações sociais transformadoras.

    Diferentemente do trabalho nos setores públicos e privados,grande parte das tarefas nas organizações do terceiro setor érealizada por ativistas não remunerados que buscam alcançarpropósitos sociais. Não raros os voluntários são pessoasocupadas, cujos compromissos com o emprego e com a famíliaquase nada têm a ver com o propósito da organização. Elesnão estão procurando outro emprego, mas uma maneira deexpressar o que há de melhor neles por meio da prestação deserviço à comunidade. Até mesmo funcionários remuneradosfreqüentemente consideram seus salários secundários emrelação ao ganho espiritual obtido com o ato de ajudar os

    menos afortunados. Voluntários e funcionários esperamexperimentar a realização pessoal por meio da participação;eles querem se sentir bem em relação a si mesmo. Lideraresse tipo de pessoa requer que se conte muito mais com ainspiração, a paixão, o lisonjeio, a persuasão e a pressão dospares do que com a autoridade, os incentivos financeiros ou oscargos com títulos pomposos. No entanto, em alguns casos,esses instrumentos têm sua função (NANUS, 2000, p.14).

    As ONGs atuam em educação, saúde, cultura, comunidade, apoio à

    criança e ao adolescente, voluntariado, meio ambiente, apoio a portadores de

    deficiência, firmam parcerias com o Governo, entre outras ações. Para Coelho

    (2000, p.58), as Organizações “Expressam uma alternativa para as vantagens

    tanto do mercado, associadas à maximização do lucro, quanto do governo,

    com sua burocracia inoperante”.

    Uma das contribuições das ONGs têm sido transformar a vida de

    indivíduos em situação de extrema desigualdade que se encontravam sem

    perspectiva de trabalho, com baixa estima em pessoas mais conscientes e

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    capacitadas para reproduzirem o seu aprendizado a outros ssa minimizar a

    violência, resultando na melhoria no meio em que vivem.

    As ONGs surgem em 1950, na Organização das Nações Unidas (ONU),

    para definir toda organização da sociedade civil que não estivesse vinculada a

    um governo e ganhou destaque no Direito Internacional Público. A partir do

    final da Segunda Guerra Mundial, as ONGs direcionaram os esforços em

    projetos de desenvolvimento nos países de Terceiro Mundo. No Brasil, as

    ONGs começam a surgir nas décadas de 70 e 80, como apoio as organizações

    populares, em busca da promoção da cidadania, de defesa de direitos e de luta

    pela democracia, com base na dinâmicas dos movimentos sociais e na

    promoção de direitos coletivos.Ao longo da década de 90, surgem diversas organizações privadas sem

    fins lucrativos, num processo de reformulação das atividades do Estado e de

    mudanças no mercado de trabalho, as ONGs passam a buscar o envolvimento

    direto da população, enfrentar problemas e necessidades que afetam o

    cotidiano da sociedade e se envolvem em movimentos populares, participando

    da agenda política do país.

    Neste cenário, o Banco Mundial entende que as ONGs podem ser umadas soluções para os problemas sociais do desenvolvimento, as obriga a

    repensar sua missão, sua forma de atuação e seu funcionamento.

    O papel das Organizações Não Governamentais no Brasil, nadécada de 90, é propor à sociedade brasileira, a partir dasociedade civil, uma sociedade democrática, dos pontos devista político, social, econômico e cultural. Ele afirma que,apesar da luta hoje parecer mais suave, as certezas quantoaos rumos são mais difíceis, porque pressupõem colaborar

    com o Estado para a democratização da sociedade, proporuma nova forma de produzir e distribuir bens e serviços quesupere os limites da lógica do capital, acabar com o estatal erestabelecer o público, e universalizar todos os valores éticosde sua própria experiência. (SOUZA, 1991, p. 14).

    Com o objetivo de legalizar a atuação das organizações do Terceiro

    Setor, foi criada uma lei específica que instituiu a OSCIP, Organização da

    Sociedade Civil de Interesse Público - uma organização jurídica com

    certificação emitida pelo poder público federal ao comprovar o cumprimento decertos requisitos, a exemplo das parceiras tanto no setor público quanto em

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    empresas do setor privado, permitindo-se que as doações dessas empresas

    possam ser deduzidas no imposto de renda.

    Uma ONG (Organizações Não Governamentais), essencialmente é uma

    OSCIP, no sentido representativo da sociedade, mas OSCIP trata de uma

    qualificação dada pelo Ministério da Justiça no Brasil, a qual tem permissão

    para assumir a execução de serviços públicos, tendo como objetivo o

    desenvolvimento político, sócio-econômico e cultural por meios de atividades

    complementares ou suplementares a Administração Pública.

    Alguns desafios das ONGs: atuar em parceria com o Estado e o

    empresariado setores, operar sob restrições financeiras, buscar a

    sustentabilidade para garantir a continuidade das ações por meio de parcerias,apoios, financiamentos, doações feitas por voluntários que se preocupam com

    o bem social, lidar com uma demanda cada vez mais crescente por serviços

    sociais gratuitos e de boa qualidade.

    Para superar esses desafios que podem ameaçar a existência, a

    eficiência e a eficácia administrativa, as ONGs precisam repensar suas

    peculiaridades, e desenvolver conhecimento, habilidades e atitudes que

    assegurem o cumprimento dos objetivos institucionais.Atuar em rede, identificar oportunidades e ameaças, compartilhar ou

    dividir mercados; criar mecanismos mais eficazes de controle para avaliar o

    impacto das ações executadas; ganhar maior visibilidade perante a sociedade,

    contribuir na formação e desenvolvimento da cidadania dos jovens, certamente

    são algumas alternativas para as ONGs.

    Esse estudo analisa a importância do aprendizado das artes circenses

    na formação e desenvolvimento de jovens para que ele possa construir seuprojeto pessoal e de carreira profissional, enfim a cidadania participativa.

    A EVOLUÇÃO E O DESENVOLVIMENTO DO CIRCO

    As primeiras artes circenses surgiram a cerca de quatro mil anos na

    China. Na Roma antiga, no Coliseu, com capacidade para 87 mil espectadores,

    animais exóticos, engolidores de fogo e gladiadores, se apresentavam para um

    público interessado em diversão. Nesse mesmo espaço, entre 54 e 68 DC, oscristãos eram atirados às feras, diminuindo o interesse pelas artes circenses.

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    Vale destacar os espetáculos realizados nos hipódromos da Grécia antiga para

    festejar o regresso das guerras, os escravos e os animas conquistados em

    suas vitórias.

    A versão moderna do circo que se conhece hoje com picadeiro, lona e

    desfile de animais foi criada pelo suboficial inglês Philip Astley, por volta de

    1770. Charles Hughes, concorrente de Philip Astley, tornou-se famoso não só

    pelo seu English Royal Circus , mas também como treinador de mágicos. Seu

    discípulo, John Bill Ricketts, trouxe essas performances para as colônias da

    América do Norte e incluiu a dança e acrobacias. O Cirque du Soleil, 

    companhia franco-canadense que tem profissionais do mundo todo em seu

    elenco, tem se destacada pela incorporação de técnicas teatrais, tecnologia eum novo formato, denominado "novo circo".

    O circo é um espetáculo da terra que consegue atrair as pessoas, aguça

    a curiosidade, arranca sorrisos de crianças e adultos, pois traz consigo a

    alegria, a magia, a coragem, o encanto e a beleza. Herdou dos artistas

    ambulantes e saltimbancos uma fantástica característica: a transmissão oral de

    saberes de geração a geração, o que fez desse mundo particular, uma escola

    de aprendizado único e permanente.A Escola de Circo tem início na ex-União Soviética quando em 1921, o

    novo governo soviético resolve cria uma escola de circo e convida o diretor de

    teatro Vsevolod Meyherhold para dirigi-la. Na França, a primeira escola de circo

    é a Escola Nacional de Circo Annie Fratellini que surge com o apoio do

    governo francês, em 1979. 

    Somente no final da década de 1970, começam a se estruturar as

    primeiras escolas de circo brasileiras, reafirmando saberes antes restritos àlona do circo. Diversas áreas artísticas e pedagógicas passam a trabalhar com

    a linguagem circense, com a incorporação da multiplicidade de linguagens –

    música, dança teatro, reproduzindo e resignificando saberes. Deste modo, a

    arte circense também é aprendida em escolas.

    O circo brasileiro teve a influência dos ciganos vindos da Europa e é um

    espaço de rica produção cultural, com multiplicidade de linguagens – não só a

    acrobática – e intercâmbio permanente entre várias manifestações artísticas e

    referências culturais.

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    É comum escutar que o brasileiro vive de “pão e circo” nosentido de sermos apaixonados por futebol e desapegados dapolítica. A expressão, originária do Império Romano, passou aser usada com sentido metafórico no século XIX, apósestudiosos alemães a difundirem. A historiadora RenataGarrafonni afirma que o termo foi retirado do livro Sátira , deJuvenal. Nele, o autor, que viveu no século II, era literal:debochava da plebe, que já havia sido virtuosa, mas vivia só deshows públicos e da distribuição de trigo. “O contexto é deexagero, mas a expressão foi transformada em verdade sobreos romanos e as sociedades modernas”. (DEURSEN, 2008p.43).

    A primeira escola de circo que se instalou no Brasil chamava-se Piolin,

    em São Paulo, no estádio do Pacaembu (1977). Em 1982, surgiu a Escola

    Nacional de Circo, no Rio de Janeiro, instalada na Praça da Bandeira. No

    Ceará, na Paraíba e em Salvador também existem escolas de circo. A

    Associação Picolino de Artes Circenses mantém uma escola de circo com uma

    proposta artística, sócio-educativa baseada na arte circense.

    Os circos têm enfrentado diversas dificuldades, dentre elas a proibição

    de uso de animais em diversos países e no Brasil, os estados de São Paulo,

    Rio de Janeiro, Paraíba, Pernambuco e Rio Grande do Sul já proíbem a

    presença de animais em circos. Nas grandes cidades o circo concorre comshoppings center, parques temáticos, a tecnologia disponível na internet, em

    video-games e lan-houses, dentre outras formas de lazer.

    METODOLOGIA

    Caracteriza-se essa pesquisa como um estudo de caso que busca

    examinar o papel de uma organização do terceiro setor na formação e

    desenvolvimento de jovens, de modo que construa seu projeto de vida comsuporte pedagógico das artes circenses.

    O método é indutivo, pois parte de dados obtidos por meio da

    observação direta e aplicações de questionários para responder ao problema

    norteador da pesquisa à luz da teoria existente.

    Quanto aos meios de investigação, utilizaram-se dois procedimentos

    técnicos:

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    •  Pesquisa bibliográfica junto a fontes secundárias possibilitou construir a

    base teórica do estudo e consultas às revistas, documentários

    fornecidos pela associação Picolino de Artes do Circo, artigos e sites;

    •  Pesquisa exploratória com suporte de entrevista uniformizada e

    estruturada com os gestores: Anselmo Serrat, Diretor Geral da

    Associação Picolino de Artes do Circo; Márcia Nunes, Coordenadora

    Pedagógica e Walkiria Bião; educadora pedagógica. O questionário

    aplicado aos beneficiários com duas partes: as variáveis de identificação

    e as perguntas acerca de mudanças que podem ter ocorrido no

    rendimento escolar, na formação e desenvolvimento pessoal, no

    sentimento de pertencimento a Escola, fatores impactantes nacontribuição da arte e educação para a aquisição de conhecimentos.

    Foram aplicados questionários a 29% da população de pesquisa,

    selecionados aleatoriamente, sendo que a margem de erro desse cálculo é de

    0,05% para mais ou para menos.

    DESCRIÇÃO DO CASO - PERFIL DA ASSOCIAÇÃO PICOLINO DE ARTESDO CIRCO

    A Associação Picolino de Artes do Circo está localizada na Avenida

    Octávio Mangabeira s/nº, Pituaçu, Salvador e tem certificado de Utilidade

    Pública na esfera federal e municipal; tendo recebido recentemente a Ordem

    Ministério da Cultura por sua ação social. Fazem parte da instituição pais de

    alunos e ex-alunos da Picolino, amigos, amigas e simpatizantes da sua

    proposta artística, sócio-educativa. Desde então, a escola tem ampliado suas

    ações e sua capacidade de atendimento.

    A Escola Picolino de Artes do Circo foi fundada em setembro de 1985,

    pelos artistas Anselmo Serrat e Verônica Tamaoki, que trouxeram na bagagem

    para a Bahia a experiência de muitas artes aprendidas em São Paulo.

    Anselmo, formado em Ciências Contábeis, aprendeu a somar talentos, com

    Ginástica Olímpica, Fotografia Profissional e até produção de filmes ao lado de

    Glauber Rocha e outras “feras” do Cinema Novo.

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    A Associação Picolino de Artes do Circo é composta pela Escola

    Picolino que desenvolve atividades educativas produzindo cultura e a

    Companhia Picolino que produz cultura educando.

    A gestão da Associação Picolino de Artes do Circo está sob a

    responsabilidade do Diretor Geral, Anselmo Serrat, e dos responsáveis pelos

    setores: Administrativo Financeiro, Comunicação, Pedagógico (educadores e

    instrutores) e a Produção. Existe uma área de Manutenção que se reporta ao

    Setor Administrativo

    Nos primeiros anos, a escola teve como público alvo os jovens de

    famílias de classe média, mas já realizava trabalhos em parceria com a

    Prefeitura, Juizado de Menores, no atendimento a crianças e adolescentes emsituação de vulnerabilidade social. De acordo com o depoimento de Anselmo

    Serrat: “em 1990 fiz parcerias com o Projeto Axé e, no ano seguinte, passamos

    a atender meninos e meninas de rua. Muitos deles hoje são instrutores, com 23

    a 25 anos de idade”.

    Naquela época, a Escola atendia a um público de 150 alunos

    particulares, mas na medida em que foi aumentando o atendimento a alunos de

    projetos sociais, ia também diminuindo o número de alunos particulares. Ospais não queriam seus filhos andando com “esses meninos de rua”. Foi preciso

    escalonar os horários para os meninos do Projeto Axé e para alunos

    particulares que vinham em carros com seus motoristas e ficavam do lado de

    fora, à espera do término das aulas.

    A partir de 1991, a Associação Picolino de Artes do Circo passa a

    oferecer malabares, trapézio, monociclo e inclusão social também a meninos e

    meninas de rua, através de programas sociais em parcerias com ONGs,Órgãos do Estado e do Município e os alunos particulares vão deixando a

    escola.

    Durante estes 23 anos de trabalho, mais de 2.000 crianças,

    adolescentes e jovens já fizeram aulas na Escola Picolino, muitos deles se

    formaram artistas de circo e realizam apresentações por todo Brasil e pelo

    exterior, sendo inclusive contratado por grandes companhias de circo, tanto no

    Brasil quanto no exterior, a exemplo do Cirque du Soleil . A formação na Escola

    Picolino não se restringe à profissionalização do artista de circo, mas também

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    do educador de circo e de uma série de profissões ligadas ao universo

    circense.

    O público alvo da Associação são crianças, adolescentes e jovens

    discriminados socialmente, possibilitando diversos espaços de aprendizagem

    (corpo, cognição e convívio), realizando um acompanhamento escolar

    impulsionando um processo de escolarização através da arte – educação, de

    modo que eles criem um projeto de vida.

    Para Anselmo Serrat, diretor geral, “somos uma das ONGs com menor

    índice de rotatividade. Apenas 1% das crianças atendidas por nós, abandonam

    as atividades”.

    Os objetivos educacionais da Associação Picolino de Artes do Circo são:desenvolver projeto político-pedagógico da Picolino: Programa Arte – Circo -

    Educação; propiciar experiências onde o aluno possa encontrar na Picolino

    possibilidades de mapear seu projeto pessoal/profissional de vida; contribuir no

    processo de escolarização dos alunos; alfabetizar alunos; formar artistas de

    circo; formar instrutores de circo.

    A Associação definiu como objetivos sociais para realizar a sua missão

    as seguintes táticas: atender crianças, adolescentes e jovens, prioritariamenteos que se encontra em desvantagem social; promover o desenvolvimento

    social, afetivo, cognitivo e corporal dos alunos através das artes circenses e

    atividades complementares; integrar os alunos a diversas realidades sociais;

    atender alunos a partir dos cinco (5) anos de idade, acompanhando-os até a

    profissionalização e inserção no mercado de trabalho.

    Os objetivos culturais estão relacionados às atividades que o Circo

    oferece o seu público: produzir e apresentar espetáculos de circo; produzircultura. 

    Segundo o depoimento de Anselmo Serrat, “Associação Picolino de

    Artes do Circo trabalha para desenvolvimento infanto-juvenil através da arte-

    educação, expandindo a magia do circo e contribuindo para o desenvolvimento

    saudável das nossas crianças e adolescentes”.

    Para Márcia Nunes, Coordenadora Pedagógica, a Associação Picolino

    de Artes do Circo é: “um grande projeto que acolhe e colabora na educação de

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    alunos, professores, educadores de modo geral, é um espaço potencial e real

    de transformações”.

    A Associação Picolino de Artes do Circo tem como missão: “EDUCAR,

    produzindo cultura, PRODUZIR CULTURA educando”. A responsabilidade com

    futuro dos jovens se traduz em “promover a aceleração dos mecanismos

    internos de inteligência à base da arte-educação, levando a uma transformação

    de vida da criança e do adolescente”. Para Márcia Nunes, Coordenadora

    Pedagógica “é preciso implantar um sistema de interatividade extra para as

    crianças como, por exemplo: proporcionar para as crianças brasileiras o dia

    todo na escola, para que um turno fosse dedicado aos estudos e outro à prática

    artística, esportiva e ou cultural, isso ocorrendo o futuro do país serámelhorado. Com certeza teremos menos violência e mais respeito à vida e ao

    meio ambiente”.

    O depoimento de Alsemo Serrat complementa a fala de Márcia Nunes:

    Há 23 anos, a Picolino vem proporcionando atividadescomplementares como oficinas de jogos e brincadeiras, deleitura e escrita, entre tantas outras oferecidas de acordo com anecessidade de cada grupo de trabalho, essas atividades sãooferecidas a crianças e adolescentes por ano. Os resultadosestão aí para qualquer pessoa comprovar. (SERRAT, 2008).

    Os valores da Associação Picolino de Artes do Circo são: arte-educação,

    cultura popular, informação, cidadania, música, espetáculos, muita magia e

    alegria, tudo isso temperado com a cultura baiana, nordestina, brasileira. Nos

    depoimentos foi possível perceber que as pessoas que fazem parte da

    Associação sentem orgulho em ter esses valores organizacionais.

    No âmbito do contexto sócio-cultural, além de produzir cultura, busca-se

    a valorização da cultura baiana e afro-brasileira, tecendo fios com outras

    linguagens artísticas tais como teatro, música, capoeira, danças afro e

    contemporâneo, tendo também motivação em pesquisas e preparação de

    espetáculos temáticos circenses, os quais se apresentam em Salvador, Interior

    da Bahia, em todo o Brasil e até mesmo no exterior.

    Hoje, a Associação é referenciada como escola na formação de

    instrutores de artes circenses. Preocupa-se com a preservação ecológica

    fazendo o reaproveitamento de todo material como, por exemplo: figurinhas,

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    adereços, materiais didáticos e a conscientização do cuidado pessoal e com os

    ambientes: casa, rua, escola e com o circo.

    Hoje, a Picolino atende crianças, adolescentes, jovens eadultos de todas as idades, culturas, classes sociais,independentes de sua cor, religião, formação ou comunidade, aPicolino atende hoje, centenas de alunos, tendo estes emcomum o encanto pelo mundo mágico do Circo. Uma grandeparte dos alunos da Picolino foram encaminhados por projetossociais, outros porque se interessaram para receberem aulasparticulares, e há quem queira manter a forma e/ou se divertir(SERRAT, 2008).

    A  Associação Picolino de Artes de Circo estabeleceu parcerias para

    manter a estrutura formada ao longo da sua existência e desenvolver novos

    projetos. São apoiadores da instituição: Audio R, Centro de Desenvolvimento

    Humano e Social – CRESER, Insurreição Rítmica, Le Biscuit. Mídia Clip; Prato

    Amigo; Rede Circo do Mundo Brasil. Show Luz. Termobahia. Vitalmed Editores

    FTD e Ática. Os principais financiadores são: ABC Trust, Ágata Esmeralda,

    Criança Esperança /UNESCO.

    Destacam-se alguns parceiros: Bical, Brinquedos Rosita, Coordenadoria

    Ecumênica de Serviço, CHESF, Coelba, Companheiros da América-POMMAR,

    Faz Cultura, Faculdade de Tecnologia e Ciências, Fundação Cultural do Estado

    da Bahia, Fundação da Criança e do Adolescente, Fundação Gregório de

    Matos, Fundo Nacional de Cultural – Ministério da Cultura, Grupo Ambientalista

    da Bahia, Governo do Estado da Bahia, Grupo Filó, Grupo Zinga de Capoeira

    Angola, JB Matérias de Construções, Madeira J Machado, Prefeitura Municipal

    de Salvador, Projeto Axé, Rede Bahia, Sansuy, Secretária de Combate a

    Pobreza, Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social, Secretaria Estadual

    do Trabalho e Ação Social, SMEC-Secretária Municipal de Educação e Cultura,Tim. TV Educativa da Bahia, Universidade Federal da Bahia e UNICEF.

    A Associação Picolino de Artes do Circo desenvolve várias atividades

    para ajudar crianças e adolescentes na construção de seus conhecimentos da

    alfabetização até a profissionalização. São aulas teóricas com conteúdos

    específicos, tais como: cultura, arte, circo, comunicação em toda sua

    abrangência, entre outras coisas mais. Inclui também, atividades circenses com

    excelentes instrutores do circo e acompanhamento na área de saúde comatendimento dentário.

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    A Associação oferece serviços, espetáculos e projetos. Dentre os

    serviços, destacam-se os principais:

    •  CURSO DE FÉRIAS – destinado a crianças, adolescentes e jovens de

    classe média, são oferecidas aulas básicas das técnicas de circo:

    acrobacia, malabares, monociclo, corda indiana, arame, trapézio,

    contorção. Ao término do curso os alunos fazem uma apresentação

    temática do que aprenderam durante as aulas.

    •  ALFABETIZANDO E MUITO MAIS – o público alvo são crianças de

    cinco anos de idade na fase de alfabetização, além de acompanhamento

    dentário e diversas atividades de leitura, escrita, matemática, educação

    ambiental, música, artes plásticas e circo.

    •  GRUPOS BÁSICOS – destinado a crianças, adolescentes e jovens dos

    projetos sociais de parceiros que se encontram excluídos do acesso aos

    bens morais e culturais. As aulas são ministradas com uma equipe de

     jovens educadores que ensinam artes circenses.

    •  BÁSICO II – esse serviço atende a crianças e adolescentes, oferecendo

    atividades complementares (música, jogos, brincadeira e atividades que

    envolvem artes plásticas).•  ACOMPANHAMENTO ESCOLAR – atendimento e acompanhamento

    social para garantir a educação básica rompendo um dos mais fortes

    elos do ciclo vicioso da miséria.

    •  CURSO DE FORMAÇÃO DE INSTRUTORES DE CIRCO (GRUPO 5) –

    é uma ação pioneira da Escola voltada a formar educadores, que saibam

    lidar com crianças, adolescentes e jovens em situação de risco e das

    classes populares, com perfil que indicam rebeldia, falta de atenção,como alunos “desengonçados (as)”, “bagunceiros (as)”, “atrapalhados

    (as)”, “brigões (onas)”. Preparando-os como multiplicadores da ação

    educativa, através da arte circense.

    •  Os espetáculos que são realizados pelos alunos são:

    •  TODO MUNDO VAI AO CIRCO – apresentação de espetáculos de circo,

    realizados pela Companhia Picolino e dirigidos para alunos do ensino

    fundamental das escolas públicas e comunitárias. O projeto proporcionaa esses alunos da rede pública de ensino a experiência com arte

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    circense, que envolve técnicas, danças, teatro, música cultura,

    informação e entretenimento através dos seus espetáculos. Esses

    espetáculos são construídos sobre temas ligados a cidadania e

    formação do jovem cidadão. No final de cada ano são distribuídas dez

    bolsas de estudos da Escola Picolino.

    •  VIVA O CIRCO – consiste na pesquisa de linguagem e apresentação de

    espetáculos temáticos, marcando o encerramento do ano letivo, com

    apresentação de todos os alunos da Escola.

    •  HOJE TEM ESPETÁCULO – realização de espetáculo de circo, dirigidos

    para alunos do ensino fundamental das escolas públicas e comunitárias,

    de cinco cidades do interior da Bahia, além de difundir a arte circense nointerior do Estado, traz temas ligados à cidadania e formação do jovem

    cidadão.

    Os projetos que a Picolino oferece são:

    •  CIRCO NA ESCOLA – atende alunos de 1ª a 4ª série do ensino

    fundamental, como atividade complementar na própria escola formal.

    •  PROJETO SEGUNDOS ENCONTROS – Ganhador do Prêmio

    FUNARTE CAREQUINHA DE ESTÍMULO AO CIRCO 2006. Atravésdesse projeto, foi criada a cooperativa circense da Bahia que fomenta o

    futuro do Circo e tem como público artistas de circo, representantes de

    escolas de circo, pesquisadores e pessoas interessadas em trocar

    experiências.

    •  ARTE - CIRCO - EUCAÇÃO – É o principal projeto pedagógico da

    Escola Picolino de Artes do Circo, dirigidos às crianças e adolescentes,

    alunos das turmas básicas e avançadas, oferece uma oportunidade deeducação integral, reduze a vulnerabilidade social, contribui para a

    garantia dos direitos da criança e do adolescente e integra alunos de

    diversas realidades sociais, através do processo de

    ensino/aprendizagem das artes circenses.

    ANÁLISE DOS RESULTADOS

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    Apresenta-se a seguir o perfil dos alunos/ beneficiários, sua

    escolaridade, o perfil sócio – cultural que foram obtidos com a aplicação dos

    questionários.

    Os beneficiários da Associação são, em sua maioria, do sexo feminino,

    com aproximadamente 55,17% contrapondo com 44,83% do masculino. A

    idade média dos beneficiários é entre doze e treze anos de idade, totalizando

    34,4%, seguida das crianças com idade de dez e onze anos, 13,8% e aquelas

    que têm entre sete e oito anos, 28,4%.

    Com relação à quantidade de irmãos de cada aluno que participou da

    pesquisa, constatamos que 20,6% têm um irmão (ã), que 34,4% têm entre dois

    e três irmãos (ãs) na família, os alunos que têm quatro, oito e/ou doze irmãos(ãs) representam 12,9%. Os que são filhos (as) únicos (as) chegam a 13,8%.

    Verificou-se que 6,9% das crianças entrevistadas fazem parte do rol dos

    menores abandonados (as).

    Em relação à moradia, 55,2% dos beneficiários moram com seus pais,

    27,6% moram somente com a mãe, pois seus pais são separados; 10,13%

    moram com outras pessoas, como: avós e tios; 6,9% moram em abrigo.

    Ao traçar o perfil sócio-econômico, obteve-se a seguinte situação, 72%residem em casas próprias, 24% em casa, 4% dos entrevistados com os pais

    em casas cedidas por parentes.

    Fonte: elaborado pelas autoras da pesquisa

    Com relação ao meio de transporte utilizado pelas crianças,

    adolescentes e jovens para se locomoverem até a Escola, 72% vão andando,

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    14% usam a bicicleta, 10% utilizam ônibus e apenas 4% dos pesquisados se

    locomovem por meio de carro da família.

    Fonte: elaborado pelas autoras da pesquisa

    Quanto ao interesse e a escolaridade dos alunos da Associaçãoindagou-se procuramos indagar o grau de instrução, o turno das aulas, a rede

    de ensino, o que gosta e o que não gosta de fazer na escola, as disciplinas que

    possuem mais facilidade e mais dificuldade de aprendizado e quais sugestões

    que dariam aos diretores das Escolas. Por fim, indagou-se a perspectiva de

    vida profissional de cada aluno.

    Fonte: elaborado pelas autoras da pesquisa

    No que se refere ao turno, 52% estudam pela manhã.

    Em relação à rede de ensino, 90% dos beneficiários estudam entre

    redes públicas e estaduais de ensino e apenas 10% estudam em redes

    particulares de ensino.

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    Fonte: elaborado pelas autoras da pesquisa

    Quanto ao grau de instrução, apresentam-se as seguintes informações.

    24,2% estão cursando a quarta série do quinto período do ensino primário,

    17,2% na quinta série do sexto período do ensino fundamental, entre os que

    estão concluindo a sexta série do sétimo período e os que estão concluindo a

    sétima série do oitavo período, somam 27,6% a qual se iguala ao percentual

    das crianças que estão cursando a segunda série do terceiro período; 6,9%

    estão cursando o primeiro período, ou seja, a alfabetização.

    Quanto ao interesse pelas atividades na Escola e ao que gostam ou nãode fazer, observa-se que 55,1% gostam de estudar, 41,3% gostam de ir à

    Escola, pois encontram um refúgio para a distração e brincadeiras. Em contra

    partida 20,6% afirmam que gostam de ir à Escola pela distribuição de

    “merendas”, revelando assim a condição de social; 6,9% gostam de ir à

    Escola, pois têm liberdade para pintar.

    Fonte: elaborado pelas autoras da pesquisa

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    41,3% relataram que não gostam de brigas/intrigas, 27,6% afirmam não

    gostarem de fazer atividades prolongadas e de pessoas que ultrapassam oslimites, com relação à zombaria em horas impróprias, tais como brincadeira na

    sala de aula na hora da explicação. Os que não aprovam quando a professora

    chama sua atenção com os que não aprovam bagunça, somam 20,6%; há os

    que não gostam de coisa alguma da escola, pois só estudam porque é

    obrigado (a) totalizam 10,5%.

    Quanto às disciplinas que sentem mais dificuldade, a campeã é a

    Matemática, tendo alcançado 48,2% de rejeição, seguida de História e Inglês

    que somadas chegam a 34,4% da rejeição; por outro lado, as disciplinas de

    Ciências e Geografia estão no mesmo patamar, com 13,8%. Português foi a

    disciplina com 10,3% de rejeição e apenas 3,9% não gostam da disciplina de

    Religião.

    Fonte: elaborado pelas autoras da pesquisa

    Entre as disciplinas que os alunos gostam aproximadamente 48,2%define o Português como a de maior percentual de aprendizagem. Contrapondo

    esta estatística, apenas 24,1% dos alunos sentem facilidade no aprendizado da

    Matemática. História e Geografia somadas alcançam 34,4% da preferência dos

    alunos. Já Ciências e Inglês juntas chegam aproximadamente a 27,6%. O

    percentual dos alunos que preferem Educação Física, Cultura Baiana, Dança e

    Física, totalizam em 15,6%.

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    Fonte: elaborado pelas autoras da pesquisa

    Em relação às sugestões que os alunos dariam às instituições de

    ensino, obtivemos as seguintes informações: melhoria na qualidade de ensino,

    por segurança, melhoria do espaço físico, instalações e estrutura

    organizacional.

    Quanto à perspectiva de vida profissional dos alunos, 55% pretendem

    ter seu próprio negócio, porque almejam contribuir para amenização da

    desigualdade social; 45% que não querem ser empreendedores e afirmam que

    querem ter uma profissão ainda não definida, “ser alguém na vida”.

    Fonte: elaborado pelas autoras da pesquisa

    Quanto à contribuição das atividades desenvolvidas Associação Picolino

    de Artes pelos jovens ao longo do convívio com a arte-educação e a

    transformação na vida após seu ingresso, observou-se que:

    a) 44,9% relataram que foi através das Escolas por onde a Picolino se

    apresentou e aconteceu o interesse em participar, aprender a desenvolver

    habilidades circenses, entre outras. 37,9% afirmam que foi por meio da Ágata

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    habilidades desenvolvidas pelos alunos da Picolino, o seu comportamento, de

    modo geral, melhorou”. Daí, o interesse de investigarmos também o

    comportamento dos beneficiários em sala de aula.

    85% declaram estar mais atentos nas aulas e mais participativos e

    apenas 9% relataram que nada mudou, pois já participavam das aulas,

    prestavam atenção nas explicações, faziam as tarefas. Somente 6% apontam

    que estão menos atentos nas aulas.

    Fonte: elaborado pelas autoras da pesquisa

    Após verificar as mudanças de comportamento dos alunos da Picolino

    em sala de aula, fora da ONG, buscou-se obter informações que dizem

    respeito ao rendimento escolar, em relação ao aprendizado, ou seja, após eles

    terem ingressado na Associação se houve melhoria das notas. As respostas

    foram, de modo geral, positivas, pois 86% dos alunos disseram que suas notas

    aumentaram e apenas 14% afirmam não ter mudado muita coisa, pois já

    estudavam “ o suficiente” antes mesmo de fazerem parte da Picolino.

    Fonte: elaborado pelas autoras da pesquisa

    Ao que diz respeito a relacionamento com os colegas, aproximadamente

    59% enunciaram que houve uma melhora no relacionamento com seus

    colegas, 32% confirmaram que passaram a brigar menos e apenas 9%

    disseram que nada mudou.

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    Quanto a mudanças de comportamentos em casa, avaliando-se a

    contribuição da Picolino no convívio familiar, 59% afirmaram estar mais

    tranqüilo, 24% menos nervoso, 7% disseram que estão mais agitados, mais

    eufóricos e apenas 10% responderam que nada mudou no seu comportamento

    familiar.

    Fonte: elaborado pelas autoras da pesquisa

    Também houve melhoria no comportamento dos alunos da Picolino com

    seus pais/responsáveis, pois 54% dos entrevistados tornaram-se mais

    amorosos para com suas famílias, sendo que 46% passaram a conversar mais

    com seus pais e irmãos.

    Em relação ao convívio com os seus irmãos, 71% declaram estar mais

    tranqüilos, 7% afirmam estar menos agitados, 18% relatam que se encontram

    menos nervosos e por fim 4% descreveram que não houve mudanças no seu

    comportamento.

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    Fonte: elaborado pelas autoras da pesquisa

    Examinando o comportamento dos jovens que freqüentam a Picolino no

    bairro onde residem, 58% relatam que estão mais tranqüilos e deixaram de

    brigar, 31% relatam que as pessoas o (a) consideram menos agitados e cerca

    de 11% não apresentaram mudanças em seu comportamento.

    È possível perceber que as ações da Associação Picolino de Artes

    Circenses agrega um programa educacional que promove transformação na

    vida dos beneficiários repercutindo positivamente na convivência escolar,

    familiar, grupos de amigos, enfim, trabalhando a auto-estima, a participação e a

    inclusão social.

    As entrevistas revelaram que os alunos da Picolino, após seu ingresso

    na Associação, em sua maioria, tornaram-se pessoas mais alegres e felizes,

    acolhidas e respeitadas, fazendo com que elas sintam-se valorizadas pela

    sociedade, mais amorosas, carinhosas, tranqüilas, atentas e responsáveis, o

    que resultou no aumento do rendimento em relação ao aprendizado, ou seja,

    aumentaram as “notas” escolares, pois as técnicas circenses exigemresponsabilidade e atenção. A “família” circense trabalha em equipe por isso

    faz-se necessário a humanização.

    CONCLUSÃO

    As ONGs são instituições empreendidas pela sociedade civil, que se

    organiza espontaneamente para execução de atividade de interesse público e

    tem crescido ao longo do tempo, diversificando sua atuação. Os indivíduos

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    antes excluídos da sociedade por diversas razões, ganham oportunidade de

    serem incluídos no grupo social e, de alguma maneira promove-se melhoria em

    suas vidas.

    Optou-se por analisar uma ONG voltada para a arte-educação que

    insere jovens em um convívio sócio-econômico, capacitando-os a viver em

    comunidade, e adotar o lema viver-fazer do circo no seu cotidiano,

    estimulando-os a cultivar a miscelânea cultural, construir uma convivência

    harmônica e acessar bens básicos como educação, lazer, afeto, brincadeiras.

    Observou-se que cerca de 90% dos alunos que chegam à instituição

    estão em sub-condições de vida, com acesso a quase nada ou nenhuma

    produção cultural. Muitos deles não sabem interpretar as figuras nem textos ecom baixa estima, mas afirmam ter obtido melhoria no rendimento escolar, no

    convívio social e com a família, após o desenvolvimento das atividades

    proporcionadas pela Associação Picolino de Artes Circenses.

    O processo de resgate da cidadania e a inclusão social de jovens por

    meio da educação e cultura das artes circenses promovem a aceleração dos

    mecanismos internos de inteligência, sendo usado como um meio de

    transformação, os quais procuram ocupar o espaço sadio da educação usandoa brincadeira como incentivo.

    No país existem escolas de circo no país que podem adotar as práticas

    da Associação Picolino de Artes do Circo, um importante agente promotor de

    ações e projetos na formação de crianças, adolescentes e jovens, oferecendo

    educação, lazer e cultura, através de sua arte circense.

    Os gestores da Associação acreditam que “através da arte-educação a

    Associação Picolino de Artes do Circo tem feito também investimentos naprodução cultural, já bem reconhecido socialmente, a exemplo da formação de

    artistas de circo, o desenvolvimento da linguagem circense contemporânea, a

    promoção de encontros de artistas e escola de circo, a inclusão social de

     jovens e a realização de espetáculos que são apresentados na nossa cidade e

    em diversos lugares do estado da Bahia, do Brasil e do exterior”.

    REFERÊNCIAS

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    A APLICABILIDADE DO MARKETING DE RELACIONAMENTO E

    FIDELIZAÇÃO DO CLIENTE NA ÓTICA DO FUNCIONÁRIO DA

    TELEVISÃO CIDADE S/A (NET)

    THE APPLICABILITY OF THE MARKETING OF RELATIONSHIPAND FIDELIZATION OF THE CUSTOMER IN THE OPTICS OF

    THE EMPLOYEE OF THE TELEVISION CITY S/A (NET)

    Josete Damasceno dos Santos4 Nadijane de Jesus da Cruz5 

    Maria De Fátima Araújo Frazão6 

    RESUMO: O objetivo deste estudo é uma reflexão sobre a importância dafidelização de clientes, a construção e manutenção de relacionamento naempresa Televisão Cidade S/A (NET). Demonstra-se a importância domarketing de relacionamento na busca de soluções para os problemasenfrentados pelas empresas na relação com os seus clientes, e os meios maiseficazes e integrados para atender, reconhecer e cuidar dos clientes em temporeal; transformar dados em informações que disseminadas pela organização,permite que o cliente seja reconhecido e administrado por todos oscolaboradores tornando-se fiel, satisfeito e rentável, observando as diferençase necessidades, de modo que ele se sinta único. A pesquisa descreve aspráticas utilizadas na NET, apresenta a percepção dos colaboradores daempresa acerca dos impactos do relacionamento com os clientes e discutepráticas de manutenção e fidelização que possam facilitar a relação empresa-cliente trazendo retorno positivo para as partes.

    Palavras-chave: Marketing. Relacionamento. Fidelização. CRM

    ABSTRACT: The objective of this study is a reflection on the importance of thefidelization of customers, the construction and maintenance of relationship inthe company Television City S/A (NET). Importance of the marketing ofrelationship in the brainstorming for the problems faced for the companies in the

    relation with its customers, and half the most efficient ones and integrated isdemonstrated to it to take care of, to recognize and to take care of thecustomers in real time; to transform given into information that spread by theorganization, allows that the customer recognized and is managed by all thecollaborators becoming faithful, satisfied and income-producing, observing thedifferences and necessities, in way that it if feels only. The research describes

    4  Josete Damasceno dos Santos, Administradora. Graduada pela UNIRB. E-mail: [email protected]  Nadjane de Jesus da Cruz . Administradora. Graduada pela UNIRB. E-mail:[email protected] [email protected]

      Mestre em Administração Estratégica pela UNIFACS, Pós-graduada em Marketing pelaESPM, Administradora, Professora do Curso de Graduação da UNIRB, Consultora emMarketing e Responsabilidade Social e Ambiental. E-mail: [email protected]

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    the practical ones used in the NET, it presents the perception of thecollaborators of the company concerning the impacts of the relationship with thecustomers and argues practical of maintenance and fidelization that canfacilitate to the relation company-customer bringing positive return for the parts.

    Keywords: Marketing. Relationship. Fidelization. CRM

    INTRODUÇÃO

    O objetivo deste estudo é uma reflexão sobre a importância da

    fidelização de clientes e da construção e manutenção de relacionamento, ao

    tempo que discute as práticas e gestão do marketing de relacionamento na

    busca de soluções para os problemas enfrentados pelas empresas na relação

    com os seus clientes.

    O marketing de relacionamento é uma prática gerencial que incorpora

    métodos mais sofisticados e eficientes que transformam a maneira como as

    empresas podem aumentar a rentabilidade dos clientes atuais além de ajudar a

    conquistar novos.

    Para obter retorno de clientes lucrativos, as empresas devem

    reconhecer a importância do relacionamento com clientes, desenvolver e

    implementar estratégias de fidelização e assumindo-as como um compromisso

    de todos os colaboradores.

    Diante do exposto, faz-se a seguinte indagação: Como o Marketing de

    Relacionamento pode contribuir para a fidelização de clientes na NET, empresa

    prestadora de serviço de TV por assinatura? Se uma empresa quer garantir a

    fidelidade dos seus clientes, precisa valorizar e fidelizar os colaboradores que

    devem estar qualificados, envolvidos e integrados com os valores da empresa

    e do cliente?Para responder aos questionamentos apresentados, abordam-se os

    meios mais eficazes e integrados para atender, reconhecer e cuidar dos

    clientes em tempo real e transformar dados em informações que disseminadas

    pela organização, permitindo que o cliente seja reconhecido e administrado por

    todos os colaboradores tornando-se fiel, satisfeito e rentável, sem deixar de

    observar as diferenças e necessidades de cada consumidor fazendo com que

    ele se sinta único.

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    A pesquisa descreve as práticas utilizadas na empresa NET, apresenta

    a percepção dos funcionários da empresa acerca dos impactos do

    relacionamento com os clientes observando os seus pontos fortes e fracos e

    discute práticas de manutenção do relacionamento com os clientes que podem

    facilitar a relação empresa-cliente trazendo retorno positivo para as partes.

    OBJETIVOS

    Um das vantagens competitivas que uma empresa possui é o

    conhecimento de seus clientes, suas expectativas e saber que tem

    preferências distintas e se não se sentirem satisfeitos, podem buscar outra

    empresa que os atenda com mais atenção e agilidade, qualidade, entre outros

    aspectos. As empresas precisam desprende tempo, esforços e recursos para

    reter seus clientes ao longo do tempo e a fidelização deve ser um compromisso

    de todos.

    Com base nos argumentos apresentados define-se o objetivo geral do

    estudo: analisar e discutir as ações de marketing de relacionamento

    empreendidas pela NET como estratégia de fidelização.

    Para responder aos questionamentos que decorrem dessa proposta,apresentam-se os seguintes objetivos específicos: descrever os fundamentos

    do Marketing e o Marketing de Relacionamento, discutir o processo de

    fidelização de clientes, com as ferramentas e tecnologia necessárias, traçar o

    perfil da empresa NET e analisar a aplicabilidade do marketing de

    relacionamento e fidelização na empresa.

    EMBASAMENTO TEÓRICO – MARKETING – FUNDAMENTOS, CONCEITO

    E EVOLUÇÃO

    Define-se o marketing como um processo social, funcional e gerencial

    que utiliza ferramentas para satisfazer as necessidades e os desejos dos

    clientes utilizando-se de estratégias competitivas para facilitar as vendas

    observando o ambiente interno e externo, visando retorno financeiro para

    empresa.

    Para Boone e Kurtz (1995, p.6), Marketing é “o processo de planejar eexecutar a concepção, definição do preço, promoção e distribuição de idéias,

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    bens e serviços, criando trocas que atendem a objetivos individuais e

    organizacionais”.

    O Marketing fundamenta-se em conceitos básico, também denominados

    centrai. De acordo com Kotler (2000, p.3), os conceitos centrais são:

    necessidades, desejos, demandas, qualidade, valor, trocas e transações.

    Define-se necessidade como algo que é preciso saciar, indispensável para a

    sobrevivência do ser humano, como exemplo a sede e a fome. Necessidade

    são exigências humanas básicas, essas necessidades se tornam desejos

    quando são dirigidas a objetos específicos capazes de satisfazê-los. O que se

    almeja para a satisfação das necessidades é considerado desejo, ou seja, não

    é algo vital para a sobrevivência, mas faz parte da vida e é o primeiro passoquando se quer concretizar os objetivos definidos.

    Na visão de Kotler & Armstrong (2003, p.4), necessidades são situações

    de privação. Desejo é a forma que as necessidades humanas assumem

    quando são particularizadas por determinada cultura e pela personalidade

    individual. Para existir demanda por um produto, o mercado necessita de

    consumidores que tenham não somente o desejo de comprar, mas a

    capacidade financeira de adquirir algo específico.Segundo Kotler (2000, p.33), a qualidade diz respeito ao desempenho

    do produto ou serviços que uma empresa oferece aos seus clientes e não só

    atende e supera às suas necessidades, mas busca melhoria contínua em todos

    os seus processos.

    Clientes satisfeitos produzem benefícios para a empresa, pois são

    menos sensíveis aos preços, falam bem da empresa e de seus produtos e

    podem permanecer fiéis por um período mais longo. Vale destacar que arelação entre a satisfação e a fidelidade do cliente varia e dependendo do setor

    e da situação competitiva.

    A satisfação do cliente consiste na sensação de prazer ou

    desapontamento resultante da comparação do desempenho ou resultado

    percebido de um produto em relação às expectativas do comprador e seu

    comportamento de compra. (KOTLER, 2000, p.58).

    Vale salientar que o marketing não cria necessidade. O desejo, por sua

    vez, é uma carência pela satisfação específica de atender às necessidades. É

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    um querer muito forte, uma vontade, a aspiração a algo. Os desejos podem ser

    despertados. São muitos e podem ser moldados e remoldados pelas

    instituições sociais.

    A prática do marketing, portanto, apenas estimula as necessidades do

    ser humano por meio das ferramentas de comunicação de que se vale,

    tentando aguçar o seu senso crítico e levando-o a optar por um produto. O

    cliente tende a querer maximizar o valor ao se decidir por um produto que

    satisfaça sua necessidade.

    Valor para o cliente é a satisfação das exigências do consumidor ao

    menor custo possível de aquisição, propriedade e uso. O cliente tende a

    maximizar o valor em uma transação, considerando os chamados custos deoportunidades, portanto, considerará o valor e o preço do produto antes de

    fazer a escolha.

    O processo de troca normalmente envolve uma transação em que bens

    ou serviços são trocados por dinheiro. Embora a troca seja o processo típico de

    marketing, em que alguma coisa é dada e algo é recebido por cada parte

    envolvida na operação. As empresas devem construir relacionamentos

    comerciais rentáveis e não se limitar somente a trocas e transações. OMarketing deve buscar a satisfação do cliente em forma de benefícios. Os

    principais objetivos do marketing são: atrair novos clientes, prometendo-lhes

    valor superior, e manter os clientes atuais, propiciando-lhes satisfação. Para

    cumprir esses objetivos, as empresas utilizam o composto mercadológico.

    Kotler & Armstrong (2003, p. 204) afirmam que o composto mercadológico a

    ferramenta de marketing para a empresa atuar no mercado. Essas ferramentas

    são denominadas 4Ps: produto, preço, praça e promoção.Produto é algo que pode ser tangível ou intangível, possui

    características próprias, e deve agregar valor e satisfação para o seu público-

    alvo. Produtos incluem bens físicos, serviços, eventos, pessoas, lugares,

    organizações, idéias.

    Preço é o valor que as empresas estipulam baseados em seus custos,

    pelos seus produtos ou serviços para que consumidores paguem e obtenham o

    que necessitem ou desejem. Preço é o volume de dinheiro que os clientes têm

    de desembolsar para obter um produto.

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    compartilhamento de valores mútuos por meio de interdependência e

    alinhamento organizacional.

    O marketing de relacionamento baseia-se numa relação de

    aprendizagem entre a organização e seus clientes, prospects e fornecedores,

    para obter vantagem em comparação com a concorrência. O marketing pode

    ser definido como o processo de identificação e satisfação das necessidades

    do cliente de um modo competitivamente superior de forma a atingir os

    objetivos da organização. O marketing de relacionamento se desenvolve a

    partir daí, porém possui seis dimensões que se diferem materialmente das

    definições históricas de marketing.

    Para Gordon (2003, p. 32), as dimensões do Marketing deRelacionamento são:

    a) Busca criar novo valor para clientes e compartilhar essevalor entre o produtor e o consumidor. Para que a empresareconheça a importância de aprender com os clientes criando ovalor que cada um deseja.b) Reconhece o papel fundamental que os clientes individuaistêm não apenas como compradores, mas na definição de valorque desejam. Anteriormente esperava-se que as empresasidentificassem e fornecessem esse valor a partir daquilo que

    elas consideravam como um produto. Com o marketing derelacionamento, o cliente ajuda a empresa a fornecer o pacotede benefícios que ele valoriza. O valor é assim criado com osclientes e não por eles para fazer com que o cliente não sejaapenas um comprador do seu produto ou serviço, mas participedas ações dando sugestão para fidelização dos mesmos.c) Exige que uma empresa, em conseqüência de sua estratégiade marketing e de seu foco sobre o cliente, planeje e alinheseus processos de negócios, suas comunicações, suatecnologia e seu pessoal para manter o valor que o clienteindividual deseja, para que a estratégia de marketing daempresa tenha sucesso.d) É um esforço contínuo e colaborativo entre o comprador e ovendedor. Desse modo, funciona em tempo real.e) Reconhece o valor dos clientes por seu período de vida deconsumo e não como cliente ou organizações individuais quedevem ser abordados a cada ocasião de compra. Aoreconhecer o valor do período de vida, o marketing derelacionamento procura unir progressivamente a empresa aosclientes.f) Procura construir uma cadeia de relacionamentos dentro daorganização para criar o valor desejado pelos clientes, assimcomo entre a organização e seus principais participantes,

    incluindo fornecedores, canais de distribuição intermediários eacionistas.

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    O marketing de relacionamento é, na verdade, uma nova filosofia de

    administração organizacional baseada na aceitação da orientação para o

    cliente e para o lucro por parte de toda a organização e no reconhecimento de

    que devem ser buscadas novas formas de comunicação para estabelecer um

    relacionamento profundo e duradouro com os clientes, prospects , fornecedores

    e todos os intermediários, como forma de obter vantagem competitiva

    sustentável (BRETZKE, 2000, p. 13-14).

    Marketing de relacionamento é uma das tendências mais em voga no

    marketing de hoje; definitivamente é atrair, realçar e intensificar o

    relacionamento com clientes finais, clientes intermediários, fornecedores,

    parceiros e entidades governamentais e não governamentais, através de umavisão de longo prazo na qual há benefícios mútuos. (MADRUGA, 2004, p.20).

    Diante de uma ampla concorrência e variedades de produtos, as

    empresa têm direcionados esforços na tentativa de aumentar sua lucratividade

    passando seu foco principal para os clientes, em vez do foco excessivo no

    produto.

    Trata-se de uma nova filosofia, um processo contínuo de evolução, de

    conhecimento e de comunicação com os consumidores, visando garantirmelhores lucros e lealdade - CRM (Customer Relationship Management ) ou

    gerenciamento do relacionamento com clientes.

    CRM é uma estratégia de negócios voltada ao entendimento eà antecipação das necessidades dos clientes atuais epotenciais de uma empresa. Do ponto de vista tecnológico,CRM envolve capturar os dados do cliente ao longo de toda aempresa, consolidar todos os dados capturados interna eexternamente em um banco de dados central, analisar osdados consolidados, distribuir os resultados dessa análise aosvários pontos de contato com o cliente e usar essa informaçãoao interagir com o cliente através de qualquer ponto de contatocom a empresa. (PEPPER & ROGERS, 2000, p.20)

    O CRM, diferentemente dos outros sistemas de abrangência corporativa,

    enfatiza a redução de custos, a fidelização do cliente e os benefícios. Esses

    benefícios podem ser desde o acesso à informação de melhor qualidade; a

    facilidade de compra e de comunicação com a empresa; a economia de tempoe de dinheiro; até a eliminação de solicitações de dados redundantes etc.

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    Existem duas funções do CRM: a analítica e a operacional. A analítica

    consiste em determinar quais são os clientes, quais devem ser tratados de

    forma personalizada (one to one)  e quais devem ser deslocados em níveis

    superiores. Já a operacional tem sido de grande dificuldade de implementação,

    pois requer a automatização da forma de vendas, centro atendimento (call

    center ), site de comércio eletrônico e sistemas automatizados de pedido.

    A implementação de projetos de CRM deve sempre ter como linha

    mestra a mudança nos processos que envolvem o consumidor, ou seja, ver a

    empresa com os olhos críticos dos melhores clientes. Sem isso, não se está

    implantando o CRM, e sim mais um pacote de software.

    São quatro etapas de implantação de um programa de CRM, conhecidascomo IDIP, de acordo com Pepper & Rogers (2000, p.15):

    a) Identifique seus clientes – não é possível estabelecer umarelação com alguém que não conseguimos identificar. Se aempresa não tem uma forma de identificar pelo menos umaparcela considerável de seus melhores clientes, ela não estápreparada para lançar uma iniciativa one-to-one.b) Diferencie seus clientes – os clientes podem serdiferenciados de duas maneiras: pelo nível de valor para a suaempresa (alguns têm um valor muito alto; outros, nem tanto) e

    pelas necessidades que têm de produtos e serviços de suaempresa. Assim, uma vez tendo identificado os seus clientes, opróximo passo é diferenciá-los de maneira a: priorizar seusesforços e aproveitar o máximo possível de seus clientes demaior valor e personalizar o comportamento de sua empresa,baseando-se nas necessidades individuais de seus clientes.c) Interaja com seus clientes – você tem de melhorar aeficiência e eficácia de suas interações com seus clientes. Issoquer dizer que não somente deve buscar forma mais barata eautomatizada de interação, mas também a mais útil em termosde produção de informação que possa ajudar a fortalecer assuas relações com os clientes. Como as necessidades dosclientes mudam, é necessário um processo de utilização dosfeedbacks de um cliente em particular para que seja possívelcompreender quais são as necessidades específicas daquelecliente.d) Personalize – as empresas precisam personalizar algunsaspectos do seu comportamento para melhor atender seusclientes. Para incentivar seus clientes a manter uma relação deaprendizado, a empresa precisa adaptar-se às necessidadesindividuais e expressas pelo cliente. Isso pode significar apersonalização em massa de um produto ou a personalizaçãodas opções oferecidas ao redor do produto.

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    Aplicados de forma diferentes, essas quatro etapas bastante simples de

    implementar podem ser usadas como checklist para pôr em prática

    virtualmente qualquer iniciativa de CRM, em virtualmente qualquer empresa,

    em virtualmente qualquer área de negócio.

    Implantar um CRM traz alguns benefícios, dentre eles, destacam-se:

    aumenta o conhecimento sobre o cliente; estabelece um relacionamento

    diferenciado e gratificante, quando este está ocorrendo por qualquer meio;

    aumenta a retenção e fidelidade do cliente pela experiência de marca positiva;

    aperfeiçoa o processo decisório; racionaliza o fluxo do pedido, atendimento

    pós-venda e as vendas por meios alternativos; permite aperfeiçoar produtos

    por meio da customização de massa; diferenciar produtos e entregarexatamente o que o cliente deseja.

    FIDELIZAÇÃO

    O que é fidelizar? As empresas desejam clientes fiéis nos seus

    relacionamentos comerciais e também vantagens financeiras. Nos negócios, o

    objetivo da fidelização é reter os clientes, evitando que migrem para a

    concorrência, e aumentar o valor dos negócios que eles proporcionam.Fidelidade é um processo contínuo de conquista da lealdade, através de um

    relacionamento prazeroso e de confiança no qual as empresas conseguem

    manter seus clientes fiéis a sua marca.

    Newell (2000, p.25) afirma que acreditar que um cliente satisfeito será

    cliente fiel é coisa do passado, pois hoje os clientes exigem mais do que a

    simples satisfação em retorno por sua fidelidade. Mas o que é fidelidade?

    Oliver (1997, p.6) define fidelidade como um compromisso forte em

    recomprar ou repatrocinar um produto ou serviço preferido consistentemente

    no futuro, apesar das influências, circunstâncias e tentativas de marketing, que

    podem acarretar um comportamento de troca.

    A fidelidade dos clientes tem sido estudada principalmente em relação à

    seqüência de compras de acordo com Gade (1998) e os diferentes perfis de

    consumo. A filosofia de marketing voltada para o cliente e a fidelidade impõe

    decisões que transformam e diferenciam as organizações. Tomadas em

    conjunto, essas decisões têm o potencial para transformar a visão da empresa

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    sobre o marketing que ela pratica e sobre quase toda a empresa, desde o

    trabalho que ela efetua com tecnologia empregada, passando pelos produtos

    que fabrica, até a estrutura com que ela alcança seus objetivos.

    Antes de desenvolver programas de fidelização as empresas precisam:

    conhecer seus clientes, desenvolver e manter relacionamento permanente,

    observar a freqüência que a empresa mantém contatos com clientes,

    recompensar clientes potenciais. A estratégia de fidelização é um esforço de

    longo prazo e requer um comprometimento de todos os colaboradores,

    independentemente do cargo ocupado na organização. Essa estratégia pode

    envolver mais de um programa de fidelidade, visando clientes de diversos

    segmentos, de acordo com o seu valor.Conquistar a constância do cliente com relação ao uso e consumo dos

    produtos de determinada marca, serviço, loja ou rede de pontos de venda, é o

    desejo de todo empresário que adota a estratégia de marketing para fidelizar

    clientes.

    Mckenna (1992, p.12) afirma que o Marketing Moderno é uma batalha

    para obter a fidelidade dos clientes, esta é a grande preocupação das

    empresas em relação a seus clientes. Como mantê-los fiéis frente ao grandenúmero de produtos oferecidos diariamente?

    O interesse em construir e manter a fidelidade do consumidor implica

    que a organização não está apenas interessada em conseguir realizar a venda

    a qualquer custo, mas está focada em como alcançar a rentabilidade em longo

    prazo através da repetição da compra e da retenção dos clientes. É esta

    fidelidade que gera uma receita contínua para empresas: Nestlé, Sony, Hitachi,

    Disney, Kodak, Kellogg`s, Coca-Cola, entre outras que estão atentos àimportância de construir, desenvolver e a fidelidade do consumidor.

    Os últimos anos têm sido marcados por uma queda extremamente

    significativa nos níveis de fidelidade dos consumidores. Marcas que tinham

    espaço cativo na mente dos consumidores há várias décadas estão deixando

    de ser compradas ou estão sendo substituídas por concorrentes com melhor

    tecnologia, preço ou simplesmente por serem novas.

    MÉTODO E DESCRIÇÃO DO CASO - MÉTODO

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    O método específico que delineou a pesquisa científica nesse trabalho é

    o estudo de caso - um método atraente e apropriado para a referida pesquisa,

    porque permite ao investigador retratar a realidade de uma forma ampla,

    revelar a multiplicidade de dimensões presentes no problema, e, possibilita ao

    investigador discorrer sobre novos aspectos ao marco teórico (BECKER, 1994;

    LAKATOS e MARCONI, 1991).

    Recorreu-se a dois tipos de pesquisa considerados mais indicados para

    este estudo: a pesquisa exploratória e a pesquisa descritiva.

    A pesquisa exploratória promoveu maior conhecimento sobre o tema em

    tela e proporcionou às pesquisadoras aprofundar e esclarecer aspectos do

    Marketing de Relacionamento, apesar da pouca literatura disponível, massuficientemente importante para as empresas que desejam conquistar, manter

    e fidelizar os clientes.

    A pesquisa descritiva, com as características e objetivos bem definidos,

    procedimentos formais, foi estruturada e dirigida para a resposta ao problema

    da pesquisa, indicando alternativas de ação. Sua relevância nesse estudo se

    deu pela necessidade de descrever as características do marketing de

    relacionamento, as diversas variáveis que proporcionam tratamentoindividualizado, satisfação das necessidades, novas tecnologias e processos.

    Os instrumentos de pesquisa foram entrevistas semi-estruturadas e

    questionário contendo 12 perguntas abertas e fechadas, para obtenção das

    respostas ao problema que as autoras se propuseram a estudar. A aplicação

    foi feita pelas autoras em março/abril de 2009.

    O universo da pesquisa de campo foi o corpo de funcionários da

    empresa NET: gerente operacional, supervisores, coordenadores evendedores, perfazendo um total de 80 pessoas. A amostra foi definida pelo

    c