Léon Denis - Catecismo Espírita

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www.autoresespiritasclassicos.com Léon Denis Catecismo Espírita Tradução Miguel R. Galvão 4ª Edição EDITORA FEB Frederic Church - Crepúsculo na Wilderness 1

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Lon Denis - Catecismo Esprita

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www.autoresespiritasclassicos.comLon Denis

Catecismo Esprita

Traduo Miguel R. Galvo

4 Edio

EDITORA FEB

Frederic Church - Crepsculo na Wilderness

Sumrio

I - Deus - Explanaes gerais sobre a Essncia Divina e seus atributos / 03II -Moral esprita - Sua definio e aplicao, como guia e modelo para o homem / 08III - A alma - Sua natureza, e seus atributos / 32IV- Os Espritos - Sua definio e sua vida de relaes e ocupaes no Espao / 35V - Reencarnao - Sua razo de ser e suas relatividades doutrinrias / 45VI - Astronomia - Explanaes gerais sobre o assunto, condizentes com a finalidade do homem e da matria, nas vidas interplanetrias / 48VII - Apndice - Considerando a prece (Dilogo) / 51Tende por templo - o Universo,

Por altar - a Conscincia;

Por imagem - Deus;

Por lei - a Caridade.

I

Deus - Quem Deus?

- E a inteligncia suprema do Universo e a causa primria de todas as coisas.

- Onde. Pode-se encontrar a prova da existncia de Deus?

- No axioma que se aplica s cincias "No h efeito sem causa". Buscando a causa de tudo o que no obra do homem, chegar-se- at Deus.

- Quais so os atributos de Deu?

- Deus eterno, imutvel, nico, todo poderoso, soberanamente justo e bom.

- Porque eterno?

- E eterno, porque, se houvesse tido principio, teria sado do nada, o que absurdo, pois o nada a irrealidade, o vcuo, a negao.

- Pode tirar-se alguma coisa de onde nada existe?

- Pode o vcuo, a negao e irrealidade produzir, afirmar e realizar?

- Porque imutvel?

- Porque, se estivesse sujeito aes, as leis que regem o Universo no estabilidade alguma.

- Porque nico?

- Se existissem muitos deuses, no haveria harmonia de vistas nem estabilidade na direo do Universo.

- Porque todo poderoso?

- Porque, sendo nico, o autor de tudo quanto existe.

- Porque soberanamente justo e bom?

- Por causa da sua infinita perfeio e sabedoria.

- Ter Deus a forma humana?

- Se assim fosse, estaria limitado e, por conseguinte, circunscrito, deixando, portanto, de ser infinito e de estar em toda a parte.

- Deus imaterial?

- Sem dvida; se fosse matria, deixaria de ser imutvel, pois estaria sujeito s transformaes desta. Deus esprito e sua natureza difere de tudo o que chamamos matria.

- Deus governa o Universo?

- Sim, por fora de sua vontade, do mesmo modo que dirigimos o nosso corpo.

- Deus cria sem cessar?

- Sim, de toda a eternidade. A razo se nega a conceb-lo na inao. Se assim no fosse, ele no seria imutvel, pois se teria manifestado de modos diversos, primeiro em inao e depois em atividade.

- Podemos chegar a conhecer Deus?

-Compreend-lo-emos melhor, quando o nosso progresso nos tornar merecedores de habitar um mundo melhor, porm haver sempre um infinito entre Deus e suas criaturas; entre a parte e o Todo; entre o relativo e o Absoluto.

- Temos o dever de amar a Deus?

- Sim, com toda a nossa alma, pois ele nosso Pai e criou-nos para a felicidade.

- De que modo se adora a Deus?

- Elevando-lhe o nosso pensamento por meio da prece; tendo confiana em sua bondade e justia; amando e respeitando os nossos genitores; amando o prximo, isto , socorrendo-o em suas necessidades, perdoando-lhe as ofensas e fazendo-lhe todo o bem que for possvel; cumprindo, enfim, todos os deveres que nos impe a moral crist.

- Quando til a prece?

- Quando sincera ou quando parte do corao. Ela se torna ineficaz quando pronunciada somente pelos lbios.

- Por quem devemos orar?

- Por ns mesmos, por nossos pais, parentes e amigos, pelos que sofrem e, enfim, por nossos inimigos.

- Qual o fim da prece?

- Por meio da prece pedimos a Deus a fora e o valor necessrios para nos melhorarmos, para suportarmos com pacincia e resignao as provas e as tribulaes da vida.

- Chegaro os homens algum dia a conquistar a felicidade?

Sem dvida, pois Deus no nos criou para permanecermos eternamente no mal e, por conseguinte, no sofrimento; se assim no fosse, Deus seria inferior ao homem.

- Visto isso, perdoa Deus o mal?

- Conforme se compreenda o perdo. Se entende por isso os meios que ele nos oferece para repararmos as nossas faltas, sim, pois no devemos esperar de Deus a graa para algum, mas sim a justia para todos.

- De que modo se reparam ou faltas cometidas?

- Praticando o bem. No h outro meio.

- Atende Deus a quem ora com f e fervor?

- Sim, mas a prece em nada altera o cumprimento das leis do Criador; serve somente para nos fortalecer em nossos sofrimentos.

- E conveniente orar muito?

- O essencial no orar muito, mas orar bem.

- Que devemos julgar das oraes pagas?

- Jesus disse: "No recebais paga das vossas preces; no faais como os escribas que, a pretexto de grandes oraes , devoram as casas das vivas".

- Onde se deve orar?

- Jesus tambm disse: "Quando orardes, no faais como os hipcritas, que oram nas sinagogas e nas esquinas das ruas para serem vistos pelos homens; porm, quando orardes, entrai no vosso aposento e, fechada a porta, orai a vosso Pai em segredo, pois ele v todos os segredos e vos recompensar; quando orardes, no faleis muito, como os gentios, pois eles pensam que por falar muito sero ouvidos".

- A prece no necessita, portanto, de manifestaes externas?

- No, pois a verdadeira orao reside no corao.

- H algumas frmulas de orao mais convenientes que outras?

- No. Isso seria o mesmo que perguntar se convm orar neste ou naquele idioma..

- A orao torna o homem melhor?

- Sim, porque aquele que ora com fervor e confiana fica mais forte contra as tentaes do mal. Alm disso, a orao sempre proveitosa quando feita com sinceridade.

- Poderemos suplicar a Deus que nos perdoe as faltas?

- A prece no elimina as faltas. A melhor prece so as boas aes, pois os atos valem mais do que as palavras.

- E til orar pelos finados, e, em tal caso, sero eles aliviados pelas nossas preces?

- A prece no modifica os desgnios da Providncia; entretanto, alivia e consola os Espritos em cuja inteno feita.

II

Moral esprita- Que definio se pode dar da moral?

- A moral a regra que nos ensina a bem viver e a distinguir o bem do mal.

- Qual o tipo mais perfeito que pode servir ao homem como guia e modelo?

- O tipo da perfeio moral, a que pode aspirar a Humanidade, Jesus, pois o ser mais puro que tem baixado a Terra.

- Como podemos distinguir o bem do mal?

- O bem tudo o que est conforme com a lei de Deus, e o mal exatamente o contrrio.

- O homem tem por si mesmo os meios de distinguir o bem do mal? Sujeito, como est, ao erro, no poder ele equivocar-se e julgar fazer o bem quando na realidade faz o mal?

- Nunca poder enganar-se se tiver sempre presente este ensino de Jesus: "No faais aos outros o que no quiserdes que se vos faa, e fazei-lhes tudo quanto querereis que se vos fizesse.

- Quais so os maiores inimigos homem?

- O homem, pelo seu orgulho, vaidade, egosmo, inveja e ignorncia, o verdugo de si mesmo.

- Quando somos mais culpados de uma falta?

- Quando sabemos melhor o que fazemos. O mal, do mesmo modo que o bem, obra de tal forma que nem sempre se pode apreciar a extenso dos seus efeitos. No possvel beneficiar ou prejudicar algum, sem que geralmente se beneficie ou prejudique a vrias outras pessoas ao mesmo tempo.

- Necessita Deus ocupar-se de cada um dos nossos atos para nos recompensar ou castigar?

- No; Deus tem leis imutveis que regulam todas as nossas aes de uma s vez.

- Aquele que no faz o mal, mas que co-participa dele pelo pensamento, tambm culpado?

- E' como se o houvesse feito e por isso participa das suas conseqncias.

- O desejo do mal to repreensvel como o prprio mal?

- Conforme: h virtude em resistir voluntariamente ao mal, cujo desejo se sente e, sobretudo quando h possibilidade de realiz-lo. E, pois, condenado o desejo do mal quando se deixar de execut-lo por falta de ocasio unicamente.

- E bastante deixarmos de fazer o mal para assegurarmos a nossa felicidade futura?

- Para conseguir a felicidade futura necessrio fazer-se todo o bem que for possvel, pois o homem responsvel "no s pelo mal que houver feito, mas igualmente pelo bem que, podendo fazer, no o fez"!.

- Haver pessoas cuja posio as impossibilite de fazer o bem?

- Todos podem fazer o bem e somente ao egosta falta ocasio para isso. Fazer o bem no consiste s em dar dinheiro, mas tambm em ser til de qualquer modo.

- Haver diferentes graus no mrito do bem?

- O mrito est no sacrifcio, e deixa de existir quando o bem nada custa ou feito sem trabalho. Tem mais mrito o pobre que d metade do seu po, do que o rico que d o suprfluo. Jesus o demonstrou quando se referiu esmola da viva.

- Toda a lei divina est contida na mxima do amor ao prximo, ensinada por Jesus? - Sim, ela encerra todos os deveres dos homens entre si.

- O trabalho uma lei de Deus?

- Indubitavelmente, pois uma necessidade.

- Devemos considerar como trabalho somente as ocupaes materiais?

- Toda ocupao til trabalho. O Esprito tambm trabalha.

- Para que foi imposto ao homem o trabalho?

O trabalho e o meio de aperfeioar a inteligncia assim o homem assegura seu bem estar felicidade e progresso. Se no fosse o trabalho ele nunca sairia de sua infncia espiritual

- Nos mundos mais adiantados o homem est submetido mesma necessidade do trabalho?

- Nada permanece inativo e a ociosidade seria um suplcio em um benefcio.

- Quem possui fortuna suficiente para assegurar na Terra a sua existncia esta livre do trabalho?

- Do trabalho material, sim, mas no da obrigao de se fazer til segundo os seus recursos, ou de aperfeioar sua inteligncia e a dos outros. Tudo isso oferece trabalho e tanto maior esse dever quanto mais recursos e tempo se tiver.

- Que devemos pensar dos que abusam sua autoridade para impor aos seus inferiores um trabalho excessivo?

- Isso uma ao m, porque a lei de Deus.

- O homem tem direito ao descanso na sua velhice?

- Sim, pois cada um est obrigado somente at onde chegam as suas foras.

- Que recurso tem o ancio que precisa trabalhar para viver e no pode faz-lo?

- O forte deve ento trabalhar para o que estiver fraco, e, na falta de famlia, a sociedade deve socorr-lo.Esta a lei da caridade.

- O matrimnio, isto , a unio permanente de dois seres contrria lei natural?

- O matrimnio representa um progresso da sociedade.

- Qual mais conforme com a lei natural, a monogamia, ou a poligamia?

- A monogamia, porque o matrimnio deve ser fundado no afeto dos seres que se unem. Na poligamia no h afeto real, mas sensualidade, e por isso ela tende a desaparecer pouco a pouco da Terra.

- O celibato voluntrio meritrio?

- No, os que vivem assim, por egosmo, enganam a todo o mundo.

- A vida de mortificaes ascticas tem algum mrito?

- No, pois no aproveita a ningum; se aproveitar a quem a pratica e se impedir de fazer o bem a outrem, ela ainda uma das formas do egosmo.

- Quando a recluso e as privaes penosas tm por objetivo uma expiao, h nelas algum mrito?

- A melhor expiao resgatar o mal com todo o bem que se puder fazer.

- H privaes voluntrias que sejam meritrias?

- Sim, as dos gozos materiais, porque nos desprendem da matria e elevam nossa alma.

- Que devemos pensar da mutilao do corpo do homem e dos animais?

- Tudo quanto for intil no ter mrito. Para dominar a matria terrestre, basta praticar a lei divina somente, que a caridade.

- E fundada na razo a absteno de certos alimentos, prescrita em diversos povos?

- No, porque tudo o que puder alimentar o homem e "no for em prejuzo da sua sade", est permitido por Deus.

- E' meritria a absteno do alimento animal, ou de qualquer outra espcie, quando o fazemos por expiao?

- Sim, quando nos privamos deles em benefcio de outrem.

- Com que fim deu Deus instintos de conservao a todos os seres?

- Foi com o fim de poderem eles concorrer para as suas vistas providenciais, pois a vida necessria ao aperfeioamento de todos.

- Tem todos os homens igualmente o direito de usar os bens da Terra?

- Sem dvida, pois esse direito conseqncia da necessidade de viver. Deus no pode impor um dever sem dar primeiramente os meios para cumpri-lo.

- Que devemos pensar do homem que abusa nos excessos de toda classe um requinte aos seus gozos?

- Quem assim faz se torna inferior ao bruto, pois no sabe restringir-se satisfao das suas necessidades reais. Quanto maiores forem os seus excessos, tanto mais imprio permite que a natureza animal tenha sobre a espiritual.

- Que se deve pensar de quem amontoa bens materiais para conseguir o suprfluo, em prejuzo dos que carecem do necessrio?

- Esse egosta desconhece a lei de Deus, e ter de responder pelas privaes que fez sofrer.

- E' censurvel o desejo que o homem tem de conseguir o seu bem-estar?

- No, pois um desejo natural; o abuso que constitui o mal.

- Se a morte deve conduzir-nos a melhor vida, qual a razo por que o homem lhe tem um horror instintivo?

- Deus ps no homem o instinto de conservao, para que o sustivesse nas provas, e sem isso ele descuidaria da vida. O instinto de conservao faz que o homem prolongue a vida. At cumprir a sua misso.

- Que se deve pensar da destruio que excede os limites da necessidade, tal a que se faz pela caa e outros meios, cujo nico fim destruir sem utilidade?

- Toda destruio que excede os limites da necessidade uma violao da lei divina. Torna-se ainda mais condenvel destruio que feita com crueldade.

- Qual o fim das grandes calamidades?

- E' para que a Humanidade se adiante com mais rapidez, pois, resultando dessas calamidades a regenerao moral dos seres, eles adquirem em cada nova existncia um grau mais elevado de progresso.

- Mas, ser justo que, nessas calamidades, sucumba o homem bom ao mesmo tempo em que o mau, e sem distino alguma?

- Tanto faz morrer por uma calamidade como por outra causa comum, desde que a hora chegada. A nica diferena que h, neste caso, a de morrer maior nmero de pessoas; mas, podereis acaso saber se o que hoje um homem de bem no teria sido o culpado de ontem?

- Qual a causa que induz o homem guerra?

- E' o predomnio das paixes ou da natureza animal sobre a espiritual. S entre os povos brbaros que no se conhece outro direito que no seja o do mais forte.

- A guerra desaparecer algum dia da face do mundo?

- Sim, quando os homens compreenderem o que justia e praticarem a lei de Deus. Ento todos os povos se consideraro irmos.

- Que se deve pensar dos que suscitam a guerra em seu prprio benefcio?

- Esses so verdadeiros culpados e, como tais tero de suportar "muitas existncias" para expiar os crimes que mandaram cometer para satisfazer unicamente a sua ambio.

- E' culpado o homem que pratica assassinatos na guerra?

- No, se ele for coagido a isso; mas torna-se culpado desde que pratique crueldades em satisfao dos seus desejos.

- O assassnio crime?

- Sim, e muito grande, pois quem tira a vida a outrem corta uma existncia de expiao ou de misso, e nisto que consiste o mal.

- Pode considerar-se o duelo como sendo manifestao de legtima defesa?

- No; o duelo um crime e um costume digno somente de povos brbaros.

- Corno se deve considerar o que em duelo chamam ponto de honra?

- Orgulho e vaidade; dois grandes males da Humanidade.

- No haver, porm, casos em que, por achar-se a honra realmente ofendida, pode ser considerado como covardia o no se aceitar o duelo?

- Isso depende dos usos e costumes, pois cada pas e cada sculo tm um modo diverso de encarar as coisas. Quando os homens forem melhores e estiverem mais adiantados em moral, compreendero ento que o verdadeiro ponto de honra est acima das paixes terrenas e que as coisas no se alteram pelo simples fato de fazer-se uma morte. Em perdoar uma ofensa h muito mais valor do que em castig-la. H muito mais grandeza e verdadeira honra naquele que se confessa culpado, como h, tambm, maior dignidade e nobreza naquele que, tendo razo, sabe perdoar, ou, mesmo, sabe prescindir dos insultos que no o podem alcanar.

- A pena de morte desaparecer algum dia da legislao humana?

- Sem dvida, e em sua supresso assinalar a Humanidade um grande progresso.

- Que se deve pensar da pena de morte imposta em nome de Deus?

- Os que assim obram esto muito longe de compreender a Deus e cometem um crime monstruoso.

- A vida social uma lei natural?

- Sem dvida, pois todos os homens devem concorrer para o progresso, ajudando-se mutuamente.

- O progresso moral segue o intelectual?

- E a sua conseqncia, porm nem sempre o segue imediatamente.

-Como que o progresso intelectual pode conduzir ao moral?

- Desde que o homem compreenda o bem e o mal, pode ento escolher. O desenvolvimento do livre arbtrio segue o da inteligncia e aumenta a responsabilidade das nossas aes. - Pode o homem deter a marcha do progresso?- No, mas pode estorv-la s vezes. - No parece, s vezes, que o homem retrocede em vez de adiantar, pelo menos sob o ponto de vista moral?

- O homem progride, pois cada dia ele compreende melhor o mal e a todo instante reforma as suas leis. E essa compreenso que lhe mostra a necessidade do bem e das reformas.

- Todos os homem so iguais perante Deus?

- Sim, pois todos tm um mesmo princpio e um mesmo destino. As leis divinas so iguais para todos.

- Porque Deus no deu as mesmas aptides a todos os homens?

- Deus deu iguais aptides a todos os Espritos, porm cada uma deles tem vivido mais ou menos tempo. A diferena provm, pois, do grau de experincia e da vontade resultante do livre arbtrio de cada um. Por isso, os mais adiantados tm maiores aptides do que os outros.

- Ser possvel estabelecer a igualdade absoluta das riquezas?

- No; a diversidade das faculdades e dos caracteres ope-se a isso.

- Que se deve pensar daqueles que crem ser esse o remdio aos males da sociedade?

- Esses no compreendem que muito breve tal igualdade seria destruda pela fora das circunstncias. Combata-se o egosmo social e no se busquem quimeras.

- O homem e a mulher so iguais perante Deus e tm os mesmos direitos?

- Sem dvida, pois Deus deu a ambos inteligncia para distinguir o bem do mal e a faculdade de progredir.

- Qual a razo da inferioridade moral da mulher em certos povos?

- O imprio injusto e cruel que o homem exerce sobre ela, e que resulta das instituies sociais ou do abuso dos fortes sobre os fracos.

- Com que fim, a mulher, em geral, mais dbil fisicamente que o homem?

- E' para que ela possa exercer outra espcie de trabalhos. Ao homem em geral competem os trabalhos rudes e intelectuais, mulher os trabalhos leves e delicados.

- A debilidade fsica da mulher no a coloca, naturalmente, sob a dependncia do homem?

- Sim, mas se a Natureza dotou o homem com mais fora para que ele proteja a mulher como mais fraca, e no para que a escravize.

- As funes a que est destinada a mulher, para com seus filhos, tm tanta importncia como as que esto reservadas ao homem?

- So muito mais importantes, pois a mulher quem d aos filhos as primeiras noes da vida.

- Uma legislao, para ser justa, deve consagrar igualdade de direitos mulher e ao homem?

- De direitos, sim; de funes, no. E preciso que cada qual tenha as ocupaes que lhe so prprias e segundo as suas aptides. A emancipao da mulher assinala o progresso social; a sua escravido denuncia atraso.

- Donde nasce o desejo de perpetuar com monumentos fnebres a memria dos seres que abandonaram a Terra?

- ltimo ato de orgulho.

- Mas, a suntuosidade dos monumentos fnebres no se deve atribuir mais freqentemente aos parentes do finado, antes que ao prprio finado?

- Nesse caso o orgulho dos parentes que se querem glorificar a si mesmos. Oh! Nem sempre se fazem tais demonstraes por considerao ao morto; elas tambm se do por amor-prprio e por alarde das riquezas das pessoas que ficam. Podero esses belos monumentos salvar do olvido aqueles que foram inteis na Terra?

- Deve-se, ento, reprovar de um modo absoluto a pompa dos funerais?

- No, pois isso se torna justo e exemplar, quando feito em memria de um homem de bem.

- Tem o homem direito de coagir a liberdade de conscincia?

- Jamais; como tambm no tem o direito de estorvar as manifestaes do pensamento.

- Toda e qualquer crena, embora reconhecidamente falsa, respeitvel?

- Sim, quando sincera e conduz prtica do bem. As crenas censurveis so as que conduzem ao mal.

- Somos repreensveis por escandalizar as crenas daqueles que no pensam como ns?

- Sem dvida, pois se falta caridade e atenta-se contra a liberdade de pensar.

- Deve-se, pelo respeito liberdade de conscincia, deixar que se propaguem doutrinas perniciosas, ou, ento, sem atentar-se contra essa liberdade, pode-se procurar atrair ao caminho da virtude aqueles que dele se acham desviados por falsos princpios?

- Certamente que se pode e se deve, porm isso deve ser somente de acordo com o exemplo de Jesus, isto , por meio da doura e da persuaso, e nunca pela fora, pois este ltimo meio seria pior que a crena daquele a quem se procura convencer. Se permitido impor alguma coisa, o bem e a fraternidade, mas isto deve ser feito pela convico e nunca pela violncia.

- Visto todas as doutrinas terem a pretenso de ser a nica expresso da verdade, em que se pode distinguir a que tem o direito de se apresentar como tal?

- A melhor doutrina a que faz mais homens de bem e menos hipcritas, isto , a que pratica a lei do amor e da caridade em sua maior extenso e em sua mais elevada aplicao. Toda doutrina que produzir, em suas conseqncias, a desunio ou estabelecer uma demarcao entre os homens, no pode deixar de ser falsa e perniciosa.

- Qual a base da justia fundada na lei natural?

- Cristo o disse: Desejai para os outros o que desejardes para vos mesmos.

- A necessidade que o homem tem de viver em sociedade impem obrigaes particulares?

- Sem dvida. A primeira de todas respeitar os direitos de seus semelhantes. Quem respeitar esses direitos ser sempre justo.

- Qual o primeiro de todos os direitos naturais do homem?

- O direito da vida.

- E natural o direito de possuir bens de fortuna?

- Sim; porm, quando isso exclusivamente para si, ou para sua nica satisfao pessoal, torna-se ento egosmo.

- Qual o carter da propriedade legtima?

- Somente legtima a propriedade que se adquire por meio do trabalho e sem prejuzo de outrem.

- Como se deve considerar a esmola?

- O homem de bem, que compreender o que caridade, vai ao encontro da desgraa sem esperar que lhe estendam a mo ou sem olvidar o que disse Jesus: "Que a mo esquerda ignore o que d a direita", pois deste modo ensinar a no desvirtuar a caridade com o orgulho.

- Qual a verdadeira acepo da palavra caridade, tal como a entendia Jesus?

- Benevolncia para com todos, indulgncia com as imperfeies dos outros, perdo das ofensas, eis a caridade como a compreendia Jesus. O amor e a caridade so o complemento da lei de justia, pois amar o prximo fazer-lhe todo o bem possvel: Amai-vos uns aos outros como irmos.

- Qual a mais meritria de todas as virtudes?

- Todas tm o seu mrito, porm a melhor a que estiver fundada na caridade mais desinteressada, tal como o sacrifcio voluntrio do interesse pessoal ao bem do prximo.

- A parte certos defeitos e vcios, qual o sinal mais caracterstico da imperfeio?

- O interesse pessoal e o apego s coisas materiais, tal o sinal notrio da inferioridade no homem.

- Quem faz o bem desinteressadamente, s pelo prazer de ser agradvel a Deus e ao prximo, encontra-se j em certo grau de adiantamento?

- Sim, muito mais do que aquele que faz o bem com reflexo e no por impulso natural do corao.

- H culpabilidade em estudar os defeitos alheios?

- Se isso se faz para critic-los ou divulg-los, h muita culpabilidade; mas, se esse estudo feito para evitar cair nos mesmos defeitos, ele pode ser til s vezes. E' preciso, porm, no olvidar que a indulgncia com os defeitos dos outros uma parte importante da caridade.

- O homem, pode, pelos seus esforos, Vencer sempre as suas ms inclinaes?

- Sem dvida, e s vezes com pequenos esforos; mas o que lhe falta vontade.

- Entre os defeitos e as imperfeies da alma qual a que pode ser considerada como principal?

- E do egosmo que provm todos os males. Estudando-se as imperfeies em geral, vemos que no fundo de todas elas reside o egosmo; ele incompatvel com a justia, com o amor e a caridade.

- Qual o meio egosmo?

- O egosmo diminuir com o predomino da vida moral sobre a material, e mais se desvanecer com o conhecimento que o Espiritismo nos d do nosso estado futuro, real e no desnaturado por fices alegricas. Desde que seja bem compreendido e se identifique com os costumes e as crenas, o Espiritismo transformar os hbitos, os usos e as relaes sociais, pois faz v-las de to alto que, at certo ponto, o sentimento da personalidade desaparece ante a grandeza do conjunto.

- Quais so os verdadeiros distintivos do homem de bem?

- O verdadeiro homem de bem o que pratica a lei de justia, de amor e de caridade em sua maior pureza. O verdadeiro homem de bem aquele que, interrogando sua conscincia, encontra-a desobrigada das ms aes, tais como a de ter violado a lei de Deus, ter procedido mal, ter deixado de fazer todo o bem que pde, ter deixado a algum motivo de se queixar dele, e, enfim, ter deixado de fazer a outrem tudo o que quereria que lhe fizessem.

- Pode o homem gozar na Terra a perfeita felicidade?

- No, mas dependem do homem o dulcificar os seus males e ser to feliz quanto possvel, num mundo de expiao como a Terra. O mais das vezes o homem o causador da sua prpria desgraa, mas, praticando o bem, evitam-se muitos males e proporciona-se a maior ventura que possvel nesta grosseira existncia. Se quereres ser feliz, s bom: eis a regra geral para todos. Se sofrermos, apesar de cumprirmos com os nossos deveres, devemo-nos resignar, confiar e esperar, pois Deus premiar nossas virtudes e compensar nossos sofrimentos.

- Existe uma medida comum de felicidade para todos os homens?

- Sem dvida; na vida material a posse do necessrio; na vida moral a conscincia limpa e a f no futuro.

- Porque, na sociedade, as classes que sofrem so mais numerosas que as felizes?

- Ningum completamente feliz: o que se chama felicidade encobre quase sempre grandes pesares, pois o sofrimento condio da Terra, visto ela ser um lugar de expiao de Espritos atrasados.

- Donde provm, em medo da morte?

- No h motivo para ter medo da morte; entretanto, isso tambm uma conseqncia do temor do inferno que lhes incutiram desde a infncia. Essas pessoas, quando chegam adolescncia, no podem admitir tal inferno, tornam-se ateias ou materialistas, e assim julgam que fora da vida presente nada existe. Aquele que for justo, a morte no inspira medo algum, pois a sua f o leva a ter certeza no futuro, e a caridade que praticou lhe assegura que no mundo onde vai entrar no encontrar nenhum ser cuja presena deva temer.

- Que devemos pensar do homem carnal?

- O homem carnal, mais apegado vida corporal que vida espiritual, s encontra na Terra penas e gozos materiais; sua ambio consiste na satisfao fugaz de todos os desejos. Sua alma, constantemente preocupada e afetada pelas vicissitudes da vida, est numa ansiedade e num tormento perptuo. A morte o horroriza, porque dvida do seu futuro e deixa na Terra todos os gozos e esperanas.

- Donde provm o desgosto da vida que se apodera de certos indivduos, sem motivos plausveis?

- Da falta de f no futuro, e, muitas vezes tambm, uma conseqncia da ociosidade.

- Que o materialismo?

- A doutrina materialista a sano do egosmo, fonte de todos os vcios; a negao da caridade, manancial de todas as virtudes; a justificao do suicdio e incompatvel com a moral, base da ordem social.

- Tem o homem direito a dispor de vida?

- No; o suicdio uma transgresso da lei de Deus. O suicdio a maior "crueldade" que o homem pode cometer consigo mesmo. O suicdio nasce do erro, alimenta-se na covardia e conduz ao tormento prprio. O suicdio converte as angstias da morte em suplcio e no as extingue.

COVARDIA, EGOSMO, IGNORNCIA, CEPTICISMO E ORGULHO, EIS AS CAUSAS DO SUICDIO; A TORTURA DE SI PRPRIO, O DESPREZO E O OLVIDO ALHEIOS SO A SUA CONSEQNCIA.

O suicdio, cujo fim seja evitar o aparecimento de uma ao ms, torna-se to condenvel como o causado pelo desespero?

- O suicdio no esconde as culpas de ningum e, pelo contrrio, neste caso h duas faltas em vez de uma. Quem tiver tido coragem para fazer o mal, preciso tambm t-la para sofrer-lhe as conseqncias.

- Que devemos pensar daquele que se suicida para alcanar mais depressa outra vida melhor?

- S pela prtica do bem que poder alcanar outra vida melhor.

- No meritrio o sacrifcio da vida, quando o fim. salvar a outrem, ou ser til aos nossos semelhantes?

- Isso sublime conforme for inteno. O sacrifcio da vida no suicdio quando h desinteresse e no est manchado pelo egosmo.

- Qual o sentimento que, no momento da morte, predomina no maior nmero dos homens? - A dvida, o temor ou a esperana?

- A dvida, nos cpticos endurecidos; o temor, nos culpados; a esperana, nos homens de bem.

- As penas e os gozos da alma, depois da morte, tm alguma coisa de material?

- No podem ser materiais, porque a alma no matria. Essas penas e gozos no so materiais, e, entretanto "so mil vezes mais sensveis" do que as que se podiam experimentar na Terra, pois, no estado espiritual, a alma muito mais impressionvel, visto no estar com as suas sensaes embotadas pela matria.

- Que se deve pensar do homem que, sem fazer o mal, tambm no emprega esforos para sacudir o jugo da matria?

- Permanece estacionrio, e longo o sofrimento da expiao.

- O homem perverso, que no reconheceu as suas faltas durante a vida terrestre, reconhece-as sempre depois da morte?

- Indubitavelmente, e ento sente todo o mal que fez ou de que se tornou causa voluntria.

- O arrependimento sincero, durante a vida, basta para apagar nossas faltas e para que Deus nos perdoe?

- O arrependimento sincero favorece o melhoramento do Esprito, mas preciso expiar as faltas cometidas.

- As faltas podem ser redimidas?

- Sim, pela reparao; mas no se redimem com algumas privaes pueris, nem com donativos para depois da morte e quando j no se necessita mais deles. A perda de um dedo no trabalho resgata mais faltas do que o cilcio de anos inteiros, sem outro fim que o da prpria convenincia, visto no beneficiar a ningum. S com o bem que se repara o mal.

- No se tem mrito em assegurar para depois da morte um emprego til aos bens que se possuem?

- Algum mrito h, porm, aquele que somente faz benefcios para depois da morte mais egosta que generoso. Quem fizer sacrifcios durante a vida tem mrito muito maior.

- Aquele que no ato da morte reconhece as suas faltas e no tem tempo para repar-las, basta o arrependimento?

- O arrependimento apressa a reabilitao, porm, no absolve. O homem tem diante de si um futuro eterno para reparar suas faltas.

- A durao dos sofrimentos ser arbitrria ou est sujeita a alguma lei?

- Deus nunca obra por capricho; tudo no Universo est submetido a leis em que se revela a justia, a bondade e a sabedoria divinas.

- O inferno e o paraso existem tais como o homem os representa?

- No existe uma determinao absoluta dos lugares de castigo e de recompensa, a no ser na imaginao de certos homens. As almas esto disseminadas por todo o Universo.

- Em que sentido se deve entender a palavra cu?

- Deve considerar-se como cu o espao universal, os planetas, as estrelas e todos os mundos superiores, onde as almas elevadas desfrutam a felicidade, sem sentirem as tribulaes da vida material ou as angstias inerentes inferioridade. A Terra um dos mundos de expiao, e os Espritos ou almas que a habitam precisam lutar contra a perversidade de si mesmos e contra a inclemncia da Natureza, trabalho esse muito penoso, mas que serve ao mesmo tempo para desenvolver as qualidades do corao e as faculdades da inteligncia. Por esse modo, Deus faz "que o castigo reverta em benefcio do progresso do prprio Esprito".

- Que se eleve entende, - por purgatrio?

- E' a expiao. A Terra , para muitos, um verdadeiro purgatrio, onde Deus os faz expiar as suas faltas.

- Que se deve entender por alma penada?

- Todo Esprito errante que sofre, incerto do seu futuro, uma alma penada.

- A bno ou a maldio pode atrair o bem ou o mal sobre quem elas so proferidas?

- A Providncia jamais deixou de ser justiceira; a bno somente pode alcanar aquele que se tornou digno dela; a maldio tambm no produz efeito seno sobre aquele que se tornou malvado.

- Porque Jesus expulsou do templo os mercadores?

- Jesus expulsou-os porque condenava o trfico das coisas santas, "sob qualquer forma que fosse". Deus no vende a sua bno, nem o seu perdo, nem a entrada "no reino dos cus", e, portanto, o homem no tem direito a receber paga disso ou mesmo das oraes que faz.

- No estado espiritual, que conseqncias produz o arrependimento?

- O desejo de uma nova encarnao para reparar as faltas.

- Que se deve pensam do dogma: "Fora da Igreja no h salvao?"

- Esse dogma exclusivista e absurdo; em vez de unir os homens, divide-os; em vez de excitar o amor entre irmos, mantm e sanciona a irritao entre os sectrios dos diferentes cultos, os quais se passam a considerar como malditos na eternidade, embora sejam parentes ou amigos neste mundo. A mxima: "Sem caridade no h salvao", a consagrao da igualdade ante Deus, e da liberdade da conscincia.

- Pode considerar-se a paternidade como misso?

- Sem dvida que uma misso e ao mesmo tempo uma responsabilidade muito grande que se toma "para o futuro", pois os filhos so colocados sob a tutela dos pais para que estes os guiem no caminho do bem.

- Que se deve entender pelas palavras de Jesus: "honra teu pai e tua me"?

- Esse mandamento uma conseqncia da lei de caridade e de amor ao prximo, pois no se pode amar a este sem amar os pais.

O amor obriga-nos ao respeito, submisso e s consideraes que devemos ter para com os nossos pais. Honrar seu pai e sua me no s respeit-los; tambm implica o dever de assisti-los em suas necessidades, proporcionar o descanso na velhice, rodeando-os de solicitude, assim como eles nos fizeram em nossa infncia. Esse dever tambm se estende para com aquelas pessoas que fizeram s vezes dos pais, e que por isso mesmo tm mais mrito, visto a sua abnegao no ser to obrigatria como a destes. Toda violao a este mandamento constitui grande falta, que se expiar com grandes sofrimentos.

- Porque que os homens mais inteligentes so s vezes os mais radicalmente viciosos?

- O Esprito pode ter adiantado num sentido, mas no em outro. Enfim, todos devero progredir moral e intelectualmente, e isso se equilibrar com o tempo.

- Porque so materialistas tantos homens de cincia?

- Porque julgam saber tudo e no admitem que coisa alguma seja superior ao seu entendimento. A prpria Cincia os torna presunosos e julgam que nada lhes oculto na Natureza; esquecem que os homens da Cincia ridicularizaram em outro tempo a Colon, a Newton, a Franklin, a Janner e que, no presente sculo, tambm repeliram o Hipnotismo. Se eles tm feito coisas anlogas em todas as pocas, que motivo h para estranhar neguem hoje a existncia de Deus e a da alma, que pertencem exclusivamente ao domnio da Metafsica?

- Que misericrdia?

- A misericrdia a virtude que consiste na compaixo e na piedade pelos sofrimentos alheios, e que resulta do esquecimento e do perdo das ofensas. O esquecimento e o perdo das ofensas so qualidades das almas elevadas, que esto fora do alcance do mal. Com que direito solicitaremos o perdo das nossas faltas se no tivermos antes perdoado as dos outros?

- Que caridade?

- A caridade a virtude por excelncia, que deve conduzir todos os povos felicidade.

- Que virtude?

- A virtude, em sua mais elevada acepo, o conjunto de todas as qualidades essenciais do homem de bem. Ser bom, caritativo, laborioso, sbrio e modesto so as qualidades do homem virtuoso.

- Que pacincia?

- A pacincia a resignao e a submisso a todos os nossos sofrimentos, tanto fsicos como morais, pois o a que chamamos mal, quase sempre reverte em nosso beneficio.

- Que probidade?

- A probidade faz parte da justia. O homem probo deve ser reto, honrado, bondoso, e ter pureza e integridade da alma em todos os seus atos; amar a justia e a equidade, e jamais se apropriar dos bens de outrem.

- Que a indulgncia?

- A indulgncia um sentimento doce e fraternal que faz esquecer as faltas e os defeitos do nosso prximo. A indulgncia muito conciliadora e boa conselheira.

- Que devemos pensar do perdo?

- Quando perdoarmos ao nosso prximo. No devemos contentar-nos em correr o vu do esquecimento sobre as suas faltas, mas tambm procurarmos fazer tudo quanto pudermos em seu benefcio.

- Quais os principais males do homem?

- A clera, o orgulho, o egosmo, a avareza e a inveja so os mais fatais e piores que o frio, a fome e a sede. A clera arrasta o homem desobedincia, compromete a sua sade, e, s vezes, a vida. O egosmo o maior obstculo felicidade dos povos, pois dele se originam todas as misrias, e a negao da caridade. A avareza exclui o exerccio de um grande nmero de virtudes, porque prende a alma aos bens terrestres. A inveja produz o pesar e o desgosto pela felicidade alheia, e um sentimento vil e indigno. O orgulho a causa das grandes ambies e das dissidncias entre os povos.

- Que devemos julgar do uso do fumo?

- O uso do fumo mau, porque estraga a sade que nos compete conservar para podermos cumprir nossa misso.

- E da bebida?

- E til quando se toma a estritamente necessria manuteno das foras do organismo, mas, desde que tomada em excesso, torna-se um vcio repugnante que deve ser corrigido quanto antes.

- E do jogo?

- O jogo uma paixo funesta que pode arrastar o homem ao suicdio e fazer que ele se converta num dos seres mais egostas da. Terra. O jogador um parasita social que esquece todos os sentimentos nobres, e, s vezes, a sua sede insacivel de ouro leva-o a ponto de sacrificar a famlia, ou mesmo os semelhantes, sua paixo.

III

A almaQuantos princpios h no homem? Trs, a saber.1. - O corpo, anlogo ao dos animais e animado por um mesmo princpio vital;

2. - A alma, ser imortal ou Esprito encarnado no corpo;

3. - O perisprito, lao intermedirio que liga a alma ao corpo, espcie de invlucro semimaterial.

- Que a alma?

- Um Esprito que encarnou.

- As almas e os Espritos so coisa?

- Sim, pois antes de se unir alma era um dos seres inteligentes que povoam a mundo invisvel.

- Qual a natureza ntima da alma?

- Isso ainda incompreensvel para o homem da Terra.

- Que vem a ser a alma aps a morte?

- Torna-se Esprito.

- A alma conserva a sua individualidade depois da morte?

- Sim, no a perde nunca.

- Como que a alma manifesta a sua individualidade no mundo dos Espritos?

- Por meio do seu perisprito, corpo fludico que lhe prprio, e que se modifica de acordo com o seu progresso.

- Que leva a alma consigo deste mundo?

- A recordao do bem ou do mal que praticou.

- Que sente a alma no momento da morte?

- Conforme tiver sido a sua vida, assim ela experimenta uma sensao agradvel ou desagradvel. Quanto mais pura ela for, tanto melhor compreende a futilidade dos gozos que deixou na Terra.

- Que sensao tem a alma quando se reconhece no mundo dos Espritos?

- Conforme: se ela praticou o mal, sente-se envergonhada de o ter feito; se praticou o bem, sente-se aliviada, acha-se tranqila e feliz.

- E dolorosa a separao entre a alma e o corpo?

- No; a alma apenas sente uma perturbao e esta desaparece pouco a pouco.

- Todas as almas experimentam essa perturbao com a mesma durao e intensidade?

- Isso depende do adiantamento delas. A alma que est, purificada se reconhece quase imediatamente, ao passo que as outras conservam, s vezes por muito tempo, a impresso da matria.

- O conhecimento do Espiritismo influi de algum modo sobre a durao mais ou menos longa da perturbao?

- SIM E MUITO, pois o esprita compreende com antecedncia a sua situao, mas isso no o exime do sofrimento que ele possa merecer. A PRTICA DO BEM E A CONSCINCIA S influem mais que qualquer conhecimento sobre o estado espiritual.

- Os pais limitam-se a dar aos seus filhos um corpo animal, ou tambm lhes transmitem uma parte da sua alma?

- Somente lhes do o corpo, pois a alma indivisvel, e a prova disso est em que um homem boal pode ter filhos de talento e vice-versa.

- Os animais tm alma?

- Sem dvida, pois alguns tm inteligncia, sensibilidade e vontade, embora essas faculdades estejam limitadas sua condio de ser irracional.IV

Os espritos- Que o Esprito?

- O princpio inteligente do Universo.

- Que definio se pode dar dos Espritos?

- Pode dizer-se que so os seres inteligentes da Criao, e que povoam o Universo, fora do mundo material.

- Os Espritos ocupam uma regio determinada e circunscrita no Espao?

- Eles esto em toda a parte. Entretanto, nem todos podem ir aonde querem, pois h regies que esto vedadas aos menos adiantados.

- Empregam os Espritos algum tempo em percorrer o Espao?

- Sim, porm isso rpido como o pensamento, pois vontade dum Esprito exerce mais poder sobre seu corpo fludico ou perisprito que, enquanto encarnado, podia exercer sobre um corpo grosseiro e denso.

- A matria serve de obstculo aos Espritos?

- No, pois tudo penetrado por eles: o ar, a terra, a gua e at mesmo o fogo, assim como o cristal penetrvel aos raios solares.

- Os Espritos superiores vm aos mundos inferiores?

- Descem a eles a todo o momento, a fim de os ajudar a progredir intelectual e moralmente. H um exemplo disso em Jesus.

- Os Espritos experimentam as mesmas necessidades e sofrimentos fsicos que ns?

- Conhecem-nos porque passaram por eles, mas no os sentem do mesmo modo que ns visto carecerem de corpo material.

- Os Espritos sentem cansao?

- No, pois carecem de rgos cujas foras precisem ser reparadas.

- H algum nmero determinado de graus perfeio entre os Espritos?

- E ilimitado, pois o progresso infinito.

- Qual o carter dos Espritos imperfeitos?

- Predomnio da matria sobre o Esprito, propenso ao mal, ignorncia, orgulho, egosmo e todas as ms paixes que dai se derivam. Tm intuio de Deus, mas no compreendem quais possam ser os seus atributos, ou ento o orgulho faz que o neguem.

- Qual o carter dos Espritos elevados?

- Nenhuma influncia da matria; superioridade intelectual e moral. J no tm provas e privaes a sofrer, mas devem ainda progredir intelectual e moralmente.

- H Espritos que foram criados bons e outros maus?

- Todos os Espritos foram criados simples e ignorantes.

- No existe, pois o demnio, no sentido que se liga a esta palavra?

- No; porque, se existisse, seria obra de Deus e, assim, Deus no teria procedido com justia e bondade criando seres consagrados eternamente ao mal. Todos os Espritos tm forosamente de atingir a perfeio; eis a lei do Criador.

- Os Espritos podem degenerar?

- No; eles podem permanecer estacionrios, mas nunca retrocedem.

- No poderia Deus evitar aos Espritos as provas e os sofrimentos?

- Sem luta, onde estaria o mrito? A verdadeira felicidade originada das lutas e dos sofrimentos, e sem isso ela no poderia ser obtida.

- Todos os Espritos passam pelo mal antes de atingirem a perfeio?

- Pelo mal, no, mas sim pela imperfeio e pela ignorncia.

Porque uns seguem o caminho do bem, outros seguem o do mal?

- Por causa do livre arbtrio. Sem liberdade no h responsabilidade das faltas, ou mrito nas boas aes.

- De que modo se instruem os Espritos?

- Estudando o seu passado e inquirindo os meios de se elevarem no progresso infinito.

- Os Espritos conservam algumas das paixes que tinham na Terra?

- Os Espritos adiantados, ao deixarem o invlucro material, conservam as boas paixes e esquecem as ms. Os Espritos inferiores conservam s vezes as ms paixes que tinham na Terra.

- Os Espritos necessitam de luz para ver?

- Os que no esto envoltos em trevas, por causa de mau procedimento, no precisam de luz exterior para ver, pois tm em si a sua prpria luz.

- As faculdades de ouvir em todo o ser espiritual?

- Todas as percepes so atributos do Esprito e fazem parte do seu ser.

- O poder e a considerao de que o homem goza, na Terra, lhe do superioridade no mundo dos Espritos?

- No mundo dos Espritos s se reconhece superioridade moral e intelectual.

- Qual a natureza das relaes entre os Espritos bons e os maus?

- Os bons procuram combater as ms inclinaes dos maus, a fim de os ajudar a progredir. Os maus, pelo contrrio, procuram induzir ao mal os que ainda so inocentes.

- Os Espritos que no so simpticos podem chegara s-lo?

- Todos o sero medida que aperfeioarem.

- O Esprito recorda-se das suas passadas existncias?

- Sim, se ele o deseja; do mesmo modo que um viajante procura recordar-se das peripcias de viagens j efetuadas.

- O invlucro material um obstculo livre manifestao das faculdades do Esprito?

- Sim, do mesmo modo que um vidro opaco se ope livre passagem da luz.

- Depois da morte, os Espritos conservam o amor da ptria?

- Para os Espritos elevados ptria o Universo.

- Os Espritos so sensveis recordao daqueles a quem amaram na Terra?

- Muito, e essa recordao aumenta sua felicidade, se j so felizes; ou lhes serve de alivio, se so desgraados.

- Sero eles sensveis s honras que se fazem aos seus despojos mortais?

- Em geral no, porque compreendem a futilidade de todas essas coisas, mas h alguns que conservam em parte as preocupaes materiais.

- O Esprito que se considera bastante feliz pode prolongar indefinidamente esse estado?

- Indefinidamente no, pois o progresso uma necessidade que cedo ou tarde sentida pelo Esprito. Todos devem progredir, eis o destino

- Os Espritos participam de nossas desgraas e se afligem com os males que nos atingem?

- Os Espritos bons participam de nossas alegrias e se afligem quando no suportamos com resignao o a que chamamos males, pois vem que assim no tiraremos resultado, qual acontece ao enfermo que recusa o remdio que o deve curar.

- Quais dos nossos males afligem mais os Espritos bons; sero os fsicos ou os morais?- Os morais. Eles se afligem pelo nosso egosmo e dureza de corao, e dai que se origina todo o mal.

- Que se deve entender por anjo de guarda?

- Um Esprito de ordem elevada que nos assiste, durante nossa permanncia na Terra, e que nos aconselha por intermdio da nossa conscincia.

- Os Espritos podem aliviar algum e atrair a prosperidade?

- As leis divinas so imutveis e todos tm de se submeter a elas; mas, no obstante, os Espritos podem ajudar-nos a ter pacincia e resignao para suportarmos os males que nos devem conduzir ao bem.

- Os Espritos tm alguma outra ocupao a no ser a de se melhorarem individualmente?

- Sim, pois a vida esprita uma ocupao constante e nada tem de penosa para os bons Espritos.

- Em que consiste a felicidade dos Espritos bons?

- Em no ter dios, inveja, ambio ou qualquer das paixes que fazem desgraados os homens. O amor que os une para eles origem de suprema felicidade, e so felizes pelo bem que praticam.

- Em que consistem os sofrimentos dos Espritos inferiores?

- Em invejarem tudo o que lhes falta para serem felizes, e no quererem trabalhar para consegui-lo. Consiste tambm no dio, no desespero e na ansiedade a que o seu estado d origem.

- Quais os maiores sofrimentos que os Espritos podem experimentar?

- No se podem descrever todos os sofrimentos morais correlativos a certos crimes; entretanto, o maior castiga que eles podem sofrer A CRENA DE ESTAREM ETERNAMENTE CONDENADOS.- Donde procede, a eterno doutrina do fogo?

- Imagem, como muitas outras, tomada pela realidade, e que j no atemoriza ningum.

- Os Espritos inferiores compreendem a felicidade do justo?

- Sim, e isso que faz o seu suplicio.

- Pode ser eterna a durao dos sofrimentos?

- No, porque Deus no criou seres consagrados eternamente ao mal. Tarde ou cedo se desperta neles a irresistvel necessidade de sarem do seu estado de inferioridade e serem felizes.

- O Esprito separado do corpo pode comunicar-se conosco?

- Sim, pode e f-lo muitas vezes.

- Por que meio o faz?

- Servindo-se dos mdiuns.

- Que vem a ser um mdium?

- E' uma pessoa apta a receber as comunicaes dos Espritos, seja pela escrita, pela audio, pela vidncia ou por qualquer outro meio.

- Todos podem ser mdiuns?

- Sim; em geral, todos podem s-lo, exercitando-se pacientemente durante um tempo mais ou menos longo.

- A mediunidade til quele que a Possui?

- Sim; no somente a ele, mas a todos em quem os ensinamentos dos Espritos podem inspirar pensamentos salutares, sentimentos louvveis.

- Todos os Espritos se podem comunicar?

- Sim, quando Deus o permite.

- Porque d Deus essa permisso aos Espritos maus?

- Para servirem de ensino aos homens, mostrando-lhes a que triste estado os maus se acham reduzidos no outro mundo; e para que, por nossas instrues e nossas preces, eles adquiram bons sentimentos e se regenerem.

- Como reconhecemos que um Esprito bom?

- Por suas comunicaes, que no podem deixar de ser morais; por sua linguagem, que nunca ser frvola e lisonjeira, seja para si prprio, seja para aqueles a quem se dirige.

- Como devemos tratar os Espritos maus, atrasados e imperfeitos?

- Devemos moraliz-los, instru-los e orar por eles.

- Quais so as principais mediunidades?

- So: a tiptolgica, a sematolgica, a psicogrfica, a auditiva, a vidente, a sonamblica, a intuitiva e a de materializaes.

- Explicai esses termos?

- O mdium tiptlogo recebe as comunicaes dos Espritos por pancadas, mais ou menos fortes, nos objetos materiais que o cercam; o sematlogo, por sinais com antecedncia combinados, como o movimento de mveis em sentido determinado; o psicgrafo, por escrito; o auditivo, ouvindo-lhes a voz; o vidente, vendo seus perisprito, que ento tomam a forma que tiveram na vida terrena; o sonmbulo, emprestando-lhes o seu corpo, do qual o Esprito de apossa momentaneamente, servindo dele como se fosse o seu prprio; e o de materializaes fornecendo seus fluidos animalizados para que, combinando-os com os que se encontram no espao, o Esprito apresente uma forma visvel e tangvel para todos.

- Quais so os melhores mdiuns?

- Os que recebem as melhores comunicaes.

- Qual deve ser a conduta dos mdiuns?

- Nunca devem esquecer que a sua faculdade lhes pode ser retirada, e nunca abusar dela, seja para a satisfao de uma curiosidade v ou para outro qualquer fim sem utilidade para a instruo e o progresso de todos.

- A mediunidade ser uma novidade?

- No; ela foi praticada em todos os tempos; porm, em conseqncia do abuso que disso faziam, Moiss proibiu a sua prtica aos Israelitas.

- Citai algumas provas da antiguidade dos mdiuns.

- Scrates era inspirado por um Esprito familiar, Saul evocou o Esprito de Samuel.

- H vantagem em praticar o Espiritismo,

- Sim; contanto que se no abuse.

- Como se deve pratic-lo?

- Desenvolvendo suas mediunidades, assistindo regularmente s sesses de evocaes, moralizando os Espritos inferiores ou ajudando aos sofredores, e, finalmente, seguindo os conselhos dos Espritos guias.

- Como se pode abusar do Espiritismo?

1., fazendo evocaes para divertir-se;

2., recebendo comunicaes pueris;

3., evocando Espritos para receber pagamentos dos que desejam ouvi-los.

- H perigo para algum em receber comunicaes estando s?

- Sim; perigo real. Os mdiuns que as recebem, nessas condies, ficam quase sempre obsidiados no fim de pouco tempo.

- Pode-se assistir a reunies espritas com toda classe de gente?

- No; somente com pessoas se renam para o bem.

- Deve-se procurar ser mdium?

- Sim; para ser-se til aos homens, aos Espritos e a si prprio.

- E' permitido ao mdium recusar seus servios?

- A mediunidade um dom de Deus e o mdium no deve recusar seu concurso a uma obra til.

- Que condies devem uma boa sesso de evocao?

- O recolhimento, a prece, a paz de conscincia e o desejo de fazem o bem.

- Os Espritos podem ter influncia sobre ns, quando nos achamos fora das reunies espritas?

- Sim; e essa influncia, por nem sempre desconfiarmos dela, no deixa de ser real e muito importante.

- Todos esto sujeitos a essa influncia? - Sim; mesmo os que no conhecem o Espiritismo.

- Como se exerce ela?

- Os Espritos obram sobre o nosso pensamento, sem que ns nos apercebamos disso; eles atuam, muitas vezes, materialmente sobre ns, pelo emprego do fluido, como faz o magnetizador.

- Essa influncia sempre boa?

- Depende do sentimento do Esprito: se ele bom, sua influncia salutar; se mau, a influncia perniciosa. Convm, pois chamar a si os bons Espritos e afastar os maus.

- Como Deus, que bom, permite que os maus Espritos nos venham induzir ao mal ou fazer-nos sofrer?

- Para nos experimentar. Porque permite que o homem mau aconselhe os outros a praticarem um crime? O caso idntico. Alm disso, os Espritos maus no podem fazer o mal que desejam, sobretudo se a ns chamamos os bons.

- Estaro os bons Espritos sempre dispostos a proteger-nos?

- Sim; se os chamarmos. Deus deu a cada um de ns um protetor, guia, ou anjo de guarda.

- Basta a orao para afastar os Espritos perversos?

- Certamente no; preciso fazer-se sempre o bem.

- Que uma obsesso?

- A unio de um Esprito mau a uma pessoa, com o fim de atorment-la e faz-la praticar atos ridculos ou maus. Nessas condies, tal pessoa fica como se fosse atacada de demncia.

- Os mdiuns esto muito expostos obsesso?

- Sim, quando trabalham isoladamente e quando, sem exame srio, aceitam tudo o que os Espritos dizem.

- Como podemos fazer cessar a obsesso?

1., pela prece;

2., pela moralizao dos Espritos maus;

3., pelo abandono de todas: as mediunidades que se possua.

V

Reencarnao- Como denominais o fato de poder um Esprito habitar sucessivamente muitos corpos?

- Reencarnao.

- Porque devemos crer na reencarnao?

- Porque s ela explica materiais, intelectuais e morais entre as diferenas que se notam entre homens.

- Quais so as diferenas materiais?

- As de fortuna, sade, conformao fsica e outras.

- Quais so as diferenas intelectuais?

- As que resultam do grau de inteligencia cada um.

- Quais so as diferenas morais?

- As que se originam dos diferentes graus de virtude e de vcio de cada um.

- A reencarnao ser um fato provado?

- Sim, pelas aptides inatas dos homens e pelas revelaes dos Espritos.

- Ser nova essa crena?

- No; mesmo dos mais remotos tempos, os maiores homens a professaram.

- Jesus professou-a?

- Sim, a Bblia o atesta em muitos pontos.

- O Esprito se encarnar sempre em condies mais felizes que as que deixou?

- E o que acontece o mais das vezes, porm o contrrio tambm se pode dar.

- Qual a razo disso?

- E' que, quando o Esprito conhece as causas que produziram a situao em que se acha, e o que deve fazer para dela sair, pede a encarnao em que melhor possa expiar e reparar suas faltas.

- Donde provm as diferenas que notamos entre os Espritos encarnados?

- De suas vidas anteriores.

- Como se explica o fato, tantas vezes observado, da manifestao de grandes talentos em crianas?

- Pelas aptides inatas.

- Que entendeis por aptides inatas?

- A recordao vaga das encarnaes precedentes. Mozart compondo msica, com a idade de sete anos uma prova disso.

- Citai outros exemplos?

- H muitos: dentre eles citaremos o de Pascal, matemtico aos doze anos; o de Mondeux, que com sete anos de idade no encontrava problema que o embaraasse; o de Fritz-Van-de-Kerckove, que aos dez anos era pintor; o de Jaques Inaudi, hbil calculador aos oito anos, etc.

- Podemos atribuir tambm a essa causa a precocidade de certos criminosos?

- Certamente; o criminoso um Esprito imperfeito que se desviou do bom caminho.

- Os selvagens so seres como ns?

- Sim; so Espritos que tm progredido poucos.

- Qual a necessidade de renascermos muitas vezes?

- A do nosso aperfeioamento, a fim de nos tornarmos dignos da felicidade que Deus nos reserva.

- Onde reencarnam os Espritos?

- Na Terra e noutros mundos a que chamamos planetas e estrelas.

VI

Astronomia- Que a Terra em que habitamos?

- E um dos planetas que giram ao redor do Sol.

- A Terra foi sempre habitada?

- No, antes da sua formao, era uma espcie de massa gnea que se foi esfriando pouco a pouco. As plantas apareceram primeiras, depois os animais, e por fim o homem. - O nosso Sol ilumina somente a Terra que habitamos?

- No, ele tambm alumia outros planetas, tais como Mercrio, Vnus, Marte, Jpiter, Saturno, Urano, Netuno, etc.

- Como pode a Terra ser comparada a esses planetas?

- Urano 74 vezes maior que a Terra, Netuno mais 100 vezes, Saturno 864 e Jpiter 1.300. Portanto, a Terra um dos menores planetas do sistema solar.

- Que a Lua?

- E' um satlite da Terra.

- Todos os planetas tm luas?

- Nem todos; porm, Urano tem quatro luas ou satlites; Saturno oito, alm de dois imensos anis que o circundam; e Jpiter, quatro. Esse mundo colossal, Jpiter, no est, como a Terra, sujeito s vicissitudes das estaes nem s bruscas alternativas da temperatura: " favorecido com uma primavera constante".

- Que so as estrelas?

- So sis alguns deles, no obstante serem milhes de vezes maiores que o nosso, parecem pequenos, porque esto a imensas distncias do nosso mundo.

- Esses nosso sis iluminam terras como o nosso?

- Indubitavelmente, pois todos eles devem ser centros de sistemas de outros mundos a que do luz e calor.

- Para que foram criados esses mundos?

- Deus nada criou de intil. Esses mundos so habitados por seres, que, como ns, tambm esto progredindo, num sentido ou noutro.

- O espao infinito?

- Sem dvida. Se lhe supuserdes um limite, que haver alm dele?

- Existe o vcuo absoluto?

- No; o prprio espao ocupado por um elemento que a Cincia denomina ter.

- Que o Universo?

- O Universo compreende a infinidade dos mundos que o povoam no espao infinito, todos os seres animados e inanimados, todos os astros, todos os fluidos e todos os seres espirituais.

- Como se formam os mundos?

- Pela condensao da matria disseminada no espao, ou matria csmica.

- Os mundos tambm desaparecem?

- Com o tempo, tudo se transforma no Universo, a fim de se cumprir lei do progresso.

- A constituio fsica dos mundos a mesma em todos eles?

- No, pois eles s vezes diferem em tudo, e do mesmo modo sucede com os seres que os habitam. A harmonia geral, em vez de se enfraquecer pela variedade das formas, fortalece-se pela diversidade dos meios.

- Que se deve entender pelas palavras de Jesus: Em casa de meu Pai h muitas moradas?.

- Que a casa de Deus o Universo, e que as diferentes moradas so os mundos que circulam no espao infinito.

- Como se classificam os mundos?

- A escala dos mundos infinita; entretanto, todos eles podem ser classificados do seguinte modo.Mundos primitivos, onde a alma faz as suas primeiras encarnaes.

Mundos de expiao e de provas, onde, como na Terra, dominam o mal e os sofrimentos fsicos e morais.

Mundos de regenerao, onde as almas adquirem novas foras e descansam das fadigas da luta.

Mundos felizes, onde predomina o bem sobre o mal.

Mundos celestes e divinos, onde impera somente o bem e no se conhecem os sofrimentos fsicos nem os morais.

VII

APNDICE

Considerando a prece(Dilogo)

P. - Que prece?

R. - Um ato de f e humildade, da criatura para com o Criador.

P. - Haver frmulas determinadas para esse ato?

R. - No. Todas as frmulas so plausveis, pois o que vale a inteno.

P. - E se a inteno no aparente, ou convencional?

R. - Deixa de haver prece.

P. - No basta, ento, querer e pedir?

R.- E preciso antes compreender e sentir o que se pede.

P. - Mas, como explicar o efeito positivo de certas preces, em alguns casos?

R. - Pela f, como pelo merecimento dos postulantes, de vez que nada ocorre por acaso, revelia da Lei.

P. - Que lei?

R.- A lei divina, que est inscrita na conscincia de toda criatura na pensante, e que definimos por Amor e Justia.

P. - Mas, se nem todos podem amar nem saber para bem julgar?

R. - O amor, que a virtude das virtudes, por excelncia, foi dado em germe a todas as criaturas, a fim de se integrarem nos desgnios de Deus. O que chamamos - o mal - no informa, antes confirma a existncia do amor, que o bem.

P. - Que dizer ento?

R. - Que, quem ama o mal, ama alguma coisa e apenas no sabe, ou no pode, de outra forma, utilizar a faculdade latente e incoercvel.

P. - E como explicar essa disparidade de aptides nas criaturas de Deus?

R. - Pela diversidade de graus na escala da evoluo dos Espritos.

P. - Mas, sendo eles, os Espritos, criados em p de igualdade absoluta, como admitir a diversidade de graus?

R. - Primeiro, porque Deus no cessa jamais de criar, e segundo porque, no exerccio do seu livre arbtrio, pode a criatura, em gamas infinitas, no evoluir, alterar e retardar o ritmo de sua prpria evoluo.

P. - E poderamos conceber que Deus no pudesse melhor obra, criando-nos perfeitos, antes que perfectveis?

R. - A razo humana limitada. Querer penetrar os desgnios de Deus, fora loucura.

No sabemos o essencial de coisa alguma, no nos conhecemos a ns mesmos. Entretanto, vivemos, e os postulados da conscincia nos advertem de que no h efeito sem causa.

P. - E da?

R. - Razo maior para aceitarmos a vida como se nos ela apresenta. Para efeitos inteligentes, causa inteligente.

P. - Mas os cpticos, os negadores de todos os tempos, criaturas inteligentes, sbias, racionalistas, tambm...

R. - Em substncia, nada de positivo e concreto demonstraram, a no ser que o negativismo ainda uma prova da realidade de Deus, visto que ningum concebe a negao do inexistente. De nada, nada.

P- E a Revelao Esprita nos dar da Entidade Divina uma prova positiva, integral, absoluta?

R. - Indiretamente, sim

P - Porqu?

R. - Porque demonstra sobrevivncia integral do ser eternidade.

P. - Mas ... Deus?

R. - Em imanncia de causa, claro que melhor se entremostra na dilatao dos efeitos. E pela maior compreenso do Universo que melhor sentimos a existncia de Deus e a necessidade da prece.

P. - Mas dir-se- que Deus tenha necessidade das nossas preces?

R. - Absolutamente. Ns que temos necessidade de orar a Deus, e por isso dissemos que a prece antes deve ser sentida que articulada.

P. - Ento, as crianas? Como podem elas orar?

R. - As crianas devemos ensinar a orao compatvel com o desenvolvimento do seu raciocnio, tendo em vista, sempre, as frmulas simplificadas e capazes de lhes suscitar confiana, antes que temor de castigos, ou esperanas vs de prmios fantasistas e ilusrios.

P. - Serviria, ento, o "Pai Nosso"?

R. - A orao dita dominical, a nica que Jesus autorizou formalmente, , na sua consubstancial singeleza, a mais profunda das oraes. Podendo ser aproveitada em funo exemplificadora, ela, como quaisquer outras oraes, formuladas ou improvisadas, precisa ser compreendida e sentida. Repita-se: a prece no um ato formal, nem verbal, mas essencialmente emocional. Um pensamento, um olhar, uma lgrima e at um sorriso, podem melhor traduzi-Ia que um milho de palavras.

P. - Ento, as missas litrgicas?

R. - Eu disse que tudo vale pela inteno. Toda prece sincera, todo pensamento de amor, aproveita a quem d e a quem recebe .

Por isso, os Espritos elevados nos disseram que a prece emocional aproveita sempre.

P. - Mas, se Jesus disse que o Pai sabe o de que necessitamos, no se justificaria deixssemos correr nosso destino merc da Lei inelutvel?

R. - O homem orgulhoso e mal conhece a Lei. Ignorante do passado, ignorante do futuro, uma vez na Terra, sobrecarregado de faltas, esquecido de sua origem, tudo pede ao mundo e no mundo, para concluir estouvadamente que s no cabe pedir ao Senhor do mundo! Entretanto, por justificar a hiptese, necessria lhe fora reconsiderar o mundo das causas, onde engendrou a necessidade de recorrer s fontes da divina misericrdia.

P. - E como conciliar a misericrdia com a justia de Deus, se a Lei absolutamente ntegra?

R. - A misericrdia no fragmentao, diminuio, nem alterao de Lei; antes um elemento de exao, no sentido de revigoramento das energias morais ou fsicas do recorrente, por bem cumprir a sentena que se imps na carne e pela carne.

P. - E com relao aos desencarnados?

R. - E a mesma coisa, porque no plano astral se refletem os atos do encarnado, que pode sofrer tanto ou mais do que na Terra.

P. - Mais do que na Terra?

R. - Sem dvida, visto que, mais tnue e delicado o seu invlucro, mais vivas se lhe tornam as idias e as sensaes.

P. - Mas, os Espritos superiores tambm tero necessidade de orar?

R. - Todos o fazem, ainda os da mais alta hierarquia, como Jesus.

P. - Que necessidade podem impelir prece um Esprito como Jesus?

R. - O conhecimento da obra de Deus, atento a que a Cincia Universal indefinida e imanente qual o prprio Deus...

P. - Acredita que mal posso compreend-lo?

R. - Sim. Concordo em que no fcil ultrapassar a barreira das nossas concepes limitadas. O conhecimento do inefvel antes fruto de intuio que de observao, e toda intuio uma iluminao.

P. - A cincia da Terra nada produz ento?

R. - No h, propriamente, uma cincia da Terra, porque tudo de Deus e vem de Deus. A cincia humana aproveita ao homem e desenvolve o Esprito para atividades mais amplas no plano espiritual.

A cincia da Terra tambm modalidade integrante do plano divino, facultando ao encarnado cooperar direta e ativamente na. Evoluo csmica do planeta.

P. - Neste caso, e o materialismo cientfico?R. - E uma expresso balda de sentido na acepo espiritista.

P. - Porqu?

R. - Porque o crente espiritista sabe que atrs de todo fenmeno aparente est a realidade de um fator inteligente. E o Esprito que vivifica a matria.

P. - Voltando prece: acha-a, ento, indispensvel?

R. - Tanto como o ar atmosfrico vida orgnica, porque ela bem o alimento da alma.

P. - Mas h criaturas que no oram, que nunca balbuciaram uma prece...

R. - E um engano. Esses fazem-na para dentro de si, consigo mesmos, no anseio de suas almas, na tortura dos seus remorsos. So caldeiras abafadas pelas escrias do orgulho, cuja exploso cedo ou tarde se dar.

P. - E que dizer das preces coletivas, das que a se fazem, por exemplo, nos centros espritas?

R. - Diremos que no podem aberrar da regra geral, isto , que precisam ser antes sentidas que faladas, natural e simplesmente, sem outra preocupao que traduzir o fim colimado.

P. - Mas, admitido que Deus e os Espritos superiores lem os nossos pensamentos, sendo o pensamento, mesmo, a sua linguagem, no se poderia justificar a prece muda, ou mental?

R. - Conforme...

P . - Conforme?

R. - A linguagem articulada, como veculo de pensamentos e traduzindo emoes, pode conceituar-se, no caso em apreo, como a batuta do regente de orquestra, focalizando e estimulando a harmonia do conjunto. Torna-se, assim, um elemento sintnico de grande alcance, seno indispensvel, ao menos de efeitos prticos.

P. - Prticos, diz?

R. - Sim, porque no h desconhecer a acalma dos ambientes, a pacificao interior que as preces acarretam; e sim porque podemos, ainda, conjeturar a existncia de seres desencarnados e assaz materializados para no poderem utilizar-se e beneficiar-se de um intercmbio exclusivamente mental.

P. - Deveremos, ento, condenar as rezas, responsrios, ladainhas e o mais que por a se pratica com foros de boa religiosidade?

R. - Condenar no o termo. O esprita cristo nada e a ningum condena. Ele sabe que o ignorante de hoje ser o sbio de amanh. O seu Cristo no j o que permanece morto na cruz, h 20 sculos, mas o que ressuscitou no seu corao e a vive em abundncia de graas eternas. Esse Cristo disse - no julgueis para no serdes julgados (1) e o que importa ao cristo em Cristo justificar pelo exemplo, e no malsinar nem condenar. Ningum responde seno por faltas em conscincia cometidas. Onde comea a ignorncia, a termina a responsabilidade. Ensinar o ignorante obra de misericrdia, mas no vamos, com e no af de praticar a obra, desconhecer aquele relativismo que nos coloca distante do Mestre quanto de ns possamos imaginar distantes os seres nfimos da Criao. Saibamos, enfim, por nossos atos, fazer de Jesus o rbitro de nossas preces.

(1) - Sempre consideramos o julgamento uma funo indeclinvel do Esprito. A vida um julgamento constante. Julgar comparar, discernir, optar, aprender, progredir. Julgar para condenar o que nos parece encrespar o preceito evanglico.

FIM