Estimate of the increase in the production cost of coffee in the...
Transcript of Estimate of the increase in the production cost of coffee in the...
East Timor Agriculture Network and Virtual Library Rede agrícola e biblioteca virtual de Timor Leste
Documento:TA007 ESTIMATIVA DO ACRÉSCIMO DO CUSTO DE PRODUÇÃO DO CAFÉ NA REGIÃO DA ERMERA, TIMOR, CORRESPONDENTE Á INTERVENÇÃO DO COMERCIANTE NOS MERCADOS RURAIS Author: M. Mayer Gonçalves Date: 1972 Published by: Unpublished
Summary Estimate of the increase in the production cost of coffee in the Ermera region, due to the intervention of the middle -man in the rural markets.
Due to the recognized value of the coffee crop in the
timorese economy it is necessary to have a better understanding of
the elements who participate in the production, and specially the
great importance of the small family producers in the Ermera
region, the main coffee producing area of the country.
After mentioning the various aspects of coffee production,
the components of cost are explained, as well as the three distinct
stages of the coffee production cycle in the above-mentioned
familiar production system. Finally, based on data collected in
1968/69, the activity of the intermediary is presented, whose work
is easiest to analyze.
Resumo
Devido ao reconhecido valor do café na economia
timorense, é necessário um melhor conhecimento dos elementos
que participam na produção e, especialmente a grande importância
das pequenas plantações familiares na zona da Ermera, principal
região cafeícola da província.
Após se referir os aspectos vários da cafeicultura explicam-
se os componentes do preço de custo e caracterizam-se as três fases
distintas do ciclo produtivo do café proveniente das referidas
plantações. Por fim estuda-se com base nos dados colhidos em
1968/69, a fase intermediária relativa ao comerciante cuja
actividade é mais fácil de analisar.
Rezumu
ESTIMATIVA BA FOLIN NE’EBÉ AUMENTA IHA PRODUSAUN KAFÉ
IHA REJIAUN ERMERA, TIMÓR, KORRESPONDE HUSI
INTERVENSAUN BA KOMERSIANTE SIRA IHA MERKADU RURÀL~
Tanba kafé hanesan produtu ne’ebé fó valór boot iha
ekonomia Timór nian, entaun presiza duni hadi’a no fó
koñesimentu ba elementu ne’ebé partisipa iha faze produsaun,
espesialmente fó importánsia liu ba plantasaun sira ne’ebé ki’ik
husi família sira iha rai-Ermera, no ba rejiaun kafeíkola iha
territóriu ne’e.
Esplika tiha kona-ba aspetu barak ne’ebé relasiona ho
kultura kafé, esplika mós ba komponente folin ne’ebé karakteriza
ba faze tolu ne’ebé hafahe iha siklu produtivu kafé nian mai husi
plantasaun. Ikusliu hala’o estudu ho bazeia ba dadus ne’ebé foti
tiha ona iha tinan 1968/1969, ba faze intermediária reativa ba
komersiante hanesan atividade ne’ebe la susar atu analiza.
Disclaimer: The availability of a digital version of this document does not invalidate the copyrights of the original authors. This document was made available freely in a digital format in order to facilitate its use for the economic development of East Tim or. This is a project of the University of Évora, made possible through a grant from the USAID, East Timor. info: [email protected]
Província de Timor Estimativa Do Acréscimo do Custo de Produção do Café na Região da Ermera.
PROVÍNCIA DE TIMOR
ESTIMATIVA DO ACRÉSCIMO DO CUSTO DE PRODUÇÃO DO CAFË NA REGIÃO DA ERMERA, TIMOR, CORRESPONDENTE Á INTERVENÇÃO DO COMERCIANTE NOS MERCADOS RURAIS
M. Mayer Gonçalves
DILI, 1972
M. Mayer Gonçalves
ESTIMATIVA DO ACRÉSCIMO DO CUSTO DE PRODUÇÃO DO CAFÊ NA REGIÃO DA ESMERA, TIMOR CORRESPONDENTE À INTERVENÇÃO
DO COMERCIANTE DOS MERCADOS RURAIS
M. Mayer Gonçalves*
DILI 1972
* Adjunto de chefe do Grupo de trabalho da Missão de Estudos agronómicos do Ultramar.
Província de Timor Estimativa Do Acréscimo do Custo de Produção do Café na Região da Ermera.
ESTIMATIVA DO ACRÉSCIMO DO CUSTO DE PRODUÇÃO DO CAFÉ NA REGIÃO DA ERMERA, TIMOR, CORRESPONDENTE À INTERVENÇÃO
DO COMLUCIANTE NOS MERCADOS RURAIS
RESUMO
Face ao reconhecido valor do café na economia timorense, faz-se notar a
necessidade de um melhor conhecimento dos elementos que participam na produção e,
relativamente a esta, aponta-se a importância acentuada das pequenas plantações
familiares, também verificada na zona da Ermera, principal região cafeícola da
província.
Após se referir as dificuldades que aspectos vários da cafeicultura opõem a
qualquer trabalho sobre preço de custo, caracterizam-se as três fases distintas
verificadas no cicio produtivo do café proveniente das referi das plantações, estudando-se
por fim, com base nos dados colhidos em 1968/69, a fase intermediária relativa ao
comerciante cuja actividade é mais fácil de apreciar.
Consideram-se os factores de produção trabalho, capital e comerciante e suas
remunerações, após o que se determinam os encargos relativos à fase em estudo, que
conduziram aos acréscimos dos custos efectivo e completo correspondentes à mesma.
Decompõe-se o acréscimo de custo completo segundo determinadas alíneas e
consideram-se as suas importâncias relativas.
Finalmente, em apêndice, actualiza-se o trabalho relativamente a 1971, devido a
alterações acentuadas de alguns dos elementos antes utilizados, que conduzem aos
valores de 2$07,14 e 2,13,30 para café em pergaminho seco e, considerando um
rendimento médio de 80%, aos valores de 2$58,93 e 2$66,62 para café comercial,
respectivamente acréscimo do custo efectivo e completo por kg.
M. Mayer Gonçalves
1. Introdução A importância do café na economia timorense é sobejamente conhecida e fácil de verificar,
ao notar-se que o valor da exportação cafeícola, desde 1880, tem oscilado na generalidade entre 60 e
85% do total (4).
Natural, portanto, que desde alguns anos se venham pretendendo melhorar as estruturas
técnicas da cafeicultura da provincial como também a tentar conhecer um pouco da circulação
económica do produto, como no caso presente. Com efeito, a par da necessidade incontestável do
fomento da cultura, através de técnicas de cultivo mais racionais e progressivas e sua intensificação,
o café não pode deixar de estar sujeito a medidas que visem a melhoria dos sistemas de
comercialização, e conduzam a uma mais justa e equitativa remuneração dos elementos que
participam na produção. E na base de tais medidas, encontra-se o conhecimento aproximado que se vá
adquirindo da intervenção quantitativa dos factores no respectivo preço de custo.
O custo de produção, somatório dos encargos necessários à obtenção de determinado
produto, constitui um tema delicado, principalmente quando se refere a uma cultura com rendimento
anual, temporário e variável. Mas este aspecto seria ainda a menor dificuldade a considerar num
inquérito ao custo de produção do café em Timor.
Com efeito é "grosso modo", pode considerar-se que existem no concelho da Ermera, - o de
maior produção na província - algumas plantações ou em presas com dezenas ou centenas de
hectares e de carácter patronal, ao lado de inúmeras e pequenas plantações familiares. Os dados que
exaustivamente se conseguiram obter sobre a distribuição da produção cafeícola permitem verificar a
importância relativa destas plantações familiares, sobre cuja produção incide o presente estudo; assim,
avaliando a sua produção pelas transacções efectuadas nos mercados rurais do concelho da Ermera,
essas plantações produziram em média de 1962 a 1967 cerca de 42% de Arábica Híbrido de Timor"
e 61% de Robusta, e no conjunto 50% do total do concelho (3).
Ora, na generalidade, não existe o mais rudimentar ordenamento nas referidas plantações, por
vezes, caricaturalmente, constituindo apenas o aproveitamento da sombra de qualquer árvore
frondosa! A variabilidade do compasso de plantação, a mistura do Arábica, "Híbrido de Timor" e
Robusta e a existência de plantas de diversas idades são, entre outros, aspectos que as caracterizam.
E tais factos, embora mais esbatidos, não deixam igualmente de se verificar nas explorações do
tipo patronal, acompanhados pela deficiência das escritas ou contabilidades, quando
existem.
Face às dificuldades sumariamente referidas, em qualquer inquérito sobre custos
de produção do café, os elementos necessários e se obtêm muitas vezes por
Província de Timor Estimativa Do Acréscimo do Custo de Produção do Café na Região da Ermera.
aproximações sucessivas e após uma longa pesquisa e investigação. E nestas condições,
mais acentuadamente que noutros estudos semelhantes, os resultados obtidos são apenas
aproximações ou estimativas, não constituindo indicações absolutamente seguras da
realidade embora possam coincidir com ela. São, essencialmente, "números índices que
podem servir - nos de guia através de ciclo: económicos e nunca a tradução precisa,
expressa em moeda, dos valores investidos" (6) na produção.
Podem assim ser considerados como"indicações preciosas" representando pontos
da zona de preços de custo ou constituir "núcleos de gravitação" (6).
2 — A região da Ermera na cafeicultura da província
A cansa próxima da realização do presente trabalho, residiu na possibilidade de
elevação do preço praticado nos mercados rurais para o café em pergaminho tratado nas
instalações de benefício, das quais funcionavam 7 de um total de 9 no concelho da
Ermera. A ponderação de tal hipótese traduziu - se na necessidade de se conhecer o
acréscimo do custo de produção em determinada fase do ciclo produtivo, o qual
constitui uma contribuição para a futura estimativa do preço de custo do café na região
da Ermera.
Esta constitui, como já se referiu, a principal zona cafeícola de Timor, podendo
apontar— se em primeira aproximação (3) que, de 1965 a 1968 o concelho produziu em
média 62% de Arábica/"Híbrido de Timor", 68% de Robusta e no conjunto 64%,
relativamente aos totais da província estimados pelos somatórios das produções de 9
concelhos: Ermera, Liquiçá, Díli, Ainaro, Same, Bobonaro, Baucau, Viqueque e
Manatuto.
A importância das pequenas explorações familiares em Timor, também já referida
para o concelho da Ermera, traduz—se pela produção média de 60% de
Arábica/"híbrido de Timor", 66% de Robusta e 62% no conjunto, para o mesmo período
de 1965 a 1968 (3).Por último, considera— se ainda de referir que para o total da província
produzido pelas referidas explorações familiares, o conselho da Ermera contribuiu com 43% de
Arábica"Híbrido de Timor", 67% de Robusta e 53% no conjunto, valores médios para idêntica
período (3).
Face aos números anteriores julga-se suficientemente justificada a escolha da região da
Ermera, "centro de gravidade" da cafeicultura timorense - para além de outros aspectos
M. Mayer Gonçalves
de ordem prática - bem como o facto de o trabalho incidir sobre a parte da produção cafeícola
derivada das plantações familiares. Os inquéritos e determinações decorreram principalmente
durante 1OG e princípio de 1969.
3 - A intervenção do comerciante – intermediário
Na produção cafeícola que consideramos verifica-se, por assim d i z e m o
desdobramento do empresário agrícola por três entidades distintas, mas todas colaborando
no ciclo produtivo até à obtenção do produto sob a forma de café verde comercial, em
que é exportado. A primeira, o cafeicultor e pequeno sempre sírio familiar, tomando a
i n i c i a t i va da produção e efectivamente ligado a esta até ao que consideramos a
primeira fase do benefícios despolpa, com ou sem fermentação, e secagem inicial; a
segunda, o comerciante, que agindo como comprador nos mercados, – actividade
temporária e acrescentada ás suas funções normais – reúne as pequenas produções das
empresas familiares e completa. A secagem, – quase sempre mal realizada
anteriormente; e a terceira, o exportador, adquirindo o café aos comerciantes e
efectuando a fase final do benefício – descasque, escolha e embalagem.
Na circulação do produto entre o cafeicultor e o exportador verifica-se, portanto, a
existência de um comerciante - intermediário actuando numa fase bem determinada do
ciclo produtivo, que se inicia pela aquisição do café em pergaminho nos mercados rurais
e termina pela sua venda ao exportador. Entre os dois limites em que se insere a sua
actividade, ele colabora no benefício do café e efectua o transporte do produto a Díli,
porta de sarda para a exportação e onde se conclui o benefício.
Embora esta entidade não deixe de reunir e estruturar os elementos necessários
à sua actividade, e assuma alguns riscos inerentes à mesma tendo por mira o lucro, ela
não toma a iniciativa da produção, não constituindo assim um empresário segundo o
conceito económico do mesmo (2). Contudo, o comerciante não deixa de ser nas
condições presentes um elemento da produção, considerada esta no seu sentido lato
(1), colaborando nela através de uma actuação necessária ao benefício do café e
como &gente transportador do produto.
Província de Timor Estimativa Do Acréscimo do Custo de Produção do Café na Região da Ermera.
A sua actividade, para os fins em vista neste trabalho, considera-se semelhante ou
paralela a parte da actividade dos empresários agrícolas que realizam todas as operações, até à venda
do produto comercial ao exportador.
Apreciada nestes termos a actuação do comerciante, utilizam-se ou adaptam-se as
bases teóricas existentes na bibliografia disponível (5,6,7,8) considerando, por analogia com o
critério seguido pelo Prof. Henrique de Barros, (1,2) como factores intervenientes o Trabalho, o
Capital e o Comerciante.
Nesta fase não encontramos muitas das dificuldades antes apontadas e
fundamentalmente ligadas à actividade do cafeicultor. É assim mais fácil de apreciar a intervenção
dos factores e, consequentemente, o calculo dos encargos que oneram a produção, cujo somatório
constitui o acréscimo do preço de custo do café na sua passagem pelo comerciante - intermediário.
No entanto, e para além dos poucos registos ou elementos que foi possível consultar, não deixámos
de encontrar dificuldades derivadas da carência de dados; procurou-se através da observarão e
experiência próprias e de variadíssimas determinações, - nomeadamente sobre o rendimento do
trabalho - obter as informações consideradas necessárias sobre a intervenção dos factores de
produção, no encalço de uma verdade fugidia que se julga ter feito os possíveis por alcançar.
4 - Os factores de produção e a sua remuneração
4.1 – Trabalho
A intervenção deste factor verifica-se através das funções executivas desempenhadas nas
várias operações por encarregados, caixeiros e auxiliares, confundindo-se no primeiro caso com as
funções executivas alguma actividade directiva, que nada tem com a administração ou gerência
exercida pelo comerciante.
O Trabalho executivo é assalariado e na maior parte permanente, sendo por vezes exercido por
membros da família do comerciante no que se refere aos encarregados e caixeiros; relativamente a
estes, os salários considerados são sensivelmente os valores médios obtidos dos vencimentos mensais
manifesta dos, e englobam numerário, alimentação e habitação nas percentagens aproximadas de 55,
30 e 15%.
Na determinação do salário médio dos auxiliares, – que designaremos genericamente por
"pessoal" - deparou-se com maiores dificuldades, na medida em que realizara de forma descontinua
aquisições a crédito na própria casa comercial, naturalmente difíceis de contabilizar; o mesmo
sucede à quota-parte da alimentação que aufere visto que, como trabalhador permanente, se encontra
de certo modo integrado no agregado social da organização, onde por vezes também dorme.
M. Mayer Gonçalves
Pelo conhecimento mais aproximado de alguns casos, principalmente no que se refere a
numerário e alimentação estima— se o salário médio do pessoal em 11$50, englobando numerário,
alimentação e diversos.
4.2 Capital
De acordo com a classificação dos capitais do Prof. Henrique de Bar roa, (2) consideram – se
intervenientes na fase de produção em estudo os seguintes:
Capital fundiário benfeitorias, referente às construç8es, e englobando as instalações de gerência
e pessoal qualificado e o armazém de recolha; não se considera qualquer terreiro para secagem
pois esta é geralmente efectuada sobre panos.
Capital de exploração fixo inanimado, referente ao material necessário ao benefício; não se
incluíram viaturas, utilizadas com bastante frequência em serviços alheios ao transporte de café,
considerando— se por isso um preço médio de frete, que toma em conta a sua utilização no
regresso com outros produtos.
Capital de exploração circulante, englobando o capital aprovisionamentos e o capital de maneio, e
dizendo respeito respectivamente a bens de produção consumíveis e a moeda.
a) Juro O juro normal, correspondente à remuneração a que o capital tem direito, traduz—se pela
aplicação sobre os valores investidos, de percentagens variáveis contorne as espécies de capital.
As taxas normais de juro que se adoptaras foram as seguintes:
Capital construções .............................................................................. 3%
Capital de exploração fixo ................................................................... 4%
Capital de exploração circulante .......................................................... 5%
São mais baixas que as utilizadas noutros estadas semelhantes, (5,6, 7,8) tendo - se atendido
para a sua fixação às taxas praticadas por alguns organismos oficiais de Timor em semelhantes ou
aproximadas condições de risco. Admitindo-se que estejam de acordo com a realidade do mercado
financeiro da província. Os juros foram calculados pelas fórmulas seguintes, já utilizadas
noutros trabalhos (5,6,7):
Capital construções
J.m.a.= (Ci – Dt – q.a.d.) x t
2
Em que:
Província de Timor Estimativa Do Acréscimo do Custo de Produção do Café na Região da Ermera.
J.m.a. – Juro médio anual Ci – Capital investido Dt – Desvalorização total q.a.d. - Quota anual de desvalorizado t - Taxa de juro
Capital de exploração fixo: J.m.a. (∑ Ci - ∑ Dt -∑ q.a.d.) x t
2 Utilizou-se a mesma fórmula considerando-se os somatórios dos valores, visto tratar-
se de vários capitais desvalorizáveis embora com períodos de empate diferentes.
Capital de exploração circulante: J = N x M
Em que:
J - Juro N - Somatório de cixni, produto das parcelas do capital circulante
utilizado, pelos respectivos períodos de empate em meses.
W – Factor constante e igual a t , cociente da taxa de juro 12 pelo
número de meses do ano além do juro consideram-se ainda os
seguintes encargos.
b) Desvalorização
A quota anual de desvalorização, considerada para as construções e material de
benefício, foi calculada pela diferença entre os valores iniciais e os prováveis valores finais dos
capitais aplicados, Dt Vi-Vf – face ao número de anos dos investimentos.
c) Conservação e reparação
Estes encargos, igualmente considerados para o capital construções -capital de exploração fixo,
foram calculados pela aplicação da percentagem de 1% sobre os valores iniciais investidos.
d) Contribuições
Sob esta designação contabilizaram—se: os encargos relativos à contribuição predial urbana, apenas em percentagem dos totais médios pagos pelos principais comerciantes; os impostos profissionais dos encarregados e caixeiros, na proporção do trabalho realizado pelos mesmos nas actividades ligadas à fase "de produção em estudo; e a licença necessária para a compra de café
M. Mayer Gonçalves
nos"mercados rurais.
Atendendo a que os elementos relativos ao inquérito foram obtidos em 1968/69, não se consideram outros encargos estabelecidos posteriormente.
Não se contabilizaram quaisquer valores referentes a prémios de seguro que cobrissem os riscos que podem correr as construções, materiais, produtos, ou resultantes de acidentes de trabalho, nem se incluiu qualquer percentagem para fundo de reserva que igualmente cobrisse os riscos que a actividade do comerciante pode proporcionar, pois não constituem encargos usuais.
4.3 Comerciante
Para além do lucro que visa através da sua actividade, destinado a remunerar a sua
capacidade de tomar iniciativas e assumir riscos, o comerciante gere e administra a sua organização,
havendo pois que considerar um salário próprio integrado nas despesas efectivas e correspondente à
sua actividade direcção e administração.
Este encargo foi calculado pela aplicação da percentagem de 20, % sobre a anteriores despesas
efectivas apuradas, excluindo o capital relativo à aqui do café em pergaminho. Esta percentagem
poderá parecer elevada, mas julga justificar - se face às reduzidas despesas sobre que recai.
5. O acréscimo do custo de produção
Determinou - se o acréscimo do custo efectivo referente às despesas de exploração efectivas,
e o acréscimo do custo completo englobando apenas as despesas a n t e r i o r e s e os juros dos
capitais aplicados, uma vez que não se consideram despesas cond ic iona i s .
Tornaram - se como base para os cálculos 100 toneladas de café em pergaminho seco, — 35
de Arábica típico (?) e "Híbrido de Timor" e 65 de Robus ta — valores médios adquiridos pelos
seis principais comerciantes da Ermera, de acordo com os manifestos dos mesmos relativos às
compras efectuadas nos merca dos rurais de 1965 a 1968, (3) — 2 anos de safra e 2 de contra safra e
às reduções médias de peso resultantes da secagem que efectuam, estimadas respectivamente em 20
e 12 para arábica/ (Híbrido e robusta.
Para se considerar tais valores médios não bastou qualquer inquérito junto dos comerciantes,
tendo – nos servidos fundamentalmente da pesquisa ais temática dos manifestos mensais de compras
efectuadas de 1962 a 1968 nos mercados rurais; utilizou - se contudo apenas os dados referentes aos
últimos 4 Anos, pela sua maior actualidade e ainda pelo menor número de faltas e dúvidas que
continham. Estes elementos aceitam - se cerro correcto pela verificação feita em 1968, em que foi
possível comparar as quantidades manifestadas pelos comerciantes com as determinadas pela
entidade administrativa através de senhas de venda . Ta i s dados , conjugados com alguns
Província de Timor Estimativa Do Acréscimo do Custo de Produção do Café na Região da Ermera.
elementos obtidos nos comerciantes e relativos às perdas de peso anuais pela secagem efectuada, e
ainda com outros conseguidos em grande número de determinações directas realizadas nos
mercados de 1968 e nos armazéns dos comerciantes, bem como determinações de rendimento em
café em pergaminho efectuados nas instalações de benefício, permitiram uma soma de
conhecimentos apreciável, que conduziram aos valores médios adoptados como base para os
calcules.
Para além da experiência e conhecimentos próprios, as circunstâncias relativas às deficiências
ou faltas de outros elementos necessários, conduziram à necessidade de se observarem e seguirem
numerosas compras nos mercados bem como as várias fases da secagem e outras operações, para
avaliação do rendimento do trabalho. Inquiriu - se e verificou - se o material utilizado e realizaram -
se variadíssimas determinações e pesquisas de vários elementos, que permitissem de maneira
indirecta a obtenção dos dados necessários aos cálculos, quando por inquérito directo tal não era
possível Atendendo ás pequenas diferenças entre Arábica/"Híbrido de Timor" e Robusta, tratados
pela mesma entidade, de forma comum e com o mesmo material são considerados em conjunto no
presente trabalho, embora se admita a sua separação no futuro.
Face às sucessivas compras nos mercados e vendas ao exportador, adoptou-se apenas o
período de empate de um mês para as várias parcelas de capital de exploração circulante.
5.1 - Valores e encargos das construções
No quadro 1 apresentam-se os orçamentos sumários das construções e os encargos delas
resultantes, quota anual de desvalorização, juro médio anual e conservação e reparação.
Admitiu-se um dimensionamento médio das instalaç3es de gerência e pessoal qualificado de
acordo com o conhecimento próprio das mesmas, e consideram-se apenas 20% dos encargos
consignados ao café, visto que, face às características essenciais da organização comercial esta se
destina fundamental mente a actividades estranhas ao problema em estudo.
Atendeu-se à necessidade de um armazém, embora por vezes o café seja guardado em vários
locais – e calculou-se o seu dimensionamento com base na ponta média mensal de compras de 1965
a 1968 (3) e na junção do café de vários mercados, 4 a 5 com 57 sacas cada durante o mês de
Agosto. Admitiram-se 80% dos encargos totais para o café, uma vez que o armazém é utilizado para
outros fins.
5.2 - Inventário e encargos do material de benefício
No quadro 2 faz-se o inventário e determinam-se os encargos relativos ao material de
benefício, quota anual de desvalorização, juro médio anual e conservação e reparação. Todo o
material foi considerado exclusivamente para o café, com excepção da balança cuja utilização para o
M. Mayer Gonçalves
mesmo se estimou em 90%, redução que se faz incidir sobre o respectivo preço.
As dificuldades no conhecimento das quantidades de alguns materiais foram torneadas
atendendo à ponta média mensal de comprara, ao número médio de dias de secagem a que o café é
sujeito e à junção de quantidades médias compradas em vários mercados consecutivos.
Admite-se que qualquer omissão ou deficiência nos elementos utilizados seja compensada
pela rubrica "Diversas, determinada pela aplicação da percentagem de 2$ sobre as valores iniciais do
material inventariado.
Província de Timor Estimativa Do Acréscimo do Custo de Produção do Café na Região da Ermera.
QUADRO 1
CONSTRUÇQES - VALOR E DiCA1IGOS ORÇAMENTO SUMÁRIOS
Província de Timor Estimativa Do Acréscimo do Custo de Produção do Café na Região da Ermera.
5.3 - Encargos do benefício
No quadro 3 calculam-se os encargos do benefício realizado nesta fase da produção,
determinando-se as despesas efectivas respeitantes ao armazém de recolha, material utilizado e
secagem, bem como os juros dos capitais envolvidos. Pela razão anteriormente referida introduz-se
também a rubrica "Diversos", com a mesma percentagem incidindo sobre as despesas efectivas
consideradas.
5.4 Despesas efectivas e restantes encargos
No quadro 4 calculam-se as despesas efectivas totais correspondentes à fase de produção em
estudo, e os restantes juros dos capitais não considerados nos encargos do benefício.
No cálculo do número médio de medidas de 20 litros necessárias para atingir as 100 toneladas
de café em pergaminho seco considerou-se; a proporção de compras já referida de Arábica"Híbrido
de Timor" e Robusta, de 1965 a 1968 (3); os pesos médios da mesma unidade de volume para os
dois tipos de café, quando da compra nos mercados e após a secagem feita pelo comerciante; as
correspondentes reduções médias de volume verificadas e ainda alguns elementos obtidos nas
instalações de benefício. O preço médio de 20 litros de café em pergaminho nos mercados rurais foi
obtido com base nos preços mínimos fixados para 1969, atendendo-se ainda à proporção estimada
de café tratado ou não nas instalações de benefício.
5.5. Acréscimos dos custos efectivos e completo
F ina lmente , no quadro 5, e com base nos dados obtidos nos calcules dos quadros
anteriores, apresentam-se os acréscimos dos custos de produção efectivo e completo para 100
toneladas e os acréscimos do preço de custo efective e completo para 1 Kg de café em pergaminho
seco, derivados da passagem do produto pelo comerciante - intermediário, entidade directamente
ligada a grande parte da produção cafeícola na região da Ermera. Considerando a percentagem
média de 84$, usualmente obtida como rendimento após o descasque, os acréscimos do preço
de custo efectivo e completo determinados para o café em pergaminho, conduzem aos valores
correspondentes de $58,49 e $66,25 por quilograma de café comercial.
Província de Timor Estimativa Do Acréscimo do Custo de Produção do Café na Região da Ermera.
6. Decomposição do acréscimo de custo completo
Julgou – se útil decompor o acréscimo de custo completo de acordo com as alíneas
consideradas no quadro 6, no qual igualmente se referem as percentagens com que as mesmas
intervêm na formação desse acréscimo. Como seria de esperar é à rubrica "Transportes" que
corresponde a maior intervenção, mais de 1/3 do total, seguindo-se-lhe por ordem os encargos
relativos a salários, derivados do trabalho executivo e directivo, juros dos capitais, desvalorizações,
contribuições, gastos gerais e diversos e conservações e reparações.
Província de Timor Estimativa Do Acréscimo do Custo de Produção do Café na Região da Ermera.
A P E N D I C E
O manuscrito do presente trabalho encontrava-se pronto em 1971. Contudo, a deslocação
do autor à província no final desse ano permitiu a sua actualização em alguns pontos principais, o
que se realiza no presente apêndice.
A. Elementos alterados
a) O salário do "Pessoal" passou para 1380, face aos dados colhidos em rápido inquérito e à
elevação de preço dos produtos alimentares.
b) A melhor secagem do café transaccionado nos mercados, ainda constatada em alguns dos
mesmos, foi confirmada pela comparação dos pesos médios de 20 litros nos anos de 1968 e 1971,
determinados com base nos manifestos dos comerciantes, em kg, e nas senhas de venda, em litros.
O decréscimo médio verificado, cerca de 0,8 kg, conduziu a considerar - se uma baixa prudente
para 13 e 400 J.h. na operação de secagem, respectivamente para o "Encarregado" e Pessoal".
c) Derivado do facto referido na alínea anterior, igualmente se entendeu baixar para 13.400 o
número de medidas de café em pergaminho húmido a adquirir, para obter 100 toneladas de café em
pergaminho seco.
d) O preço médio nos mercados de uma medida de 20 litros foi alterado para 86$95, com
base na diferente tabela de preços estabelecida para 1971 e na proporção de café adquirido como
tendo sido tratado ou não nas instalações de benefício, determinada através das senhas de venda.
e) A maior alteração, que modificou por completo os resultados antes obtidos, verificou - se
nas "Contribuições", pois passou a considerar - se a tais referida no Arte 112 do Decreto nº 49.138 de
9.7.69 e fixada em 1971 em 480, a serem pagos pelos comerciantes por cada litro de café adquirido
nos mercados.
f) Como consequência do facto referido na alínea anterior, a "A remuneração do comerciante
gerente passou a ser calculada pela aplicação da percentagem de 4% sobre as despesas efectivas. De
outra forma passaria a ganhar pela sua actividade directiva cerca de 8 vezes mais, pura e
simplesmente devido à enorme elevação das "Contribuições". A percentagem agora utilizada conduz
a uma remuneração ligeiramente superior à anterior.
g) Pela mesma razão, os "Gastos gerais" passaram a ser calculados pela aplicação da
percentagem de 0,75% ás despesas efectivas. O valor obtido é também ligeiramente
superior ao anterior.
Outras alterações derivadas das que referimos não se consideraram, pois as
M. Mayer Gonçalves
consequências para o resul tado f i na l são diminutas ou inapreciáveis.
B. Actualização dos resultados
Considera-se desnecessária a construção de todos os quadros, com os novos
cálculos derivados das alterações feitas.
Apresenta-se assim apenas o quadro I, – correspondente ao quadro 5 anterior
com os acréscimos de custo efectivo e completo para as 100 toneladas, donde derivam os
acréscimos do preço de custo efectivo e completo para 1 kg de café em pergaminho
seco, respectivamente 2407,14 e 2 4 3 , 3 0 .
Admitindo da mesma forma um rendimento médio de 80;c após o descasque,
obtêm-se os valores correspondentes de 2`$58,93 e 26 6 ,62 por kg de café comerc i a i .
C. Decomposição do acréscimo de custo completo
No quadro I I , – correspondente ao quadro 0 anterior – decompõe-se da mesma
forma o acréscimo de custo completo agora obtido.
Na posição relativa das várias alíneas consideradas uma única alteração se
verificou, como era de esperar. À rubrica "Contribuições" passou a pertencer a maior
intervenção no acréscimo de custo completo, cerca de 3/4 do total; as restantes
mantém-se pela mesma ordem embora, como é natural, com percentagens muito mais
baixas, face ao grande valor das "Contribuições".
Província de Timor Estimativa Do Acréscimo do Custo de Produção do Café na Região da Ermera.
BIBLIOGRAFIA
1 . BARROS, Henrique de – Economia a g r á r i a . Lisboa, Associação dos Estudantes
de Agronomia, 1964, pp. 650.
2. A empresa agrícola. Observação, planeamento gestão. Lisboa, Fundação Calouste Gulbenkian, 1968, pp. 446.
3. GONÇALVES, M. Mayer - Produção cafeícola de Timor e sua distribuição. 1962-1968. (Elementos coligidos pelo autor).
4 . GONÇALVES, M. Mayer Daehnhardt, Ernst - A Hemileia vas ta t r i x E. et Br. Em Timor.
Nota sobre a sua importância económica e o melhoramento da cafeicultura face à doença.
MLAUS, Lisboa, nº 666, 1971, pp. 17, (Dactilografado).
5. LOURO, Manuel - Inquérito ao custo de produção do café na região do Amboim. Luanda, Ins t i tu to do Café de Angola, 1966, pp. 23. 6.- Inquérito ao custo de produção do café Ambriz. Luanda, Instituto do café de Angola, 24
Edição, 1969, pp. 43.
7.-MARQUES, V. Pacheco - Inquérito ao custo de produção do café na província de S. Tomé e Pr íncipe . Lisboa, missão de Inquérito Agrícola de Cabo Verde, Guiné, S: Tomé e Príncipe, 1966, pp. 47.
8. MESQUITAELA, J. Carlos – Determinações do custo da produção do café numa propriedade de tipo médio em Angola. Revta Café port. Lisboa, 3 (9) 1956, p. 25 -43.