INFLUÊNCIA DE VARIÁVEIS MACROCLIMÁTICAS SOBRES AS...

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0 UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS ESCOLA DE AGRONOMIA E ENGENHARIA DE ALIMENTOS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM AGRONOMIA INFLUÊNCIA DE VARIÁVEIS MACROCLIMÁTICAS SOBRES AS PRINCIPAIS DOENÇAS DO ARROZ JORDENE TEIXEIRA DE AGUIAR Orientador: Dr. Murillo Lobo Junior Goiânia - GO Bra Fevereiro - 2016

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS ESCOLA DE AGRONOMIA E ENGENHARIA DE ALIMENTOS

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM AGRONOMIA

INFLUÊNCIA DE VARIÁVEIS

MACROCLIMÁTICAS SOBRES AS PRINCIPAIS

DOENÇAS DO ARROZ

JORDENE TEIXEIRA DE AGUIAR

Orientador:

Dr. Murillo Lobo Junior

Goiânia - GO

Bra

sil

Fevereiro - 2016

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JORDENE TEIXEIRA DE AGUIAR

INFLUÊNCIA DE VARIÁVEIS

MACROCLIMÁTICAS SOBRES AS PRINCIPAIS

DOENÇAS DO ARROZ

Goiânia, GO - Brasil

2016

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-

Graduação em Agronomia, da Universidade

Federal de Goiás, como requisito parcial à

obtenção do título de Mestre em Agronomia, área

de concentração: Fitossamidade

Orientador:

Prof. Dr. Murillo Lobo Junior

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Permitida a reprodução total ou parcial deste documento, desde que citadaa fonte – O autor

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“Os nossos maiores problemas não estão nos obstáculos do caminho,

mas na escolha da direção errada. ”

Augusto Cury

Com todo o amor e gratidão, dedico este trabalho especialmente aos meus

pais, José Antonio B. Aguiar e Ivone Teixeira de Aguiar, por todo o apoio, ensinamento,

amor e carinho!!

Aos meus irmãos, Weberson Teixeira (in memoriam) e Welder Teixeira, pela amizade,

amor e companheirismo!!

Ao meu sobrinho Riquelme Teixeira, amor e carinho!!!

Ao meu namorado Odilon Peixoto, por toda a alegria, apoio e companheirismo!!!

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AGRADECIMENTOS

A Deus, pelo presente mais precioso que recebi um dia, a vida, e com ela a

capacidade para amar e lutar pelos meus ideais.

À UFG-Goiânia (Universidade Federal de Goiás), pela oportunidade de

aquisição de conhecimentos valiosos e à CAPES pela concessão da bolsa de estudos

durante a realização do curso.

A todos os docentes da Escola de Agronomia da UFG, pela competência e

profissionalismo.

A todos os funcionários da UFG, pela dedicação, profissionalismo e respeito

aos acadêmicos, em especial ao secretário Wellinton Motta, do programa de pós-graduação

em agronomia.

À Embrapa Arroz e Feijão (CNPAF) e a todos os pesquisadores, em especial

ao Dr. Anne Sitarama Prabhu, Drª Valácia Lemes, Drª Marta Cristina Filippi, Dr.

Alexandre Bryan Heinemann e Dr. Silvando Carlos Da Silva pelos ensinamentos

fornecidos durante as atividades na instituição. Aos analistas Dino Soares e Sergio Lopes

e ao Bolsista Danilo Santana, pelo apoio e cooperação durante as atividades desenvolvidas

na instituição.

Aos funcionários do apoio, principalmente ao Pedro Mauricio, Luiz Lopes (in

memoriam), seu Zé, Santos, Caiado, Nelson, aos ex-estagiários Flavio Henrique e Paulo

Holanda. Também as funcionárias da biblioteca Da. Ana Lúcia e Riquelma, pela amizade

e cooperação.

Aos meus colegas e amigos do Laboratório de Fitossanidade da Embrapa Arroz

e Feijão e do Programa de Pós-Graduação em Agronomia, especialmente ao Renan

Macedo, que não mediu esforços em me ajudar durantes as fases finais do trabalho, pelo

o grande companheirismo, troca de experiências e contestantes ajuda. À Priscila Santos,

grande amiga que sempre me esteve presente passando força companheirismo e amizade.

Às colegas, Fernanda Yoshida, Tariane Alves, Rildânia Barcelos, Lorena Peixoto, Leilane

Silveira, Rejanne Lima, Eugenio Sperandio, Bárbara Melo, Thaty Pereira, Marina, Alan

Carlos, Amanda Abdallah, Fabio Gonçalves, Denise Candine, Bruna Alicia, Jacqueline

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Campos, Nara Cristina, Mythali Garcia, Maythsulene e Stela Valdo, pela amizade e

carinho.

Aos Funcionários dos laboratórios de Fitossanidade da Embrapa Arroz e

Feijão, Marcio Vinício, Livia Teixira, Elder Tadeu, Anaires Almeida, Maria Monica,

Ronair José e Alécio Souza, pela amizade e cooperação durante as atividades na

instituição.

Ao meu orientador Dr. Murillo Lobo Junior, pela orientação, confiança

depositada, paciência, amizade e oportunidades oferecidas, essenciais para o meu

crescimento profissional e pessoal.

Aos meus pais Jose Antônio e Ivone Teixeira, pelo exemplo, suporte em todos

os campos da minha vida, amor, compreensão e motivação. Aos meus irmãos, Weberson

Teixeira (in memoriam) e Welder Teixeira e ao meu sobrinho Riquelme Teixeira, pelo

carinho. Ao meu namorado Odilon Morais, pelo apoio e companheirismo, fundamentais

para execução do meu trabalho.

Aos meus tios, Maria Emídia e Arnou Wandeley aos meus primos Marcos,

Caroline, Wiliana, Ronald, Adriana, Marcio, Vitor Augusto e Maria Heloisa, pelo imenso

apoio, amor e carinho.

A todos vocês minha eterna gratidão!

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SUMÁRIO

LISTA DE TABELAS……………………………………………………………………..8

LISTA DE FIGURAS…………………………………………………………………...... 9

RESUMO GERAL……………………………………………………………………….11

GENERAL ABSTRACT………………………………………………………………... 12

1 INTRODUÇÃO GERAL……………………………………………………….13

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA…………………………………………………15

2.1 PRODUÇÃO DE ALIMENTOS NO SÉCULO XXI…………………………..15

2.2 A CULTURA DO ARROZ E SUAS DOENÇAS……………………………... 16

2.2.1 Brusone………………………………………………………………………… 17

2.2.2 Mancha parda………………………………………………………………… 18

2.2.3 Queima da bainha…………………………………………………………….. 19

2.2.4 Escaldadura…………………………………………………………………… 20

2.2.5 Manchas de grãos……………………………………………………………... 20

2.3 CLIMA E DOENÇAS DE PLANTAS………………………………………… 21

2.4 REFERÊNCIAS……………………………………………………………….. 24

3 VALIDAÇÃO DE DADOS METEOROLOGICOS OBTIDOS VIA SENSOR

REMOTO ORBITAL EM DIFERENTES REGIÕES BRASILEIRAS….. 29

RESUMO………………………………………………………………………………… 29

ABSTRACT……………………………………………………………………………… 30

3.1 INTRODUÇÃO……………………………………………………………….. 31

3.2 MATERIAL E MÉTODOS……………………………………........................ 33

3.2.1 Origem de dados macroclimáticas………………………………………….. 33

3.2.2 Seleção das localidades………………………………………………………. 33

3.2.3 Análise estatísticas……………………………………………………………. 35

3.3 RESULTADOS E DISCUSSÃO………………………………………............. 37

3.3.1 Relação entre os dados de precipitação mensal e média mensal de temperatura

máxima e mínima dos dados observados e estimados……………………….. 37

3.3.2 Exatidão entre os dados estimados e observados de precipitação, temperatura

máxima e mínima em diferentes localidades brasileira……………………... 42

3.3.3 Acurácia e exatidão dos dados estimados de precipitação mensal…............. 43

3.3.4 Acurácia e exatidão dos dados médios estimados de temperatura máxima.. 44

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3.3.5 Acurácia e exatidão dos dados médios estimados de temperatura mínima.. 46

3.4 CONCLUSÕES………………………………………………………………… 47

3.5 REFERÊNCIAS………………………………………………………………... 48

4 INFLUÊNCIA DE VARIÁVEIS CLIMÁTICAS SOBRES AS PRINCIPAIS

DOENÇAS DO ARROZ……………………………………………………… 51

RESUMO…………………………………………………………………………………. 51

ABSTRACT……………………………………………………………………………… 52

4.1 INTRODUÇÃO………………………………………………………………… 53

4.2 MATERIAIS E MÉTODOS……………………………………………………. 54

4.2.1 Obtenção dos dados histórico das principais doenças da cultura do arroz

irrigado e de terras altas……………………………………………………… 54

4.2.2 Obtenção da série histórica variáveis climáticas……………………………. 58

4.2.3 Análises estatísticas……………………………………………........................60

4.3 RESULTADOS E DISCUSSÃO…………………………………..................... 61

4.3.1 Associação entre variáveis climáticas e a severidade de doenças da cultura do

arroz em 15 localidades………………………………………………………. 61

4.3.2 Associação entre as variáveis climáticas e a severidade das doenças do arroz

para as regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste do Brasil…………………. 63

4.4 CONCLUSÕES…………………………………………………………………. 66

4.5 REFERÊNCIAS…………………………………………………………………. 67

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS…………………………………………………... 70

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LISTA DE TABELAS

Tabela 4.1 Escalas de notas referente a severidade de doenças do arroz, brusone

na folha (BF), brusone na panícula (BP), mancha parda (MP), mancha

de grãos (MG) e escaldadura (ESC) ………………………………… 57

Tabela 4.2 Exemplo com parte de uma tabela de contingência com a Distribuição

anual da frequência da nota de severidade de doenças avaliada por

escala de 1 a 9, para mancha parda (MP) e mancha de grãos (MG), e

para produção média em kg/ha (Prod), no período de 1986 a 2014 em

ensaios de VCU no município de Vilhena, RO……………………….

58

Tabela 4.3 Estrutura resumida das planilhas com as variáveis climáticas

registrada pelo INMET de 1986 a 2014 no município de Vilhena RO:

Representação dos dois primeiros eixos da análise de correspondência

canônica (CCA1 e CCA2), com respectivos valores dos testes de qui-

quadrado e significância de modelos obtidos para estimar a influência

de variáveis climáticas sobre doenças do arroz, em 15 localidades e

suas respectivas regiões Média da temperatura máxima para o mês de

dezembro (Tmax_12), média da temperatura mínima (Tmin_12),

amplitude média (Amp_12), precipitação acumulada (Pre_12),

número de dias de chuvas acima de 2 mm (Dc>2_12), número de dias

com chuvas acima de 5 mm (Dc>5_12), número de dias com chuvas

acima de 10 mm (Dc>10_12), número de dias com temperatura de

20º C a 30º C em dezembro, e média da temperatura máxima no mês

de fevereiro (Tmax_02)………………................................................ 59

Tabela 4.4 Representação dos dois primeiros eixos da análise de correspondência

canônica (CCA1 e CCA2), com respectivos valores dos testes de qui-

quadrado e significância de modelos obtidos para estimar a influência

de variáveis climáticas sobre doenças do arroz, em 15 localidades e

suas respectivas regiões……………………………………………… 62

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LISTA DE FIGURAS

.

Figura 3.1 Localização das estações meteorológicas (INMET) utilizadas para

validação de dados climáticos obtidos por sensores remotos, de 30

municípios brasileiros distribuídos em seis regiões conforme a

homogeneidade de precipitação. Região-01 (Centro Oeste) Região-

02 (Sul). Região-03 (Litoral Sudeste). Região-04 (Pantanal).

Região-05 (Nordeste) e Região-06 (Extremo Norte)……………… 34

Figura 3.2 Relação entre os dados do acumulado mensais de precipitação

obtidos via estações do INMET (Dados observados) e POWER

(Dados estimados). Diagrama de dispersão referentes as seis regiões

de estudo, região Centro-Oeste (A) Sul (B) Litoral Sudeste (C)

Pantanal (D) Nordeste (F) e Norte (F). *** = significativo a

1%........................................................................................................ 38

Figura 3.3 Relação entre médias mensais de temperatura máxima obtidos via

base de dados POWER (dados estimados) e estações terrestres do

INMET (dados observados), referentes as seis regiões de estudo:

Centro-Oeste (A) Sul (B) Litoral Sudeste (C) Pantanal (D)

Nordeste (F) e Norte (F). *** = significativo a 1%.......................... 40

Figura 3.4 Relação entre os dados médios de temperatura mínima obtidos via

estações do INMET (Dados observados) e POWER (Dados

estimados). Diagrama de dispersão referentes as seis regiões de

estudo, região Centro-Oeste (A) Sul (B) Litoral Sudeste (C)

Pantanal (D) Nordeste (F) e Norte (F)……………………………... 41

Figura 3.5 Variações do índice de concordância médio (ICM) para

precipitação média anual, temperatura máxima e mínima estimados

pela base de dados POWER para 30 localidades distribuídas em

seis regiões brasileiras, em comparação com dados obtidos pelo

INMET. As localidades são numeradas de acordo com a Figura 1,

e representam municípios das regiões Centro-Oeste (01, 02, 03, 04,

05 e 06), Sul (07, 08, 09, 10, 11 e 12), Litoral Sudeste (13,14,15 e

16), Pantanal (17, 18, 19, 20 e 21), Nordeste (22, 23, 24 e 25) e

Extremo Norte (26, 27, 28, 29 e 30)………………………………. 43

Figura 3.6 Variação mensal do índice de concordância e do desvio médio

quadrático para a precipitação mensal estimada pela base de dados

POWER de janeiro de 2004 a dezembro de 2014, nas respectivas

regiões Centro-Oeste, Sul, Litoral Sudeste, Pantanal Mato-

grossense, Nordeste e Extremo Norte……………………………... 44

Figura 3.7 Variação média do índice de concordância (A, B, C, D, E e F) e

desvio médio quadrático (G, H, I, J, K e L) para a variável 45

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temperatura máxima, nas respectivas regiões Centro-Oeste, Sul,

Litoral Sudeste, Pantanal, Nordeste e Extremo Norte……………..

Figura 3.8 Variação média do índice de concordância (A, B, C, D, E e F) e

desvio médio quadrático (G, H, I, J, K e L) para a variável

temperatura mínima, nas respectivas regiões Centro-Oeste, Sul,

Litoral Sudeste, Pantanal, Nordeste e Extremo Norte……………. 46

Figura 4.1 Distribuição dos locais com ensaios de VCU selecionados para os

estudos da influência das variáveis climáticas sobre as doenças.

Marcadores na cor vermelha correspondem ao ensaio de arroz

irrigado; Penedo AL (A), Goianira GO (B), Formoso do Araguaia

TO (C), Belém PA (D), Uruguaiana RS (E). Marcadores na cor

laranja correspondem aos ensaios de arroz de terras altas; Santo

Antônio de Goiás GO (F), Porangatu GO (G), Querência MT (H),

Sorriso MT (I), Sinop (J), Vilhena RO (K) São Raimundo das

Mangabeira MA (L) Teresina (M), Paragominas (N) e Altamira PA

(O)……………………………………………………………….... 55

Figura 4.2 Diagramas de ordenação nos dois primeiros eixos da análise de

correspondência canônica (CCA) para região Norte, com

associação entre as variáveis climáticas e a severidade da

escaldadura e da macha parda do arroz. Acrônimos se referem à

precipitação mensal (Prec), médias mensais da temperatura

máxima (Tmax) e mínima (Tmin), amplitude térmica média

(Amp), e número de dias com chuvas (Precd) nos meses de

fevereiro, março e abril (02, 03 e 04)…………………………….. 63

Figura 4.3 Diagramas de ordenação nos dois primeiros eixos da análise de

correspondência canônica (CCA) para região Centro-Oeste, com

associação entre as variáveis climáticas e a severidade brusone na

folha (bf), brusone na panícula (bp), escaldadura (esc), mancha de

grão (mg) e macha parda (mp) do arroz. Variáveis ambientais

correspondem á precipitação mensal (Prec), média da temperatura

máxima (Tmax) e mínima (Tmin), amplitude térmica (Amp) e

número de dias com chuvas (Precd) nos meses de dezembro,

janeiro e fevereiro (12, 01 e 02)…………………………………… 64

Figura 4.4 Diagramas de ordenação nos dois primeiros eixos da análise de

correspondência canônica (CCA) para região Nordeste, com

associação entre as variáveis climáticas e a severidade da brusone

na folha (bf), brusone na panícula (bp), escaldadura (esc), mancha

de grão (mg) e macha parda (mp). Variáveis ambientais

correspondem a precipitação mensal (Prec), média da temperatura

máxima (Tmax) e mínima (Tmin), amplitude térmica (Amp) e

número de dias com chuvas (Precd) nos meses de dezembro,

janeiro e fevereiro (12, 01 e 02)…………………………………… 65

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RESUMO GERAL

AGUIAR, J. T. Influência das variáveis macroclimáticas sobre as principais doenças do

arroz. 2016.70 f. Dissertação (Mestrado em Agronomia: Fitossanidade)-Escola de Agronomia

e Engenharia de Alimentos, Universidade Federal de Goiás, Goiânia, 2016.1

Este estudo foi realizado para se verificar a influência de variáveis climáticas

sobre doenças do arroz no Brasil. Inicialmente, foi necessário validar dados climáticos

obtidos via sensor remoto orbital, obtidos no banco de dados Prediction of Worldwide

Energy Resource (POWER) da NASA. Esses dados foram comparados aos obtidos de

estações de superfície brasileiras do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET). Os dados

foram compostos de séries históricas (2004 a 2014) de médias mensais de temperaturas e

precipitação. Para validação, foram estimados os coeficientes correlação de Pearson e

modelos de regressão linear entre os dados estimados via satélite e obtidos via estações de

superfície. Para verificação da acurácia, foram estimados o erro médio absoluto, o desvio

médio quadrático e o índice de concordância. Os dados de precipitação mensal para a maioria

das regiões apresentaram coeficientes de correlação satisfatórios, entre 0,75 e 0,95 (P<0,05).

Já os dados de temperaturas máxima e mínima obtidos por satélites apresentaram resultados

irregulares que variavam conforme a região. Nestes casos, verificou-se que os dados obtidos

remotamente não detectaram eventos climáticos extremos, como chuvas ou seca intensas.

As médias de precipitação mensal também apresentaram resultados mais consistentes para

todas as regiões, em testes de acurácia. Os dados validados subsidiaram a segunda etapa

deste trabalho, quando foram avaliados os efeitos das variáveis climáticas sobre as doenças

da cultura do arroz. Contou-se com uma série histórica de dados de severidade de doença

registrados entre 1983 a 2014. Os dados climáticos do INMET, Embrapa e NASA/POWER

foram utilizados para compor uma matriz com variáveis ambientais, e verificação de sua

correspondência com a severidade de doenças em 15 locais com séries históricas de pelo

menos oito anos. Por meio da análise de componentes principais foram eliminadas as

variáveis climáticas redundantes. Com dados estruturados em duas matrizes, clima

(variáveis explanatórias) e severidade de doença mais produtividade (variáveis de resposta)

foram realizadas análises de correspondência canônicas (CCA) por local e por regiões.

Dentre os 15 locais analisados, apenas cinco apresentaram modelos significativos a 5%, com

a explicação da variação dos dados pelos dois primeiros eixos acima de 50%, demostrando

que, em alguns locais, a variação total da severidade das doenças é explicada parcialmente

por variáveis climáticas. De acordo com as CCAs por regiões, observou-se que na região

Norte as variáveis climáticas não influenciam significativamente as doenças do arroz. Por

outro lado, modelos significativos demonstraram a correspondência entre as variáveis

climáticas e doenças para as regiões Centro-Oeste e Nordeste, ainda que com baixa

porcentagem de explicação. De modo geral, a maior severidade de doenças foi atribuída á

ocorrência de chuvas e menores temperaturas mínimas durante o estádio reprodutivo da

cultura. Em todos os casos, a produtividade não foi relacionada ás variáveis ambientais.

Palavras-chave: Oryza sativa L., mudanças climáticas, modelagem, planejamento agrícola,

sensoriamento remoto.

1 Orientador: Prof. Dr. Murillo Lobo Junior. PPGA/EA-UFG .

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GENERAL ABSTRACT

AGUIAR, J. T. 2016. 70 f. Influence of macroclimatic variables on the main rice

diseases. Dissertation (Master in Agronomy: Plant Protection)-Escola de Agronomia e

Engenharia de Alimentos, Universidade Federal de Goiás, Goiânia, 2016. 2

The influence of climatic variables on rice diseases was assessed in Brazil.

Firstly, it was necessary to validate climate data from remote sensoring, retrieved from

NASA’s database Prediction of Worldwide Energy Resource (POWER). POWER data were

compared to climate records of surface stations from the National Institute of Meteorology

(INMET). Climate data consisted of a time series (2004-2014) of monthly average

temperatures and rainfall. Validation tests were carried out with Pearson’s coefficient of

correlation and adjustment of linear regression models between the satellite data and surface

stations. Further, data accuracy was checked according to average absolute error, root mean

square deviation and concordance index. Monthly rainfall from most regions satisfactory

correlated with Pearson coefficients between 0.75 and 0.95 (P<0.05). In contrast, maximum

and minimum temperatures recorded by satellites showed irregular results that vary by

region. In these cases, remote sensing did not detect extreme weather events, such as heavy

rainfall or drought. Monthly rainfall comparisons also showed the most consistent results for

all regions in accuracy tests. The endorsed data supported the next stage of this work,

regarding the effects of climate variables on rice diseases. This investigation counted on a

historical series of disease severities recorded in field tests, carried out between 1983 and

2014. Climatic data from INMET, EMBRAPA and NASA/POWER was arranged in a

matrix of environmental variables, and tested for correspondence with disease severities

recorded in 15 sites for at least eight years. Redundant climate variables were eliminated by

principal component analysis. With structured data disposed in two datasets of climate

(explanatory variables) and disease severity and productivity (response variables), canonical

correlation analysis was performed (CCA) by location and by regions. The influence of

climate on disease severity was demonstrated in only five sites, according to CCA models

significant at 5%, with their first two axes explaining over than 50% of explanatory

variables. In such sites, the total variation in disease severity was partially explained by

climate variables. In the regional approach, climate variables did not significantly influence

rice diseases in the North Region. Nevertheless, significant models demonstrated the

correlation between climatic variables and disease in the Center-West and Northeast, despite

the small percentage of explanation by the first two axes. In general, higher disease severity

was related to rainfall and lower minimum temperatures during the reproductive stage of

rice plots. In all cases, yield was not related to environmental variables.

Key words: Oryza sativa L., climate change, modelling, crop management, remote sensing.

2 Adviser: Prof. Dr. Murillo Lobo Junior. PPGA/EA-UFG

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1 INTRODUÇÃO GERAL

O arroz é considerado um dos principais alimentos para a população mundial.

Estudos realizados pelo IFPRRI (International Food Policy Research Institute) estimam que

até 2050 a produção de arroz vai diminuir em 15% nos países em desenvolvimento com

acréscimo de 12% nos preços, com reflexos principalmente na segurança alimentar

(Sundström et al., 2014). De acordo com o mais recente levantamento realizado pela FAO

(FAO, 2015) a produção mundial de arroz, no ano de 2015 foi de 491,5 milhões de toneladas,

totalizando 5% abaixo do esperado para esta safra, sendo esta redução atribuída a condições

climáticas desfavoráveis, principalmente a seca que atingiu países asiáticos. Segundo o

levantamento da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) divulgado no mês de

fevereiro de 2016, a produção de arroz no Brasil, houve redução de 7,4% na área plantada e

7,7% na produção total. Um dos motivos para a redução de rendimento foram as chuvas mais

intensas na região sul, principal produtor de arroz irrigado em nosso país (Conab, 2016).

Atualmente são encontrados vários trabalhos com modelos que abordam os

impactos das variáveis climáticas sobre os a produtividade do arroz (Chun et al., 2016)

(Bocchiola, 2015), mas estudos que tratam dos efeitos de variações climáticas sobre doenças

ainda são raros para esta cultura. (Kim & Cho, 2015), por exemplo, estimaram o efeito das

alterações climáticas sobre a brusone na folha e queima da bainha do arroz na Coréia,

prevendo a diminuição da severidade da doença para os próximos 100 anos. De acordo com

(Wiik & Ewaldz, 2009), estimou-se que a precipitação foi a variável mais correlacionada

com a severidade das doenças do trigo, e que dados meteorológicos podem ser usados com

sucesso em modelos de previsão de doenças do trigo. No Brasil, em estudos realizados por

(Del Ponte et al., 2006) para previsão de ferrugem asiática usando modelos com dados de

variáveis climáticas, observou-se a forte influência da precipitação nesta doença da soja,

principalmente para os locais onde a temperatura é fator limitante para o desenvolvimento

da doença.

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Estudos dessa natureza são de grande valia para a melhor eficiência do controle

de doenças. Apesar das dimensões continentais e da importância da agricultura em nosso

país, ainda são poucos os estudos que estimam riscos e danos causados por doenças na

cultura do arroz no Brasil. Desta forma, o presente estudo teve como principal objetivo

avaliar o efeito das variáveis climáticas sobre a severidade das principais doenças da cultura

do arroz, em diferentes localidades brasileiras.

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2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 PRODUÇÃO DE ALIMENTOS NO SÉCULO XXI

O aumento populacional contínuo no Século XXI evidencia a necessidade de se

aumentar a produção de alimentos no planeta, e de conciliar a segurança alimentar da

população com a proteção aos recursos naturais de garantem a sustentabilidade da

agricultura. São vários os estudos que demostram que até o ano de 2050 a produção agrícola

terá de dobrar para atender as demandas mundiais (Tilman et al., 2011), em um ambiente em

constante transformação. A produção agrícola nas diferentes regiões do planeta é regulada

pelo clima, que se vale da regularidade de estações climáticas, e o desbalanço entre variáveis

importantes como chuvas e temperaturas é uma fonte de riscos e incertezas sobre as

colheitas. Além disso, a agricultura também afeta o ambiente, sendo considerada uma das

atividades que pode provocar perda da biodiversidade, degradação do solo, contaminação da

água, além de contribuir de forma significativa para as alterações do climática (Bajželj et al.,

2014). Por estes motivos, conciliar o aumento da produção de alimento em alta escala e

reduzir simultaneamente os danos ambientais é um dos principais desafios do século XXI

(Foley et al., 2011).

Para atender as demandas crescente por alimentos, a produção agrícola deve

crescer continuamente próximos anos, e ao mesmo tempo diminuir os impactos provocados

no meio ambiente (Ray et al., 2013; Foley et al., 2011) Como a expansão da área cultivada

afeta áreas de vegetação nativa ou é limitada por condições ambientais adversas, o aumento

da produtividade das culturas agrícolas é considerado a principal estratégia para garantir a

segurança alimentar nos próximos anos será (Godfray et al., 2010; Phalan et al., 2011). Os

principais fatores que limitam a produção agrícola são a degradação dos recursos naturais, a

fertilidade dos solos, as alterações do clima e a ocorrência de pragas e doenças (Sundström

et al., 2014)

Vários destes fatores limitantes estão inter-relacionados, como as doenças que

afetam as culturas agrícolas e o clima. As variáveis climáticas afetam todo o ciclo de vida

dos patógenos, assim como o de suas hospedeiras. Essas alterações nos padrões de

precipitação e temperatura, afetam diretamente o rendimento das culturas e ainda, podem

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aumentar ou diminuir a severidade de doenças de plantas, principalmente devido à forte

influência que as condições climáticas exercem sobre o desenvolvimento dos patógenos

(Garrett et al., 2006). Ainda que muitos dos eventos que determinam o ciclo de vida dos

fitopatógenos ocorram de acordo com o microclima formado sob o dossel das culturas, sem

dúvidas, chuvas, variações de temperaturas, ventos determinam o transporte do inóculo

inicial e o ciclo infeccioso. Estas condições macroclimáticas foram determinantes em fatos

registrados na história mundial, como as epidemias de requeima da batata no Século XIX na

Europa e da mancha parda do arroz em Bengala, em 1942 (Agrios, 2005), não sem

desconsiderar a importância da resistência genética às doenças.

Apesar de todos os avanços na proteção de plantas às doenças e pragas, os riscos

à produção agrícola não foram necessariamente reduzidos, em parte, por serem formados

por fatores praticamente incontroláveis pelo ser humano. Mais recentemente, as mudanças

climáticas que afetam o regime de chuvas e de temperaturas têm sido consideradas um dos

maiores riscos à segurança alimentar. Entre vários exemplos de como estas mudanças afetam

a agricultura, estudos realizados por (Scherm & Yang, 1995) na China e (Culbreath &

Srinivasan, 2011) nos Estados Unidos observaram redução na da incidência ferrugem no

trigo em anos do fenômeno El Niño (China) e menor ocorrência de Tospovirus em plantas

de amendoim no sudeste dos Estados Unidos em anos de ocorrência do fenômeno La Niña

(Culbreath & Srinivasan, 2011).

Nos anos de El Nino ocorre o aquecimento anormal das águas do oceano

Pacífico, que provocam alterações nos sistemas atmosféricos, o que resulta em aumento da

precipitação ao longo da costa do Ocidental da América do Sul e EUA e no leste da África

e simultaneamente provoca longos períodos de estiagem no sudeste da Ásia, África do Sul e

Norte e Nordeste do Brasil (Yeh et al., 2009; Xu & Huang, 2015). Por outro lado, em anos

do fenômeno La Niña, as águas do oceano pacifico tornam-se mais frias que o normal,

provocando mudanças na circulação atmosférica, provocando eventos climáticos extremos

em diferentes partes do mundo que incluem secas severas em vários países como por

exemplo nos Estados Unidos (Kiladis & Diaz, 1989). Outro exemplo é o aumento da

precipitação e consequentemente de inundações em países na América do Sul (Hoyos et al.,

2013).

2.2 A CULTURA DO ARROZ E SUAS DOENÇAS

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O arroz (Oryza sativa L.) é um dos cereais mais importantes do mundo, e um

dos principais componentes da dieta básica da população mundial. A produção mundial no

ano de 2015 foi de 491,5 milhões de toneladas, com a maior parte de sua produção originadas

em países do Sudeste Asiático. No Brasil, após aumento de 2,6% na safra 2014/2015 que

atingiu 12,43 milhões de toneladas, houve redução na safra de 2015/2016 de 7,4% na área

plantada e 7,7 na produção total. Cerca de 2/3 desta produção é obtida no Rio Grande do Sul

e em Santa Catarina, em lavouras irrigadas. No restante do país, as lavouras estão

distribuídas em cultivos de terras altas e irrigado tropical, tanto para agricultura familiar

quanto para comercialização (Conab, 2016).

2.2.1 Brusone

A brusone Magnaporthe oryzae é considerada uma das principais doenças da

cultura do arroz, responsável pela queda de 10 a 30% da produção mundial desta cultura

(Skamnioti & Gurr, 2009). No Brasil, a brusone ocorre em todo o território brasileiro, do

Rio Grande do Sul ao Amazonas, considerada a principal doença do arroz no país,

provocando perdas significativas de até 100% na produtividade, quando as condições

ambientais são favoráveis. No Rio Grande de Sul, a brusone causa danos menores à

produtividade, em comparação às perdas observadas no Tocantins (Ribeiro, 1984), devido

principalmente às temperaturas menores que limitam sua incidência e severidade.

Em estudos realizados no Brasil, com brusone nas folhas em condições de terras

altas, verificou-se que as temperaturas de 30° C durante o dia junto com períodos

prolongados de orvalho proporcionaram um maior número de infecções (Prabhu et al., 1986).

A severidade da brusone nas panículas foi correlacionada significativamente com a

temperatura mínima, entre 110 a 117 dias após o plantio de IAC 47 em terras altas. A

ocorrência de chuvas abundantes durante o enchimento dos grãos, por sua vez, pode reduzir

a severidade da brusone nas panículas (Prabhu & Morais, 1986).

A análise de risco da brusone associada a temperaturas e precipitação foi

analisada para cinco países Asiáticos utilizando dados coletados em 53 locais, combinando-

se os modelos CERES-Rice e BLASTSIM (Luo et al. 1995). Nesta análise, a mudança na

precipitação pluvial não afetou significativamente a incidência da brusone. Por outro lado,

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as temperaturas mostraram efeitos negativos e diferentes quanto aos danos causados devido

à brusone em diferentes zonas agroecológicas.

Em um segundo estudo representado por Luo et al. (1998), foram avaliados a

perda de rendimento causada pela brusone na folha e relacionada com as mudanças de

temperatura em cinco países da Ásia. Observou se que na maioria dos locais cujo a

temperatura é considerada mais baixa (Japão e norte da China), o aumento da temperatura

teve efeitos significativos sobre as perdas de rendimentos. Já em locais quentes e úmidos

como no Sul da China, Filipinas e Tailândia a temperatura mais baixar levou a um maior

risco de perda.

No trabalho de Luo et al. (1998), foram incorporadas no modelo somente a

contribuição de danos causada por esta doença nas folhas. O efeito da brusone nas panículas

sobre o rendimento do arroz é maior do que nas folhas, principalmente, em condições

tropicais como a do Brasil. De acordo com projeções feitas por Prabhu et al. (2008), no caso

de um incremento de 1 a 5°C, pode haver um aumento da severidade da brusone em várias

regiões brasileiras, o que torna necessário traçar novas estratégias de sustentabilidade para a

cultura do arroz.

2.2.2 Mancha parda

A mancha parda, causada pelo fungo Bipolaris oryzae é uma doença que vem

assumindo grande importância econômica em todo território nacional. A doença afeta

principalmente as lavouras semeadas em novembro, momento em que as plantas estão

próximas à maturação, provocando, em média, perdas de 12% a 30% no peso dos grãos

(Fillipi & Prabhu, 1998). As sementes infectadas por B. oryzae sofrem uma redução

significativa na germinação e, em geral, os grãos manchados causam perdas também no

rendimento de engenho, além de depreciar os aspectos visual dos grãos.

A mancha parda ataca o coleóptilo, folhas, bainha, ramificações das panículas,

glumelas e grãos. Os sintomas geralmente manifestam-se nas folhas logo após a floração e,

mais tarde, nas glumelas e grãos. Nas folhas, os sintomas são lesões circulares ou ovais, de

coloração marrom, com centro acinzentado ou esbranquiçado, com margens pardas ou

avermelhadas. As lesões nas bainhas são semelhantes às lesões típicas nas folhas. Nos grãos,

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as manchas têm coloração marrom-escura e, muitas vezes, juntam-se, cobrindo-os

completamente (Vidhyasekaran, 1986)

A doença é favorecida por temperaturas entre 20°C e 30°C e por alta umidade

relativa do ar, maior que 89%. O estresse por excesso ou falta de água, a baixa fertilidade do

solo - principalmente em relação à adubação com potássio - e o uso de nitrogênio em níveis

muito altos ou muito baixos aumentam a suscetibilidade da planta à mancha parda (Fillipi &

Prabhu, 1998).

Bipolaris oryzae tem grande potencial destrutivo nas condições altamente

favoráveis. Em 1943, dois milhões de habitantes de Estado de Bengala Oeste, em

Bangladesh, morreram de fome devido à falta de arroz, atribuída à epidemia de mancha

parda causada por B. oryzae (Agrios, 2005). A epidemia foi facilitada pelo aumento de

temperaturas mínimas e alta precipitação pluvial e nebulosidade (Padmanabhan, 1973).

Diante disto, pode-se prever que esta doença poderá em breve ocorrer com maior frequência,

de acordo os prognósticos do IPCC (International Pannel on Climate Change 3 ),

principalmente, nas regiões subtropicais, local em que a maior parte da produção de arroz

está concentrada.

2.2.3 Queima da bainha

A queima-da-bainha causada pelo fungo Rhizoctonia solani J.G. Kühn

[teleomorfo Thanatephorus cucumeris (Frank) Donk] é considerada importante doença na

cultura do arroz irrigado em diferentes países, tanto de clima temperado como no tropical

(Webster & Gunell, 1992). A doença é caracterizada por manchas ovaladas, elípticas ou

arredondadas, de coloração branco-acinzentada e bordas marrons bem definidas situada da

bainha até a base da haste do arroz. Em casos severos observam-se manchas semelhantes

nas folhas, porém com aspecto irregular, que podem causar seca parcial ou total das folhas.

No Brasil, a ocorrência da queima-da-bainha foi assinalada em lavouras de arroz

de alguns municípios dos Estados de São Paulo, Rio Grande do Sul, Amazonas e Tocantins,

onde ocorre com maior frequência em lavouras cultivadas em rotação com soja, que também

é hospedeira do mesmo patógeno (Prabhu et al., 2008).

3 http://www.ipcc.ch/

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Com o prognóstico de aumento de temperaturas mínimas e máximas na Região

Sul do Brasil, junto a rotações de culturas inadequadas, a queima-da-bainha pode se tornar

uma das principais doenças do arroz como a brusone. A alta precipitação pluvial típica dos

anos de El Niño no Sul do Brasil também pode contribuir para possíveis epidemias desta

doença. As condições climáticas favoráveis para o surgimento da doença são umidade acima

de 95% e temperatura média em torno de 28 a 32 º C (Lee & Rush, 1983)

2.2.4 Escaldadura

O agente causal da escaldadura é o fungo Monographella albescens. Esta doença

tem se manifestando de forma significativa em todas as regiões brasileiras, destacando-se

nas regiões Norte e Centro-Oeste (Silva-Lobo et al., 2011), em todos os sistemas de

produção, tanto irrigado como o de terras altas (Prabhu et al., 1999).

A doença é favorecida em ambientes que apresentam alta pluviosidade, períodos

prolongados de molhamento foliar, com temperatura média em torno de 24 a 28 º C, excesso

de adubação nitrogenada e plantio adensado (OU, 1985; Groth et al., 1992)

Os sintomas da doença iniciam-se nas extremidades apicais ou nas bordas das

lâminas foliares. As manchas não apresentam margens bem definidas e são inicialmente de

coloração verde-oliva. Com o desenvolvimento da doença, as áreas afetadas apresentam

sucessões de faixas concêntricas. As lesões coalescem, causando secamento e morte das

folhas afetadas. As lavouras afetadas apresentam amarelecimento geral, com as pontas das

folhas secas (Prabhu et al.,1999). As principais medidas de controle são o uso de sementes

de boa qualidade fisiológica e sanitária, a rotação de cultura a adoção de práticas culturais,

combinadas com o uso de cultivares resistentes, reduz-se o uso de produtos químicos e,

consequentemente, dos danos ambientais e do custo de produção (Silva-Lobo et al., 2007).

2.2.5 Manchas de grãos

A mancha de grãos tem assumido maior importância nos últimos anos em

lavoura de produção de arroz. A doenças é causada por um complexo de patógenos composto

por fungos e bactérias que atuam simultaneamente. Observa se os principais agentes casuais

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Bipolaris oryzae (=Helminthosporium oryzae), Magnaporthe oryzae, Phoma sorghina,

Microdochium oryzae (=Rhynchosporium oryzae), alternaria padwickii, alternaria spp.,

Curvularia lunata e Nigrospora oryzae, como os principais patógenos, responsáveis pela

redução da qualidade dos grãos (Malavolta et al., 2007). A mancha de grãos tem sido

considerada como um dos principais problemas do arroz de terras altas. Segundo Prabhu &

Bedendo (1988), as perdas do peso das panículas podem variar de 22 a 45% e no rendimento

industrial de 0 a 14% em ano de epidemia. As manchas nos grãos aparecem desde o início

da emissão da panícula até o seu amadurecimento. Os sintomas são muito variáveis,

dependendo do patógeno predominante, do estádio de infecção. As condições climáticas

favoráveis dependem muito do patógeno predominante no complexo (Ou,1985). Nas regiões

Sul do Brasil ocorrerem maior ocorrência da doença quando se registra dias com umidades

mais elevadas e temperatura em torno de 15 a 20ºC durante a fase de emborrachamento dos

grãos ou no período de floração da cultura (Nunes,2013).

O controle mais eficiente são as medidas preventivas como o plantio de sementes

sadias ou o tratamento das sementes com fungicidas que aumenta o vigor das plântulas e o

estande da lavoura, além de diminuir o inóculo inicial. O controle químico deve ser realizado

de maneira preventiva, com uma ou mais aplicações, dando preferência aos fungicidas de

ação sistêmica. A primeira aplicação deve ocorrer no final da fase de emborrachamento e

início da emissão de panículas e, a segunda, 10 dias após a primeira aplicação (Silva-Lobo

et al., 2007).

2.3 CLIMA E DOENÇAS DE PLANTAS

O ambiente pode influenciar a resistência e a suscetibilidade da planta

hospedeira, a multiplicação, a sobrevivência e as atividades do patógeno, assim como a

interação entre a planta hospedeira e patógeno (Ghini.,2005). As recentes mudanças

verificadas no clima do planeta, diante da intensificação antrópica, certamente estão

promovendo significativas alterações na ocorrência e severidade de doenças de plantas.

Os cenários climáticos futuros, de modo geral, indicam um aumento da

temperatura, o qual, certamente, alterará a resposta das plantas às doenças, seja devido à

própria composição genética do hospedeiro (mutações no DNA, por exemplo), seja por

alterações causadas na comunidade de organismos que induzem resistência. Essas mudanças

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têm se manifestado de diversas formas, dentre as quais se destaca o “aquecimento global”,

ou seja, o aumento da temperatura do planeta. Nesse sentido, não faltam evidências de que

ocorrerão mudanças climáticas globais em função do aumento da concentração de gases de

efeito estufa, como o gás carbônico (CO2), o metano (CH4) e óxido nitroso (N2O), além do

próprio vapor d’água (H2O), conforme relatos cada vez mais consistentes e aceitos pela

comunidade científica internacional (Pellegrino et al., 2007).

Os fitopatógenos estão entre os primeiros organismos a sofrerem os efeitos das

mudanças climáticas devido às numerosas populações, facilidade de multiplicação e

dispersão, além do curto tempo entre gerações (Scherm et al., 2000). Dessa forma, estes

microrganismos constituem um grupo fundamental de indicadores biológicos que deve ser

avaliado quanto aos impactos das mudanças climáticas. Além disso, constituem um dos

principais fatores responsáveis por reduções de produção e podem colocar em risco a

sustentabilidade dos agroecosistemas.

Conforme já visto, a manutenção da sustentabilidade dos sistemas agrícolas é

diretamente dependente do manejo e controle de doenças e insetos-praga. Apesar do

pessimismo imposto pelas projeções de alterações climáticas, há uma série de incertezas que

são difíceis de serem antecipadas pela pesquisa científica. Essas alterações certamente terão

efeitos regionalizados na produtividade, mas é difícil estimar com exatidão qual a extensão

destas consequências.

Por outro lado, o passado é uma fonte excelente de informações. É possível

estudar o histórico de doenças de plantas e suas consequências em escala local, regional, ou

mesmo continental, e descobrir padrões que auxiliam a compreensão dos patossistemas, e

que subsidia a tomada de decisões para o futuro. A organização de séries históricas de

ocorrência de doenças e de variáveis climáticas relacionadas a estes registros pode revelar

padrões espaço-temporais de grande utilidade para estudos de variações climáticas sobre

doenças e o rendimento das culturas agrícolas.

De acordo com Ghini et al. (2011), as alterações climáticas vão aumentar a

incerteza na produção de muitas culturas em países tropicais, incluindo vários países em

desenvolvimento, onde estas culturas podem formar uma base importante do produto interno

bruto. Além disso, segundo os mesmos autores, patógenos secundários poderão ter uma

maior chance de causar doença, principalmente através de estresse da planta, causado por

mudanças na temperatura e precipitação, especialmente porque o material genético resistente

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não está sendo selecionado para controle desses patógenos. Dessa forma, é fundamental o

estudo dos impactos ambientais em importantes doenças de plantas, com a finalidade de

minimizar perdas de produção e de qualidade, auxiliando a escolha de estratégias para

contornar os problemas fitossanitários (Chakraborty et al., 2000).

Vários estudos fornecem evidências dessas alterações, tais como aumentos

significativos nas taxas fotossintéticas, produção de papilas, acúmulo de silício, alterações

em sítios de penetração do apressório, maior acúmulo de carboidratos nas folhas, mais cera,

camadas adicionais de células epidérmicas, aumento no teor de fibras, redução da

concentração de nutrientes e alteração na produção de enzimas relacionadas a resistência

(Hibberd et al., 1996). Pode-se perceber assim que são diversos os efeitos nas alterações

fisiológicas causadas nas plantas com relação as mudanças climáticas apresentadas. Diante

disto, a adaptabilidade de alguns sistemas agrícolas pode ajudar a minimizar o impacto

negativo das mudanças climáticas com a adoção de novas cultivares e outras práticas manejo.

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3 VALIDAÇÃO DE DADOS METEOROLOGICOS OBTIDOS VIA SENSOR

REMOTO ORBITAL EM DIFERENTES REGIÕES BRASILEIRAS

RESUMO

Dados meteorológicos obtidos via sensoriamento remoto e estimados por meio

de algoritmos tem sido fundamental para a pesquisa climatológica em regiões onde há

poucas estações de superfície. Além disso, a escassez de estações meteorológicas de

superfície em determinadas regiões pode ser limitante à realização de estudos de ampla

abrangência geográfica em temas diversos, tais como agricultura. Neste contexto, o objetivo

deste trabalho foi validar o uso de dados de precipitação, temperaturas máxima e mínima

mensais obtidas via sensor remoto orbital, em comparação com dados de estações

meteorológicas de superfície, para subsidiar estudos agrícolas dos efeitos de variáveis

macroclimáticas sobre seis regiões brasileiras, classificadas quanto à homogeneidade da

precipitação. Para tanto, foi utilizado o banco de dados climático da NASA Prediction of

Worldwide Energy Resource (POWER). Esses dados foram comparados aos obtidos de

estações de superfície brasileiras, oriundos do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET).

Os dados foram compostos de séries históricas (2004 a 2014) de médias mensais de

temperaturas e precipitação, e submetidos a testes estatísticos para sua validação. Foram

estimados os coeficientes correlação de Pearson e modelos de regressão linear entre os dados

estimados via satélite e obtidos via estações de superfície. Para verificação da acurácia dos

dados estimados via satélite, foram estimados o erro médio absoluto, o desvio médio

quadrático e o índice de concordância. Estas análises foram conduzidas separadamente para

cinco municípios de cada uma das seis regiões brasileiras consideradas como uniformes

quanto à precipitação. Os dados de precipitação mensal para a maioria das regiões

apresentaram coeficientes de correlação satisfatórios, entre 0,75 e 0,95 (P<0,05). Já os dados

de temperaturas máxima e mínima obtidos por satélites apresentaram resultados irregulares

que variavam conforme a região, em especial quando a amplitude térmica estimada por

estações do INMET era baixa. Nestes casos, verificou-se que os dados obtidos remotamente

não detectaram eventos climáticos extremos, como chuvas ou seca intensas e que, portanto,

tais dados precisam ser aplicados com cautela. Em relação à acurácia dos dados, as médias

de precipitação mensal foram maiores e mais consistentes para todas as regiões, ao contrário

das temperaturas máxima e mínima.

Palavras-chave: Climatologia, sensoriamento remoto, modelagem, planejamento agrícola.

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ABSTRACT

VALIDATION OF WEATHER DATA OBTAINED VIA ORBITAL REMOTE

SENSORING IN DIFFERENT BRAZILIAN REGIONS

Meteorological data obtained by remote sensing and estimated by algorithms has

been critical to the climatological research, in areas where surface stations are not available.

In addition, insufficiency of ground meteorological stations in certain regions can limit wide

geographic studies on various topics, such as agriculture. In this context, the aim of this study

was to validate the use of rainfall, maximum temperature and minimum monthly data

obtained via remote sensing, in comparison to ground meteorological stations to support

agricultural studies about the effects of macroclimatic variables on six Brazilian regions,

labeled according to their precipitation homogeneity. For this, climatic records were

retrieved from the NASA’s Prediction of Worldwide Energy Resource (POWER) database.

POWER records were compared to records from Brazilian surface stations managed by the

National Institute of Meteorology (INMET). The experimental data comprised historical

series (2004-2014) of monthly average temperatures and precipitation from both institutions

from five municipalities of each of six Brazilian regions regarded as uniform as precipitation.

Validation tests consisted of Pearson coefficients of correlation and linear regression models,

between the satellite-estimated data and ground stations. The accuracy of the satellite-

estimated data was verified by average absolute error, root mean square deviation and

concordance index. The monthly rainfall data for most locations showed satisfactory

correlation coefficients, between 0.75 and 0.95 (P<0.05). Maximum and minimum

temperatures estimated by satellites showed irregular results that varied according to the

region, especially when the temperature range estimated by INMET stations was low. In

these cases, remotely obtained data did not detect extreme climatic events such as heavy

rainfall or draught and, therefore, such data needs to be appraised with caution. Regarding

the accuracy of weather records, average monthly rainfall were higher and more consistent

for all regions, unlike the maximum and minimum temperatures.

Key-words: Climatology, remote sensing, modelling, agricultural planning.

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3.1 INTRODUÇÃO

As condições climáticas estão entre os principais fatores que influenciam os

sistemas produção agrícola e regem a distribuição da produção de alimentos no mundo. As

variações climáticas afetam toda a produção agrícola mundial conforme as diferentes

exigências das plantas em água, luz e temperaturas favoráveis e, conforme padrões regionais

estabelecidos há milênios, se determina a aptidão de cada local para produção de alimentos.

Os padrões de chuvas e temperaturas permitem classificar as regiões do planeta em zonas

climáticas (Alvares et al., 2013). Porém, tais variáveis oscilam naturalmente e são

incontroláveis. Apesar destes padrões viabilizarem o zoneamento agrícola e os frequentes

recordes de safras, há também vários exemplos de quebras de safras no Brasil e no mundo,

com enormes prejuízos à agricultura e à sociedade, devido às oscilações climáticas que

incluem eventos extremos (Iizumi et al., 2014; Ferreira Filho & Moraes, 2015; Gourdji et

al., 2015).

Atualmente, tanto a segurança alimentar quanto o agronegócio dependem de

planejamento feito com base em dados climáticos. O uso de estações meteorológicas,

automatizadas de superfície e de satélites, para monitoramento climático tem se tornado uma

importante ferramenta aplicada em estudos de diversas áreas científica e socioeconômicas

(Mariano Júnior, 2006). No entanto, o número de estações de superfície distribuídas nas

regiões brasileiras ainda é muito restrito (Buarque et al., 2011).

De acordo com Oliveira et al. (2012) no Brasil encontram-se 245 estações

convencionais e 464 estações automáticas, mantidas pelo Instituto Nacional de Meteorologia

(INMET). Além dessas, conta-se com estações terrestres dos serviços estaduais de

meteorologia, das cooperativas, de universidades, de fundações de apoio à pesquisa e de

empresas privadas. Este número é considerado baixo para cobrir toda a extensão territorial

do Brasil, e além disso, parte das estações apresentam limitações por causa de erros,

especialmente como dados faltantes. Outro fator limitante é que a grande maioria das

estações automáticas foram implantadas após o ano de 2006, impedindo principalmente a

elaboração de series históricas mais longas, para estudos diversos.

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A baixa densidade de estações meteorológicas e a dificuldade de obtenção destas

informações precisas são problemas não apenas do Brasil, e faz com que o a utilização de

modelos atmosféricos regionais e globais sejam cada vez mais utilizados (Dinku et al.,

2007). As estimativas dos dados agrometeorológicos obtidos remotamente são derivadas,

em geral, de sistemas complexos e sofisticados, que integram dados de satélites

(imageadores e não imageadores), dados de radar, modelos matemáticos, e que necessitam

ser calibrados com dados observados em estações meteorológicas terrestres. O uso desse tipo

de dados tem sido amplamente utilizado em diferentes países tais como China, Estados

Unidos África, para estudos em ampla escala geográfica (White et al., 2008 ; Pinker et al.,

2009 ; Bai et al., 2010 ; Saldanha et al., 2015).

Várias bases de dados climatológicos estão disponíveis online, como a

CLIMOND (Global climatologies for bioclimatic modelling4, Austrália), onde seus dados

são reformulados por meio de outras duas bases a Worldclim e a Climate Research Unit

(CRU) (Kriticos et al., 2012). Há também a POWER (Prediction Of Worldwide Energy

Resource5) do departamento de metodologias agroclimatologias da NASA, criada no ano de

2003. Estas bases cobrem praticamente todo o globo terrestre e disponibilizam gratuitamente

dados meteorológicos de radiação, temperatura, precipitação, umidade relativa, velocidade

do vento, a partir de sensores orbitais e algoritmos de transferência (Bai et al., 2010).

Os dados meteorológicos disponibilizados pela POWER abrangem uma grade

de coordenadas de 1º latitude por de 1º longitude (110 km) a nível mundial. Para a maioria

das variáveis, com exceção para precipitação, os dados são fornecidos a partir de 1983 e

atualizados até próximo da data presente (8 dias). Os dados de temperatura máxima e mínima

de janeiro de 1983 até a data presente são fornecidos pelo Goddard Earth Observing System

(GOES), passando por algumas atualizações nas versões dos modelos de assimilação. Já os

4 https://www.climond.org/

5 http://power.larc.nasa.gov/

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dados de precipitação são fornecidos Global Precipitation Climatology Project (GPCP)

a partir de janeiro de 1997 até a data presente (White et al., 2011).

Deste modo, é possível utilizar dados climatológicos obtidos remotamente por

satélites, para pesquisa e planejamento agrícola, mas a validação destes dados é uma

premissa básica para sua confiabilidade (Tang et al., 2015). Entre inúmeras possibilidades

de uso de dados validados no Brasil, há necessidade de informações climatológicas para

sistemas de alerta e previsão de doenças para as culturas do arroz e do feijão comum, que

constituem a base alimentar do povo brasileiro. Por estes motivos, este trabalho tem como

principal objetivo validar o uso de dados de precipitação, temperaturas máxima e mínima

obtidas via sensor remoto orbital, mantidos pela base de dados online POWER NASA, para

fins de apoio à pesquisa agrícola no Brasil.

3.2 MATERIAL E MÉTODOS

3.2.1 Origem de dados macroclimáticas

Dados diários de precipitação, temperatura máxima e temperatura mínima

registrados por estações automatizadas de superfície foram obtidos a partir da base online

do BDMEP (Banco de dados Meteorológicos para Ensino e Pesquisa6) (INMET/BDMEP,

2015). Este banco de dados possui dados diários em forma digital, de séries a partir do ano

de 1961 das estações meteorológicas convencionais pertencentes à rede de estações do

INMET. Esses dados foram comparados aos dados estimados obtidos da base online

POWER (Stackhouse Jr, 2015).

3.2.2 Seleção das localidades

A seleção das localidades foi baseada no trabalho de (Keller Filho et al., 2005),

onde os autores dividiram o Brasil em seis regiões distintas, quanto a padrões de distribuição

de chuvas. A partir das seis regiões foram selecionados os locais representativos de cultivos

6 http://www.inmet.gov.br/projetos/rede/pesquisa/

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do arroz irrigado e de terras altas, cujos municípios contavam com séries históricas, do

período entre janeiro de 2004 e dezembro de 2014 com séries de dados do mesmo

período (Figura 3.1).

Figura 3.1 Localização das estações meteorológicas (INMET) utilizadas para validação de dados climáticos

obtidos por sensores remotos, de 30 municípios brasileiros distribuídos em seis regiões conforme

a homogeneidade de precipitação. Região-01 (Centro Oeste) Região-02 (Sul). Região-03 (Litoral

Sudeste). Região-04 (Pantanal). Região-05 (Nordeste) e Região-06 Norte).

Os dados foram organizados e estruturados em planilhas do programa MS Excel,

formando uma base de dados com pontos georreferenciados por meio das coordenadas de

latitude e longitude em graus decimais. Para análises estatísticas de validação, os dados

foram denominados em observados “INMET” e estimados “POWER. Apesar da base

POWER disponibilizar dados de precipitação a partir de 1997, a seleção de dados foi

realizada no período de janeiro de 2004 a dezembro de 2014. Foi determinada esse período

devido os dados observados do INMET apresentarem menor número de dados faltantes. Os

dados diários estimados pela POWER não apresentaram problemas com dados faltantes.

Quando necessário, foram eliminados os dados diários estimados que não apresentavam par

correspondente no conjunto dos dados observado.

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3.2.3 Análise estatísticas

A partir das estruturações das planilhas, foram estimadas médias mensais para

as variáveis temperatura máxima e mínima, e a precipitação acumulada mensal em mm. Os

dados estimados e observados foram submetidos à análise de correlação para estimativa dos

coeficientes de Pearson, e à análise de regressão linear, utilizando-se o programa R 3.2.3

(R Development Core Team, Vienna, Austria, 2015) com os pacotes lattice, latticeExtra,

Rcolorbrewer, gridExtra, extrafont, alr3, car, plyr, e reshape e ggplot2. A análise de

regressão linear é bastante usada em estudos de validação de dados, por meio do coeficiente

de determinação “” que representa a medida numérica do grau de similaridade entre os

dados observados e estimados. Por este método, também é possível determinar a precisão do

método e indicar o grau de dispersão dos pontos em relação à média, o chamado erro

aleatório. Vale ressaltar que a precisão é considerada o grau de variação de resultados de

uma mediação. No presente estudo foi considerado satisfatório o coeficiente de

determinação acima de 0,70 e significativo ao nível de 5% de probabilidade.

Para verificar a acurácia e a exatidão entre os dados estimados e observados

foram realizados os testes estatísticos conforme Camparotto et al.( 2013), avaliando-se o erro

médio absoluto (Eq. 01), erro médio quadrático (Eq. 02), desvio médio quadrático (Eq. 03)

e índice de concordância modificado (Eq.04). Segundo Wilks (2006) as estimativas do erro

médio absoluto (EMA) e desvio médio quadrático (RMSE) são métodos bastante eficientes

para verificação da acurácia dos dados estimados em relação ao observados.

Eq.01

𝐸𝑀𝐴 = 𝑁−1 ∑[𝑜𝑖 − 𝑒𝑖 ]

𝑁

𝑖=1

Em que:

EMA: N é o número de pares de dados;

𝑜𝑖 Dados observados (INMET)

𝑒𝑖 Dados estimados (POWER)

Eq.02

𝐸𝑀𝑄 = 𝑁−1 ∑(𝑜𝑖 − 𝑒𝑖 )2

𝑁

𝑖=1

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Em que:

EMQ: N é o número de pares de dados;

𝑜𝑖 Dados observados elevado ao quadrado;

𝑒𝑖 Dados estimados elevado ao quadrado;

Eq.03

𝑅𝑀𝑆𝐸 = √𝑁−1 ∑(𝑜𝑖 − 𝑒𝑖 )2

𝑁

𝑖=1

Em que:

RMSE: Raiz do erro médio quadrático.

Eq.04

𝐼𝐶𝑀 = 1 − |∑(𝑒𝑖 − 𝑜𝑖 )

∑(|𝑒𝑖 − 𝑜| + |𝑜𝑖 − 𝑜|)|

Em que:

ICM : Índice de concordância modificado

𝑜𝑖 Sãos os dados observados;

𝑒𝑖 Sãos os dados estimados

Para verificar a exatidão dos dados estimados obtidos da base POWER, foi

utilizado o método de índice de concordância (ICM) proposto por (Willmott et al., 1985).

Os valores de índice de concordância modificado variam entre 0 e 1, quanto mais próximo

da unidade melhor será o ajuste entre os dados observados e estimadas. Para medir a

confiabilidades, os erros e desvios dos dados, foi realizada a estimativa dos intervalos de

confiança por meio do método de permutação não-paramétrico denominado de bootstrap

(Willmott et al., 1985). A estimativa do intervalo de confiança foi realizada por meio do

pacote “Boot” do programa R, constituídas de 10.000 reamostras com os dados. Todas as

estimativas dos dados foram realizadas no ambiente de programação R, com os auxílios dos

pacotes “gdata e boot” para cálculos dos erros.

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3.3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

3.3.1 Relação entre os dados de precipitação mensal e média mensal de temperatura

máxima e mínima dos dados observados e estimados.

Foram obtidos modelos lineares simples para todas as análises de regressão, para as

seis regiões em estudo. Na figura 3.2 estão apresentados os seis modelos e seus respectivos

diagramas de dispersão, referentes às seis regiões estudadas no período de 2004 a 2014.

Dentre as regiões estudadas, as regiões com maiores coeficientes de determinação foram as

identificadas como C, E e F, respectivamente com municípios do litoral da Região Sudeste

(R2=0,71), Região Nordeste (R2=0,77) e Região Norte (R2= 0, 82) (Figura 3.2). Na região

C, grande parte dos dados se concentraram entre 0 mm e 200 mm mensais de precipitação.

Apesar de um menor número de registros acima de 200 mm, os dados estimados por sensores

remotos foram de modo geral semelhantes aos observados na superfície, mesmo para as

poucas ocasiões com chuvas acima de 500 mm.

Por outro lado, observou-se maior discrepância entre dados estimados e

observados nas regiões A, B e D, que por consequência apresentaram menor qualidade no

ajustamento das equações de regressão, com coeficientes de determinação entre 0,63 e 0,66,

abaixo do padrão de 0,7 tradicionalmente adotado para validação de dados estimados de

precipitação.

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Figura 3.2 Relação entre os dados do acumulado mensais de precipitação obtidos via estações do INMET (Dados

observados) e POWER (Dados estimados). Diagrama de dispersão referentes as seis regiões de estudo,

região Centro-Oeste (A) Sul (B) Litoral Sudeste (C) Pantanal (D) Nordeste (F) e Norte

(F). *** = significativo a 1%.

Para as regiões A e D, este ajuste foi prejudicado por estimativas de chuvas em

meses em que não houve registro pelas bases do INMET. Além disso, nestas mesmas regiões

houveram casos de dados subestimados ou superestimados numa ampla faixa de

precipitação, entre 0 mm e 600 mm.

De modo geral todas as seis regiões apresentaram alta correlação entre dados

estimados por satélite e estações terrestres, com coeficientes entre 0,80 e 0,90, o que também

indica boa associação entre os dados observados pelas estações de superfície e os estimados

via sensores remotos. No entanto, é importante destacar que os dados obtidos vias POWER

subestimaram a precipitação por ocasião de alguns eventos extremos. Dois exemplos

destacados foram chuvas intensas que causaram enchentes em maio de 2004 em Pelotas (RS)

e chuvas acima da média durante novembro de 2008 e dezembro de 2013 em Vitória (ES).

Verificou-se que os satélites não conseguem registrar eventos climáticos

extremos como estes. Quando um sistema meteorológico de baixa pressão, decorrente de um

ciclone extratropical passou pelo Rio Grande do Sul e provocou umas das maiores enchentes

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dos últimos 30 anos na cidade de Pelotas (Damé et al., 2005) A precipitação

mensal registrada pela estação de superfície foi de 491,4 mm, bem diferente da estimativa

de 175,2 mm por sensores remotos, com erro bruto de 316,2 mm. No caso de Vitória (ES),

as chuvas acumuladas para novembro de 2008 foram de 662,8 mm, em contraste à estimativa

de 406,1mm, e erro bruto de 256,7 mm. Em dezembro de 2013, as precipitações médias

registradas pela estação meteorológica terrestre e pelo satélite foram respectivamente de

713,9 mm e de 505 mm, com erro bruto de 208,9 mm. Segundo Mello et al. (2012) a

ocorrência de chuvas mais intensas nessa região está relacionada com a formação de Zonas

de Convergência do Atlântico Sul (ZCAS), principal responsável pelas fortes chuvas nos

meses de novembro a janeiro em grande parte da região Sudeste do Brasil.

Nas seis regiões representadas na Figura 3.3, podemos observar a dispersão

dos dados médios de temperatura máxima, com modelos significativos (P<0,01) para todos

os casos. A dispersão de dados e os coeficientes de determinação dão uma ideia da

proximidade ou distância entre dados estimados e observados, com resultados medianos para

as regiões B, C e E (R2 entre 0,42 e 0,60), e ajuste ruim de modelos para as demais. Dentre

as seis regiões estudadas, apenas as regiões localizadas no Sul e litoral do Sudeste (B e C)

apresentaram coeficiente de correlação acima de (=0,75) e foram consideradas

significativas. Estes índices estão abaixo dos estimados por outros autores que também

validaram dados de temperatura obtidos via base POWER, no Estado Unidos e na China,

cujos coeficientes de correlação situaram-se acima de 0, 80) (White et al., 2008; Bai et al.,

2010).

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Figura 3.3 Relação entre médias mensais de temperatura máxima obtidos via base de dados POWER (dados

estimados) e estações terrestres do INMET (dados observados), referentes as seis regiões de

estudo: Centro-Oeste (A) Sul (B) Litoral Sudeste (C) Pantanal (D) Nordeste (F) e Norte (F). *** =

significativo a 1%.

A região Centro-Oeste apresentou menor coeficiente de correlação ( = 0,30) ou

seja, as maiores variações nos dados estimados não são explicadas pelos dados observados

e sim por outros fatores. Nota-se para as temperaturas máximas desta região que, dentro da

amplitude térmica anual estimada por estações terrestres entre 25 ºC e 30ºC, os dados obtidos

por satélite estimam médias mensais acima desta faixa, frequentemente 5ºC acima dos dados

observados, com médias que podem superar 40ºC em alguns casos. De acordo com (Yu et

al., 2012; Pinker et al., 2009), as principais causas da falta de precisão de dos dados de

temperatura terrestres está relacionada com a variabilidade temporal e a emissividade da

superfície terrestre, relacionada à cobertura do solo. No trabalho realizado por Sousa &

Júnior (2012) os autores estudaram o comportamento térmico de áreas ocupada pela

urbanização e agricultura no município de Goiânia usado imagens obtidas do satélite

Landsat7. Os resultados demostraram que em área de pastagens secas e solo expostos as

estimativas de temperatura foram superestimadas, semelhantes às registradas em áreas

urbanas.

y 16,50 0,47 x

R2

0,09***

A

10

20

30

40

10 20 30 40

Dados

est

imados

(ºC

) y 4,03 0,87 x

R2

0,60***

B

10

20

30

40

10 20 30 40

y 5,34 0,76 x

R2

0,57***

C

10

20

30

40

10 20 30 40

y 19,33 0,44 x

R2

0,20***

D

10

20

30

40

10 20 30 40

Dados observados (ºC)

Dados

est

imados

(ºC

) y 5,41 0,77 x

R2

0,42***

E

10

20

30

40

10 20 30 40

Dados observados (ºC)

y 13,49 0,45 x

R2

0,24***

F

10

20

30

40

10 20 30 40

Dados observados (ºC)

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41

Também não houve ajuste satisfatório dos modelos lineares obtidos para

temperaturas mínimas, com exceção das regiões Sul e Litoral Sudeste (Figura 3.4). Apesar

de todos os modelos obtidos serem significativos, os únicos coeficientes de determinação

satisfatório foram de 0,84 e 0,85, respectivamente para o Sul e Litoral Sudeste. Para as

demais regiões, observou-se ampla dispersão entre dados estimados e observados, e modelos

com R2 entre 0,08 e 0,53. Este padrão se manteve com a estimativa dos coeficientes de

correlação que demonstraram alta precisão entre os dados observados e estimados para as

regiões as regiões B e C (Sul e Litoral do Sudeste) = 0,91 e 0,92, seguidos pelas regiões

formadas por municípios do Pantanal Mato-grossense e Nordeste brasileiro, ambas com =

0,70. A correlação entre os dados observados e estimados de temperatura mínima foi

considerada satisfatória para região do Centro-Oeste ( = 0,70).

Figura 3.4 Relação entre os dados médios de temperatura mínima obtidos via estações do INMET (Dados

observados) e POWER (Dados estimados). Diagrama de dispersão referentes as seis regiões de

estudo, região Centro-Oeste (A) Sul (B) Litoral Sudeste (C) Pantanal (D) Nordeste (F) e Norte

(F).

y 8,00 0.51 x

R2

0,48***

D

10

20

30

10 20 30

Dados observados (°C)

Dad

os

est

imados

(°C

) y 5,50 0,76 x

R2

0,48***

E

10

20

30

10 20 30

Dados observados (°C)

y 15,83 0,31 x

R2

0,08***

F

10

20

30

10 20 30

Dados observados (°C)

y 10,25 0,48 x

R2

0,53***

A

10

20

30

10 20 30

Dados

est

imados

(°C

) y 1,90 0,83 x

R2

0,84***

B

10

20

30

10 20 30

y 1.50 0,93 x

R2

0,85***

C

10

20

30

10 20 30

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A correlação entre temperaturas mínimas estimadas e observadas para a região

Norte (F) foi a pior dentre as seis estudadas ( = 0,28), provavelmente por sua amplitude

restrita a 22ºC e 27ºC. Todos os municípios avaliados desta região são capitais estaduais, e

não se conta com outras opções de série temporal confiável em outros municípios de seus

respectivos estados. Isso indica que as variações nos dados estimados por algoritmos não

podem ser explicadas pelos dados registrados nas estações de superfícies, e sem esta

associação as variações são consideradas aleatórias. Observa-se que os dados com maiores

graus de superestimação encontram na grande maioria em anos onde ocorreram as

atualizações nas versões de assimilação do GOES.

3.3.2 Exatidão entre os dados estimados e observados de precipitação, temperatura

máxima e mínima em diferentes localidades brasileira.

Em geral, o índice de concordância modificado (ICM) indicou boa concordância

para entre dados estimados e observados para os 30 municípios em estudo, com relação à

precipitação anual de 2004 a 2014. Para esta variável, na maioria dos locais, o ICM se

concentrou acima de 0,5 (Figura 3.5). Para as variáveis temperatura máxima e mínima

mensais os valores sofreram maiores variações e obtivemos menores ICMs oscilando entre

0,1 e 0,5. Em locais representados pela Região Sul os ICMs para temperaturas máxima e

mínima se mantiveram acima de 0,5 variando até próximo de 0,8 o que o indica o boa

concordância entre valores estimados e valores observados.

Dentre os 30 locais estudados, os menores ICMs para temperatura máximas

foram observados para as localidades do Extremo Norte, à semelhança dos piores ajustes

obtidos com as análises de regressão para as mesmas temperaturas nos mesmos locais. Os

valores médios do ICM ficaram abaixo de 0,20 indicando maior afastamento entre os dados,

ou seja, os dados de temperatura máxima foram subestimados pelos algoritmos usado pela

POWER, principalmente nos meses de setembro a dezembro nos anos de 2008 e 2009.

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Figura 3.5 Variações do índice de concordância médio (ICM) para precipitação média anual, temperatura

máxima e mínima estimados pela base de dados POWER para 30 localidades distribuídas em seis

regiões brasileiras, em comparação com dados obtidos pelo INMET. As localidades são

numeradas de acordo com a Figura 1, e representam municípios das regiões Centro-Oeste (01, 02,

03, 04, 05 e 06), Sul (07, 08, 09, 10, 11 e 12), Litoral Sudeste (13,14,15 e 16), Pantanal (17, 18,

19, 20 e 21), Nordeste (22, 23, 24 e 25) e Extremo Norte (26, 27, 28, 29 e 30).

3.3.3 Acurácia e exatidão dos dados estimados de precipitação mensal

A variação mensal do índice de concordância e do desvio médio quadrático, por

regiões de estudo pode ser observada na Figura 3.6 .Cada caixa representa a variação dos

desvios ao de longo de cada mês do ano, no período entre janeiro de 2004 a dezembro de

2014. Neste período, não se observam grandes oscilações mensais entre o ICM para as

regiões Sul e Litoral Sudeste, que flutua em torno de 0,6. A variação observada para o ICM

da região Centro-Oeste se refere à oscilação anual de chuvas, sendo que durante nos

principais meses de plantio de culturas anuais, o ICM se situa entre 0,5 e 0,6. Já nas regiões

Nordeste, Pantanal e Norte, as oscilações são mais evidentes.

Observou-se também que na região Centro-Oeste as variações maiores do RSME

estão concentradas nos meses de janeiro, fevereiro e março chegando até 200 mm de chuvas.

No entanto, os maiores afastamentos entre os dados estão relacionados com eventos

extremos de secas ocorridas no verão 2005 e 2010 no estado de Mato Grosso. Nesse período,

os dados registrados pelas estações do INMET, foram muito inferiores ao estimados pelo

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algoritmo usado pela base POWER. No geral a média do RSME para grande maioria

das localidades concentrou-se abaixo de 70 mm para os meses onde as chuvas são mais

intensas.

Figura 3.6 Variação mensal do índice de concordância e do desvio médio quadrático para a precipitação

mensal estimada pela base de dados POWER de janeiro de 2004 a dezembro de 2014, nas

respectivas regiões Centro-Oeste, Sul, Litoral Sudeste, Pantanal Mato-grossense, Nordeste e

Extremo Norte.

3.3.4 Acurácia e exatidão dos dados médios estimados de temperatura máxima

Na Figura 3.7 encontram-se as estimativas das variações médias mensais dos

ICMs e dos RMSEs da temperatura máxima. Houve pouca variação mensal entre o ICM que

se situou entre 0,1 e 0,2 em todas as regiões, com exceção para a Região Sul. Os menores

RMSE (abaixo de 2ºC) foram estimados para o Sul, Litoral Sudeste, Pantanal e Norte,

enquanto que este índice teve variação mensal para o inverno no Centro-Oeste e todo o ano

nos municípios do Pantanal. No trabalho realizado por (Johann et al., 2011) os autores

avaliaram dados de temperatura média obtidos pela base online ECMWF (European Center

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45

for Medium-Range Weather Forecast) para a região Sul e os valores médios de RMSE

encontrado foi de 1,7 ºC.

Figura 3.7 Variação média do índice de concordância e desvio médio quadrático para a variável temperatura

máxima, nas regiões Centro-Oeste, Sul, Litoral Sudeste, Pantanal, Nordeste e Norte.

Verificou se que o RMSE médio na região Norte foi de 5º C, sofrendo algumas

alterações durante os meses mais quente do ano (setembro a dezembro) o que indica que em

geral, na região Norte o algoritmo usado pela POWER subestima os dados em praticamente

todos os meses do ano, em média 5º C. Já em localidades presente na região do Pantanal

brasileiro o ICM médios foi a baixo de 0,2 e os RMSE médios foram os maiores, comparados

com as demais regiões. Observa-se que houveram maiores variações principalmente entre

os meses de agosto a novembro, que foram até próximo de 10º C. Indicando. Neste caso

específico, é importante informar que os dados do INMET das localidades situadas na região

do Pantanal foram enviados pelo SADMET (Seção de Armazenamento de Dados

Meteorológicos), sem que tenham passado pelo processo de consistência. Ou seja, é possível

que os dados da POWER não sejam exatamente superestimados, pois também podem haver

problemas de precisão ou a ocorrência de dados faltantes nos registros em campo dos dados

temperatura máxima do INMET.

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46

3.3.5 Acurácia e exatidão dos dados médios estimados de temperatura mínima

Com relação aos índices de concordância e os desvios médios quadráticos da

temperatura mínima para as seis regiões de estudadas, os maiores ICMs foram estimados nas

regiões Sul e no Litoral do Sudeste ( Figura 3.8). Consequentemente, essas foram as regiões

que apresentaram RMSE com valores inferiores a 2º C de temperatura mínima. A região

Norte foi a que apresentou menor variação no RMSE em torno de 1,5ºC de temperatura

mínima. Apesar da magnitude do erro ter sido pequena para essa região, no geral seu

respectivo ICM sofreu maiores variações principalmente nos meses onde a temperatura é

mais elevada (agosto a dezembro).

Figura 3.8 Variação média do índice de concordância e desvio médio quadrático para a variável temperatura

mínima, para as regiões Centro-Oeste, Sul, Litoral Sudeste, Pantanal, Nordeste e Extremo Norte.

Os maiores desvios médios quadráticos da temperatura mínima foram

registrados para as regiões do Centro-Oeste e Pantanal com RMSE médios acima de 3ºC

para o período entre maio e setembro. Observa-se grandes variações entre e dentro de cada

mês ao longo do ano, o que indica que para essas regiões a magnitude dos erros entre os

dados observado e estimado são maiores em comparação às demais regiões. Novamente, os

dados de temperatura mínima também foram fornecidos pelo SADMET sem uma análise

prévia de sua consistência. Dessa forma, essa falta de exatidão e precisão entre os dados

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observados e estimados de temperatura máxima e mínima podem estar relacionados aos

erros contidos nos dados observados (INMET) e não nas estimativas feito pelos

modelos usados pela POWER.

No geral observa-se que a validação dos dados mensais, estimados por sensores

remotos de precipitação para todas as localidades ou regiões avaliadas neste estudo,

apresentou resultados satisfatórios em todos os parâmetros avaliados. É importante ressaltar

que a ocorrência de eventos climáticos extremos induz a superestimação, ou a subestimação

de dados, pelo modelo da POWER. Dessa forma recomenda-se analisar com cautela, os anos

de ocorrência desses eventos, ao usar os dados climáticos estimados por satélites, em estudos

onde se necessita de séries históricas.

Tomando-se as devidas precauções, há vários exemplos de uso dados

meteorológicos obtidos por satélites na pesquisa agrícola. São exemplos de uso eficiente de

dados da POWER os trabalhos realizados por (White et al., 2008) na China, com modelos

para fenologia do trigo, por (Bai et al., 2010) com simulação do potencial da produção de

milho nos Estados Unidos, e (Moeletsi & Walker, 2012) na África do Sul, com estudos de

balanço hídrico para produção de milho, todos esses trabalhos utilizaram dados

meteorológicos obtidos pela POWER. Neste estudo com dados brasileiros, os resultados aqui

apresentados mostraram valores de desvios e coeficientes de correlação menores ou

próximos aos resultados obtidos, pelos autores acima citados. Em especial para a

precipitação, os resultados comparados aos registros do INMET podem abrir uma série de

oportunidades para a pesquisa agrícola no Brasil, e ser uma importante ferramenta para

estudos onde há a necessidade de dados meteorológicos.

3.4 CONCLUSÕES

I. Os dados de precipitação média mensal disponibilizados online pela base da

POWER/NASA são válidos para estudos climatológicos em diversas regiões

brasileiras.

II. Os dados da base POWER para temperatura máxima e mínima estimadas são

válidos para estudos nas localidades da região Sul. Para as demais regiões

estudadas, há dados superestimados ou subestimados nos dados obtidos por

sensores remotos.

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48

III. A baixa acurácia para temperaturas máximas e mínimas não devem ser

associados somente a falhas nos dados estimados, mas também a erros

embutidos nos dados observados, registrados por estações terrestres.

3.5 REFERÊNCIAS

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4 INFLUÊNCIA DE VARIÁVEIS CLIMÁTICAS SOBRES AS PRINCIPAIS

DOENÇAS DO ARROZ

RESUMO

Estudos mostram que nas últimas décadas o clima tem passado por alterações,

que trazem incertezas na produção agrícola e para segurança alimentar no mundo. Essas

mudanças afetam o manejo das culturas e alteram a severidade de doenças de plantas,

principalmente devido à forte influência de condições climáticas, sobre o desenvolvimento

dos patógenos. A cultura do arroz está exposta a estas incertezas e apesar do seu papel

estratégico tanto social quanto econômico, são poucos os trabalhos que associam o efeito

das variáveis ambientais sobre a doenças, no Brasil e no exterior. O objetivo do presente

estudo foi avaliar o efeito das variáveis climáticas sobre as principais doenças da cultura do

arroz, em diferentes localidades e regiões brasileiras. Contou-se com uma série de dados de

severidade de doença iniciada em 1983, e gerenciada pela Embrapa Arroz e Feijão.

Posteriormente, foram obtidos dados climáticos do INMET, Embrapa e NASA/POWER

para compor uma matriz com variáveis ambientais, e verificação de sua correspondência

com a severidade de doenças em 15 locais, com avalições de severidade de doença por pelo

menos oito anos. Deste modo, os dados foram estruturados em duas matrizes, clima

(variáveis explanatórias) e severidade de doença mais produtividade (variáveis de resposta).

Por meio da análise de componentes principais foram eliminadas as variáveis climáticas

redundantes. Em seguida foram realizadas com o software R e pacote vegan, as análises de

correspondência canônicas por local e por regiões. Dentre os 15 locais analisados apenas

cinco apresentaram modelos significativos a 5%, com a explicação média dos dois primeiros

eixos acima de 50%, demostrando que, em alguns locais, a variação total da severidade das

doenças é explicada parcialmente pela variação das variáveis climáticas. Dentre as

estimativas da CCA por regiões, foi possível observar a que na região Norte, as variáveis

climáticas não influenciam significativamente as doenças do arroz, também devido à baixa

variação da severidade das doenças. Por outro lado, modelos significativos demonstraram a

correspondência entre as variáveis climáticas e doenças para as regiões Centro-Oeste e

Nordeste, ainda que com baixa porcentagem de explicação. De modo geral, a maior

severidade de doenças foi atribuída a ocorrência de chuvas e menores temperaturas mínimas

durante o estádio reprodutivo da cultura. Em todos os casos, a variação da produtividade não

foi relacionada ás variáveis ambientais.

Palavras-chave: Oryza sativa, mudanças climáticas, arroz de terras altas, arroz irrigado

tropical, epidemiologia.

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ABSTRACT

INFLUENCE OF CLIMATIC VARIABLES ON RICE DISEASES

In recent decades, Earth’s climate has undergone in evident changes, which bring

uncertainties in agricultural production and food security worldwide. These changes affect

the overall crop management severity of diseases in plants, mainly due to the marked

influence of climatic conditions on the life cycle of pathogens. The rice crops are exposed

to such uncertainties and in spite of its huge importance as a stable food in many countries,

there are few in few studies involving the effect of environmental factors on rice diseases,

in Brazil and abroad. Therefore, the aim of this study was to evaluate the effect of climate

variables on major diseases of rice grown in different Brazilian municipalities and regions.

Disease records were provided by a historical series of disease severity data started in 1983,

and managed by Embrapa Rice and Beans. Further, climate data was retrieved from INMET,

EMBRAPA and NASA / POWER to compose a matrix of environmental variables, and

check their correspondence with the rice disease severities at 15 sites assessed in at least

eight years. Thus, the experimental data consisted of two data sets, environmental

(explanatory variables) and disease severity complemented by yield (response variables).

Through principal component analysis, redundant climate variables were eliminated.

Subsequently, canonical correspondence analysis (CCA) by location and by regions were

performed using the R software and vegan package. Among the 15 analyzed locations only

five showed significant models (P<0.05) with an average explanation of the first two axes

above 50%, showing that, in some locations, the total variation of the severity of the disease

is partially explained by the variation of climate variables. CCA suggested that climate

variables in the Brazilian North did not influence rice diseases significantly, probably due to

low variation in disease severities. On the other hand, significant models showed the

correspondence between climatic variables and disease in the Center-West and Northeast

regions, despite a small percentage of explanation by their respective models. In general, the

greater severity of disease was assigned will rainfall and lower minimum temperatures

during the reproductive stage of culture. Yield was not related to climatic variables.

Key-words: Oryza sativa, climate change, upland rice, tropical irrigated rice, epidemiology.

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4.1 INTRODUÇÃO

O clima mundial tem passado por diversas mudanças que, por sua vez, se

tornaram mais evidentes nas últimas décadas, gerando incertezas na produção agrícola e na

segurança alimentar (Brown & Funk, 2008). As alterações no clima vêm se manifestando de

diferentes formas, sendo as mais expressivas o aumento da temperatura e a maior frequência

de eventos extremos tais como, enchentes, nevascas, ondas de calor e secas severas, que

penalizam tanto as áreas urbanas quanto as rurais (Hamada et al., 2006). Só nos Estados

Unidos, após o ano 1987 foram registrados mais de 360 eventos climáticos extremos, que

provocaram prejuízos acima de 5 milhões de dólares (Easterling et al., 2000). Os fenômenos

climáticos El Nino e La Nina estão fortemente relacionados com as ocorrências desses

eventos. Em estudo realizado por Ferreira Filho & Moraes, (2015) sobre os efeitos das

alterações climática na agricultura em diferentes regiões do Brasil, observou-se que os

efeitos mais expressivos são em regiões agrícolas com menor índice de desenvolvimento,

com prejuízos maiores principalmente para a agricultura familiar.

O arroz (Oryza sativa L.) é considerado uma das mais importantes culturas

agrícolas, pelo papel estratégico que desempenha como base alimentar da população em vários

países do mundo (Borresen & Ryan, 2014). Dentre os riscos que afetam a produção de arroz,

destacam-se as diversas doenças que incidem sobre a cultura, que por sua vez, também são

influenciadas diretamente por fatores climáticos (Mishra et al., 2015). Segundo estimativas

realizadas por Oerke. (2005) as doenças são responsáveis por 37% da queda da produtividade

do arroz.

A severidade das doenças é fortemente influenciada pelas condições ambientais,

principalmente pelas variáveis climáticas (temperatura precipitação, radiação solar, etc.) e

microclimáticas (período de molhamento foliar, temperaturas sob o dossel), além de fatores

genéticos e culturais. Em estudo realizado por Kim & Cho, (2015) foi estimado o efeito das

alterações climáticas sobre a brusone nas folha e queima da bainha do arroz na Coréia.

Estes autores estimaram a diminuição da severidade para os próximos 100 anos. Estudos

realizados por Wiik & Ewaldz, ( 2009) sobre o impacto da temperatura e precipitação sobre

o rendimento e as doenças do trigo no sul da Suécia, concluiu-se que a precipitação é a

variável mais bem correlacionada com a severidade das doenças do trigo. Estes autores e

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também (Del Ponte et al., 2006) concluíram que os dados meteorológicos podem ser

usados com sucesso em modelos de previsão de doenças do trigo e da soja.

Estudos que associam variáveis climáticas como indicadores da possível ocorrência

de doença e rendimento de culturas são de grande importância para proporcionar uma visão em

maior escala dos patossistemas e suas consequências. Porém, não há muitos exemplos de estudos

em escala regional ou nacional que demonstrem, por exemplo, qual a favorabilidade climática

ou qual a influência de variações como o fenômeno El Niño sobre as doenças (Launay et al.,

2014; Wang et al., 2016). Esta carência de informações é consequência de dificuldades técnicas

como o tempo demandado para compor séries históricas representativas, repetição de ensaios ou

coleta de dados em diferentes sítios, e métodos estatísticos mais desafiadores que permitam

correlacionar as variáveis ambientais com as doenças. Tais estudos demandam o envolvimento

de uma equipe qualificada e bem coordenada, metodologias validadas e padronizadas, filtragem

e conferência de dados, que conforme sua dimensão, necessitam organização em bases de dados

complexas. Além disso, é igualmente desafiante obter dados climáticos sobre os mesmos locais

de estudo, isentos de erros e tendências.

Apesar de toda a importância da cultura do arroz para o mundo, são raros os estudos

em ampla escala que estudem suas doenças, e aparentemente não há avaliações sobre este tema

específicos para o Brasil, e que demonstrem a influência do clima, das diferentes regiões do país,

sobre as doenças desta cultura. Desta forma, o presente estudo teve como principal objetivo

avaliar o efeito das variáveis climáticas (temperatura máxima e mínima) sobre a severidade das

principais doenças da cultura do arroz, em diferentes localidades brasileiras.

4.2 MATERIAL E MÉTODOS

4.2.1 Obtenção dos dados histórico das principais doenças da cultura do arroz irrigado

e de terras altas.

Os dados utilizados para o presente estudo foram fornecidos pelo programa de

melhoramento genético de arroz da Embrapa Arroz e Feijão7. Os dados contidos na base são

7 https://www.embrapa.br/en/arroz-e-feijao

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arquivos do softwase SAS (SAS Institute, Carey, NC, EUA), de ensaios dos

últimos 31 anos (1983 a 2014), conduzidos pela Embrapa e instituições parceiras, em várias

localidades brasileiras, com a análise de ensaios de VCU – valoração, cultivo e uso. Após

migração de dados e organização de seus “metadados” nos programa Kwnowledge Tree, os

dados foram transferidos para planilhas do MS Excel, por onde passaram por averiguação

da sua qualidade, com eliminação de dados discrepantes e estruturação das planilhas com

variáveis de interesse. Dentre as várias localidades com resultados disponíveis, foram

selecionadas apenas os locais que haviam séries acima de oito anos de ensaios de VCU com

dados que identificavam seus tratamentos (neste caso, linhagens e cultivares), a severidade

de doenças de arroz de terras altas ou irrigado e a produtividade dos respectivos tratamentos

(Figura 4.1).

Figura 4.1 Distribuição dos locais com ensaios de VCU selecionados para os estudos da influência das

variáveis climáticas sobre as doenças. Marcadores na cor vermelha correspondem ao ensaio de

arroz irrigado; Penedo AL (A), Goianira GO (B), Formoso do Araguaia TO (C), Belém PA (D),

Uruguaiana RS (E). Marcadores na cor laranja correspondem aos ensaios de arroz de terras altas;

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Santo Antônio de Goiás GO (F), Porangatu GO (G), Querência MT (H), Sorriso MT (I),

Sinop (J), Vilhena RO (K) São Raimundo das Mangabeira MA (L) Teresina (M),

Paragominas (N) e Altamira PA (O).

As doenças avaliadas por meio de escala de notas, selecionadas para o estudo,

foram: brusone na panícula (BP) e brusone na folha (PF), mancha parda (MP), mancha de

grãos (MG) e escaldadura (ESC), sempre com escalas padronizadas (Tabela 4.1) (Pinheiro

et al., 2009). Após averiguação e seleção das variáveis de doenças, foram elaboradas tabelas

de contingência com a frequência das notas para cada doença, nos diferentes locais e anos

de condução de ensaios (Tabela 4.2). Em anos que havia mais de um ensaio conduzido no

mesmo local foi selecionado apenas o primeiro ensaio. Como a grande maioria dos ensaios

não apresentavam datas de plantio, a seleção do primeiro ensaio foi feita considerando a

sequência do código numérico de identificação dos mesmos. Em sua grande maioria, os

ensaios de VCUs nas regiões Centro-Oeste, Nordeste e Sul são implantados no mês de

novembro, para colheita em março. Já na região Norte do país, geralmente os plantios

ocorrem em janeiro com colheitas até maio. Os tratos culturais nos ensaios seguem padrões

das recomendações técnicas para cada região (Da SILVA et al., 2003; Dos Santos &

Santiago, 2014; Ferreira & Santiago, 2012).

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Tabela 4.1 Escalas de notas referente a severidade de doenças do arroz, brusone na folha (BF),brusone na panícula (BP), mancha parda (MP), mancha de grãos (MG) e

escaldadura (ESC) Escala de nota

(Severidade) Brusone nas folhas Brusone nas panículas

Mancha parda nas

folhas Mancha de grãos Escaldadura nas folhas

0 Sem lesão Nenhuma incidência. __ Nenhuma incidência __

1 Pequenas pontuações

de cor marrom

Menos de 5% de

panículas infectadas

Menos de 1%. Da área

foliar afetada

Menos de 1% de grãos

infectados

Menos de 1% de lesões

apicais

2 Pequenas pontuações

de bordas marrom __ De 1% a 3%. __ __

3 Pequenas lesões

arredondadas

De 5% a 10% de

panículas infectadas De 4% a 5%. De 1% a 5%. De 1% a 5% de lesões apicais

4 Lesões típicas 3mm __ De 6% a 10%. __ __

5 Lesões típicas 2% a

10%

De 11% a 25% de

panículas infectadas De 11% a 15%. De 6% a 25% De 6% a 25% de lesões

apicais

6 Lesão típicas 11% a

25% __ De 16% a 25%. __ __

7 Lesão típicas 26% a

50% De 26% a 50% De 26% a 50%. De 26% a 50%. De 26% a 50% de lesões

apicais

8 Lesão típicas 51% a

74% __ De 51% a 75%. __ __

9 Lesão típicas mais

75% Mais de 50% De 76% a 100%. De 51% a 100% De 51% a 100% de lesões

apicais e marginais

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Tabela 4.2 Exemplo com parte de uma tabela de contingência com a distribuição anual da frequência da

nota de severidade de doenças avaliada por escala de 1 a 9, para mancha parda (MP) e mancha

de grãos (MG), e para produção média em kg/ha (Prod), no período de 1986 a 2014 em ensaios

de VCU no município de Vilhena, RO.

Ano MP.01 MP.03 MP.05 MP.07 MP.09 MG.01 MG.03 MG.05 MG.07 . . . Prod.

1986 0 35 21 18 2 1 25 17 18 . . . 1777

1987 0 34 46 0 0 2 26 51 1 . . . 1165

1988 0 52 24 4 0 26 24 13 8 . . . 3569

1989 0 35 33 8 0 0 39 35 1 . . . 3724

1993 0 46 19 3 0 8 38 13 4 . . . 1578

1996 0 60 12 8 7 2 16 25 25 . . . 2500

1997 11 44 45 2 0 3 28 29 18 . . . 2830

1998 0 11 24 37 7 0 7 18 23 . . . 2690

1999 0 0 1 24 54 8 33 16 16 . . . 4067

2000 56 79 0 0 0 9 82 2 5 . . . 2758

2001 0 17 80 26 0 6 80 25 11 . . . 2374

2002 0 78 26 5 13 0 43 33 3 . . . 2656

. . . . . . . . . . . .

. . . . . . . . . . . .

. . . . . . . . . . . .

2014 13 27 32 9 0 35 53 4 0 . . . 3374

4.2.2 Obtenção da série histórica variáveis climáticas

Dados diários das variáveis climáticas foram obtidos gratuitamente a partir da

base online do BDMEP (Banco de dados Meteorológicos para Ensino e Pesquisa),

(INMET/BDMEP, 2015), de estações meteorológicas da Embrapa e da base online POWER

(Prediction Of Worldwide Energy Resource) do departamento de metodologias

agroclimatologias da NASA (Stackhouse, 2015). Os dados da POWER foram usados como

alternativas apenas para localidades onde não haviam registros de dados climáticos ou que

poderiam comprometer as análises devido à ocorrência de dados faltantes das estações de

superfície. As datas de registro iniciaram a partir de 1984 variando de local para local.

O levantamento dos dados diários de precipitação, temperatura máxima e

mínima para as 15 localidades foi realizado incialmente a partir do início do mês de plantio,

estendendo-se até o final do mês de colheita. Posteriormente, considerou-se para as análises

apenas o período mais favorável para o surgimento dos sintomas das doenças da cultura do

arroz, a partir do perfilhamento da cultura (segundo mês após o plantio), até a fase de 30 dias

antes da colheita). Este período foi definido para as regiões Centro-Oeste, Nordeste e Sul de

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dezembro a fevereiro. Já para a Região Norte, o a seleção definitiva dos dados foi para o

período de fevereiro a março. A partir dos dados de precipitação diárias foram calculados o

número de dias com chuvas no respectivo mês (Dc), dias com chuvas acima de dois

milímetros, (Dc>2mm), a cima de cinco milímetros (Dc>5mm) e acima de dez milímetros

(Dc>10mm), além da precipitação acumulada mensal. Para os dados de temperatura foram

calculados o número de dias com temperatura máxima, entre 20º C a 30º C e a amplitude

térmica média mensal, além das medias mensais de temperatura máxima e mínima. Todas

estas variáveis estão relacionadas na literatura ao desenvolvimento de epidemias (Cárdenas

et al., 2010). O número de anos de levantamento destes dados variou de localidade para

localidade, sempre baseando na série histórica dos ensaios de VCU para cada localidade

especifica. A partir dos cálculos mencionados acima, foi realizada a estruturação dos dados

climáticos em planilhas do MS Excel com as diferentes variáveis (Tabela 4.3).

Tabela 4.3 Estrutura resumida das planilhas com as variáveis climáticas registrada pelo INMET de 1986 a

2014 no município de Vilhena RO: Média da temperatura máxima para o mês de dezembro

(Tmax_12), média da temperatura mínima (Tmin_12), amplitude média (Amp_12), precipitação

acumulada (Pre_12), número de dias de chuvas acima de 2 mm (Dc>2_12), número de dias com

chuvas acima de 5 mm (Dc>5_12), número de dias com chuvas acima de 10 mm (Dc>10_12),

número de dias com temperatura de 20º C a 30º C em dezembro, e média da temperatura máxima

no mês de fevereiro (Tmax_02).

Anos Tmax_12 Tmin_12 Amp_12 Prec_12 Dc>2_12 Dc>5_12 Dc>10_12 Tf_12 . . . Tmax_02

1986 29.77 19.83 5.24 308.08 8 7 4 24 . . . 29.53

1987 29.43 19.48 5.30 308.38 14 9 7 20 . . . 30.80

1988 30.08 19.95 2.40 314.08 15 9 5 19 . . . 29.59

1989 29.43 20.16 6.67 287.30 6 5 3 22 . . . 30.09

1993 29.80 19.70 7.20 313.08 17 11 8 21 . . . 29.49

1996 30.06 19.74 5.56 319.71 10 6 4 30 . . . 29.65

1997 28.85 19.85 6.39 279.05 11 8 7 25 . . . 29.8

1998 29.49 20.03 2.76 293.13 19 13 5 22 . . . 28.79

1999 28.77 19.73 4.50 279.95 15 12 10 21 . . . 30.44

2000 29.57 19.74 6.33 304.71 18 14 8 22 . . . 29.15

2001 30.47 20.34 4.13 314.06 15 8 4 23 . . . 29.25

2002 29.76 19.40 6.72 321.24 11 10 8 18 . . . 29.73

. . . . . . . . . .

. . . . . . . . . .

. . . . . . . . . .

2014 27.11 21.78 6.67 165.3 18 15 10 31 . . . 29.1

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4.2.3 Análises estatísticas

As analises estatísticas multivariadas foram divididas em duas etapas. Primeiro

foi realizada a análise de componentes principais (PCA) apenas com as matrizes de dados

climáticos, com o objetivo de eliminar as variáveis redundantes (Jolliffe, 1973). A análise

de componentes principais é um método frequentemente usado para resumir conjuntos de

dados muito extensos. Esta técnica também pode ser empregada quando existe redundância

nos dados, entendida como dados altamente correlacionados. No presente estudo, o método

foi empregado para selecionar um número menor de variáveis climáticas sem perder

informações importantes.

Numa segunda etapa, foi realizada a análise de correspondência canônica

(CCA). A análise de correspondência canônica é uma técnica de ordenação multivariada,

geralmente usada pelos pesquisadores das áreas de ecologia, ciências sociais e ciência

florestal (Greenacre, 2010; Zhao et al., 2014; Żołnierz et al., 2016). Já em estudos

fitopatológicos ainda são encontrados poucos trabalhos com o uso desse método

multivariado (Xu et al., 2008).

Uma das principais vantagens do uso da CCA é a possibilidade de trabalhar

com conjuntos de dados tanto categóricos como numéricos, e associar a resposta de dados

de interesse (como a severidade de doenças) dispostos em uma matriz, a variáveis ambientais

organizadas em outra matriz. Neste estudo, não se considerou os números gerados pelas

escalas de notas como variáveis contínuas. Na prática, notas 1, 3, 5, 7 e 9 não geram

resultados com distribuição normal e equivalem às categorias “ausência de doença”,

severidade “baixa”, “média, “alta” e “muito alta”. Segundo Savary et al. (1995), a CCA é

recomendada para estudos epidemiológicos que contam com dados quantitativos e

qualitativos categorizados. Os dados para cada localidade estudada foram separados em dois

conjuntos, uma com as matrizes das variáveis climáticas (quantitativas) selecionadas pela

PCA, e a outra contendo a matriz com os dados categóricos de severidade de doenças, mais

a produtividade dos tratamentos.

A PCA e a CCA foram realizadas com o software R 3.2.3 (R Development Core

Team, Vienna, Austria, 2015) com o auxílio dos pacotes vegan, ggplot2, graphics e grid. Por

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meio da função anova.cca, foram realizados os testes de significância (P0,05) pelo teste F

para cada modelo estimado. O efeito de variáveis climáticas sobre doenças e produtividade

do arroz foi estimado com CCAs feitas separadamente para as 15 localidades.

Posteriormente, foi realizada a análise conjunta das localidades agrupadas de acordo com

sua região de origem (Norte, Nordeste e Centro-Oeste). Para as análises regionais, também

foram realizados testes de significância dos modelos obtidos de cada região.

4.3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.3.1 Associação entre variáveis climáticas e severidade de doenças em arroz.

Por meio das análises da CCA foram estimadas as relações entre as variáveis

climáticas e a severidade das principais doenças que incidem sobre a cultura do arroz, tanto

no sistema irrigado como de terras altas. Dentre as 15 selecionadas foram obtidos modelos

significativos (P0,05) apenas para cinco municípios (Tabela 4.4).

Formoso do Araguaia (TO), Goianira (GO), Porangatu (GO), Querência (MT) e

Sinop (MT) foram os locais cujos modelos foram significativos. Isso evidencia a influência

das variações climáticas sobre a severidade das doenças do arroz nestes municípios. Para

Querência, Goianira e Sinop, as variáveis climáticas explicaram, nos dois primeiros eixos da

CCA, mais de 50 % de toda as variações.

Para as demais localidades, os modelos adotados não foram significativos, ou

seja, as variáveis climáticas levantadas não foram as suficientes para explicar a variação total

da severidade das doenças. Entre possíveis causas que interferiram nesta análise, estão a

baixa variação de precipitação e temperaturas, possibilidade de dados climáticos não

corrigidos, superestimativa ou subestimação na avaliação de doenças, avaliação de doenças

em épocas inadequadas, ausência de inóculo inicial dos patógenos, ou mesmo, variação

ambiental não detectada, como o período de formação de orvalho, que pode causar respostas

nos diferentes patossistemas. Os dois primeiros eixos da CCA são os principais responsáveis

pela maior porcentagem de explicação da variação total dos dados de severidade e

rendimento. Porém, em modelos não significativos, a variação explicada pelos primeiros

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eixos nem sempre foi baixa. Neste caso, é possível que a CCA não tenha ordenado

corretamente os dados em função do clima.

Tabela 4.4 Representação dos dois primeiros eixos da análise de correspondência canônica (CCA1 e CCA2),

com respectivos valores dos testes de qui-quadrado e significância de modelos obtidos para estimar

a influência de variáveis climáticas sobre doenças do arroz, em 15 localidades e suas respectivas

regiões.

Localidades CCA 01 CCA 02 X2 Valor de P

Altamira -PA 0.18 0.09 0.01 0.61

Belém -PA 0.31 0.19 0.05 0.75

Formoso do Araguaia -TO 0.21 0.12 0.05 0.04 *

Goianira -GO 0.40 0.15 0.19 0.04 *

Paragominas -PA 0.28 0.15 0.03 0.57

Penedo -AL 0.42 0.21 0.06 0.72

Porangatu -GO 0.34 0.13 0.69 0.01 *

Querência -MT 0.51 0.18 0.02 0.03 *

Santo Antônio de Goiás -GO 0.12 0.10 0.42 0.81

São R. Mangabeiras -MA 0.39 0.22 0.07 0.47

Sinop -MT 0.30 0.21 0.10 0.05 *

Sorriso -MT 0.26 0.11 0.11 0.48

Teresina -PI 0.17 0.11 0.02 0.79

Uruguaiana -RS 0.22 0.01 0.01 0.60

Vilhena -RO 0.12 0.09 0.06 0.36

Região Norte 0.10 0.07 0.01 0.76

Região Centro-Oeste 0.08 0.03 0.05 0.008 *

Região Nordeste 0.22 0.12 0.06 0.017 *

* Significativo ao nível de 5%.

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4.3.2 Associação entre variáveis climáticas e severidade de doenças do arroz para as

regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste do Brasil

De acordo com as CCAs por região (Figura 4.2), observa-se que houve

influência das variáveis climáticas sobre a severidade de doenças no Nordeste e no Centro-

Oeste, que apresentaram nos modelos significativos, mesmo com os dois primeiros eixos

(CCA01 e CC02) explicando pouco a variação do conjunto de dados. A porcentagem

explicada nos primeiros eixos para região Nordeste foi de 34 %, e de 11% para a região

Centro-Oeste. Não foram obtidos modelos significativos para a região Norte (17% de

variação).

As condições climáticas são tidas como decisivas para o sucesso ou insucesso

do surgimento das doenças em plantas. Na região Norte, as doenças de maior importância

para cultura do arroz são a escaldadura e a mancha parda. No diagrama de ordenação a

representação dos dois primeiros eixos da CCA para as localidades desta região (figura 4.2),

a baixa porcentagem de explicação dos dois eixos é explicada pela baixa variação entre a

severidade das duas doenças, as únicas registradas no período de estudo. Junto com a pouca

variação climática demonstrada para o Norte no capítulo anterior, sugere-se que as variáveis

ambientais não permitem ordenar as variáveis de resposta, que também pouco variam, sem

então permitir qualquer inferência sobre este conjunto de dados.

Figura 4.2 Diagramas de ordenação nos dois primeiros eixos da análise de correspondência canônica (CCA)

para região Norte, com associação entre as variáveis climáticas e a severidade da escaldadura e da

macha parda do arroz. Acrônimos se referem à precipitação mensal (Prec), médias mensais da

tmax_02

tmin_02amp_02

prec_02

precd_03

tmax_03

tmin_03

amp_03

prec_03

precd_04

tmax_04

tmin_04

amp_04

prec_04

esc1esc3esc5mp1mp3mp5prod

-2

0

2

4

6

-10 -5 0 5 10

CCA 01 (10%)

CC

A 0

2 (

07%

)

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temperatura máxima (Tmax) e mínima (Tmin), amplitude térmica média (Amp), e número de dias

com chuvas (Precd) nos meses de fevereiro, março e abril (02, 03 e 04).

É possível observar pouca variação da severidade da mancha parda e da

escaldadura ao longo dos 17 anos de avaliações em ensaios de VCU na região Norte,

endossando os comentários acima. Vale ressaltar que para esta região, o ambiente é pouco

favorável à mancha de grão e à brusone, que foram excluídos desta análise por ocorrerem

nos ensaios apenas de foram esporádicas.

Na Figura 4.3 estão representados, por meio do diagrama de ordenação as

variáveis ambientais e as de resposta, nos dois principais eixos da CCA para a região Centro-

Oeste, cujo modelo foi significativo. Estes dois primeiros eixos não foram suficientes para

explicar a maior parte das causas de variação da severidade de doenças, fato atribuído à

complexidade dos fatores envolvidos no conjunto total dos dados. Dentre as três regiões

estudas, o Centro-Oeste foi a que mais apresentou variações, ao longo dos anos, e a

ocorrência do maior número de doenças que incidem sobre a cultura do arroz, em

comparação com as demais regiões.

Figura 4.3. Diagramas de ordenação nos dois primeiros eixos da análise de correspondência canônica (CCA)

para região Centro-Oeste, com associação entre as variáveis climáticas e a severidade brusone na

folha (bf), brusone na panícula (bp), escaldadura (esc), mancha de grão (mg) e macha parda (mp)

do arroz. Variáveis ambientais correspondem á precipitação mensal (Prec), média da temperatura

máxima (Tmax) e mínima (Tmin), amplitude térmica (Amp) e número de dias com chuvas (Precd)

nos meses de dezembro, janeiro e fevereiro (12, 01 e 02).

Observa-se no Centro-Oeste a ordenação das severidades de doença pela CCA,

com a formação de três grupos de severidade (Figura 4.4). A notas 1 (ausência de sintomas)

tmax_12

tmin_12

amp_12

prec_12precd_01

tmax_01

tmin_01

amp_01

prec_01precd_02

tmax_02

tmin_02

amp_02

prec_02bf1

bf3

bf5

bf7

bp1

bp3

bp5 bp7

bp9

mg1

mg3

mg5

mg7

mg9

esc1

esc3 esc5 esc7

esc9

mp1

mp3

mp5

mp7

prod

-0.4

0.0

0.4

-1.0 -0.5 0.0 0.5

CCA 01 (8%)

CC

A 0

2 (

3%

)

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foram associadas à menor precipitação e às menores temperaturas mínimas nos meses de

janeiro e fevereiro, que correspondem à fase reprodutiva do arroz, com a formação de cachos

e enchimento de grãos. Portanto, mesmo com a interferência de variáveis não definidas aqui,

a menor ocorrência de chuvas e temperaturas mínimas menores afetam negativamente as

doenças do arroz, para a região Centro-Oeste. As doenças com notas de severidade entre 5 e

7 apresentam maior relação com a amplitude térmica e relação inversa com as temperaturas

máximas. Já as maiores severidades de macha de grãos e da escaldadura correspondem aos

meses de janeiro e fevereiro com temperaturas mínimas mais baixas, e maior número de dias

chuvosos.

A Figura 4.4 representa o diagrama de ordenação dos dois primeiros eixos da

análise de correspondência canônica a região Nordeste. Os dois eixos explicam 32% do total

da variação e o modelo também foi significativo. Observa-se que no Nordeste, a maior

precipitação corresponde as maiores severidades da brusone na panícula, da escaldadura e,

aparentemente, também da mancha parda. Já a maior severidade da mancha de grãos foi

associada com a temperatura máxima e menor precipitação. A não-ocorrência de

escaldadura, macha parda e brusone na panícula foi relacionada à menor temperatura

mínima, à semelhança do observado na região Centro-Oeste. Não foi possível relacionar a

brusone na folha (bf) com as variáveis climáticas.

Figura 4.4 Diagramas de ordenação nos dois primeiros eixos da análise de correspondência canônica (CCA)

para região Nordeste, com associação entre as variáveis climáticas e a severidade da brusone na

folha (bf), brusone na panícula (bp), escaldadura (esc), mancha de grão (mg) e macha parda (mp).

Variáveis ambientais correspondem a precipitação mensal (Prec), média da temperatura máxima

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(Tmax) e mínima (Tmin), amplitude térmica (Amp) e número de dias com chuvas (Precd) nos

meses de dezembro, janeiro e fevereiro (12, 01 e 02).

4.4 CONCLUSÕES

I. As variáveis climáticas apresentam pouca influência na severidade das principais

doenças da cultura do arroz na região Norte, pois precipitação e temperaturas ao

logo do tempo e em diferentes localidades não são suficientes para formar um

complexo de várias doenças nesta região, ou severidades de doença muito variáveis.

II. A Região Centro-Oeste apresenta maior variabilidade de variáveis climáticas e de

doenças, que atingem maior severidade sob chuvas mais frequentes e dias de

temperatura mais amena, durante o seu estádio reprodutivo.

III. Apesar de uma menor pressão de doenças, na região Nordeste, a maior severidade

também foi associada à ocorrência de chuvas no estádio reprodutivo, enquanto que

novamente, as menores mínimas foram relacionadas à ausência de doenças.

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4.5 REFERÊNCIAS

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5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Trabalhos com avaliação do efeito clima sobre a severidade de doenças de

plantas são poucos desenvolvidos no Brasil. Principalmente pela dificuldade de obtenção de

dados de séries históricas de dados de doenças. E pela dificuldade em obter dados climáticos

de séries histórica com grande abrangência de locais com registros. Os números de as

estações meteorológicas distribuídas nas regiões brasileiras ainda não são suficientes, para

estudados com alta abrangência de locais. O presente estudo traz informações importante

para a academia e sociedade em geral. Mostra que temos mais uma importante ferramenta

para apoio aos estudos relacionados com as variáveis climáticas em larga escala. Os dados

da base POWER podem ser obtidos pelos os usuários com relativa facilidade, pois estão

disponíveis online, gratuitamente. Vale lembrar que devemos usá-los com cautela uma vez

que os dados podem apresentar alguns erros de superestimativas ou subestimativas. O que

não dever ser considerado pesquisador/acadêmico como um fator limitante para estudos

onde não temos uma outra ferramenta válida.

As associações claras entre variáveis climáticas e severidades das doenças do

arroz traz infamações que podem ser bastantes úteis para o estudo de previsão de doenças da

cultura do arroz, as informações obtidas no presente estudo foram importantes para

identificar quais as regiões brasileiras em que as relações entre variáveis climáticas e

severidade das doenças do arroz são mais claras. Essas informações podem ajudar na tomada

de decisão para o controle das doenças, ou seja, sabe-se em quais regiões de estudos a

influência das variáveis são mais significativas. Essas informações poderão serem validas

para em estudos futuros criar mapas de previsão de doenças para cultura do a arroz para

diferentes regiões brasileiras. No entanto outras variáveis e métodos terão que ser usado.