o Redentor - Edgar Armond

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Espirita

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Nestelivrooleitorencontra umdosmaisricosmateriais deestudosobreavidade Jesus. Tantodopontodevistada anlisehistricaquantoda social,psicolgica ouespiri-tual,ORedentorumaobra quesedest acadent reas demaisdognero. Oleitorsentir-se- realmente transportadosrealidadesda vidaespi ri t ualt endopor inspiraoaexcelnciados ensinamentoseexemplosde Jesusaquinarrados. Almdesta,muitasoutras obrasdomesmoautor,esto sendopubl i cadaspel a EditoraAliananumacole-t neadenomi nadaSrie EdgardArmond. Oleitorvi dodeconhe-cimentos certamente ir apre-ci-la,enriquecendosignifi-cat i vament esuavi vnci a espiritual. OcomandanteArmond,assim conhecidoporsuacarreirana Fora Pblica do Estado de So Paulo,foiumdosgrandes militantesespritasnoBrasil do sc. XX. NasceuemGuaratinguet (SP),a14de junhode1894, tendo se formado na Escola de FarmciaeOdontologiado Estado em1926. Emfunodeseuprematuro afastamentodaativa,em virtudedesrioacidenteque sofreu,pdededicar-seem tempointegralDoutrina Esprita. Consolidouaorganizaoda FederaoEspritadoEstado deSoPaulo,atuandocomo Secretrio-Geralnasdcadas de 40, 50 e 60, onde contribuiu comacriaodevrios programasdeinestimvel valor paraa Doutrina,comoa EscoladeAprendizesdo Evangel ho,oCursode MdiunseaAssistncia Espiritual padronizada. Seu nome tambm se encontra entreosfundadoresdaUSE-Uni odasSoci edades EspritasdoEstadodeSo Paulo.Foioinspiradorda criaodomovimentoda AlianaEspritaEvanglicae doSetorIIIdaFraternidade dos Discpulos de Jesus. Atseudesencarne,ocorrido em1982,escreveuepublicou inmeras obras doutrinrias de inestimvelvalorparao as pect or e l i gi os odo espiritismo. EDGARDARMOND O Redentor Editora Aliana SrieEdgardArmond.estudosevanglicos-direitosreservados:EditoraAliana (IEdioe17reimpresses=62.000) 2aEdio,2areimpresso,set/2003,do78ao87milheiro Ttulo OREDENTOR Copyright1974 Autor EdgardArmond Reviso MariaAparecidaAmaral Editorao MMS Capa/Ilustraes ElifasAlves/MiltonGabbai Impresso BookRJGrficaeEditora.Ltda. FichaCatalogrfica EDITORAALIANA Rua Francisca Miquelina, 259- Bela Vista - So Paulo - SPCEP01316-000- Fone: (0xx11) 3105.5894- Fax: (0xx11) 3107.9704www.alianca.org.bre-mail: [email protected] Armond,Edgard,1894-1982 A763r0Redentor/ EdgardArmond 2-edio-SoPaulo:EditoraAliana-1999 216pgs. 1.Espiritismo2.ReligioI. Ttulo CDD-133. 9 INDICE Prlogo7 1EvangelhosApcrifos13 2A Tradio Messinica16 3O Nascimento doMessias21 4Controvrsias Doutrinrias27 5OsReis Magos32 6Exlio no Estrangeiro39 7ACidadede Nazar42 8Jerusalm48 9Jesus no Templo52 10OGrandeTemploJudaico54 11Reis e Lderes59 12As Seitas Nacionais62 13A Fraternidade Essnia65 14Costumesdapoca71 15Jesus e osEssnios75 16OPrecursor77 17Incio da Tarefa Pblica83 18Os Primeiros Discpulos86 19Volta a Jerusalm88 20As Escolas Rabnicas91 21Nicodemo Ben Nicodemo93 22Regresso Galileia97 23NaSinagoga de Nazar101 24AMortedeJooBatista104 25Os Trabalhos na Galileia108 26PregaeseCuras111 27OutrosLugares117 28Hostilidades do Sindrio122 29Maria de Magdala124 30O Desenvolvimento da Pregao129 31OQuadro dosDiscpulos132 32ConsagraoeExcurses137 33ACena doTabor141 34As Parbolas142 35OSermodoMonte161 36Abandono da Galileia167 37ltimos Atos noInterior170 38ltimos Dias em Jerusalm174 39OEncerramentoda TarefaPlanetria177 40PrisoeDisperso181 41Tribunal Judaico187 42O Julgamentode Pilatos191 43Para oCalvrio194 44NosDiasda Ressurreio199 45Concluso204 Adendo206 PRLOGO Inmerassoasobrasescritassobreavidaeosfatos referentes a Jesusde Nazar oDivinoRedentor da humanidade terrena,cadaumadelasapresentando-0decertamaneira, segundopontosdevista pessoaisousentimentaissectrios. Animando-nos a escrever estelivro,outrointuitono temos querender homenagemhumildea toexcelsaentidadeespiritual, tentandouma reconstituiohistrica desua ltima passagem pela Terra,acujahumanidadelegoualembranaimorredourado sacrifcioda cruze ossublimesensinamentosdoEvangelho. Nonosiludimosquantosdificuldadesda tarefa,poisque Jesusnadaescreveudesimesmo,talvezporquesuadivina prescinciadescortinavaasdeturpaesquesofreriamseus ensinamentos,noquerendoconcorrerparaasmistificaes religiosaseasinevitveisexploraesdedocumentoserelquias que mais tarde ocorreriam; preferia, como diz um inspirado instrutor espiritualdosnossosdias,quetaisalteraesfossemfeitas"no sobre o que escrevesse, mas somente sobre o que outros dissessem". No havendo documentaooriginal provinda de outra fonte, devemosater-nosaosEvangelhos,codificadosna VulgataLatina, cujosvenerveisAutoresnosepreocuparamemmencionaros fatos cronologicamente; por outro lado, cada um deles seguiu plano diferente,outalveznenhum,omitindocircunstnciasefatosque serviriam para identificar protagonistasesituar osacontecimentos emdataselugaresapropriados. O prprio Lucasque,no tendosidodiscpulo,escreveu seu trabalholendoeouvindoa unseoutros,anosdepoisdoGlgota, da mesma forma noestabeleceua necessria ordenaohistrica, 7 aseqnciajustadosfatos,provavelmenteporjencontrar dificuldadeemfaz-lo,noobstante ainda viveremnaquela poca algunsdos"Doze":PedroeTiago,em Jerusalm;Joo,emfeso eoutrosalhures. Estasfalhas,entretanto,empartese justificam,porquecada autor escreveu isoladamente, em pocas diferentes,segundoaquilo dequeselembravaedebaixo,ainda,daemoododramado Glgotaedoespritosacrificialqueatodosempolgouenquanto viveram. De outra parte, preciosasindicaes e subsdios se perderam ao transitarem os pergaminhos primitivos por milhares de mos de adeptos na Palestina e em outras partes e, ainda, por ltimo, porque osdocumentosquesesalvaramechegaramsmosdoerudito padre Jernimo, a quem o papa Damaso I, que exerceu o pontificado entreosanos366a384,incumbiudecodificarocristianismo disperso,selecionandoas 44 narrativas existentes na poca1, todas comforodeautenticidade,taisdocumentosforamporJernimo desprezados em sua quase totalidade, aceitando ele somente aqueles queconstavamteremsidoescritospelosapstolos(testemunhas de vista)a saber:JooeMateus,alm deMarcos(quenoofora) eainda deLucas,porsuasligaesestreitascomPaulodeTarsoe deidoneidadecomprovada,elaborandoassimacodificao intitulada "Vulgata Latina" at hoje adotada,sem contestao,pela maiorpartedacristandade. Mas teriam taisEvangelhossido escritos pessoalmente pelos Apstolos?Comparando-seLucas1:1com "Atosdos Apstolos" 1:1quedizem,semexceo,noscabealhos:"segundoMateus, segundo Joo, segundo Lucas e segundo Marcos", enquanto o cap. Io deAtosdiz:"Fizo primeirotratado,Tefilo,acerca detodasas coisas,etc."nodeperguntarporqueJernimoemtodosos cabealhosescreveuaressalva"segundoMarcos,segundoJoo, 'Verrelaoconst ant enocap t ul o1. 8 et c"?Nodeseconcluirqueosdocumentosquechegarams suasmos eramsomentecpias,ou cpiasdecpias,masnoos originais?Noh,portanto,certezadequeosEvangelhos,como estoescritos,representamexatamenteaquiloqueJesusensinou, na suaintegridadeprimitiva.Estefato,entretanto,emquasenada desmerece seu altssimo valor,vistoquea estrutura fundamental,a basemoralouinicitica idntica emtodasasquatronarrativas. Esenosvoltarmosparaasobrasdecarter medinico,da mesma forma encontraremos inmeras divergncias,de forma e de fundo, que no levam a maiores certezas. Tm-se, ento, a impresso de que ainda no chegou a poca de ser o assunto esclarecido pelos InstrutoresEspirituaisque,conquantosemostremmuitasvezes atmesmoprolixosnaexposiodeassuntosdoutrinriosou filosficos,no trazem maiores esclarecimentos a respeitoda parte histrica da vida doDivinoMessias. Masdanoseconclua queestaltimaseja desinteressante noseu valor qualitativo, pois tudo que respeita vida de Jesus tem alto valor inicitico e edifica,sempre, em todos ossentidos. A vida doscondutoresespirituaisdahumanidadesemprecheiade exemplos preciososeeducativos,porqueespelham condutasmais altaseperfeitasetraamrumossempreseqentes evoluodos sereshabitantesdosmundosinferiores. Enemhqueadmirarquemuitoseignoresobreavidade Jesus,passadahquasevintesculos,vividacomgrandeza,mas com simplicidade,preferentemente em contatocom o povoignaro ehumilde,semnenhumaprojeodecarterpolticoousocial, quando,nos diasquevivemos, nestesculo de tamanha expresso cientfica, dispondo os homens de poderosos meios de intercmbio e publicidade, ainda tambm muito seignore sobre assuntos atuais dealtointeresseparaaevoluoda coletividadehumana. 9AtarefamessinicaerasanearaTerradesuasiniqidades oferecerhumanidadediretrizesespirituaismaisperfeitas definitivas, redimir os homens e encaminh-los para Seu reino divino deluzesedeamorefoicumpridaemtodosossentidos,no importandoaoDivinoCordeiroossofrimentosfsicosemorais quesuportou.Indicandoos caminhosluminososdoamor e da paz universais,deixouaomundoumlegadoeternoquelei,no somenteparaaTerra,pequeninaeretardada,masparatodoo Cosmo. AtarefadoDivinoEnviadonoteve,comodissemos, projeespolticasesociaisnasuapoca,porquetaisnoeram Seusobjetivos,conquantoprevenisseaospsterossobresuas conseqnciasfuturasquandodisse:"novim trazer a paz,masa diviso". E,realmente,seusensinamentos,logoapsamortedos apst ol os,provocarami nt erpret aesasmai sdi versase contraditrias sendo, logo depois, o cristianismo primitivo absorvido porforaspoderosasquedeleseapoderaramparaaorganizao de um religio oficial2,dominadora no campo dos valores materiais oque, comoera de esperar,retardou demuitossculos a evoluo espiritualdomundo. Ea projeosocial,isto,a influncia dessesensinamentos sobreosindivduosesobreasmassashumanas,noseudevido sentidoredencionista,comocdigomoralqueexigeconduta perfeitaeiluminaointerior,estasomentesefezsentirhpouco mais de um sculo, com o advento do Espiritismo O Consolador prometidoporJesusnainspiradaemagnficacodificao elaboradaporKardec,naFrana. OEspiritismoarrancouoEvangelhodassombrasmsticas das concepes dogmticas e o apresentou ao povo, indistintamente, 2evi dent eque,sehouvessesidopr omovi dooconheci ment opreferenci al doEvangel hoeavivnciadosensi nament oscomareformantima,out rae mui t omai sevol u daseriaahuma ni da de . 10 abertoe refulgente,expressivoe edificante,comoa fora que mais poderosamente realiza transformaesmorais,nomaisntimodas almas,eimpulsiona os homenspara asluzes da redeno. Porestasrazesecircunstncias,aoescreverestemodesto trabalho,adotamosoarbtriodepermanecernasbaseshistricas doEvangelhocodificado,delesomentenosafastandopara acrescentardetalhesecomplementosidneosejulgadosteis melhor clareza e lgica do conjunto,sobretudo quandovindos pela mediunidade,quetemsidocanalda revelaodivina em todosos tempos. Como nos Evangelhos no h cronologia nos acontecimentos, procuramosnarr-losobedecendoaumaseqncialgicaque, entretanto,no representa nemse oferece comovantagem especial sobrequalqueroutra. Naconfecodestelivrofugimosdedivagaesliterrias para encobrir falhase,dada a vastidodos temas ea finalidadeda obra,nonosarredamostambmdafeiodidtica,cujas caractersticassomtodo,clarezaeconciso. Queremostambmadiantarquereunimosinformesde diversasorigens,inclusivemedinicas,redigidoseadaptados finalidadereferida,quasesempresem transcries ecitaes,mas cujasfontese autoresconstamda bibliografia contida nofinaldeste prlogo. Nose podem inventar os fatos, a no ser em obras de fico, massomentenarr-los;e,comoemrelaovidadeJesusos eventosforamnarradosporcentenasdeautoreserepetidos inmerasvezes,cada vezcomaspectosdiferentes,ecomonosso intuitonoacrescentarumanarraoamais,umarepetioa mais, julgamos til fazer uma compilao de dados, sendo de nossa 11 autoria somente a disposio deles, a redao, a interpretao, oscomentrioseasconcluses. Julgamosassimresguardadasapaternidadedasidiase conceitospertencentesaoutrosdignosautores,aosquais apresentamosdesdejnossosmelhoresagradecimentospela participao,conquantoindireta,naconfecodestaobra. SoPaulo,1974. OAutor Observao: Uma condensaodestelivrofoiincluda peloautor na srie IniciaoEsprita,daFederaoEspritadoEstadodeSoPaulo, noanode1950,formandootomon2,sobottuloAVidade Jesuscomasalteraesquesetornaramnecessriasparaa adaptaodamatriaaoprogramadaEscoladeAprendizesdo Evangelho. ObrasConsultadas LesItinrairesdeJesusGustaveDalman ONazarenoSholemAsch JesusdeNazarPauldeRegia CristoJesusRafaelHousse JesusCristoRosellydeLorgues JesusDesconhecidoMerencovsk OsEvangelhosSinticos Diversasobrasmedinicas 12OREDENTOR Captulo1 EVANGELHOSA P CR I F O Sconsiderados no-autnticos OEvangelhosegundoosHebreus OEvangelhosegundoosNazarenos OEvangelhodosDozeApstolos OEvangelhodeSoPedro OEvangelhosegundoosEgpcios OEvangelhodo nascimentodaSanta Virgem OProto-EvangelhodeSoTiago OEvangelhoda infncia doSalvador OEvangelhodeSoTom OEvangelhode Nicodemo OEvangelhoEterno OEvangelhodeSantoAndr OEvangelhodeSoBartolomeu OEvangelhodosEscolhidos O Evangelho de Basilide OEvangelho deCerinto OEvangelhodosEbionitas OEvangelhodosHereges OEvangelhodeEva OEvangelhodosGnsticos 13 Edgard Armond OEvangelhodeMarcion OEvangelhodonascimentodoSenhor OEvangelhodeSoJoo(noconfundircomoaceito) OEvangelhodeSoMatias OEvangelhodaPerfeio OEvangelhodosSimonianos OEvangelhosegundoosSiracos OEvangelhodeTatien OEvangelhodeSoJudas OEvangelhodeValentim OEvangelhoda Vida aoVivo AsReminiscncias dos Apstolos OEvangelhodeSoFelipe OEvangelhodeSoBarnab OEvangelhodeSoTiagooMaior OEvangelhodeJudasdeKerioth OEvangelhodaVerdade OEvangelhodeLencius OEvangelhodeSalmon OEvangelhodeLuciano OEvangelhodeHesychius AsInterrogaesGrandesePequenasdeMaria OCdigoVercelense OCdigoCantabrigense Nota:Alm destes, considerados falsos evangelhos pela codificao catlica-romana, haviam ainda:Falsos Atos dos Apstolos, FalsasEpstolasdeJesusCristo,FalsasEpstolasdaSanta Virgem, Falsas Epstolas dos Apstolos e Falsos Apocalipses, dentreosquaisosmaisconhecidosnapocaeramos seguintes: 14 Apocalipseotermoqueindicaasrevelaesfeitasaos profetasdaantiguidadeetantopodemreferir-seaassuntos limitados,comogerais.Tantopodemtersentidoextensivocomo figurado,analgico ou mstico. O Apocalipse de Joo Evangelista possui todos esses sentidos e,segundoseudiscpuloPolicarpo,queorevelouaIrineu,bispo catlico dosegundo sculo, foi escrito na Ilha de Patmos,fronteira cidadedefeso,noMarEgeu,nasiaMenor. 15 OREDENTOR OLivrodeEnoque citadoporquasetodososeruditosda poca OLivrodeEsdras tambm conhecido comoApocalipse doano97 OApocalipsedeBaruque OApocalipse deElias O ApocalipsedeDaniel OApocalipsedeMoiss(AGnese) EdgardArmond Captulo2 AT R A D I OME S S IN ICAAtradioespiritualdomundo,emseussetoresmaisaltos, ensina que a criao subordina-se aos seguintes princpios universais: umCriador,umAgenteExecutoreumAlentoAnimador,assim discriminados: Oprincpioincriadogerante esfera do pensamento divino abstrato. Oprincpiocriadocriante esfera dosagentescsmicos criadoresdemundos. Oprincpiocriadoimanenteesferadasmanifestaesdo espritodivinona criao. Nasreligies: OprimeiroprincpioDeus oPaiCriadorabsoluto. Osegundoprincpioopensamentoabstratofora deDeusmanifestadocomo criaopelaaodosagen-tescsmicos oFilho. Oterceiroprincpioopensamentodivinoderra-madona criaocomovida, inteligncia e amor o Es-pritoSanto. 16OREDENTOR EstaabasefundamentaldasTrindades,imaginadaspor algumasreligiescomoabramnica,aegpciaeapersa,entre outras,de onde foram copiadas,inclusive por religies dogmticas crists. EisasTrindadesmaisconhecidas: Brama,Shiva e Vishnudoshindus. Osris,sise Orusdosegpcios. Ea,IstareTamus dosbabilnios. Zeus,Demtrio e Dionsiodosgregos. Baal,Astarte Adonisdosassrios. Orzmud,Ariman e Mitradospersas. Voltan,Friga eDinardosceltas. OsagentesdiretosdeDeussoasintelignciasDivinasque animam,santificam e presidem formao de universos e galxias, e que,a seu turno,delegam poderes a agentesseus os Cristos que,comoverbosdivinos,corporificamseuspensamentos, executandoacriaodeplanetas,satliteseastrosemgeral,dos diferentes sistemas planetrios e que so os governadores espirituais dessesdiferentesorbes. Esta,deformagrosseiraeaproximadadarealidade,a discriminao mstica das tarefas deagentes divinos na criao dos mundos. Em conceitomais objetivoe cientfico, a criaose opera de forma algo diferente:as inteligncias Divinas, como agentes diretos deDeus,corporificameemitemondassucessivasdeenergia criadora inteligente, que se projetam nos espaos criando os tomos, germesdevida,quepotenciamenergias,intelignciaeamor,os quaisseagl omeramemultiplicamdentrodeleisdivinas preexistentes,formandoosmundosmateriais eosseresvivos. 17EdgardArmond Amesmatradioespiritualtambmrevelaque,em determinadaspocas,segundoasnecessidadesevolutivasdo planeta,altosEspritos,porsioucomoenviadosdoCristo, encarnaram-senosdiferentesorbes,levandoshumanidadesque os habitam, impulsos novos e diretrizes mais avanadas de progresso espiritual. SegundoessatradiooGovernadorEspiritualdaTerra j encarnouemmeio a seushabitantesvriasvezes,a saber:duasna Lemria,comoNumueJuno,coma3aRaa-Me;duasna Atlntida,oberodalegendria 4aRaa,comoAnfioneAntlio, por intermdio de cujos discpulos a tradio espiritualmais antiga transferiu-separaoMediterrneo;umanaPrsia,comoKrisna, uma na ndia, como Buda, e uma ltima,como Jesus,na Palestina. Nessas encarnaes esses altos Espritos tm vindo ora como precursoresintelectuaisdeconhecimentosfilosficos,cientficos, religiosos e artsticos;ora como pregadores de paz e de concrdia, 18JesusdeNazar,comoagentedaEntidadea cuja jurisdio edependnciaaTerraseencontra,comomundoformadoemum sistema planetrio,agindo no mesmo sentido, concorreu formao donossogloboedetodososseresqueohabitam,passandoaser seuGovernadorPlanetrio. Na histriareligiosa,oMessiasoungido encarnado na Palestina, a quem Pedro se referiu quando disse:"Tu s o Cristo, ofilhodeDeusvivo"."Cristo",nasuasignificaodeungido, consagradoe"filhodeDeusvivo",nosentidodequeevoluiuem mundosmateriaisoque,alis,Elemesmooconfirmaquandose intitulou"OFilhodoHomem". Verdadeirasnotodo,ousomenteempartedelas,essas tradies,enviadodoCristoPlanetrio,ouencarnaodeste mesmo,ocertoqueessesaltosmissionriosrealizaramsuas edificantestarefasapontandodiretrizesmoraisconcordantescom a evoluohumanadecadapoca;revelaramosmaisadequados conhecimentos sobre a vida e a morte e deram existncia humana um elevado e sublime sentido espiritual,no obstante nem sempre compreendidoseaceitos;pregaramsempreasmesmasverdades fundamentais,pormaisquesetivessemcolocadoafastadosuns dosoutros,oqueprovaseremseqenteseprogressivasas revelaesespirituais. Os conhecimentos revelados por esses magnnimos Espritos foram conservadosemvrioslugares. No oriente, pelos Flmines,sacerdotes filiadosaos cultos da antiga Lemria, bero das primeiras encarnaes humanas em nosso globo e onde se esboaram os rudimentos da conscincia dosseres primitivosdosquaisdescendemos,sacerdotesessesque,como afundamentodessecontinente,passaramndia el viveram,em suasmontanhase florestas,atoadvento deKrisna,quando ento desceramparaoCeilo,fundandoaliossanturiosdenominados "TorresdeSilncio". 1 9 OREDENTOR noencaminhamentodepovosbrbaroscivilizao;oracomo reformadoressociaiseguiasreligiosos. NaPalestinaveioJesus,nopontomaisaltodarevelao eternizada,comoexemplificador doamor universal,a fraternidade doshomenseapaternidadedeDeus,conformeoenunciado fundamentaldo"amoraDeussobretodasascoisaseaoprximo como a simesmo". Edgard Armond Noocidente,pelosDctylos,descendentesdosAtlantes, refugiadosna Grcia,poucoantesdoafundamentodaltimaparte dessecontinenteeparaondetransportaramosdocumentos contendoastradiesmaisantigas,eondeiniciaramasbasesde umanovacivilizao,logoemseguidatranspostaparaoantigo Egito.Na Grcia antiga esses pioneiros eram venerados comosemi-deuseseforam,comooscabires,oscureteseostalquines,os primeirosinstrutoresdessepovopr-histrico.3 PelosKobdas,quevierampoucomaistardeefixaramessa civilizaonoDeltadoNiloeadifundirampeloEgitoeMeso-potmia. E,finalmente,pelosEssnios,refugiadosnassuasgrutase mosteirosdaPalestina,FenciaeArbia,quereceberame conservaram no seu sentido verdadeiro e autntico, os ensinamentos deixadosporMoissequeforampor estesrestaurados,combase nosdocumentosdescobertosnasrunasdostemplosegpciosde Mnfis,de Abidos,deSas eoutros. Quanto a Jesus, a mais alta manifestao doPlanoEspiritual SuperiornaTerra,seusensinamentosestoconsignadosno Evangelhocristo,aquenosreferimosnoprlogodestelivro,e que vm sendo perpetuados at nossos dias pelos cristos de vrias seitaseconfisses. Esta ltima manifestao era esperada deh muitoehouvera sidopreditaporvozesprofticasdevriaspartesdomundode ento,principalmente pelosisraelitas o povo escravo, redimido porMoiss,preparadopor maisdequarenta anosnosdesertosdo SinaiedoParanparareceberemseuseiooEspritoradiosodo Redentor. 'Mai oresdet al hesnolivroNaCortinadoTempo,dome s moaut or . 20 OREDENTOR Captulo3 0 NASCIMENTODOM E S S I A SASPROFECIASAsprofeciassobreonascimentodoMessiascumpriram-se emquasetodososdetalheseoprprioJesus,nosdiferentesatos desuacurtavidapblicadetrsanos,aelassereferiasempree lhesdavaconst ant est est emunhos,col aborandoparaseu cumprimento. Issofazianosparaprestigiarosprofetas,comocanais queeramdarevelao,comoparademonstrarqueestaantecede sempre os acontecimentos relevantes da vida da humanidade e que. uniformemente,expressam-seosmandatriossideraispelaboca dosprofetasoumdiuns. Asprofeciashebrias,referentesaoadventodoMessias redentor,confirmavamoutrasanteriores4,proferidasemoutras regiesdomundodeento,nosentidodeumnascimento miraculoso,contrriosleis naturais,atravsdeuma virgem,sem contatoshumanosque,conformereferiam,ocorreracomoutros mi ssi onri osrel i gi ososoufundadoresdemovi ment os espiritualizantescomo,por exemplo,Zoroastro,Krisna,Buda. Essaconcordnciapermitiasuporqueosprofetashebreus 4VerOsExiladosdaCapela,dome s moaut or. 21 Edgard Armond deixaram-seinfluenciarporessasnotciasque,gravadasemseus subconscientes,vieramtonanotransedasrevelaes,ouque, ento,foram realmente verdadeiras,como verdadeiras foram todas asdemaisqueproferiramsobre,porexemplo:afixaodeJesus na Galileia,da qualfez centropara seusmovimentosepregaes; ossofrimentosdoMessias;seussacrifcios;a traiodeJudas;as atormentaes etorturasna noitedesua priso;a mortena cruz;a ressurreio,etc. Mas,se todasas profeciashebriasforam confirmadas,esta, entretanto,do nascimento virginalnoofoi mas,ao contrrio,at hojevemsetornandomotivodecontrovrsiasentrecristos. QuandooexcelsoMissionrio,custodiadopelosseus luminososassistentesespirituais,aproximou-sedaatmosfera terrestre, no crucialsofrimento da reduo vibratria para adaptao ao nosso mundo material denso, onde seus assistentes j lhe haviam preparado o nascimento fsico, quatro grupos de iniciados maiores, pertencentesquelascorrentesaque jnosreferimosatrs,pres-sentiramessa aproximaoetambmseprepararamparaapoiare recebercondignamentetosublimevisitante;forameles:os sacerdotesdo Templo-Escola doMonteHorebna Arbia,dirigido por Melchior;os Ruditas,solitrios dosMontesSagros,na Prsia, cujocultoerabaseadonoZend-AvestadeZoroastroecujochefe era Baltazar;ossolitriosdoMonteZuleiman, juntoaoRioIndo, dirigidospor Gaspar,Senhor deSrinagar eprncipedeBombaim; e finalmente, os Essnios, da Palestina, que habitavam santurios e mosteirosisoladoseinacessveis,nasmontanhasdessepas,da Arbia e da Fencia. Aessesiniciadosfoireveladomediunicamenteaprxima encarnaodoMessias,h tantotempoesperado. Melchior, Baltazar e Gaspar foram os visitantes piedosos que atradioevanglicachamade"ReisMagos"equevisitaramo Menino-Luznosprimeirosdiasdoseunascimento,emBelm. Foramtidoscomomagosporquevieramdadireodooriente, 22 Doisanosdepois,segundorevelaesmedinicas,Jos, carpinteiroresidenteemNazar,cidadezinhadaprovnciada Galileia,usandodeumdireitoquetambmlhepertenciapor descenderdafamliadeDavi,tendoenviuvadodesuamulher Dbora,filha deAlfeu eficado com cincofilhosmenores, bateu s portasdoTemplopedindoquelhefossedesignada uma esposa. 23 onde ficavam a Caldeia, a Assria,a Prsia, a ndia e onde a cincia da astrologia,da magia tergica e de outras espcies eram praticadas livremente. Alis, o prprio Evangelho justifica os ttulos, pondo na boca deumdosmagos,suachegadaaJerusalm,aseguintefrase: "Ondeest aquele que nascido reidos judeus?Vimos sua estrela noorienteeviemosador-lo".(Mateus2:2) OREDENTOR Para a encarnao do anjo planetrio, o vaso carnal escolhido e j compromissadodesdeantesdesua reencarnaonaTerra,foi Maria,virgemhebriadefamliasacerdotal,filhadeJoaquime Ana.MoravamemJerusalm,foradosmuros, juntoaocaminho queia para Betnia.Eleera de Belm,da tribodeLevi,da famlia deAaro,eela de Nazar,da tribodeJud,da famlia deDavi.J estavamambosemidadeavanadaquandolhesnasceuumafilha quefoichamadaMaria,cujonomesignificabeleza,poder, iluminao.Com a morte de seus pais foi ela internada por parentes no Templo de Jerusalm, junto s Virgens deSio,que nas grandes festividades cantavam em coro os salmos de Davi e os hinos rituais, pois que as jovens descendentes de tais famlias tinham esse direito epodiamsereducadasprimorosamentenoTemplo,consagrndo-se,casooquisessem,aseusserviosinternos. AexpectativaporumMessiasnacional,nessetempo,era geralnaPalestina,regioagravada pelapesadaocupaoromana, querepercutia tambm,fundamentalmente,noTemplo,porcausa dareduodeautoridadeedeprestgiodoclero,atento dominanteearbitrrio;eumatarde,diasantesdesuaindicao, estandoMariasozinhaemumadasdependnciasdoTemplo, recordandooquantotambmsofreraseuprogenitorcomessa situaoeaspreces quefazia pela libertaodeIsrael,adormeceu eteveumsonho,oumelhordito,umaviso(poiseradotadade aprimoradas faculdades psquicas) durante a qual um anjo a visitou easaudoucomopredestinadaageraroMessiasesperado. Atemorizada,guardousilnciosobreoocorrido,masseus temores aumentaramquando,como era de praxe,foi escolhida pela sorte para esposa do pretendente Jos, tambm pertencente famlia deDavi,emcujalinhagem,pelasEscrituras,oMessiasnacional deverianascer.Estefato,paraela,foiumaevidenteconfirmao davisoquetiveraedaspalavrasdoanjoqueavisitara,eseu Esprito ingnuo e mstico compreendeu que sua aquiescncia quele consrcioeraimperativa. ApartirdesuachegadaaNazareapsascomemoraes rituais das bodas,cerimoniais que,segundo os costumes, duravam vrios dias, dedicou-se aos afazeres domsticos sem poder, contudo, esquivar-selembranadosacontecimentosdoTemplo;eavida docasal,desdeoprimeirodia,ressentiu-sedaquelasapreensese temores. Foi-seretraindoomaisquepdedavidasocialedas intimidadesdomsticas,recolhendo-seaprolongadasmeditaes 24 Edgard Armond Nestescasos,adesignaoerafeitapelasorteeaindicada foiMaria. ORE DE NT OR ealheamentos,apontodeprovocarreprovaesdeconhecidos, parentes e familiares. Vivia comodentro deumenlevopermanente,noqualvozes misteriosaslhefalavamdascoisascelestiais,dealegriassobre-humanas, de sofrimentos e de dores que lhe estavam reservadas no futuro,exatamentecomo,bemselembrava,estavaescritonas EscriturasSantasdoseupovo.Porfim,sentindo-segrvida, confessouseustemoresaJos,decujapaternalbondadeestava certapoderesperarauxlioecompreenso. Surpreendidopelarevelao,Jos,dentrodasensatezque lheeraatributoslido,guardousilncio,aguardandooperpassar dosdias;masestandoevoluindoparatermosfinaisagestaoe nopodendoconfiaremestranhosouparentesaliresidentes, resolveulevara jovemesposaparaBelm5ondeelaficariasobos cuidadosmaternaisdesua tiaSara. Pois foi ali, naquela cidade histrica, por ter sido onde Samuel sagrou a Davi como rei, que deu-se o nascimento transcendente do MessiasRedentor,aoqualfoidadoonomedeJesus.(Fig.1) Estefatotorelevanteocorreunoano747dafundaode RomaeIodaeracrist,conformeadmitimosporconvenincia expositiva.6 1Bel mnomemoder ni zado;onomeant i goeraEfrat a.Nasprofeci asse l,s e gundoMi qui as5: 1:" Some nt eati,Bet hl eem- Ef r at a,e mbor asejas pequenaanteasmuitasdeJud,detiquevirAquel equeserosoberano deIsraelecujaor i gemvemdel onge,daet er ni dade". 6AonarraravidadeJesusedevi doadivergnciasexistentesnoscalendrios; parasi mpl i fi carascoi saseevi t ari nt er pr et aesdi f er ent es ,a dot a moso sistemadeconsi der aroano1opri mei roapartirdonasci ment o;ano33o desuacr uci f i cao,e t c ,de s pr e z a ndoocal endr i ooficial,queconsi der a tenhaeleseverificadonoano7denossaerae747dafundaodeRoma. 25 Edgard Armond Contamasescriturasqueoeventosedeunumestbulo,o que nodeseestranhar,tendoem vista a pobreza e a exigidade das habitaes do povo naquela poca, e o fato de que os estbulos nemsempreeramlugaresdestinadosaconterogado,servindo tambm de depsito de material,forragem, etc. dese admitir que oshspedestenhamsidoacomodadosemumcompartimento desses,maisafastadodobulciodacasaedacuriosidadedos estranhos. EmBelmseencontramaindavriosestbulosdessetipo, queservem,ora para habitao,ora paradepsitodecombustvel eforragem,ora ainda de acomodao de pastores nmades,quando vmcidadea negcios. 26 ORE DE NT OR Captulo4 CO N T R O V R S I A SD O U T R I N R I A SDentreasvriascontrovrsiasexistentessobreassuntos evanglicos, duas, pelo menos, devido a sua importncia, devemos apresentar nestelivro:a queserefereconcepodeJesusea da naturezadocorpoqueutilizouquandoencarnado. ArespeitodonascimentodeJesusjulgamoshaverduas alternativas:aceitaraconceposobrenatural,comoconstado Evangelho de Mateus e de Lucas, ou admitir o nascimento natural, comoqueremvriascorrentesespiritualistasematerialistas. Conquantoosevangelistascitadosnarremumnascimento sobrenatural, o Evangelho em si mesmo, estudado no conjunto dos seus autores, oferece elementos srios para se optar pelo nascimento natural. Aprimeiradasduasversesconsta,comodissemos,de MateusedeLucas,masnoconsta deJooedeMarcos(tambm sintico)sendoissodeverasestranhvel,porquefatodetamanha importnciaousignificaoespiritual,certamentequenoficaria esqueci dodel es,comaagravant edequeLucasnofoi contemporneo dos acontecimentos, pois viveu vrios anos aps a A CO N CE P O27 Edgard Armond morte de Jesus e escreveu,mais que tudo, pelo que ouviu dizer por terceiros. verdade que a seu tempo ainda viviam Tiago em Jerusalm eJooemEfeso,timosinformantes,masdelesnorecebia coisa diferente daquilo que eles mesmos informaram a outros, verbalmente ouporescrito,isto,nenhumarefernciaaonasci ment o sobrenatural. Por outrolado,oeruditopadreJernimo7,encarregadopelo papaDamasoI,emfinsdosculoIV,deselecionarecodificaros Evangelhosexistentesnapoca,adotadosporvriascorrentes sectriasdiferentesedivergentes,emnmerode44,aoproceder aoseuimportantetrabalho,teriatodoempenhoemprestigiara versodeJesus-Deus,membrodaTrindadeCatlicaRomana, dandoaindamaiornfaseversosobrenaturaloque,alis,no fez. Se,almdeMat eusedeLucas,outrosdocument os houvessem,provindosdeapstolosoudiscpulos,comreferncia aessenascimentosobrenatural,evidentequetaisinformaes seriammantidasnacodificaodenominadaVulgataLatina,que athojefazfemtodaacristandade,mastalnoaconteceu. Comoonossoobjetivonodiscutiroassunto,citaremos unicamenteoquedisseJoo4: 3,emsuaPrimeiraEpstola Universal:"todoEspritoquenoconfessaqueJesusCristoveio nacarne,nodeDeus".Istoparececoncludente. NasdemaisepstolasdePedroeJudas,damesmaforma, nadaencontramosqueconfirmeonascimentosobrenatural. Pode-se, pois, concluir ou.pelo menos, aceitar o nascimento natural,naconcordnciatcitadoscincoapstolos:Pedro,Joo, Tiago,JudaseMarcos. Padr eedout ordaIgrejaLat i na(347a419ou420d. C) .Passouapar t e mai sativadasuavi danoOr i e nt e ,c omexceodeumapa s s a ge mp o r Roma( 382- 384) ,ondei ni ci ouar evi sodot ext ol at i nodoNo v oTes t a-me nt o,compl et ando- oemBel m.( Not adaEdi t or a) 28 OREDENTOR 0CO R P O D E JE S U SAprimeiravistapodeparecerque,aceitaestaversodo nascimentonatural,qualquer outra consideraoseria ociosa mas, emrespeitosargumentaesdosquecrememcontrrio(eso muitos),examinaremostambmesteassuntoeosfatoresque intervmnasuaconceituao. Semprese julga desinteressante debater temas desta espcie, nosporfaltaremelementossriosdecomprovao,casoem que os argumentos nosairiam do campo das opinies pessoais, de valorsempremuitorelativo,como.tambm,porqueaverso adotadapeloscontestadoresemnadamodificariaosfatos,tanto nasuaorigem,comonasua naturezaeconseqncias. Acontrovrsia,assimcomooutrasmuitasexistentes,vem delonge,desdeostemposdocristianismoprimitivo,tendotido, mesmo,umpontoaltonoreinadodoimperadorJuliano cognominado"OApstata"quandoproliferavamseitas divergentes. Juliano chefedoimprioromanodoOriente,educadona religiocatlicaromanaedelatendoabjuradoconvocou,no ano de 364, em Constantinopla,sede do imprio,os representantes de todasessasseitas divergentescrists;mandou fech-los em um grande recinto e deu-lhes prazo dealguns dias para acertaremsuas divergnciasdoutrinrias,quecausavamagitaoetumultoentre opovo. Ao fim do prazomarcado,compareceu ao recinto para ouvir asconclusesfinais,verificando,porm,quenohouvera entendimentoalgumentreosdisputantes,dentreosquaisosmais intransigenteseramosdocetistas,surgidosnosculoII,queno reconheciam Jesussegundoa carneeafirmavamqueElepossura somenteumcorpoaparente. Essa opiniofoidefendida tambm por Marcion,Atansio,o Grande,SoJooCrisstomo,ClementedeAlexandriaeoutros luminaresentreosantigospadrescristos. 29 Edgard Armond OprprioPaulodeTarso,emsuaEpstolaaosRomanos 8:3,diz:"queDeusenviouSeuFilhoemsemelhanadecarne". Pauloera dotado de muita cultura eviveu ainda perto do tempo de Jesuseteria elementosparaafirmaressa verdade. Essa controvrsia permaneceu em toda a Idade Mdia, atingiu os dias da codificaoda Doutrina dos Espritos, com Roustaing, e permaneceuathojeentreescritoresepregadoresespritas encarnadosedesencarnadosque,naausnciadedocumentao probante, limitam-se, como dissemos atrs, a formular suas prprias e mais ou menosrespeitveisopiniespessoais. Por isso limitamo-nos unicamente a abordar o assunto, como numa simples troca deidiasesimplescooperao,perguntando: P ExistenosEvangelhosalguma coisa que provetersido fludicoocorpofsicode Jesus? RNo.Oqueexistesoalgunsfatosoupalavrasque poderoalimentartalsuposio. PExistealgumaprovadequeSeucorpofsicoerade carne,igualaodeoutraspessoascomuns? RSim,emtermos,existe.Senoofossecomopoderia Eletercarregadonascostas,porviasurbanasestreitasemal caladas,irregularesengremes,apesadacruzdemadeira,sob cujo peso caiu vrias vezes?Ssefosse por efeitos fenomnicos,o queseria uma incrvelsimulaoda verdade. Nasceu, cresceu, viveu junto a Seus Pais e parentes; conviveu cominmeraspessoas;enfrentoumultides;sofreuacarga vibratria,incrivelmentepesada,demilharesdenecessitadose doentes; alimentou-se muitas vezes em companhia de seus discpulos e seguidores; foi pregado na cruz e ali desencarnou vista de muitos. PMascomo,sendodecarnecomum,poder i a desmaterializar-se,comofez vriasvezesedeforma tonaturale perfeita,comoconstadosEvangelhos? RPorquetinhaumcorpodecarne,semdvida,porm deconsistnciadiferente,dedensidademuitomenor,dematria 30 OREDENTOR maispura,devibraomuitomaisalta,adequadaaconterum EspritodeSua elevada hierarquia;corpo,a seu turno,geradopor um vaso fsico devidamente preparado e selecionado anteriormente aonascimento,devibraoepurezaquecomportasseSua permanncia em nossoplanogrosseiroeimpuro. Destaformaasdesmaterializaeseoutrosfenmenos narradospelosevangelistassetornariamexplicveisemtodosos sentidos.E mesmo que assim no fosse, Jesus, pela sua alta posio deGovernadorEspiritualdonossoplaneta,possuapoderespara agir emtodasascircunstncias julgadas justas. PMascomopdeEleconvivercomseusdiscpulos, durante40dias,apsSuamortena cruz? RPorquedepoisdamorte,agorasim,estavautilizando umcorpofludico,numa densidadequepermitiu manifestar-sede forma objetiva e tangvelnonossoplano. Concluindo podemos, pois, dizer que Jesus possua um corpo fsicoespecialdecarne,perfeito,delicadoepuro,devibrao superioraocomumdoshomens,enquantoviveuencarnado;e manifestou-seem corpofludico,suficientemente condensado,aps acrucificaoemortefsica. 31 Edgard Armand Captulo5 O SR E I SMA G O SAlgumtempoantesdonascimento,tantona Palestina como nos pases vizinhos e noOriente, correu o aviso, dado pelos sbios assrios e caldeus entendidos em astrologia, que estava se formando, emdadopontodoZodaco,umaestranhaeimprevistaconjuno decorposcelestes:aproximavam-seJpiter,SaturnoeMarte. Isso, diziam eles, era sinal de acontecimentos graves, podendo sobrevir cataclismos esofrimentosimprevisveis. Porisso,emtodaparte,opovo,ansiosoeatemorizado, perscrutava os cus,noitesseguidas,na expectativa dasdesgraas anunciadas. MasossacerdotesdoTemplodeJerusalmsabiamqueera chegada a poca do nascimento do Messias de Israel e se rejubilavam esperanosos,enquantoqueHerodeschamadooGrande no seu palcio de mrmore e pedra escura, de Jeric, ou em Jerusalm, remordia-se de inquietaes, na suposio de que tal acontecimento lheroubasseotronoeopoder,dadosporCsar,porqueas esperanasedesejosdopovo,bemsabia,eramparaumMessias nacional,queassumisseopoderemIsrael,proclamando-sereie expulsasseosromanosinvasores. NasterraspagsdaGrcia,Egito,Arbia,Prsiaendiaas sibilas,tambm, j tinham,h muitotempo,profetizadoa respeito 32 OREDENTOR At que enfim, numa dessas noites frias e estreladas do inverno palestinoquando,naprofundidadedosespaossiderais,se completava a conjunoinslita,asvibraescelestiaisdesceram sobreBelmeenvolveramacasahumildeondeoMenino-Luz estavanascendo. Eospastoresrsticos,enrodilhadosnosseusmantos,nas encostasdosmontesprximos,beneficiadosdeincrvellucidez, viramosclaresluminososquedesciamdocueouviramocoro inaudveldosEspritosclamando,paratodoomundo:Glriaa DeusnasalturasePaznaTerra aoshomensdeboa vontade". E assim,mais uma vez, as foras das trevas foram vencidas... Mas,estefatofoitambmpercebidopelossensitivosdas EscolasdeSabedoria jcitadas,sobretudopelosEssnios,quese mantinhamemprece,vigilantes,aguardandoahoradogrande evento,doqualtiveramlogoinformaesdiretas,porintermdio dosadeptosdaOrdemepelosirmosTerapeutas,queviajavam por toda parte,existindo,mesmo,algunsnoprpriolocalondeo acontecimentosedeu.Quantoaosdemais,devidosenormes distnciasemqueseencontravam,permaneceraminvestigandoe aguardandoconfirmaes, porqueignoravam olocal exato ondeo nascimentodeveriaocorrer. 8i deaobr aNaCortinadoTempo,quedescr evepor me nor i z a da me nt eos a c ont e c i me nt os . 33do nascimento e, por isso, uma geral e profunda expectativa existia, de um acontecimento extraordinrio que abalaria a vida dos homens emudaria odestinodomundo.8 Edgard Armond Mas,porfim,perceberamquearespostaestavanoprprio cu,porquea estranha conjuno deastrosseoperava nosignode Peixes que, astrologicamente, era o que governava os fatos da nao judaica;ao demais,verificaram que a profecia deMiquias,muito remota,jinformavaarespeitodizendo:"Etu,BethleemEfrata, conquantopequena entreasmuitasdeJud,detisairaqueleque serosenhordeIsrael". Comotambm joafirmara a profecia deZoroastro,feitana Prsia,3.200anosatrs,quedizia:"Oh,vs,meusfilhos,que j estais avisados doSeu nascimento, antes que qualquer outro povo; assimquevirdesaestrela,tomai-a por guia eela vosconduzirao lugarondeEleoRedentornasceu.Adorai-0eofertai-Lhe presentesporqueEleapalavra,oVerbo,queformouoscus". Eaindanolhessobrava,aessesIniciados,orecursoda mediunidade?Assimcomoaconteceucomosmserospastores, que "viram e ouviram", no poderiam ter sido eles tambm avisados pelosEspritossobretalacontecimento,diretamente? Nessascomunidadesdesolitriosserealizavamprticas espirituais, como as fazemos hoje; muitos deles possuam magnficas faculdadeseumacontecimentodesses,detalsignificaoparaa vida planetria,certamentequeseria reveladoa todosaquelesque merecessemconhec-lo,nomomentooportuno.Eentreestesse colocavamoschamadosReisMagos. Concluindo,pois,queoMessiasnascera na Palestina,esses detentoresdasabedoriaespiritualdemaiorresponsabilidade, partiram nessa direo, para conhecerem e adorarem oaltoesprito missionrio. Arefernciacitadapelosprpriosviajoresauma"estrela-guia"poderiasersimplesmentesimblica,aestrelaemsimesma representandoaconjunodeastros,comotambmpoderiaser 34 OREDENTOR um Esprito visto pela vidncia que,sob essa forma,serviu de guia scaravanasquebuscavamaproximar-sedoMenino-Luz.No comum nos PlanosEspirituais, os desencarnados decerta categoria tomaremaformadeestrelasououtrasquaisquer?Nosabido queosEspritospodemassumirasformasquedesejam,bastando queasimaginem?Essa,atmesmo,seria uma belssima tarefa de participaoemacontecimentodetalgrandeza! As caravanas desses Iniciados maiores viajaram durante muito tempo,vindasdesuasterrasdistantese,porfim,seencontraram, emfelizoupropositalcoincidncia,emSela,lugarejosituadonas faldasdoMonteHor,naArbia,ondesereconheceramese incorporaramaumacaravanademulasqueseaprestavapara atravessarasmontanhasdeMoab,alestedoMarMorto;nesse pontoabandonaramacaravanaeseguiram juntosparaJerusalm. 35 Mas enquanto os "Reis Magos" estudavam o acontecimento, faziamseuspreparativoserealizavamsuademoradaecustosa viagem,oMenino-Luzsedesenvolvia:aosoitodiasfoilevado Sinagoga local para ser apresentado e registrado, como era de praxe; comotambmdepraxeque,aooitavodia,osrecm-nascidos fossemcircuncidados,costumeadotadotambmpeloscananeus, fenciosesrios.Paraos judeusqueriadizerqueacriana,com isso,entravanopactodeJeov,passandoaserherdeiradas promessasdivinas,conquantofossetambmmedidadehigiene corporal. Aosquarenta diasfoilevadoporsua Mea Jerusalm,onde lhecabiapromoverosritosdapurificao,queseresumiamem umholocaustovivo;nocasodela,queerapossuidoradeparcos recursos,oholocaustoeradeumapomba,entreguenoAltardos Holocaustos ao sacerdote em servio, o qual cortava o pescoo da ave,torcia-oparatrsdeformaqueosangue,aoafluir,casse Edgard Armond sobre as brasas do Altar,findo o que a vtima, ainda estremecendo, eraatiradaemumrecipienteexistenteaolado;emseguidaa ofertante passava aoTemplo propriamente dito OSanto para que a criana fosse consagrada ao Senhor, quando primognita queeraocasodeMaria. No Templo havia rodzio de sacerdotes, alguns dos quais eram secretamente filiados Irmandade Essnia, os quais j sabiam quem eraomeninoaserconsagradonaqueledia.Porissoprepararam, emsigilo,uma solenidadeespecial:Maria eJosforamrecebidos pelossacerdotesSimeodeBetheleEleazar,rodeadosdeseus aclitos.AsvirgensdeSio cantaramhinos,eprecesseelevaram aos cus, enquanto o velho Simeo, tomando o Menino nos braos, oconsagrouexclamando:"Agora,Senhor,despedeempazteu servo,segundoa tua palavra,porqueosmeusolhos j virama tua salvao"(Lc2:28-30).9 Nessemomento,ovudoTemplo,luxuoso,pesadoede enorme altura, fendeu-se, caindo para um dos lados e uma paraltica, queseachava perto,levantou-sesobreseuspseandou. Tudoisso, tanto no ato como depois,motivou comentrios e estranhezase,comomedidadeseguranaparaoMenino,foiele afastadosemperdadetempo,deJerusalm,porquequalquerfato ou circunstncia queserelacionasse com onascimento doMessias deIsrael,toesperadoe jocorrido,segundoosboatosexistentes eagravadoscomachegada,tocomentada,dos"ReisMagos", despertavalogoaatenoeainterfernciaindesejveldoclero judaicoedosesbirrosdeHerodes. Herodes,quesempreestivera preocupadocomasprofecias, assimquetomaraconhecimentodaconjunoplanetriaforado 9Si meot i nharecebi domedi uni cament eai nf or maodequenomor r er i a enquant onovisseachegadadoMessi as. 36 O REDENTOR comum,espalharaseusespiesportodaparte,catadealgum nascimentosobrenatural(como constava das profecias) e um desses espiesviuquandoostrsviajantesorientais,acompanhadosde seus serviais, entraram na cidade, indagando de uns e outros: "Onde est o Messias Salvador do Mundo, cuja estrela vimos no Oriente?". E viu tambm quando esses viajantesilustres penetraram noTemplo onde,naturalmente,comosupunham,obteriaminformaessrias e positivas. Aguardou a sada deles, para segui-los e descobrir o endereo quebuscavam,masossacerdotesessniosperceberamoperigoe providenciaram a retirada dos visitantes por passagenssecretas que davamparaocampo,foradosmuros,nocaminhodeBetnia;e dali prosseguiram eles diretamente para Belm de onde,advertidos emsonhodequenodeviammaisvoltar aJerusalm,tomaramo rumodesuasterrasporoutroscaminhos,comoconstadeMateus 2:12. Masquando,finalmente,emBelm,foramconduzidos presena doMenino,esteja estava crescido(dez mesesemeio);e foiumacenacomoventeaquelaemqueessesaltosiniciadosse viram na presena doSenhor do Mundo, do Governador Planetrio. Consultaramseuspergaminhos,suasanotaes,fizeramsobreo Menino as verificaes prpriasdas circunstncias, tanto no corpo fsicocomonoespirituale,porfim,seconvenceramdeque, realmente,aliestava encarnadooMessiasPlanetrio.10 OBudaSidarta,porexempl o,revel oupossui rossinaiscaract er st i cosde suaal t ssi macondi omi ssi onr i a.ODal ai - Lama,aonas cereant esde assumiropoderreligioso,noMost ei rodeLhassa,noTi bet e,erapr ocur ado, encont r adoeacei t o,apsverificaescui dadosasdesuai dent i dadeeaps, t ambm oferecer provas irrecusveisdequeeraareencarnao do mes mo Espi ri t o anterior.Paraissoconsultavam-seosorculosdoEst adoeoslamasdot adosde taculdadesmedinicas,eapsissoabuscaeraent oiniciada.Det er mi nadoo local donasci ment o, omeni noerasubmet i doa i nmerasprovas, inclusive exames deaura,dochacracoronri o,e t c ,t udodeacor docomastradieseosritos lamaicos. 37 Edgard Armond Prosternaram-se, ento, perante Ele e o glorificaram;fizeram-lheofertas teis derecursos prpriosenecessrios vida material e, aps isso, guiados sempre por essnios terapeutas que conheciam oPasafundo,retiraram-separasuaslongnquasterras. OfatodeoDivinoMestretersidopressentidoemprimeiro lugarpor pastoreshumildes,provaquesuatarefa eraderedeno paratodososhomense,deixando-seadorarporaltosdignitrios estrangeiros,sacerdotesdereligiesdiferentes,testemunhavade quesua mensagemseriade extensouniversal. 38 O R E D E N T O R Captulo6 E X L I ONOE S T R A N G E I R OAo tempo do nascimento, como j vimos, governava a Judia, vivendoemseuspalciosdeJerusalmedeJeric,Herodes,o Grande,idumeu de origem,que assumira o governo39 anos antes. HouvequatroHerodes:este,chamadooGrande,chefeda estirpe;HerodesAntipas,seu filho,tetrarca da Galileia"que mais tardemandoumatarJooBatistaetomouparteindiretano julgamentodeJesus;HerodesAgripa,aventureiroaudazque convivianacortedoscsaresromanos,omesmoquemaistarde, mandoumatarTiagoemJerusalmeprenderPedro;e,porfim, HerodesFelipe,governadordaIturia,aquem jnosreferimos. Todoselesapoiavamosromanoseporissoeramexecrados porseuscompatriotasisraelitas.Herodes,oGrande,tevevrias mulhereseatodasexilavaoumandavamatar,oque,alis,fazia tambmcomseusprpriosfilhos,tendomandadoenforcar,por motivosdeconspirao,adoisdeles:AlexandreeAristbulo, esmeradamenteeducadosemRoma. 1 1Ot er motetrarcaerattulodadoaoprncipequegovernavaaquartaparte deumrei nodes membr ado,c omoeraocasodeAnt i pas,quegover navaa GalileiaePera,umadasquat r oregi esemqueaPalestina(antigor emo) , s ed e s me mb r a r a ;s e n d oaso u t r a s :J ud i aeSamar i a( s obg o v e r n odo Pr ocur adorRomano),eI t ur i a( pr ov nci aaor i e nt edoJ o r d o ) ,cuj o gove r na doreraHerodesFelipe. 39 Edgard Armond Herodes,oGrande,era judeu,conheciaasescrituras,sabia dovalordasprofecias;comoqualquerjudeu,temiaosprofetas mas,sobretudo, temia pela sua prpria segurana como rei,face sreaesqueoadventodeumMessiasnacionalproduzirianoseio dopovo. O povo, assim como a corte herodiana, viveram em constante temoratamortedodspota,queocorreuemcircunstncias trgicas. Era tradio nessa famlia de potentados cruis, que a presena deumcorvo,quandobemmarcante,representavaumprenncio dedesgraa.Estavaeleassistindoaumespetculonoanfiteatro queconstruraemJeric,quandoumcorvorevoluteousobrea arenaeveioemseguidaempoleirar-senumatravedocamarote ondeseencontrava. Impressionado, abandonou imediatamente o circo e regressou aoseu palcio, onde foi acometido de uma terrvel doena, o cncer, daqualmorreuempoucotempo,comatrozespadecimentos, abandonadoportodososparenteseservidores. Vivia ele rodeadodemgicos eadivinhos (comoera comum entre as cortes reais) e mantinha um exrcito de espies espalhados pelopasepasesvizinhos,(e jvimoscomoumdessesespies observouachegadados"ReisMagos",suaentradanoTemplo,e como foi burlado na sua investigao).No tendo podidoarrancar dessesilustresviajantesosegredodaidentidadeedalocalizao dosupostoMessias,duplicousua vigilncia e,durantequasedois anos,vasculhouopassemomenorresultado,concentrando,por fim,suas buscas nos arredores de Belm, que as profecias acusavam comolocaldonascimento.1 2 1 2Es t eolocalondeMat eusrefereterhavi doumamat anadecr i anas p o ro r d e mdeHe r o d e s ,nae s pe r a n adequee nt r eosmo r t o sest i vesse t a mb moMessi ases per ado. 40 OREDENTOR Mascomoasbuscassemultiplicavam,pondoemperigoa seguranadoMenino-Luz,osEspritosprotetoresaconselharam, em sonho,a Jos, quese ausentasse dopas para o Egito,o que foi feitocomauxliodosEssniosque,como jdissemos,possuam inmerosadeptosespalhadosportodaparte,almdosIrmos Terapeutas,que viajavam constantemente no trabalho de socorro e auxlio ao povo necessitado, pas onde Jos, para manter a famlia, trabalhounoseuofciodecarpinteiro.Outraverso,decarter medinico,dizqueosTerapeutaslevaramoMeninoeseusPais paraaFencia,localondeHerodesnotinhaautoridade,ealios agasalharam noconventodoMonteHermon,ondepermaneceram durantecincoanos,atbemdepoisdamortedeHerodesedas lutas internasque houveentreseus herdeiros,na disputa decargos e de riquezas; e que, aps desaparecido todo perigo, voltaram para Nazar,situada,como sabemos, na Galileia, a123quilmetros de Belm.13 1 3NessacasadeNazar ,viveuMariaeapsodramadoGl got a,t ornou-se elaopont odereuni odosapst ol osedosdiscpulosdur ant eapersegui o docl eroj udai coques oment eamai nouc omamor t edovel hoHananea conver sodeSaul odeTar so. 41 EdgardArmand Captulo7 ACI D A D ED EN A Z A R A cidadezinha de Nazar, onde o Menino passou os primeiros temposdesuainfncia,ficavasituadaemumvalefrtilebeloe tinha uma populaodemaisoumenos5.000habitantes. Eraumaglomeradodecasinhasbaixas,namaiorparte encravadas nas encostas dosmorros, para dentro dos quais ficavam oscmodosinteriores.Casasrsticas,malventiladas,escuras, pormfrescasnoveroebemprotegidasnoinverno. Era rodeada de olivais evinhedos, que desciam das encostas formandodegraus.Pouso obrigatrio de caravanas quevinham de Damasco ou de Jerusalm e, por isso mesmo,lugar malfreqentado edemfama.Possuavriospoosdeguaealberguespara caravaneirosefloresciamaliastendasdeferreiros,carpinteirose outrosartficesquetrabalhavamparaatendersnecessidadesdas caravanas. NazarficavabemnocentrodaGalileiaque,porsuavez, eraregiodesprezadapelosjudeus,porserhabitadaporhomens rsticos,pouco fiissleis eaosritos judaicos.Por isso os judeus diziamdeles:"essepovosentadonastrevasenassombrasda morte..." Realmente gente de sangue impuro, mistura de srios, fencios, babilniosegregose,quandoonomedeJesuscomeouaser citadocomorabipoderoso,osjudeusescarneciam,dizendoe 42 O REDENTOR cuspindodelado:"NosairprofetadaGalileia".Equando verificaram que ele era de Nazar, ento exclamavam perguntando: "Pode vir alguma coisa boa de Nazar?".E muitomais tarde,aps obatismosimblicodeJesus,aoorganizar-seoquadrode discpulos, convidaram a Natanael, de Can, a segui-lo, e este repetiu o mesmo refro, duvidando: "Pode vir alguma coisa boa de Nazar?'". Seus habitantes, sobretudo os mais pobres, usavam uma tnica de estamenha, amarrada cintura por um cadaro de linho; andavam descalosoucomumasolademadeira presaaosps. Nazar no ficava propriamente na estrada de caravanas, mas aumapequenadistnciadesta;aestradaprincipalpassavapor Sforisacapitaldaprovncia,cidadeimportante,ameiodiade jumentodeNazareondehaviaescolas,academiaseinmeras sinagogas,cujos letradosestavamsempre ao corrente das emendas ealteraesque,emJerusalm,sefaziamnostextos,pelas academias maiores dirigidas por Hillel, porSchamai e Nicodemo. EmtodaaPalestinaasociedadeeradivididaemhomens "puros e impuros":cultos, de genealogia pura,cumpridores exatos da Lei, denominados chaverins; e incultos, rsticos, homens da terra, degenealogiaobscura,confusa,misturadaaraasimpuras, denominadosamharets. NaGalileia predominavamoshomensda terra,osimpuros, maseraela a regiomaisbelada Palestina. At a fala dos galileus era diferente e tida como brbara.To diferentequeSimoPedro,noptiodeHanan.beiradofogo, naquelanoitefriaetristeemqueoMestreestavasendo julgado, tentou negar ser seu discpulo,quandointerpelado por uma mulher doserviodacasa,masfoiporelaimediatamentedesmascarado quandoeladisse:"Tustambmdessagente,poistereconheo pelafala". Nacidadezinhatodossededicavamaotrabalho,solasol. pois eram pobres, quase quesem exceo.Alis, todo israelita que se prezava aprendia umofcio.Haviaumrefrodizendo:"aquele 43 EdgardArmand quenoensinaumofcioaseufilhoprepara-oparasalteadorde estrada". PaulodeTarso,porexemplo,eratecelo;Nicodemoera barbeiro;Judas,oleiro;Jos,carpinteiro eo prprio Jesus,apsa mortedeseupai,quesedeunoano23,concorreumanuteno da famlia,trabalhando nomesmo ofcio,quandoseusirmosafins tambm jsehaviamcasado. I N F N CI A E JU V E N T U D E D O M E S S I A SDesdequeseuspaisvoltaramaNazar,vindosdoexlio demorado,oMeninocomeouafreqentarasinagogalocal, acompanhando a famlia aossbados,para aprender a orar segundo osritoseseinstruirnaTora;porm,logodepoi s,suas extraordinriasqualidadespuseram-noemfrancaevidncia,no speranteosmestrescomoperanteoscolegas,criando-lhe hostilidadesdemuitasespcies;eissoobrigouseuspaisa providenciaremsuainstruoprimria na prpriaresidncia,com auxliodohazanda sinagogalocal. Eleerarealmentediferentedasdemaiscrianasenoas acompanhavaemsuasdiversesecorrerias;possuauma intelignciaforadocomumeumaseriedadequeconstrangiae irritavaatodos. OTemplolocaleraumavastasala rstica,comduasordens laterais de colunas, com tabiques de madeira, separando os homens dasmulheres;aosladoshaviabancose,aofundo,umestrado elevado,contendo umarmrio para guardar osrolos das escrituras e ossmbolos judaicos,que eram trs,a saber:a miniatura da arca da Tora; o cacho de uvas e o candelabro de sete braos; uma mesinha depernasaltas,comestante,parafacilitaraleituradosrolos,e, frentedoestrado,vriosassentosespeciaisparaaspessoasmais importantesdolugar,quepermaneciamcomafrentevoltadapara a assistncia. Eram os chamados "primeiros lugares" aos quais Jesus sereferiuemuma desuasparbolas. 44OREDENTOR Logoabaixoexistia uma cadeiradepedra chamada"otrono deMoi ss",ondesecol ocavaohazan,rodeadodossete conselheirosletrados,queusavamtnicaritualpreta.Depoisdo plpitoficavaopovo,sentadoempequenosbancosrsticos, agrupadossegundoasprofissesecondiesde"purezae impureza". Na hierarquia profissionaleram consideradas profissesmais elevadas e dignas:as de ourives,fabricantes de sandlias, roupas e paramentos;einferiores:asdetecelo,curtidor,tosquiador, vendedor de ungentos e perfumes, estes dois ltimos considerados dem fama,por lidaremmaisparticularmentecom mulheres. Mais afastados ficavam os sem profisso, os mendigos e, ainda mais longe, os almocreves, os que recolhiam as sobras das colheitas e,porltimo,ossitiantes,quenocumpriamosritosdaTora;os gentiosenativosedomitasemoabitas,estesltimospresentes somenteparaouvirostextosquelheseram,aofim,repetidosem aramaico,lngua usada tambmna Sria oriental. 45 NaqueletempooquemaispreocupavaatodososEspritos era a vinda iminente do Messias nacional e, s crianas, se ensinavam profeciasevocativas,lendoversculoporversculoedecorando todoseles,pararepetirquandointerrogadas. Quando Jesus ia ao Templo local, nas cerimnias pblicas do culto,seuEspritocostumava,svezes,exteriorizar-se,e, imprevistamente, intervinha, de um ou de outro modo, esclarecendo osouvintes,comosefosseuma autoridadesapiente. Numadasprimeirasvezesemquelesteve,interrompeuo hazan1 4para corrigirumainterpretaodotextolido,referenteao 1 4Sacerdot eoufunci onri odaadmi ni st r aodosserviosdoTe mpl oede suasr e l a e spbl i cas. EdgardArmond profetaSamueleisso,comoeranatural,pelasuapoucaidadee atrevimento,causouescndalo. Depoisquepassouaestudaremcasaejsedesenvolvera bastante,ajudavaseuspaisnostrabalhosdomsticos,nacultura dohortoenoapascentamentodopequenorebanhodafamliae, nesses trabalhos, aprendeu os hbitos e os costumes do povo local. De outra parte interrogava os dirigentes e membros das caravanas, para obter conhecimentossobre pases estrangeiros, seus costumes, religies,etc.etudoissoconcorreubastanteparaquepudesse idealizar mais tardesuas maravilhosas parbolase alegorias. OEvangelhoestrepletodenarrativassobrecurase "milagres" efetuados por Jesus. Na realidade isso vinha acontecendo desdeseusprimeirosdiaseaconteceriaatosmomentostrgicos doGlgota. Desdecriana,oDivinoEnviado,muitasvezesscomsua presena,operavacurasefenmenosincomunse,medidaque seus poderes psquicosforam se exteriorizando com ocrescimento, maiores e mais numerosas eram as circunstncias em que tais fatos sucediam,enchendodeassombroerespeitoatodosquantosos presenciavam. Aodepararcomosofrimentohumanoemqualquerdesuas formas,oDivinoMestresentia-se tomadodecompaixoefluidos magnticosirradiavamdeleemgrandesondas. Como Esprito de elevadssima condio(pois era umserafim doStimoCu deAmadores), j integradonaunidadedaCriao Divina,EspritodaEsferaCrstica,padecia comosofrimentodos homensenemsemprepodia esconder asprpriaslgrimas. Aaproximaodesofredoresemalfeitoresseucorao sangravaenosossegavaenquantonobeneficiassea todoseles. E,comopassardotempo,essasensibilidadeextraordinria, realmentedivina,aumentou detalforma que,muitasvezes (como acontecianoperododaspregaes),olevavaaoesgotamento fsico,sendoobrigadoaafastar-separarefazer-se,porqueestava 46 ORedentor atuandoemumcorpodecarne,sujeitosfraquezasprpriasdo planodensoemquevivemos. Desde quando adolescente, em Nazar, com auxlio do hazan local,assistiaesocorrianecessitados,inclusiveescravose perseguidos.15 "Setensamoraoteuprximo",diziaJesus,"sentirsemti mesmosuasdoresealegrias e,quandodoente,poderscur-lode seus males". "Osofrimento",afirmava,"afontedoamor;asdoresso cordasquenosatamaoPaidoCu"."Bem-avent urados", acrescentava, "os que sofrem misria e doena,porque pagam nesta vidasuasdvidasegrandesalegriaspreparamparasimesmosna vidaeterna". Aosdoentes,muitasvezes,quandoera jovem,perguntava: "Acreditas que sou capaz de curar-te?".Se a resposta era afirmativa, respondia:"Poisentoestscurado,porqueafumafora poderosa".Ou ento:"Crs sinceramente na misericrdia de nosso PaiCeleste?".Sea resposta era afirmativa,dizia logo:"Ento,na certaquetecurars,porqueabondadedeDeusinfinita". EsemprerematavaessescurtosdilogospedindoaDeus, fervorosamente,pelacuradodoente. ' ' Pe l alegislaodeent o,oescravofugidoqueseabri gasseemumacasa,n odevi aserdevol vi doaod o n o ,massi macei t oepr ot egi do.Apssete a nosdeser vi o,oes cr avopodi apedi rsual i be r da de ,quel heeradada medi ant edocument oescrito,queasaut ori dadest i nhamodeverdefornecer. 47 Edgard Armond Captulo8 JE R U S A L M AotempodeJesus,aPalestinatinhaaproximadamentetrs milhes de habitantes.(Fig.1) Dividia-seem quatroprovncias,a saber: AIturia,a orientedoJordo;aGalileia,contendoparteda Pera,aonorte;aocentroafamosaSamaria,inimigados judeus, quelevantara noMonte Garizim um enorme temploque rivalizava, em termos, com o de Jerusalm; e ao sul, a Judeia, bero dos judeus deraapuraearistocrtica. Jerusalmeraacapitalnacional,famosaemtodoomundo antigo,centroda vida religiosa,sededogovernonacional,situada sobreumaltiplanodequasemilmetros dealtitude,defendida por cincoquilmetrosdemuralhaseprofundosvalesemontes,num dosquaisestavalocalizadooGrandeTemplo. Possua a cidade trs bairros, a saber:a cidade alta, residncia dos ricos, situada no Monte Sio; a cidade baixa, situada s margens do Fosso de Terapion. onde se aglomerava o povo pobre; e o bairro doTemplo,comsuas vastssimas dependncias,dominando todas as imediaes e ligado cidade alta por meio de uma larga e extensa pontedepedra. Normalmente,erade65a70milhabitantesapopulaoda cidade, nmero este permanentemente multiplicado pelo movimento intensodeforasteiroseperegrinos. 48 ORedentor PelaPscoadoano12,tendoatingidoidadelegal,quelhe permitia certa independncia, Jesus, pela primeira vez, acompanhou sua famlia na peregrinaode costume,nomsdo Nizan.1 6 Nessapoca,detodosospontosdaPalestinaedepases vizinhos,afluamCapitaljudaicacaravanasinumerveisde peregrinosquesereuniamsegundoasprocedncias,interesses, amizades,laosdefamlia,etc.Aopassarumacaravanapor determinadolugar,iam-se-lheagregandotodosaquelesqueo desejassem,apsodevidoentendimentocomoguiaquea comandava. O caminho de Nazar a Jerusalm,aps a cidade deSiqum, tornava-se perigoso por causa dosbandosdemalfeitoresromanos, herodianos e mesmo judeus, que infestavam os ermos. Alm disso, SiqumficavanaSamaria,regiodetestadaeproibida.Porisso todosviajavamembandosoucaravanasquepossuamguardas armadosparadefenderosviajantesepreferiamestarotamais extensa,pormmaissegura,com140quilmetros,passando sucessivamente por Citpolis,Sebaste,Antipatris e Nicpolis. Por esta rota, ao terceiro dia, os peregrinos atingiam a Capital, passando,ao chegar, pela via das rochas vermelhas que chamavam de Caminho de Sangue.Por fim subiam ao Monte das Oliveiras, do cimodoqualavistavamascpulasdouradasdoGrandeTemplo. Agitavam ento palmas, arrancadas do arvoredo rasteiro e entoavam o "Cntico dos Degraus", de Davi: "Hallel! Hallel! Haleluia! Nossos passossedetmstuasportas,oh!Jerusalm!".Essecantobem representavaaalegriaintensada chegada. Descrever o quese passava em Jerusalm durantea Pscoa tarefa enorme, muito alm dos limites postos a esta obra e limitamo-nosadizerque,aochegar,osperegrinosacolhiam-se,parteem Maro.Ei sosmesesdocal endri ohebr eu,names maor demdonosso: Shebat-Adar-Ni zan-Zif-Sivan-Tammuz-Ab-Elul-Tishri-Bui -Ki sl ev-Tebet h. 49 Edgard Armond casa de parentes,parte acampava em lugares previamente marcados pelas autoridades clericais, massempre dentro dos muros e muitos permaneciam sem abrigo, aboletando-se sombra de muros, portais de residncias,prdiospblicos,etc.(Fig.2) Osqueacampavam,armavamsuastendas,muitasdelas ricamenteornadasdefestesebarrasdeprpura,comindicaes desuasorigensgeogrficas;preparavamaliseusalimentos, expunhammercadoriasvenda,iniciavamvisitasdenegcios, misturavam-secomasmultidesnasruasenoPtiodosGentios, noTemplo,enquantonovascaravanasdesfilavampelasruas, chegandodetodasasparteseenchendoacidadedealaridoede tumulto. Eissoduravadiaenoite,durantetodootempoemqueas cerimniasdaPscoasedesenvolviamnacidade,atque, terminadasestas,osagrupamentosserecompunham,nasmesmas condiesdachegadaeiam,umaum,demandandoasportasda cidade,cantandocoros,rumoa seuslaresdistantes. EmJerusalm,ospaisdeJesussehospedavamemcasade Lia, parenta de Maria, onde tambmse juntavam outros parentes e conhecidos,tomandocontadoscmodosinterioresedosptios. Foinestascondies,dizoEvangelho,"queaoregressara caravana,noprimeiropouso1 7,derampelafaltadomeninoe voltaram cidadepara procur-lo;eque oencontraram,aofim de trs dias, em um dos ptios do Templo, discutindo com os doutores". Nohqueestranharessedesaparecimentoporque,hora dapartida,haviasempreintensabalbrdianacaravana,atque esta se formasse em ordem e, quando ela se movia,os vares iam frente,cantando e tocandoseus instrumentos, vindo emseguida as mulhereseosvelhos,comosseusbordes.Quantoscrianas, estasandavamdeumladoparaoutro,livremente,namarcha,s vezescorrendo,mesmo,frentedacaravana,parachegarem primeiroaopontodepouso.Demaneiraque,sada,ospaisdo 1 7Beer ot h,no- ci t ado,a15qui l met r osdaci dade. 50 OREDENTOR menino,noestando juntos,masseparados,pensaram,um,queo meninoestava emcompanhiadooutroou,talvez,emcompanhia dos outros meninos, nas suas alegres correrias,s dando pela falta, depoisquetodoschegaramaopouso. Porissovoltaramaprocur-loeoencontraramnoTemplo, discutindocomosdoutores. 51 Edgard Armond Captulo9 JE S U SNOT E M P L ONoTemploeracostumesentarem-seosrabinosembancos rsticos,nosprticosdeentrada enosseusptiospblicos,e,ao redor deles,se aglomerava a multido de assistentes, vidos sempre deouvir comentriossobreaLeideMoiss,que cada rabinotzia segundoospontosdevistada"Escola"dalinhainiciticaqual pertencia,isto , dos saduceus ou dos fariseus,das escolas de Hillel ou deSchamai. Jesusrealmentenoseguiracomacaravana;oTemploo atraa de forma irresistvel e, durante os dias que passou na cidade, no andava em outroslugares que ali dentro,vasculhando todos os cantos, ptios e dependncias, observando tudo o quanto se passava. Naquelediaseaproximaradeumareunioqueserealizava noptiodeNicolau deDamasco1 8ondese debatiam osproblemas apaixonantes relacionadoscoma vinda doMessiasnacional. 52 Dozeanosjsehaviapassadodesdequandosederaa conjunoplanetria indiciaieainda nadasucedera e nada se sabia 1 8Le t r a d of ar i seu,e x - mi n i s t r odac o r t edeHe r o d e s ,oGr a n d e . OREDENTOR arespeitodeseunascimentotoaguardado.TeriaElechegado? Nadasesabia,tambm,sobreavindadeElias,oprofetada antiguidade. As Escrituras no diziam que Elias deveria vir primeiro para preparar-lheocaminho?Se j tinha vindo,por queentono aparecia?Israelnoestavah tantotemposofrendoadesgraada escravido?Eraistoquediscutiamacaloradamenteosvelhos rabinos,enquantoomeninoestavaaolado,semserpercebido, ouvindo os comentrios at que, por fim,interveio desbito,como costumavafazersvezes,passandoafalarcomextraordinria segurana e sabedoria, dizendo que "Deus, o supremo criador,lhes havia dadocomo primeira leioamor por Elesobretodasas coisas e que agora, pelo Messias,dar-lhes-ia a mesma lei, porm levada suprema altura do amor por todas as criaturas e por todas as coisas". "QuealeidoPaicriadoresupremodoadordavida, jamais se exerce pela clera, mas pela justia, que vigora invariavelmente emtodososmundosdoimensouniverso.Peloamorestareisem mim,dizoPaieestareiemvs,poisquesoisumaemanaodo meusupremoser.OMessiasqueesperais jestentrevseser meu verbo, para que vos ameis uns aos outros e possais vos integrar na unidadedivina que Luz,Energia eAmor eterno". Enquanto falava, o menino parecia irradiar intensa luz aoseu redor e crescia em estatura,maior que um homem.Mas, desbito, calou-se, enquantoos doutores presentes,estarrecidos de espanto, se entreolhavam,porqueomeninohavia esclarecidosuasdvidas etocadoprofundamentesuasalmas. Quandose afastou, eles disseram entre si:"O Esprito Divino soprouagoranesterecinto". 53 Edgard Armond Captulo10 0 G R A N D ET E M P L OJU D A I COIdealizado pelo rei Davi e construdo no reinado doseufilho Salomo,oGrandeTemploeraoorgulhoeaglriadanao. Orientousuaconstruoumaequipedetcnicosfencios, enviadospeloreiHiramemtrocademercadoriasedesegurana depazentreosreinos. Aconstruo,segundoalgunsautores,levoutrsanos somente,de1006a1003a. C;foidestrudopeloscaldeusem587 a . C;reconstrudoporZorobabel,umdoschefesdopovo escravizado na Babilnia, no tempo de Ciro; danificado por Pompeu em63a.C.e,porfim,reparadoporHerodes,oGrande. Sua arquiteturalembrava a dosTemplosegpciosefencios. Tinhaproporesmonumentaiseeraornamentadocomumluxo extraordinrio. NasuaformageraloTemploeraconstitudodedois retngulosconcntricos,separadosporenormesptios.Todosos lados desses retngulos eramformados por galerias e colunas, com amplos prticos.Os lados do retngulo exterior tinham 470 metros decomprimentonosentidonorte-sule380nosentidoleste-oeste. A porta central, no primeiro retngulo tinha 3 passeios com 4fileiras de41colunasdemrmoreemtodocomprimento,cada uma delas medindo 6 metros de circunferncia. O povo transitava pelas galerias 54 OREDENTOR lateraisquetinham,cadaumadelas,doispasseiosde9metrosde largura. Havia4portasa oeste,2asule2aleste,formandoestasa chamadaPortaDourada.Asudoestehaviaumaporta,levandoa uma ponte degrande extensoque ligava oTemplo CidadeAlta. Penetrandoporqualquerdestasentradas,atingia-seoPtio dos Gentios,construdo todo em volta do corpocentral do Templo equecomportava140.000pessoas.Nenhumestrangeiropodia ultrapassaresseptiosobpenademorte.Emseguida,vinhauma esplanadachamadaPtiodosIsraelitas,jnocorpocentraldo Templo,comportando50.000pessoasedeondeosassistentes podiam abrigar-se nascerimnias rituais eholocaustosmaiores. Ao fim da esplanada surgia uma construo interna, tida como sagrada,de185por110metros,aosladosdaqualficavamos alojamentosdossacerdotesdeservioedeguardadosobjetosde usonosdiferentesrituaisdoculto. Penetrandonesseedifciocentralpeloladoleste,subia-se uma larga escada e atingia-se o Ptio das Mulheres que comportava 14.000 pessoas. Desse ptio, por uma escada circular de15degraus, subia-seaotrioSuperiordosHomens,quecomportava10.000 pessoaseterminava emuma monumentalporta debronzecom22 metrosdealturaquenoitesefechava.Dapassava-seaoPtio dosLevitas,com 80 metros de largura, contendo aocentro o Altar dosSacrifcios,recobertodeespessaslminasdebronze,aoqual se atingia subindo uma rampa larga de 8 metros.De manh noite, ardia sobre esse altar um braseiro tido como sagrado, que consumia a carnedas vtimas,atalitrazidas por sacerdotes auxiliares;eao seuladoexistiaum enormetanquedegua. Atrsdesseptioerguia-seoSanturiopropriamentedito, com 45metros de largura e que se dividia em trs partes, a saber: a dafrente,ondepermaneciamoslevitas,enquantoosacerdotede servio oficiava;a do meio,chamada OSanto,onde estava situado AltardosPerfumes,decoradodeplacasdeouroecujaporta, 55 EdgardArmond 56 Edgard Armond tambm,recobertadeouro,sseabriahoradossacrifcios, permanecendosempre velada por uma cortina prpura-roxa;e.por ltimo,oSanto-Santorumqueeraumquadradode10metrosde cadalado,completamenteescuro,comoa antiga Arcada Aliana dopovonodesertoeondeningumentravaanoserosumo-sacerdote,umavezporano.1 9 NongulosudestedoTemplo,elevava-seaTorrechamada PinculoouLusbelparaonde,segundoatradio,Jesusfoi transportado pelo Esprito do Mal, quando este o tentou, no deserto, depois do batismo de Joo.E no ngulo noroeste estava encravada, na construo geral, a Fortaleza Antnia,comsuas muralhas de 21 metrosdealtura esua torrede36metros,ocupadapelosromanos edaqualsuassentinelasvigiavam,noiteedia,tudooquantose passava nos ptios exteriores do Templo,sendo este um dos motivos determinantesdodioquemereciamosinvasoresporpartedos sacerdotesepovo. Das imensas colunas do Templo desciam cortinas vermelhas, azuis,brancaseroxas,simbolizandoosquatroelementosda Natureza:terra,ar,fogoegua. AsportasdoTemploeramguardadasrigorosamentepor sentinelas, havendo severo policiamento interno e externo, realizado pelos Guardas doTemplo,cujo comandante era um dossacerdotes subordinados ao sgan do Templo, quase sempre membro da famlia doSumo-Sacerdote,quenapocaeraCaifs,genrodeHanan, cujafamliaabsorviaamaioriadoscargosimportantes. 19Ogeneralr omanoPompeu,quandot omouJerusal m,noano63,penet r ou pelaforanessesant uri o,movi dopelacur i osi dade,paraficarconhecendo osegr edoquealiexistia,conf or meeracor r ent e,por mnadaencont r ou. 58 OREDENTOR R E I SEL D E R E SAessetempo,trsfamliasdisputavamperiodicamente, revezando-se,o cargodesumo-sacerdote:a de Boetus,a de Phabi eadeHanan. Noseudiocontraascorrentesdominadoras,asaber,a estrangeiraeaclerical,opovo,emtodasasoportunidades,as invectivava, gritando:maldita seja a famlia de Boetus;maldita seja a famlia de Phabi;maldita seja a famlia de Hanan. Eramfamliasaristocrticasepoderosasedentreelas sobressaa a de Hanan,quesevinha mantendo noscargos h vinte anos, a custo de sucessivas e rgias ofertas aos romanos. Essa famlia jdera muitossacerdotese,mais tarde,noano70,aoser a cidade destruda pelos romanos,por Tito Vespasiano, era ainda um Hanan queocupavaocargo.Normalmenteesteeraobtidoporeleio. Pelovotodossacerdotesdehierarquiamaiselevada,ouporaco-modaes vantajosasentre eles;mas, poca de Jesus,em regime deplena corrupo,os procuradoresromanos punhamocargoem leilo anualmente. 59 Captulo11 APalestina,apsa conquista dePompeu no ano63a. C,e subseqentetransformaoemprovnciadoImprio,decaiu Edgard Armond rapidamentedeseuantigopoderio.Aconquistasedeuquandoo paseragovernadopeloreinativoHircano,descendentedos Macabeus,mas,com a morte deste reie aps vriaslutasinternas, oambiciosoHerodesfuturamentechamadoOGrande conseguiuproclamar-sereidependentedeRomaegovernar despoticamentevriosanos,atodiadesuamortetrgica. Seupensamentoeraformarumaestirperealdoseunome e, em seu testamento, dividiu o pas em trs partes e as legou a seus trsfilhos,comomesmottulodereis;masoImperadorromano negoutaldesej o,concedendo- l hessoment eot t ul ode governadores. Assim, Arquelau foiindicado como etnarca da Judeia edaSamaria;HerodesAntipas,tetrarcadaGalileia,eHerodes Felipe,tetrarcadaIturia.20 Porm,apsessadiviso,notardouqueArquelau,o melhoraquinhoado,pelassuascrueldadesedesmandos,fosse demitidopelos romanose exiladonasGlias,passandoa Judeia e SamariaaseremgovernadasporumProcuradordoImprio,o terceirodosquaisfoiPilatos. PilatospertenceraaoexrcitodeGermnico,filhode AugustoassassinadoemAlexandriaamandadodeTibrio,o imperador atual. Aventureiro e ambicioso,sem escrpulos, aceitou casar-secom Claudia,enteada deTibrio,defama poucohonrosa. Aps o casamento,Pilatos pediu o governo da Judeia, por ser muito rendoso. Normalmente,oProcuradorviviaemCesaria,capital litornea,noMediterrneo,masquandovinhaaJerusalm, principalmentenosdiasemqueaumentava oafluxodeperegrinos (oquesemprepressagiava tumultos),hospedava-senoPalciode Herodes,aedificaomaisluxuosa,quandonoseencerrava diretamentenaFortalezaAntnia,segundoascircunstncias. 2 0Te t r a r c a ,t e r mogr e gos i gni f i candopar aosr o ma n o s ,nasuadi vi s o t er r i t or i al ,pr nci peouf unci onr i oquegover navaaquar t apar t edeum rei nodes membr ado;Et nar ca,ttulodadoaquemgovernavaumaprov nci a, c omoj di ssemosat rs. 60 OREDENTOR Oslderesespirituaisdopovonoeram.narealidade,os sumo-sacerdotes,comoserianaturalquefosse,massimosrabis, osintrpretes da Lei que,normalmente,usavam vestesfranjadas e cintasdecouronatestaenosbraos. Levavamopovoparaondequeriam,sendoseguidos fanaticamente e,porissomesmo,semprevigiados peloSindrio. Ossumo-sacerdoteseramaristocratas,quasesempreda correntedossaduceus,enquantoosrabiseramfariseus,homens do povo,sem ligaes partidrias, que se limitavam interpretao daLeiconsignadanaTora.Enquantoosrabisencarnavamos sentimentos religiosos predominantes, os sacerdotes representavam opoderpoltico. Todosospovosadoramarte,cincia,esporte,lutas, riquezas,glriasmundanas,masosj udeus,nesset empo, desprezavam tudoistoesomenteadoravamseuDeusJeov.Isso, alis,lhes vinha desua destinaode povo escolhido,com aliana remota,obtidaporseuancestralAbrao,seuprimeiropatriarca, comodeusnacional. Comojdissemos,oTemploeraocentrovitaldavida judaica, tanto para os habitantes da Palestina,comoda Dispora, e ossumo-sacerdoteseramossenhoresdoTemplo,complenos poderessobreseussditos. Comotodasasprovnciasromanas,aPalestinagozava de liberdadereligiosaejudiciria,estaexercidapelotribunaldo Sindrio;somente no tinha poderes para decretar penas de morte, queeramdealadadosromanos,representadospeloProcurador deCsar. OSindrioescorchavaopovocomtributosdetodasorte, queerampagosreligiosamente,almdaquelesqueeramdevidos aosromanosinvasoreseaosreislocais. 61 Edgard Armond Captulo12 A SS E I T A SN A CI O N A I SAo tempo do nascimentode Jesus,existiamdiferentesseitas influindona vidada Nao,asaber:osFariseus,osSaduceus,os ZeloteseosEssnios. O S F A R I S E U SOtermovemdeperischinsquesignificaseparados, distinguidos. Osfariseuseramconsideradososverdadeirosjudeusda poca,osmelhorescultuadoreseintrpretesdaTora.Dotadosde mentalidade estreita,levavam ao mximo rigorismo o culto exterior ea expressoliteraldos textos.Deoutra parte,esforavam-sepor imporaopovoregraserituaisquejamaispertenceramaos ensinamentosdeMoiss,dosquaissediziamejulgavamfiis seguidores.Ricoseorgulhosos,foicontraelesqueJesusdirigiu grandepartedesuasapstrofeseadvertncias. Criamnaimortalidadedaalmaenaressurreio.Eram fatalistas,colocandosempresoba vontadedeDeusa boa ou a m condutadoshomens.Criamtambmqueasalmasdosvirtuosos voltavamaanimarnovoscorpos,enquantoasdosmalfeitorese dosherticoseramsubmetidasacastigoseternosapsamorte. 62 OREDENTOR 63 O S S A D U CE U SOtermovemdeSadicoJustooudeSadoc, justia. Tiveram sua origem noEgito.Usavam os cabelos penteados deformaarredondadaeemgeralusavamtonsura. Eramlivrespensadores,materialistasecticos.Nocriam na fatalidade ou nodestinoe tambm discordavam dosfariseus em atriburemaDeusaboaoumcondutadoshomens.Ohomem, diziam,deveguiar-sepelolivre-arbtrioeonicoautordesua infelicidadeouventura. Negavamai mort al i dadedaalma,aressurrei oe, decorrentemente,aspenaserecompensasfuturase,noculto, somenteadmitiamas prticasfixadaspela Lei. Erammenos numerosos que osfariseus, porm suas riquezas e prestgioos colocavam nos postos maisaltos da administrao e dasociedade.Porissoerampacficoseacomodadosenose deixavamempolgar pela geralexpectativa da vinda deumMessias nacional. Disputavamsempre,ecomfreqentevantagem,ocargode sumo-sacerdote,pela grandeinfluncia queeste exercia na vida da Nao. O S Z E L O T E S ,ouzeladores Sua influncia era sempre ocasional,no permanente comoa dosdoisanteriores.Eramosremanescentesdaseitanacionalista fundadaporJesusdeGamalaogaulonitaevinhamnuma linha direta dos Macabeus, os mais nacionalistas de todos os chefes ereisda antiguidadenacional. Maistardeestaseitaadquiriuextraordinriaimportncia na idapolticadopas,porquedelavieramoselementosquemais sivaedefinitivamenteconcorreramparaodesencadeamento dasrevoltasde70e117a.D.contraosromanosinvasoreseque th eramcomoresultadoprimeiramenteocercoeadestruiode Edgard Armond JerusalmedoTemploe,maistarde,oeplogodesastrosodo extermnio em massa da populao, e conseqente expatriao dos quesobreviveram s represlias romanas. O S E S S N I O S2 1 Seita dissidenteque,porsua importncia histrico-religiosa mereceumcaptuloparte,comosegue: 2 1OrermoderivadonomeEssen,filhodeMoiss,umdoshi erofant esque oacompanhavamaoMont eNe b o ,ondefaleceunoseuexliovol unt r i o. 64 OREDENTOR Captulo13 AF R A T E R N I D A D EE S S N I AQuandooGovernadorPlanetrioencarnoucomoJesusde Nazar,parasuaimortalmissosacrificial,outrosEspritos, devidamentequalificados,desceramtambmparaauxili-loe preparar-lheoscaminhos.Assim,osfamiliares,osdiscpulos,os apstolos... Uma das mais marcantes dessas tarefascoube Fraternidade dosEssnios,que oamparou desde jovem at os ltimosinstantes desuatarefaredentora. JooBatistaeraessnioe,quandodesceuparaasmargens do Alto Jordo,vindodoMosteirodoMonteHermon,na Fencia, paradarcumprimentosuatarefadePrecursordoMessias,f-lo atendendoordensquedehmuitoaguardava,esperandoasua vez. Detentores,hsculos,dastradiesdesabedoria herdadas dos antepassados, conservavam os essnios, em seus mosteiros nas montanhaspalestinas,fenciaserabes,arquivospreciosose conhecimentos relacionados com o passado da humanidade; e assim o a Fraternidade dos Profetas Brancos, na legendria Atlntida, apoiouosMissionriosAnfioneAntlio,quealiencarnaram,ea FraternidadeKobdaapoiouosquedifundiramasverdades espirituais noEgitoenaMesopotmia,assim,eles,osEssnios, apoiarama Jesus,na Palestina. 65 Edgard Armond Conquantomenos numerosos,segundoparecia,seunmero entretantonoeraconhecidocomexatidoe,semuitoreduzida erasuainfluncianasrodasdoGoverno,muitoprofundaeampla era a que exercia no seio do povo humilde,em toda Palestina,onde eramconsideradossbiosesantos,possuidoresdealtospoderes espirituais. Viviam afastados do mundo, comoanacoretas,em mosteiros egrutasnosalcantiladoscircunvizinhos,porquediscordavamdos rumosqueoclero judaicoimprimiraaosensinamentosmosaicos dosquaiseles,osessnios,eramosherdeirosdiretosepossuam arquivos autnticos efiis. Segundoeles,asvirtudeseacondutaretadependiamda continncia e dodomnio das paixesinferiores.Abstinham-se do casamentoeadotavamcrianasrfscomofilhos.Viviamem comunidades,desprezandoasriquezas,asposieseosbensdo mundo.Exigiama reversodosbenspessoaisOrdem,porparte dosquedesejavamingressarnela. Vestiamtnicasbrancasouescurasequandoviajavamno carregavam bagagem nem alforjes, roupas ou objetos de uso porque, por todos oslugares por onde andassem, encontrariam acolhimento por parte de membros da Ordem.Esta exigia que em todas asvilas ecidadeshouvesseummembrodaOrdemdenomi nadoO Hospitaleiro,queprovidenciavaahospedagemdositinerantes, provendo-osdonecessrio.Haviacidadescomoporexemplo, Jeric,ondegrandepartedapopulaopobreedeclassemdia erafiliadaa essa Fraternidade. Osessniosentregavam-sefrancamenteecomamxima dedicaoprticadacaridadeaoprximo,mantendohospitais, abrigos,leprosrios,etc..assistindoosnecessitadosemseus prprioslares,adotandocrianas,comojdissemos,mantendo orfanatos,noque,pode-sedizer,agiamcomoprecursoresdos futuroscristosdosprimeirostempos. Na comunidade, trabalhavam ativamente emsuas respectivas 66 OREDENTOR profissesetinhampautasdetrabalhoa executar periodicamente, foraoudentrodasorganizaesdaOrdem,embemdoprximo. No comiam carne, no tinham vcios e viviam sobriamente. Os que revelavamfaculdades psquicas eramseparados para oexercciodointercmbiocomomundoespiritualeaoexerccio damedicina,empreendendoestudosadequadoseviajando diariamentepormuitoslugares,sobadesignaodeterapeutas, emcujaqualidadeconsolavamosfamintos,curavamosdoentes, espalhandoasluzesdasverdadesespirituaiseasprticasdo atendimento contra obsessores, como hoje em dia so popularizadas peloEspiritismo. Entre eles havia uma hierarquia altamente respeitada, baseada nosaber,naidadeenasvirtudesmorais,cujaaquisioera obrigatriaparatodososfiliadosOrdem. Noprimeiroanoda iniciao,osaprendizeseramproibidos depraticarsuasregrasnavidaexterior,nolarounasociedadea quepertenciam;aofimdesseprimeiroanocomeavamatomar parteemalgunsatoscoletivos,excetoasrefeiesemcomum,s quaisspoderiamcomparecerdoisanosmaistarde,apsdarem garantiassegurassobreapurezaearetidodesuasaes,seu esprito de tolerncia e sua castidade probatria. No ato da aceitao assumiam o compromisso de servir a Deus, observar a justia entre oshomense jamaisprejudicaroprximosobqualquerpretexto; apoiar firmemente os que observavam as leis e de agir sempre com boa fe bondade,sobretudoem relaoaos dependenteseservos, "porqueopoder"diziameles"vemsomentedeDeus".Ao desempenharemqualquercargodeautoridade,deviamexerc-lo semarrognciaeorgulhoe jamaistentardistinguir-sedosoutros pela ostentao de riqueza, ornamentos e vesturios; amar a verdade e jamaiscriticar ouacusar algum,mesmosobameaa demorte. Parajulgarumatransgressograveexigiamareuniode, pelo menos, cem membros adultos, porque a condenao implicava na eliminao das fileiras da Ordem, qual o faltoso s podia volver apsduraselongasexpiaesepurificaesfsicasemorais. 67 sabidoqueJooBatistaeraessnio,comoessnioeram Jos de Arimatia, Nicodemo, a famlia de Jesus e inmeros outros quenavidadoMestredesempenharampapisrelevantes,como tambm o prprio Jesus que conviveu com essa seita,freqentando assiduamente seus mosteiros, enterrados nas montanhas palestinas, ondesempreencontravaambienteespiritualizadoepuro,aptoa lhefornecerasenergiasdequecarecianosprimeirostemposda preparaoparaodesempenhodesua transcendentemisso. Masobserve-se queos evangelistase os apstolos emgeral, comotambm Jesus.Elemesmoque,freqentemente,se referia a escribas e fariseus, todos guardaram silncio a respeito dos essnios, nosomentesobrefatos,episdios,circunstnciasquaisquerem queestivessempresentes,participando,masnemmesmosobrea existnciadeles;masissoseexplicaporque,sabendoquea comunidadedosessniosmereciaahostilidadedoclero judaico, quea considerava hertica erebelde,queriam evitar quesobreela sedesencadeassemmaioresperseguies. 68 Edgard Armond Na hierarquiaespiritual,apsonomedeDeus,odeMoiss eraoquemereciamaior venerao. Noterrenofilosficoensinavamqueocorpoorgnicoera destrutvel e a matria transformvel e perecvel, enquanto as almas eramindividuais,imortaiseindestrutveis,porseremparcelas infinitesimaisdoDeusCriadoreuniam-seaoscorposcomo prisioneiras,pormeiodeumasubstncia fludica.oriunda da vida universal,queconstitua a vidadoprprioser(perisprito). Apsamorte,asalmaspiedosashabitariamesferasfelizes, enquantoasmpias eram relegadasa regiesinfernais. Comosev,difundiamensinamentosconcordantescoma tradio espiritual que vinha de milnios e em muito pouco diferiam daquiloqueseensina hojenascomunidadesespiritualistas. OREDENTOR Aps a morte no Calvrio e no decorrer das primeiras dcadas, almdotrabalhodosapstolos,foiemgrandeparte combasenos mosteirosessnios,nassuasorganizaesassistenciaiseno concursodirioeininterruptodosTerapeutas,queocristianismo se difundiu mais rapidamente na Palestina;e, enquanto cooperaram nessadifuso,acomunidadeessniafoiseintegrandono cristianismo,extinguindo gradativamente suas prprias atividades, o quese completou com o extermnioda nao judaica no ano117 a.D. AssimcomohaviamapoiadoanteriormenteosNazarenose os Ebionitas2 2,a ltima atitude pblica tomada pelosessniosteve lugarnoano105,reconhecendooprofetaElxai,comochefe. Depois,correndootempo,veioaelevaodosupostomessias BarCocheba,arevoltageralcontraosromanoseaexterminao do povo judaico em toda a Palestina e em outras provncias romanas. Os documentos contendo suas tradies religiosas, elaboradas desdeincio,aindaaotempodeMoiss,econservadosporseu discpuloEssen,ao declarar-se a revolta finaldo povo judeu,foram escondidosemgrutaselugaressecretosdasmontanhas,alguns delesestandosendoagoradescobertosnesseslugares,juntoao MarMorto.2 3 22Significapobr e ,desval i do. 23Algunsdest escoment r i ost mbaseemobr ascitadasaofi mdolivro,na bibliografia,s obr e t udoemRegiaoqual ,aseut ur no,obt evei nf or maes, empart e,deessni os,queaindaexistiamnasiaMenor ,nosculopassado; empart eemFl vi oJ os ef o,ohi st or i adorj udeuagr egadoaoEs t adoMai or deTi t oVe s pa s i a no,queassi st i uade s t r ui odeJ e r us a l mnoano70; nasci do4anosapsamor t edeJesus,esteaut orasseguraqueainfluncia maiordosessnioseranonort edaPalestinaenasimediaesdoMarMor t o. Almdestasfont es,pode- seaindacitarFlondeAlexandria,cont empor neo dosacont eci ment os,e Just usde Tiberades,t odosj udeusrespeitadosereput ados aut or es. 69 EdgardArmoud Compos i odosfragment osdoAnt i goTest ament oencont r adosnaregi odo MarMor t o.( Repr oduodolivroEaBbliaTinhaRazo,deWernerKefler. ) 70 OREDENTOR Captulo14 CO S T U M E SD A P O CATodososptiosdograndeTemplosempreregurgitavamde gentee,nomeiodaturba,circulavamossacerdotesmenores, vestidosdebranco,oslevitasedemaisauxiliaresdoTemplo, descalos,silenciosos, e atentos rigorosa disciplina a que estavam sujeitos. Ashorasdanoiteeramcantadasporsacerdotesespeciais que,paracadauma,entoavammelodiadiferenteeaguardase revezavarigorosamentenosperodosdeterminados. Havia trs categorias desacerdotes com atribuies especiais: osumo-sacerdote,ossacerdotesdegrausmaioreseossacerdotes menores, encarregados, mais especialmente, dos servios internos, quesesubordinavamdiretamenteaosgan(diretor)doTemplo. Almdissohaviaaindaostrombeteiros,ossupervisoresdo serviointerno,osacendedoresdelmpadas,astecedeiras,os sacrificadores,osfiscaisdossacrifcios,osinmerosaclitose auxiliaresdocomplicadocerimonial;enfim,umexrcitode servidoresquevivianoTemploedoTemplo,todosdiretamente subordinados ao referidosgan,a seu turno diretamente subordinado aopoderososumo-sacerdote. Ossacerdotesmercadejavamcommuitascoisas:animais (bois,carneiros,pombos)destinadosaosholocaustos;perfumes. 71 Oholocaustoritualdependiadoatoquesecelebrava;no caso, por exemplo, da purificao das mulheres, por parto (30 dias aps,sendomeninoe 60dias,sendo menina), osacerdote tomava asvtimasdosacrificio(cabritosou pombos,segundoosrecursos dafamlia),abria-lhesopescooeaspergiaoaltarcomosangue, enquantojogavaumapartesobreobraseiro,paraqueafumaa subisse ao Deus.Este holocausto se denominava "oferta queimada". Seo holocaustoera de expiaoou de ao de graas,osacerdote tomavaumadasaveseaarrojavavivaaobraseiro. Afarinhaparaoporitual,aservasparaosarmatas,o incenso, os leos,olinho para as vestes do sacerdote e tudo o mais de uso deles, era considerado como sagrado e s podia ser fornecido pelos sumo-sacerdotes, para o que o Templo mantivesse fabricaes prpriassemprequepossvel. Osjudeususavameabusavamdeperfumesenoprprio Templohaviaalambiqueparaafabricao.Magdalena,ahetaira famosa,quesetransformou,maistarde,emdevotadaefervorosa discpula de Jesus, no tempo em que morava em Jerusalm, possua noseuhortodoJardimdasOliveiras,umafbricadeessnciase leosperfumados,parausodesuacasaeseusi nmeros admiradores. 72 Edgard Armond leos,armatas,utilizados nas cerimnias de purificao;moedas estrangeirastrazidaspelosperegrinosenegociantes,empermuta commoedanacional.CobravamostributosdevidosaoTemplo, tantoemdinheirocomoemespcies,poisosisraelitaseram obrigadosapagardzimos,bemcomoentregarpartedaprimeira colheitadesuasplantaeseaprimeiracabeadogadodeseus rebanhos. Negociavam ainda com a carne dos animais sacrificados, bemcomocomoseusangue,quecorria para osfundos doTemplo emcanalizaesapropriadas. OREDENTOR Todos osdzimos,oferendas,donativos, vendas de produtos consumidosnosholocaustos,inclusiveosdecarneesanguepara adubo,redundavamembenefciodaclassesacerdotalelevada, enquantoossacerdotesmenoresarcavamcomtodoopesodos servios,vivendodificultosamenteou de propinas mesquinhas. Ossacerdotesdecl aravami mundososprodut osdos mercadoresecamponesesquedeixavamdepagarostributos devidosaoTemplo,osquaisficavamexcomungadose,deles,por medo,seafastavamoscompradores. Nos dias de Pscoa e outras festas nacionais, quando a cidade regurgitava de peregrinos vindos de todas as partes do mundo ento conhecidoondehaviacolniasj udai cas,edemercadores est rangei ros,queparaaliacorri amanegci os,aci dade transformava-seemumcolossalmercado,doqualoTemploera o centro mais movimentado pelo vulto e complexidade dos interesses a ele vinculados. AoredordoTemploeemseusptiosenxameavamos cambistaseosescribas2 4,compenasdegansopresasatrsdas orelhas,sentadosssuasmesinhasbaixas,vendendoescritae pequenosrolosdepapiroscomtranscriesdasEscrituras,que usavamnosbraose,natesta,bolsinhasdecourocontendoo "schema"(captulosda Tora). O Templo regurgitava de mesas, guichs, reparties na forma de tabiques e balces,destinados a essas transaes e recebimento dedonativos,bemcomodegentequeentrava esaa,rebanhosde animais quechegavam para serem vendidos,aomesmotempoem queoutroseramtransportadospara juntodoAltar dosSacrifcios, noPtiodosLevitas. Emrepart i esprpri aseramrecebi dasasddi vas espontneasemdinheiro,paracusteioderfos,alvarspara 24 Cl assedef unci onr i oscr i adanacor t edoreiDa viedoreiSa l om o, destinadosaanot arosanaisdoRemoeservirdesecretriosdorei. 73 Edgard Armond sacrifcios,comotambmhaviacelasdenominadasde"caridade silenciosa e cega" que no possuam funcionrios atendentes,sendo osdonativos jogadosparadentrodobalco,porseremdaclasse daquelesqueoTemplorecusava,porimprpriosouinsuficientes. Reinava em todooTemploverdadeiro tumulto e um estridor contnuo,misturadodevozeshumanas,lamentaes,mugidosde animais,campainhas,disputasinterminveisdenegciose interpretaesreligiosas,coroerecitaesdesalmos,exposies de matria religiosa pelos rabis mais populares no Ptio dos Gentios eoutrosrumores,enquantosacerdoteshbeiseligeiros,comseus aventaisdecouro,empastadosdesangue,empunhandocutelose macetes,abatiamunsapsoutros,osanimaisquevinhamsendo trazidosparaosholocaustos. Ambio,cobia,prepotncia,mistificaoreligiosa,tudo estava ali representado em larga escala,oferecendo,do clero judeu, umaimpressionante,pormdesoladoraimpresso. 74 OREDENTOR Captulo15 JE S U SE O SE S S N I O SH noEvangelhouma lacuna histrica,um profundo silncio sobre os fatos da vida de Jesus, no perodo que vai dos doze, quando fez sua primeira peregrinaoa Jerusalm,aos trinta anos,quando iniciousua pregaopblica. Atradioconsignasuapresenaemalgunslugaresforada Palestina como, por exemplo, no Egito e na ndia, onde teria pregado contra oregimedecastas,sobonomedePr