Musician’s injuries: when pain overcomes art

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7/30/2019 Musician’s injuries: when pain overcomes art http://slidepdf.com/reader/full/musicians-injuries-when-pain-overcomes-art 1/7 revisão Rev Neurocienc 2008 ;16/4: Lesões em músicos: quando a dor supera a arte  Musician’s injuries: when pain overcomes art Thaís Branquinho Oliveira Fragelli 1  , Gustavo Azevedo Carvalho 2  , Diana  Lúcia Moura Pinho 3 Recebido em: 07/02/07 Revisado em: 08/02/07 a 17/10/07 Aceito em: 18/10/07 Conito de interesses: não Endereço para correspondência: Thaís BO Fragelli SHCES 1109 “E” 102, Cruzeiro Novo 70658-195 Brasília, DF E-mail: [email protected] / [email protected] Trabalho realizado na Universidade de Brasília. Fisioterapeuta, Especialista em Fisioterapia Neurofuncional, Mestre em Psicologia Social, do Trabalho e das Organizações, Universidade de Brasília. Fisioterapeuta, Doutor em Ciências da Saúde, Docente da Universi- dade Católica de Brasília, Fisioterapeuta da Câmara dos Deputados. Enfermeira, Doutora em Psicologia, Docente do Programa de Pós- Graduação em Ciências da Saúde da Universidade de Brasília. 1. 2. 3. SUMMARY Musical performance is a highly skilled neuromuscular ac- tivity and to require speed, precision and endurance, to be able to cause a variety medical problems. Object this article is to present pathologies, through bibliography revi- sion, to be able to take this professional to develop injuries that compromise musical activity. Frequency these injuries must be variety causes and can be grouped into three cat- egories: overuse syndrome, peripherical nerve entrapment and focal dystonia. Keywords:Dystonia.OveruseSyndrome.Occupational Diseases. Citation: Fragelli TBO, Carvalho GA, Pinho DLM. Musician’s injuries: when pain overcomes art. RESUMO A performance musical é uma atividade de alta habilidade neu- romuscular que requer velocidade, precisão e resistência poden- do ocasionar uma variedade de problemas médicos. O objetivo deste trabalho é apresentar as patologias, através de uma revisão bibliográca, que podem afetar a classe prossional dos músicos. É possível concluir através dos estudos demonstrados neste tra - balho que a intensa atividade exercida pelo músico pode levar este prossional a desenvolver lesões que comprometem signica- tivamente a atividade prossional do artista. Estas lesões podem ser causadas por diversos fatores que, na literatura são agrupados em três categorias: as afecções músculo-esqueléticas, as síndromes compressivas dos nervos periféricos e as distonias focais. Unitermos: Distonia. Transtornos Traumáticos Cumulativos. Doenças Ocupacionais. Citação: Fragelli TBO, Carvalho GA, Pinho DLM. Lesões em músicos: quando a dor supera a arte. 303 303-309

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Rev Neurocienc 2008;16/4:

Lesões em músicos: quando a dor supera

a arte

 Musician’s injuries: when pain overcomes art 

Thaís Branquinho Oliveira Fragelli 1 , Gustavo Azevedo Carvalho2 , Diana

 Lúcia Moura Pinho3

Recebido em: 07/02/07Revisado em: 08/02/07 a 17/10/07

Aceito em: 18/10/07Conito de interesses: não

Endereço para correspondência:

Thaís BO FragelliSHCES 1109 “E” 102, Cruzeiro Novo

70658-195 Brasília, DFE-mail: [email protected] / [email protected]

Trabalho realizado na Universidade de Brasília.

Fisioterapeuta, Especialista em Fisioterapia Neurofuncional, Mestreem Psicologia Social, do Trabalho e das Organizações, Universidadede Brasília.

Fisioterapeuta, Doutor em Ciências da Saúde, Docente da Universi-dade Católica de Brasília, Fisioterapeuta da Câmara dos Deputados.

Enfermeira, Doutora em Psicologia, Docente do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde da Universidade de Brasília.

1.

2.

3.

SUMMARY Musical performance is a highly skilled neuromuscular ac-tivity and to require speed, precision and endurance, tobe able to cause a variety medical problems. Object thisarticle is to present pathologies, through bibliography revi-sion, to be able to take this professional to develop injuriesthat compromise musical activity. Frequency these injuriesmust be variety causes and can be grouped into three cat-egories: overuse syndrome, peripherical nerve entrapmentand focal dystonia.

Keywords: Dystonia. Overuse Syndrome. Occupational

Diseases.

Citation: Fragelli TBO, Carvalho GA, Pinho DLM. Musician’sinjuries: when pain overcomes art.

RESUMOA performance musical é uma atividade de alta habilidade neu-romuscular que requer velocidade, precisão e resistência poden-do ocasionar uma variedade de problemas médicos. O objetivodeste trabalho é apresentar as patologias, através de uma revisãobibliográca, que podem afetar a classe prossional dos músicos.É possível concluir através dos estudos demonstrados neste tra -balho que a intensa atividade exercida pelo músico pode levareste prossional a desenvolver lesões que comprometem signica-tivamente a atividade prossional do artista. Estas lesões podemser causadas por diversos fatores que, na literatura são agrupadosem três categorias: as afecções músculo-esqueléticas, as síndromescompressivas dos nervos periféricos e as distonias focais.

Unitermos: Distonia. Transtornos Traumáticos

Cumulativos. Doenças Ocupacionais.

Citação: Fragelli TBO, Carvalho GA, Pinho DLM. Lesões emmúsicos: quando a dor supera a arte.

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INTRODUÇÃOOs distúrbios de origem ocupacional que aco-

metem trabalhadores representam hoje um proble-ma epidêmico. No Brasil, são registrados cerca de 30mil casos/ano1. Esta temática é foco de discussão naatualidade sendo objeto de pesquisa e preocupaçãode várias categorias prossionais. Por muito tempo,

os estudos acerca dos distúrbios de origem ocupa-cionais tinham como objeto de análise as atividadesrealizadas pelos trabalhadores de escritório e indús-trias, porém, na atualidade observa-se um aumen-to do interesse para outras prossões a exemplo dosmúsicos2. Baseado em tal cenário é que este artigotem o objetivo de discutir, por meio de uma breverevisão bibliográca, as principais lesões que aco-metem o sistema músculo-esquelético dos músicos.Sabe-se, porém, que muitos outros acometimentosfazem parte da problemática das lesões ocupacionaisque acometem estes prossionais, a exemplo dosproblemas auditivos e psicológicos, contudo não se-rão abordados no presente artigo.

A música é, para o ouvinte, uma expressãode arte relacionada ao prazer, relaxamento e lazerque encanta pela harmonia da combinação de sonse ritmos. A platéia se fascina com a harmonia conse-qüente do resultado de palco, entretanto, a maioriado público dicilmente está consciente das exigên-cias que esta atividade impõe àqueles que a ela sededicam3. Nesta perspectiva, a performance musicalimplica que o músico tenha uma grande habilidade,

velocidade, precisão e resistência4 e, também implicaem um controle, muitas vezes máximo, neuromuscu-lar5. Este esforço físico e mental a que o músico é ex-posto para tocar um instrumento dependerá do tipodo instrumento, da duração da execução, da com-plexidade da obra executada, das condições psico-lógicas e da resistência muscular individual durantea atividade6. Vários autores comparam as atividadesexercidas por estes prossionais à dos atletas5-7.

MÉTODOO presente trabalho trata-se de uma revisão

bibliográca onde se procurou compreender as le-sões que podem afetar os músicos e as possíveis cau-sas que contribuem no surgimento destas lesões. A escolha da temática se baseou em um trabalho ini-ciado de prevenção de lesões em músicos e da ne-cessidade de aprofundamento da problemática. Ini-cialmente, buscou-se vericar as pesquisas existentessobre o tema em nível nacional sem, no entanto,preocupar com as datas em que foram realizadas.

Posteriormente, a abordagem se expandiu para o ní-vel internacional observando a pertinência ao tema.Assim, foram explorados os acervos de periódicos,livros e dissertações de bibliotecas universitárias ebase da dados virtuais. As palavras chaves utilizadasforam saúde do músico, lesões em músicos, distonia,síndrome do uso excessivo e suas respectivas tradu-

ções em inglês. Os artigos, livros, dissertações foramselecionados de acordo com a pertinência do temasendo este o critério de inclusão e exclusão. Não foilimitada a data de publicação bem como, o númeroa ser pesquisado. A denição dos capítulos foi reali-zada visando uma exposição didática.

RESULTADOS

Estudos Epidemiológicos e CausaisA análise da literatura aponta que o sintoma

de dor é freqüente na prática musical3,4,6,8,9. Já há algum tempo, pesquisadores se preocu-

pam com a saúde dos músicos. Estudo realizado em1987 com mais de 4.000 músicos, no Congresso In-ternacional de Músicos de Orquestra e Ópera, ondese detectou que 76% dos entrevistados apresentavamproblemas de dor que afetavam o desempenho9,10. Em1998, estimativas da prevalência de desordens múscu-lo-esqueléticas em músicos foram realizadas tambémna América do Norte, Inglaterra, Austrália e Europa.Neste estudo, em um primeiro momento as dores su-aves eram excluídas e, posteriormente, incluídas. Na

primeira situação, a prevalência encontrada foi de43% em músicos prossionais e 17% nos estudantesde música. No segundo, a prevalência subiu para 71%em prossionais e 87% em estudantes de música11.

Em 1996, estudo realizado no Brasil, por An-drade et al .6, com 419 músicos, detectou incidênciade algum tipo de desconforto físico entre 88% dosinstrumentistas de cordas, provenientes dos princi-pais centros culturais do país. Os autores observaramque dentre estes, 30% necessitaram interromper suasatividades e vericaram a necessidade de investigaras possíveis causas e as estratégias a serem adotadas.

Mais recentemente, em estudo realizado emLondrina, em 2004, com 45 músicos integrantes daOrquestra Sinfônica da Universidade de Londrinaconstatou que 77,8% dos músicos apresentou algumsintoma músculo-esquelético12. E, em um trabalhopublicado em 2005, com 241 músicos participantesna orquestra sinfônica de São Paulo constatou que68% apresentaram dor sendo mais predominanteem mulheres13.

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Em seu artigo, Frank et al .14 fazem críticasquanto às pesquisas sobre a epidemiologia das le-sões ao armar que o campo da medicina do músicoainda está muito aquém da medicina do trabalho.Referem-se às diferenças dos grupos examinados,aos parâmetros, à signicância e à falta de grupo decontrole. Relatam ainda que, mesmo entre as poucas

pesquisas, comparando estudos de 1986 a 2005, aprevalência das lesões é estimada entre 55% a 86%,índices considerados altos, principalmente quandocomparados a outras prossões.

Nesta perspectiva, cabe destacar que tanto ossintomas quanto as lesões ocupacionais podem seragravadas, pois os músicos são relutantes em procu-rar auxílio médico não apenas por razões econômicas,mas sobretudo pelo receio de comprometerem suascarreiras em função do tratamento e das possíveis con-seqüências que tornar o problema público7. Muitosinstrumentistas continuam com a sua atividade mes-mo quando já adquiriram problemas musculares6.

Na literatura vários fatores são apontados, comocausa de lesões ocupacionais em músicos tais como aconstituição corporal; o estado físico; o volume; a força;o tono; o grau de exibilidade muscular; uma patologiamuscular prévia; a técnica e a força usada para tocá-lo;assim como, a ausência de preparo muscular; a posturae a maneira de sustentar o instrumento5.

Outras situações exporiam o instrumentista aum esforço físico maior que o habitual, dentre estasse destacam: o aumento do tempo dedicado a prática

decorrente de seleções; as provas em cursos; a parti-cipação de festivais; a adaptação a novos instrumen-tos, dentre outros6. Exageros de técnica, como o casode Robert Schumann, que abandonou a prática dopiano para dedicar-se somente a composição, foi umdos primeiros casos documentados2. Críticas quanto àmetodologia de ensino têm sido apontadas, a exemplodas técnicas de imitação e repetição15. As atividadesrepetitivas diárias e rotineiras, atividades por sua veznecessárias para um bom desempenho técnico do mú-sico, são também consideradas um fator predisponen-te que produz um efeito de tensão acumulativo nostecidos, excedendo o limiar de tolerância siológicapodendo produzir incapacidades16.

Neste contexto, os fatores predisponentespoderiam ser agrupados em: 1) Fatores individuaisintrínsecos, como condição física inadequada, va-riações anatômicas, sexo, lesões prévias reabilitadasinadequadamente ou não reabilitadas; 2) Fatoresrelacionados à atividade como hábitos de práticaerrôneos, erro na técnica, posturas inadequadas, es-

colha do instrumento e do repertorio, qualidade doinstrumento, súbito aumento de ensaios; 3) Fatoresambientais como mobiliário e 4) Fatores relaciona-dos à atividade não-musical estressante17,18.

As estruturas freqüentemente mais acometidasem músicos instrumentistas são os músculos, apesarde haver referências quanto ao comprometimento de

outras estruturas16. Assim, os músicos prossionaispodem ser afetados por lesões que apresentam-se sobdiferentes formas clínicas como as afecções músculo-esqueléticas, as compressões de nervos periféricos ea distonia focal4,7.

 Afecções Músculo-esqueléticas: Síndrome doUso Excessivo (SUE)

Na literatura especializada em medicina das ar-tes performáticas, especialidade que surgiu na décadade 809, são relatados vários termos para denominarestas desordens, dentre eles destacam-se: síndrome douso excessivo (SUE); tendinites; tenossinovites; lesõespor trauma cumulativo (LTC) e lesões por esforçosrepetitivos (LER). A  Medical Problems Performing Artists publicou, em 1986, um trabalho em que relata a dis-cordância entre as terminologias utilizadas e discorresobre a necessidade de uniformização a m de facili-tar a comunicação entre médicos e artistas5. O termosíndrome do uso excessivo (SUE) parece ser o termopreferencial na Medicina das Artes Performáticas19.

A síndrome do uso excessivo (SUE) ou superu-so pode ser denida como sinais e sintomas associados

a uma aparente lesão ocasionada pela exposição deestruturas a uma carga que excede seu limite sio-lógico. Os tecidos mais comumente atingidos são asunidades músculo-tendão; as articulações e/ou os li-gamentos19. Esta síndrome constitui um complexo desintomas causados pelo excesso de atividade e de usodas estruturas. Alguns autores incluem as compressõesnervosas como pertencentes a este grupo, pois estaspoderiam simular sintomas das lesões músculo-esque-léticas ou ainda estar associada ou ser originada porestas lesões, porém há discordância neste aspecto5.

Esta síndrome apresenta uma maior prevalên-cia em mulheres19 numa relação de cerca de 3:120.Quanto ao local, esta pode atingir mão, punho e an-tebraço, cotovelo, ombro e pescoço ou ser difuso pelobraço4. A localização está associada em parte pela de-manda física de cada instrumento20. Pode ser encon-trada entre os instrumentistas como pianistas, tecladis-tas, guitarristas, instrumentistas de cordas, entretantocada instrumento pode ser responsável por lesões emespecícas na unidade músculo-tendão4.

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perda funcional, podendo muitas vezes ser confundidacom uma compressão nervosa, apesar das alteraçõessensitivas estarem tipicamente ausentes. Os sintomasexacerbam durante a execução do instrumento, com oaumento do tempo e intensidade de ensaio4,20.

Síndromes Compressivas dos Nervos Periféricos

As síndromes compressivas dos nervos perifé-ricos constituem um complexo de sintomas relacio-nados à compressão dos nervos periféricos em seusrespectivos trajetos16. Esta compressão é considera-da, por alguns autores, como uma forma de SUEe que uma das causas seriam o uso excessivo pelahipertroa muscular ou tendinite10.

O aumento de pressão sobre o nervo pode serprovocado por compressão direta ou indireta pelos te-cidos adjacentes24. As causas da pressão podem estarassociadas aos movimentos repetitivos que podem oca-sionar hipertroa muscular local e irritação dos tecidose assim, ser relacionada à SUE5,20. As lesões em espaçoconnado como os cistos; a alteração do contorno ós-seo por lesão prévia; os processos artríticos crônicos sãotambém apontados como causas de pressão25.

As síndromes compressivas são observadas en-tre 10% e 30% dos instrumentistas especialmente au-tistas, pianistas, guitarristas, violinistas e dentre outrosinstrumentistas de corda, possivelmente em função deestes instrumentos solicitarem a manutenção de posi-ções sustentadas por longo período de hiperexão docotovelo26 ou hiperexão e desvio de punhos4.

Neste sentido, estas posturas antisiológicasadotadas por longos períodos de tempo nos exercí-cios, ensaios ou concertos poderiam gerar as neuro-patias periféricas8. A compressão dos nervos perifé-ricos pode estar presente em locais onde exista umestreitamento prévio causado por tecido normal oumesmo patológico20. As neuropatias periféricas tam-bém podem ser ocasionadas por estiramento repeti-tivo ou por distorção angular gerada pelos movimen-tos de algumas articulações5.

A lesão do nervo por compressão, em geral, éreversível, entretanto, uma evolução crônica decor-rente de tratamentos inadequados ou decorrentes doretorno do indivíduo à atividade sem reabilitaçãocompleta pode piorar o prognóstico25. Os sintomasda compressão de nervo periférico podem simular osde origem músculo-esquelética, e estar associados ouserem desencadeados pela lesão muscular5.

Quase todos os nervos periféricos estão su- jeitos à compressão, entretanto, os mais comumen-te atingidos são o mediano e o ulnar4. Há também

Há um questionamento na literatura acercados fatores que levariam alguns instrumentistas adesenvolverem a síndrome do uso excessivo conside-rando que todos empregam o mesmo repertório demovimentos na performance. Desta forma, algunsaspectos poderiam estar envolvidos nesta questão.Estes seriam intrínsecos aos sujeitos como a consti-

tuição corporal, estado físico, trosmo e grau de e-xibilidade muscular e/ou patologia muscular prévia;e extrínsecos aqueles relacionados à técnica; as pos-turas; o tipo e a sustentação do instrumento; a for-ça usada para tocá-lo; e/ou despreparo muscular5.Estes fatores adicionados ao tempo de treinamentodiário; o tamanho e peso do instrumento; e a relaçãoantropométrica para cada tipo de instrumento pode-ria também inuenciar o surgimento de síndromespor uso excessivo20.

Estes fatores estariam associados à origem deuma sobrecarga mecânica em estruturas sensíveis àdor (ligamento, cápsula das facetas, periósteo, mús-culos e paredes dos vasos sanguíneos). Esta sobre-carga mecânica poderia ultrapassar a capacidadede sustentação do tecido podendo ocasionar a rup-tura que, por sua vez, se não tiver uma cicatrizaçãoadequada dicultaria a recuperação ocasionando apresença de inamação e dor, que afetam a funçãosem uma lesão aparente, caracterizando então, a sín-drome por excesso de uso. Estas síndromes podemocorrer em qualquer articulação ou estrutura quesofra sobrecarga21.

A siopatologia da síndrome do uso excessivoestá relacionada com resistência do tecido ao agenteagressor e na redução da capacidade de recupera-ção20. Estudos apontados na literatura relatam queatravés de biópsia muscular, realizados em indivídu-os com síndromes relacionadas ao uso excessivo dedeterminado grupo muscular demonstraram a ocor-rência de depleção de glicogênio e alterações dege-nerativas agudas nas bras, com presença de edemano perimísio e tecido areolares, hemorragia inters-ticial, trombose de vênulas e inltrado leucocitárioao redor das arteríolas7,22. Além destas alterações,observou-se ainda a hipertroa das bras muscularesdo tipo II – que são as bras utilizadas no processoglicolítico e mais fatigáveis; aumento do número denucléolos centrais e anormalidades mitocondriais,demonstrando as alterações estruturais provocadaspelo processo de lesão por uso excessivo22,23.

O sintoma da SUE mais freqüentemente obser-vado é a dor, podendo estar associada à fraqueza mus-cular, à depressão à redução da habilidade, à fadiga e à

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muitos relatos da compressão do plexo braquial nodesladeiro torácico5,20. As compressões nervosas ob-servadas com mais frequência são a do túnel do car-po, do túnel cubital e a síndrome do desladeiro17.O mesmo autor destaca ainda, que a compressão donervo ulnar no punho (canal de Guyon), a síndromedo pronador redondo e a neuropatia do radial po-

dem ocorrer porém são pouco observadas.As neuropatias de membros inferiores são pou-

co freqüentes entre os músicos, porém, há relatos decasos isolados de neuropatia do safeno interno em ins-trumentistas de viola da gamba, em decorrência dasustentação rme do instrumento pela coxa. A lite-ratura relata que as neuropatias dos nervos cranianospodem aparecer em instrumentistas de sopro5,20, pois,os ramos do labial superior e mentoniano do nervotrigêmeo podem ser comprimidos diretamente pelobocal do instrumento ou pela alta pressão intra-oralgerada ao tocar notas agudas podendo ainda ocorrerparalisia temporária do palato mole pela pressão ele-vada na cavidade oral, orofaringe e hipofaringe20.

Distonia FocalDistonia focal é um termo usado para deno-

minar as desordens do controle motor que se carac-terizam por atingir grupos musculares restritos e queaparecem somente em determinadas ações, ela nãoestá relacionada exclusivamente a prossão, porém,quando a distonia ocorre em função da atividadeprossional é denominada distonia ocupacional4.

A distonia ocupacional caracteriza-se por mo-vimentos e posturas distônicas que ocorrem em fun-ção de uma ação especíca geralmente relacionada àatividade laboral, elas podem acometer diferentes ca-tegorias prossionais tais como, os digitadores, os pia-nistas, os instrumentistas de sopro, dentre outras4,27.

Os movimentos distônicos são denidos comocontrações prolongadas que têm tipicamente a natu-reza de uma torção e geralmente aumentam no de-correr da atividade28. As posturas distônicas são de-nidas por alterações posturais bizarras provenientesda estabilização do segmento em uma postura imó-vel podendo permanecer por período prolongado29.Apresenta uma um prognóstico muito pobre, geral-mente culminando em abandono da carreira30.

A distonia pode aparecer no desenvolvimentode determinado tipo de atividade motora, a exemploda cãibra do escrivão que afeta os membros supe-riores durante o ato de escrever e, entretanto, nãoé observada em outras atividades que envolvem ouso do mesmo membro24. Por isso elas são denomi-

nadas de distonias de ação especíca31. Entretanto,com a progressão a distonia pode ocorrer em qual-quer atividade motora envolvendo o segmento afe-tado, sendo então denominada de distonia de ação.Nos casos mais graves, pode ocorrer a distonia derepouso, onde os movimentos distônicos tendem ase intensicar com a fadiga, o estresse, e ou outros

fatores emocionais. Os sintomas são observados nossegmentos corporais que executam a ação e que emdecorrência da distonia a ação é impedida24.

A etiologia da distonia não está completamen-te esclarecida, mas considera-se que esta seja causa-da por um distúrbio bioquímico no gânglio basal32.Entretanto, existem relatos na literatura que consi-deram que as distonias têm origem periférica. Umtrauma, por exemplo, poderia causar, em alguns ca-sos, um movimento anormal focal atividade-depen-dente. Apesar de não haver consenso relativo quantoa localização da lesão, se muscular ou central, algunsestudos sugerem que os mecanismos periféricos ecentrais poderiam atuar simultaneamente e um trau-ma periférico poderia desencadear uma lesão irrita-tiva central, de caráter progressivo20.

Estudos foram realizados com a utilização daeletroneuromiograa (EMG) para analisar a ativida-de muscular nas distonias e observou-se a presençade contração simultânea de músculos agonistas eantagonistas20,27. O mecanismo desta condição emque o movimento se realiza com a ação de músculosantagonistas simultaneamente com a perda da iner-

vação recíproca é ainda desconhecido33

.As estatísticas da prevalência das distonias ocu-pacionais se mostraram altas em músicos variando de9% a 14%, sendo o sexo masculino o mais acometi-do20,34, na relação de 2:1 na faixa etária em torno de35 anos4. Os instrumentistas mais afetados foram ostecladistas seguidos dos instrumentistas de cordas30.

Os músicos prossionais são mais susceptíveis adesenvolver este tipo de desordem motora que envolvea perda de controle de movimentos digitais individuaise freqüentemente inabilidade prossional e, na maio-ria das vezes, está associada a atividades ocupacionaisque requerem movimentos repetitivos da mão35.

Os padrões de disfunção são variáveis e de-pende do tipo de instrumento utilizado. Há registrode diversas formas de distonias como por exemplo,nos pianistas onde é observado o acometimento damão direita, mais frequentemente. Ao contrário dados violonistas ou violoncelistas que é mais comumna mão esquerda. Por outro lado, os autistas po-dem ser acometido tanto as mãos quanto a língua

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revisãoe os lábios, semelhante alteração observada em cla-rinetistas, trompistas e intérpretes de instrumentossimilares5,20. Nestes instrumentistas a manifestaçãocaracteriza-se por espasmo dos músculos dos lábiosou da língua quando o músico executa atividade emseu instrumento, porém estes mesmos músculos ope-ram adequadamente em outras atividades como a

mastigação e a fonação5.Os instrumentistas que se utilizam continu-

adamente os membros inferiores podem tambémdesenvolver distonias nestes segmentos corporais, aexemplo dos harpistas5.

As principais queixas relacionadas às distoniassão, a rigidez dos dedos ou redução da velocidade deexecução do instrumento; diculdade em realizar osmovimentos de forma harmônica; e incoordenaçãona execução da atividade com o instrumento commovimentos de extensão ou de exão involuntáriados dedos naquelas passagens que requerem movi-mentação rápida e vigorosa20,30. Os sintomas sensiti-vos estão ausentes, exceto na forma neurálgica ondea dor pode ser o único sintoma. A progressão da pa-tologia é lenta e pode estender por meses a anos20. A mão dominante no instrumento é geralmente a maisafetada, entretanto, pode ocorrer comprometimentodos dois segmentos corporais simultaneamente ousucessivamente4. O uso excessivo de determinadosegmento corporal, bem como, a presença de ina-mações estariam relacionadas a ocorrência de dis-tonia. Os instrumentistas freqüentemente utilizam a

estratégia de alternar os dedos com os quais tocamou alteram a posição de punho ou braço para mini-mizar o problema5,20.

CONSIDERAÇÕES FINAISA intensa atividade exercida pelo músico pode

levar este prossional a desenvolver lesões como asafecções músculo-esqueléticas, as compressões ner-vosas e as disfunções motoras ou distonias. São vá-rios os fatores apontados na literatura como desen-cadeadores do aumento do esforço físico e mentaldestes prossionais, dentre estes destaca-se o tipo deinstrumento (peso, tamanho e qualidade); a duraçãoda execução; a diculdade técnico-musical da obra;as condições psicológicas do executante; a resistênciamuscular; a reabilitação prévia inadequada; as varia-ções anatômicas; a necessidade de repetição não so-mente uma, mas várias vezes para adquirir aprendi-zagem motora; as posturas antisiológicas; o excessode força na movimentação; o estresse; o gênero; aidade; o aumento do número de ensaio, em virtude

de apresentações, concursos ou exames de seleção; eos fatores ambientais. Como pano de fundo, encon-tra-se a natureza da atividade dos músicos que exigealém da precisão de movimentos, a pressão tempo-ral, e o tratamento de informações, colocando emevidência as demandas física, afetiva e cognitiva.

As lesões acometem principalmente os mem-

bros superiores em função da constante solicitaçãoque podem ser agravadas pela continuidade doshábitos errôneos e pelo tratamento inadequado. Al-gumas estratégias poderiam ser utilizadas a m deminimizar este problema, a exemplo do que se ob-servam em algumas ações que vêm sendo desenvol-vidas em organizações empresariais, colocando emevidência a preocupação com a saúde de seus traba-lhadores, por meio da inserção de equipes interdis-ciplinares com médicos, enfermeiros, sioterapeutas,psicólogos dentre outros prossionais capacitados nocontexto da saúde ocupacional. Ações, ainda muitotímidas, de prevenção vêm sendo adotadas e reco-mendadas35,36 como a introdução de palestras, exercí-cios laborais, intervenções ergonômicas37,38 conscien-tização dos prossionais, enm, ações e intervençõesprecoces com o objetivo de elaborar estratégias paramelhoria da qualidade de vida no trabalho.

Finalmente, destaca-se que para aprofundar amagnitude deste problema é necessário que os pro-ssionais, músicos e aqueles que atuam na melhoriada saúde e da segurança no trabalho, compreendama natureza desta atividade38, e os aspectos da biome-

cânica nela envolvida, a m de propor alternativasque considere a demanda solicitada em função dascaracterísticas de cada instrumento, considerando osoutros fatores envolvidos, para a realização da ativi-dade. Acrescenta-se ainda a necessidade de mais es-tudos sobre as atividades dos instrumentistas atravésda coleta de sinais biológicos.

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