Fisiocracia Adam Smith e David Ricardo - Vanessa Schmidt

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    FISIOCRACIA, ADAM SMITH E DAVID RICARDO

    Pensadores de grande destaque que foram Smith e Ricardo, assim como os Fisiocratas,criaram grandes teorias visando explicar as relaes econmicas entre as classes sociais. Outros

    pontos de grande destaque em seus estudos foram a origem da renda, o valor das mercadorias, asrelaes de troca, a criao e distribuio da riqueza na sociedade, a diviso do trabalho e a gerao

    do excedente econmico. Smith e Ricardo formularam teorias visando explicar qual seria a melhorforma de os pases manterem relaes comerciais internacionais. Os sculos XVII e XVIII sedestacaram com o surgimento de grandes teorias econmicas em uma poca em que no aindaestudos ligados a economia e neste contexto surgem os Fisiocratas, Smith e Ricardo trazendograndes avanos para as Cincias Econmicas.

    Palavras-chave: Fisiocratas; Smith; Ricardo; Teorias Econmicas.

    1.INTRODUOOs sculos XVII e XVIII foram muito promissores para as cincias econmicas. Foi neste

    perodo que comearam a surgir os grandes pensadores e estudiosos que viriam a formular teoriasque tentavam explicar a realidade econmica da poca partindo da observao da realidade quevivenciavam.

    Neste contexto, surge a Escola Fisiocrtica, com origem francesa e que defendia a existnciade uma ordem natural, com base na qual a sociedade deveria ser organizada. Os fisiocratasacreditavam que somente a agricultura que poderia gerar um excedente e assim formularam suasteorias partindo do princpio da agricultura como centro da gerao de riqueza na sociedade.

    Uma grande evidncia do destaque dado pelos fisiocratas agricultura o seu TableauEconomiqu, em que mostravam atravs de um diagrama a distribuio da renda pelas trs classesda sociedade, sendo que no final a renda retornava aos proprietrios de terras.

    Posteriormente surgem Adam Smith e David Ricardo dando incio Escola Clssica epropondo grandes alteraes ao que havia sido exposto at ento pelos fisiocratas e mercantilistas.Ambos surgiram explicando teorias at ento nuncaabordadas, como a teoria do valor, teoria dolucro, dentre outras alteraes. Smith e Ricardo foram dois dos maiores pensadores j vistos pelaeconomia moderna, ao lado de outros grandes estudiosos que surgiram posteriormente. Suas teoriasso dignas de profundas anlises e reflexes e expressam o que de mais completo no contexto dasteorias econmicas havia no sculo XVIII.

    2.BREVE HISTRICO SOBRE FISIOCRACIA, SMITH E RICARDO

    2.1 SURGIMENTO DA ESCOLA FISIOCRTICA

    Os fisiocratas surgiram na Frana com final do mercantilismo, por volta de 1756, com doispensadores principais: Quesnay e Turgot. Apesar de ter sido um movimento de oposio aomercantilismo, a fisiocracia no se afastou totalmente do feudalismo, pois a Frana era um pasessencialmente agrrio.

    Para os fisiocratas, a sociedade era regulada por uma ordem natural que rege a naturezafsica. Assim, se os homens no colocarem obstculos a essas leis a sociedade ir se configurarsegundo um desenho necessrio, com leis que iro se impor automaticamente a todas as pessoas.Segundo esta escola, a sociedade pode ou no existir, mas existindo traz vantagensas pessoas queno poderiam ser obtidas de outra forma. Uma destas vantagens a troca de mercadorias, que podereduzir e integrar as atividades econmicas dos homens. Esta realidade o ponto de partida daanlise fisiocrtica.

    Para que possamos entender o motivo da crena fisiocrtica nas leis naturais, devemos nosvoltar para a realidade francesa no sculo XVIII. Era uma economia essencialmente agrria, com

    base na propriedade privada feudal; a economia j possua um carter capitalista, embora ainda

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    fosse possvel encontrar camponeses nas provncias meridionais; as atividades realizadas nascidades eram de carter artesanal; conviviam em uma mesma realidade as formas de produoagrcola camponesa e a capitalista, com destaque para esta ltima forma, que segundo os fisiocratasseria a forma mais desejvel e avanada para a poca.

    Na fisiocracia a forma essencial do capitalismo s poderia se desenvolver totalmente nasatividades agrcolas, pois para eles apenas na agricultura que poderia haver um excedente.

    2.2 ADAM SMITH

    Nascido na Esccia em 1723, Adam Smith lecionou em Gaslow e Oxford e entrou emcontato com os principais representantes da fisiocracia, Quesnay e Turgot. Pela sua formaoacadmica e seus vastos conhecimentos do assunto, Smith foi o primeiro a criar um modelo abstratototalmente coerente com a realidade econmica da poca. Via ligaes entre as classes sociais, osistema de produo, o comrcio, a circulao de moeda, a distribuio da riqueza, dentre outros.Obteve destaque com duas principais obras: A Teoria dos Sentimentos Morais e A Riqueza das

    Naes.Com a deposio deTurgot como Ministro das Finanas e a publicao de A Riqueza das Naes de

    Smith em 1776, tem fim a influncia dos fisiocratas e so introduzidos os princpios que serviro debase Escola Clssica.

    Ao contrrio da fisiocracia, que se desenvolveu na Frana, Smith toma por base a Inglaterra,com sua realidade econmica j bem mais direcionada ao sistema manufatureiro, transformao quese consolidava na Inglaterra do sculo XVIII.Smith considerava a busca pela riqueza como um desejo de cada indivduo de melhorar. Pensavaque o auto-interesse impelia os homens a buscar pelo melhor para si e conseqentemente acabavam

    proporcionando involuntariamente o melhor para os outros.No da benevolncia do aougueiro, do cervejeiro ou do padeiro que esperamos nosso

    jantar, mas da considerao que eles tmpor seus prprios interesses. Na esfera econmica, issopropicia a diviso do trabalho e a acumulao de capital, dessa forma aumentando a produtividade.(HUNT,p.100) importante ressaltar que para que como justificativa para que o homem no tivesse uma condutaindesejvel, Smith dizia que todas as pessoas possuam simpatia e benevolncia, o que direcionavasua conduta a no ferir a liberdade alheia.2.3 David Ricardo

    Nascido em 1772 e filho de capitalista bem sucedido, David Ricardo conseguiu fazer fortunamaior que a de seu pai com a bolsa de valores inglesa. Enquanto terico, foi um dos mais rgidosem seus escritos. Escreveu sobre Economia Poltica e na criao de modelos abstratos quedescrevessem de forma real as situaes vividas no capitalismo foi insupervel.Para Ricardo, a Economia Poltica era uma cincia que se ocupava da distribuio do produto social

    entre as trs classes que compunham a sociedade, sendo este produto dividido em renda, salrios elucros, cada um correspondendo respectivamente aos proprietrios de terras, aos trabalhadores e aoscapitalistas.

    Ricardo trata em sua obra dos conflitos entre agricultores e industriais,e conclui que asreivindicaes dos capitalistas eram procedentes e deveriam ser atendidas. Embora fosse umhomem rico, defendeu um imposto sobre o capital para liquidar a dvida nacional.

    3.TEORIA DO VALOR

    Inicialmente Smith tentou formular sua teoria do valor com base no valor de uso e no valorde troca das mercadorias. Para ele um bem no tinha a possibilidade de ser trocado se no possusse

    um valor de uso, pois somente a capacidade de levar prazer ao usurio que poderia fazer um bemdigno de ser trocado. Caso contrrio ningum iria querer obt-lo.

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    tambm neste contexto que Smith fala sobre a escassez relativa marginal de um bem. Umexemplo citado por Smith e que pode demonstrar claramente esta teoria."As coisas que tm um maior valor em uso freqente tm pouco ou nenhum valor para troca; e,pelocontrrio, as que tm o maior valor de troca freqentemente tm pouco ou nenhum valor de uso.

    Nada mais til do que a gua; mas dificilmente se comprar alguma coisa com ela; dificilmenteela se trocar com alguma coisa. Um diamante, pelo contrrio,dificilmente tem qualquer valor para

    uso, mas freqentemente uma quantidade muito grande de outros bens pode ser trocada por ele."(HUNT, p.110)Posteriormente, Smith na elaborao de sua teoria do valor descarta a hiptese da utilidade e

    se volta para o papel do trabalho. Ele diz que quando uma pessoa um bem que pretende trocar e nofazer uso prprio, seu valor corresponde a quantidade de trabalho que o bem lhe d direito de trocar,ou seja a quantidade de trabalho demandvel.

    Segundo Smith, "o preo real de todas as coisas (...) para o homem que as quer adquirir otrabalho e o incmodo de adquiri-las." Sendo assim, um determinado produto que tivesse gasto umahora de trabalho para ser produzido s poderia ser trocado proporcionalmente por outro bem quetivesselevado o mesmo tempo para ser produzido,ou ento por dois bens que tivessem levado meiahora em sua confeco, e assim sucessivamente.

    Partindo da teoria smithiana do valor, Ricardo elaborou sua teoria complementando com oque, segundo ele, faltava na de Adam Smith.Para Ricardo o valor de uma mercadoria devia ser dadoa partir do trabalho contido, ou seja, deveriam ser contabilizados os esforos realizados tambm

    para a produo dos instrumentos de trabalho e no apenas o trabalho realizado na produo final.A posio de Ricardo que (...) o fato de que na economia capitalista uma parte do produto

    no retorna aos trabalhadores na medida em que se transforma em lucro ou renda fundiria, noimpede totalmente que as mercadorias sejam trocadas segundo o trabalho nelas contido.(NAPOLEONI, 1982 p. 110).

    Apesar de discordar em alguns pontos, Ricardo via na teoria de Smith algo que consideravacorreto para a formulao de sua teoria do valor: em uma economia capitalista simples, aquantidadede trabalho que uma mercadoria poderia colocar em movimento estava relacionada com aquantidade de trabalho contida nesta mercadoria, assim como no ato da troca de mercadorias, otrabalho contido em ambas seria considerado.

    Outro princpio importante considerado por Ricardo para a precificao de uma mercadoriaseria a satisfao que o produto poderia proporcionar a quem o adquirisse. Embora este no seja umitem exclusivo na determinao do preo, era importante que fosse observado. H ainda um terceiro

    ponto que segundo ele erade extrema relevncia, a escassez. Alguns itens raros, como obras de arte,moedas velhas e livros clssicos teriam seu preo determinado unicamente pela sua escassez.

    Mas apesar destes dois pontos importantes citados por Ricardo, o valor de uma mercadoriadeve ser indiscutivelmente dado pelo trabalho. Ricardo entende por trabalho o trabalho acumulado,todo o trabalho necessrio para se chegar ao produto final gerador de riqueza.

    J a escola fisiocrtica no possua nenhuma teoria do valor. Adotam os valores dasmercadorias como dados e a partir da desenvolvem suas idias.Ao analisarmos as teorias do valor de Smith e Ricardo devemos levar em considerao o

    perodo em que foram escritas. Hoje sabemos que existem teorias muito mais completas sobre ovalor das mercadorias, mas a contribuio deixada por estes dois pensadores foi de fundamentalimportncia. Foi partindo da teoria do valor de Smith que Ricardo analisou os pontos crticos eformulou uma nova teoria, mais completa. Enquanto Smith observou apenas a quantidade de tempode trabalho gasto para valorar uma mercadoria, Ricardo foi alm a props que fosse considerado otrabalho contido na mercadoria, pois isto envolveria uma remunerao tambm ao trabalho utilizadona fabricao dos meios de produo,ou seja, seria contabilizado o trabalho acumulado dasmercadorias.

    Para o sculo XVIII, perodo em que estavam comeando a ser formuladas as primeirasteorias econmicas, este foi um grande avano. Os pensadores econmicos posteriores, como Karl

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    Marx por exemplo, apesar de possures uma linha de pensamento diferenciada se basearam nestasteorias para seguires seus estudos e anlises da sociedade econmica como um todo.

    4. TEORIA DA RENDA DA TERRA

    Para Smith a renda produzida pela terra dependeria da localizao e da fertilidade da terra

    em questo. Quanto maior fosse a procura por determinado produto maior seria o preo que oprodutor poderia exigir por ele. O valor mnimo cobrado seria aquele necessrio a pagar salrios egerar lucro.

    Deve-se observar que a renda entra na composio do preo dos bens de um modo diferentedos salrios e dos lucros. Salrios e lucros altos ou baixos so a causa de preos altos ou baixos;renda alta ou baixa seu efeito. porque os salrios e lucros altos ou baixos devem ser pagos paralevar um determinado bem ao mercado que seu preo alto ou baixo, muito mais, ou muito poucomais, ou no mais do que o suficiente para pagar tais salrios e lucros, que ele proporciona umarenda alta ou baixa ou, ento, no proporciona renda alguma. (HUNT, p.123)

    Smith considerava que a cada melhoria na economia levaria a um aumento na renda da terrade forma direta ou indireta.

    J para David Ricardo o processo de formao da renda da terra ocorre de forma um poucodiferente. Para ele inicialmente so cultivadas as terras mais frteis e de melhor localizao,encontradas de forma ilimitada. Assim, no existe renda da terra, pois o produto obtido do trato daterra livre de qualquer custo. Todo valor recebido na venda da produo agrcola se constitui nolucro do capitalista que investiu seu capital.

    (...) Podemos obter, em uma terra do melhor tipo, 300 quarters de cereal mediante umaantecipao anual de capital (includos os salrios) equivalente em valor a 200 quarters, a taxa delucro de 100 sobre 200, ou seja, 50%. Se, com a continuao do processo de desenvolvimento,devemser cultivadas terras menos frteis e situadas em localizaes menos favorveis, verificar-se-que sobre uma dessas terras o mesmo produto de 300 quarters poder ser obtido unicamente atravsde uma antecipao maior de capital digamos, 210 quarters. Nesse caso, a taxa de lucro sobre aterra considerada ser de 90 sobre 210, isto 43%.(NAPOLEONI, 1982 p.89)

    Como podemos observar, o cultivo da terra em um segundo momento gera uma rendadiferencial sobre a terra cultivada em um primeiro momento. Como a fertilidade das terras agora menor, h necessidade de se investir uma quantidade inicial maior, o que faz com que o lucro finaldo produtor seja menor, pois a renda paga pelo uso da terra vai aumentando conforme h menosterras disponveis e os salrios pagos vo diminuindo porque o nmero de trabalhadores aumenta.

    Para Ricardo a renda surge do aumento populacional, cuja expanso exige um aumento naproduo de alimentos. Ainda que os proprietrios se recusassem a receber o pagamento da renda, opreo dos produtos originrios da terra no deixaria de subir, pois a presso demogrfica causadapelo aumento populacional fora o cultivo de ters menos frteis, incorporando cada vez mais

    trabalho e capital.Sob esta tica os nicos beneficiados seriam os proprietrios de terras, uma vez que tanto oslucros quanto os salrios diminuiriam progressivamente. Com a ocorrncia deste fato, o trabalhadorficaria duplamente prejudicado, pois alm de conviver com a alta dos preos dos produtos agrcolas,tambm sofreria com a baixa dos salrios. Segundo Ricardo, "(...) os salrios, enquanto foremregulados pela lei da oferta e da procura, tendem a baixar,pois o nmero de trabalhadorescontinuar a crescer um pouco mais rapidamente do que a procura da mo-de-obra".

    Essa teoria de Ricardo sobre a renda ficou conhecida como Teoria dos RendimentosDecrescentes.

    Observando as teorias de Smith e a de Ricardo podemos perceber que Ricardo foi bem maisdetalhista na elaborao de sua teoria, pois analisou com mais profundidadea ordenao das terras

    de cultivo,enquanto Smith no se ateve a estes detalhes. Partindo deste princpio que foi mais fcilpara Ricardo compreender o que aconteceria com as taxas de lucro dos produtores com o passar dotempo, o que no foi possvel a Smith.

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    5. TEORIA DA DISTRIBUIO

    Para os fisiocratas, a distribuio da renda na sociedade podia ser explicada pelo TableauEconomiqu, o qual consideravam ser sua maior contribuio para a cincia econmica. O Tableaudescrevia a criao e a circulao da riqueza entre as trs classes sociais.

    O Tableau a primeira tentativa de explicao que surge em nvel macroeconmico, apesarde retratar uma economia fechada, sem comrcio exterior. Segundo esta anlise o proprietrio deterras recebe o aluguel dos lavradores e estes contratam a mo-de-obra do trabalhador. O esquemaanalisa apenas o setor agrcola e considera que todas as trocas so feitas entre classes e no entreindivduos.

    O Tableau explica a criao do produto lquido, sua circulao entre as classes e suareproduo no ano seguinte. No esquema a circulao da riqueza entre as classes depende do

    pagamento de renda a classe proprietria, que ao gastar esta quantia movimenta o processo detrocas. No final, como todos dependem da produo agrcola, a riqueza acaba voltando para a classe

    proprietria e permite que seja iniciado um novo ciclo produtivo.Inicialmente em sua teoria da distribuio, Smith comenta sobre o estabelecimento de um

    contrato entre trabalhador e empregador e deste acordo que seria estabelecido o salrio a ser pagoao trabalhador. Mas ainda assim, Smith ressaltava que este salrio deveria ser no mnimo aquelenecessrio a sobrevivncia do trabalhador.

    A longo prazo os salrios no deveriam ficar abaixo do nvel de subsistncia. Quando ossalrios so maiores a populao tambm tende a crescer em um ritmo mais acelerado. Entretanto,ao contrrio de Malthus, Smith no possua uma viso pessimista deste crescimento, pois acreditavaque com isso haveria tambm uma maior insero da classe operria no mercado de trabalho,

    possibilitando uma maior diviso do trabalho e conseqente especializao da produo.Smith considera ainda que os lucros do capitalista esto intimamente ligados aos salrios,

    baixando quando estes baixam e aumentando quando estes se elevam. Uma possvel medida paraum aumento salarial seria um aumento no estoque, pois este aumento geraria uma maior procura pormo-de-obra. A diminuio na disponibilidade de mo-de-obra no mercado geraria concorrncia econseqentemente faria com que os salrios subissem.

    Para Ricardo a composio da sociedade por classes sociais condicionante nodesenvolvimento da vida econmica e deve ser objeto rigoroso de estudo. Segundo ele, as leis queregiam a distribuio eram o principal problema a ser explicado pela Economia Poltica.

    A parcela do produto social atribuda aos salrios representava uma remunerao aostrabalhadores pela sua mo-de-obra; a parcela atribuda renda fundiria remunera a terra utilizadadurante o processo produtivo; e por fim, a parcela do produto social que atribuda aos lucrosremunera o capital investido no processo de produo.

    Esta era a ordenao natural da distribuio da riqueza na sociedade capitalista para David

    Ricardo e segundo ela que se regulamentava todo o processo produtivo em uma economiacapitalista. O autor publicou uma obra que tratava desta distribuio em 1817, intitulada "Princpiosde Economia Poltica e Tributao".

    Como possvel perceber a distribuio da riqueza entre as classes sociais se constituiu emum dos temas mais abordados pelos fisiocratas, por Smith e por Ricardo. A teoria foi sendoaprimorada com o passar dos tempos e atingiu em David Ricardo seu maior grau de explicao deacordo com a sociedade capitalista da poca.

    6. TEORIA DO LUCRO

    Para Smith o lucro consistia na remunerao do capital empregado na produo de

    mercadorias, sendo assim era totalmente justificado. Seria uma compensao ao do do capitalpelos riscos que ele assume ao aplicar seu dinheiro.

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    Segundo Smith os lucros eram flutuantes e no era possvel determin-los com preciso. Aforma mais fcil de determin-los era atravs dos juros.

    J para Ricardo a evoluo da taxa de lucro se acha ligada a determinao da rendafundiria. Ele considera que a taxa geral de lucro que prevalece na economia depende diretamentedas taxas de lucro da agricultura, e esta por sua vez, depende da renda fundiria.

    Como Ricardo defendia a teoria dos rendimentos decrescentes na agricultura, acreditava que

    a longo prazo as taxas de lucro tenderiam a diminuir e a concorrncia tenderia a igualar todas astaxas.A partir da anlise desses dois conceitos podemos perceber que os pensadores possuam

    diferentes vises a respeito das taxas de lucro, pois enquanto Ricardo tinha uma viso de longoprazo que envolvia a concorrncia entre os produtores, Smith se preocupou apenas em dizer qualera a origem do lucro e se este era justificvel.7. A INTERVENO DO ESTADO NA ECONOMIA

    A fisiocracia defendia que o papel do Estado era o de garantir a ordem,criar um impostonico que incidisse sobre a classe proprietria e proporcionar as melhores condies para a

    produo agrcola.

    A escola fisiocrtica propunha ainda algumas reformas como a adoo de meios maisdesenvolvidos de cultivo agrcola, abolio as restries exportao de cereais, o que garantiriaum bom preo e a eliminao de todos os entraves da concorrncia no mercado de bensmanufaturados.

    Adam Smith defendia a no interveno do Estado na economia, pois segundo ele omercado se auto-regularia como que guiado por uma mo-invisvel onde as foras do mercadodeterminariam um ponto de equilbrio entre a oferta e a demanda pelas mercadorias.

    David Ricardo tambm defendia a no interveno do estado na economia, o que pode serexplicitado pe sua opinio a respeito da lei dos cereais. Ricardo era contra a lei dos cereais.Achava que a importao deveria ser livre,pois geraria concorrncia para o mercado interno e assimno iria concentrar mais riqueza na mo dos proprietrios de terras. A livre concorrncia

    possibilitaria que os preos ficassem mais controlados pelos mercados e no apenas pela vontadedos grandes fundirios.

    8. COMRCIO INTERNACIONAL

    Adam Smith na questo do comrcio internacional defendia a Teoria das VantagensAbsolutas, ou seja, cada pas deveria se especializar naquilo que podia produzir a menores custos.Assim, por exemplo, se Portugal produzisse vinho a um custo mnimo de $80 e cereais a um preomnimo de $90 e a Inglaterra produzisse vinho a um preo mnimo de $90 e cereais a um preomnimo de $80, Portugal devera se especializar na produo de vinho para o restante dos pases e

    comprar de Portugal os Cereais. Enquanto a Inglaterra deveria se especializar na produo decereais, que possuam para eles o menor custo e comprar de Portugal o vinho que sairia mais barato.J David Ricardo defendia a Teoria das Vantagens Comparativas, em que cada pas deveria

    produzir o que fosse mais barato para si, independentemente de existirem outros pases queproduzissem este bem a menores custos ou no. Por exemplo, se Portugal produzisse vinho a $70 ecereais a $80 e a Inglaterra produzisse vinho a $100 e cereais a $90, Portugal deveria se especializarna produo de vinho e a Inglaterra na produo de cereais.

    Podemos perceber que a teoria de Ricardo das vantagens comparativas mais adequada realidade da poca que a teoria das vantagens absoluta de Smith, pois em Smith uma vez que um

    pas no possussenenhum produto que pudesse produzir a menores custos que todos os demais, eleno teria poder de competio no mercado internacional e tambm no teria poder de compra de

    mercadorias de outros pases. J a teoria de Ricardo pode ser tida como mais adequada porque cadapas se especializa no que lhe sai mais barato independentemente de existirem outros pases que

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    possam produzir o mesmo produto a menores custos. Assim seria possvel que todos os pasescompetissem no mercado externo, tanto tendo poder de compra quanto poder de venda.

    9. DIVISO DO TRABALHO

    Teoria centrada em Adam Smith, defendia que a diviso do trabalho proporcionava um

    aumento na produtividade do trabalhador por trs motivos principais:Aumentava a destreza do trabalhador. Uma vez que ele realizava apenas uma funo sua prticaaumentaria e ele passaria a realizar uma mesma atividade em menor tempo;Reduzia o tempo de troca de uma funo para outra;Facilitava a inveno de maquinrios que acelerassem a produo.

    Segundo Adam Smith, "j que por tratado, por escambo e por aquisio que obtemos unsdos outros a maior parte desses bons ofcios mtuos de que necessitamos, essa a mesmadisposio para permutar que originalmente d ensejo diviso do trabalho".

    Tendo sido criada no sculo XVIII esta uma teoria que continua vlida ainda hoje e muito praticada nas empresas de pequeno e grande porte, gerando um aumento nos lucros doscapitalistas e aumentando a produtividade e especializao do trabalhador.

    10. TEORIA DO EXCEDENTE ECONMICO

    Teoria esta defendida pela escola fisiocrtica, propunha que apenas a agricultura que poderia gerar um excedente econmico. Tanto na Indstria quanto no comrcio, para estespensadores s havia uma transferncia de valores. J a agricultura ao final da produo gerava umaquantidade maior que a investida inicialmente, o chamado excedente econmico.

    Smith e Ricardo ao desenvolverem suas teorias deixam explicita a idia de que ao contrriodos fisiocratas, acreditavam que a indstria tambm poderia gerar um excedente ao passo querecebia a matria em estado bruto e a transformava em um novo produto com um maior valoragregado.

    CONCLUSOA partir da anlise desenvolvida das diferentes teorias propostas pela escola fisiocrtica e

    pelos pensadores Adam Smith e David Ricardo, podemos concluir que a economia moderna tembases slidas, desenvolvidas no apenas por estes pensadores aqui citados, mas tambm pelos seussucessores.

    Tendo sido criadas em uma poca em que ainda no haviam muitos estudos acerca dascincias econmicas, essas teorias representaram uma grande evoluopara a economia, apesar deapresentarem alguns pontos falhos ou incompletosmas que viriam a ser resolvidos posteriormente

    pelos outros tericos estudiosos do tema.

    Se fizermos uma anlise temporal da evoluo das teorias desde os fisiocratas at Ricardopodemos perceber que houve grande progresso. Smith conhecendo a teoria fisiocrtica elaborou deforma mais completa suas obras, defendendo idias que segundo ele faltaram aos fisiocratas. JRicardo conseguiu evoluir ainda mais partindo da obra de Smith. Formulou teorias mais completas,corrigiu alguns pontos que considerava errneos na teoria smithiana e complementou. Ricardo sedestacou na poca por sua destreza enquanto pensador.

    Cada um dos pensadores aqui analisados com sua parcela e de acordo com a realidade quepresenciaram fizeram com que a economia desse grandes passos e chegasse ao que conhecemoshoje: uma economia capitalista altamente desenvolvida e que pode ser compreendida quando

    partimos de teorias pr elaboradas.

    Ao usar este artigo, mantenha os links e faa referncia ao autor:Fisiocracia, Adam Smith e David Ricardo publicado 11/12/2008 porVanessaSchmidt em http://www.webartigos.com

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