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Marlene Dalila Sampaio da Silva Análise Computacional de Imagens de Mamografia para Apoio ao Diagnóstico - Deteção e Caraterização de Calcificações Monografia Mestrado em Engenharia Biomédica Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto Porto, Julho de 2013

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Marlene Dalila Sampaio da Silva

Análise Computacional de Imagens de Mamografia para Apoio ao Diagnóstico - Deteção e Caraterização de Calcificações

Monografia

Mestrado em Engenharia Biomédica

Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto

Porto, Julho de 2013

Marlene Silva i

Marlene Dalila Sampaio da Silva

Licenciada em Biomecânica pela Escola Superior de Tecnologia e Gestão (2009)

Análise Computacional de Imagens de Mamografia para Apoio ao Diagnóstico - Deteção e Caraterização de Calcificações

Monografia realizada sob a orientação de:

Prof. Doutor João Manuel R. S. Tavares (orientador)

Departamento de Engenharia Mecânica

Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto

Monografia

Mestrado em Engenharia Biomédica

Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto

Porto, Julho de 2013

Marlene Silva ii

Agradecimentos

Gostaria de agradecer a algumas pessoas que foram importantes para a realização deste

trabalho.

Ao Professor Doutor João Manuel R. S. Tavares pela orientação, disponibilidade e apoio.

E à minha família por todo carinho e compreensão.

Marlene Silva iii

Resumo

A mama é um órgão par e simétrico, presente em ambos os sexos mas que apenas se

desenvolve na mulher. Estatísticas apontam que o cancro da mama é uma das patologias

mamárias com maior probabilidade de morte em Portugal e nos países ocidentais. Este

resulta da transformação maligna das células e tem a capacidade de desenvolver

metástases. Por isso, é importante que seja detetado numa fase precoce, onde a

probabilidade de cura é superior. Nesse âmbito é de destacar a mamografia como

método de diagnóstico. A mamografia tem como objetivo a análise do tecido mamário, e

nela podem ser detetadas as calcificações mamárias. Apresentando-se em tonalidades

mais claras em relação aos restantes tecidos da mama, porém são difíceis de detetar

devido ao reduzido tamanho, variedade de formas e distribuição. Sistemas CAD

(diagnostico assistido por computador) têm como principal objetivo melhorar a acurácia e

a interpretação das mamografias. Nesse âmbito o processamento de imagem tem vindo a

ganhar realce. O seu objetivo é a extração de informação útil das imagens médicas, para

isso, um dos métodos mais importantes é a segmentação de imagem. A segmentação de

imagem tem como finalidade a divisão da imagem original em regiões homogéneas, isto

é, que respeitam uma ou mais características. Esta pode ser dividida em dois grandes

grupos, métodos baseados no domínio das imagens e baseados no domínio das

características. As pesquisas de deteção das calcificações e classificação das

mamografias têm sido objetos de estudo pelos pesquisadores, tendo sido publicados

vários trabalhos até aos dias de hoje.

Palavras-chave:

Cancro da mama

Calcificações mamárias

Mamografia

Sistemas CAD

Processamento e análise de imagem

Segmentação de imagem

Marlene Silva iv

Abstract

The breast is a symmetrical and pair organ, present in both sexes but that only develops

in women. Statistics demonstrate that breast cancer is one of the breast pathologies with

highest probability of death in Portugal and in western countries. This develops from a

malignant cell transformation that has the ability to metastasize. Therefore, it is important

to detect it at an early stage, where the probability of cure is higher. In this context it is

worth noting the mammography as a method of diagnosis. Mammography aim is to

analyze breast tissue, and detected breast calcifications in this tissue, in which lighter

hues relatively to remain tissues represent a calcification. However, those are difficult to

detect due to its small size, variety of shapes and distribution. The main objective of CAD

(computer aided diagnosis) systems is to improve the accuracy and interpretation of

mammograms. As a result image processing has gained emphasis. Its goal is to extract

useful information from medical images, and so for this, one of the most useful

approaches is image segmentation. Image segmentation aim is to divide the original

image into homogeneous regions, i.e., that respect one or more characteristics. This can

be divided into two main groups, methods based on image domain and features domain.

Research about calcifications detection and mammography classification has been an

object of study for researchers, having published several works up to today.

Key-words

Breast cancer

Breast calcifications

Mammography

CAD systems

Image processing and analysis

Image segmentation

Marlene Silva v

Índice

CAPÍTULO 1 – INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 1

1. ENQUADRAMENTO ...................................................................................................................... 2

2. OBJETIVOS ................................................................................................................................ 2

3. ESTRUTURA ............................................................................................................................... 2

CAPÍTULO 2 – A MAMA ................................................................................................................. 4

2.1. ESTRUTURA EXTERNA ................................................................................................................ 6

2.2. ESTRUTURA INTERNA ................................................................................................................ 7

2.3. QUADRANTES DA MAMA ............................................................................................................ 8

2.4. MODIFICAÇÕES DA ESTRUTURA DA MAMA ...................................................................................... 9

2.4.1. Pré-puberdade ............................................................................................................. 9

2.4.2. Puberdade.................................................................................................................... 9

2.4.3. Gravidez e lactação ...................................................................................................... 9

2.4.4. Menopausa ................................................................................................................ 10

CAPÍTULO 3 – PATOLOGIAS MAMÁRIAS ...................................................................................... 12

3.1. QUISTOS MAMÁRIOS............................................................................................................... 13

3.2. FIBROADENOMA .................................................................................................................... 13

3.3. PAPILOMAS .......................................................................................................................... 13

3.4. DOENÇA FIBROQUÍSTICA DA MAMA............................................................................................. 14

3.5. MASTITE .............................................................................................................................. 14

3.6. CANCRO DA MAMA ................................................................................................................. 15

3.6.1. Tipos .......................................................................................................................... 15

a) Carcinoma ductal in situ ................................................................................................... 16

b) Carcinoma lobular in situ ................................................................................................. 16

c) Carcinoma ductal invasivo ................................................................................................ 16

d) Carcinoma lobular invasivo .............................................................................................. 16

e) Cancro inflamatório da mama .......................................................................................... 16

3.6.2. Estádios ..................................................................................................................... 17

3.6.3. Fatores ....................................................................................................................... 17

3.6.4. Tratamento do cancro ................................................................................................ 18

3.6.5. Epidemiologia ............................................................................................................ 19

CAPÍTULO 4 – CALCIFICAÇÕES MAMÁRIAS .................................................................................. 21

4.1. CARACTERÍSTICAS ................................................................................................................... 23

4.1.1 Tamanho..................................................................................................................... 23

4.1.2. Número ...................................................................................................................... 24

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4.1.3. Densidade .................................................................................................................. 24

4.1.4. Forma ........................................................................................................................ 24

4.1.5. Distribuição ................................................................................................................ 25

4.2. BI-RADS (BREAST IMAGING REPORTING AND DATA SYSTEM) ........................................................... 25

4.3. CLASSIFICAÇÃO ...................................................................................................................... 26

4.3.1. Tipicamente benignas ............................................................................................. 26

4.3.2. Preocupação intermediaria ..................................................................................... 27

4.3.3. Tipicamente malignas ............................................................................................. 27

CAPÍTULO 5 – MÉTODOS DE DIAGNÓSTICO ................................................................................. 29

5.1. MAMOGRAFIA ...................................................................................................................... 30

5.2. SISTEMAS CAD (DIAGNOSTICO ASSISTIDO POR COMPUTADOR) ......................................................... 32

CAPÍTULO 6 – SEGMENTAÇÃO DE IMAGEM ................................................................................. 35

6.1 Métodos baseados no domínio das características .......................................................... 37

a) Métodos de Thresholding ................................................................................................. 37

1) Thresholding global ......................................................................................................... 38

2) Thresholding local ............................................................................................................ 38

3) Thresholding dinâmico/adaptativo ................................................................................... 39

b) Clustering ........................................................................................................................ 39

1) Hierárquicos .................................................................................................................... 39

2) Model-based .................................................................................................................... 39

3) Fuzzy-clustering ............................................................................................................... 40

4) Hard clustering ................................................................................................................ 40

6.2. Métodos baseados no domínio das imagens .................................................................. 40

a) Region-based ................................................................................................................... 40

1) Region- Growing .............................................................................................................. 40

2) Split-and-Merge ............................................................................................................... 41

3) Waterhed transform ........................................................................................................ 41

b) Boundary-based ............................................................................................................... 42

1) Deformable models .......................................................................................................... 42

2) Edge-based ...................................................................................................................... 42

CAPÍTULO 7 – ESTADO DA ARTE .................................................................................................. 44

CAPITULO 8 – CONCLUSÃO .......................................................................................................... 51

FONTES DE INFORMAÇÃO ........................................................................................................... 54

BIBLIOGRAFIA .............................................................................................................................. 54

OUTRAS REFERÊNCIAS .................................................................................................................... 60

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Índice de Figuras

FIGURA 1 - REPRESENTAÇÃO DA ESTRUTURA EXTERNA DA MAMA [FONTE: (NETTER,2007)] ............................................... 6

FIGURA 2 - REPRESENTAÇÃO DA ESTRUTURA INTERNA DA MAMA FEMININA [FONTE: (TORTORA,2012).] ............................... 8

FIGURA 3 - REPRESENTAÇÃO DOS QUADRANTES DA MAMA [FONTE: (MOORE, 2006)] ...................................................... 8

FIGURA 4 - TIPOS MORFOLÓGICOS DAS MICROCALCIFICAÇÕES [FONTE: (MOURÃO, 2009)] .............................................. 24

FIGURA 5 -TIPOS DE DISTRIBUIÇÃO DAS MICROCALCIFICAÇÕES [FONTE: (MOURÃO, 2009)] .............................................. 25

FIGURA 6- MAMOGRAFIA COM INCIDÊNCIA MLO; A – INCIDÊNCIA MLO DA MAMA DIREITA; B - INCIDÊNCIA MLO DA MAMA

ESQUERDA; [FONTE: (ENGELAND, 2003)] ................................................................................................... 31

FIGURA 7 - MAMOGRAFIA COM INCIDÊNCIA CC; A – INCIDÊNCIA CC DA MAMA DIREITA; B - INCIDÊNCIA CC DA MAMA ESQUERDA;

[FONTE: (ENGELAND, 2003)] ................................................................................................................... 32

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Índice de Tabelas

TABELA 1 - ESTÁDIOS DO CANCRO DA MAMA [FONTE: (DICIONÁRIO COISO)] ................................................................. 17

TABELA 2- CLASSIFICAÇÃO BI-RADS [FONTE: (QUADROS, 2003)] ............................................................................ 26

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Monografia FEUP

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CAPÍTULO 1 – INTRODUÇÃO

1. Enquadramento

2. Objetivos

3. Estrutura

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CAPÍTULO 1 – INTRODUÇÃO

1. Enquadramento

O cancro da mama é a segunda causa de morte em mulheres em Portugal. O cancro

resulta da proliferação exagerada das células da mama, que adquirem características

atípicas, constituindo um tumor, que tem a capacidade de desenvolver metástases. Por

isso, ele deve ser detetado numa fase precoce onde a probabilidade de cura é superior.

O cancro da mama pode manifestar-se através de calcificações. As calcificações

mamárias, são pequenos depósitos de cálcio que conforme as suas características

podem se classificar como tipicamente benignas, preocupação intermediaria e

tipicamente malignas. Dos métodos de diagnóstico, a mamografia é o método mais

utilizado. O seu objetivo é a análise do tecido mamário. As calcificações podem ser

detetadas nas mamografias. Nesse âmbito o processamento de imagem tem vindo a

ganhar realce. Desde há muito que tem sido propostos sistemas CAD com o objetivo da

deteção e classificação das calcificações mamárias.

2. Objetivos

De acordo com o tema de tese “Análise Computacional de Imagens de Mamografia para

Apoio ao Diagnóstico - Deteção e Caraterização de Calcificações” a presente monografia

teve como objetivo geral uma revisão bibliográfica sobre o tema. Os objetivos mais

específicos esperados com a realização deste trabalho foram a pesquisa, apresentação e

compreensão de tópicos acerca do tema, nomeadamente, sobre as patologias e

calcificações mamárias, dos métodos de diagnóstico, dos métodos de processamento e

análise de imagem e a identificação do estado da arte associado.

3. Estrutura

O relatório está dividido em 8 capítulos. Nos capítulos 2, 3, 4, 5, e 6 são apresentados

alguns fundamentos teóricos acerca do tema, nomeadamente, a mama, patologias

mamárias, calcificações mamárias, métodos de diagnóstico e processamento de imagem,

respetivamente. No capítulo 7 é apresentado o estado da arte e por fim, no capítulo 8 são

apresentadas as conclusões do trabalho.

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Marlene Silva 4

CAPÍTULO 2 – A MAMA

2.1. Estrutura externa

2.2. Estrutura interna

2.3. Quadrantes da mama

2.4. Modificações da estrutura da mama

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Marlene Silva 6

CAPÍTULO 2 – A MAMA

A mama também designada por seio é um órgão par e simétrico. Situado na parte

anterior ao tórax, em frente aos músculos peitorais e ao serrátil anterior à direita e

esquerda do esterno (Grays, 2008). Está presente em ambos os sexos, mas apenas se

desenvolve na mulher, durante a adolescência, sob o estímulo de hormonas femininas,

enquanto no homem permanece atrofiado (Fonseca, 1978; Hoyco, 2005). A sua forma e

tamanho dependem de fatores genéticos raciais, dietéticos, idade, paridade e menopausa

(Grays, 2008). Na mulher desempenha um papel muito importante, segregar leite, um

leite próprio para a amamentação do recém-nascido (Fonseca, 1978; Hoyco, 2005). A

sua estrutura histológica varia de acordo com o sexo, idade e estado fisiológico

(Junqueira, 2005).

2.1. Estrutura externa

Na mulher adulta os seios têm uma forma semiesférica ou cónica, sendo a forma, a

consistência e o aspeto geral muito variáveis.

A configuração exterior da mama, como se pode observar na figura 1, apresenta três

zonas: a mais extensa denominada periférica, a média ou aérola, e uma central também

designada por mamilo (Hoyco, 2005).

Figura 1 - Representação da estrutura externa da mama [Fonte: (Netter,2007)]

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Marlene Silva 7

A zona periférica é a mais extensa. Está delimitada pela aérola e pelos tegumentos

vizinhos. Trata-se de uma zona lisa, elástica macia ao tato e com uma coloração idêntica

à da pele.

A zona média ou aérola tem uma coloração acentuadamente mais escura que a restante

pele. Na sua superfície apresenta 12 a 20 pequenos relevos designados tubérculos de

Morgagni, que correspondem a glândulas sebáceas especialmente desenvolvidas.

A zona central, comummente designada mamilo é uma proeminência circular de cor

castanha escura onde convergem os canais da glândula mamária localizada no interior

do órgão. Tem um aspeto irregular e pregueado e é abundantemente preenchido por

terminações nevosas sensoriais. No seu bico encontra-se 12 a 20 pequenos orifícios, que

correspondem às extremidades distais dos canais galactóforos (Fonseca, 1978; Hoyco,

2005; Hoehn, 2009).

2.2. Estrutura interna

As glândulas mamárias (glândulas sebáceas modificadas) são órgãos acessórios do

sistema reprodutor feminino localizado no interior dos seios, que fazem parte da pele e/ou

sistema tegumentar (Hoyco,2005; Hoehn, 2009). Localizam-se entre o músculo peitoral

maior (dois terços) e o músculo serrátil anterior (um terço) (Tortora,2012).

A glândula mamária é constituída por 15 a 25 lobos que se distribuem radialmente em

torno da papila mamária. Estes são acolchoados e separados por um tecido adiposo. O

tecido glandular é constituído por ácinos, que são pequenos sacos cujas paredes estão

revestidas por células especializadas na secreção de leite denominadas alvéolos

(Tortora, 2012). Estes canais vão convergindo e formando outros de maior dimensão

denominados canais galactóforos, que se dirigem para o exterior apresentando uma

dilatação em forma de depósito (canais intralobulares e canais interlobulares), que se

concentram para o mamilo (Hoyco, 2005; Hoehn, 2009). A contração das células

mioepiteliais em torno dos alvéolos ajudam a impulsionar o leite para os mamilos

(Tortora, 2012).

O interior da mama, figura 2, é também constituído pelo tecido conjuntivo formado por

ligamentos suspensores que se estendem desde a fáscia sobre os músculos peitorais

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maiores para a pele sobre s seios, proporcionando a sustentação natural para as mamas,

impedindo a sua flacidez. Com o aumento da idade estes tendem a enfraquecer e a

alongar, aumentando a tendência a ceder (Selley, 2003; Hoehn, 2009).

A função das glândulas mamárias é a lactação, isto é, a síntese, secreção e ejeção de

leite.

Figura 2 - Representação da estrutura interna da mama feminina [Fonte: (Tortora, 2012).]

2.3. Quadrantes da mama

Para uma eficaz localização anatómica das alterações observadas na mama e para uma

melhor descrição de tumores, a superfície da mama é dividida em quatro quadrantes, o

superior lateral, superior medial, o inferior lateral e o inferior medial, como se pode

verificar na figura 3. Pode também ser utilizada uma analogia com as horas, isto é,

recorrendo aos ponteiros do relógio para a localização o tumor.

Figura 3 - Representação dos quadrantes habitualmente considerado para estudos

da mama [Fonte: (Moore, 2006)]

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2.4. Modificações da estrutura da mama

Ao longo da vida, a glândula mamária vai sofrendo modificações importantes, desde o

desenvolvimento da glândula no esboço embrionário, até a menopausa, passando pela

puberdade e gravidez (Fonseca, 1978; Hoyco, 2005).

2.4.1. Pré-puberdade

A mama neonatal contém dutos lactíferos, mas sem alvéolos. Até a puberdade existe

pouca ramificação dos dutos e ocorre um ligeiro crescimento do estroma fibroso e

gordura (Grays, 2008).

2.4.2. Puberdade

No sexo masculino, os seios mantém a forma achatada. Enquanto no sexo feminino, os

seios aumentam de tamanho e o mamilo começa a ficar proeminente. Isto resulta da

acumulação de tecido adiposo e tecido conjuntivo, derivada do crescimento e ramificação

dos ductos lactíferos causada pelo aumento da quantidade de estrogénios ováricos

(Junqueira, 2005).

Durante o ciclo menstrual, a estrutura histológica das glândulas mamárias sofre

pequenas alterações. Estas alterações coincidem com o pico de estrogénio provocando

uma maior hidratação do tecido conjuntivo na fase pré-menstrual proporcionando o

aumento do peito (Junqueira, 2005).

2.4.3. Gravidez e lactação

Durante a gravidez, as glândulas mamárias sofrem um intenso crescimento devido à

ação de várias hormonas, como os estrogénios, progesterona, prolactina e o lactogénio

da placenta humana (Junqueira, 2005). Estas hormonas provocam a proliferação dos

alvéolos nas extremidades das condutas terminais, até ao final do quinto mês de gravidez

(Selley, 2003). Os alvéolos são agrupamentos de células epiteliais que se convertem nas

estruturas de secreção de leite na lactação (Junqueira, 2005).

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Marlene Silva 10

Quando o leite está a ser produzido, este passa dos alvéolos numa serie de túbulos

secundários e em seguida nas condutas mamárias. Perto do mamilo, os dutos mamários

expandem e formam os seios lactíferos, onde pode ser armazenado leite para posterior

secreção (Tortora, 2012).

Quando uma mulher está a amamentar, a ação da criança estimula os recetores táteis do

mamilo, resultando na libertação da hormona oxitocina pituitária posterior, que provoca a

contração das células mioepiteliais em alvéolos e dutos, resultando na secreção de leite

(Junqueira, 2005).

Após a interrupção da amamentação, grande parte dos alvéolos sofre degeneração,

sendo reabsorvidos e os lóbulos encolhem (Junqueira, 2005; Selley, 2003).

Produção de leite é estimulada pela prolactina a partir da hipófise anterior com a

contribuição de progesterona e estrogénios.

A ejeção de leite é estimulada pela ocitocina, que é libertada pela pituitária posterior em

resposta à sucção da criança no mamilo da mãe (Tortora, 2012).

2.4.4. Menopausa

Após a menopausa, ocorre a redução do tamanho e a atrofia das estruturas secretoras,

dos lóbulos e ductos (Gray, 2008). Sucedem-se também alterações atróficas no tecido

conjuntivo (Junqueira, 2005).

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CAPÍTULO 3 – PATOLOGIAS MAMÁRIAS

3.1. Quistos mamários

3.2. Fibroadenoma

3.3. Papilomas

3.4. Doença fibroquística da mama

3.5. Mastite

3.6. Cancro da mama

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CAPÍTULO 3 – PATOLOGIAS DA MAMA

As patologias mamárias podem ser de origem benigna ou malignas, mas a maioria são

benignas e não colocam em risco a vida do paciente. Alguns dos sintomas mais

frequentes abrangem a dor mamária (mastalgia), alterações da forma da mama e do

mamilo, nódulos e a secreção do mamilo (Torres, 2008)

3.1. Quistos mamários

Consistem em bolsas cheias de líquido que surgem nas mamas. Desconhece-se a

origem, mas pensa-se eu pode estar relacionada com alguma lesão. São muito

frequentes e têm tamanho variável. Devem ser analisados pois podem apresentar sinais

precoces de cancro (Torres, 2008).

3.2. Fibroadenoma

Os fibroadenomas são nódulos benignos, pequenos e sólidos, de consistência viscosa,

formados por tecido fibroso e glandular (Torres, 2008). Podem surgir em qualquer

momento, mas caracterizam-se pelo aparecimento em mulheres jovens e adolescentes.

Estes caracterizam-se pelo reduzido diâmetro (2 a 5 cm), consistência elástica e não

aderente à pele, e pela sua facilidade de deslocação (Hoyco, 2005).

3.3. Papilomas

Os papilomas são tumores benignos formados por uma proliferação exagerada de células

epiteliais que revestem o interior dos canais galactóforos. Normalmente, desenvolve-se

um papiloma isolado num canal galactóforo principal próximo do mamilo, mas por vezes,

surgem em canais de menor calibre, distantes do mamilo e agrupados (Hoyco, 2005).

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3.4. Doença fibroquística da mama

É uma patologia comum, caracteriza-se pelo desenvolvimento do tecido fibroso e

formações quísticas no peito. Manifesta-se através da dor mamária e nódulos benignos

(Torres, 2008).

Durante o ciclo menstrual, as concentrações das hormonas, estrogénios e progesterona,

tornam-se inconstantes. Quando as concentrações aumentam, as glândulas que

produzem leite, os seus canais aumentam de tamanho e as mamas retém líquido,

voltando à normalidade. Justificando assim o inchaço e sensibilidade sentidos durante um

momento específico do ciclo menstrual. As alterações fibroquísticas podem ser devidas

da estimulação persistente causadas por estas hormonas.

A doença fibroquística pode aumentar o risco de cancro da mama, podendo aumentar

também a dificuldade de o detetar (Torres, 2008).

3.5. Mastite

É uma inflamação na mama, comumente provocada por uma infeção. A sua evolução

depende de caso para caso, podendo ser aguda ou de desenvolvimento crónico.

A mastite aguda é usualmente consequência de uma de uma infeção bacteriana,

provocada por microrganismos que alcançam o interior da mama. Os microrganismos

costumam entrar pelo mamilo através dos orifícios galactóforos. Gerando a uma maior

frequência na fase da amamentação.

A mastite cronica é um processo inflamatório com uma evolução lenta e progressiva.

Deve-se normalmente a uma infeção aguda mal curada ou um abcesso que não foi

totalmente drenado (Hoyco, 2005).

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3.6. Cancro da mama

O cancro é um acumulo de células de uma classe especifica que pode ocorrer de uma

proliferação aumentada ou um erro de diferenciação celular, podendo levar ao

impedimento fatal dos órgãos ou tecidos afetados (Zanetti,2011). Estes podem ser

classificados por malignos, quando podem ser fatais e por benignos, quando inofensivos

(Tortora,2012).

Os tumores malignos apresentam a capacidade de sofrer metástases, isto é, a

propagação de células cancerosas para outras partes do corpo. À medida que o cancro

cresce, este começa a competir com os tecidos normais e com os nutrientes existentes,

provocando a diminuição do tecido normal e a sua morte (Tortora, 2012). Geralmente

espalha-se através dos vasos linfáticos, que carregam as células cancerosas da mama

para os nódulos linfáticos, principalmente os presentes na axila. As células cancerosas

podem também espalhar-se a partir das mamas pelas vias venosas até as vertebras e de

lá para o cérebro e crânio. O cancro pode-se também espalhar por continuidade, isto é,

invasão dos tecidos adjacentes. Um sinal de cancro avançado é quando as células

cancerosas invadem o tecido retro mamário, anexam-se ou invadindo a fáscia peitoral

que cobre o músculo peitoral maior (Moore, 2006). A dor associada é devida ao bloqueio

das passagens do órgão das suas secreções, proporcionando a acumulação de pressão

e resultando assim a morte dos tecidos e órgãos (Tortora, 2012).

3.6.1. Tipos

O cancro da mama é classificado de acordo com o tipo de tecido em que este tem inicio e

de acordo com o alcance da sua propagação (Torres, 2008).

Existem vários tipos de cancro de mama, usualmente decorrentes das células epiteliais

dos dutos lactíferos nos lóbulos da glândula mamária (Moore, 2006). Estes podem-se

classificar por carcinoma ductal (que se inicia no revestimento dos dutos de leite do peito)

e carcinoma lobular (que se inicia nos lóbulos onde o leite materno é produzido) (Azar,

2000). Existe também um tipo raro de cancro que se inicia no tecido adiposo, o sarcoma

(Torres, 2008).

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a) Carcinoma ductal in situ

Encontra-se limitado aos canais galactóforos. Ano invade o tecido circundante, mas pode

propagar-se ao longo dos canais e afetar gradualmente uma área importante da mama.

Este representa 20% a 30% dos caos de cancro da mama (Torres, 2008).

b) Carcinoma lobular in situ

Inicia-se dentro das glândulas produtoras de leite e desenvolve-se normalmente em

várias zonas das mamas. Este apresenta 1 a 2% da probabilidade de cancro da mama.

As mulheres com este tipo de carcinoma apresentam a probabilidade de 30% de contrair

cancro invasivo durante os 24 anos seguintes (Torres, 2008).

c) Carcinoma ductal invasivo

Inicia-se nos canais galactóforos mas atravessa a parede destes e invade o tecido

circundante. Pode propagar-se para outras partes do corpo e representa 60 a 80% dos

cancros da mama (Torres, 2008).

d) Carcinoma lobular invasivo

Inicia-se nas glândulas produtoras de leite, mas invade o tecido mamário circundante e

difunde-se para outras partes do corpo. Representa 10 a 15% dos casos de cancro da

mama (Torres, 2008).

e) Cancro inflamatório da mama

É de crescimento rápido e é frequentemente fatal. As células cancerígenas obstruem os

vasos linfáticos que se encontram na pele da mama, originando uma inflamação,

apresentando-se avermelhada, quente e tumefata. Geralmente propaga-se aos gânglios

linfáticos da axila e estes podem apalpar-se sob da forma de protuberâncias duras.

Representa cerca de 1% dos cancros deste órgão (Torres, 2008).

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3.6.2. Estádios

O conhecimento dos estágios permite aos médicos definirem o tratamento mais

apropriado e elaborar um prognóstico. O estádio significa atribuir um grau a um cancro,

quando é diagnosticado, com base no seu avanço.

Na tabela 1 são indicados os vários estádios e a sua descrição.

Estádio Descrição

0

O tumor encontra-se limitado ao canal mamário ou a glândula

produtora de leite e não invadiu o tecido circundante (carcinoma in

situ).

I O tumor tem diâmetro inferior a 2 cm e não se propagou para

além da mama.

II

O tumor tem diâmetro superior a 2 cm e inferior a 5 cm. E/ou

propagou-se pelo menos a um gânglio linfático da axila do mesmo

lado do tumor.

III

O tumor tem diâmetro superior a 5 cm e/ou propagou-se aos

gânglios linfáticos; o tumor pode independentemente do seu

tamanho, propagar-se pela pele, à parede torácica ou aos gânglios

linfáticos que se encontram sob a mama dentro do peito.

IV

O tumor independentemente do seu tamanho, propagou-se

aos órgãos distantes ou aos tecidos, como pulmões ou ossos, ou a

gânglios linfáticos afastados da mama.

Tabela 1- Estádios do cancro da mama [Fonte: (Torres, 2008)]

3.6.3. Fatores

Vários fatores foram associados ao desenvolvimento do cancro da mama, tais como:

- Idade: quando maior a idade, maior a probabilidade de contrair o cancro da

mama. Estudos revelam que 60% dos cancros da mama surgem em mulheres a partir

dos 60 anos, porém depois dos 75 o risco é inferior;

- Cancro da mama anterior: mulheres que tiveram cancro da mama in situ ou

invasivo apresentam maior risco de voltar a contrair cancro;

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Marlene Silva 18

- Historial familiar de cancro da mama: a existência de cancro da mama num

familiar de primeiro grau ou consanguíneo (mãe, irmã, filha) aumenta o risco duas a três

vezes;

- Gene do cancro da mama: quando a mulher apresenta genes (BRCA1 e BRCA2)

a sua probabilidade de contrair cancro da mama é muito elevada. As mulheres

apresentam maior probabilidade de possuir estes genes, são aquelas que apresentam

um historial de cancro da mama nas três últimas gerações;

- Doença fibroquística da mama: nas mulheres com elevado número de células

nos canais mamários e que padeceram desta doença apresentam grande probabilidade

de apresentar cancro na mama;

- Idade de passagem à puberdade: mulheres que ficaram menstruadas antes dos

12 anos de idade e depois dos 15 anos, apresentam maior risco de padecer de cancro da

mama;

- Idade da primeira gravidez e da menopausa: quanto mais tarde tiver lugar a

menopausa e a gravidez, maior o risco;

- Uso prolongado de contracetivos orais ou terapêuticos de substituição com

estrogénios: a terapêutica de substituição de hormonas que combina o estrogénio com a

progestina aumenta o risco de cancro da mama, porem diminui o risco de cancro no colo

do útero;

- Obesidade depois da menopausa: este cancro é um pouco mais elevado em

mulheres pós-menopáusicas obesas;

- Exposição de radiação: a exposição continuada ou intensa antes dos 30 anos de

idade, aumenta a probabilidade de a mulher vir a padecer de cancro;

- Nuliparidade, casos onde a mulher nunca tenha tido um filho ou quando o

primeiro filho foi depois dos 35 anos de idade elevam o risco de cancro da mama;

- Tabagismo;

-Consumo excessivo de álcool (Torres, 2008; Tortora, 2012).

3.6.4. Tratamento do cancro

O tratamento do cancro da mama tem como objetivo a morte das células cancerígenas.

Este objetivo é alcançado através de terapia hormonal, quimioterapia, radioterapia e a

mastectomia (Tortora, 2012).

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Este objetivo é alcançado através da ação de raios-X ou lasers (que provocam a quebra

de cromossomas e consequentemente bloqueia a divisão celular), pela remoção cirúrgica

do tumor e pelo tratamento do paciente através de drogas (quimioterapia). Estas drogas

matam rapidamente as células, dividem-nas e reduzem o fornecimento de sangue para a

zona tumoral (Selley, 2003). Muitas vezes estes tratamentos são usados em simultâneo

(Tortora, 2012). Os problemas destas terapias é que em alguns tipos de cancro não se

conseguem remover completamente, e estes tratamentos podem também matar o tecido

normal adjacente ao tecido tumoral. Muitos dos medicamentos usados, podem para além

de matar as células tumorais, matar tecidos em crescimento, como por exemplo, a

medula óssea, onde novas células do sangue são produzidas, podendo provocar a

anemia (Selley, 2003).

3.6.5. Epidemiologia

O cancro da mama aumentou de forma muito significativa nas últimas três ou quatro

décadas do século XX, sobretudo nos chamados países desenvolvidos [1]. Todavia, tem-

se registado uma diminuição na mortalidade desde o início da década de 90.

O cancro da mama é considerado o segundo tipo de cancro mais comum nas mulheres,

seguidos do cancro da pele e é o segundo tipo de cancro com taxas mais elevadas de

morte sucessivo ao cancro pulmonar (Torres, 2008).

Em Portugal, o cancro da mama é o cancro com mais incidência. Anualmente a sua

ocorrência tem vindo a aumentar, surgindo cerca de 5000 novos casos por ano. Todos os

anos morrem cerca de 1500 mulheres, e por isso há que realçar a deteção precoce visto

que 90% dos casos são curáveis se forem detetados a tempo e tratados corretamente

[1].

É importante estar alerta para que este possa ser diagnosticado e tratado numa fase

inicial, quando a possibilidade de cura é maior.

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Marlene Silva 20

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CAPÍTULO 4 – CALCIFICAÇÕES MAMÁRIAS

4.1. Características

4.2. BI-RADS (Breast Imaging Reporting and Data System)

4.3. Classificação

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Marlene Silva 22

CAPÍTULO 4 – CALCIFICAÇÕES MAMÁRIAS

As calcificações mamárias são depósitos de cálcio que se mobilizam do sangue para os

tecidos, sofrendo alterações de pH, fixando-se sob a forma de sais de cálcio tais como:

Ca3 (PO4)2, CaCO3 e Mg3(PO4)2. São consideradas resultantes de um aumento da

atividade necrótica celular no complexo lóbulo-ductal, da secreção celular espessada, por

processo degenerativo ou inflamações, causas parasitárias, corpos estranhos ou

cicatrizes (Mourão, 2009).

Estas podem ser encontradas em qualquer zona do tecido mamário, como no interior ou

em torno dos ductos, no estroma glandular, nas estruturas vasculares, nos ácinos, no

tecido adiposo, ou mesmo na pele. Podem ser devidas ao avanço da idade, a

inflamações, traumas, reações a corpos estranhos, devido a radiações, assim como a

processos, tais como, secreção celular ativa e debris celulares necróticos (Dantas, 2002).

De acordo com a etiologia e localização têm forma variável, apresentando-se

puntiformes, ramificadas, lineares, esféricas, “em casca de ovo”, finas, grosseiras,

cilíndricas, lisas, regulares em tamanho e forma heterogéneas.

O cancro da mama pode-se manifestar através de massas ou calcificações na

mamografia (Engeland, 2003). Ao analisar a mamografia é importante a procura de

microcalcificações, pois pode representar a única alteração radiológica visível na

mamografia (Scaranelo, 2004).

A constituição das calcificações proporciona maior absorção de fotões de raios-X quando

comparadas com os outros tecidos da mama. Assim, a diferença de densidade ótica do

filme mamográfico pode ser verificada, visto que, estas apresentam maior média de

níveis de cinza em relação a restante imagem (Nunes, 2000).

As microcalcificações são difíceis de detetar devido ao tecido circundante da mama, a

sua variação em forma e da sua pequena dimensão (Balakumaran, 2010).

A mamografia, além de identificar as calcificações, permite o estudo de suas formas e

distribuição, possibilitando ao radiologista, baseado no conhecimento das estruturas

anatômicas normais e patológicas da mama, identificar suas possíveis origens e

responder, na maioria dos casos, se apresentam características benignas, malignas, ou

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Marlene Silva 23

reconhecer suas limitações e classificá-las como de potencial indeterminado (Vianna,

2002).

O diagnóstico etiológico das calcificações mamárias vem se tornando mais importante a

cada dia, pois quanto mais a tecnologia avança, a qualidade das mamografias é

melhorada, mais e menores calcificações são detetadas, exigindo cada vez mais

respostas precisas do radiologista, quanto ao seu significado, evitando biópsias

desnecessárias nos casos benignos e permitindo o diagnóstico precoce nos casos

malignos (Martins, 2010).

Atualmente tem havido um grande esforço de investigação no desenvolvimento de

métodos computadorizados para deteção automática e precisa de microcalcificações, de

forma a ajudar os radiologistas no diagnóstico do câncer de mama.

De um modo geral, estes métodos de deteção computadorizados aplicam uma variedade

de técnicas de processamento de imagem com o objetivo de aperfeiçoar as imagens para

um melhor realce e deteção das microcalcificações (Jing, 2010).

4.1. Características

De acordo com a sua aparência estas variam em tamanho, número, tipo e distribuição. É

através destas características podem ser classificadas como benignas, intermediárias e

malignas.

4.1.1 Tamanho

Relativamente ao tamanho as calcificações podem-se classificar em dois tipos:

macrocalcificações e microcalcificações. As microcalcificações são as partículas mais

pequenas com diâmetro igual ou inferior a 0.5mm. Já as macrocalcificações são a

aquelas que possuem tamanho superior. Quanto menor o tamanho maior a probabilidade

de lesão maligna (Martins, 2010; Dantas, 2002).

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Marlene Silva 24

4.1.2. Número

Quanto ao número, quanto maior, maior o risco de malignidade. Para que estas sejam

consideradas suspeitas é necessário haver, no mínimo, cinco partículas agrupadas num

volume de 1 cm3 (Martins, 2010; Dantas, 2002).

4.1.3. Densidade

As microcalcificações tipicamente malignas apresentam densidade alta e importante

variação de densidade dentro das partículas e entre as partículas. Portanto, densidade

baixa e pouca ou nenhuma variação de densidade entre as partículas, sugere

benignidade (Martins, 2010; Dantas, 2002).

4.1.4. Forma

A forma é uma das características mais importantes para a apreciação das calcificações.

Quanto maior a heterogeneidade das formas, maior o grau de suspeição de malignidade.

Em 1984 Michèle Le Gal propôs cinco tipos morfológicos das microcalcificações que

podem ser visualizadas na figura 4.

Figura 4 - Tipos morfológicos das microcalcificações [Fonte: (Mourão, 2009)]

As microcalcificações podem ser classificadas quanto ao tipo da seguinte forma:

Tipo 1 - microcalcificações com formas anelares, que correspondem sempre a lesões

benignas.

Tipas 2 - são parecidas com as do tipo 1, mas formam círculos quase regulares e

uniformes. 60% Delas são classificadas como lesões benignas e 22% a lesões malignas.

Tipo 3 - são elementos pequenos, tipo “poeira”, puntiformes, de forma mal definida.

Estas dividem-se entre todos os casos.

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Marlene Silva 25

Tipo 4 -são com formas irregulares, poliédricas, tipo “grão de sal”. Dentre estas, 23%

correspondem a lesões benignas e 66% correspondem a lesões malignas.

Tipo 5 - têm formas vermiculares são ramificadas e também se apresentam com

forma de letras. Estão sempre associadas a lesões malignas (Scaranelo, 2004).

4.1.5. Distribuição

As calcificações podem-se classificar em vários tipos (figura 5) como espalhada/difusas,

quando se encontram distribuídas aleatoriamente por toda a mama, sendo comummente

bilaterais; regionais quando se encontram dispersadas numa área superior a 2cm2 do

tecido mamário; segmentares, quando a sua distribuição sugere depósitos num ducto ou

ramificações; grupos múltiplos, quando há mais de um grupo de calcificações que são

similares na morfologia e na distribuição; agrupadas, quando há mais de cinco

microcalcificações num volume menor de 1cm3; e por fim, em linha, quando dispostas

numa linha que possa ter pontos de ramificação (Dantas, 2002).

Maioritariamente as distribuições espalhadas e regionais estão associadas a processos

benignos, as agrupadas estão associadas tanto aos malignos como aos benignos e as

distribuições segmentares estão mais associadas à malignidade (Martins, 2010).

Figura 5 -Tipos de distribuição das microcalcificações [Fonte: (Mourão, 2009)]

4.2. BI-RADS (Breast Imaging Reporting and Data System)

Com o objetivo de diminuir as discordâncias na descrição e interpretação das

mamografias, melhorar a eficácia dos programas de rastreio mamário e implementar a

qualidade dos pareceres emitidos pelos médicos radiologistas, o American Cancer

Institute e o American College of Surgeons, publicaram em 1993 o BI-RADS, que teve

novas edições em 1995,1998 e 2003.

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Marlene Silva 26

O BI-RADS visou à uniformização da estrutura, terminologia, conclusões e

recomendações de condutas dos pareceres mamográficos. (Resende, 2008) Na tabela 2

estão indicadas as suas diferentes categorias.

Categoria Interpretação Risco Recomendação

0 Inconclusivo Exame adicional

1

Benigno 0.05% Controlo anual a partir dos

40 anos

2

Benigno 0.05% Controlo anual a partir dos

40 anos

3 Provavelmente benigno Até 2% Repetir em 6 meses

4 (a, b, c) Suspeito >20% Biopsia

5 Provavelmente maligno >75% Biopsia

6

Lesão já biopsiada e diagnosticada

como maligna, mas não retirada ou

tratada

100%

Tabela 2 - Classificação BI-RADS [Fonte: (Quadros, 2003)]

4.3. Classificação

De acordo com as características das calcificações, estas podem ser classificadas por

tipicamente benignas, preocupação intermediária e alta probabilidade de malignidade

(Martins, 2010).

4.3.1. Tipicamente benignas

São vários os tipos de calcificações que apresentam características tipicamente

benignas. Calcificações cutâneas, vasculares, em forma de “pipoca” e “bastões”,

acinares, esféricas, em forma de “casca de ovo” e leite de cálcio, de sutura,

irregulares/distróficas e puntiformes, são exemplos deste tipo de calcificações (Dantas,

2002).

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4.3.2. Preocupação intermediaria

Esta classificação engloba calcificações amorfas e as heterogéneas grosseiras (Martins,

2010).

4.3.3. Tipicamente malignas

A sua morfologia sugere alta probabilidade de malignidade. Exemplos deste tipo

calcificações, são as calcificações pleomórficas e as calcificações finas ou ramificadas

(Dantas, 2002; Martins, 2010).

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CAPÍTULO 5 – MÉTODOS DE DIAGNÓSTICO

5.1. Mamografia

5.2. Sistemas CAD (Diagnostico Assistido por Computador)

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Marlene Silva 30

CAPÍTULO 5 – MÉTODOS DE DIAGNÓSTICO

Para a deteção precoce do cancro da mama existe um vasto leque de métodos de

diagnóstico. Pode-se destacar os autoexames e os exames realizados por

profissionais habilitados, nomeadamente a mamografia, ultrassonografia, ressonância

magnética, entre outros (Fogaça, 2004).

5.1. Mamografia

A mamografia é realizada com o objetivo a recolha de informação sobre as diferenças

existentes no tipo e estruturas dos tecidos que constituem a mama, o que faz desta a

fonte mais importante de no processo diagnóstico (Mourão, 2009).

A mamografia é um exame que tem como objetivo a análise do tecido mamário, que,

realizado com uma reduzida dose de raios-X, oferece imagens de boa qualidade. É

considerada o melhor método para a deteção precoce de patologias na mama, tendo

um papel importante nas decisões terapêuticas a serem adotadas, aumentando assim

a eficácia dos tratamentos e diminuindo as taxas de mortalidade devidas ao cancro da

mama (Tang, 2009).

Existem dois tipos de mamografias, a convencional e a digital.

A mamografia convencional era obtida por aparelhos raios-X primórdios, que não eram

específicos para o tecido mamário, mas destinados ao diagnóstico de qualquer parte

do corpo (Mourão, 2009). Por isso apresentava algumas limitações, tais como: número

limitado de exposição aos raios-X; após a obtenção da imagem, o seu contraste não

pode ser alterado; o seu processamento é lento; e a apresentação de alguns

artefactos (Tang, 2009).

Na década de 60, iniciou-se o fabrico dos primeiros aparelhos específicos para a

mamografia, surgindo a mamografia digital, que foram aprimorados até aos dias de

hoje. (Mourão, 2009).

A mamografia digital tem como principal objetivo a superação das limitações da

mamografia convencional, apresentando algumas vantagens quando comparada com

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Marlene Silva 31

a convencional. Estas vantagens são: o melhoramento do contraste e qualidade das

imagens e também a exposição a uma menor dose de raios-X (Tang, 2009).

A mamografia resulta da compressão da mama, com o fim de distribuir uniformemente

o tecido, evitando assim a sobreposição das estruturas mamárias e diminuindo a dose

de radiação recebida pelo paciente. Assim, com a diminuição da espessura da mama

e a aproximação das estruturas mamárias dá-se uma redução da dispersão da

radiação resultando uma imagem com melhor qualidade e resolução.

Através da mamografia é possível observar estruturas com diferentes contrastes entre

os tecidos. As estruturas mais densas apresentam-se mais claras comparativamente

com as menos densas (Mourão, 2009).

As mamografias, de forma a permitirem a diferença de contrastes entre tecidos e para

permitirem a aquisição de imagens em ângulos diferentes, são realizadas sob duas

incidências, a médio-lateral-obliqua (MLO) e a crânio-caudal (CC).

A incidência MLO mostra uma maior quantidade de tecido mamário e inclui estruturas

externas mais profundas do quadrante superior externo e do prolongamento axilar,

como pode ser observado na figura 6.

Figura 6 – Exemplo de mamografia com incidência MLO; A - Incidência MLO da mama direita; B -

Incidência MLO da mama esquerda [Fonte: (Engeland, 2003)]

A B

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Marlene Silva 32

A incidência CC, como pode ser constatado na figura 7 inclui todo o material póstero-

medial, completando a médio-lateral-oblíqua. Esta como não inclui a axila, proporciona

uma melhor definição da arquitetura mamária e de lesões (Costa, 2008).

Figura 7- Exemplo de mamografia com incidência CC; A - Incidência CC da mama direita; B -

Incidência CC da mama esquerda [Fonte: (Engeland, 2003)]

5.2. Sistemas CAD (Diagnostico Assistido por Computador)

Um dos problemas das mamografias é a dificuldade dos radiologistas interpretarem os

seus resultados. Sendo esta muito suscetível a elevadas taxas de falsos positivos e

falsos negativos (Tang, 2009).

Devido ao elevado número de mamografias que os radiologistas têm de analisar, esta

tarefa torna-se repetitiva e mais susceptível a erros de interpretação, tais como:

- Sobreposição dos tecidos;

- Tamanho e localização das lesões;

- Fadiga ocular;

- Questões ambientais, por exemplo a luz ambiente;

- Falta de qualidade da imagem;

- Falta de estudos comparativos,

- Falta de experiencia por parte de radiologista;

A B

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Marlene Silva 33

- etc. (Porto, 2010).

De forma a solucionar estes problemas, têm vindo a ser apresentadas várias soluções.

Sabendo que o dobro da leitura melhorava significativamente a acurácia dos

diagnósticos, e sabendo que os custos associados eram elevados, surgiu a adoção

dos sistemas CAD (Tang, 2009).

Um Sistema CAD tem como finalidade auxiliar os radiologistas na interpretação das

mamografias. Este sistema, pode ser definido como um diagnóstico elaborado por um

radiologista que utiliza o resultado das análises quantitativas automatizadas de

imagens radiográficas como uma “segunda opinião”, para a tomada de decisões

diagnósticas, melhorando assim a exatidão e consistência da interpretação das

mamografias.

Existem dois tipos de aplicações de sistemas CAD. Um com a finalidade de auxiliar na

deteção de lesões. A partir da localização de padrões anormais e através da varredura

da imagem do computador, deteta agrupamentos de microcalcificações. E a outra com

o objetivo do auxilio ao diagnostico. Nesta, através da quantificação de características

da imagem e da sua classificação através da associação a padrões normais ou

anormais, associa a forma e a quantidade das microcalcificações presentes num

agrupamento como malignas ou não (Marques, 2001).

Os esquemas CAD utilizam técnicas provenientes de duas áreas do conhecimento:

visão computacional, que envolve o processamento de imagem para realce,

segmentação e extração de atributos, e inteligência artificial, que engloba métodos

para seleção de atributos e reconhecimento de padrões (Porto, 2010).

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Marlene Silva 34

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Marlene Silva 35

CAPÍTULO 6 – SEGMENTAÇÃO DE IMAGEM

6.1. Métodos baseados no domínio das características

6.2. Métodos baseados no domínio da imagem

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Marlene Silva 36

CAPÍTULO 6 – SEGMENTAÇÃO DE IMAGEM

Nas últimas décadas do século XX a imagiologia médica e a análise de imagem

médica sofreram grandes progressos. Foi descoberta uma nova perspectiva para a

investigação médica e diagnóstico clínico, devido às novas e revolucionárias

modalidades das imagens médicas e ao poder de computação.

As modalidades das imagens médicas são empregadas para a obtenção de dados a

partir dos quais, informação quantitativa fisiopatológica subjacente e informação

qualitativa das doenças de base, são extraídas para visualização e caracterização

ajudando os médicos a formular a terapia mais exata e mais eficaz para os pacientes.

Na medicina diagnóstica e na oncologia clínica, a deteção precoce e a deteção da

localização das doenças são aspetos de grande importância uma vez que podem

melhorar a gestão de sobrevivência dos doentes.

A extração de informação útil e das características de imagens médicas, não é tarefa

fácil, pois requer técnicas especializadas e sofisticadas. O desenvolvimento e

implementação dessas técnicas exigem o conhecimento aprofundado dos problemas

subjacentes, objetivo de estudo, natureza dos dados e o interesse científico e médico.

A segmentação de imagem desempenha um papel crucial na extração de informação

útil e atributos de imagens nas diversas aplicações das imagens médicas. É um dos

passos mais importantes que levam à compreensão da imagem, análise e

interpretação. (Wilson,2005)

O principal objetivo da segmentação de imagem é a partição da imagem original em

regiões/classes/subconjuntos homogéneos, e que respeitam uma ou mais

características ou funcionalidades. A segmentação de imagem é uma ferramenta

muito importante em análise de imagem e muitas outras aplicações de alto-nível. Uma

dessas aplicações pode ser, por exemplo, a deteção de calcificações em

mamografias.

Na imagiologia médica, a segmentação de imagem permite a extração de

características, a obtenção de medidas, e a exibição de estruturas de interesse. Em

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Marlene Silva 37

algumas aplicações ela pode ser útil para classificar os pixéis da imagem original em

regiões anatómicas como por exemplo, ossos, músculos vasos sanguíneos, assim

como regiões patológicas como de cancro, de deformação de tecidos, esclerose

múltipla (Bankman, 2000).

As técnicas de Segmentação de Imagem são frequentemente divididas em dois

grandes grupos: no domínio das características e no domínio das imagens

Os métodos baseados no domínio das características subdividem-se em duas classes,

isto é, em métodos de Thresholding e Clustering. Os métodos de Clustering, por sua

vez, subdividem-se em métodos de hierárquicos, Model-based, Fuzzy-Clustering e

Hard-Clustering.

Os métodos baseados no domínio das imagens subdividem-se usualmente em duas

classes: métodos baseados em bordas e métodos baseados em regiões. Region

Growing, Split and Merge e Watershed transform são técnicas baseadas em regiões,

enquanto o Edge-based e o Deformable models são técnicas baseadas em bordas

(Campilho, 2012).

6.1 Métodos baseados no domínio das características

Os métodos baseados em características medem diversas características,

organizando-as em vetores.

a) Métodos de Thresholding

O processo tem como base é a deteção do um nível de threshold e consequentemente

dividir a imagem original em grupos de pixéis que tenham menores valores que o

threshold definido e em grupos de pixéis com valores superiores ou iguais a este.

O método de Thresholding pode ser dividido em vários tipos, tais como: threshold

global, local, dinâmico/adaptativo e também multimodal.

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Marlene Silva 38

1) Thresholding global

O Thresholding global é baseado na suposição que a imagem forma um histograma

bimodal, e o objeto de interesse pode ser extraído do fundo da imagem original

apenas com uma simples operação que compara os valores da imagem com os

valores do threshold. Os pixéis do objeto e o fundo estão agrupados em níveis de

cinzentos em duas modas dominantes. Para separar o objeto do fundo deve-se

selecionar o valor de threshold T que separa essas duas modas.

Desta operação resulta uma imagem binária onde os pixéis de valor 1 representam os

objetos e os de valor 0 representam o fundo.

Computacionalmente este método é simples e rápido. Funciona bem em imagens com

objetos com valores de intensidades uniformes e contrastante com o fundo. Porém,

falha em imagens de baixo contraste e imagens com muito ruido (Bankman, 2000;

Gonzales, 2001).

2) Thresholding local

O thresolding local é determinado pela divisão da imagem original em subimagens e é

calculado o threshold para cada uma das subimagens, ou então é examinada a

intensidade da imagem em cada pixel.

Com a imagem dividida em subimagens retangulares sobrepostas, para cada

subimagem é calculado o threshold local. Se a imagem tiver um histograma bimodal, o

threshold local é calculado através do minino entre os picos do histograma.

Se a subimagem formar um histograma unimodal, o threshold é atribuído através da

interpolação dos thresholds locais encontrados nas subimagens. Por fim, na segunda

interpolação é necessário encontrar o threshold correto para cada pixel (Bankman,

2000; Gonzales, 2001).

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Marlene Silva 39

3) Thresholding dinâmico/adaptativo

O thresholding dinâmico ou adaptativo acontece quando um thershold é selecionado

independentemente para cada pixel ou conjunto de pixéis (Bankman, 2000; Gonzales,

2001).

b) Clustering

Os algoritmos de clustering alcançam a região segmentada por partição da imagem

em objetos ou a grupos de pixéis que tenham uma grande similaridade na

característica da imagem. (Bankman, 2000). Conforme a imagem original e o objetivo

final, podem ser analisadas diversas características (atributos), tais como: cor,

intensidade, forma, posição, textura e outras características geométricas.

1) Hierárquicos

Estes algoritmos criam uma decomposição hierárquica dos objetos segundo um

determinado critério. Frequentemente são representados através de um dendrograma,

no qual são apresentadas as diferentes distancia dos agrupamentos dos diversos

objetos (Azevedo, 2010; Campilho 2012).

2) Model-based

Os model-based definem um modelo para cada cluster. Procuram o melhor

ajustamento dos dados para cada modelo. Permite descobrir o número ideal de

clusters usando estatística standard (Azevedo, 2010).

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Marlene Silva 40

3) Fuzzy-clustering

Este método permite que os objetos pertençam a vários grupos (clusters)

simultaneamente com diferentes graus de adesão. Isto é, os objetos não são

obrigados a pertencer totalmente a uma classe podendo possuir uma adesão parcial

(Yang, 2007).

4) Hard clustering

Métodos de Hard Clustering são baseados em teoria clássica dos conjuntos.

Constroem várias partições dos objetos depois de avaliar cada uma segundo um

critério. Hard Clustering significa particionamento dos dados num determinado número

de subconjuntos mutuamente exclusivos (Ghoraani, 2012).

6.2. Métodos baseados no domínio das imagens

Os métodos baseados no domínio das imagens subdividem-se em duas classes:

métodos baseados em regiões e métodos baseados em bordas (Campilho, 2012).

a) Region-based

Quanto às técnicas baseadas em regiões, são destacados os métodos como o Region

Growing, o Split and Merge e o Watershed transform (Campilho, 2012).

1) Region- Growing

O Region Growing é a técnica de segmentação baseada em região mais simples. É

um procedimento que agrupa pixéis ou sub-regiões em grandes regiões com base em

critérios pré-definidos (critérios de semelhança). O algoritmo de crescimento de

regiões requer uma medida de similaridade que determina a inclusão de pixéis na

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Marlene Silva 41

região, e um critério de paragem que termina o crescimento da região. O critério de

similaridade depende não só do tipo de problema, mas também o tipo de imagem a

ser estudada, como por exemplo a cor.

Normalmente, o processo inicia-se com um píxel, ou conjunto de pixels, designado

semente. A semente pode ser escolhida pelo operador ou determinada

automaticamente através do algoritmo. A vizinhança de cada semente é então

analisada e os pixéis vizinhos semelhantes são adicionados à região, passando a

fazer parte da semente. Assim, a região cresce, num processo repetitivo, até que mais

nenhum pixel seja adicionado. O resultado obtido depende da semente escolhida

inicialmente (Gonzales, 2001; Wilson, 2005).

2) Split-and-Merge

Este algoritmo usa a decomposição recursiva da imagem a partir de um predicado que

mede a homogeneidade de uma região. Inicialmente o algoritmo considera a imagem

como uma região, a partir da qual se verifica se esta cumpre o predicado (P), isto é, o

critério de homogeneidade. Quando a região cumpre o predicado, esta divide-se em 4

quadrantes, resultando uma árvore quaternária com a representação da hierarquia das

regiões homogéneas. Este algoritmo é iterativo e acaba quando já não haja mais

regiões a avaliar (Gonzales, 2001).

3) Waterhed transform

O conceito de watershed (bacia hidrográfica) é muito comum na topologia.

As fronteiras entre bacias hidrográficas de uma região são as linhas de divisão das

águas. Assim, o gradiente da imagem pode ser interpretado como uma superfície

topografa onde os níveis de cinza representam altitudes. As regiões de alto gradiente,

regiões de contorno da imagem, correspondem a linhas de divisão da imagem,

enquanto as regiões de baixo gradiente, regiões interiores, correspondem às bacias

hidrográficas.

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As bacias hidrográficas da superfície topógrafa são homogéneas no sentido de que

todos os pixéis que pertencem a uma mesma bacia serem conectados com as regiões

de mínima altitude por um caminho simples de pixéis em que a altitude

frequentemente decrescente. Assim, estas bacias representam as regiões de

segmentação da imagem (Campilho, 2012).

b) Boundary-based

Os métodos baseados em bordas tem como objetivo encontrarem regiões de rápida

mudança de valores que definem as fronteiras entre as regiões. Para isso, são usados

métodos, tais como Deformable models e Edge-based.

1) Deformable models

Os modelos deformáveis são modelos rígidos, elásticos e podem ser controlados pelo

utilizador. Permitem a deformação da forma original, com o objetivo de obter o melhor

ajuste de modelo de dados da imagem (Nascimento, 1998).

As snakes são modelos de contorno flexíveis que se movem sobre a influência de

forças da imagem (Nascimento, 1998). Estas podem ser imaginadas como curvas

definidas no domínio da imagem, que se podem deslocar sobre a influência de forças

externas calculadas a partir da imagem ou de processos de alto nível (Silva, 2004).

2) Edge-based

Estes métodos são baseados na informação sobre as bordas da imagem. Esta é a

abordagem mais comum para detetar descontinuidades significativas no nível de

cinza. Uma edge é definida como um conjunto de pixels conectados que se encontram

na fronteira entre as duas regiões (Gonzales, 2001).

A informação sobre as bordas da imagem pode ter origem em detetores como Marr

and Hildreth edge detector e o Canny detector. Assim, são detetadas linhas, curvas

características de gradiente, como magnitude e orientação, que são importantes pistas

para a segmentação da imagem (Campilho, 2012).

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CAPÍTULO 7 – ESTADO DA ARTE

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CAPÍTULO 7 – ESTADO DA ARTE

Já há muito que a deteção das calcificações nas mamografias são objetos de estudo

pelos pesquisadores (Nunes, 2000).

Albert Salomon em 1913 descreveu pela primeira vez o uso da radiografia nos estudos

do cancro da mama. Ele foi o pioneiro da observação das calcificações nos tumores

malignos da mama e descreveu a técnica radiológica que permitia visualizar diminutas

calcificações. Na segunda metade do século, em 1950, Raul Leborgne publicou que

30% dos cancros da mama apresentavam calcificações, ressaltando a importância do

estudo das microcalcificações (Martins, 2010).

Em 1975 foram publicados os primeiros trabalhos que utilizavam programas

computacionais com o objetivo de avaliar as calcificações mamográficas.

Posteriormente em 1987 e 1988 foram desenvolvidos filtros para a deteção das

calcificações, tendo em conta características como tamanho, contraste e relação sinal-

ruido.

Em 1990 foram propostos algoritmos baseados em thresholding e cinco anos mais

tarde foi proposta a análise de Wavelets para a extração de aspetos da mamografia.

Em 1993 foram desenvolvidas técnicas com o objetivo de identificação dos

agrupamentos através de atributos como textura, distribuição espacial, tamanho e

contraste. Foram estudados também novos métodos e desenvolveram a

transformação área-ponto (Nunes, 2010). Strickland e Hahn descrevem um método

que usa filtros combinados multiescala com transformadas de wavelets para melhorar

e detetar calcificações (Melloul, 2002).

Donald A. McCandless em 1995 estudou a deteção de clusters de microcalcificações

usando Wavelets. O procedimento inicia a partir duma mamografia digitalizada que é

processada através de um operador não linear de forma a promover uma gama

dinâmica dos valores da escala de cinza pois são estes que contêm as informações

mais relevantes.

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Marlene Silva 46

A imagem é filtrada pela transformada de wavelet e, em seguida, limiarizada e sub-

dividida de forma a extrair as regiões de interesse. Todos os conjuntos de ROIs são,

então, submetidos a uma outra rotina que thresholding que identifica objetos dentro

das ROIs que pode ser microcalcificações individuais (McCandless, 1995).

Nesse mesmo ano, foram também estudados algoritmos de morfologia matemática,

erosão morfológica, para a segmentação das microcalcificações. Estes tinham o

objetivo a redução dos falsos positivos. E Chan et al estudou uma abordagem

baseada em redes neurais, de forma a reduzir a deteção e falsos positivos (Melloul,

2002).

Em 1997 foram também utilizados algoritmos de morfologia matemática, tais como,

Top-hat e o watershed transform para a deteção das microcalcificações nas

mamografias (Betal, 1997).

Em 1998, Nishikawa et al usa uma técnica para aumentar a diferença entre as

microcalcificações. Inicialmente extrai as potenciais microcalcificações com o método

de thresholding baseado num operador de erosão. Os falsos positivos são eliminados

por análise de textura, e os restantes candidatos são agrupados através de um

algoritmo de agrupamento não-linear (Melloul, 2002).

Em 1999, a segmentação das microcalcificações foi utilizada usando um método de

tolerância fixa de crescimento de regiões. Este tinha o objetivo a extração dos limites

da calcificação. As sementes foram selecionadas manualmente (Marti, 1999).

No ano 2000, foi publicado um artigo cujo objetivo era o desenvolvimento de um

método automático para a deteção e classificação de agrupamentos de

microcalcificações através do uso de redes neurais. O processamento de imagem

baseou-se em três passos. O primeiro passo consistiu na correção do background, o

segundo na deteção das calcificações através de filtros de Kernel e Sobel, o terceiro

passo na classificação das calcificações (Sorantin, 2000). Foi proposto também um

sistema que consistia em duas etapas. Na primeira, os potenciais pixéis de

microcalcificações das mamografias são segmentados usando características mistas

com características wavelet e níveis estatísticos de cinza. Este processo é seguido

pela rotulagem dos potenciais clusters de microcalcificações por uma conetividade

espacial. Na segunda etapa, as microcalcificações individuais são detetadas utilizando

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Marlene Silva 47

um conjunto de 31 características extraídas a partir das potenciais microcalcificações.

O poder discriminatório desses recursos é analisado usando regressão redes neurais

e métodos de seleção sequenciais. Os classificadores utilizados nestes dois passos

são ambos de redes neurais progressivas multicamadas (Yu, 2000).

Em 2003 é introduzida uma nova forma de rede neural de reconhecimento baseada

numa característica de aviões universal denominada S-Cognitron para a classificação

das microcalcificações agrupadas (Lee, 2003).

Em 2004 foi usado um filtro de Difference of Gaussians (DoG) para o melhoramento

do contaste da imagem. Foi implementado um algoritmo de crescimento de regiões

juntamente com um classificador neural, de forma a detetar e classificar as

microcalcificações (Bocchi, 2004).

Em 2005 foi proposto um método implementado em três etapas: (a) o estádio de

deteção de cluster, para identificar clusters de microcalcificações, nesta etapa efetuou-

se o pré-processamento de imagem que englobou procedimentos de aprimoramento

de contraste e correção do background; (b) a etapa de extração de características

para calcular as características mais importantes de cada cluster, usando a morfologia

matemática e (c) a fase de classificação, a qual proporciona a caracterização definitiva

dos clusters, onde foram usadas uma rede neural artificial (RNA) e uma máquina de

vetor de suporte (SVM) (Papadopoulos, 2005).

Em 2006 foi apresentado um novo sistema de deteção auxiliada por computador para

mamografias digitais no planeamento da biópsia de mama. O sistema processa as

mamografias em vários passos. Primeiro, filtra a imagem original com um filtro que é

sensível à microcalcificações quanto ao contraste e forma. Em seguida, é aumentado

o contraste mamografia usando o algoritmo da transformada wavelet. E por fim, é

apresentada ao radiologista a tal mamografia com contraste e com as posições

sugeridas de clusters de microcalcificações (Arodz, 2006).

Com o objetivo do melhoramento da imagem mamográfica, em 2008 foram usados

alguns algoritmos nomeadamente, o contrast-limited adaptive histogram equalization

(CLAHE), o local range modification (LRM), o redundant discrete wavelet (RDW), o

linear stretching e shrinkage (Papadopoulos, 2008).

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Em 2010, Balakumaran et al propuseram um algoritmo para a deteção de

microcalcificações na mamografia com precisão através da introdução da informação

da forma. Para isso usaram a multirresolution analysis baseada na transformada

wavelet para a melhoria da qualidade da imagem e o algoritmo clustering fuzzy shell

para a deteção das microcalcificações (Balakumaran, 2010).

Em 2010 foi desenvolvido poe Nunes et al um método de segmentação

semiautomática de regiões de interesse nas mamografias. Este sistema utilizou a

técnica de transformação área ponto e possibilitou a identificação dos clusters através

de dois métodos de processamento de imagem, o método de mascaramento e o de

crescimento de regiões indicando ainda a localização dos clusters detetados. Nesse

trabalho, o sistema desenvolvido foi realizado em 4 etapas: i) escolha de regiões de

interesse; ii) segmentação; iii) transformação área ponto; e iv) identificação dos

clusters.

Relativamente à determinação das regiões de interesse foram executados alguns

procedimentos como a redução da imagem de forma a diminuir o tempo de

processamento, filtragem, para realce dos sinais, subtração da imagem realçada da

imagem original, o thresholding global, o armazenamento dos dados das regiões de

interesse num vetor, e por fim, todas as regiões que possuam as características

selecionadas como de interesse são gravadas.

A segunda fase consistiu em destacar as estruturas de interesse (microcalcificações) e

eliminar os ruídos e artefactos destas regiões, para isso, foram efetuadas técnicas de

subtração de imagem, thresholding global, morfologia matemática, thresholding local,

respetivamente.

Na terceira fase o objetivo foi transformar cada estrutura de interesse da imagem

segmentada num único pixel (Nunes, 2000).

Dheeba et al sugeriram um novo método de deteção de calcificações que se dividia

em duas fases. Na primeira fase, são extraídas texturas para discriminar os

agrupamentos de calcificações e o tecido normal. A imagem inicial é decomposta

usando decomposição wavelet e através do método gabor features são extraídos as

regiões de interesse (ROI). Na segunda etapa, a capacidade destas características em

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detetar microcalcificações é efetuada usando Back propagation Neural Network

(BPNN) (Dheeba, 2010).

Em 2011 foi publicado um método baseado em técnicas de processamento de

imagem, reconhecimento de padrões e de inteligência artificial, que usava operações

morfológicas como a transformada Top-hat para o aprimoramento das imagens, o

algoritmo de clustering por partições, o K-means, para a subsegmentação das

imagens e a ANN- artificial neutral network de forma a classificar as calcificações

(Dominguez, 2011).

Em 2012 foi desenvolvido um novo sistema CAD por Sharkaw et al que utilizava a

transformada discreta de Wavelet e a transformada Contourlet para a análise da

imagem e para a extração de características. A máquina de vetor de suporte (SVM) foi

o sistema usado para a classificação das calcificações (Sharkawy, 2012).

Nesse mesmo ano, Caballero et al usou transformadas lineares como a transformada

de Fourier, de Haar e a de Gabor de forma a extrair características das imagens

mamográficas, organizando-as em vetores para posterior classificação das

calcificações (Caballero, 2012).

Os estudos dos métodos de segmentação e classificação das calcificações mamárias

tem vindo a ganhar importância destacando-se em vários trabalhos publicados até aos

dias de hoje.

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CAPITULO 8 – CONCLUSÃO

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CAPÍTULO 8 – CONCLUSÃO

A mama é um órgão par e simétrico. Está presente em ambos os sexos, mas apenas

se desenvolve na mulher. A sua principal função é segregar leite próprio para a

amamentação do recém-nascido. Ao longo da vida esta passa por modificações

importantes.

São diversas as patologias mamárias, nomeadamente, quistos mamários,

fibroadenoma, papilomas, mastites e o cancro da mama. Estatísticas apontam que o

cancro da mama é a segunda causa de morte em mulheres em Portugal. Este resulta

da proliferação exagerada das células que adquirem características atípicas e que têm

a capacidade de desenvolver metástases. Os cancros da mama mais frequentes são o

carcinoma ductal e o carcinoma lobular.

O cancro da mama pode-se manifestar através da presença de calcificações. As

calcificações mamárias são pequenos depósitos de cálcio, que se podem localizar em

qualquer zona do tecido mamário e podem ter por causa, por exemplo, uma infeção ou

uma reação a um corpo estranho. Estas podem ser classificadas como tipicamente

benignas, preocupação intermediaria, e por tipicamente malignas, conforme algumas

características, tais como, tamanho (quanto menor, maior a probabilidade de

malignidade), número (quanto maior, maior a chances de ser maligna), forma (quanto

mais heterógenas, maior a possibilidade de malignidade) e distribuição.

Por isso é relevante destacar a importância do diagnóstico precoce quando a

probabilidade de cura é superior. Os métodos de diagnóstico podem ser divididos

pelos autoexames e pelos exames realizados pelos profissionais de saúde. A

mamografia é um dos mais comuns, e tem como principal objetivo a analise do tecido

mamário. As calcificações mamárias podem ser detetadas na mamografia,

encontrando-se mais claras em relação aos restantes tecidos da mama. Contudo são

difíceis de detetar devido ao reduzido tamanho, variedade de formas e distribuição.

Por esse motivo o processamento de imagem tem vindo a ganhar realce.

Um sistema CAD (diagnostico assistido por computador) tem como finalidade auxiliar

os radiologistas na interpretação das mamografias, de forma a melhorar a acurácia

dos diagnósticos. Estes sistemas envolvem técnicas de processamento de imagem

para realce, segmentação e extração de atributos das imagens mamográficas.

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O processamento de imagem tem como finalidade o melhoramento das imagens

médicas de baixo nível, enquanto a análise de imagem tem como objetivo a extração

de informação útil das imagens de alto nível. Uma das etapas mais importantes é a

segmentação de imagem, que tem como objetivo a divisão da imagem em regiões que

respeitam uma ou mais características ou funcionalidades. Os métodos de

segmentação de imagem são comumente divididos em dois grandes domínios, no

domínio da imagem e no domínio das características.

Os métodos baseados no domínio das imagens subdividem-se usualmente em duas

classes: métodos baseados em bordas e métodos baseados em regiões. Region

Growing, Split and Merge e Watershed transform são técnicas baseadas em regiões,

enquanto o Edge-based e o Deformable models são técnicas baseadas em bordas.

Os métodos baseados em características medem diversas características,

organizando-as em vetores. Os quais, serão submetidos a métodos de clustering para

divisão dos dados. Estes métodos também englobam os métodos de Thresholding.

Já há muito que as pesquisas da deteção das calcificações mamárias têm sido objetos

de estudo por parte dos pesquisadores. Mas com o aperfeiçoamento dos

equipamentos radiológicos, o seu estudo foi ganhando importância destacando em

vários trabalhos publicados, ressaltando a sua relevância no diagnóstico precoce do

cancro da mama.

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Marlene Silva 54

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