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Programa previsional de manutenção em edifícios históricos Daniel Nóbrega Tomásio Lopes Soares Dissertação para obtenção do Grau de Mestre em Engenharia Civil Júri Presidente: Doutor Luís Manuel Alves Dias Orientadora: Doutora Inês dos Santos Flores Barbosa Colen Orientador: Doutor José Maria da Cunha Rego Lobo de Carvalho Vogal: Doutor António José Damas da Costa Lobato Santos Dezembro 2012

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Programa previsional de manutenção em edifícios históricos

Daniel Nóbrega Tomásio Lopes Soares

Dissertação para obtenção do Grau de Mestre em

Engenharia Civil

Júri

Presidente: Doutor Luís Manuel Alves Dias

Orientadora: Doutora Inês dos Santos Flores Barbosa Colen

Orientador: Doutor José Maria da Cunha Rego Lobo de Carvalho

Vogal: Doutor António José Damas da Costa Lobato Santos

Dezembro 2012

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PROGRAMA PREVISIONAL DE MANUTENÇÃO EM EDIFÍCIOS

HISTÓRICOS

RESUMO

A manutenção aplicada a edifícios históricos revela-se um tema pouco aprofundado a nível nacional.

O estudo do património histórico apresenta dificuldades muitas vezes associadas à especificidade

deste tipo de edifícios, que apresentam usualmente características muito particulares.

A presente dissertação tem como objectivo aprofundar este tema, abordando-se os estudos

efectuados em outros países europeus, e efectuando-se a transposição de diversos modelos de

manutenção aplicados a edifícios correntes – área de estudo com bastante crescimento nos últimos

anos, e onde se tem implantado uma filosofia pró-activa – para a temática dos edifícios históricos.

Ao longo deste trabalho foi desenvolvida uma metodologia de manutenção para aplicação em

edifícios históricos, tendo em conta os diversos factores que diferenciam este tipo de construções,

nomeadamente a questão da autenticidade e valor cultural dos diversos elementos. A aplicação desta

metodologia tem como objectivo a criação de planos previsionais de manutenção para aplicação em

património histórico.

A metodologia proposta foi aplicada ao Panteão Nacional, edifício situado na zona histórica de Santa

Clara em Lisboa, e classificado como Monumento Nacional. Foi elaborado um estudo preliminar à

elaboração do plano de forma a compreender a situação actual do edifício, seguido da fase de

inspecções onde se identificaram as principais anomalias e se classificaram os vários critérios

condicionantes neste tipo de edifícios.

Através de uma equação de hierarquização procedeu-se ao escalonamento de acções. Foi elaborado

um plano previsional de manutenção e respectivas previsões de custos para um horizonte temporal

de 10 anos.

Palavras-chave:

Manutenção; Edifícios históricos; Património; Escalonamento de acções; Custos de manutenção;

Planos previsionais.

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PROVISIONAL PROGRAM OF MAINTENANCE IN HISTORIC

BUILDINGS

ABSTRACT

The maintenance applied to historic buildings proves to be a subject that is still under development in

Portugal. The study of historic heritage presents difficulties often related to the specificity of this type

of buildings, which usually present very particular features.

This dissertation aims to detail this subject, analysing the studies conducted in other european

countries and applying different maintenance models of current buildings (area with ample growth in

recent years, with an increasing proactive approach) on historic buildings.

Throughout this work a maintenance methodology has been developed for application in historic

buildings, taking in account the various factors that distinguish this type of constructions, namely the

criteria of authenticity and cultural value of the different elements. The application of this methodology

aims to create provisional maintenance plans of historic buildings.

The proposed methodology was applied to the National Pantheon, a building located in the historic

district of Santa Clara in Lisbon, and classified as a National Monument. To prepare the maintenance

plan a preliminary study was carried out in order to understand the current situation of the building,

followed by an inspection phase where the main anomalies were identified and the several key criteria

of this type of buildings were classified.

After applying the developed criteria of hierarchy it was possible to prioritize maintenance actions.

Finally, a provisional plan of maintenance and associated costs for a timeline of 10 years was

proposed.

Key-words:

Maintenance; Historic buildings; Heritage; Activities planning; Maintenance costs; Provisonal plans

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AGRADECIMENTOS

Esta dissertação resulta de largos meses de trabalho, ao longo deste tempo recebi a colaboração de

várias pessoas que foram fundamentais para a realização do mesmo. Gostaria assim de expressar o

meu sincero agradecimento:

À Professora Inês Flores-Colen, pelo conhecimento e rigor científico transmitido, por sempre acreditar

em mim e no meu trabalho, e, sobretudo, pela atenção e disponibilidade demonstrada para a revisão

de texto e análise de resultados, sem os quais não teria sido possível finalizar correctamente este

trabalho.

Ao Professor José Maria Lobo de Carvalho, por me ter introduzido o tema de forma atractiva, e por

todo o conhecimento transmitido nas várias reuniões que tivemos em Sintra.

À directora do Panteão Nacional Drª.Isabel Melo, e à investigadora Drª. Graça Araújo, pela simpatia

que demonstraram, e pela disponibilização de informação relevante para o conteúdo deste trabalho.

A todos os meus amigos e amigas que me apoiaram nos melhores e nos piores momentos, e a todos

os meus colegas que trabalharam comigo durante longos dias na Alameda e longas noites no Tagus

Park.

A toda a minha família mais próxima, que de algum modo ajudou na realização deste trabalho. À

minha tia Isabel pela correcção de texto, e em especial aos meus pais, por todo o apoio que me

deram ao longo do curso, e pelo amor e compreensão que sempre me souberam dar.

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Índice geral

Resumo .....................................................................................................................................................i

Abstract.................................................................................................................................................... iii

Agradecimentos ........................................................................................................................................v

Introdução ........................................................................................................................................ 1 1.

1.1. Motivação e enquadramento ................................................................................................... 1

1.2. Âmbito e objectivos da investigação ....................................................................................... 2

1.3. Estrutura da dissertação .......................................................................................................... 3

A manutenção em edifícios históricos ............................................................................................. 5 2.

2.1. Considerações gerais .............................................................................................................. 5

2.2. Conceito de edifício histórico ................................................................................................... 5

2.3. Enquadramento da manutenção ............................................................................................. 7

2.4. Teoria da manutenção em edifícios históricos ...................................................................... 10

2.4.1. A nível nacional ............................................................................................................. 10

2.4.2. A nível internacional ...................................................................................................... 14

2.5. Estratégias de manutenção ................................................................................................... 17

2.6. Vida útil .................................................................................................................................. 20

2.7. Preservação da autenticidade ............................................................................................... 23

2.8. Características de intervenções em edifícios históricos ....................................................... 24

2.8.1. Decisão de intervenção ................................................................................................. 24

2.8.2. Prioridade de intervenção .............................................................................................. 25

2.8.3. Periodicidade de intervenção ........................................................................................ 26

2.9. Intervenções e tecnologias disponíveis ................................................................................. 27

2.10. Planos de manutenção em edifícios históricos ................................................................. 29

2.11. Considerações finais do capítulo....................................................................................... 30

Metodologia de manutenção em edifícios históricos..................................................................... 31 3.

3.1. Considerações gerais ............................................................................................................ 31

3.2. Proposta de metodologia de manutenção em edifícios históricos ........................................ 31

3.3. Descrição das várias fases que constituem o plano previsional de manutenção ................. 35

3.3.1. Fase preliminar à elaboração do plano ......................................................................... 35

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3.3.2. Fase de inspecções e programa de manutenção ......................................................... 36

3.3.3. Plano previsional de manutenção ................................................................................. 52

3.3.4. Decisão – análise económica (3) .................................................................................. 54

3.4. Considerações finais do capítulo .......................................................................................... 54

Caso de estudo ............................................................................................................................. 57 4.

4.1. Considerações gerais ............................................................................................................ 57

4.2. Fase preliminar à elaboração do plano ................................................................................. 57

4.3. Levantamento de dados e intervenções anteriores (etapa 2.A da metodologia) .................. 60

4.4. Divisão do edifício em EFM (etapa 2.B da metodologia) ...................................................... 62

4.5. Avaliação do estado dos EFM existentes (etapa 2.C da metodologia) ................................ 63

4.6. Elaboração da hierarquia dos EFM (etapa 2.D da metodologia) .......................................... 68

4.7. Previsão de custos de manutenção (etapa 2.E da metodologia) .......................................... 68

4.8. Plano previsional de manutenção (etapa 3 da metodologia) ................................................ 69

4.9. Decisão – análise económica (etapa 4 da metodologia) ...................................................... 74

4.10. Comparação do caso de estudo com a Igreja dos Olivais ................................................ 75

4.11. Considerações finais do capítulo....................................................................................... 77

Conclusões e desenvolvimentos futuros ....................................................................................... 79 5.

5.1. Conclusões finais .................................................................................................................. 79

5.2. Desenvolvimentos futuros ..................................................................................................... 79

Bibliografia ............................................................................................................................................. 83

Anexo I - Carta de Veneza ..................................................................................................................... III

Anexo II - Fichas de levantamento arquitectónico e funcional, Panteão Nacional ............................... VII

Anexo III - Custos de intervenção de manutenção, Panteão Nacional ...............................................XVII

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Índice de figuras

Figura 2.1 – Ciclo de vida das construções (ISO 15686, 2011).................................................................... 8

Figura 2.2 – Esferas representantes das actividades do sector da construção (adaptado de Cóias,

2009) ............................................................................................................................................................ 10

Figura 2.3 – O estado de conservação de edifícios em Portugal por idade do edificado - Censos 2001

(adaptado de Ferreira, 2009)....................................................................................................................... 11

Figura 2.4 – Exemplo de ficha-diagnóstico da Carta de Risco [W4] ........................................................... 13

Figura 2.5 – Idade dos edifícios históricos listados no Reino Unido pela BAR (adaptado de [W6]) .......... 15

Figura 2.6 – Inspecção de um edifício histórico realizada pela Monumentenwacth [W7] .......................... 17

Figura 2.7 – Principais fases de um modelo de gestão de manutenção (adaptado de Vilhena, 2006)...... 18

Figura 2.8 - Descasque de revestimento devido à incompatibilidade dos materiais de reparação,

Fachada Norte da Igreja de Santa Maria dos Olivais (fotografia de autor) ................................................. 28

Figura 3.1 – Metodologia proposta para manutenção em edifícios históricos ............................................ 34

Figura 3.2 - Exemplo de ficha de levantamento e identificação da planta de um edifício .......................... 37

Figura 3.3 – Exemplo da codificação de elementos fonte de manutenção ................................................ 38

Figura 3.4 – Exemplo de codificação de EFM na fachada de um edifício histórico.................................... 40

Figura 4.1 – Panteão Nacional, vista do rio Tejo [W1] ................................................................................ 58

Figura 4.2 – Panteão Nacional, vista aérea [W1] ........................................................................................ 58

Figura 4.3 e 4.4 – Construção do zimbório e cúpula pela DGEMN, 1964 [W4] .......................................... 59

Figura 4.5 - Preparação de concerto pelo Igespar no interior do edifício (fotografia do autor) .................. 60

Figura 4.6 – Ficha de levantamento arquitectónico e funcional do edifício ................................................ 61

Figura 4.7 - Ficha de levantamento de intervenções anteriores ................................................................. 62

Figura 4.8 – Degradação de cantaria da fachada principal ........................................................................ 64

Figura 4.9 – Aglomeração de pombos no estatuário da fachada principal ................................................. 64

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Figura 4.10 – Zona de graffiti na fachada Sul ............................................................................................. 65

Figura 4.11 – Acumulação de urina na fachada Norte ................................................................................ 65

Figura 4.12 – Caleira única que contorna toda a cobertura em terraço ..................................................... 65

Figura 4.13 – Caleira cheia de água sendo já visível vegetação parasitária .............................................. 66

Figura 4.14 – Adição da platibanda às fachadas e construção da cúpula, 1964 [W4] ............................... 67

Figura 4.15 – Divisão do edifício em partes distintas .................................................................................. 67

Figura 4.16 – Igreja de Santa Maria dos Olivais (fotografia do autor) ........................................................ 75

Figura 4.17 – Fachada Este da Igreja de Santa Maria dos Olivais (fotografia de autor) ............................ 76

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Índice de quadros

Quadro 2.1 - Exemplo de listagem de EFM de uma cobertura (adaptado de Rodrigues, 2002 e Lobo

de Carvalho, 2007) ...................................................................................................................................... 18

Quadro 2.2 - - Exemplo de listagem de EFM de uma fachada (adaptado de Rodrigues, 2002 e Lobo

de Carvalho, 2007) ...................................................................................................................................... 19

Quadro 2.3 – Classificação de prioridades para acções de manutenção [ (Johnson, 1999) citado por

Flores-Colen, 2003)] .................................................................................................................................... 26

Quadro 3.1 – Aspectos condicionantes em edifícios históricos e correntes (adaptado de Lobo de

Carvalho, 2007) ........................................................................................................................................... 33

Quadro 3.2 - Ficha de inspecção nº1: levantamento dos EFM em edifícios históricos .............................. 39

Quadro 3.3 – Classificação de anomalias para avaliação do estado de degradação dos elementos

fonte em edifícios históricos ........................................................................................................................ 42

Quadro 3.4 – Ficha de inspecção nº2, avaliação do estado de degradação dos elementos em edifícios

históricos...................................................................................................................................................... 42

Quadro 3.5 – Vantagens e desvantagens da fórmula de Roue´s (adaptado de Cavaco, 2012) ................ 44

Quadro 3.6 – Vantagens e desvantagens do método multi-atributos (adaptado de Cavaco, 2012) .......... 46

Quadro 3.7 – Critérios usados no método PIM-CC (Flores-Colen, 2006) .................................................. 46

Quadro 3.8 – Escalonamento de acções no método PIM-CC (Flores-Colen, 2006) .................................. 47

Quadro 3.9 – Vantagens e desvantagens do método PIM-CC ................................................................... 47

Quadro 3.10 – Critérios a utilizar na equação de priorização de acções desenvolvida ............................. 48

Quadro 3.11 – Explicação dos critérios escolhidos .................................................................................... 49

Quadro 3.12 – Ficha de inspecção nº3: avaliação dos restantes critérios ................................................. 49

Quadro 3.13 – Escalonamento de acções no método utilizado para edifícios históricos ........................... 50

Quadro 3.14 – Ficha de especificação de acções no plano previsional de manutenção para edifícios

históricos...................................................................................................................................................... 53

Quadro 4.1 – Número anual de visitantes no Panteão Nacional (fonte IGESPAR) ................................... 60

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Quadro 4.2 – Extracto da ficha de inspecção nº1 ....................................................................................... 63

Quadro 4.3 - Extracto da ficha de inspecção nº2 ........................................................................................ 63

Quadro 4.4 - Extracto da ficha de inspecção nº3 ........................................................................................ 66

Quadro 4.5 – Exemplo de índices de escalonamento da fachada principal ............................................... 68

Quadro 4.6 – Plano previsional de manutenção para fachada principal .................................................... 70

Quadro 4.7 – Plano previsional de manutenção para 10 anos com custos associados, fachada

principal ....................................................................................................................................................... 71

Quadro 4.8 - Plano previsional de manutenção para 10 anos com custos associados, fachada lateral

Sul ................................................................................................................................................................ 72

Quadro 4.9 - Plano previsional de manutenção para 10 anos com custos associados, cobertura ............ 73

Quadro 4.10 – Exemplo de índices de escalonamento, Igreja Santa Maria dos Olivais ............................ 76

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1. INTRODUÇÃO

Programa previsional de manutenção em edifícios históricos

1

INTRODUÇÃO 1.

1.1. Motivação e enquadramento

A manutenção de edifícios históricos constitui um tema ainda pouco divulgado e desenvolvido em

Portugal, carecendo de um trabalho de investigação contínuo, comparativamente a outros países

europeus.

Por sua vez, a manutenção em edifícios correntes tem vindo a ser desenvolvida nos últimos anos,

adoptando-se cada vez mais uma postura pró-activa em relação a problemas existentes, permitindo a

sua detecção e correcção antes que estes afectem de forma gravosa o edifício.

No caso de edifícios históricos, existem preocupações diferentes, relacionadas muitas vezes com a

capacidade do edifício gerar receitas referentes ao turismo, existindo nos últimos anos uma maior

consciência da importância do património histórico e do seu papel na sociedade de consumo.

Uma vez que, não existem muitas vezes utentes moradores permanentes que suscitem reclamações,

são frequentemente ignorados os princípios preventivos da manutenção, conduzindo a resultados

visíveis de degradação, onde se opta recorrentemente por acções de correcção quando o problema

já se encontra instalado (muitas vezes também para demonstrar “obra feita” através de grandes

intervenções), designando-se estas acções por manutenção correctiva.

A manutenção correctiva caracteriza-se por gastos elevados, afectando o funcionamento normal dos

edifícios, uma vez que as intervenções possuem sempre carácter urgente, já que não podem ser

planeadas. O uso recorrente deste tipo de acções não conduz geralmente à resolução total dos

problemas, muitas vezes por não se analisarem as causas prováveis das anomalias observadas.

Nas situações em que não existe qualquer tipo de intervenção em edifícios, após se atingir um

determinado patamar de degradação torna-se inviável a utilização de acções de manutenção para

inverter o processo de degradação, recorrendo-se então a processos de reabilitação. Esta fase

deverá ser evitada ao máximo no caso dos edifícios históricos, onde o objectivo não passa por

substituir os elementos, mas sim preservá-los.

A adopção de acções de manutenção pró-activas permite reduzir as despesas em acções de

manutenção em edifícios, possibilitando a detecção de problemas de forma mais rápida. Devido aos

constrangimentos económicos que o país atravessa, esta será mais uma razão para a implementação

de uma política pró-activa associada à manutenção de edifícios.

É hoje consensual, nos meios culturais e científicos, a opção pela salvaguarda, sempre que possível,

de edifícios históricos existentes, recorrendo à sua conservação, em detrimento da sua renovação,

prática antigamente privilegiada. O avanço da ciência e da técnica, associado à crescente

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1. INTRODUÇÃO

2

preocupação de salvaguarda de património histórico (devido à sua autenticidade), permite assim

considerar novas metodologias de intervenção em edifícios históricos.

A criação e implementação de planos previsionais de manutenção em edifícios históricos permite a

análise de estados de degradação de elementos (ainda que estes já tenham ultrapassado a sua vida

útil física) através de inspecções programadas, onde é possível analisar as anomalias existentes e as

possíveis causas associadas. Esta análise associada à avaliação de outros critérios permite a

estruturação e planeamento das intervenções, possibilitando a optimização de custos financeiros

associados à manutenção.

Estes planos permitem um acompanhamento contínuo, estruturando, de acordo com intervalos

distintos, todas as acções necessárias à manutenção pró-activa, tais como a inspecção, limpeza,

intervenções preventivas e estruturais, devendo ser revistos e actualizados periodicamente.

É neste contexto que se insere esta dissertação de mestrado e, perante esta problemática, considera-

se assim importante abordar a temática da manutenção de edifícios históricos, de modo a contribuir

para a implementação de uma correcta política de manutenção pró-activa neste tipo específico de

edifícios.

1.2. Âmbito e objectivos da investigação

A dissertação apresentada tem como objectivo desenvolver uma metodologia para implementação de

planos previsionais de manutenção associados a edifícios históricos. Pretende-se ao mesmo tempo

sensibilizar os agentes envolvidos para as características singulares que diferenciam este tipo de

construções dos edifícios correntes.

Pretende-se assim privilegiar as acções de manutenção pró-activa em detrimento das acções

correctivas, construindo-se uma proposta para um plano previsional de manutenção ajustado às

características intrínsecas deste tipo de edifícios, e que possa ser aplicado ao património histórico em

geral.

Os objectivos gerais da dissertação são os seguintes:

recolha e organização de informação referente a manutenção aplicada em edifícios históricos,

tanto a nível nacional como internacional;

análise de modelos de manutenção utilizados em edifícios correntes que possam ser

adaptados para edifícios históricos;

proposta de metodologia de manutenção para a criação de planos previsionais de

manutenção aplicados a edifícios históricos seguindo as diferentes fases:

- descrição das várias etapas da metodologia e elaboração de fichas de inspecção;

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1. INTRODUÇÃO

Programa previsional de manutenção em edifícios históricos

3

- desenvolvimento de uma equação para a hierarquização e escalonamento das acções de

manutenção;

- procedimentos para previsão de custos de manutenção/intervenção.

calibração da metodologia criada, através da aplicação da mesma num caso de estudo, com

previsão de custos de manutenção para um horizonte de 10 anos.

Pretende-se assim com este trabalho criar uma metodologia de manutenção adequada para edifícios

históricos, que tenha em conta as suas características singulares, e que respeite as questões

associadas à autenticidade presentes neste tipo de edifícios. As acções de manutenção serão

descritas através de um plano previsional, que se espera que possa vir a ser aplicado no futuro em

vários edifícios.

1.3. Estrutura da dissertação

A presente dissertação encontra-se dividida em 5 capítulos, bibliografia e anexos, conforme se

descreve seguidamente:

O capítulo 1 introduz o tema, fazendo o enquadramento da manutenção aplicada a edifícios

históricos, e abordando a necessidade actual de elaborar estudos nesta área de conhecimento.

Descrevem-se os objectivos e apresenta-se o resumo de cada um dos capítulos da dissertação.

O capítulo 2 aborda o estado de conhecimento relativo à manutenção, diferenciando este termo de

outros utilizados nesta área tais como conservação e restauro. É definido o conceito de edifício

histórico, onde são apresentadas as características que diferenciam este tipo de edificações, e

realiza-se o levantamento do estado da arte relativamente à temática de manutenção tanto a nível

nacional como internacional. São ainda referidas diferentes estratégias e características de

manutenção, usualmente usadas em edifícios correntes, que poderão ser adaptadas a edifícios

históricos.

No capítulo 3 é apresentada a metodologia de manutenção proposta para edifícios históricos, bem

como a explicação detalhada de todas as fases constituintes que deverão ser aplicadas aquando a

aplicação deste modelo nos edifícios em estudo. São ainda referenciados e comentados os modelos

analisados para a execução da metodologia apresentada. Neste capítulo são ainda desenvolvidos os

procedimentos que permitem a construção de planos previsionais de manutenção, bem como

realização de previsões de custos e fases de decisão associadas à gestão da manutenção.

No capítulo 4 é realizada a implementação prática da metodologia proposta no capítulo anterior, de

modo a avaliar o sistema classificativo de anomalias, de prioridades de intervenção e de

procedimentos propostos. Este capítulo tem ainda como objectivo a criação do plano previsional e

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1. INTRODUÇÃO

4

previsão de custos associado ao caso de estudo escolhido.

No capítulo 5 são apresentadas as conclusões finais do estudo elaborado, sugerindo-se eventuais

desenvolvimentos futuros nesta área.

Na bibliografia, são apresentadas as referências bibliográficas consultadas durante a realização da

presente dissertação.

Em anexo encontra-se a Carta de Veneza, as fichas de inspecção com a recolha de elementos fonte

de manutenção e avaliação de critérios referentes a edifícios históricos, bem como informação

relativa a custos de acções de intervenção para aplicação no Panteão Nacional.

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2. A MANUTENÇÃO EM EDIFÍCIOS HISTÓRICOS

Programa previsional de manutenção em edifícios históricos

5

A MANUTENÇÃO EM EDIFÍCIOS HISTÓRICOS 2.

2.1. Considerações gerais

Com este primeiro capítulo pretende-se introduzir o conceito de edifício histórico e manutenção,

efectuando-se simultaneamente o paralelismo entre a manutenção em edifícios correntes e a

manutenção em edifícios históricos. Uma vez que o assunto abordado se encontra pouco enraizado a

nível nacional, será também importante caracterizar o estado da manutenção em edifícios históricos

realizada internacionalmente.

Será feita uma abordagem relativamente à preservação da autenticidade em situações de reparação

e reabilitação, bem como características de intervenções em edifícios históricos e operações e

tecnologias disponíveis para cada situação.

Nos últimos anos tem vindo a ser desenvolvida uma filosofia de manutenção pró-activa aplicada

sobretudo a edifícios correntes, permitindo a detecção de problemas antes de estes afectarem os

utentes do edifício, bem como a redução de despesas em acções de manutenção correctiva ao longo

do tempo de serviço das edificações.

Esta realidade não poderá ser integralmente transposta para o caso de edifícios históricos, mas ajuda

a motivar e desenvolver o processo científico de metodologias de manutenção, a alteração do seu

enquadramento legal e o desenvolvimento de acções de sensibilização e promoção a nível europeu,

por parte de organismos públicos, universidades e associações de património.

Apesar deste interesse recente, a origem da manutenção (no contexto de edifícios históricos)

encontra-se intimamente ligada ao processo de industrialização e, em particular, ao movimento

patrimonialista da segunda metade do século XIX. A ruptura de processos construtivos tradicionais, o

aparecimento de novos materiais e o desenvolvimento de práticas preventivas no contexto da

indústria e da construção, bem como a evolução filosófica em torno da conservação patrimonial, são

antecedentes históricos que ajudam a contextualizar a manutenção contemporânea de edifícios

históricos (Lobo de Carvalho, 2007).

2.2. Conceito de edifício histórico

Com o início deste trabalho deve ser estabelecido, antes de mais, o que se entende por edifício

histórico e qual a actual integração destes edifícios no parque edificado português. Um edifício

histórico define-se não só pela sua natureza arquitectónica, mas também pelo testemunho histórico

que guarda em si.

No contexto do tema que se desenvolve “histórico” significa: “relativo à História, mencionado pela

História, que recorda acontecimento notável, digno de figurar na História. Por sua vez, a História,

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2. A MANUTENÇÃO EM EDIFÍCIOS HISTÓRICOS

6

caracteriza-se como a sucessão natural de acontecimentos sociais, culturais, políticos, económicos,

militares, relativos ao Homem” (Moreira Rato, 2002). Estes edifícios constituem, assim, uma herança

comum, sendo cada um deles um objecto único e insubstituível, perpetuador de uma memória, ou,

mais correctamente, de diversas memórias. São mensagens de passados distintos,

consubstanciadas nos elementos arquitectónicos do edifício, que formam o testemunho que nos é

oferecido (Sousa, 2003).

Em Portugal compete por lei ao IGESPAR, através do Decreto-Lei n.º 309/2009, de 23 de Outubro,

em vigor desde Janeiro de 2010, propor a classificação dos bens culturais imóveis, bem como a

definição dos critérios que deverão ser usados neste processo: critérios de carácter geral – histórico-

cultural, estético-social e técnico-científico; e de carácter complementar – integridade, autenticidade e

exemplaridade do bem. Este trabalho é executado fundamentalmente para fixar critérios de

valorização do património imóvel, uma vez que este universo se encontra em permanente

alargamento. Actualmente é assim possível encontrar uma maior incidência de classificação de

objectos e conjuntos arquitectónicos das tipologias mais variadas [W1].

Consoante o seu valor relativo, os bens imóveis de interesse cultural podem ser classificados como

de ''Interesse Nacional'' (com a designação de "Monumento Nacional"), "Interesse Público" ou

"Interesse Municipal" (classificação camarária). A lei procedeu ainda a uma outra diferenciação,

definindo as categorias de "Monumento", "Conjunto" e "Sítio" (segundo as convenções internacionais)

[W1]:

Monumento: obras de arquitectura, composições importantes ou criações mais modestas,

notáveis pelo seu interesse histórico, arqueológico, artístico, científico, técnico ou social,

incluindo as instalações ou elementos decorativos que fazem parte integrante destas obras,

bem como as obras de escultura ou de pintura monumental;

Conjunto: agrupamentos arquitectónicos urbanos ou rurais de suficiente coesão, de modo a

poderem ser delimitados geograficamente;

Sítio: obras do homem ou obras conjuntas do homem e da natureza, espaços suficientemente

característicos e homogéneos, de maneira a poderem ser delimitados geograficamente.

Aos edifícios cujo valor patrimonial possa ser considerado relevante para toda a humanidade, poderá

ser atribuída a classificação de “Património Cultural da Humanidade”, da responsabilidade da

UNESCO. Este “grau último” de reconhecimento exige que o valor patrimonial seja não apenas muito

relevante, mas ainda universal, isto é, que se constitua, dentro do seu tipo cultural, como o melhor

exemplo disponível [W2].

Um edifício histórico será assim um bem cultural imóvel (classificado ou em vias de classificação),

que através da sua tipologia construtiva e arquitectónica conserve em si o testemunho histórico de

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2. A MANUTENÇÃO EM EDIFÍCIOS HISTÓRICOS

Programa previsional de manutenção em edifícios históricos

7

uma região ou local onde está inserido.

2.3. Enquadramento da manutenção

A manutenção tem-se tornado cada vez mais um elemento decisivo na gestão de edifícios, permitindo

através da programação de intervenções a diminuição de despesas globais. Para uma correcta

aplicação de planos de manutenção em edifícios, que garanta a fiabilidade das estratégias aplicadas,

é necessário efectuar uma análise de parâmetros técnicos. Segundo Flores-Colen e Brito (2003) a

implementação de verdadeiras políticas de manutenção só é possível quando existem metodologias

próprias que identifiquem os principais parâmetros relativos a estratégias de manutenção pró-activa,

uniformizando, deste modo, conceitos e procedimentos. A sistematização destas estratégias

possibilita a gestão racional das intervenções, agindo, atempadamente, no sentido de evitar a

propagação das anomalias existentes, optimizando os recursos e minimizando os custos envolvidos.

A origem da manutenção encontra-se sobretudo ligada ao campo industrial, sendo deste ponto de

vista consideradas um meio para o desenvolvimento técnico, quer de um ponto de vista conceptual,

quer do ponto de vista estratégico ou de gestão, o que virá mais tarde a influenciar a adopção de

metodologias preventivas aplicadas a edifícios. As metodologias de manutenção, embora com um

nascimento comum com as da conservação, só adquirem sistematização através do campo industrial,

após as consequências duma fase inicial de indústria sem manutenção. São as instalações militares

do período pós 2.ª Guerra Mundial que nos Estados Unidos começam a implementar rotinas de

manutenção industrial, em particular nas fábricas de armamento. Por consequência, os edifícios

militares vêem-se também sujeitos a semelhante metodologia que se revelou útil e eficaz conferindo

às instalações um melhor desempenho (Rodrigues, 2002).

No âmbito deste trabalho, será importante distinguir em primeiro lugar as várias intervenções

possíveis em edifícios de modo a melhorar os níveis de desempenho consoante o tipo de trabalhos

envolvidos. Existem assim vários termos (reabilitação, manutenção, reparação, restauro, renovação,

entre outros) que interessa diferenciar em cada análise a efectuar.

Pequenas intervenções e reparações ocasionais com o objectivo de trazer o edifício para níveis de

desempenho adequados incluem-se na manutenção. Focalizando o tema na óptica da engenharia

civil, a definição de manutenção de edifícios associa-se à combinação de todas as acções técnicas e

administrativas de modo a que o edifício e seus elementos desempenhem, durante a sua vida útil, as

funções para os quais foram concebidos (ISO 15686-1, 2000).

Se o estado de degradação aumentar significativamente serão necessárias intervenções mais

profundas, que prolongam o ciclo de vida do edifício/elemento. Neste caso, é mais apropriado a

utilização dos seguintes termos, por ordem crescente do grau de intervenção: reabilitação,

renovação, reconstrução (Manso, 2003).

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2. A MANUTENÇÃO EM EDIFÍCIOS HISTÓRICOS

8

Considerando-se na Figura 2.1 o eixo das ordenadas como o nível de desempenho associado à

construção, o eixo das abcissas como a operacionalidade do edifício ao longo do tempo, e a curva 10

como a degradação do edifício sem que sejam executadas acções preventivas, é possível distinguir

os vários termos associados ao ciclo de vida.

Figura 2.1 – Ciclo de vida das construções (ISO 15686-7, 2006)

A manutenção (5) irá caracterizar-se por pequenas intervenções periódicas com o objectivo de trazer

o edifício para os níveis de desempenho adequados sem que seja afectada a sua funcionalidade; a

reabilitação (7) será a actividade efectuada para repor o desempenho do edifício quando já se

encontra em níveis mais baixos. A renovação (11) permite a melhoria do edifício relativamente à

situação em que este se encontrava aquando a sua construção.

No âmbito dos edifícios históricos são ainda referidos os termos conservação e restauro (Tavares et

al., 2011):

- Conservação poderá definir-se como o primeiro grau de intervenção a ser aplicado ao património

histórico, de forma a que este se mantenha num estado de preservação adequado, e sem que exista

uma degradação profunda nos seus elementos. Tal como referido na Carta de Veneza [anexo I]

(Appleton, 2003), a conservação de um monumento implica a preservação de um enquadramento

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2. A MANUTENÇÃO EM EDIFÍCIOS HISTÓRICOS

Programa previsional de manutenção em edifícios históricos

9

histórico. Sempre que o enquadramento tradicional exista, ele deve ser conservado, não devendo ser

aprovada nenhuma construção nova, demolição ou modificação que vá alterar a relação original do

monumento;

- Restauro refere-se à acção num edifício, ou parte deste, que está degradado, em ruína ou que se

considera que foi inapropriadamente reparado no passado, sendo a sua alteração/acção executada

com o objectivo de colocá-lo de acordo com o desenho ou aparência de uma prévia data específica

reconhecida como tendo o maior valor de autenticidade. Pretende-se recompor o seu ambiente e

lógica arquitectónica, devendo existir um profundo conhecimento da sua técnica construtiva, mas

também da sua inserção nas correntes arquitectónicas ou estéticas da época. Este respeito pelo

passado e as técnicas que exige pressupõe que antes da realização do projecto e escolha de

soluções de intervenção se proceda a um amplo estudo documentando-o, uma investigação e

selecção das soluções mais adequadas para cada caso.

As definições existentes na ISO 15686-1 (2000) encontram-se habitualmente ligadas ao conceito de

ciclo de vida útil do edifício, razão pela qual a sua filosofia e métodos de análise existentes não

poderão ser transportados integralmente para o âmbito dos edifícios históricos, área em que tempo

de vida útil de alguns materiais e elementos será de estudo difícil.

Na tese de doutoramento de Lobo de Carvalho (2007) é introduzido o termo conservação

programada, derivado do termo italiano “conservazione programmata”, desenvolvido em Itália em

1976 (Urbani & Zanardi, 2000), partindo do conceito de restauro preventivo, argumentando que a

conservação se encontrava limitada a reparar danos, não se focando na prevenção dos mesmos, daí

a importância de intervenções regulares destinadas a reduzir o efeito nocivo dos mecanismos de

degradação (Brandi, 2006): “Uma tal técnica, à qual aqui damos o nome de conservação programada,

é de uma necessidade orientada sobretudo, antes de aos bens singulares, ao ambiente que os

contém e do qual provêem todas as possíveis causas da sua deterioração. O seu objectivo é,

portanto, o controle de tais causas, a fim de retardar o quanto possível o ritmo dos processo de

deterioração, intervindo, ao mesmo tempo se necessário, com tratamentos de manutenção

apropriados aos vários tipos de materiais.”

A manutenção de edifícios – quer de edifícios históricos, quer de edifícios correntes – é uma

actividade que em Portugal ainda não se encontra tão desenvolvida como a nível europeu, sendo que

as acções de manutenção e reabilitação de edifícios correspondem ainda a uma pequena fatia (cerca

de 10%) do mercado português (Cóias, 2009).

A construção tem vindo ao longo dos anos a privilegiar a construção nova, dentro desta esfera

(Figura 2.2) existe uma segunda, de importância pequena mas crescente, que corresponde aos

trabalhos de reabilitação das construções existentes. Em Portugal esta esfera tem uma importância

inferior a 10% do total da construção existente, enquanto noutros países europeus ela representa 40

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2. A MANUTENÇÃO EM EDIFÍCIOS HISTÓRICOS

10

a 50%. Finalmente, a terceira esfera, ocupa-se da conservação e restauro dos monumentos e

edifícios históricos, a parte mais nobre do património construído: imóveis que, além de serem

construções, são, simultaneamente, bens culturais. Esta última esfera abrange menos de 1% da

produção total do sector da construção (Cóias, 2009).

2.4. Teoria da manutenção em edifícios históricos

2.4.1. A nível nacional

O parque edificado português caracteriza-se sobretudo pela sua extensão, envelhecimento e

degradação. A situação portuguesa nesta área difere do panorama europeu fundamentalmente por

duas razões (Lobo de Carvalho, 2007): em primeiro lugar, pelo facto de Portugal não ter participado

na 2ª Guerra Mundial, escapando assim à destruição ocorrida em inúmeros centros históricos

europeus e, em segundo lugar, devido ao congelamento das rendas de prédios urbano (1940) que se

manteve por várias décadas. Com a entrada em vigor da nova lei das rendas é expectável que alguns

casos de degradação extrema, bem como edifícios em deficiente estado de conservação, sejam

modificados.

A degradação de edifícios, com particular incidência nos edifícios arrendados, é uma realidade em

Portugal a necessitar de solução urgente. Conforme consta nos dados do Censos de 2001 [W3] e

como se mostra na Figura 2.3 observa-se um envelhecimento prematuro das edificações em Portugal

ao longo do tempo. Apesar de não existir informação estatística de construções mais antigas verifica-

se uma clara necessidade de intervenção em edifícios anteriores a 1919.

Construção em geral

Reabilitação de edificado

Conservação do património

Figura 2.2 – Esferas representantes das actividades do sector da construção (adaptado de Cóias, 2009)

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2. A MANUTENÇÃO EM EDIFÍCIOS HISTÓRICOS

Programa previsional de manutenção em edifícios históricos

11

Figura 2.3 – O estado de conservação de edifícios em Portugal por idade do edificado - Censos 2001 (adaptado de Ferreira, 2009)

A legislação existente em Portugal acerca da manutenção encontra-se desactualizada, sendo que o

único regulamento existente é o RGEU (Regulamento Geral de Edificações Urbanas), que foi revisto

e se encontra à espera de aprovação, passando a denominar-se por RGE (Regulamento Geral de

Edificações) (CSOPT, 2004).

A revisão do RGEU mostra-se fundamental uma vez que, este regulamento publicado em 1951, não

cobre matérias como durabilidade e manutenção, qualidade da edificação, segurança da intrusão,

pelo que já não está em conformidade com as normas regulamentares específicas que existem para

as edificações, estando desactualizado nas questões tecnológicas [(Santos, 2006) citado por

(Madureira, 2011)].

Importa referir que a actualização do RGEU não inclui nenhum artigo ou especificidade referente à

manutenção em edifícios históricos. Embora existam várias alterações previstas importantes no

capítulo da Durabilidade e Manutenção (Branco, 2010):

- elaboração do Manual de Inspecção e Manutenção da Edificação (MIME) compreendendo

inspecções correntes e especiais, bem como eventuais trabalhos de manutenção;

- as edificações sem MIME devem ser objecto de inspecções periciais pelo menos uma vez em cada

oito anos;

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2. A MANUTENÇÃO EM EDIFÍCIOS HISTÓRICOS

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- os resultados das inspecções devem ser arquivados pelo proprietário das edificações.

As alterações anteriormente descritas revelam-se importantes para garantir uma manutenção mais

correcta e regular do que a habitualmente existente em edifícios correntes, mas será importante

referir que deveria existir uma secção específica onde fosse abordada a manutenção obrigatória para

património histórico.

No final do século XX verificam-se várias alterações governamentais nas organizações responsáveis

pelo património cultural. É criado um novo organismo designado por Instituto Português do Património

Cultural (IPPC, inserido na altura na Secretaria de Estado e Cultura 1980) responsável pela tutela dos

bens culturais. A reorganização do sector em 1992 dá origem à extinção do IPPC e o seu

desmembramento em vários organismos sectoriais na área da cultura entre os quais museus (IPM),

arqueologia (IPA) e património arquitectónico (IPPAR) [W1].

Actualmente existe uma redefinição das competências do IPPAR (agora denominado IGESPAR e de

novo com a tutela da arqueologia). O Instituto de Gestão do Património Arquitectónico e Arqueológico

é um instituto público integrado na administração indirecta do estado. Este organismo tem por missão

a gestão, a salvaguarda, a conservação e a valorização dos bens que, pelo seu interesse histórico,

artístico, paisagístico, científico, social e técnico, integrem o património cultural arquitectónico e

arqueológico classificado do país [W1]. O IGESPAR enquadra-se assim actualmente como a entidade

responsável pela classificação e conservação de edifícios históricos em Portugal, reservando para si

a responsabilidade de assegurar as intervenções necessárias que assegurem a preservação do

património histórico existente, sob a sua alçada.

Em 1997 surge o modelo português da Carta de Risco do Património Arquitectónico, no âmbito do

Inventário Arquitectónico da DGEMN - Direcção Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais

actualmente integrada no IRHU - Instituto da Habitação e Reabilitação Urbana. Este projecto surge

como um módulo de carácter técnico, complementar às fichas de inventário existentes. Foi objectivo

da Carta de Risco constituir-se como uma ferramenta central de planeamento das intervenções,

através da hierarquização dos imóveis considerados prioritários, encaminhando informação técnica

(levantamentos gráficos e fotográficos, descrição dos materiais, tipo de estrutura, anomalias, entre

outras), classificada segundo o grau de degradação e respectiva prioridade de intervenção (Lobo de

Carvalho, 2007). Um exemplo de uma ficha-diagnóstico utilizada na Carta de Risco pode ser

consultado na Figura 2.4, o objectivo principal da recolha de dados seria a avaliação do estado de

conservação de vários edifícios históricos, recorrendo-se a uma lista de anomalias tipo para auxílio do

preenchimento das fichas.

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2. A MANUTENÇÃO EM EDIFÍCIOS HISTÓRICOS

Programa previsional de manutenção em edifícios históricos

13

Figura 2.4 – Exemplo de ficha-diagnóstico da Carta de Risco [W4]

Apesar do esforço efectuado para a elaboração de uma ficha-diagnóstico que pudesse ser utilizada

em todos os edifícios históricos, a Carta de Risco do Património Arquitectónico acabou por tomar, a

partir de 2000, uma orientação distinta, servindo essencialmente como resposta aos pedidos externos

de colaboração técnica da antiga DGEMN, quer a nível nacional, quer a nível internacional (Cabo

Verde e Brasil). Ainda assim, revelou-se como uma importante ferramenta na tentativa de criar um

sistema facilmente informatizável, com utilização de fichas de diagnóstico universais, e que permitisse

o levantamento de edifícios mais expedito (através da fotografia métrica rectificada).

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2. A MANUTENÇÃO EM EDIFÍCIOS HISTÓRICOS

14

2.4.2. A nível internacional

As mudanças socioeconómicas a nível mundial bem como os efeitos da globalização (aumento do

turismo) e da migração (diminuição de zonas agrícolas com abandono de edifícios históricos nessas

regiões) estão actualmente a ser alvo de atenção, pela influência directa que protagonizam nos

espaços edificados a preservar. Assim, internacionalmente estão em curso trabalhos de avaliação

dos efeitos e resultados atingidos, com os princípios até agora definidos e propostos como

orientações pelo ICOMOS – International Council on Monuments and Sites - para a reabilitação e

manutenção direccionadas para o património edificado mundial [W5].

No início da década de 1970, a recomendação da UNESCO sobre a Protecção do Património Natural

e Cultural (UNESCO, 1972), alertava para as medidas técnicas e científicas a adoptar, na perspectiva

de uma abordagem preventiva às políticas patrimoniais nacionais: “Os Estados membros deverão

efectuar a manutenção cuidadosa e constante do seu património cultural e natural a fim de evitar o

recurso a trabalhos onerosos para fazer face à sua degradação. Para esse efeito, deverão programar

uma fiscalização regular dos bens do património, efectuada através de inspecções periódicas”. A uma

política reactiva face às condições de degradação dos bens culturais, contrapõe-se agora a

necessidade de uma estratégia assente na previsão e preparação antecipada, segundo um novo

modelo conceptual, de carácter preventivo.

i) Experiência italiana

A experiência italiana conheceu um significativo desenvolvimento ao longo dos últimos 40 anos, esta

foi talvez a mais importante contribuição para a evolução de toda a filosofia de manutenção em

edifícios históricos existente no território europeu. A implantação da manutenção preventiva em

território italiano deu-se através de um modelo de actuação à escala territorial, estabelecendo uma

visão integrada do património cultural que não dissocia cultura e território. Os avanços e resultados

existentes depressa foram estudados e aplicados em outros países europeus.

Giovanni Urbani (1925-1994), director do Istituto Centrale per il Restauro (ICR) entre 1973 e 1983,

compreendeu a importância de desenvolver políticas culturais ao nível do território, contribuindo para

uma diferente abordagem da conservação patrimonial. Para além de uma importante obra de reflexão

teórica sobre aspectos da política cultural italiana como a conservação do património artístico, a tutela

patrimonial, a descentralização ou o estudo de factores ambientais, Urbani deixou um importante

legado sob a forma de uma interessante experiência pioneira, o Piano-pilota per la conservazione

programmata dei beni culturali dell’Umbria (Urbani & Zanardi, 2000). Neste plano para a região da

Umbria, emerge a noção de “risco ambiental”, designando uma característica de natureza territorial

que coloca em perigo o património cultural, evidenciando a relação entre as condições ambientais de

um território específico e a conservação do seu património (Lobo de Carvalho, 2007)

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2. A MANUTENÇÃO EM EDIFÍCIOS HISTÓRICOS

Programa previsional de manutenção em edifícios históricos

15

Com este plano, desenvolve-se o modelo de conservação preventiva, aplicando-o a um universo de

bens culturais existentes num mesmo território, nas mesmas condições ambientais e sob a mesma

responsabilidade administrativa. A conservação programada representa esta atitude preventiva,

relativamente ao património cultural, através do estudo rigoroso dos mecanismos de degradação, dos

riscos territoriais e da definição de acções de conservação, em relação a todo o território e não

apenas a um monumento ou a um grupo de monumentos.

Actualmente em Itália, a Lei Merloni obriga à existência de um plano de manutenção em todas as

edificações (Piano di manutenzione dell'opera e delle sue parti). O plano em causa é um documento

complementar ao projecto de execução, que prevê o planeamento e programação de acções de

manutenção, a fim de preservar os recursos, as características de qualidade e a eficiência do edifício.

Este plano de manutenção é constituído pelo manual do utilizador, manual de manutenção e

programação da manutenção (Flores-Colen, 2010).

ii) Experiência inglesa

Em Inglaterra a English Heritage (EH) é a associação responsável pela definição e execução das

políticas patrimoniais inglesas [W6]. Para além da análise estatística feita aos edifícios históricos

existentes no país, a English Heritage funciona como assessoria ao governo informando quais os

edifícios em maior risco de degradação profunda. Estabelece também ligações com as autoridades

locais, oferece instrução e conhecimento para a correcta manutenção e conservação de edifícios, e

encoraja o investimento privado em edifícios que se encontrem em risco.

No início da década de 1990 surge o projecto Building´s at Risk Register (BAR), com o objectivo de

construir uma base de dados central de edifícios históricos em Inglaterra. Esta ferramenta permitiu

classificar aproximadamente 500.000 imóveis, sendo que 46.000 apresentavam anomalias que

afectavam o normal funcionamento dos edifícios. O BAR permite listar os edifícios históricos

existentes (Figura 2.5), definir a escala do estado de degradação, e estabelecer em que medida

importantes edifícios se encontram em risco.

Figura 2.5 – Idade dos edifícios históricos listados no Reino Unido pela BAR (adaptado de [W6])

antes de 1600 - 15%

século XVII - 19%

século XVIII - 31%

século XIX - 32%

1900 a 1944 - 3%

desde 1945 - 0.2%

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2. A MANUTENÇÃO EM EDIFÍCIOS HISTÓRICOS

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O registo de imóveis em risco centra-se na avaliação dos imóveis classificados com os níveis mais

altos de protecção (graus I e II*):

- grau I: edifícios de interesse excepcional, por vezes classificados como internacionalmente

importantes; apenas 2.5% dos edifícios listados pertencem a este grau;

- grau II*: edifícios particularmente importantes e de especial interesse; 5.5% dos edifícios listados

pertencem a este grau;

- grau II: edifícios de interesse nacional; 92% dos edifícios listados pertencem a este grau.

Os critérios de avaliação individual de imóveis do BAR privilegiam a análise exterior e dão particular

importância à ocupação. Certos tipos de edifícios encontram-se particularmente ameaçados devido à

falta de utilização e são sobretudo estes que exigem estratégias de salvaguarda, passando pela sua

reutilização ou conservação e manutenção regular. É importante referir a experiência inglesa na

forma como tem tratado e gerido as suas igrejas e catedrais ao longo do tempo.

Na perspectiva da prevenção, ou seja, evitar o agravamento da condição física dos imóveis, as

categorias de prioridade reflectem sobretudo a evolução da degradação (dinâmica), em detrimento da

condição física (de natureza estática), permitindo uma melhor base de avaliação da situação através

de alterações na percentagem de cada categoria, em vez de um simples indicador como o número

total de edifícios na lista (Drury, 1998).

iii) Experiência Holandesa

A iniciativa holandesa direccionada para a manutenção de edifícios históricos tornou-se um exemplo

europeu, tendo sido seguida por diversos países tais como Alemanha, Dinamarca, Hungria e Bélgica

– país em que o projecto obteve maior sucesso.

Esta iniciativa nasceu através de uma associação fundada em 1973 com o apoio governamental, que

fornecia serviços de inspecção regular e pequenas reparações a um grupo de 20 proprietários de

edifícios históricos. Actualmente o projecto dá pelo nome de Monumentenwachte possui

representações em 11 províncias, contando com 52 equipas de inspecção e providenciando

anualmente relatórios sobre a manutenção prioritária em cerca de 15.000 imóveis classificados na

Holanda.

Cada equipa é constituída por dois elementos (monumentenwachters) que possuem [W7]:

- preparação teórica: estilos arquitectónicos, sistemas construtivos, anomalias, entre outras;

- preparação prática: carpintaria, canalização, colocação de telhas, segurança, entre outras.

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2. A MANUTENÇÃO EM EDIFÍCIOS HISTÓRICOS

Programa previsional de manutenção em edifícios históricos

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Estas equipas visitam os edifícios históricos em veículos próprios, e possuem equipamento para

acesso a zonas de difícil acesso (Figura 2.6). Os seus serviços consistem na execução de um

diagnóstico do edifício, na elaboração de um relatório detalhado sobre a sua condição física e em

recomendações sobre os trabalhos prioritários a realizar. Durante a inspecção são temporariamente

reparadas pequenas anomalias encontradas no local, e as restantes situações fazem parte do

relatório apresentado ao proprietário, que constitui a base de um plano de manutenção preventiva.

Figura 2.6 – Inspecção de um edifício histórico realizada pela Monumentenwacht [W7]

Os serviços da Monumentenwacht são subscritos através de uma quota anual (em 95% dos casos

voluntariamente) e, nalguns casos, a possibilidade de um subsídio governamental para os trabalhos

de manutenção encontra-se dependente dessa subscrição. Após uma primeira visita ao imóvel, este

passa a ser inspeccionado anualmente ou de dois em dois anos, de acordo com a sua dimensão e

características construtivas (Dann et al., 1999).

Em 2003, a Monumentenwacht celebrou o seu 30º aniversário e foi distinguida com o Prémio Europa

Nostra. Apesar de não fornecer um plano de manutenção completo, esta iniciativa demonstra de que

forma podem ser diminuídos os custos de intervenções de restauro, mantendo os custos de

conservação baixos através de uma manutenção regular e preventiva do património construído.

2.5. Estratégias de manutenção

A aplicação de estratégias de manutenção, no âmbito de uma gestão integrada, deve contemplar os

aspectos relacionados com a decisão, a prioridade e periodicidade das intervenções e as

características das operações de manutenção (limpeza, inspecção e reparação/substituição local).

Qualquer que seja a decisão, é sempre na decisão final o contexto económico e social que preside a

cada análise, por vezes à revelia de parâmetros técnicos.

Em situações de urgência, a decisão pode ser tomada em função da prioridade da intervenção. Este

último conceito permite diferenciar as intervenções e actuar, de forma rápida, nos casos mais críticos

(prioridade máxima), quando estão em risco a saúde e a segurança das pessoas. Os restantes graus

de prioridade têm uma relação directa com os estados de deterioração dos elementos e

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2. A MANUTENÇÃO EM EDIFÍCIOS HISTÓRICOS

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correspondem aos estados de muito a pouco degradado (Flores & Brito, 2003).

Para implementar de forma eficiente uma estratégia de manutenção, é necessário construir um

modelo de gestão de manutenção adequado (Figura 2.7), o qual deve conter as seguintes principais

fases: recolha de informação; modelação; e planeamento.

Figura 2.7 – Principais fases de um modelo de gestão de manutenção (adaptado de Vilhena, 2006)

A avaliação do estado de conservação assenta essencialmente em inspecções visuais. Com o intuito

de facilitar a inspecção e consequente recolha de dados, é necessário dividir o edifício em elementos,

aos quais se convencionou chamar ”Elementos Fontes de Manutenção” – EFM (Rodrigues, 1989). A

resposta do edifício aos estímulos patológicos não é feita individualmente por elementos ou

componentes, mas decorre da interacção conjunta de elementos que são envolvidas na cadeia de

causas e efeitos. Esta divisão tem a vantagem de ter sido desenvolvida segundo uma lógica de

comportamento em uso, que se revela útil para o estudo que se pretende realizar. Assume-se que

face à degradação, um edifício é constituído por um conjunto de elementos fonte de manutenção

(Quadros 2.1 e 2.2), cada um com mecanismos próprios de degradação.

Quadro 2.1 - Exemplo de listagem de EFM de uma cobertura (adaptado de Rodrigues, 2002 e Lobo de Carvalho, 2007)

Área Grupo cod. Classe cod. Elemento

Cobertura

Telhado

(ÁGu) Águas

(Te) Telhas

(Be) Beirado

(Cu) Cumeeira

(ESt) Estrutura

(Ri) Ripado

(Va) Varas

(Ma) Madres

(As) Asnas

(Rm) Reforços metálicos

(Pa) Passadiços

Terraço

(Pav) Pavimento (La) Lagedo

(Ju) Juntas

(Dre) Drenagens (Ca) Caleiras

(Pq) Pontos de queda

Política de manutenção

Recolha de informação

• Avaliação do estado de

conservação

• Orçamento

• Especificações

Modelação

• Modelo do ciclo de vida

• Opções

• Risco

Planeamento

• Priorização

• Estratégias de manutenção

• Contigências

Acção Análise

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2. A MANUTENÇÃO EM EDIFÍCIOS HISTÓRICOS

Programa previsional de manutenção em edifícios históricos

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Quadro 2.2 - - Exemplo de listagem de EFM de uma fachada (adaptado de Rodrigues, 2002 e Lobo de Carvalho, 2007)

Área Grupo cod. Classe cod. Elemento

Fachada Estrutura Vertical

(PAe) Parede exterior

(Cs) Cantaria Simples

(Ca) Cantaria artística

(Ar) Alvenaria Rebocada

(Tr) Tirantes metálicos

(Ap) Alvenaria pedra

(DNv) Drenagens verticais

(Ga) Gárgulas

(Go) Goteiras

(Tq) Tubos de queda

(Vao) Vãos

(Al) Alvenaria

(Vd) Vitral decorativo

(Vs) Vidro simples

(Es) Estrutura suporte

(Gr) Gradeamento

(Cl) Coluna

(Cs) Cantaria simples

A caracterização de cada EFM será mais fácil e expedita se existir um código que caracterize

individualmente cada elemento, localizando-o facilmente no plano de manutenção (Rodrigues, 1989).

Para situações em que existam vários elementos seguidos iguais (por exemplo janelas alinhadas na

mesma fachada) poderá ser utilizado um código numérico mais completo. Este tipo de identificação

poderá também facilitar o processo de informatização dos dados referentes a cada edifício.

A principal diferença de um modelo de gestão de manutenção especificamente aplicado a edifícios

históricos será a aplicação de modelos de ciclo de vida, existindo muitas vezes impossibilidade de

substituição de elementos devido a questões de autenticidade e de valor histórico.

A última etapa do planeamento visa com os resultados obtidos nas fases anteriores, traçar cenários

de manutenção, que englobam nomeadamente escalonamento de acções de acordo com a sua

criticidade e estratégias de manutenção tendo em conta os orçamentos disponíveis.

Conclui-se desta forma que uma recolha eficaz de dados é essencial para a implementação e

planeamento da manutenção, originando uma política de gestão e intervenção adequada ao imóvel,

qualquer que seja a sua natureza.

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2. A MANUTENÇÃO EM EDIFÍCIOS HISTÓRICOS

20

2.6. Vida útil

Apesar de serem geralmente considerados bens de grande longevidade, todos os edifícios iniciam

um processo contínuo de degradação a partir do momento em que são construídos – uma evolução

normalmente lenta e quase imperceptível no início, mas que acelera ao longo do tempo.

Este processo pode ser entendido como um ciclo de vida e traduz-se em grandes valores de

investimento contínuo em manutenção e gestão, bem como na reparação e substituição de

componentes e sistemas. O somatório de todos estes investimentos tem um tal peso económico que

mesmo uma pequena redução de recursos se traduz numa elevada poupança geral, com expressão

directa na economia e no ambiente, duas variáveis cujo equilíbrio assegura a sustentabilidade das

sociedades actuais (Gaspar, 2003).

De acordo com a ISO 15686-1 (2000) a vida útil é o período de tempo durante o qual as propriedades

do edifício respondem ou excedem os níveis mínimos aceitáveis para o seu funcionamento – de

ordem intrínseca ao elemento, normativa ou subjectiva – numa situação de manutenção corrente. No

estudo de diferentes tipos de construção verifica-se que a vida útil é, antes de mais, um conceito

relativo que depende da definição de níveis mínimos aceitáveis de desempenho para o edifício

considerado, bem como do respectivo contexto social, económico, político, estético, ambiental ou

normativo que se enquadra a sua avaliação. Existe assim uma diferenciação da vida útil (Gaspar,

2003) em vários tipos (física, funcional e económica):

i) Vida útil física

Todos os objectos e construções se degradam desde o dia em que são concluídos. No caso das

edificações, este processo de “envelhecimento” é geralmente lento (decorrendo muitas vezes ao

longo de várias gerações), o que dificulta o estudo do fenómeno, sobretudo numa sociedade virada

quase exclusivamente para o presente. No entanto, a compreensão da vida útil física das construções

é cada vez mais importante, num contexto de recursos cada vez mais escassos, para um vasto

parque construído e a envelhecer. Talvez por isso, esta é a dimensão do estudo da vida útil das

construções que maior desenvolvimento tem conhecido.

A vida útil física corresponde ao período de tempo durante o qual o edifício ou parte dele se mantém

num nível requerido de adequação às exigências que lhe são colocadas ou que lhe permita acolher e

responder a novos usos, sem sofrer desgaste físico irreversível para além de uma manutenção

corrente ou de investimentos equivalentes ao custo de reposição do elemento (Brand, 1997). O fim da

vida útil física de um material ou componente corresponde ao limite teórico da respectiva durabilidade

por motivos de degradação física, devido ao desgaste decorrente do uso, das acções ambientais

(num cenário de manutenção corrente) ou por degradação por negligência (em cenários de ausência

de manutenção).

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2. A MANUTENÇÃO EM EDIFÍCIOS HISTÓRICOS

Programa previsional de manutenção em edifícios históricos

21

Para a aplicação deste tema é necessário contextualizar a análise, pois à semelhança das exigências

funcionais das construções, também as exigências de higiene, segurança, estanqueidade, isolamento

(genericamente consideradas exigências de desempenho) sofrem evoluções, conforme aumentam as

expectativas dos utentes as exigências da sociedade – através de normas e regulamentos.

Na prática, a estimativa da vida útil física das construções fornece um valor indicativo equivalente à

determinação do limite máximo do seu período de serviço, necessário para qualquer análise

relacionada com a vida útil económica do edifício, servindo de base para toda a planificação de

optimização do investimento e para a escolha, planificação, programação e optimização das acções

de manutenção.

Dividindo o edifício em elementos fonte de manutenção, é feito para cada um deles a previsão da

vida útil de referência, a partir do conhecimento do material e do seu grau de deterioração no tempo,

de acordo com determinadas propriedades mensuráveis escolhidas como indicadores de

degradação. De entre os métodos existentes distinguem-se geralmente duas abordagens principais

(Brito, 2001):

Métodos determinísticos, de acordo com os quais a vida útil de um elemento é função de uma

durabilidade de referência (por exemplo, indicações do fabricante), posteriormente modificada

através de factores ou formulas matemáticas, de acordo com as condições de serviço

expectáveis, obtendo-se um valor absoluto da durabilidade do elemento estudado. São

exemplo o Regulamento Japonês desenvolvido pela Architectural Institute of Japan [W8] bem

como o método factorial indicado na ISO 15686-1 (2000).

Métodos probabilísticos, que procuram traduzir a incerteza relacionada com a degradação de

um elemento e a própria imprevisibilidade das condições reais de utilização, através de

funções probabilísticas (normalmente baseadas em valores estatísticos ou num cálculo

probabilístico) que definem a probabilidade de uma mudança de estado (de conservação) do

elemento estudado.

No estudo da vida útil física associada a edifícios históricos, poderá dar-se como exemplo uma porta

decorativa de um edifício do séc. XIX, que atingiu o seu limite teórico de durabilidade por motivos de

degradação física associados ao desgaste. No caso de um edifício corrente a filosofia associada ao

estudo da vida útil indicaria que esse elemento deveria ser substituído; no caso de um edifício

histórico, se se tratar de um elemento único de elevado valor cultural, não se deverá pensar na sua

imediata substituição, devendo-se ao invés conservar esse elemento da melhor forma possível.

Outro exemplo poderá ser a substituição de telhas em coberturas inclinadas. Na análise de um

edifício histórico que não possua registo de intervenções anteriores, os elementos telha da cobertura

deverão ser analisados de forma a se compreender qual a sua vida útil restante à data da inspecção.

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2. A MANUTENÇÃO EM EDIFÍCIOS HISTÓRICOS

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Poderá assim planear-se as próximas intervenções de forma pró-activa, ou, no caso de esse

elemento se encontrar muito degradado, substitui-lo de forma a não existirem futuros problemas de

infiltrações que possam prejudicar os vários elementos do edifício.

ii) Vida útil funcional

A vida útil funcional (ou serviceability, na literatura anglo-saxónica) corresponde ao período de tempo

durante o qual uma construção permite a sua utilização, independentemente do fim para que foi

concebida, sem obrigar a alterações generalizadas.

Este conceito ultrapassa uma natureza meramente programática (do tipo “a forma segue a função”),

dado que actualmente se entende a adequação ao uso como resposta global às expectativas dos

utentes, incluindo a funcionalidade estrita, mas também dimensões de conforto, de moda ou de

significado de arquitectura, o que explica, por exemplo, a existência e preservação de determinados

edifícios históricos (Gaspar, 2003).

Desta definição, constata-se imediatamente a enorme dificuldade associada ao estudo da vida útil

funcional, uma vez que, mesmo que uma construção se mantivesse num nível constante de resposta

a determinadas exigências, a própria noção do que é mais adequado ou desejável num dado

momento e local está em constante mutação. Mesmo para intervalos de tempo relativamente

reduzidos (de anos, por exemplo), as expectativas dos utentes do que é viver bem estão em

constante evolução, na aspiração de viver com mais espaço, com mais conforto, ou mais “à moda”

(Gaspar, 2003).

Tendo como exemplo a envolvente exterior das edificações (fachadas, vãos exteriores e coberturas),

considera-se que estas necessitam de sofrer intervenções a cada 20 anos (Manso, 2003), prazo que

é muito mais dilatado no caso de edifícios habitacionais (normalmente sujeitos a uma maior inércia de

transformação e com maiores restrições financeiras) do que nos edifícios de serviços, cujas

mudanças decorrem geralmente de necessidades de mudança de imagem ou de obsolescência

tecnológica.

Relativamente a edifícios históricos não existirá o problema de obsolescência tecnológica nem

questões associadas à estética, dependentes dos critérios (subjectivos) de cada pessoa. Neste tipo

de edifícios interessará a sua conservação, obedecendo a características de intervenção que possam

preservar a autenticidade do mesmo.

iii) Vida útil económica

Entendendo-se os edifícios como bens, estes podem assim ser considerados como investimentos

passíveis de gerar ganhos (financeiros ou de bem-estar social). Contudo, torna-se igualmente

necessário considerar os custos associados à manutenção, que adiem a obsolescência técnica e

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2. A MANUTENÇÃO EM EDIFÍCIOS HISTÓRICOS

Programa previsional de manutenção em edifícios históricos

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funcional dos seus componentes e sistemas. Quando tal não acontece, os edifícios (ou zonas

urbanas onde se inserem) podem entrar numa espiral de decadência e abandono, com sérias

implicações do ponto de vista social (Gaspar, 2003).

Este processo nem sempre tem um sentido descendente e verifica-se que edifícios com uma

construção suficientemente durável e com qualidades formais e simbólicas especiais conseguem, por

vezes, sobreviver a este ciclo descendente. Pode dar-se então uma sequência inversa que conduza

inclusivamente à reabilitação dessas áreas: tornam-se focos de interesse urbano, que eventualmente

começam a atrair novos usos, dando início a um novo ciclo económico.

A vida útil económica de uma construção pode, pois, definir-se como o período de tempo que decorre

até que esta seja substituída do seu propósito inicial por outra construção ou actividade mais rentável,

ou enquanto mantiver uma relação custo/benefício anual inferior às alternativas. Como ferramenta de

apoio à decisão, num contexto de alternativas disponíveis que diferem entre si em termos de custo

inicial e em custos expectáveis, poderá utilizar-se o LCC - Life Cicle Cost (Ruegg & Marshall, 1990).

Esta ferramenta económica permite comparar opções fornecendo um valor que traduz os custos

globais de um investimento para o momento presente. A aplicação desta ferramenta depende de um

período de referência para a vida útil (o LCC considera normalmente períodos de análise de cerca de

25 anos), para o qual se estimam e somam os custos de determinada opção, descontados para o

momento actual, de acordo com taxas de actualização e inflação (Gaspar, 2003).

No caso de edifícios históricos, o tema do ciclo de vida não será introduzido da mesma forma. Neste

caso as acções de intervenção serão aplicadas de forma diferente, orientadas para a conservação do

bem; será ainda assim importante abordar o horizonte temporal a que todos os elementos estão

sujeitos. Tendo em conta que se pretende elaborar planos previsionais de manutenção, as

intervenções deverão basear-se num modelo de gestão de manutenção, onde as acções preventivas

para os vários valores de periodicidade devem ser integradas num programa financeiro anual a

preços correntes e, posteriormente, transformados numa anuidade (valor constante) para um

horizonte temporal estabelecido.

2.7. Preservação da autenticidade

Em todas as acções de intervenção de património histórico edificado deve estar presente um conjunto

de acções que permita diminuir o grau de alteração dos materiais e elementos construtivos utilizados.

Procura-se assim preservar o testemunho cultural, prolongando tanto quanto possível a sua

viabilidade construtiva e funcional.

Deve-se ter presente a existência de diferentes níveis de intervenção, sendo que a conservação deve

ser encarada como a menos intrusiva para os edifícios, devendo sempre que possível ser privilegiada

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2. A MANUTENÇÃO EM EDIFÍCIOS HISTÓRICOS

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relativamente às demais (reabilitação, substituição, entre outras).

Após a contribuição italiana na área da manutenção de edifícios históricos, foi dado um dos passos

mais significativos nestas áreas: a Carta de Veneza [anexo I], de 1964. O seu significado reside não

só no seu conteúdo concreto – conciso e generalista -, mas antes nos conceitos que introduz, à luz

da aceitação de diversos países, assumindo uma dimensão comum, pelo menos a nível europeu. A

Carta de Veneza deve ser encarada como portadora de orientações e não dogmas, referenciais e não

limites(Sousa, 2003).

A conservação de edifícios históricos é caracterizada por um conjunto de especificidades que a

tornam uma actividade muito particular. Trata de objectos únicos e de grande valor cultural; depende

de áreas do conhecimento muito diversas (podem nomear-se, entre outras, a história; a história de

arte; a arqueologia; a arquitectura; a engenharia; a química; a geologia e a mineralogia); deve

considerar os factores ambientais que condicionam o edifício; não podendo estar dissociada de

aspectos sociais, económicos e políticos – a nível local, regional e nacional - extravasa o domínio

técnico e científico. Neste contexto, cada acção de conservação deve enquadrar as particularidades

de determinado edifício num conjunto de orientações que garanta uma abordagem correcta a todas

as questões que se colocam. Note-se que a abordagem em causa será absolutamente distinta da que

norteia qualquer outra actividade relacionada com a construção (Moreira Rato, 2002).

Na fase antecedente à intervenção dever-se-á ter em conta as operações e tecnologias existentes

que mais se adequam ao edifício em estudo. O conhecimento das técnicas de construção tradicional

tem de ser encarado segundo dois princípios essenciais: é necessário conhecer o objecto de

intervenção antes de estudar e realizar essa intervenção, de modo a adequar os materiais e métodos

a aplicar às características desse objecto. Em segundo lugar, o conhecimento das técnicas

tradicionais interessa, na medida em que essas mesmas técnicas serão, com frequência, as soluções

mais recomendáveis para as intervenções efectuadas (Appleton, 2003).

2.8. Características de intervenções em edifícios históricos

2.8.1. Decisão de intervenção

Em termos de decisão de intervenção em edifícios é utilizada historicamente a manutenção reactiva

(também denominada resolutiva, curativa ou correctiva) situação em que se deixa operar o

mecanismo de degradação do elemento e só depois se actua na acção de reparação das anomalias.

Embora esta metodologia pareça menos onerosa a curto prazo, com o tempo vai introduzir custos

mais elevados. Esta situação pode ser minimizada pela implementação de procedimentos técnicos,

apoiados em fichas de diagnóstico que permitam obter respostas rápidas de solução para as

anomalias dos elementos (Weaver, 1997).

É urgente a constituição de um banco de dados para a divulgação destes procedimentos-tipo, que

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2. A MANUTENÇÃO EM EDIFÍCIOS HISTÓRICOS

Programa previsional de manutenção em edifícios históricos

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fomente a nível nacional uma cultura de actuação rápida e atempada perante o estado de

degradação do parque habitacional, favorecendo, ao mesmo tempo, uma acção consertada de

actuação, enquadrada nas seguintes acções: detecção dos sintomasrealização do

diagnósticoeliminação das causas -> execução das acções correctivas monitorização (Flores &

Brito, 2002).

Tem vindo a ser desenvolvida nos últimos anos uma política pró-activa assente na previsão

antecipada, tendo como objectivo o planeamento de intervenções antes da ocorrência de anomalias,

reduzindo a probabilidade de determinado elemento apresentar deteriorações que conduzem o seu

desempenho abaixo das exigências estabelecidas. Esta metodologia assenta essencialmente na

manutenção predictiva e preventiva (Flores & Brito, 2002):

- A manutenção preventiva consiste na execução de actividades de manutenção, baseadas num

planeamento e em periodicidades fixas, permitindo uma redução de trabalhos extraordinários e uma

menor interferência com a normal utilização do edifício;

- A manutenção predictiva consiste na execução de actividades de manutenção, em função da

análise do estado dos diversos elementos, planeando as inspecções e não as actividades a executar.

Este tipo de abordagem pró-activa trata-se um modus-operandi difícil de implementar, uma vez que a

intervenção (reactiva) de grande visibilidade continua a parecer mais válida que a adopção de uma

metodologia preventiva, cuja eficiência apenas se comprova com o tempo. Trata-se de uma

metodologia “silenciosa” e, por isso mesmo, pouco atractiva aos olhos de quem pretende mostrar

obra feita (Lobo de Carvalho, 2007).

Os critérios de decisão não deverão limitar-se aos aspectos puramente técnicos. São também

importantes os aspectos económicos, funcionais, contextuais, ambientais, psicológicos, estéticos e

culturais. Com base nas evidências encontradas (tipo de manifestação patológica, extensão do

problema), na sua projecção de evolução (prognóstico) e na presença de riscos para os utentes, é

tomada a decisão mais acertada. Como apoio a esta decisão, pode recorrer-se a matrizes que

contemplem vários critérios que facilitem a escolha entre várias acções de correcção (Campante et al,

2001).

2.8.2. Prioridade de intervenção

Existem vários factores que podem condicionar o planeamento de acções de manutenção, tais como

o carácter de urgência, o funcionamento do edifício, o estado de degradação dos elementos, o efeito

negativo nos utentes e as implicações nos custos de manutenção (Madureira, 2011).

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2. A MANUTENÇÃO EM EDIFÍCIOS HISTÓRICOS

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Quadro 2.3 – Classificação de prioridades para acções de manutenção [ (Johnson, 1999) citado por Flores-Colen, 2003)]

Classificação/ Código prioridade/ Descrição

Grupo Sub-classes

Prioridades dos trabalhos, em termos de

urgência

Prioridade 1 Trabalhos inevitáveis

Prioridade 2 Trabalhos essenciais

Prioridade 3 Trabalhos urgentes

Prioridade 4 Trabalhos desejáveis

Sub-classes de manutenção

A Respeitar as obrigações legais

B Respeitar as exigências de segurança e

saúde

C Evitar sérias perturbações na utilização

D Prevenir grave deterioração física

E Evitar perturbações na utilização

Efeitos se a acção não ocorrer

1 Rápidos custos e incómodos na utilização

2 Efeitos muito significativos (rotura)

3 Efeitos do atraso mínimos

4 Efeitos de atraso sem significado

Efeitos nos utilizadores do edifício

X Grandes perturbações nos utilizadores

Y Pequenas perturbações nos utilizadores

Z Efeitos mínimos sem significado

Na elaboração de planos de manutenção poderão ser definidos critérios para definir a prioridade de

cada intervenção. No Quadro 2.3 são identificados alguns critérios para escalonar acções de

manutenção, em termos de prioridade de intervenção (por exemplo: classificação 2D1Z = trabalho

essencial / previne a deterioração física / se não for executado origina custos imediatos / a sua

execução não perturba os utilizadores do edifício).

2.8.3. Periodicidade de intervenção

Para se estabelecer a periodicidade de acções é necessário possuir dados de suporte válidos acerca

do comportamento dos elementos do edifício em estudo, caso contrário, corre-se o risco das acções

definidas não serem realistas (comportamentos previstos diferentes dos verificados em serviço), esta

situação será mais provável em soluções construtivas cuja falta de experiência adquirida aconselha

uma atitude mais conservativa.

O estabelecimento de uma periodicidade das acções de manutenção permite a racionalização das

intervenções, relacionando o tipo de intervenção, o nível exigido de qualidade e o grau de

deterioração. A periodicidade legal de 8 anos estabelecida pelo Decreto-Lei nº177/2001 (já indicada

anteriormente no RGEU) para obras correntes de manutenção, nem sempre é cumprida e, em certos

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2. A MANUTENÇÃO EM EDIFÍCIOS HISTÓRICOS

Programa previsional de manutenção em edifícios históricos

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casos, é mesmo inadequada. De forma a ser implementado um plano de manutenção adequado a

periodicidade atribuída a cada acção depende, naturalmente, do tipo de edifício – nomeadamente, da

sua arquitectura, dimensão, tipologia construtiva e materiais existentes – bem como dos fenómenos

de degradação diagnosticados e das condicionantes ao seu desenvolvimento. O seguinte exemplo

comparativo é demonstrativo destas condições (Moreira Rato, 2002): o claustro do Mosteiro dos

Jerónimos e a Torre de Belém são dois edifícios construídos na mesma época, com materiais e

processos construtivos semelhantes e situados na proximidade um do outro; contudo, estão sujeitos a

micro-climas distintos, o que se deve ao facto de o claustro ser um espaço exterior fechado sobre si-

mesmo e a Torre de Belém estar sobre a foz do rio Tejo. Deste modo, ainda que assumindo o mesmo

ponto de partida quanto ao estado de conservação, o plano de manutenção de um teria de ser

diferente do do outro, quer ao nível do tipo de acções, quer ao nível da sua periodicidade.

O plano de manutenção deverá ainda ter em conta a chamada manutenção de oportunidade (Lobo de

Carvalho, 2007). Este deverá sistematizar um conjunto de intervenções a executar, garantindo a

qualidade técnica das equipas, a escolha dos materiais e das técnicas a aplicar, tendo em conta as

questões de segurança, de facilidade de execução e de durabilidade. Na prática, as acções são

agrupadas como forma de garantir uma economia de meios, sem colocar em causa a funcionalidade

e a segurança do edifício. Esta junção implica, inevitavelmente, o adiamento de algumas acções e a

antecipação de outras, para que possam coincidir no momento de uma execução simultânea. Haverá

que ponderar as eventuais consequências de tal facto, nomeadamente ao nível das acções que são

adiadas, garantindo que o risco inerente a este adiamento seja aceitável (Flores-Colen, 2003).

2.9. Intervenções e tecnologias disponíveis

Grande parte dos problemas existentes na manutenção e substituição de elementos fonte em

edifícios antigos prende-se com a incompatibilidade dos materiais utilizados. Nos últimos anos têm

vindo a ser desenvolvidos vários estudos acerca dos materiais utilizados originalmente em edifícios

históricos. Muitas vezes têm sido adaptadas técnicas e normas referentes a materiais recentes, esta

situação demonstra a crescente preocupação para com a conservação de materiais tradicionais,

investindo-se mais na sua manutenção e preservação, e menos na sua substituição (Weaver, 1997).

No caso específico das fachadas as maiores dificuldades centram-se na aplicação de argamassas,

muitas vezes originando anomalias devido à incorrecta aplicação de materiais de reparação (Figura

2.8). Com o surgimento dos produtos cimentícios as argamassas tradicionais caíram em desuso

(Appleton, 2003), ainda assim tem existido nos últimos anos uma crescente procura por soluções de

reabilitação mais “fracas” que permitam uma redução do uso do cimento nos rebocos de reparação.

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2. A MANUTENÇÃO EM EDIFÍCIOS HISTÓRICOS

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Figura 2.8 - Descasque de revestimento devido à incompatibilidade dos materiais de reparação, Fachada Norte da Igreja de Santa Maria dos Olivais (fotografia de autor)

Pelo seu valor histórico e estético, é hoje consensual, nos meios culturais e científicos, a opção pela

salvaguarda, sempre que possível, das superfícies arquitectónicas e dos revestimentos existentes,

recorrendo à sua reparação e consolidação, em detrimento da sua renovação, prática até há pouco

privilegiada. O avanço da ciência e da técnica, associado ao aumento do valor patrimonial dos

próprios revestimentos (pela sua cada vez maior raridade e pelo enfoque na autenticidade nas

contemporâneas teorias da conservação), permite hoje reconsiderar a metodologia de intervenções

em edifícios históricos (Veiga et al., 2004).

É assim claro, que a decisão sobre o tipo de intervenções a realizar não pode basear-se apenas nos

resultados da avaliação de estados de degradação, é também fundamental ter em conta outros

factores, tais como o valor do edifício, a sua importância histórica e o seu contributo estético, assim

como o grau de raridade de uma construção, parede, revestimento ou acabamento. Tal como refere

Veiga (2004): “Podemos hoje recorrer a técnicas muito sofisticadas para desenvolver análises de

revestimentos mas, no nosso entender, nada pode substituir neste domínio o contacto directo e não

intermediado entre o estudioso e o edifício histórico que pretendemos estudar”.

Hoje dispõem-se tanto da possibilidade de recorrer aos antigos saberes como novas possibilidades

tecnológicas no que se refere à conservação e restauro de revestimentos históricos. A engenharia da

conservação disponibilizou novos produtos de síntese, assim como procedeu, nos últimos anos, à

reavaliação do contributo fulcral de técnicas ancestrais que estavam praticamente perdidas. Algo de

similar se passou com o desenvolvimento de produtos de limpeza e de combate ao ataque biológico

(Veiga et al., 2004).

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2. A MANUTENÇÃO EM EDIFÍCIOS HISTÓRICOS

Programa previsional de manutenção em edifícios históricos

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É assim preferencial, adoptar uma escala de opções de intervenção que proteja o mais possível os

elementos históricos, dando-se prioridade a acções de manutenção preventiva, recorrendo-se a

substituições apenas em último caso.

2.10. Planos de manutenção em edifícios históricos

Cada plano de manutenção deve ser encarado como um instrumento susceptível de sofrer alterações

e adaptações. A adequabilidade das acções definidas apenas poderá ser confirmada com o passar

do tempo, mas reforça-se como condições essenciais para a aplicação de manutenção em edifícios

históricos:

a necessidade de todas as acções definidas no plano de manutenção estarem de acordo com

os princípios éticos até aqui referidos;

antes de se definirem periocidades e acções de intervenção, devem ser considerados alguns

requisitos tais como a caracterização geral do edifício - de forma a conhecer-se os diversos

elementos construtivos presentes e os materiais usados - e a utilização de mão-de-obra

qualificada que compreenda a responsabilidade de intervir num edifício de elevado valor

histórico (Moreira Rato, 2002);

a criação de um “manual de intervenção” que registe pormenorizadamente todas as acções

executadas acompanhadas por meios fotográficos e elementos escritos, esta operação tem

em vista a melhoria de intervenções futuras e a constituição de uma base de dados cada vez

mais completa;

por fim, deve-se assegurar que existem condições de segurança adequadas a todos os

trabalhos de manutenção.

Para a correcta aplicação de planos de manutenção, deverá existir em cada edifício um responsável

pela sua conservação e que se encarregue da gestão do plano de manutenção, garantindo a sua

execução, acompanhando todas as acções e elaborando os respectivos registos e relatórios. Nesta

actividade de gestão, deve incluir-se a coordenação de todos os meios humanos e técnicos e o

controlo financeiro. A cada plano de manutenção tem de corresponder um orçamento devidamente

preparado e aprovado pela entidade tutelar. A gestão financeira contempla não só a execução

quotidiana, como também a avaliação permanente da estimativa inicial face aos custos reais,

devendo permitir a elaboração de dados estatísticos que possam fundamentar a atribuição de

recursos anual e a previsão das necessidades para o futuro (Moreira Rato, 2002).

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2. A MANUTENÇÃO EM EDIFÍCIOS HISTÓRICOS

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2.11. Considerações finais do capítulo

Devido à ainda pequena divulgação deste tema, foi importante definir numa primeira fase deste

trabalho o que se entende por manutenção em edifícios históricos, efectuando sempre que possível a

respectiva comparação com os trabalhos elaborados no âmbito dos edifícios correntes – área essa

que tem vindo a crescer bastante nos últimos anos. Este capítulo estabelece também a diferenciação

de diversos termos muitas vezes confundidos na área do património histórico, desta forma é feita a

distinção de manutenção, reabilitação, conservação entre outros.

Os princípios aqui descritos referentes à manutenção, não devem ser entendidos como regras

absolutas - uma vez que o tipo de edifícios aqui estudados se diferenciam bastante entre - devem ser

entendidos sim como formas de actuação gerais, podendo ser sujeitas a alterações quando

conveniente.

Para além da manutenção de edifícios históricos em Portugal, foi importante analisar o que foi feito

em outros países, desta forma foram descritos os seguintes casos:

a experiência italiana, que devido ao seu pioneirismo e modelo de conservação aplicado ao

território foi a que mais contribuiu a nível europeu para o desenvolvimento do tema;

a experiência inglesa, importante sobretudo devido ao seu pragmatismo face aos problemas

encontrados na conservação de monumentos, bem como a sua experiência na

implementação de estratégias preventivas e pró-activas nas suas igrejas e catedrais o que

tem vindo a fornecer boas indicações quanto à pertinência financeira deste tipo de

abordagens;

a iniciativa holandesa, que se revelou um caso de sucesso ao nível de aplicação e vantagens

financeiras, o que faz com que tenha vindo a ser seguida por diversos países.

Para além de estratégias de manutenção utilizadas, bem como a discussão da preservação da

autenticidade em edifícios sujeitos a intervenções, foi também introduzido neste capítulo

características de intervenções em edifícios históricos – abordando-se essencialmente as questões

de decisão, prioridade e periodicidade de intervenções e inspecções.

Actualmente, a informação nesta área encontra-se muito dispersa e pouco desenvolvida, pelo que a

sua recolha e sistematização constituem incrementos importantes. A organização destes dados será

importante para no futuro existir um acesso mais fácil a planos de manutenção diferenciados,

contribuindo-se assim para a melhoria contínua do tema.

No próximo capítulo será apresentada uma metodologia que apoiará a elaboração de planos

previsionais de manutenção aplicados a edifícios históricos.

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3. METODOLOGIA DE MANUTENÇÃO EM EDIFÍCIOS HISTÓRICOS

Programa previsional de manutenção em edifícios históricos

31

PROPOSTA DE METODOLOGIA DE MANUTENÇÃO EM EDIFÍCIOS HISTÓRICOS 3.

3.1. Considerações gerais

Este capítulo tem como objectivo a apresentação de uma metodologia de manutenção que possa ser

aplicada em edifícios históricos, pretendendo-se assim explicitar todas as fases a executar de forma a

se atingir um plano de manutenção para edifícios deste tipo.

É objectivo final desta fase do trabalho a proposta de um plano de manutenção que seja um

instrumento de gestão, orientado para a conservação contínua do monumento, através do estudo das

suas características construtivas e respectivas necessidades de manutenção.

Ao longo da aplicação desta metodologia devem ser tidas em conta as características que

diferenciam este tipo de monumentos, tais como:

grande heterogeneidade deste tipo de edifícios, com diferentes épocas de construção e

diferentes técnicas construtivas;

valorização cultural para a zona em que estão envolvidos;

autenticidade de elementos únicos, onde o objectivo não é substituir mas sim conservar;

edifícios muitas vezes sujeitos a visitas turísticas diárias.

A metodologia exposta poderá ser aplicada em qualquer edifício histórico, tendo em conta que

poderão ser efectuadas alterações nas formulações apresentadas, dependendo de cada caso de

estudo.

3.2. Fundamentos da proposta de metodologia de manutenção em edifícios históricos

Um plano de manutenção elaborado especificamente para edificações históricas introduz o conceito

de conservação preventiva, ou seja, será necessário existir um especial cuidado em todas as

intervenções efectuadas, substituindo apenas o que é essencial e preservando o que é histórico e o

que é único. Pretende-se assim monitorizar o comportamento do edifício, evitando o aparecimento ou

agravamento de anomalias identificadas ou previsíveis. A gestão eficiente destas rotinas, organizada

tecnicamente sobre a forma de um plano, possibilita não só uma maior longevidade dos elementos

estudados, como um melhor funcionamento quotidiano, para todos aqueles que o utilizam ou visitam.

Este documento possibilita através da gestão de manutenção, a identificação das acções a realizar,

quem as executa e qual a sua periodicidade. Para além disso, servirá como uma importante

ferramenta de monitorização do edifício, permitindo controlar os custos associados à manutenção. O

plano de manutenção assume assim um carácter simultaneamente técnico (instrumento operativo) e

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3. METODOLOGIA DE MANUTENÇÃO EM EDIFÍCIOS HISTÓRICOS

32

económico, sendo possível através da programação de acções estimar as necessidades financeiras.

A organização genérica de um plano de manutenção baseia-se em dois sistemas inter-relacionados,

a inspecção periódica (funcionando de acordo com o estado de conservação dos elementos

construtivos) e a intervenção programada (da qual depende a manutenção preventiva, baseada na

previsão do fim de vida útil desses elementos). É aliás neste contexto, que alguns autores propõem a

designação de Plano de Inspecção e Manutenção, aconselhando a adopção de uma metodologia

mista (Flores & Brito, 2003).

Para avaliar o estado de degradação de um edifício, serão analisados os vários elementos fonte que

o constituem. O desempenho de um elemento construtivo refere-se às suas características físicas e

funcionais, o que pressupõe um determinado comportamento face às funções pretendidas durante o

seu ciclo de vida esperado.

A análise da vida útil estará assim mais enquadrada no caso de um elemento construtivo novo. Como

exemplo, pode referenciar-se um elemento fonte telha de cobertura, cujas propriedades mecânicas

vão diminuindo durante um período estimado de 25 a 30 anos (Manso, 2004) findo o qual se torna

eventualmente necessária a sua substituição, de forma a não existirem problemas de estanqueidade

que prejudiquem o resto do edifício, ou seja repor o elemento num nível aceitável/desejável.

O fim da vida útil não servirá para justificar a substituição de elementos originais constituintes de

edifícios históricos, isto é, a substituição de um elemento construtivo original é (por princípio) contrária

ao próprio conceito de conservação e ao esforço colocado na preservação da sua autenticidade

histórica. A ocorrer, a substituição de um elemento original deve-se a imperativos de ordem estrutural,

de segurança para os utilizadores ou de risco para a demais estrutura, e não de critérios como o seu

desempenho, durabilidade ou vida útil. Acresce que em edifícios correntes, existem outros critérios

para a substituição ou modificação de elementos construtivos, decorrentes da satisfação de

exigências regulamentares de conforto, higiene ou segurança, bem como aspectos relacionados com

a obsolescência funcional de instalações e equipamentos. Mais uma vez, nestes casos, a sua

aplicação a edifícios antigos obedece a uma maior atenção à estrutura original e seu conteúdo, na

perspectiva da salvaguarda de valores culturais (Lobo de Carvalho, 2007).

Torna-se assim importante diferenciar os principais aspectos condicionantes existentes em edifícios

históricos e correntes (Quadro 3.1). Aspectos referidos anteriormente tais como o ciclo de vida útil

dos materiais e a regulamentação construtiva, bem como a valorização comercial, encontram-se

associados a edifícios correntes. Por sua vez, a autenticidade dos materiais existentes e a

valorização cultural dos edifícios e da zona em que se inserem serão aspectos exclusivamente

condicionantes em edifícios históricos.

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3. METODOLOGIA DE MANUTENÇÃO EM EDIFÍCIOS HISTÓRICOS

Programa previsional de manutenção em edifícios históricos

33

Quadro 3.1 – Aspectos condicionantes em edifícios históricos e correntes (adaptado de Lobo de Carvalho, 2007)

Aspectos condicionantes Edifício corrente Edifício histórico

Tipologia x x

Dimensão x x

Características espaciais x x

Material e sistemas construtivos x x

Estado de conservação x x

Ciclo de vida útil dos materiais x

Conservação de referência (standard) x

Regulamentos construtivos x

Parecer da entidade reguladora x

Autenticidade material x

Valorização cultural x

Valorização comercial x

Atendendo à diferenciação existente, e tendo em conta as diversas fases constituintes de planos de

manutenção para edifícios correntes (mencionadas no capítulo 2), elaborou-se uma metodologia

direccionada para edifícios históricos.

Como base para a sua constituição foram analisados vários documentos referentes a conservação

preventiva, tais como o Management and Maintenance Plan (2008) incentivado em Inglaterra pela

Heritage Lottery Fund como bases para aplicação de manutenção em edifícios históricos. Da

bibliografia já mencionada destaca-se o Conserving Buildings de Martin Weaver (1997), e como

exemplo nacional o plano de conservação elaborado para o Mosteiro dos Jerónimos apresentado na

tese de doutoramento do Prof. Lobo de Carvalho (2007).

A metodologia desenvolvida é apresentada na Figura 3.1 e encontra-se repartida por várias fases. De

início será apresentada a fase preliminar, orientada para o estudo das características intrínsecas do

edifício em estudo e à envolvente que o rodeia; de seguida será realizada a fase de inspecções, onde

através de vários levantamentos se poderá dividir o edifício em elementos fonte, estudando o estado

de degradação de cada um deles e escalonando as acções de manutenção. Por fim, será elaborado

o plano de manutenção, etapa acompanhada pelos critérios de decisão, baseados em racionalização

e oportunidade.

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3. METODOLOGIA DE MANUTENÇÃO EM EDIFÍCIOS HISTÓRICOS

34

Figura 3.1 – Metodologia proposta para formulação de plano de manutenção em edifícios históricos

- Descrição do edifício histórico

- Alterações efectuadas ao património histórico ao

longo do tempo

- Importância do edifício para a região

- Caracterização das entidades responsáveis pela

gestão e manutenção

- Qual a manutenção efectuada e com que recursos

- Qual a condição actual do edifício

- Estudo das condições ambientais da região

- Factores de risco humanos

- Possíveis problemas de financiamento

- Verficar material de manutenção existente

- Verificar percursos de emergência existentes

- Recolher informação relativa a visitas

- Plantas

- Fotografias

- Acessibilidades

- Intervenções anteriores

- Condição física

- Estado de degradação

- Anomalias observadas

- Periodicidade

- Critérios de prioridade

- Descrição dos trabalhos

- Material

- Equipamento

- Mão-de-obra

Plano previsional de manutenção

- Cenários diversos

- Racionalização/sinergia de meios

- Factores de oportunidade

E - Custos de manutenção

3 - Decisão - Análise económica

1 - Fase preliminar

à elaboração do

plano

2 - Fase de

inspecções e

programa de

manutenção

A - Compreensão do edifício

B - Situação actual do edifício

C - Estudo do ambiente e potenciais riscos

D - Gestão interna do edifício

Fichas de

levantamentoA - Levantamento de dados

Fichas de

inspecção nº 1

Fichas de

inspecçao nº 2

Fichas de

inspecção nº 3

(critérios)

B - Organização da informação

C - Estudo dos materiais

D - Acções de manutenção

- Divisão do edifício em elementos fonte

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3. METODOLOGIA DE MANUTENÇÃO EM EDIFÍCIOS HISTÓRICOS

Programa previsional de manutenção em edifícios históricos

35

3.3. Descrição das várias fases que constituem o plano previsional de manutenção

3.3.1. Fase preliminar à elaboração do plano

Na metodologia prevista para a elaboração de um plano de manutenção irão existir diversas fases

distintas até se atingir o documento final pretendido. A primeira dessas fases prende-se com a

caracterização e compreensão do edifício e do ambiente que o rodeia. O património histórico de cada

região caracteriza-se frequentemente pela heterogeneidade de edifícios existentes, bem como a

diferença de ambientes em que se encontram. Será assim fundamental efectuar um estudo preliminar

a cada edifício, estudando-o e entendendo-o da melhor forma possível.

Esta primeira fase será caracterizada pelas seguintes etapas seguidamente descritas:

(1.A) Compreensão do edifício – de início será importante realizar uma pequena descrição do

edifício histórico em estudo, bem como uma pesquisa referente às grandes modificações

efectuadas na área ao longo dos anos. No caso de o edifício possuir uma forte actividade

turística será relevante quantificar a geração de receitas para a zona histórica em que se

encontra, deste modo a importância da sua conservação assentará não só no seu valor

enquanto património histórico, mas também na receita económica que representa para a

região.

(1.B) Situação actual do edifício – uma vez que o técnico responsável pela elaboração do plano de

manutenção é muitas vezes um agente exterior à gestão do edifício, esta etapa poderá ser

realizada recorrendo a inquéritos no local, tentando-se desta forma caracterizar as entidades

responsáveis pela gestão e manutenção, efectuando-se perguntas tais como: qual a

manutenção regular realizada? Com que recursos é feita? Existe alguma calendarização

definida? Quem é o responsável pela manutenção?

Este tipo de inquérito pretende, por um lado, conhecer as actividades de rotina do

monumento e respectivas condições de funcionamento (serviços técnicos, equipamento,

pessoal, material, produtos utilizados, calendário, rotinas, entre outros) e, por outro, identificar

as lacunas existentes na acção de conservação/manutenção e respectivas dificuldades

técnicas, financeiras ou outras. Pretende-se ainda perceber qual a imagem interna do edifício,

através da percepção individual do pessoal encarregado de zelar pelo património histórico,

quanto às condições de trabalho, valorização ou afectividade pelo imóvel, relação com

turistas, entre outros (Lobo de Carvalho, 2007).

(1.C) Estudo do ambiente e potenciais riscos – tal como a experiência italiana demonstra (capítulo

2) o estado de degradação dos elementos está intimamente ligado ao ambiente em que se

inserem, devendo o edifício ser entendido como parte da região onde se encontra e não como

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3. METODOLOGIA DE MANUTENÇÃO EM EDIFÍCIOS HISTÓRICOS

36

objecto único e isolado. O caso da Torre de Belém e do Mosteiro dos Jerónimos (Moreira

Rato, 2002) descrito no capítulo anterior ilustra bem esta hipótese. Deve-se assim numa fase

preliminar realizar um pequeno estudo das condições climáticas da região, bem como a

orientação e posição espacial dos diversos elementos do edifício.

(1.D) Gestão interna do edifício – com este último passo pretende-se conhecer que tipo de

equipamento existe no edifício, se existe material específico adequado a operações de

manutenção (tal como andaimes ou pequenas gruas), verificando-se simultaneamente os

acessos que podem ser utilizados. Conjuntamente, deve ser verificada a presença de

percursos de emergência activos (de acordo com a regulamentação existente). Se o edifício

estudado apresentar elevada presença de visitantes, deverão ser analisados os percursos

utilizados para visitas.

3.3.2. Fase de inspecções e programa de manutenção

Para a elaboração de uma fase de inspecções referente a um plano de manutenção, será sempre

necessário a prévia organização de informação relativa ao imóvel em análise, nomeadamente a sua

descrição tipológica e construtiva.

O processo de estudo de um edifício histórico pode ir desde uma breve inspecção até ao estudo

detalhado do mesmo. Deve-se entender que as inspecções realizadas devem ser práticas e

assegurar apenas a informação necessária para o estudo de manutenção e conservação do edifício,

é interessante analisar que a colecta de grande quantidade de informação se torna desnecessária e

anti-económica, utilizando-se nesta fase fundos que iriam ser necessários para garantir acções de

manutenção essenciais no futuro (Weaver, 1997).

3.3.2.1. Levantamento de dados (2.A)

No levantamento de informação gráfica dever-se-á começar com a procura de documentos existentes

e disponíveis tais como plantas, alçados e isometrias executados em diferentes épocas, percebendo-

se assim também as várias intervenções realizadas ao longo do tempo. Levantamentos fotográficos

actuais (de preferência recolhidos com tecnologia fotométrica) ajudarão a complementar os

documentos já existentes. O uso da fotogrametria tem vindo a ser adoptado nos últimos anos, e é

aconselhado o seu uso pelo Conselho Internacional de Monumentos e Sítios – ICOMOS (Weaver,

1997). Este levantamento de dados será particularmente importante para a obtenção de uma rigorosa

base de trabalho, nomeadamente do ponto de vista métrico, particularmente útil para a medição e

quantificação de áreas e materiais.

Para além da recolha de dados actuais através de fichas de levantamento (Figura 3.2), será

importante conhecer a evolução física do monumento em anos passados, nomeadamente ao nível

das intervenções realizadas (localização, natureza, extensão, custo) bem como anomalias

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3. METODOLOGIA DE MANUTENÇÃO EM EDIFÍCIOS HISTÓRICOS

Programa previsional de manutenção em edifícios históricos

37

Desenho:

esc: 1/200

009 - Fachada Norte

010 - Fachada Oeste

013 - Fachada Este (bar)

014 - Fachada cilíndrica (superior)

015 - Fachada cilíndrica (superior

016 - Fachada cilíndrica (superior)008 - Fachada Oeste

005 - Fachada cilíndrica

006 - Fachada Sul

007 - Fachada cilíndrica

011 - Fachada Este (cozinha)

012 - Fachada Norte (bar)

Daniel Nóbrega Tomásio Lopes Soares

FICHAS DE LEVANTAMENTO

TESE DE MESTRADO - PLANO PREVISIONAL DE MANUTENÇÃO EM EDIFÍCIOS HISTÓRICOS

LEVANTAMENTO ARQUITECTÓNICO E FUNCIONAL

Planta zona 1 - Palácio da Pena - Identificação espacial1

001 - Fachada Norte

002 - Mirante

003 - Fachada Este

004 - Fachada Sul

recorrentes e ritmos de degradação. Esta informação será bastante útil, especialmente ao nível de

estabelecimento de prioridades e preparação de rotinas, sabendo-se assim de antemão as áreas

mais críticas a ter em conta.

Figura 3.2 - Exemplo de ficha de levantamento

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3. METODOLOGIA DE MANUTENÇÃO EM EDIFÍCIOS HISTÓRICOS

38

3.3.2.2. Organização da informação (2.B)

A divisão do edifício em elementos fonte de manutenção já referenciada, tem como principal objectivo

o desenvolvimento de um sistema de identificação individual e clara de cada elemento, tendo em

vista a sua localização, função e relação com os restantes elementos construtivos.

A identificação de cada elemento fonte de manutenção do ponto de vista espacial e funcional deve

ser realizada de forma a não existirem equívocos no seu reconhecimento. Por exemplo quando se

refere uma cantaria de uma janela na fachada oeste, não se poderá confundir o piso, a fachada (no

caso de existirem mais que uma fachada) e a janela (poderão existir várias janelas iguais na mesma

fachada). Este tipo de identificação é também importante do ponto de vista funcional, podendo-se por

exemplo distinguir dentro de um mesmo vão o vidro da estrutura de suporte.

Este tipo de abordagem ao sistema construtivo de um edifício provém da Teoria Geral dos Sistemas

(Minati, 2004). Trata-se de uma abordagem teórica e conceptual do conhecimento, válida para

qualquer ramo da ciência, que consiste (simplificadamente) numa análise das relações complexas

resultantes de um conjunto de componentes individuais, formando um sistema (tal como o conjunto

de elementos construtivos que existem um edifício). Este tipo de identificação adquire também

elevada importância para uma futura informatização de todos os elementos fonte de manutenção.

De forma a ser possível implantar este sistema em planos de manutenção de edifícios históricos

procedeu-se à adaptação da norma italiana (Carlini, 2003) sobre a manutenção do edificado, que

consiste num código alfanumérico, composto por duas partes: a identificação do elemento no

contexto do sistema construtivo (em caracteres de texto) e a sua localização funcional e numeração

sequencial (em numeração árabe).

Figura 3.3 – Exemplo da codificação de elementos fonte de manutenção

No exemplo da Figura 3.3 a codificação do elemento fonte é feita pela especificação da sua classe e

elemento (em caracteres textuais), seguidos da sua localização espacial e numeração sequencial (em

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3. METODOLOGIA DE MANUTENÇÃO EM EDIFÍCIOS HISTÓRICOS

Programa previsional de manutenção em edifícios históricos

39

numeração árabe), neste exemplo refere-se o elemento Vidro simples (Vs) da classe Vãos (VAo),

localizado na fachada 026, na janela número 2.

De modo a ser possível identificar de forma correcta e inequívoca os vários elementos fonte que

constituem o edifício, deverá ser seguida a seguinte hierarquia de níveis:

i) Área: posição do elemento face ao envelope construtivo (exterior ou interior), por exemplo, a

cobertura.

ii) Grupo: posição do elemento no contexto de unidades construtivas ou tipológicas, por

exemplo, a torre.

iii) Classe/Centro de custo: posição do elemento segundo o seu agrupamento técnico ou

funcional, que coincide também com a definição dos centros de custo, importantes para a

gestão financeira da manutenção, por exemplo, as drenagens pluviais.

iv) Elemento: identificação do tipo de elemento construtivo, importante para a racionalização dos

trabalhos de manutenção (materiais, tipos de trabalho, mão-de-obra específica, entre outros),

por exemplo, as caleiras (Lobo de Carvalho, 2007).

Esta decomposição serve também para estruturar o planeamento financeiro que será necessário

realizar posteriormente, fazendo corresponder o código de cada classe a centros de custo, ou seja

permite que no final seja feito uma contabilização por classes de elementos. O recurso aos referidos

parâmetros de avaliação permite individualizar os custos por zona ou elemento, auxiliando na análise

estratégica e apoio à decisão. Por exemplo, para definir a manutenção periódica associada à limpeza

de cantarias será analisada apenas essa classe de elementos, somando-se as áreas afectas a essa

operação de limpeza, permitindo também perceber a quantidade, complexidade e custo dos trabalhos

em causa.

A informação descrita no Quadro 3.2 e na Figura 3.3 deverá ser recolhida através de uma primeira

fase de inspecções:

Quadro 3.2 - Ficha de inspecção nº1: levantamento dos EFM em edifícios históricos

Centro de custo

Área Grupo cod. Classe cod. Elemento Quantidade (un/m/m2)

Data Código

completo elemento

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3. METODOLOGIA DE MANUTENÇÃO EM EDIFÍCIOS HISTÓRICOS

40

Figura 3.4 – Exemplo de codificação de EFM na fachada de um edifício histórico

3.3.2.3. Estudo dos materiais (2.C)

Nos últimos anos têm vindo a ser desenvolvidos vários métodos de avaliação de elementos com base

em estados de degradação. O método de avaliação do estado de conservação de edifícios (MAEC)

foi desenvolvido pelo Laboratório Nacional de engenharia Civil (LNEC) a pedido do Gabinete do

Secretário de Estado Adjunto e da Administração Local, do XVII Governo Constitucional (no quadro

do Regime de Arrendamento Urbano, Lei nº06/2006, de 27 de Fevereiro). A metodologia

desenvolvida tem como objectivo estabelecer um conjunto de procedimentos que permitam avaliar

com rigor, objectividade e transparência o estado de conservação de edifícios, habitacionais e não

habitacionais, numa escala de vários níveis (Paiva & Pedro, 2005). O resultado da avaliação da

edificação teria como finalidade determinar o valor máximo de actualização da renda.

Os critérios de avaliação adoptados permitem relacionar, para cada elemento funcional, as

características do edifício ou do locado vistoriado com um nível de escala de anomalias, sendo cada

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3. METODOLOGIA DE MANUTENÇÃO EM EDIFÍCIOS HISTÓRICOS

Programa previsional de manutenção em edifícios históricos

41

elemento funcional classificado em dois níveis (Paiva & Pedro, 2005):

- a gravidade da anomalia, numa escala de 1 a 5, onde 1 significa anomalia muito grave e 5

a ausência de anomalia;

- a importância do elemento funcional para a construção, onde é atribuído a cada elemento

funcional uma ponderação numa escala de 1 a 6;

O método referido sofreu sempre uma avaliação positiva desde que foi implementado, tendo

cumprido com bastante eficiência o objectivo para o qual foi criado (determinação do valor máximo da

actualização da renda). Em forma de crítica este método apresenta algumas restrições, as quais são

apresentadas resumidamente em seguida (Paiva & Pedro, 2005):

a avaliação centra-se principalmente no impacto que o estado de conservação do locado tem

nas condições de habitabilidade, desprezando completamente as causa da anomalia, que

seriam importantes para futuras obras de reparação;

durante a inspecção, existe a oportunidade de avaliar a qualidade dos locados ou verificar a

existência de condições de segurança ou saúde segundo as exigências actuais, aspectos

que também não são verificados na aplicação do MAEC;

a avaliação do estado de conservação é realizada com base numa inspecção visual do

locado, não se recorrendo à consulta de projectos, à análise do historial de obras ou à

realização de ensaios ou sondagens, atitudes que poderiam fornecer informações

importantes para uma avaliação com mais rigor.

Todos os pontos anteriormente mencionados trariam informações importantes sobre o estado de

conservação de um locado, mas, deve-se também ter em conta que tornariam as inspecções mais

longas e dispendiosas, sem vantagens para os objectivos do MAEC. No entanto estes pontos são

muito importantes porque reflectem melhorias a efectuar ao método, caso se pretenda utilizar este

com outros objectivos.

As instruções de aplicação deste método, incluem apenas critérios gerais de avaliação e exemplos de

sintomas de anomalias frequentes, não existindo informações que expliquem como interpretar os

sinais de anomalia bem como identificar as prováveis causas (Paiva & Pedro, 2005). Com vista a

apoiar o planeamento de intervenções de manutenção e conservação em edifícios históricos, irá

utilizar-se como base este método, inserindo-se algumas modificações à sua estrutura, de forma a

adaptá-lo ao tema de estudo.

Outro projecto que serve de referência à metodologia apresentada neste capítulo é a Carta de Risco

do Património Arquitectónico, criada em 1997 pela DGEMN (capítulo 2), que deu origem a fichas-

diagnóstico de carácter global que tinham como objectivo a constituição de uma ferramenta central de

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3. METODOLOGIA DE MANUTENÇÃO EM EDIFÍCIOS HISTÓRICOS

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planeamento de intervenções, através da hierarquização dos imóveis considerados prioritários,

classificando-os através do seu grau de degradação e respectiva prioridade de intervenção. Uma vez

que estas fichas fazem referência a anomalias e causas prováveis (ao contrário do MAEC), estas

servirão também como base para a criação de fichas de inspecção elaboradas neste trabalho.

Com base nos métodos anteriormente descritos foi desenvolvida uma classificação de anomalias

(Quadro 3.3) para utilização neste trabalho. As anomalias serão analisadas através de inspecções no

local, recolhendo-se sempre que possível informação fotográfica, e analisando-se simultaneamente

as possíveis causas prováveis das mesmas.

Quadro 3.3 – Classificação de anomalias para avaliação do estado de degradação dos elementos fonte em edifícios históricos

Critério Classificações Descrição

Estado de degradação dos elementos

(ED)

Sem anomalias (SA)

1 Ausência de anomalias ou anomalias sem significado

Razoável (RA)

2 Anomalias que requerem trabalhos de limpeza, substituição e reparação de fácil execução.

Mau (MA)

3 Anomalias que requerem trabalhos de limpeza, substituição e reparação de difícil execução.

Ruína (RU)

4 Anomalias que envolvem risco de colapso estrutural, perda cultural e perigo para os utentes; substituição total.

O estado de degradação de cada EFM será recolhido com auxílio da ficha de inspecção nº2 (uadro

3.4), bem como as anomalias observadas e possíveis causas para as mesmas.

Quadro 3.4 – Ficha de inspecção nº2, avaliação do estado de degradação dos elementos em edifícios históricos

Código do elemento

Designação do elemento

Estado de degradação do elemento Anomalias

observadas Possíveis causas

SA R M R

Legenda: SA=Sem anomalias; RA=Razoável; MA=Mau; RU=Ruína

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3. METODOLOGIA DE MANUTENÇÃO EM EDIFÍCIOS HISTÓRICOS

Programa previsional de manutenção em edifícios históricos

43

3.3.2.4. Acções da manutenção (2.D)

Depois de terem sido identificados os elementos fonte de manutenção do edifício, bem como

quantificado o seu estado de degradação (associado às anomalias encontradas aquando a

inspecção), importa agora definir prioridades e periodicidades para as acções de manutenção que se

pretende implementar.

Desta forma, é necessário definir em primeiro lugar os critérios utilizados para a quantificação da

necessidade de manutenção de cada elemento. É importante nesta fase analisar critérios utilizados

em trabalhos realizados anteriormente, nomeadamente os aplicados em edifícios correntes,

corrigindo e adaptando metodologias de forma a ser possível e coerente a sua aplicação em edifícios

históricos. A apreciação do critério “valor cultural” revela-se de especial importância, associando-se a

características como a importância artística, autenticidade histórica ou valor estético do elemento,

constituindo-se assim o factor diferenciador da manutenção de edifícios históricos face a outros

imóveis.

São de seguida apresentados alguns métodos actualmente utilizados na caracterização de

periodicidade e escalonamento de acções de acordo com os níveis de degradação apresentados

pelos elementos analisados. Estes métodos baseiam-se em inspecções previamente realizadas ao

edifício, e destinam-se a traçar estratégias de intervenção no domínio da manutenção/reabilitação.

i) Fórmula de Roue´s

Esta fórmula surge no regulamento japonês de manutenção, onde apresenta um processo de

priorização das intervenções em edifícios, fornecendo um índice de prioridade de intervenção (P)

determinado na Equação 3.1 (Rodrigues, 1989)

[( ) ( ) ( )] (3.1)

Onde:

a = Probabilidade de falha

b = Importância do elemento

c = Efeito de eventual falha

d = Facilidade em actuar

e = Importância para a segurança

f = Efeito a longo prazo

Aplicando a Equação 3.1 aos elementos fonte manutenção consegue-se assim obter uma hierarquia

de prioridades, estabelecendo-se um critério de intervenção em três fases, incluindo na primeira 50%

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3. METODOLOGIA DE MANUTENÇÃO EM EDIFÍCIOS HISTÓRICOS

44

dos elementos, na segunda 30% e na terceira 20%.

Esta equação permite assim determinar num edifício em serviço, quais as necessidades de

intervenção (tendo em conta factores de prioridade), realizando-se assim um escalonamento das

acções em função da sua prioridade de intervenção. É ainda de referir que a aplicação deste método

é rápida e intuitiva, embora a probabilidade de falha não seja muito fácil de determinar. Uma síntese

das vantagens e desvantagens desta fórmula é apresentado no quadro 3.5.

Quadro 3.5 – Vantagens e desvantagens da fórmula de Roue´s (adaptado de Cavaco, 2012)

Vantagens Aplicação rápida e intuitiva. Possui uma grande quantidade de critérios para avaliar os vários elementos. O critério "Importância para a segurança" revela-se o mais importante da lista, situação perfeitamente aceitável de forma a não por em causa a integridade dos utentes do edifício.

Desvantagens Não executa uma classificação directa do estado de degradação dos elementos, analisando ao invés a probabilidade de falha, para a determinação desta probabilidade é necessário a consulta de todos os registos de intervenções anteriores, o que se revela uma tarefa muito difícil de executar.

ii) Método multi-atributos

O método multi-atributos foi aplicado ao domínio da manutenção de edifícios devido a um trabalho

desenvolvido pelo professor Allan Spedding, autor do método da matriz de prioridade (Spedding et

al., 1994). Possivelmente devido a estar envolvido no desenvolvimento dos dois métodos, estes

apresentam grandes semelhanças nomeadamente em algumas partes da sua metodologia (Cavaco,

2012)

A metodologia da matriz de prioridade permite hierarquizar necessidades de intervenção em edifícios

ou conjunto de edifícios. É estabelecido um quadro onde se identificam e ponderam as necessidades

de manutenção para uma lista de elementos da construção proposta pelo autor do método. Na

inspecção visual a realizar ao edifício, cada elemento é avaliado de 1 (pior) a 3 (melhor) segundo os

seguintes quatro critérios (Rodrigues, 1989).

C1 – Estado de conservação;

C2 – Importância do edifício (idêntico para o mesmo edifício);

C3 – Importância do factor utente;

C4 – Qualidade da solução construída.

Após a avaliação, é realizada a soma dos critérios para cada elemento, sendo os que possuem os

resultados mais baixos os mais prioritários, podendo assim ser construída uma hierarquia de

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3. METODOLOGIA DE MANUTENÇÃO EM EDIFÍCIOS HISTÓRICOS

Programa previsional de manutenção em edifícios históricos

45

necessidades de manutenção.

Em conclusão, este método é de muito fácil de aplicar mas no entanto é pouco preciso devido ao

pequeno número de patamares de avaliação que possui. Devido à reduzida escala de classificação

que fornece, leva o técnico de manutenção a classificar a maioria dos elementos com nota 2

(Rodrigues, 1989).

O método multi-atributos que surge da evolução da matriz de prioridade, trata-se também de um

processo de hierarquização de intervenções, suportado por uma equação de ponderação de

diferentes factores, aplicada a cada elemento da construção segundo a Equação 3.2 (Rodrigues,

1989).

∑ ( ) (3.2)

Onde:

SJ = Índice global

SJi= Ponderação segundo o critério i

Wi= Peso do critério i

Face aos quatro critérios definidos para a metodologia da matriz de prioridade, são agora

apresentados seis, onde cada um deles é ponderado entre 1 (menos urgente) a 5 (mais urgente). Os

critérios são:

C1 - importância do edifício (idêntico para o mesmo edifício);

C2 - condição física;

C3 - importância da utilização;

C4 - efeito nos utentes;

C5 - efeito na construção;

C6 - efeito na disponibilidade das utilizações.

Com os critérios definidos, à semelhança da metodologia da matriz de prioridades, é necessário

avaliar cada elemento do edifício e proceder à aplicação da Equação 3.2 de forma a obter resultados.

Com os índices calculados para cada elemento é possível elaborar uma hierarquia de intervenção,

onde se selecciona para uma primeira fase de intervenção 20% dos elementos mais pontuados, para

uma segunda 30% e para a terceira 50% (Rodrigues, 1989).

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3. METODOLOGIA DE MANUTENÇÃO EM EDIFÍCIOS HISTÓRICOS

46

Quadro 3.6 – Vantagens e desvantagens do método multi-atributos (adaptado de Cavaco, 2012)

Vantagens Método completo de rápida aplicação. Novos factores de avaliação introduzidos, com escala de classificação de 5 patamares (matriz de prioridade apenas apresentava 3).

Desvantagens Alguns critérios não precisavam de uma escala tão alargada, como por exemplo a "Importância do edifício" e "Efeito nos utentes".

iii) Método do PIM-CC

Outro método de escalonamento de acções a ser abordado neste trabalho é o utilizado em (Flores-

Colen & Brito, 2006) e (Flores-Colen, 2006), que é uma metodologia desenvolvida para aplicação em

edifícios escolares. Este método baseia-se em classificação das anomalias com base em três

critérios, os quais estão indicados no Quadro 3.7.

Quadro 3.7 – Critérios usados no método PIM-CC (Flores-Colen, 2006)

Critério Classificação máxima Classificação mínima

Severidade das anomalias 7 1

Extensão das anomalias 3 1

Criticidade do elemento 5 1

Cada elemento é avaliado segundo os critérios do Quadro 3.7 e os resultados são introduzidos na

Equação 3.3 de forma a calcular o “Indicador de escalonamento”.

(3.3)

Com os resultados da Equação 3.3, determina-se o “Indicador de escalonamento relativo” que traduz

a posição relativa dos vários elementos fonte de manutenção em relação ao elemento com maior

pontuação, através da Equação 3.4:

( ) (3.4)

Com base nos dados fornecidos pela Equação3.4, é possível realizar um escalonamento das acções

correctivas e de beneficiação, de acordo com os critérios presentes no Quadro 3.8.

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3. METODOLOGIA DE MANUTENÇÃO EM EDIFÍCIOS HISTÓRICOS

Programa previsional de manutenção em edifícios históricos

47

Quadro 3.8 – Escalonamento de acções no método PIM-CC (Flores-Colen, 2006)

Tipo de acções Máximo de tempo até intervenção

Imediatas ≥ 0.80 Imediato

Curto prazo 0.50 ≤ < 0.80 Dois anos

Longo prazo < 0.50 De dois a cinco anos

Quadro 3.9 – Vantagens e desvantagens do método PIM-CC

Vantagens Os factores escolhidos na atribuição de cada classificação encontram-se bem definidos e podem ser actualizados. Este método estabelece períodos temporais para a intervenção em elementos, ao invés de apenas definir fases de intervenção

Desvantagens Os critérios e classificações definidos neste modelo podem não ser os mais adequados para edifícios que não sejam escolares.

iv) Método proposto para edifícios históricos

Para efectuar a caracterização de periodicidade e escalonamento de acções de intervenção em

edifícios históricos, foi desenvolvida uma fórmula baseada nas anteriores, sendo que se procurou dar

um maior ênfase aos critérios até aqui considerados de maior relevância para o tema em estudo.

Para a recolha de dados necessários para avaliação de critérios, deve-se proceder a inspecções

cuidadosas, constituindo esta fase uma boa oportunidade para se conhecer com mais detalhe as

características espaciais e construtivas do imóvel em análise.

Os critérios a utilizar na equação de priorização de acções desenvolvida (Equação 3.5) estão

descritos nos Quadros 3.10 e 3.11.

(3.5)

Onde:

ED = Estado de degradação

VC = Valor cultural

CR = Condição em relação à restante estrutura e elementos

AC = Acessibilidade para manutenção

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3. METODOLOGIA DE MANUTENÇÃO EM EDIFÍCIOS HISTÓRICOS

48

Quadro 3.10 – Critérios a utilizar na equação de priorização de acções desenvolvida

Critério Classificações Descrição

Estado de degradação dos elementos (ED)

Sem anomalias (SA)

1 Ausência de anomalias ou anomalias sem significado

Razoável (R)

2 Anomalias que requerem trabalhos de limpeza, substituição e reparação de fácil execução.

Mau (M)

3 Anomalias que requerem trabalhos de limpeza, substituição e reparação de difícil execução.

Ruína (R)

4 Anomalias que envolvem risco de colapso estrutural, perda cultural e perigo para os utentes; substituição total.

Valor Cultural (VC)

Sem valor (SV)

1 Elemento decorativo sem valor histórico, artístico ou estético.

Baixo (B)

2 Elemento de acompanhamento, sem significativa associação histórica ou valor decorativo.

Relativo (R)

3 Elemento resultante de alterações posteriores, associados a importantes campanhas de obras, de autor reconhecido ou com relativo valor decorativo.

Significativo (S)

4 Elemento de fábrica original, associado a importantes factos ou personalidades históricas, executado por autor reconhecido ou com elevado valor decorativo.

Condição em relação à restante estrutura e

elementos (CR)

Nada importante

(NI) 1

A sua condição não afecta a restante estrutura ou elementos próximos.

Pouco importante

(PI) 2

A sua condição afecta parcialmente a restante estrutura ou elementos próximos

Importante (I)

3 A sua condição pode afectar em grande extensão a restante estrutura ou elementos próximos (Ex: falha elementos de impermeabilização).

Muito importante

(MI) 4

A sua condição compromete gravemente a restante estrutura ou elementos próximos (Ex: danos estruturais).

Acessibilidade para manutenção (AC)

Total (T)

1 Elemento com boa acessibilidade, não necessita de meios exteriores para resolver a situação, e não causa constrangimentos no funcionamento do edifício.

Fácil (F)

2 Elemento cuja acessibilidade implica utilização de meios específicos, mas não implica constrangimentos no funcionamento do edifício.

Mediana (M)

3

Elemento cuja acessibilidade implica utilização de meios específicos, a execução dos trabalhos obriga a especiais medidas de segurança, e causa alguns constrangimentos no funcionamento do edifício.

Difícil (D)

4

Elemento com difícil ou nenhuma acessibilidade, a execução dos trabalhos induz riscos para a integridade física, necessita de meios exteriores para resolver a situação (difícil acesso), pode necessitar de técnicos especializados e causa grandes constrangimentos no funcionamento do edifício.

Os critérios apresentados foram escolhidos como os de maior relevância para a priorização de

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3. METODOLOGIA DE MANUTENÇÃO EM EDIFÍCIOS HISTÓRICOS

Programa previsional de manutenção em edifícios históricos

49

acções de manutenção em edifícios históricos, o Quadro 3.11 descreve os motivos que levaram à sua

adopção.

Quadro 3.11 – Explicação dos critérios escolhidos

Critério Motivo de escolha

Estado de degradação dos elementos

É importante avaliar o estado de degradação dos elementos fonte de manutenção, avaliando a propagação das anomalias existentes.

Valor cultural

Uma vez que a aplicação da metodologia será em edifícios históricos, este critério será o principal diferenciador da manutenção efectuada em edifícios correntes. Pretende-se assim dar importância à conservação de elementos, ao invés da sua substituição.

Condição em relação à restante estrutura e

elementos

Este critério prende-se com a possibilidade de anomalias presentes em certo EFM se possam alastrar ao resto da estrutura do edifício, ou a elementos próximos.

Acessibilidade para a manutenção

A acessibilidade determinará a facilidade de intervenção sobre o elemento.

A classificação do estado de degradação dos elementos será feita através da ficha de inspecção nº2

(Quadro 3.4) já apresentada anteriormente. As classificações referentes aos restantes critérios serão

feitas na ficha de inspecção nº3 apresentada no Quadro 3.12.

Quadro 3.12 – Ficha de inspecção nº3: avaliação dos restantes critérios

Código do elemento

Designação do elemento

Valor Cultural Condição em relação à

restante estrutura e restantes elementos

Acessibilidade para a manutenção

SV B R S NI PI I MI T F M D

Legenda: SV=Sem valor; B=Baixo; R=Relativo; S=Significativo; NI=Nada Importante; PI=Pouco importante; I=Importante; MI=Muito Importante; T=Total; F=Fácil; M=Mediana; D=Difícil

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3. METODOLOGIA DE MANUTENÇÃO EM EDIFÍCIOS HISTÓRICOS

50

Uma vez classificados os EFM de acordo com os critérios referidos, serão introduzidos na Equação

3.5 de forma a ser calculado o índice de escalonamento ponderado para cada elemento.

Depois de calculado o Iponderado de cada elemento, este será inserido na Equação 3.6 de forma a ser

possível determinar-se, para cada elemento do edifício,o máximo tempo até à próxima intervenção de

acordo com os intervalos de tempo definidos no Quadro 3.13.

( ) (3.6)

Quadro 3.13 – Escalonamento de acções no método utilizado para edifícios históricos

Tipo de acções Máximo de tempo até intervenção

Imediatas ≥ 0.90 Imediato

Curto prazo 0.40 ≤ < 0.90 5 anos

Longo prazo < 0.40 De 5 a 10 anos

A equação definida neste método será calibrada através da sua aplicação no caso de estudo

desenvolvido no capítulo 4.

3.3.2.5. Custos de manutenção (2.E)

O método do Custo Global de um edifício, conhecido pela sigla anglo-saxónica LCC – Life Cycle

Costs visa obter o custo total de um edifício, tendo em vista os custos de aquisição, operação,

manutenção, substituição ou revisão, energéticos e demolição ou valor residual. Tendo em conta o

caso de estudo analisado apenas importa analisar os gastos relativos a manutenção, sendo que será

necessário aplicar algumas modificações ao método, nomeadamente em relação aos custos de

manutenção e substituição de elementos pertencentes a edifícios históricos.

Inicia-se então com valores de manutenção no ano 0, para cada elemento fonte de manutenção. Com

base neste conhecimento, efectuam-se somatórios de estimativas de custos anuais actualizados dos

elementos durante um período de tempo a determinar, ocorrendo em cada elemento, capitalizações

anuais de acordo com o índice de preços de consumidor (Cavaco, 2012).

Para o cálculo dos respectivos valores anuais capitalizados por elemento utiliza-se a Equação 3.7

(Flores, 2006).

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3. METODOLOGIA DE MANUTENÇÃO EM EDIFÍCIOS HISTÓRICOS

Programa previsional de manutenção em edifícios históricos

51

( ) (3.7)

Onde:

Vcapitalizado = Valor capitalizado anual no ano t;

Ce = Custo de manutenção ou substituição no ano 0;

tc = Taxa de crescimento (índice preços de consumidor + taxa diferencial de preços);

t = Ano de cálculo.

Após o cálculo dos valores capitalizados, procede-se ao somatório por ano dos custos de cada

elemento, de forma a obter os valores a preços correntes por ano de acordo com a Equação 3.8.

∑ (3.8)

Onde:

Ct = Valores a preços correntes para o ano t;

N = Número de elementos em estudo;

Vcapitalizado = Valor capitalizado anual no ano t de cada elemento.

Procede-se assim ao cálculo do Valor Actual, actualizando os preços de acordo com a Equação 3.9

(Flores-Colen & Brito, 2010)

( ) (3.9)

Onde:

VA = Valor actual;

Ct = Valores a preços correntes para o ano t;

t = Número de anos no período de estudo,

d = Taxa de actualização nominal com risco (taxa de iliquidez + taxa de risco + taxa de inflação + taxa

nominal sem risco) (Flores, 2006).

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3. METODOLOGIA DE MANUTENÇÃO EM EDIFÍCIOS HISTÓRICOS

52

3.3.3. Plano previsional de manutenção

O tipo de manutenção prevista que se pretende aplicar a edifícios históriccos resulta de um conjunto

de acções ou rotinas de manutenção, com o objectivo de responder ao dia-a-dia do monumento, e

decorre sobretudo de uma actuação preventiva, relativamente a aspectos simples da manutenção

corrente. Estas acções incluem acções de manutenção corrente tais como:

- Limpeza regular (ex: drenagens pluviais, limpeza de caleiras);

- Substituição de bens consumíveis (ex: lâmpadas);

- Monitorização de sistemas instalados (ex: rede eléctrica, dissuasão de pombos);

- Acções realizadas no contexto de manutenção reactiva (ex: vidro partido, telha deslocada).

Outro dos aspectos que poderá ser previamente introduzido na definição de um plano de manutenção

será a realização de inspecções. Com este procedimento é possível acompanhar a evolução de

anomalias nos monumentos, e ajustar o escalonamento de acções definido sempre que assim seja

necessário. A experiência holandesa demonstra que a execução de novas inspecções em intervalos

de 12 ou 24 meses é vital para uma abordagem de manutenção pró-activa (Dann et al., 1999).

Espera-se, com a realização de inspecções, reduzir o aparecimento de anomalias imprevistas e de

situações de emergência, devido ao seu caracter de imprevisibilidade, de resolução rápida, e

provocam perturbações inesperadas no funcionamento do edifício. Estas acções, particularmente as

inspecções anuais e pequenos trabalhos de manutenção, deverão ser realizadas pelo pessoal técnico

interino ao edifício, para minimização dos custos, desde que este possua qualificações mínimas para

o efeito (Flores-Colen & Brito, 2006).

Outros aspectos a considerar na definição de um plano previsional de manutenção, incluem o

respectivo financiamento, isto é, o montante disponível anualmente para a sua execução, a utilização

de equipas internas ou o recurso a contratos externos, o nível de manutenção pretendido (que varia

conforme a importância e tipo de utilização do imóvel), a acessibilidade geral do imóvel, bem como a

legislação respeitante à segurança e higiene no trabalho (Lobo de Carvalho, 2007). Todos estes

factores influenciam a estrutura e organização do plano, um exemplo de planeamento de acções de

um plano previsional de manutenção é apresentado no Quadro 3.14.

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3. METODOLOGIA DE MANUTENÇÃO EM EDIFÍCIOS HISTÓRICOS

Programa previsional de manutenção em edifícios históricos

53

Rotinas

Área Grupo Classe (centro de custo) Elemento Tipo Pontual Mensal Trimestral Semestral Anual Bianual Quinquenal Pessoal Equipamento Serviços Quant. Duração Custo Pessoal Material Total

Codificação dos EFM Periodicidade Meios necessários Custos Orçamento anual

Quadro 3.14 – Ficha de especificação de acções no plano previsional de manutenção para edifícios históricos

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3. METODOLOGIA DE MANUTENÇÃO EM EDIFÍCIOS HISTÓRICOS

54

3.3.4. Decisão – análise económica (3)

Depois de concluída a fase de planeamento de acções é importante programar a sua

execução, tendo em conta factores que não sejam baseados apenas na degradação de

elementos e condição física. É importante analisar o plano previsional de manutenção e

conseguir programar agrupamentos de acções, ajustando trabalhos de natureza semelhante ou

que possam ser realizados na mesma altura.

Esta fase de programação pode ser bastante importante do ponto de vista económico, em

situações em que se trate de um monumento de grande adesão turística deve-se evitar as

acções de manutenção no mês de maior afluência, ou tratando-se de um edifício religioso,

dever-se-á ter em conta os horários de celebrações efectuadas.

Grande parte das decisões de manutenção terão em conta aspectos de natureza económica,

assim o gestor do monumento ou responsável pela manutenção, deverá ter em conta os

recursos que possui em cada momento e tentar planear com antecedência acções que

permitam uma manutenção eficiente e o mais abrangente possível.

3.4. Considerações finais do capítulo

No início deste capítulo foi apresentada uma metodologia de manutenção para aplicação em

edifícios históricos. O modelo desenvolvido pode ser utilizado em diferentes edifícios,

procedendo a adaptações quando necessário.

A metodologia foi dividida em várias partes. De início são definidos os passos a efectuar numa

fase preliminar à elaboração do plano, tais como a compreensão e situação actual do edifício, e

estudo da região onde este se insere.

De seguida foram definidos os vários procedimentos a efectuar na fase de inspecções. Nesta

fase foi descrita a identificação e organização de elementos fontes de manutenção, sendo

posteriormente analisado o seu estado de degradação e critérios de priorização através de

fichas de inspecção desenvolvidas para o efeito.

Foi também desenvolvida uma fórmula destinada à hierarquização de acções de manutenção

em edifícios históricos; esta equação baseia-se em procedimentos já existentes e tem como

objectivo especificar um escalonamento de acções de acordo com as necessidades de

manutenção de cada edifício.

Por último, foram analisadas fórmulas de actualização de custos referentes às acções de

manutenção especificadas no plano de manutenção, tendo em conta que se pretende calcular

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3. METODOLOGIA DE MANUTENÇÃO EM EDIFÍCIOS HISTÓRICOS

Programa previsional de manutenção em edifícios históricos

55

custos para um horizonte no mínimo de 10 anos, e que estas acções de manutenção poderão

ser reprogramadas tendo em conta factores de oportunidade e racionalização de recursos.

No próximo capítulo, a metodologia descrita será aplicada ao Panteão Nacional, servindo este

monumento como caso de estudo.

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3. METODOLOGIA DE MANUTENÇÃO EM EDIFÍCIOS HISTÓRICOS

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4. CASO DE ESTUDO

Programa previsional de manutenção em edifícios históricos

57

CASO DE ESTUDO 4.

4.1. Considerações gerais

Neste capítulo, pretende-se aplicar a metodologia de manutenção apresentada no capítulo anterior a

um edifício histórico. Como caso de estudo será utilizado o Panteão Nacional, edifício situado na

zona histórica de Lisboa, e classificado com Monumento Nacional.

De início será feita a descrição do edifício e da sua envolvente, seguindo-se o levantamento de dados

e intervenções anteriores, o que permitirá dividir o edifício em elementos fonte de manutenção e dar

início à campanha de inspecções.

A aplicação da metodologia desenvolvida terá como principais objectivos:

- caracterização das principais anomalias existentes no edifício;

- calibração da equação apresentada referente a priorização de intervenções;

- realização das previsões de custos de manutenção associadas às calendarizações das acções de

manutenção;

- elaboração de um plano previsional de manutenção para os próximos 10 anos do edifício.

A aplicação da primeira parte da metodologia (fase preliminar à elaboração do plano de manutenção)

será resumida apenas num sub-capítulo, onde será feita uma breve descrição do edifício histórico e

da actual situação do mesmo.

No âmbito desta dissertação, considera-se apenas a envolvente exterior do edifício – fachadas e

coberturas – para aplicação do plano previsional de manutenção.

4.2. Fase preliminar à elaboração do plano

i) Compreensão e situação actual do edifício (etapas 1.A e 1.B da metodologia)

O Panteão Nacional, situado na zona histórica de Santa Clara (freguesia de São Vicente de Fora,

Lisboa), ocupa o edifício originalmente destinado para igreja de Santa Engrácia, acolhendo os

túmulos de grandes vultos da história portuguesa. A actual tutela do edifício pertence ao IGESPAR.

O actual templo situa-se no local de uma primitiva igreja, erguida em 1568 por determinação da

Infanta D. Maria, filha de Manuel I de Portugal, por ocasião da criação da antiga freguesia de Santa

Engrácia [W8].

Essa antiga Igreja, severamente danificada por um temporal em 1681, foi totalmente reconstruída

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4. CASO DE ESTUDO

58

pelo arquitecto João Antunes. As obras perduraram tanto tempo que deram azo à expressão popular

"obras de Santa Engrácia" para designar algo que demora muito tempo a acabar. A morte do

Arquitecto Régio, em 1712, implicou o quase abandono da obra, preterida por D. João V. Após a

extinção das ordens religiosas em 1834, a Igreja serviu de depósito de material de guerra e fábrica de

roupa e calçado.

Em 1910 foi classificado como Monumento Nacional, sendo o actual edifício apenas concluído em

1966 pelos arquitectos e engenheiros da Direcção Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais. Foi

assim necessário esperar pela política de recuperação dos monumentos nacionais empreendida pelo

Estado Novo para que Santa Engrácia tivesse, por fim, a sua cúpula.

Embora nunca chegasse a abrir ao culto, conserva, sob a cúpula moderna, o espaço majestoso da

nave, animada pela decoração de mármores coloridos, característica da arquitectura barroca

portuguesa, sendo o edifício coroado com um zimbório de grandes dimensões (Melo et al., 2010).

Este edifício constitui um elemento referencial no perfil da cidade (Figuras 4.1 e 4.2), oferecendo

pontos de vista privilegiados sobre a zona histórica da cidade e sobre o rio Tejo, estando classificado

como Monumento Nacional.

Foi-lhe atribuída a designação de Panteão Nacional em 1916, sendo que em Agosto de 2003 o

Mosteiro de Santa Cruz em Coimbra recebe também este estatuto por albergar no seu interior os

túmulos de D. Afonso Henriques e D. Sancho I.

Trata-se de um edifício com arquitectura de maneirismo clássico assimilado ao barroco, com planta

em cruz grega, três capelas absidadas, espaço central quadrangular e quatro torres nos ângulos. O

exterior é marcado pela ondulação dos alçados, com curvas e contracurvas e alternância das formas

clássicas, o que acentua o dinamismo exterior da massa arquitectónica. O barroco do portal decorre

essencialmente dos elementos esculturais que o ornamentam. Os elementos arquitectónicos

Figura 4.2 – Panteão Nacional, vista aérea [W1]

Figura 4.1 – Panteão Nacional, vista do rio Tejo [W1]

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4. CASO DE ESTUDO

Programa previsional de manutenção em edifícios históricos

59

testemunham o barroco italianizante (Melo et al., 2012).

Em altura o edifício divide-se em piso térreo; primeiro piso onde se situam os serviços administrativos

do monumento; segundo piso que contém uma galeria interna; terceiro piso com serviços educativos;

e cobertura em terraço de grandes dimensões, onde se situa o zimbório. A estrutura caracteriza-se

por possuir paredes resistentes de cantaria aparelhada. O zimbório, de construção recente (1966)

caracteriza-se por uma tipologia construtiva totalmente diferente, sendo a sua estrutura de betão

armado revestido com pedra como se pode observar pelas Figuras 4.3 e 4.4.

Figura 4.1 e 4.2 – Construção do zimbório e cúpula pela DGEMN, 1964 [W4]

Os trabalhos de manutenção realizados no monumento são efectuados por empresas exteriores às

entidades que tutelam o monumento (funcionamento em outsourcing).

Devido à falta de existência de um responsável directo pela manutenção do edifício é perceptível que

grande parte das intervenções não ocorra de forma planeada, adoptando-se uma postura reactiva

relativamente a anomalias que ocorram no edifício. Desta forma não é possível a análise de planos

de manutenção elaborados de forma preventiva com o orçamentos previstos para anos futuros.

ii) Condições ambientais da região em que se insere o edifício (etapa 1.C da metodologia):

Este monumento insere-se numa zona histórica da cidade de Lisboa, encontrando-se a cerca de 500

metros a Oeste de um outro edifício histórico, o Mosteiro de São Vicente de Fora. Na zona adjacente

ao Panteão, no Campo de Santa Clara, realiza-se aos sábados e terças-feiras a Feira da Ladra de

Lisboa. A fachada Sul do edifício está directamente virada para o Rio Tejo, e a fachada Norte

encontra-se bastante próxima do edifício adjacente.

iii) Gestão interna e receitas do edifício (etapa 1.D da metodologia):

O edifício está aberto ao público de 3ª feira a domingo, e o custo de entrada normal é de 3 euros.

Pontualmente são organizados concertos ou eventos de homenagem promovidos pelo IGESPAR,

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4. CASO DE ESTUDO

60

alguns destes com entrada gratuita (Figura 4.5).

Figura 4.3 - Preparação de concerto pelo Igespar no interior do edifício (fotografia do autor)

As informações relativas a visitantes anuais do edifício foram disponibilizadas pela Direcção do

monumento e encontram-se descritas no Quadro 4.1.

Quadro 4.1 – Número anual de visitantes no Panteão Nacional (fonte IGESPAR)

Tipo de visitante

Nacional Estrangeiro

2007 21103 28892

2008 24526 26404

2009 37985 22115

2010 21958 33426

2011 23198 36616

2012 21313 40040

Através da informação disponibilizada é possível verificar uma maior afluência de turistas

estrangeiros, tendo este número vindo a subir bastante ao longo dos anos. A afluência do turistas

nacionais tem-se mantido constante e sempre abaixo do público estrangeiro (sendo o ano de 2009

uma excepção). Considerando o preço médio por bilhete vendido de 2.5 euros (devido aos vários

descontos possíveis), verifica-se que em 2012 o monumento registou uma receita de bilheteira de

aproximadamente 150.000€.

4.3. Levantamento de dados e intervenções anteriores (etapa 2.A da metodologia)

As antigas intervenções efectuadas no monumento foram acompanhadas pela antiga Direcção Geral

dos Edifícios e Monumentos Nacionais (DGEMN), sendo que os documentos existentes foram

passados para o Sistema de Informação para o Património Arquitectónico (SIPA). Efectuando-se uma

pesquisa nesta plataforma [W4] encontraram-se algumas plantas antigas do edifício e um alçado,

esta informação foi completada e transposta para formato digital (Figura 4.6) de forma a ser possível

(até 30 de Novembro)

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4. CASO DE ESTUDO

Programa previsional de manutenção em edifícios históricos

61

ter-se um levantamento arquitectónico e funcional do edifício de fácil utilização, e que possibilita-se a

medição de elementos de forma expedita.

A informação antiga encontrada foi completada com um levantamento fotográfico actual das fachadas

e coberturas do edifício.

Figura 4.4 – Ficha de levantamento arquitectónico e funcional do edifício

Através de contactos efectuados com a Direcção do monumento foi possível recolher algumas

informações relativas a intervenções anteriores. Não foi contudo possível ter acesso a custos

referentes a manutenção, duração dos trabalhos efectuados e orçamentos futuros para manutenção.

Na Figura 4.7 apresenta-se a ficha de levantamento com as intervenções efectuadas no edifício nos

últimos anos.

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4. CASO DE ESTUDO

62

Figura 4.5 - Ficha de levantamento de intervenções anteriores

4.4. Divisão do edifício em EFM (etapa 2.B da metodologia)

Como foi descrito na apresentação da metodologia no capítulo 3, deverá ser criada uma lista

completa com a identificação de todos os elementos fonte de manutenção existentes no edifício

histórico em estudo.

Foram identificadas para a envolvente do edifício as áreas, grupos e centros de custo a que cada

EFM irá pertencer. Como identificação espacial foram numeradas as fachadas existentes com a

metodologia anteriormente descrita, sendo que a fachada circular do zimbório foi dividida em duas

(Norte e Sul), ao nível da cobertura foi também diferenciada a zona de terraço da zona de telhado em

cúpula.

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4. CASO DE ESTUDO

Programa previsional de manutenção em edifícios históricos

63

Após se verificar a compatibilidade das informações recolhidas com o código apresentado iniciou-se a

fase de levantamento através da ficha de inspecção nº1 (extracto no Quadro 4.2 e ficha completa em

anexo). A informação aqui apresentada é apenas um exemplo, uma vez que foram levantados cerca

de 500 elementos fonte de manutenção ao longo de todas as fachadas e coberturas do monumento.

Quadro 4.2 – Extracto da ficha de inspecção nº1

Centro de custo

Área Grupo cod. Classe cod. Elemento Quantidade (un/m/m2)

Data Código

completo elemento

Fachada Est. Vertical (PAe) Parede exterior (Ap) Alvenaria pedra 816,0 m2

19.11.12 PAeAp 001-1

Fachada Est. Vertical (PAe) Parede exterior (Cs) Cantaria simples

21,5 m2

19.11.12 PAeCs 001-1

Fachada Est. Vertical (PAe) Parede exterior (Cs) Cantaria simples

91,0 m2 19.11.12

PAeCs 001-2

Com os dados recolhidos, passou-se para o passo seguinte do modelo criado, nomeadamente a

avaliação do estado de degradação apresentado pelos elementos fonte de manutenção existentes.

4.5. Avaliação do estado dos EFM existentes (etapa 2.C da metodologia)

Com base na informação recolhida na ficha de inspecção nº1, é possível preencher as duas primeiras

colunas da ficha de inspecção nº2 (extracto da ficha no Quadro 4.3) com o “código do elemento” e

“designação do elemento”.

Através da segunda inspecção ao monumento verificou-se que o edifício se apresenta de uma forma

geral bem conservado, não existindo nenhum EFM em que o estado de degradação esteja

classificado como ruína.

Quadro 4.3 - Extracto da ficha de inspecção nº2

Código do elemento

Designação do elemento

Estado de degradação do

elemento Anomalias observadas

Possíveis causas

SA RA MA RU

PAeAp 001-1 Alvenaria pedra x Sujidade Falta de limpeza

PAeCs 001-1 Cantaria pedra x Manchas negras Sujidade acumulada, falta de

limpeza

Legenda: SA=Sem anomalias; RA=Razoável; M=Mau; RU=Ruína

A fachada principal foi classificada como razoável, sendo que a última campanha de limpeza e

recuperação se deu em 1999/2000 esta não apresenta ainda sintomas de anomalias graves.

Em alguns elementos de cantaria, tal como o PaCs 001-1, são já observáveis sinais de degradação

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4. CASO DE ESTUDO

64

mais profunda, denotando-se manchas negras em toda a sua área e zonas de degradação do

material (Figura 4.8).

Figura 4.6 – Degradação de cantaria da fachada principal

As anomalias mais graves observadas nesta fachada estão associadas à desagregação de cantarias,

devido à ausência de protecções anti-pombo. Esta fachada possui três estatuários de pedra (por

oposição às outras fachadas que não apresentam nenhum), que servem de local de agregação de

pombos, factor que acelera a degradação nestas zonas (Figura 4.9).

Figura 4.7 – Aglomeração de pombos no estatuário da fachada principal

Esta situação deveria ser corrigida o mais rapidamente possível, pois são já visíveis as zonas de

bicadas e unhadas de pombos, bem como os excrementos existentes no local que actuam como

factor de agressividade química. Seria aconselhável a colocação de redes anti-pombo nas zonas do

estatuário, e um sistema de chapa de agulhas na zona superior das cantarias.

É de assinalar que, apesar da simetria do edifício e aparente semelhança entre todas as fachadas,

elas apresentam anomalias diferentes entre si.

Devido ao enquadramento geográfico do edifício e ambiente circundante, as fachadas laterais

apresentam anomalias relacionadas com a presença humana. A fachada Sul apresenta bastantes

graffiti, situação que encarece bastante a limpeza da pedra (Figura 4.10). A fachada Norte encontra-

se junto ao Campo de Santa Clara, local onde se realiza a feira da ladra duas vezes por semana; esta

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4. CASO DE ESTUDO

Programa previsional de manutenção em edifícios históricos

65

fachada é correntemente usada como casa de banho pública (Figura 4.11), situação que provoca

várias anomalias relacionadas com a urina em contacto com a pedra constituinte da fachada.

Figura 4.10 – Zona de graffiti na fachada Sul

Devido à especificidade deste local, seria aconselhável limitar o acesso a esta zona do monumento,

instalando por exemplo uma vedação que diminuísse o acesso a este lugar.

Na zona da cobertura as principais anomalias estão associadas às drenagens pluviais existentes. Na

zona de terraço existe uma caleira única que contorna todo o edifício (Figura 4.12), e ao longo do

qual descarrega em vários tubos de queda. Através das inspecções efectuadas verifica-se que a

maior parte dos tubos de queda se encontram obstruídos (sendo que muitos deles não possuem ralos

de pinha), razão pela qual a água se mantém na cobertura como se observa na Figura 4.13.

Figura 4.8 – Caleira única que contorna toda a cobertura em terraço

Figura 4.11 – Acumulação de urina na fachada Norte

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4. CASO DE ESTUDO

66

Figura 4.9 – Caleira cheia de água sendo já visível vegetação parasitária

Os sistemas de drenagem pluvial existentes no terraço deveriam assim sofrer intervenções de

limpeza num curto espaço de tempo, de forma a não se verificar a evolução das anomalias até aqui

observadas.

Finalizada a fase de análise do estado de degradação, é necessário proceder ao preenchimento da

ficha de inspecção nº 3, ficando-se assim com todos os dados necessários à aplicação da equação

da hierarquização. Um extracto dessa ficha é apresentado no Quadro 4.4.

Quadro 4.4 - Extracto da ficha de inspecção nº3

Código do elemento

Designação do elemento

Valor Cultural Condição em relação à

restante estrutura e restantes elementos

Acessibilidade para a manutenção

SV B R S NI PI I MI T F M D

PAeAp 001-1 Alvenaria pedra x x

x

PAeCs 001-1 Cantaria pedra x x x

PAeCs 001-2 Cantaria pedra x x x

VaoVs 001-1 Vidro x x

x Legenda: SV=Sem valor; B=Baixo; R=Relativo; S=Significativo; NI=Nada Importante; PI=Pouco Importante; I=Importante; MI=Muito Importante; T=Total; F=Fácil; M=Mediana; D=Difícil

É de salientar neste caso de estudo que o “Valor Cultural” (principal critério de diferenciação entre

edifícios históricos e edifícios correntes) irá apresentar em alguns elementos do edifício valores

baixos. Este facto deve-se a que, apesar de se tratar um edifício do séc. XVII, as várias

reconstruções e prolongamento das obras fizeram com que grande parte do edifício seja de

construção mais recente.

Por exemplo a platibanda existente com os vários balaustres, apenas foi construída e adicionada ao

edifício em 1964 (Figura 4.14), tendo sido classificada neste trabalho como de “Valor Cultural”

relativo/baixo, ao contrário das cantarias existentes nas fachadas inferiores, classificadas como de

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4. CASO DE ESTUDO

Programa previsional de manutenção em edifícios históricos

67

“Valor Cultural” significativo.

Figura 4.10 – Adição da platibanda às fachadas e construção da cúpula, 1964 [W4]

Assim, para aplicação do critério “Valor Cultural”, o edifício poderá ser dividido em duas partes

distintas (Figura 4.15).

Figura 4.11 – Divisão do edifício em partes distintas

A parte inferior do monumento apresenta construção do séc. XVII, enquanto a parte superior foi

apenas construída em 1964, factor que origina a diferença de valorização. Apesar desta divisão

poderão existir EFM com diferentes classificações, por exemplo o vidro dos vãos foi considerado sem

valor cultural, e a cruz metálica do topo da cúpula classificada com valor cultural relativo.

Terminada a fase de recolha de elementos fonte de manutenção e avaliação do estado dos mesmos

segundo os quatro critérios descritos na metodologia seguida, prossegue-se para a aplicação da

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4. CASO DE ESTUDO

68

equação desenvolvida para obtenção dos índices de necessidade de manutenção, de forma a ser

possível realizar um escalonamento previsional de acções.

4.6. Elaboração da hierarquia dos EFM (etapa 2.D da metodologia)

Utilizando os dados recolhidos nas três fichas de inspecção, aplicou-se a Equação 3.5 a cada um dos

elementos fonte de manutenção. Desta forma é possível elaborar-se um escalonamento de acções

de manutenção, analisando-se o índice de escalonamento relativo de cada elemento, e inserindo num

dos intervalos de tempo definidos no Quadro 3.13.

De acordo com as equações apresentadas realizou-se o cálculo do índice de escalonamento relativo

para todos os EFM existentes no edifício, apresenta-se como exemplo um excerto do dos elementos

da fachada principal no Quadro 4.5 (ficha completa de índices de escalonamento em anexo).

Quadro 4.5 – Exemplo de índices de escalonamento da fachada principal

Código completo elemento

ED VC CR AC Índice

ponderado Índice

relativo Centro de

custos

PAeAp 001-1 2 3 2 3 38 0,78 Fachada

PAeCs 001-1 3 3 1 3 41 0,84 Fachada

PAeCs 001-2 3 3 1 3 41 0,84 Fachada

VaoVs 001-1 1 1 2 1 17 0,35 Vão

Legenda: ED=Estado de degradação; VC=Valor Cultural; CR=Condição em relação aos restantes elementos; AC=Acessibilidade para manutenção Tendo como exemplo a fachada principal, verifica-se que depois de serem calculados todos os

índices de escalonamento relativo, os EFM pertencentes à classe “parede exterior” (Alvenaria de

pedra) irão necessitar de intervenções num espaço de tempo mais curto quando comparados com os

EFM pertencentes à classe “vãos” (cantarias de janelas e estruturas de suporte em madeira).

Este tipo de escalonamento de acções será bastante importante para a próxima fase da metodologia,

que consiste na elaboração do plano previsional de manutenção.

4.7. Previsão de custos de manutenção (etapa 2.E da metodologia)

Com a identificação de todas as acções de intervenção, é possível elaborar um plano financeiro de

custos para os próximos 10 anos. Estes custos deverão ser transformados em custos anuais

associados a um montante único e constante (anuidade) para um período de 10 anos, de 2013 a

2022. O ano de 2012 foi excluído uma vez que o orçamento para este ano do edifício já se encontrará

definido.

A informação relativa a custos de intervenções foi recolhida através de fichas de rendimento, software

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4. CASO DE ESTUDO

Programa previsional de manutenção em edifícios históricos

69

relativo ao tema (programa CYPE), e através de profissionais ligados à área de manutenção e

reabilitação de edifícios históricos.

Para actualização dos custos referentes a futuras acções de manutenção deverá ter-se em conta a

taxa de actualização nominal, para este caso de estudo foi utilizado o valor de 3% tendo em conta o

índice preços de consumidor previsto e a taxa diferencial de preços.

A partir do Quadro 4.7 apresentado mais à frente, serão descritos os custos de manutenção

associados a cada classe de elementos fonte de manutenção.

4.8. Plano previsional de manutenção (etapa 3 da metodologia)

Nesta fase do trabalho, para além do escalonamento de acções já calculado, será importante

conhecer os intervalos de tempo que devem ser definidos entre cada tipo de intervenção. Esta

informação foi recolhida através de catálogos técnicos, profissionais com experiência em manutenção

e bibliografia técnica direccionada para edifícios históricos, tal como (Moreira Rato, 2002).

O monumento em estudo não possui equipa própria de manutenção, sendo que estará o IGESPAR

incumbindo de contratar empresas em outsourcing de forma a satisfazer as exigências de

manutenção. Desta forma o plano de manutenção não será elaborado tendo em conta material e

profissionais que façam parte da gestão interna do edifício.

Depois de recolhida toda a informação necessária foi possível construir o programa previsional das

acções de manutenção para o Panteão Nacional em Lisboa. No Quadro 4.6 encontra-se

representada a ficha representativa do plano previsional de manutenção da fachada principal.

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4. CASO DE ESTUDO

70

Quadro 4.6 – Plano previsional de manutenção para fachada principal

Codificação dos EFM Rotinas Periodicidade Meios necessários Custos

Área Grupo Classe (centro de

custo) Elemento Código completo Tipo Pontual Mensal Anual Quinquenal Decenal Pessoal Equipamento Quant. Preço Custo total

Fachada Est. Vertical Parede exterior Alvenaria de

pedra PAeAp 001-1 Limpeza x 2 operários Eq. jacto água 951,0 m

2 14,76 €/m

2 14.036,8 €

Fachada Est. Vertical Parede exterior Cantaria Simples PAeCs 001-1/2 Limpeza x 2 operários Eq. manual

escovas 112,5 m

2 14,98 €/m

2 1.685,3 €

Fachada Est. Vertical Vão Vidro VaoVs 001-1/22 Substituição x 1 operário Vidro 6,0 m2 36,05 €/m

2 216,3 €

Fachada Est. Vertical Vão Est. suporte VaoEs 001-1/22 Pintura x 2 operários Eq. Pintura 84,0 m2 11,65 €/m

2 978,6 €

Fachada Est. Vertical Vão Cantaria Simples VaoCs 001-1/22 Limpeza x 2 operários Eq. manual

escovas 114,3 m

2 14,76 €/m

2 1.687,1 €

Fachada Est. Vertical Vão Gradeamento VaoGd 001-1/2 Tratamento x 1 operário Eq. Pintura 0,6 m2 16,89 €/m

2 10,1 €

Fachada Portal Cantaria Estatuário CNtEs 001-1/3 Limpeza x 2 operários Eq. manual

escovas 7,5 m

2 16,89 €/m

2 126,7 €

Fachada Portal Cantaria Coluna CNtCl 001-1/4 Limpeza x 2 operários Eq. manual

escovas 85,7 m

2 16,89 €/m

2 1.447,5 €

Fachada Portal Vão Cantaria artística VaoCa 001-1/3 Limpeza x 2 operários Eq. manual

escovas 481,1 m

2 14,98 €/m

2 7.206,9 €

Fachada Coroamento Platibanda Platibanda pedra PLtAp 001-1 Limpeza x 2 operários Eq. jacto água 135,0 m2 14,76 €/m

2 1.992,6 €

Fachada Est. Vertical Drenagens Verticais

Goteira DNvGo 001-1/8 Limpeza x 2 operários Eq. manual

escovas 2.6 m

2 14,98 €/m

2 143.8 €

Fachada Sistemas Sist. Informação Letras metálicas SIsLe 001-1 Tratamento x 1 operário Eq. Pintura 0,5 m2 16,89 €/m

2 8,4 €

Fachada Sistemas Sist. Informação Suporte metálico SIsSu 001-1 Tratamento x 1 operário Eq. Pintura 0,5 m2 16,89 €/m

2 8,4 €

Fachada Sistemas Acesso Rampa metálica ACsRa 001-1 Tratamento x 1 operário Eq. Pintura 3,5 m2 16,89 €/m

2 59,1 €

Fachada Sistemas Anti-pombo Rede SIsRe 001-1 Instalação x 1 operário Rede 8,4 m2 24,62 €/m

2 206,8 €

Fachada Sistemas Anti-pombo Chapa agulhas SIsCh 001-2 Instalação x 1 operário Chapa agulhas 10,4 m 25,62 €/m2 267,0 €

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4. CASO DE ESTUDO

Programa previsional de manutenção em edifícios históricos

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Quadro 4.7 – Plano previsional de manutenção para 10 anos com custos associados, fachada principal

10 anos

2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021 2022 2023

Fachada 17.695,2 €

Vãos 1.378,7 € 1.598,3 €

Cantarias 8.150,9 €

Sistemas 420 € (a)

Andaimes 12.657,5 €

Total anual: 420,0 € 0,0 € 0,0 € 0,0 € 39.882,4 € 0,0 € 0,0 € 0,0 € 0,0 € 1.598,3 € 0,0 €

(a) Sistema anti-pombos

Média gastos anuais fachada principal: 3.809,2 €

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4. CASO DE ESTUDO

72

Quadro 4.8 - Plano previsional de manutenção para 10 anos com custos associados, fachada lateral Sul

10 anos

2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021 2022 2023

Fachada 20.319,7 €

Vãos 1000,1 € 1.159,4 €

Cantarias 912,1 €

Andaimes 12.656,9 €

Total anual: 0,0 € 0,0 € 0,0 € 0,0 € 34.888,8 € 0,0 € 0,0 € 0,0 € 0,0 € 1.159,4 € 0,0 €

Média gastos anuais cobertura: 3.277,1 €

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4. CASO DE ESTUDO

Programa previsional de manutenção em edifícios históricos

73

Quadro 4.9 - Plano previsional de manutenção para 10 anos com custos associados, cobertura

Cobertura

10 anos

2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021 2022 2023

Pavimento Terraço

18.540,0 € 10.927,3 € 11.592,7 € 12.298,7 € 23.485,9 €

Revestimento

Cupula 7.306,7 €

Andaimes 14.743,9 €

Drenagens 400,0 € 412,0 € 424,4 € 437,1 € 450,2 € 463,7 € 477,6 € 491,9 € 506,7 € 521,9 € 537,6 €

Iluminação 20,0 € 20,6 € 21,2 € 21,9 € 22,5 € 23,2 € 23,9 € 24,6 € 25,3 € 26,1 € 26,9 €

Pára-raios 500,0 € 746,8 € 530,5 € 546,4 € 562,8 € 579,6 € 597,0 € 614,9 € 633,4 € 652,4 € 672,0 €

Sistemas 50,0 € 51,5 € 53,0 € 54,6 € 56,3 € 58,0 € 59,7 € 61,5 € 63,3 € 65,2 € 67,2 €

Total anual: 970,0 € 19.770,9 € 1.029,1 € 11.987,2 € 1.091,7 € 12.717,2 € 1.158,2 € 13.491,7 € 1.228,8 € 46.802,2 € 1.303,6 €

Média gastos anuais cobertura: 10.141,0 €

O cálculo de custos de acções de intervenção encontra-se apresentado em anexo.

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4. CASO DE ESTUDO

74

4.9. Decisão – análise económica (etapa 4 da metodologia)

Posteriormente à elaboração do plano de manutenção deverá existir uma fase de análise

económica, de forma a serem estudados diversos cenários de intervenção possíveis. Será

importante nesta fase do trabalho existir uma racionalização/sinergia de meios disponíveis,

procurando-se sempre efectuar uma manutenção baseada na oportunidade (por exemplo

associada ao elevado custo da montagem de andaimes nas fachadas).

Nesta fase será importante a comparação de preços entre diversas opções possíveis de

intervenção, por exemplo o aluguer de uma plataforma elevatória para a intervenção em

elementos da fachada, em comparação com a montagem e aluguer de andaimes.

Comparando os custos de manutenção de todas as fachadas é possível verificar que as que

possuem intervenções mais onerosas (Figura 4.16) serão a fachada principal (média anual de

3.911,2€) – devido às anomalias observadas e à grande quantidade de cantarias artísticas que

necessitam de maiores trabalhos de limpeza, bem como de instalação de um sistema anti-

pombos – e a fachada lateral Sul (média anual de 2.898,8 €) – devido à presença de graffitis

que encarecem a limpeza da pedra (os custos de intervenções noutras fachadas encontram-se

em anexo).

Neste caso a periodicidade de acções irá constituir um ponto de análise importante, podendo-

se intervencionar elementos de vãos destas fachadas - que apresentam maior exposição solar

e degradação mais acelerada - em intervalos de tempo mais curtos (por exemplo de 4 em 4

anos, sendo as restantes intervencionadas de 6 em 6 anos, permitindo que existam anos que

se juntem os trabalhos).

Figura 4.12 – Identificação de fachadas, Panteão Nacional [W8]

No caso de edifícios que contenham uma forte componente turística, será importante analisar

diferentes critérios de decisão, definindo-se por exemplo as fachadas que serão

intervencionadas simultaneamente. No caso do Panteão Nacional que possui 4 fachadas

Fachada

principal

Fachada

Sul

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4. CASO DE ESTUDO

Programa previsional de manutenção em edifícios históricos

75

semelhantes, em que existe apenas uma entrada para visitantes, deverá planear-se a sua

manutenção para que o edifício não perdatotalmente a sua atractividade visual, nem que seja

necessário encerrá-lo totalmente ao público.

Nos últimos anos tem vindo a ser desenvolvida uma filosofia de maior abertura ao público em

diversos edifícios históricos em fase de manutenção. Este conceito foi implementado nos vários

edifícios da empresa Parques de Sintra (Lobo de Carvalho, 2007) designando-se a iniciativa

como “Aberto para Obras”, permitindo assim um fluxo normal de visitantes em épocas de

intervenções de manutenção e restauro, sendo assim possível visitar os edifícios e

acompanhar as obras de conservação que se encontram em execução. Este tipo de decisão

poderá prevenir importantes percas financeiras associadas ao turismo.

Na fase de decisão associada à manutenção, será sempre necessária a estreita colaboração

entre quem elabora o plano previsional e a Direcção do monumento, planeando-se

intervenções futuras tendo em conta orçamentos anuais disponíveis, que podem variar

bastante de ano para ano.

4.10. Comparação do caso de estudo com a Igreja dos Olivais

Para se proceder à calibração da equação de hierarquização de intervenções, foi

inspeccionada a Igreja de Santa Maria dos Olivais. A avaliação deste segundo edifício não teve

como objectivo a elaboração de um plano previsional de manutenção, mas sim testar os

critérios até aqui utilizados para caracterização de edifícios históricos.

Esta Igreja do séc. XVII (Figura 4.17) caracteriza-se pela construção de alvenaria de pedra,

com revestimentos de fachadas em reboco e tinta, apresentando uma cobertura em telhado.

Figura 4.13 – Igreja de Santa Maria dos Olivais (fotografia do autor)

Seguindo-se a metodologia anteriormente utilizada foram recolhidos os elementos fonte de

manutenção e caracterizados de acordo com as fichas de inspecção já referidas. As principais

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4. CASO DE ESTUDO

76

anomalias do edifício estão relacionadas com as fachadas, sendo que o revestimento em

reboco e tinta foi classificado como “Ruína” (Figura 4.18).

Figura 4.14 – Fachada Este da Igreja de Santa Maria dos Olivais (fotografia de autor)

Depois de recolhidos todos os dados necessários à equação (Quadro 4.10) foram calculados

os índices de escalonamento de acordo com a Equação 3.5.

Quadro 4.10 – Exemplo de índices de escalonamento, Igreja Santa Maria dos Olivais

Código completo elemento

ED VC CR AC Índice

ponderado Índice

relativo

PAeAr 002-1 4 2 3 3 45 0,94

PAeCs 002-1 3 3 2 3 43 0,90

PAeAz 002-3 2 4 1 2 38 0,79

VaoVs 002-1 1 1 3 1 19 0,40

Legenda: ED=Estado de degradação; VC=Valor Cultural; CR= Condição em relação aos restantes elementos; AC= Acessibilidade para manutenção

Analisando os índices de escalonamento obtidos para todas as fachadas e cobertura, observa-

se que os elementos prioritários para intervenção serão os revestimentos das fachadas (reboco

e tinta), estes apesar de não terem valor cultural muito elevado apresentam um estado de

degradação avançado, devendo ser os primeiros a sofrer intervenções.

Em comparação com o Panteão Nacional constata-se que na Igreja de Santa Maria o elemento

com maior índice de escalonamento relativo é a alvenaria rebocada, apresentando um estado

de degradação de ruína, não sendo este elemento o de maior valor cultural (no caso desta

Igreja os azulejos foram classificados com o valor cultural mais alto).

No caso do Panteão Nacional os elementos com maior índice de escalonamento relativo

seriam os estatuários situados na entrada da fachada principal, que coincidiam também como

os elementos classificados com valor cultural mais alto. Os resultados alcançados neste

escalonamento de acções são coerentes quando comparados com as datas de campanhas de

intervenções anteriores realizadas. Foi possível verificar na fase de levantamentos que as

fachadas exteriores do Panteão Nacional foram alvo de recuperação e limpeza em 1999/2000,

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4. CASO DE ESTUDO

Programa previsional de manutenção em edifícios históricos

77

enquanto que os vãos de portas e janelas sofreram obras de beneficiação em 2009/2010,

razão pela qual não irão necessitar de intervenções num curto espaço de tempo.

É interessante analisar que no caso da Igreja dos Olivais os elementos com maior valor cultural

não coincidem com os primeiros na hierarquia de escalonamento, esta situação está associada

ao estado de degradação avançado do revestimento da fachada, que através da Equação 3.5

obtém um índice relativo de escalonamento de 0.94 (devendo sofrer intervenções de imediato).

Na análise feita ao Panteão Nacional nenhum dos elementos obteve um índice relativo superior

a 0.90, situação que confirma o bom estado de conservação do edifício.

Confirma-se assim a necessidade de apresentar na equação de escalonamento um peso

elevado para o “Estado de degradação”, apresentando este critério uma importância

semelhante ao valor cultural dos elementos para o futuro escalonamento de acções. Apesar de

a equação apenas ter sido testada em dois edifícios, conclui-se que o critério “Estado de

degradação” deverá ter um peso semelhante ao critério “Valor cultural”, ainda assim deveria

existir uma maior amostra de edifícios testados para calibrar devidamente esta equação.

4.11. Considerações finais do capítulo

Neste capítulo procedeu-se à aplicação da metodologia de manutenção apresentada no

capítulo 3. Como caso de estudo foi utilizado o Panteão Nacional, edifício histórico situado na

cidade de Lisboa.

Numa primeira fase foi feita uma descrição do edifício, tentando-se assim compreender a sua

situação actual, e qual o seu enquadramento e importância para a zona onde se encontra.

Todos estes aspectos serão importantes para a elaboração do seu plano previsional de

manutenção.

De seguida foi feito o levantamento de dados através de fichas de levantamento do edifício,

dividindo-se todas as fachadas e coberturas em elementos fonte de manutenção. Foi assim

iniciada a campanha de inspecções onde se procedeu à avaliação do estado de degradação e

anomalias encontradas, bem como a avaliação dos vários elementos através dos critérios

especificados na metodologia anteriormente descrita.

Depois de definido o escalonamento de acções e sua periodicidade, foi organizado um plano

previsional de manutenção com base em custos de intervenções. Esta parte do trabalho seria

mais interessante se fosse possível comparar o plano financeiro de manutenção preventiva

para 10 anos, com valores de intervenções reactivas aplicados no passado ao mesmo edifício.

Por último foram usados critérios de oportunidade para a organização de intervenções no

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4. CASO DE ESTUDO

78

edifício, tentando-se assim racionalizar custos e diminuir despesas de manutenção.

Este tipo de planos previsionais deverá ter um acompanhamento futuro, realizando-se várias

inspecções ao longo do temo, de forma a avaliar a evolução das anomalias observadas,

planeando-se assim futuras intervenções de forma mais eficiente.

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5. CONCLUSÕES E DESENVOLVIMENTOS FUTUROS

Programa previsional de manutenção em edifícios históricos

79

CONCLUSÕES E DESENVOLVIMENTOS FUTUROS 5.

5.1. Conclusões finais

Através da elaboração deste trabalho constata-se que a manutenção de edifícios históricos se

revela ainda como um tema a necessitar de estudo aprofundado e aplicação contínua em

diversos edifícios. A manutenção reactiva usualmente aplicada à maior parte dos monumentos

existentes deverá ser evitada, procurando-se solução preventivas segundo uma lógica de

prevenção e antecipação face ao desgaste natural próprio de edifícios históricos. A

manutenção planificada irá permitir não só um melhor controlo sobre a evolução física do

imóvel, evitando degradações acentuadas, como também uma planificação financeira mais

eficiente das intervenções.

Esta área de estudo revela-se mais desenvolvida e implantada em outros países europeus.

Torna-se assim interessante abordar as estratégias seguidas, analisando-se os casos com

maior sucesso de forma a poder integrá-los no contexto nacional.

Nos últimos anos tem existido uma maior consciencialização da sociedade em relação à

importância do património histórico. Este tipo de edifícios tem a capacidade de desenvolver as

regiões em que estão presentes, conseguindo gerar receitas referentes ao turismo.

Para se proceder à transposição de processos de manutenção de edifícios correntes (tema que

tem vindo a sofrer grandes desenvolvimentos nos últimos anos) é necessário ter em conta as

especificidades associadas ao património histórico, nomeadamente os diferentes atributos de

cada edifício – cada monumento apresenta geralmente características únicas – bem como as

questões associadas à autenticidade, prática que no passado não era privilegiada.

As acções de manutenção aplicadas a este tipo de edifícios devem-se enquadrar nas

particularidades do mesmo. Tratando-se de objectos únicos e bens de grande valor cultural, a

abordagem aos mesmos deverá ter em conta os factores ambientais que rodeiam o edifício,

não podendo ser ignorados aspectos sociais, económicos e políticos; ultrapassando-se assim

muitas vezes o domínio científico.

Nesta dissertação pretendeu-se elaborar uma metodologia de manutenção que pudesse ser

aplicada a qualquer edifício histórico, o objectivo final passa pela elaboração de um plano

previsional de acções de manutenção e previsões de custo para cada edifício analisado.

Para a metodologia desenvolvida foram analisados os vários critérios considerados mais

importantes para análise de património histórico. Foi ainda desenvolvida uma equação de

hierarquização que permite determinar o escalonamento de acções que deve ser seguido em

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5. CONCLUSÕES E DESENVOLVIMENTOS FUTUROS

80

cada edifício.

A referida metodologia foi aplicada ao Panteão Nacional, tendo servido este edifício

(classificado como Monumento Nacional) como caso de estudo para o desenvolvimento deste

trabalho. De início foi desenvolvida a fase preliminar à elaboração do plano previsional de

manutenção, desta forma foi feito um estudo de compreensão do edifício. As várias etapas

descritas na metodologia não foram totalmente aprofundadas, mas foi feita a descrição do

edifício bem como a análise à sua história e alterações efectuadas ao longo do tempo. O

estudo do ambiente exterior e a gestão de manutenção do monumento foram também

abordados, tendo ainda sido possível recolher informações relativas a visitas situação que

revela a importância do edifício histórico para a região em que está inserido.

Procedeu-se de seguida à fase de inspecções, onde foram utilizadas fichas de levantamento e

as três fichas de inspecções desenvolvidas para o tema. Através da primeira ficha foram

recolhidos cerca de 500 elementos fonte de manutenção, sendo de seguida estudadas as

anomalias presentes em cada um (utilizando a segunda ficha de inspecção), verificou-se que

apesar de não existir um plano previsional de manutenção relativo ao edifício este se encontra,

de forma geral, num bom estado de conservação, muito por culpa das últimas intervenções

terem sido efectuadas há pouco tempo (aproximadamente dois anos).

Através das inspecções efectuadas é possível compreender a diferença de anomalias

observadas entre as diversas fachadas. Apesar de se tratar de um edifício simétrico, com

aparente semelhança entre todas as fachadas, existe uma diferenciação clara de anomalias

entre todas as paredes exteriores, esta situação pode ser explicada em grande parte pela

envolvente ambiental do monumento. As situações mais graves observadas estão relacionadas

com acções animais (agregação de pombos) e humanas, estando as origens destas anomalias

directamente relacionadas com o ambiente em que o edifício histórico se insere.

Utilizando-se a última ficha de inspecção foram avaliados os diversos EFM, de acordo com os

critérios que se definiram na metodologia como os mais importantes na análise a este tipo de

edifícios. Através dos resultados obtidos foi elaborado o escalonamento de acções de

manutenção, sendo assim possível desenvolver um plano previsional de manutenção para o

futuro.

Nesta fase foi proposta uma equação que permite definir o escalonamento de acções de

manutenção a elaborar em cada plano. Esta equação tem em conta os critérios: estado de

degradação dos elementos, valor cultural, condição em relação à restante estrutura e

elementos, e acessibilidade para manutenção; tendo sido estes os critérios escolhidos como

mais condicionantes para análise de intervenções de manutenção em edifícios históricos.

Foi importante fazer a análise dos critérios de manutenção definidos num outro edifício, a Igreja

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5. CONCLUSÕES E DESENVOLVIMENTOS FUTUROS

Programa previsional de manutenção em edifícios históricos

81

de Santa Maria nos Olivais, de forma a se compararem resultados, e para a compreensão do

peso dos critérios definidos como estado de degradação e valor cultural dos elementos,

calibrando-se assim a equação de escalonamento de acções para se obterem resultados

adequados na definição de tempos máximos de intervenção.

Numa última fase foram descritos e actualizados os custos referentes à manutenção para um

horizonte temporal de 10 anos, apenas assim foi possível discutir diversos cenários de

manutenção, assim como a racionalização e sinergia de meios disponíveis, procurando-se

sempre factores de oportunidade que beneficiassem a gestão financeira associada à

manutenção.

Foi possível compreender que a criação de planos previsionais de manutenção deveria ser

(através de legislação própria) de aplicação obrigatória em edifícios deste tipo. A planificação

atempada de acções de manutenção iria permitir um acompanhamento aprofundado das

anomalias observadas, bem como uma poupança económica de grandes proporções, podendo

ser discutidos orçamentos futuros com base em planos previsionais e em acções de

intervenção já efectuadas.

Devido à extensão do modelo proposto, não foi possível aprofundar todos os procedimentos

descritos ao caso de estudo analisado. Ainda assim, a metodologia foi aplicada seguindo-se

todas as fases que a integram, por conseguinte, pode-se concluir que os objectivos propostos

nesta dissertação foram atingidos.

5.2. Desenvolvimentos futuros

Para desenvolvimentos futuros, existem diversos aspectos desta dissertação que podem ser

aprofundados, tornando a execução dos programas previsionais para edifícios históricos mais

rápidos e expeditos.

Criação de uma base de dados referente a edifícios históricos cada vez maior a nível

nacional, procedendo-se à caracterização de anomalias e critérios de priorização de

uma forma universal;

Desenvolvimento de software onde fosse possível codificar, de forma fácil e expedita,

os diversos elementos fonte de manutenção habitualmente existentes em edifícios

deste tipo;

Aplicação da equação de escalonamento de acções de intervenção a uma maior

amostra de edifícios, de forma a ser possível melhorá-la e validá-la;

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5. CONCLUSÕES E DESENVOLVIMENTOS FUTUROS

82

Aplicação real de um plano previsional de manutenção elaborado para edifícios

históricos, de forma a ser possível a comparação do funcionamento do edifício ao

longo dos anos, bem como a análise financeira comparativamente às acções reactivas

anteriormente utilizadas.

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6. BIBLIOGRAFIA

Programa previsional de manutenção em edifícios históricos

83

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6. BIBLIOGRAFIA

84

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Flores-Colen, I. (2003). Planos de Manutenção Pró-Activa. 3º ENCORE - Encontro Sobre

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Descrição das acções correctivas / preventivas necessárias para resolução, prevenção

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6. BIBLIOGRAFIA

Programa previsional de manutenção em edifícios históricos

85

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Páginas Internet consultadas:

[W1] IGESPAR (http://www.igespar.pt), consultado a 27/07/2012.

[W2] UNESCO WORLD HERITAGE (http://whc.unesco.org), consultado a 27/07/2012.

[W2] INE (http://www.ine.pt), consultado a 03/08/2012.

[W4] DGEMN (http://www.monumentos.pt), consultado a 07/08/2012.

[W5] ICOMOS (http://www.icomos.org), consultado a 07/08/2012.

[W6] EH (http://www.english-heritage.org.uk), consultado a 11/08/2012.

[W7] Monumentenwacht (http://www.monumentenwacht.nl), consultado a 20/10/2012.

[W8] Google earth (http://maps.google.pt), consultado a 30/11/2012.

Legislação relativa ao tema:

[L1] Decreto-Lei n.º 309/2009, de 23 de Outubro, em vigor desde Janeiro de 2010 –

Classificação de património histórico.

[L2] Decreto-Lei nº177/2001, de 4 de Junho de 2001 – alteração ao Regulamento Geral das

Edificações Urbanas.

[L3] Lei nº06/2006, de 27 de Fevereiro – Novo Regime do Arrendamento Urbano.

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Anexos

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II

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III

ANEXO I

Carta de Veneza

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IV

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V

Carta de Veneza - Tradução pelo Eng.º António de Borja Araújo

O IIº Congresso Internacional dos Arquitectos e dos Técnicos de Monumentos Históricos, que reuniu em Veneza

desde 25 até 31 de Maio de 1964, aprovou o seguinte texto:

DEFINIÇÕES

Artigo 1.

O conceito de monumento histórico abrange não só os trabalhos de simples arquitectura, mas também o enquadramento urbano ou rural onde se encontram as evidências de uma civilização em particular, um desenvolvimento significativo ou um acontecimento histórico. Isto aplica-se não só às grandes obras de arte, mas também a obras mais modestas do passado que adquirem significado cultural com a passagem do tempo.

Artigo 2.

A conservação e o restauro dos monumentos deve recorrer a todas as ciências e a todas as técnicas que possam contribuir para o estudo e para a salvaguarda do património arquitectónico.

Artigo 3.

O objectivo de se conservarem e de se restaurarem os monumentos é salvaguardá-los não apenas como obras de arte, mas também como evidências históricas.

CONSERVAÇÃO

Artigo 4.

É essencial para a conservação dos monumentos que eles sejam mantidos numa base permanente.

Artigo 5.

A conservação dos monumentos antigos é sempre facilitada se os fizermos utilizáveis para qualquer finalidade socialmente útil. Tal utilização é, portanto, desejável mas não deve alterar a disposição interna ou a decoração do edifício. É dentro destes limites que as modificações necessárias para a alteração de funções devem ser encaradas e podem ser permitidas.

Artigo 6.

A conservação de um monumento implica a preservação de um enquadramento que não esteja fora de escala. Sempre que o enquadramento tradicional exista, ele deve ser conservado. Não deve ser aprovada nenhuma construção nova, demolição ou modificação que vá alterar a relação de massas e de cores.

Artigo 7.

Um monumento é inseparável da sua história, da qual ele é testemunha, e do enquadramento em que existe. Não pode ser permitida a movimentação de todo ou de partes de um monumento, excepto quando a salvaguarda desse monumento o exija, ou quando isso for justificado por interesses nacionais ou internacionais de importância excepcional.

Artigo 8.

Os artigos de escultura, pintura ou decoração que formem parte integrante de um monumento só podem ser removidos deste se isso for o único meio de se garantir a sua preservação.

RESTAURO

Artigo 9.

O processo de restauro é uma operação altamente especializada. O seu objectivo é preservar e revelar o valor estético e o valor histórico do monumento, e baseia-se no respeito pelo material original e por documentos autênticos. O restauro deve deter-se no ponto onde começarem as conjecturas, e ainda mais no caso de qualquer obra extra que seja indispensável executar, esta deve ser distinguível da composição arquitectónica e

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VI

deve arvorar uma marca da sua contemporaneidade. Em qualquer caso, o restauro deve ser precedido e acompanhado por um estudo arqueológico e histórico do monumento

Artigo 10.

Quando as técnicas tradicionais demonstrarem serem inadequadas, a consolidação de um monumento pode ser conseguida pelo emprego de qualquer técnica moderna para a conservação e construção, cuja eficácia tenha sido demonstrada por dados científicos e comprovada pela experiência.

Artigo 11.

Devem ser respeitadas as contribuições válidas de todos os períodos feitas ao edifício ou monumento, uma vez que o objectivo do restauro não é a unidade de estilo. Quando um edifício inclui obras sobrepostas de diferentes períodos, a revelação do estado subjacente só pode ser justificada em circunstâncias excepcionais e quando o que for removido tiver pouco interesse e o material que for posto a descoberto for de grande valor histórico, arqueológico ou estético, e o seu estado de preservação suficientemente bom para justificar esta acção. A avaliação da importância dos elementos envolvidos e a decisão sobre o que pode ser destruído não podem ser apenas da competência do indivíduo responsável pela obra.

Artigo 12.

As substituições de partes em falta devem-se integrar harmoniosamente no conjunto mas, ao mesmo tempo, devem ser distinguíveis do original, para que o restauro não falsifique a evidência artística ou histórica.

Artigo 13.

Não podem ser autorizadas adições, excepto até ao ponto em que não desfigurem as partes interessantes do edifício, a sua envolvente tradicional, o equilíbrio da sua composição e a sua relação com as suas proximidades.

SÍTIOS HISTÓRICOS

Artigo 14.

Os sítios dos monumentos devem ser objecto de especiais cuidados para se salvaguardar a sua integridade e para se garantir que eles são desobstruídos e apresentados de uma forma harmoniosa. As obras de conservação e restauro executadas em tais sítios devem ser inspiradas por princípios assentes nos artigos seguintes

ESCAVAÇÕES

Artigo 15.

As escavações devem ser executadas de acordo com normas científicas e com as recomendações que definem os princípios internacionais a serem aplicados no caso de escavações arqueológicas, adoptadas pela UNESCO em 1956.

As ruínas devem ser mantidas e devem ser tomadas as medidas necessárias para a conservação e para a protecção permanente dos elementos arquitectónicos e dos objectos descobertos. Além disso, devem ser adoptados todos os meios que facilitem a compreensão do monumento e a sua revelação, sem nunca se distorcer o seu significado.

No entanto, devem ser excluídos “a priori” todos os trabalhos de reconstrução. Só pode ser permitida a anastilose, ou seja, a remontagem de partes existentes mas desmembradas. O material usado para a integração deve ser sempre reconhecível e o seu uso deve ser o mínimo que garanta a conservação do monumento e o restabelecimento da sua forma.

PUBLICAÇÃO

Artigo 16.

Em todos os trabalhos de preservação, restauro ou escavação, deve existir sempre documentação exacta sob a forma de relatórios analíticos e críticos, ilustrados com desenhos e fotografias. Devem ser incluídas todas as fases dos trabalhos de limpeza, consolidação, arrumação e integração, assim como os elementos técnicos e formais identificados durante o decurso dos trabalhos. Este registo deve ser guardado em arquivos, numa instituição pública, e postos à disposição dos profissionais da investigação. Recomenda-se que o relatório seja publicado

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VII

ANEXO II

Fichas de levantamento arquitectónico e funcional

Panteão Nacional

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VIII

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IX

Figura A.1 – Ficha de levantamento, dimensões de referência da cobertura

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X

Figura A.2 - Ficha de levantamento, áreas de referência da fachada principal

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XI

Figura A.3 - Ficha de levantamento, áreas de referência da fachada lateral

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XII

Figura A.4 – Ficha de levantamento, EFM da fachada principal

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XIII

Figura A.5 - Ficha de levantamento, EFM da fachada lateral

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XIV

Figura A.6 – Ficha de levantamento, EFM da fachada superior circular

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XV

Figura A.7 – Ficha de levantamento, EFM da cobertura

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XVI

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XVII

ANEXO III

Fichas de inspecção – Levantamento EFM

Panteão Nacional

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XVIII

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XIX

Quadro A.1 – Ficha de inspecção nº1 levantamento EFM fachada principal (1/3)

Centro de

custo

Área Grupo cod. Classe cod. Elemento Quantidade (un/m/m2)

Data Código

completo elemento

Fachada Est. Vertical (PAe) Parede exterior (Ap) Alvenaria pedra 816,0 m2 19.11.12 PAeAp 001-1

Fachada Est. Vertical (PAe) Parede exterior (Cs) Cantaria simples 21,5 m2 19.11.12 PAeCs 001-1

Fachada Est. Vertical (PAe) Parede exterior (Cs) Cantaria simples 91,0 m2 19.11.12 PAeCs 001-2

Fachada Est. Vertical (Vao) Vão (Vs) Vidro simples 1 un 19.11.12 VaoVs 001-1

Fachada Est. Vertical (Vao) Vão (Vs) Vidro simples 1 un 19.11.12 VaoVs 001-2

Fachada Est. Vertical (Vao) Vão (Vs) Vidro simples 1 un 19.11.12 VaoVs 001-3

Fachada Est. Vertical (Vao) Vão (Vs) Vidro simples 1 un 19.11.12 VaoVs 001-4

Fachada Est. Vertical (Vao) Vão (Vs) Vidro simples 1 un 19.11.12 VaoVs 001-5

Fachada Est. Vertical (Vao) Vão (Vs) Vidro simples 1 un 19.11.12 VaoVs 001-6

Fachada Est. Vertical (Vao) Vão (Vs) Vidro simples 1 un 19.11.12 VaoVs 001-7

Fachada Est. Vertical (Vao) Vão (Vs) Vidro simples 1 un 19.11.12 VaoVs 001-8

Fachada Est. Vertical (Vao) Vão (Vs) Vidro simples 1 un 19.11.12 VaoVs 001-9

Fachada Est. Vertical (Vao) Vão (Vs) Vidro simples 1 un 19.11.12 VaoVs 001-10

Fachada Est. Vertical (Vao) Vão (Vs) Vidro simples 1 un 19.11.12 VaoVs 001-11

Fachada Est. Vertical (Vao) Vão (Vs) Vidro simples 1 un 19.11.12 VaoVs 001-12

Fachada Est. Vertical (Vao) Vão (Vs) Vidro simples 1 un 19.11.12 VaoVs 001-13

Fachada Est. Vertical (Vao) Vão (Vs) Vidro simples 1 un 19.11.12 VaoVs 001-14

Fachada Est. Vertical (Vao) Vão (Vs) Vidro simples 1 un 19.11.12 VaoVs 001-15

Fachada Est. Vertical (Vao) Vão (Vs) Vidro simples 1 un 19.11.12 VaoVs 001-16

Fachada Est. Vertical (Vao) Vão (Vs) Vidro simples 1 un 19.11.12 VaoVs 001-17

Fachada Est. Vertical (Vao) Vão (Vs) Vidro simples 1 un 19.11.12 VaoVs 001-18

Fachada Est. Vertical (Vao) Vão (Vs) Vidro simples 1 un 19.11.12 VaoVs 001-19

Fachada Est. Vertical (Vao) Vão (Vs) Vidro simples 1 un 19.11.12 VaoVs 001-20

Fachada Est. Vertical (Vao) Vão (Vs) Vidro simples 1 un 19.11.12 VaoVs 001-21

Fachada Est. Vertical (Vao) Vão (Vs) Vidro simples 1 un 19.11.12 VaoVs 001-22

Fachada Est. Vertical (Vao) Vão (Es) Est. Suporte 1 un 19.11.12 VaoEs 001-1

Fachada Est. Vertical (Vao) Vão (Es) Est. Suporte 1 un 19.11.12 VaoEs 001-2

Fachada Est. Vertical (Vao) Vão (Es) Est. Suporte 1 un 19.11.12 VaoEs 001-3

Fachada Est. Vertical (Vao) Vão (Es) Est. Suporte 1 un 19.11.12 VaoEs 001-4

Fachada Est. Vertical (Vao) Vão (Es) Est. Suporte 1 un 19.11.12 VaoEs 001-5

Fachada Est. Vertical (Vao) Vão (Es) Est. Suporte 1 un 19.11.12 VaoEs 001-6

Fachada Est. Vertical (Vao) Vão (Es) Est. Suporte 1 un 19.11.12 VaoEs 001-7

Fachada Est. Vertical (Vao) Vão (Es) Est. Suporte 1 un 19.11.12 VaoEs 001-8

Fachada Est. Vertical (Vao) Vão (Es) Est. Suporte 1 un 19.11.12 VaoEs 001-9

Fachada Est. Vertical (Vao) Vão (Es) Est. Suporte 1 un 19.11.12 VaoEs 001-10

Fachada Est. Vertical (Vao) Vão (Es) Est. Suporte 1 un 19.11.12 VaoEs 001-11

Fachada Est. Vertical (Vao) Vão (Es) Est. Suporte 1 un 19.11.12 VaoEs 001-12

Fachada Est. Vertical (Vao) Vão (Es) Est. Suporte 1 un 19.11.12 VaoEs 001-13

Fachada Est. Vertical (Vao) Vão (Es) Est. Suporte 1 un 19.11.12 VaoEs 001-14

Fachada Est. Vertical (Vao) Vão (Es) Est. Suporte 1 un 19.11.12 VaoEs 001-15

Fachada Est. Vertical (Vao) Vão (Es) Est. Suporte 1 un 19.11.12 VaoEs 001-16

Fachada Est. Vertical (Vao) Vão (Es) Est. Suporte 1 un 19.11.12 VaoEs 001-17

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XX

Quadro A.2 – Ficha de inspecção nº1 levantamento EFM fachada principal (2/3)

Centro de

custo

Área Grupo cod. Classe cod. Elemento Quantidade (un/m/m2)

Data Código

completo elemento

Fachada Est. Vertical (Vao) Vão (Es) Est. Suporte 1 un 19.11.12 VaoEs 001-19

Fachada Est. Vertical (Vao) Vão (Es) Est. Suporte 1 un 19.11.12 VaoEs 001-20

Fachada Est. Vertical (Vao) Vão (Es) Est. Suporte 1 un 19.11.12 VaoEs 001-21

Fachada Est. Vertical (Vao) Vão (Es) Est. Suporte 1 un 19.11.12 VaoEs 001-22

Fachada Est. Vertical (Vao) Vão (Cs) Cantaria simples 1,8 m2 19.11.12 VaoCs 001-1

Fachada Est. Vertical (Vao) Vão (Cs) Cantaria simples 1,8 m2 19.11.12 VaoCs 001-2

Fachada Est. Vertical (Vao) Vão (Cs) Cantaria simples 1,8 m2 19.11.12 VaoCs 001-3

Fachada Est. Vertical (Vao) Vão (Cs) Cantaria simples 1,8 m2 19.11.12 VaoCs 001-4

Fachada Est. Vertical (Vao) Vão (Cs) Cantaria simples 6,7 m2 19.11.12 VaoCs 001-5

Fachada Est. Vertical (Vao) Vão (Cs) Cantaria simples 2,2 m2 19.11.12 VaoCs 001-6

Fachada Est. Vertical (Vao) Vão (Cs) Cantaria simples 2,2 m2 19.11.12 VaoCs 001-7

Fachada Est. Vertical (Vao) Vão (Cs) Cantaria simples 6,7 m2 19.11.12 VaoCs 001-8

Fachada Est. Vertical (Vao) Vão (Cs) Cantaria simples 0,6 m2 19.11.12 VaoCs 001-9

Fachada Est. Vertical (Vao) Vão (Cs) Cantaria simples 0,6 m2 19.11.12 VaoCs 001-10

Fachada Est. Vertical (Vao) Vão (Cs) Cantaria simples 5,4 m2 19.11.12 VaoCs 001-11

Fachada Est. Vertical (Vao) Vão (Cs) Cantaria simples 1,9 m2 19.11.12 VaoCs 001-12

Fachada Est. Vertical (Vao) Vão (Cs) Cantaria simples 18,4 m2 19.11.12 VaoCs 001-13

Fachada Est. Vertical (Vao) Vão (Cs) Cantaria simples 18,4 m2 19.11.12 VaoCs 001-14

Fachada Est. Vertical (Vao) Vão (Cs) Cantaria simples 18,4 m2 19.11.12 VaoCs 001-15

Fachada Est. Vertical (Vao) Vão (Cs) Cantaria simples 1,9 m2 19.11.12 VaoCs 001-16

Fachada Est. Vertical (Vao) Vão (Cs) Cantaria simples 5,4 m2 19.11.12 VaoCs 001-17

Fachada Est. Vertical (Vao) Vão (Cs) Cantaria simples 1,9 m2 19.11.12 VaoCs 001-18

Fachada Est. Vertical (Vao) Vão (Cs) Cantaria simples 2,4 m2 19.11.12 VaoCs 001-19

Fachada Est. Vertical (Vao) Vão (Cs) Cantaria simples 2,4 m2 19.11.12 VaoCs 001-20

Fachada Est. Vertical (Vao) Vão (Cs) Cantaria simples 2,4 m2 19.11.12 VaoCs 001-21

Fachada Est. Vertical (Vao) Vão (Cs) Cantaria simples 9,2 m2 19.11.12 VaoCs 001-22

Fachada Est. Vertical (Vao) Vão (Gd) Gradeamento 0,3 m2 19.11.12 VaoGd 001-1

Fachada Est. Vertical (Vao) Vão (Gd) Gradeamento 0,3 m2 19.11.12 VaoGd 001-2

Fachada Portal (CNt) Cantaria (Cs) Cantaria simples 7,6 m2 19.11.12 CNtCs 001-1

Fachada Portal (CNt) Cantaria (Cs) Cantaria simples 7,6 m2 19.11.12 CNtCs 001-2

Fachada Portal (CNt) Cantaria (Cs) Cantaria simples 7,6 m2 19.11.12 CNtCs 001-3

Fachada Portal (CNt) Cantaria (Es) Estatuário 3,5 m2 19.11.12 CNtEs 001-1

Fachada Portal (CNt) Cantaria (Es) Estatuário 3,5 m2 19.11.12 CNtEs 001-2

Fachada Portal (CNt) Cantaria (Es) Estatuário 3,5 m2 19.11.12 CNtEs 001-3

Fachada Portal (CNt) Cantaria (Cl) Coluna 85,7 m2 19.11.12 CNtCl 001-1

Fachada Portal (CNt) Cantaria (Cl) Coluna 85,7 m2 19.11.12 CNtCl 001-2

Fachada Portal (CNt) Cantaria (Cl) Coluna 85,7 m2 19.11.12 CNtCl 001-3

Fachada Portal (CNt) Cantaria (Cl) Coluna 85,7 m2 19.11.12 CNtCl 001-4

Fachada Portal (Vao) Vão (Ca) Cantaria artística 35,0 m2 19.11.12 VaoCa 001-1

Fachada Portal (Vao) Vão (Ca) Cantaria artística 35,0 m2 19.11.12 VaoCa 001-2

Fachada Portal (Vao) Vão (Ca) Cantaria artística 35,0 m2 19.11.12 VaoCa 001-3

Fachada Coroamento (PLt) Platibanda (Ap) Alvenaria de

pedra 135,0 m2 19.11.12 PLtAp 001-1

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XXI

Quadro A.3 - Ficha de inspecção nº1 levantamento EFM fachada principal (3/3)

Centro de custo

Área Grupo cod. Classe cod. Elemento Quantidade (un/m/m2)

Data Código

completo elemento

Fachada Est. Vertical (DNv) Drenagens Verticais

(Go) Goteira 0,3 m2 19.11.12 DNvGo 001-1

Fachada Est. Vertical (DNv) Drenagens Verticais

(Go) Goteira 0,3 m2 19.11.12 DNvGo 001-2

Fachada Est. Vertical (DNv) Drenagens Verticais

(Go) Goteira 0,3 m2 19.11.12 DNvGo 001-3

Fachada Est. Vertical (DNv) Drenagens Verticais

(Go) Goteira 0,3 m2 19.11.12 DNvGo 001-4

Fachada Est. Vertical (DNv) Drenagens Verticais

(Go) Goteira 0,3 m2 19.11.12 DNvGo 001-5

Fachada Est. Vertical (DNv) Drenagens Verticais

(Go) Goteira 0,3 m2 19.11.12 DNvGo 001-6

Fachada Est. Vertical (DNv) Drenagens Verticais

(Go) Goteira 0,3 m2 19.11.12 DNvGo 001-7

Fachada Est. Vertical (DNv) Drenagens Verticais

(Ga) Goteira 0,3 m2 19.11.12 DNvGo 001-8

Fachada Sistemas (INf) Sist. Informação (Le) Letras metálicas 0,5 m2 19.11.12 INfLe 001-1

Fachada Sistemas (INf) Sist. Informação (Su) Suporte metálico 0,5 m2 19.11.12 INfSu 001-1

Fachada Sistemas (ACs) Acessos (Ra) Rampa metálica 3,5 m2 19.11.12 ACsRa 001-1

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XXII

Quadro A.4 – Avaliação de critérios e índices de escalonamento, fachada principal (1/3)

Código completo elemento

ED VC CR AC Índice

ponderado Índice

relativo Centro de

custos

PAeAp 001-1 2 3 2 3 38 0,78 Fachada

PAeCs 001-1 3 3 1 3 41 0,84 Fachada

PAeCs 001-2 3 3 1 3 41 0,84 Fachada

VaoVs 001-1 1 1 2 1 17 0,35 Vão

VaoVs 001-2 1 1 2 1 17 0,35 Vão

VaoVs 001-3 1 1 2 1 17 0,35 Vão

VaoVs 001-4 1 1 2 1 17 0,35 Vão

VaoVs 001-5 1 1 2 1 17 0,35 Vão

VaoVs 001-6 1 1 2 1 17 0,35 Vão

VaoVs 001-7 1 1 2 1 17 0,35 Vão

VaoVs 001-8 1 1 2 1 17 0,35 Vão

VaoVs 001-9 1 1 2 1 17 0,35 Vão

VaoVs 001-10 1 1 2 1 17 0,35 Vão

VaoVs 001-11 1 1 2 1 17 0,35 Vão

VaoVs 001-12 1 1 2 1 17 0,35 Vão

VaoVs 001-13 1 1 2 1 17 0,35 Vão

VaoVs 001-14 1 1 2 1 17 0,35 Vão

VaoVs 001-15 1 1 2 1 17 0,35 Vão

VaoVs 001-16 1 1 2 1 17 0,35 Vão

VaoVs 001-17 1 1 2 1 17 0,35 Vão

VaoVs 001-18 1 1 2 1 17 0,35 Vão

VaoVs 001-19 1 1 2 1 17 0,35 Vão

VaoVs 001-20 1 1 2 1 17 0,35 Vão

VaoVs 001-21 1 1 2 1 17 0,35 Vão

VaoVs 001-22 1 1 2 1 17 0,35 Vão

VaoEs 001-1 1 2 2 1 22 0,45 Vão

VaoEs 001-2 1 2 2 1 22 0,45 Vão

VaoEs 001-3 1 2 2 1 22 0,45 Vão

VaoEs 001-4 1 2 2 1 22 0,45 Vão

VaoEs 001-5 1 2 2 3 28 0,57 Vão

VaoEs 001-6 1 2 2 3 28 0,57 Vão

VaoEs 001-7 1 2 2 3 28 0,57 Vão

VaoEs 001-8 1 2 2 3 28 0,57 Vão

VaoEs 001-9 1 2 2 3 28 0,57 Vão

VaoEs 001-10 1 2 2 3 28 0,57 Vão

VaoEs 001-11 1 2 2 3 28 0,57 Vão

VaoEs 001-12 1 2 2 3 28 0,57 Vão

VaoEs 001-13 1 2 2 3 28 0,57 Vão

VaoEs 001-14 1 2 2 3 28 0,57 Vão

Legenda: ED=Estado de degradação; VC=Valor Cultural; CR=Condição em relação aos restantes elementos; AC=Acessibilidade para manutenção

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XXIII

Quadro A.5 – Avaliação de critérios e índices de escalonamento, fachada principal (2/3)

Código completo elemento

ED VC CR AC Índice

ponderado Índice

relativo Centro de

custos

VaoEs 001-15 1 2 2 3 28 0,57 Vão

VaoEs 001-16 1 2 2 3 28 0,57 Vão

VaoEs 001-17 1 2 2 3 28 0,57 Vão

VaoEs 001-19 1 2 2 3 28 0,57 Vão

VaoEs 001-20 1 2 2 3 28 0,57 Vão

VaoEs 001-21 1 2 2 3 28 0,57 Vão

VaoEs 001-22 1 2 2 3 28 0,57 Vão

VaoCs 001-1 2 3 1 1 30 0,61 Vão

VaoCs 001-2 2 3 1 1 30 0,61 Vão

VaoCs 001-3 2 3 1 1 30 0,61 Vão

VaoCs 001-4 2 3 1 1 30 0,61 Vão

VaoCs 001-5 2 3 1 3 36 0,73 Vão

VaoCs 001-6 2 3 1 3 36 0,73 Vão

VaoCs 001-7 2 3 1 3 36 0,73 Vão

VaoCs 001-8 2 3 1 3 36 0,73 Vão

VaoCs 001-9 2 3 1 3 36 0,73 Vão

VaoCs 001-10 2 3 1 3 36 0,73 Vão

VaoCs 001-11 2 3 1 3 36 0,73 Vão

VaoCs 001-12 2 3 1 3 36 0,73 Vão

VaoCs 001-13 2 3 1 3 36 0,73 Vão

VaoCs 001-14 2 3 1 3 36 0,73 Vão

VaoCs 001-15 2 3 1 3 36 0,73 Vão

VaoCs 001-16 2 3 1 3 36 0,73 Vão

VaoCs 001-17 2 3 1 3 36 0,73 Vão

VaoCs 001-18 2 3 1 3 36 0,73 Vão

VaoCs 001-19 2 3 1 3 36 0,73 Vão

VaoCs 001-20 2 3 1 3 36 0,73 Vão

VaoCs 001-21 2 3 1 3 36 0,73 Vão

VaoCs 001-22 2 3 1 3 36 0,73 Vão

VaoGd 001-1 2 2 3 1 29 0,59 Vão

VaoGd 001-2 2 2 3 1 29 0,59 Vão

CNtCs 001-1 2 3 2 3 38 0,78 Cantaria

CNtCs 001-2 2 3 2 3 38 0,78 Cantaria

CNtCs 001-3 2 3 2 3 38 0,78 Cantaria

CNtEs 001-1 3 4 1 4 49 1,00 Cantaria

CNtEs 001-2 3 4 1 4 49 1,00 Cantaria

CNtEs 001-3 3 4 1 4 49 1,00 Cantaria

CNtCl 001-1 2 3 2 2 35 0,71 Cantaria

CNtCl 001-2 2 3 2 2 35 0,71 Cantaria

CNtCl 001-3 2 3 2 2 35 0,71 Cantaria

Legenda: ED=Estado de degradação; VC=Valor Cultural; CR=Condição em relação aos restantes elementos; AC=Acessibilidade para manutenção

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XXIV

Quadro A.6 – Avaliação de critérios e índices de escalonamento, fachada principal (3/3)

Código completo elemento

ED VC CR AC Índice

ponderado Índice

relativo Centro de

custos

CNtCl 001-4 2 3 2 2 35 0,71 Cantaria

VaoCa 001-1 3 3 2 2 40 0,82 Vão

VaoCa 001-2 3 3 2 2 40 0,82 Vão

VaoCa 001-3 3 3 2 2 40 0,82 Vão

PLtAp 001-1 2 2 2 2 30 0,61 Fachada

DNvGo 001-1 2 3 2 3 38 0,78 Drenagens

DNvGo 001-2 2 3 2 3 38 0,78 Drenagens

DNvGo 001-3 2 3 2 3 38 0,78 Drenagens

DNvGo 001-4 2 3 2 3 38 0,78 Drenagens

DNvGo 001-5 2 3 2 3 38 0,78 Drenagens

DNvGo 001-6 2 3 2 3 38 0,78 Drenagens

DNvGo 001-7 2 3 2 3 38 0,78 Drenagens

DNvGo 001-8 2 3 2 3 38 0,78 Drenagens

INfLe 001-1 1 1 3 1 19 0,39 Sistemas

INfSu 001-1 1 1 3 3 25 0,51 Sistemas

ACsRa 001-1 1 1 2 1 17 0,35 Sistemas

Legenda: ED=Estado de degradação; VC=Valor Cultural; CR=Condição em relação aos restantes elementos; AC=Acessibilidade para manutenção

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XXV

ANEXO III

Custos de intervenções de manutenção

Panteão Nacional

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XXVI

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Quadro A.7 – Custos de intervenções de manutenção, fachada principal

Centro de custo Elementos/Material Actividade Periodicidade Preço Quantidade Custo (€)

Fachada principal (1)

Fachada

Revestimento pedra Limpeza a jacto

10 em 10 anos 14,76 (€/m

2) 951,0 (m

2) 14.036,8

Limpeza manual 14,98 (€/m2) 112,5 (m

2) 1.685,3

Total: 15.722,0 €

Janelas madeira Pintura 5 em 5 anos 11,65 (€/m2) 84,0 (m

2) 978,6

Elementos metálicos Pintura 5 em 5 anos 16,89 (€/m2) 0,6 (m

2) 10,1

Vidros Substituição Pontual 36,05 (€/m2) 6,0 (m

2) 216,3

Elementos metálicos Anti-corrosivo 5 em 5 anos 20,25 (€/m2) 1,0 (m

2) 20,3

Total: 1.225,3 €

Andaimes

Aluguer 30 (dias) 922,7

Montagem 10.322,8

Total: 11.245,5 €

Cantarias

Cantarias artísticas Limpeza manual 10 em 10 anos 14,98 (€/m2) 481,1 (m

2) 7.206,9

Goteiras pedra Limpeza manual 10 em 10 anos 14,98 (€/m2) 2,4 (m

2) 36,0

Total: 7.242,8 €

Sistemas Anti-pombo

Rede anti-pombos estátuas

Imediato 24,62 (€/m2) 8,4 (m

2) 206,8

Chapa agulhas Imediato 10,42 (€/m) 20,0 (m) 208,4

Total: 415,2 €

Total fachada (1) 35.850,8 €

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XXVIII

Quadro A.8 – Custos de intervenções de manutenção, fachada lateral Norte

Centro de Custo Elementos/Material Actividade Periodicidade Preço Quantidade Custo (€)

Fachada lateral (2) Norte

Fachada Revestimento pedra

Limpeza a jacto

10 em 10 anos

14,76 (€/m2) 951,0 (m

2) 14.036,8

Limpeza manual 14,98 (€/m2) 112,5 (m

2) 1.685,3

Anti-graffiti 16,0 (€/m2) 130,0 (m

2) 2.080,0

Total: 17.802,0 €

Limpeza anti-graffiti

Anual 41,96 (€/m2) 2,0 (m

2) 83,9

Total: 17.885,9 €

Vãos

Janelas madeira Pintura 5 em 5 anos 11,65 (€/m2) 55,1 (m

2) 641,9

Elementos metálicos Pintura 5 em 5 anos 16,89 (€/m2) 0,6 (m

2) 10,1

Vidros Substituição Pontual 36,05 (€/m2) 6,0 (m

2) 216,3

Elementos metálicos Anti-corrosivo 5 em 5 anos 20,25 (€/m2) 1,0 (m

2) 20,3

Total: 888,6 €

Andaimes

Aluguer 30 (dias) 922,7

Montagem 10.322,8

Total: 11.245,5 €

Cantarias

Cantarias artísticas Limpeza manual 10 em 10 anos 14,98 (€/m2) 51,7 (m

2) 774,5

Goteiras pedra Limpeza manual 10 em 10 anos 14,98 (€/m2) 2,4 (m

2) 36,0

Total: 810,4 €

Total fachada (2) 30.830,4 €

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XXIX

Quadro A.9 – Custos de intervenções de manutenção, fachada traseira Este

Centro de Custo Elementos/Material Actividade Periodicidade Preço Quantidade Custo (€)

Fachada traseira (3) Este

Fachada Revestimento pedra

Limpeza a jacto 10 em 10 anos

14,76 (€/m2) 1000,7 (m

2) 14.770,3

Limpeza manual 14,98 (€/m2) 38,6 (m

2) 578,2

Total: 15.348,6 €

Vãos

Janelas madeira Pintura 5 em 5 anos 8,6 (€/m2) 55,1 (m

2) 473,9

Elementos metálicos Pintura 5 em 5 anos 16,89 (€/m2) 0,6 (m

2) 10,1

Vidros Substituição Pontual 36,05 (€/m2) 6,0 (m

2) 216,3

Elementos metálicos Anti-corrosivo 5 em 5 anos 20,25 (€/m2) 1,0 (m

2) 20,3

Total: 720,5 €

Andaimes

Aluguer 30 (dias) 922,7

Montagem 10.322,8

Total: 11.245,5 €

Cantarias

Cantarias artísticas Limpeza manual 10 em 10 anos 14,98 (€/m2) 16,8 (m

2) 251,7

Goteiras pedra Limpeza manual 10 em 10 anos 14,98 (€/m2) 2,4 (m

2) 36,0

Total: 287,6 €

Total fachada (3) 27.602,2 €

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XXX

Quadro A.10 – Custos de intervenções de manutenção, fachada lateral Sul

Centro de custo Elementos/Material Actividade Periodicidade Preço Quantidade Custo (€)

Fachada lateral (4) Sul

Fachada

Revestimento pedra

Limpeza a jacto

10 em 10 anos

14,76 (€/m2) 951,0 (m

2) 14.036,8

Limpeza manual 14,98 (€/m2) 112,5 (m

2) 1.685,3

Anti-graffiti 16,0 (€/m2) 130,0 (m

2) 2.080,0

Total: 17.802,0

Limpeza anti-graffiti

Anual 41,96 (€/m2) 6,0 (m

2) 251,8

Total: 18.053,8 €

Janelas madeira Pintura 5 em 5 anos 11,65 (€/m2) 55,1 (m

2) 641,9

Elementos metálicos Pintura 5 em 5 anos 16,89 (€/m2) 0,6 (m

2) 10,1

Vidros Substituição Pontual 36,05 (€/m2) 6,0 (m

2) 216,3

Elementos metálicos Anti-corrosivo 5 em 5 anos 20,25 (€/m2) 1,0 (m

2) 20,3

Total: 888,6 €

Andaimes

Aluguer 30 (dias) 922,7

Montagem 10.322,8

Total: 11.245,5 €

Cantarias

Cantarias artísticas Limpeza manual 10 em 10 anos 14,98 (€/m2) 51,7 (m

2) 774,5

Goteiras pedra Limpeza manual 10 em 10 anos 14,98 (€/m2) 2,4 (m

2) 36,0

Total: 810,4 €

Total fachada (4) 30.998,3 €

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XXXI

Quadro A.11 – Custos de intervenções de manutenção, cobertura

Centro de Custo Elementos Actividade Periodicidade Preço Quantidade Custo (€)

Cobertura

Pavimento Terraço Revestimento pedra

Limpeza a jacto Bianual

8,2 (€/m2) 1000 (m

2) 8200

Limpeza manual 14,98 (€/m2) 100 (m

2) 1498

Total: 9698

Impermeabilizante 8 em 8 anos 20 (€/m2) 1100

22000

Total: 22.000,0 €

Zimbório Cupula Revestimento pedra

Limpeza a jacto 10 em 10 anos

14,76 (€/m2) 354,6 (m

2) 5233,896

Limpeza manual 14,98 (€/m2) 24 (m

2) 359,52

Total: 5.593,4 €

Andaimes

Aluguer 30 (dias) 922,73

Montagem

10322,75

Total: 11.245,5 €

Drenagens

Caleiras Limpeza 6 em 6 meses 2 (€/m) 189,4 (m) 378,8

Tubos de queda Limpeza 6 em 6 meses 2 (€/un) 8 (un) 16

Total: 394,8 €

Iluminação

Lâmpadas Substituição Anual 10 (€/un) 2 (un) 20

Cabos Substituição 15 em 15 anos 5 (€/m) 12 (m) 60

Holofotes Substituição Pontual 100 (€/un)

Total: 80,0 €

Pára-raios

Cabos Anti-corrosivo 5 em 5 anos 20,25 (€/m) 12,6 255,15

Substituição Pontual 10 (€/m)

Antena Substituição Pontual 200 (€/un)

Verificação Anual 500 (€)

500

Total: 500,0 €

Sistemas Telescópio Verificação Anual 50 (€) 50

Total: 50,0 €

Total cobertura 39.568,8 €

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XXXII