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índice

02 carta editorial Mónica Castro Coordenação Editorial

artigos04 artigo de opinião: continuidade de cuidados em pediatria

oncológica Carla Sousa, Goreti Marques, Odete Ferreira

07 cuidar os pais no cancro infantil: a percepção da equipe Camila Falconer, Alessandra Arrais

16 que informação deve ser fornecida pelos enfermeiros aos pacientes sobre a radioterapia e seus efeitos secundários Maria Aguilera

informação institucional

24 reunião workgroups: 7 novembro 2009, coimbra programa de formação ii publicação de livro infantil 5º simpósio nacional cancro digestivo publicação on-line: “administração de quimioterapia oral

no cancro da mama”: linhas de consenso para uma melhor estratégia

investigação26 estudo poser Portuguese Observational Study of Emetic Risk

27 programa nacional pigart Patient Information about GIST and Renal Carcinoma Treatment

27 programa nacional art Anemia Registry and Transfusions

divulgação científica28 notícias de interesse científico Também disponível em www.aeop.net

número 10 ∙ outono 2009

onco.newsinvestigação e informação em enfermagem oncológica

Onco.news dedica-se à publicação de artigos científicos na área da enfermagem oncológica, nas variantes temáticas de epidemiologia, biologia molecular e patológica, cirurgia, radioterapia e quimioterapia, tanto no cancro do adulto como no pediátrico.Toda a informação sobre a revista poderá ser encontrada em www.aeop.net.

issn 1646-7868

ficha técnica

onco. newsÓrgão e Propriedade da AEOP (Associação de Enfermagem Oncológica Portuguesa)director de publicaçãoM. Jorge Freitas AlmeidaOncologia Médica, IPO [email protected]

coordenador editorialMónica Castro Oncologia Médica, IPO [email protected]

conselho redactorialLurdes Carvalho Consulta Externa, IPO [email protected] Barreira Unidade Pulmão, IPO [email protected] Costa Oncologia Médica, IPO [email protected] Lopes Duarte Gestão Enfermagem, [email protected] Pinto Fonseca Esc. Superior Enfermagem É[email protected] BarbosaHemato-Oncologia, IPO [email protected]

conselho editorialCarla DiasGoreti MarquesOdete FerreiraCarla FariaJuliana SantosCamila Gabriela FalconerAlessandra da Rocha ArraisMercedes Gudiño Aguilera

conselho de especialidaden educação para a saúde Ana Paula Figueiredon ensino e formação Eunice Sá

coordenador página webBruno Magalhães Oncologia Cirúrgica, IPO Portodesign e composição gráficaMedesign, LdaperiodicidadeTrimestralimpressão Tipografia Nunes, Ldatiragem 600 exemplaresdepósito-legal262108/08

A AEOP é membro efectivo da EONS

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OncO.news > [OutOnO 2009]2

Arevista Onco.News foi criada como órgão oficial da AEOP destinado à divulgação de iniciativas de carácter científico, investiga-cional e ético, bem como à publicação de

trabalhos que demonstrem a actualidade em enferma-gem oncológica, a partir dos diferentes contextos em que os enfermeiros trabalham. Este número tem um artigo de opinião e um artigo de revisão no âmbito da pediatria oncológica, com ressalva que o artigo das nossas colegas do Brasil apresenta expressões de difícil tradução para o português puro. De qualquer forma, existiu o cuidado em que o mesmo se apresente numa escrita mais próxima da nossa. É com orgulho que o publicamos e o mesmo prova que a nossa actividade associativa é apreciada por outros além fronteira.

Finalizamos 2009 com este número e, olhando para os números anteriores já publicados, é com agrado que verifico que abordamos temas diversificados que englobam a área da prevenção e da intervenção da fa-mília no contexto do doente oncológico, assim como efeitos secundários e manifestações perante os diversos tratamentos utilizados nos nossos doentes. Publicamos artigos versando temas específicos que nos permitem analisar a evidência da enfermagem oncológica em pa-íses com realidades culturais diferentes como são a Bél-gica e o Brasil. Destes artigos publicados, a AEOP tem o prazer de escolher o melhor de 2009, assim os seus autores o solicitem. Esta nomeação será feita durante a reunião de 2010. Desde o lançamento da primeira re-vista estruturamos a mesma permitindo integrar artigos de investigação, revisão e opinião e, apesar deste último não ser um tipo de artigo muito habitual nas publi-cações para enfermeiros, tem acolhido boas críticas e obtido reconhecimento como sendo uma secção im-portante de reflexão e discussão. Todos os abstracts dos nossos artigos estão publicados na nossa página da Net e o acesso dos associados aos artigos completos é gratuito.

Decorreu no passado dia 15 a 17 Outubro, o 5º Simpósio Nacional de Cancro Digestivo, onde a AEOP esteve representada com um programa científico em

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duas sessões. Realço o facto de uma das sessões corres-ponder ao Workshop sobre “Cancro Gástrico: percurso do doente”, cujo objectivo foi fomentar a discussão so-bre esta área do saber com todos os colegas presentes, representativos de diversas unidades de oncologia na-cionais e das várias áreas específicas, permitindo que a AEOP possa no futuro construir Linhas de Consenso a publicar nos nossos meios próprios. Informo que já foram publicadas no nosso site as Linhas de Consenso nacional sobre “Administração de quimioterapia oral no Cancro da Mama”. Continuamos com a estratégia de produzir e publicar conteúdos importantes, fruto de discussão alargada, de consensos e com o rigor cientí-fico possível de quem pretende colaborar na produção de conhecimento. Lançamos recentemente um novo estudo observacional: o estudo Poser. Trata-se de um estudo nacional, com o apoio exclusivo da Medica-menta, cujo objectivo é a avaliação da emese em doen-tes a efectuarem quimioterapia alta e moderadamente emetizante. Este estudo inicia-se em Janeiro próximo e deve decorrer durante 2010, à semelhança de outros estudos já implementados, como é o caso do estudo da fadiga (em fase de preparação de publicação dos resulta-dos) e o da avaliação das Toxicidades e QoL dos doentes com RCC e Gist submetidos a tratamento de 2ª linha. Damos conhecimento do andamento destes projectos na secção de Informação Institucional.

Chamo a atenção para o facto de no passado dia 6 Novembro ter decorrido em Coimbra, no Hotel Tryp Meliá, a primeira reunião interdisciplinar dos grupos específicos de trabalho. Aqui estiveram presentes cerca de 40 enfermeiros representativos dos diferentes work-groups cujo objectivo foi encontrar pontos de interesse de actividades em comum às várias unidades de on-cologia nacional, possíveis estratégias a implementar e áreas de interesse a inserir nas actividades futuras da AEOP. Esta iniciativa fomentará a discussão partilhada entre os experts das áreas respectivas e será uma mais-valia para a nossa organização. A todos os participantes o nosso obrigado.

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OncO.news > anO iii ∙ n.º 10 ∙ jul-set 2009 3

AR

TIGO

S

Mónica CastroCoordenação Editorial

([email protected])

A 3ª Reunião Anual da AEOP, prevista para Coim-bra em 28 e 29 de Maio de 2010, está em fase de prepa-ração e todas as novidades relativas ao desenvolvimento do programa e dos conteúdos poderão ser seguidas no nosso site. Neste momento já estão publicadas as regras dos Abstracts para trabalhos a apresentar pelos colegas interessados. Estamos, mais uma vez, a preparar uma boa reunião nacional, que decorrerá no Curia Palace Hotel.

Embora possa afirmar com alguma certeza que os enfermeiros são um dos grupos profissionais que mais apostam na formação, nem sempre o fazem com a fi-nalidade de produzir saberes e conhecimentos que não sejam para um número muito restrito de colegas. Aliás, esse tem sido, desde o início do primeiro lançamento, uma das nossas maiores lutas e dificuldades. Parece ain-da existir uma certa “resistência” nos enfermeiros que trabalham em oncologia em divulgar o que produzem. Recordo que este espaço pertence a todos aqueles que querem divulgar conteúdos científicos, após validação positiva das nossas colegas da Comissão Redactorial. Aliás, quero aqui deixar um agradecimento especial pelo excelente trabalho desenvolvido por esta Comis-são, contribuindo para a qualidade da revista.

Sem pretender fazer deste espaço um espaço de opinião, não posso deixar de vincar a minha aspiração em transformar a Onco.News num “centro” de consul-ta no que diz respeito à enfermagem oncológica. Para isso, saliento a importância da contribuição de todos aqueles que trabalham para a valorização desta área da Enfermagem e reforço a noção que somos nós os res-ponsáveis do que fomos, somos e seremos.

Apesar de todo o trabalho já desenvolvido ou ainda a decorrer, a Onco.News quer melhorar e acompanhar o crescimento da Enfermagem Oncológica nacional. Para tal, precisamos do contributo de todos.

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OncO.news > [OutOnO 2009]4

a doença oncológica, dentro das doenças cróni-cas, constitui um problema de saúde preocupante para a população portuguesa e mundial, com importância plenamente justificada pela mortalidade e crescente morbilidade que lhe está as-sociada.

no que concerne à do-ença oncológica na criança,

tem-se assistido a um enorme pro-gresso no tratamento e consequen-temente aumento da sua sobrevida.

a adaptação familiar à doen-ça oncológica na criança constitui um processo complexo que exige da família aquisição de competências fundamentais e a remodelação do seu estilo de vida para superar as di-ferentes etapas do cuidado à criança.

neste sentido, a doença oncoló-gica constitui um processo complexo que exige uma reflexão por parte de todos os que nele estão envolvidos. O enfermeiro tem um papel crucial no apoio efectivo da criança com pato-logia oncológica e da sua família em todas as fases da doença, nomeada-

este espaço reflecte apenas e tão só a opinião dos autores sobre diversos temas actuais que directa ou indirectamente estejam ligados à oncologia

mente em garantir a sua qualidade de vida após a alta hospitalar.

compete-lhes, pois, garantir que cada momento de vida da criança es-teja repleto de serenidade e qualida-de efectiva.

O enfermeiro deve apostar na mudança e direccioná-la no sentido da promoção da continuidade de cui-dados, respondendo às especificida-des de cuidados da criança e também da sua família, porque, como refere spinetta (1975): “A família é, tam-bém, o paciente quando é diagnosti-cado um cancro na criança”.

estas famílias devem usufruir de cuidados de excelência independen-temente do seu meio social, económi-co, da região do país onde habitam e dos serviços de saúde que requisitam.

actualmente, as políticas de saú-de nacionais e internacionais, visam a articulação entre as unidades hos-pitalares e os centros de cuidados de saúde primários, integrando-os em unidades de saúde, tendo sempre presente a individualidade e auto-nomia de cada instituição, tanto ao nível cultural, como técnico e profis-sional.

continuidade de cuidados em pediatria Oncológica

Carla Alexandra Azevedo Sousa DiasEspecializada em Enfermagem Comunitária

Goreti Filipa Santos MarquesEspecializada em Enfermagem de Saúde Infantil e PediatriaMestre em Gestão e Administração dos Serviços de Saúde

Odete Maria dos Santos FerreiraServiço de Pediatria Oncológica IPO FG EPE do PortoMestre em Oncologia

artigo de opinião

“a família é, também, o paciente quando é diagnosticado um cancro na criança”

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É esta a perspectiva que cada vez mais se valoriza, de modo que os cui-dados à criança sejam prestados no meio que ela tão bem conhece e que tão bem a conhece.

com efeito, já é habitual os en-fermeiros planearem os cuidados en-volvendo a família como parceiro no cuidar. no entanto, é necessário es-tabelecer uma ligação mais definida e efectiva entre os recursos disponí-veis na comunidade de modo a promover o acesso destas fa-mílias aos recursos existentes.

a continuidade de cuidados começa pelo planeamento e pela comunicação eficiente entre os vários parceiros. Planear é funda-mental, e deve estar presente em to-das as intervenções de enfermagem, pois visa identificar e ultrapassar as reais necessidades da criança e da sua família, ajudando-as a voltar à normalidade e assegurando a con-tinuidade dos cuidados após a alta hospitalar.

Perante o diagnóstico de doença oncológica, todas as esferas da vida familiar são alteradas – social, eco-nómica, psicológica, afectiva e rela-cional. a família encontra-se em cri-se no seu ciclo normal de vida, sendo imprescindível capacitá-la para que consiga desenvolver competências intrínsecas e encontrar meios, solu-ções e recursos para ultrapassar estes momentos.

a colheita de dados aquando da admissão da criança permite à equipa conhecer em traços largos a criança e todo o ambiente que a rodeia na sua comunidade. começa então aqui o planeamento para a continuidade de cuidados.

assim, aquando da colheita de dados – e visando o planeamento da continuidade dos cuidados – o enfer-meiro deve em primeiro lugar realizar o diagnóstico da situação familiar, ou seja: perceber quais são os recursos que a família dispõe e que possam ser mobilizados quando necessários. Os recursos podem ser intrínsecos à família, como é o caso do nível de

instrução, o Índice de apgar familiar, ciclo vida familiar (desenvolvimento individual e fami-liar), nível socio-económico, apoio da família alarga-da e a sua relação com a comunidade (ecomapa e geno-grama), de entre outros, e podem ser recursos ex-

trínsecos à família, ou seja, recursos existentes na comunidade em que a família vive e que possam estar dis-poníveis, como são o caso dos centros de saúde, ePss, aDi, bombeiros, as-sociações locais, instituições de apoio social públicas e privadas, locais de culto, hospitais de retaguarda….

a colheita desta informação funciona como uma base de dados onde o enfermeiro recorre quando necessita. a fase seguinte será o le-vantamento de necessidades (físicas, sociais, emocionais, espirituais,..) relativas à criança e sua família. es-tas necessidades estão relacionadas com a fase do ciclo do tratamento em que a criança se encontra. É pois, “...no hospital que se devem identificar, o mais cedo possível, as necessidades em cuidados pós-alta do doente e sua família”. augusto, Berta, Rogério, carvalho (2002).

na fase inicial do tratamento e aquando da primeira alta hospita-lar, identificam-se necessidades re-

lacionadas com a adaptação à nova realidade, às dúvidas sobre a doença e sobre todos os tratamentos e seus efeitos secundários; ou seja há ne-cessidade de informação dirigida.

numa fase posterior, após vários tratamentos e várias idas e vindas ao hospital vão ser identificadas ne-cessidades ao nível da tentativa de retorno à normalidade. trata-se da necessidade de enquadrar esta nova realidade no dia-a-dia familiar, de dar novamente “ independência” à crian-ça, de aumentar a auto-estima fami-liar, devolvendo a família ao seu meio.

Quando a doença ganha terreno em relação aos tratamentos disponí-veis e a opção passa a ser encarar a fase terminal iniciando os cuidados paliativos, o enfermeiro deve garantir o suporte e a continuidade dos cuida-dos de modo a proporcionar a melhor qualidade de vida possível.

após a identificação das necessi-dades, devem-se planear estratégias de intervenção, ou seja, envolver os recursos identificados e disponíveis, garantindo a melhor qualidade de vida. O enfermeiro assume aqui um papel de elo de ligação e fio condu-tor entre as necessidades familiares e os recursos dessa mesma família, permitindo assim a continuidade dos cuidados.

no planeamento das estratégias deve ficar bem definido desde o início o papel de cada interveniente; o que se pretende com a estratégia; quando e onde é que se vai desenvolve; como e o que se vai realizar.

a implementação das estraté-gias dependerá em larga escala do envolvimento tanto da família como dos recursos da comunidade a quem é solicitada parceria.

Revela-se fundamental o estabe-lecimento de compromissos, respon-sabilidade, e confiança recíproca en-tre os vários cuidadores. existe ainda a necessidade de criar canais de co-

“...no hospital que se devem identificar, o mais cedo possível, as necessidades em cuidados pós-alta do doente e sua família”

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OncO.news > [OutOnO 2009]6

municação comuns, estabelecer pro-tocolos de actuação/ formação/ arti-culação, que sejam do conhecimento de todos. Para garantir esta conti-nuidade de cuidados tão desejada, é imprescindível que os profissionais de saúde implicados no planeamento da alta incluam o apoio dos cuidados de saúde Primários como parceiros de cuidados, de forma a “...reunir pequenas parcelas de conhecimentos e informações num todo, onde a as-sistência é minuciosamente guiada e supervisionada.” turin e Grax (1989). Desta forma, a assistência centrada na família e na criança passa da frag-mentação à comunidade.

O serviço de pediatria procura também encontrar nos cuidados de saúde primários um forte aliado na senda da continuidade de cuidados. são os cuidados de saúde primários que estão mais próximas das famí-lias, que conhecem em larga escala os recursos de saúde de apoio exis-tentes na comunidade onde a família está inserida, e que podem promover a melhoria da qualidade de vida da criança e sua família.

a parceria com estes centros passa pela continuidade de cuidados médicos, pela ajuda na integração da família na rotina da sua comunidade e pelo suporte familiar. a necessária articulação entre os dois níveis de cuidados, ou seja, cuidados de saúde primários e cuidados de saúde hos-pitalares, foi já realizada no Dec. lei nº 413/71, de 27 de setembro, e re-forçada cerca de 10 anos mais tarde pela conferência internacional sobre os cuidados primários de saúde, as-sim como na lei de Bases da saúde nº 90/48, de 24 de agosto.

a carta de alta constitui um ex-celente veículo de comunicação en-tre as três instituições (iPO, Família e cuidados de saúde Primários). Os pais têm necessidade de se sentirem envolvidos neste trabalho de equipa

e nesta troca de informação, pois só assim sentem que o hospital e cuida-dos saúde Primários trabalham em uníssono para a melhoria dos cuida-dos prestados ao seu filho.

no momento da alta hospitalar é entregue aos pais a carta de alta mé-dica, a carta de alta de enfermagem e a cópia do consentimento informado. estes documentos contêm informa-ção fundamental à continuidade de cuidados no domicílio. Da terapêu-tica domiciliar ao ensino respectivo, passando pelos exames e consultas programados, estes são apenas al-guns dos aspectos que compõem a informação que lhes é transmitida.

a criança com doença oncológi-ca, dada a especificidade de cuidados que envolve e a caracterizam, exige uma estratégia de planeamento e pro-gramação da alta, distinta e mais pre-cisa de toda a equipa de saúde no do-micílio intra e extra hospitalar, dado o ênfase real e urgente à semântica “Parceiros no Cuidar”. Rice (2001).

sente-se cada vez mais a neces-sidade de realizar um intercâmbio de conhecimentos entre a realidade do serviço de pediatria e a realidade dos cuidados de saúde Primários. sente-se igualmente necessidade de existência de uma equipa de referên-cia que estabeleça a ligação entre as duas instituições, facilitando a comu-nicação entre ambas.

O trabalho desenvolvido no sen-tido da continuidade de cuidados não pode ser menosprezado. É, sem dúvi-da um trabalho motivador, desafiante e compensador, porque possibilita ao enfermeiro ser parceiro de referência no processo de devolver a criança e a sua família ao seu ambiente, minimi-zando a experiência, nunca esqueci-da, de ter uma doença oncológica.

Promover a continuidade de cui-dados é, pois, conduzir a família no novo caminho, na direcção de um novo valor de vida…

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ALO-

0609

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-ANLUSOMEDICAMENTA - SOCIEDADE TÉCNICA FARMACÊUTICA S.A.

Estrada Consiglieri Pedroso, 69 B | Queluz de Baixo | 2730-055 Barcarena Sociedade Anónima, Matriculada na Conservatória do Registo Comercial de Cascais, sob o nº 17248 | Capital Social €1.600.000,00 | Nº de Contribuinte 507 150 473

A MedicAMentAentAent conta já com uma forte tradição A conta já com uma forte tradição Ana saúde em Portugal.

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A MedicAMentAentAent tem orgulho em ser o seu parceiro A tem orgulho em ser o seu parceiro Ana área da Oncologia.

RESUMO DAS CARACTERÍSTICAS DO MEDICAMENTO 1. NOME DO MEDICAMENTO Aloxi 250 microgramas solução injectável. 2. COMPOSIÇÃO QUALITATIVA E QUANTITATIVA Um ml de solução contém 50 microgramas de palonossetrom (na forma de cloridrato). Cada 2. COMPOSIÇÃO QUALITATIVA E QUANTITATIVA Um ml de solução contém 50 microgramas de palonossetrom (na forma de cloridrato). Cada 2. COMPOSIÇÃO QUALITATIVA E QUANTITATIVAfrasco para injectáveis de 5 ml de solução contém 250 microgramas de palonossetrom (na forma de cloridrato). Lista completa de excipientes, ver secção 6.1. 3. FORMA FARMACÊUTICA

2. COMPOSIÇÃO QUALITATIVA E QUANTITATIVA3. FORMA FARMACÊUTICA

2. COMPOSIÇÃO QUALITATIVA E QUANTITATIVA Um ml de solução contém 50 microgramas de palonossetrom (na forma de cloridrato). Cada 3. FORMA FARMACÊUTICA

Um ml de solução contém 50 microgramas de palonossetrom (na forma de cloridrato). Cada 2. COMPOSIÇÃO QUALITATIVA E QUANTITATIVA Um ml de solução contém 50 microgramas de palonossetrom (na forma de cloridrato). Cada 2. COMPOSIÇÃO QUALITATIVA E QUANTITATIVA3. FORMA FARMACÊUTICA

2. COMPOSIÇÃO QUALITATIVA E QUANTITATIVA Um ml de solução contém 50 microgramas de palonossetrom (na forma de cloridrato). Cada 2. COMPOSIÇÃO QUALITATIVA E QUANTITATIVASolução injectável. Solução límpida e incolor. 4.INFORMAÇÕES CLÍNICAS 4.1 Indicações

Um ml de solução contém 50 microgramas de palonossetrom (na forma de cloridrato). Cada 4.INFORMAÇÕES CLÍNICAS 4.1 Indicações

Um ml de solução contém 50 microgramas de palonossetrom (na forma de cloridrato). Cada

terapêuticas Aloxi está indicado: na prevenção de situações agudas de náuseas e vómitos associadas a quimio-terapia oncológica com elevada acção emetogénica e na prevenção de náuseas e vómitos associados a quimioterapia oncológica com moderada acção emetogénica terapêuticas Aloxi está indicado: na prevenção de situações agudas de náuseas e vómitos associadas a quimio-terapia oncológica com elevada acção emetogénica e na prevenção de náuseas e vómitos associados a quimioterapia oncológica com moderada acção emetogénica terapêuticas 4.2 Posologia e modo de administração Por via intravenosa Adultos: 250 microgramas de palonossetrom administrados na forma de um único bólus intravenoso aproximadamente 30 minutos antes do início da quimioterapia. Aloxi deve ser administrado durante um período de 30 segundos. A eficácia de Aloxi na prevenção de náuseas e vómitos induzidos por quimioterapia com elevada acção emetogénica pode ser potenciada pela administração de um corticosteróide antes da quimioterapia. Aloxi só deve ser utilizado antes da administração de quimioterapia. Idosos: Não é necessário qualquer ajuste da dose em idosos. Crianças e adolescentes: Aloxi não é recomendado em crianças com idade inferior a 18 anos devido a dados insuficientes. Doentes com compromisso hepático Não é necessário

início FORTE, Acção PROLONGADA

Sempre consigo!

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qualquer ajuste da dose em doentes com compromisso hepático. Doentes com compromisso renal Não é necessário qualquer ajuste da dose em doentes com compromisso renal. Não existem dados disponíveis relativamente a doentes com doença renal em fase terminal sujeitos a hemodiálise. 4.3 Contra-indicações Hipersensibilidade à substância activa ou a qualquer um dos excipientes. 4.4 Advertências e precauções especiais de utilização Uma vez que palonossetrom pode aumentar o tempo de trânsito no intestino grosso, os doentes com antecedentes de obstipação ou com sinais de obstrução intestinal subaguda devem ser monitorizados após a administração. Foram notificados dois casos de obstipação com fecaloma, associados a palonossetrom 750 microgramas, que necessitaram de hospitalização. Para todos os níveis de dosagem testados, pa-lonossetrom não induziu um prolongamento clinicamente relevante no intervalo QTc. Foi realizado um estudo específico exaustivo sobre o valor de QT/QTc em voluntários saudáveis, com o objectivo de recolher dados definitivos demonstrativos do efeito de palonossetrom sobre o valor de QT/QTc. Consultar a secção 5.1 Propriedades farmacodi-nâmicas. No entanto, tal como com outros antagonistas 5-HT

3, deve ter-se precaução

na utilização concomitante de palonossetrom com medicamentos que aumentem o intervalo QT ou em doentes que apresentem ou que seja provável virem a desenvolver um prolongamento do intervalo QT. Aloxi não deve ser utilizado para prevenir ou tratar náuseas e vómitos nos dias que se seguem à administração da quimioterapia a não ser em associação com outra administração de quimioterapia. 4.5 Interacções medica-mentosas e outras formas de interacção Palonossetrom é metabolizado principalmente pela isoenzima CYP2D6, com uma contribuição menor da CYP3A4 e da CYP1A2. Com base em estudos in vitro, palonossetrom não demonstrou inibir nem induzir as isoenzimas do citocromo P450 em concentrações clinicamente relevantes. Agentes quimioterapêuticos: em estudos pré-clínicos, palonossetrom não demonstrou inibir a actividade anti-tumoral dos cinco agentes quimioterapêuticos testados (cisplatina, ciclofosfamida, citarabina, doxorubicina e mitomicina C). Metoclopramida: num estudo clínico, não foi demonstrada qualquer interacção farmacocinética significativa entre uma única dose intravenosa de palonossetrom e as concentração de equilíbrio de metoclopramida oral, um inibidor da CYP2D6. Indutores e inibidores da CYP2D6: numa análise farmacocinética populacional, demonstrou-se não haver qualquer efeito significativo na depuração de palonossetrom quando este era co-administrado com indutores (dexametasona e rifampicina) e inibidores (incluindo amiodarona, celecoxib, cloropromazina, cimetidina, doxorubicina, fluoxetina, haloperidol, paro-xetina, quinidina, ranitidina, ritonavir, sertralina ou terbinafina) da CYP2D6. Corticosteróides: palonossetrom tem sido administrado em segurança com corticosteróides. Outros medicamentos: palonossetrom tem sido administrado em segurança com medicamentos analgésicos, antieméticos/antinauseantes, antiespasmódicos e anticolinérgicos. 4.6 Gravidez e aleitamento No que respeita ao palonossetrom não existem dados clínicos sobre as gravidezes a ele expostas. Os estudos em animais não indicam quaisquer efeitos nefastos, directos ou indirectos, no que respeita à gravidez, ao desenvolvimento embrionário/fetal, ao parto ou ao desenvolvimento pós-natal. Estão apenas disponíveis dados limitados relativos a estudos ani-mais sobre a transferência placentária (ver secção 5.3). Não existe experiência com palonossetrom durante a gravidez humana, consequentemente palonossetrom não deve ser utilizado em mulheres grávidas a não ser que tal seja considerado essencial pelo médico. Uma vez que não existem dados relativos à excreção de palonossetrom no leite materno, o aleitamento deve ser interrompido durante a terapêutica. 4.7 Efeitos sobre a capacidade de conduzir e utilizar máquinas Não foram estudados os efeitos sobre a capacidade de conduzir e utilizar máquinas. Uma vez que palonossetrom pode induzir tonturas, sonolência ou cansaço, os doentes devem ser advertidos relativamente à condução ou utilização de máquinas. 4.8 Efeitos indesejáveis Em estudos clínicos, com uma dose de 250 microgramas (total de 633 doentes), as reacções adversas observadas com maior frequência, e pelo menos possivelmente relacionadas com Aloxi, foram cefaleias (9%) e obstipação (5%). Nos estudos clínicos, foram observadas as seguintes reacções adversas (RAs) possível ou provavelmente relacionadas com Aloxi. Estas foram classificadas como frequentes (entre 1% e 10%) ou pouco frequentes (entre 0,1% e 1%).

Classe de Sistema de Órgãos RAs frequentes (>1/100 a <1/10)

RAs Pouco frequentes (>1/1.000 a <1/100)

Doenças do metabolismo e da nutrição Hipercalemia, doenças do metabolismo, hipocalcemia, hipocaliemia, anorexia, hiperglicemia, diminuição do apetite

Perturbações do foro psiquiátrico Ansiedade, estado eufóricoDoenças do sistema nervoso Cefaleias

TonturasSonolência, insónia, parestesia, hipersonia, neuropatia sensorial periférica

Afecções oculares Irritação ocular, ambliopia Afecções do ouvido e do labirinto Enjoo de movimento, tinido, Cardiopatias Taquicardia, bradicardia, extrassístoles, isquémia miocárdica,

taquicardia sinusal, arritmia sinusal, extrassístoles supraventricularesVasculopatias Hipotensão, hipertensão, descoloração venosa, distensão

venosaDoenças respiratórias, torácicas e do mediastino SoluçosDoenças gastrointestinais Obstipação Diarreia Dispepsia, dor abdominal, dor abdominal superior, boca

seca, flatulência, Afecções hepatobiliares HiperbilirrubinemiaAfecções dos tecidos cutâneos e subcutâneas Dermatite alérgica, rash pruriginosoAfecções musculosqueléticas e dos tecidos conjuntivos

Artralgia

Doenças renais e urinárias Retenção urinária, glicosúriaPerturbações gerais e alterações no local de administração

Astenia, pirexia, fadiga, sensação de calor, sintomas gripais

Exames complementares de diagnóstico Níveis elevados de transaminases, intervalo QT prolongado

Foram notificados casos muito raros (<1/10.000) de reacções de hipersensibilidade e reacções no local de injecção (ardor, tumor, descon-forto e dor) durante a experiência pós-comercialização. 4.9 Sobredosagem Não foram descritos casos de sobredosagem. Foram utilizadas doses de até 6 mg em ensaios clínicos. O grupo de dosagem mais elevada apresentou uma incidência de acontecimentos adversos semelhante quando comparado com os outros grupos de dosagem, não tendo sido observados efeitos dose-resposta. Na eventualidade improvável de ocorrer uma sobredosagem com Aloxi, esta deve ser controlada através de terapêutica de suporte. Não foram realizados estudos de diálise, no entanto, devido ao seu extenso volume de distribuição, é improvável que a diálise seja um tratamento eficaz para uma sobredosagem com Aloxi. 5. PROPRIEDADES FARMACOLÓGICAS 5.1 Propriedades farmacodinâmicas Grupo farmacoterapêutico: Antieméticos e antinauseantes, antagonistas da serotonina (5HT3). Código ATC: A04AA05 Palonossetrom é um antagonista selectivo do receptor 5HT

3 com uma elevada afinidade por este receptor. Em dois

estudos aleatorizados, com dupla ocultação englobando um total de 1.132 doentes a receber quimioterapia moderadamente emetogénica que incluiu cisplatina ≤ 50 mg/m2, carboplatina, ciclofosfamida 1.500 mg/m2 e doxorubicina 25 mg/m2, compararam-se doses de 250 microgramas e de 750 microgramas de palonossetrom com 32 mg de ondansetrom (semi-vida 4 horas) ou 100 mg de dolasetron (semi-vida 7,3 horas) admi-nistrados por via intravenosa no dia 1, sem dexametasona. Num estudo aleatorizado, com dupla ocultação englobando um total de 667 doentes a receber quimioterapia altamente emetogénica que incluiu cisplatina ≥ 60 mg/m2, ciclofosfamida > 1.500 mg/m2 e dacarbazina, compararam-se doses de 250 microgramas e de 750 microgramas de palonossetrom com 32 mg de ondansetrom administrados por via intravenosa no dia 1. Foi administrada profilacticamente dexametasona antes da quimioterapia em 67% dos doentes. Os estudos principais não foram projectados para avaliar a eficácia de palonossetrom no aparecimento tardio de náuseas e de vómitos. A actividade antiémetica foi observada das 0-24 horas, das 24-120 horas e das 0-120 horas. Os resultados dos estudos com quimioterapia moderadamente emetogénica e do estudo com quimioterapia altamente emetogénica encontram-se resumidos nas tabelas seguintes. Palonossetrom não demonstrou ser inferior durante a fase aguda da emese relativamente aos medicamentos comparativos, tanto na situação moderada como na altamente emetogénica. Apesar de não se ter demonstrado a eficácia comparativa de palonossetrom em ciclos múltiplos, em ensaios clínicos controlados, 875 dos doentes recrutados nos 3 ensaios de Fase III transitaram para um estudo de segurança sem ocultação e foram tratados com 750 microgramas de palonossetrom durante até 9 ciclos adicionais de quimioterapia. Os parâmetros globais de segurança mantiveram-se durante todos os ciclos.

Tabela 1: Percentagem de doentes ª que responderam por grupo e por fase de tratamento no estudo de quimioterapia moderadamente emetogénica em comparação com ondansetron

Aloxi 250 microgramas (n= 189) Ondansetron 32 miligramas (n= 185) Delta% % %

Resposta completa (sem emese e sem medicação de recurso) IC de 97,5%b

0 – 24 horas 81,0 68,6 12,4 [1,8%, 22,8%]24 – 120 horas 74,1 55,1 19,0 [7,5%, 30,3%]0 – 120 horas 69,3 50,3 19,0 [7,4%, 30,7%]Controlo completo (resposta completa e não mais do que náusea ligeira) valor de p c

0 – 24 horas 76,2 65,4 10,8 NS24 – 120 horas 66,7 50,3 16,4 0,0010 – 120 horas 63,0 44,9 18,1 0,001Sem náuseas (Escala de Likert) valor de p c

0 – 24 horas 60,3 56,8 3,5 NS24 – 120 horas 51,9 39,5 12,4 NS0 – 120 horas 45,0 36,2 8,8 NSa Cohort designado com“intenção de tratar”; b O estudo foi projectado para demonstrar não-inferioridade. Um limite inferior acima de –15% demonstra a não inferioridade entre Aloxi e o comparativo.; c Teste de Qui-quadrado. Nível de significância para a=0,05.

Tabela 2: Percentagem de doentes a que responderam por grupo e por fase de tratamento no estudo de quimioterapia moderadamente emetogénica em comparação com dolasetron.

Aloxi 250 microgramas (n= 185) Dolasetron 100 miligramas (n= 191) Delta% % %

Resposta completa (sem emese e sem medicação de recurso) IC de 97,5%b

0 – 24 horas 63,0 52,9 10,1 [-1,7%, 21,9%]24 – 120 horas 54,0 38,7 15,3 [3,4%, 27,1%]0 – 120 horas 46,0 34,0 12,0 [0,3%, 23,7%]Controlo completo (resposta completa e não mais do que náusea ligeira) valor de p c

0 – 24 horas 57,1 47,6 9,5 NS24 – 120 horas 48,1 36,1 12,0 0,0180 – 120 horas 41,8 30,9 10,9 0,027Sem náuseas (Escala de Likert) valor de p c

0 – 24 horas 48,7 41,4 7,3 NS24 – 120 horas 41,8 26,2 15,6 0,0010 – 120 horas 33,9 22,5 11,4 0,014a Cohort designado com “intenção de tratar”; b O estudo foi projectado para demonstrar não-inferioridade. Um limite inferior acima de –15% demonstra a não inferioridade entre Aloxi e o comparativo.; c Teste de Qui-quadrado. Nível de significância para a=0,05.

Tabela 3: Percentagem de doentes a que responderam por grupo e por fase de tratamento no estudo de quimioterapia altamente emetogénica em comparação com ondansetron

Aloxi 250 microgramas (n= 223) Ondansetron 32 milligramas (n= 221) Delta% % %

Resposta completa (sem emese e sem medicação de recurso) IC de 97,5%b

0 – 24 horas 59,2 57,0 2,2 [-8,8%, 13,1%]24 – 120 horas 45,3 38,9 6,4 [-4,6%, 17,3%]0 – 120 horas 40,8 33,0 7,8 [-2,9%, 18,5%]Controlo completo (resposta completa e não mais do que náusea ligeira) valor de p c

0 – 24 horas 56,5 51,6 4,9 NS24 – 120 horas 40,8 35,3 5,5 NS0 – 120 horas 37,7 29,0 8,7 NSSem náuseas (Escala de Likert) valor de p c

0 – 24 horas 53,8 49,3 4,5 NS24 – 120 horas 35,4 32,1 3,3 NS0 – 120 horas 33,6 32,1 1,5 NSa Cohort designado com “intenção de tratar”; b O estudo foi projectado para demonstrar não-inferioridade. Um limite inferior acima de –15% demonstra a não inferioridade entre Aloxi e o comparativo.; c Teste de Qui-quadrado. Nível de significância para a=0,05.

O efeito de palonossetrom sobre a tensão arterial, frequência cardíaca e parâmetros do ECG, incluindo intervalo QTc, foi comparável ao do on-dansetron e do dolasetron em ensaios clínicos de Náuseas e Vómitos Induzidos por Quimioterapia. Em estudos não-clínicos palonossetrom de-monstrou possuir a capacidade de bloquear os canais iónicos envolvidos na despolarização e repolarização ventricular e de prolongar a duração do potencial de acção.O efeito de palonossetrom no intervalo QTc foi avaliado num ensaio aleatorizado, paralelo, com dupla ocultação, controlado com placebo e activo (moxifloxacina) em homens e mulheres adultos. O objectivo foi o de avaliar os efeitos sobre o ECG de palonossetrom ad-ministrado por via IV em doses únicas de 0,25, 0,75 ou 2,25 mg em 221 voluntários saudáveis. O estudo não demonstrou qualquer efeito na duração do intervalo QT/QTc bem como em qualquer outro intervalo do ECG em doses até 2,25 mg. Não foram observadas alterações clini-camente significativas na frequência cardíaca, condução auriculoventricular (AV) e repolarização cardíaca. 5.2 Propriedades farmacocinéticas Absorção Após administração intravenosa, o declínio inicial nas concentrações plasmáticas é seguido por uma eliminação lenta a partir do or-ganismo com uma semi-vida de eliminação terminal média de, aproximadamente, 40 horas. O valor médio da concentração plasmática máxi-ma (C

max) e a área sob a curva concentração-tempo (AUC0-∞) são, geralmente, proporcionais à dose no intervalo de 0,3 - 90 µg/kg, em vo-

luntários saudáveis e em doentes oncológicos. Após a administração intravenosa de palonossetrom 0,25 mg em dias alternados no total de 3 doses em 11 doentes com cancro do testículo, o aumento médio (± DP) na concentração plasmática entre o Dia 1 e o Dia 5 foi de 42 ± 34%. Após a administração intravenosa de palonossetrom 0,25 mg uma vez ao dia durante 3 dias em 12 voluntários saudáveis, o aumento médio (± DP) na concentração plasmática de palonossetrom entre o Dia 1 e o Dia 3 foi de 110 ± 45%. Simulações de farmacocinética indicam que a exposição total (AUC0-∞) a 0,25 mg de palonossetrom por via intravenosa administrado uma vez ao dia durante 3 dias consecutivos era similar a uma dose única intravenosa de 0,75 mg, apesar de a C

max de uma dose única de 0,75 mg ser mais elevada. Distribuição Palonossetrom, na dose

recomendada, encontra-se amplamente distribuído no organismo com um volume de distribuição de, aproximadamente, 6,9 a 7,9 l/kg. Aproxima-damente, 62% de palonossetrom encontra-se ligado a proteínas plasmáticas. Metabolismo Palonossetrom é eliminado através de duas vias: apro-ximadamente 40% é eliminado por via renal e aproximadamente 50% é metabolizado para formar dois metabolitos principais, os quais apresentam actividade antagonista para o receptor 5HT

3 inferior a 1% do palonossetrom. Estudos metabólicos in vitro demonstraram que a isoenzima CYP2D6

e, em menor extensão, a CYP3A4 e a CYP1A2 estão envolvidas no metabolismo de palonossetrom. No entanto, os parâmetros de farmacocinética clínica não são significativamente diferentes entre metabolizadores fracos e extensos de substratos da CYP2D6. Palonossetrom não inibe nem induz as isoenzimas do citocromo P450 em concentrações clinicamente relevantes. Eliminação Após uma dose intravenosa única de 10 microgramas/kg de [14C]-palonossetrom, aproximadamente 80% da dose foi recuperada na urina num período de 144 horas, com palonossetrom a representar cerca de 40% da dose administrada, na forma de substância activa inalterada. Após uma administração intravenosa única em bólus a voluntários saudáveis, a eliminação corporal total de palonossetrom foi de 173 ± 73 ml/min e a depuração renal de 53 ± 29 ml/min. A baixa eliminação corporal total e o extenso volume de distribuição resultaram numa semi-vida de eliminação terminal plasmática de aproximadamente 40 horas. Dez por cento dos doentes apresentam uma semi-vida de eliminação terminal média superior a 100 horas. Farmacocinética em populações especiais Idosos: a idade não afecta a farmacocinética de palonossetrom. Não é necessário qualquer ajuste da dose em doentes idosos. Sexo: o sexo dos doentes não afecta a farmacocinética de palonossetrom. Não é necessário qualquer ajuste da dose com base no sexo. Doentes Pediátricos: não estão disponíveis dados farmacocinéticos em doentes com menos de 18 anos de idade. Compromisso renal: o compromisso renal ligeiro a moderado não afecta significativamente os parâmetros farmacocinéticos de palonossetrom. O compromisso renal grave reduz a depuração renal, no entanto, a eliminação corporal total nestes doentes é semelhante à de voluntários saudáveis. Não é necessário qualquer ajuste na dosagem em doentes com insuficiência renal. Não estão disponíveis dados farmacocinéticos relativamente a doentes sujeitos a hemodiálise. Compromisso hepático: o compromisso hepático não afecta significativamente a eliminação corporal total de palonossetrom em comparação com voluntários saudáveis. Apesar de a semi-vida de eliminação terminal e a exposição sistémica média do palonossetrom estarem aumentadas em indivíduos com compromisso hepático grave, não é requerida uma redução na dose. 5.3 Dados de segurança pré-clínica Apenas se observaram efeitos em estudos não clínicos a partir de níveis de exposição considerados suficientemente excessivos em relação ao nível máximo de exposição humana, pelo que se revelam pouco pertinentes para a utilização clínica. Estudos não-clínicos indicam que palonossetrom, apenas para concentrações muito elevadas, pode bloquear canais iónicos envol-vidos na despolarização e na repolarização ventriculares e prolongar a duração do potencial de acção. Os estudos em animais não indicam quaisquer efeitos nefastos, directos ou indirectos, no que respeita à gravidez, ao desenvolvimento embrionário/fetal, ao parto ou ao desenvolvimento pós-natal. Estão apenas disponíveis dados limitados de estudos animais sobre a transferência placentária (ver secção 4.6). Palonossetrom não é mutagénico. Doses elevadas de palonossetrom (cada dose correspondendo a pelo menos 30 vezes a exposição terapêutica humana) administradas diariamente durante dois anos provocaram um aumento na frequência de tumores hepáticos, de neoplasias endócrinas (na tiróide, pituitária, pâncreas, medula supra-renal) e de tumores da pele em ratos mas não em ratinhos. Os mecanismos subjacentes não são completamente compreendidos, mas tendo em conta as elevadas doses utilizadas e uma vez que Aloxi se destina a uma única administração no ser humano, estas observações não são consideradas relevantes para a utilização clínica do medicamento. 6.INFORMAÇÕES FARMACÊUTICAS 6.1 Lista dos excipientes Manitol, Edetato de dissódio, Citrato de sódio, Ácido cítrico mono-hidratado, Água para preparações injectáveis, Solução de hidróxido de sódio, Solução de ácido clorídrico 6.2 Incompatibilidades Este medicamento não deve ser misturado com outros medicamentos. 6.3 Prazo de validade 3 anos. Após a abertura do frasco para injectáveis, qualquer solução não utilizada deve ser inutilizada. 6.4 Precauções especiais de conservação O medicamento não necessita de quaisquer precauções especiais de conservação 6.5 Natureza e conteúdo do recipiente Frasco para injectáveis em vidro Tipo I com tampa em borracha de clorobutilo siliconizada e selo em alumínio. Disponível em embalagens de 1 frasco para injectáveis contendo 5 ml de solução. 6.6 Precauções especiais de eliminação Apenas para utilização única, qualquer solução não utilizada deve ser inutilizada. Os produtos não utilizados ou os resíduos devem ser eliminados de acordo com as exigências locais. 7. TITULAR DA AUTORIZAÇÃO DE INTRODUÇÃO NO MERCADO Helsinn Birex Pharmaceuticals Ltd. Damastown. Mulhuddart, Dublin 15. Irlanda 8. NÚMERO(S) DA AUTORIZAÇÃO DE INTRODUÇÃO NO MERCADO EU/1/04/306/001 9. DATA DA PRIMEIRA AUTORIZAÇÃO/RENOVAÇÃO DA AUTORIZAÇÃO DE INTRODUÇÃO NO MERCADO 22 Março 2005 10. DATA DA REVISÃO DO TEXTOMEDICAMENTO SUjEITO A RECEITA MéDICA

CÓDIGO INFARMED FORMAS DE APRESENTAÇÃO PVP c/IVA5393681 Aloxi – frasco de 5 ml solução injectável a 0,25 mg / 5 ml 100,28

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artigo de revisão

trata-se de uma revisão sobre a percepção da equipa de saúde que cuida dos pais de crianças oncoló-gicas. Pesquisou-se em bancos de dados nacionais e internacionais, no período de 1995 a 2008, onde se encontraram apenas dois estudos que abordavam a visão do profissional sobre este tema. apesar de evidenciarmos um avanço no estudo de pais de crianças com cancro e suas necessidades, percebemos a escassez de estudos que promovam a auto-avaliação crítica da conduta profissional e a falta de foco na intervenção junto a estes cuidadores.

Palavras-chave: Oncologia Pediátrica, Pais, cuidadores, Profissionais de saúde.

This article is a review of the health care team’s perceptions over the care they dedicated to parents of children undergoing oncology treatment. The research took place using national and international data bases, years 1995 to 2008. Only 2 studies have shown directly the professional’s view on the subject. Despite the advance in studies about the parents of children with cancer and their needs, this study con-cludes that there is an extensive need for further studies promoting the critic self-valuation regarding professional conduct with focus on interventions findings.

Key-words: Pediatric Oncology, Parents, Caregivers, Heath Care Professionals.

Cuidar Os Pais nO CanCrO infantil:a PercePção da equiPe

recebido: junho 2009; aprovado: setembro 2009; publicado online: novembro 2009

Camila Gabriela FalconerPsicóloga, especialista em Psicologia da Saúde e Hospitalar, Universidade Católica de Brasília (UCB)

Alessandra da Rocha ArraisPsicóloga, Doutora em Psicologia Clínica pela Universidade de Brasília (UCB)Professora do Curso de Psicologia da Universidade Católica de Brasília (UCB) Orientadora da 1.ª autora

Procurar informações pertinentes sobre como os profissionais de saúde se sentem em relação aos pais das crianças que tratam é uma tarefa difícil. Isto porque, os pais não são o foco dessa rede de relacionamentos. Este normalmente recai sobre as crianças e seu cancro, pois cabe à equipe a função de curá-las e salvá-las.

Esse foco e o peso dessa responsabilidade acaba colocando num longínquo plano o cuidado com o cuidador informal, na sua maioria os pais. Entretanto, Rezende, Derchain e Botega(1) alertam-nos que, a par-tir de 1990, a Organização Mundial de Saúde (OMS) passou a considerar o atendimento às necessidades dos cuidadores um dos principais objetivos do tratamento na oncopediatria. Determinou-se a necessidade de for-

necer um sistema de apoio para ajudar a família durante a doença do paciente e no processo de luto(1), ainda que na prática esta atenção se dê primordialmente durante a fase de cuidados paliativos. Para fazer valer esta medida é preciso aprofundar o conhecimento sobre a família e os pais das crianças que recebem tratamento.

Método O presente artigo trata uma revisão crítica, desen-

volvida a partir da compilação, análise e discussão de informações já publicadas em artigos científicos. Foi realizada uma pesquisa nos seguintes bancos de dados: AIP – American Institute of Physics, Blackwell, Cam-bridge University Press, Highwire Press, Kluwer, Ovid,

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Oxford University Press, Scielo, Science Direct On-line, Springer Verlag, Wilson, PsycINFO – American Psychological Association, Scopus and Web of Science. A pesquisa foi realizada nas línguas portuguesa e inglesa. Apenas dois artigos em português foram encontrados que puderam ser inserido no trabalho. Foram utilizadas as palavras-chave a seguir: médicos, visão, opinião, fa-mília, pais, cuidadores, crianças e cancro (clinicians, view, family, parents, caregiver, children and cancer). A pesquisa foi limitada ao período de 1995 a 2008.

Os artigos foram incluídos na pesquisa conforme respondessem às questões estipuladas como eixos temá-ticos da presente investigação, a saber:

a) Como a equipe médica percebe a vivência dos pais de crianças com cancro que estão sobre seus cuidados?

b) Quais as dificuldades em lidar com os pais de crian-ças com cancro?

c) O estado físico, social, emocional e psicológico dos pais pode influenciar o tratamento dado à criança?

d) Que profissionais da equipe médica são indicados para avaliação e tratamento de pais com problemas tais como depressão, ansiedade, stress e outros?

e) Qual a sugestão dada para que o hospital possa for-necer um cuidado adequado aos pais cuidadores de suas crianças?É importante ressalvar que artigos que responde-

ram a pelo menos três das questões acima especificadas também foram inseridos na análise. Isto porque a revi-são aqui proposta não pretende quantificar ou enume-rar os achados dos artigos, mas serão analisados qualita-tivamente focalizando os problemas, os resultados e as conclusões neles encontradas de forma a trazer novas informações que possam levar a diante o estudo acerca da vivência dos pais cuidadores das suas crianças com cancro e a ação da equipe em levar à frente mais essa responsabilidade.

Resultados e discussãoA pesquisa nos bancos de dados e buscas adicio-

nais identificaram 524 artigos com as palavras-chave propostas. Após a análise dos resumos, 17 artigos conti-nham pelo menos três respostas para as questões ante-riormente apresentadas. Apenas dois deles explicitaram a opinião direta dos autores em relação ao assunto estu-

dado, pois eram artigos escritos na primeira pessoa e re-latavam a experiência profissional em relação ao cancro infantil. Quatro artigos enfatizavam a questão do géne-ro, focando apenas as mães ou apenas os pais de crianças com cancro. E, finalmente, 11 artigos analisam de forma geral os sintomas, necessidades e estratégias de coping mais utilizadas pelos pais cuidadores. Apesar do assunto não ser o foco deste artigo de revisão, ele apresenta su-gestões importantes para os profissionais da oncologia pediátrica em como lidar com os pais cuidadores.

As perguntas apresentadas no método foram agru-padas em eixos temáticos que traziam respostas seme-lhantes e puderam ser analisadas em quatro categorias, a saber:

Percepção da equipe médica em relação à vivên-1. cia dos pais de crianças com cancro e as principais dificuldades encontradas nessa relação pai ou mãe-membro da equipe de saúde;

Profissionais da equipe médica indicados para a 2. avaliação e o tratamento dos pais cuidadores;

Diferenças de género no cuidado dos pais de 3. crianças com cancro;

Sugestões para que a instituição hospitalar e a 4. equipe médica possam fornecer cuidados adequa-dos aos pais cuidadores. Discutiremos cada uma delas a seguir:

1) Percepção da equipe de saúde sobre a vivência dos pais de crianças com cancro e sobre a relação pais-equipeDe acordo com Sharon Manne, psicóloga pediá-

trica do Memorial Sloan-Kettering Cancer Center (New York, NY), no seu editorial intitulado “Nossos pacien-tes invisíveis”, a questão mais comovente durante anos de experiência nesse trabalho foram, na sua opinião, os imensos problemas práticos e estresse emocional “des-carregados” nos pais das crianças com cancro. O pai ou mãe que oferece cuidados primários à criança, geral-mente a mãe, tem que habitar no hospital por meses, deixando para trás as outras crianças, os seus trabalhos e marido (que fica a cargo de suas próprias emoções e busca por suporte) numa cidade distante.

A equipe hospitalar deveria assumir o papel de fonte de suporte emocional para o pai ou mãe cuida-

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dora. Mas ao contrário disto, além de os sobrecarrega-rem com cobranças de atitudes diversas, que não raro beiram o julgamento moral, também se espera dos pais cuidadores que saibam gerenciar o complexo regime de medicamentos da criança dentro e fora do hospital(2,3).Invadidos por vários eventos estressores, não é surpresa o facto de pais de crianças com cancro experenciarem fortes reações de sofrimento psíquico, angústia emo-cional e sentimento de desamparo.

O estudo de Romaniuk e Kristjanson(4) apresenta valiosas informações sobre a relação pais-enfermeiros, vistos da perspectiva dos pais de crianças com cancro. Ao analisar essa relação com profundidade, encontra-ram algumas razões para a insatisfação e o estresse re-lacionado ao papel de cuidador informal de seus filhos hospitalizados: a equipe hospitalar controla a participa-ção dos pais nos cuidados que prestam às suas crianças e experenciam incerteza sobre qual o seu papel parental dentro da unidade hospitalar. Quando a pesquisa exa-minou a percepção dos enfermeiros sobre seu papel no cuidado dedicado à criança com cancro, percebeu-se que apesar do cuidado psicossocial ser frequentemente citado, este é preterido em relação às ações de controle sobre a criança e seus pais. Eles entendem a importân-cia do suporte psicossocial, porém têm dificuldade em implementá-lo. A interação pais-profissionais da equipe acaba por revelar um relacionamento social em detri-mento do relacionamento terapêutico(4,5). Será que não podemos supor que o mesmo não ocorre na relação médico-pais das crianças?

Profissionais no campo da oncologia pediátrica têm reconhecido que o tratamento da criança com cancro envolve mais que o tratamento médico da do-ença. Aspectos psicossociais, emocionais e espirituais afetam o paciente e a sua família(6,1). Ainda assim, o tra-tamento da família não é um acesso a todas, visto que vários profissionais da equipe de saúde têm restringido o sentido dessa palavra à mãe, elegendo-a como a mãe-centralizadora do cuidado(6,7).

Em relação à expressão da experiência pessoal dos profissionais ao se depararem com os pais cuidadores no tratamento da criança com cancro, esta é raramente do-cumentada. Apenas o editoral de Manne(2) e o comen-tário conjunto de Howlett e Casey(8) (respectivamente

enfermeira e mãe-cuidadora) puderam expressar com clareza como estas profissionais percebem o trabalho dedicado aos pais de crianças com cancro.

No relato de Howlett, um comentário sobre o arti-go de Romaniuk e Kristjanson(4), intitulado The parent-nurse relationship from the perspective of parents of children with cancer, ela apresenta um estudo de caso detalhado onde expõe sua prática como enfermeira na oncolo-gia pediátrica do St. Jude Children Research Hospital em Menphis, USA, juntamente com os comentários da mãe-cuidadora Casey e sua visão a respeito do trata-mento que recebeu da enfermeira. Este é um estudo valioso, não só para enfermeiros, como para os demais profissionais da equipe de saúde, inclusive médicos. Ele nos dá uma visão ampliada e aprofundada da es-treita relação que pode ser construída com o cuidador informal. O facto da enfermeira poder acompanhar e ser responsável por determinado caso até o fim do tratamento permite que se estreite a relação cuidador informal-profissional da equipe médica. A noção das necessidades de informação, de suporte psicológico e social, bem como o conhecimento dos sofrimentos vivido pelo cuidador informal permitiu à enfermeira alcançar o tratamento adequado para criança e mãe. As ligações telefónicas entre enfermeira e mãe permitiram um diagnóstico melhor definido de como a mãe estava lidando com a situação. O permanente contato com a mãe-cuidadora, seguido até dias após o fim do trata-mento, que no caso acabou sendo o cuidado paliativo dedicado à criança, refletiu a postura necessária para tratar e cuidar também do cuidador.

Os médicos assumem, em muitas situação, que mães e pais que se apresentam como insensíveis, apáticos ou irritados são pais descuidados com suas crianças. Porém, a equipe de saúde deveria perceber que pais com esses sintomas podem estar emocionalmente angustiados e, então, a equipe não pode hesitar em oferecer suporte psiquiátrico/psicológico(9-11).

2) Avaliação e tratamento dos pais de crianças com cancro pela equipe de saúdeNão há especificação na literatura pesquisada

quanto à formação profissional para avaliação e tra-tamento dos pais cuidadores de crianças com cancro sendo sempre caracterizados pela nomenclatura geral,

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a saber – profissionais de saúde(3,6,12-14). O que percebe-mos é que esta deveria ser uma preocupação de todas as categorias profissionais envolvidas no tratamento de crianças com cancro. Encontramos em nossa revisão de literatura que os cuidados com os pais são conduzidos por psicólogos, enfermeiros, sociólogos, assistentes so-ciais, médicos, epidemiologistas e outros, muitos destes possuidores de títulos de mestres, doutores e PhDs, ou não(2-4,6,7,11-13,15-17).

Este é um dado importante no que concerne ao cuidado dedicado aos pais cuidadores, pois mostra-se como uma preocupação diluída para toda a equipe de saúde. O estudo de Kazac e cols.(14) evidencia-nos que uma perspectiva focada no estresse pós-traumático pre-sente no tratamento de cancro dispõe aos times mul-tidisciplinares novas opções em termos de promover cuidados médicos pertinentes em relação ao trauma e intervenções psicossociais apropriadas às necessidades dos pacientes e seus familiares. Experiências relativa-mente comuns em alta tecnologia e conhecimentos médicos são frequentemente experienciados como traumatizantes pelos pais cuidadores. Apesar de serem considerados “rotina” pela equipe médica, é importan-te que profissionais de saúde permaneçam sensíveis às experiências dos pais e pacientes sobre esses eventos. Ainda segundo Kazac e cols.(14), o cuidado médico com informações sobre trauma pode ser integrado pronta-mente à rotina da equipe, como por exemplo, a inclu-são do protocolo D-E-F1 que induz os profissionais de saúde ao acesso da angústia, ao suporte emocional e às necessidades da família no que tange o estresse pós-traumático.

Outro problema está relacionado com a inclusão dos pais. De modo geral, pais e mães são incluídos in-distintamente, apesar de haver uma crescente evidência de diferenças em níveis de experiências ou no relato de depressão e ansiedade para pais e mães(5-7,16,18). Alguns estudos, no entanto, acessam o coping e conseqüências psicológicas para pais enfatizando o casal ou mais fre-qüentemente apenas as mães(19, 20).

O problema encarado por mães e pais varia porque eles encontram experiências diferentes no transcorrer

da doença e tratamento de seus filhos. Um exemplo está no facto de mães terem um envolvimento mais intenso com a criança doente e os pais terem maiores preocu-pações com as obrigações entre o trabalho e cuidados com a família(21). Finalmente, o que podemos analisar quanto à questão do profissional de saúde melhor indi-cado para a avaliação e o tratamento dos pais de crian-ças com cancro é que não há uma categoria específica. O assunto deve ser de conhecimento de toda a equipe multidisciplinar de saúde, afinal todos devem ser res-ponsáveis tanto pelo bem estar emocional das crianças como de seus pais. Esforços devem, no entanto, ser im-plementados na forma de avaliação e na reestruturação de uma metodologia de pesquisa que possa contribuir de forma genuína ao estudo dos aspectos psicossociais que acompanham os pais cuidadores.

3) Diferenças de género no cuidado dedicado aos pais ou mães cuidadoresEste categoria de análise foi incluída a posteriori por

estar presente nos estudos revisados e por apresentar su-gestões valiosas aos profissionais de saúde no que tange as diferenças de género que permeiam o cuidado dado pelo profissional à mãe ou ao pai da criança com cancro.

Apenas cinco artigos presentes nessa pesquisa apre-sentaram preocupações mais profundas sobre as dife-renças de gênero relacionadas ao estudo de pais e mães de crianças com cancro(5-7,15,16). A maioria dos estudos encontrados na literatura sobre a experiência dos pais de crianças com cancro se concentra em exemplos de mães e nas questões enfrentadas primeiramente por elas. Poucos estudos incluem a participação de ambos (pais e mães), mas ainda assim, o foco é a mãe e não o pai. O pai é estudado apenas superficialmente, como parâme-tro diferencial em relação aos problemas vividos pelas mães. Supõem-se que isto se deva ao facto das mães se-rem na imensa maioria dos casos, as cuidadoras primá-rias de suas crianças. Além disto, elas são mais acessíveis à participação nas pesquisas, e são consideradas as me-lhores informantes e conhecedoras da vida da criança(7).

O facto de ter uma criança com uma doença que pode levar à morte significa que a biografia das mães é também ameaçada e pode ser rompida, causando enor-me sentimento de perda e luto pela sua vida pregressa. Manter uma criança saudável é um componente cha-1Protocolo que habilita profissionais de saúde a acessar e avaliar angústias, suporte

emocional e necessidades familiares específicas ao stresse pós-traumático.

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ve no trabalho de ser mulher, o que pode ser julgado por elas mesmas e por outros. Muitas dessas mulheres se sentem implicadas ou únicas responsáveis pelo que aconteceu às suas crianças, o que é um fardo de culpa quase insuportável(16). Já em relação aos pais cuidadores e o papel social que assumem em relação as suas crian-ças com cancro, encontramos o artigo de Chesler e Par-ry(7) que apresenta estudo aprofundado nas diferenças de género e na construção da significação masculina e paternidade. Contrariamente aos outros estudos, Ches-ler e Parry(7) evitaram a comparação entre pais e mães cuidadores e partiram para a descoberta e o desenvol-vimento de estruturas que acabem por delinear os me-canismos pelos quais a experiência paterna em relação à criança com cancro é formadas pelo género. O que fica claro neste é o achado de que as imposições cultu-rais, sociais e psicológicas de género impedem de for-ma quase que absoluta o alcance de suporte psicossocial para os pais cuidadores. O suporte oferecido pela equi-pe médica gira quase que exclusivamente em torno da mãe. Também, o facto de a maioria dos profissionais da oncologia pediátrica serem do sexo feminino (como na educação, no serviço social, na enfermagem) apresenta impedimento à identificação mútua, natural e espontâ-nea decorrente das semelhanças de género. As informa-ções são, em geral, transmitidas às mães, que as repassam (nem sempre de forma correta) aos pais. Algumas mu-lheres apresentam resistências quanto às mudanças de papéis na rotina familiar, prejudicando a identidade de ambos e dificulta a reorganização necessária para me-lhor adaptação familiar.

4) Sugestões para que a instituição hospitalar e a equipe médica possam fornecer cuidadas adequadas aos pais de crianças com cancroNo decorrer desta pesquisa nota-se que a literatura

tende a caracterizar a adaptação dos pais à doença de algumas crianças como mal-ajustamento, ansiedade e angústia(9), mas tem feito pouco para iluminar o pro-cesso envolvido em como os pais vivem com a doença de suas crianças(11). Um acesso crítico e interpretativo poderia ajudar a promover insights quanto à natureza das experiências paternas, principalmente na intera-ção pais cuidadores-equipe de saúde. O facto de serem

pais ou mães de uma criança com cancro precisa ser re-caracterizado de forma a trazer o foco de atenção para as mudanças na identidade paterna ou materna e nas obrigações sociais que os posicionam diante do mundo médico, de modo que o trabalho emocional carregado pelos pais seja realçado para mostrar a impor-tância da supervisão da “paternagem ou maternagem” no caso em questão(16).

Na visão de Manne(2), a avaliação tradicional da an-gústia paterna deveria ser ampliada incluindo também a avaliação de respostas de estresse pós-traumático. Um trabalho de equipe para prevenir traumas emocionais futuros tanto nas crianças quanto em seus cuidadores é imperativo(22-24). Os pais deveriam ser avaliados roti-neiramente e deveriam ainda receber cuidado psicos-social com base em evidências, quando o caso aponta para sintomatologia de estresse pós-traumático. Dire-trizes para o manejo da angústia nos pacientes têm sido desenvolvidos pela National Comprehensive Cancer Network, porém estas diretrizes não incluem reco-mendações para o gerenciamento da angústia nos pais cuidadores. “Espera-se que no futuro novas diretrizes incluam a avaliação e o gerenciamento de respostas de angústia apresentadas pelos nossos pacientes invisíveis (os pais) na oncologia pediátrica”(2).

consideRações FinaisA conclusão que podemos obter após o estudo

apurado desses artigos é a necessidade de informação e treino direcionado a toda a equipe de saúde. O aspec-to presente em alguns dos artigos incluídos na pesqui-sa(6, 3,10) ressalta a necessidade da identificação do proces-so de incerteza, descontrole e mudança na qualidade de vida dos cuidadores informais. Quando a equipe está apta em reconhecer os comportamentos que sinalizam os problemas acima citados, a intervenção, seja qual for a proposta adotada, pode ter início imediato, indepen-dente do profissional envolvido no caso. Quando se verifica a presença de componentes mais específicos, os pais podem ser avaliados e encaminhados ao depar-tamento encarregado, o que requer da equipe o conhe-cimento dos instrumentos indicados para tal avaliação. Ainda no início do tratamento oncológico da criança e antes de comportamentos aversivos serem reforçados

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nos pais, a equipe de saúde deve estar apta a ajudar no manejo da angústia e dos sintomas de estresse, aumen-tado as chances da família em lidar de forma saudável com o desafio da doença(11).

Apesar da extensão dos assuntos incluídos nes-sa revisão, podendo cada um deles servir de ponto de partida para estudos posteriores, percebemos que a pes-quisa em relação aos pais e mães cuidadores tem evo-luído significativamente. O que falta, e fica claro nessa revisão, é a voz do profissional de saúde da oncologia pediátrica em se colocar perante a realidade que vive, podendo compartilhar suas percepções e vivências no contato com a família da criança com cancro e, ainda, avaliarem sua conduta de forma crítica, resultando daí mudanças e novas propostas de serviços oferecidos aos pais cuidadores informais e suas famílias.

A importância da equipe multidisciplinar é eviden-te. O compartilhar informações sobre os casos e princi-palmente o treinamento da equipe médica para agregar habilidades que ultrapassam suas formações académicas dá ao profissional recursos sólidos para que forneçam aos pais e mães a ajuda e o cuidado adequados, melhorando assim o cuidado geral dedicado à criança com cancro.

Para terminar gostaria de explicitar as possíveis falhas deste estudo. Apesar dos bancos de dados terem apontado um número de 524 artigos que continham as palavras utilizadas na busca, muitas destes incluíam outras doenças que não o cancro infantil, apresentando estudos sobre doenças crónicas em geral; outros apresentavam estudos sobre adolescentes e foram excluídos desta pes-quisa. E, ainda, era necessário que o estudo respondesse a pelo menos três das questões formuladas na metodo-logia. O número diminuto de artigos inseridos pode indicar a ausência de relatos da experiência profissional pessoal dos autores em relação ao tema aqui discutido.

O cancro é um ponto de força que exige mudan-ças profundas em todos os círculos de relacionamentos interpessoais implicados no seu tratamento: as relações familiares, sociais, religiosas, profissionais e políticas. Por possuir tal força, permitem, paradoxalmente, a refor-mulação dos valores, conceitos, comportamentos e mu-danças de atitude perante a vida(25). Segundo Chesler e Parry(7), o cancro infantil é uma experiência potencial-mente transformadora na vida dos pais, e a nosso ver

de todos os envolvidos, que desafia todos a adotarem novas identidades e/ou estilos de coping, requerendo novos papéis sociais e comportamentais, promovendo a oportunidade para novas e diferentes formas de relacio-namentos com as instituições e estruturas sociais.

BiBliografia1. Rezende, V., Derchain, S. & Botega, N. (2006) O impacto do cancro em cuidadores informais.

Boletim Eletrônico SBPO, retirado em 06/03/2006, http: //www.virtuotech. com.br/sbpo.2. Manne, S. (2005) Our invisible patients. Journal of Clinical Oncology, 23(30), 7375-7377. 3. Last, B. & Grootenhuis, M. (1998) Emotions, coping and the need for support in families of

children with cancer: a model for psychosocial care. Patient &ducation and Counceling, 33, 167-179.

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14. Kazac, A., Boeving, C., Alderfer, M., Huang, W. &Reilly,A. (2005) Psttraumatic stress symptoms during treatment in parents of children with cancer. Journal of Clinical Onchology, 23(30), 7405-7410.

15. Sloper, P. (2000) Predictors of distress in Parents of children with cancer: a prospective study. Journal of Pediatric Psychology, 25 (2), 79-91.

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20. Kohlsdorf, M. & Costa Junior, A L. (2008). Estratégias de enfrentamento de pais de crianças em tratamento de câncer. Estud. psicol. (Campinas) vol. 25, n.º 3.

21. Grootenhuis, M. A. & Last, B. F. (1997) Adjustment and coping by parents of children with cancer: a review of the literature. Support Care Cancer, 5, 466-484.

22. Delella, L. A. (2001). Sobrevivência de cancro na infância: uma investigação sobre a avaliação da desordem do estresse pós-traumático (PTSD) e as relações familiares. Dissertação de Mestrado. Universidade de Brasília, Brasília.

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artigo de investigação

este trabalho pretende responder à seguinte questão: que informação deve ser fornecida pelo en-fermeiro da unidade de enfermagem sobre a radioterapia e seus efeitos secundários aos pacientes que vão ser submetidos ao tratamento? Realizou-se um estudo de paradigma quantitativo, tipo exploratório descritivo. a amostra, não probabilística, de conveniência ou acidental foi constituída por 26 enfermeiros da área da presta-ção de cuidados, que voluntariamente participaram no estudo. O instrumento de colheita de dados foi um questionário. conclui-se que a informação actualmente fornecida ao paciente é insuficiente. Mais e melhor in-formação ajudaria o paciente a compreender o tratamento de Radioterapia, sendo os enfermeiros responsáveis pela informação e ensino.

Palavras-chave: Radioterapia, efeitos secundários da radioterapia, cuidados de enfermagem, ensinos ao paciente

The aim of this study was to answer the following question: “what’s the information about radiothe-rapy and its secondary effects that the nurse should give to the patient who will be submitted to this kind of treatment?”A descriptive-exploratory study with a quantitative approach was developed. The convenience sample (non-probabilistic) was made of 26 health care nurses, who voluntary take part in this study. A struc-tured questionnaire was used to collect data.In conclusion, the information actually given to the patient is insufficient. More and better informa-tion will help the patient to understand the radiotherapy treatment, in which the nurses are responsi-ble for informing and training the patients.

KeyWords: Radiotherapy, secondary effects of radiotherapy, health care, patient training

que infOrmaçãO deve ser fOrneCida PelOs enfermeirOsaos Pacientes sobre a radioteraPia e seus efeitos secundários

recebido: janeiro 2009; aprovado: maio 2009; Publicado online: novembro 2009

Maria Mercedes Gudiño AguileraEnfermeira, Cirurgia Oncológica da Cabeça e Pescoço/OtorrinolaringologiaInstituto Português de Oncologia de Lisboa Francisco Gentil

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intRoduçãoA Radioterapia é uma das formas de tratamento do

cancro (loco-regional), e tem como objectivo a cura, a remissão, a profilaxia ou a paliação do tumor. Pode ser indicada de forma exclusiva ou associada a outros mé-todos terapêuticos, como Cirurgia ou Quimioterapia, entre outras formas de tratamento.

Quando se aborda a doença oncológica na área de cabeça e pescoço, incluindo Otorrinolaringologia (ORL), os tratamentos mais eficazes, neste momento, são a Cirurgia e a Radioterapia, que geralmente são re-alizados de forma combinada, podendo a Radioterapia ser antes ou depois da Cirurgia.

Os efeitos secundários decorrentes do tratamento de Radioterapia podem afectar o estado geral do pa-ciente, como reacções na pele (dermatite), fadiga e ano-rexia. Existem, no entanto, outros que são específicos da área irradiada ou da área exposta ao tratamento.

O problema deste estudo é a falta de informação adequada que os pacientes recebem dos enfermeiros sobre a Radioterapia, impossibilitando desta forma que possam, por si, procurar os recursos necessários para a sua adaptação à nova condição de vida e desconhe-cendo, na maioria dos casos, a forma correcta de actuar perante o aparecimento dos efeitos secundários decor-rentes do tratamento.

Desta forma, os pacientes só conhecem a verdadei-ra realidade do tratamento e seus efeitos quando o estão a realizar, sem que na maioria dos casos tenham tem-po a uma adequada adaptação. A tudo isto acresce uma grande ansiedade perante o desconhecido, assim como a vivência da doença em si.

No serviço onde este estudo se realizou, verifica-se que os pacientes que irão ou estão a realizar Radiotera-pia têm muitas dúvidas e medos, questionando perma-nentemente os enfermeiros sobre os prováveis efeitos secundários do tratamento de Radioterapia. Como en-fermeiros poderemos ajudar na clarificação das ideias erradas e proporcionar informação útil e correcta sobre a natureza da Radioterapia, assim como no respeitante aos efeitos secundários decorrentes do tratamento e a forma de actuar perante estes.

Com este estudo pretendeu-se responder à seguin-te questão:

Que informação deve ser fornecida pelo enfer-meiro do Serviço de Cirurgia da Cabeça e Pescoço/ Otorrinolaringologia (SCCP/ORL) sobre a Radiote-rapia e seus efeitos secundários aos pacientes que vão ser submetidos ao tratamento?

Para tal, foi definido como objectivo do estudo:Conhecer a opinião dos enfermeiros do SCCP/

ORL sobre a informação que deve ser fornecida aos pacientes que vão ser submetidos a Radioterapia, no-meadamente no que respeita ao tratamento e seus efei-tos secundários.

enQuadRaMento teÓRicoSegundo o Instituto Nacional De Cáncer (INCA)1,

define-se Radioterapia como sendo o uso controlado de radiações ionizantes para fins terapêuticos, princi-palmente de neoplasias malignas. As radiações dizem-se ionizantes por levarem à formação de iões nos meios sobre os quais incidem, induzindo modificações mais ou menos importantes nas moléculas nativas.

A finalidade do tratamento da Radioterapia pode ser dividido em: Radioterapia Curativa, Radioterapia Paliativa e Radioterapia Sintomática ou de Urgência.

O autor Otto, S. E.2 retrata como efeitos secundá-rios gerais: dermatite, fadiga e anorexia.

Os efeitos secundários da radiação na área de cabe-ça e pescoço podem dividir-se em dois grupos, segundo o momento da incidência: agudos e tardios. Os efeitos secundários imediatos ou agudos aparecem 2 a 3 sema-nas após o início do tratamento, prolongando-se até 3 a 4 semanas após este ter terminado. São principalmen-te: mucosite oral, infecções e disfunção do gosto. Os efeitos secundários tardios aparecem 4 a 6 meses após o fim do tratamento, sendo independentes dos efeitos imediatos e do local irradiado. Destacam: cáries, necro-se dos tecidos, disfunção mandibular e xerostomia.

No quadro 1 são expostos os diferentes efeitos mencionados, acompanhados duma breve explicação. (Quadro 1)

A Radioterapia produz, além dos efeitos físicos, al-gumas repercussões psicoemocionais e sociais. Segundo Murad e Katz in Espadinha4 “As reacções psicológicas mais comuns são o aumento de ansiedade e dos medos, sendo as suas possíveis causas: as crenças e mitos sobre

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Quadro 1 – efeitos secundários Físicos da Radioterapia (com base em Otto, s.e.2, national cancer institute 3 )

• Dermatite: As reacções da pele da área irradiada são normais e esperadas. O eritemada pele pode variar de moderado a cor-de-rosa, de claro a escuro. Pode observar-seainda maior sensibilidade na pele e edema moderado.• Fadiga: A sua etiologia é pouco clara. A fadiga pode resultar da lesão por tumor, queliberta derivados na corrente sanguínea. A fadiga pode persistir semanas após terminaro tratamento de Radioterapia.• Anorexia: no caso dos tumores de cabeça e pescoço, os efeitos secundários produzidospela Radioterapia, como mucosite, xerostomia, hipogeusia e disfagia podem contribuirpara a perda de apetite.

• Mucosite oral: A mucosite é definida como uma irritação da mucosa. duraaproximadamente de 6 a 8 semanas e descreve uma reacção inflamatória aos fármacosquimioterapêuticos ou à irradiação ionizante, manifestada por eritema ou ulceraçõesque podem acentuar-se por factores locais. A estomatite refere-se a qualquer transtornoinflamatório dos tecidos orais, inclusive a mucosa, dentição e periodonto.• Infecções: A candidíase é a infecção clínica mais comum da orofaringe dos clientessubmetidos a Radioterapia. esta candidíase pode exacerbar os sintomas da mucositeorofaríngea.• Disfunção do gosto: com a exposição da mucosa oral e faríngea à irradiação, osreceptores do gosto ficam danificados e a sensibilidade do gosto torna-se cada vez maiscomprometida. A redução do sentido do gosto pode-se manifestar já na 2ª semana dotratamento. em termos gerais levará mais de 6 a 8 semanas após a conclusão daRadioterapia para que os receptores do gosto recuperam a sua funcionalidade. comdosagens elevadas pode produzir-se à perda definitiva do gosto.

• Cáries: O enorme aumento da actividade carigénica durante a radioterapia é o resultadoda grande deslocação do pH salivar para valores inferiores a 7, com a acompanhanteredução da capacidade de tamponamento devido a alterações electrolíticas.• Necrose dos tecidos: A necrose e a infecção secundária dos tecidos previamenteirradiados são uma complicação grave. A necrose dos tecidos moles começa com umaruptura ulcerativa na superfície da mucosa, podendo-se estender em diâmetro eprofundidade. Quando a necrose afecta o tecido ósseo e este é incapaz de reparar-sepode ocorrer uma fractura patológica.• Disfunção mandibular: Podem desenvolver-se síndromes musculoesqueléticossecundárias à irradiação e cirurgia. As lesões implicam fibroses dos tecidos moles,descontinuidade mandibular induzida pela cirurgia e hábitos relacionados com a tensãoemocional causada pelo cancro e o seu tratamento.• Xerostomia: A xerostomia induzida pela radiação é um sintoma causado peladiminuição do fluxo salivar, secundário ao tratamento da Radioterapia das glândulassalivares e afecta em maior ou menor grau a totalidade dos clientes irradiados na áreade cabeça e pescoço. Só manisfesta quando o fluxo salivar se reduz a 50% do normal.A diminuição de saliva produz sintomas na cavidade oral, como dificuldade na fala, dorna deglutição, assim como aumento do risco de infecção.

EFEITOS SECUNDÁRIOSGERAIS

EFEITOS SECUNDÁRIOSESPECÍFICOS IMEDIATOS

EFEITOS SECUNDÁRIOSESPECÍFICOS TARDIOS

a Radioterapia, a falta de informação adequada ao tra-tamento”.

Além de abordados os temas referentes a Radio-terapia e efeitos secundários daí decorrentes, focou-se igualmente a atenção na importância da informação a prestar ao paciente em geral e ao paciente oncológico em particular. A finalidade da comunicação terapêutica é obter uma resposta na prática, da qual o enfermeiro

comunica com os pacientes, com a intenção de iniciar mudanças nas condutas, quer sejam de carácter preven-tivo ou curativo. O importante é que seja eficaz, de for-ma a conseguir a resposta esperada. Corney5, afirma que:

“A incerteza e a ignorância mais do que a alegria causam frequentemente ansiedade. As pessoas precisam de ter certezas sobre a situação e, para tal, podem exigir mais informações. Sobretudo os pacientes necessitam interpretar o que se passa,

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de forma a sentir que controlam, tanto quanto possível, as suas vidas…a fim de evitar que os cuidados de saúde se tornem assustadores e insuportáveis, é essencial que as pes-soas sejam informadas do que se passa e do que vai passar-se…”.

Assim sendo, a função de informação e ensino ao paciente é muito importante; o papel do enfermeiro torna-se primordial para a prevenção e tratamento de efeitos como mucosites e radiodermite.

Sabendo que a maioria dos pacientes que vão ser submetidos a Radioterapia nunca ouviram falar sobre o tratamento, que já estão demasiado assustados pelo estigma da doença da qual padecem (“Cancro”) e que quando começam a constatar que vão receber um tratamento bastante agressivo sobre a área do corpo irradiada é natural o desconforto, a ansiedade, a des-confiança e o medo, Slevin in Corney5 refere:

“A informação é um dos melhores meios de ajudar as pessoas a reagirem à sua nova situação e ao sentimento de descontrolo. A necessidade que os doentes sentem de infor-mação difere de uns para os outros, mas a maioria precisa de informação geral sobre o que é o cancro, em que medida o seu os afecta e qual é o tratamento adequado. Mesmo que nenhum dos tratamentos padronizados, como a cirurgia, a radioterapia ou a quimioterapia, sejam os mais indicados para o doente, esta informação é uma ajuda significativa a nível emocional porque lhe dá a sensação de controlar a sua vida”.

Tendo as pessoas o direito à informação e rece-bendo esta de forma atempada poder-se-ia conseguir a diminuição da ansiedade no paciente frente à sua nova situação, possibilitando-lhe estabelecer estraté-gias de actuação perante o aparecimento de efeitos secundários decorrentes do tratamento, gerando-lhe uma sensação de controlo sobre a sua vida.

O papel do enfermeiro é informar, apoiar e cuidar destes pacientes, e de acordo com Regateiro6:

“Apesar de não actuar de forma directa na realização do tratamento por Radioterapia, o enfermeiro desempenha um papel muito importante junto do paciente e família. Este papel manifesta-se principalmente a nível da informação e ensino, suporte emocional e despiste de efeitos secundários decorrentes da Radioterapia e actuação perante estes (…). A Radioterapia ocorre num contexto, não é um evento iso-

lado e o seu impacto deverá ser compreendido dentro de toda a experiência do cancro ou da trajectória do tratamento pelo que não podemos reduzir o indivíduo que necessita dos nossos cuidados simplesmente a uma pessoa que esta a ser submetida a Radioterapia”.

O tratamento de Radioterapia coloca o paciente e a família perante uma doença crónica como é o can-cro. É oportuno destacar Benner P.7, com algo que não pode ser esquecido: “Se já é preciso ser muito competente para educar alguém quando as condições são boas, torna-se muito mais delicado quando se trata de um paciente que tem medo”.

Assim, o enfermeiro, numa primeira fase, tem que planear todas as suas actividades com o paciente/fa-mília para desmistificar e esclarecer toda a informação necessária sobre a Radioterapia e o cancro para que o paciente aceite o tratamento.

Numa fase mais avançada, em que o paciente já se encontra a fazer o tratamento, as actividades de enfer-magem deverão estar mais dirigidas às necessidades ma-nifestadas pelo paciente, na sequência do aparecimento dos efeitos secundários causados pela Radioterapia.

Numa terceira fase, quando o paciente terminou o tratamento, as actividades de enfermagem deverão ser orientadas para a máxima recuperação do paciente.

A pesquisa bibliográfica também se centrou nos cuidados a ter perante o aparecimento dos efeitos se-cundários da Radioterapia, os ensinos que os enfermei-ros devem fazer, formando parte do enquadramento teórico.

A última parte do enquadramento teórico refere a competência do enfermeiro. Segundo o documento de trabalho “Padrões de Qualidade dos Cuidados de En-fermagem”, emitido pela Ordem dos Enfermeiros em Dezembro de 20018:

“O exercício profissional da enfermagem centra-se na re-lação interpessoal entre um enfermeiro e uma pessoa ou entre um enfermeiro e um grupo de pessoas (família ou comuni-dade) (...). Os cuidados de enfermagem tomam por foco de atenção a promoção dos projectos de saúde que cada pessoa vive e persegue. Neste contexto, procura-se ao longo de todo o ciclo vital prevenir a doença e promover os processos de re-adaptação, procura-se a satisfação das necessidades humanas fundamentais e a máxima independência na realização das

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actividades da vida, procura-se a adaptação funcional dos de-ficit e adaptação a múltiplos factores – frequentemente através de processos de aprendizagem do paciente.”

Apesar de não actuar de forma directa na realização do tratamento por Radioterapia, o enfermeiro desem-penha um papel muito importante junto do paciente e família. Assim, do ponto de vista de um serviço de cirurgia como o SCCP/ORL, e pelo tipo de pacien-tes admitidos e tratados, as competências de enferma-gem em relação ao tratamento do paciente submetido a Radioterapia englobam: explicar as reacções físicas e psicológicas dos efeitos esperados da Radioterapia e avaliar os seus efeitos secundários.

MetodoloGia do estudoTrata-se de um estudo exploratório e descritivo de

paradigma quantitativo. O meio onde se desenvolveu este trabalho foi um serviço de cirurgia oncológica.

A população alva foi constituída pela totalidade dos enfermeiros que exerciam funções no SCCP/ORL, que compreende 35 indivíduos.

As dimensões definidas foram: Radioterapia; Per-curso do paciente; Efeitos secundários imediatos e tar-dios; Efeitos psicológicos; Ensino para a prevenção dos efeitos secundários e Informar.

Caracterização da amostraA amostra do estudo foi não probabilística aciden-

tal ou de conveniência, constituída por 26 enfermeiros que se encontravam a exercer funções no SCCP/ORL durante o período de aplicação do instrumento de co-lheita de dados e que cumpriam os critérios de inclusão definidos para o estudo.

Em relação à caracterização da amostra, segundo as variáveis de atributo e variáveis independentes, existe predominância do sexo feminino com 80,8% do total. A amostra tem uma idade compreendida entre os 23 e os 36 anos (média de 26, 8 anos).

Destaca-se que 80,8% da amostra possui o curso de Licenciatura em Enfermagem. Em relação a formação específica na área de oncologia, só 23% dos inquiridos afirmaram que tiveram formação nesta área.

O tempo de exercício profissional situa-se entre 1 e 10 anos, coincidente com a experiência profissional no SCCC/ORL.

ProcedimentosO instrumento de colheita de dados utilizado foi

um questionário.A colheita de dados foi realizada no período com-

preendido entre os dias 22 de Maio e 1 de Junho de 2007.Os princípios éticos foram respeitados ao longo de

todo o estudo.

Resultados e conclusõesOs resultados obtidos, após análise das questões

referentes à variável dependente, são apresentados nas tabelas 1 e 2, agrupados pelas respectivas dimensões.

Da aplicação do questionário, após a análise das questões referentes à variável dependente, os resultados mais importantes são em seguida devidamente desta-cados.

Começando pela questão 1 (Q. 1), não houve una-nimidade nas respostas entre os elementos da amos-tra. Chegou-se à conclusão que, devido ao facto de a SCCP/ORL não possuir qualquer protocolo nem informação em relação à temática da Radioterapia, a informação fornecida ao paciente depende de cada profissional, dos seus conhecimentos, da sua disponi-bilidade. Será este o motivo que seguramente justifica a diferença de opinião nesta questão, cada enfermeiro vê o processo de informar consoante a sua realidade pessoal. Salienta-se no entanto que, para a maioria da amostra, a informação fornecida ao paciente que vai ser submetido a Radioterapia é insuficiente. Mas apesar disto, tal como se constata pela análise à Q. 5, para a esmagadora maioria dos enfermeiros da SCCP/ORL, é importante a função de informar o paciente sobre a Radioterapia.

Em relação às respostas à Q. 6 (Tabela 1), a amostra concorda que a informação vai permitir ao paciente di-minuir a ansiedade, pois estamos a esclarecer-lhe o que vai acontecer ao longo do tratamento por Radiotera-pia, dando-lhe tempo para que adopte mecanismos de defesa. A concordância da amostra nas respostas à Q. 7 e Q. 14 (Tabela 1), vêm reforçar ainda mais a importância da informação em todo o processo de tratamento. Este resultado é concordante com Slevin in Corney5.

Na Q. 3 (Tabela 1), a amostra concorda ou con-corda totalmente com a afirmação. Claro que, se a in-

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DiMensÃO QuestÃOcOncORDO

tOtalMente/cOncORDO

DiscORDO tOtalMente/

DiscORDOseM OPiniÃO

RaDiOteRaPia

Q. 1 – a informação fornecida ao paciente no sccP/ORl, que vai ser submetido a Radioterapia é insuficiente.

76,9% 23,1% -

Q. 5 – Para o enfermeiro do sccP/ORl é importante esclarecer o paciente sobre o que é a Radioterapia. 92,2% - 7,7%

PeRcuRsO DO Paciente nO tRataMentO

Q. 6 – Dar conhecimento ao paciente sobre o percurso a realizar durante todo o processo de tratamento de Radioterapia diminui a sua ansiedade.

100% -

eFeitOs secunDÁRiOs iMeDiatOs e taRDiOs

Q. 3 – a informação fornecida pelos enfermeiros contribui para a diminuição dos efeitos secundários consequentes do tratamento por Radioterapia.

88,5% - 11,5%

Q. 7 – a informação fornecida pelos enfermeiros contribui para a diminuição dos efeitos secundários consequentes do tratamento por Radioterapia.

88,5% 7,7% 3,8%

Q. 13 – O enfermeiro tem um papel fundamental na promoção de uma adequada higiene oral e cuidado da boca, a qual pode evitar a aparição de mucosite, infecções ou cáries.

92,3% - 7,7%

eFeitOs PsicOlÓGicOsQ. 14 – O desconhecimento sobre a Radioterapia e seus efeitos secundários causam ao paciente sentimentos de ansiedade e medo.

96,8% - 3,8%

tabela 1 - Principais resultados obtidos nas dimensões “Radioterapia”, “Percurso do Paciente no tratamento”, “efeitos secundários imediatos e tardios” e “efeitos Psicológicos”.

formação fornecida ao paciente tem como objectivo a prevenção, esta contribuirá para que estes indivíduos adoptem os comportamentos adequados de forma a contribuir para uma menor incidência de efeitos se-cundários. As pessoas necessitam de dispor de informa-ções sobre aquilo que se passa e aquilo que se vai passar, aumentando desta forma a sensação de controlo sobre as suas vidas.

A análise das respostas à Q.13 (Tabela 1), vai de en-contro ao exposto pelo autor Regateiro6. Por isso, es-pera-se que uma melhor e mais adequada informação resultará não só numa maior aderência do paciente ao tratamento como também numa melhor prevenção e cuidado dos efeitos secundários.

Em relação à Q. 8 (Tabela 2), conclui-se que os enfermeiros da SCCP/ORL estão conscientes que ensinar é uma das funções dos profissionais de Enfer-magem, quer na prestação de cuidados em geral, como mais especificamente nos pacientes submetidos a Ra-dioterapia.

Igualmente, na análise à Q.16 (Tabela 2), confir-ma-se que os enfermeiros concordam que informar é competência de Enfermagem. Nesta questão, um elemento da amostra não expressou opinião sobre se informar é competência de enfermagem, embora isto esteja definido no Código Deontológico de enferma-gem, no seu artigo 849. Torna-se claro que a amostra está consciente que são os enfermeiros os responsáveis

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OncO.news > [OutOnO 2009]22

DiMensÃO QuestÃOcOncORDO

tOtalMente/cOncORDO

DiscORDO tOtalMente/

DiscORDOseM OPiniÃO

ensinO PaRa a PReVenÇÃO DOs eFeitOs secunDÁRiOs

Q. 8 – compete ao enfermeiro fazer ensino ao paciente afim de prevenir o aparecimento dos efeitos secundários durante e após a realização do tratamento por Radioterapia.

92,3% - 7,7%

Q. 9 – a dermatite pode evoluir a ulcerações e inclusive a necroses, cujo tratamento adequado e atempado poderá ajudar a evitar.

100% - -

Q. 11 – a pele da área irradiada fica fragilizada e vai precisar de cuidados especiais. 100% - -

Q. 12 – a Radioterapia é frequentemente causa de fadiga e outros transtornos. 96,2% - 3,8%

Q. 15 – Quanto mais e melhor informação o paciente tiver, mais e melhor colaboração podemos esperar dele.

96,2% 3,8% -

cOMPetÊncia De inFORMaR

Q. 2 – O papel do enfermeiro é informar, apoiar e cuidar o paciente que vai ser submetido a Radioterapia.

100% - -

Q. 4 – O processo de informar o paciente sobre os efeitos secundários decorrentes do tratamento por Radioterapia é fácil.

50% 42,3% 7,7%

Q. 10 – alterações como: mucosite oral, infecções ou disfunção do gosto, são resultantes do tratamento de Radioterapia, sobre quais o enfermeiro deverá informar o paciente.

96,2% - 3,8%

Q. 16 – informar o paciente é uma das competências do profissional de enfermagem. 96,2% - 3,8%

tabela 2 – Principais resultados obtidos nas dimensões “ensino para a Prevenção dos efeitos secundário”s e “competência de informar”.

por dar a informação e o ensino adequado aos pacien-tes que vão ser submetidos a Radioterapia.

Em relação à Q. 4 (Tabela 2), é importante destacar que é a questão que mais diversidade de respostas teve no questionário aplicado. Se bem que é verdade que informar é função do enfermeiro, por outro lado não existe qualquer documento disponível que especifique se este processo é fácil ou difícil. É por isso uma questão subjectiva, dependendo de vários factores, como em qualquer outro processo de comunicação, o processo de informar não só depende da pessoa que informa,

como também do receptor, neste caso do paciente, e seu respectivo estado. Por todos é sabido que o processo de doença afecta cada pessoa de uma forma diferente, dependendo dos recursos que cada um possui para en-frentar e adaptar-se à sua nova situação. Conclui-se que a informação, apesar de ser insuficiente, é crucial para a adaptação do paciente à nova fase da sua vida.

A questão final do questionário: “Na sua opinião um folheto ajudaria o paciente a entender melhor o tratamento da Radioterapia?”, conduz a uma questão aberta, onde se requer ao inquirido que indique as in-

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OncO.news > anO iii ∙ n.º 10 ∙ jul-set 2009 23

formações que deverão constar num folheto a entregar aos pacientes que vão ser submetidos a radioterapia. A esta questão, 100% dos enfermeiros da amostra con-siderou que informação escrita ajudaria o paciente a entender melhor o processo da Radioterapia. A infor-mação por escrito é uma forma de garantir ao paciente um mínimo de informação, transmitido de forma es-tandardizada. Permite igualmente que a pessoa e res-pectiva família possam ler e assimilar ensinamentos de acordo com as características e capacidades de cada um. A partir de um suporte escrito reduzem-se ao mínimo más interpretações ou compreensões incorrectas da mensagem que se pretende transmitir.

Da análise à questão aberta, relativa ao conteúdo do folheto informativo a fornecer ao paciente que vai ser submetido a Radioterapia, para a população deste estu-do seria importante mencionar os seguintes aspectos:

Informação sobre a Radioterapia, abordando a de-•finição, finalidade e as vantagens e desvantagens;Realização da Radioterapia, destacando-se o pla-•neamento, a duração, o tratamento em si e a estadia durante o tratamento;Efeitos secundários;•Cuidados a ter na prevenção e no tratamento dos •efeitos secundários;Informações complementares relacionados com o •Serviço de Radioterapia, profissionais envolvidos, contactos telefónicos, informação sobre o envolvi-mento da sua família e a qualidade da informação.Constata-se que a opinião dos enfermeiros partici-

pantes no estudo é em geral coincidente com as áreas abordadas no enquadramento teórico. Estas são consi-deradas pela maioria da bibliografia consultada, as mais relevantes no decurso do paciente que vai ser submeti-do a Radioterapia.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS[1] Instituto Nacional de Câncer (2007). Radioterapia. Obtido de

Instituto Nacional de Câncer: www.inca.gov.br/conteudo_view.asp?id=483

[2] Otto, S. E. (2000). Enfermagem em Oncologia (3ª ed.) Lisboa: Lusociência.

[3] National Cancer Institute. (2005). Complicaciones orales de la quimioterapia y la radioterapia a la cabeza y cuella (PDQ®). Obtido de Cancer.gov: www.cancer.gov/espanol/pdq/cuidados-medicos-apoyo/complicaorales.htm

[4] Nicolau Espadinha, A. M. (2000). Contribuição dos factores psicológicos e de personalidade no ajustamento emocional e na qualidade de vida do paciente oncológico em tratamento de Radioterapia. Dissertação do Mestrado, Universidade Aberta , pp. 40-57.

[5] Corney, R., & al], [ (2000). O desenvolvimento das perícias de comunicação e aconselhamento em medicina. (2ª ed.). Lisboa: Climepsi Editores, pp. 4 8,104.

[6] Regateiro, F. J., & al], [. (2004). Enfermagem Oncológica (1ª ed.). Coimbra: Sinais Vitais, pp.75-76.

[7] Benner, P (2001). De iniciado a perito (2ª ed.). Quarteto.[8] Ordem dos Enfermeiros. (2001). Padrões de Qualidade dos

Cuidados de Enfermagem: Enquadramento Conceptual; Enunciados descritivos. Conselho de Enfermagem.

[9] Código Deontológico DL 104/98 Art.º 84.

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OncO.news > [OutOnO 2009]24

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reunião workgroups: 7 novembro 2009, coimbra

Face à necessidade de fomentar a investigação e a actividade dos enfer-meiros que trabalham em Oncologia nas suas diferentes especificidades e atendendo aos recentes avanços cien-tíficos que cada especialidade onco-lógica verifica, a AEOP criou grupos de trabalho específicos, identificados como Workgroups, com os seguin-tes objectivos:

1. Promover a discussão entre os enfermeiros em cada área específica do saber;

2. Promover a investigação em enfermagem oncológica dirigida para a prática clínica;

3. Fomentar actividades científi-cas específicas numa perspectiva na-cional, com as diversas unidades de oncologia dos diferentes hospitais.

No dia 7 Novembro decorreu em Coimbra, no Hotel Tryp Meliá, a 1ª Reunião interdisciplinar onde esti-veram 40 enfermeiros representativos dos vários grupos de trabalho: Educa-ção para a Saúde, Cancro da Cabeça e Pescoço, Cancro do Pulmão, Cancro da Mama e Cancro Digestivo. Desta reunião saíram linhas de orientação re-lativamente a actividades comuns que possam ser promovidas pela AEOP nas actividades científicas futuras.

programa de formação ii

No dia 27 Novembro decorre em Lisboa a segunda parte da Forma-ção intitulada “Programa de Treino para Investigação em Ensaios clínicos” abordando-se a temática FarmacoE-

conomia & BioEstatística dirigida a Enfermeiros com experiência e com interesse em ensaios clínicos. Com este programa, apoiado pela Pfizer, a AEOP contribui para uma maior formação nesta aérea do saber em que, cada vez mais, o Enfermeiro tem uma maior intervenção no sucesso e na qualidade da implementação dos ensaios clínicos nas diferentes unida-des de oncologia hospitalares. Estarão presentes 30 enfermeiros, sendo que a avaliação desta actividade é bastan-te positiva abrindo-se a possibilidade para futuras formações nesta área.

publicação de livro infantil

“Uma cor-rida marada: na conquista de uma alimenta-ção saudável” é uma história infantil contada por profissionais de saúde com o objectivo de in-

centivar as crianças para a aquisição de hábitos alimentares saudáveis, de forma a prevenir doenças, tais como: obesidade, diabetes, hipertensão arte-rial, doenças cardiovasculares, cancro, entre outros.

Recomendada pela AEOP (As-sociação de Enfermagem Oncológi-ca Portuguesa), APECSP (Associação Portuguesa de Enfermeiros de Cuida-dos de Saúde Primários), europacolon Portugal (Associação de Luta contra o Cancro do Intestino) e Ordem dos Enfermeiros, esta história possui ain-da uma “Nota aos Pais” efectuada por uma nutricionista e “Os dez manda-mentos para uma alimentação saudá-vel”. Pode encomendar este livro em [email protected].

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OncO.news > anO iii ∙ n.º 10 ∙ jul-set 2009 25

5º simpósio nacional de cancro digestivo: aeop esteve presente com programa científico

Nos passados dias 15 a 17 de Ou-tubro, decorreu o 5º Simpósio Nacio-nal de Cancro Digestivo, no Hotel São Rafael Beach Hotel, em Albufeira.

A AEOP esteve presente com apoio científico e com um programa específico no dia 16 Outubro. Estive-ram presentes muitos colegas ligados directamente à oncologia.

Decorreu um Workshop sobre “O doente com cancro gástrico no processo de tratamento”, onde parti-ciparam diversos colegas de diferentes realidades oncológicas nacionais e cujas conclusões serão tratadas e pu-blicadas como Linhas de Consenso so-bre a intervenção da enfermagem no doente com cancro gástrico, desde o diagnóstico até à alta hospitalar assim como o apoio após alta.

Foi mais uma actividade organi-zada pela AEOP que vai de encontro aos seus objectivos: promover a dis-cussão, criar consensos de tratamen-to e de intervenção da enfermagem

em contextos específicos e publicar nos nossos canais próprios de forma a permitir o livre acesso da informação a todos os profissionais e pessoas que nos queiram visitar pela Net ou pela nossa revista científica.

Pensamos no futuro, em outros eventos, continuar a promover estas discussões de trabalho por áreas espe-cíficas.

publicação on-line: “ administração de quimioterapia oral no cancro da mama: linhas de consenso para uma melhor estratégia”

Com todas as questões colocadas que envolvem a adesão do doente à terapêutica oral citostática, os enfer-meiros devem desenvolver mecanis-mos e estratégias de ajuda aos doen-tes com vista a minimizar problemas, contribuindo assim para uma boa ges-tão da adesão terapêutica, promoção da segurança e avaliação dos efeitos secundários. A educação do doente e o ensino passam por estratégias espe-cíficas e adaptadas a cada situação.

Foi baseado nestas premissas que decorreu o Workshop sobre a temá-tica da “Adesão à terapêutica oral nas doentes com Cancro da Mama”, pro-movido pela AEOP, durante a Reu-nião de Oncologia da Primavera, no passado mês de Março, em Évora, cuja discussão alargada pelos diferentes en-fermeiros presentes permitiu produzir um conjunto de informação específica e importante a qual já está disponível no nosso site em www.aeop.net.

Pensamos, assim, contribuir para um maior esclarecimento e discussão desta temática junto dos nossos co-legas que trabalham especificamente com estes doentes.

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OncO.news > [OutOnO 2009]26

Emese induzida por drogas ci-totóxicas é um dos principais efeitos colaterais dos tratamentos antineoplá-sicos. Com o aumento do uso de qui-mioterapia, o controle deste sintoma é um importante foco na meta de via-bilizar o melhor tratamento possível com o menor impacto na qualidade de vida.

Náuseas e vómitos podem resul-tar em sérios distúrbios metabólicos, desnutrição e anorexia, alteração do estado físico e mental dos pacientes, úlceras esofágicas, deiscência de fe-ridas e, eventualmente, suspensão de tratamentos antineoplásicos poten-cialmente úteis e curativos. Felizmen-te, o progresso nesta área foi impres-sionante nas últimas décadas, muito disso graças ao melhor entendimento da fisiopatologia da náusea e vómito (CINV). Náusea ocorre com maior frequência do que vómitos (V), mas é mais difícil de tratar. O sucesso no manejo de um é fortemente correla-cionado ao do outro. Estima-se que aproximadamente 70% dos pacientes que serão submetidos à quimioterapia (QT) apresentarão CINV.

Por outro lado, a incidência das náuseas e vómitos em doentes a rea-lizar quimioterapia está relacionada com o potencial emético das drogas administradas.

O conhecimento do potencial emético das drogas e das características

desse efeito relativamente ao seu pico e intervalo de ocorrência é importan-te para os cuidados de enfermagem. O controlo das náuseas e vómitos é imprevisível para cada indivíduo, daí a necessidade de os tratamentos serem individualizados e adaptados a cada doente.

Num estudo desenvolvido recen-temente, obtiveram-se respostas que indicam não haver diferença entre a presença de náusea aguda e tardia. Exis-tem, no entanto, mais respostas positi-vas para vómitos tardios do que agudos.

Torna-se assim, fundamental, uma avaliação objectiva para identifi-car as causas e factores desencadeantes do fenómeno emético.

Neste sentido, a AEOP lança um estudo observacional prospectivo na-cional de avaliação da Náusea e Vómi-to, denominado POSER (Portuguese Observational Study of Emetic Risk) assente nos seguintes objectivos e me-todologia:

ObjectivosAvaliação da Intensidade da Náu-•sea e Vómito imediato e tardio nos doentes submetidos a QT de mo-derado e alto potencial emético;

estudo PoseR:Portuguese Observational study of emetic Risk

Avaliação da Qualidade de Vida •do doente com experiência de emese.

Metodologia a utilizarInício do estudo a Janeiro de •2010, num total de 12 meses de recrutamento.Doentes a fazerem quimiotera-•pia alta e moderadamente eme-tizante (segundo as guidelines da MASCC) nas seguintes patolo-gias: Cancro da Mama; Cancro Colorectal; Cancro Gástrico; Cancro da Cabeça e Pescoço, Cancro do Pulmão e Tumores Hematológicos.Recrutamento competitivo •numa amostra prevista de 200 doentes.Admissão de 10 centros que pri-•meiro conseguirem a autorização institucional.

Está agendada uma primeira Reunião de Investigadores para apre-sentação do estudo em Dezembro de 2009, em Coimbra.

Este estudo tem o apoio exclusi-vo da Medicamenta e o tratamento de dados e acompanhamento do mesmo será da responsabilidade da Keypoint.

Em futuros números da Onco.news daremos noticias da implemen-tação de mais um estudo com a marca AEOP.

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OncO.news > anO iii ∙ n.º 10 ∙ jul-set 2009 27

Programa nacional Pigart

O projecto Pigart (Patient Infor-

mation about GIST And Renal Carci-noma Treatment) é uma iniciativa da AEOP e conta com o apoio exclusivo da Pfizer. Tem duas fases:

Fase I: Criação de 2 documentos de informação aos doentes portado-res destas patologias, uma para o Gist e outra para o Carcinoma Renal. A finalidade é possibilitar aos profissio-nais, que lidam com estes doentes, in-formação para ser utilizada no proces-so de ensino e educação dos mesmos, permitindo-lhes melhor informação e acompanhamento no seu tratamento. Esta fase terminou após discussão dos documentos com edição de um sobre RCC e outro sobre GIST a serem distribuídos pelas diversas unidades de oncologia nacionais.

Fase II: Estudo observacional com a avaliação das toxicidades pro-vocadas pelo tratamento destas pato-

logias com novas terapêuticas dirigi-das (Sunitinib) e a sua interferência na qualidade de vida destes doentes.

O objectivo é recrutar um total de 50 doentes até Junho de 2010. Até meados de Outubro, a situação da im-plementação do estudo é a seguinte:

Clínica de Urologia do IPO Por-•to: 12 doentes recrutados;Hospital de Dia do Hospital Gar-•cia de Orta: 1 doente recrutado;Clinica da Pele do IPO Porto: 0 •doentes recrutados;Hosp. de Dia do Hosp. de Setúbal: •0 doentes recrutados;Hosp. de Dia do IPO de Coim-•bra: aguarda autorização;Hospital de Dia de Oncologia do •Hosp. da Feira: em autorização.Este estudo está a ser orientado

pela Keypoint e outros centros po-derão brevemente ser convidados a entrar no recrutamento. No próximo dia 26 Novembro teremos reunião de investigadores para analisar a aplica-ção do estudo a nível nacional e fazer a respectiva avaliação.

Daremos mais notícias do desen-volvimento deste estudo na próxima revista.

O Programa ART – Anemia Re-gistry and Transfusions – visa dois ob-jectivos: Avaliar a qualidade de vida nos doentes com anemia/fadiga, durante um período equivalente a 12 semanas de tratamento (variando o número de ciclos consoante a periodicidade dos mesmos) e comparar o impacto, em termos de administração de agentes estimuladores da eritropoiese e/ou transfusões de concentrado eritrocitá-rio, quer a nível económico quer do risco/benefício para o doente.

Efectuou-se, numa primeira fase, a análise preliminar do estudo com 134 doentes tendo sido apresentados os resultados finais no 20th Interna-tional Congress on Anti-Cancer Tre-atment (Paris) em Fevereiro último, tendo o mesmo sido considerado como um dos oito melhores traba-lhos apresentados ao congresso, num total de 121 trabalhos representativos de diversos países a nível mundial. Foi também submetido à ECCO 12, mas não foi aceite para apresentação.

Neste momento estamos a fazer a análise final dos resultados e a preparar a publicação dos mesmos a nível na-cional e em revistas internacionais. Na próxima revista daremos mais notícias.

Programa nacional aRt

investigação

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OncO.news > [OutOnO 2009]28

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divulgamos aqui notícias recentes de interesse científico. as mesmas podem ser encontradas também na página web da associação em http://www.aeop.net

cancro urológicocancro da Próstata com melhores taxas de sobrevivência

Uma nova investigação, que vai ser publicada na edição do dia 19 de Setembro do Jornal da Associação Médica Americana (JAMA), reali-zada por uma equipa do Instituto do Cancro de Nova Jersey (CINJ), mostra que os homens diagnostica-dos com cancro da próstata a partir dos anos 90 têm melhores taxas de sobrevivência do que anterior-mente, avança o site Medical News Today.

O estudo analisou 14.516 ho-mens com 66 anos ou mais, que fo-ram diagnosticados com cancro da próstata entre 1992 e 2002, e não receberam cirurgia ou radioterapia seis meses depois do diagnóstico.

Os resultados indicam que o risco de morte de cancro da prós-tata ao longo de um período de dez anos após o diagnóstico diminuiu mais de 60% em comparação com os doentes diagnosticados entre 1970 e 1980.

Entre os doentes com cancro de risco intermédio, os homens com idades entre 66 e 74 anos ti-nham entre 2 e 6% de probabilida-de de morrer de cancro da próstata dentro de dez anos.

Diagnóstico precoce Os autores dizem que a melho-

ria encontrada pode estar relacio-nada ao diagnóstico mais precoce,

devido ao aumento da utilização do exame ao antigénio prostático espe-cífico (PSA), a mudanças na forma como a doença é classificada e aos avanços na medicina.

Esta melhoria está em conso-nância com as conclusões de outro estudo a ser publicado também no dia 19 de Setembro por alguns dos mesmos autores no Journal of the National Cancer Institute (JNCI).

Apenas 4 a 11% dos homens com 66 anos ou mais foram subme-tidos a cirurgia paliativa, radiação ou quimioterapia para aliviar a dor ou outros sintomas ao longo de um pe-ríodo de dez anos após o diagnóstico. Também foi determinado que entre 56 e 60% dos homens no estudo ti-nham um risco de morrer de outras causas que não o cancro da prósta-ta, em dez anos após o diagnóstico.

Os investigadores lembram que este estudo avaliou homens com mais de 65 anos e portanto os dados podem não reflectir os doentes mais novos. [POP, 18 SETEMBRO 2009]

Descoberta de novas variantes genéticas no cancro da Próstata

Os resultados de dois estudos publicados no jornal Nature Gene-tics revelam a descoberta de outras nove variantes genéticas que con-tribuem para o cancro da próstata, avança a agência EFE.

Segundo Rosalind Eeles, do Instituto de Investigação do Cancro em Londres, que dirigiu um dos es-

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OncO.news > [OutOnO 2009]30

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OncO.news > anO iii ∙ n.º 10 ∙ jul-set 2009 31

tudos, foram analisados os genomas de 38 mil homens de 21 estudos realizados anteriormente.

Algumas das novas varian-tes genéticas, como as dos genes ITGA6 e NKX3.1, podem ser ata-cadas com novos tratamentos, afir-mam os investigadores.

O NKX3.1 ajuda a controlar a forma como as células morrem. Quando defeituoso, pode ajudar o cancro a desenvolver-se. O IRGA6 tem um papel importante no cres-cimento e na sobrevivência celular e pode ser um alvo potencial para novos fármacos.

“É todo um processo e ainda resta muito para ser descoberto, mas parece que o cancro da prósta-ta é mais receptivo que outros a este enfoque”, assinala Doug Easton, da Universidade de Cambridge, que dirigiu o segundo estudo.

Dobro da probabilidade de so-frer da doença

A descoberta pode facilitar o desenvolvimento de novos testes e tratamentos para a doença. O tes-te actual, baseado numa análise de sangue, não é 100% confiável e leva às vezes a investigações dolorosas - biópsias - que se revelam desneces-sárias no caso de prognósticos falsos.

Os cientistas estimam que um em cada cem homens tem a grande maioria destas variantes genéticas. E os homens com versões defeituosas nos genes têm o dobro da probabi-lidade de desenvolver a doença.

Harpal Kumar da Cancer Re-search UK afirma que “esta é uma investigação inovadora que espe-ramos que traga novas abordagens

em todo o mundo para diagnos-ticar, prevenir e tratar melhor esta doença.”

Agora já são mais de 20 as va-riantes genéticas vinculadas a este tipo de cancro, o que permitirá au-mentar a confiabilidade dos testes para prever o risco de se sofrer da doença. [PORTAL ONCOLOGIA PORTUGUÊS, 21 SETEMBRO 2009]

exame de rastreio ao cancro da Próstata não é útil

O rastreio ao cancro da prós-tata através do exame sanguíneo comum não é útil, revela um estu-do publicado no British Medical Journal, citado pelo site Saúde na Internet.

Para este estudo, os investiga-dores do International Agency for Research on Cancer, em Lyon, França, contaram com a participa-ção de 500 homens que sofriam de cancro da próstata e de mil homens saudáveis.

Os investigadores constataram que a análise comum ao antigénio específico da próstata (PSA) não distinguia entre os cancros de cres-cimento lento, pouco ameaçadores, e os graves e mortais. No entanto, os investigadores verificaram que níveis baixos de PSA, menos de 1.0 nanogramas por ml de sangue, eli-minavam a hipótese de existência de cancro da próstata.

Fármaco oral aumenta sobrevivência de pacientes com cancro da Próstata avançado

Investigadores britânicos refe-riram que o clodronato de sódio oral melhora a sobrevivência geral de pacientes com cancro da prósta-

ta avançado, mas não reduz o risco de morte naqueles que têm doença localizada.

Os investigadores relataram os resultados de sobrevivência a longo prazo de mais de 800 homens que participaram em dois ensaios lança-dos em 1994. Estes ensaios exami-naram os efeitos do clodronato de sódio em pacientes com cancro da próstata avançado (311 homens) ou cancro da próstata localizado (508 homens).

Os pacientes com cancro da próstata avançado que receberam o fármaco tiveram uma taxa de mor-te 23 por cento mais baixa do que os pacientes que tomaram placebo. Após cinco anos, a sobrevivência geral era de 30 por cento entre os homens que tomaram clodronato de sódio e de 21 por cento entre os pacientes que receberam placebo. Após dez anos, as taxas de sobrevi-vência eram de 17 e 9 por cento, respectivamente.

Contudo, o fármaco não ofe-receu melhorias na sobrevivência geral para os homens com cancro da próstata localizado. Após cinco anos, a sobrevivência geral era de 78 por cento entre os que toma-ram clodronato de sódio e de 80 por cento entre os que receberam placebo. Após dez anos, as taxas de sobrevivência eram de 48 e 51 por cento, respectivamente.

Pensa-se que as descobertas, publicadas na “The Lancet Onco-logy”, são as primeiras a demons-trar um benefício na sobrevivência geral concedido por um bifosfona-to oral, quando administrado em adição à terapia hormonal standard,

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para os homens com metástases ós-seas que estão a iniciar ou a respon-der à terapia hormonal.

O Dr. Matthew Sydes, da Uni-dade de Ensaios Clínicos do Con-selho de Investigação Médica, e colegas referiram que, contudo, não existem evidências de que o clodronato de sódio tenha qual-quer benefício quando administra-do como tratamento adjuvante em homens com cancro da próstata não metastático.

[FARMACIA.COM.PT, 17 AGOSTO 2009)

Obesidade associada à recorrência do cancro da Próstata

Um estudo norte-america-no, publicado na revista científica “Cancer”, revelou que a obesidade aumenta o risco de recorrência do cancro da próstata tanto nos ho-mens caucasianos como nos ho-mens negros, confrontando investi-gações anteriores que sugeriam que a obesidade poderia ser mais signifi-cativa para os homens de raça negra.

De acordo com o investigador principal, o Dr. Stephen Freedland, do Centro Médico da Universi-dade Duke, a obesidade leva a um pior prognóstico de cancro em am-bos os grupos.

O Dr. Freedland e o Dr. Jayakrishnan Jayachandran exami-naram registos médicos de 1415 pacientes com cancro da próstata que se tinham submetido a uma prostatectomia radical. Os inves-tigadores descobriram que a raça não tinham qualquer influência na relação entre a obesidade e a agres-sividade do cancro. O Dr. Jaya-chandran referiu que descobriram que um Índice de Massa Corporal

(IMC) mais elevado estava associa-do a um aumento significativo do risco de recorrência do cancro para ambas as raças. Os investigadores referiram que não é clara a razão pela qual a obesidade aumenta o risco de recorrência do cancro da próstata, mas a alteração dos níveis hormonais pode ter influência.

A obesidade está associada a ní-veis mais elevados de estrogénio e mais reduzidos de testosterona, po-dendo acontecer que os níveis mais baixos de testosterona promovam tumores mais agressivos, como foi sugerido por estudos recentes.

Outras alterações relacionadas com a obesidade na produção de hormonas, tais como a insulina, o factor de crescimento semelhante à insulina ou a leptina, podem estar também envolvidas no desenvol-vimento de um cancro da próstata mais agressivo.

[FARMACIA.COM.PT, 25 AGOSTO 2009]

estudo: Gardasil e cervarix poderão ser efectivas na prevenção do cancro do Pénis

Resultados de um estudo des-cobriram que cerca de metade de todos os casos de cancro do pénis estão associados ao vírus do papilo-ma humano (VPH) e que os tipos 16 e 18 são responsáveis pela maio-ria dos tumores provocados pelo vírus, pelo que as vacinas Gardasil e Cervarix poderão ser efectivas contra a doença.

Com base nestas descobertas, publicadas na “Journal of Clini-cal Pathology”, os investigadores concluíram que as vacinas contra o cancro cervical, a Gardasil da Merck & Co. e a Cervarix da Gla-

xoSmithKline, que se direccionam a estas e outras estirpes do VPH, provavelmente serão efectivas na prevenção do cancro do pénis.

Os investigadores realizaram uma revisão de 31 estudos, publica-dos desde 1986 até Junho de 2008, que avaliaram a prevalência do vírus do papiloma humano num total de 1466 homens com cancro do pénis. A equipa de investigação descobriu que o vírus do papiloma humano estava presente em 46,9 por cento dos casos. Os autores referiram que, embora o carcinoma do pénis seja uma doença rara, cerca de 7 mil ca-sos poderiam ser prevenidos anual-mente pela erradicação das estirpes 16 e 18 do VPH.

Os investigadores relataram que a efectividade destas vacinas nos homens ainda está a ser inves-tigada, mas as evidências ate à data sugerem que são seguras e que têm a capacidade de induzir uma res-posta imunitária.

[FARMACIA.COM.PT, 27 AGOSTO 2009 ]

terapia hormonal aumenta sobrevivência ao cancro da Próstata

Um estudo revelou que adicio-nar terapia hormonal à radioterapia no tratamento do cancro da prós-tata que se espalhou para os tecidos

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perto da glândula prostática, mas que ainda não se alastrou a lugares mais distantes do organismo, pode ajudar a prevenir que a doença re-torne e a melhorar a sobrevivência.

A terapia hormonal envolve a utilização de fármacos, como a leu-prorrelina, ou cirurgia (remoção dos testículos) para reduzir os níveis de testosterona ou para bloquear os seus efeitos. Isto é benéfico, porque a testosterona pode estimular o crescimento do cancro da próstata.

O Dr. Emilio Bria, do Instituto Nacional do Cancro Regina Elena, em Roma, e co-investigadores re-feriram que os resultados também indicam que acrescentar a terapia hormonal não aumenta os efeitos secundários.

As descobertas do estudo, pu-blicado na revista científica “Can-cer”, derivam de uma análise de dados de sete ensaios que envol-veram um total de 4387 pacientes. A utilização da terapia hormonal, em combinação com radioterapia, melhorou a sobrevivência geral em cerca de 5 por cento, o que signifi-ca que foi salva mais uma vida por cada 18 pacientes tratados com esta combinação.

A utilização de supressão hor-monal, em combinação com radio-terapia, diminuiu o risco de falên-cia bioquímica em 24 por cento e melhorou a sobrevivência livre de progressão em 19 por cento. A sobrevivência específica ao cancro e a sobrevivência geral foram me-lhoradas em 24 e 14 por cento, res-pectivamente. O tratamento com terapia hormonal reduziu ainda os riscos de reincidência do cancro lo-

cal e distante em 66 e 28 por cento, respectivamente.

Os autores declararam que, embora os resultados do actual es-tudo confirmem e quantifiquem o beneficio de adicionar a terapia hormonal à radioterapia exclusiva para os pacientes com cancro da próstata localmente avançado, é ne-cessário identificar quais os pacien-tes que irão realmente beneficiar desta estratégia e qual a duração óptima que o tratamento deve ter. Os testes genéticos poderão ajudar a esclarecer estas questões.

[FARMACIA.COM.PT, 29 JULHO 2009]

tratamento pioneiro no cancro da Próstata

Estudo sobre um tratamento que envolve ultra-sons de alta in-tensidade no combate ao cancro da próstata, evitando intervenções cirúrgicas, é publicado hoje pelo “British Journal of Cancer”. Dois hospitais britânicos desenvolveram um tratamento pioneiro do can-cro da próstata com ultra-sons que evita as intervenções cirúrgicas, se-gundo o estudo hoje publicado.

Nestes casos, os doentes rece-bem anestesia geral e são submeti-dos a ultra-sons de alta intensidade, que geram temperaturas de entre 80 e 90 graus centígrados e matam com precisão as células tumorais.

Segundo a publicação médica britânica, a nova terapia foi já uti-lizada em 172 pacientes, 78% dos quais pôde regressar a casa cinco horas depois do tratamento. Deste grupo, 159 foram examinados um ano mais tarde e em 92% deles não voltou a ser detectado qualquer si-nal da doença.

O tratamento foi realizado no University College Hospital e no Princess Grace Hospital, ambos de Londres. Os homens subme-tidos a esta terapia manifestaram menos efeitos secundários do que os doentes sujeitos a intervenções cirúrgicas. Menos de 1% sofreram incontinência, nenhum teve pro-blemas intestinais e entre 30 e 40% ficaram impotentes.

Por contraste, entre 5 e 20% dos submetidos a intervenções ci-rúrgicas ou a radioterapia sofrem de incontinência e metade de im-potência.

A radioterapia pode também causar outros efeitos secundários num em cada cinco pacientes, des-de diarreia a hemorragias.

Segundo Hashim Ahmed, prin-cipal autor do estudo, “a técnica de ultra-sons pode vir a desempenhar um papel importante no tratamen-to dos doentes com cancro precoce da próstata, com menores efeitos secundários”.

O clínico mostra-se no entanto prudente, considerando necessária a realização de mais estudos, com maior número de pacientes, para comparar tratamentos. “Não sabe-mos ainda se esta técnica é mais efi-caz do que os tratamentos tradicio-nais, daí a importância da realização de novos estudos”, afirma.

Estudos recentes indicam que o carcinoma da próstata é o mais frequente no homem e a segunda causa de morte por cancro em Por-tugal, vitimando todos os anos cer-ca de 1.800 homens e tendo uma incidência anual de 4000 casos.

LUSA, QUINTA-FEIRA, 2 DE JUL DE 2009

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OncO.news > [OutOnO 2009]34

eMea recomenda aprovação de vinflunina como monoterapia para cancro da Bexiga avançado

O Comité dos Medicamentos para Uso Humano (CHMP), da Agência Europeia de Medicamentos (EMEA), recomendou a aprovação do fármaco experimental vinfluni-na, que deverá ser comercializado como Javlor, da francesa Laboratoi-res Pierre Fabre, como monoterapia para o cancro avançado da bexiga.

O CHMP emitiu esta opinião positiva com base nos resultados de dois estudos de Fase II e no único estudo aleatório de Fase III alguma vez conduzido para a indicação do tratamento do cancro da bexiga me-tastático, após a falha de um regime anterior contendo platina.

Caso seja concedida a autoriza-ção de comercialização, o fármaco tornar-se-á na primeira monotera-pia aprovada na Europa para o trata-mento de pacientes adultos com car-cinoma das células de transição do tracto urinário metastático ou avan-çado, após falha de um regime an-terior contendo platina, onde a ex-pectativa é importante tanto para os oncologistas como para os pacientes.

Na Europa, o peso do cancro da bexiga é significativo, com uma es-timativa de 100 mil novos casos e 50 mil mortes anualmente, sendo que a maioria dos casos está relacionada com a utilização de produtos de ta-baco.

[FARMACIA.PT, 30 JUNHO 2009]

Beber em demasia aumenta os riscos de cancro da Próstata

Segundo um estudo efectuado pela Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos, os homens que

bebem em demasia podem ter um risco maior de desenvolver cancro da próstata.

O estudo revelou ainda que a toma do medicamento antian-drógeno inibidor da 5-alfa redu-tase denominado por finasterida, a enzima que converte a testoste-rona em dihidrotestosterona e que ajuda a reduzir os riscos da doença, parecia não fazer efeito contra os danos provocados pelo álcool.

A pesquisa envolveu cerca de 11 mil homens, tendo os especia-listas descoberto que aqueles que bebiam em excesso, correspon-dente a quatro ou mais doses por dia, pelo menos cinco dias por se-mana, tinham uma probabilidade duas vezes superior de ter tumores agressivos na próstata comparativa-mente aos que não bebiam. Para os tumores menos agressivos os riscos eram 43% maiores entre os que consumiam álcool, tendo os riscos sido observados igualmente nos que tomavam finasterida e nos que tomavam o placebo.

A equipa de investigadores destacou ainda que alguns factores de risco não podem ser alterados, tais como a idade avançada, a raça e o histórico familiar da doença. Desta forma, eles recomendam que os médicos divulguem jun-to dos seus pacientes que deter-minados factores de risco podem ser controlados, nomeadamente a obesidade, o tabagismo, o consu-mo excessivo de gordura animal e, após este estudo, o consumo abusi-vo de álcool.

[FARMACIA.COM.PT, JULHO 200]

cancro da mamaavaliação da qualidade de vida relacionada à saúde após reconstrução da mama

Segundo um estudo publicado na revista British Journal of Surgery, a qualidade de vida relacionada à saúde é bastante importante após a reconstrução da mama. A equipa de investigadores observou os métodos actuais de avaliação da qualidade de vida relacionada à saúde de pacien-tes submetidas a este tipo de cirurgia através da análise de 60 mulheres, sendo que 42% das mesmas tiveram problemas.

As mulheres que registaram complicações foram duas vezes mais propensas a relatar sentimentos de menor feminilidade e insatisfação com a aparência.

O estudo veio demonstrar que os instrumentos actuais de avaliação da qualidade de vida relacionada à saú-de não são sensíveis o suficiente para detectar problemas clinicamente re-levantes após reconstrução da mama, uma questão que na opinião dos in-vestigadores deve ser aprofundada.

[FARMACIA.COM.PT,19 AGOSTO 2009]

Factores de risco cardiovascular associados ao risco de cancro da Mama

Segundo um estudo publicado na edição de Julho da revista cien-tífica Cancer Epidemiology, Bio-markers and Prevention, apresentar factores de risco para a doença car-díaca e diabetes, condição conheci-da como síndrome metabólica, pode ser um indício de um maior risco das mulheres que já passaram pela menopausa desenvolverem cancro da mama.

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OncO.news > anO iii ∙ n.º 10 ∙ jul-set 2009 35

Os factores incluem gordura abdominal, níveis elevados pressão arterial, colesterol, glicose e resis-tência à insulina.

Foram analisadas mais de 4 mil mulheres na pós-menopausa, tendo sido constatado que aque-las que apresentavam a síndrome metabólica no início do estudo não tinham um maior risco de ter cancro da mama durante o acom-panhamento. No entanto, cada componente da referida síndro-me, especialmente níveis elevados de glicose, triglicérides e pressão diastólica, foi associado individual-mente ao risco de cancro da mama.

Apesar dos resultados, os in-vestigadores sublinham que são necessários mais estudos para desvendar os mecanismos por trás desta relação. No entanto, eles acreditam que a obesidade aumenta os riscos de cancro da mama através do aumento dos ní-veis de estrogénio, recomendan-do por isso a manutenção de um peso saudável e a prática regular de exercício físico.

[FARMACIA.PT, 2 JULHO 2009]

cancro do pulmãoDesenvolvido novo método

Cancro de pulmão pode ser diagnosticado antes de se alastrar.

Foi apresentado ontem um novo método para diagnosticar o cancro do pulmão. A empresa Ce-lera Corporation desenvolveu um exame que detecta nove compos-tos do sangue e que pode oferecer de forma segura um diagnósti-co precoce a este tipo de cancro, que normalmente só é detectado

depois de se alastrar. O teste pode permitir um tratamento mais rápi-do e eficaz, visto que no seu pri-meiro estágio este tipo de cancro é, normalmente, curável. O novo teste diagnostica o tumor com 90 por cento de precisão. Harvey Pass, do Centro Médico Langone (Uni-versidade de Nova Iorque), ajudou a testar o novo método e revela-se muito entusiasmado: “Este é um dos ensaios mais promissores que já vi como detector do cancro do pulmão”, disse. O teste usa um es-pectrómetro de massas para detec-tar os nove compostos no sangue. Os investigadores também estão a trabalhar no desenvolvimento de um teste mais simples, que avalia seis compostos, adiantaram os espe-cialistas à Associação Internacional para o Estudo do Cancro do Pul-mão.

O cancro do pulmão é o tipo de cancro mais mortal no mundo, matando 1,2 milhão de pessoas por ano. A maioria dos casos é diagnos-ticada quando o tumor já se alas-trou dos pulmões para outros ór-gãos, quando já não há cura.

[CIÊNCIAHOJE, 19 DE AGOSTO DE 2009]

iressa recebe aprovação na união europeia

A Comissão Europeia (CE) aprovou a comercialização do fár-maco oral Iressa (gefitinib), da As-traZeneca, para o tratamento de adultos com cancro do pulmão de não-pequenas células, com mu-tações activadoras do EGFR-TK (receptor do factor de crescimen-to epidérmico – tirosina quinase), metastático ou localmente avan-

çado, em todas as linhas de terapia. A aprovação baseou-se nos da-

dos de dois estudos de Fase III que compararam o Iressa à quimiotera-pia. Em ensaios clínicos, o gefitinib demonstrou retardar o crescimento do cancro em cerca de um em cada dez destes pacientes, que apresen-tam uma forma mutada do gene que controla o crescimento celular.

O Iressa actua ao inibir a en-zima tirosina quinase no EGFR, consequentemente bloqueando a transmissão de sinais envolvidos no crescimento e disseminação dos tu-mores. A mutação do EGFR é uma característica que ocorre em 10 a 15 por cento dos cancros do pulmão, na Europa, e os estudos têm demons-trado que estes tipos de tumores são particularmente sensíveis ao Iressa.

A farmacêutica declarou que esta aprovação irá proporcionar aos pacientes com tumores positivos para a mutação do EGFR uma al-ternativa mais efectiva e mais bem tolerada à quimioterapia, como tra-tamento de primeira linha.

A AstraZeneca enfatizou que o fármaco oral irá beneficiar apenas uma proporção selectiva de pacien-tes, da mesma forma como apenas algumas mulheres com cancro da mama beneficiam do tratamento com o Herceptin (trastuzumab).

[FARMACIA.COM.PT, 2 JULHO 2009]

controlo de sintomasQuimioterapia provoca distúrbios do sono

Estudo norte-americano afirma que tratamentos sucessivos de qui-mioterapia podem prejudicar o sono em pacientes com cancro da mama.

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OncO.news > [OutOnO 2009]36

Segundo a equipa de investi-gadores da Universidade de San Diego, nos Estados Unidos, estas descobertas não causam surpresa pois os distúrbios do sono são co-muns em pacientes com cancro, sendo que entre 30 a 40% deles afirmam mesmo ter insónias.

“Os resultados do estudo su-gerem que o nosso relógio bioló-gico é afectado pela quimiotera-pia”, afirmou Sonia Ancoli-Israel, principal investigadora do estudo. “O relógio biológico, ou o rit-mo circadiano, ajudam a manter o nosso corpo em sintonia”, acres-centou.

Durante o período de qui-mioterapia o relógio biológico fica “fora de sintonia”, especial-mente após o primeiro ciclo de tratamento, mas parece regular-se depois. No entanto, sessões de quimioterapia realizadas de forma repetida podem tornar mais di-fícil o reajustamento do relógio biológico, afirmaram os cientistas.

[FARMACIA.COM.PT, 2 SETEMBRO 2009]

especialistas recomendam a utilização de aloxi para prevenir as náuseas e vómitos da quimioterapia

A Sociedade Europeia de Oncologia Médica e a Associação Multinacional de Cuidados de Suporte no Cancro (MASCC) ac-tualizaram as suas recomendações terapêuticas sobre a utilização do fármaco palonossetrom, comer-cializado como Aloxi, apoiando a sua indicação para a prevenção das náuseas agudas e diferidas e os vó-mitos causados pela quimioterapia moderadamente emetogénica.

Este fármaco é o primeiro de uma nova geração de antagonistas dos receptores da serotonina (5-HT3), tendo demonstrado uma clara superioridade em relação aos seus antecessores, como o granis-setrom, o ondansetrom e o dolas-setrom, tanto em ensaios clínicos como na prática clínica.

Assim, segundo o Dr. Richard Gralla, do Hospital Universitário North Shore, nos Estados Unidos, esta decisão foi tomada baseada no facto do fármaco demonstrar que incide directamente na ma-nutenção da qualidade de vida dos pacientes, como tratamento de suporte para evitar os efeitos adversos dos fármacos anti-tumo-rales.

Numa linha semelhante, em Abril, a Rede Detalhada Nacional do Cancro norte-americana actu-alizou também as suas directrizes e incluiu o palonossetrom como o fármaco preferencial na preven-ção das náuseas e vómitos induzi-dos por quimioterapia altamente emetogénica.

[FARMACIA.COM.PT, 4 JULHO 2009]

cancro ginecológicoespecialistas revelam sinais que podem indicar cancro dos ovários

O cancro do ovário é o mais difícil de ser diagnosticado, tor-nando-se assim o mais perigoso. Quando descoberto é letal em 70% dos casos. Embora não seja o que mais mata em termos re-lativos, esta neoplasia também faz muitas vítimas.

Foi com o intuito de minimi-zar estes dados que os investigado-

res da Universidade de Bristol, no Reino Unido, examinaram dados de 212 mulheres com mais de 40 anos de idade e diagnóstico de can-cro dos ovários, e 1060 mulheres saudáveis. Existem sete sintomas que são reportados de forma fre-quente e que aparentam estar asso-ciados ao cancro dos ovários, e que foram relatados pelos especialistas como sinal de alerta.

Os sintomas são os seguintes: - Distensão abdominal (au-

mento progressivo do abdómen) - Maior frequência urinária - Dor abdominal - Hemorragia na pós-meno-

pausa - Perda de apetite - Hemorragia no recto - Distensão abdominal A distensão abdominal foi

o que se revelou mais indica-tivo da doença, com uma em cada quarenta mulheres com esse sintoma a ter a doença.

As análises revelaram ainda que a dor e a distensão abdominal, assim como uma maior frequência uriná-ria, eram sintomas reportados cerca de seis meses antes do diagnóstico.

Os investigadores recomendam assim que as mulheres estejam aten-tas a estes sintomas, especialmente aquelas com historial familiar deste tipo de doenças, aconselhando-as a realizar exames regulares para que a doença seja diagnosticada preco-cemente, facilitando assim o trata-mento.

[FARMACIA.COM.PT, 3 SETEMBRO 2009]

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OncO.news > anO iii ∙ n.º 10 ∙ jul-set 2009 37

cancro digestivonovo teste genético para doentes com cancro colo-rectal no iPatiMuP

O novo teste genético para doentes do cancro colo-rectal está disponível no IPATIMUP - Ins-tituto de Patologia e Imunologia Molecular da Universidade do Porto. O teste Kras vem revolucio-nar a orientação do tratamento dos doentes com este problema.

Em conversa com o «Ciência Hoje» José Carlos Machado, cien-tista do IPATIMUP, explica que este teste possibilita a selecção de doentes para as terapias anti-EGFR («Epidermal growth factor recep-tor» - Receptores de factor de cres-cimento epidérmico).

“Até agora, quando começá-vamos esta terapia num doente não sabíamos se este ia responder ou não ao tratamento”. Isto acontecia porque não se sabia se o gene Kras, no tumor, estava ou não mutado.

Só se não tiver sofrido mutação é que pode reagir ao tratamento. Em 60 por cento dos casos é isso que acontece. O teste analisa, assim, o tecido tumoral que é colhido na altura do diagnóstico do cancro. Através da amostra, testa-se o ADN extraído das células tumorais com o objectivo de detectar alterações genéticas no gene.

“O teste faz com que se per-ceba que doentes estão aptos para reagir ao tratamento. Isso é bom porque se racionalizam os custos”, explica o investigador. Assim, é possível aumentar a percentagem de sucesso da terapia. Este método, que foi desenvolvido a nível mun-

dial, está já a ser utilizado em todos os hospitais do país. O cientista ex-plica ainda que o método “permite uma medicina personalizada, uma abordagem terapêutica definida especificamente para cada indiví-duo”.

É, além do mais, uma “ajuda para que o cancro se trate como uma doença crónica, tal como acontece com outras doenças”. Na Europa, este tipo de cancro apresenta uma incidência anual de 13 por cento (376 mil casos). Em Portugal estima-se que existam mais de 6000 novos casos por ano. Apenas três em cada cem pessoas com cancro colo-rectal metastiza-do (CCRm) sobrevivem mais de cinco anos.

[CIÊNCIAHOJE, 19 DE AGOSTO DE 2009]

Xeloda em combinação com oxaliplatina demonstra-se efectivo para cancro do cólon em fase inicial

A Roche relatou que, num es-tudo de Fase III, o fármaco Xelo-da (capecitabina) em combinação com oxaliplatina, como terapia adjuvante, melhorou significativa-mente a sobrevivência livre de do-ença, em pacientes com cancro do cólon em fase inicial, comparativa-mente a uma combinação de qui-mioterapia.

O ensaio XELOXA envol-veu 1886 pacientes, que não ti-nham sido tratados anteriormente, com cancro do cólon de estádio III que receberam aleatoriamen-te tratamento com Xeloda oral e oxaliplatina intravenosa ou uma combinação de quimioterapia (5-fluorouracilo + leucovorina),

durante 24 semanas, imediatamente após intervenção cirúrgica.

Os dados demonstraram que o tratamento com Xeloda em combi-nação com oxaliplatina é superior à combinação de 5-fluorouracilo mais leucovorina, em termos do tem-po que os pacientes viveram sem o cancro ser detectável. Actualmente, o Xeloda está aprovado como mo-noterapia para o cancro do cólon nos Estados Unidos, Europa e Japão, estando também indicado para o tratamento de outros cancros, in-cluindo cancro da mama, gástrico e pancreático.

FARMACIA.COM.PT, 22 JULHO 2009

aspirina® diminui riscos de desenvolver cancro colo-rectal

O uso diário de ácido acetilsa-licílico (princípio activo da Aspiri-na®) pode diminuir a probabilidade de desenvolver cancro colo-rectal em pessoas com histórico familiar da doença, anunciaram investiga-dores ingleses, citados pelo site Sapo Saúde.

Os investigadores da Universi-dade de Newcastle analisaram mais de mil doentes com uma síndrome que os torna mais expostos a este tipo de cancro. Para 50% dos par-ticipantes do estudo foi dada uma quantia diária de 600 miligramas de ácido acetilsalicílico, o equivalente a dois comprimidos, enquanto para o restante foi ministrado um placebo (comprimido sem nenhum princí-pio activo).

No grupo que tomou ácido acetilsalicílico diariamente seis do-entes desenvolveram cancro, en-quanto entre os que receberam o placebo 16 tiveram esse tipo de

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OncO.news > [OutOnO 2009]38

tumor maligno. A descoberta pode levar a outras formas de tratamento, ajudando os investigadores a enten-der como o medicamento auxilia no combate ao cancro do cólon, um dos três mais frequentes em países desenvolvidos, de acordo com a As-sociated Press.

O cancro colo-rectal e o do estômago são os tipos de cancro di-gestivo mais frequentes em Portu-gal, cujo dia nacional se assinala esta quarta-feira, 30 de Setembro.

[POP, 02 OUTUBRON2009]

erbitux® prolonga sobrevivência de doentes com cancro do cólon

A Merck Serono garante que o Erbitux® (cetuximab) é o primeiro fármaco do género a prolongar o tempo de sobrevivência de alguns doentes com cancro do cólon, quan-do combinado com quimioterapia, avança a agência Bloomberg.

Adicionar este fármaco à tera-pia ajudou um grupo de doentes com o gene KRAS normal a viver uma média de 3,5 meses a mais do que aqueles que receberam apenas quimioterapia, afirmou a farmacêu-tica esta quarta-feira durante uma apresentação no Congresso da Or-ganização Europeia de Cancro e da Sociedade Europeia de Oncologia Médica, em Berlim.

O ensaio é o primeiro a mostrar que o Erbitux® ou qualquer um dos fármacos desta classe ajuda os doen-tes em quimioterapia a viver mais tempo, afirmou o líder do estudo Eric Van Cutsem, professor do Hos-pital Universitário Gasthuisberg, na Bélgica.

“Os dados são altamente signi-ficativos”, afirmou Wolfgang Wein,

vice-presidente executivo de On-cologia da Merck Serono, numa entrevista esta semana.

Sobrevivência geral O estudo mostrou que os do-

entes a quem foi administrado o fármaco tiveram uma sobrevivên-cia média geral de 23,5 meses em comparação com os 20 meses na-queles que receberam apenas qui-mioterapia, o que corresponde a uma redução de 20% no risco de morrer durante o estudo, disseram os investigadores.

No ensaio Crystal, os doentes com o gene KRAS normal tive-ram um risco 30% mais baixo de a doença piorar com o medicamento do que apenas com quimioterapia. E o fármaco duplicou a probabili-dade dos tumores responderem à terapia, disse Van Cutsem.

Os dados de sobrevivência do ensaio COIN serão apresentados esta quarta-feira no Congresso, que decorre até quinta-feira em Ber-lim.

[PORTAL ONCOLOGIA PORTUGUÊS, 23 SETEMBRO 2009]

estatística em oncologiaestudo das células leva a progressos científicos contra o cancro

Cientistas e patologistas apre-sentam, em Lisboa, novos avanços no diagnóstico e terapêuticas con-tra doenças oncológicas, principal-mente no cancro da mama e cancro do colo do útero.

Avanços científicos no estudo das células para a melhoria de diag-nóstico e terapêuticas do cancro, juntam em Lisboa, cientistas e pa-

tologistas de toda a Europa, no 35.º Congresso Europeu de Citologia.

O desenvolvimento do conhe-cimento em Citologia é determi-nante para o diagnóstico precoce de vários tipos de doenças onco-lógicas.

«Os grandes avanços são na Ci-tologia ginecológica, que as pesso-as conhecem como Papa Nicolau, é a introdução de novos métodos como a Citologia de meio líquido, que permite um diagnóstico mais preciso. Já existe há algum tempo a ideia é que esse método se popula-rize, se torne mais barato e acessível a toda a gente, através do rastreio», explica Fernando Schmitt, investi-gador do IPATIMUP e Presidente do 35.º Congresso de Citologia, e adianta que com este método «para o doente não muda nada, a colhei-ta é exactamente igual, vem fazer o teste do Papa Nicolau. A diferença é que, o que se faz ainda é raspar as células e colocá-las em cima de uma lâmina e raspar as células de novo da lâmina. E nesse outro mé-todo, as células ao invés de serem colocadas directamente na lâmina, são colocadas num líquido e este líquido é processado por um apare-lho que produz a lâmina. Tem mui-tos menos artefactos, é mais fácil de ler e mais rápido de ler».

A detecção rápida e precoce do Vírus do Papiloma Humano, ou HPV, é no combate ao cancro do colo do útero fundamental, para além disso, como explica o inves-tigador «também se tem discutido muito a implementação de robots, de máquinas automáticas que lêem e seleccionam os campos alterados,

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OncO.news > anO iii ∙ n.º 10 ∙ jul-set 2009 39

de modo a que o patologista só vai estudar e verificar os campos alte-rados. Isso aumenta a produtivida-de, pode-se fazer muitos mais casos. E também a introdução, nesta área, dos testes do HPV que é o vírus que está relacionado com o cancro do colo do útero».

Mas os cientistas trazem tam-bém, a Lisboa, novidades sobre mé-todos de diagnóstico para o cancro da mama. «São a chamada hibridi-zação in situ que já existe, mas que hoje se torna cada vez mais auto-mática e mais precisa, que é a detec-ção de um número de cópias de um gene. E no caso do cancro da mama há um gene específico que quando esse número de cópias está aumen-tado tem um tratamento específi-co para isso. No cancro da mama a ênfase maior tem sido dada ao es-tudo dessas moléculas, que são alvo de tratamento no cancro da mama, como o gene HER2. Com novas metodologias para estudar a altera-ção desse gene e, portanto, indicar o tratamento adequado para os do-entes», afirma Fernando Schmitt.

Durante o Congresso, a far-macêutica Roche apresentou um novo sistema de imagem para diag-nóstico do cancro da mama, tendo em conta o gene HER2.

O sistema é composto por um microscópio interactivo com uma câmara de alta resolução, que ob-tém imagens detalhadas dos teci-dos. «O equipamento que tem sido apresentado é um equipamento que permite fazer uma coloração que permite observar a amplifica-ção deste gene», explica o investi-gador e adianta que «a técnica em si

já existia, o que o equipamento traz de novo é trazer uma maior consis-tência de padronização da técnica, porque é automático e, portanto, permite que seja feito um número maior de casos, com maior fiabili-dade e com todas as vantagens que se tem com um sistema automati-zado».

Utilizando um algoritmo com-plexo, o sistema ajuda a determinar a amplificação do gene HER2 ou a sub-expressão da proteína CERB-B2, fundamentais para o diagnósti-co do cancro da mama.

«O equipamento não faz diag-nóstico. O diagnóstico é feito pelo patologista antes, que selecciona a área do cancro. Então, esta lâmina com esta área do cancro é que vai entrar no equipamento, o equipa-mento cora o gene para ver se há amplificação ou não, e depois o pa-tologista interpreta, e se houver há um tratamento específico para essa doente». A grande vantagem do uso do equipamento é trazer rapidez ao diagnóstico. «É trazer mais rapidez por ser automático, trazer maior fiabilidade e reprodutibilidade. Ou seja, quanto mais as técnicas forem automatizadas, mais fácil é e mais reprodutível de se fazer essa técnica em vários sítios», afirma o cientista.

Para além do diagnóstico, os cientistas apresentam novas visões sobre linhas terapêuticas para o can-cro. «Após o diagnóstico, que é fei-to pelo patologista, em alguns tipos de cancro procuramos, usando ou-tras técnicas, alterações moleculares presentes nestas células que podem por sua vez orientar a terapêutica. Por exemplo, no cancro do pulmão

procura-se mutações de um gene específico, chamado EGFR, onde existem drogas específicas contra essa alteração. No cancro da mama também existe uma alteração, em alguns tipos, não são todos, que é por exemplo a amplificação do gene HER2. E para isso existe um tratamento específico».

Com o avanço da Citologia abrem-se todos os dias novas fron-teiras no diagnóstico e na terapêu-tica de doenças oncológicas.

[TV CIÊNCIA, 1 OUTUBRO 2009]

cientistas identificam gene que pode ajudar combate ao cancro

Uma equipa de cientistas bri-tânicos anunciou que descobriu um gene que ajuda a mobilizar o sistema imunológico para comba-ter doenças, noticia a BBC Brasil.

O gene E4bp4 faz com que as células estaminais do sangue se tor-nem células imunológicas, conhe-cidas como “natural killers” (NK, células assassinas ou nulas). As célu-las NK que funcionam de maneira adequada são um tipo de glóbulo branco essencial para a defesa do organismo, matando células tumo-rais, vírus e bactérias.

Actualmente as células NK separadas do sangue de doadores são usadas no tratamento de alguns doentes com cancro, mas a sua efi-cácia é limitada porque as células podem ter pequenas diferenças de pessoa para pessoa. Os investigado-res esperam que a descoberta leve ao desenvolvimento de formas de estimular a produção de células de defesa do organismo, criando po-tencialmente uma nova forma de combater o cancro.

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OncO.news > [OutOnO 2009]40

O autor da investigação, Hugh Brady, afirmou que “se um maior número de células estaminais do doente puder ser “coagido” a trans-formar-se em células NK através de um tratamento químico, nós pode-remos aumentar a força de com-bate do organismo ao cancro sem ter que lidar com os problemas de incompatibilidade ao doador.”

Gene E4bp4 Segundo os investigadores, a

identificação do gene E4bp4 pode ainda ajudar a desenvolver novos tratamentos para diabete tipo-1 e esclerose múltipla. Alguns cientis-tas acreditam que o mau funciona-mento das células NK é que provo-ca o ataque a células saudáveis.

Para fazer a descoberta, os cien-tistas do Imperial College Lon-don, University College London e Instituto Nacional para Pesquisa Médica do Conselho de Pesquisa Médica da Grã-Bretanha criaram um rato sem o gene E4bp4. Os ani-mais eram absolutamente normais, excepto pela ausência de células NK. Os investigadores começaram então a estudar o efeito do E4bp4 numa forma rara mas fatal de leu-cemia infantil quando descobriram a importância das células NK.

[POP, 17 SETEMBRO 2009]

Veneno de abelha usado para combater o cancro

Um grupo de investigadores da Universidade de St. Louis, em Washington, nos EUA, utilizou uma toxina presente no veneno de abelhas, que depois de associada a nanopartículas, foi introduzida em ratos com tumores cancerígenos,

apresentando resultados positivos. Do veneno das abelhas foi

retirada a toxina melitina e foi associada a moléculas ou nano-partículas, que os cientistas bap-tizaram de «nanoabelhas», uma vez que a melitina por si só po-deria provocar danos nas células.

Depois das «nanoabelhas» te-rem sido testadas nos ratos, que possuíam tumores cancerígenos, os investigadores verificaram que as partículas atacaram e destruíram apenas as células cancerígenas, sem afectar outros tecidos. O resultado foi positivo, tendo-se verificado, após algumas injecções, que os tu-mores tinham encolhido ou parado de crescer. As «nanoabelhas» foram testadas em dois tipos de tumores, cancro de mama e melanoma (can-cro da pele), noticia a «BBC».

«A melitina tem interessado aos investigadores pois, em con-centrações altas, pode destruir qualquer célula com que entrar em contacto, o que faz com que seja um agente anti-bacteriano e anti-fúngico e, potencialmen-te, um agente contra o cancro», explicou Paul Schlesinger, um dos autores da pesquisa e profes-sor de biologia celular e fisiologia.

A melitina, componente tóxi-co do veneno das abelhas, é uma pequena proteína ou peptídeo, que é fortemente atraído para as mem-branas de células, onde pode abrir poros e matá-las.

«As células cancerosas podem adaptar-se e desenvolver resistência a muitos agentes anti-cancro, que alteram a função genética ou têm como alvo o ADN das células, mas

é difícil para as células encontrarem uma forma de driblar o mecanis-mo que a melitina usa para matar», adiantou o professor.

Se a melitina fosse injectada di-rectamente na corrente sanguínea, o resultado seria uma grande des-truição de glóbulos vermelhos do sangue. A partir das nanopartículas, os investigadores conseguiram pro-teger os glóbulos vermelhos dos ra-tos e outros tecidos.

«As “nanoabelhas” são uma forma eficaz de embalar a melitina, que é útil, mas potencialmente le-tal, isolando (a toxina) para que não prejudique células normais ou seja degradada antes de chegar ao alvo», explicou Paul Schlesinger.

[DIÁRIO IOL, 12 AGOSTO 2009]

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