Factores Das Literaturas Africana de Lingua Port

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8/18/2019 Factores Das Literaturas Africana de Lingua Port http://slidepdf.com/reader/full/factores-das-literaturas-africana-de-lingua-port 1/4 4Existem dois grupos de factores do surgimento das literaturas Africanas em língua portuguesa que culminaram com afirmação dos nacionalismos: Factores externos Abolição da escravatura na América. Embora o negro fosse livre a sua liberdade não era total pois tinha o desafio de conquistar os seus direitos como cidadão norte americano, direitos estes que não foram de fcil conquista. ! na tentativa de conquista desses direitos que vão aparecer dois movimentos de emancipação negra na Am"rica: a #egritude e o pan$ africanismo. Movimentos de Emancipação Negra. #a Am"rica desenvolvia$se a partir dos anos %&'( e )( um movimento de emancipação negra que veio a ter ponto de amadurecimento na *rança de %&)( +nglaterra a #egritude e an$Africanismo % . Embora alguns autores consideram estes estes movimentos sem fronteiras distintas, para n-s a negritude assume traços eminentemente culturais, sendo segundo enghor con/unto dos valores do mundo negro, isto ", uma visão  pr-pria do mundo do negro, o pan$africanismo assume traços eminentemente politicas, " um movimento sociopolítico e econ-mico que visava a igualdade de direitos e a melhoria das condiç0es de vida sociomorais e intelectuais das populaç0es submetidas ao colonialismo de diversas formas. E um movimento que luta pela liberdade e independ1ncia dos africanos. Estes movimentos com as experi1ncias de conquista da liberdade do negro na am"rica e europa foram ponto de inspiração para as col-nias aprendendo as suas liç0es e as demonstraç0es das incongru1ncias das vis0es do mundo do branco com o do negro. A segunda guerra mundial  que trouxe uma revolução espiritual no negro ao perceber que disparar contra o alemão e mat$lo tamb"m significava a possibilidade de lutar contra o patrão e derrub$lo e por outro lado enfraqueceu as col-nias ao ponto de pensarem em novas estrat"gias da coloni2ação dentre as quais as estrat"gia de mentali2ação do coloni2ado 3 ideia de que eram mesmos. A Crise do pensamento colonial  que se tornou insustentvel e a necessidade de libertação das col-nias, pressão internacional que se fa2ia sobre o regime sala2arista e por isso sem apoio externo. Embora mudasse o discurso em nada resultado A criação da casa dos estudantes da casa do imp"rio em ortugal %&'5$45 que em contactos com os movimentos da negritude recebem ideias pr-$independentistas ou emancipacionistas 6s contactos com os movimentos7correntes literárias Europeias e Brasil, o modernismo, sobretudo o neo$realismo de pendor marxista que temati2avam os problemas da exploração entre as classes ou do homem pelo homem encontram em africa um terreno f"rtil criado pela dominação colonial. Factores internos 1 6 termo surgiu pela primeira ve2 em %&(( inicialmente com feiç0es de solidariedade fraterna entre os africanos e gente de descend1ncia africana das Antilhas 8rit9nicas dos Eua.

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4Existem dois grupos de factores do surgimento das literaturas Africanas em língua portuguesa queculminaram com afirmação dos nacionalismos:

Factores externos

• Abolição da escravatura na América. Embora o negro fosse livre a sua liberdade não era

total pois tinha o desafio de conquistar os seus direitos como cidadão norte americano, direitosestes que não foram de fcil conquista. ! na tentativa de conquista desses direitos que vãoaparecer dois movimentos de emancipação negra na Am"rica: a #egritude e o pan$africanismo.

• Movimentos de Emancipação Negra. #a Am"rica desenvolvia$se a partir dos anos %&'( e

)( um movimento de emancipação negra que veio a ter ponto de amadurecimento na *rançade %&)( +nglaterra a #egritude e an$Africanismo%. Embora alguns autores consideram estesestes movimentos sem fronteiras distintas, para n-s a negritude assume traços eminentementeculturais, sendo segundo enghor con/unto dos valores do mundo negro, isto ", uma visão pr-pria do mundo do negro, o pan$africanismo assume traços eminentemente politicas, " um

movimento sociopolítico e econ-mico que visava a igualdade de direitos e a melhoria dascondiç0es de vida sociomorais e intelectuais das populaç0es submetidas ao colonialismo dediversas formas. E um movimento que luta pela liberdade e independ1ncia dos africanos.Estes movimentos com as experi1ncias de conquista da liberdade do negro na am"rica eeuropa foram ponto de inspiração para as col-nias aprendendo as suas liç0es e asdemonstraç0es das incongru1ncias das vis0es do mundo do branco com o do negro.

• A segunda guerra mundial que trouxe uma revolução espiritual no negro ao perceber que

disparar contra o alemão e mat$lo tamb"m significava a possibilidade de lutar contra o patrãoe derrub$lo e por outro lado enfraqueceu as col-nias ao ponto de pensarem em novasestrat"gias da coloni2ação dentre as quais as estrat"gia de mentali2ação do coloni2ado 3 ideiade que eram mesmos.

• A Crise do pensamento colonial que se tornou insustentvel e a necessidade de libertação

das col-nias, pressão internacional que se fa2ia sobre o regime sala2arista e por isso sem apoioexterno. Embora mudasse o discurso em nada resultado

• A criação da casa dos estudantes da casa do imp"rio em ortugal %&'5$45 que em contactos

com os movimentos da negritude recebem ideias pr-$independentistas ou emancipacionistas• 6s contactos com os movimentos7correntes literárias Europeias e Brasil, o modernismo,

sobretudo o neo$realismo de pendor marxista que temati2avam os problemas da exploraçãoentre as classes ou do homem pelo homem encontram em africa um terreno f"rtil criado pela

dominação colonial.

Factores internos

1 6 termo surgiu pela primeira ve2 em %&(( inicialmente com feiç0es de solidariedade fraterna entre osafricanos e gente de descend1ncia africana das Antilhas 8rit9nicas dos Eua.

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• 6 Colonialismo " a causa de todo o problema. om o desenvolvimento urbano que ganha

mais força com a ocupação efectiva resultante das decis0es da confer1ncia de 8erlim %;;475,introdu2$se em Africa sistema colonial fascista que, para al"m da repreensão, criouestratificaç0es sociais com a intenção de encontrar uma camada de africanos servissem namquina administrativa aos interesses da metr-pole. ara o sucesso desse pro/ecto foi

introdu2ido, o sistema assimilacionista  <negação da identidade negra pelo negro= queauxiliada pelo ensino, definiu a camada preparada para apenas servir aos interesses do regimecomo mão$de$obra barata qualificada. Essa camada era constituída por mulatos e negros queaspiravam por meio desta via ser iguais ao branco. >as logo, as assimetrias no go2o dosdireitos e deveres de ambos grupos, despertou no negro e no mulato 3 consci1ncia de que /amais seriam iguais ao branco. Essa situação vai gerar a frustração desta camada mais sofrer pelo grau de consci1ncia maior de opressão a que estava votado.

• A imprensa, com a chegada e instalação da tipografia ou prelo foram criadas as condiç0es

 para o desenvolvimento da imprensa enquanto instituição que desenvolve a actividade /ornalística e com alguns textos literrios cu/a influ1ncia era o estilo desenvolvido na

metr-pole. 6 ?ecreto de % de 6utubro de %;@@ torna extensiva às provncias ultramarinaso ?ecreto de % de >aio de %;@@ sobre a lei de liberdade de imprensa em vigor na metr-pole.eri-dicos de tipografias particulares levam os leitores da "poca a cham$los de imprensa

livre. A liberdade não consistia em escrever e publicar aquilo que eventualmente quisessem,mas sim na diferenciação entre o -rgão oficial sob tutela econ-mica e política das autoridadese aqueles que estavam fora, pelo menos economicamente, desta depend1ncia. om a aberturada imprensa livre brancos naturali2ados, mulatos e negros assimilados <alfabeti2ados= edescontentes com o regime e com posse compram tipografias e abrem /ornais em que publicarem texto que desenvolviam um contradiscurso ao discurso oficial, o da metr-pole.Embora a censura da pide / estivesse em cima deles.

• 6 ensino quando ortugal abre a educação para o negro tem um pro/ecto claro, não o deemancipar o negro, mas o de prepar$lo como instrumento qualificado, mas de mão$de$obra barata para servir aos interesses da colonia. >as o desfasamento entre o grau os estatutomesmo que o negro se/a mais inteligente rapidamente despoletou a consci1ncia da perman1ncia da in/ustiça pois o mulato e o negro alfabeti2ado continuavam cidadãos portugueses de segunda. A cor da pele continuava a determinar os tratamentos. E isto que vais provocar a indignação dos nativos.

•  #egação do !iscurso "#icial da literatura portuguesa as literaturas africana surgem como

negação do discurso oficial, da negação hist-ria escrita pelo branco em africa e rescrita pelo

coloni2ado• 6 assiciativismo7 ou gr"mios africanos. A repressão cada ve2 maior do sistema fascista ter

reforçado a necessidade de liberdade de expressão que culminou em grupos de exposiç0esliterrias e debate de ideias, ainda que em segredo no espaço urbano.

• A lngua portuguesa como #actor de uni#icação dos coloni$ados% Embora língua do

coloni2ador o portugu1s como língua do ensino foi assumido pelo coloni2ada comoinstrumento de circulação de ideias e at" de expressão literria.

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A literatura africana e os nacionalismos são resultado desse con/unto de factores todo que secaracteri2aram pela gradual ruptura e continuidade com as abordagens antecessoras cu/o escritor " umalienado da situação que se vive no espaço e na "poca e, que caracteri2a a literatura feita em Africamas com matri2 colonial sem excluirmos desta toda a literatura oitocentista que, por motivosambíguos, ainda hesita assumir partido. ?epois da ruptura criada pelos percursores que revelam aconsci1ncia da seu destino como estigma da raça de não se podem livrar e por isso, ainda reflexo deum olhar alienado 3 visão branca, a negritude assume uma postura de desalienado, de denuncia erevolta nos anos )( at" 4( e começa a decair nos anos 5( ao salientar$se as suas lacunas pelas críticassartriana que adverte ser o segundo momento do processo dial"ctico cu/a tese " o colonialismo queculminar com a síntese que " igualdade7convívio das raçasB a marxista que mostra que o conceito deraça não deve ser identificado com o conceito de classe, pois entre negros pode haver classesopressoras e oprimida. A do oci-logo tanilsas Adotevi para quem a negritude representa é a forma

branca do ser negro, a do Amilcar abral para quem h vrias africas em Cfrica.

Dabengele >unanga d o golpe final ao revelar que " preciso cingir a negritude 3 necessriasolidariedade politica e a improvvel identidade cultural, pois na hist-ria da humanidade, os negrossão os ltimos a serem coloni2ados. E todos, no continente como na diáspora são vítimas do racismo

branco. Ao nível emocional, essa situação comum é um factor de unidade (...) Portanto, cada grupo

de negros deve adoptarse e rea!ustar o conte"do da sua negritude respeitando a sua especificidade

 social, econ#mica, politica e racial. $en%uma negritude particular deve ser redu&ida a um

denominador comum, apesar da solidariedade. Esta nãoredução não impede a troca de e'perincias

entre as vítimas e a comparação entre estudiosos. (*++-). ! neste contexto que a negritude seconverteram em negritudes, e, portanto, em nacionalismos identificando$se mais com os espaços eculturas nacionais e não mais com a Cfrica como nação nica mas con/unto de naç0es em que cadanação se identifica e milita no seu espaço resolvendo os seus problemas coloniais de forma aut-noma.

'. A geração dos antecessores da literatura aboverdiana distingue$se da geração dos percursores pelos seguintes elementos:

• A geração dos antecessores  tal como di2 o nome antecederam a literatura cabo$verdiana mas  fieis  3

literatura ortuguesa. ! a geração que " inaugurada pela publicação, em %;5@, de 6 Escravo, do %Fromance em terras caboverdianas de Gos" Evaristo de Almeida. onstituído por escritores fieis ao Mito

&usitano, a  superpátria imperial  cu/a produção literria se caracteri2a pela forte influ1ncia do estilorom9ntico, naturalista, buc-lico e, pela obedi1ncia cega aos c9nones clssicos da escrita.

onstituem temtica a saudade, a melancolia, o amor, a triste2a, os desencontros amorosos e certaexaltação patri-tica ou glorificação do passado luso, notas dominantes em autores como Eug"nioHavares, edro ardoso, Gos" Iopes, Ganurio Ieite, etc.

• A geração dos 'recursores  " aquela que se caracteri2a pela ruptura ainda que hesitante datemtica ao introdu2ir o cabo(verdianismo, descrito como regionalismo tel)rico. Ainda queambiguamente, " um protonacionalismo  incipiente,  marcado pela consci1ncia regional, que seexprime pela Cissiparidade 'átida% A Cissiparidade 'átrida " a ambival1ncia vivida pelos poetas que começam a denotar a unidade da ptria dispersa na sua geografia, mas unificada por 

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um s- sentimento, pois defendem a língua e a escrita crioula, escrevendo eles pr-prios em crioulo,retractando e contestando certas situaç0es sociais degradantes provocados pelo regime colonialfascista revelando$se como precursores da claridade pela sua escrita de pendor nativista e pan$africanista. A sua ambival1ncia " gradualmente superada pela assunção do caboverdianismo  emque abo Jerde aparece como >ãe tria. Gos" Iopes e edro ardoso aparecem com o tema doMito *isperitano ou Arsinário como prenncio da instabilidade social. entem a necessidade dereencher o va2io da insatisfação hist-rica com uma realidade mítica sustentada pelos textosmilenrios de latão sobre a exist1ncia de Atl9ntida. ão escritores representantes Gos" Iopes,Eug"nio Havares e edro ardoso.

• A +eração dos #undadores da literatura cabo$verdiana " aquela lança os alicerces7fundamentosda literatura cabo$verdiana. Estão em volta da revista claridade %&)@ cu/a característica " ser centro do movimento da emancipação cultural social e política da sociedade cabo$verdiana.>arcada pela publicação do poema ambiente de Gorge 8arbosa. ! a geração que começa amodernidade literria cabo$verdiana na qual verifica$se a ruptura flagrante com o estilo clssicode escrita patente na promoção do versilibrismo, no distanciamento em relação aos temas

sentimentais e melodramticos. Keivindica$se agora a escrita voltada para o homem e para os problemas da Herra >ãe em que a terra " seca e rida, o mar, a situação social precria do cabo$verdiano, a exploração e o servilismo da população, a resignação e o espirito evasionista,enquanto dramas existenciais do povo cabo$verdiano são abordados de forma incisiva. ! precisoreconhecer contudo que o discurso dos claridosos nunca foi frontalmente contestatrio em relaçãoao regime colonial fascista face ao apertado crivo da cesura, mas isso não relativi2a o valor do seu papel social e literrio. ão representantes Gorge 8arbosa, 8altasar Iopes, >anuel Iopes, todosestudantes do liceu seminrio de ão #icolau.

• A +eração dos #undamentadores, tal como o nome di2, " a geração da consolidação do sistemaliterrio instituído pelos claridosos. aracteri2a$se por uma heterogeneidade temtica e est"tica e

 por uma pretensão de ruptura sobretudo nas -evistas Certe$a e .uplemento Cultural.aracteri2am$se por uma postura nacionalista radicalmente contestatria, anti$evasionista, e profundamente enga/ado contra a situação social de crise e de abuso do regime fascistaaprofundando e alargando, por conseguinte as preocupaç0es est"tico$ideol-gicas do movimentoclaridoso, mas com uma postura mais acutilante, mais problemtica e irreverente e com umamaior preocupação est"tico literria. ! a geração da Caboverdianitude  por não desdenhar ocredo nigritudinista.