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Dossiê: Laicidade, Estado e Religião – Artigo original DOI – 10.5752/P.2175-5841.2010v8n19p9 Licença Creative Commons Attribution-NonCommercial-NoDerivs 3.0 Unported Horizonte, Belo Horizonte, v. 8, n. 19, p. 9-20, out./dez. 2010 - ISSN: 2175-5841 9 El Estado y la Religión en las sociedades industrializadas y de innovación y cambio The State and Religion in industrialized societies and also of innovation and change O Estado e a Religião nas sociedades industrializadas e de inovação e mudança Marià Corbí * Resumen En sociedades preindustriales con estado, la religión como sistema de creencias que era simultáneamente sistema de programación colectiva y modo de expresar y vivir la dimensión absoluta de la realidad, el estado necesitaba de la religión y la religión del estado. La industrialización, las sociedades de innovación y cambio, y la subsiguiente democratización, han roto ese pacto y dependencia mutua. En las nuevas sociedades industriales, las religiones no podrán ofrecer sistemas de creencias con la pretensión de que se conviertan en proyecto de vida colectiva, porque, interpretadas desde una epistemología mítica que da por real lo que dicen los mitos, son voluntad divina a la que hay que someterse. Por el contrario, si no se quiere quebrar la tradición, las religiones deberán hacer una oferta de espiritualidad, de calidad humana profunda, a las sociedades globalizadas en continua transformación, cuando más lo necesitan. Las nuevas sociedades no precisan de creencias que fijen, sino de calidad, de espíritu de vida. Las religiones y los estados debieran reconocer esta nueva situación por el bien de los pueblos, de la convivencia entre ellos y por el bien del planeta. Sociedades de una tecnociencia poderosa en continuo crecimiento y sin calidad, pueden ser muy peligrosas. Palabras clave: Mito; creencia; estado; religión; sociedad de conocimiento. Abstract In pre-industrial societies with a formal State, in which the religion appeared as a belief system that was both a programming system and a collective way of expressing and living the absolute dimension of reality, the state needed religion and religion needed the state. Industrialization, society in innovation and change, and the subsequent democratization broke this pact and its mutual dependency. In the new industrial societies, religions could not offer those beliefs systems that claim to be converted to a collective life project, interpreted from an mythic epistemology that take as real what the myths say, like a divine will to which we must submit. On the contrary, if you do not want to break with tradition, religions must offer a spirituality of profound human quality to the globalized societies, in continuous transformation, when they need it most. Such new societies do not need to support them, but they do need of a real density of spirit and of spirituality that gives quality to life. Religions and States must recognize this new situation for the good of peoples and the relationship between them and the good of the planet. Societies with a powerful techno science continuously growing and without quality can be very dangerous. Key words: Myth; belief; State; Religion; Knowledge Society. Resumo Nas sociedades pré-industriais com um Estado formal, em que a religião aparecia como aquele sistema de crenças que era simultaneamente um sistema de programação coletiva e um modo de expressar e viver a dimensão absoluta da realidade, o Estado necessitava da religião e a religião do Estado. A industrialização, as sociedades de inovação e mudança e a subseqüente democratização romperam esse pacto e dependência mútua. Nas novas sociedades industriais, as religiões não poderão oferecer sistemas de crenças com a pretensão de que se convertam em projeto de vida coletiva, interpretadas a partir de uma epistemologia mítica que dá por real o que dizem os mitos, como vontade divina à qual se deve submeter. Pelo contrário, se não se quer romper com a tradição, as religiões deverão ofertar uma espiritualidade, de qualidade humana profunda às sociedades globalizadas, em contínua transformação, quando mais a necessitam. As novas sociedades não precisam de crenças em que se fixar, mas de densidade de espírito e de espiritualidade que confira qualidade à vida. As religiões e os Estados devem reconhecer esta nova situação pelo bem dos povos, da convivência entre eles e pelo bem do planeta. Sociedades com uma tecnociência poderosa em contínuo crescimento e sem qualidade podem ser muito perigosas. Palavras-chave: Mito; crença; Estado; Religião; Sociedade do Conhecimento. Artigo recebido em 02 de dezembro de 2010 e aprovado em 17 de janeiro * Director del Centro de Estudio de las Tradiciones de Sabiduría (CETR). Licenciado en teología y doctor en filosofía, ha sido profesor de ESADE, en la Fundación Vidal y Barraquer y en el Instituto de Teología Fundamental de Barcelona. Epistemólogo de las formaciones axiológicas, ha dedicado toda su vida al estudio de las consecuencias ideológicas y religiosas de las transformaciones generadas por las sociedades postindustriales y de innovación. País de origem: Espanha. E-mail [email protected]

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Dossiê: Laicidade, Estado e Religião – Artigo original DOI – 10.5752/P.2175-5841.2010v8n19p9

Licença Creative Commons Attribution-NonCommercial-NoDerivs 3.0 Unported

Horizonte, Belo Horizonte, v. 8, n. 19, p. 9-20, out./dez. 2010 - ISSN: 2175-5841

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El Estado y la Religión en las sociedades industrializadas y de

innovación y cambio The State and Religion in industrialized societies and also of innovation and

change

O Estado e a Religião nas sociedades industrializadas e de inovação e mudança

Marià Corbí ∗

Resumen

En sociedades preindustriales con estado, la religión como sistema de creencias que era simultáneamente sistema de programación colectiva y modo de expresar y vivir la dimensión absoluta de la realidad, el estado necesitaba de la religión y la religión del estado. La industrialización, las sociedades de innovación y cambio, y la subsiguiente democratización, han roto ese pacto y dependencia mutua. En las nuevas sociedades industriales, las religiones no podrán ofrecer sistemas de creencias con la pretensión de que se conviertan en proyecto de vida colectiva, porque, interpretadas desde una epistemología mítica que da por real lo que dicen los mitos, son voluntad divina a la que hay que someterse. Por el contrario, si no se quiere quebrar la tradición, las religiones deberán hacer una oferta de espiritualidad, de calidad humana profunda, a las sociedades globalizadas en continua transformación, cuando más lo necesitan. Las nuevas sociedades no precisan de creencias que fijen, sino de calidad, de espíritu de vida. Las religiones y los estados debieran reconocer esta nueva situación por el bien de los pueblos, de la convivencia entre ellos y por el bien del planeta. Sociedades de una tecnociencia poderosa en continuo crecimiento y sin calidad, pueden ser muy peligrosas. Palabras clave: Mito; creencia; estado; religión; sociedad de conocimiento.

Abstract

In pre-industrial societies with a formal State, in which the religion appeared as a belief system that was both a programming system and a collective way of expressing and living the absolute dimension of reality, the state needed religion and religion needed the state. Industrialization, society in innovation and change, and the subsequent democratization broke this pact and its mutual dependency. In the new industrial societies, religions could not offer those beliefs systems that claim to be converted to a collective life project, interpreted from an mythic epistemology that take as real what the myths say, like a divine will to which we must submit. On the contrary, if you do not want to break with tradition, religions must offer a spirituality of profound human quality to the globalized societies, in continuous transformation, when they need it most. Such new societies do not need to support them, but they do need of a real density of spirit and of spirituality that gives quality to life. Religions and States must recognize this new situation for the good of peoples and the relationship between them and the good of the planet. Societies with a powerful techno science continuously growing and without quality can be very dangerous. Key words: Myth; belief; State; Religion; Knowledge Society.

Resumo

Nas sociedades pré-industriais com um Estado formal, em que a religião aparecia como aquele sistema de crenças que era simultaneamente um sistema de programação coletiva e um modo de expressar e viver a dimensão absoluta da realidade, o Estado necessitava da religião e a religião do Estado. A industrialização, as sociedades de inovação e mudança e a subseqüente democratização romperam esse pacto e dependência mútua. Nas novas sociedades industriais, as religiões não poderão oferecer sistemas de crenças com a pretensão de que se convertam em projeto de vida coletiva, interpretadas a partir de uma epistemologia mítica que dá por real o que dizem os mitos, como vontade divina à qual se deve submeter. Pelo contrário, se não se quer romper com a tradição, as religiões deverão ofertar uma espiritualidade, de qualidade humana profunda às sociedades globalizadas, em contínua transformação, quando mais a necessitam. As novas sociedades não precisam de crenças em que se fixar, mas de densidade de espírito e de espiritualidade que confira qualidade à vida. As religiões e os Estados devem reconhecer esta nova situação pelo bem dos povos, da convivência entre eles e pelo bem do planeta. Sociedades com uma tecnociência poderosa em contínuo crescimento e sem qualidade podem ser muito perigosas. Palavras-chave: Mito; crença; Estado; Religião; Sociedade do Conhecimento.

Artigo recebido em 02 de dezembro de 2010 e aprovado em 17 de janeiro ∗ Director del Centro de Estudio de las Tradiciones de Sabiduría (CETR). Licenciado en teología y doctor en filosofía, ha sido profesor de ESADE, en la Fundación Vidal y Barraquer y en el Instituto de Teología Fundamental de Barcelona. Epistemólogo de las formaciones axiológicas, ha dedicado toda su vida al estudio de las consecuencias ideológicas y religiosas de las transformaciones generadas por las sociedades postindustriales y de innovación. País de origem: Espanha. E-mail [email protected]

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Introducción

En las sociedades agrarias con estado hubo una estrecha relación, durante milenios,

entre el estado y la religión. Se necesitaban uno al otro; ninguno de los dos podía cumplir

su función sin el otro. Se fusionaron o pactaron.

La industrialización -y sobre todo la plena industrialización-, y la aparición de las

sociedades de conocimiento han alterado por completo esta situación.

Por parte de la sociedad se ha tenido que pasar de una cohesión colectiva por

sumisión mental, sensitiva y coerción física, a una cohesión social voluntaria por libre

adhesión a proyectos políticos. Este tránsito impone el paso de un estado autoritario, a

democrático; y de un estado confesional, a laico.

Paralelamente la religión y las iglesias, deberían transitar de una espiritualidad

fundamentada en creencias y sumisiones, a una espiritualidad y proyecto de calidad

humana profunda sin creencias ni sumisiones.

Las religiones y las iglesias no están haciendo ese trabajo. Se está haciendo desde

las bases, desordenada y caóticamente. Vamos a considerar brevemente este problema.

1 Relación de una religión fundamentada en creencias con el poder

Para estudiar adecuadamente la relación de una religión fundamentada en creencias

y el poder, debemos salirnos de las creencias. Para poder analizar la salud de un sistema,

hay que salirse del sistema. Tendremos que partir, en primer lugar, de una antropología no

basada en creencias religiosas (cuerpo/espíritu) ni en creencias laicas (animal/racional) sino

basada en los datos que nos proporciona una antropología que parte de nuestra condición de

animales que hablan.

En nuestra especie la vida inventó (en expresión antropomorfa) un procedimiento

rápido de adaptarse a las modificaciones del medio o producirlas cuando sea preciso.

Las restantes especies animales, para mutar su relación con el medio requieren

emplear millones de años y cambiar de especie. Su relación con la realidad es binaria:

sujeto de necesidades y medio donde satisfacer esas necesidades. Esa relación está

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establecida y fijada genéticamente, con pequeñas posibilidades de aprendizaje en los

animales superiores.

En nuestra especie sólo tenemos determinado genéticamente nuestra fisiología,

nuestra condición sexuada y simbiótica y nuestra competencia lingüística. Con esa dotación

genética no resultamos animales viables más que después de que concretemos todos los

“cómo” de nuestra base genética hablando entre nosotros, con un habla que podríamos

llamar constitucional. Nuestra estructura antropológica es ternaria: sujeto de necesidades,

lengua, y medio donde satisfacer esas necesidades.

Los mitos, símbolos y rituales son los procedimientos con los que los humanos nos

programamos en las sociedades preindustriales durante centenares de miles de años. La

finalidad de esas estructuras no es primariamente religiosa, sino la de completar nuestra

indeterminación genética y hacer de nosotros animales viables en unos determinados

modos de sobrevivencia, siempre preindustriales. Los mitos son narraciones simbólicas que

actúan como sistemas de programación y socialización; son semejantes a software

colectivos con los que se estructura nuestro pensar y sentir, nuestra acción y organización.

Los rituales son el medio con el que se graban en los colectivos y se actualizan

periódicamente esos programas.

Desde esa estructuración mental y sensitiva se vive y se concibe la dimensión

absoluta de la realidad.

Gracias a nuestra estructura lingüística, tenemos un doble acceso a la realidad: un

acceso relativo a nuestras necesidades y un acceso gratuito, absoluto en cuanto no relativo a

nuestras necesidades. Eso doble acceso nos proporciona lo que podríamos llamar una doble

experiencia de la realidad: una experiencia relativa y una experiencia absoluta.

Este doble acceso a la realidad y esta doble experiencia de la realidad es nuestra

cualidad específica y la que nos proporciona la flexibilidad con relación al medio, que es

también nuestra ventaja competitiva con relación a los restantes animales.

Los mitos, símbolos y rituales deben modelar las dos dimensiones de la realidad y lo

hacen con un mismo padrón o paradigma, tomado de la acción principal con la que los

grupos preindustriales sobreviven: cazando, cultivando, pastoreando.

Esas estructuras lingüísticas no tienen la pretensión de describir la realidad, sino

sólo de modelarla de forma que podamos sobrevivir en ella de una determinada manera.

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Este punto es de capital importancia porque modifica radicalmente nuestra concepción

epistemológica de los mitos, símbolos y rituales.

Asentadas estas nociones, ya podemos pasar a considerar la relación entre el estado

y la religión.

Las sociedades preindustriales se dividen en dos grandes bloques muy desiguales en

duración: sociedades sin estado, cohesionadas por lazos parentales y voluntarios, y

sociedades con estado, más amplias y complejas, cohesionadas por subordinación y

coerción. Consideraremos únicamente las sociedades con estado.

En las sociedades con estado los mitos y símbolos son impositivos porque deben

crear y programar para la sumisión. El estado se encargará de que sea así. Las creencias son

la concreción de ese carácter impositivo de las narraciones sagradas de los mitos. Por

consiguiente, la función de las creencias que se derivan de los mitos, no es primariamente

religiosa, sino que es la misma función que la de los mitos: programar uniformemente a los

colectivos y cohesionarlos por la sumisión mental, sensitiva y organizativa. Además tanto

los mitos como las creencias, son también vehículo de expresión y de vida del acceso a la

dimensión absoluta de la realidad. Sin embargo, tanto en una función como en la otra, las

creencias están intrínsecamente relacionadas con la sumisión y la imposición, por

reveladas, de lo contrario no podrían cumplir con su misión. Los mitos y símbolos se

explicitarán como sistemas de creencias, a su paso por la filosofía griega. Así le ocurre al

cristianismo, al islam y al judaísmo.

El estado autoritario de las sociedades agrarias, tiene legitimación propia, por la

función de cohesión y defensa que hace en la sociedad, pero es insuficiente para ejercer el

monopolio del poder y de la coerción.

A la religión, como sistema de creencias impositivas no le basta con la adhesión

voluntaria de los individuos, si quiere extenderse a toda la sociedad y convertirse en

proyecto de vida y programa colectivo; necesita ampliar la posibilidad de coerción para

imponerse.

La religión, como los mitos, símbolos y rituales en los que se expresa, ha tenido una

doble función: ejercer como sistema de socialización y programación colectiva, excluyendo

dudas y alternativas, y ejercer como modo de expresión y de actualización del acceso a la

dimensión absoluta de la realidad. El sistema mítico-simbólico de una colectividad es, a la

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vez, sistema de programación colectiva y sistema de representación y vivencia de lo

absoluto.

El término religión, por consiguiente, abarca las dos dimensiones de esa función,

como una unidad.

Así nos encontramos que la religión requiere la fusión o el pacto con el estado para

poder ejercer e imponer la doble misión que se propone; y luchará de todas las maneras

posibles para que ese pacto se profundice y no se rompa.

El estado, el poder, no puede ser indiferente con respecto a la religión. La religión

controla las mentes, los sentires y comportamientos de sus súbditos. El estado necesita de la

legitimación de la religión frente a los fieles que son también sus súbditos. Por tanto, el

estado hará todo lo posible para pactar con la religión y tenerla satisfecha con concesiones

económicas y de todo tipo, prestándole su poder para que pueda imponer la sumisión a su

sistema de creencias.

Por la lógica de las cosas el estado y la religión deben fusionarse o pactar

irremediablemente. Esta es la situación del estado confesional.

Esta situación dura mientras el estado es autoritario. La democracia necesita minar

esa situación. La democracia no realiza la cohesión social por sumisión, sino por adhesión

voluntaria a un proyecto político. La democracia no debe ser coercitiva más que con

quienes no respetan las leyes.

El estado democrático, de por sí, no necesita de la legitimación de la religión,

porque depende de la voluntad del pueblo; por el contrario, entra en conflicto, con

frecuencia entre la voluntad del pueblo y las pretensiones impositivas de la religión en la

moral, las costumbres y las organizaciones.

La religión, por su parte, mientras se fundamente en sistemas de creencias,

pretenderá continuar ejerciendo el papel de proyecto colectivo, con la ayuda del poder de

coerción del estado. Los estados democráticos se resisten o se niegan a hacer el papel que

les exigen las religiones y las iglesias.

La religión no llega a concebir la espiritualidad, la calidad humana profunda, sin

creencias. La lectura que hace de la Biblia, del Evangelio y de la tradición, se convierte en

sistema de creencias que debe regir, impositivamente, las maneras de pensar, sentir, actuar

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y organizarse de la colectividad, porque se tiene como revelado y querido por Dios y, por

tanto, como obligatorio para todo el mundo.

Tampoco el estado acaba de hacerse una idea de lo que sería una espiritualidad que

no exija sumisión y pida coerción; tampoco es capaz de concebir y apoyar una

espiritualidad sin creencias. Al estado la espiritualidad le suena siempre a religión, y la

religión le suena siempre a imposición. Normalmente apartará de sí y de la colectividad, en

la medida de sus posibilidades, tanto la espiritualidad como la religión.

2 Condiciones para la posibilidad de un estado plenamente laico

Para que sea posible un estado plenamente laico, las religiones han de hacerse

capaces de concebir una espiritualidad sin creencias; una espiritualidad que no pase por la

sumisión sino por la iniciativa y la creatividad. No deben pedirle nada al estado, ninguna

ayuda para someter la mente y el comportamiento de las gentes; ninguna ayuda económica.

Las iglesias no deben buscar ninguna alianza con el poder. Las religiones y las iglesias no

deben tener, sobre todo, ninguna pretensión de ejercer de programa y proyecto colectivo de

sumisión e imposición, como hicieron en el pasado.

En las sociedades plenamente industrializadas, en las que ya se han implantado las

sociedades de conocimiento, que viven y prosperan creando continuamente nuevas ciencias

y nuevas tecnologías, a las tradiciones religiosas no les queda otra posibilidad que esas

renuncias.

Las continuas innovaciones científicas en todos los ámbitos de la vida humana,

cambian continuamente la interpretación de la realidad; crean y van acompañadas de

innovaciones tecnológicas. Las innovaciones en las tecnociencias comportan cambios en

las formas de trabajar y, consiguientemente, en las formas de organizarse y de

cohesionarse, en los valores colectivos y en los fines. En las sociedades de conocimiento,

informatizadas, de innovación continua, todos los parámetros de la vida colectiva cambian

constantemente.

Las sociedades plenamente industrializadas, como una riada, se han llevado la tierra

-los modos de vida preindustriales- donde nacieron y crecieron las religiones y donde

cumplieron su función las creencias.

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Las sociedades de innovación y cambio continuo precisan crear una socialización y

programación colectiva que promueva el cambio, y la disposición al cambio. Por

consiguiente, tienen que excluir todo lo que fije, y nada fija más que las creencias

religiosas, que se tienen como reveladas por Dios, o las creencias laicas, que se tienen como

dictadas por la naturaleza misma de las cosas.

Las nuevas sociedades de innovación y cambio deben excluir, si quieren prosperar,

el tipo de creencias que hemos descrito; no precisan excluir lo que en lenguaje vulgar se

llaman creencias, pero que en realidad no son más que supuestos acríticos.

Las creencias, rigurosamente entendidas, no son compatibles con las sociedades

plenamente industrializadas ni menos con los sectores importantes de sociedades de

innovación y cambio, pero son perfectamente compatibles con las creencias que son sólo

supuestos acríticos. Los supuestos acríticos abundan y, con toda probabilidad, abundarán en

las nuevas sociedades.

La misión de las religiones, de las iglesias, en este tipo de colectivos, ha de ser

únicamente hacer una oferta de espiritualidad, que es una oferta de calidad humana

profunda, desligada de creencias e imposiciones.

Para que las religiones se hagan capaces de hacer este tipo de ofrecimiento tienen

que alejarse de la pretensión de continuar ejerciendo el papel de sistema de creencias que se

presenta como un proyecto y programa colectivo al que se deben someter los hombres y

mujeres de las nuevas sociedades. Esa es una pretensión culturalmente imposible.

Las religiones y las iglesias tienen que llegar a comprender, antes de hacer esa

transformación, que la fe y la creencia no se identifican. La fe es la apertura, la entrega y la

confianza en la dimensión absoluta de la realidad; la creencia es la formulación y expresión

de esa fe desde unos cuadros mitológicos y de creencias propio de un tipo particular de

sociedad preindustrial.

Los místicos de algunas tradiciones religiosas y espirituales de la humanidad, para

distinguir entre la fe y la creencia, usan una imagen: la fe es el vino, la creencia es la copa

que lo contiene. En circunstancias preindustriales vino y copa son inseparables; en

circunstancias ya no preindustriales hay que distinguir con claridad el vino de la copa que

lo contiene.

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En las sociedades preindustriales, que vivían durante miles de años haciendo

fundamentalmente lo mismo, la fe y la creencia se identificaban de modo inseparable. La fe

y la expresión de la fe formaban una unidad indisoluble. Si no hubiera sido así, el poder

sagrado de las religiones para legitimar el estado y para fijar el programa colectivo,

excluyendo toda posibilidad de duda, de cambio o alternativa, se hubiera visto dañado.

En las nuevas sociedades es preciso diferenciar entre la fe y su modo de expresión

preindustrial, de lo contrario perderíamos una cosa y otra.

La nueva epistemología nos dice que los mitos y símbolos no describen la realidad,

ni la de este mundo y ni la del otro, sino que la modelan. La modelación, por consiguiente,

cambiará según el modo de vida preindustrial –la fe cristiana tiene un modo de expresión y

representación diferente de la fe musulmana; la expresión de la fe de los pueblos sin estado

no es la misma que la de los pueblos con estado-.

En sociedades plenamente industrializadas, de innovación y globales, podremos

heredar la fe de nuestros antepasados, si no la identificamos con la manera que tuvieron

ellos de expresarla y vivirla, que era adecuada a sociedades preindustriales, patriarcales,

autoritarias, locales, exclusivistas y excluyentes.

Las organizaciones religiosas y también el estado tienen que llegar a comprender

que para las sociedades de innovación y cambio, sin restos de sociedades preindustriales,

las creencias en las que se presenta la fe son un obstáculo, si se comprenden las creencias

desde una epistemología mítica, que toma por real y descriptivo, aunque sea sólo

analógicamente, lo que dicen las palabras.

La fe, que es la noticia de la dimensión absoluta de la realidad, es fuente de calidad

humana profunda, de estabilidad colectiva e individual, de amor incondicional por todo, de

reconciliación y de paz.

En las sociedades de conocimiento nos tenemos que construir todos nuestros

parámetros de vida, nuestros conocimientos, nuestras tecnologías, nuestros modos de

trabajar y organizarnos, nuestros sistemas de valores, nuestros proyectos y finalidades

individuales y colectivas. Somos los gerentes exclusivos de nuestras vidas y, por la fuerza

de nuestras tecnociencias, somos también los gerentes de la vida en el planeta.

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Por consiguiente, las nuevas sociedades tienen que apartar las creencias tomadas

desde una epistemología mítica, pero precisan más que nunca de la espiritualidad, de la

calidad humana profunda, de la fe en el sentido que hemos precisado.

Las religiones tienen que llegar a comprender, teóricamente y en la práctica, que

quien hable de la dimensión absoluta de la realidad con creencias no podrá ser escuchado ni

tomado en serio en las nuevas sociedades, especialmente por las generaciones más jóvenes.

Y este hecho no tiene que verse como una catástrofe, sino como algo positivo.

Proceder como se ha hecho hasta ahora perjudicaría a las generaciones jóvenes y a

la sociedad, porque bloquearía y estorbaría la flexibilidad y la disposición al cambio que

exigen las sociedades de conocimiento e innovación continua, y con ello perjudicaría al

desarrollo económico y social de las colectividades.

En las sociedades plenamente industrializadas informatizadas, con fuertes sectores

de sociedades de conocimiento innovación y cambio continuo, la identificación de la

espiritualidad y la creencia tienden a relajarse y desaparecer. Las religiones se ven

imposibilitadas para ejercer su papel tradicional de proyecto y programa colectivo

impositivo.

En la misma medida la espiritualidad se desentiende del poder del estado y el estado

democrático pierde interés por la legitimación que procede de la religión y se desentiende

de una religión que ha perdido poder para controlar la mente y el actuar de las gentes.

El estado está profundizando su condición laica, aunque todavía le queda mucho

camino que andar. Los políticos no acaban de hacerse cargo de la nueva situación y de la

pérdida de influjo de las religiones como sistemas de creencias, en las nuevas sociedades.

3 El estado y la religión en los diversos tipos de sociedades mixtas

La humanidad vive en diversos tipos de sociedades mixtas en las que diferentes

sectores sociales viven contemporáneamente en condiciones preindustriales, en sociedades

industrializadas y en sociedades de conocimiento o de innovación y cambio continuo.

En las sociedades desarrolladas (cuando hablamos de desarrollo no nos referimos a

la calidad humana, sino al desarrollo científico, tecnológico, económico y de servicios

sociales), la mayoría de la población vive de una industria que corresponde a la primera

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gran industrialización y sólo una minoría importante vive en sociedades de conocimiento.

Sin embargo es esa minoría la que resulta ser el motor del éxito económico colectivo y el

motor de la economía y de la cultura. En esas sociedades no quedan restos significativos de

los modos de vida preindustriales.

En los países emergentes la sociedad es más compleja. Una gran porción de la

sociedad vive en sociedades de estructura preindustrial, un gran sector colectivo vive de la

industria anterior a las sociedades de conocimiento y una minoría vive en las sociedades de

conocimiento. En estos países el motor colectivo suele ser el sector industrial y

postindustrial.

En países subdesarrollados el sector preindustrial es muy grande y el sector

industrial es poco desarrollado. La sociedad de conocimiento es prácticamente inexistente.

La política y el estado de cada uno de estos tipos de sociedades mixtas, suelen estar

de acuerdo con sus diferentes estructuras.

Donde el sector preindustrial es amplio, el estado tiende a ser autoritario y reclama

la legitimación de la religión. La religión todavía tiene fuerza y el estado tiene que hacerle

concesiones y pactar con ella. En ese tipo de estructura mixta de la sociedad resulta difícil

que pueda darse un estado verdaderamente laico.

En las sociedades con sectores importantes de vida industrial, el estado tiende a ser

más democrático, más independiente de la religión y más laico. No podrá ser plenamente

democrático más que liberándose del pacto con la religión, cosa que no es fácil por el gran

peso todavía del sector preindustrial y, por consiguiente, de la religión.

En las sociedades plenamente industrializadas y con fuertes sectores de sociedad de

innovación y cambio, se da una profunda exigencia democrática, por tanto, una cohesión

social voluntaria, por adhesión libre a proyectos políticos que excluyen la imposición y la

coerción. El estado no necesita la legitimación de la religión, la legitimación le viene del

pueblo por vía democrática.

La religión, por su parte, mientras se presenta como sistema de creencias

impositivas, tiene cada vez menos aceptación y menos influencia sobre la mente y el

comportamiento de las gentes. Eso la hace menos interesante para el estado.

El estado tiene el deber de promover el crecimiento de las sociedades de innovación

en ciencias, tecnologías, productos y servicios, porque de ello depende su prosperidad y la

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del país. Por consiguiente debe promover la disposición al cambio en todos los órdenes y,

como consecuencia, el alejamiento de todo lo que fije. Y nada fija más que las creencias

tomadas en sentido estricto, sean religiosas o laicas.

Sin embargo, en los países plenamente industrializados y con fuertes sectores de

sociedades informatizadas de conocimiento, las religiones, aunque ya sin el humus cultural

y social que las vio nacer y desarrollarse, que eran las sociedades preindustriales, continúan

teniendo un cierto peso en la mente y el comportamiento de las gentes, especialmente en el

orden moral. De estas situaciones residuales se aprovechan los partidos de derechas.

En esos países es frecuente que las iglesias todavía reclamen en el orden económico

y todavía pretendan imponer su proyecto de vida y sus creencias, insistiendo especialmente

en algunos ámbitos de la moralidad, como son todo lo referente a la sexualidad y a la

reproducción.

Conclusión

En la medida en que las sociedades se alejan de los modos de vida preindustriales,

se industrializan y entran en las sociedades de conocimiento, innovación y cambio

continuo, se democratizan, se desacralizan y se alejan de las creencias y, como

consecuencia, se alejan de las religiones en la medida en que éstas continúan presentándose

como sistemas de creencias.

En esas situaciones el estado va haciéndose más y más lacio. Esta es una dinámica

que por la lógica y los datos que tenemos, parece necesaria.

Si en este contexto cultural, económico y social las religiones, las iglesias, no atinan

a ofrecer una espiritualidad, una propuesta de calidad humana profunda, libre de creencias,

se condenan a sí mismas a la extinción lenta o se condenan a quedar recluidas en los países

subdesarrollados y en las regiones subdesarrolladas de los países. Y si las cosas no van muy

mal para la humanidad, no harán más marginarse, y perder más y más terreno.

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Marià Corbí

Horizonte, Belo Horizonte, v. 8, n. 19, p. 9-20, out./dez. 2010 - ISSN: 2175-5841 20

Referências

CORBÍ, Marià. Religión sin religión. Madrid: PPC, 1996. CORBÍ, Marià. El camino interior, más allá de las formas religiosas. Barcelona: Bronce, 2001. CORBÍ, Marià. Hacia una espiritualidad laica: sin creencias, sin religiones, sin dioses. Barcelona: Herder, 2007. CORBÍ, Marià. Para uma espiritualidade leiga. São Paulo, Paulus, 2010.

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