Mudanças imediatas na complacência pulmonar após a administração do surfactante natural em...

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complacência pulmonar após a administração do surfactante natural em recém-nascidos prematuros com Síndrome de Angústia Respiratória: um ensaio controlado (Immediate Changes in Lung Compliance Following Natural Surfactant Administration in Premature Infants with Respiratory Distress Syndrome: a Controlled Trial) Attar MA, Becker MA, Dechert RE, Donn SM J Perinatol. 2004; 24: 626-30 Marinã Ramthum do Amaral R3 – UTI pediátrica – HRAS/SES/DF Orientador: Dr Jefferson G.Resende www.paulomargotto.com.br 22/05/2008

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Mudanças imediatas na complacência pulmonar após a

administração do surfactante natural em recém-nascidos prematuros com Síndrome de Angústia Respiratória:

um ensaio controlado

(Immediate Changes in Lung Compliance Following Natural Surfactant Administration in Premature Infants with Respiratory Distress Syndrome: a Controlled Trial)

Attar MA, Becker MA, Dechert RE, Donn SMJ Perinatol. 2004; 24: 626-30

Marinã Ramthum do AmaralR3 – UTI pediátrica – HRAS/SES/DFOrientador: Dr Jefferson G.Resende

www.paulomargotto.com.br 22/05/2008

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Introdução A síndrome da angústia

respiratória do recém-nascido (RDS) é a maior causa de morbidade e mortalidade de RN prematuros.

A reposição de surfactante tem se mostrado tratamento eficiente e seguro.

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Introdução Duas marcas de surfactante:

Infasurf e Survanta. Derivados de pulmões bovinos Variação em sua composição

proteica Infasurf tem relativamente maior

quantidade de proteína surfactante SP-B.

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Introdução Estudos em animais demonstraram maior

aumento da complacência pulmonar em cordeiros tratados com Infasurf do que com Survanta.

Estudos em humanos mostraram que recém-nascidos (RN) tratados com Infasurf necessitaram de menor FiO2 e menor pressão média em vias aéreas quando comparados com RN que usaram Survanta.

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Introdução Estudos em animais sugerem que

após o uso de surfactante pode haver rápido aumento do volume corrente, hiperinsuflação pulmonar e dano pulmonar se é utilizada ventilação mecânica (VM) controlada a pressão e os parâmetros não são prontamente ajustados.

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Introdução O objetivo deste estudo foi de

definir as mudanças imediatas da complacência pulmonar em bebês com Síndrome da Angústia Respiratória (RDS) tratados com diferentes surfactantes naturais.

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Metodologia Ensaio clínico prospectivo e

randomizado, porém não cego. Realizado na UTI neonatal da

Universidade de Michigan entre setembro de 2001 e fevereiro de 2003.

Aprovado pelo Comitê da Universidade de Michigan para pesquisa em humanos.

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MetodologiaCritérios de inclusão: IG < 37 semanas; Radiografia de tórax compatível com

RDS; Necessidade de intubação; Decisão da equipe médica da UTI

neonatal de que estava indicado uso de surfactante.

Obtido consentimento escrito dos pais.

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Metodologia

Critérios de exclusão: Pacientes com malformações

congênitas maiores Apgar < 5 no 5º minuto

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Metodologia Foram coletados dados demográficos e

dados clínicos referentes a: Doença pulmonar crônica: necessidade de O2

suplementar com idade gestacional pós concepção (IGPc) de 36 semanas (se <32 sem) ou 28 dias de vida (ddv).

Sepse precoce: cultura positiva antes de 5 ddv.

Persistência do canal arterial(PCA): se necessário medicação ou cirurgia

Sobrevivência até a alta hospitalar

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Metodologia Survanta foi administrado na dose

de 4ml/kg (100mg/kg), repetido a cada 6 horas se necessário até um total de 4 doses.

Infasurf foi administrado na dose de 3ml/Kg (100mg/Kg), repetido a cada 12 horas se necessário até um total de 4 doses.

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Metodologia Critério para repetir a dose de

surfactante:

FiO2 > 40% para manter paO2 > 50 ou SatO2 92%

OU Complacência pulmonar dinâmica

< 0,8ml/cmH2O.

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Metodologia Modo assisto-controlado, ciclado a fluxo,

limitado a pressão Manter volume corrente (VC) = 4 a 7

ml/Kg antes de administrar o surfactante

Na primeira hora após o surfactante o pico de pressão inspiratória (PIP) foi ajustada para que o volume corrente ficasse entre 4 e 10 ml/Kg.

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Metodologia Foram colhidos dados referentes à

VM antes da administração de surfactante e 1 hora após.

Complacência e volume corrente foram ajustados conforme o peso do paciente.

Avaliadas as alterações percentuais entre as variáveis ventilatórias antes da 1ª dose e antes da 2ª dose.

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Metodologia Complacência

pulmonar dinâmica

Volume corrente (VC)

Pressão média de vias aéreas (PAW)

Pico de pressão inspiratória (PIP)

Pressão expiratória positiva (PEEP)

FiO2 Freqüência

respiratória (FR) Ventilação

minuto

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Metodologia Programa SPSS versão 11.0 Utilizado teste t de Student e teste t

pareado para variáveis contínuas Utilizado análise de χ2 ou teste de

Fischer para variáveis dicotômicas. Valor de p 0,05 foi considerado

significativo.

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Resultados Total de 40 pacientes: 19 receberam

Infasurf e 21 receberam Survanta. No grupo do Infasurf havia

significativamente maior proporção de meninos.

Previamente à administração de surfactante, não havia diferença entre os grupos quanto a complacência, FiO2 ou frequência respiratória (FR).

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Resultados Não foram demonstradas alterações

significativas na complacência pulmonar após 1h do uso de surfactante seja dentro de cada grupo ou comparativamente entre os grupos.

Após 1h observou-se diminuição significativa na FiO2 e na PAW no grupo do Infasurf, mas não no grupo do Survanta.

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Resultados O número de doses de surfactante

necessárias foi significativamente menor no grupo que utilizou Infasurf. Numero de doses médio por grupo:

Infasurf = 2 X Survanta = 4 (p=0,05) 26% dos pacientes do grupo do Infasurf

necessitaram de >2 doses enquanto no grupo do Survanta foram 57% (p=0,05).

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Resultados Comparando parâmetros

ventilatórios antes da 1ª dose e antes da 2ª dose, o grupo do Infasurf teve maiores mudanças em FiO2 e PAW.

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Resultados Não houve diferença na

sobrevivência ou na incidência de doença pulmonar crônica, enfisema intersticial, pneumotórax, sepse, pneumonia ou PCA entre os dois grupos.

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Discussão Neste estudo, não houve diferença

nas alterações da complacência pulmonar quando utilizado Survanta ou Infasurf.

Em pacientes que precisaram de mais de 1 dose de Infasurf, foi observada melhor resposta após longo período do que imediatamente.

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Discussão Assim como em outros estudos,

não foi possível demonstrar melhora da complacência pulmonar imediatamente após o uso de surfactante, mas sim um efeito mais tardio e duradouro, que persiste por dias.

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Discussão O grupo que utilizou Infasurf necessitou

de menos doses de surfactante e utilizou mais de 2 doses com menor freqüência.

Devido a amostra pequena, deve-se considerar este resultado com precaução.

Há dados na literatura compatíveis com este achado.

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Discussão O método escolhido para avaliar a

complacência pode ser utilizado na prática clínica para guiar o manejo ventilatório de pacientes com RDS.

O método pode perder sensibilidade em caso de tubo orotraqueal (TOT) sem cuff.

Isto poderia explicar o fato de não se demonstrar diferença significativa na complacência pulmonar antes e após surfactante.

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Discussão O fato do grupo do Infasurf ter maior

proporção de pacientes masculinos poderia ter resultado em maior morbidade e mortalidade neste grupo.

Não houve diferença entre os grupos na complacência pulmonar antes da administração do surfactante. Gravidade de doença semelhante.

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Discussão A incidência de doença crônica

pulmonar neste estudo foi alta, o que reflete mais a prática desta instituição no uso de oxigênio suplementar no momento da alta do que real patologia pulmonar.

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Discussão Embora não tenham sido observadas

diferenças significativas na complacência pulmonar, os resultados sugerem que o grupo tratado com Infasurf teve melhor evolução na função pulmonar do que o grupo tratado com Survanta.

O uso de menos doses pelos pacientes que utilizaram Infasurf pode implicar em redução do custo do tratamento.

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AbstractOBJECTIVE: To compare immediate changes in lung compliance following the administration of two commercially available natural surfactants.METHOD: We conducted a prospective, randomized study of 40 preterm infants with respiratory distress syndrome requiring surfactant. Infants received either Infasurf® or Survanta®. The primary outcome measure was the change in compliance assessed by bedside pulmonary monitoring.RESULTS: There were no significant changes in dynamic lung compliance within or between the two groups 1 hour after surfactant administration. However, infants given Survanta required more doses per patient (4 vs 2, p=0.05) and were more likely to require >2 doses (57 vs 26%, p=0.05). Infants requiring >1 dose of surfactant had a greater change in airway pressure and improved oxygenation just before the second dose when treated with Infasurf.CONCLUSIONS: We found no significant difference in acute changes in lung compliance. However, treatment with Infasurf seems to be more long lasting than Survanta.

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Referências do artigo:Surfactant replacement therapy for respiratory distress

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Consultem também:

SURFACTANTE PULMONARAutor(es): Paulo R. Margotto

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