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MATERIAL DE APOIO AO PROFESSOR

Nas páginas a seguir, você encontra: •Biografia do autor;

•Contextualização da obra;

•Resumo da narrativa;

•Sugestões de atividades para aula de Língua Inglesa.

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THE ADVENTURES OF HUCKLEBERRY FINN | MARK TWAIN | ADAPTADO POR F. H. CORNISH

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QUEM FOI MARK TWAIN? Mark Twain nasceu com o nome de Samuel

Langhorne Clemens, no ano de 1835, nos Estados Unidos. Ele passou a infância na cida-dezinha de Hannibal, no estado do Missouri, às margens do rio Mississípi. Em 1850, seu irmão mais velho, Orion Clemens, começou a publi-car um periódico semanal e, um ano depois, ad-quiriu o jornal da cidade. Orion então convidou Samuel para trabalhar na tipografia e, de vez em quando, o caçula contribuía com desenhos e ar-tigos para o jornal. Foi aí que Samuel começou a assinar com pseudônimos diversos nesse e, pos-teriormente, em outros veículos.

Em 1853, aos 17 anos, Samuel deixou sua cidade natal e, a partir de então, teve diversas outras ocupações.Trabalhou em tipografias em Nova York, na Filadélfia e em Washington, onde adquiriu uma maior perspectiva do mundo.

Entre as muitas coisas que fez, em Nova Or-leans tornou-se um aprendiz para dirigir bar-cos nos rios Missouri e Mississípi, e em 1859 obteve sua licença definitiva. Samuel aprovei-tou esse tempo de aprendizado para conhecer tudo sobre os rios – que depois se tornariam cenário para suas obras mais famosas – e para usufruir da liberdade e da autossuficiência proporcionadas pela profissão.

Durante a Guerra Civil, ou Guerra de Secessão estadunidense – em que os estados industrializa-dos e abolicionistas do Norte (União) entraram em conflito com os estados agrários e escravo-cratas do Sul (Confederados) –, o tráfego no rio ficou comprometido e Samuel se alistou do lado dos Confederados. Mas sua incursão na guerra foi

curta: logo ele desertou e arrumou um emprego como jornalista na cidade de Virgínia.

Foi em 1863 que ele assinou pela primeira vez com o pseudônimo Mark Twain, como ficaria conhecido pela posteridade.

Seu primeiro livro foi The Celebrated Jumping Frog of Calaveras County and Other Sketches [A cé-lebre rã saltadora do Condado de Calaveras e ou-tros textos] (1867), que não vendeu muito bem. Depois, por conta de uma viagem pela Europa e pela Terra Santa, ele escreveu The Innocents Abroad [Os inocentes no exterior] (1869), dessa vez obtendo grande sucesso.

Fotografia do autor com data entre 1900 e 1910.

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Essa viagem lhe rendeu ainda um encontro muito especial: após conhecer um jovem chamado Charlie Langdon, Samuel foi apresentado àquela que se tornaria sua esposa. Olivia, irmã de Charlie, e Samuel se apaixonaram e se casaram em 1870.

O casal logo teve um bebê, que morreu pou-co tempo após o nascimento. Em 1872 nascia a menina Olivia; naquele mesmo ano Samuel publicou Roughing It [Endurecendo], sobre suas experiências no Oeste estadunidense. No ano seguinte, estreou no gênero romance com The Gilded Age [A Idade Dourada]. Clara, sua segun-da filha, nasceu em 1874.

Em 1876, Samuel publicou o romance As aventuras de Tom Sawyer, um sucesso entre jo-vens e adultos. Lançou ainda O príncipe e o ple-beu (1881), um conto ambientado na corte in-glesa do século XVII, e Life on the Mississippi [A vida no Mississípi] (1883), com segredos sobre a região do famoso rio.

Depois disso, Samuel escreveu outras narra-tivas com os personagens de As aventuras de Tom Sawyer. O personagem Huck ganhou seu próprio romance em 1885: As aventuras de Huckleberry Finn. Escrito na voz do protagonista, cheio de gírias e com um sotaque sulista, o livro mostra a crueldade da escravidão nos Estados Unidos e a violência da sociedade da época.

Em 1889, Samuel publicou Um americano na corte do Rei Arthur, sobre um personagem do sé-culo XIX que vai parar na Idade Média inglesa.

Posteriormente, Samuel Clemens mergu-lhou em grandes problemas financeiros. Ele continuou a escrever para revistas, por neces-sidade, apesar de um reumatismo avançado no braço. Nos anos de 1890, precisou se mudar

com a família para a Europa, em busca de um custo de vida mais baixo e por conta da saúde debilitada da esposa.

Os romances que vieram depois seriam pre-judicados por algo de que o próprio Samuel Clemens viria a se arrepender: sua fama de autor cômico, resultado das sátiras e dos personagens divertidos que ele havia explorado em obras an-teriores. Seu livro Joana d’Arc (1895-1896) não foi publicado originalmente com o pseudônimo Mark Twain: Samuel o havia renegado.

Durante toda sua vida literária, Samuel Cle-mens deu muitas palestras por todo o território dos Estados Unidos e pelo mundo afora. Além disso, sua obra lhe rendeu três títulos honorários nos úl-timos anos de sua vida. O primeiro foi concedido pela Universidade de Yale em 1901; o segundo, no ano seguinte, pela Universidade do Missouri; e o terceiro, em 1907, pela Universidade de Oxford.

Apesar de seu sucesso na literatura, os últimos trabalhos do autor foram ensaios polêmicos: um deles um manifesto contra o antissemitismo, “Concerning the Jews” [A respeito dos judeus] (1899), e o outro uma denúncia do imperialis-mo, “To the Man Sitting in Darkness” [Para o homem sentado na escuridão] (1901).

Samuel Clemens morreu em 21 de abril de 1910 deixando um grande legado para a lite-ratura. Em suas duas obras principais, que con-tam as aventuras de Tom Sawyer e Huckleberry Finn, retrata uma infância picaresca, em que o protagonista sempre olha com desconfiança o mundo “civilizado” dos adultos – mas o encara com um coração bom. As aventuras de Huckleberry Finn é até hoje considerada uma das maiores obras da literatura estadunidense.

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RESUMOH uckleberry Finn, ou apenas Huck, é um me-

nino de 14 anos que mora em St. Petesburg, no estado do Missouri, às margens do rio Mis-sissípi. Órfão de mãe, tem um pai que só apa-rece de vez em quando, alcoolizado, e bate no garoto. Huck vive por muito tempo sozinho até que a viúva Mrs. Douglas o acolhe. A irmã da viúva, Miss Watson, tem um escravo negro chamado Jim.

Em uma de suas aparições, o pai de Huck o força a morar com ele, com o objetivo de tomar para si um dinheiro que o garoto ganhara por uma benfeitoria e que estava sendo guardado pelo juiz da cidade. O pai prende o filho em uma

cabana de madeira no meio da mata, mas Huck consegue escapar, encontra uma canoa velha e embarca rumo à ilha Jackson, no rio Mississípi.

Ele se esconde na ilha aparentemente deserta. À noite, porém, encontra Jim, que fugira porque Miss Watson queria vendê-lo para um mercador de escravos. Jim desejava ir para um dos estados do Norte do país, onde não havia escravidão; no entanto, a corrente poderosa do Mississípi não lhe daria escolha exceto ir para o Sul. Assim, Huck e Jim decidem descer juntos o rio até o ponto em que ele se une ao rio Ohio, na cidade de Cairo, onde tomariam um barco a vapor para, enfim, subirem até o Norte.

RETRATO DA OBRA: THE ADVENTURES OF HUCKLEBERRY FINNUma das obras clássicas da literatura universal,

The Adventures of Huckleberry Finn (1884), de Mark Twain, é reconhecida como uma das me-lhores narrativas da literatura estadunidense. O livro conta a história de Huckleberry Finn, apelidado Huck, um garoto que se aventura em 1846 pelo rio Mississípi para escapar do pai – um homem violento – na companhia de Jim, um escravo em fuga.

Em sua aventura, Huck depara com as maze-las da escravidão, com o crescimento das cida-des, com a natureza, com a maldade humana… Sozinho no mundo, o garoto é obrigado a tomar

decisões importantes. Esse contato precoce com a dura realidade contribui para que Huck iden-tifique mais facilmente os problemas e aprenda a se defender em meio à realidade em que vive, mas sem perder a esperança.

Em The Adventures of Huckleberry Finn, o es-critor Mark Twain apresenta os Estados Unidos do século XIX de maneira cômica, mas sem dei-xar de lado o tom de crítica. Por sua importân-cia histórico-cultural, o livro tornou-se leitura obrigatória nas escolas do país, perpetuando até os dias de hoje o sucesso conquistado por seu autor em vida.

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A dupla inicia a viagem em uma jangada. Eles viajam de noite para reduzir os riscos de Jim ser capturado, e Huck fica responsável por buscar co-mida nos vilarejos e nas cidades por onde passam.

Numa noite de muita neblina, eles perdem a entrada para a cidade de Cairo, onde deveriam desembarcar; e quase entram no rio Ohio. Aca-bam encontrando um grupo de homens que pro-curava por escravos fugidos e, para azar de Huck e Jim, a pequena cabana sobre a jangada (onde o ex-cativo estava escondido) desperta a descon-fiança dos captores. Huck pensa rápido: explica que ali está seu pai, muito doente, e começa a chorar. Com medo de contágio, os homens vão embora e ainda dão dinheiro para Huck se con-sultar com um médico na próxima cidade.

Mais adiante, Huck e Jim topam com dois ho-mens brancos que embarcam na jangada. Um de-les, o mais velho, alega ser o Rei da França (King); o outro diz ser o Duque de Bridgewater (Duke), da Inglaterra. Ingênuo, Jim acredita e confia nos dois homens, mas Huck sabe se tratar de trambiqueiros em fuga e lhes conta que Jim é um negro livre.

Durante uma parada, King aplica um golpe em pessoas em um culto religioso. Enquanto isso, Duke manda imprimir um anúncio de re-compensa por um escravo fugido no jornal local. Sua intenção era dar ao grupo a possibilidade de viajar durante o dia – com Jim amarrado na jan-gada; assim, quando alguém perguntasse, eles diriam que haviam capturado um escravo fugido e que o estavam levando de volta ao dono.

Em outra manhã, um jovem os confunde com os irmãos de Peter Wilks, homem recém-falecido

cujo funeral aconteceria no dia seguinte. Ao saber que Peter deixara seu dinheiro de herança para os irmãos, King e Duke se fazem passar pelos her-deiros. No velório, uma das filhas do falecido lhes entrega uma mala com dinheiro. Huck, porém, não concorda com o plano e esconde a mala den-tro do caixão, que mais tarde é enterrado.

Naquele mesmo dia, chegam à cidade os ir-mãos verdadeiros de Peter. O médico da cidade é chamado para resolver a confusão e, já des-confiado dos trambiqueiros, pergunta a todos os que alegavam ser irmãos do morto onde se localizava a marca de nascença de Peter. Cada um dá uma resposta diferente e, para confirmar quem diz a verdade, resolvem abrir o caixão. É quando descobrem a mala de dinheiro. King, Duke e Huck fogem correndo antes de serem desmascarados.

Em outra cidade, enquanto King e Duke apli-cam um novo golpe, Huck nota que Jim não está na jangada: King o levara, junto com o cartaz de recompensa, para um fazendeiro local, que comprara Jim achando que obteria a prometida recompensa. Huck então segue para a fazenda para tentar libertar o amigo.

Lá, o garoto encontra Jim trancado em uma cabana. Descobre que ela pertence a uma paren-te de seu grande amigo Tom Sawyer. Logo vê chegar o próprio Tom, que lhe conta que Miss Watson, dona de Jim, tinha falecido, não sem antes alforriar Jim. Huck descobre ainda que seu pai também morrera. Todos então decidem vol-tar para St. Petesburg, e Huck vai morar com Sally, tia de Tom Sawyer.

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ATIVIDADESGreat American novelThe Adventures of Huckleberry Finn é considerado um “grande romance americano” – em inglês, great American novel. O termo foi usado pela pri-meira vez em 1868, pelo escritor estadunidense John William De Forest. Nos Estados Unidos, esse conceito aplica-se a uma obra que consegue representar artisticamente o espírito da época em que foi produzido ou à qual se refere. Nessa perspectiva, tal narrativa, escrita por um autor nativo, apresenta temas ligados ao cidadão co-mum do país: as condições de vida, os pontos de vista, o momento histórico, entre outros. Que elementos do livro de Mark Twain são exem-plos disso? Explique o conceito de great Ame-rican novel e peça aos alunos que encontrem, ao longo dos capítulos, trechos que confirmem tal classificação. Para isso, divida a turma em cin-co grupos; cada grupo deve ser responsável por dois capítulos da adaptação. Na lousa, faça um quadro com colunas para cada tipo de exem-plo (“Condições de vida”, “Pontos de vista”, “Momento histórico”) e vá preenchendo com as respostas. Solicite que um representante de cada grupo leia os exemplos encontrados. Se considerar necessário, sugira aos alunos que pesquisem sobre outras obras estadunidenses que podem ser classificadas da mesma maneira ou apresente-as a eles. Você pode mencionar li-vros como O último dos moicanos (1826), de James Fenimore Cooper; A cabana do pai Tomás (1852), de Harriet Beecher Stowe; E o vento levou (1936), de Margaret Mitchell; e As vinhas da ira (1939), de John Steinbeck.

Different accentsAo tentar enganar as três filhas e os vizinhos do falecido Peter Wilks, passando-se por seus ir-mãos ingleses – o pastor Harvey e William, que é surdo e também não fala –, os trambiqueiros King e Duke são colocados na parede pelo mé-dico da cidade, depois de King começar a falar como pastor em homenagem ao morto, ten-tando imitar o sotaque inglês. O médico é cate-górico: “You are not a minister! And you are not an Englishman. Your voice is not an English voice”. O que terá levado o médico a essa conclusão? Con-verse com os alunos sobre o assunto e apresente a eles as diferenças e semelhanças da pronúncia de algumas palavras no inglês padrão da Ingla-terra e dos Estados Unidos, acrescentando tam-bém as diferenças de grafia. É possível consultar dicionários on-line que disponibilizam áudios com as duas pronúncias. Para enriquecer a aula, apresente aos alunos obras audiovisuais que pos-sibilitem a percepção de sotaques de diferentes países cujo idioma oficial é o inglês. Se conside-rar interessante, você pode ainda mencionar as diferenças regionais em um mesmo país.

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Tom Sawyer é o melhor amigo de Huckleberry Finn, que lhe conta toda a sua aventura quan-do os dois se encontram na casa de uma paren-te de Tom. Ao longo da obra The Adventures of Huckleberry Finn, em diversas passagens o nar-rador-personagem faz referência à história que os amigos viveram e que teria sido narrada por Mark Twain. Temos aí dois recursos diferentes: a metalinguagem, que o personagem usa para falar sobre o próprio ato de escrever, e a inter-textualidade – As aventuras de Tom Sawyer (1876) é outro livro de Mark Twain no qual o perso-nagem de Huckleberry Finn também aparece. Estimule os alunos a treinar suas habilidades de

escrita e peça que imaginem a seguinte situação: Tom Sawyer está escrevendo um livro e quer contar brevemente o que aconteceu com o ami-go Huckleberry Finn em sua última aventura: como Tom resumiria a história e de que forma contaria os principais eventos? Você pode iniciar uma discussão sobre os pontos mais importantes da história, relembrando cada aventura vivida por Huck; depois, pode pedir que escrevam seu resumo na voz de Tom Sawyer. Por fim, pode solicitar a alguns alunos que leiam suas versões para a turma e promover nova discussão sobre como eles poderiam enriquecê-las com as suges-tões dos colegas.

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Nas páginas a seguir, você encontra: •Elementos de

contextualização para serem trabalhados antes de iniciar a leitura;

•Retomada de pontos-chave após a leitura do livro;

•Propostas de discussão e relação do clássico com a atualidade.

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ANTES DA LEITURA DO LIVRO…A leitura de um clássico como The Adventures of

Huckleberry Finn é uma ótima oportunidade para abordar a história dos Estados Unidos do século XIX, um período de formação e consoli-dação do país tal como hoje o conhecemos, des-tacando temas tratados na obra que ainda reper-cutem na vida das pessoas no mundo todo. São informações importantes para a compreensão do contexto em que se passa a narrativa:

• Escravidão. Do século XVII ao século XIX, os Estados Unidos mantiveram o regime de escravidão de negros africanos e seus descen-dentes em alguns estados de seu território. Não é difícil entender a razão da fuga para o Norte de Jim, companheiro das aventuras de Huckleberry Finn, e do medo de ser captu-rado em algum estado do Sul. Enquanto no Norte o movimento abolicionista era forte, no Sul os grandes proprietários de terras se opunham à abolição da escravatura.

• Expansão territorial e urbanização. Em suas aven-turas fluviais, Huck observa a ocupação do território dos Estados Unidos ao longo das margens do rio Mississípi. Depois de sua In-dependência, os Estados Unidos expandiram seu território das treze colônias para o Oeste, muitas vezes tendo os rios como guias. No

século XIX, auge dessa expansão, grande parte do atual território estadunidense foi adquirida de outros países, ou por eles cedi-da. Foi também incentivado o povoamento das novas terras, e nessa época o país recebeu muitos imigrantes.

• Infância e educação. Huckleberry Finn teve uma infância difícil: órfão de mãe, era constante-mente abandonado pelo pai alcoólatra, que o agredia – situação infelizmente muito comum até os dias de hoje. Huck viveu sozinho durante anos até que passou a morar com Mrs. Douglas, quando começou a frequentar regularmente a escola, ir à igreja e cuidar de sua higiene pessoal, assim como faziam as crianças que tinham fa-mília para cuidar delas. Embora não gostasse muito desses hábitos, Huck chegou a sentir fal-ta deles quando foi sequestrado pelo pai.

Ler um livro escrito em outra época e lugar é uma boa oportunidade de entrar em conta-to com uma nova cultura, diferente da nossa, e com a história dos povos que, de uma forma ou de outra, sempre têm algo para compartilhar co-nosco. Se essa leitura é feita em outro idioma, a possibilidade de ampliar esse aprendizado é ainda maior. A maneira como as pessoas se expressam em seu próprio idioma tem muito a nos revelar.

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DEPOIS DA LEITURA DO LIVRO…A o término da leitura de The Adventures of

Huckleberry Finn, retome os assuntos tratados ao longo dos capítulos da obra e também na con-textualização prévia em sala de aula. Aprofunde a reflexão sobre o que foi lido, buscando, sempre que possível, convidar os alunos a traçar paralelos com a atualidade. Converse com eles sobre:

• Racismo. No livro, por meio do personagem Jim, é possível perceber o tratamento dado pela sociedade estadunidense aos africanos escravizados e seus descendentes. A escravi-dão foi abolida nos Estados Unidos em 1863, mas isso não foi suficiente para acabar com o racismo no país: leis de segregação racial existiram até o século XX e ainda hoje são comuns casos de discriminação racial.

• Crítica social. Apesar de ter sido maltratado e abandonado pelo pai, Huck gostava de vi-ver livre na natureza, dormindo ao relento, longe dos habitantes da cidade onde mora-va e que inicialmente, o haviam rejeitado. Quando foi morar com Mrs. Douglas, não se adaptou muito bem às obrigações impostas, mas cedeu para agradar à senhora, de quem gostava muito. Também não conseguia acei-tar a escravidão de seu amigo Jim e por isso o

ajudou, agindo de maneira contrária aos en-sinamentos que recebera da sociedade “civi-lizada” que tentara educá-lo. Que sociedade é essa que aprisiona, discrimina e maltrata?

• Maus-tratos na infância. Como visto, Huck ti-nha muito medo do pai, alcoólatra e violen-to. A situação vivida pelo personagem ainda hoje é a realidade de muitos jovens pelo mun-do. Em 1959, foi adotada pela Organização das Nações Unidas (ONU) a Declaração dos Direitos da Criança. Uma leitura desse do-cumento pode ajudar na discussão sobre como a realidade de Huckleberry contraria os preceitos nele desenvolvidos e o quanto, mesmo na atualidade, muitos desses precei-tos não se cumprem.

Pergunte aos alunos se eles percebem a co-nexão entre os pontos discutidos em relação à obra e a sociedade em que vivem, aprofundando o interesse pelo livro e a reflexão gerada por sua leitura. Peça que reflitam sobre a escravidão e o racismo no Brasil, as contradições da sociedade e a situação das crianças no país – aproveite para citar o nosso Estatuto da Criança e do Adoles-cente (ECA), de 1990. Apresente, ainda, o voca-bulário pertinente às temáticas trabalhadas.

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Nas páginas a seguir, você encontra sugestões de atividades interdisciplinares com: •História;

•Geografia;

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SUGESTÕES INTERDISCIPLINARESO rio MississípiPara saber mais…

O rio Mississípi é um importante rio dos Estados Unidos e o mais longo da América do Norte. Ele corre para o sul e seus principais afluentes são o rio Missouri (oeste) e o rio Ohio (leste). Nasce no lago Itasca, em Minesota, e ao sul tem seu delta próxi-mo a Nova Orleans, na Luisiana. É o quarto rio em extensão no mundo e o oitavo em volume de água. Os barcos a vapor – em inglês, steamboats – são em-barcações inventadas no século XVIII, mas que na-vegaram principalmente no rio Mississípi durante o século XIX. Seu motor a vapor era propício e seu design apropriado para as águas rasas do rio.

Proposta de atividade

Com o professor de Geografia, organize uma ex-posição de imagens e mapas da bacia do Mississí-pi. Uma sugestão é direcionar os alunos para o site em inglês da Biblioteca do Congresso dos Estados Unidos (Library of Congress) em: www.loc.gov. Utilizando o sistema de buscas, é possível encon-trar gratuitamente imagens de mapas antigos, fo-tos do rio, suas ilhas fluviais e seus lendários steam-boats. O download das imagens é gratuito. A ideia é criar uma série de referências imagéticas para o estudante reconstruir o cenário do livro; por-tanto, esta pode ser uma atividade de pré-leitura. Com o resultado da pesquisa, os alunos podem realizar apresentações ou organizar um mural das imagens com legendas em inglês para apreciação de todos da escola.

Os estados do Sul e a Guerra de SecessãoPara saber mais…

A história de Huckleberry Finn se passa por volta de 1846, apenas alguns anos antes da Guerra de Secessão dos Estados Unidos, também chamada de Guerra Civil Americana. Essa guerra dividiu o país em dois: de um lado, os estados da União (Norte); de outro, os estados Confederados (Sul). Enquanto os primeiros eram industrializados e defendiam o abolicionismo, os segundos eram eminentemente agrários e faziam uso da mão de obra de africanos escravizados e seus descen-dentes. Em mais de um momento no livro, os personagens fazem referência à diferença entre a li berdade de um escravo negro no Norte em opo-sição à sua perseguição e escravidão no Sul.


Aproveite os trechos espalhados ao longo da obra para chamar a atenção dos alunos para a di-ferença entre Norte e Sul, em uma atividade de pré-leitura, preparando-os para compreender o texto. A primeira etapa deste trabalho deve con-sistir em uma pesquisa preparatória com o au-xílio do professor de História sobre diferentes pontos: economia, política, escravidão negra, Guerra de Secessão. Pode-se dividir a turma em grupos e distribuir os tópicos anteriores para um trabalho expositivo, de modo que todos tenham contato com diferentes aspectos do contexto histórico da obra.

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Religião e música nos Estados UnidosPara saber mais…

No livro, o Rei da França (King) aplica um gol-pe durante um culto religioso, debaixo de uma tenda. Em outro momento da narrativa, tenta se passar por um pastor. A partir desses dois trechos, podemos conhecer um pouco dos costumes e da religião nos Estados Unidos. O protestantismo foi a primeira religião a chegar ao país com os co-lonos calvinistas, tornando-se posteriormente, e até pouco tempo atrás, majoritária no país. A reli-gião protestante misturou-se à cultura afro-ame-ricana e originou um dos mais marcantes ritmos musicais: o gospel, raiz para gêneros como rhythm and blues (R&B), soul e rock.


Deixe os alunos trabalharem com canções de música gospel famosas, como “Take My Hand, Precious Lord” (1932), composta por Thomas A. Dorsey sobre um hino do século XIX. Hoje, encontram-se diversas gravações com diferentes intérpretes. Providencie a letra para os alunos acompanharem enquanto ouvem e se familiari-zam com as raízes musicais dos Estados Unidos.

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