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Zoélia Camila de Moura Bessa Mecanismos de sincronia social no ritmo circadiano de atividade durante a coabitação em casais de saguis (Callithrix jacchus) Dissertação apresentada à Universidade Federal do Rio Grande do Norte, como parte dos requisitos para obtenção do título de Mestre em Psicobiologia. Natal 2015

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Zoélia Camila de Moura Bessa

Mecanismos de sincronia social no ritmo circadiano de atividade durante a coabitação

em casais de saguis (Callithrix jacchus)

Dissertação apresentada à

Universidade Federal do Rio

Grande do Norte, como parte dos

requisitos para obtenção do título

de Mestre em Psicobiologia.

Natal

2015

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Zoélia Camila de Moura Bessa

Mecanismos de sincronia social no ritmo circadiano de atividade durante a coabitação

em casais de saguis (Callithrix jacchus)

Dissertação apresentada à Universidade Federal do Rio Grande do Norte, para obtenção do título de Mestre em Psicobiologia.

Orientadora: Profa. Dra. Carolina Virginia Macêdo de Azevedo

Co-orientadora: Profa. Dra. Paula Rocha de Melo

Natal

2015

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Catalogação da Publicação na Fonte. UFRN / Biblioteca Setorial do Centro de

Biociências

Bessa, Zoélia Camila Moura.

Mecanismos de sincronia social no ritmo circadiano de atividade

durante a coabitação em casais de saguis (Callithrix jacchus) / Zoélia

Camila Moura Bessa. – Natal, RN, 2015.

91 f.: il.

Orientadora: Profa. Dra. Carolina Virginia Macêdo de Azevedo.

Coorientadora: Profa. Dra. Paula Rocha de Melo.

Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal do Rio Grande do

Norte. Centro de Biociências. Programa de Pós-Graduação em

Psicobiologia.

1. Sagui – Dissertação. 2. Ritmo circadiano de atividade. –

Dissertação. 3. Sincronização. – Dissertação. 4. Pistas sociais. –

Dissertação I. Azevedo, Carolina Virginia Macêdo de. II. Melo, Paula

Rocha de. III. Universidade Federal do Rio Grande do Norte. IV. Título.

RN/UF/BSE-CB CDU 599.821

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Mecanismos de sincronia social no ritmo circadiano de atividade durante a coabitação

em casais de saguis (Callithrix jacchus)

Zoélia Camila de Moura Bessa

Data da defesa:__/__/ 2015

Banca Examinadora:

__________________________________ Profa. Dra. Gisele Akemi Oda Universidade de São Paulo, SP

__________________________________ Prof. Dr. Jonh Fontenele Araújo

Universidade Federal do Rio Grande do Norte, RN

_________________________________ Profa. Drª Carolina Virginia Macêdo de Azevedo

Universidade Federal do Rio Grande do Norte, RN

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AGRADECIMENTOS

Um agradecimento mais do que especial à Profa. Carolina, pois não tenho palavras para

descrever o quanto sou grata aos seus ensinamentos, tantos pessoais quanto profissionais, e

quanto a sua paciência, sabedoria e capacidade de compreender-me foram significativas para

o meu crescimento pessoal e qualificação profissional. Obrigada Carol por ser tão especial!

A minha co-orientadora Paula Rocha, por ser uma grande amiga e companheira que muito

contribuiu para a realização deste trabalho.

Ao meu namorado Jarson Alves, por ser um companheiro presente, um amigo fiel e

compreensivo que sempre esteve disponível para apoiar-me, resolver meus problemas com a

informática, e acompanhar-me até o núcleo de primatologia nos fins de semana, dias de

chuva, e durante a semana à noite para eu realizar o acompanhamento dos animais.

A meus pais Francisca e Hélio, às minhas irmãs Eliane e Redjane e aos meus sobrinhos Luís e

Pedro Henrique por ser a minha segurança e a minha fortaleza.

Ao Prof. Jonh Fontenelle, cuja contribuição na qualificação foi fundamental na finalização

deste trabalho.

Ao Bruno Gonçalves por sua grande contribuição na análise estatística deste trabalho.

Ao meu amigo Arthur Câmara, por estar ao meu lado desde a graduação sempre me

auxiliando com algumas dúvidas, principalmente com relação ao inglês.

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Às minhas parceiras, Edileusa e Icemária, por ter acompanhado e cuidado dos animais nos

dias em que estava em Apodi.

Às minhas amigas, Fabiana e Rosane, por estarem sempre disponíveis para tirar as minhas

dúvidas.

Ao pessoal do Núcleo de Primatologia, Tota, Janína, Luís, Geniberto, Zé Ruben e Gabriela pela

ajuda no cuidado com os animais.

A todos que fazem parte do Labcrono pelas discussões e sugestões importantes.

A todos os professores que contribuíram para o meu desenvolvimento enquanto estudante e

profissional.

Aos professores do Departamento de Oceanografia e Limnologia, principalmente aos

professores Guilherme Fulgêncio, Eliane Marinho, Marcos Rogério, André Megali, Alexandre

Magno, Deusimar Freire e Graco, por serem mais do que companheiros de trabalho, grandes

amigos com valiosos conselhos.

Aos meus amigos do IFRN Campus Apodi e da Pró-reitoria de Ensino, pelo enorme carinho e

por compreender às vezes que precisei ausentar-me do trabalho para a concretização deste

trabalho.

À Ana Karinne, Profa. Fátima Arruda e ao Prof. Arrilton, por ter me enviado alguns artigos

necessários para o desenvolvimento desde trabalho.

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Aos meus amigos Luanna, Tamires, Josilene, Valiene, Cleanto, Gabriella, Galileu, Maria Luiza,

Francisca Lúcia, Sandoval pelo carinho e apoio no momento certo.

Aos lindos animais, Fofão, Zuleide, Zilar, Félix, Zeringue e Aissa que foram fundamentais na

concretização deste sonho.

A Capes pelo apoio financeiro.

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RESUMO

Em saguis, foi observado que a sincronia entre os perfis circadianos de atividade de animais

que coabitam em grupos familiares é mais forte do que entre animais de mesmo sexo e faixa

etária de famílias diferentes. Dentro do grupo é mais forte entre juvenis do que entre juvenis e

seus pais. No entanto, são desconhecidos os mecanismos envolvidos na sincronia social. Com

o objetivo de investigar os mecanismos de sincronização envolvidos na sincronia entre os perfis

circadianos de atividade durante a coabitação em casais de saguis, foi registrada continuamente

a atividade motora por actímetros em 3 díades. Os casais foram submetidos a duas condições

de iluminação: ciclo CE 12:12 (CEJ I - 21 dias), e depois em claro constante (~350 lux). Em

CC, os casais foram submetidos a 4 situações experimentais: 1. coabitação (CCJ I - 24 dias), 2.

remoção de um membro do casal para outra sala com condições semelhantes (CCS I - 20 dias),

3. reintrodução do membro do casal na gaiola da 1ª situação (CCJ II - 30 dias), e 4. remoção do

membro de cada casal para outra sala experimental (CCS II - 7 dias), para avaliar os

mecanismos de sincronização. Por fim, os membros de cada casal foram reintroduzidos na

gaiola e submetidos ao ciclo CE 12:12 (CEJ II - 11 dias). Os casais entraram em livre curso em

CC, com períodos idênticos entre os membros do casal nas duas etapas com coabitação. Nas

etapas sem coabitação, apenas 2 fêmeas entraram em livre curso na primeira etapa e 3 animais

na segunda. Nas referidas condições, os ritmos dos animais de cada casal apresentaram

diferentes períodos endógenos. Além disso, nas condições com coabitação (CEJ e CCJ), os

membros do casal apresentaram relação de fase estável entre si para o início e fim da fase ativa,

enquanto nas etapas com separação entre o casal, foi observada uma quebra de estabilidade nas

relações de fase entre os perfis circadianos de atividade, com um aumento na diferença de

ângulo de fase entre o casal. Ao entrar em livre curso, na transição entre CEJI e CCJI, todos os

animais anteciparam progressivamente o início e o fim da fase ativa em fase semelhante à

condição anterior, expressando sinal de arrastamento ao CE anterior. Nas etapas seguintes, isto

foi observado em apenas 3 animais entre CCJI e CCSI, e entre CCJII e CCSII, demonstrando

sinais de arrastamento às pistas sociais entre os membros dos casais. Por outro lado, 1 animal

atrasou progressivamente entre CCJI e CCSI, 3 animais atrasaram entre CCSI e CCJII e 3

animais entre CCJII e CCSII, possivelmente por arrastamento aos animais da parte externa da

colônia. Processo semelhante foi observado em 4 animais entre CCSII e CEJII, indicando

arrastamento ao CE. Na transição entre o CCSI e CCJII foram observados sinais de

mascaramento no ritmo de uma fêmea em resposta ao macho, e em outro casal, no ritmo do

macho em relação ao da fêmea. A correlação geral e máxima entre os perfis circadianos de

atividade dos animais foi mais forte nas condições com coabitação em CE e CC do que na

ausência do convívio social em CC, evidenciando o efeito social. Os casais tiveram maiores

valores para a correlação máxima durante a coabitação em CE e CC do que quando os perfis

foram correlacionados com animais de gaiolas diferentes de mesmo ou diferente sexo.

Resultados semelhantes foram observados na correlação geral. Portanto, sugere-se que a

coabitação favorece a uma forte sincronia entre os perfis circadianos de atividade dos casais de

sagui, que envolve sincronização por arrastamento e mascaramento. Porém, estudos adicionais

são necessários para avaliar o efeito das pistas sociais na sincronização do ritmo circadiano da

atividade entre casais de saguis na ausência de pistas sociais externas a fim de confirmar esta

hipótese.

Palavras-chave: ritmo circadiano de atividade, sincronização, pistas sociais, arrastamento,

mascaramento, sagui.

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ABSTRACT

In marmosets, it was observed that the synchrony among circadian activity profiles of animals

that cohabite in family groups is stronger than those of the same sex and age of different

families. Inside the group, it is stronger between the younger ones than between them and their

parents. However, the mechanisms involved in the social synchrony are unknown. With the aim

to investigate the synchronization mechanisms involved in the synchrony between the circadian

activity profiles during cohabitation in pairs of marmosets, the motor activity was continuously

registered by the use of actmeters on three dyads. The pairs were maintained in two different

conditions of illumination: light-dark cycle LD 12:12 (LD cohabitation I – 21 days), and

thereafter in LL (~350 lux). Under LL, the pairs were submitted to four experimental situations:

1. Cohabitation (LLJ I – 24 days), 2. Removal of one member of the pair to another room with

similar conditions (LLS I – 20 days), 3. Reintroduction of the separated member in the cage of

the first situation (LLJ II – 30 days) and 4. Removal of a member from each pair to another

experimental room (LLS II – 7 days), to evaluate the mechanisms of synchronization.

Ultimately, the members of each pair were reintroduced in the cage and were kept in LD cycle

12:12 (LDJ II – 11 days). The rhythms of pairs free-ran in LL, with identical periods between

the members of each pair during the two stages of cohabitation. In the stages in which the

animals were separated, only the rhythms of two females free-ran in the first stage and of three

animals in the second one. In those conditions, the rhythms of animals of each pair showed

different endogenous periods. Besides, during cohabitation in LD and LL, the members of each

pair showed a stable phase relationship in the beginning of the active phase, while in the stages

in which the animals were separated it was noticed a breaking in the stability in the phase

relationships between the circadian activity profiles, with an increase in the difference in the

phase angles between them. During cohabitation, at the transition between LD and LL, all

animals showed free-running rhythms anticipating progressively the beginning and the end of

the active phase in a phase similar to the previous condition, showing signs of entrainment to

the previous LD. While in the posterior stages this was observed in only three animals between:

LLT I and LLS I, and LLT II and LLS II, evidencing signs of entrainment to social cues between

the members of each pair. On the other hand, one animal delayed progressively between LLT I

and LLS I, three animals delayed between LLS I and LLT II, and three animals between LLT

II and LLS II, perhaps by entrainment to the animals maintained outdoors in the colony. Similar

process was observed in four animals between LLS II and LDT II, indicating entrainment to

LD. In the transition between LLS I and LLT II, signs of masking was observed in the rhythm

of a female in response to the male and in another pair in the rhythm of the male in regard to

that of the female. The general and maximum correlations in the circadian activity profiles were

stronger during cohabitation in LD and LL than in the absence of social contact in LL,

evidencing the social effect. The cohabiting pairs had higher values of the maximum correlation

in LD and LL than when the profiles were correlated to animals of different cages, with same

or different sexes. Similar results were observed in the general correlation. Therefore, it is

suggested that cohabitation induces a strong synchrony between circadian activity profiles in

marmosets, which involves entrainment and masking. Nevertheless, additional studies are

necessary to evaluate the effect of social cues on the synchronization of the circadian rhythm

in pairs of marmosets in the absence of external social cues in order to confirm this hypothesis.

Keywords: circadian activity rhythm, synchronization, social cues, entrainment, masking,

marmoset.

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SUMÁRIO

Resumo vii

Abstract viii

1. INTRODUÇÃO 10

2. OBJETIVO 24

2.1. OBJETIVO GERAL 24

2.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS 24

3. HIPÓTESES E PREDIÇÕES 24

4. METODOLOGIA 26

4.1. SUJEITO EXPERIMENTAL 26

4.2. CONDIÇÕES DE MANUTENÇÃO 26

4.3. PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL 28

4.4. ANÁLISE DE DADOS 32

5. RESULTADOS 35

6. DISCUSSÃO 64

7. CONCLUSÃO 79

7. REFERÊNCIAS 80

8. ANEXOS 92

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1. INTRODUÇÃO

Os ritmos biológicos são oscilações endógenas que apresentam recorrência periódica

em intervalos regulares, proporcionando aos organismos a capacidade de ajuste às pistas

temporais do ambiente (Aschoff 1981), o que favorece o processo de adaptação às condições

ambientais às quais os animais estão submetidos (Castillo-Ruiz et al. 2012).

Os ritmos podem ser classificados em duas categorias: ritmos com correlatos com ciclo

geofísico, tais como: circalunar, circamaré, circanual, e o circadiano que tem período próximo

a 24 h, e ritmos sem correlatos com ciclo geofísico, tal como, o ciclo ovariano (Araújo &

Marques 2003). Embora alguns autores defendam esta categorização dos ritmos associados às

pistas temporais, a classificação dos ritmos mais utilizada é definida quanto à frequência e

duração dos ciclos (Halberg et al. 1959). Ritmos cuja frequência apresenta um ciclo a cada 24

h e período em torno de 20 e 28 h são classificados como circadianos, tal como a alternância

diária de atividade/repouso; ritmos cuja frequência apresenta menos de um ciclo a cada 24h e

período maior do que 28 h, são infradianos, tais como o ciclo menstrual e a época reprodutiva

de algumas espécies de animais; e os ritmos cuja frequência apresenta mais de um ciclo a cada

24h e período menor do que 20 h, são ultradianos, tais como os batimentos cardíacos (Araújo

& Marques 2003).

Além disso, dentro de um período são avaliados outros parâmetros, tais como a fase,

que representa cada momento de um ritmo; amplitude, que é a diferença entre o maior ou menor

valor e a média de uma variável dentro de uma escala definida; o ângulo de fase, que

corresponde ao exato momento em que a fase acontece; relação de fase, que corresponde à

diferença temporal entre duas fases de um ou mais ritmos; Alfa (α) que corresponde à fase ativa

e o Rô, que corresponde à fase de repouso (ρ), ambos sendo obtidos a partir da definição do

início e fim da fase ativa do animal. Todos estes parâmetros sofrem influência das variações

ambientais (Araújo & Marques 2003).

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As características cíclicas do ritmo persistem mesmo quando os organismos são

submetidos a condições constantes de laboratório durante dias, meses e anos dependendo da

espécie, o que é conhecido como ritmo em livre (Araújo & Marques 2003). A persistência dos

ritmos circadianos na ausência de pistas temporais reflete o caráter endógeno, característica que

favorece a antecipação da fisiologia e comportamento dos animais às mudanças previsíveis e

periódicas do ambiente (Castillo- Ruiz et al. 2012), e é gerada pelo sistema de temporização

circadiana (STC) (Golombek & Rosenstein 2010).

O sistema de temporização circadiana é composto por: vias aferentes que levam

informações visuais e não visuais ao marcapasso central; os núcleos supraquiasmáticos,

principais osciladores endógenos localizados no hipotálamo, precisamente acima do quiasma

óptico e bilateralmente ao terceiro ventrículo, e as vias eferentes que saem do núcleo

supraquiasmático e vão atuar nos osciladores secundários, regulando os efetores

comportamentais (Klein et al. 1991; Moore 1993; Leak & Moore 2001; Cavalcante et al. 2006).

Por sua vez, os osciladores secundários regulam o NSQ por meio de feedback, influenciando

indiretamente o sinal sincronizador do sistema circadiano. O núcleo supraquiásmatico (NSQ) é

formado por um conjunto de osciladores localizado em duas subdivisões, uma dorsomedial,

conhecida por “casca”, em que os neurônios secretam Vasopressina (VP), e a outra

ventrolateral, conhecida por cerne, região em que os neurônios são ricos no Polipeptídeo

Intestinal Vasoativo (VIP). Estas regiões recebem informações fóticas e não fóticas pelas vias

de entrada que sincronizam a ritmicidade gerada intrinsecamente (Klein et al. 1991; Moore

1999). Sendo assim, os ritmos circadianos são gerados por um conjunto de osciladores que

atuam de forma integrada e sincronizada ao ambiente. Além disso, um aspecto importante para

a sincronização dos ritmos circadianos ao ambiente é a capacidade de compensação do período

do ritmo às variações ambientais de temperatura (Golombek & Rosenstein 2010).

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Os osciladores biológicos possuem características próprias na presença das pistas

ambientais ou artificiais que favorecem o processo de organização temporal e definem o padrão

de atividade do animal. O padrão temporal da atividade locomotora no ciclo diário de 24h

caracteriza as espécies como diurna, noturna ou crepuscular (Marques & Waterhouse 1994, Hut

et al. 2012). A propriedade do sistema circadiano de responder à presença de estímulos

ambientais em diferentes fases do dia favorece ao animal ajustar o ritmo biológico ao nicho

ecológico da espécie, aumentando as chances de sobrevivência e diminuindo os riscos de

predação e competição por alimento e habitat (Golombek & Rosenstein 2010). Neste processo

de ajuste temporal, há o acoplamento entre os osciladores endógenos e os estímulos ambientais,

o que favorece a uma relação de fase estável entre o ritmo e os fatores ambientais cíclicos,

resultando no fenômeno de sincronização (Lee et al. 2004, Golombek & Rosenstein 2010). Os

agentes cíclicos que ajustam os ritmos biológicos foram denominados como zeitgebers por

Aschoff (1981), agentes sincronizadores por Halberg et al. 1953) e por agentes arrastadores por

Pittendrigh (1981). Esta relação de fase estável pode ser alcançada por mecanismos de

arrastamento ou mascaramento.

No processo de arrastamento, os sinais ambientais atuam diretamente nos osciladores

endógenos ajustando a fase circadiana ao ambiente (Mrosovsky 1999), favorecendo a

antecipação e adaptação às mudanças periódicas naturais, aumentando assim, as chances de

sobrevivência dos indivíduos. O arrastamento pode ser classificado de acordo com o efeito da

duração do zeitgeber sobre a fase circadiana. Quando o estímulo sincronizador atua como

pulsos sobre a fase do oscilador biológico e promove deslocamento de fase, classifica-se como

arrastamento não paramétrico. Por outro lado, quando esta estimulação ocorre de forma

contínua sobre o oscilador biológico, o arrastamento é chamado de paramétrico (Golombek &

Rosenstein 2010, Daan & Aschoff 2001, Aschoff 1999).

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No processo de mascaramento, os sinais ambientais modulam diretamente a expressão

do ritmo sem modificar o funcionamento dos osciladores endógenos, promovendo um ajuste

rápido e direto da resposta comportamental na presença do estímulo (Daan & Aschoff 2001,

Golombek & Rosenstein 2010, Mrosovsky 1999). As pistas externas podem agir acentuando

(mascaramento positivo) ou suprimindo (mascaramento negativo) a expressão cíclica do

comportamento (Daan & Aschoff 2001, Mrosovsky 1999). Por exemplo, a transição do escuro

para o claro age mascarando positivamente o comportamento de beber em primatas diurnos,

enquanto a transição do claro para o escuro mascara negativamente a expressão deste

comportamento (Albers et al. 1982).

Quando a influência dos estímulos periódicos ambientais no sistema de temporização

circadiana não é forte o suficiente para arrastar o ritmo circadiano, mas exerce algum controle

na fase do ritmo, observa-se um processo de sincronização por coordenação relativa. Na

coordenação relativa, as pistas ambientais promovem mudanças temporárias no período de um

ritmo em livre curso (Moore-Ede et al, 1982). Por exemplo, em saguis (Callithrix jacchus)

submetidos a condições de luz fraca constante foram observados intervalos em que o ritmo

circadiano de atividade se manteve sincronizado de forma temporária ao ciclo claro e escuro

externo. Ao longo deste processo ocorreram modificações associadas a alongamento e

encurtamento do período endógeno, devido à influência social de pistas acústicas emitidas por

co-específicos da colônia de primatas, situados fora da sala experimental, caracterizando o

processo de coordenação relativa (Silva et al. 2014). Outros estudos têm demonstrado efeitos

semelhantes em saguis submetidos a condições de iluminação e temperatura constantes em

laboratório (Gonçalves et al. 2009, Erkert et al. 1986).

Alguns estímulos ambientais podem atuar como agentes sincronizadores no sistema

de temporização circadiana (Golombek & Rosenstein 2010), porém o ciclo claro/escuro é o

agente sincronizador mais forte no ajuste da fase e do período do ritmo de atividade dos animais

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(Daan & Aschoff 2001, Aschoff 1999). No entanto, o caráter cíclico de vários agentes

sincronizadores não fóticos pode influenciar o processo de adaptação às flutuações ambientais

de diversas espécies (Daan & Aschoff 2001), tais como a disponibilidade de alimentos

(Mendoza 2007), os níveis de temperatura, as marés e a ação não-fótica do ciclo lunar sobre as

marés (Palmer 2000, Fernandez-Duque & Erkert 2006), e os estímulos sociais (Mistlberger &

Skene 2004, Davidson & Menaker 2003, Faveau et al. 2009).

Pesquisas têm avaliado as pistas da natureza que podem atuar como zeitgebers sociais

em diversas espécies de mamíferos, tais como, ciclos de estímulos acústicos (Erkert & Schardt

1991, Marimuthu et al. 1981) e olfatórios (Goel & Lee 1997), e de contato físico (Barnett et al.

1980), e o efeito destas pistas associado às relações de hierarquia mantidas dentro de grupo

social (Crowley & Bovet 1980). Assim como, os fatores relacionados às características do

grupo que podem modular o efeito das pistas sociais no ritmo de atividade dos animais, tais

como, a presença de co-específicos de mesmo sexo (Mendes et al. 2008, Rajaratnam & Redman

1998, Goel & Lee 1995 1996), de sexo diferente (Honrado & Mrosovsky 1989), e de uma

mesma família (Bovet & Oertli 1974). No entanto, poucos estudos têm discutido os mecanismos

de ação das interações sociais na modulação da organização temporal das atividades de um

grupo (Mistlberger & Skene 2004).

Apesar da importância dos mecanismos neurobiológicos no processo antecipação e

adaptação dos ritmos às novas condições ambientais, ainda é desconhecido como as interações

sociais podem afetar a temporização circadiana das atividades dos membros de um grupo em

mamíferos. Os estímulos ambientais podem influenciar a organização comportamental através

de diferentes vias (Mistlberger & Skene 2004, Castillo-Ruiz et al. 2012). O estímulo social por

afetar o estado comportamental do animal, por meio do abrir ou fechar os olhos, ou entrar ou

sair da toca, modulando a entrada fótica na retina às células dos osciladores circadianos

localizados no núcleo supraquiasmático, influenciando desta forma o arrastamento ao ciclo

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claro escuro diário. Podem ainda afetar diretamente a fase e o período dos osciladores

endógenos por meio de estímulos sensoriais específicos, tais como, visão, som, cheiro, contato,

ou alguns outros correlatos não específicos do estado comportamental. Além disso, o estímulo

social pode alterar o padrão rítmico de atividade sem modificar os parâmetros dos osciladores

circadianos, atuando como um agente mascarador da fase circadiana (Mistlberger & Skene

2004, Castillo-Ruiz et al. 2012). Por fim, o estímulo social pode influenciar o sistema circadiano

por meio de condicionamento clássico. Por esta via, o estímulo social adquire as propriedades

de um zeitgeber suficiente para substituir ou reforçar a ação da luz na fase circadiana

(Mistlberger & Skene 2004).

Pesquisas tem demonstrado que os fatores sociais podem atuar fortalecendo a ação das

informações fóticas na sincronização social entre os membros de um grupo (Davidson &

Menaker 2003), como observado em roedores (Goel & Lee 1995, Goel et al. 1998, Honrado &

Mrosovsky 1989, Cambras et al. 2011) e primatas (Mendes et al. 1998). Em roedores (Octodon

degus), a presença de pistas sociais favorece a ressincronização do ritmo circadiano de atividade

a uma nova condição de ciclo claro escuro (Goel & Lee 1995, Goel et al. 1998), na medida em

que os animais com bulbo olfatório intacto ressincronizam mais rapidamente do que os que

tiveram o bulbo removido (Goel et al. 1998). Uma aceleração na ressincronização também foi

observada para hamsters (Mesocricetus auratus), que tiveram experiência social com fêmeas

no estro no início de um avanço de 8h no ciclo claro escuro (Honrado & Mrosovsky 1989). Em

ratos Wistar, foi observado que as interações sociais aumentam a estabilidade e a amplitude do

ritmo circadiano da temperatura em animais previamente sincronizados (Cambras et al. 2011).

Em algumas espécies, os fatores sociais têm uma ação mais forte, favorecendo a

sincronização mútua do ritmo de atividade de um grupo de parceiros sociais. Por exemplo,

Marimuthu et al. (1981) observaram que morcegos habitantes de caverna (Hipposideros

speoris) mantidos em condição solitária confinados em caverna inabitada, sob escuro constante,

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entram em livre curso com período menor do que 24h. Por outro lado, quando estavam

confinados em gaiolas em contato com co-específicos, que saíam da caverna para

forrageamento noturno, expressavam período igual a 24 horas, sendo assim arrastados pelos

demais membros da colônia. De forma semelhante, famílias de castor selvagem, Castor

canadensis, quando alojados em tocas cobertas de gelo e neve com luz fraca e temperatura

constantes, expressaram o ritmo de atividade em livre curso com período próximo de 27 horas,

enquanto no verão sincronizaram ao ciclo claro escuro externo (Bovet & Oertli 1974).

Provavelmente, este processo de sincronização mútua deve ser influenciado pela força das

interações sociais dentro do grupo, quanto mais forte, mais eficiente será a sincronização.

Além destas espécies, a sincronização mútua entre co-específicos em condições

constantes foi observada em camundongos, esquilos e ratos silvestres. Por exemplo, Crowley

& Bovet (1980) observaram que machos de camundongos (Peromyscus maniculatus) mantidos

em gaiolas individuais exibiram ritmo de atividade motora em livre curso com o período

variando entre os indivíduos. Por outro lado, quando colocados em pareamento exibiram

sincronização mútua, com o animal dominante de cada par determinado o período do grupo.

No entanto, quando separados novamente sem contato acústico, a sincronização mútua não foi

mantida. Esquilos machos, Funambulus pennanti, após contato social, apresentaram ritmo de

atividade motora em livre curso com sincronia de fase e menor diferença de ângulo de fase na

maioria dos indivíduos (Rajaratnam & Redman, 1998). Korslund (2006) estudando ratos

silvestres sob a neve (Microtus oeconomus) observaram que os pares de indivíduos originados

de um mesmo grupo expressaram uma maior sincronia de atividade e alto nível de interação do

que os pares originados de grupos diferentes. No entanto, com a introdução de uma grade entre

os pares evitando a interação entre os animais, o nível de sincronia foi baixo para os pares

originados de um mesmo grupo e de grupos diferentes. Portanto, o nível de sincronia no ritmo

de atividade entre os animais sofre influencia da familiaridade e da coabitação. Os autores

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sugerem que a temporização dos sinais de comunicação exerce papel na sincronização dos

osciladores circadianos entre os indivíduos em grupo, favorecendo a uma maior coerência de

fase no ritmo da atividade motora.

A coordenação do ritmo diário de atividade entre os indivíduos de um grupo pode ser

favorável à sincronia de diferentes comportamentos dos animais. A sincronia é um processo

caracterizado pela ocorrência simultânea de dois ou mais fenômenos ou fatos, que podem ou

não, estar relacionados entre si. Em babuínos, King & Cowlishaw (2009) observaram que a

sincronia dos comportamentos contribui para uma maior organização social e melhor adaptação

dos animais às pressões seletivas do ambiente, sendo relevante para a maximização da vida em

grupo. A ocorrência de comportamentos sincrônicos pode promover o compartilhamento de

informações sobre a localidade e qualidade dos recursos (King & Cowlishaw 2009),

favorecendo a proteção dos indivíduos contra predadores e o sucesso no comportamento de

forrageio (Halle 1995). A sincronia é influenciada pelas características do grupo, aumentando

com o número de fêmeas grávidas, mas diminuindo com o número de fêmeas férteis. Além

disso, varia em função do tipo de habitat, tamanho do grupo e horário do dia, sendo maior nas

atividades em habitat fechado, em grupos pequenos, e no início da manhã, momento em que

todos os indivíduos estão realizando a exploração de recursos alimentares (King & Cowlishaw

2009).

De acordo com o modelo proposto por Mistlberger & Skene (2004) e Castillo-Ruiz et

al. (2012), algumas pesquisas têm demonstrado evidências de que as pistas sociais podem afetar

diretamente os osciladores em roedores. Cambras et al. (2012) usando um método invasivo para

registro individual da temperatura corporal em ratos Wistar, expostos a condições de CC (claro

constante) após o nascimento, observaram que as interações sociais aumentam a força espectral

do ritmo circadiano da temperatura e a estabilidade do ritmo circadiano da atividade motora.

Paul et al. (2015a, b), utilizando método semelhante para monitorar a temperatura corporal em

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hamsters, observaram que as pistas sociais podem exercer um efeito significativo nos

osciladores circadianos de pares de hamsters que coabitam por um longo tempo (Paul et al.

2015a), e em grupos com um maior número de indivíduos (Paul et al. 2015b). Embora os

mecanismos envolvidos na influência do ritmo circadiano de hamsters sejam pouco conhecidos,

esses autores sugerem que as pistas sociais podem atuar como agentes de acoplamento dos

osciladores do sistema circadiano.

Em primatas, os vários efeitos das pistas sociais como fator não fótico têm sido

discutidos na distribuição temporal do comportamento no sagui comum, Callitrhix jacchus

(Erkert & Schardt 1991, Erkert 1986, Mendes et al. 2008). Em primatas, Mendes et al. (2008)

encontraram que pistas sociais aceleram a ressincronização fótica no sagui, por meio de co-

específico previamente sincronizado em contato com machos adultos submetidos a um atraso

de fase de 6h no ciclo claro escuro 12:12h. Indivíduos desta mesma espécie em claro constante

aumentaram a atividade motora com a emissão de chamados de coespecíficos por meio de um

playback e a presença de um espelho em frente da gaiola expostos durante a fase de atividade.

Estes estímulos também induziram a avanços e atrasos de fase quando foram aplicados no fim

da fase de repouso e no início e meio do repouso respectivamente, numa resposta tipicamente

fótica (Wechselberger & Erkert 1994).

Além de fortalecer a ação das informações fóticas na sincronização social do sagui, as

pistas sociais podem atuar através de outras vias para influenciar o ritmo diário de atividade

dessa espécie como já descrito anteriormente para outras espécies. Erkert (1986) observou que

pistas acústicas de fêmeas de sagui influenciaram o período endógeno e a duração da fase ativa

do ritmo circadiano da atividade motora de machos adultos em claro constante, sendo um da

espécie Callithrix jacchus e o outro C. penicillata por meio de mascaramento social,

coordenação relativa e pseudo-bipartição. Em um estudo posterior em que foi avaliada a

sincronização social entre saguis (Callithrix jacchus) adultos expostos a situações de coabitação

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ou isolados em claro constante, Erkert & Schardt (1991) demonstraram que os membros de um

casal que conviveu durante anos apenas sincronizaram mutuamente após voltarem a habitar em

uma mesma gaiola, mas não quando expostos apenas a contato acústico, e a contato acústico e

visual, momento em que os ritmos de atividade apresentaram mudanças no período endógeno

induzidas por coordenação relativa e mascaramento positivo. Esse resultado provavelmente foi

influenciado pela considerável diferença entre os períodos endógenos dos animais.

Além disso, estes autores observaram que o contato sonoro entre duplas em livre curso

e sincronizadas a um ciclo CE 12:12h promoveu a sincronização da atividade motora entre os

indivíduos com maior grau de parentesco mantidos em claro constante, enquanto em casais sem

relação de parentesco induziu apenas a um mascaramento positivo. Portanto, estes autores

sugerem que as pistas sociais atuam como um zeitgeber fraco no processo de sincronização em

saguis, que é influenciado pela proximidade dos períodos endógenos e pelo grau de

familiaridade entre os animais. Outro exemplo de sincronização por meio de coespecíficos nesta

espécie foi observado por Gonçalves et al. (2009) e Silva et al. (2014) em saguis machos

mantidos em gaiolas individuais em claro constante, em que alguns animais sincronizaram com

os que se encontravam em cativeiro na parte externa da Colônia.

Com a utilização da actimetria em saguis (Mann et al., 2005), se tornou possível

registrar de forma individualizada e não invasiva, a atividade de animais em grupos,

possibilitando a avaliação do efeito de pistas sociais em condições de coabitação. Em estudo

realizado em nosso laboratório com famílias de saguis submetidas a um ciclo claro escuro (Melo

et al. 2013), observou-se que a sincronia entre os perfis diários de atividade dos indivíduos varia

entre as famílias, sendo mais forte entre os indivíduos de uma mesma família do que entre

famílias diferentes. Além disso, os juvenis apresentaram uma maior sincronia entre os gêmeos

do que entre indivíduos de mesma idade e sexo de famílias diferentes. Dentro do grupo, a

sincronia foi mais forte entre os juvenis do que entre os juvenis e os pais, na maioria das famílias

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estudadas, sem diferenças com relação à díade mãe/pai, que teve a segunda correlação mais

forte. Portanto, a atuação das pistas sociais na sincronia entre os perfis de atividade em saguis

em coabitação em ciclo CE parece ser influenciada pela idade e pelo papel social do indivíduo

no grupo.

O sagui comum (Callithrix jacchus) é um pequeno primata neotropical encontrado no

nordeste do Brasil, pertencente à família Callitrichidae. São animais sociais que em ambiente

natural organizam-se em grupos de 3 a 15 indivíduos (Stevenson & Rylands 1998). Nesta

espécie, a maioria dos grupos é composta por um macho e uma fêmea reprodutores, que

exercem a dominância do grupo e modulam a expressão comportamental dos indivíduos não

reprodutivos por meio de mecanismos fisiológicos em fêmeas (Abbott et al. 1978, Stevenson

& Rylands 1998) e comportamentais em machos e fêmeas (Woodcock 1983, Stevenson &

Rylands 1998). Além do par reprodutor, os animais não reprodutores participam no cuidado da

prole, geralmente de gêmeos (Yamamoto 1990, Arruda 1992), e participam de outras

atividades, tais como defesa contra possíveis predadores e recursos, desempenhadas dentro do

grupo, sem implicar na dispersão dos indivíduos (Alonso & Langguth 1989). No entanto, as

características individuais (Box 1975) e algumas situações presentes em determinados

momentos do dia, tal como, a presença ou não de uma presa, pode favorecer a execução de

atividades individuais não simultâneas com o restante do grupo (Alonso & Langguth 1989).

O desenvolvimento desta espécie é caracterizado por cinco estágios, definidos de

acordo com os aspectos comportamentais e fisiológicos: infante (0 - 3 meses), juvenil (3 - 13

meses), subadulto (13-18 meses), adulto (18 meses a 8 anos) e idoso (acima de 8 anos) (Abbott

et al. 2003). No primeiro mês de vida, os filhotes são muito dependentes dos pais e dos outros

membros do grupo, em relação às atividades de alimentação e transporte (Albuquerque &

Arruda 1997). Enquanto do segundo para o terceiro mês, ocorre um aumento significativo de

atividade individual e interações sociais, tais como, brincadeira e catação com outros membros

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do grupo, devido ao aumento da habilidade motora, que é modificada ao longo da ontogênese

(Yamamoto 1993, Abbott et al. 2003). Nos estágios seguintes, ocorre a execução de

comportamentos mais elaborados e complexos, tais como, brincadeiras de luta e fuga que

exigem movimentos rápidos e precisos do corpo (Fagen 1993). Estes comportamentos quando

desempenhados entre indivíduos de mesmo sexo podem ser utilizados para determinar as

diferenças de status dentro do grupo (Yamamoto 1993). Além disso, o crescimento dos animais

está relacionado com o desenvolvimento motor, aumento da interação com os outros animais

do grupo e autossuficiência em relação à alimentação (Stevenson & Rylands 1998).

Os animais desta espécie apresentam uma organização temporal na distribuição diária

do comportamento, existindo momentos em que há uma maior ocorrência de determinados

comportamentos (Stevenson & Rylands 1998). O sagui é um animal de hábito diurno, cuja fase

ativa tem duração de 11,1h ± 0,7 h, com início após a alvorada ou pouco antes do acender das

luzes, e fim antes do pôr do sol e do apagar das luzes, para os animais vivendo em ambiente

natural (Stevenson & Rylands 1998; Alonso & Langguth 1989) e sob condições ambientais

semi naturais (Menezes et al. 1993), ou sob condições artificiais de 12 h de claro e 12 h de

escuro (Erkert 1989, Gonçalves et al. 2009).

O perfil circadiano da atividade motora (Erkert, 1989; Menezes et al, 1993) é

caracterizado por um padrão bimodal de atividade, que é distribuída em dois picos, sendo um

pela manhã e outro no meio da tarde, com uma redução da atividade próximo ao meio dia

(Moreira et al, 1991). Erkert (1989) verificou que o sagui, na ausência de pistas temporais,

apresenta um período de 23,2 ± 0,3 h para o ritmo de atividade motora, pouco influenciado pela

idade e sem diferenças entre machos e fêmeas.

Em condições naturais este padrão de atividade está relacionado à ocorrência de

diversos comportamentos. Em vida livre, os indivíduos adultos apresentam maior ocorrência

de exploração de exsudato no início e no fim do dia, descanso ao meio dia e forrageio no restante

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do tempo (Alonso & Langguth 1989). Estudos que discutem a distribuição temporal dos

comportamentos afiliativos do sagui demonstraram que tais atividades são realizadas de modo

regular e apresentam um perfil geral característico da espécie (Alonso & Langguth 1989). A

distribuição da frequência máxima da catação e da proximidade entre os adultos (Sousa &

Pontes 2008), e da brincadeira entre os juvenis (Stevenson & Rylands 1998, Alonso & Langguth

1989) ocorrem próximo ao meio do dia em ambiente natural. Resultados semelhantes foram

observados para a catação (Menezes et al. 1994), proximidade (Sousa & Moisés 1997) e

brincadeira (Bessa et al. 2013) em cativeiro. O contato é maior à tarde (Sousa & Pontes 2008),

e a brincadeira social entre os juvenis ocorre principalmente no meio do dia e no final da tarde,

com um perfil bimodal (Bessa et al. 2013). O nível máximo destes comportamentos coincide

com o momento de repouso dos adultos, registrado em ambiente natural (Alonso & Langguth

1989) e em cativeiro (Menezes et al. 1993), e o mínimo, com o aumento da atividade de

forrageio dos animais em ambiente natural (Stevenson & Rylands 1998, Alonso & Langguth

1989). Geralmente, estas atividades são realizadas de forma simultânea pelos indivíduos do

grupo, favorecendo a uma maior coesão do grupo e diminuição das chances de predação

(Alonso & Langguth 1989).

A vocalização é um sinal social importante na ocorrência dos comportamentos do

sagui, sendo frequentemente utilizada na expressão de comportamentos afiliativos, tais como,

contato, brincadeira e interação entre pais e filhotes (Stevenson & Rylands 1998). O “phee”,

uma dentre as vocalizações emitida pelos saguis, também apresentam um perfil bimodal com

um pico mais evidente ocorrendo no início da manhã e outro no final da tarde (Araújo et al.

2007, Silva et al. 2014). A comunicação acústica é um fator relevante no convívio entre

indivíduos sociais (Stevenson & Rylands 1998, Schrader & Todt 1993), nas relações de

hierarquia dentro do grupo e nos comportamento de defesa contra predadores (Epple 1968).

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Há várias evidências de que o sagui pode ser sincronizado às pistas sociais de outros

indivíduos em condições de laboratório (Erkert et al. 1986, Erkert & Schardt 1991, Mendes et

al. 2008, Gonçalves et al. 2009, Melo et al. 2013, Silva et al. 2014). Os estudos iniciais

avaliaram a influência da coabitação na sincronização entre parceiros de um grupo (Erkert et

al. 1986, Erkert & Schardt 1991). Porém, nestes estudos não foi possível o registro

individualizado dos animais durante a coabitação devido à forma de registro da atividade

motora por um método eletro-acústico, que detectava as vibrações produzidas no interior das

gaiolas dos animais, impossibilitando a discriminação da ritmicidade de cada indivíduo.

Em roedores, a limitação no registro individualizado para avaliar os mecanismos

envolvidos na influência das interações sociais sobre a temporização circadiana das atividades

durante situações de coabitação, foi superada usando um método invasivo com sensores

intraperitoneais para medir o ritmo de temperatura corporal de cada indivíduo (Paul e Schwatz

2015, Cambras et al 2012). Em primatas, esta medida foi possível por meio da utilização de um

método não-invasivo para registrar a atividade motora individualmente em famílias de saguis

submetidas a um ciclo claro escuro (Melo et al. 2013). A metodologia utilizada nestes estudos

possibilitou evidenciar que a coabitação entre pares de hamster promove mudanças no período

do ritmo da temperatura corporal quando comparados a animais não pareados ou pareados

virtualmente (Paul e Schwatz 2015), e em saguis favorece a uma sincronia social mais forte

entre os perfis de atividade dos animais de uma mesma família do que entre famílias diferentes

(Melo et al. 2013). Os resultados descritos por essas pesquisas enfatizam a importância da

coabitação em estudos de sincronização social. Entretanto, os mecanismos envolvidos na

sincronia social durante a coabitação em grupos de saguis é desconhecido.

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2. OBJETIVOS:

2.1. Objetivo geral

Investigar os mecanismos de sincronização envolvidos na sincronia entre os perfis

circadianos de atividade durante a coabitação em casais de saguis.

2.2. Objetivos específicos

Avaliar a sincronia entre os perfis circadianos de atividade dos casais de saguis

mantidos em laboratório durante a coabitação e em isolamento em condições de ciclo claro

escuro e claro constante.

Avaliar as relações de fase entre os ritmos circadianos de atividade dos casais nas

condições experimentais de claro constante durante a coabitação e após a remoção de um dos

membros do casal.

Avaliar o período endógeno dos membros de cada casal de saguis alojados

isoladamente ou durante a coabitação quando expostos às condições experimentais de claro

constante.

3. HIPÓTESES E PREDIÇÕES:

H1: A sincronia entre os perfis circadianos de atividade dos animais durante a coabitação cada

casal é promovida por sincronização social.

P1: Há maior índice de correlação entre os perfis de atividade e menor diferença dos

ângulos de fase no início e fim da fase ativa entre os animais de cada casal na condição de CE

e CC durante a coabitação em relação à condição em que um membro do casal é removido.

P2: O período endógeno dos membros de um casal em CC apresenta o mesmo valor

quando os animais estão coabitando.

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H2: A Sincronia entre os perfis circadianos de atividade dos membros durante a coabitação

em casais de saguis envolve mecanismos de arrastamento e mascaramento

P1: Após uma etapa em coabitação, os animais de uma mesma gaiola entram em livre

curso com uma fase semelhante à condição anterior, indicando a presença de mecanismo de

arrastamento.

P2: Após uma etapa sem coabitação, a presença de um membro do casal irá promover

uma resposta imediata ajustando o início da fase ativa ao do outro animal, por mecanismos

de mascaramento.

H3: O efeito da sincronização social é mais fraco do que o do fator fótico.

P1: A sincronia entre os perfis circadianos de atividade motora de cada casal é mais

forte quando submetidos ao ciclo CE 12:12 em relação ao CC.

H4: O efeito de sincronização social é mais forte entre os membros do casal durante a

coabitação.

P1: Os perfis circadianos dos animais que coabitam apresentam correlações mais fortes

do que entre animais de gaiolas diferentes.

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4. METODOLOGIA

4.1. Sujeito experimental

O experimento foi realizado em 3 casais de saguis adultos. Os casais foram mantidos

em salas experimentais do Núcleo de Primatologia da UFRN, entre estes, 5 animais eram

nascidos em cativeiro e 1 selvagem. Cada animal foi identificado de acordo com o cadastro do

núcleo (Quadro 1) e mantidos em experimento por cerca de 4 meses. Os casais foram formados

de acordo com a rotina de manejo da colônia, em que são pareados animais oriundos de grupos

familiares diferentes. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética no Uso de Animais da

Universidade Federal no Rio Grande do Norte (protocolo n° 018/2014).

Quadro 1: Características dos animais observados ao longo do experimento

Animal Sexo Idade no

início do

experimento

Peso no

início do

experimento

Peso no fim

do

experimento

Tempo de

pareamento

dos casais

Aissa

(1232)

F 1 ano e 1

mês

299 347 06/05/2015

Zeringue

(1197)

M 3 anos e 1

mês

363 360 06/05/2015

Zilar

(1134)

F 3 anos e 7

meses

378 320 17/06/2013

Félix

(1193)

M 3 anos e 2

meses

361 358 17/06/2013

Zuleide

(1136)

F 3 anos e 3

meses

355 321 16/10/2012

Fofão

(1085)

M 6 anos e 6

meses

346 386 16/10/2012

O estado de saúde dos animais foi acompanhado através da observação do padrão

comportamental e as medidas de pesos dos animais (Quadro 1). Os animais apresentaram bom

estado de saúde durante todo o experimento.

4.2. Condições de manutenção

Cada casal foi mantido em uma gaiola medindo 1,00 m de largura x 1,00 m

profundidade x 1,20 m de altura e equipada com caixa ninho, poleiro, bebedouro e comedouro

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para ração e passas (Figura 1). Além disso, as gaiolas experimentais foram tratadas com

enriquecimento ambiental, fornecendo estímulos, tais como cordas, redes, balanços e objetos

para os animais manusearem, a fim de favorecer a expressão de uma maior variedade de

comportamentos naturais da espécie e a exploração de novos itens, reduzindo o estresse e

favorecendo o bem estar animal. Os casais estavam isolados visualmente, mas com contato

acústico e olfativo em relação às outras díades.

Água, ração e passas foram disponíveis ad libitum. Adicionalmente, os animais

recebiam duas refeições: uma pela manhã entre 7:00 e 9:00 h, sendo servida uma papa rica em

proteínas com suplementação de aminoácidos e vitaminas (Hemolitan e Organew); que era

substituída à tarde entre 13:00 e 15:00 h, por uma alimentação à base de frutas, batatas ou

frango. Alguns alimentos foram disponibilizados dentro de depósitos com o intuito de promover

desafios para a captura de alimentos e incentivar a habilidade de manusear objetos, favorecendo

o bem estar animal. Além disso, suplementos foram adicionados a estas porções, tais como,

goma arábica e granola.

Figura 1: Foto da gaiola experimental.

Fo

nte

: Z

oél

ia C

amil

a

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4.3. Procedimento experimental

Inicialmente, para o processo de adaptação à sala experimental e ao equipamento de

registro da atividade motora, os casais foram monitorados por actímetros durante 15 dias em

ciclo CE 12:12 h (~350 lux : ~2lux – acender das luzes: 06:00 h e apagar das luzes: 18:00 h).

Quadro 2: Etapas experimentais

O experimento com os casais foi realizado em duas condições de iluminação (Figura

2, Quadro 2): (1) em ciclo CE 12:12 h (~350 lux : ~2lux – acender das luzes: 06:00 h e apagar

das luzes: 18:00 h) por 21 dias - CEJ I; e posteriormente, (2) em condições de claro constante

(~350 lux). Nesta condição, os casais foram submetidos a 4 situações experimentais: 1.

coabitação – CCJ I (24 dias), 2. remoção de um membro do casal para outra sala experimental

nas mesmas condições de iluminação – CCS I (20 dias), 3. coabitação com a reintrodução do

membro do casal na gaiola da 1° situação – CCJ II (30 dias), e 4. remoção de um membro da

díade para outra sala experimental nas mesmas condições de iluminação – CCS II (7 dias), para

avaliação dos mecanismos de sincronização envolvidos neste processo. Em seguida, coabitação

com a reintrodução do membro do casal na gaiola em um ciclo CE 12:12 (~350 lux : ~2lux –

acender das luzes: 06:00 h e apagar das luzes: 18:00 h) – CEJ II (11 dias), para depois serem

Etapas do experimento Duração do experimento

CEJ I 02/06/2014 a 22/06/2014 (21 dias)

CCJ I 23/06/2014 a 16/07/2014 (24 dias)

CCS I 18/07/2014 a 06/08/2014 (20 dias)

CCJII 08/08/2014 a 06/09/2014 (30 dias)

CCSII 08/09/2014 a 14/09/2014 (7 dias)

CEJ II 15/09/2014 a 25/09/2014 (11 dias)

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liberados para a colônia. A organização espacial das gaiolas dentro das salas experimentais do

Núcleo de primatologia (Salas 1 e 3) utilizadas nas etapas em que houve coabitação e

isolamento entre os membros do casal estão representadas nas Figuras 3 e 4.

Figura 2: Representação das etapas experimentais

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Figura 3: Representação esquemática do arranjo espacial das gaiolas dentro da sala experimental (sala

3 do Núcleo de Primatologia). Nesta sala foram desenvolvidas as etapas com coabitação e foi o local

onde os machos permaneceram durante as etapas com isolamento entre os membros dos casais.

Figura 4: Representação esquemática do arranjo espacial das gaiolas dentro da sala experimental (sala

1 do Núcleo de Primatologia). Neste local, as fêmeas permaneceram durante as etapas com isolamento

entre os membros dos casais.

Em todo o experimento, a atividade motora foi monitorada continuamente por

actímetros (AW16 MiniMitter Inc.) posicionados no dorso de cada animal dentro de uma bolsa

de tecido que foi adaptada ao corpo do animal, como observado na foto da Figura 5. Os

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actímetros foram retirados para a transferência dos dados para o computador e troca de bateria

em intervalos de aproximadamente 30 dias.

Figura 5: Casais de saguis, Zuleide e Fofão (imagem esquerda) e Zilar e Félix (imagem direita). Foto

do interior da gaiola na sala experimental.

A fim de diminuir o nível do estresse do animal nos momentos de captura para colocação

da bolsa com o actímetro e leitura dos dados, foi realizado um processo de condicionamento

positivo, de acordo com McKinley et al. (2003), visando à cooperação dos animais para entrada

na gaiola de transporte para a realização destes procedimentos (Figura 6).

Figura 6: Momento em que foi realizado o treino de condicionamento positivo.

Fo

nte

: Ja

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es

Fo

nte

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essa

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4.4. Análise de dados

Os dados brutos da atividade motora foram totalizados a cada 5 minutos, sendo

transferidos do actímetro para um arquivo de dados por meio do programa ACTIWATCH

(MiniMitter Co., Inc. Versão 3.4). Os dados da atividade motora foram submetidos ao

programa El temps para a construção de actogramas e perfis médios.

Para a análise de dados, as séries temporais foram submetidas a um alisamento no qual

os outliers foram substituídos pelos valores do 3° quartil. A partir da atividade motora foram

definidos os seguintes parâmetros: (a) início e o (b) fim da fase ativa; (c) duração da fase ativa,

obtida pela diferença entre o fim e o início da fase ativa; o (d) total diário da atividade, que

corresponde à totalização da frequência da atividade (medida em unidades arbitrárias) a cada 5

minutos ao longo de cada intervalo de 24 h; o (e) total da atividade das 10h consecutivas de

maior atividade (M10, Van Someren et al. 1999, Caeytanot et al. 2005, Araujo et a. 2014); o (f)

total da atividade das 5 h consecutivas de menor atividade (L5, Van Someren et al. 1999,

Caeytanot et al. 2005); o (g) índice de estabilidade interdiária (IS), que quantifica a

sincronização de um ritmo, tal como o momento de iniciar e finalizar episódios de atividade, a

um zeitgeber, indicando a força de acoplamento entre o ritmo de atividade repouso e o

zeitgeber; e o (h) índice de variação intradiária (IV), que quantifica a fragmentação do ritmo

circadiano de atividade e repouso, ou seja, a frequência e a extensão da transição entre as fases

de atividade e repouso (Van Someren et al. 1999, Caeytanot et al. 2005, Gonçalves et al. 2014).

O início e fim da fase ativa foram obtidos pelo método “two flanks” utilizando o

programa El Temps. A fim de avaliar a coerência entre os valores obtidos por este método e o

perfil de atividade dos animais, foi realizada a sobreposição dos actogramas com os gráficos do

início e fim da fase ativa de cada animal. Nas situações em que os valores do início e fim da

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fase ativa eram discrepantes do perfil apresentado no actograma, estes dados foram substituídos

pelos valores observados a partir de uma análise visual do dado bruto.

A amplitude relativa do ritmo circadiano de atividade foi analisada pela razão da

diferença entre as 10h consecutivas de maior atividade e as 5 h consecutivas de menor atividade

pela soma das mesmas variáveis (Van Someren et al. 1999).

Para avaliar a sincronia social, foi calculada a correlação cruzada (cross-correlation)

entre os perfis de atividade dos indivíduos de cada díade nas diferentes condições

experimentais. Este método estima o grau de correlação entre dois perfis temporais de variáveis

que oscilam ao longo do tempo (Funahashi & Inoue 2000). Por este método foi calculada a

correlação geral e máxima entre os perfis de atividade de cada casal e entre díades de animais

de mesmo e diferente sexo de gaiolas diferentes. A correlação geral corresponde à correlação

realizada entre as séries temporais com os dados brutos da frequência da atividade em intervalos

de 5 min dos animais de cada díade. Na correlação máxima, este procedimento é feito utilizando

a série temporal de cada animal em relação à do outro de forma defasada em diferentes

intervalos de tempo (5,10,15... 720 minutos), denominados de LAG. Portanto, o LAG representa

a relação de fase entre as duas oscilações correlacionadas. O maior valor de correlação obtido

a partir deste procedimento corresponde à correlação máxima, a qual terá um LAG associado.

Além disso, as relações de fase entre os animais de cada casal foram obtidas a partir da

diferença de ângulo de fase entre o início da fase ativa de um animal em relação ao início de

fase ativa de cada animal do casal ( inicio). Procedimento semelhante foi realizado para o fim

da fase ativa ( fim). Em condições de CC, foram calculados os períodos endógenos do ritmo

de cada animal e a potência das frequências existentes pelo Periodograma Lomb-Scargle

(programa El Temps).

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A presença de mecanismos de arrastamento e/ou mascaramento foi avaliada com base

nos seguintes critérios diante da presença e ausência do zeitgeber: 1) Diante do zeitgeber: o

ritmo tem período igual ao do zeitgeber, com manutenção de relação de fase estável; 2)

Remoção do zeitgeber: o ritmo entra em livre curso com período diferente do zeitgeber, em fase

determinada pela condição anterior de sincronização; 3) Reintrodução do zeitgeber: o ritmo

assume o período do zeitgeber de forma gradual, apresentando ciclos transientes até alcançar

uma relação de fase estável com o agente sincronizador; e 4) Remoção do zeitgeber: o ritmo

entra em livre curso com período diferente do zeitgeber, em fase determinada pela condição

anterior de sincronização (Moore-Ede et al. 1982, Daan & Aschoff 2001).

A partir de uma análise visual dos actogramas durante o experimento, foi percebido que

alguns animais entraram em livre curso em condições constantes, enquanto outros apresentaram

um padrão de atividade com uma relação de fase estável com o dia anterior por vários dias,

mantendo o período do ritmo próximo a 24 h. Para avaliar se estas modulações eram decorrentes

de um efeito sincronizador por pistas acústicas dos animais da parte externa da colônia,

calculou-se a correlação de Pearson entre o nascer e pôr do sol no ambiente externo com o

início e fim da fase ativa dos animais da sala, respectivamente. Este critério foi utilizado

baseando-se em estudo anterior realizado em cativeiro na parte externa da colônia em que foi

observada uma forte correlação entre o início da fase ativa dos animais e o nascer do sol ao

longo do ano (Melo et al. 2010).

Os parâmetros do ritmo circadiano de atividade foram comparados entre os casais e

condições experimentais pela ANOVA fatorial, com post hoc o Teste de Unequal N HSD, com

nível de significância de 5%.

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5. RESULTADOS

5.1. Perfil circadiano da atividade motora dos casais de saguis ao longo do experimento.

Na primeira condição experimental em CE (CEJ I), os animais iniciaram e finalizaram

a atividade um pouco antes do acender e apagar das luzes, sincronizando ao ciclo claro escuro

(Figuras 7 a 15). Nesta condição, os animais apresentaram dois picos de atividade motora, sendo

distribuídos um pela manhã e o outro à tarde, com uma diminuição no meio do dia,

caracterizando o perfil bimodal de atividade desta espécie (Figuras 16). Em CE, o ritmo de

atividade da maioria dos animais apresentou período de 24 h, à exceção do casal zilar e Félix

(23,9 h - Tabela 1).

Tabela 1. Valores do período do ritmo de atividade motora dos saguis calculados para cada

etapa experimental em claro escuro (CE I e II, 12:12); claro constante durante a coabitação

(CCJ I e II); e claro constante separados (CCS I e II) (Periodograma Lomb-Scargle).

Período

Animais

T

(CEJ I)

tau

(CCJ I)

tau

(CCS I)

tau

(CCJ II)

tau

(CCS II)

tau

(CEJ II)

Aissa 24 23,7 23 24.1 23,2 24,3

Zeringue 24 23,7 24 23,9 24,1 24,3

Zilar 23,9 23,7 24 23,9 23,8 24,2

Félix 23,9 23,7 24 23,9 24,1 24,1

Zuleide 24 23,7 23,8 24,2 23,8 24,1

Fofão 24 23,7 23,9 24,2 23,6 24,0

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Aissa

Figura 7: Actograma da frequência da atividade motora de Aissa ao longo de todas as etapas

experimentais (CEJ I - 12:12, CCJ I, CCS I, CCJ II, CCS II e CEJ II - 12:12). As colunas brancas

representam a fase de claro e as pretas representam a fase de escuro. O retângulo cinza demarca a fase

de claro do ciclo claro escuro ambiental externo, representando as médias dos horários de nascer e por

do sol durante o experimento. A estrela vermelha representa o momento em que os animais foram

separados ou reunidos.

0 6 12 18 24 30 36 42 48Horas

2/6

12/6

22/6

2/7

12/7

22/7

1/8

11/8

21/8

31/8

10/9

20/9

Dia

s

CEJ I

CCJ II

CCS II

CEJ II

CCS I

CCJ I

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Zeringue

Figura 8: Actograma da frequência da atividade motora de Zeringue ao longo de todas as etapas

experimentais (CEJ I - 12:12, CCJ I, CCS I, CCJ II, CCS II e CEJ II - 12:12). As colunas brancas

representam a fase de claro e as pretas representam a fase de escuro. O retângulo cinza demarca a fase

de claro do ciclo claro escuro ambiental externo, representando as médias dos horários de nascer e por

do sol durante o experimento. A estrela vermelha representa o momento em que os animais foram

separados ou reunidos.

0 6 12 18 24 30 36 42 48Horas

2/6

12/6

22/6

2/7

12/7

22/7

1/8

11/8

21/8

31/8

10/9

20/9

Dia

s

CEJ I

CCJ II

CCS II

CEJ II

CCS I

CCJ I

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Sobreposição dos actogramas

Figura 9: Actograma da sobreposição dos níveis de atividade motora do casal Aissa/Zeringue ao longo

de todas as etapas experimentais (CEJ I -12:12, CCJ I, CCS I, CCJ II, CCS II e CEJ II -12:12). As

colunas brancas representam a fase de claro e as pretas representam a fase de escuro. O retângulo cinza

demarca a fase de claro do ciclo claro escuro ambiental externo, representando as médias dos horários

de nascer e por do sol durante o experimento. A estrela vermelha representa o momento em que os

animais foram separados ou reunidos.

0 6 12 18 24 30 36 42 48Hora

2/6

12/6

22/6

2/7

12/7

22/7

1/8

11/8

21/8

31/8

10/9

20/9

Dia

s

CEJ I

CCJ II

CCS II

CEJ II

CCS I

CCJ I

z

z

z

z

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Zilar

Figura 10: Actograma da frequência da atividade motora de Zilar ao longo de todas as etapas

experimentais (CEJ I - 12:12, CCJ I, CCS I, CCJ II, CCS II e CEJ II - 12:12). As colunas brancas

representam a fase de claro e as pretas representam a fase de escuro. O retângulo cinza demarca a fase

de claro do ciclo claro escuro ambiental externo, representando as médias dos horários de nascer e por

do sol durante o experimento. A estrela vermelha representa o momento em que os animais foram

separados ou reunidos.

CEJ I

CCJ II

CCS II

CEJ II

CCS I

CCJ I

0 6 12 18 24 30 36 42 48Horas

2/6

12/6

22/6

2/7

12/7

22/7

1/8

11/8

21/8

31/8

10/9

20/9

Dia

s

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40

Félix

Figura 11: Actograma da frequência da atividade motora de Félix ao longo de todas as etapas

experimentais (CEJ I - 12:12, CCJ I, CCS I, CCJ II, CCS II e CEJ II -12:12). As colunas brancas

representam a fase de claro e as pretas representam a fase de escuro. O retângulo cinza demarca a fase

de claro do ciclo claro escuro ambiental externo, representando as médias dos horários de nascer e por

do sol durante o experimento. A estrela vermelha representa o momento em que os animais foram

separados ou reunidos.

CEJ I

CCJ II

CCS II

CEJ II

CCS I

CCJ I

0 6 12 18 24 30 36 42 48Horas

2/6

12/6

22/6

2/7

12/7

22/7

1/8

11/8

21/8

31/8

10/9

20/9

Dia

s

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41

Sobreposição dos actogramas

Figura 12: Actograma da sobreposição dos níveis de atividade motora do casal Zilar/Félix ao longo de

todas as etapas experimentais (CEJ I - 12:12, CCJ I, CCS I, CCJ II, CCS II e CEJ II - 12:12). As colunas

brancas representam a fase de claro e as pretas representam a fase de escuro. O retângulo cinza demarca

a fase de claro do ciclo claro escuro ambiental externo, representando as médias dos horários de nascer

e por do sol durante o experimento. A estrela preta representa o momento em que os animais foram

separados ou reunidos.

CEJ I

CCJ II

CCS II

CEJ II

CCS I

CCJ I

2/6

12/6

22/6

2/7

12/7

22/7

1/8

11/8

21/8

31/8

10/9

20/9

Dia

s0 6 12 18 24 30 36 42 48

Hora

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42

Zuleide

Figura 13: Actograma da frequência da atividade motora de Zuleide ao longo de todas as etapas

experimentais (CEJ I - 12:12, CCJ I, CCS I, CCJ II, CCS II e CEJ II - 12:12). As colunas brancas

representam a fase de claro e as pretas representam a fase de escuro. O retângulo cinza demarca a fase

de claro do ciclo claro escuro ambiental externo, representando as médias dos horários de nascer e por

do sol durante o experimento. A estrela vermelha representa o momento em que os animais foram

separados ou reunidos.

CEJ I

CCJ II

CCS II

CEJ II

CCS I

CCJ I

0 6 12 18 24 30 36 42 48Horas

2/6

12/6

22/6

2/7

12/7

22/7

1/8

11/8

21/8

31/8

10/9

20/9

Dia

s

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43

Fofão

Figura 14: Actograma da frequência da atividade motora de Fofão ao longo de todas as etapas

experimentais (CEJ I - 12:12, CCJ I, CCS I, CCJ II, CCS II e CEJ II - 12:12). As colunas brancas

representam a fase de claro e as pretas representam a fase de escuro. O retângulo cinza demarca a fase

de claro do ciclo claro escuro ambiental externo, representando as médias dos horários de nascer e por

do sol durante o experimento. A estrela vermelha representa o momento em que os animais foram

separados ou reunidos.

CEJ I

CCJ II

CCS II

CEJ II

CCS I

CCJ I

0 6 12 18 24 30 36 42 48Horas

2/6

12/6

22/6

2/7

12/7

22/7

1/8

11/8

21/8

31/8

10/9

20/9

Dia

s

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Sobreposição dos actogramas

Figura 15: Actograma da sobreposição dos níveis de atividade motora do casal Zuleide/Fofão ao longo

de todas as etapas experimentais ( CEJ I - 12:12, CCJ I, CCS I, CCJ II, CCS II e CEJ II - 12:12). As

colunas brancas representam a fase de claro e as pretas representam a fase de escuro. O retângulo cinza

demarca a fase de claro do ciclo claro escuro ambiental externo, representando as médias dos horários

de nascer e por do sol durante o experimento. A estrela vermelha representa o momento em que os

animais foram separados ou reunidos.

0 6 12 18 24 30 36 42 48Horas

2/6

12/6

22/6

2/7

12/7

22/7

1/8

11/8

21/8

31/8

10/9

20/9

Dia

s

CEJ I

CCJ I

CCJ II

CCS II

CEJ II

CCS I

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Figura 16: Perfil médio diário de atividade de Aissa, Zeringue (A), Zilar, Félix (B), Zuleide e Fofão (C)

e sobreposição dos perfis dos animais de cada casal, ao longo das etapas experimentais em ciclo claro e

escuro (CEJ I -12:12 e CEJ II -12:12).

CE J I

CE J I

CE J II

0

500

1000

1500

2000

Y

0

500

1000

1500

2000

Y

0

500

1000

1500

2000

Y

0

500

1000

1500

2000

Y

0

500

1000

1500

2000

Y

0

500

1000

1500

2000

Y

0

500

1000

1500

2000

Y

0

500

1000

1500

2000

Y

0

500

1000

1500

2000

Y

0

500

1000

1500

2000

Y

0

500

1000

1500

2000

Y

0 500 1000min

0 500 1000min

0 500 1000min

A

C

B

CE J II

CE J II

CE J I

CE J I

CE J I

CE J I

0

2000

4000

Y

0

2000

4000

Y

0

2000

4000

Y

0

2000

4000

Y

0

2000

4000

Y

0

2000

4000

Y

0

2000

4000

Y0

2000

4000

Y

0

2000

4000

Y

0

2000

4000

Y

0

2000

4000

Y

0 500 1000min

0 500 1000min

0 500 1000min

Aissa Zeringue Sobreposição dos perfis

0

500

1000

1500

2000

Y

0

500

1000

1500

2000

Y

0

500

1000

1500

2000

Y

0

500

1000

1500

2000

Y

0

500

1000

1500

2000

Y

0

500

1000

1500

2000

Y

0

500

1000

1500

2000

Y

0

500

1000

1500

2000

Y

0

500

1000

1500

2000

Y

0

500

1000

1500

2000

Y

0

500

1000

1500

2000

Y

0 500 1000min

0 500 1000min

0 500 1000min

Zilar Félix Sobreposição dos perfis

Sobreposição dos perfis Fofão Zuleide

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Na II etapa experimental, os casais foram mantidos por 24 dias em coabitação em CC

(CCJ I), momento em que seus ritmos entraram em livre curso com período menor do que 24 h

e semelhante entre os membros de cada casal (Tabela 1). Além disso, anteciparam o início e

fim da atividade de forma progressiva, com a atividade iniciando em fase semelhante à condição

anterior (Figuras 7 a 15 ). De acordo com a análise visual dos actogramas, todos os animais

apresentaram um aumento nos níveis de atividade na segunda metade da fase ativa em CCJI,

com exceção de Fofão e Zuleide, nos quais este aumento foi observado no início da fase ativa.

Quando os membros dos casais foram separados pela primeira vez sendo mantidos em

salas diferentes (CCS I), os ritmos de atividade motora das fêmeas Aissa e Zuleide entraram

em livre curso com períodos de aproximadamente 23,0 h, e 23,8 h respectivamente, iniciando

a atividade em fase com a condição anterior, demonstrando sinais de arrastamento ao ritmo do

outro membro do casal. O ritmo do macho Fofão apresentou uma tendência a entrar em livre

curso, com período de 23,9 h. Enquanto a outra fêmea e os machos Félix e Zeringue mantiveram

um período em torno de 24 h, com o início e fim da fase ativa em fase semelhante ao dia anterior

à separação do casal. Nesta condição, os animais apresentaram uma maior fragmentação na

atividade ao longo do ciclo circadiano e não apresentaram período semelhante entre os

membros de cada casal.

Quando os casais foram colocados novamente em coabitação em CC por 30 dias (CCJ

II), os membros de uma mesma gaiola passaram a iniciar a atividade em fase um com o outro e

apresentaram períodos iguais entre si. Sendo que Aissa e Zeringue não apresentaram períodos

semelhantes, enquanto Aissa apresentou um alongamento no período, Zeringue apresentou um

encurtamento, tendendo a igualar ao período da fêmea. Em relação às fêmeas que estavam em

livre curso, Aissa ajustou abruptamente o início da fase ativa ao padrão de atividade expresso

pelo macho. Enquanto Zuleide ajustou o ritmo de forma gradual ao ritmo do macho Fofão, que

teve uma resposta imediata iniciando a fase ativa no mesmo momento que a fêmea. Resposta

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semelhante foi observada em Zilar, que ajustou o início da fase ativa de forma reativa à presença

do macho.

Ao serem submetidos ao CC sem convívio social pela segunda vez por cerca de 7 dias

(CCS II), as fêmeas e o macho Fofão entraram em livre curso iniciando progressivamente a

atividade mais cedo, com período menor do que 24 h. Assim como na primeira transição entre

o CCJ I e o CCS I, no início desta etapa, as fêmeas Aissa e Zuleide, e o macho fofão iniciaram

e finalizaram a atividade em fase semelhante ao dia anterior à separação e em fase com o outro

membro do casal no primeiro dia após a separação, demonstrando sinais de arrastamento.

Enquanto os outros machos, Zeringue e Félix, iniciaram a atividade progressivamente mais

tarde com período em torno de 24 h. Além disso, de acordo com a análise visual da fase ativa

dos animais nos actogramas, Zuleide e Fofão apresentaram um aumento nos níveis de atividade

no início da fase ativa, enquanto os outros animais, no fim da fase ativa. Como observado na

primeira etapa sem convívio social, os membros de cada casal não tiveram períodos

semelhantes.

Na última etapa experimental, os animais retornaram ao ciclo CE 12: 12 (CEJ II), fase

em que apresentaram um ajuste progressivo ao ciclo claro escuro, iniciando a atividade cada

dia mais tarde, à exceção de Zuleide e Fofão que apresentam apenas um transiente antes de

serem ajustados ao novo ciclo de iluminação. Nesta etapa, os animais tenderam a apresentar um

perfil bimodal na atividade (Figuras 16). Possivelmente em decorrência dos ciclos transientes

até o ajuste ao ciclo claro escuro, a maioria dos animais apresentou um período maior do que

24 h. Semelhante ao observado nas condições anteriores com convívio social, os membros de

cada casal apresentaram períodos semelhantes.

Ao longo das etapas em CC, os animais apresentaram variações na atividade ao longo

do ciclo, possivelmente por modulação por pistas acústicas dos animais da parte externa da

colônia. A partir da primeira etapa experimental com isolamento entre os membros dos casais

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(CCSI), 3 animais (Zilar, Félix e Zeringue) apresentaram níveis mais elevados de atividade no

fim da fase ativa, como pode ser observado por uma análise visual dos actogramas. Este

aumento coincide com o nascer do sol no ambiente externo, momento em que os animais da

parte externa da colônia iniciam a fase ativa, como observado em estudos anteriores na colônia

(Melo et al. 2010). Modulação semelhante foi observada para o macho Fofão na segunda

metade do CCS I, fase em que apresentou uma estabilização no início e fim da fase ativa. Nos

demais momentos em CC, estes animais permaneceram sincronizados à parte externa da

colônia. Para os demais animais, foi observado um aumento na atividade a partir da segunda

etapa em coabitação em CC (CCJ II) para Aissa, e apenas no início desta etapa para Zuleide e

Fofão. Ao longo desta etapa, o início da atividade de Fofão e Zuleide passou a coincidir com o

nascer do sol no ambiente externo, momento em que estes animais apresentaram níveis mais

elevados de atividade, como observado nos actogramas (Figura 13 a 15).

Esta relação entre a atividade dos animais que estavam dentro da sala e os do ambiente

externo pode ser evidenciada nas correlações de fortes a moderadas entre o nascer do sol e o

início da atividade de Zeringue (70%), Zuleide (68%) e Fofão (63%) (Pearson, p<0,05), e o por

do sol e o fim da atividade de Fofão (66%), Zuleide (67%), Félix (58%) e Zilar (53%) (Tabela

2 - Pearson, p<0,05).

Tabela 2: Valor do coeficiente de correlação (R 2) de todos os parâmetros.

Fatores Parâmetros (R2)

Início X Nascer do sol Fim x Pôr do sol

Aissa 0,019 - 0,28

Zeringue 0,70 0,36

Zilar 0,33 -0,53

Félix 0,45 -0,58

Zuleide 0,68 -0,67

Fofão 0,63 -0,66

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5.2. Potência do período do ritmo circadiano de atividade dos membros dos casais

A potência do ritmo foi maior nas condições em coabitação em claro escuro e em claro

constante (CEJ I, CCJ I e CEJ II) em relação às condições sem convívio, com exceção da segunda

etapa em CC (CCJ II) (F(5, 30) = 46,91, p < 0,01; Tukey, p<0,05 - Figura 17). Além disso, a potência

do ritmo em CEJ II foi maior do que o valor observado em todas as etapas em CC. Entre as etapas

em CC, a potência do ritmo em CCS I não diferiu em relação a CCJ II (Tukey, p>0,05), no entanto

foi maior em relação a CCS II (Tukey, p<0,05).

Figura 17. Média (± erro padrão) da potência do ritmo circadiano de atividade dos membros dos casais

(PR). As letras representam as diferenças significativas observadas entre as etapas (Tukey, p < 0,05).

5.3. Estabilidade e fragmentação do ritmo circadiano de atividade dos membros dos casais

O ritmo apresentou maior estabilidade (IS) em CEJ I quando comparado às três

primeiras etapas em CC, e em CEJ II apenas em relação ao CCJ I e CCS I (F(5, 30) = 5,71; p <

0,01; Tukey p<0,05 - Figura 18A). Embora a partir de uma análise visual das etapas em CC

observa-se que há uma tendência a redução da estabilidade do ritmo na condição CCSI, não

houve diferenças estatisticamente significativas entre as etapas com e sem coabitação (Tukey,

p > 0,05).

a,b b

a

c c

d

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Em relação ao IV, houve um aumento na fragmentação (IV) do ritmo nas condições

sem coabitação em claro constante (CCS I e II) em relação às condições em que os animais

foram expostos ao ciclo CE (CEJI e CEJII), e no CCS I com relação ao CCJ I (F(5, 30) = 6,85, p

< 0,01; Tukey p<0,05 - Figura 18B).

Figura 18: Valores dos índices de estabilidade interdiária (IS) (A) e variação intradiária (IV) (B) (média

+ erro padrão) do ritmo circadiano de atividade dos membros dos casais ao longo das etapas

experimentais. As letras representam as diferenças significativas observadas entre as etapas (Tukey, p

< 0,05).

5.4. Amplitude do ritmo circadiano de atividade

Apesar da análise visual da amplitude indicar um maior valor nas etapas em CE e CC

com coabitação entre os membros dos casais, e uma tendência à redução do valor em CC quando

os membros dos casais são separados, não foi observada diferença estatisticamente significativa

entre as etapas (F(5, 30) = 0,47, p > 0,05 - Figura 19).

A

B

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51

Figura 19. Média (± erro padrão) da amplitude do ritmo circadiano de atividade dos membros dos casais

ao longo das etapas experimentais (ANOVA, p > 0,05).

5.5. Totais diários de atividade ao longo das etapas experimentais

Em relação aos totais diários de atividade, a fêmea Aissa apresentou os maiores valores

em relação aos demais animais ao longo de todas as condições (F(25, 642) = 16,49; p<0,05 – Figura

20). Entre as condições experimentais, Aissa e Zeringue apresentaram os maiores valores nas

duas primeiras condições em relação às etapas posteriores e em relação aos demais casais, sendo

que o total da atividade de Aissa no CEJ I foi ainda mais evidenciado do que o CCJI (Tukey, p

<0,05). Além disso, foi observado um aumento no total da atividade de Aissa na última

condição experimental, momento em que os animais retornam ao ciclo claro escuro, quando

comparado ao CCJ II. Nos demais animais não foram observadas diferenças estatisticamente

significativas entre as etapas experimentais (Tukey, p <0,05).

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Figura 20: Média (±desvio padrão) do total diário da atividade de cada animal em todas as

situações experimentais (Tukey, p < 0,05).

5.6. Início e fim da fase ativa dos animais em CEJ I e II (12:12)

No ciclo CEJ I 12:12 h, os animais Fofão e Zuleide iniciaram a atividade mais tarde

quando comparado aos demais animais (F(5, 120) = 25,012; p<0,05 - Figura 21A). Enquanto o

fim da atividade (F(5, 120) = 19, 91; p<0,05) ocorreu mais tarde para Aissa e Zeringue em relação

a Félix, Zilar e Fofão, e de Zeringue em relação à Zuleide (Tukey, p< 0,05). Além disso, Zilar

finalizou a atividade mais cedo do que os outros animais (Tukey, p< 0,05). Não foram

observadas diferenças entre os animais de cada casal com relação ao início e fim da fase ativa

(Tukey, p < 0,05).

No ciclo CE II 12:12 h, última situação experimental, não foram observadas diferenças

entre os animais para o início da fase ativa (F(5, 60) = 0,60; Tukey, p<0,05 - Figura 21B).

Enquanto o fim da atividade (F(5, 60) = 8, 69; Tukey, p<0,05), ocorreu mais tarde para Zuleide e

Fofão quando comparado aos demais animais. Não foram observadas diferenças entre os

membros dos casais com relação ao início e fim da fase ativa (Tukey, p < 0,05).

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Figura 21. Média (± erro padrão) do início e fim da fase ativa de cada animal no ciclo CEJ I (12:12)(A)

e CEJ II (12:12) (B). As letras representam as diferenças significativas observadas entre as etapas

(Tukey, p < 0,05). A barra azul inferior demarca a hora em que a luz acende enquanto a barra superior

a hora em que a luz apaga.

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5.7. Diferença de ângulo de fase (ψ) entre os membros dos casais

Ao longo do experimento, nas etapas em que os animais estavam coabitando, os

membros dos casais apresentaram relação de fase estável entre si, iniciando a atividade em

momentos semelhantes. Nas etapas com separação entre os membros dos casais, as fêmeas

iniciaram a atividade em fase diferente do observado para o início da atividade dos machos,

apresentando uma quebra na estabilidade nas relações de fase entre os perfis circadianos de

atividade (Figuras 22 A, B e C). Resultados semelhantes foram observados para o fim da fase ativa

entre os membros dos casais ao longo das etapas com e sem convívio social (Figura 23 A, B e C).

O valor da diferença de ângulo de fase para o início (F(10, 321) = 8,88; p<0,05 – Figura

24A) e fim da fase ativa (F(10, 321) = 3,29; p<0,05 – Figura 24B) entre os ritmos circadianos da

atividade dos membros do casal foi menor nas condições com coabitação em relação às etapas

realizadas sem convívio social. Na etapa CCS I, Zeringue e Fofão iniciaram a atividade mais tarde

do que suas respectivas fêmeas, caracterizando uma diferença de ângulo de fase negativo entre os

perfis circadianos dos membros dos casais diferindo do observado para as condições em

coabitação (Tukey, p <0,05). A partir de uma análise visual, na segunda etapa em CC sem

coabitação, Zeringue e Félix iniciaram a atividade mais tarde do que suas respectivas fêmeas,

apresentando um aumento na diferença de ângulo de fase quando comparados às demais condições

em coabitação, porém estes resultados não apresentaram diferenças estatisticamente significativas

(Tukey, p > 0,05).

Quanto ao fim da fase ativa, apenas Zeringue finalizou a atividade mais tarde do que

a fêmea em CCS I em relação ao CEJ I e ao CJ II, tendo uma diferença de ângulo de fase

negativa (Tukey, p <0,05). Os demais casais não apresentaram diferença nas relações de fase

ao longo das etapas (Tukey, p <0,05).

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Figura 22. Diferença de ângulo de fase entre o início da fase ativa da femêa em relação ao macho a cada

dia ao longo das etapas experimentais para os membros do casal Aissa/Zeringue (A), Zilar/Félix (B) e

Zuleide/Fofão (C).

A

B

C

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Figura 23. Diferença de ângulo de fase entre o fim da fase ativa da femêa em relação ao macho a cada dia

ao longo das etapas experimentais para os membros do casal Aissa/Zeringue (A), Zilar/Félix (B) e

Zuleide/Fofão (C).

B

A

C

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Figura 24: Média (± erro padrão) da diferença de ângulo de fase entre o início da atividade (i) do

macho e da fêmea de cada casal (A). Diferença de ângulo de fase entre o fim da atividade (f) do macho

e da fêmea de cada casal (B). Nos valores positivos, o início da atividade do macho ocorre antes do

início da atividade da fêmea, enquanto que para os valores negativos, o início da atividade do macho

ocorre depois que o da fêmea. As letras representam as diferenças significativas observadas entre as

etapas (Tukey, p < 0,05).

B

A

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5.8. Duração da fase ativa (α)

No gráfico da análise da interação entre animais e etapas experimentais, observa-se

que Aissa e Zeringue apresentaram uma redução significativa na duração da fase ativa em CCJ

II em relação às duas primeiras etapas em CC (F(25, 642) = 6,86; p<0,05 – Figura 25). Zilar e

Félix apresentaram um aumento na duração da fase ativa em CCJ II em relação à primeira etapa

experimental. Fofão apresentou uma maior na duração da fase ativa em CCS I em relação às

demais etapas experimentais, com exceção das etapas realizadas em ciclo claro escuro (Tukey

p<0,05). Enquanto Zuleide, não apresentou diferenças entre as etapas experimentais (Tukey

p>0,05).

Figura 25. Média (± erro padrão) da duração da fase ativa (α) de cada animal ao longo das seis etapas

experimentais (Tukey, p < 0,05).

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5.9. Correlação entre as etapas experimentais e entre os perfis circadianos de atividade

dos casais

A correlação geral (F(5, 1605) = 203,88; p<0,05) e máxima (F(5, 1605) = 217,44; p<0,05)

entre o perfil de atividade dos membros do casal foi mais forte nas condições em coabitação

(CEJ I, CCJ I, CCJ II e CEJ II), do que quando os animais estiveram em claro constante sem

coabitação (CCS I e CCS II) (Figura 26A). Em relação à condição CEJ I e II, as correlações

foram ainda mais fortes do que nas etapas em CC, com exceção do CEJ II em relação ao CCJI.

Na análise da interação entre os casais e as etapas experimentais, resultados

semelhantes foram observados para a correlação geral (F(70,1605) = 10,848; p<0,05 - Figura 26B)

e máxima (F(70,1605) = 9,048; p<0,05 - Figura 26C) entre os perfis circadianos de atividade dos

membros de cada casal ao longo de cada etapa experimental. Sendo que nesta análise, as

correlações observadas não apresentaram diferenças entre a condição de ciclo claro escuro CE

I (12:12) em relação às demais condições que incluem coabitação. Além disso, não foram

observadas diferenças estatisticamente significativas para a correlação geral dos casais

Zilar/Félix e Zuleide/Fofão entre a CCSII e as demais etapas experimentais (p>0,05).

A

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Figura 26 - Média (± erro padrão) da correlação geral e máxima entre os perfis circadianos de

todos os casais em todas as situações experimentais (A). Média (± erro padrão) da correlação

geral entre os perfis circadianos de atividade entre os membros de cada casal ao longo das

situações experimentais (B) e correlação máxima (C). As letras representam as diferenças

significativas observadas entre as etapas (Tukey, p < 0,05).

A

B

C

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5.10. Correlação geral e máxima entre os perfis de atividade de todos os animais ao longo

das condições experimentais

A correlação geral (F(70,1605) = 10,848; p<0,05 - Figura 27A) e máxima (F(70,1605) = 9,048;

p<0,05 - Figura 27B) entre as díades formadas pelos membros dos casais em coabitação tiveram

maiores valores em CE e CC juntos do que quando os perfis foram correlacionados com animais

de gaiolas diferentes de mesmo ou diferente sexo (Tukey, p < 0,05).

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Figura 27: Média (± erro padrão) da correlação geral entre os perfis circadianos de atividade de todos os animais experimentais analisados dois a dois em todas

as condições experimentais (CE I, CCJ I, CC S I, CC J II, CC S II e CE II) (A) e máxima (B). As díades estão organizadas da seguinte maneira: as 3 primeiras

são os membros dos casais, seguida de 3 díades de machos, 3 de fêmeas e 6 de sexos diferentes. As díades de machos, de fêmeas e as últimas de sexos diferentes

são formadas entre os animais de gaiolas separadas. As letras representam as diferenças significativas observadas entre as etapas (Tukey, p < 0,05).

A

B

Membros dos casais Díades de machos Díades de fêmeas Díades de sexos diferentes

a a a

a a a

b

b b

b

b b

b b

b b b b

b b b

b b

b b b b

b

b

b

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5.11. O deslocamento entre os perfis de atividade dos casais ao longo das etapas

experimentais.

O lag da correlação máxima entre os perfis circadianos de atividade dos membros de

todos os casais foi menor em CCS I em relação a todas as etapas experimentais, com um maior

deslocamento com valor negativo do macho em relação à fêmea (F(5, 450) = 22,66; p<0,05 –

Figura 28). E maior para o CCJ II e CCS II, mostrando um maior deslocamento com valor

positivo da fêmea em relação ao macho.

No entanto, na análise da interação entre as díades e as etapas experimentais, o lag da

correlação entre os perfis de atividade entre os membros de cada casal não diferiu entre as

etapas (F(70, 1605) = 3,42; Tukey, p>0,05- Figura 28).

Figura 28: Média (± erro padrão) do LAG entre os perfis circadianos da atividade motora em todas as

etapas (CE I, CCJ I, CC S I, CC J II, CC S II e CE I) (A). As letras representam as diferenças

significativas observadas entre as etapas (Tukey, p < 0,05). Média (± erro padrão) do LAG entre o perfil

de atividade circadiana dos casais em todas as situações experimentais (B) (ANOVA, p > 0.05).

a

b

b

c c

c

A

B

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6. DISCUSSÃO

O experimento foi delineado com o objetivo de analisar os mecanismos de

sincronização envolvidos na sincronia entre os perfis circadianos de atividade durante a

coabitação de casais de saguis submetidos a condições de ciclo claro escuro 12:12 e claro

constante. Em condições de iluminação e temperatura constantes, os animais foram expostos a

situações intercaladas na presença e ausência de coabitação entre os membros formadores do

casal. As hipóteses deste trabalho foram verificadas pela análise dos parâmetros do ritmo de

atividade motora, tais como, sincronia e relações de fase entre os ritmos circadianos de atividade

dos casais, e períodos endógenos.

A hipótese de que a sincronia entre os perfis circadianos de atividade dos animais

durante a coabitação em casais é promovida por modulação social foi confirmada, na medida

em que a correlação geral e máxima entre os membros do casal durante a coabitação foi mais

forte em relação à condição em que os animais estão separados, não apenas em ciclo claro e

escuro, mas em claro constante. Portanto, sugerimos que o convívio social entre os membros

de uma unidade social atua de forma significativa na sincronia entre os membros de um grupo

de saguis.

Corroborando com o resultado anterior, a sincronia entre as díades formadas pelos casais

em coabitação foi maior nas condições de claro e escuro e claro constante do que entre os

animais de gaiolas diferentes de mesmo ou diferente sexo. Resultados semelhantes foram

evidenciados por Melo et al. (2013) em famílias de saguis submetidas a ciclo claro escuro,

mostrando que a sincronia é mais forte entre os animais de uma unidade social do que entre os

animais de unidades diferentes mantidos em uma sala experimental. Portanto, a coabitação em

saguis reforça a sincronia social independente do ciclo de iluminação. Em outras espécies, o

efeito das interações sociais sobre a sincronia no ritmo de atividade foi observado em ratos

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silvestres, que apresentaram maior coerência de fase no ritmo de atividade em situações com

maior possibilidade de interações sociais (Korslund 2006).

Outros resultados do presente estudo apoiam a hipótese de que o processo de sincronia

está associado à sincronização social do ritmo de atividade em saguis. Nas condições de

coabitação, os ritmos dos membros de cada casal mantiveram períodos endógenos similares

com pequena diferença de ângulo de fase para o início e o fim da fase ativa, que se manteve

estável ao longo da condição experimental, semelhante ao observado em esquilos por

Rajaratnam & Redman (1998). Por outro lado, nas etapas sem coabitação em CC, os membros

de dois casais passaram a expressar o ritmo em livre curso com períodos diferentes entre si. Em

três destes animais, o período apresentou valores menores do que 24 h, semelhante ao descrito

para a espécie em condições de livre curso (Erkert 1989, Erkert et al. 1986, Glass et al. 2001).

Efeito semelhante da coabitação sobre o período endógeno foi observado no ritmo circadiano

de temperatura em hamsters (Paul & Schwart 2007), mas não em ratos (Cambras et al. 2011).

Além disso, os nossos resultados mostram que a coabitação entre os indivíduos do casal em

saguis induz a uma maior potência, e a uma tendência a aumento na estabilidade e amplitude

do ritmo de atividade. Efeito semelhante na potência e amplitude do ritmo foi evidenciado em

ratos agrupados em CE, mas não em claro constante (Cambras et al. 2011).

Corroborando com a hipótese de que o processo de sincronia em saguis está associado

à sincronização social do ritmo de atividade, nas situações sem coabitação foram observados:

1) um aumento na variabilidade das correlações e no Lag das correlações máximas, e 2) na

fragmentação do ritmo, principalmente no segundo momento em que há a separação dos

animais, provavelmente devido ao fato dos animais expressarem períodos endógenos de forma

diferenciada.

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A ocorrência de sincronização social associada à coabitação foi observada em saguis

por Erkert & Schardt (1991), em que a coabitação dos pares foi fundamental para a

sincronização social entre animais sem convívio prévio. No entanto, estes autores não avaliaram

o processo de sincronização durante a coabitação em função da ausência do registro

individualizado da atividade dos animais no contexto social, diferente do realizado em nosso

estudo. Corroborando com o trabalho de Erkert & Schardt (1991), Paul et al. (2015a,b) sugerem

que as pistas sociais atuam significativamente nos osciladores circadianos dos animais, uma

vez que observaram uma maior coerência de fase no ritmo de temperatura corporal de hamsters

durante a coabitação, sendo esse efeito dependente do tempo de coabitação (Paul et al. 2015a)

e do número de animais em interação social.

Corroborando com nossos resultados, outros estudos evidenciaram a forte atuação de

estímulos sociais na sincronização mútua do ritmo circadiano da atividade motora em espécies

de castores (Castor canadenses) (Bovet & Oertli 1974), esquilos (F. pennanti) (Rajaratnam &

Redman 1998), ratos (Peromyscus maniculatus) (Crowley & Bovet 1980), morcegos

(Marimuthu et al. 1981) e moscas da fruta (Drosophila melanogaster) (Levine et al. 2002)

submetidos a condições constantes de iluminação. Na natureza, a coordenação no

comportamento de parceiros sociais é fundamental para a coesão do grupo e sucesso

reprodutivo da espécie. Para algumas espécies de mamíferos, os estímulos sociais podem

desempenhar um papel proeminente no ajuste circadiano dos animais a mudanças periódicas e

previsíveis do ambiente (Castillo-Ruiz et al. 2012, Davidson & Menaker 2003, Favreau et al.ei

2009; Paul & Schwartz 2015).

Diferente do observado para o período endógeno, os animais apresentaram variações

pontuais na duração da fase ativa nas etapas CCJ II e CCS I, que possivelmente estão mais

associadas a características individuais do que a mudanças relacionadas à presença ou ausência

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de coabitação, embora os membros dos casais apresentem valores semelhantes para a duração

da fase ativa nas condições em que estão coabitando. Resultado semelhante foi observado no

início e fim da fase ativa dos animais nas etapas em ciclo claro escuro, momento em que estes

parâmetros variaram entre os animais, mas não entre os casais. Estas variações entre os animais

podem ser resultantes de diferenças individuais (Erkert 1989, Menezes et al. 1993, Menezes et

al. 1996), semelhantes às encontradas na alocação temporal da fase ativa em relação ao ciclo

CE, demonstradas em primatas não humanos e humanos (Masuda & Zhdanova 2010, Horne &

Osterberg 1976). Apesar das diferenças individuais, o início e fim da fase ativa dos animais

ocorreram um pouco antes do acender e apagar das luzes, respectivamente. Esta relação de fase

estável entre o início e fim da fase ativa e o ciclo CE é similar à observada em saguis sob

condições seminaturais (Menezes at al. 1993) e sob condições de CE 12:12 h (Erkert 1989,

Gonçalves et al. 2009).

De acordo com os resultados obtidos, sugere-se que em condições naturais, a coabitação

entre coespecíficos pode favorecer a manutenção de relação de fase estável entre os animais do

mesmo grupo. Este processo de relação de fase estável também é observado com o ciclo claro

escuro ambiental (Castro et al. 2003), favorecendo a distribuição das atividades regulares ao

longo do dia e a ocorrência de comportamentos sociais sincrônicos (Alonso & Langguth 1989).

Na natureza, saguis em grupo apresentam um padrão de atividade com distribuição de vários

comportamentos ao longo do dia de forma sincrônica. Este padrão é caracterizado pela

exploração de exsudato no início e fim do dia, descanso ao meio dia, e o forrageio no restante

do tempo. Enquanto os comportamentos sociais, tais como catação, proximidade entre os

adultos e brincadeira entre os infantes e juvenis, apresentam um pico de ocorrência durante os

momentos de descanso dos adultos (Alonso & Langguth 1989). Nesta organização temporal, o

ciclo claro escuro e as pistas sociais contribuiriam para a ocorrência de comportamentos

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coordenados dentro do grupo, diminuindo o custo energético diário para os animais. Ainda em

primatas, um estudo demonstrou que chimpanzés e bonobos são propensos a apresentar

coordenação entre comportamentos sociais em situações de cooperação, com a familiaridade

influenciando as relações sociais mantidas dentro do grupo (Hare et al. 2007). O

desenvolvimento destes comportamentos em sincronia dentro do grupo auxiliaria a

maximização das atividades sociais e o processo de organização temporal do organismo.

Em função da organização social, espera-se que em ambiente natural, as relações de fase

entre os animais de um grupo sejam influenciadas por algumas variáveis, tais como,

proximidade física entre os indivíduos, relações de hierarquia, grau de familiaridade entre os

animais e contexto sexual (Castillo-Ruiz et al. 2012, Favreau et al. 2009, Mistlberger & Skene

2004). Na natureza, os saguis organizam-se em grupos complexos, que são compostos por um

par de animais reprodutores e não reprodutores de diferentes idades (Arruda et al. 2005), que

geralmente auxiliam no cuidado da prole (Yamamoto et al. 2010). A fêmea dominante do grupo

inibe por mecanismos fisiológicos e comportamentais a ovulação de fêmeas subordinadas. O

grau de parentesco atenua a competição entre os machos dentro do grupo, mas não influencia a

relação mantida entre as fêmeas (Yamamoto & Araújo 1991). Enquanto as fêmeas apresentam

uma maior frequência de migração passando a fazer parte de novos grupos, os machos

estabelecem estratégias que fortalecem a ligação social com outros machos. Portanto, o

contexto sexual seria um fator importante na modulação do efeito das interações sociais entre

os membros de um grupo de saguis.

A influência do sexo na ação de pistas sociais influenciando o ritmo de atividade em

grupos por sincronização mútua em um contexto sexual foi descrita para espécies de lobos

(Roper & Ryon 1977) e ratos (Cambras et al. 2011), mas ainda não foi analisada na espécie

estudada. Desta forma, estudos adicionais são necessários para avaliar se os fatores relacionados

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à dinâmica social de um grupo podem influenciar o efeito das pistas sociais sobre a ritmicidade

circadiana em saguis, modificando o processo de sincronia entre os animais que coabitam.

Além de verificar que a coabitação dos membros dos casais pode modular a sincronia

entre os perfis circadianos de atividade dos animais, o desenho experimental também

possibilitou confirmar a hipótese de que esta sincronia envolve mecanismos de arrastamento e

mascaramento. Na transição entre CEJI e CCJI, todos os animais entraram em livre curso

antecipando progressivamente o início e o fim da fase ativa em fase semelhante à condição

anterior, expressando sinal de arrastamento ao CE anterior. Enquanto nas etapas entre o CCJ e

o CCS, isto foi observado em apenas 3 animais, demonstrando sinais de arrastamento às pistas

sociais entre os membros dos casais, conforme uma das predições desta hipótese. Por outro

lado, após a etapa sem convívio social na transição entre o CCS e o CCJ ocorreu uma resposta

imediata no ritmo de uma fêmea em relação ao macho e em outro casal no ritmo do macho em

relação ao da fêmea, demonstrando sinais de mascaramento. Esses resultados dão suporte à

predição relacionada a esse mecanismo de sincronização. Neste caso, uma nova reunião do

casal estaria associada a uma resposta reativa e adaptativa mais flexível do ritmo de um animal

que em fase muito diferente do outro. Desta forma, a presença de um animal poderia modular

a fase do ritmo do outro sem influenciar o funcionamento dos osciladores endógenos.

Considerando que se trata de animais sociais que apresentam uma coordenação comportamental

entre os membros do grupo (Snowdon 2001), na natureza, a sincronização gradual entre os

animais de um grupo em uma possível junção de novos integrantes pode significar um alto

custo energético para os indivíduos.

Por outro lado, ao longo do tempo de coabitação do casal, as pistas sociais atuariam

promovendo o arrastamento do ritmo de atividade entre o casal, que foi evidenciado durante a

separação da díade. Este resultado demonstra que os estímulos sociais são fortes o suficiente

para manter a relação de fase entre os membros de cada casal na ausência de ciclos de

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iluminação, por mudanças na força de acoplamento entre os osciladores endógenos. Neste

processo, as interações sociais atuariam através de vias não-fóticas sobre os núcleos

supraquiásmaticos (Klein et al. 1991, Moore 1999) favorecendo ao aumento no acoplamento

entre os osciladores centrais do sistema de temporização circadiano, promovendo o

arrastamento do ritmo circadiano de atividade. Esta ideia está de acordo com o modelo proposto

por Mistlberger & Skene (2004) em que os estímulos sociais têm um efeito direto no

marcapasso circadiano, sincronizando o ritmo diário de atividade por arrastamento. No entanto,

esta proposta não desconsidera que o estímulo social poderia estar maximizando a entrada fótica

na retina e consequentemente nos núcleos supraquiásmaticos, como proposto alternativamente

por este modelo de Mistlberger & Skene (2004). Essa ideia de que as pistas sociais podem

atuar diretamente nos osciladores circadianos foi defendida por Ashoff (1960) e Mrosovsky

(1988).

Corroborando com a proposta de que as pistas sociais influenciam o acoplamento dos

osciladores, as etapas com interação social estiveram associadas ao aumento na potência do

ritmo, enquanto as etapas sem interação social foram associadas a uma maior fragmentação no

perfil circadiano de atividade dos animais, como evidenciado nos dados do IV. Esta

fragmentação estaria associada a uma maior instabilidade no sistema circadiano e a mudanças

no período endógeno do ritmo de atividade expresso pelos animais nesta condição

experimental. Além disso, por tratar-se de animais sociais (Stevenson & Rylands 1988), o fato

de estar interagindo um com o outro é uma situação natural para essa espécie, enquanto o

isolamento é uma condição de estresse social, o que poderia contribuir para o enfraquecimento

no acoplamento entre os osciladores. Meerlo et al. (2002) observaram que ratos apresentaram

redução na amplitude do ritmo em situações de estresse social provocada por condições de

isolamento. Durante observações ocasionais realizadas no presente estudo por meio de um visor

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unidirecional, foi possível visualizar que nas situações de separação entre os membros dos

casais, houve uma redução na movimentação e na exploração de objetos localizados na gaiola

por parte dos animais isolados. Desta forma, em primatas sociais, o contexto social é condição

necessária para o desenvolvimento natural do padrão de atividade típico dessa espécie

(Stevenson & Rylands 1988), atuando como agente facilitador na sincronização fótica e para a

estabilidade do sistema circadiano.

Além disso, se considerarmos os saguis como osciladores individuais, as interações

sociais podem influenciar o grau de acoplamento dos osciladores e consequentemente aumentar

a força do agente arrastador, induzindo a manutenção da relação de fase de um animal em

relação ao outro, conforme sugerido por Cambras et al. (2011) e Cambras et al. (2012). De

acordo com o modelo proposto por Pittendrigh & Daan (1976), a ritmicidade circadiana é

regulada por dois osciladores endógenos, o matutino, relacionado ao nascer do sol, e o

vespertino atrelado ao por do sol. A regulação do acoplamento entre os osciladores ajustariam

os ritmos às variações sazonais, sendo que os osciladores reagiriam de forma distinta às

informações fotoperiódicas (Daan & Aschoff 1975, Pittendrigh & Daan 1976). Este modelo

está associado ao padrão bimodal da atividade motora do sagui observado em CEJI, conforme

demonstrado em estudos anteriores, com maior concentração da atividade no início e fim da

fase ativa (Castro et al. 2003, Erkert 1989, Menezes et al. 1996, Menezes et al. 1993, Moreira

et al. 1991). Picos matutinos e vespertinos no ritmo circadiano de atividade de roedores

noturnos e da mosca da fruta, diurna, também foram relacionados ao funcionamento

coordenado dos osciladores matutinos e vespertinos (Nitabach 2005).

Porém na última etapa em CE, o padrão bimodal não foi evidenciado na maioria dos

animais. A modificação no regime de iluminação pode ter alterado o acoplamento entre os

osciladores matutino e vespertino, que seria necessário para o restabelecimento da

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bimodalidade. Nesta etapa, o período endógeno foi maior do que 24 horas, provavelmente em

função dos ciclos transientes apresentados pela maioria dos animais até o ajuste ao ciclo claro

escuro.

Sincronização social no ritmo circadiano de atividade por meio de mascaramento,

arrastamento e coordenação relativa foi evidenciada em estudos anteriores com sagui (Erkert et

al. 1986, Erkert & Schardt 1991), porém o processo de sincronização entre animais que

coabitam a mesma gaiola não foi analisado. Em nossos resultados, observa-se uma forte

sincronia entre os membros do casal de uma mesma gaiola em condições de claro constante, e

desta forma sugerimos que as pistas sociais podem ser consideradas como zeitgeber forte,

embora outras pesquisas que avaliam a sincronização social entre membros do sagui apontem

as pistas sociais como zeitgeber fraco (Erkert & Schardt 1991, Silva et al. 2014). De acordo

com Moore-Ede et al. (1982) e Daan & Aschoff (2001), o processo de arrastamento ocorre

quando o ritmo atende aos seguintes critérios na presença e ausência do zeitgeber: 1) Diante do

zeitgeber: o ritmo tem período igual ao do zeitgeber, com manutenção de relação de fase

estável; 2) Remoção do zeitgeber: o ritmo entra em livre curso com período diferente do

zeitgeber, em fase determinada pela condição anterior de sincronização; 3) Reintrodução do

zeitgeber: o ritmo assume o período do zeitgeber de forma gradual, apresentando ciclos

transientes até alcançar uma relação de fase estável com o agente sincronizador; e 4) Remoção

do zeitgeber: o ritmo entra em livre curso com período diferente do zeitgeber, em fase

determinada pela condição anterior de sincronização (Moore-Ede et al. 1982, Daan & Aschoff

2001). Desta forma, os resultados relatados anteriormente para os parâmetros do ritmo

circadiano da atividade motora e a relação de fase mantida entre os membros dos casais nas

transições entre as etapas experimentais permitiram evidenciar as características do mecanismo

de arrastamento proposta por Daan & Aschoff (2001).

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Embora alguns dos nossos resultados dêem suporte a ideia de que os fatores sociais

podem atuar como fortes agentes sincronizadores, os valores gerais para as correlações geral e

máxima foram mais fortes no ciclo CE, confirmando a hipótese de que a força da sincronização

social é menor do que a do fator fótico. O papel do ciclo claro escuro como principal zeitgeber

do ritmo circadiano da maioria dos mamíferos, inclusive para o sagui (Erkert 1989), é bastante

analisado e evidenciado na literatura (Erkert & Rothmund 1981, Daan & Aschoff 2001). Dando

suporte a essa hipótese, outros parâmetros analisados para o ritmo circadiano de atividade dos

membros dos casais, tais como potência, estabilidade e amplitude do ritmo apresentaram

maiores valores no ciclo claro escuro, enquanto uma menor fragmentação foi observada nesta

condição de iluminação.

No entanto, na análise da interação entre os casais e as etapas em coabitação não foram

observadas diferenças para os valores das correlações geral e máxima entre o ciclo CE e as

demais etapas que incluem coabitação, reforçando a ideia de que independente do fator fótico,

o social exerce uma forte influencia no perfil de atividade dos animais. Uma possível explicação

para o observado é que a interação de um animal com o outro favorece a uma maior exposição

dos animais à luz, facilitando a entrada dos estímulos fóticos na retina e consequentemente no

núcleo supraquiasmático. Corroborando com essa discussão, em humanos, os estímulos sociais

atuam como zeitgebers no ciclo sono vigília por afetar o tempo de exposição à luz (Mistlberger

& Skene 2004). Desta forma, a coabitação social estaria maximizando a ação de uma

sincronização fótica.

Entretanto, a força da sincronia social entre os osciladores circadianos dos animais que

coabitam não foi observada em todas as condições. Nossos resultados mostram uma pequena

diferença de ângulo de fase para o início e fim da fase ativa entre um dos casais nas etapas sem

coabitação e o alongamento do período endógeno com valor próximo de 24 horas para cinco

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animais em CCS I e para três animais em CCS II. Sendo que nestas etapas, os referidos animais

não entraram efetivamente em livre curso, mas mantiveram-se em fase com relação ao dia

anterior, provavelmente por estar sendo modulados por pistas acústicas dos animais da parte

externa da colônia. Além disso, os períodos endógenos apresentados pelos animais podem ter

sido influenciados por pós-efeito (after-effects), condição em que o período do ritmo em livre-

curso se expressa sob influência da condição anterior (Moore-Ede et al. 1982).

Ao longo de todas as etapas em CC também foi observado um processo de

mascaramento positivo ao longo da fase ativa dos animais. Sendo que esse mascaramento foi

mais evidente quando a segunda metade da fase ativa dos animais, momento de maior

sensibilidade dos animais à presença de estímulos sonoros (Silva et al. 2014), coincidia com o

início da fase de claro no ambiente externo, fase que corresponde ao início da atividade dos

animais da parte externa da colônia (Melo et al. 2010). Apesar de não haver contato acústico

direto entre os animais da colônia e os membros dos casais, sugerimos que as pistas acústicas

dos animais da parte externa da colônia foram fortes o suficiente para mascarar os níveis de

atividade dos animais da sala experimental, e inclusive arrastar o ritmo de alguns dos animais.

Em saguis, as pistas acústicas são suficientes para promover sincronização social, mas o contato

físico aumenta o efeito das pistas sociais no sistema circadiano dessa espécie (Erkert & Schardt

1991). Desta forma, sugerimos que a ação conjunta das pistas temporais dos animais externos

e do par reprodutivo poderia maximizar a força das pistas acústicas na sincronização dos

animais, favorecendo ao processo de mascaramento observado nesses resultados.

Outros resultados desse trabalho evidenciaram o efeito das pistas acústicas externas no

perfil de atividade apresentado por alguns animais. Diferente do esperado para a coabitação dos

membros de cada casal após uma etapa sem convívio social, três animais atrasaram o início e o

fim da fase ativa em fase com o dia anterior, demonstrando sinais de arrastamento às pistas

sociais dos animais da colônia. Sendo que 2 desses animais mantiveram os atrasos no início e

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fim da fase ativa em todo o CCJII, provavelmente porque o início da fase ativa desses animais

passou a coincidir com o início da fase ativa dos animais da colônia. Respostas semelhantes de

atrasos de fase no início da fase ativa de saguis a estímulos não fóticos foram observados por

Glass et al. (2001), quando pulsos comportamentais com intervalos de agitação da gaiola

associados à presença de água foram produzidos no início do dia subjetivo. A tendência

observada para os valores da estabilidade e da amplitude do ritmo provavelmente está associada

ao efeito do mascaramento e da coordenação relativa das pistas acústicas da colônia sobre o

ritmo da atividade motora dos animais.

Neste trabalho, esta modulação foi corroborada através da correlação de moderada a

forte entre o início da atividade de cada animal e os horários do nascer do sol externo. Esta

modulação induzida por sinais sonoros dos animais da parte externa da colônia foi previamente

demonstrada por outras pesquisas realizadas no Núcleo de Primatologia da UFRN (Gonçalves

et al. 2009, Melo et al. 2010, Silva et al. 2014).

A influência das pistas acústicas dos animais da colônia externa associada ao aumento

mantido nos níveis de atividade da maioria dos animais ao longo das etapas experimentais

inviabilizou a visualização do efeito da separação dos membros do casal. Apenas Aissa e

Zeringue apresentaram uma redução nos níveis de atividade quando foram separados, e apenas

a fêmea apresentou um aumento significativo no total da atividade quando exposta novamente

ao ciclo claro escuro, resultado que pode estar associado a um aumento no período endógeno e

na duração da fase ativa do animal. Sugerimos que o isolamento do casal promove diminuição

do total diário da atividade dos animais provavelmente devido ao estresse social, embora este

efeito tenha sido visualizado em apenas 1 fêmea, que apresentou uma maior sensibilidade às

variações nas condições sociais de presença e ausência do macho. Ainda em relação ao total da

atividade, o animal mais jovem apresentou os maiores valores para a atividade ao longo de todo

o experimento, semelhante ao observado em estudos anteriores, refletindo o efeito da idade nos

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níveis de atividade expresso por cada animal (Menezes et al. 1996, Melo et al. 2010). Esta

espécie apresenta um repertório comportamental com distribuição variada ao longo do dia

(Alonso & Langguth 1989), com modificações na ocorrência dos comportamentos com o

avançar da idade (Yamamoto 1993).

Além da modulação social pelos animais da parte externa da colônia, é possível que a

sincronização social induzida por pistas auditivas tenha ocorrido entre os animais da sala, pois

foram observadas correlações moderadas ao se analisar os perfis de atividade de animais de

gaiolas diferentes. As análises correlacionando os perfis de animais de animais localizados em

gaiolas diferentes na mesma sala experimental mostraram valores moderados para Fofão/Félix

em CCS, e Aissa/ Zilar e Aissa/Felix em CCJ II, momento em que Aissa também foi modulada

pelos animais da colônia por meio de mascaramento positivo. Embora estes animais não

compartilhassem a gaiola e não tivessem contato visual entre si, estavam próximos uns dos

outros. Portanto, o contato acústico deve afetar o ritmo de atividade desses animais como

demonstrado em trabalhos anteriores realizados em saguis (Erkert et al. 1986, Gonçalves et al.

2009). Efeito semelhante foi observado em roedores (Goel & Lee 1996, 1997). De acordo com

a organização espacial das gaiolas na sala experimental, é importante considerar que alguns

desses animais estavam em gaiolas localizadas numa maior distância em relação à parte externa

da colônia, reduzindo o contato auditivo entre estes animais e os da colônia e provavelmente

aumentando a interação acústica entre os animais que estão dentro da mesma sala.

O sinal sonoro é uma pista bastante destacada por pesquisadores para a comunicação

entre animais sociais (Epple 1968). Nesta espécie, é comum a emissão de phee, muitas vezes

utilizado para a comunicação entre animais distantes entre si (Epple 1968), e de outras

vocalizações no início da manhã (Araujo et al. 2007; Silva et al. 2014). Estas vocalizações

podem atuar enquanto pistas temporais ambientais no ritmo circadiano de atividade (Silva et al.

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2014), favorecendo a coordenação das atividades comportamentais desenvolvidas ao longo do

dia.

No entanto, o efeito da modulação da colônia sobre os parâmetros do ritmo descritos

anteriormente dificultou a análise dos resultados de alguns animais em algumas etapas

experimentais, em função da insuficiência do isolamento acústico da sala experimental para

impedir a comunicação auditiva entre os animais da sala e os da parte externa da colônia. Além

disso, considerando que cada sagui apresenta uma variabilidade específica quanto à capacidade

de responder aos estímulos do ambiente e à comunicação auditiva com outros animais, o

número de animais utilizados dificultou a visualização dos resultados esperados diante do

protocolo experimental, sendo insuficiente para a realização de uma discussão dos resultados

com um maior respaldo metodológico. Desta forma, estudos adicionais com um maior número

de indivíduos são necessários na ausência de pistas sociais externas, para avaliar o efeito das

pistas sociais na sincronização do ritmo circadiano da atividade entre saguis que coabitam.

Muitos estudos têm apontado que os estímulos sociais são sincronizadores fracos em

mamíferos, no entanto os desenhos experimentais realizados não permitiram testar os

mecanismos de sincronização envolvidos nas interações entre os animais que coabitam em

grupos (Erkert et al. 1986, Erkert & Schardt 1991, Favreau et al. 2009, Mistlberger & Skene

2004). Os estímulos sociais podem influenciar o padrão diário de atividade através de diferentes

vias, podendo agir como um agente mascarador ou arrastador da fase circadiana (Mistlberger

& Skene 2004, Castillo-Ruiz et al. 2012). Por exemplo, em hamster (Paul e Schwatz 2015a, b),

ratos (Cambras et al 2011, Cambras et al 2012), e em saguis (Erkert & Schardt 1991), foi

verificado que as interações sociais podem atuar como agentes de acoplamento dos osciladores

centrais durante situações de coabitação, porém apenas em ratos e hamsters, os parâmetros do

ritmo foram registrados de forma individualizada por meio de um método invasivo. Por outro

lado, Melo et al. (2013) utilizando um método não-invasivo para o registro individualizado da

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atividade em saguis, evidenciaram uma forte sincronia social entre os perfis de atividade de

animais que coabitam. No entanto, o protocolo experimental utilizado não permitiu avaliar os

mecanismos envolvidos na modulação social.

Diante desse contexto, o desenho experimental deste trabalho apontou que apesar da

modulação da colônia, o início e o fim da fase ativa dos membros dos casais mantiveram uma

relação de fase com a condição anterior após uma etapa em coabitação e apresentou um ajuste

imediato à presença do outro membro do casal após uma etapa sem convívio social. Desta

forma, este estudo fornece evidências de que a modulação social no perfil da atividade durante

a coabitação em casais de saguis ocorre por um processo de arrastamento com o decorrer do

convívio social e por mascaramento no início da interação entre os animais. Além disso, esse

protocolo experimental pode ser utilizado em pesquisas futuras para avaliar a influência de

fatores relacionados à dinâmica social na modulação social em animais que coabitam. Esses

estudos serão importantes para corroborar os resultados encontrados nesse trabalho e fornecer

informações importantes para compreender o impacto das interações sociais na organização

social de animais que vivem em grupo.

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7. CONCLUSÃO

A partir dos resultados obtidos pode-se concluir que:

A sincronia entre os perfis circadianos de atividade dos animais durante a

coabitação em casais de saguis é promovida por sincronização social.

A sincronia entre os membros de cada casal que coabitam é mais forte do que a

observada entre animais de unidade sociais diferentes.

O efeito da sincronização social é mais fraco do que o do fator fótico.

Após uma etapa em coabitação, a sincronia entre os perfis circadianos de

atividade dos membros de um casal envolve mecanismos de arrastamento.

Entretanto, após uma etapa sem convívio social esta sincronia inicialmente

envolve mecanismo de mascaramento.

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COMISSÃO DE ÉTICA NO USO DE ANIMAIS - CEUA

PROTOCOLO N.º 018/2014

Professor/Pesquisador: CAROLINA VIRGINIA MACÊDO DE AZEVEDO

Natal (RN), 02 de abril de 2014.

Prezado Professor/Pesquisador,

Vimos, através deste documento, informar que se encontra em anexo o parecer emitido pela CEUA a

respeito do projeto “MECANISMOS DE SINCRONIA SOCIAL NO RITMO DE ATIVIDADE CIRCADIANA EM DÍADES

DE SAGUIS (Callithrix jacchus)”, protocolo n° 018/2014.

O referido protocolo foi considerado APROVADO por esta Comissão.

Informamos que, segundo o Regimento Interno da CEUA (Cap. 2, Art. 13), é função do

professor/pesquisador responsável pelo projeto a elaboração de relatório(s) de acompanhamento que

deverá(ão) ser entregue(s) dentro do(s) prazo(s) estabelecido(s) abaixo:

- Relatório Final: FEVEREIRO 2016 (30 dias após a conclusão do projeto).

Agradecemos a sua atenção e nos colocamos a disposição para eventuais esclarecimentos.

Cordialmente,

John Fontenele Araujo Coordenador da CEUA

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COMISSÃO DE ÉTICA NO USO DE ANIMAIS - CEUA

PARECER CONSUBSTANCIADO DE PROJETO DE PESQUISA 1) PROTOCOLO Nº : 018/2014 2) TÍTULO DO PROJETO:

Mecanismos de sincronia social no ritmo de atividade circadiana em díades de saguis (Callithrix jacchus)

3) PESQUISADOR RESPONSÁVEL:

Profa. Dra. Carolina Virginia Macêdo de Azevedo

4) DATA DO PARECER:

19/02/2014

5) SUMÁRIO DO PROJETO:

A sincronização do ritmo circadiano de atividade às pistas ambientais pode ocorrer por mecanismos de mascaramento

e arrastamento. Pesquisas tem avaliado a influência de pistas sociais na sincronização do ritmo circadiano de atividade em mamíferos diurnos e noturnos. No sagui, primata diurno que apresenta uma organização social complexa com o par reprodutor modulando os comportamentos dos outros membros do grupo, a sincronia social entre os perfis circadianos

de atividade dos animais que vivem em grupo é mais forte entre os indivíduos de uma mesma família do que entre famílias diferentes. Dentro do grupo é mais forte entre juvenis do que entre juvenis e seus pais. No entanto, não foram identificados os mecanismos envolvidos na sincronia social dos perfis circadianos de atividade desta espécie. Além

disso, a influência de algumas pistas na sincronia entre os perfis circadianos de atividade dos animais, tais como sexo e idade, é pouco compreendida. Com o objetivo de investigar os mecanismos de sincronização envolvidos na sincronia entre os perfis circadianos de atividade de díades de saguis adultos de mesmo sexo e de sexos diferentes, será

registrada continuamente a atividade motora por actímetros em 9 díades. Durante o experimento, as díades serão submetidas a duas condições de iluminação: em ciclo claro escuro CE 12:12 por 20 dias, e depois a condições de claro constante (~350 lux). Nesta etapa, as díades serão submetidas à 4 situações experimentais: 1. convívio completo (20

dias), 2. remoção de um membro da díade para outra sala com condições semelhantes (30 dias), 3. reint rodução do membro da díade na gaiola da 1° situação (30 dias), e 4. Remoção de um membro da díade para outra sala experimental (5 dias) para avaliar os mecanismos de sincronização. Todas as díades passarão pelas mesmas etapas.

Para avaliar a sincronia social, será calculado o índice de correlação de Pearson entre os perfis de atividade dos indivíduos de cada díade nas diferentes condições experimentais. Além disso, as relações de fase entre os animais de cada grupo serão obtidas a partir da diferença de ângulo de fase entre o início da fase ativa de um animal em relação

ao início de fase ativa de cada animal do grupo ( inicio). Procedimento semelhante será realizado para o fim da fase

ativa ( fim). Em condições de CC serão calculados os períodos endógenos de cada animal pelo Periodograma de Lomb-Scargle. A presença de mecanismos de arrastamento e/ou mascaramento será avaliada por meio dos períodos

circadianos e as relações de fase nas diferentes condições experimentais em CC. Os parâmetros do ritmo circadiano de atividade serão comparados entre as díades e condições experimentais pela Análise de Variância de Medidas Repetidas, com post hoc o Teste de Tukey, com nível de significância de 5%.

6) OBJETIVOS DO PROJETO:

Investigar os mecanismos de sincronização envolvidos na sincronia entre os perfis circadianos de atividade de díades

de saguis adultos de mesmo sexo ou sexo diferente. Objetivos específicos:

- Avaliar a sincronia entre os perfis circadianos de atividade de díades de saguis adultos (macho/ fêmea; fêmea/ fêmea; macho/macho) mantidos em laboratório sob condições de ciclo claro escuro e claro constante. - Avaliar as relações de fase entre os ritmos circadianos de atividade das díades nas condições experimentais de claro

constante na presença e após a remoção de um dos membros da díade. - Avaliar o período endógeno dos membros de cada díade de saguis alojados isoladamente ou em contato direto quando expostos às condições experimentais de claro constante.

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COMISSÃO DE ÉTICA NO USO DE ANIMAIS - CEUA

7) FINALIDADE DO PROJETO: Ensino X Pesquisa 8) ITENS METODOLÓGICOS E ÉTICOS:

Título X Adequado Comentários

Objetivos X Adequados Comentários

Introdução e Justificativa X Adequadas Comentários

Cronograma para execução da pesquisa X Adequado Comentários Orçamento e fonte financiadora X Adequados Comentários Referências Bibliográficas X Adequadas Comentários 9) O PROJETO DESTA PESQUISA ESTA

ADEQUADO À LEGISLAÇÃO VIGENTE: X Adequado Comentários 10) INFORMAÇÕES RELATIVAS AOS ANIMAIS:

Grau de severidade: X Brando Médio Elevado Justifique:

Número mínimo para testar as hipóteses do projeto (3 dríades de sexos diferentes, 3 de machos e 3 de fêmeas). Cada dríade será utilizada durante 4 meses. As gaiolas experimentais serão tratadas com enriquecimento ambiental (cordas, balanços e objetos para manuseio) além de alguns alimentos disponibilizados por meio de desafios para o manus eio

para estímulo e bem estar dos animais. Nenhum animal será sacrificado, após os procedimentos experimentais os animais voltarão para as gaiolas que ficam na parte externa do núcleo de primatologia. A fim de diminuir o nível de estresse do animal nos momentos de captura para colocação do colete com o actímetro e leitura dos dados, será

realizado um processo de condicionamento positivo, visando a cooperação dos animais para entrada na gaiola de transporte.

Espécie: Callithrix jacchus Número Amostral: 18

Redução Amostral: Sim X Não

Substituição de Metodologia: Sim X Não

Aprimoramento da Metodologia: Sim X Não

Acomodação e manutenção dos animais: X Adequado Inadequado

Manipulação dos animais: X Adequado Inadequado

Analgesia dos animais (se aplicável): Adequado Inadequado Se achar inadequado cite abaixo as melhorias necessárias com analgésico substituto:

Não aplicável

Anestesia dos animais (se aplicável): Adequado Inadequado Se achar inadequado cite abaixo as melhorias necessárias com anestésico substituto:

Não aplicável

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COMISSÃO DE ÉTICA NO USO DE ANIMAIS - CEUA

Eutanásia dos animais (se aplicável): Adequado Inadequado Se achar inadequado cite abaixo as melhorias necessárias com metodologia substituta:

Não aplicável

11) RECOMENDAÇÃO:

X Aprovado

Aprovado com recomendações

Com Pendência

Não aprovado

Comentários gerais sobre o projeto:

Referido projeto parece estar adequado com a legislação vigente que normatiza os procedimentos de conduta e

tratamento com os animais. A pesquisa apresenta mérito científico e a equipe de trabalho está habilitada a executar os

procedimentos descritos. Assim o projeto é recomendado como aprovado.