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A MARCHA DA HUMANIDADE
a1tecrOO~
~;"~/O . /~qt «d~qg~,~
Tradu
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• •
A SOCIEDADE INGLESA
ANTES E DEPOIS
DO ADVENTO DA INDUSTRiA
No ana de 1619 os padeir os de Lonclres solicilaram as aulo-
ridatlcs um aumento no pre~o do pao. Em apoio do ped iclo cnvia·
ram 1 1 d escr ic;:f io com pleta duma pad ar ia e u m a nota dos gastos1>cmallais da mesma (I). Nesse csta beieclmento havia trcze oU
quator zc pessoas: 0 padeir o c a mulhcr, quatro assalar iad osespcciaJizados (oficiais), dais aprendizes, d uas eriad as e astr~s O!l qUrttro f ilhos· d o meslr e padcir o. Calculavam-se os d es- pesus desln casn ern seis Iibr as e d ez xelins pOl' scmana, dos q uaIsapclllis OIl7.C xdlns C oito dil1hclros f;C dcs(/navnTl\ n R alar jo~: rnclu
cOlOn (d oh xclllls c sels dlnhell'Os) pOl' SClllUlln pO!'li coda IlJlI Jos
O"Cllll~1 .Iurnulcll'os c d cz dlllll
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! ,~es como justificacao pata 0 aumento d o pr e co de venda do pao,i cilstahd o seis dinhcirus pOl' sClllana a instruc;ao C0 vcsttHlrio lIosI 'HU1OS do padeiro.1
: tJma padar/a Jondrina era, sem dtivida, nquilo a que poue·
d amos chamaI' u ma e mpr es a c om cr cl nl ou m es lllo industrial,
pois que pr oduzia paes aos milhares. Tudu se fal.ia, porclIl, na
pr opria casa do padc/ro. Havin provnvclmente ltIna ,'o in que fazia partei: la casa, loja no sentido de olicilla e nao com 0 significado
de cstabelecimcnto de vend a a retnlho. as piles l ido cram gCl'nl.I mente'vendldo!; ao balciio; t inham de Set' trnns pot'ladus pnrn 0
! lnercado ao ar l ivre e dispOSlOS em bnncas ('). Nns traseir3s ciaI .::asa havia urn ccleir u, pelo qual u padeiro pagnva d ais xc/illS de
,I r enda POl" semana e ot1de armazenava a trigo, 0 car vao «do m ar "
I r d e p edr a; vindo de N~wcastleJ para 0 forno c i provisfto de sal.A casa en! Isl mesma ci-a uma dessas altas constrttc;ocs I'cvestidas
pOl' viganientos dc madeira, as quais se debrtll ;avam sobre mila
das estreitas ruas dc Londrcs, como s50 as casas q ue cvocalllos
I 'quando rccordamos os ambientes em que vivcrmn' Shakespeare,
! : Pepys ou mesmo Christopher Wren. !I. maiOt' par le t la casa era! ocupada pelos aposentos' o nd c s e alb er ga va a duzia de pessoa,"
i q ue hi trabalhavam .. I I J! 6bvio que todas estas pessoas comiam em casa, UlIla vel.
i I I ' q u e 0 cuSh> da sua alimentac;ao ajudava a dclcr lllinar 0 ClIstoJ q e produ~a6 do pao. l\ . excepc;iio dos of/cials assalar lados, todos; I ~ram obtig~dos a. passar ~a n ai te e m c as n e a vi vcr juntos como, 1 'uma famflia.'
I
, Nesse temllOj n tinicn pnlavrn usnun Imra dcscrcvcr tal grupo
de pessoas era "famflia». a homem it cabc~n uo gl'U pO - cmprc-
sario; patri io ou gerente - era entno conhecido cOlllO 0chcfe ou
cabe~a da [ar oflia. E ra pa i de a lg un s da s s el ls m er nbros c fnzia~de pai quanto aos resta,nteS. Ni'io havia nenhul11a dislilll;ao nflida
I, ~-
' j i (2) .Ncnhum pad eiro podc vender piiu em sua casa Ull 10Ja, m
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: I
i I «F or necer .se de, c fornecer aD seu d U o cr iad o a!i f lle" tos,' b~bid as, vestudrio , ,meios de limpeza , alojall /enlo' e lodas as
outras cousas dur alt le 0 dito lerl1lo t ie sele a,tos, e 110 lilll d o ditoI ' ' ,
t er mo dar a o seu dito a pr elldiz d uo s mud as d e r oupa, tl saber -
I J t o pqra os dOlllillgos ~ d ias sC/Ilt as e l alo par a as d ias de Ira-bf / llo.. '
I • Os nprendizcs ,cram, porlanlu, lrabalhadorcs q ue lillll bclll
Cf ~ Wl10S~ filhos' ou f ilhas exIr a (as raparigas ImnbcllI pod ium
S f " ~H~r ,~ndiza~~--:-~I;lC~l~~ia que vestir, c~ucar e ulimcnlur, uor i-glld os a,obedtencla, prOlbJuos de casar , nao remunerados e abso-
~t I ., I :.. -
lutarnentc'depende1!tes &lc it illade de vinle c um anos. Se os
,u pr F~~~~~~scram tr ~ balhauores ·na posi~ftu de filhos e' nJhas, osf ilhos e fiJhas d a casa lambcm er am tra balhauor es pOl' sua vcz.
g~ 16 97 , John Locke cslaluiu que os filhos dos pobrcs tleviallli t~a~~UJ~.r :iduranle .nar1c do, di~ quando atillgi.ssel11 a i~lade ~e: tres I ar ws (').05 fJlhos e as ftlhas dum padelro Jond nno nao
! trPam liberdade para ir a escola d ur ante l1luitos anos oa sua: juventude ou mesl110 de briQcal' a "onl,loe quando chegavam a: c~sa'. ~l;Iito ced o s~ enconlravam a fazer 0que podiam, a pcn:irar
farinha ou n' ajudar a criaua com os cestos de p ao a camlnho
d " , ~ tenda no mercndo ou a d esempenhar pequenas larcf as na in-(lod a pr e para~ao d~s silccssivas r ef ei~oes para lOoo 0 pessoal
Ja casa, , , ,,' I 'I ':Por ~~lo, podemos vcr imediatalllenlc que 0mund o quc nos
pcrdemos, como dccidi chamar-l~le, .nao era nenl~u~ pam~so. oui~ag~'
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Tllas na o d e t odo. No r ei na do u c Hc nr iq uc V III , Sir Thomas
Mor e seguiu 0 exemplo d e Platao ao imaginal' ullla viua sem inti-
r pid ade e sem dinheir o, "ld a que se t enhn aust ido d e cOllceber
t;llla vid a e m q ue as cr iall~as n:io cOllllcce ss er n o s pa is c c m que
a pJ'oll1iscuid od c fosse ulna illslil.uir;50 politic". Ccnlo c ciliqllcnta
anos mais tard e, Sir William Pclly. tlIll d os pr il1lciros sociulogos
cia p o/We D, espcculou sa bre a poligol1lia. E a Inglatcn;! d us Tullo-
les c das Stuar tes j l:\ conhccia as estrulur as socia is c os siste-
mas scxuals do mUlldo recentcl11cnle dcsc ob er tu , Hiu (i1rcrcnfes
Jos seus que causavam nlarme. Mas cleve tel' par eciuo im possf -
vd esf aJ'r ;ar em-se pOl' 'imaginal' que semclhantcs coslUIIlf .'S pudes-
:>I~III se r mcsmo nlgo de satisf al6rio (1).
Ter-sc·a repar ado que os papcis que utriuullIlos a lOUOS uslllcmbr os da vasta famIlia do mcstre padeit~o de Londr es, no alia
(k 1619, sao cmocionalmentc bas[an[ c si ll lb ol ic os e satisr aturius.
1"icamos com a impressao d e que, numa sodeclauc ol'ganizada
como cstn, nao obstante toda a sllbordinal,:ao, cxplol'U(;flo c ubli-
lcr ac;:uo dos que ou cr m jovens Oll do scxo fcminino Oll cs[a-
vam a servir , Lod a a L 'nle per te nc ia a u m g ru po - tllll gr ullo
familiar. Cada qual Linha 0 seu circulo de arec[o: [od a (\ r clac;iio
r .,~ pod ia enlender como uma r cIac;:50 afediva.
N50 succde 0 J1Iesmo cOllnosc o. Quem podent gostar d o nome
duma socicdad e d e r esponsabilid ade limilada Otl d uma rcpar -
:ir ;50 governamental da JIlesma maneira que llln apl'cndiz goslava
. do se~ me sl re e pai-subsliluto, allamente safisfalor io, lI1eSl110que ,
('sle fossc til'a;lo . c a~tigador ,' usudr io c hi p6cr iln? Mas. sc a f aml- £ ', tia e ~fr c ul o d e af ecl o, t am bc m pod eni ser ccnario de 6diu. as pio-
r es tir anos da' sociedade humana, os nssassinos e vil6es, s50 mari- ,.' j, • • • • ~
1
(105 cllunenlos. c esposas rancol'osas, pms possesslvos c cnanc;:as) .
pr ivad as de tudo. Na sodedade tradicional e patrim cnl cia Eur opa,
j 1 1 cia Amer ica, Af r ic a e A si o SllU os Jni bH~s de \cHura c l1S Iislns dalJi bliotcca de John Locke c tnmbcm de Isoac Ncwlun: v. J ohn "arr ison c
, !'cler Laslell, Ti,e UfJrury of 101111 Locke, Oxf urd , /965.
i 26!
f duma familia, muitas vezes duma (mica famIlia, sc~elhaJltes tell-
soes devem ter sido conUnuas e sem lenllivos, incapazcs'de escapc,
cxcepto em ocasi6es de crise. Homens, mulheres e crian~as ten;que viver juntos duranle muito tempo para poderer tl ger ,ar 0 pod er
cl11oclonal d uma tr ag cu ia d e S6 focles, d e Shak espeare otl d c
Racinc. Em lal socied ad c, os confllLos cslalavam e nt re i nd lvfduos,
il escala )lcs~)Onl. txcc pluando as tUfas entre d lsUios c inr icis Oll
entre rrolesl~1l1cs c cat ulicos. nno sur glalll cOhflitos entre grnl1-
' . . ~ ~ . I , . tiC!; Illussas de pessoas. NUllca pod erlam exlstir siluat;ocs como
'\ as q ue f uzeru d o nosso tempo, segundo alglIns nutores, arena de
\ r evoluc;ao pei- petua. '. I
./ . Tudo Jsl o s6 scra ver d adeiramentc hist6r lco S C 0 peq ueno
\
g ru po d e pessoas que fOlium pao no Lond res dos Stunr les for ,na vcrd ade, a un ida dc s oc ia l t lp ica do vclhu, niuhd o, e ll l t anirl-
'-.. J~~~! .. C(J.I.lli} pil5.~s~-c~.lii~~~ -razoes(itieno1· 1~~~ .iil--n · -s· iijJor -~ttca c asa d o padeiro talvez csiivessc um t ar tto f ohi do nornHll, bois
a panificac;:ao e ra u ma o cu pal)ao a!t~mentc trad ldonal numa soelc-
oade cada vez mais sujeHa a altcra~6es ccon6micas. Na d evid .\
altura, vcr cm os que uma f amf lia ctc tr eze pessoas, a qual t d r n - belli cOllslitufa. uma unid adc de inod u~f io d e tre ze , m enu s a scriunc;:as totalmente incapazes de lrabalhat·, era hastantc gr and e
para a socicdade inglesa daqi.i~le tempo. S6 a s farrif!ias dos que
c ra m r ealmenle imporLantes, d a aHa e d a pequemi nobrezr i, closlIlagislrad os municipais e dos cotner chintcs pr 6s peros tin/lamgeralmelllc ngregados Uio grand es. Pod emos, c o m ef ~iLo, to/nnr n padar la como cxemplo represcntativo d o limite maximo, em
lamanho e escola, clo grupo em q ue as classes Jnf etJ ore s viviam
e trnbalhavam. Entre as gr and es ma ssas q u e cuiiivavtim a letr ~c que ser ao n maior preocu pa~ ii o d este ensaio. 0 g r u p o familiar e ra llIai s r eduzido do que b cf tculo dum artf fice Iondrino. .
Mas !Ili oulras cousas a notal' quan lo a o p ar iorami comerd ale industrial. Para p rinclpiar , vale a pena observar q Ua D p ro erhi-
nen[cmenle a d du de e 0 ad esanato figurani im memoria folcl6-
rica que ninda retcmos do murdo que nos perdcmus. 1\s nossas '
recor da~6es sobre a agricultura e 0 campo nao SaD nada q ue sc
possa com parar com as que domlnarahl aquelc lluindo d csnpa-
r ccido. 1\ind a contamos nos nossos filhos como 0aprendiz casQu
c om a f ilhu do mestre, 05 quais silo os hcrois. Ou como urn cSi ~a-
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nllO casa com a v iuva dcsamp ar aua pdo paijpatnl0 quundo esle
morre; esles estranhos mal recc bido s pc/a fam llia suo o s vil6es.~{c(cr Jmo-nos a padciros q>1110 s'c esles rcalmcnlc IrubnlhnsscllI
n as suas cnsas; Callu pos d e soltcirunas OS COlltoS de Fadl/s dos irmdos GrimllJ for am pr illlcir o puhlica-Llos em atcmi io e m 1812·i4, mas f or am logo trllduzidos par a ingles. 'lwIJcn-lalld o a r e pcrt6ri o d e tal litcr atura que ja cslavu a lornnr ·se po pular . Em
: visla da origem do pr olcslo 'social JIIal'xisla 110 I1 1csmo pals c ao I11CSII\O
lempo, lalvcz s cj a' sillllJflcalivo q ue a villa ind usl ri al t ra di donnl f osscromanli~tla em gra nd e esc ala na Alcmanlw.
(9) Par a a movir ncnlo de /lCSSOOS a inslalar cm·sc ora numa ler raora IJOlltra, v. Cn pf lulo V c 0 artigo of r cf criLlo: Laslclt e Har r ison, Clny-wor lh c Cogcnhoc, it! / listorical Essays. pr eselltef l t o David Ogg , ~d .. I1. E..lie /I InLl R , L. 01 IIml , 1963 (Pl'. 157-84), Par a Claywor lh, a fonlc pnncl pal CTlt e Rector 's Boo k, Cla yu'Or t il. NailS. Ed. Gi lt a nd G uilf or ll, Nottingham ,
19/0.
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l c-famllia. sao .us~dn5Jntercambiavclmente,como os !JOn!CIIS d o tempo asuSil vam. As dJstm~oes tc!clllc:ISqu e se fazcll1enlre clus para f ins sod o.16gicosser iio discutldas em r efcrenda i t eslr u!ura social pre-industrial f lU0 1 tra mais vasla a q ue j a IIOS ref cr imos.
.31 ~
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- - , ; t ; I f l l f l ' ~ li!~~ti#~! j;;; j;"i"'f ,·"i""i~"'hd,.,.".~,"'''1,'"~....",,,,,,•..•~,.. ,, I, , 'I ! I I! I
, II
I
Mas a simb6Jica atribui~ao de perpetuidade e apcllas ltlllU• das fun~oes sociais da Igreja. Numa altura cm que a a ptiduu, par a IeI' entend endo, c pan, escrever J1lllilo mnis do q lle uma; d rta pessonl, estav8 confinada, nn maior parte d
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minucioso d o mund o social pnS-industr ial torna csta questiio de
~scala ainda mais cr ftica. Havia dcscontinuidadc ontle quer que
[actos da vida ccon6mica e da tccnologia exigisscl11 lllll grupo detr a balho diferente tlo da familia tr a bnIhmlor a, em lamanho e
:constitui.;ao. Dal, 0 scr em considcrn dos cxcc pdonuis a tr i pulu-
~aol d um nuvio, o.gru po de tr a bnlhadores num cd if lcio O!J COIIS-lr u~ao j os dnqucnta oU se sscntu homclls ntlultos q ue [osselllnecessar ios nUma mina ou numa munuf actur a de annall1enl.os.
h, de faclo, cram-no, tanto assim q u e a constr u~fio civil tivcm a
sua pr opr ia associa~1io dcsde os tem pos medicvais c os mincir os
cratn uma comunid ude 0 p ar te onde quer q ue sc cncolltr assem C ~ } ·
: Niio f oi apenas a escala d e lrabalho e 0 tamunho do grupoquci as {ornou excepciollals, mas tambl1m a constituic;ao do pro-
' pr io gr u po. N a casa de pahifica~50 que escolhclJlus COIllO padrfio,
o scxo e a id ad c estavam misturndos. As crianC;as alortulludas
l)odcriam sail' par a a cscola, mas os adu!tos, CIlI gcml, nflo trnb~-
Ihavam for a d e casa. Nao havia nada que correspond esse aos 11 11-
ljmr cs d e jovcns HUS Iinhas d e lJ1ontagem, as cClltcnas d e l'Hpari-
Bas nos escrit6rio!;, lIS vidas solitar ias das donus dc casa quc
ho je Uio bem conhecemos. Vel'cr nos que, surprcclld clltemente,
:numa c poca em q ue possibilidades de sobrcvivcllcia prcvalc-
Icentes eram multo mCH' s favonivcis, uquelcs que atillgiam uma
.id ade avan d e clireito, tanto 110S «:entr os
urbanos d ispersos como nos cartlpos em reclar - uma das r egr asq ue d eu UI11cankter es pecial a sociedad e dos' nassos antepas- jsados.
'" ~( • I ' ; f
Existla contud o, l1 a escaln e organiza
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----- ":~'\1'IIllf II~;,,",""""~-~"c,. -. _".- .•.•...
I
tante foi estc elemento de fon;a da actividade cumum para a vida
da: comunidade rur al inglesa nas vcsperas tla indust rializac;au
ou q ua·~.~. d if erenc;a que Ceza introduc;iio d os ccrcadus. Mas, entr e a etva alta para comcc;ar em a cortnr a f eno, nao Ii'lCl'UlTIsu~essor~s nas activid ades ccullomicas elll lar ga escala, pois a
or g~niza~ao destes gropos er a, par prind pio, completamente dir e-r enfe £ f~ organiza~ao duma fabr ica, d uma f ir ma ou mesnlO dumaquinta colcctiva. .
: : T~r ito antes c0r :t0 a pos 0 aparecimento dos cercados, fllgulls
cam pol1~ses prosper avam: as colheitas cr am JIIais [ar tas e till!lam
'llais tcr ~ pani cultivar. A fim de consegui r a ma o-dc-ohm extra
e~t~o n'eces'saria, 0 pr opr iet ur io d a q uinta, tal como Ulll ur tesfiokfpr tu~~J9, \ aumenLava q sua Camflia tra bnlhad or a, contr L!f anuo
~apaze$'e 'raparigas como criados par a vivcr clII com cle e lavr a-~dnos'campos. Tinha de 0 fazeI'. m~smo que a terra que cuhivavah~o f oss'e' delc' mas sim n1'r end aua a grand e famil' hcasa sellllO-~i~t. Ve~if icamos q ue, '0 '5 vezcs, ele p1'cf cr ia pOl' os seus pr o pr ios
f ilhos a ~cr vir c trazer oUlr os jovens para f azer 0 tra balho que Jiles'c~m petid a. J : . cstc um dos POllCOSvislum bres que pod crnos tcr 'da vida! ~mocional d uma f amilia des Ie tem po, puis lIIoslr a q uch~via pals .que se' senLiriam r clutanLes elll submclcr os SCIIS pro-
p~ios (Hhos n d isci plinn do tr a balho em sua cnSH.Signif icnva lam-
, b~m; q u e os criados nao c1'uI11simples bcncfkios auicionais ua':,liRucz~ ~ ~a posic;ao. No lcm~o d os SLuart,. UIll qllar ~~ Ol~Illesmour n tcr ~ b d e tod ns ~s f a~nf has do pals ~lIlhall1 cnatlos, 0 q ue
~1J~er 'd!~er que as pessons muilo humild cs ta~nbcm o~ pos:~ulam,
' j d a mes$a mal1cir a qtlc os titula1'cs e os flCOS. AlclIl dISSO, a! mai~r part e d os cr iad os, na gr ande ou nn peq uena casa, !Iomens
.~:lllulhef es, ocupavam-se do amanha ua telTa (lA ),
;' !, , ; 1 ' 1(11) :'iEin Eall ng no Midd lesex, em 1959 (v. nola 73), cnlao umn .ald ei.a
. " pt-ovlnciana. e claro, n50 men os d e 60 % de lodas as pes.sons CO!II Id ad csl.c9m preendidas entre os 15 e os 19 anos eslavam a serVlr . 0 l Iumer o de
j , cliad os 'er a de 109 numa popular;5.o de 426, e cnconlravar n-sc em mals de/ " 1 i .
, ! ' ; 3 6
Os ra pazcs e os homens encarr egavam-se d a lavra, d as sc bes,
das CalTO~flSe d o pesado c es pecializad o tra balho d as colhcitas.
As mulheres e as l'apar igas cuid avam d a casa, pre par avam asref ei~6es, Cazium a manteiga e 0q ueijo, 0 pao e a cerve ja, e tam-
bem tratav3m do gada e levavan~ a Crula par a 0mer cad o. No 'tempo d as colheitas, d e Ju nh o a G utu bro, tod as as maos se
()cupavam c tod as as costas estavam dobrad as. Eslcs c ram os / 1mcses decisivos par a toua a popula~ao su jeita ao humido clima
nor tenho da Inglaterra, com uma unica calheita p or estac;ao cconfiando nllma au duas culturas npenas. Tao cr Hico era obter
cer eais para pao, que a primeira regra d a nobreza (ur n «gentle- i,/{'man» nunca sujava as maos par a ganhar a vida) podia ser entao!revogad a.
Suger imos que uma caracleristica fundamental do mundo
que 1l6s perdclIlos era 0 local de trabalho,' que se supunh a un i-
\'crsalrnente sel' a casa. Referimos que, no caso da industr ia c
nas ciuades, 0 h omem contratado, q ue trabalhava :for a de casa
duranle 0d ia e ia a casa comer e d ormir , er a considerado cxcep-
dona!. A parte as medidas geralmcllte estabelecid as sabre os
assalar iados « jor nadeantcs», o s qu ai s c ra lll , d e f acio, 0 foco de
quaisq uer uificultlade s n as r elac;6e s d e trabalho que enta~ sc
cxper imentavam nas cidad es, nao se d escobriu ncnhum' acor do--pad r fto que previssc a divisao permanente entre 0 local ue habi-
ta~a() e 0 local de tr a balho. Que lais d ivisoes exisliam e que poder iam mesl110 t el' sid o lugar COlllum na cidade e no campo,
e um Cacto que nao se pode pO l' em d llvida. H a provns d e que,Ila cid ade de Beauvai s, em Fran~a, em todo 0 caso, ur n fabr i-
cante d e tecid os em gr ande escal a tinlla em s ua c asa maq uina-r ia para mais homens d o qu e p od eriam possivelmcnte hi viver .
Julga-sc que os homens vinham das alueias ate Beauvais par a
tr abnlharem d ur anle 0 uia, tal como nn Inglaterr a vitod alla os
homcns iam d as aldeias para as d d ad es para tra balharcm na
conslr U_
Esles [act os del nlhndos sa br e a e sl ru lu ra social [or a m c onf lr mados ern
dtlzias de c omunidades sl ua rt ianas, lalvez em maior exlensao par a Clay-
wor th no Nollinghamshire: v. 0ar l ig o d e Laslett e Harr ison (Nola 9) .
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,\ ii\ltellA VA lIU~iANWADt;
Ilr ializaram existeni lndlcios de que, taJ como cm Beauvais,
.1lavia unidadcs econ6micas que l lnham de ser suprid ns de jor -
naleiros, os qUais vinham, talvcz, d os Jugares circunvizinhos, mas
ccrtamenle lnmbem cram r ecrulodos dcntr c as filhos crcscld os d e; f amflias q ue viviam na cid ad e: r apazes, talvez, e I1ICSJIlOII01lIClIS:nuHs vclhos e homens casad os que nfio trabalhavallI no lllgm" onde
. ;rdidiam ("). Mas, apesur de lud o 0 que s e c.lisse, a d ivisfio entr e;0 ~ocal de· hn bita~ao C 0 local de tro bnlho 111\0er a cnmclcr f slica
: ;r e~onhecid a dn estruturn s?cial das cid ades habitmla5 pelos nus-
'sos anlepassad os. A viagem para 0 lrabalho, a h6spcde solitario;que p aga a r enda com 0 salario ganho na fnbr ica, sao mar cos
caraclel"islicas da 110S5asociedade e nao da deles. Somos fon;-ados
, ::I pensat q uc, em assuntos lndustrlais c comcrciais, sc slJplJlIIHl(que a famflia tr abalhador a sc bnstava a si pr opr ia q uanto a mao-!,.db-o bt·~, r i50 obstantc as vicissiludes do mercado.II I
! : Mas 0 grau d e acti\'idaclc em agricullura c Cund alllclllalmcntc'ritmlco e as s uas cxig~nd as de mao-de-obra varinJll inevitavcl-
'mente com' a :epoca do ano; 0eslado do tempo duranle a semana
c ainda com os pr c~os dos jJrodulos no mercad o. Para cOlISe-
guir tr aha/hat' 0 solo, cspccialmcntc, como J a 110S r cl'er imos,c~m o,clima c a gcologia da Inglalcrra, era IJr cciso dis por de
; um fundo ,de mao-de-obr a que a f amilia de Javnlllores poder ia
: i o J nao utliizar, con[orme 0chde decidisse. A maneir a como se'I pr oviam conll'a csta Ilccessidade mostr a quao cOllvcnicntementc! a eslr utura lr ~ndicional ~ palriarcal cla sociedncle podia ser "cla p-:rada para satisCazer as neccssidmles duma econolllia particular.T~mos, d e invesliga-Ia nas hislul'ias da vida dos llOl11cns c das
; tq ulheres que viviam nas ald eias, nas lislas de mcslcres que s e
.t'k erciam no cam po, os quais f aziam parte dessa vida lanto C0ll10
i o;que se passava Jl~S estabulos e celeiros. ComeCClllOScorn 0cicio! d e vida dum :ha bitanlc po brc d uma a/deia illglesa., . . ," ,
Muitas vezes,. mesmo quase sempr e, um rapaz (ou uma r tijJa-·
riga), nasc1do numa «cboupana., deixava a casa' paterna para'
ir servir aos 10, 11 ou 12 anos de Made, entbora tenhamos encoil- i
trado «cr iados» com apenas 8 au 9 anos. Ele (olt el~) juniaHi-se,1
entao, a uma outra farnl1la. Se fosse ra paz, duHiuit-se-la crlado'd e Javour a e fk arin nn posi~ao de servk at, se betr l q U e nao neccs-sar inmente scm pr e nu mesrria casa, nl~ sc casar. b f ncsnlO acon~tcela com as r a parigas e a s mulher cs: 0casamento,· Se e q ti~ndd sur gisse, far -se-Ia f r equcnlementc com oulro criado. Dur antc'esletempo, que poderia ser d e 12, 15 ou mesnto 20 anos,lo crindci era
mantid o peto patriio e nao corrlli 0 risco da poh~eza ou d a Came j
1llcsmo q ue 0modeslo lavrador ct>m quem ele vlvia estivcsse pior
acornodauo do que os cavalos do senh br das tetras e and assemais mal vestido do que os cHados do mesmo sehhbr das tcr r as~
«as cavalos do proprietar io», escreveU U rn contempod\nco d ohumilde lavrndor, «cstiio em cabs r helhor es do qt.le Ii dele e Jseu cr iad o mais f lfimo vesle-se de pario fota das posses d ele•.
Contudo, 0 lavrador tinlui 0 seu phSpr io cHar lo, pais q ualld d
rczava as ora~6es familiar es, depois de um dia de labutd exaus·
liva, "8 mulhet donnia nutri canto, 0 fithb noutro e 0 cr iacloninda Iloutro. (1 0 ). ,
Mas a pobreza aguardava 0 cl'iado do lr ivnid or, q uand o S Ccnsnva e in viver numa «choupana. de tnt balhl1dor ' como uquclh
, em q ue nascern. Quem quer .q ue tivesse side 0 seu ~ntigu patriid ,o tr abalhador, recenle cr iad o da lavour a, esiava sujeilo a cair na miserla logo que a mulher cOl11e~asseit ler fI1hos c c lc p e r '·desse os ganhos d t\ sua com panhcira. Vma vez f ora dn c a s H d oJavrad or , t1nha de viver d a sun joma e, como toclos as m ch 1 . b ro sda sua familia, estava sujeito aos ca prlclios local~ do met-cado
do trabalho. Jornalelr o era agora a sua 4eriomina~iio cor hict:i,
pois so ganhava dinheiro contratand o-se dia a d iacom os Mvr a-
dor es da sua aldeia. Eis uma gr and e fonte da mao-de-obra e x t r a -necessaria ao bom andamento da ngricultur a, e 0 pobre earn I) \ ? -nes apcnas podia esperar emprego sezonal a t.lma joma fixa,
da Jnesma maneira que 0 seu salado como cI'iado for a f ixad o(19) Par a as £abr icanles d e panos de Beauvais, v. a oh m c1assica d e
d cscr i~ilo sociologica/hlsI6r ica, Pier re Gouhert, lJeal/pais el les Heal/Pois;s,Paris. 1960, Purt I, Ch. VIII, e, par n u lamanho r eat das clllpresns. v.I'. 284.
, A im p'r essau de q uc, nas cida
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pel os ju(zes de paz. N as !a bclas pu blicadas. eslavam pr cvislas
cJuas f ~r mas de j orna: com C sem comida e bcbiua. Ao chegar
a quir ~a : pal'a pegal' no tr a balho, 0 jornaleiro podia exigir 0 sellJugal' q me sa j unto dos cr iados que viviam lIa casa, pod end o-seqizer 9tte se ,tornava membro ua f amf lia tr abalhauora d urantenq~eIe d ja a o «partilhar 0 pao» com os membr os pcnilancnles.
Er a q uq~~ um acto saf l'f ullclIlal.
, li~c.;ntapto 0 jor naJeiro nao vivia so dos seus gallhos oca·~ionais. Par a pr incipiar, tinha 0 prod uto da pcquena pon;flu uc
terr cl lo q u~ I:ircund ~va a «choupana», 0qual, conf or m c f or a deere-
lado pcl9 ~overno d e i sab el I, seria de quatr o acres, ell lbor a islo
ra ~ se ppssa considel'ar como uma r egf a gera!. Dcpois havia os~o?rcs atir ad os ao s s eus Wh os p or e s pantar em os pas s3ms, a pa-
nh~r em bich os da nin hos uu tomar em conla dos carncims, Mas,
so bre~ud o, havia os ganhos da muJher e de toua a pcquenn Ca mi-
Ii!! n~~ ocupa~6es llinduslr iais». Uma peq ucna famflia, porq ue~04os 0l! filhoscr c~ddos tinham de sair d e casa c porquc a morte
chegava d e pressa. For am os camponeses d e InglntclTa que man-
Jivcr anl ~ gr ande inu4stria inglcsa d a Hi, f ialldo 0 fio qlle os
r l f~q r jca!l~cs capllnlisll!s de panos e f ll7.cndns Illes Ir rl7.illr l1 11 porta.t f ~ o m ~ ff! IO . u InutlSlr ln COIISCI'\'utt vlvus os Iwlnes lli l J lIgllllcrmI I t10$ 110S50Snnlepas5ados, em euJa oplnii\o 0 pl'oble/lHl d u po brc1.aI 561
1s e ' nodia resulver pclil ex pullsi\o du uctiviulld e ind uslr lul.
\~ ,f
/' EJ1~~~qr Hhaja que p' Iliio tcnhu vlslu 0 probll'llla d cs'" IlHlIleil'll,n Cxl5t~11cln tin lntltistrla Lnl11l>elll tOl'l1011 possfvel qlle 1I1l111ls-
shon sc~tc vl vcssc 110 CI\II1PO, pl'olltn n Slltlsrlln~r liS lJl'ccssld lldt's~~ } . . - .sc~q n~is ~n agricultura.
I ~CIl!lO ICIII\lU II Illl!I'asll'ln em 1J1I11l1ldnIJ/III sli pilI' IIllld l\d (,~1d e 1 pr o~tIl;i\o, como n )luJurlu dc LOlldl'c~, 1lI11~1IIIIIhllill pelo sls-
lell,a de {JIIlliI/C'VIII, peJo q uol vl\r lns cusas de f umllill se plIllhalll
II tr n bnlhar po r cont u de llln intcl'lllcdh\r lo - () f uhl'k llllle cn pi-
lnllsla d e panos c fn:f.endns u quc nos I'cfc r l IIillS , As O pl'llI(,'ik sInnl!! s!m plc!!, l!ilo t!, II SCpUl'uc,:l\o, l'lInllll,'l\o l' ""Il,'i\o e111Ill, "1'11111
lcltas pda po plllllc;ao ugr lcolu nos SCliS Il~JlIPOS IIvl'l~s, !JIlt'!' pclos
jO~Ill\lclros, q uer pcl us l uvrad ul'es C SIlIlS IlIn1l1l11s, MilS II "'n·la·
gem, n lllllUr nr ln C II scl!Ugclll do pllllO l'1'l1l1lgCIlIIiI\('1l1
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! A bttrguesia arrancOIl a falllflia 0sell w!u sentimelltal e r edl/- ziti a r ela{:a~ laniiliar a ullla simples relarQo fillal1ceira.
. Estas veementes palaVl'as 1'oram usatl as pela mnis pcnetranle
;d e 1 0dos os obser vadares que se pr ollUllCinmll1 sabr e n morle
d o lTlund o que n6 s per demos. 0 patriar calisl1lo id/lieo en explo.
r a
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ciad a empr egada Ill lma fabrica ou cs palhada por f abricas e minas )
e que perd eu para scmpre 0 scnlimcnlo de que 0 lr abalho era t1111 !
nssunlo d e f amilia, a ~er lcvad o a ca bo corn a pm-Licipa
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1~1anle sltua~fio. Eslc cor pd collslilula ccrlnlllclIlc 1Il11 pro/cla-
r iado como 0 que lem exislido na idade do indusLrialisllIo.
I ; Capilalismo c , pois, UIl1~ tlesignai;iio incolllpld