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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DA AMAZÔNIA ELIOENA GEISE MASCARENHAS PEREIRA MICHELLE DO SOCORRO CANTÃO DOS SANTOS SUPERAÇÃO DE DORMÊNCIA DE SEMENTES DE Brachiaria brizantha E Brachiaria ruzizienses COM HIPOCLORITO DE SÓDIO BELÉM 2019

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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO

UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DA AMAZÔNIA

ELIOENA GEISE MASCARENHAS PEREIRA

MICHELLE DO SOCORRO CANTÃO DOS SANTOS

SUPERAÇÃO DE DORMÊNCIA DE SEMENTES DE

Brachiaria brizantha E Brachiaria ruzizienses COM HIPOCLORITO DE SÓDIO

BELÉM

2019

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ELIOENA GEISE MASCARENHAS PEREIRA

MICHELLE DO SOCORRO CANTÃO DOS SANTOS

SUPERAÇÃO DE DORMÊNCIA DE SEMENTES DE

Brachiaria brizantha E Brachiaria ruzizienses COM HIPOCLORITO DE SÓDIO

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado

ao Curso de Graduação em Agronomia, da

Universidade Federal Rural da Amazônia,

como parte dos requisitos necessários à

obtenção do título de Bacharel em Agronomia.

Área de concentração: Tecnologia de Produção

de Sementes e Mudas.

Orientador: Prof. Dr..Dênmora Gomes de

Araújo

Co-Orientador: MSc. Fábio Carneiro Dutra

BELÉM

2009

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Bibliotecária-Documentalista: Letícia Lima de Sousa – CRB2/1549

Pereira, Elioena Geise Mascarenhas

Superação de dormência de sementes de brachiaria brizantha e

ruzizienses com hipoclorito de sódio / Elioena Geise Mascarenhas Pereria,

Michelle do Socorro Cantão dos Santos – Belém, 2019.

20 f.

Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Agronomia) –

Universidade Federal Rural da Amazônia, Belém, 2019.

Orientadora: Dra. Dênmora Gomes de Araújo.

1. Plantas forrageiras 2. Sementes - Germinação 3. Ruzizienses 4.

Brachiaria brizantha I. Santos, Michelle do Socorro Cantão dos II.

Araújo, Dênmora Gomes de (orient.) III. Título.

CDD – 633.202

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AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus porque por Ele e para Ele são todas as coisas!

Em segundo aos meus pais, Enedina Mascarenhas e Lucivaldo Pereira, obrigada por todo apoio,

carinho e compreensão.

Aos meus amados e queridos irmãos Evelyn, Mateus, Luana e Heloísa, amo vocês.

Agradeço a querida professora Dênmora Araújo por toda dedicação e paciência e ao

meu coorientador Fábio Dutra por todo conhecimento compartilhado.

A equipe do LASO: Marcelo Sobreira, Joseline Aboim e Betânia Cabral, muito

obrigada! Vocês foram fundamentais para que esse trabalho fosse feito.

A minha amiga Michelle Cantão por toda parceria e companheirismo.

Aos meus grandes amigos de Trabalhos: Wagner Ramos, Carla Paixão e Juliete

Oliveira. Obrigada por estarem sempre comigo nas horas boas e ruins da equipe. Agradeço

também aos colegas Alessandro Lima, Bruno Maia e Elias Favacho e Lene Gama.

Meu total agradecimento a todos os demais professores que compartilharam e

auxiliaram na minha trajetória na universidade.

A Deus por ter me dado saúde e força para superar as dificuldades.

Ao meu marido Adriróseo Santos, que me deu apoio, incentivo nas horas difíceis, de

desânimo e cansaço.

Aos meus irmãos Makel, Marlon, Max, Michell, mãe Márcia Matos e sobrinhos Ana

Luísa e Marlyson Cantão, que nos momentos de minha ausência dedicados ao estudo superior,

sempre fizeram entender que o futuro é feito a partir da constante dedicação presente.

A minha orientadora Dênmora Araújo pelo suporte, pelas suas correções e incentivo e

ao Ms. Fábio Dutra e Bethânia pela oportunidade e apoio na elaboração deste trabalho.

A minha amiga companheira de jornada na faculdade e também de TCC, Elioena, por

toda atenção e paciência.

Meus agradecimentos aos amigos Bruno Maia, Danielle Mendonça, Fernanda Bernaldo,

Paulo Henrique, companheiros de trabalho e irmãos na amizade que fizeram parte da minha

formação e que vão continuar presentes em minha vida.

Agradeço ao Órgão Estadual - Instituto de Desenvolvimento Florestal da Biodiversidade

do Estado do Pará. Obrigada Benito Calzavara, Karina Cardoso e à Equipe DDF por me

ensinarem na prática todo o conhecimento que adquiri durante a minha graduação.

Por fim, agradeço aos mestres que compartilharam seus conhecimentos em sala de aula

e acompanharam a minha jornada enquanto universitária.

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RESUMO

O Brasil se destaca no cenário mundial como maior produtor, consumidor e exportador

de sementes do gênero Brachiaria. Porém, a maioria das gramíneas forrageiras tropicais

apresenta dormência nas suas sementes o que consequentemente afeta o estabelecimento das

pastagens. Devido a esse fato, se faz necessário o uso de técnicas que possam superar a

dormência das sementes desses gêneros. Neste sentido o objetivo do trabalho foi avaliar o efeito

do hipoclorito de sódio (NaClO) sobre a superação da dormência e germinação de sementes de

Brachiaria ruziziensis e Brachiaria Brizantha. O experimento foi conduzido no Laboratório

Oficial de Análise de Sementes-LASO. Como testemunha foi usado o H2SO4. O NaClO

utilizado foi na forma comercial nas concentrações de 2,2% e 1,1% p.p de cloro ativo. Utilizou-

se a semente de B. Ruziziensis, em delineamento inteiramente casualizado, com nove

tratamentos de quatro repetições de 100 sementes. Os cinco tratamentos que apresentaram os

melhores percentuais de germinação no teste 1 com a B. ruziziensis e foram posteriormente

aplicados para a espécie B. brizantha. Com 7, 14 e 21 dias após a semeadura, foram feitas

avaliações contando e retirando plântulas consideradas normais. Os dados expressos em

percentagem foram transformados e utilizados nas análises de variância. As comparações

múltiplas entre as médias foram feitas pelo teste de Tukey ao nível 5%. Para a B. ruziziensis os

melhores tratamentos foram o T8 e o T9 expressando as melhores médias de germinação (86 e

82%, respectivamente) e o pior tratamento foi o T7 que usou NaClO na concentração de 2,2%

em 24 horas apontando uma sensibilidade da semente quando imersa em período longo com

essa concentração. Já para a B. brizantha o tratamento com ácido não diferiu dos tratamentos

T3, T4 e T5 apenas do T2, mostrando que essa espécie precisa de um tempo e concentração

mais elevado para uma eficácia maior na sua superação.

Palavras-chave: Germinação; Plântulas; Tempo de imersão; Hipoclorito

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ABSTRACT

Brazil stands out in the world scenario as the largest producer, consumer and exporter

of seeds of the genus Brachiaria. However, most tropical grasses present dormancy in their

seeds, which consequently affects the establishment of pastures. Due to this fact, it is necessary

to use techniques that can overcome seed dormancy of these genera. In this sense, the objective

of this work was to evaluate the effect of sodium hypochlorite (NaClO) on the dormancy and

seed germination of Brachiaria ruziziensis and Brachiaria Brizantha. The experiment was

conducted at the Official Laboratory of Seed Analysis-LASO. H2 SO4 was used as the control.

The NaClO used was in commercial form in the concentrations of 2.2% and 1.1% p.p of active

chlorine. The seed of B. Ruziziensis was used in a completely randomized design with nine

treatments of four replicates of 100 seeds. The five treatments that presented the best

percentages of germination in test 1 were later applied to the species B. brizantha. At 7, 14 and

21 days after sowing, evaluations were made counting and removing seedlings considered

normal. The data expressed as a percentage were transformed and used in analyzes of variance.

Multiple comparisons between the means were made by the Tukey test at the 5% level. For B.

ruziziensis, the best treatments were T8 and T9, expressing the best germination averages (86

and 82%, respectively) and the worst treatment was T7, which used NaClO in the 2.2%

concentration in 24 hours, indicating a sensitivity of the seed when immersed in long period

with this concentration. However, for B. brizantha the acid treatment did not differ from T3,

T4 and T5 treatments only from T2, showing that this species needs a higher time and

concentration for greater efficiency in its overcoming.

Keywords: Germination; Seedlings; Immersion time; Hypochlorite

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SUMÁRIO

RESUMO

ABSTRACT

1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................. 1

2 REVISÃO DE LITERATURA .................................................................................... 2

2.1 Importância das pastagens no Brasil...........................................................................2

2.2 Características do gênero Brachiaria sp.........................................................................2

2.2.1 Classificação Taxonômica...............................................................................................2

2.2.2 Características morfológicas do gênero Brachiaria sp ....................................................... 3

2.2.3 Brachiaria ruziziensis ..................................................................................................... 3

2.3.4 Brachiaria brizantha ...................................................................................................... 4

2.3 Germinação....................................................................................................................5

2.4 Dormência em Sementes ............................................................................................. 5

2.4.1 Tipos de dormencia...................................................................................................................6

2.5 Superação de dormência...............................................................................................6

2.6 Ácido sulfúrico .............................................................................................................. 7

2.7 Hipoclorito de sódio ...................................................................................................... 7

3 OBJETIVO.....................................................................................................................8

3.1 Objetivo Geral................................................................................................................8

3.2 Objetivos específico .......................................................................................................8

4 MATERIAL E MÉTODOS ......................................................................................... 8

4.1 Local dos experimentos ................................................................................................ 8

4.2 Superação de dorência com B. ruziziensis .................................................................. 8

4.3 Superação de Dormência com B. brizantha .............................................................. 10

4.4 Análise estatística ........................................................................................................ 11

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO ................................................................................ 11

5.1 Brachiaria ruziziensis ................................................................................................. 11

5.2 Brachiaria brizantha....................................................................................................14

5.3 Brachiaria ruziziensis x Brachiaria brizantha ........................................................... 14

6 CONCLUSÃO ............................................................................................................. 15

REFERÊNCIAS .......................................................................................................... 16

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1 INTRODUÇÃO

O Brasil se destaca no cenário mundial como maior produtor, consumidor e exportador

de sementes do gênero Brachiaria. É notável o crescimento das pastagens formadas por

espécies desse gênero nas duas últimas décadas (SILVA et al., 2013). Sallum (2009) destaca o

crescente interesse, por parte dos pecuaristas, nas espécies do gênero por elas apresentarem

características agronômicas desejáveis como a ótima capacidade de produção de matéria seca,

poucos problemas fitossanitários, bom crescimento ao longo do ano e adaptabilidade a vários

tipos de solos.

Porém, Segundo Costa et al. (2011), a maioria das gramíneas forrageiras tropicais

apresenta dormência nas suas sementes o que dificulta a determinação da qualidade fisiológica,

a emergência das plântulas no campo e consequentemente afeta o estabelecimento das

pastagens. Trombeta (2013) define dormência como um fenômeno natural na qual a germinação

não ocorre mesmo com todas as condições ambientais ideais para que isso aconteça.

De acordo com Lima et al. (2015) as sementes desse gênero apresentam dificuldades

para germinar tanto em laboratório quanto no campo, e o principal fator que contribui para que

isto ocorra é a presença da dormência. As causas para dormência em sementes são várias.

Libório (2015) cita que as sementes do gênero Brachiaria podem ter a dormência justificada

pelos seus envoltórios (gluma, pálea e lema), onde constituem um empecilho para germinação

por restringir as trocas gasosas e fornecer uma barreira mecânica, além da dormência de

natureza fisiológica atribuída ao embrião. Devido a esse fato, se faz necessário o uso de técnicas

que possam superar a dormência das sementes desses gêneros.

Nas Regras para Análises de Sementes (Brasil, 2009), é recomendada a superação de

dormência para o gênero Brachiaria por ácido sulfúrico (H2SO4). Almeida (2002), fala sobre o

uso de ácido sulfúrico para escarificação química das sementes reduzindo a dormência, porém

apresenta riscos operacionais ao trabalhador que o manuseia, ao meio ambiente e a qualidade

das sementes de algumas espécies.

Desse modo a utilização de hipoclorito de sódio para superação de dormência em

sementes tem-se mostrado eficiente, e é uma técnica simples em que o próprio produtor pode

aplicar na propriedade. Neste sentido, visando à economicidade, a facilidade de manuseio, o

custo de aquisição e a possível eficiência do hipoclorito de sódio na superação de dormência de

sementes do gênero Brachiaria, é que se justifica o desenvolvimento deste trabalho.

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2 REVISÃO DE LITERATURA

2.1 Importância das pastagens no Brasil

O Brasil no ano de 2015 obteve o maior rebanho bovino (209 milhões de cabeças), foi

o segundo maior consumidor de carne com cerca de 38,6 kg/habitante/ano, e apareceu em

segundo lugar no ranking de exportador com 1,9 milhões de toneladas equivalente carcaça

(EMBRAPA, 2017).

Cerca de 90% da produção de carne no Brasil é feita em sistemas de produção que usam

exclusivamente pastos para alimentação animal. O melhoramento das pastagens possibilitou

para que grandes avanços acontecessem. Há no Brasil em torno de 180 milhões de hectares de

pastagens nos quais aproximadamente 100 milhões são ocupados por forrageiras cultivadas e o

restante composto por pastagens nativas e exóticas (Libório, 2015; EMBRAPA 2017; Souza,

2007).

De acordo com Costa (2011), o País vem sendo o maior produtor, consumidor e

exportador de sementes de forrageiras tropicais alcançando produções superiores a 100 mil

toneladas nas suas safras. Mais de 80% desse mercado é dominado pelas sementes do gênero

Brachiaria.

2.2 Caracteristicas do gênero Brachiaria sp.

Brachiaria spp. faz parte de um pequeno grupo de gêneros que inclui Urochloa

(sinonimia Brachiaria), Eriochloa kunth 1815 e Panicum Linnaeus, 1929, pertencentes à tribo

Paniceae Reichenbach, 1828, subfamília Panicoideae Braun, 1864, família Poaceae. Esse

gênero abrange cerca de 100 espécies distribuídas pelos trópicos, especialmente na África,

região dada como seu centro de origem. Estima-se que 40 milhões de hectares das pastagens na

região central do Brasil sejam formados por esse gênero, sendo cultivada em todas as regiões

ocupam uma posição de destaque na pecuária por ter características produtivas boas e por se

adaptarem em solos de baixa fertilidade (NANI, 2015; Souza, 2007).

2.2.1 Classificação taxonômica

Divisão: Spermatophyta

Subdivisão: Angiospermae (Magnoliophyta)

Classe: Monocotiledoneae (Liliopsida)

Ordem: Pales (Glumiflorales)

Família: Poaceae

Gênero: Brachiaria

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2.2.2 Características Morfológicas do Gênero Brachiaria

Os principais caracteres que identificam o gênero Brachiaria são as espiguetas ovaladas

a oblongas, inseridas em racemos unilaterais, com a primeira gluma voltada em direção à ráquis.

No entanto, a taxonomia deste gênero não é satisfatória, tanto em relação à composição de suas

espécies como na inter-relação com outros gêneros (ASSIS et. al., 2003).

2.2.3 Brachiaria ruzizienses

A Brachiaria Ruziziensis é uma espécie que não tolera solos alagadiços, Segundo Souza

(2007). O mesmo autor pontua que ela prefere solos bem drenados e com boa fertilidade. Ele

destaca que na região amazônica ela é utilizada em áreas de pastagem em terra firme e para

controle de erosão em regiões com declividade acentuada.

É originaria na África, sendo uma espécie perene subereta, com 1-1,5 m de altura.

Apresenta base decumbente e radicante nos nós inferiores. Possui rizomas fortes em forma de

tubérculos com cerca de 15 mm de diâmetro. Folhas lineares e lanceoladas, pubescentes, verde-

amareladas, a inflorescência é formada por 3-6 racemos.

Segundo o Glossário ilustrado de morfologia (Mapa, 2009). As Sementes de Brachiaria

Ruziziensis possuem espigueta ovalada, apiculada, com cerca de 5 mm de comprimento e 2 mm

de largura, com longos pêlos brancos no ápice e nas margens; gluma inferior (gli) largo ovada,

ápice subagudo, abraça a base da espigueta, cerca da metade do comprimento da espigueta,

glabra, 11 nervuras, com extremidades das nervuras e algumas nervuras; lema estéril (le)

semelhante a gluma supeior em forma, tamanho e textura, 5-nevada, plana ou levemente

deprimida do dorso; pálea estéril largo-elíptica e tão longa quanto a lema estéril; antécio fértil

ovado-elíptica; lema fértil ovado-elíptica; lema fértil (If) obovada, ápice com curto mucro,

finalmente estriada, quase lisa e com 5-nervuras conspícuas; pálea fértil (pf) levemente convexa

no dorso, ligeiramente mais curta.

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Figura 1: Morfologia das sementes de Brachiaria zuziziensis.

Fonte: Glossário de morfologia, Brasil (2009).

2.2.4 Brachiaria brizantha

A Brachiaria brizantha (Hochst.) Stapf é uma forrageira que se destaca pela sua grande

rusticidade. Trombetta (2013) destaca que ela possui grande capacidade de adaptação, boa

resistência ao pisoteio e pastoreio intensivo, boa produção de biomassa associados com bons

índices bromatológicos quando manejados corretamente.

É caracterizada por ser uma gramínea perene, de caule subterrâneo do tipo rizoma,

planta cespitosa, apresentando folhas com lâminas lineares lanceoladas, pilosas na face ventral

e glabras na face dorsal, apresentando pelos na porção apical dos entrenós e bainhas, a porção

laminar são largas e longas, com pubescência somente na face inferior (SILVA e FERRARI,

2012).

Segundo o Glossário ilustrado de morfologia (Brasil, 2009). As sementes B. brizantha,

possui espigueta oblonga ou elíptico-oblonga, com cerca de 6,0mm de comprimento por 2,0-

2,5mm de largura, ápice levemente obtuso ou subagudo, superfície glabra ou esparso-pilosa no

ápice, de coloração palha e frequentemente com pigmentações púrpuras ou tingida de púrpura,

base atenuada e com conspícuo e grosso pedúnculo; gluma inferior (gli) largo-ovada, abraça a

base da espigueta , com de 1/3 do comprimento da espigueta, com 7-11 nervuras, glabra, às

vezes, com extremidades das nervuras anastomosadas (unidas); gluma superior (gls) ovada,

ligeiramente mais curta do que a lema estéril, ápice esparso-piloso ou glabro, com 7-nervuras

e com algumas nervuras transversais perto do ápice; lema estéril (le) semelhante à gluma

superior, achatada no dorso, com ápice curto-encurvado, glabrescente ou pilosa, com 5-

nervuras e com algumas nervuras transversais perto do ápice; antécio fértil oblongo ou elíptico-

oblongo e de coloração palha; lema fértil (If) elíptico-ovada, finamente estriada e com curto

ápice obtuso e encurvado; pálea fértil (pf) menos convexa no dorso, ligeiramente menor do que

a lema.

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Figura2: morfologia de semente de Brachiaria brizantha

Fonte: Glossário de morfologia, Brasil (2009).

2.3 Germinação

A germinação de sementes é um processo que se inicia com a retomada do crescimento

do embrião. Para que uma semente possa germinar é necessário que lhe seja dada todas as

condições favoráveis, como por exemplo, água, luz, temperatura, etc. As sementes de cerca de

um terço das espécies germinam imediatamente em condições favoráveis, mas as demais

apresentam algum grau de dormência (RIBEIRO, 2014).

Nas Regras para Análise de Sementes (Brasil, 2009), existem normas para a condução

do teste de germinação de um grande número de espécies cultiváveis.

O teste de germinação é empregado usualmente para avaliar a qualidade de sementes,

sendo que a percentagem de plântulas normais obtidas nesse teste representa o máximo que a

amostra pode oferecer, em condições ótimas, artificiais e padronizadas para cada espécie

avaliada (Piveta, 2009).

A qualidade das sementes de Brachiaria são usualmente avaliada pelo teste de

germinação, e de acordo com as Regras para Análise de Sementes (Brasil, 2009), o tempo

previsto para a realização desse teste é de 21 dias, podendo ser prolongado por até 28 dias.

Segundo Brasil (2009) as temperaturas alternadas para germinação das sementes de

Brachiaria consideradas ótimas são de 15 - 35 ºC ou 20 – 35 ºC.

2.4 Dormência em Sementes

Almeida (2002) define dormência como fenômeno pelo qual as sementes apesar de

viáveis e dispondo de condições ambientais favoráveis, não germinam.

Fowle e Bianchett (2000), destacam que o impedimento estabelecido pela dormência se

constitui numa estratégia benéfica para que haja distribuição de germinação ao longo do tempo

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e assim aumente as chances de sobrevivência da espécie. Isso pode ocorrer de três maneiras: na

primeira as sementes são dispersas da planta matriz, em diferentes estágios de dormência,

fenômeno conhecido como polimorfismo ou heteromorfismo. Na segunda forma a dormência

pode proporcionar a distribuição da germinação ao longo do tempo, através da dependência de

sua superação por fatores ambientais que são distribuídos no decorrer do tempo. E na terceira.

As sementes de muitas espécies entram em estado de dormência, quando não possuem

condições favoráveis para germinação.

2.4.1 Tipos de Dormências

Libório (2015), cita que a dormência, com base na origem, pode ser classificada como

primária ou secundária, sendo a dormência primária aquela que já está presente nas sementes

colhidas e a dormência secundária está relacionada à incapacidade de germinar e é ocasionada

por alterações fisiológicas provocadas por exposição a condições contrárias à germinação após

a colheita. O autor também aponta que a dormência ainda pode ser classificada com base nos

mecanismos como endógena e exógena. A dormência endógena ou embrionária é causada

geralmente por embrião imaturo (dormência morfológica) ou mecanismos fisiológicos de

inibição que impedem seu desenvolvimento (dormência fisiológica). E no caso da dormência

exógena ou tegumentar existe algum impedimento causado pelos tecidos que envolvem a

semente (extraembrionário), como o tegumento ou partes do fruto, sendo superada se o embrião

for isolado, podendo ser associada a fatores físicos, químicos ou mecânicos.

Fowle e Bianchett (2000), abordam que na dormência tegumentar ou exógena a

germinação das sementes é bloqueada pelos seguintes fatores: Interferência na absorção de

água; Impedimento mecânico em que vários tecidos ao redor do embrião são extremamente

resistentes, e se o embrião não conseguir rompe-lo ele não germina; Interferência nas trocas

gasosas: os tecidos impermeáveis que circundam o embrião limitam sua capacidade de trocas

gasosas, impedindo a entrada do oxigênio, limitante à germinação, mantendo-a dormente.

2.5 Superação de Dormência

Lacerda et al. (2010), cita que existem alguns métodos recomendados para a superação

total da “dureza” das sementes. A eficiência de cada tratamento é variável segundo a espécie.

Os métodos mais usuais empregados são: a escarificação química com ácido sulfúrico

concentrado, embebição com nitrato de potássio (RAS, 2009) e tempo de armazenamento em

associação à altas temperaturas (TROMBETTA, 2013).

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O Instituto de Pesquisa e Estudos Florestais - IPEF mostra alguns tratamentos que

podem ser empregados na superação de dormência, dentre eles estão: Escarificação química

que é realizado geralmente com ácidos (sulfúrico, clorídrico etc.), que possibilita as sementes

executar trocas com o meio, água e/ou gases. Escarificação mecânica que consiste na rasura das

sementes sobre uma superfície áspera (lixa, piso áspero etc.). É utilizado para facilitar a

absorção de água pela semente. Estratificação é um tipo de tratamento úmido à baixa

temperatura, auxiliando as sementes na maturação do embrião, trocas gasosas e embebição por

água.

Para os métodos de superação de dormência, a RAS (BRASIL, 2009) recomenda para

B. brizantha, a imersão das sementes em ácido sulfúrico (H2SO4) concentrado (98% 36N) por

15 minutos seguida de lavagem em água, o umedecimento do substrato com solução de nitrato

de potássio (KNO3) a 0,2%, ou ainda a pré-secagem das sementes a 35-40°C por 5 a 7 dias, em

estufa com circulação de ar, entretanto este tratamento é pouco utilizado pelos laboratórios de

análise por aumentar demasiadamente o tempo necessário para o teste.

2.6 Ácido sulfúrico

O ácido sulfúrico (H2SO4) é um poderoso agente oxidante, Sallum (2009), destaca que

ele é eficaz em destruir tecidos vegetais, principalmente celulose e hemicelulose com facilidade.

No entanto os processos para escarificar as sementes com ácido sulfúrico, apesar de eficaz,

apresenta riscos relacionados para segurança operacional do trabalhador e perigos para o meio

ambiente quando seu descarte não é realizado adequadamente.

2.7 Hipoclorito de Sódio

Smiderle & Schwengber (2011), citam que o hipoclorito de sódio é recomendado como

teste para identificação de danos mecânicos em semente de soja, feijão e outras espécies da

família das Fabaceae. Ele também é usado em laboratórios para fazer assepsia em sementes e

propágulos vegetativos e em técnicas de micropropagação. Brasil (2009) recomenda a

utilização do hipoclorito de sódio concentração de 0,5% para superação da dormência de

algumas sementes. A sua atuação ocorre, provavelmente, na degradação da lignina da parede

de suas células. São reações de oxidação, substituição ou adição de cloro no anel aromático

presente na molécula de lignina possuindo também a capacidade de degradar ácidos graxos e

lipídeos. Goméz (2016), cita que o NaClO tem sido usado para superar dormência em sementes

de algumas culturas, principalmente café, obtendo resultados satisfatórios na germinação e

emergência de plântulas.

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3. OBJETIVO

3.1 Objetivo Geral

Avaliar o efeito do hipoclorito de sódio (NaClO) sobre a superação da dormência e

germinação de sementes de Brachiaria ruziziensis e Brachiaria Brizantha.

3.2 Objetivos Específicos

Comparar a superação da dormência de sementes de Brachiarias por Ácido Sulfúrico

e por Hipoclorito de Sódio comercial;

Verificar qual o melhor tempo e qual a melhor concentração para imersão das

sementes em Hipoclorito de Sódio;

4. MATERIAL E MÉTODOS

4.1 Local dos experimentos

O experimento foi conduzido no Laboratório Oficial de Análise de Sementes-LASO,

pertencente ao Laboratório Nacional Agropecuário do Pará- Lanagro/ PA, do Ministério da

Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), Belém, PA. O mesmo cedeu as sementes

utilizadas no experimento que foram selecionadas com base no seu alto poder germinativo,

conforme avaliações feitas pelo próprio LASO. Tais sementes estavam armazenadas na sala de

arquivode amostra com controle de temperatura e umidade do ar. Foram utilizadas duas

espécies de sementes forrageiras: Brachiaria brizantha (Hochst. ex. A. Rick.) Stapf e

Brachiaria ruzizienses R. Germ. &. C. M. Evrard.

4.2 Superação de dormência de B. ruziziensis

Para o experimento de germinação utilizou-se a B. Ruziziensis, sendo utilizado o modelo

experimental em delineamento inteiramente casualizado (DIC), com nove tratamentos de

quatro repetições de 100 sementes. As sementes foram submetidas aos tratamentos descritos

conforme tabela 1; sendo utilizado o tratamento T1 como testemunha. O hipoclorito de sódio

(NaClO) utilizado foi na forma comercial nas concentrações de 2,2% p.p de cloro ativo e a

partir desta foi feita diluição em 50% de água destilada para obter-se 1,1%.

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Tabela 1. Descrição dos tratamentos aplicados visando superação de dormência em sementes

de Brachiaria ruziziensis.

Denominação Descrição

T1 Imersão em H2SO4 (98%) por 3 minutos.

T2 Imersão em NaClO diluído (1,1%), por 3 horas.

T3 Imersão em NaClO na concentração comercial (2,2%) por 3 horas.

T4 Imersão em NaClO diluído (1,1%), por 6 horas.

T5 Imersão em NaClO na concentração comercial (2,2%) por 6 horas.

T6 Imersão em NaClO diluído (1,1%), por 24 horas.

T7 Imersão em NaClO na concentração comercial (2,2%) por 24 horas.

T8 Imersão em NaClO diluído (1,1%), por 1 hora.

T9 Imersão em NaClO na concentração comercial (2,2%) por 1 hora.

Fonte: Os Autores

Antes da realização da semeadura e após a imersão das sementes tanto no ácido quanto

no hipoclorito, as mesmas foram lavadas com água corrente e em seguida com água destilada,

sendo posteriormente colocadas em papel toalha por um tempo de 10 minutos para a retirada

do excesso de umidade.

A semeadura foi realizada em caixas tipo “gerbox” de acrílico medindo 11x11cm

previamente esterilizados com álcool a 70%. Como substrato foram utilizadas duas folhas de

papel mata borrão, umedecidos em solução de nitrato de potássio (KNO3) a 0,2% de

concentração, conforme metodologia descrita por Brasil (2009). Com auxílio de pinças foram

distribuídas 100 sementes em cada. (Figura 3).

Figura 3: Semeadura e identificação dos gerbox com seus respectivos tratamentos.

Fonte: Os Autores

Ao final da semeadura todos os gerbox foram levados para sala de germinação e

colocados dentro do germinador do tipo B.O.D (Biochemical Oxygen Demand) à temperatura

alternada de 35ºC por 8 horas e 20ºC por 16 horas variando ± 2ºC, (Figura 3).

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Figura 4: Teste de germinação de Brachiarias em câmeras de crescimento do tipo B.O.D

Fonte: Os Autores.

Com 7, 14 e 21 dias após a semeadura, foram feitas avaliações contando e retirando

plântulas consideradas normais. Ao final da terceira contagem, aos 21 dias, foram retiradas as

médias de plântulas normais das quatro repetições de cada tratamento.

3.3 Superação de dormência com B. brizantha

O segundo teste foi composto por cinco tratamentos que apresentaram os melhores

percentuais de germinação no teste 1 e posteriormente aplicados para a espécie B. brizantha,

conforme tabela 2.

Tabela 2. Descrição dos tratamentos aplicados visando superação de dormência em sementes

de B. brizantha.

Denominação Descrição

T1 Imersão emH2SO4 (98%) por 3 minutos.

T2 Imersão em NaClO diluído (1,1%), por 1 hora.

T3 Imersão em NaClO na concentração comercial (2,2%) por 1 hora.

T4 Imersão em NaClO diluído (1,1%), por 3 horas.

T5 Imersão em NaClO na concentração comercial (2,2%) por 3 horas

Fonte: Os Autores

A semeadura foi realizada da mesma forma descrita anteriormente, e os gerbox também

levados para o germinador B.O.D, sendo que ao final do 21°dia, foram calculadas as médias de

plântulas normais das quatro repetições de cada tratamento.

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4.4 Análise Estatística

Para a análise individual das espécies usou-se o delineamento inteiramente casualizado,

sendo nove tratamentos e quatro repetições para a Brachiaria ruziziensis e cinco tratamentos e

quatro repetições para a Brachiaria brizantha.

Já para a comparação entre as espécies a análise foi realizada em delineamento

inteiramente casualizado em arranjo fatorial 2x5, sendo duas espécies de Brachiaria (B.

brizantha e B. ruziziensis) e cinco tratamentos.

Os dados expressos em percentagem foram transformados em arc sen x/100 e utilizados

nas análises de variância. As comparações múltiplas entre as médias foram feitas pelo teste de

Tukey ao nível 5% de probabilidade de erro. Os programas estatísticos utilizados foram o

Minitab 17 e o Sisvar 6.

5. RESULTADOS E DISCUSSÃO

5.1 Brachiaria ruziziensis

Conforme o gráfico 1 abaixo, os resultados mostraram que o maior percentual de

germinação (86%), foi aquele em que as sementes de Brachiaria ruziziensis foram submetidas

a superação de dormência com o uso de hipoclorito de sódio na concentração comercial 2,2%

por uma hora, e que o mesmo diferiu estatisticamente dos tratamentos 1, onde houve o uso de

ácido sulfúrico; e do tratamento 7, em que foi aplicado hipoclorito de sódio na concentração

comercial por 24 horas. Este último tratamento foi o que apresentou o menor valor do poder

germinativo (61%), diferindo de todos os outros estudados, mostrando que a B. ruziziensis

apresentou certa sensibilidade na superação quando usada concentração elevada por período

longo, o que pode ter afetado direta ou indiretamente o crescimento do embrião. Conforme

Brasil (2009), a ação do hipoclorito na concentração de 0,5% é eficaz para a superação de

dormência em algumas espécies de sementes.

Conforme discutido acima, a concentração de 2,2% e 1,1% foram eficazes para a

superação da dormência das sementes de B. ruziziensis. No entanto, quando usado um tempo

maior (24 horas) foi observado a diminuição da porcentagem de germinação. Goméz (2016)

cita que o NaClO atua modificando as propriedades das membranas do tegumento, deixando-o

mais poroso e, portanto, fornecendo oxigênio adicional para as sementes. Smiderle &

Schwengber (2011), apontam que o hipoclorito de sódio tem ação de degradar a lignina da

parede celular com ações de oxidação, substituição ou adição de cloro no anel aromático

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presente na molécula de lignina. Ele também possui capacidade de degradar ácidos graxos e

lipídios. Carnelossi et al. (1995), diz que algumas espécies de sementes o tratamento rápido

com hipoclorito de sódio estimula a germinação, mas em tratamentos prolongados ela é

reduzida. O mesmo autor cita que em registros referentes ao estimulo de germinação e quebra

de dormência por NaClO, dependendo da concentração e do tempo de exposição, indicam que

essa substância pode não só escarificar o tegumento aumentando a permeabilidade ao oxigênio,

água e solutos, como também facilitar a remoção ou oxidação de inibidores de germinação. Por

outro lado, o NaClO também pode inibir a germinação por provocar danos ao tecido vivo do

embrião. O que corrobora com este trabalho para explicar que as sementes possam ter sido

expostas a ação de NaClO por um período e concentração elevados e que pode ter afetado o

embrião e danificado as sementes prejudicando a germinação das mesmas.

Figura 5: Percentagem de germinação de Brachiaria ruziziensis entre tratamentos com

aplicação de ácido sulfúrico (H2SO4) e Hipoclorito de sódio (NaClO) em diferentes tempos e

concentrações.

Legenda: T1= H2SO4; T2= NaClO 1,1% 3h; T3= NaClO 2,2% 3h; T4= NaClO 1,1% 6h; T5 NaClO 2,2% 6h; T6= 1,1% NaClO

24h; T7= 2,2% NaClO 24h; T8 1,1% NaClO 1h; T9 2,2% NaClO 1h. Fonte: Os Autores.

5.2 Brachiaria brizantha

As sementes de Brachiaria brizantha quando expostas a superação de dormência com

hipoclorito de sódio a 2,2% e 1,1% por 3 horas, apresentaram os maiores percentuais de

germinação (Gráfico 2), os quais foram de 80% e 81%, respectivamente. Porém, não

diferiram estatisticamente dos tratamentos usados com ácido sulfúrico e com hipoclorito de

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sódio na concentração de 2,2 % por uma hora. Por outro lado, quando feita à aplicação de

superação de dormência das sementes com hipoclorito por uma hora na concentração de

1,1%, observou-se que o percentual germinativo foi menor (66%), diferindo-se

significativamente de todos os outros tratamentos, mostrando que a B.brizantha necessita de

um maior tempo de imersão e uma maior concentração de hipoclorito para que ocorra a

superação da dormência e desenvolvimento da plântula. Lima et al (2015) destaca que as

sementes do gênero Brachiaria possuem tegumento duro e impermeável e com a utilização de

tratamentos químicos é possível remover esta estrutura. Martins e Silva (2003) citam que que

a lema e a pálea seriam estruturas responsáveis pela imposição da dormência nas sementes de

gramíneas. Hsiao e Hanes (1980) avaliando a viabilidade de sementes de aveia selvagem

imersas em diferentes concentrações de NaClO por 24 horas verificou que as concentrações

de 3 a 6% degradaram 100% a casca da semente e obteve porcentagem de viabilidade maior

que 91%. Já na concentração de 1% de NaClO não ocorreu degradação da casca das sementes

e tiveram uma viabilidade de 83%. Estes mesmo autores usando a concentração de 6% de

NaClO em diferentes tempos constataram uma maior porcentagem de germinação no tempo

de 2 a 3 horas. Talvez o tempo e a concentração de NaClO usado no tratamento 2 não foram

tão eficientes para eliminar estes mecanismos que impedem a germinação.

Figura 6: Percentagem de germinação da Brachiaria brizantha submetidas a aplicação de ácido

sulfúrico (H2SO4) e hipoclorito de sódio (NaClO) em tempos e concentrações diferentes.

Legenda: T1= H2SO4; T2= NaClO 1,1% 1h; T3= NaClO 2,2% 1h; T4= NaClO 1,1% 3h; T5= NaClO 2,2% 3h.

Fonte: Os Autores.

5.3 Brachiaria ruziziensis x Brachiaria brizantha

Conforme os resultados descritos na tabela 3 abaixo, verificou-se que quando aplicado

o ácido sulfúrico na superação da dormência das sementes das brachiarias ruziziensis e

brizantha, não houve diferença significativa entre as mesmas, porém, a brizantha levou uma

T1 T2 T3 T4 T5

Série1 77 67 78 80 81

A

B

A A A

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

% D

E G

ERM

INA

ÇÃ

O

TRATAMENTOS

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pequena vantagem no poder germinativo. Já quando a superação foi realizada com hipoclorito

de sódio na concentração de 1,1% por uma hora, a B. ruzizienses foi muito superior,

apresentando uma diferença significativa de percentual de 12%. Quando a concentração de

hipoclorito passou para 2,2%, ambas as espécies não diferiram entre si, mesmo a B. ruziziensis

sendo superior. A B. brizantha começa a se destacar quando foi aumentado o tempo de

embebição das sementes no hipoclorito passando de uma hora para três horas. Na concentração

de 1,1%, a B. brizantha foi superior significativamente em aproximadamente 14%, e na

concentração de 2,2% o valor baixou para 12% na diferença, mesmo assim muito superior,

mostrando que a B. brizantha precisa de um maior tempo de embebição no hipoclorito que a B.

ruziziensis independente da concentração.

Tabela 3: Valores de germinação das espécies Brachiaria ruziziensis e Brachiaria brizantha

com aplicação de Ácido sulfúrico (H2SO4) e Hipoclorito de sódio (NaClO) em diferentes

tempos e concentrações.

Espécie Tratamentos

T1 T2 T3 T4 T5

B. ruziziensis 70,0 a* 82,0 a 86,0 a 74,0 b 70,0 b

B. brizantha 76,5 a 66,0 b 77,0 a 80,5 a 82,0 a

Legenda: T1= H2SO4; T2= NaClO 1,1% 1h; T3= NaClO 2,2% 1h; t4 NaClO 1,1% 3h; T5= NaClO 2,2% 3h.

*Letra minúscula na coluna compara espécie dentro de cada tratamento. DMS= 0,092

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6. CONCLUSÃO

Conforme os dados obtidos neste trabalho, chega-se as seguintes conclusões:

A espécie Brachiaria ruziziensis apresentou o melhor resultado quando aplicado o teste

de superação com hipoclorito de sódio na concentração comercial 2,2% p.p de cloro

ativo por apenas uma hora;

A Brachiaria brizantha respondeu melhor quando usou-se o hipoclorito na

concentração comercial 2,2% p.p de cloro ativo por 3 horas de imersão;

O hipoclorito de sódio mostrou-se eficiente na superação da dormência das sementes

podendo ser recomendado o seu uso em teste de germinação.

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