PROPOSTA CURRICULAR DO ENSINO FUNDAMENTAL · 2019-06-07 · proposta curricular do ensino...

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1 ESTADO DO ACRE FÓRUM DE ENSINO RELIGIOSO PROPOSTA CURRICULAR DO ENSINO FUNDAMENTAL IMPLEMENTAÇÃO DO ENSINO RELIGIOSO ACRE/2002

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ESTADO DO ACRE

FÓRUM DE ENSINO RELIGIOSO

PROPOSTA CURRICULAR

DO

ENSINO FUNDAMENTAL

IMPLEMENTAÇÃO DO ENSINO RELIGIOSO

ACRE/2002

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Jorge Viana Governador do Estado

Arnóbio Marques Maria Correa da Silva Francisca Bezerra da Silva Secretário de Educação Secretária de Ensino Diretora do Departamento do

Ensino Fundamental

ELABORAÇÃO:

Iris Célia Cabanellas Zannini – Presidente do FÓRUM DO ENSINO RELIGIOSO - FER

PARTICIPAÇÃO:

Antonio Torres – Secretário Municipal de Educação

Cid Mauro Araujo de Oliveira – Associação dos Ministros Evangélicos do Acre

Emerson Lopes de Medeiros – Igrejas Evangélicas

Francisca Maria Veras de Almeida - Associação das Escolas Católicas – Departamento de Professores (SINTEAC)

Francisco Rodson dos Santos Souza – Sociedade Bíblica do Brasil

Gasparina dos Anjos de Jesus – Presidente da Federação Espírita

Isaías França Maia – Corpo Docente do Ensino Religioso

Maria Augusta de Oliveira – Igreja Católica

Maria Socorro Rodrigues de Melo – Secretaria Estadual de Educação

Zorgham Yari – Fé Baha’i

EQUIPE DE CORRDENAÇÃO DO ENSINO RELIGIOSO

Irmã Francisca Aglecia Ferreira de Souza

Profª Maria do Socorro Rodrigues de Melo

Profº Mauro Sergio Ferreira da Cruz

PROFESSORES E ALUNOS DO SISTEMA DE ENSINO PÚBLICO

RECONHECIMENTO DA PROPOSTA: PARECER CEE/AC/63/2002

RELATORAS: Ms. Maria Marlene da Fonseca Araújo, Ms. Maria Auxiliadora Barbosa

Macedo e Profª Maria de Fátima Miranda de Lima

DIGITAÇÃO DIAGRAMAÇÃO ILUSTRAÇÃO APOIO Vaifrance Georgete Gladson Cardoso Nilo Zannini SINTEAC da Silveira Farias

Rio Branco – AC, 2003

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FÓRUM DE ENSINO RELIGIOSO

Rua Manoel Rosário 19, Capoeira

Rio Branco – Acre

Tiragem: 1.000 exemplares

Ficha Catalográfica pela biblioteca da UFAC

Zannini, Iris Célia Cabannellas e outros. Ensino Religioso – proposta curricular do ensino fundamental Rio Branco – Acre – Gráfica e Editora Floresta 2002 Pg. 42 CDU.21.373.3 Apoio: Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Acre - SINTEAC

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SUMÁRIO

Justificatva...................................................................................................................................05

Fundamentação do Ensino Religioso...........................................................................................09

1 – Aspectos Legais...........................................................................................................09

2 – Concepção Político-Pedagógica do Ensino Religioso..................................................10

3 – Princípios Norteadores do Ensino Religioso...............................................................11

Uma Proposta Curricular para o Ensino Religioso.......................................................................16

1 – Aspectos Gerais..........................................................................................................16

2 – Caracterização da Clientela.........................................................................................16

3 – Aspectos do Currículo.................................................................................................18

3.1 – Princípios Norteadores.......................................................................................18

3.2 – Objetivos............................................................................................................18

3.3 – Organização dos Conteúdos Curriculares...........................................................18

3.4 – Organização Didática dos Componentes Curriculares........................................22

1ª Série........................................................................................................................22

2ª Série........................................................................................................................23

3ª Série........................................................................................................................24

4ª Série........................................................................................................................26

5ª Série........................................................................................................................27

6ª Série........................................................................................................................28

7ª Série........................................................................................................................30

8ª Série........................................................................................................................31

Ações Compartilhadas da Prática Educativa...............................................................................34

Avaliação.....................................................................................................................................35

Bibliografia..................................................................................................................................37

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ENSINO RELIGIOSO

Justificativa

Novos desafios para a educação

Podemos afirmar que hoje nos encontramos e diante de um mundo

novo, diferente, fruto da inovação tecnológica, da informática e da sempre

mais rápida e crescente comunicação, do fenômeno da urbanização em

massa e das transformações surpreendentes que vão se dando no campo

da cultura, da política e da economia, seja no âmbito mundial, seja dentro

do nosso próprio país.

Este processo de mudanças está provocando, por um lado, muitas

iniciativas e despertando a criatividade, o espírito de cooperação e serviço

aos outros, a valorização do lugar da mulher na sociedade, a sensibilidade

pela questão ecológica, a retomada da dimensão espiritual, valorização dos

grupos étnicos e das minorias etc. Mas, por outro lado, assistimos a um

crescente comportamento de evasão, dispersão, superficialidades,

desencantos, apatias e passividade, criando um desânimo e um vazio

interior, que ressecam a vida e acabam por toná-la trivial, reduzindo todas

as dimensões profundas da realidade a uma mera funcionalidade. A

sociedade fica estarrecida com a corrupção dos poderosos e o

empobrecimento do povo, o desrespeito à vida e aos direitos humanos,

com a discriminação e o racismo, com os suicídios e a violência, com o

tráfico e o uso da droga, a pornografia e até, com o desencadear de uma

guerra em nome de Deus, que mata e vem deixando o mundo dividido e

transtornado.

Nesse contexto, se apresenta o significativo desafio para uma educação

que:

descubra e proponha caminhos novos, norteados por uma

ética de valorização do ser humano e da construção da

solidariedade;

privilegie o aprender a ser, o aprender a ter acesso ao saber

acumulado, sabendo o que fazer com ele, o aprender a

viver em comunidade;

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ajude a despertar em cada homem e mulher a consciência

de sua própria dignidade, e, também a sua capacidade de

assumir a responsabilidade de fazer a sua parte para

possibilitar vida, e vida de qualidade para todos e para cada

um na sociedade de exclusão, onde grande número de

pessoas são simplesmente consideradas dispensáveis;

auxilie as pessoas a buscar a felicidade, recuperando sua

capacidade de se encantar com o mundo, a se aproximar

comunitariamente dos instrumentos de comunicação, do

conhecimento da análise crítica da realidade, a partir do

comportamento ético e do uso responsável da liberdade;

valorize a questão do gênero para que homem e mulher,

em igualdade de condições, possam responder de forma

ética ais desafios que a competitividade econômica impõe

à sociedade;

reconheça a importância da educação religiosa como parte

da formação integral da pessoa humana.

O acesso ao conhecimento, o resgate da apreciação, da verdade, do

bem, da dimensão religiosa, a valorização da pessoa humana podem

determinar significativamente a manutenção ou a transformação desta

realidade na qual nos encontramos inseridos.

Um educador que quis um Brasil melhor deixou-nos um alerta: “Não é

possível refazer este país, democratizá-lo, humanizá-lo, torná-lo sério,

com adolescentes brincando de matar gente, ofendendo a vida,

destruindo o sonho, inviabilizando o amor. Se a educação sozinha não

transforma a sociedade, sem ela tampouco a sociedade muda. Se a nossa

opção é progressiva, se estamos a favor da vida e não da morte, da

equidade e não da injustiça, do direito e não do arbítrio, da convivência

com o diferente e não de sua negação, não temos outro caminho senão

viver a nossa opção. Encarná-la, diminuindo assim a distância entre o que

fizemos e fazemos. Desrespeitando os fracos, enganando os incautos,

ofendendo a vida, explorando os outros, discriminando o índio, o negro, a

mulher, não estarei ajudando meus filhos a serem sérios, justos e

amorosos da vida dos outros” (Paulo Freire).

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Na verdade, se queremos e sim, queremos muito colaborar na

formação de seres humanos conscientes, cidadãos justos e solidários ao

“mundo da vida”, e inequivocamente, gerador de tantas exclusões.

Para tanto, se faz necessário que, interessados num futuro melhor para

todos, nos ocupemos com aspectos fundamentais como educação formal,

de boa qualidade para todos, educação guiada por critérios éticos e morais,

a serviço da vida e da esperança. Por isso, a educação que queremos deverá

ser personalizadora, comunitária e aberta ao Transcendente, favorecendo,

assim, o pleno desenvolvimento da pessoa na sociedade.

O ensino religioso e a sua importância para a formação do cidadão

Podemos definir a educação das mais diferentes formas e com

parâmetros diversos, mas em se tratando de seu objetivo final, todas as

definições convergem para o desenvolvimento pleno do sujeito na

sociedade. É aqui onde o ensino religioso fundamenta a sua natureza: o

homem para adquirir seu estado de realização integral necessita, também,

da espiritualidade.

O Estado, que tem o dever de promover uma educação completa e

integral, não pode desinteressar-se desta dimensão fundamental da

pessoas de seus cidadãos, desta forma, teremos uma educação na direção

da vida real, que ajudará a aprender a viver. Na verdade, ninguém que

queira pensar pode afirmar que a questão do sentido da vida não é uma

questão fulcral para a existência de cada pessoa. É precisamente a

descoberta de um sentido para a vida, um sentido que proporcione à

dignidade da pessoa, o que dá coerência, harmonia, equilíbrio, beleza,

alegria e gosto de viver, tornando a vida autenticamente feliz nas mais

diversas circunstâncias.

Ora, como sabemos, a pergunta sobre o sentido da vida é uma pergunta

de natureza religiosa. Embora ciências experimentais também tenham

procurado respostas para os grandes enigmas da existência, como: Que é o

homem? Qual o sentido do sofrimento, da dor e da morte, que apesar de

tantos progressos alcançados, continuam a existir?

A resposta à pergunta sobre o sentido da vida, por exemplo, terá de

brotar domais íntimo de cada um, isto é, da sua consciência e da sua

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liberdade. Importa mais do que qualquer outra coisa na vida encontrar

resposta certa, capaz de tornar a pessoa plenamente feliz e realizada.

A educação religiosa visa não só ensinar a verdade de Deus e do destino

transcendente do homem, mas também ajudar o educando a descobrir essa

resposta, a refletir os enigmas da existência, levando-o a se posicionar e a

se relacionar da melhor forma possível com as novas realidades que o

cercam. Ela é, portanto, uma questão diretamente ligada ao “mundo da

vida”, e que vai se refletir no comportamento, no sentido que orienta a sua

ética.

E não se trata só da necessidade de desenvolver os valores religiosos.

Com ele estão intrinsecamente unidos os valores morais. A pessoa humana

não atinge a sua plena realização quando cultiva apenas a dimensão

intelectual; e a própria educação religiosa não Poe reduzir-se à informação.

A educação integral exige uma formação moral da pessoa de tal modo que

lhe assegure a capacidade de discernimento crítico da realidade, a

maturidade humana, assim como a capacidade de assumir atitudes

responsáveis perante a vida através de um correto uso da sua liberdade.

Não dar espaço e condições para o ensino religioso nas escolas públicas

é privar os cidadãos, em seu processo de crescimento e de educação

escolar, de assimilarem valores éticos e religiosos indispensáveis para

qualquer pessoa e, portanto, de sólidas bases para a cidadania. O

conhecimento religioso, enquanto patrimônio da humanidade, necessita

estar à disposição das escolas, visto que é parte integrante da formação da

pessoa humana.

Por isso, se queremos colaborar na formação de pessoas construtoras

e transformadoras da história, livres e solidárias, capazes de amar e viver

em comunidade, comprometidas com a causa da justiça, dos direitos

humanos, dos valores ecológicos e da paz; responsáveis pela construção de

um mundo democrático, justo e solidário; capazes de conviver com as

avanços tecnológicos, humanizando-os em favor da sociedade, convictos de

que a realização não virá de acúmulos de bens, dos sucessos, mas da

própria pessoa e da sua essência etc, precisamos reconhecer e dar

importância a esta disciplina dentro do nosso sistema educativo e, ao

mesmo tempo, esclarecer e renovar o seu conceito, e o da sua prática

pedagógica, da definição de seus conteúdos, natureza e metodologia

adequada ao universo escolar.

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Fundamentação do Ensino Religioso

1 – Aspectos Legais

Com a aprovação da nova LDB, muitas mudanças vêm sendo operadas

a curto e longo prazo, seja do ponto de vista estrutural, quanto do conteúdo

de nosso sistema educacional.

Para o ensino religioso, iniciou-se uma nova fase da história! Segundo

a lei nº 9.475, de 1997 que deu nova redação ao Artigo 33 da lei nº 9.394,

de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da

educação nacional : “O ensino religioso, de matrícula facultativa, é parte

integrante da formação básica do cidadão e constitui disciplina dos

horários normais das escolas públicas de ensino fundamental,

assegurando o respeito à diversidade cultural religiosa do Brasil, vedadas

quaisquer formas de proselitismo.

§ 1º Os sistemas de ensino regulamentarão os procedimentos para

a definição dos conteúdos do ensino religioso e estabelecerão as normas

para a habilitação e admissão dos professores.

§ 2 Os sistemas de ensino ouvirão entidade civil, constituída pelas

diferentes denominações religiosas, para a definição dos conteúdos do

ensino religioso.”

Isso significa que o ensino religioso não se dará mais no processo linear

como foi concebido até recentemente, mas por meio de articulações

complexas num mundo pluralista e multiforme, procurando, acima de tudo,

superar qualquer tipo de posição proselitista e monopolista, para que haja

uma autêntica educação em benefício do povo.

Por isso mesmo, o ensino deverá corresponder às convicções

publicamente expressas e livremente assumidas pelos cidadãos no que toca

aos valores para a vida. Os valores não se podem impor, mas os sistemas

de ensino têm de estar ao serviço dos valores, incluindo os valores morais

e religiosos. Assim, havendo um número significativo de pais ou de alunos

para quem uma determinada religião faz parte de seu sistema cultural,

englobando tanto um enraizamento histórico, como um conjunto de

verdades e valores pessoais, dotados de significação decisiva para a sua

existência e o pleno desenvolvimento de sua personalidade, não lhes pode

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ser negado o direito que têm a uma educação que não apenas não contrarie

esses valores, mas que os preserve e desenvolva, caso manifestem esta

vontade.

Na verdade, os pais dos alunos ou responsáveis são corresponsáveis

pela educação nos termos do Artigo 205 da nossa Constituição Federal. Na

hipótese do ensino religioso, eles têm direito a ver a orientação religiosa

praticada ou desejada no lar, ser estendida no âmbito da escola pública de

ensino fundamental. Sob este aspecto a opção manifestada pelos alunos ou

pelos pais, quando estes forem menores, é de vital importância. Não pode

ninguém, muito menos a própria escola, tornar essa opção como mera

formalidade: trata-se de manifestação da liberdade de crença.

Além disso, face à importância de se promover de se promover dentro

de uma realidade pluralista e democrática como a nossa, um ensino

religioso onde as confissões religiosas possam estar representadas foi

criado um Fórum do Ensino Religioso para colaborar, sugerindo conteúdos

curriculares a serem trabalhados pelos alunos e apoiando as escolas com

materiais instrumentais.

O Fórum é, pois, a organização da solicitada “entidade civil”,

“constituída por diferentes denominações religiosas”, e tem, como

objetivo principal, “definir os conteúdos do ensino religioso” e dar apoio

aos professores com pesquisas e outros materiais de ensino. Constitui-se

de representantes das diversas religiões existentes no nosso Estado, dos

sistemas de ensino e da família.

O Conselho Estadual de Educação, a fim de estabelecer as diretrizes

curriculares para Ensino Religioso, buscou a participação dos professores

da área, pais e alunos, através da aplicação de instrumentais por meio dos

quais colheu as opções religiosas, as considerações sobre o ensino de

Religião na escola e as sugestões sobre conteúdos, metodologias e forma

de organização desse ensino.

2 – Concepção político-pedagógica do Ensino Religioso

O ensino religioso é parte é parte constitutiva do sistema público de

ensino fundamental, de acordo com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação

Nacional. Está incluído entre as disciplinas do núcleo comum do currículo

proposto para o ensino fundamental. Portanto, não pode ser colocado

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paralelamente a esse sistema nem como forma esporádica nem como tema

transversal da ética, de forma complementar.

Entende-se que, como as demais áreas do ensino fundamental, a

educação religiosa deve possibilitar ao educando o acesso aos

conhecimentos essenciais, a construção de valores e a informação sobre as

diversas tradições religiosas e a produção cultural, incluindo-se a arte e a

comunicação.

Assim, o conceito de ensino religioso amplia-se, ao integrar processos

educativos desenvolvidos em múltiplas dimensões: a do conhecimento, a

do entendimento do fenômeno religioso e reflexão no confronto das

problemáticas contextuais e a da construção da cidadania.

Dessa forma, de acordo com a lei citada e com os Parâmetros nacionais

para o ensino religioso, o conhecimento gera o saber de si, superando as

concepções conteudísticas de uma escola tradicional, de doutrinação

religiosa e/ou ensino de religião. O ensino gera interação entre o educando

(sujeito), fenômeno religioso (objeto) e conhecimento (objetivo), abrindo-

se à articulação com a entidade civil, constituída pelas diferentes

denominações religiosas, para a definição dos conteúdos curriculares e

para a participação da família como forma de assegurar o respeito à

diversidade cultural religiosa.

3 – Princípios norteadores do Ensino Religioso

Entre os diversos apelos à reformulação do artigo 33 da LDBEN, um

mereceu atenção especial dos educadores por ser destaque na Constituição

Federal, ponto pacífico para as diversas religiões: no ensino religioso não é

permitido fazer proselitismo. Será o apelo a um ensino plural?

A atender a esse apelo estão os pareceres e resoluções dos Conselhos

Nacional e Estadual de Educação e os parâmetros curriculares nacionais

elaborados pelo Fórum Nacional de Educação Religiosa e, ainda, as

diretrizes curriculares nacionais para o ensino fundamental que orientam,

inclusive, a integração e contextualização dos conteúdos curriculares.

A contribuição da escola será, pois, a de desenvolver um projeto de

educação religiosa que propicie condições para que o aluno aprenda a

pensar e a relacionar conhecimentos com dados da experiência cotidiana.

Os conteúdos devem ser ensinados como meios para a constituição de

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competências e valores e não como objetivo do ensino em si mesmo. O

aluno deve adquirir abertura e sensibilidade para identificar as relações que

existem entre os conteúdos do ensino e das situações de aprendizagem

com os contextos da vida pessoal e social, de modo a estabelecer uma

relação ativa das suas necessidades interiores com o objeto do

conhecimento, ou seja, o ensino religioso.

Nessa perspectiva, a cognição é concebida como o resultado de um

processo mental dinâmico, ativo, que se desenvolve por meio de conexões

entre as descobertas individuais, no contexto do grande conhecimento e da

realidade e nas relações interpessoais, cabendo ao professor o papel de

mediador dessa construção.

Para tanto, o currículo de ensino religioso deve ter base em princípios

que emergem dos seguintes aspectos:

3.1 – Visão orgânica do conhecimento escolar.

O sentido etimológico da palavra religião vem do termo latino religio

(verbo religare = re-ligar). O verbo religar é dinâmico e, no plano humano,

com sentido de reencontro, pede extensão com “quem” e “como”. Na

primeira indagação a resposta, obviamente, será com algo que transcende

a si e com outro (alteridade), sentido vertical e horizontal. E, em ambos os

sentidos, a tônica será a espiritualidade.

Religião será, então, um dos caminhos que nos deve levar à

espiritualidade. E a espiritualidade será o essencial na busca da

transcendência e da alteridade. E, como caminho, possui conteúdos e

métodos, aspectos inerentes à qualquer ciência que diz respeito ao homem.

E como tal, notadamente no currículo escolar, deve atender aos seus

interesses e necessidades.

“Como toda a ciência, a religião também é constituída de um

conhecimento absoluto, onde se condicionam os conhecimentos pessoais,

produto das várias ciências e das conquistas do cotidiano, que carregam um

certo grau de arbitrariedade e não esgotam isoladamente a realidade dos

fatos físicos e sociais. É necessários que esses conteúdos busquem, entre si,

interações que permitam ao aluno uma compreensão mais ampla do objeto

de estudo”, no caso, o conhecimento dos elementos essenciais que

compõem o fenômeno religioso.

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E em que consiste o conhecimento de que trata o ensino religioso?

Será um saber conceitual sobre a cultura religiosa. Um ver e contemplar

teórico-prático que envolve realidade e espiritualidade na direção

transcendência-alteridade, dá significado e compreensão da ciência e dos

mistérios dos limites, sempre numa ação reflexiva. Esse conhecimento

ganhará sentido, porque ajuda a compreender o mundo e organizá-lo.

Nesse entendimento, o ensino religioso, como as demais áreas do

currículo do currículo do ensino fundamental, não conduz à profissão (no

caso da fé), mas à formação de valores e aquisição do conhecimento da

diversidade cultural religiosa, para desenvolver a capacidade de escolher a

própria religião e de conviver com pluralidade de cultos.

3.2 – Interdisciplinaridade, contextualização e transversalidade (conceitos

epistemológicos básicos na organização do currículo).

Interdisciplinaridade, nas usas mais variadas formas, parte do princípio

de que todo conhecimento mantém um diálogo permanente com outros

conhecimentos, que pode ser de questionamento, de negação, de

complementação, de ampliação, de eliminação de aspectos não

distinguidos.

Como as disciplinas escolares são recortes das áreas de conhecimento

e não esgotam isoladamente a realidade dos fatos físicos e sociais, é

indispensável que elas busquem entre si a complementaridade, a fim de

facilitar aos alunos um desenvolvimento intelectual, social e afetivo mais

completo e integrado.

Na perspectiva da interdisciplinaridade, o processo ensino-

aprendizagem vai além da transmissão e assimilação de informações.

Procura constituir nos alunos diferentes capacidades, como: relacionar

conhecimentos com os dados da experiência, argumentar, argumentar com

base em fatos, refletir, analisar, fazer inferências, dentre outros. Tais

competências serão mais facilmente alcançáveis se os conteúdos das

diferentes áreas curriculares se articularem (contribuindo cada uma com

sua especificidade) em torno de estudo comum de um tema, de resolução

de situações-problema, desenvolvimento de projetos etc. Na escola, é

imprescindível que haja uma integração harmônica e coerente de saberes.

Como exemplo, para ilustrar essa noção no contexto do ensino religioso,

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podemos citar o uso da línguas portuguesa na tradição do registro de

história e das tradições religiosas, na divulgação do conhecimento

adquirido, nas relações familiares ou entre companheiros; na prática de

leitura, interpretação e elaboração de textos etc. A interdisciplinaridade no

ensino religioso facilita não só o diálogo com os saberes mas, sobretudo,

permite uma síntese equilibrada entre fé e cultura, entre ciência e fé,

pensamento e vida, pela contribuição das ciências como Filosofia, História,

Sociologia, Psicologia, Teologia e Tradição Religiosa, de modo que se evitem

nefastas dicotomias e incoerências.

A contextualização pode também ser entendida como um tipo

particular de interdisciplinaridade, na medida em que aponta o

tratamento de certos conteúdos como contexto de outro. Por exemplo, só

se entende bem o sentimento religioso do homem no contexto histórico,

sociológico, filosófico ou, ainda, antropológico dos povos. Outro exemplo

refere-se à incorporação de valores éticos transcendentais como fonte de

cidadania e que podem estar expressos, como contribuição da tradição

religiosa, teologias e textos sagrados, nas atitudes de solidariedade, carinho

(caridade), fraternidade, respeito, valorização etc.

O currículo pode ainda estabelecer termos ou contextos (do interesse

dos alunos) dos quais o ensino religioso pode estar associado a direitos

humanos, convivência social, meio ambiente, família, valorização da vida

(sexo, droga, guerra, paz), saúde, trabalho, costumes e outros.

Assim, contextualizar os conteúdos no processo ensino-

aprendizagem, significa relacioná-los com os dados da realidade pessoal,

social e cultural dos alunos, a fim de que possam dar significado ao

aprendido, possibilitando o entendimento e reflexão crítica e a aquisição de

conhecimento como meio para a constituição de competência e

incorporação de valores.

3.3 - O conhecimento é um processo de construção coletiva que mobiliza

afetos, emoções, relações com seus pares, além de cognição e

habilidades.

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Sendo a aprendizagem um processo que tem lugar na interação social

dos sujeitos envolvidos, a heterogeneidade dos grupos será uma fonte de

enriquecimento desse processo.

Além disso, considerando que na aprendizagem o aluno se envolve

como um todo, mobilizando afetos, emoções, relações com os pares, além

das cognições e habilidades intelectuais, o professore deverá propiciar

situações que possibilitem lidar com os sentimentos associados à

aprendizagem, para facilitar a relação do aluno com o conhecimento: a

solidariedade, a fraternidade, a cooperação etc.

3.4 – A realidade religiosa do aluno será o ponto de partida e de chegada

na construção do conhecimento.

A constituição brasileira propugna pelo respeito às liberdades

individuais do cidadão, no caso, com relevância à liberdade de credo e culto.

A escola deverá respeitar esses direitos, contudo, abrindo ao educando a

possibilidade de exercê-lo crítico e conscientemente, pela capacidade de

entender e analisar a realidade em que está inserido e como agente de sua

própria história. Este será, pois, ponto de partida e de chegada do processo

ensino-aprendizagem.

3.5 – A realidade do aluno quanto às necessidades, interesse e possibilidade

de aprendizagem deve ser considerada.

A aprendizagem é mais eficiente quando relacionada com propósitos,

necessidades e possibilidades que são reais para os alunos. Esses aspectos

devem servir de base para organizar e relacionar as atividades do ensino,

cujos objetivos são responsabilidade do professor. No ensino religioso, a

realidade psicossocial da classe já dá sentido pragmático a conteúdos da

alteridade e da espiritualidade. Cada criança é diferente no interesse, no

ritmo de aprendizagem, no contexto sociocultural. Nestas particularidades,

evidencia-se o professor que reconhece a importância dos valores

espirituais, não só como base do desenvolvimento do aluno, mas também

como uma necessidade social.

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Uma proposta curricular para o Ensino Religioso

1. Aspectos Gerais da Proposta

Para sair da tendência catequético-sectária, com seus tabus que

isolam a comunidade em grupos fechados, em que se influenciaram as aulas

de religião, bem como, para poder atender as diretrizes gerais para o ensino

fundamental e em particular para o ensino religioso, contidos na LBDE e,

ainda, para adquirir o caráter de ensino de uma ciência, que trata do

homem nos seus aspectos ontológico-metafísicos, o ensino religioso deve

reestruturar-se, na sua fase organizacional e no preparo de docentes, de

modo que venha a ser um instrumento do conhecimento, da crítica

reflexiva, do diálogo e da construção de novas competências. Para tanto,

precisa: autonomia, flexibilidade, compromisso e competência profissional,

responsabilidade ética e isenção de proselitismo.

Tais pressupostos exigem, além de uma prática educativa adequada à

dinamização do ensino, um currículo cujos conteúdos, traçados a partir das

problematizações, pelos alunos, serão organizados em temáticas que se

integram, se adéquam, evoluem e se contextualizam em relação ao objeto

de estudo, às necessidades individuais e coletivas, e aos objetivos do

ensino.

A proposta ora apresentada, como indicativo de colaboração à escola

na construção do seu currículo pleno, constitui-se a partir das sugestões dos

professores e alunos de 5ª a 8ª séries, expressas nos instrumentais

específicos aplicados em 80% das escolas de Rio Branco, em 1999, das

indicações feitas pelos professores por ocasião da discussão das Diretrizes

Curriculares Nacionais, realizada em todos os municípios, em agosto de

2002, em questionários respondidos pelos professores de 1ª a 4ª séries do

ensino fundamental, em outubro do corrente ano.

A resultado dos pesquisas que neste momento revelam uma

identidade (cristã) para o ensino religioso trouxe, também, contribuições

significativas para a elucidação dos eixos norteadores do currículo

(Transcendência e Alteridade), de onde fluíram as temáticas que motivarão

os conteúdos e objetivos a serem ampliados no currículo pleno.

O desdobramento dos eixos envolveu as seguintes unidades

temáticas:

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- Espiritualidade: o divino e o humano nos texto sagrados, para

elucidar os tópicos “Deus” e “Jesus Cristo”, revelados na pesquisa;

- Tradição: História das narrativas sagradas, atendendo à pesquisa que

revelou o tema “Bíblia”, reconhecendo haver outros textos relativos;

- História das principais religiões, atendendo à constatação da

pesquisa quanto ao desejo de serem conhecidas as diversas religiões;

- Ética e Ser Humano: valores extraídos dos textos religiosos para

atender necessidades éticas na construção da identidade e da cidadania,

sobrelevando-se a aceitação do próximo, independentemente do credo de

cada um, magnanimidade no julgamento das pessoas, caridade no seu

sentido etimológico (carinho) e solidariedade fraterna;

- Coube ao Fórum de Ed. Religiosa a elucidação das temáticas. Para

tanto, contou com os estudos da proposta elaborada pelo Fórum Nacional

de Educação Religiosa, além das normas dos Conselhos Nacional e Estadual

de educação.

O desdobramento em tópicos curriculares, atendem os dois eixos da

proposta de 1ª à 8ª série.

2 – Caracterização da clientela

No período escolar de 1ª à 4ª série, as crianças estão nas faixas etárias

de 7 a 10/11 anos. É o estágios das operações concretas, logo necessitam

do concreto para ocorrer o pensamento lógico. Por isso, o trabalho

pedagógico deve incluir atividades reais e concretas, pois a capacidade de

formar conceitos e de pensar abstratamente constitui a aquisição final do

desenvolvimento intelectual aparecendo, em geral, após 11 anos de idade.

O período escolar de 5ª à 8ª série está destinado ao alunado de 11 a

14 anos quando, para Piaget, inicia-se e evolui o estágio das operações

formais, cuja característica principal é o desenvolvimento da capacidade de

formar conceitos, de pensar abstratamente e utilizar o raciocínio lógico na

solução de problemas.

Nesse período, o educando “começa a aprender a pensar sobre coisas

imaginárias”, a refletir sobre o que faz, a buscar valores novos, interessar-

se pelos problemas da vida, formular hipóteses, fazer juízo sobre o certo e

o errado, pensar em mudar o mundo etc.

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Desde o início desse estágio (11-12 anos), apresenta-se

emocionalmente instável, com carências afetivas e muitas necessidades de

compreensão, intransigente nas atitudes, transgride a “ordem” é

agressivo com os pais e autoridades , tal é o desejo de independência,

tende a buscar novos paradigmas, amizades e grupos, como apoio para a

ação social; “supera o egocentrismo, é fantasioso e tem desejo de uma

formação de consciência moral”.

Os ideais religiosos revelam-se desde a necessidade de encontrar

respostas para suas dúvidas, de uma relação mais próxima com o

transcendente, até o despertar de um interesse maior e mais crítico em

relação à religião da família e a seus objetivos de vida.

3 – Aspectos do currículo

3.1 – Princípios norteadores

Os avanços científicos e tecnológicos alcançados já no final do século

impõem à escola significativas mudanças na educação básica e no seu papel

como instituição educacional para assegurar ao cidadão uma formação que

o torne capaz de construir suas próprias competências.

Para responder a esse desafio, a UNESCO orienta que a educação deve

firmar-se sobre quatro pilares de aprendizagem: aprender a aprender,

aprender a ser, aprender a conviver e aprender a fazer; o aprender a

aprender induz que o estudante deva obter os instrumentos cognitivos para

ser “um aprendiz”; o aprender a ser, que não basta ter acesso ao

conhecimento, é preciso que seja “gente”, que tenha valores e

compromisso solidário; o aprender a conviver responde à urgência que tem

a humanidade de adquirir a capacidade de respeitar as diferenças, aspecto

esse que tem motivado guerras e comprometido a paz entre os homens;

por fim, o aprender a fazer remonta ao senso comum de que não basta ter

conhecimento e até elevado valor humano etc e ser inábil não ter

desenvolvido as habilidades inerentes às suas tendências inatas para o fazer

e para a construção de competências.

Esses pressupostos, incorporados à Lei de Diretrizes e Bases da

Educação Nacional – LDBEN, constituem, também, os princípios

norteadores do currículo da educação básica e estão e estão consignados

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nas normas nº 04, 07 e 598/98 do Conselho Nacional de Educação, e 08/98

e 11/2000 do Conselho Estadual de Educação do Acre.

Os princípios norteadores das diretrizes curriculares no âmbito do

ensino fundamental estão assim configurados:

- Éticos: da identidade: reconhecimento da identidade própria e do

outro (respeito, ajuda mútua, caridade, fraternidade, meditação,

justiça, magnanimidade no julgamento dos outros);

- Políticos: da igualdade (de cooperação, de solidariedade) etc;

- Estéticos: da sensibilidade (contemplação da natureza, gosto pelo

belo, contemplação do divino).

3.2 – Objetivos

- Oportunizar a iniciação de estudos dos elementos básicos que

compõem o fenômeno religioso a partir da experiência do educando;

- Oferecer subsídios ao educando na formulação do questionamento

existencial;

- Analisar a contribuição das tradições religiosas às diferentes culturas

e manifestações socioculturais;

- Oportunizar a compreensão do significado de verdade da fé nas

tradições religiosas;

- Descobrir o sentido do comportamento ético nas relações humanas;

- Ensejar a formação de valores concernentes ao respeito e ao direito a

pluralidade religiosa;

- Aprimorar o gosto estético e a capacidade de contemplação do belo e

do divino nas relações com a natureza.

3.3 – Organização dos conteúdos curriculares

Refletindo a realidade dos alunos de cada turma (necessidades e

possibilidades educacionais) o currículo será a fonte do ensino que levará à

satisfação pessoal de aprendizagem. Isto se dará através da integração

harmônica e coerente dos saberes e experiências que emanam das áreas

curriculares e do diálogo com os demais saberes e com a realidade,

favorecendo a formação de competências que sustentam a espiritualidade,

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a religiosidade (vida cidadã), a livre consciente escolha da própria religião e

a capacidade de vivê-la sem fanatismo.

A interação familiar é importantíssima, no sentido de proporcionar o

diálogo, melhor compreender o jovem e refletir, conjuntamente, sobre sua

orientação religiosa.

Os conteúdos do ensino e os materiais de aprendizagem devem estar,

pois, em sintonia com os interesses e necessidades dos educandos, nessa

fase do desenvolvimento. Devem ser tratados de forma interessante, de

modo a mexer com esse universo fantasioso, crítico, carente, irreverente e

aberto às paixões que se intensificam na adolescência.

Alguns aspectos da vida cidadã podem ser articulados a conteúdos do

ensino entre os quais são pertinentes: família, trabalho, comportamento de

risco, transgressão (sexo, vícios, violência), vida, justiça, guerra e paz.

Na pluralidade cultural e religiosa da sala de aula, nas diferentes séries

do ensino fundamental,os critérios de sequenciação devem considerar:

“As necessidades dos alunos, definidas a partir dos conceitos essenciais

vinculados à sua vida:

As possibilidades de aprendizagem, definidas a partir de perspectivas,

como:

a) O contexto social do educando, sua bagagem cultural, religiosa,

significados e valores, atitudes, comportamentos e experiências

anteriores no campo religioso;

b) O desenvolvimento pessoal e social do aluno;

c) O currículo escolar;

d) A complexidade dos assuntos religiosos, principalmente devido

à pluralidade;

e) A possibilidade de aprofundamento;

f) A qualidade da mediação de docente”.

Os assuntos priorizados são tratados em todas as séries com crescente

grau de aprofundamento e tratamento diferenciado, sempre considerando

as necessidades e possibilidades da clientela.

A construção do currículo participativo é uma demonstração desse

entendimento. A outra é a organização por temáticas.

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Cada série vai garantir a continuidade e o aprofundamento das séries

anteriores, num currículo integrado, e possibilitar que se acrescentem

novos conhecimentos. Favorece, também, que no agrupamento das

temáticas sejam atendidos os interesses relacionados às séries, à realidade

dos alunos e da pedagogia.

O currículo integrado possibilitará uma versão mais humanística do

ensino, possibilitará, ainda, a integração de saberes, competências e

habilidades.

As unidades permitem uma melhor organização dos conteúdos

significativos, criteriosamente selecionados, tratados na essência.

As temáticas, organizadas a partir das ideias lançadas pelos alunos e

professores, suscitarão conteúdos que atendam suas problemáticas, seja

no sentido de concretizar os conhecimentos anteriores, seja para ampliá-

los ou, ainda, para atender novos interesses e necessidades.

Os avanços dos conhecimentos devem, também, estabelecer suas

relações com fatos da realidade e objeto de estudos e, concretizando elos

onde a interdisciplinaridade seja explícita e objetiva.

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3.4 – ORGANIZAÇÃO DIDÁTICA DOS COMPONENTES CURRICULARES

a) EIXOS NORTEADORES: TRANSCENDÊNCIA E ALTERIDADE

b) TEMÁTICAS: ESPIRITUALIDADE, SER HUMANO, ÉTICA E TRADIÇÃO

c) DESDOBRAMENTO: SÉRIE, UNIDADE TEMÁTICA, TÓPICOS CURRICULARES E

OBJETIVOS

SÉRIES UNIDADE TEMÁTICA TÓPICOS CURRICULARES OBJETIVOS

1ª - O ser humano - Espiritualidade

- Eu + o outro = nós - O ideal de solidariedade

- A força da cooperação - O respeito às diferenças

- O valor da amizade - Eu e a ideia de Deus; - A relação homem X natureza; - A vivência da oração como expressão de união com Deus.

- - O sentido da fé e da vida

- Prover condições que possibilitem a construção da identidade religiosa do educando, em reciprocidade com o outro e com a ideia do transcendente. - Fomentar o cultivo da amizade, como forma de manifestação da afetividade e do respeito mútuo. - Fazer com que as crianças observem aspectos marcantes do comportamento de seus colegas, através de descrições que não sejam só físicas. - Oportunizar o contato da criança com a natureza, na construção da ideia de Deus, e no entendimento do papel do homem na relação com Deus; - Oportunizar a experiência da oração como sinal de união da pessoas com Deus. - Promover ações que ajudem a criança a refletir sobre o sentido da vida, vislumbrando

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SÉRIES UNIDADE TEMÁTICA TÓPICOS CURRICULARES OBJETIVOS

2ª Espiritualidade

- A tradição popular: histórias de cunho religioso contadas - A construção da ideia do transcendente no tempo e no espaço.

- A importância do homem no contexto da natureza. Os direitos de cada um.

- Fomentar a

espiritualidade, valorizando a consciência coletiva e o sentimento de humanidade, na expressão da fé. - Promover a valorização do resgate das tradições religiosas da oralidade, como materiais para o ensino religioso; - Ensejar e relação da criança com Deus, ou com uma presença consoladora e benévola, seja que nome tenha, e a compreensão de que a oração compartilhada une as pessoas e fortalece o sentimento de humanidade.

- Ensejar ações que possibilitem ao aluno descobrir a influência

SÉRIES UNIDADE TEMÁTICA TÓPICOS CURRICULARES

- A ideia de Deus transmitida pelos pais. - A oração.

respostas para as suas perguntas.

- Valorizar experiências pessoais através das quais a criança possa perceber Deus como uma força que o protege, dirige e lhe dá segurança. - Dar oportunidade de uma iniciação à oração.

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do transcendente na sua vida; - Possibilitar o entendimento da ideia do transcendente.

SÉRIES UNIDADE TEMÁTICA TÓPICOS CURRICULARES OBJETIVOS

- O ser humano - Estimular experiências que possibilitem uma percepção de “homem com a natureza”, para que o aluno entenda a sua participação no meio em que vive, assimile a ideia de sustentabilidade e se capacite para a convivência solidária, facilitando a aquisição futura dos conceitos fundamentais nesses aspectos. - Dar oportunidade para que o educando possa descobrir e relacionar os direitos universais do homem. - Oportunizar a formação da atitudes de fraternidade e amor compartilhado.

SÉRIES UNIDADE TEMÁTICA TÓPICOS CURRICULARES OBJETIVOS

3ª - Tradição religiosa:

textos sagrados. - O ser humano.

- A ascendência e descendência dos textos sagrados - A identidade natural do homem: identificação da

- Oportunizar o acesso a textos sagrados que favoreçam o conhecimento sobre os laços familiares de personalidades religiosas de singular importância para a humanidade. - Propiciar conhecimentos sobre

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- Espiritualidade

ascendência e descendência dos textos sagrados - Os símbolos religiosos; - Os símbolos religiosos e o significado do transcendente; - Sinais e formas da expressão da fé. - As tradições religiosas e os símbolos - Os símbolos como fontes inspiradoras da alma

a identidade natural do homem, valorizando a ascendência e descendência familiar como componentes significativos da própria identidade e do vínculo familiar. - Oportunizar o entendimento de que cada indivíduo tem uma potencialidade ao transcendente que complementa a estrutura de sua identidade pessoal. - Oportunizar ações que contribuam para o fortalecimento dos laços de família, de solidariedade humana, de tolerância recíproca e de fraternidade em que se edifica a sociedade. - Oportunizar a pesquisa que favoreça a organização de sua própria árvore genealógica. - Favorecer o entendimento dos símbolos religiosos como sinais e formas de expressão da fé, criados pelo próprio homem. - Possibilitar o reconhecimento dos símbolos mais importantes de cada tradição religiosa. - Oportunizar a valorização dos símbolos como fontes inspiradoras

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das artes, bem como a compreensão da expressão artística inspirada nos símbolos. - Oportunizar o contato com a arte sacra pictórica.

SÉRIES UNIDADE TEMÁTICA TÓPICOS CURRICULARES OBJETIVOS

4ª - A construção da ideia do transcendente nos textos sagrados - Os textos sagrados como fontes de revelação para o ser humano.

- O significado do transcendente na vida. - A descrição das representações do transcendente nas tradições religiosas. - A espiritualidade como fonte inspiradora das artes: arte sacra - As práticas religiosas como manifestações de amor ao homem para com o transcendente. - As relações humanas como prática social religiosa. - Fatos marcantes para a humanidade.

- Propiciar o entendimento do significado do transcendente na vida e na tradição religiosa. - Ensejar que o estudo nos textos sagrados possibilite relacionar, pelas descrições, as várias representações do transcendente. - Possibilitar a experiência do teatro para compreender e rememorar fatos marcantes das tradições religiosas. - Criar condições de pesquisa para que os alunos adquiram conhecimentos sobre os rituais das diversas religiões. - Fazer compreender, no convívio da sala de aula, que ser generoso, amável e respeitoso são formas de valorizar o próximo e reverenciar a Deus. - Garantir o acesso ao conhecimento sobre acontecimentos que

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- A capacidade humana de transformação

originaram os mitos e os textos sagrados. - Oferecer condições de estudos, para que o aluno compreenda que o ser humano é dotado de capacidades transformadoras. - Oportunizar ações que favoreçam a formação de valores éticos, morais e religiosos.

SÉRIES UNIDADE TEMÁTICA TÓPICOS CURRICULARES OBJETIVOS

5ª - O ser humano no contexto da natureza

- A harmonia da natureza; - O homem como ser inteligente; - O belo, a vida e o viver em comunidade; - A alteridade nos textos sagrados. - Valores morais

- Instrumentalizar o aluno para perceber que cada homem é integrante, dependente e agente transformador do ambiente e identificar elementos da natureza e a interação entre eles. - Ensejar a oportunidade de identificar formas de contribuir para a melhoria do meio ambiente com atitudes solidárias. - Favorecer a percepção do valor do homem no plano de Deus, o que lhe atribui o dever da justiça e um código moral. - Criar condições para que os alunos possam: . descobrir o significado do comportamento

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- Espiritualidade

- A descrição das representações do transcendente nas tradições religiosas. - A arte no contexto religioso: arte sacra.

ético nas relações humanas; . entender que as leis marcadas na consciência de cada pessoas conduzem a ações edificantes; . entender que, pela conduta verdadeira em sua vida diária, o homem cumpre sua função religiosa e cidadã. - Criar condições de pesquisar, na História das tradições, a ideia do Divino, para que o aluno descubra, na diversidade de cultos, a unanimidade de Deus. - Ensejar a oportunidade de acesso a estudos teológicos sobre o transcendente. - Incentivar a valorização da arte como fonte inspiradora de espiritualidade. - Criar condições para que seja estimulado o espírito contemplativo, através do conhecimento teórico-prático da arte sacra.

SÉRIES UNIDADE TEMÁTICA TÓPICOS CURRICULARES OBJETIVOS

6ª - Tradição

- A construção cultural da palavra no tempo e no espaço pela tradição religiosa.

- Propiciar a compreensão da história e da origem da palavra sagrada na

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- Ética

- As verdades sagradas sobre o transcendente. - Os valores repassados pelas tradições religiosas. - Revelação do transcendente através das artes. - A oração como ponto de união com deus e com o outro.

história das tradições religiosas, relacionando-as com as práticas significativas para os diferentes grupos. - Estimular estudos que favoreçam conhecimento das verdades sagradas sobre o transcendente, repassadas nos textos das tradições religiosas. - Possibilitar a identificação dos valores contidos nos textos sagrados, sua importância na formação humana e contribuição para uma ética universal. - Oportunizar estudos e reflexões concernentes às relações com o mundo, com as pessoas e consigo, à luz de temáticas da realidade. - Buscar formas de valorizar a arte como manifestação da espiritualidade do homem em todos os tempos, nos templos sagrados. - Fazer compreender, na prática, o sentido da oração como diálogo entre o homem e Deus, e como necessidade e tendências humanas.

SÉRIE UNIDADE TEMÁTICA TÓPICOS CURRICULARES OBJETIVOS

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7ª - As tradições religiosas

- Espiritualidade

- Evolução da estrutura religiosa nas organizações humanas. - Mitos, crenças, doutrinas e rituais religiosos. - As características dos mistérios nos diversos textos religiosos. - O modo como é narrado o mistério da vida nos textos sagrados. - A correlação dos significados do mistério da vida, conforme as narrativas sagradas e as descobertas científicas.

- Propiciar o

conhecimento da evolução da estrutura religiosa no decorrer dos tempos e da contribuição dos códigos morais revelados nos textos sagrados e na tradição oral para a organização da sociedade. - Propiciar ao aluno oportunidade de entender como os povos procuravam explicações para os fenômenos naturais através dos mitos. - Estimular o conhecimento e a valorização dos rituais como atos das tradições religiosas para louvar a divindade. - Oportunizar o desenvolvimento da consciência crítica desvinculada do fanatismo religioso e voltada para a livre expressão da fé. - Possibilitar a pesquisa para que o aluno descubra nos textos sagrados como e onde está narrado o mistério da vida. - Levar o aluno a constatar se há confronto entre ciência e revelação, ou verdades que subsistem na interpretação criteriosa do homem.

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- Valores naturais

- O modo de como é revelado o mistério da morte nos textos sagrados. - A expressão artística dos mistérios: arte sacra - Os fundamentos dos valores éticos, transcendentais, propostos pelas várias tradições religiosas.

- Oferecer subsídios para que o aluno seja capaz de distinguir limites da ciência e a amplitude da fé no reconhecimento dos mistérios. - Oportunizar o estudo e a reflexão sobre o sentido da vida perpassado pelo sentido da vida-além-morte e as respostas elaboradas pelas tradições religiosas. - Ensejar o desenvolvimento da capacidade de apreciação da escultura como forma de expressão do sentimento religiosos da humanidade nas diversas épocas da história. - Propiciar o entendimento de que as exigências e qualidades éticas do procedimento humano são manifestações da espiritualidade.

SÉRIE UNIDADE TEMÉTICA TÓPICOS CURRICULARES OBJETIVOS

8ª - História e Tradição - A expansão religiosa: causas e influências na edificação das civilizações.

- Propiciar o conhecimento da história das religiões e sua contribuição na edificação das civilizações. - Valorizar a formação de uma cultura religiosa

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- Características comuns da espiritualidade nas diversas religiões. - Função política das ideologias religiosas. - Funções sócio-culturais das religiões pré-colombianas - Estudo das práticas de espiritualidade utilizada pelas

como meio de possibilitar que o estudante entenda melhor o mundo em que vive. - Oportunizar estudos que possibilitem ao aluno identificar as características comuns da espiritualidade nas diversas religiões presentes no nosso contexto. - Promover ações que permitam ao aluno entender, através da experiência pessoal, o verdadeiro sentido da espiritualidade, a dialética entre espiritualidade e religião bem como despertar a sua dimensão espiritual. - Oportunizar o estudo das ideologias religiosas para: . identificar a influência das ideologias religiosas sobre a sociedade com seu poder moderador; . compreender sua relação com as estruturas políticas e seu modo de interação; . compreender as diferenças entre religiosidade e fanatismo. - Estimular o estudos das práticas de espiritualidade utilizadas pelos

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religiões pré-colombianas (astecas, incas, mais, outros povos indígenas sul-americanos). - As artes como expressão da fé na cultura indígena: escultura, teatro e dança. - O significado de religião e alteridade: o respeito à liberdade de crença. - O diálogo inter-religioso. - O sentido de fraternidade na pluralidade religiosa.

povos primitivos para entendera influência dos resquícios místicos das culturas religiosas nas crenças, usos e costumes dos povos que os sucederam. - Dar ao aluno condições de estudos reflexivos sobre as religiões nas Américas no período pré-colombiano, para melhor entender o ideal de autonomia por uma cultura religiosa. - Oportunizar a pesquisa sobre a expressão artística para identificar o sentimento religioso na cultura indígena e para maior compreensão da sua influência na cultura pré-colombiana. - Valorizar o estudo e a reflexão sobre o significado de religião e sua repercussão no pragmatismo da diversidade religiosa. - Dar ênfase ao entendimento e à prática do diálogo inter-religioso como princípio básico de respeito à liberdade de credo e da união entre as diferentes religiões. - Oportunizar o entendimento mais profundo sobre caridade e fraternidade como

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- O translimite. - A capacidade humana de mobilizar forças criadoras e de auto-superação. - A dimensão política da oração.

princípio humanístico e compromisso pessoal. - Ensejar a oportunidade de refletir sobre ideal (escolha de vida). - Propiciar o entendimento mais profundo sobre espiritualidade, individualismo, materialismo, seus reflexos e implicações no contexto atual e indicadores de transformação. - Oportunizar a compreensão do significado da relação homem e deus nos caminhos da vida.

Ações compartilhadas da prática educativa

a) Docente

- Estudar, preparar cada tema a ser tratado na sala de aula, com a

especificação inicial dos objetivos, contidos nas dimensões conceituais da

interdisciplinaridade, da contextualização e da metodologia adequada.

- Envolver os componentes do grupo em todos os aspectos do ensino-

aprendizagem (desde o planejamento), para reforçar a consciência do

aprender e a responsabilidade com o sucesso escolar.

- Trabalhar o fio condutor (tema ou situação-problema) calcando-o nos

princípios norteadores do currículo, relacionando-o à realidade do alunado

e do material de suporte teórico-prático a ser elaborado pelo Fórum do

Ensino Religioso.

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- Projetar um sistema de avaliação com base no diagnóstico, recapitulação,

recuperação, julgamento recíproco e novas e livres oportunidades de

manifestação da aprendizagem etc.

b) Discente

- Participar da escolha dos temas ou definição do problema – preparar

levantamento individual de problemas, critérios e argumentos para a sua

abordagem.

- Integrar-se aos componentes do grupo e participar de ações que ensejem

o fortalecimento da espiritualidade, a cidadania através de ações coletivas

de solidariedade, do respeito humano e o desenvolvimento da capacidade

de criticar, dialogar, amar etc.

- Pesquisar para obter informações de diversas fontes, ampliar

conhecimentos, tirar conclusões, fazer novas indagações, refletir realidades

etc.

Avaliação

Em qualquer nível escolar, o ensino deve levar em consideração a

realidade do aluno. Importa saber, portanto, na fase do desenvolvimento

em que o aluno se encontra, quais são as suas reais necessidades

(interesses e possibilidades).

Com a avaliação, não pode ser diferente. Como parte integrante do

processo de ensino-aprendizagem, ela se caracteriza como pêndulo da

qualidade, por desencadear necessidades permanentes de reflexão e ação,

que envolvem funções diagnósticas, prognósticas, investigativas e

formativas. Assim, no mapeamento das necessidades que surgem no

decorrer do processo de ensino, das aprendizagens essenciais e das que o

aluno tem condição de sedimentar no período estabelecido, das

competências necessárias, desde as mais básicas às mais gerais, devem

emergir os mais criativos procedimentos para professores e alunos, juntos,

num processo contínuo, observarem as manifestações, as evidências que

apontam para a consecução dos objetivos. Os professores, certamente,

estarão em condições de verificar, dentro de uma diversidade dos objetivos

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propostos, aquelas que são essenciais, procurando entender e respeitar o

ponto de vista do aluno.

Nesse nível do ensino, as aprendizagens essenciais referem-se

principalmente às operações formais, ou seja, ao saber fazer logico que vai

consolidando habilidades e competências. Dentre elas, destacam-se as que

promovem a autonomia dos jovens, em busca do conhecimento, as

habilidades de reflexão e expressão oral e escrita etc. Por isso, o possível

objetivo desse nível de ensino é que o educando aprenda a aprender,

aprendendo a refletir sobre o que quer aprender. A aprendizagem deve ser

estimulada pela curiosidade, pelo questionamento, e a avaliação deve ser

o indicativo da consequente satisfação pessoal.

Na faixa etária correspondente a esse nível do ensino fundamental,

cultiva amizades, o amor pra com o outro: a compreensão, o sentimento

solidário e de liberdade é, também, um aprendizado.

Na maioria das vezes, a avaliação é utilizada apenas como forma de

testar conhecimentos, resultando em notas que levam à aprovação ou

reprovação. Mas, principalmente no Ensino Religioso, essa prática não se

justifica, por ser uma área de formação e que deve responder à busca da

autoafirmação do educando.

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