Gunnel, J. G. Teoria Política

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    J o h n C . G u n n e lTeoria Politica

    J ~ ~J[A" c : : J t : : J E d z t o r a U n a e r s i d a d e d e B m s i l i a

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    TEORIA POLITICA

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    FUNDA

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    J o h n C . G u n n e lTeoria Politica

    PensamentoPolitico

    Traducao de M aria Ines C aldas de M oura

    BE:] E d i f o m U n iv e r s id a d e d e B m s fa 'aCom c epc.o~ OFUNDl (: io ROBERTOM lR INNO

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    Estc livro au parte delcnao pode ser reproduzido, par qualquer meio,scm autorizacao escrita do Editor.

    Impressa no BrasilEditora Universidade de BrasiliaCampus Universiuirio - Asa Norte70910 - Brasflia - Distrito Federal

    Copyright 1979 Winthrop Publishers, Inc.Titulo original - Political Theory: Tradition and interpretation de John G. Gunnel

    Capo:Arnalda Machado Camargo FilhoEditoradio:Lucio Dias Leite ReinerManuel A. Carlos M. L. da CruzMaria Riza Baptista DutraMaria Rosa Magalhies

    Supervisor de Revisdo:Jose Reis. .Controladores de Texto:Antonio Carlos Ayres Maranhao, Carla Patricia Frade Nogueira Lopes,Clarice Santos, Lais Serra Bator, Maria del Puy Diez de Ure Helinger,Maria Helena, Monica Fernandes Guimaraes, Patricia Maria Silva de Assis,Thelma Rosane Pereira de Souza, Wilma G. Rosas Saltarelli.

    SupervisDo Grdfica:Elmano Rodrigues Pinheiro

    Ficha Catalografica elaborada pela Biblioteca Central da Universidade de Brasilia

    G976p Gunnell, John GTeoria politi ca. Trad. de Maria Ines Caldas de Moura.Brasilia, Editora Universidade de Brasilia, 1981. c 1979.

    122 p. (Colecao Pensamento Politico, 54)Titulo original: Political Theory: tradition andinterpretation.

    32(09) 32.001tserie

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    SUMARIOPre facio IXIntroducao XIII

    - A hist6ria da teoria polftica como urn campo de estudoRetrospectiva . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .5A ciencia polftica e a decl fnio da teoria politica 7A hist6ria da teoria polftica: os anos de formacao 12A teoria politica e a hist6ria das ideias 18

    II A ideia da tradlcao e a crise da teoria pohtica 23Introd ucao , . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25Leo Strauss: a rejeicao da filosofia pol itica classica 26Eric Voegelin: 0 desvio da teoria pohtica 29Hannah Arendt: 0 declinio do dominic publico 32Sheldon Wolin: a sublirnacao da politica 36Conclusao 40

    III - a mito da tradicao .45Os usos da tradicao 47Hist6ria como Ret6rica 51Hist6ria como Filosofia 53Hist6ria como Arte 55Hist6ria como Educacao ' 57Tradicao hist6rica e analitica 59

    IV - 0 problema da interpretacao 67A "nova" hist6ria da teoria politica 69A pesquisa para autor 73A autonomia do texto 78Compreensao: teoria e pratica 82

    V Teoria Politica: texto e a9ao 91a estudo dos classic os : 0 que e 0 porque 93

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    Teoria e teorizacao 96A teoria politica na idade contemporiinea 111

    Notas Bibliograficas 113

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    MAQUIAVEL14691527

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    Capitulo I

    A Historia da Teoria Pohtica como urn campo de estudo: Retrospectiva

    ... se pudcssemos apcnas recuperar a pon to ae vis ta do proprio autor e le r emno ss as me n te s, 110 momenta , 0 p oste rio r d es en vo lvim en to d as in stitu ic iie s e d asid e ia s s ab re e la s.

    Mellwain

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    A Ciencia Politica eo Declinio do Teoria PoliticaA genealogia da historia da teoria pohtica como urn campo de estudo e complexa.

    Nos Estados Unidos esteve intirnarnente ligada e, frequentemente, foi aspccto integral dadisciplina da ciencia politica. A relacao nao foi sempre agradavel. Embora a hist6ria dateoria politica seja reconhecida hoje como urn subcampo de ciencia politica, foi muitasvezes objeto e causa de cntlcas concernentes ao carater e direcao da disciplina, Para en-tender 0 estado vigente dos estudos de historia da teoria polftica, (! necessario compreen-der esta relacao. Em grande parte, foi urn conflito com a crftica dominante na ciencia po-Utica que modelou as caracterfsticas desses estudos nestes trinta anos passados,

    Nos prim6rdios de 1950 os cientistas politicos que lideravam 0movimento behavio-rista ou a ideia de urna ciencia polttica modelada pela metodologia das ciencias naturaistinham como objetivo estabelecer a autonomia da disciplina como uma ciencia empiricae evitar a identificacao dateoria polftica com a hist6ria das ideias polfticas eo estudo dostextos classicos desde Platao ate 0 presente. David Easton, em seu classico diagnostico do"empobrecimento" da teoria polftica, argiiia que a teoria politica praticada por Arist6te-les, Locke e outros, na tradicao ocidental de pensamento politico, tinha aberto caminhoa historia da teoria polftica. Tinha sido reduzida a uma "especie de analise hist6rica" quevivia "parasitariamente" das ideias do passado e tinha abdicado de seu papel tradicionalde "construir criativamente uma moldura apreciavel de referencia". Ao mesmo tempo,rejeitava a "tarefa de construir uma teoria sistematica sobre 0comport amen to politicoe a operacao das instituicoes politicas" que era essencial ao desenvolvimento de urnaciencia pohtica emprrica (1).

    Do seu "nascimento como disciplina na Grecia antiga" ate 0 fun "talvez comHegel e Marx", a teoria pohtica focalizou "negocios praticos" e a avaliacao .da polfticasocial. Entretanto, Easton argumentava que, no seculo XX, a teoria polftica tinha deixadode "analisar e formular uma nova teoria do valor" em favor do vareio de informacoes sa-bre 0 sentido, consistencia intema e desenvolvimento hist6rico de valores politicos con-ternporaneos e passados (2). Esse declinio da teoria politica para 0 historicismo estavamanifesto na obra de individuos tats como W. A. Dunning, C. H. Mcilwain e G. H. Sabine,cujos compendios e abordagem da pesquisa dominaram 0 campo desde 1900. A orientacaohistoricista, insistia Easton, foi 0 produto de uma tendencia de aceitar valores con tem-poraneos sem crltica. Urn crescente consenso de valores no Ocidente levou a urn climaxintelectual de relativismo moral e a urn declfnio da teoria de valor criativa, Entretanto,segundo ele, 0 relativismo moral nao significava logicarnente urn abandono de julgamentosde valores, e, numa epoca marcada pelo aparecirnento do fascisrno e outras formas totali-tarias, a complacencia moral e a abstinencia de avaliacao foram urn abandono inconscien-te de compromisso. Easton sustentava que a tfpico historiador de ideias polfticas naoestava interessado em valores politicos em relaeao ao presente, mas antes empreendeu "suahistoria motivado s6 pela narrativa" (3), Se eles viam os valores do passado como enife-nomenos e racionalizacees de instituicoes e interesses, como elementos causais na politica,como reflexos da cultura dominante em uma epoca ou como explicacoes sabre a emergen-cia de valores conternporaneos, todos estes historiadores abordavarn estes valores ern ter-

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    mas de urna tentativa nao crftica de explicar objetivamente "a relatyao das ideias com 0ambiente social" e com urna situacao his tor ica espec if ica (4).

    AI~m de nao assumir a responsabilidade de confrontar problemas de valores praticosdo presente, Easton sustentava que a abordagem do historiador s e f az ia em detrimento dainvestigacao cientffica, porque "deixou de prover 0 estudante da vida polftica com a corn-petencia e os conhecimentos necessaries para explorar seus proprios preconceitos morais"(5). Desde que toda pesquisa empirica, inclusive a selecao do problema e a interpretacaodos resultados se dao inevitavelmente dentro de uma moldura de valores, urn conhecimen-to e reflexao sobre esta moldura sao necessaries para separar fatos de valores e garantirobjetividade. Ainda rnais, ele arguia, a sensibilidade aos vaJores ~ necessaria para assegurarque 0 conhecimento social cientifico ~ relevante nos problemas sociais e na tomada dedecisoes pol rucas ,

    Entretanto, segundo Easton, 0 historicismo era deficiente nao s6 na abordagem dosvalores como em sua exclusiva prcocupacao com eles: "a pesquisa na teoria pohtica tor-nou- se , atualmente, equivalente ao estudo da teoria dos valores" (6). Easton insistia que ateoria politica tradicional se tinha preocupado tanto com fatos quanto com valores. Erabaseada em proposicees descritas e praticas sobre politica e mudancas polfticas que impli-cavarn "uma teoria causal generalizada sobre as relacoes dos fatos" (7). Ernbora deixassede desenvolver urna teoria cornparavel a da ciencia moderna, a preocupacao com 0 conhe-cimento empfrico deve ser retomada e acentuada se a teoria politica deve ser 0 "6rgaoteorico" da ciencia contemporanea da politica (8). Em quaJquer caso, dizia ele, as estudoshistoricos devem ser recolocados "em urna posicao rnais humilde como urn instrwnentoutil para alimentar a mente, tanto em relacao a valores criativos quanto a teoria causal"(9).

    Em grande parte, 0 estudo da hist6ria da teoria po lf ti ca igua lou -s e ao tradicionahs-rno com que Easton e outros porta-vozes do behaviorismo atacaram, na tentativa de revo-lucionar a ciencia e a teoria politicas, Alguns cientistas politicos tenderam, rnais do queEaston, a admitir urn papel positive para a hlst6ria da teoria politica dentro da disciplinada ciencia politica e surgeriram que poderia produzir hip6teses interessantes, tanto paraexplicar como para recomendar urn comportamento politico, se desistisse da abordagemdos "gran des livros" e da sua preocupacao com "a hist6ria das ideias e a biografia histori-ca" (10). Eles concordam com Easton em que a ciencia politic a necessitava de uma rev o-lucao teorica, urna vez que era a unica disciplina social ciennflca ern que a teoria se identi-ficava com "a literatura filosofica do passado" (11). Entretanto, a hist6ria dos conceit ospoliticos poderia ser justificada, ate certo ponto, se produzisse p rop os ic oe s u te is a investi-ga'r3o cientffica e a politica publica e se fosse complementada por investigacoes empfricasde fatos politicos.

    Embora alguns cientistas politicos continuassem a sugerir uma reconciliacao entreos que desejavarn dar 0 titulo de "teoria politica" para 0 nucleo intelectual de urn estudocientffico de politica e aqueles que continuaram a igualar "teoria" com avaliacao politicae com historia do pensamento politico (12), quaJquer solucao do conflito pennaneceu

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    Retros pecti va 9

    eminentemente conceptual. A divisao oflcial da disciplina da teoria pohtica em secoesernpfrica, normativa e historica, durante os anos 60, refletia mais a premissa padrao doque a pratica da ciencia exigia - urna separacao estrita entre 0 que e e 0 que deve ser e aSitu3ya O de facto do estudo da teoria politica - do que qualquer enfoque integrado ~ teori-zacso, Os historiadores da teoria politica fonnaram urn partido de oposicao quando 0do-minio dos behavioristas se tornou rnais pronunciado. Eles estavam tambern preocupadoscom 0 que entendiam ser 0 declinio da teoria polftica, mas, em seu ponto de vista, essedeclfnio era, em grande parte, funcao da adocao pela moderna ciencia politica do metodocientifico e da rejeicao do que acreditavam ser as objetos tradicionais da teoria politica.

    Apesar de Easton ter, ostensivamente, destacado a ressurgimento da avaliacao pol I-tica e do relacionamento entre a conhecimento social-ciennflco e a ayao politica, seuprincipal interesse, como 0da maioria dos cientistas politicos, era distinguir discussoes devalores de descricoes e explicacoes de fatos e promover 0 desenvolvimento de urna cienciapohtica puramente empfrica. Embora Easton tenha proclarnado alguns dos riscos praticosdo relativismo de valores e historicismo, ele aceitau as premissas basicas dessa analise devalores e a eontabilidade I6giea dos fil6sofos positivistas sobre as julgamentos de valorescomo, fundamentalmente, expressees de preferencia estetica au emocional que tern de serlogicamente distinguidas das proposicoes empiricas. Em resposta a acusacao de irrelevan-cia, historiadares da teoria politica, tais como Leo Strauss, argiiiram que a estudo do pen-samento politico do passado era de singular importancia para urna compreensao adequadados fenomenos politicos modemos, assim como para a iluminacao e solucao de problemaspoliticos contemporaneos. Acusaram tambern a tentativa dos cientistas politicos moder-nos de separar 0 fato do valor, 0 que e mais uma impossibilidade e urna simplificacao daanalise politica do que urn estagio novo e progressivo. 0behaviorisrno, eles insistem, naoe urna renovacao das preocupacoes da filosofia politica classica, mas uma falsa e truncadaabordagern que esquecia a sabedoria do passado. Era, em si, urn sintoma do declmio dateoria pohtica. Em suma, a questao tornava-se rapidarnente em saber quem era 0 legitimeherdeiro da tradicao ocidental na procura do conhecimento politico. .

    No mesmo ano em que Easton publicou a sua cntica da ciencia politica, AlfredCobbau asseverava que 0 declfnio da tradicao e os males da teoria politica conternpora-nea eram produtos da transformacao da teoria em urna disciplina academics e sua libera-liza~ao das preocupacoes praticas que tinha animado 0pensamento politico ocidental du-rante vinte e cinco seculos. Ele afirmava que nao havia uma grande literatura modema deteoria polftica e que a tradicao que incluia Platao e Maquiavel podia estar chegando aotim (13). Nao obstante Cobbau sugerisse que essa perda de visao podia ser, em parte, atri-buida a urn pessirnismo crescente quanto a influencia dos valores eticos sabre 0 poderpolitico, ele sustentava que urna causa principal era 0 dornfnio das form as de pensamentoassociadas a historia e a ciencia, A historia, com suas ligacoes com 0 passado e sua tenden-cia ao raciocfnio relativista e a ciencia positiva, com 0 seu desdern par postulados avalia-dores e sua dedicaeao a urn enfoque isento de vaIores a analise politica, provocara umaatrofia do pensamento politico criativo.

    Durante os anos 50 houve numerosas tentativas de explicar 0 que geraIrnente eraaceito como legado de urna longa tradiyao da teoria polftica ocidental e pelo desapareci-

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    mento da literatura que caracterizou esta tradicao (14). Levarei em considcracao algunsdesses argumentos no capitulo seguinte, mas, em muitos casos, as causas sao de certomodo atribufdas ao historicismo e ao positivismo que tenderam a erradicar a ideia de pos-tulados racionais relativos a vaJores. Comentaristas de ambos os lados da controversia, ge-ralmente , admitem que uma tradicao identificavel de teoria politica era evidente e estavaem urn estagio de declinio, transicao au crise. Era tambem aceito que a tradicao era carac-terizada par julgamentos eticos ou de valor sabre politica e recornendacoes sabre a estru-tura da vida politica. Conseqiientemente, 0 estado conternporaneo da grande tradicao pa-recia estreitamente ligado ao problema geral da justificacao raeional de valores.

    No limiar da teoria etica positivist a e de sua estimativa da logica au falta de logicado julgamento moral, fllosofos como J.D.Weldon argumentavam que toda a tradicao dateoria pohtica se baseava na crenca errada de que os valores pudessem ser obietivamentedetenninados e racionalmente defendidos. De acordo com Weldon, tais julgamentos, aocontrario dos ernpfricos, careciam de urn sentido cognitive e eram materia de preferencia,ideologia au decisao, mais do que para discussao racional (15). Em vista da crescente in-fluencia desta decisao, Peter Laslett concluiu, em 1956, que "a tradicao foi quebrada" e"a filosofia politica esta morta" (16). Tres anos mais tarde, Arnold Brecht lamentava acrise na teoria politica que resultara do "relativismo cientffico de valores" e da conclusaode que os postulados de valores nao poderiam ser logicamente justificados (17),

    Na decada de 60, entretanto, a filosofia etica pos-positivista tinha cornecado a terimpacto nas discussoes de teoria politica. Os postulados positivistas sobre a falta de sen-tido da linguagem avaliativa estavam comecando a ceder diante de estudos da logica e dalinguagem da moral que, tendendo a aceitar a dicotomia positivista entre 0 discurso ernpf-rico e normativo, tentava estabelecer a autonomia e racionalidade do argumento etico.Esse desenvolvimento filosofico sugeriu a alguns que 0 epitafio para a teoria politica tinhasido premature. Assim como a analise positivista da etlca parecia indicar a impossibilidadeda teoria politica, a analise pos-positivista do julgarnento de valores parecia prometer suapossibilidade. Enquanto os homens debatem finalidades sociais, a tradicao de teoriapolitica persistiria e, com a renovada ateneao dos filosofos ao discurso prescritivo, pare-ceria certo dizer que "a filosofia politica no mundo de lingua inglesa esta viva ainda" e"nao perecera inteirarnente" (18). Havia urn crescente sentimento de que 0 resgate dosjulgamentos de vaJores dava uma base para reviver a grande tradicao.

    13 que, de acordo com a maior parte dos trabalhos sobre teoria etica, razoes fatuaisbaseadas em dados empfricos sao essenciais ao julgamento de valores e, ao mesrno tempo,todas as descricoes e explicacoes de fatos ocorreram inevitavelmente numa moldura ava-liativa, pareceu razoavel supor que a teoria empfrica e normativa e mesmo a ciencia sociale a filosofia politic a podiam ser complementares. A teoria polftica - decomposta em fa-tos e valores, descritiva e prescritiva, empfrica e nonnativa - parecia a muitos ter restabe-lecido 0escopo de suas preocupacoes originais e assegurado a tradicao, Da mesma forma,entre 0 final da decada de 60 e 0 corneco da de 70, na ciencia politica norte-americana, aideia do carater (mutuamente) relevante da teoria nonnativa e empfrica foi largarnenteaceita (l9).

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    Retrospectiva II

    Com a ernergencia da decada de 70, com 0 que se chamou "nova revolucao" naciencia politica, com a sua depreciacao de ciencia social pura imediatista em favor da a n a -lise politica publica e de uma ciencia social aplicada para uma compreensiio de resultadospraticos (20), 0 tradicional debate sobre teoria politic a parece ter cessado. Ainda que acrftica da ciencia pohtica, por teoricos politicos que estudam a historia da teoria politica,nao tenha desaparecido, 0 sucesso do behaviorismo na definicao de ciencia polftica sola-pou a influencia desta cntica que, em grande parte, era dirigida a urn estudo cientffico dapolftica, Essa dirnensao da crftica cedeu, em grande parte, a urna variedade de argumentosque questionarn menos urna ideia de uma ciencia polltica do que uma imagem de cienciacaracterfstica das suposicoes dos behavioristas sobre a logica e a epistemologia da investi-gacao e rnp fr ic a (21). A historia da teoria polftica como urn campo de estudo permaneceassociada a disciplina da ciencia pol itica , mas, por volta de 1970, os historiadores da teo-ria polftica se tinharn retirado a pratica de sua propria atividade. Entretanto, parte do le-gado do debate sabre teoria politica foi uma confirmacao da tradicao desta teoria comodistinta e digna de estudo, tanto como historia quanto progenitora da modema cienciapohtica.

    Quando a teoria politica e basicamente discutida em termos funcionais, tais comofazendo [uizos avaliadores sobre polftica, 0 conceito de uma tradicao e perguntas sobresua morte e r es su rr ei ca o t o rn a rn -s e abstratos. No entanto, tern havido tentativas de loca-lizar 0 ressurgimento da teoria pohtica mais concretamente em varias posicoes filos6ficasconternporaneas, tais como existencialismo, fenomenologia, analise linguistica e teoriacrftica pos-marxista, que se tern dirigido ou prometem dirigir-se a dirnensao politica davida (22). Outros sugeriram que, embora a teoria pohtica tenha sofrido urn declfnio, suamortc e urn mito e a "tradicao de investigacao, estendendo-se no mfnimo desde Plataoate Hegel", esta revivendo na literatura acadernica secundaria sobre a historia da teoriapolftica, Historiadores de teoria polftica, tais como Leo Strauss, Eric Voegelin e HannahArendt, analisando as obras classicas na grande tradicao a luz da idade modema, ternrevitalizado tal tradicao (23).

    E sempre possfvel definir a teoria politics de modo particular, dando-lhe certosatributos e depois presumindo discutir seu passado, presente e futuro. A maior parte dasdiscussoes depois de Easton tern seguido esse raciocfnio. Embora os comentaristas pro-clamem a degeneracao da tradicao, condenem-na como irrelevante para a ciencia social,percebam sinais de sua crise au predigam a sua ressurrelcso, e aceito que os textos classi-cos, de Platao ate Marx, eram componentes de uma tradicao que existia au tinha existidocomo uma entidade hist6rica distinta. A ideia da tradicao foi urn paradigma regulador no

    Iestudo da politica tal como no da historia da teoria polftica por muitos anos. Esta ideia,como urn corpo de pensamento integral e evolutivo, foi amplamente articulada no cursodestes debates dentro da ciencia politica sobre a relevancia da historia da teoria politica,mas nao comecou af.

    Embora Easton falasse de urn declinio da tradicao e culpasse os historiadores quetinham perdido de vista 0 carater real da atividade que havia criado esta tradicao, eleestava de fato se referindo a algo que era, em grande parte, uma invencao dos pr6prios

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    historiadores. A condenacao de Easton da pesquisa na hist6ria da teoria politica julgou erepresentou 1I1al0 que isto envolvia, bern como as preocupacoes daqueJes que isto pratica-ram.

    A Hist6ria da Teoria Pofftica: OsAnos de Forma(:aaDe urn levantamento dos estudos de hist6ria da teoria politica ate e durante a de-

    cada de 1950, emergem dois pontos importantes para a compreensao dos desenvolvi-mentos subsequentes neste campo. Primeiro, estes estudos raramente foram empreendidospar razces meramente academicas ou motivados primariamente por interesse arqueolo-gico. Foram concebidos como diretamente relevantes a problemas contemporaneos e valo-res politicos, bern como ao desenvolvimento de uma ciencia politica empfrica, usual-mente considerada como tendo aplicacoes praticas, Segundo, durante este perfodo, ganha-ram forca as suposicoes de que havia urna importante tradicao ocidental de teoria polfti-ca, cornposta nelos textos classicos de literatura politica e de que esta tradicao era a para-metro principal para a interpretacao de certas obras. Esta tradi~ao "gratuita" tomou-seurna convencao academics basica.

    Em geral, Easton estava certo em notar que muitos dos historiadores que focalizouforam influenciados pelo relativismo, pelo sociologismo, pelo historicisrno e por posicoessimilares que salientavam uma estreita relacao entre as ideias politicas e suas respectivascircunstancias sociais e pol iticas, Isto era, em grande parte, heranca da teoria social evolu-cionista do seculo XIX e da fllosofia da historia, que formavam 0 contexto intelectual damalo ria dos primeiros estudos neste campo. Entretanto, embora ele tambem notasse atendencia para 0 uso da "historia para iluminar 0 sentido e estabelecer 0valor dos postu-lados morais conternporaneos" (24), sua caractenzacao desta literatura, como principalprovedora de urn conjunto de ideias passadas, tendia a negar as intencoes dos autores e aobscurecer a natureza dos seus argument os. Easton deixou de notar a profundo interessedesses individuos em esclarecer e avaliar a politica contemporanea, bern como em rela~aoa princfpios em desenvolvimento e conceitos que poderiam dar base a urn estudo cientifi-co de politica socialmente relevante.

    lronlco e que as preocupacoes dos que se engajaram em escrever a historiada teoria polftica nao foram significantemente diferentes das preocupacoes de Eastonem seu apelo por uma nova orientacao em teoria politica. 0 que os dividia, principal-mente, eram concepcees diversas da ciencia e da relevancia da analise historica. Isto,contudo, nso chegava a ser uma coisa nova. Nos primeiros anos do desenvolvimentoda ciencia polftica como disciplina nos Estados Unidos, era minimo a desacordo sabreo papel da teoria politica na ciencia polftica. A teoria politica fomecia os conceitosnecessaries a conducao da ciencia politica. Havia disputa sobre a utilidade do metodahist6rico indutivo como oposto a nocoes de formacao de conceito e esclarecimentocausal rnals intimarnente empregadas em sociologia e psicologia e acerca da derivacaodos conceitos. A critica de Easton sobre 0 historicismo parecia-se muito com alguns dosataques ao metodo historico-comparativo em princfpios de 1900. A tendencia da cienciapolitic a de esquecer au interpretar mal seu proprio passado e, consequentemente , derepeti-lo e marcante (25).