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O enigma da biopolitica

• I O conceito• 1. há alguns anos o conceito estyá no centro

do debate internacional e marcou o início de uma etapa completamente nbova na reflexão contemporânea.

• 2. conceito que Foucault não criou mas requalificou marcando o território da filosofia política

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• 3. o conceito não retirou, mas enfraqueceu a força de conceitos como direito, soberania e democracia que não conseguem dar conta da verdadeira capacidade interpretativa do contemporâneo,

• 4. portanto, direito e política aparecem comprometidos com algo que excede sua linguagem arrastando-os para algo externo às suas dimensões conceituais: esse algo é o obejto da biopolítica

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• 5. o conceito de biopolítica não é claro e é atravessado por uma incerteza,

• 6. o conceito de biopolítica enfrenta em nossos dias crescente pressão hermenêutica que vai do seu objeto até sua dimensão filosófica e política, daí sua oscilação entre interpretações contrapostas,

• 7. o que está em jogo é a natureza dos dois termos que compõem a biopolítica como categoria

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• 8. que é bios e o que é a política orientada por ele?

• 9. o termo aristotélico bios: vida qualificada ou forma de vida: corresponde a Zoé a vida em sua simples dimensão biológica

• 10. portanto o conceito moderno se situa em uma zona de dupla indefinição: porque se refere à dimensão grega de uma vida absolutamente natural e despojada de toda dimensão formal,

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• Mas isso é possível quando o corpo é cada vez mais atravessado pela técnica? A política invadiu a vida que se tornou algo distinto de si mesma.: vida natural é também vida técnica ( zoé, bios, técnica)

• 11. Como ocorre a hipótese de exclusiva relação entre vida e política? Observa-se que o conceito de biopolítica parece esvaziar-se: o que fica claro é sua determinação negativa, aquilo que não é: se trata do complexo de mediações, oposições, dialética que durante extenso período foi condição para a ordem política moderna.

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• Com a crise do moderno, não é possível conceber outra política senão aquela da vida, no sentido objetivo e subjetivo do termo.

• 12. Que significa o governo político da vida?• Deve entender-se que a vida governa a

política? Ou a política governa a vida? Trata-se de governa da ou sobre a vida?

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• 13. Surge a disjuntiva léxica entre biopolítica e bio, empregados indistintamente. No primeiro caso, entende-se uma política em nome da vida, no segundo, uma vida submetida ao poder da política. Submetido a rotações em torno do seu próprio eixo, o conceito de biopolítica perde sua identidade e se transforma em enigma.

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• II Motivos dessa indecisão• 1. Superando Foucault, é necessário resgatar os autores

que influenciaram o conceito.• 2. essas origens estão em 3 blocos diferentes e

sucessivos no tempo: organicista, antropológico e naturalista:

• A) organicista: dominado por autores alemães como Ratzel e pelo sueco Kjellen que criaram o conceito de geopolítica e de ecologia humana Von Uexküll, logo reelaborados em chave racista que está na origem da semântica biopolítica quando em torno da configuração

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• Configuração biológica de um Estado e corpo unidos pela relação dos seus orgãos e a quem cabe um programa regenerativo de toda possibilidade degenerativa do corpo: uma política construída sobre o Bios está sempre exposta ao risco de subordinar violentamente o bios à política.

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• B. antroplógico: se desenvolve em torno dos anos 60 di séculoXX.

• Admite as forças naturais da vida, mas sustenta a possibilidade e a necessidade que a política incorpore elementos espirituais capazes de orientá-la a valores metapolíticos e o conceito de biopolítica corre o risco de tornar-se um humanismo (Introduction a une politique de l´homme de E. Morin), onde se opõe o homem e o animal, a cultura e natureza a ordem e a desordem sem chegar a definir como entender biopolítica.

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• conjunto antropopolítico mais amplo: uma política multidimensional do homem, mas permanece uma incertidão conceitual.

• C. naturalista: surge no mundo anglosaxão (1973) e está em curso uma relação entre biologia e política ( Lynton Caldwell, Biopolitics: Science, ethics and poblic policy e James Davies, Human nature in politics).

• Relação natureza e política que remonta às décadas de 20 e 30:para os estudiosos ingleses, entende-se a natureza como obstáculo a ser superado pela política; para os norteamericanos a natureza é a própria condição de existência e também sua referência regulativa que conforma a política

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• Nas origens desta formulação estão: o evolucionismo de Darwin e a investigação etológica ( estuda o comportamento individual e social de animais e homens) desenvolvida na Alemanha desde a década de 30 e a nascente sociologia que estuda a linguagem genética do sujeito. Assim tanto as atividades agressivas como as cooperativas dos seres humanos são atribuídas a modalidades instintivas.

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• O conceito desliza do plano de ser para o dever ser: o trânsito semântico se produz através da dupla vertente da essência e do valor da natureza: o bios conecta o homem com a natureza e o comportamento politico está inextrincavelmente plantado na dimensão do bios: os seres humanos não podem ser outra coisa senão aquilo que sempre foram: é função da ciência impedir que se abra uma brecha entre a natureza e a política. Mas o conceito continua sem definição.

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III Política, Natureza e História

• A• 1. distância entre o conceito de Foucault e aqueles

dos autores que o precederam ou foram seus conterrâneos, mas o ponto de contato está na insatisfação com o modo como a modernidade construiu a relação entre política, natureza e história.

• 2. mas, exatamente, em relação a esta temática está a distância que separa Foucault da década de 70 com as teorizações prévias.

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• 3. no conceito de Foucault, está a genealogia nietzcheana porque dele extrai essa capacidade obliqua de desmontagem e reelaboração conceitual que dá ao seu trabalho a originalidade que todos reconhecem.

• 4. no significado de Ilustração nos remete ao diferente modo de ver as coisas que o passado recebe do presente e procura a brecha que o ponto de vista do presente abre entre o passado e sua própria autointerpretação.

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• 3. no conceito de Foucault, está a genealogia nietzcheana porque dele extrai essa capacidade obliqua de desmontagem e reelaboração conceitual que dá ao seu trabalho a originalidade que todos reconhecem.

• 4. no significado de Ilustração nos remete ao diferente modo de ver as coisas que o passado recebe do presente e procura a brecha que o ponto de vista do presente abre entre o passado e sua própria autointerpretação. ( pags 42/43)

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• 5. Foucault cria uma ordem discursiva diferente: para todas as teorias filosófico-políticas modernas, não interessava apagar a figura do paradigma soberano, mas reconhecer seu real funcionamento que não consistia na regulação das relações entre os sujeitos ou entre eles e o poder, mas à sujeição a determinada ordem que é, ao mesmo tempo, jurídica e política: supera-se a polaridade política e direito, lei e poder, legalidade e ilegalidade, norma e exceção.

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• Foucault descontrói o paradigma soberano na• dualidade poder e direito e propõe uma

desconstrução da narrativa moderna que, enquanto sutura uma brecha aparente, põe em evidência outra realidade: torna visível o conflito mais real que separa e enfrenta diferentes grupos étnicos pelo soberania em determinada território e que faz com que o direito não suprima a guerra, mas constitui seu instrumento que consagra as forças que define.

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B.

• 1. o conceito de guerra como forma e origem da política abre um horizonte de grande alcance: um elemento é o bios ou a vida considerada em seu aspecto geral e específico de fato biológico: estatização do biológico, o corpo é realidade biopolítica e a medicina é sua estratégia ( Vigiar e Punir),

• 2. por um longo período, a relação entre política e vida se coloca de maneira indireta mediada por uma série de categorias capazes de filtrá-la ou fluidificá-la como uma câmara de compensação.

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• A partir de certo ponto essas defesas se rompem e a vida entra diretamente nos mecanismos e dispositivos do governos dos homens. ( pg 48)

• Resultado: de um lado as práticas políticas dos governos têm como meta a vida, processos, necessidades, de outro lado, a vida entre no jogo do poder não só por seus umbrais críticos ou suas exceções patológicas, mas também em sua extensão, observação, articulação. Esse é o núcleo do regime biopolítico.

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• 3. contra a biopolítica inglesa não existe uma natureza humana definível ou identificável como tal e com independência dos significados que a cultura e a história nela imprimiram ao longo do tempo:biohistória

• 4. vida: conceito epistemológico• 5. política tomada ou comprimida pela vida X

o modo como a vida é desafiada, permitida pela política.

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• 6. constante deslocamento dos conceitos: em vez de discriminar conceitos, a viragem de perspectivas estabelecidas se decompõe ou se recompõe em lógicas irredutíveis ao linear ( vpg 52)

• 7. Qual é o efeito da biopolítica? Abrem-se outros 2 conceitos subjacentes àquele de biopolítica: a subjetivação e a morte: ambas fundo e forma, mas divergentes, pois não admitem mediações e são uma ou outra: ou a biopolítica produz subjetividade ou produz more ou faz do sujeito seu próprio objeto ou o objetiviza definitivmente, ou é política da vida ou sobre a vida.

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III Política da vida

• 1) entre política da vida ou sobre a vida há lago mais profundo diretamente relacionado ao conceito de biopolítica, como se ele estivesse atravessado por uma fratura de dois elementos não compatíveis entre si ou componíveis ao preço do domínio de um sobre o outro : ou a política é freada pela vida que a condena ao seu limite, ou é a vida que fica presa a uma política que procura subjugá-la à sua potência.

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• Por faltar um segmento intermediário de articulação lógica capaz de dissolver o absoluto de perspectivas inconciliáveis para a elaboração de um paradigma mais complexo que capte aquela conexão ou assinale um horizonte comum a elas.

• 2. antes de tentar uma definição, cabe destacar que Foucault retoma esse ponto morte, embora em contexto renovado se considerarmos as formulações anteriores, mas ainda mais indeciso e relativo não à incidência do poder sobre a vida,

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• mas aos seus efeitos no âmbito da linha móvel que uma das extremidades, procura a produção de nova subjetividade e, na outra, sua radical destruição. Essas possibilidades contrastantes convivem dentro do mesmo eixo analítico do qual constituem extremos lógicos; não obstante esse acento determina uma oscilação de todo o discurso em sentidos opostos.

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• Desde Aristóteles, o homem é um animal vivo e capaz de uma existência política: o homem moderno é um aniaml em cuja política está subjecente uma vida de ser vivo, mesmo quando a noção de biopolítica se obtém por oposição com o paradigma soberano. O eixo negativo prevalece: biopolítica é aquilo que não é soberania, embora iluminada por algo que a antecede.

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• Permanece a questão: qual é a relação entre soberania e biopolítica? Sucessão cronológica ou superposição de contrastes? Uma é o funda da outra. Mas o que é esse fundo? É uma reiterada presença anterior ou é horizonte que abarca nova emergência: surge um efeito de oscilação entre hipóteses que se

• contrapõem, sem concluir por nenhuma.

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• 3. a descontinuidade surge à primeira vista, como unívoca: a biopolitica defere da soberania e , entre elas, há uma cesura irreversível: a soberania exibe dispositivos absolutamente incompatíveis com as relações de soberania, porque se refere ao controle dos corpos, mais do que à apropriação da terra e seus produtos. Por que essa diferença? “Seria possível dizer que o velho direito de deixar morrer ou de deixar viver foi substituído pelo

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• poder de fazer viver ou de resistir até a morte” ( Foucault)

• No regime soberano, a vida é resíduo, enquanto no regime biopolítico, a vida é centro e um convívio do qual a morte não é senão o limite externo ou contorno necessário. No primeiro caso, a vida é contemplada pela perspectiva aberta pela morte, no segundo, a morte adquire relevo apenas no feixe de luz irradiado pela vida. Fazer viver em vez de limitar-se a deixar com vida? Que significa afirmar a vida?

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• Aparatos disciplinares e dispositivos de controle não são só coexistentes, mas necessários: técnicas que o poder põe em prática, primeiro, em relação aos corpos individuais e, depois, com a população em geral.

• Semântica afirmativa ( p 58) do biopoder que nesta primeira versão do léxico de Foucault apresenta 3 categorias: subjetivização, imanentização, produção: poder pastoral, artes de governo, ciências policiais.

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• A) poder pastoral: que remonta à relação biunívoca do pastor e sua ovelhas e nos sentidos da palavra é sujeito que dá forma de subjetividade ao seu poder pastoral: sujeito submetido ao outro pelo controle ou pela dependência, ou sujeito submisso mediante identidade ou consciência de si: nos dois caos esta palavra sugere poder que subjuga e submete.

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• B) A razão do estado traduz o gradual deslocamento do poder do exterior ao interior, dos limites daquele sobre o qual se exerce. O poder já não só se relaciona circularmente consigo próprio para conservar-se ou ampliar-se, mas com a vida de bem estar daqueles que governa com poderes que vão da defesa até a economia e a saúde pública.

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• C) ciências policiais: a polícia deve produzir bens e não males para o desenvolvimento do indivíduo e potencialização das forças do Estado.

• Nesses 3 pontos, Foucault parece assinalar para a biopolítica uma seleção positiva e, contraposição à atitude de imposição característica do regime soberano. Mas onde há poder, há resistência, embora o poder necessite desse confronto para um dialética com resultados definitivos: a vida é o lugar sujeito a objeto da resistência.

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IV. Política sobre a vida

• 1. Subsiste em Foucault uma impressão de insuficiência, uma reserva básica relativa à conclusão obtida: como se explica que o ponto culminante da política da vida ( o moderno) tenha gerado uma potência mortífera tendente a centralizar seu aspecto produtivo? Aqui o paradoxo!!! Garantir a vida e dar uma ordem de morte é uma coisa só? Aporia básica: a morte é necessária para conservar a vida. Isso é biopoder!

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• A resposta está no cruzamento entre soberania e biopolítica. Em Foucault, há aqui o deslizamento semântico entre o verbo substituir baseado em descontinuidade e o verbo completar que alude a uma transformação paulatina e ininterrupta. O segundo não anula o primeiro, mas o continua e o modifica em lógica de co-presença. A justificativa está no uso da soberania transferida do monarca ao povo.

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• Nem a soberania ,nem a biopolítica incorporam o antigo poder pastoral, o biopoder leva dentro de si o poder soberano que ao mesmo tempo o fende e o rebaixa. ( vpg67)

• Se se toma o primeiro modelo interpretativo a bioplítica se torna uma articulação interna da soberania, se se privilegia o segundo, a soberania se reduz a uma máscara formal da biopolítica.

• Soberania e biopolítica: implicações recíprocas e daí serem abordadas como distintas, embora conectadas posteriormente, mas ainda sim de modo extrínseco,

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• Embora não se possa sobrepor as expressões biopoder e biopolítica.

• Sobra outro termo: a vida. Que é em sua essência, a vida? Existe uma pura vida, ou ela é modelada por algo que a coloca fora de si mesma? O conceito biopolítica parece requerer um novo horizonte de sentido, capaz de converter suas polaridades em um vínculo mais estreito e mais complexo.

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