Estudo de Caso

download Estudo de Caso

of 12

Transcript of Estudo de Caso

  • AULA 25Estudo de caso

    Tpicos em Metodologia:

    Ana Paula Karruz

    Tpicos em Metodologia:Mtodos Aplicados Avaliao de Polticas Pblicas (DCP098)

    15 de junho de 2015

    1

    FONTE: GERRING, John. The case study: what it is and what it does. In: BOIX, Carles, STOKES,Susan C. The Oxford handbook of comparative politics. Oxford: Oxford University Press,2007, p. 90-122 (Captulo 4).

  • O que um estudo de caso e o que so observaes Estudo de caso (case study) um estudo intensivo de um ou poucos

    (geralmente, < 12) casos particulares (naes, indivduos, etc.) com o objetivode entender a classe maior de casos (a populao); pode ser longitudinal; podeenvolver abordagens qualitativas, quantitativas ou mistas

    Diferena entre estudo de caso e estudo do tipo cross-study (de vrios casos,em que a nfase no est no caso particular mas na amostra de casos) umcontnuo; para os propsitos desta aula, consideremos que um cross-study podetambm ser longitudinal

    Descrio de estudo de caso

    2

    Descrio de observaes

    Observao o elemento mais bsico de um empreendimento emprico

    Uma nica observao pode conter diversas dimenses, as quais, se medidas,podem ser convertidas em variveis que variam entre observaes distintas

    Um caso pode ser representado por apenas uma observao (p.ex., anlise decorte transversal de pases); porm, um estudo de caso tipicamente tem maisque uma observao, capturando variaes dentro do caso

    Podemos dizer que observaes so linhas, variveis so colunas, e casos sogrupos de observaes ou observaes individuais

  • A indicao do estudo de caso relativa indicao de cross-studies

    Os atributos do estudo de caso podem ser entendidos como pontos fortes oupontos fracos em relao a cross-studies

    A indicao do estudo de caso depende de quo bem esses atributos servem scondies da pesquisa, ou seja, aos seus propsitos e aos fatores empricospresentes

    H pelo menos 8 dimenses a considerar, nas quais o estudo de caso pode termaior ou menor afinidade para atender s condies da pesquisa

    Indicao de estudo de caso

    Condies e dimenses Afinidade do estudo de caso Afinidade do estudo cross-studyCondies e dimenses Afinidade do estudo de caso Afinidade do estudo cross-study

    Propsitos da pesquisa

    Hiptese Gerao Teste

    Validade Interna Externa

    Insight causal Mecanismos Efeitos

    Escopo da proposio causal Profundo Extenso

    Fatores empricos

    Populao de casos Heterognea Homognea

    Fora da relao causal Forte Fraca

    Variao til Rara Comum

    Disponibilidade de dados Concentrada Dispersa3

  • H dois momentos na pesquisa emprica: o momento da luz e o momento do ceticismo

    Ao desenhar o estudo de casoi.e., aodefinir o tpico, as hipteses principais, ofenmeno resultante de interesse eselecionar o conjunto de casosopesquisador usa sua subjetividade para

    PROPSITOS DA PESQUISA: VALIDADE

    Cross-studies tipicamente permitem testarpoucas hipteses, porm oferecem umgrau maior de confiana e confiabilidade

    Em cincias sociais, improvvel que umapesquisador usa sua subjetividade paragerar um grande nmero de hipteses einsights que no seriam to aparentes numcross-study em que a quantidade deinformao sobre cada caso menor/ maissuperficial

    a prpria caracterstica difusa (fuzzy) doestudo de caso, que no se encontra tolimitado por definies prvias de casos,variveis e resultados de interesse, que lheconfere uma vantagem em estgiosexploratrios de pesquisa

    4

    Em cincias sociais, improvvel que umahiptese possa ser rejeitada com base emum estudo de caso

  • A aplicabilidade dos resultados da pesquisa pode ser mais ou menos ampla

    PROPSITOS DA PESQUISA: HIPTESE

    Normalmente, mais fcil estabelecera veracidade de uma relao causalem um caso particular, ou em umconjunto pequeno de casos, do queem um grande conjunto de casos;assim, estudos de caso tendem aapresentar maior validade interna

    5

    Cross-studies so tipicamente maisrepresentativos da populao deinteresse; assim, tendem a apresentarmaior validade externa

  • Uma proposio causal fundamentada em mecanismos e efeitos causais

    Para que uma correlao signifique maisque uma coincidncia ou espuriedade, preciso conectar X a Y atravs de umainterao plausvel

    PROPSITOS DA PESQUISA: INSIGHT CAUSAL

    Um efeito causal consiste da magnitude darelao causal (estimativa pontual) e de suapreciso (confiana associada com aestimativa pontual)

    A determinao de caminhos causaisrequer entendimentos que so raramentepossveis em cross-studies; requer muitasvariveis que normalmente sopobremente medidas ou no soobservveis

    Por exemplo, em uma entrevista emprofundidade, o pesquisador pode:investigar detalhes nos quais seriaimpossvel mergulhar em um questionrio;julgar melhor a veracidade da resposta;entender o contexto local

    6

    A confiana uma funo dos graus deliberdade da anlise (nmero deobservaes parmetros estimados);assim, estimativas de efeito causal sonormalmente obtidas em cross-studies

  • Queremos saber muito sobre pouco oupouco sobre muito?

    Profundidade refere-se ao grau de detalhe

    PROPSITOS DA PESQUISA: ESCOPO DA PROPOSIO CAUSAL

    Cobertura refere-se variedade de casosProfundidade refere-se ao grau de detalhee de variao em uma varivel de resultadoque a proposio causal pretende explicar

    Tipicamente, cross-studies abordam oresultado de interesse a partir de umaperspectiva geral; assim, tm pouco a dizersobre casos individuais e explicam poucoda varincia de um resultado; estudos decasos so identificados com uma anliseholstica, descrio pesada dos casos

    7

    Cobertura refere-se variedade de casosque a proposio causal pretende explicar

    Quanto menor for a sensibilidade davarivel de resultado a contextos locais,mais adequado ser o desenho cross-study,ceteris paribus

  • Ao pesquisador cabe a prerrogativa (e a responsabilidade) de avaliar o grau de

    comparabilidade entre os casos

    FATORES EMPRICOS: POPULAO DE CASOS

    Em circunstncias de alta heterogeneidade(no controlada) entre os casos, faz sentidofocar em um nmero relativamente menorde casos mais homogneos entre si (viaestudo de caso), ainda que o objetivo finaldo pesquisa seja entender comportamentosda populao mais ampla de casos

    8

    Cross-studies fundamentam-se na lgica dacomparabilidade entre casos(homogeneidade): casos devem sersemelhantes uns aos outros em respeito aqualquer fator que possa influenciar arelao causal de interesse, ou essasdiferenas devem ser controladas

  • FATORES EMPRICOS: FORA DA RELAO CAUSAL

    Magnitude e consistncia tendem aassociar-se positivamente; em um estudode caso, um mecanismo causal fraco

    Cross-studies podem suportar umahiptese causal ainda que nem todos oscasos da amostra se comportem de

    A fora de uma relao causal depende de sua magnitude e consistncia

    9

    de caso, um mecanismo causal fraco menos provavelmente detectvel

    Todavia, uma proposio causaldeterminstica, se existir em cinciassociais, poderia ser refutada com apenasum caso

    casos da amostra se comportem demaneira aderente hiptese

    A abordagem probabilstica oferece umgrau de confiana sobre a existncia deuma relao causal, desde que suportadapela teoria (mecanismo causal plausvel) epor um nmero suficientemente grande deobservaes

  • FATORES EMPRICOS: VARIAO TIL

    Variao til (temporal ou espacial) aquela que pode fornecer pistas sobre a relao causal

    A liberdade guiando o povo (Eugne Delacroix, 1830)

    10

    Consider a phenomenon like social revolution, an outcome that occurs veryrarely. The empirical distribution on this variable, if we count each country-yearas an observation, consists of thousands of non-revolutions (0) and just a fewrevolutions (1). Intuitively, it seems clear that the few revolutionary cases areof great interest. We need to know as much as possible about them, for theyexemplify all the variation that we have at our disposal. In this circumstance, acase study mode of analysis is difficult to avoid, though it might be combinedwith a large-N cross-case analysis. As it happens, many outcomes of interest tosocial scientists are quite rare, so the issue is by no means trivial.

    (GERRING, 2007, p. 111-112)

  • Se a informao relevante estiver concentrada em um nico caso, ou no for comparvel entre casos,

    um estudo de caso quase inevitvel

    Um ambiente rico em informao aquele em que todos os fatores relevantes so medidos, asmedies so relativamente precisas, as medies so comparveis entre casos, e pode-seconfiar que a informao acurada

    O conjunto de evidncias sobre um tpico no fixo; pesquisadores podem coletar mais dados,

    FATORES EMPRICOS: DISPONIBILIDADE DE DADOS

    O conjunto de evidncias sobre um tpico no fixo; pesquisadores podem coletar mais dados,recodificar os existentes ou descobrir novas fontes

    Portanto, deve-se considerar a qualidade e quantidade de evidncia que poderia sercolecionada sobre uma certa questo, dados tempo e recursos suficientes

    Coletar novos dados ou recodificar os existentes tipicamente mais difcil num estudolongitudinal, em que os desafios logsticos podem ser incontornveis; em um estudo de caso,mltiplas fontes podem ser consultadas, informaes podem ser cruzadas e possvel voltar aosmateriais primrios

    Todavia, um estudo de caso pode revelar-se mais time-consuming que um estudo longitudinal

    11

  • AULA 25Estudo de caso

    Tpicos em Metodologia:

    Ana Paula Karruz

    Tpicos em Metodologia:Mtodos Aplicados Avaliao de Polticas Pblicas (DCP098)

    15 de junho de 2015

    12

    FONTE: GERRING, John. The case study: what it is and what it does. In: BOIX, Carles, STOKES,Susan C. The Oxford handbook of comparative politics. Oxford: Oxford University Press,2007, p. 90-122 (Captulo 4).