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Rev. IG, São Paulo, 1(1):7-14, jan.fjun. 1980 GEOLOGIA DA FOLHA DE SANTA RITA DO PASSA QUATRO Geólogo MARCOS MASSOLI ABSTRACT This paper reports to the stratigraphic study of the Geological Superface Formation Mapping, in Santa Rita do Passa Quatro topographic sheet. This area is located between the 21° 30' and 21° 45' parallels and the 47° 15' and 47° 30' meridians, and is 700 square km width. We describe in this area, at the eastern part of the Paraná Basin, the following geological unities: Tatuí, Estrada Nova, Botucatu + Pirambóia and Serra Geral Formations. It is also found Tertiary and Quaternary sediments. RESUMO Os dados ora apresentados constituem a Estratigrafia do Projeto de Levanta- mento Geológico de Formações Superficiais, em andamento na folna de Santa Rita do Passa Quatro, situada entre os paralelos 21° 30' e 21° 45' e os meridianos 47° 15' e 47° 30', com uma área de aproximadamente 700 kOb Na área em questão, situada na borda oriental da Bacia do Paraná, foram mapeadas e descritas as seguintes unidades geológicas: Formação Tatuí; Formação Estrada Nova; Formação Botucatu + Pirambóia; Formação Serra Geral; Formações Terciárias e Quaternárias. INTRODUÇÃO Este trabalho é uma parte do Projeto de Levantamento Geológico de Formações Su- perficiais, iniciado pelo Instituto Geológico em 1976. Como área piloto foi escolhida a folha de Leme, por se acharem nela representadas nove unidades geológicas diferentes: Grupo Tubarão Indiviso; For-. mação Irati; Formação Estrada Nova; Formação Pirambóia; Formação Botucatu; Formação Serra Geral; Intrusivas Básicas; Formações Terciárias e Quaternárias. Objetivo: A finalidade deste levanta- mento é dar continuidade ao projeto acima, com a elaboração do mapa gecIógico da quadrícula, a verificação do comporta- mento estrutural das formações geológicas, bem como a caracterização das diferentes unidades estratigráficas. Em seguida, serão obtidos os dados referentes às formações superficiais, de grande utilidade à Engenha- ria, Agronomia, Pedologia e à própria Geologia. Localização: A folha, editada pelo Ins- tituto Brasileiro de Geografia, no ano de 1971, na escala de 1:50.000, situa-se na região nordeste do Estado de São Paulo, entre os paralelos 21.0 30' e 21.0 45' e os meridianos 47.0 15' e 47.0 30', possuindo uma superfície de, aproximadamente, 700 km2• . Estudos Prévios: Alguns trabalhos foram realizados na área, mas sem a abrangência e a pormenorização deste. Destacam-se: alguns comentários geológicos e feições geomorfológicas (BoI. 41 - IGG); mapea- mento geológico na escala de 1:100.000, por MEZZALIRA (1965), da folha de Casa Branca; mapeamento da região nordeste do Estado, por SOARES et alii (1973), cuja 7

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GEOLOGIA DA FOLHA DESANTA RITA DO PASSA QUATRO

Geólogo MARCOS MASSOLI

ABSTRACT

This paper reports to the stratigraphic study of the Geological SuperfaceFormation Mapping, in Santa Rita do Passa Quatro topographic sheet. This areais located between the 21° 30' and 21° 45' parallels and the 47° 15' and 47° 30'meridians, and is 700 square km width.

We describe in this area, at the eastern part of the Paraná Basin, the followinggeological unities: Tatuí, Estrada Nova, Botucatu + Pirambóia and Serra GeralFormations. It is also found Tertiary and Quaternary sediments.

RESUMO

Os dados ora apresentados constituem a Estratigrafia do Projeto de Levanta­mento Geológico de Formações Superficiais, em andamento na folna de Santa Ritado Passa Quatro, situada entre os paralelos 21° 30' e 21° 45' e os meridianos 47°15' e 47° 30', com uma área de aproximadamente 700 kOb

Na área em questão, situada na borda oriental da Bacia do Paraná, forammapeadas e descritas as seguintes unidades geológicas: Formação Tatuí; FormaçãoEstrada Nova; Formação Botucatu + Pirambóia; Formação Serra Geral; FormaçõesTerciárias e Quaternárias.

INTRODUÇÃO

Este trabalho é uma parte do Projeto deLevantamento Geológico de Formações Su­perficiais, iniciado pelo Instituto Geológicoem 1976. Como área piloto foi escolhida afolha de Leme, por se acharem nelarepresentadas nove unidades geológicasdiferentes: Grupo Tubarão Indiviso; For-.mação Irati; Formação Estrada Nova;Formação Pirambóia; Formação Botucatu;Formação Serra Geral; Intrusivas Básicas;Formações Terciárias e Quaternárias.

Objetivo: A finalidade deste levanta­mento é dar continuidade ao projeto acima,com a elaboração do mapa gecIógico daquadrícula, a verificação do comporta­mento estrutural das formações geológicas,bem como a caracterização das diferentesunidades estratigráficas. Em seguida, serãoobtidos os dados referentes às formações

superficiais, de grande utilidade à Engenha­ria, Agronomia, Pedologia e à própriaGeologia.

Localização: A folha, editada pelo Ins­tituto Brasileiro de Geografia, no ano de1971, na escala de 1:50.000, situa-se naregião nordeste do Estado de São Paulo,entre os paralelos 21.0 30' e 21.0 45' e osmeridianos 47.0 15' e 47.0 30', possuindouma superfície de, aproximadamente, 700km2• .

Estudos Prévios: Alguns trabalhos foramrealizados na área, mas sem a abrangênciae a pormenorização deste. Destacam-se:alguns comentários geológicos e feiçõesgeomorfológicas (BoI. 41 - IGG); mapea­mento geológico na escala de 1:100.000,por MEZZALIRA (1965), da folha de CasaBranca; mapeamento da região nordeste doEstado, por SOARES et alii (1973), cuja

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parte sul limita-se com o extremo norte dafolha de Santa Rita do Passa Quatro e,finalmente, QS trabalhos do Projeto Sapu­caí, da CPRM (1977), na escala de1:250.000, que alcançam a área em estudo.

A carência de folhas geológicas do Es­tado, na escala de 1:50.000, sentida pelacomunidade geológica, justifica plena­mente a elaboração desses mapàs, contri­buindo para ampliar o conhecimento e adistribuição'- das unidades litológicas noEstado de São Paulo.

Metodologia: Os trabalhos foram reali­zados mediante uma combinação de fotoin­terpretação com o mapeamento de campo.A área em questão é totalmente recobertapor fotos aéreas, de 1971, na escala apro­ximadade 1:25.000.

Inicialmente foi feito um reconhecimentopreliminar de campo, cujos dados obtidosforneceram subsídios para os trabalhos defotointerpretação, realizados na sede. Pos­teriormente executou-se o levantamento decampo, através do caminhamento ao longode estradas, leitos de córregos, etc., sendoque os pontos estudados foram descritosem caderneta de campo e anotados no mapa

.-base. Paralelamente procedia-se à coleta deamostras para ensaios granulométricos.

O material utilizado constituiu-se debússola, altímetro, lupa, ímã e martelo,além da folha base.

ASPECTOS GEOGRÁFICOS

Relevo: A área levantada apresenta duascaracterísticas fisiográficas distintas, com­pondO' as unidades geomorfológicas das"Cuestas Basálticas" e a da "DepressãoPeriférica" .

As "Cuestas Basálticas", que ocupamgrande parte da área, compreendem, litolo­gicamente, as rochas mesozóicas da Baciado Paraná, representadas pelas FormaçõesBotucatu + Pirambóia e Serra Geral. Cons-,tituem elevações assimétricas, com escarpasabruptas em um lado (frente de cuesta) ecaimento suave no outro, também chamadoreverso de cuesta.

É nesta unidade que se encontra o pontoculminante da área, com altitude de 1.000metros, localizado na Serra do CórregoFundo.

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A "Depressão Periférica" é composta porrochas do Paleozóico, representadas pelasFormações Estrada Nova e Tatuí. Aparecea SW, NE e E-SE da quadrícula. Caracte~_riza-se por uma topografia suave, cujasaltitudes máxima e mínima estão em tornode 740 e 530 metros, respectivamente. Essaunidade geomorfológica, cuja origem é dis­cutível - se erosiva ou estrutural - achla­-se rebaixada ,entre o Complexo Cristalino,a E, e as "Cuestas Basálticas", a W.

Hidrografia: A folha de Santa Rita doPassa Quatro é drenada pelas bacias hidro­gráficas dos rios Pardo e Mogi Guaçu,sendo este o principal afluente daquele elocalizado em sua margem esquerda.

Clima: As características são bem defi­nidas no inverno e verão, quando apresen­tam, respectivamente, tempo seco e chuvoso.A temperatura anual média é de 20,6°,com máxima de 27,7° e mínima de 15,3°;a precipitação anual está em torno de1.940 mm, enquanto a evaporação' anual éde, aproximadamente, 1.852 mm (DAEE:1972).

Aspectos da Vegetação: A predominân­cia do clima tropical úmido e a baixa quali­dade do solo, propiciaram o desenvolvi7mento dos cerrados em grande parte daárea, notadamente da porção central paraN e NW. São os cerrados constituídos porarbustos e árvores de pequeno porte, ca­racterizados pela tortuosidade de seus tron­cos. Gramíneas e ervas completam o reves­timento do solo, essencialmente- arenoso.

Muitas áreas de cerrados estão, atual­mente, sendo reflorestadas por eucaliptos epinus. É necessário salientar que parte davegetação deu lugar à ocupação agrope­cuária.

LITOESTRA TIGRAFIA

Na área, situadlt na borda oriental daBacia do Parallá, a aproximadamente 25km do Embasamento Cristalino, ocorremrochas de idades compreendidas entre dNeo-Paleozóico (F. Tatuí) e o Quaternárió(Aluvião), com exceção das FormaçõesIrati e Bauru que não são aí registradas, oupor terem sido removidas pela erosão, oumesmo por não terem sido depositadas naregião. Em termos de área.aflorante, hápredominância das rochas -do Mesozóico.

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o PermianO' está representado pelas For­mações Tatuí e Estrada Nova, separadaspor uma discordância erosiva.

O .CretáceO' está representado pelas For­mações Botucatu + Pirambóia e SerraGeral.

O Cenozóico também se faz presente naárea, sendo representado pO'r sedimentosTerciários e Quaternários.

Em linhas gerais, as formações ocorren­tes apresentam, estratigraficamente debçlixO'para cima, as seguintes caracterís­ticas:

Formação TatuÍ: Constituída por siltitosarenosos, de cor avermelhada, predomi­nantemente maciços, podendo apresentarincipiente acamamento plano-paralelo. Sub­jacentes aos siltitos ocorrem, localmente,arenitos finos, esbranquiçados, com poucosmetros de espessura, exibindO' estratificaçãocruzada de pequeno porte. A parte basal daformação não ocorre na área. EntretantO',a N da mesma, na rodovia Cajuru-Mococa,esse contato com a formação subjacente sedá através de uma discordância erosiva,segundo SOARES et alii (1973).

Sua faixa afIorante restringe-se a NE dafolha, nas proximidades do Ribeirão Que­bra-Cuia. SOARES et alii (1973) estjmampara a Formação Tatuí, na rodovia Cajuru­Mococa, uma espessura de cerca de 30metros.

A origem da Formação Tatuí relaciona­se com uma transgressão marinha que sedeu logo após o término do ciclo glacial(CPRM, 1977). Sua litologia sugere um.ambiente oxidante, de águas rasas.e calmas.Segundo SOARES.et alii (1973), a origemdo Tatuí é muito duvidosa, devendo estarassociada a planícies costeiras do iníciodo ciclo pós-glacial.

Formação Estrada Nova: Sua faixa deexposição localiza-se a SW, NE e E-SE dafolha. Está representada por siltitos areno­sos e argilosos, predominantemente arro­xeados, com acamamento plano-paralelo e,freqüentemente, fraturamento concoidal.,Na parte superior da formação, comum ente,encontram-se camadas apresentando frag­mentos de sílex de cor escura. ANE daquadrícula, ocorrem blocos de sílex, asse­melhando-se a matacões de diabásio, emmeio aos siltitos arenosos e arroxeados.Acreditava-se, a. princípio, que esse sílexfosse originado a partir de soluções residuais

do vulcanismo basáltico que se manifestouna Bacia do Paraná durante o Mesozóico.Porém, o fato de existirem arenitos silicifi­cados posteriores aO'vulcanismo básico, deumargem a outras origens: (AMARAL,1961; 1971; WERNICK, 1966).

A SW da área encontram-se camadascentimétricas' de siltitos calcíferos intercala­dos aos siltitos arenosos, diferenciando-sedestes pela coloração mais clara e maiortenacidade. Próximo a esse local foi assi­nalada uma camada fos'silífera, de aproxi­madamente .15 cm de espessura, contendorestos de peixes indeterminados. Esse afIo­ramento, com altitude de 560 m, localiza-sepróximo ao topo do Estrada Nova, estando.a, aproximadamente, 500 m do contato como Mesozóico, contato esse verificado porfalhamento que elevou os sedimentos pa­leozóicos.

A cerca de 1 kmda estação ferroviáriade Tambaú, no sentido para São SimãO',num corte da estrada de ferro, ocorrem,também, restos de peixes, estando o aflo­ramento a 680 m de altitude e próximo aotopo da formação. MEZZALIRA (1966)cita a existência de um jazigo, contendorestos vegetais, localizado próximo a essaestação. No extremo SE da folha, MEZ­ZALIRA (op. cit.), assinala a ocorrênciade lamelibrânquios em siltitos arenososesverdeados.

A 4 km a SE de Santa Rosa do Viterboe 'a 1 km além do limite N da área, háuma pedreira, em atividade, explorandocalcário dolomítico, o qual ocorre em ca­mada de quase 2 m de espessura, encaixadaem siltitos arroxeados atribuídos à Forma­ção Estrada Nova. Esse calcário contémfragmentos de ossos de répteis pertencentes,possivelmente, a Mesosaurus sp, fóssil. con­siderado exclusivo da Formação Iratí, atéentão não encontrada afIorandO' nessa áreaque, por issO' deverá merecer estudos maisdetalhados, tantO' estratigráficos como pa­leontológicos, visando o esclarecimento doproblema acima exposto.

O contato superior do Estrada Nova sefaz. através de uma discordância erosiva,acompanhada por uma camada de sílex, talcomo pode ser visto na ferrovia que ligaTambaú a São Simão, na altura do km 200.

A base do Estrada Nova acha-se emdiscordância erosiva com O' Tatuí. Essecontato, fora da folha, situa-se na estradaquê vai de Santa Rosa do Viterbo para

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SãO' PedrO' dO's MO'rrinhO's. SegundO' SOA­RES E LANDIN (1973), esse contatO' estárepresentadO' por canglO'merada e breccia,cO'm até 3 m de espessura, cO'm seixas pre­dO'minantemente de sílex, sO'tapastas a are­nitO's finO's, de cares claras, interacamadoscam siltitas laminados dO' Estrada NO'va.

AbaixO' dO' cO'nglO'meradO' estãO' O'S siltitO'savermelhlados da FO'rmaçãO' Tatuí.

Baseada nesse cO'ntatO' inferiO'r, pode-seestipular uma espessura de cerca de 70 mpara o Estrada NO'va, na parte NE da área.Nas prO'ximidades de Tambaú, essa espes­sura nãO' pode ser estimada, devido à ,exis­tência de uma extensa saleira ("sill") dediabásio pasicionada entre a Estrada Novae o Tubarão.

Admite-se que a O'rigem da FO'rmaçãO'Estrada Nova esteja relacianada à sedimen­taçãO', em planícies de marés, de uma baciaintracontinental. de águas rasas e salO'bras(VIEIRA, 1973). O fato de terem sido en­cO'ntradO's restO's fósseis de peixes e de vege­tais muitO' próximO's entre si (em Tambaú)refarça essa tearia.

Formação Botucatu + Pirambóia: ÉafO'rmação mais representativa da área emestudO', tendO' bastante expressão tantO' nahorizantal cama na vertical.

Esta formaçãO' representa a fase inicialda sedimentaçãO' mesozóica. É caracteri­zada pO'r arenitO's de cares rosadas, esbran­quiçadas e, mais raramente, esverdeadas.GranulO'metricamente predO'mina a fraçãO'areia fina, na qual a diâmetrO' das partí­culas varia entre 0,250 e 0,125 mm. Osgrãos, predominantemente de quartzo, sãO'angulasO's a arredO'ndadO's e O' grau de sele­ção da amO'stra total situa-se entre O'

moderadamente selecionadO' e O' muitopabremente seleciO'nado. O teor em argilavaria entre 3_% e 21 %. sendo, em média,de 9% (em 22 amO'stras).

As estruturas sedimentares mais cO'munssão a estratificaçãO' cruzada e O' acama­menta plano-paralelO'. Elas podem servistas no carte da ferrovia que liga Tambaúa São SimãO', na altura dO' km. 201, ondetambém estãO' presentes estruturas deesca­vaçãO' e preenchimentO' de canais. Na parteSE da fO'lha, aO' ladO' da radavia SantaCruz das Palmeiras- Tambaú, padem serencantradas pequenas prismas de arenitO',fO'rmadas par diac1asamentas verticaisariundos das atividades ígneas. Junta aO'

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cantata cam a racha básica, a arenitaapresenta-se esveideada.

Devida à sua canstituiçãa litalógica, estaformaçãO' encantra-se bastante alteradapelas prO'cessas intempéricas, razãO' par queacha-se recoberta por extensas areiais quepodem ser canfundidos cam as sedimentascenazóicas. Os melhares aflaramentas

acarrem nas escarpas das serras e nascartes da nava ferravia.

É camum a ocarrência de intrusões de

diabásia, padendO' ser citadas as serras deSãO' PedrO' e Santa Vitória, a NE da folha,ande uma sO'leira de diabásia, cam até 120m. de espessura, intraduziu-se próxima àbase da farmaçãa. Pequenas saleiras dentroda arenita padem ser abservadas próximaaO' pavaada de Nhumirim, ande O' carte daradavia mastra, também, a capeamentaterciária sabrejacente à linha de seixas.Outras saleiras de pequenas dimensões sãO'camuns aO' langa de cursas d'água, prova­candO' O' aparecimentO' de cachO'eiras dealguns metras de altura. Diques estreitO'se alangadO's O'carrem a E de Santa Rita daPassa QuatrO', sabressaindO' na tapO'grafiaem farma de cristas resistentes à erasãa;eles sãO' relaciO'nadO's a zanas de falhas.

A espessura máxima da farmaçãO' giraem tarna de 200 metros (a NW da Serrada Córrega Funda) e a mínima é de cercade 50 metros (a S de Santa Rita dO' PassaQuatro).

Geneticamente as sedimentO's desta

unidade padem ser divididos em 3 fácies:de canal, tarrencial e eólica. A l.a écaracterizada par depósitas de rias mean­drantes, canstituídos par arenitas paucaselecianadas 'exibindO' estratificaçãa cru­zada e acamamentO' plana-paralela. Afácies tarrencial campreende arenitas con­glomeráticos contendO' seixO's cujo diâmetromaior alcança até 5 centímetros de campri­mento; é característica de depósitas de riastemporários de barda de desertO', arigi­nando planícies pedregasas. A fácieseólica, cO'm arenitos bem seleciO'nadas exi­bindO' estratificaçãO' cruzada, evidencia umciclO' desérticO', com a sedimentação deareias transpO'rtadas pelO' venta (SOARESe LANDIM, 1973).

Formação Serra Geral: Faram canside­radascamo pertencentes a esta farmaçãaas magmatitas básicO's, bem cO'mo a sO'la

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proveniente de sua decomposição, deno­minado "terra roxa".

As rochas desta unidade ocorrem a S eSE de Santa Rita do Passa Quatro e nasSerras de São Simão, Santo Onofre,Córrego Fundo, Sertãozinho, São Pedro eSanta Vitória.

Macroscopicamente são rochas de corverde-escuro a preta, textura fanerítica,estrutura maciça e granulação média a fina.Normalmente as rochas encontram-se alte­radas, constituindo a "terra roxa", deexcelent:e qualidade para o aproveitamentoagrícola.

Uma estrutura ocorrente nesta formaçãoé a de disjunção colunar, que dá origem agrandes prismas hexagonais de diabásio,comuns na Serra do Córrego Fundo, ondehá pedreiras em atividades. Esses prismassão formados por juntas de contraçãooriginadas com o decréscimo de volume domagma, por ocasião de seu resfriamento.

Os magmatitos básicos originaram-se apartir de intenso diastrofismo de ruptura(tafrogênese), acompanhado de vulcanismobásico que ocorreu, na Bacia do Paraná,desde o fim do Jurássico até o Cretáceo.

Segundo AMARAL et alii (1966), essevulcanismo básico tem uma idade que variade 90 a 150 milhões de anos.

A maior espessura desta formação éencontrada na Serra de Santa Vitória, pro­ximidades da fazenda do mesmo nome,medindo cerca de 130 m.

Sedimentos Cenozóicos: São de ocorrên­

cia ampla, apresentando grande extensão,mas pouca espessura.

Os sedimentos terciários constituem-se

de depósitos arenosos com, no maXlmo,10m. de espessura, capeando antiga super­fície de erosão. Na base apresentam linhasde seixos ou cascalheiras, representadas porseixos de quartzo e por fragmentos delimonita.

Os quaternários, compostos por areias eargilas originadas dos sedimentos terciáriose do Estrada Nova, respectivamente, ocor­rem como depósitos' aluviais associados aosprincipais rio's, como o Rio Claro, RibeirãoQuebra-Cuia, etc.

GEOLOGIA ESTRUTURAL

A área em estudo localiza-se próximo àborda oriental da Bacia do Paraná, em umafossa tectônica com a forma elipsoidal, deeixo maior com direção NNE-SSW (repre­sentado pelo Rio Paraná) e que se achaencravada no escudo Pré-Cambriano emMinas Gerais, São Paulo, Mato Grosso,Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul,Paraguai, Uruguai e Argentina, abrangendouma área com cerca de 1.600.000 km2•

As feições estruturais da região sãorepresentadas por falhas verticais, origi­nadas a partir de movimentos epirogené­ticos causados pelas intrusões :e extrusõesde rochas básicas que,' sobrecarregando acrosta, causaram uma subsidência damesma, provocando o aparecimento deforças verticais. Como conseqüência, essesfalhamentos, atingindo grandes profundi­dades, propiciaram a subida do magmabásico que, ocupando espaços abertos,vieram a constituir os diques, cujas ramj~ficações permitiram as intrusões de diabá­sio, dando origem às espessas e extensassoleiras, muito comuns na área.

Uma falha preenchida por diabásioocorre a E de Santa Rita do Passa Quatro,no Morro do Itatiaia. :f; caracterizada porum alongamento saliente na topografia,com direção aproximada N 1O.oE. O flancoleste foi levantado, colocando o arenitoconglomerático do Mesozóico a uma alti­'tude de 900 m., estimando-se um rejeitode 100 m.

A análise estrutural da folha, baseadana rede de drenagem (tendo sido tomadoselementos de drenagem de comprimentosiguais e maiores que 1 km.), revelou umadireção preferencial N 5.°E, e direçãosecundária N45.oW.

As camadas sedimentares constituem aestrutura denominada monoclinal, na qualas diferentes unidades geológicas mergu­lham no mesmo sentido, com o mesmovalor angular. Nessa área os mergulhos sãodirigidos para NW, tendo um ângulo de,

1.0

aproximadamente, --o Localmente os2

pacotes sedimentares podem apresentarmergulhos maiores, devido a arqueamentosprovocados por intrusões de diabásio que,por sua vez, -estão relacionadas ~ falha­mentos.

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CONSIDERAÇÕES ECONÔMICAS

Os recursos econômicos existentes com­preendem as argilas, areias e as rochasbásicas inalteradas.

As argilas, fornecidas pela FormaçãoEstrada Nova, são exploradas -nas proxi­midades de Tambaú, cidade de tradiçã0cerâmica. Elas são destinadas ao fabricode tijolos, telhas, manilhas, além de objetosde uso doméstico, tais como: vasos, morin­gas, pobes, etc. O material escavado dasjazidas é transportado para as olarias, ondeé trabalhado manual ou mecanicamente,dependendo do fim a que se destina.

As areias, utilizadas para o fabrico devidro, ocorrem sob a forma de aluviões,cujo material foi retrabalhado a partir dosdepósitos terciários. Atualmente estãosendo exploradas nas cabeceiras do Ribei­rão Quebra-Cuia e do Córrego do Faveiro.

De grande importância econômica sãoos diabásios, que são destinadós à pavimen­tação de ruas, calçadas e rodovias. A Serrado Córrego Fundo está sendo exploradacomercialmente. Os diabásios parciaJmentealterados são utilizados na conservação de_estradas não asfaltadas ..

Os arenitos silicificados podem ser em­pregados na construção de calçadas, guiasde sarjetas e, também, como ornamento, norevestimento externo de paredes de resi­dências.

A água subterrânea é um recurso prati­camenre inexplorado, pois não existempoços profundos na área, uma vez que ascidades de Santa Rita do _Passa Quatro eTambaú são abasteci das . por água super­ficial; o que ocorrem são poços raso,s, parauso exclusivamente doméstico. Porém, coma crescente poluição dos mananciais super­ficiais, num futuro não muito distante, ascidades, forçosamente, terão que recorrerà ágqa subt~rrânea para seu suprimento.No caso de Santa Rita do Passa Quatro,o aquífero a ser explorado será o conjuntoB!Jtucatu +Pirambóia, com intercalação de .

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magmatito básico. Tambaú, estando assen­tada sobre o Estrada Nova (de importânciahidrogeológica insignificante), deverá explo­rar o aquífero subjacente, representado peloGrupo Tubarão.

CONCLUSÕES

Os dados obtidos nos permitem. algumasconclusões preliminares:

1 . Fisiograficamente predomina a uni­dade geomorfológica das "Cuestas Basál­ticas", formando serras com escarpasabruptas e reverso suave. .

2 . A "Depressão Periférica" ocorrenas porções SW, NE e E-SE da área, mos­trando uma topografia suave e abatida emrelação ao Embasamento Cristalino, a E,e às "Cuestas Basálticas", a W.

3 . A formação Botucatu + Pir:ambóiaestá-representada pelas fácies dé canal;eólica e torrencial.

4 . Os sedimentos cenozOlCOSsão deocorrência ampla, apresentando muitaexpressão em superfície e pouca em pro­fundidade. Limitam-se a extensos capea­mentos de espigão, de pouca espessura, eàs planícies de inundação dos rios prin­cipais.

5 . Os falhamentos são verticais, es­tando seus respectivos planos, geralmente,preenchidos por diabásio. As direções maissignificativas de lineamentos são N5.°E eN45.oW,

6. O mergulho das camadas, de estru­tura monoclinal, é dirigido para NW, tendo

1.0um valor de cerca de

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AGRADECIMENTOS

O autor agradece ao Prof. DI. RuyOsório de Freitas, pela orientação dada nostrabalhos de campo e ao Dr. Sérgio Mezza­lira, pela revisão do texto.

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INSTITUTO GEOLÓGICO

ESTADO DE S.PAULOBRASIL

FOLHA GEOLÓGICA OE SÃO JOÃO DA BOA VISTA

COLUNA ESTRATIGRÁFICA

r:. . l--c;:-l' FORMAÇÃO AQUIDAUNA (GRUPO ITARARÉIPAI.EOZÓICO ]Corbon,'.ro.p",rnIOIlO ~ . Ar.nito.~ ,;1';10' • doiomicti'aa

GEOLOGIA 'OR:

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FOLHA

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Rev. IG, São Paulo, 1(1):7-14, jan./ jun. 1980

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