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    28282828segunda-feira, 2 de Setembro de 2013

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    asPara a maior parte das pessoas a

    ausncia de notcias uma boa notcia;

    para a imprensa boas notcias no so

    notcias

    Gloria Borger (1952-)(comentarista poltica americana)

    Nmeros dos bons .......................................................................1Tenham orgulho nos portugueses (no di) .........................1G.K. Chesterton a caminho da beatificao? .........................2Santurio oferece semana de frias para pais de

    pessoas com deficincia.........................................................2H mais de 15 anos que a economia portuguesa

    no criava tantos empregos num trimestre .......................2Portugal sai da recesso com crescimento de

    1,1% no segundo trimestre ..................................................3Sei que di, mas h boas notcias .............................................3A verdadeira histria da lei de limitao de

    mandatos ..................................................................................4As palavras constroem naes, as naes

    constroem palavras .................................................................4

    A vida de cada um de ns ..........................................................5A Aldeia das denncias ...............................................................6Gaiola dourada..............................................................................6O culto satnico que no existia ...............................................6Mas afinal, porque razo aumentou o PIB? ...........................7Afinal chumbaram menos alunos .............................................7Bispos do Japo pedem beatificao de samurai

    de Cristo .................................................................................7O planeta esttico ........................................................................8A misteriosa sinfonia universal .................................................8

    Nmeros dos bons

    Miguel Esteves CardosoPblico, 08/08/2013

    Procurar boas notcias sinal de desespero.

    Vem-se bem de mais as coisas ms. J as queno so saltam-nos vista.No PBLICO de ontem havia trs. As primeirasduas eram a pea de Joana Amaral Cardoso sobrea reabertura de 60 cinemas pelo grupo Orient e ade Nicolau Ferreira sobre um estudo liderado porRui Costa que "ajudou a identificar a rea docrebro que controla a passagem de uma acoautomtica para uma aco intencional [e] podevir a ajudar pessoas com vcios e compulses".Esperemos que a descoberta no seja aproveitadapor gnios do mal para tornar certas compulses(como o jogo) em aces naturais.Talvez a mais feliz das reportagens tenha sido ade Ana Rute Silva, sobre a crescente auto-

    suficincia agrcola de Portugal. Na fruta, atingiu75% em 2011/2012. O consumo tambm temmudado para melhor, tornando-se menos perdu-lrio: "Antes, o consumidor comprava dois quilosde peras (...) e deixava estragar trs ou quatropeas em casa. Agora, vai mais vezes e (...) tudo oque compra para consumir". triste que s produzamos 44% das batatas masj somos excedentrios no leite, no vinho e noarroz com casca. O arroz branqueado j vai nos97% e a produo de azeite subiu 48% entre 2008e 2011. Tudo isto levou a nossa auto-suficinciaalimentcia de 64,9% em 2008 para 90,2% em2012: um progresso espectacular. bom saber que, se rebentar a bernarda, have-

    mos de arranjar maneira de termos o suficientepara comer e beber.

    Tenham orgulho nos portugueses (no di)

    Henrique RaposoExpresso, Segunda feira, 29 de julho de 2013

    Quando se olha para o sistema de comboios da Finlndia, Holanda e Noruega,

    um sujeito pensa logo em coisas que esto nos antpodas da tal almaportuguesa: rigor, pontualidade e demais qualidades frias que no jogam coma nossa quentura e lentido de meridionais atlnticos. No nos ensinou oEsprito Santo de As Farpas que Portugal o Marrocos de cima, uma poro-zinha de frica fingindo ser europeia? Mas, azar dos Tvoras, uma empresaportuguesa que controla os comboios noruegueses, finlandeses e holandesesatravs de um software feito ali no Campo Grande. A ltima revista do Sol(reportagem de Ana Serafim) conta a estria: a Siscog, a primeira empresaportuguesa a exportar software (h 20 anos), controla atravs dos seus siste-mas as linhas de comboio na Noruega, Finlndia, Holanda e, ateno, nometro de Londres.A Siscog tem a maioria dos seus clientes fora do pas. Porqu? Os fundadores,Ernesto Morgado e Joo Pavo Martins, explicam: "os portugueses tm umproblema srio: no acreditam neles. Acreditam mais no que feito l fora ens sentimos isso". Naturalmente. Seguindo o Santo Graal queirosiano, o

    portugus pensa que s pode ser brincadeirinha essa coisa de um tuga botaras mos no software dos comboios da Finlndia, pas da Nokia. Mas a rarefac-o de clientes portugueses (o Metro de Lisboa o nico) no se explica ape-nas pelo queirosianismo de vo de escada. H outra explicao: em Portugal"nunca houve uma grande preocupao com a produtividade e as soluesque oferecemos so para a aumentar". Ora, o software da Siscog gere turnos efolgas dos trabalhadores, e em Portugal esse departamento, como se sabe, propriedade privada do software apuradssimo dos sindicatos. "Muitas dasempresas com que lidvamos", continuam os lderes da Sisgog, "eram estataise no tinham problemas desses. O patro nunca ia falncia". Uma reporta-gem sobre uma empresa transforma-se assim numa autpsia dos problemasclssicos da nao.Com 113 trabalhadores, a Siscog prepara a entrada nos mastodontes america-nos e asiticos. E, agora, reparem na ironia da vidinha: se foi um problema noincio da Sisgog, a maneira de ser portuguesa pode ser um trunfo enorme

    neste mundo globalizado. Ernesto Morgado explica mais uma vez: "fomossempre uma empresa com a capacidade de adaptar os produtos s necessida-des dos clientes e s um pas do desenrascano que permitiria algo assim".Sim, o desenrascano tuga pode ser uma ferramenta mental nica no mercado

    Boas NotciasBoas NotciasBoas NotciasBoas NotciasO regresso do Povo na sua verso de correio electrnico no incio de Setembro aps asfrias de Vero, habitualmente acompanhado por uma edio do Jornal das Boas Not-cias.

    Este ano, provocado pelo Miguel Esteves Cardoso (Nmeros bons, p.1) durante este msprocurei nos jornais boas notcias.Convido-vos a fazer a experincia de encontrar num jornal dirio uma boa notcia. Seno me engano muito vo confirmar que s as ms notcias tm direito a notcia dejornal.Seleccionei algumas boas notcias para esta 28 edio.Algumas so sobre os sinais de recuperao da economia portuguesa (p 1, 2 e 3), oanncio da abertura do processo de beatificao de dois homens bons (p. 2 e 7), adiminuio sensvel do desemprego (p.2), etc. compreensvel que o que nos desperta a ateno sejam as coisas diferentes, escandalo-sas, destrutivas. Porm, a harmonia da realidade que nos rodeia seguramente dominan-te, embora menos notria.

    Como fazer para que a negatividade das ms notcias no nos afogue?O planeta esttico de Miguel Esteves Cardoso e, sobretudo, A misteriosa sinfonia uni-versal do Pe. Gonalo Portocarrero de Almada (ambos na p. 8) parecem-me boas ajudaspara educar o olhar a reconhecer a positividade ltima da realidade.Um abrao com amizade com votos de um bom ano de trabalho

    Pedro Aguiar Pinto

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    global. Por 5 segundos esqueam As Farpinhas etenham um pouco de orgulho nos portugueses.No di.

    G.K. Chesterton a caminho da beatifica-o?

    Filipe dAvillezRR on-lin e02-08-2013

    A diocese de Northampton, em Inglaterra, est aestudar a possibilidade de abrir a causa de beati-ficao do famoso e prolfico autor, que escreveu,

    entre outras obras, o clssico Ortodoxia.O Bispo de Northampton, em Inglaterra, poderestar prestes a abrir o processo de beatificaopara o autor ingls G.K. Chesterton.A notcia foi avanada pelo presidente da Ameri-can Chesterton Society, que se dedica a divulgar otrabalho e o pensamento do prolfico autor, quese converteu ao Catolicismo em 1922, quandotinha 48 anos. Chesterton nasceu em 1874 emorreu em 1936.Chesterton conhecido pelo seu grande sentido

    de humor e acutilncia intelectual. A sua obraOrtodoxia, publicada em Portugal pela Aletheia, considerada um clssico da literatura crist.Para alm de muitas obras relacionadas com oCristianismo, incluindo uma biografia de SoFrancisco de Assis, Chesterton escreveu vriosvolumes histricos, de anlise situao poltica esocial da poca e ainda romances, entre os quais

    se destacam as histrias do padre Brown, umsacerdote que tambm detective, e O Homemque era Quinta-feira, publicado em Portugal pelaRelgio dgua.O autor cedo abraou o Cristianismo, mas foi sperto dos 50 anos que foi recebido na IgrejaCatlica, depois de se ter aproximado cada vezmais de Roma ao longo da sua vida e da sua obra.Chesterton, que foi casado mas no teve filhos,era conhecido globalmente como sendo umhomem bom e muito generoso, de grande espiri-tualidade. Era tambm muito distrado, tendo-setornado famoso um telegrama que enviou para amulher, que dizia: Estou em Market Harborough.Onde que devia estar?O seu sentido de humor aproximava-o at dosseus adversrios ideolgicos e foi grande amigode George Bernard Shaw.A confirmar-se, a causa de beatificao ser aber-ta na diocese de Northampton e o anncio foifeito por Dale Ahlquist, presidente do AmericanChesterton Society: O bispo Peter Doyle [deNorthampton] autorizou-me a dizer que simpatizacom os nossos desejos e que est procura deum clrigo adequado para iniciar uma investiga-o para avaliar a possibilidade de abrir umacausa para Chesterton.

    Santurio oferece semana de frias para

    pais de pessoas com deficinciaComea hoje primeiro perodo de uma oferta dequatroFtima, Santarm, 01 ago 2013 (Ecclesia) OSanturio de Ftima promove de novo este ano

    uma iniciativa solidria que permite aos pais deix-los aos cuidados da instui-o, durante uma semana.A atividade decorrer em quatro perodos, durante o ms de agosto, sublinhaum comunicado enviado hoje Agncia ECCLESIA.Com esta ao pretende-se proporcionar um momento de quebra de rotina ede descanso aos pais que cuidam dos seus filhos com deficincia em suascasas ao longo de todo o ano, assinala o Santurio.A iniciativa, destinada apenas a pessoas que no frequentam instituies,conta com a colaborao de um grupo de voluntrios, coordenados peloMovimento da Mensagem de Ftima.O programa contempla momentos de celebrao da f e de formao sobre aMensagem de Ftima e momentos ldicos, de passeio e de confraternizao eas principais atividades realizam-se no Centro de Espiritualidade Francisco eJacinta Marto, em Montelo, Ftima.Programa:01 07 agosto para pessoas com deficincia entre os 7 e os 21 anos

    10 16 agosto para pessoas com deficincia com mais de 21 anos

    20 26 agosto para pessoas com deficincia com mais de 21 anos

    29 04 setembro para pessoas com deficincia com mais de 21 anos

    H mais de 15 anos que a economia portuguesa no criava tantosempregos num trimestre

    Nuno Carregueiro | [email protected] on-line 07 Agosto 2013

    preciso recuar a 1998 para encontrar um trimestre comparvel ao perodoentre Abril e Junho deste ano. O nmero de empregos criados at supera oregistado no perodo que ficou marcado pelo arranque da Expo 98.A estatsticas do emprego referentes ao segundo trimestre deste ano, revela-das pelo Instituto Nacional de Estatstica (INE) esta quarta-feira, representamuma clara inverso de tendncia face aos relatrios trimestrais anteriores.Para encontrar um trimestre comparvel como o que terminou em Junho preciso recuar a 1998, precisamente no segundo trimestre, altura em quearrancou a Expo 98 (22 de Maio).Segundo revelou o INE, a taxa de desemprego em Portugal desceu de 17,7%no primeiro trimestre deste ano para 16,4% no segundo trimestre. Uma quedade 1,3 pontos percentuais que s igualada pelo verificado no segundo tri-mestre de 1998. Nessa altura a taxa de desemprego recuou de 5,8% para4,5%.A conjuntura era ento totalmente diferente da actual. Com o forte impulsoda Expo 98, a economia portuguesa vivia um perodo de forte crescimento,

    atingindo uma das taxas de desemprego mais baixas de sempre.No segundo trimestre desse ano, a populao desempregada desceu 65 mil,para 230,8 mil pessoas. Desde ento, uma queda superior s no segundotrimestre deste ano, de acordo com a anlise do Negcios base de dados doINE. A populao desempregada recuou 66,2 mil pessoas face aos trs mesesanteriores, para 886 mil. Apesar da reduo, o nmero de desempregados hoje quase quatro vezes superior ao verificado em 1998.Criao de emprego no segundo trimestre no anula perda dos trs mesesanterioresUm dos nmeros mais positivos revelados esta quarta-feira pelo INE estcontudo no nmero de empregos criados, que nem em 1998 encontra parale-lo.No segundo trimestre deste ano a populao empregada aumentou em 72,4mil, atingindo 4,5 milhes de pessoas. Trata-se do nmero mais elevado desde1998, o primeiro ano em que o INE disponibiliza dados histricos sobre o

    emprego.No segundo trimestre de 1998 foram criados 69 mil empregos, com a popula-o empregada a atingir 4,867 milhes de pessoas.Apesar do bom registo do segundo trimestre deste ano, que reflecte a recupe-rao da economia portuguesa e o efeito sazonal (o segundo trimestre habi-tualmente favorvel criao de emprego), este aumento serve apenas paraatenuar a forte destruio de emprego que tem penalizado a economia portu-guesa nos ltimos dois anos.A criao de empregos no segundo trimestre nem consegue anular os postosde trabalho perdidos nos primeiros trs meses do ano (98,6 mil). Nos doisanos at ao final do primeiro trimestre deste ano a economia portuguesadestruiu mais de 430 mil postos de trabalho.Ainda assim, os nmeros divulgados pelo INE vem juntar-se a outros quelevaram os economistas (Catlica e Montepio) a estimar que a economiaportuguesa ter regressado ao crescimento no segundo trimestre deste ano,

    pondo fim a uma recesso que dura desde o incio de 2010.Outras estatsticas, reveladas por outras fontes que no o INE, tambm apon-tam para uma recuperao da economia portuguesa, com um forte crescimen-to no nmero de empresas criadas e descida nas insolvncias.Eu sei que di, mas h boas notcias

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    Henrique RaposoExpresso, Tera feira, 6 de agosto de 2013

    Eu sei que di, eu sei que custa ouvir , mas averdade que h boas notcias em Portugal. Odesemprego voltou a cair pelo segundo msconsecutivo. O ndice de produo industrial esta crescer. O ndice de confiana dos consumidorestambm est a subir e, em consequncia, a san-gria no comrcio a retalho est a estancar. Portu-gal foi o pas da OCDE onde a produtividade maissubiu. O consumo de combustveis aumentoupela primeira vez em dois anos. As poupanas dos

    portugueses continuam a aumentar e o vcio docrdito continua a descer: o endividamento dasfamlias portuguesas baixou 9 mil milhes desde2011. E, acima de tudo, o dfice externo j foidestrudo. Pela primeira vez desde pelo menos1995, atingimos um excedente comercial positivodevido queda das importaes de bens de con-sumo e devido exploso das exportaes. Oexcedente positivo deve ser de 4,5% do PIB nofinal deste ano e de 6,4% no prximo ano. Repa-re-se que tivemos um dfice externo mdio de -8,3% do PIB entre 1999 e 2011 (a me de todos osmales). O ajuste, portanto, est a ser notvel.Entre 2011 e 2013, Portugal foi o terceiro pas daEuropa a ganhar quota no comrcio internacional.Depois de crescerem 4,7% este ano e 5,5% noprximo ano, as exportaes representaro 43%do PIB no final de 2014. Em 2009, representavamapenas 28%. J estamos salvos? No. Mas bomque se perceba que Portugal no sair da cepatorta enquanto no alcanar um equilbrio slidona balana de pagamentos. Ns no temosdimenso para mantermos uma economia basea-da no consumo interno de importaes alavanca-das por crdito externo.Mas isto so apenas nmeros e grficos. precisodar gente e estrias a esta histria. E a principalestria esta: nos primeiros seis meses do ano,foram criadas 20.051 empresas, mais do dobro

    das empresas que fecharam ou insolventes; hcinco anos que no se criavam tantas empresasem Portugal. Alm disso, os sectores clssicoscontinuam a aguentar: em Vila Velha de Rdo, aAMS Goma-Campus gerou 130 empregos nosector do papel nos ltimos anos e prepara-separa aumentar a equipa; gozando da boa fama dopeixe portugus, a Gelpeixe aumentou as suasexportaes em 400% nos ltimos anos; a BoschPortugal prepara-se para exportar para frica; osector metalrgico est em altssimo nvel e crioua Portugal Steel para promover as exportaes; aAmorim continua a transformar a cortia numacoisa sexy; a Corkway Store levou a cortia paracapas dos ipads (haver melhor capa para tele-

    mveis e afins?); a Galp j produz biodiesel (50empregos directos) a partir de desperdcios ani-mais e de leos alimentares; as dormidas emhotis de cinco estrelas aumentaram 30%; ospassageiros low cost para Portugal aumentaram448% desde 2004; Lisboa est sempre a vencervotaes internacionais de "melhor destino defrias"; os nossos hostels dominam os "hoscars".Estas estrias so a carne daqueles nmeros. E hmais: a quase falida Faurecia (Palmela) conseguiucontrato com a Range Rover e contratou 100novos trabalhadores; em Famalico, a Leica cres-ceu 30% e criou mais postos de trabalho; a JiaCalado (Felgueiras) investiu 700 mil euros numanova fbrica (40 postos de trabalho) para alimen-

    tar marcas como a Kenzo e Armani; a Embraerest a tentar trazer mais avies para vora, impul-sionando assim o cluster aeronutico em Portu-gal, tal como a Auto-Europa impulsionou o clusterautomvel. Neste momento, a Embraer j temseis fornecedores portugueses qualificados. Ainda

    neste sector, as OGMA garantiram contratos de manuteno de avies dafora area francesa, da fora area dos Camares e da Virgin Austrlia. Sim, triste e qui inadmissvel, mas as boas notcias esto a.

    Portugal sai da recesso com crescimento de 1,1% no segundotrimestre

    Pedro CrisstomoPblico, 14/08/2013

    Crescimento das exportaes e quebra menos acentuada do investimentosuportam crescimento do PIB face aos trs primeiros meses do ano.As exportaes cresceram 6,3% no segundo trimestre Daniel Rocha

    Ao fim de dez trimestres consecutivos em contraco, a economia portuguesainterrompeu o ciclo recessivo dos ltimos dois anos e conseguiu crescer pelaprimeira vez no segundo trimestre, com o Produto Interno Bruto (PIB) a regis-tar uma progresso em cadeia de 1,1%. Os dados que o Instituto Nacional deEstatstica (INE) publicou nesta quarta-feira, onde avanada esta estimativa,no significam, porm, que 2013 deixar de ser um ano de recuo da actividadeeconmica.Para o ligeiro crescimento registado no trimestre contriburam o crescimentodas exportaes e a quebra menos acentuada do investimento, com destaquepara o desempenho do sector da construo.O desempenho da economia entre Abril e Junho continua, no entanto, a serinferior ao observado no mesmo perodo do ano passado, registando-se umaquebra homloga do PIB de 2%. E, apesar da recuperao face aos trs primei-ros meses do ano, 2013 dever continuar a ser um ano de travo, com a eco-nomia a recuar face a 2012. Para a convergem as principais previses econ-micas as oficiais e as dos economistas que acompanham a evoluo daeconomia portuguesa.

    Vrias previses iam nestesentido. O Ncleo de Estu-dos de Conjuntura sobre aEconomia Portuguesa(NECEP) da UniversidadeCatlica deu o tiro de parti-da, ao estimar que o PIBtivesse crescido 0,6% faceao primeiro trimestre, amesma feita pelo gabinetede estudos econmicos efinanceiros do BPI. O Mon-

    tepio antecipava uma varia-o positiva de 0,4%, uma dcima de diferena em relao estimativa dobanco francs Crdit Suisse (0,3%).

    Sei que di, mas h boas notcias

    Henrique RaposoExpresso, Tera feira, 6 de agosto de 2013

    Eu sei que di, eu sei que custa ouvir , mas a verdade que h boas notciasem Portugal. O desemprego voltou a cair pelo segundo ms consecutivo. Ondice de produo industrial est a crescer. O ndice de confiana dos consu-midores tambm est a subir e, em consequncia, a sangria no comrcio aretalho est a estancar. Portugal foi o pas da OCDE onde a produtividade maissubiu. O consumo de combustveis aumentou pela primeira vez em dois anos.As poupanas dos portugueses continuam a aumentar e o vcio do crditocontinua a descer: o endividamento das famlias portuguesas baixou 9 mil

    milhes desde 2011. E, acima de tudo, o dfice externo j foi destrudo. Pelaprimeira vez desde pelo menos 1995, atingimos um excedente comercialpositivo devido queda das importaes de bens de consumo e devido exploso das exportaes. O excedente positivo deve ser de 4,5% do PIB nofinal deste ano e de 6,4% no prximo ano. Repare-se que tivemos um dficeexterno mdio de -8,3% do PIB entre 1999 e 2011 (a me de todos os males).O ajuste, portanto, est a ser notvel. Entre 2011 e 2013, Portugal foi o tercei-ro pas da Europa a ganhar quota no comrcio internacional. Depois de cresce-rem 4,7% este ano e 5,5% no prximo ano, as exportaes representaro 43%do PIB no final de 2014. Em 2009, representavam apenas 28%. J estamossalvos? No. Mas bom que se perceba que Portugal no sair da cepa tortaenquanto no alcanar um equilbrio slido na balana de pagamentos. Nsno temos dimenso para mantermos uma economia baseada no consumointerno de importaes alavancadas por crdito externo.Mas isto so apenas nmeros e grficos. preciso dar gente e estrias a estahistria. E a principal estria esta: nos primeiros seis meses do ano, foramcriadas 20.051 empresas, mais do dobro das empresas que fecharam ou insol-ventes; h cinco anos que no se criavam tantas empresas em Portugal. Almdisso, os sectores clssicos continuam a aguentar: em Vila Velha de Rdo, aAMS Goma-Campus gerou 130 empregos no sector do papel nos ltimos anos

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    e prepara-se para aumentar a equipa; gozando daboa fama do peixe portugus, a Gelpeixe aumen-tou as suas exportaes em 400% nos ltimosanos; a Bosch Portugal prepara-se para exportarpara frica; o sector metalrgico est em altssi-mo nvel e criou a Portugal Steel para promoveras exportaes; a Amorim continua a transformara cortia numa coisa sexy; a Corkway Store levoua cortia para capas dos ipads (haver melhorcapa para telemveis e afins?); a Galp j produzbiodiesel (50 empregos directos) a partir de des-perdcios animais e de leos alimentares; as dor-midas em hotis de cinco estrelas aumentaram30%; os passageiros low cost para Portugalaumentaram 448% desde 2004; Lisboa est sem-pre a vencer votaes internacionais de "melhordestino de frias"; os nossos hostels dominam os"hoscars".Estas estrias so a carne daqueles nmeros. E hmais: a quase falida Faurecia (Palmela) conseguiucontrato com a Range Rover e contratou 100novos trabalhadores; em Famalico, a Leica cres-ceu 30% e criou mais postos de trabalho; a JiaCalado (Felgueiras) investiu 700 mil euros numanova fbrica (40 postos de trabalho) para alimen-tar marcas como a Kenzo e Armani; a Embraer

    est a tentar trazer mais avies para vora, impul-sionando assim o cluster aeronutico em Portu-gal, tal como a Auto-Europa impulsionou o clusterautomvel. Neste momento, a Embraer j temseis fornecedores portugueses qualificados. Aindaneste sector, as OGMA garantiram contratos demanuteno de avies da fora area francesa, dafora area dos Camares e da Virgin Austrlia.Sim, triste e qui inadmissvel, mas as boasnotcias esto a.

    A verdadeira histria da lei de limitao demandatos

    Jos Ribeiro e Castro

    Pblico, 14/08/2013A lei de limitao de mandatos de 2005 visouimpedir a eternizao no lugar dos presidentes decmara municipal - o que, a meu ver mal, se alar-gou tambm aos presidentes de junta de fregue-sia. Porqu? Porque esse era o problema queexistia; e o problema, portanto, que importavaresolver. Podia ter sido outro o problema, porexemplo o de impedir que os presidentes decmara pudessem saltitar de municpio em muni-cpio. Mas no foi. Porqu? Porque esse problemano existia. E porque, nos poucos casos em queesse facto ocorreu, nunca merecera reprovao,nem, menos ainda, suscitara a necessidade deremdios legais que o proibissem.

    O princpio constitucional o da renovao (art.118). E a renovao faz-se pelas prprias elei-es: no fim do mandato, os titulares depem osseus lugares; e, recandidatando-se, so os eleito-res que decidem se querem reeleg-los ou no.Porm, casos h em que o poder e a preponde-rncia do titular tal que a eleio no chega - preciso que a lei force a renovao. A experinciainternacional mostra o problema em cargos exe-cutivos personalizados, de que os exemplos tpi-cos so os Presidentes da Repblica e os presi-dentes de municpios ou, onde existam, governa-dores regionais ou provinciais eleitos directamen-te. Pensemos nos presidentes de cmara: ummunicpio tem um poder local to forte, gerando

    directa e indirectamente emprego (servios muni-cipais, bombeiros, misericrdias, instituiessociais, etc.), podendo multiplicar feitos e inaugu-raes em cima da campanha eleitoral e prepon-derando de tal forma na vida local (clubes, socie-

    dades recreativas, agremiaes diversas, plos culturais, rdios e jornaislocais, etc.), que a reeleio do presidente est largamente garantida. E havia,de facto, duas centenas de "dinossauros" que se eternizavam desde h dca-das, alguns desde 1976 e um de antes. A Lei n. 46/2005, de 29 de Agosto, foifeita para pr cobro a isto - e apenas a isto. Toda a gente o sabe. Para a lei tero significado que a leitura mais radical e restritiva pretende, no seria uma leide limitao de mandatos, mas uma lei de inelegibilidades. Se quisesse impe-dir que quem tenha sido presidente de cmara em doze anos continuados (atem municpios diferentes) no pudesse ser candidato uma quarta vez emqualquer municpio, a lei declararia inelegvel uma quarta vez quem das trsvezes anteriores j tivesse exercido o cargo. Ora, no isso que a lei faz.A lei escolheu a tcnica da limitao de mandatos porque tinha o exacto pro-psito da limitao de mandatos em sentido prprio: quis limitar a trs onmero de mandatos consecutivos no mesmo lugar e impedir a reeleioconsecutiva para alm disso. Por sinal, o Bloco pretendeu exactamente a outraregra. E nessa medida que eu digo que, se a seriedade se servisse meiadose, a contestao que o BE mantm a nica que "meio sria": o BE sem-pre defendeu essa ideia - que, porm, no fez vencimento. O projecto do BEdizia claramente: "no so elegveis durante um quadrinio" - ou seja, estabe-lecia uma inelegibilidade geral, que seria tambm inelegibilidade para verea-dor e decorreria de apenas dois perodos de exerccio (oito anos). Mas, por-menor fundamental e decisivo, o projecto do Bloco foi rejeitado! E o processolegislativo seguiu somente com base na proposta de lei, que tinha a outralinha: pura limitao de mandatos, proibio de reeleio.Para entender o processo legislativo, preciso ter presente que o PS - entocom maioria absoluta - decidiu poluir o debate parlamentar com a introduo

    em simultneo de uma limitao de mandatos dos presidentes de governosregionais e, em paralelo, do primeiro-ministro. Foi por isso que, vindo dalegislatura de 2002/05 (em que ocorreu a reviso constitucional que o permi-tiu), um certo consenso para limitar a trs os mandatos autrquicos, o debatese entornou outra vez entre PS e PSD numa lei que teria que ser aprovada pormaioria de dois teros: o PSD s aceitava a limitao dos mandatos autrqui-cos. esse contexto que explica que, na generalidade, a proposta de lei srecebesse os votos favorveis de PS e BE, com votos contra de PSD e PCP,abstendo-se CDS e PEV. E, na votao final global, a proposta de lei teve de serdesdobrada em dois textos de substituio materialmente distintos, de queum foi aprovado com a maioria de dois teros (os mandatos autrquicos) eoutro no (os outros cargos). Foi tambm esse quadro de semiconflito e denecessidade de desagregao do texto legislativo inicial que gerou mudanasde redaco, ficando o texto final menos claro, mas ainda assim bem intelig-vel.

    A lei fala em "trs mandatos consecutivos" e tanto aquilo que um mandatoautrquico (uma funo estritamente territorial), como o conceito de consecu-tividade evidenciam no haver o menor impedimento legal a que um presi-dente de cmara se candidate noutro local, buscando no j uma reeleio,mas uma primeira eleio: no o mesmo mandato, nem facto consecutivo- no "sucessivo", "seguido", "ininterrupto", "contnuo", "continuado". Porestas e outras, formei a ideia de que quem participou ou acompanhou o pro-cesso legislativo de 2005 s por m-f, crnica distraco, interesse polticoenviesado, calculismo partidocrtico ou por ataque fulminante de Alzheimerpode fingir que no sabe e colaborar na cruzada militante de dvida que por afoi armada.

    As palavras constroem naes, as naes constroem palavras

    Pedro do Carmo CostaDirio Econmico | 13/08/13 00:01 |

    Mudmo-nos para Londres h ano e meio e no podamos estar mais felizescom a deciso. A deciso de partir foi reforada pelo nmero de vezes queouvamos entrar pela casa a dentro, pela voz dos nossos filhos de trs, cinco,oito e nove anos as palavras crise, ladres, pobreza.So palavras que - acreditvamos e acreditamos - s podem criar preocupa-es e amputar possibilidades a crianas to pequenas.Quando chegmos a Londres finalmente entendi o poder das palavras e opoder das instituies. Quando participo nos eventos do colgio dos meusfilhos - colgios privados e pblicos - e ouo as crianas a cantarem o GodSave the Queen', em sentido, em unssono, fico arrepiado dos ps cabea.Quando pela cidade vejo espalhados smbolos daquilo que representa a Gr-Bretanha, as palavras de assombro e de motivao, finalmente entendo quenaes constroem palavras. A qualidade das instituies e o respeito quetodos tm pelas mesmas so a receita de sucesso destas Ilhas. Com todas as

    diferenas, com todas as culturas mescladas, com todas as suas imperfeies eproblemas profundos, todos se mobilizam em torno das palavras e das insti-tuies - cada um faz parte do todo.Aqui, a multi-culturalidade, a simplicidade das coisas, o civismo que sentimosso apenas algumas das coisas que nos fazem pensar que a estadia, se depen-der de ns, ser longa. Portugal tornou-se um lugar melhor nas nossas cabe-

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    as. Afinal um lugar que para ns passou arepresentar famlia, amigos, bom tempo, praia. Aretina familiar passou a fixar - ainda bem - apenasas coisas boas.Para mim, que trabalho diariamente com Lisboa evou acompanhando o estado das coisas pelosjornais online' e pasmo-me com o fosso queexiste entre os dois pases. Portugal, visto daqui, um pas irrevogavelmente deriva, sem esperan-a, em que o povo e as elites parecem estar numestado letrgico caracterstico de quem no temrumo. Tudo o que se l nas notcias a pequenahistria, a pequena quezlia, como se todo o Pasno fosse mais do que uma paroquia.A nomeao de uma sub-secretria de Estado dovice-primeiro-ministro, a novela prisional doIsaltino, gente que cospe num ministro - tenhoque ler duas vezes para acreditar que verdade.As nossas instituies - excepo feita IgrejaCatlica - so deplorveis. Os poderes caram nasarjeta, tudo opina a torto e a direito sem queexista uma mobilizao, algo que leve a umacredibilizao das mesmas. Quando olho daqui,conveno-me que continuamos a ser um Pasindividualista. Cada um pensa em si, no mximona sua famlia e crculo prximo de amigos. O

    conceito de comunidade, de sociedade civil, algo abstracto. Continuamos a fugir aos impostoscomo se o contrrio fosse uma aberrao. Conti-nuamos a no votar. Esquecemo-nos que ospolticos que nos governam so de facto umretrato daquilo que ns somos. O Estado e ospolticos somos ns. Apesar disso continuamosacreditar que algum cuidar de ns. Que o mes-mo Estado tem a obrigao de prover perpetua-mente e infalivelmente, tudo o que necessitamos.Esta viso - muito incutida pelo salazarismo - estprofundamente enraizada nas nossas gentes.Tudo isto hiperbolizado pela ausncia de elites,no verdadeiro sentido da palavra. A nossa classepoltica uma piada, a sociedade civil s se orga-

    niza em torno de interesses que ultimamente sopessoais, raramente pelo bem geral. No dizer deHenrique Raposo, "uma tica almoarista querege a ptria. no circuito almoarista que sedecidem as prebendas, numa espcie de contra-bando de intrigas, boatos e boutades".Depois h o espanto. aqui em Londres queencontramos o melhor banqueiro do mundo,Antnio Horta Osrio, prmio justamente atribu-do pela Euromoney, e Jos Mourinho, o melhortreinador do mundo. So produtos nacionais, deuma educao nacional, crescidos num ambientenacional, e que triunfam nos seus mesteres' nummundo extremamente competitivo. Para almdestes casos, milhares de outros portugueses,

    triunfam em Londres nas suas profisses, desdeporteiros, a pedreiros, aos que tm pequenosnegcios, e a toda a comunidade portuguesa narea financeira. Quase sem excepo, pessoasformadas em Portugal, que so out-performers'no seu trabalho.O que faz estes portugueses serem to bem suce-didos fora de Portugal? O que os faz correr? Nodependem do Estado, nenhum dos mais de cemque conheci so funcionrios pblicos, quasetodos trabalham mais horas que um londrinomdio. O que os faz correr - parece-me - ocontexto, o ambiente. Um contexto onde existeuma correlao forte entre esforo e resultados.Algo que em Portugal difuso por via das regras

    menos claras, pelos atalhos, dos jogos viciados epromscuos entre os diferentes poderes.Que caminhos? Para criar um novo Portugal pre-cisaramos _de uma verdadeira revoluo, algotransformacional. Eu no acredito que os portu-

    gueses sejam pessoas de revoluo. Ao contrrio do que parece contar ahistria, somos demasiadamente resignados. As grandes mudanas como aqueda da monarquia, o 25 de Abril, foram feitos com um punhado de homens,nunca com todo um povo a fazer a mudana, a sair s ruas. Apesar de acor-darmos e deitarmo-nos a reclamar, como povo, aceitamos qualquer albardaque se coloque s costas. Ento o que esperar? H que esperar que toda umanova gerao, mais informada, mais viajada, menos dependente de atalhos,comece a ocupar o espao deixado pela gerao actual. Sero algumas dca-das at isso acontecer mas tenho esperana - muita - nessa gerao.Antes dessa revoluo gradual h pequenas revolues que empresrios elderes podem fazer suas nossas organizaes. H que criar ambientes ondecada indivduo, independentemente do seu cargo ou responsabilidade, possaentregar no o seu trabalho diligentemente mas toda a sua criatividade ecapacidade de inovar. o que tentamos fazer na Exago todos os dias tentamoscriar um ecossistema, um quase micro-pas onde as barreiras performanceso baixadas, onde cada pessoa um inovador no seu espao, que procuraentregar novas formas de diferenciar por via de novos produtos, servios,melhor atendimento e maior eficincia. Ao fazermos, no s estamos a criaruma empresa para o mundo mas tambm, acreditamos ns, estamos a con-taminar as nossas pessoas, _as suas famlias e a comunidades onde interagem.Os exemplos ajudam-nos a acreditar que h caminhos alternativos aos actuais.Finalmente, h todo um lxico que individualmente teremos que adoptar. Umlxico de construo, positivo, de mobilizao. o que aprendi aqui em Lon-dres que as palavras, sempre repetidas como um mantra, passam tambm ainfluenciar os nossos hbitos. Que palavras tambm constroem naes.Pedro do Carmo Costa, Co-fundador da Exago, empresa que desenvolve tecnologia de

    Inovao Empresarial. De Lisboa, casado e com quatro filhos, vive com a famlia emLondres desde Dezembro de 2011. Engenheiro de Produo Industrial, trabalhou dez

    anos em projectos internacionais na Strategos, empresa fundada por Gary Hamel. Tem

    43 anos.

    A vida de cada um de ns

    Jos Ribeiro e CastroAvenida da Liberdade, Sexta-feira, 16 de Agosto de 2013

    H notcias simples comuma importncia extraor-dinria. Porque, na suasimplicidade, dizem tudo.Esta notcia uma dessas.Deu-nos a conhecer que,na tera-feira passada, noHospital de Santa Marta,em Lisboa, a equipa do Dr.Jos Fragata implantou umcorao artificial a um

    beb de trs meses e meio. Oxal tudo corra bem, como noutros casos muitodifceis, operados pelo mesmo mdico e sua equipa, em Portugal. Foi a primei-ra vez que esta interveno se realizou no nosso pas numa criana to peque-na: 3 meses e 1/2!A notcia mostra-nos como o direito sade de cada um de ns, desdobra-mento do nosso direito vida, existe desde os nossos primeiros dias. E mos-tra-o, na sua maravilha, sem necessidade de mais explicaes.H uma vida para salvar? H uma vida para salvar. H uma vida para proteger?H uma vida para proteger.A cirurgia mdica para salvar vidas, ou para corrigir deficincias ou insuficin-cias, j se faz mesmo antes de nascermos. Por exemplo, este caso que foinoticiado em Maio do ano passado: Para salvar seu beb ela enfrentou umacirurgia intra-uterina. So casos de espinha bfida/mielomeningocele, em quea cirurgia feita a partir da 24 semana de gestao (para o filho) ou de gravi-dez (para a me), havendo relatos e registos de vrias intervenes. E hmuitas outras doenas em que a actuao mdica, at mais simples, sobre obeb antes de nascer decisiva.

    O direito sade existe, defacto, desde os nossos primei-ros dias, a partir da concep-o. Tudo isto o mostra, nasua maravilha, sem necessi-dade de mais explicaes. uma directa decorrncia davida e do direito vida.

    Por isso to importanteassinar e divulgar a petioONE OF US | UM DE NS, uma petio transeuropeia que pretende reunir emtoda a Unio Europeia um milho de assinaturas para promover a protecoda vida humana desde a sua concepo na Europa e dentro das competnciasda Unio Europeia.

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    Visitando este portal, pode conhecer melhor ainiciativa para a divulgar junto de amigos econhecidos. E pode assinar directamente aqui,num formulrio oficial online, que fica logo regis-tado nos servios prprios da Comisso Europeia.Em 22 de Julho, j amos em 802.408 assinaturas.Junte-se a ns! E mobilize mais gente. Cultura ecivilizao!

    A Aldeia das denncias

    Suzana Toscano

    Ionline, 2013-08-16

    Leio os jornais e vem-me memria uma histriacontada por Gabriel Garcia Marquez no seu livro"Viver para cont-la".Conta ele que numa pequena aldeia pacficacomearam a aparecer cartas annimas denun-ciando a vida de uns e de outros. Cada dia eraportador de novas cartas e, a pouco e pouco,todos comearam a desconfiar de todos. Deixoude haver amigos, vizinhos ou irmos, as ruascomearam a ficar desertas, as janelas fechavam-se aos olhares indiscretos, a vida tornou-se umpesadelo. Todos eram vigilantes de todos, todoseram vtimas de todos e a aldeia paralisou.Ao ver as nossas "notcias", lembro-me desta

    histria. A voracidade com que se "suspeita", secomenta e duvida das razes e "ligaes" dequem age ou decide parece que estamos todosempenhados em demonstrar que melhor nofazer nada, ficar muito quietinho a dizer mal doque alguns incautos ousem decidir. Ai de quemfalha ou, sequer, de quem suspeito de ter erra-do! De nada servir ter feito muitas coisas comacerto, o que fica o estigma do insucesso ou da"suspeita". Com o "castigo" regozijam-se osmeros espectadores, justificando a sua inrciacom os dissabores sofridos pelo atrevido.

    Gaiola dourada

    PAULO BALDAIADN 2013-08-18

    A crise ainda no acabou, mas no faltam razespara estarmos todos mais bem-dispostos, mesmoos que esto fartos deste Governo. Sim, politica-mente, o crescimento do PIB no ltimo trimestre mais favorvel aos partidos que esto no poderdo que oposio, mas para os cidados de umaforma geral so boas notcias, ponto final.Os comentrios gerais transportam-nos, alis,para uma caracterstica de ser portugus, muitobem retratada na comdia Gaiola Dourada. O Jose a Maria, emigrantes em Paris, so dois profis-sionais de mo cheia que vivem uma vida humildee sempre disponveis para todos os outros. At a,

    s se esqueceram de tratar to bem de si prprioscomo tratam dos outros, mas isto (nem bem nemmal) no uma caracterstica de ser portugus.Onde eles se revelam portugueses no modocomo lidam com as boas notcias.Sem querer contar o filme todo, revelo apenasque o Jos e a Maria tiveram uma dificuldadeimensa em lidar com as boas notcias que um diachegaram pelo correio. Por cautela, facilmenteficaram presos no que de mau podia haver escon-dido naquilo que de bom chegava.As cautelas tambm foram a tnica dos coment-rios da oposio e dos sindicatos ao crescimentodo PIB no trimestre. Mas cautelas e caldos degalinha so uma mezinha to portuguesa que at

    na rea poltica do Governo houve quem desseprimazia aos necessrios cuidados que precisoter na leitura destes nmeros.No vale a pena embandeirar em arco mas,depois de uma recesso trimestralmente confir-

    mada ao longo de dois anos e meio, o que nos impede agora de puxar pelaparte psicolgica da economia? S preciso acreditar que j batemos nofundo e que estamos a fazer a inverso de ciclo. Podem os empresrios come-ar a investir e os consumidores a consumir. Vamos embora. Melhorar de vidad trabalho. Arrisquem deixar o conforto da gaiola dourada, levantem voo,sejam livres. bem verdade que na gaiola no somos surpreendidos. No nos acontece darum trambolho do alto de uma iluso, mas tambm no crescemos. Para criarriqueza so precisas duas coisas simples: vontade de trabalhar e capacidadede arriscar. Se isto tiver mesmo batido no fundo e estiver agora a inverter atendncia, em bom portugus diz-se que "quem no arrisca, no petisca" e,aos que desconfiam das boas notcias, preciso lembrar que tambm emportugus que se diz que "quem nasceu para lagartixa nunca chega a jacar".Quero acreditar que os portugueses no esto condenados a ser pssaros degaiola. Est na hora de fazer a diferena, acreditando na nossa capacidadepara voar mais alto. Boas notcias so apenas isso, boas notcias. No h queter medo.

    O culto satnico que no existia

    Alexandre Homem CristoIonline 2013-08-19

    Nenhum jornal, por mais prestigiado que seja, est imune ao sensacionalismo(mau jornalismo)Existem muitas formas de contar uma mesma notcia e, evidentemente, umasso mais rigorosas do que outras. Geralmente, na imprensa escrita, o debatesobre o tema foca-se na anlise da neutralidade dos jornalistas nas peas

    polticas e nas peas sobre sociedade (onde o sensacionalismo pode significarmais leitores). Interessemo-nos apenas pela questo do sensacionalismo e,para fins de demonstrao, recuperemos uma notcia que fez manchete emvrios jornais portugueses.No dia 1 de Julho, Ricardo Carvalho, de 34 anos, foi encontrado decapitadojunto linha do comboio em Penalva (Palmela). Uma vez identificado, a GNRdirigiu-se morada dos pais para os informar, apenas para se aperceber deque ambos haviam sido assassinados, no dia anterior, pelo filho que se suici-dara. Apesar de ser um homem pacato e solitrio, os vizinhos sabiam quehavia sido internado vrias vezes com problemas psiquitricos e que estavamedicado. De resto, havia relatos de que Ricardo Carvalho, vivendo na totaldependncia dos pais, tinha comportamentos violentos quando estes lhenegavam dinheiro, o que, tudo indica, estar relacionado com o crime.Esta seria uma simples, embora trgica, histria de homicdio-suicdio, nofosse Ricardo Carvalho vestir-se de negro e ouvir heavy metal, facto que entu-siasmou os jornalistas. Assim, no "Correio da Manh" (CM) (02.07.2013),Ricardo Carvalho foi descrito como um "gtico desempregado", que vestia"roupa preta e correntes", o que "metia medo a algumas pessoas". No "Jornalde Notcias" (JN) (02.07.2013), o ttulo da notcia foi "Diabo mata os pais esuicida-se", tirando proveito do relato de uma vizinha idosa que, certo dia,ouviu o homicida dizer que era o Diabo. E o "Dirio de Notcias" (DN)(02.07.2013), na capa, escreveu "Homem ligado a culto mata pais e suicida-se". Na notcia (p. 21), de ttulo "Gtico satnico mutilou os pais at morte esuicidou-se", descobre-se que o homicida estava "isolado do mundo" e "gos-tava de filmes de terror" e "dos gneros musicais black e doom metal" (infor-mao que a jornalista retirou do facebook do homem). A histria , por fim,relacionada, pela jornalista, com outro caso, ocorrido em 1999 e na alturaassociado ao satanismo, em que o homicida tinha uma banda de heavy metal.Assim, como fica claro na comparao, a mesma histria originou trs notciascom diferenas assinalveis. No CM faz-se uma descrio do homicida. No JNintroduz-se um ttulo sonante e sensacionalista, baseado num testemunho. Eno DN opta-se por associar o crime a um culto satnico (a notcia no explicaque culto, nem qual a origem dessa informao), para depois estabelecer elosde ligao com um caso antigo.Este exerccio comparativo particularmente til por duas razes. Primeiro,porque contraria as expectativas da maioria dos leitores, que (justa ou injus-tamente) esperam mais sensacionalismo do CM e mais rigor do DN - e aquitm precisamente o inverso, porque o DN inventou um culto satnico. Segun-do, porque, por isso, nos relembra que nenhum jornal, por mais prestigiadoque seja, est imune ao sensacionalismo (mau jornalismo).Sem extrapolar este caso e concluir sobre a qualidade do jornalismo nestesdirios, parece evidente que uma reflexo seria oportuna. E por certo seriatambm uma opo muito mais sria e eficaz para a defesa do jornalismo doque ameaar preventivamente jornalistas, atravs de um aviso solene publica-

    do, como fez recentemente o provedor do leitor do DN.

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    Mas afinal, porque razo aumentou o PIB?

    Henrique MonteiroExpresso, 2013-08-21

    H vrias teorias, das mais fantasistas s maisotimistas. H quem diga que, no fundo, se deveao Tribunal Constitucional ter vetado o corte desalrios na Funo Pblica e pensionistas. Esque-ce-se, de passagem, que todos os trabalhadores(pblicos e privados) levaram com tal aumento deimpostos que o seu rendimento lquido diminuiu.E ainda que o tal subsdio que a Funo Pblica h

    de receber... ainda no foi pago. A ter algumefeito, seria psicolgico.... Mas tambm noconsta que o consumo interno tenha subido.H quem diga que a prova de que o caminho doGoverno estava certo. Gostava de saber, porm,quem no Governo ou noutro local qualquer,apostava que havamos de ter um aumento togrande na exportao de... derivados de petrleo(alm de outros itens que foram imprevisveispara a maioria dos leigos).A sazonalidade outro dos grandes candidatos.Mas ateno: estes dados so do segundo trimes-tre - abril, maio e junho. A surpreendente perfor-mance da indstria hoteleira e do turismo emgeral de julho e de agosto, pelo que este fator

    s marginalmente pode contar.Afinal, que razo existe para o aumento do PIB?Bom, uma razo que nada pode estar conti-nuamente a cair, a encolher. Se desde 2010 and-vamos a gastar cada vez menos e a ter cada vezmenos dinheiro, um momento teria de chegar emque houvesse uma variao positiva. Isto, alis,faz parte da teoria geral das contraes.Mas acima de tudo, sei uma coisa que os polticosparecem desconhecer: se os deixarem respirar, osportugueses, empresrios e trabalhadores, gran-des, mdios e pequenos, querem fazer coisas,produzir, exportar, singrar. E foi isso o que fize-ram... onde e quando puderam. Viraram-se! Aao do Governo ou o discurso dos partidos pou-

    co ou nada teve com este crescimento. Veja-secomo polticas e discursos diferentes como os deHollande e Merkel resultaram mais ou menos nomesmo em termos de crescimento do PIB. E porc esse crescimento foi, ainda, percentualmentemaior. Se na Europa, como noutros lados domundo, o Governo deixar a Economia seguir o seucaminho, sem a atrapalhar com regulamentosestpidos, leis inquas e espartilhos vrios, pode-mos ter alguma esperana.Mas eu acho que os nossos polticos e o nossoEstado no resistem... E ho de fazer planos eprojetos que acabaro por beneficiar os do cos-tume e travar os que mostram sentido de iniciati-va. Oxal me engane.

    Afinal chumbaram menos alunos

    Alexandre Homem CristoIonline, 2013-08-26

    Os alarmistas, depois de tantas das suas acusa-es terem sido desmentidas pelos factos, conti-nuaro, de credibilidade intacta, a encher o deba-te de rudoQuando foram introduzidas, as provas finais do4.o ano (fim do 1.o ciclo do ensino bsico) gera-ram polmica. Quase em unssono, os crticosacusaram o governo de ter como inteno areprovao dos alunos com mais dificuldades,optando por um modelo de ensino elitista e ultra-

    passado. Houve quem acusasse o governo dequerer regressar "escola do antigamente" ou "escola salazarenta". Houve tambm quem afir-masse que o objectivo era o de criar uma escolapara pobres e uma outra para ricos (aplicando

    uma eugenia social). Houve ainda quem tivesse a certeza de que se tratava deum experimentalismo ideolgico e indito nos pases desenvolvidos. E houve,por fim, quem garantisse que tamanha presso sobre as crianas, que alega-damente fariam as provas sob a ameaa de reprovao, as iria marcar trauma-ticamente e para sempre. Todas as acusaes levavam ao mesmo: a introdu-o de provas finais no 4.o ano no era mais do que a execuo do plano dadireita para "destruir a escola pblica".Ora, sendo certo que a memria curta, agora que as provas finais se realiza-ram, se conhecem os resultados e estamos beira de um novo ano lectivo, oportuno verificar se alguma das to graves acusaes se concretizou. Afinal,no est em causa apenas o escrutnio do governo, mas tambm a credibilida-de dos seus crticos.Comecemos pelo bvio: sem surpresa, no h registo de crianas traumatiza-das pela realizao da prova final, nem Portugal o nico pas onde alunos do4.o ano realizam provas - o mesmo acontece nos EUA, no Canad, no ReinoUnido e em outros pases. Dito isto, foquemo-nos na anlise que importa: aintroduo de exames do 4.o ano resultou num aumento de alunos reprova-dos? Isto , serviu a introduo desta prova final para excluir alunos?A resposta no. Pelo contrrio, a taxa de reprovao (3%) foi a mais baixados ltimos 14 anos (ou seja, desde 2000, ano a partir do qual temos dados). Aconcluso consta no relatrio do GAVE "Anlise Preliminar dos Resultados:provas finais de ciclo e exames finais nacionais 2013" (7 Agosto 2013), e nodeixa dvidas: este ano chumbou-se menos do que em todos os anos anterio-res. De resto, a to criticada diviso das provas finais em duas fases - de modoa que os alunos que reprovassem na primeira fase tivessem uma segundaoportunidade (e, entre as duas fases, acompanhamento personalizado dos

    professores para colmatar as suas dificuldades) - contribuiu para este desfe-cho.A concluso evidente: no somente os dados contrariam os alarmismos doscrticos, como a opo do governo por provas finais com duas fases provou seracertada e possibilitou que mais alunos passassem para o ano seguinte. Seja-mos absolutamente claros: o que aconteceu na realidade foi precisamente oinverso do que os acusadores afirmavam. Ora, durante meses, muito se discu-tiu. E agora, perante os resultados, algum se lembra ou se importa?Nem por isso. Hoje em dia, s interessa se as previses, as medidas ou oscenrios esto errados quando vm do governo. Por isso, os alarmistas, depoisde tantas das suas acusaes terem sido desmentidas pelos factos, continua-ro, de credibilidade intacta, a encher o debate de rudo. Mas o facto de aimprensa, na sua inclinao de contrapoder, amplificar essas crticas, nosignifica que elas tenham razo de ser. Agora que o incio do ano lectivo est porta, e j se ouvem as habituais ameaas da Fenprof, isto algo que convm

    no esquecer.

    Bispos do Japo pedem beatificao de samurai de CristoChristo nihil proponaere | 27/08/2013 10:40 |

    Takayama Ukon, um senhor feudal do sculo XVI, preferiu o exlio e a perda de

    suas propriedades a negar sua f

    Foi apresentado Congregao paraa Causa dos Santosum relatriopedindo a beatifi-cao de TakayamaUkon, um senhorfeudal do sculoXVI que preferiuperder suas terrase posses a renun-ciar sua f. O

    documento de 400 pginas preparado pela Conferncia dos Bispos Catlicosdo Japo apresenta Igreja universal o desejo de ver Ukon chamado noOriente de o "samurai de Cristo" elevado honra dos altares pelo menos at2015, quando se completam 400 anos de seu falecimento.A expresso "samurai de Cristo" vem de sua antiga adeso, antes da conver-so ao Cristianismo, disciplina do bushido ("o caminho do guerreiro"), ocdigo de conduta dos samurais.Ele nasceu em 1552, no territrio que hoje corresponde a Osaka, filho de umafamlia daimi termo que faz referncia a senhores feudais com direito deconstruir um exrcito e ter samurais a seu servio. Seu pai abraou a f catli-ca quando Ukon tinha doze anos. O menino foi batizado e passou a se chamar

    Justo. Muitas pessoas das redondezas se converteram seguindo o seu exem-plo.Quase no final do sculo, o Japo foi dominado por Toyotomi Hideyoshi, osegundo "grande unificador" do pas, que comeou a expulsar os missionrioscristos em 1587. Enquanto inmeros senhores abandonaram o Cristianismocom a interdio, Justo e seu pai permaneceram fiis, mesmo perdendo suas

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    posses. Durante vrios anos, viveram debaixo daproteo de daimis amigos, mas a proibiodefinitiva da f em 1614 levou ele e um grupo de300 cristos ao exlio nas Filipinas. Justo foi aco-lhido com alegria neste pas de forte tradiocatlica, mas, devido a uma enfermidade, faleceu,apenas 40 dias aps pisar em solo filipino. O seucorpo foi velado com honras militares.A abertura de sua causa de beatificao j tinhasido cogitada duas vezes. Uma tentativa, ainda nosculo XVII, pouco depois de sua morte, pelo clerodas Filipinas, no obteve sucesso devido a entopoltica japonesa de isolamento, que tornouimpossvel obter a documentao necessriasobre sua vida. Outra vez, em 1965, a petio de

    abertura fracassou por motivos formais. "A apli-cao no foi aceita porque ningum sabia comoreuni-la nem como era a melhor forma de promo-ver o caso", explicou o padre Hiroaki Kawamura,coordenador da Comisso Diocesana que enviou adocumentao a Roma.Desta vez, a apresentao foi bem preparada e aconfiana no xito da causa grande. Ainda emoutubro do ltimo ano, o Arcebispo de Osaka epresidente da Conferncia Episcopal Japonesa,monsenhor Leo Jun Ikenaga, recebeu uma palavrade Sua Santidade, o Papa Bento XVI: o SantoPadre manifestou nutrir uma "especial considera-o" pela causa de Justo.Este seria o primeiro japons elevado aos altares

    de modo individual, posto que os j proclamados42 santos e 393 beatos do pas foram mrtires esuas memrias se celebram em conjunto. O"samurai de Cristo", ao contrrio, poderia sedestacar individualmente como um exemplo devida japons completamente configurado aosvalores do Evangelho."Takayama nunca foi desorientado pelos que orodeavam. De maneira persistente, viveu umavida na qual seguiu sua conscincia", contou opadre Kawamura. "Conduziu sua vida de formaapropriada a um santo e continua sendo fonte deinspirao para muitas pessoas ainda hoje", con-cluiu.Por Equipe Christo Nihil Praeponere | Informaes: Gaudium Press

    O planeta esttico

    MIGUEL ESTEVES CARDOSOPblico, 29/08/2013

    Maravilhar pasmar; sentirmo-nos pequenosmas privilegiados por estarmos vivos e podermosver o mundo. maravilhoso ver o filme Planet Ocean, filmado-realizado por Yann Arthus-Bertrand, o descobri-dor das belezas das alturas do planeta (e agora)das profundidades dos oceanos e realizado-escrito por Michael Pitiot, com a colaborao demuitos bilogos dos mares.O texto - sobretudo no francs original - pareceuma lio. Tudo ensina e explica. Apesar de terrazo em muito do que diz. Mas o que prevalece a beleza: a beleza da imagem, escolhida por serimpressionante.Os documentrios britnicos e americanos soesclarecedores mas pecam por procurar os factos

    cientficos acima de tudo. Os franceses, valha-os Deus, tendem a ser estetas.Tm razo. A beleza mais convincente. A falsa (ou certa) certeza do que sediz, quando acompanha imagens espectaculares, torna-se numa conviconossa. A propaganda perfeita, tanto esttica como biologicamente comprova-da, capaz de ser a melhor proteco que temos para o nosso planeta e paraos seres vivos de que fazemos parte.Maravilhar rendermo-nos ao que nos rodeia. So raros os filmes, como este,que nos convencem que temos sorte de estar aqui, onde e quando acontecemestas maravilhas que nos so dadas. Por sabermos receb-las. E nada mais. Ofilme Planet Ocean , mais do que uma chamada de ateno, um exemplomagistral da nossa distraco. A verdade muita mas a beleza de mais.

    A misteriosa sinfonia universal

    Pe. Gonalo Portocarrero de AlmadaIonline 2013-08-31

    No h ningum to bom que no conhea em si mesmo o mal,nem ningumto mau que no seja capaz do bem um lugar-comumdizer que estemundo no temconserto. E muitosso os que, verifi-cando as suasdeficincias, infe-rem a inexistnciade Deus ou, pelo

    menos, sustentamque o Criador umser insensvel sdesgraas que flagelam a humanidade.O nosso planeta est longe de ser aquele aprazvel paraso onde, segundo aBblia, Ado e Eva foram criados. At do ponto de vista fsico, esta terra palco de violentos contrastes: temperaturas que gelam e que escaldam; ter-ramotos em terra e tempestades no mar; vulces e ciclones; chuvas intempes-tivas e prolongadas secas; florestas impenetrveis e ridos desertos. E, pior doque estas inclemncias da natureza que, mais do que me, parece madrasta, acrueldade dos prprios homens: tantas injustias, tantas crianas rfs, aban-donadas ou maltratadas; tantas pessoas esfomeadas ou sem abrigo; tantasguerras; tanta misria moral e material Que mundo desconsertado! verdade. Como certa , paradoxalmente, a formosura da natureza, que aecologia defende e que os poetas no se cansam de exaltar, nem os artistas derepresentar. Mesmo nos antros mais obscuros, brilham diamantes de escon-didas belezas.Mesmo nos coraes mais empedernidos, h reflexos de um amor sublime.No h ningum to bom que no conhea, em si mesmo, o mal; nem nin-gum to mau que no seja capaz do bem. Como misteriosa e aparentemen-te contraditria a condio humana!O mundo poderia ser diferente, se Deus no permitisse o mal fsico, nem opecado. Mas, se no existissem essas adversidades naturais, em que outraforja se moldaria o carcter humano e se desenvolveria o seu engenho earte?! Por outro lado, a impossibilidade do mal moral s seria possvel se fosseeliminada a liberdade. Ora, sem ela, o ser humano mais no seria, como diziaFernando Pessoa, do que um cadver adiado que procria, um animal sofisti-cado, mas sem mrito nem culpa. que s um ser livre capaz de amar.O maestro, para lograr a combinao perfeita de todos os instrumentos daorquestra, obriga os msicos a cingirem-se a uma nica pauta: se cada qualtocasse o que quisesse, quando quisesse e como quisesse, em vez de umamelodia, resultaria um rudo insuportvel.Deus compe uma msica maravilhosa, mas sem retirar a liberdade a nin-gum, mesmo quando alguns insistem em desafinar. O mal , apenas, aausncia do bem e, como o nada no , tudo o que existe bom. O mal ,afinal, mais uma nota, em si mesma estridente, mas que faz parte da harmo-nia universal. Sem a prodigalidade do filho, no se conheceria a grandeza doamor de seu pai; sem o adultrio da arrependida, no seria possvel o perdoque a redime.Ainda que o bem e o mal no sejam indiferentes em termos morais e pessoais,Deus escreve direito por linhas tortas. A Escritura diz que, onde abundou opecado, sobreabundou a graa porque, como ensina Paulo de Tarso, todas ascoisas concorrem para o bem.

    Para a razo, o universo um caos, porque s pela f possvel compreenderque este mundo desconsertado , afinal, um concerto, um hino de louvor, umpoema escrito pela omnipotncia divina e pela liberdade humana. Deus amatodos os homens, que atrai a si e de quem cuida atravs do plano misterioso einfalvel da sua omnipotente bondade: a providncia divina.