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Página 1 - Jose Tadeu Coleti – Manejo do Solo para um novo plantio... MANEJO DO SOLO PARA UM NOVO PLANTIO OU PARA A MANUTENÇÃO DE SOCAS. José Tadeu Coleti Eng o Agrônomo Introdução O que seria o “mais agronomicamente correto” – na linha de uma agricultura sustentável - quando se aborda o manejo do solo visando novo plantio ou a manutenção das socas após sucessivas colheitas? Para se tentar responder a esta questão devemos nos reportar à origem do termo MANEJO, cuja etimologia (do latim, manus = mão; agere = fazer) já sugere uma dose elevada de CUIDADO, pois se trata de fazer algo com as próprias mãos, e ninguém vai enfiando suas mãos em qualquer lugar e de qualquer maneira! É aí que entra o CUIDADO, significando toda uma especial atenção nas atitudes, materializadas em operações manuais, químicas ou mecânicas, quando se trata de abordar o conjunto solo- planta. Com tais cuidados, racionalmente elaborados, estaremos no caminho da resposta inicialmente colocada sobre o que pode ser considerado “agronômicamente correto”, dentro do tema sobre o qual nos propusemos refletir. Tudo começou, ou pelo menos ficou mais explicitado, a partir das conclusões da AGENDA-21,1992 (RJ), onde se “estabelece um pacto pela mudança do padrão de desenvolvimento global para o próximo século” (que já está presente!). Lembrava-se, então, a definição de “agricultura sustentável” proposta pela FAO, cujo resumo assim poderia ser enunciado: combina tecnologias, políticas e atividades integrando princípios sócio-econômicos com preocupações ambientais, de modo que possa, simultaneamente: Manter ou melhorar a produção e os serviços (Produtividade) Reduzir o nível de risco da produção (Segurança) Proteger o potencial de recursos naturais e prevenir a degradação da qualidade do solo e da água (Proteção) Ser economicamente viável (Viabilidade) Ser socialmente aceitável (Aceitabilidade) Segundo DURAN (1997), a melhor maneira de se avaliar a sustentabilidade de um sistema de produção é medir o seu impacto na qualidade do solo. E, mais uma vez, QUALIDADE tem muito a ver com CUIDADO, daí porque existe qualidade do solo quando, ao se exercerem as funções de produção biológica, procura-se manter a qualidade do ambiente e promover a saúde de plantas e animais, de maneira sustentável. Na verdade, o setor sucro-alcooleiro desde há algum tempo vem se preocupando e dando mostras concretas de sua adesão aos apelos da AGENDA-21, seja através da adequação aos sistemas formais das diferentes ISOs (9000, 9001,14000, etc), seja através de ações concretas no seu sistema de produção, tais como: O sistema cana crua A queima controlada A adesão ao Pacto Ambiental (antecipando o PEQ para 2014) A proteção de mananciais (aceiros) O repovoamento da mata ciliar

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MANEJO DO SOLO PARA UM NOVO PLANTIO OU PARA A MANUTENÇÃO DE SOCAS.

José Tadeu Coleti

Engo Agrônomo

Introdução O que seria o “mais agronomicamente correto” – na linha de uma agricultura sustentável - quando se aborda o manejo do solo visando novo plantio ou a manutenção das socas após sucessivas colheitas? Para se tentar responder a esta questão devemos nos reportar à origem do termo MANEJO, cuja etimologia (do latim, manus = mão; agere = fazer) já sugere uma dose elevada de CUIDADO, pois se trata de fazer algo com as próprias mãos, e ninguém vai enfiando suas mãos em qualquer lugar e de qualquer maneira! É aí que entra o CUIDADO, significando toda uma especial atenção nas atitudes, materializadas em operações manuais, químicas ou mecânicas, quando se trata de abordar o conjunto solo-planta. Com tais cuidados, racionalmente elaborados, estaremos no caminho da resposta inicialmente colocada sobre o que pode ser considerado “agronômicamente correto”, dentro do tema sobre o qual nos propusemos refletir. Tudo começou, ou pelo menos ficou mais explicitado, a partir das conclusões da AGENDA-21,1992 (RJ), onde se “estabelece um pacto pela mudança do padrão de desenvolvimento global para o próximo século” (que já está presente!). Lembrava-se, então, a definição de “agricultura sustentável” proposta pela FAO, cujo resumo assim poderia ser enunciado: combina tecnologias, políticas e atividades integrando princípios sócio-econômicos com preocupações ambientais, de modo que possa, simultaneamente:

� Manter ou melhorar a produção e os serviços (Produtividade) � Reduzir o nível de risco da produção (Segurança) � Proteger o potencial de recursos naturais e prevenir a degradação da qualidade

do solo e da água (Proteção) � Ser economicamente viável (Viabilidade) � Ser socialmente aceitável (Aceitabilidade)

Segundo DURAN (1997), a melhor maneira de se avaliar a sustentabilidade de um sistema de produção é medir o seu impacto na qualidade do solo. E, mais uma vez, QUALIDADE tem muito a ver com CUIDADO, daí porque existe qualidade do solo quando, ao se exercerem as funções de produção biológica, procura-se manter a qualidade do ambiente e promover a saúde de plantas e animais, de maneira sustentável. Na verdade, o setor sucro-alcooleiro desde há algum tempo vem se preocupando e dando mostras concretas de sua adesão aos apelos da AGENDA-21, seja através da adequação aos sistemas formais das diferentes ISOs (9000, 9001,14000, etc), seja através de ações concretas no seu sistema de produção, tais como:

� O sistema cana crua � A queima controlada � A adesão ao Pacto Ambiental (antecipando o PEQ para 2014) � A proteção de mananciais (aceiros) � O repovoamento da mata ciliar

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� A prática conservacionista (terraços e carreadores) � Uso de resíduos da fabricação como fonte orgânica na nutrição � O sistema de preparo mínimo (SPM) � O sistema de trato cultural direto (TCD) � O controle do tráfego na colheita mecânica

Com esta introdução podemos agora aprofundar e situar uma nova agrotecnologia na condução da lavoura canavieira, no respeito às tendências de uma agricultura sustentável, adentrando em novo PARADIGMA, onde o sistema de preparo mínimo (SPM) e o trato cultural direto (TCD) podem ser o grande marco definitório de uma nova revolução verde, preocupada com a inter-relação fertilidade, biologia do solo e nutrição mineral de plantas.

1. PRÁTICAS HISTORICAMENTE USADAS NO PREPARO DE SOLO Se realizarmos, dentro do período compreendido pelos últimos 30 anos, uma varredura histórica sobre as práticas experimentadas no sistema macro de produção da cana-de-açúcar, vamos nos deparar com a intensificação mecanicista crescente, onde foi dominante o uso de implementos cada vez mais pesados, demandando, por conseqüência, máquinas com maior potência. Com o ingresso definitivo da cultura no ritmo de “plantation”, tudo foi direcionado para altos rendimentos, robustez, eficiência, e alto desempenho. A grande preocupação com o desempenho foi a marca registrada de toda uma geração de técnicos e empreendedores do Setor. Algumas crises, como a do petróleo nos anos 80, motivaram alguma alteração, direcionando novas experiências com vistas à redução de custos na atividade como um todo. Mas, com a nova chamada para a produção maciça de etanol e a adesão imediata de antigos e novos empreendedores, a grande motivação passou a ser o elevado desempenho, a rapidez em responder aos novos apelos do mercado e com isso, mais uma vez, alguns cuidados ficaram postergados. Entre esses cuidados, poderíamos mencionar a pouca ou nenhuma preocupação com a época da realização das operações mecânicas, nem com sua seqüência e o melhor tipo de equipamento, e, muito menos ainda, a preocupação com o aspecto biológico do solo, a manutenção de seus agregados vitais e toda a inter-relação fertilidade-biologia do solo-nutrição mineral da planta. Herança desta linha de trabalho foi demonstrada por GAZON (2007) em foto registrando (fig.1) o resultado final de um solo intensamente manipulado, provocando total desagregação estrutural do mesmo, o que denota nenhuma preocupação com o lado biológico do complexo solo-planta.

Figura 1 – Detalhe de uma não conformidade em preparo de solo.

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Apesar de toda uma alteração de cenário, com a introdução em larga escala da colheita mecânica na sua modalidade cana crua, sem uso da limpeza via fogo, muita dúvida vem surgindo sobre qual sistema produtivo adotar, no que tange ao manejo do solo para plantio e manutenção das socas. Acreditamos que a mudança de cenário, com a implementação da cana crua e o avanço do plano de eliminação de queima, recentemente endossado por grande grupo de produtores do Centro-Sul, deverá acelerar também a validação daquilo que se vem propugnando como alternativa de manejo por muitos técnicos e estudiosos do Setor, através de inúmeros simpósios e seminários, difundidos anualmente na grande região Canavieira do Brasil. 2. O SISTEMA DE PREPARO MÍNIMO (SPM) Os pioneiros do sistema de plantio direto (SPD) na área de grãos já estão deixando um rico legado de informações sobre esse manejo do solo, sugerindo uma adaptação de resultados já consolidados que poderiam ser validados em cana-de-açúcar, até com algum ganho de tempo na prospecção, no que tange aos impactos na microbiota residente junto ao sistema radicular das plantas cultivadas. Pois se é verdade que se trata de culturas distintas, também é verdade que se trata de culturas que convivem com elevado tráfego de máquinas, do plantio à colheita, mas principalmente na colheita. E o efeito compactação existe em ambas, se bem que na cultura da cana-de-açúcar este efeito pode impactar todo um ciclo. Estamos diante de culturas anuais (grãos em geral) versus uma cultura semi-perene. Tudo o que se estudou sobre os efeitos da compactação na cultura da cana-de-açúcar continua válido, mas é bom lembrar que tais estudos foram gerados, na sua imensa maioria, sob uma condução de lavoura de cana queimada. E aqui queremos apenas suscitar um questionamento e fundamentar nossa proposta para a adoção de práticas alternativas, particularmente em face do cenário: cana crua durante um ciclo de 5 ou mais cortes sucessivos. De outro lado, uma das críticas dos defensores do SPD ao sistema convencional diz respeito à perda de água do solo, fortemente patrocinada pelas práticas de excessiva mecanização dos solos, que redunda em processos erosivos significativos, como se pode perceber na Tabela 1, em trabalho conduzido por LOMBARDI NETO (1990), citado por MONTEZUMA (2008).

Tabela 1 – Perdas de solo, expressas em t.ha-1, em diferentes sistemas de preparo.

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E o histórico de produtividades agrícolas da cana-de-açúcar, nestes últimos anos de alterações climáticas significativas, mostra estreita correlação entre o regime pluviométrico e as oscilações na produtividade. Um caso emblemático é o da região de Iturama (MG), no pontal do triângulo mineiro, zona de fortes oscilações climáticas, conforme se evidencia pela figura 2.

89,00

75,00

59,00

72,89

81,63

84,76

73,19

76,27

83,66

77,10

50,00

55,00

60,00

65,00

70,00

75,00

80,00

85,00

90,00

98 99 2.000 2.001 2.002 2.003 2.004 2.005 2.006 2.007

Pro

dutiv

idad

e (t

/ha)

Figura 2 – Oscilações na produtividade agrícola (t/ha) – Safras 98/2007. Fonte: ASFORAMA.

Um dos objetivos do SPM (sistema de preparo mínimo) consiste exatamente neste provimento de água à cultura via mínimo revolvimento do solo, o que se consegue com a combinação de práticas corretas na época certa. No caso da cana-de-açúcar, o manejo do solo com vistas ao novo plantio, seja em reforma da própria cultura seja em substituição de cultura anterior (pastagem, grãos, citros), deve sempre contemplar o período em que ocorra umidade no solo suficiente para uma abordagem sustentável do mesmo, de forma a se cumprir uma real descompactação sem ofender os macro e micro-agregados do solo. Tal cuidado significará a realização de tal tarefa com equipamento ou combinação de equipamentos o mais apropriado possível. Desde há muito tempo se usava um equipamento com finalidade específica de descompactar o solo: o subsolador com 3 ou 5 hastes, com hastes aptas a aprofundar até 45 cm, cujo desenho foi evoluindo de hastes totalmente retas (com ângulo de ataque de 45 o ) para hastes parabólicas, atingindo a mesma profundidade, dependendo sempre da potência da máquina atrelada. Mas esta operação supunha um solo totalmente limpo, já trabalhado com alguma passada de grade pesada e intermediária, e, em muitos casos, seu posicionamento era intercalar, aceitando até nova gradagem pesada a posteriori. Com a evolução de conceitos no trato do solo, esta operação passou a ser a última, aliás, agronomicamente correta, pois deixaria o solo apto a receber e guardar águas do verão predispondo a área para a sulcação de plantio. Quando muito se aceitava uma grade niveladora na véspera do plantio. Esta seqüência tem sido usada no chamado preparo convencional de solo para cana-de-açúcar. Mas este equipamento foi melhorado pelos produtores de grãos e foi ganhando acessórios que possibilitaram sua utilização no SPD, alternando culturas de grãos de inverno e verão e se transformou num subsolador/destorroador com kit para palha da cultura anterior. Este equipamento foi então adotado pelos produtores de cana-de-açúcar, com alterações visando maior robustez e rendimento operacional. A figura 3 mostra o subsolador/destorroador empregado hoje para o SPM em cana-de-açúcar.

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Figura 3 – Subsolador/destorroador com hastes parabólicas e discos frontais para corte de palha. Foto: Gazon, 2007.

Este equipamento pode ser considerado o ideal para o sistema de preparo mínimo, porque com seu emprego se obtém a necessária descompactação do solo sem o agravante da desestruturação do mesmo. Assim viabilizado, o SPM foi recebendo, nos últimos anos, uma série de combinações, seja no consórcio com leguminosas de incorporação, seja na rotação econômica com grãos do tipo soja ou amendoim. 3. VARIAÇÕES DO SPM EM CANA-DE-AÇÚCAR Antes de se mencionarem variações do SPM é conveniente caracterizar o chamado preparo convencional para o plantio da cana-de-açúcar. Distinguindo implantação de canavial em zona de expansão de plantio da renovação de canavial pré-existente, devemos citar as seguintes operações:

a) em zona de expansão (fig. 4) ⇒ Desmatamento e limpeza ⇒ Dessecante (aplicação e produto) ⇒ Construção de terraços ⇒ 1a. grade pesada ou intermediária (dependendo da vegetação) ⇒ Aplicação de corretivos (calcário, gesso, fosfato) ⇒ 2a. grade pesada ou arado de aiveca ⇒ Grade intermediária ⇒ Pousio ⇒ Grade niveladora ou intermediária (dependendo do período do pousio) b) em área de reforma de canavial pré-existente (fig. 5) ⇒ destruição de soca com grade pesada logo após o corte ou até 30 dias ⇒ no caso de atraso da operação anterior: dessecação e a seguir grade

pesada para eliminação da matéria seca ⇒ Recuperação ou novo desenho de terraços

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⇒ Correção de defeitos no terreno (erosões, ravinas) ⇒ Aplicação de corretivos (calcário, gesso, fosfato) ⇒ Arado de aiveca ⇒ Grade intermediária ⇒ Subsolador tradicional (se houver indicações de compactação severa) ⇒ Pousio ⇒ Grade niveladora ou intermediária (dependendo do período do pousio)

Figura 4. Preparo de solo convencional em zona de expansão.

Figura 5. Preparo convencional de zona de reforma de canavial pré-existente.

O aspecto de um preparo convencional, onde não existiu preocupação com a época da realização, poderá ser o da figura 6 (foto em janeiro), onde são ainda visíveis os remanescentes depois de duas operações de gradagens, surgindo também os efeitos erosivos da época (pleno verão). Ou o aspecto de pousio com plantas daninhas (fig.7), cujo resultado não é nada interessante e

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pode ainda onerar a introdução do novo canavial com um banco de sementes bastante elevado.

Figura 6 – Detalhe de remanescentes após preparo convencional de solo em zona de reforma de canavial pré-existente.

Figura 7 – Detalhe de pousio com plantas daninhas.

Entre as variações do SPM em cana-de-açúcar, podemos elencar os seguintes cenários:

a) sobre canavial pré-existente (figura 8) ⇒ eliminação química de soca ou ⇒ eliminação mecânica de soca (com implemento especial sobre a linha

da cana) ⇒ retificação de traçado e eventual correção de defeitos no solo ⇒ aplicação de corretivos ⇒ subsolagem com destorroador e discos frontais ⇒ sulcação e plantio

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Figura 8 – Detalhe de soca de cana dessecada com glifosato.

b) sobre pastagem (aqui se supõe uma pastagem agronomicamente bem conduzida , no histórico anterior) (fig. 9) ⇒ dessecação da pastagem ⇒ demarcação e construção da estrutura conservacionista (terraços e

caminhos) ⇒ aplicação de corretivos ⇒ subsolador/destorroador ⇒ sulcação e plantio

Figura 9 – Plantio direto de cana-de-açúcar sobre massa dessecada em pastagem de Brachiaria decumbens. COLETI (2007) (dados não publicados) relata experiência recente (abril, 2007) de plantio direto sobre pastagem numa condição de elevada macega de

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capim mombaça, onde, apesar da dessecação com glifosato, foi necessário usar a roçadeira para viabilizar a sulcação (figs. 9-10). O calcário foi aplicado antes do quebra-lombo e a germinação do canavial seguiu normal, com porte exuberante aos 9 meses, conforme o demonstra a fig. 11.

Figura 9 – Sulcação sobre macega de capim mombaça.

Figura 10 – Detalhe da cobertura após sulcação direta sobre macega de capim

mombaça.

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Figura 11 – Cana planta (9 meses) após plantio direto sobre pastagem.

c) associação com leguminosas para formação de matéria seca (figs.12 a 14) ⇒ dessecação do canavial anterior ⇒ correção e/ou adequação da estrutura conservacionista ⇒ aplicação de corretivos ⇒ semeadura a lanço de leguminosas (crotalária juncea, crotalária

spectabilis, feijão guandu) ⇒ subsolador/destorroador/incorporador ⇒ pousio no verão ⇒ incorporação da massa , preferencialmente, com rolo-faca. ⇒ Aguardar o tempo necessário para a secagem da massa verde (fig.12) ⇒ Sulcação e plantio

Figura 12 – Detalhe da massa verde de Crotalária juncea, como pousio no SPM.

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Figura 13 – Tombamento da Crotalaria, já no final da secagem.

Figura 14 – Detalhe da matéria seca de Crotalária na entre-linha do plantio.

d) rotação de cultura com grãos (figs 15 a 17) ⇒ modalidade 1: dessecação da soca velha ⇒ distribuição de corretivos ⇒ incorporação com subsolador/destorroador ⇒ plantio da cultura eleita para a rotação (soja ou amendoim) ⇒ modalidade 2: distribuição de corretivos logo após o corte (fig. 18) ⇒ subsolador/destorroador a seguir ⇒ plantio de soja RR que permite a dessecação gradual de

remanescentes de soca. ⇒ Pousio no verão, nas duas modalidades e colheita do grão no outono ⇒ Sulcação e plantio.

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Figura 15 – Modalidade 1 – Dessecação preliminar da soca e posterior semeadura da soja ou

amendoim, em ângulo de 45 o.

Figura 16 – Detalhe da semeadura usando implemento de plantio direto sobre palha dessecada.

Figura 17 – Detalhe do nascimento da soja sobre a palhada de cana.

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Figura 18 – Modalidade 2: subsolador logo após colheita cana crua. (Foto: Gazon, 2007)

e) plantio direto de soja sobre palhada imediatamente após o corte, sem qualquer operação (figs 19). Na verdade, esta seria a modalidade 3 dos casos anteriores, com a ressalva de que se trata de solo bem conduzido com cana-de-açúcar, onde uma programação de longo prazo já vai monitorando níveis de Ca e P, com aplicações de corretivos nas socas, regularmente. Desta forma, permite-se o plantio imediatamente após o corte, usando ainda soja RR, pois a dessecação dos remanescentes de soca irão acontecendo com as aplicações de glifosato+inseticida/fungicida (tecnologia típica para soja RR). E logo após a colheita da soja se utiliza o subsolador/destorroador, seguindo-se sulcação e plantio. Como esta operação vai ocorrer já no outono e as grandes chuvas devem ter cessado, pode-se adequá-la corretamente.

Figura 19 – Detalhe de rotação diretamente sobre palha.

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4. QUALIDADE DO PREPARO QUANDO DO EMPREGO DO SISTEMA DE PREPARO MÍNIMO ( SPM).

Um dos principais questionamentos sobre a adoção da prática do sistema de preparo mínimo do solo diz respeito à qualidade deste preparo no que tange, principalmente, à supressão dos efeitos negativos da compactação. Por seu desenho, o equipamento consegue atingir a zona tradicionalmente mencionada como crítica, ou seja, até os 45 cm de profundidade, como o demonstrou GAZON (2007), conforme a trincheira da fig.20 deixa bastante evidente.

Figura 20 – Detalhe da trincheira na faixa de atuação do subsolador/destorroador.

O outro questionamento sobre a adoção do SPM diz respeito à aplicação superficial de corretivos. Dos pioneiros do SPD em grãos há um trabalho conduzido por SÁ (1999), onde o autor estudou, numa seqüência de cultivos de inverno (aveia preta e trigo) e de verão (soja e milho), de 1991 a 1995, tratamentos com aplicação superficial de calcário versus incorporação com arado de aiveca e de discos, seguidos de grade niveladora. Suas conclusões: a) os métodos com incorporação do calcário promoveram correção em subsuperfície, confirmando a eficiência da ação corretiva quando há mistura com as partículas do solo; b) a aplicação em superfície restringiu-se à camada de 0-10 cm de profundidade, porém o rendimento de grãos não diferiu estatisticamente dos tratamentos com incorporação; c) apesar da melhoria da fertilidade no perfil com a incorporação do corretivo até 25-30 cm, o maior retorno econômico, após sete cultivos de grãos, foi obtido com a aplicação do calcário em superfície. Este mesmo autor aventa hipóteses sobre a ação do corretivo aplicado em superfície: a) a porosidade contínua no SPD, devido a canalículos de raízes de culturas anteriores; galerias de organismos do solo e planos de fraqueza do solo podem favorecer o deslocamento de partículas finas de calcário mediante o movimento descendente de água, promovendo a correção da acidez em outras camadas do perfil, melhorando o ambiente radicular; b) a mineralização lenta e gradual dos resíduos culturais depositados na superfície, liberando, entre os diversos compostos, ácidos orgânicos que podem formar complexos estáveis com o Al3+ ou compostos com o Ca2+, deslocando-o no perfil, ou mesmo liberar nitrato e sulfato, que poderiam atuar como íon acompanhante do Ca2+; c) a mistura de partículas de calcário com resíduos culturais pela ação da fauna (macro e micro – FMAs), podendo ser transportadas ao longo do perfil, formando sítios de matéria orgânica enriquecidos com Ca e Mg, proporcionando aumento do teor disponível desses nutrientes para as raízes. Em cana-de-açúcar, CERQUEIRA LUZ (2006), citado por MONTEZUMA (2008), mostra um trabalho de Sistema de Plantio Direto, onde se testaram tratamentos com calcário superficial, antes ou depois da sulcação, com e sem leguminosa e sua conclusão é muita parecida com a de SÁ (1999): que não há diferenças significativas entre os tratamentos (tab.2) , apenas uma tendência de melhor resposta para tratamentos com

Fonte: Gazon,2007

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leguminosa, principalmente no convencional, o que, aliás, vem confirmar a importância da matéria seca como fonte de Carbono para o sistema solo-planta-nutriçao numa simbiose com os microrganismos que habitam a rizosfera, através de micorrizas com hifas intra e extra-radiculares (fig.21).

Tabela 2 – Resumo de resultados de ensaios com PD em cana-de-açúcar.

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Figura 21 – Detalhe de hifas extra-radiculares, componentes do sistema micorrízico das plantas (Fonte: Berbara et al ,2006)

Durante muito tempo, dentro de uma visão mecanicista, preocupada com reduzir os efeitos da compactação, repetidas vezes citada como vilã das baixas produtividades, tanto pesquisadores como técnicos de campo descuidaram de um importante elo do ciclo da sustentabilidade: as atividades biológicas no interior do solo , numa simbiose mutualística, onde a planta supre o fungo com energia para crescimento e manutenção via produtos fotossintéticos, enquanto o fungo provê a planta com nutrientes e água. A sustentabilidade da produção agrícola está ligada aos efeitos benéficos das Micorrizas sobre a nutrição de plantas, principalmente em relação à absorção de P. Segundo J.L.Harley, citado por BERBARA et al (2006) “plantas não têm raízes, elas têm micorrizas”... Segundo Siqueira & Franco (1988), citado por BERBARA et al (2006), são reconhecidos, atualmente, 6 tipos de associações micorrízicas, mas a mais importante, porque está ligada a mais de 80% das famílias de plantas, é a associação de Micorrizas arbusculares (FMA), a mais abundante nos sistemas agrícolas, representando 50% da massa microbiana. Em nossas condições, VASCONCELOS (2002) demonstrou que a população de fungos micorrízicos arbusculares (FMAs) apresentou variação crescente no múmero de esporos em 100cm 3 de janeiro (106) e maio ( 258) , salientando que o maior aumento esteve em sintonia com a fase de pleno desenvolvimento vegetal, quando há grande demanda de nutrientes, o que provavelmente estimulou a formação de hifas extra-radiculares, para aumentar a absorção dos nutrientes , e de hifas intra-radiculares, para aumentar a superfície de troca. Ainda VASCONCELOS (2002) constatou que na faixa de colheita mecânica sem despalha a fogo, a quantidade de esporos foi significativamente maior que na colheita manual , queimada. Constatações deste tipo podem induzir a uma inferência sobre o que um ciclo de manejo em cana crua, geralmente acima de 6-7 anos, vai estar agregando de FMAs aos solos cultivados. E aí nos reportamos a BERBARA et al (2006) que propõe estratégias de manejo visando incrementar não apenas a diversidade de FMAs, mas em especial hifas extra-radiculares devem ser buscadas, o que se consegue, entre outras práticas, com a supressão da mecanização excessiva no preparo de solo.

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MONTEZUMA (2008) , citando um resumo de vantagens do SPM, enumera diferentes autores que endossaram o sistema , tais como : STOLF,1985 , DEMATTÊ,1988, CASAGRANDE,1988 , MEYER, 1993 , NAGUNO, 1993 .

REDUZ COMPACTAÇÃO DO SOLO

MAIOR RENDIMENTO OPERACIONAL

OTIMIZAÇÃO DO TEMPO DISPONÍVEL E OPORTUNO

MENOR POTÊNCIA DE TRATORES NO CONJUNTO DA OPERAÇÃO

REDUZ PERDAS DE UMIDADE

FAVORECE ATIVIDADE BIOLÓGICA

EVITA ASSOREAMENTO DE SULCO

MAIOR EFICIÊNCIA NA DESTRUIÇÃO DE SOQUEIRA

FAVORECE O CONTROLE DE PLANTAS DANINHAS PERENES

POSSIBILITA PLANTIO EM PERÍODO CHUVOSO

CULTIVO DE CEREAIS NA ROTAÇÃO

MAIOR PRODUTIVIDADE E LONGEVIDADE DA SOCA

REDUÇÃO DO CUSTO NA IMPLANTAÇÃO DE CANAVIAL

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5 - O SISTEMA DE TRATO CULTURAL DIRETO (TCD) SOBRE CANA SOCA Dentro da mesma linha de raciocínio que vimos trazendo sobre o preparo mínimo do solo, o manejo do solo visando a manutenção das socas após sucessivas colheitas passa pelo TCD.

COLETI (2002), numa analogia com o SPD (sistema de plantio direto) usualmente praticado nas culturas de grãos, nas quais também existe grande circulação de máquinas sobre o solo cultivado, sugeriu a adoção do TCD (trato cultural direto) ou “minimum tillage” como dizem os australianos, entendido como uma possibilidade de manejo no trato cultural da soca. Assim, em solos de textura arenosa, bem como em áreas de primeira colheita, o cultivo mecânico poderia ser dispensado. E o TCD seria indicado, realmente, para as áreas de colheita mecanizada com cana crua, principalmente após 2 ou mais cortes, quando o colchão de palha inviabiliza qualquer operação de revolvimento do solo. Operações agronomicamente incorretas ainda podem ser registradas em zonas de colheita de cana crua, como o da Figura 22, mas a tendência será a preservação do colchão de palha como um real benefício à cultura. Particularmente em regiões com estiagem prolongada e bem definida, como é o caso do centro-oeste brasileiro, todo esforço deve ser concentrado em segurar a água existente no solo e evitar revolvimentos na entre-linha. Aqui vale o conceito da preservação do “canteiro da cana”.

Figura 22. Detalhe de uma operação de revolvimento excessivo na entre-linha de cana soca,

desfazendo o colchão de palha. (Foto: J.T.Coleti)

Na verdade, o que se propõe é o abandono de uma operação única, com os mesmos equipamentos, em todos os solos e em todas as idades da cultura, do começo ao final da safra, seguidamente, ano a ano. Flexibilidade neste particular faz bem à cultura e pode representar sensível redução de custos.

No período 98/99 , quando o setor sucro-alcooleiro passou por severa crise econômica em função da deterioração dos preços, técnicos das unidades produtoras tiveram que tomar providências imediatas para a redução dos custos operacionais, o que até provocou um Seminário sobre Redução de Custos (IDEA,1998). Entre as medidas mais usadas, a eliminação do cultivo mecânico foi a mais empregada e os resultados mostrados por TUFI (1998) confirmavam ausência de resposta a cultivo em pelo menos cinco variedades estudadas (Tabela 3), e outros profissionais, como TREVELIN (1998), citaram a adoção de idêntica prática e ausência de resposta significativa para áreas tratadas com escarificação.

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Tabela 3. Compilação de experimentos sobre cultivo de soca na C.Energética S.Elisa

( Fonte :TUFFI,1998).

Data corte Variedade % argila Com cultivo Sem cultivo Junho/92 SP701143 21,6 101,9 103,6 Junho/93 RB765418 44,4 112 107

Setembro/93 SP701143 38,5 74,9 77,9 Setembro/93 SP716163 39,7 61,8 71,0 Novembro/93 SP716163 39,7 49,1 50,8

MÉDIAS 79,9 82,1

Figura 23. Distribuição de períodos distintos durante a colheita da cana-de-açúcar em função

dos quais se pode inserir o TCD (trato cultural direto). Fonte: adaptado de PIVETTA, J.P. (2003)

Em nossa experiência profissional, integralmente e exclusivamente vivenciada junto da lavoura canavieira, acompanhamos inúmeros trabalhos científicos e sistemas de produção de cana, em diferentes ambientes de produção, cujos resultados nos levaram a concluir: a definição da produtividade da cana soca passa, obrigatoriamente, pela seqüência: 1o) água suficiente; 2o) matocompetição controlada; 3o) nutriente básico fornecido. Quanto ao cultivo mecânico/escarificação tende, cada vez mais, a ser uma tarefa relativa – nem sempre entra na equação de produtividade. E isto pode ser considerado cada vez mais uma verdade, quando se verifica o cenário para o qual caminha a atividade canavieira no Séc.XXI, integralmente conduzido sob o sistema cana crua.

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CONCLUSÃO No início desse texto dizíamos que um sistema de produção agrícola pode ser

considerado sustentável na medida em que causa menos impacto negativo sobre a qualidade do solo. Acreditamos que o manejo do solo para um novo plantio ou para a manutenção de socas pode realizar este objetivo, desde que sempre leve em conta, nas práticas adotadas no grande sistema produtivo, a inter-relação solo-planta-biologia do solo. Indicadores existem em abundância, basta acreditar, aprofundar os conhecimentos e reverter em atitudes concretas. Estaria assim implantado um novo PARADIGMA: respeitar as bases para a otimização da eficiência biológica e produção sustentável.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS MONTEZUMA, M.C., Sistemas de preparo de solo e rotação de culturas na reforma de cana crua. Área de Tecnologia e desenvolvimento da MONSANTO. In: “Reunião do Grupo Técnico da ORPLANA” , Piracicaba, 14 de março, 2008. GAZON, A.L. Práticas que reduzem os custos com o preparo e conservação de solos para cana-de-açúcar. In : Seminário IDEA , Redução de custos na lavoura canavieira, Ribeiro Preto, 2007 . Disponível em : www.ideaonline.com.br BERBARA, L.L., SOUZA, F.A., FONSECA, H.M.A.C. Fungos micorrízicos arbusculares: muito além da nutrição . Cap. III de “Nutrição Mineral de Plantas ”, editor Manlio Silvestre Fernandes, Viçosa, MG. Sociedade Brasileira de Ciência do Solo, 2006. VASCONCELOS, A.C.M. Desenvolvimento do sistema radicular e da parte aérea de socas de cana-de-açúcar sob dois sistemas de colheita : crua mecanizada e queimada manual. Universidade Estadual Paulista, FCAV, Campus Jaboticabal, Tese de doutorado, Jaboticabal, São Paulo, 2002. COLETI, J.T. Tratos culturais em soca: o que é essencial e o que é relativo? Aula/palestra do 11º. Curso de Atualização Tecnológica Agrícola , UDOP-UFSCar-NOROÁLCOOL-STAB, Araçatuba, 11/junho, www.udop.com.br, 2002. SÁ, J.C. de M. Manejo da Fertilidade do solo no sistema plantio direto. In : “Inter-relação fertilidade, biologia do solo e nutrição de plantas” , Editores/ Siqueira, Moreira, Lopes, Guilherme, Faquin, Furtini Neto, Carvalho. Sociedade Brasileira de Ciência do Solo, Univ.Federal de Lavras, Depto de Ciência do Solo. Lavras – MG, 1999. TREVELIN Jr., J. Sistema diferenciado de produção de cana direcionada para produtividade e redução de custos. In: 2º. Seminário IDEA , Redução de custos na lavoura canavieira , Ribeirão Preto, p.93-99 , julho, 1998. TUFI, O. Estratégias para reduzir o custo com plantio e tratos culturais. In: 2º. Seminário IDEA , Redução de custos na lavoura canav ieira , Ribeirão Preto, p.86-89 , julho, 1998. IDEA-Instituto de Desenvolvimento Agroindustrial. Redução de custos na lavoura canavieira. 2º. Seminário, Ribeirão Preto, 136 p, julho, 1998.