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University of Brasilia Economics and Politics Research Group A CNPq-Brazil Research Group http://www.EconPolRG.wordpress.com Research Center on Economics and FinanceCIEF Research Center on Market Regulation–CERME Research Laboratory on Political Behavior, Institutions and Public PolicyLAPCIPP Master’s Program in Public EconomicsMESP Escola japonesa ou escola brasileira? A inserção dos estudantes brasileiros na escola no Japão Maurício Soares Bugarin Economics Department, University of Brasília Economics and Politics Working Paper 71/2017 June 16 th , 2017 Economics and Politics Research Group Working Paper Series

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University of Brasilia

Economics and Politics Research Group

A CNPq-Brazil Research Group

http://www.EconPolRG.wordpress.com

Research Center on Economics and FinanceCIEF

Research Center on Market Regulation–CERME

Research Laboratory on Political Behavior, Institutions

and Public PolicyLAPCIPP

Master’s Program in Public EconomicsMESP

Escola japonesa ou escola brasileira? A inserção dos

estudantes brasileiros na escola no Japão

Maurício Soares Bugarin

Economics Department, University of Brasília

Economics and Politics Working Paper 71/2017 June 16th, 2017

Economics and Politics Research Group Working Paper Series

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Escolajaponesaouescolabrasileira?AinserçãodosestudantesbrasileirosnaescolanoJapão1

MaurícioSoaresBugarin2

UniversidadedeBrasília

1.Introdução2.OmovimentodecasséguieaeducaçãodosbrasileirosnoJapão:aspectoshistóricoseopanoramaoriginal

2.1.Anos1990eamudançanaleideimigração2.2.Asopçõesiniciaisparaasfamílias:Modelagem2.3.Resoluçãodoproblemadedecisão:Asopçõesiniciaisparaasfamílias2.4.Discussão:Umasituaçãomuitodelicada

3.Situaçãoatual:Aemergênciadaescolabrasileiracomoalternativaàescolajaponesa

3.1.Osurgimentodaescolabrasileira3.2.Modelagem3.3.Resolução

4.Umasoluçãorestrita:Aescolabrasileirabilíngue4.1.Introdução4.2.Modelagem:Aopçãopelaescolabilíngue4.3.Resolução4.4.Discussão:Umaalternativalimitada

5.Umasoluçãocompatívelcomosincentivos:Aescolabrasileiracomocomplementoàescolajaponesa

5.1.Introdução5.2.Modelagem5.3.Resolução5.4.Discussão

6.Desafiosparaaimplantação7.Propostaparaaalavancagemdomodeloproposto

7.1.Característicasdomodeloproposto7.2.Osvaloresdabolsa7.3.Financiamentodonovoprogramadebolsasproposto

8.ConclusãoReferências1PesquisadesenvolvidaparaaEmbaixadadoBrasilemTóquionosanosde2015a2017,comoobjetivodemelhorentenderosprincipaisincentivosàescolarizaçãodebrasileirosnoJapão,bemcomoosprincipaistrade-offsentrenãoestudar,estudaremescolasjaponesaseestudaremescolasbrasileiras.OautoragradeceoapoiodaEmbaixadadoBrasilnoJapão,daCâmaradeComércioBrasileiranoJapão(CCBJ).EspecialagradecimentoaoSegundoSecretárioIvanCarloPadreSeixaseaoEmbaixadorAndréAranhaCorrêadoLagopeloentusiasmo,críticas,discussõesqueemmuitocontribuíramparaamelhoriadaqualidadedestapesquisa.Asopiniões,análises,errosepropostasaquidesenvolvidassãodeúnicaeexclusivaresponsabilidadedoautorenãorefletem,necessariamente,aopiniãodoGovernoBrasileironemdaCCBJ.2ProfessorTitulardoDepartamentodeEconomiadaUniversidadedeBrasília;Ph.D.UniversityofIllinoisatUrbanaChampaign,USA;LíderdoGrupodePesquisadoCNPqEconomicsandPoliticsResearchGroup(EPRG,www.econpolrg.com),Homepage:www.bugarinmauricio.com,e-mail:[email protected]

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1.Introdução

Deacordo com Ishi (2010), omovimentodevolta ao Japãode cidadãosquehaviamimigradoparaoBrasilteveinícionadécadade1980.Foi,noentanto,nadécadade1990,comumaimportantemudançanaleijaponesadeimigração,queumgrandecontingentedenikkeisbrasileirosdecidiutrabalharnopaísdosolnascente. Se, em1989 estimava-se um total de até 10milnikkeisno Japão, nofinaldadécadade1990oMinistériodaJustiçanipônicoregistravamaisde250milbrasileirosnopaís.

Em1999foiinauguradaaprimeiraescolabrasileira3noJapãoeem2010haviam78escolasbrasileirasnopaís(Hatano,2010).EmpesquisaelaboradaporestepesquisadorcomoapoiodaEmbaixadaBrasileirano Japão foi constatadoqueasescolasseguemdiferentesmodelosdeensino,quevãodesdeaofertadocurrículo brasileiro seguindo as diretivas do MEC, até a oferta de reforço delínguaportuguesaapósaescolajaponesa.

A questão sobre que modelo de escola brasileira melhor atende aosinteressesdasfamíliasbrasileirasemumavisãodelongoprazoecomofomentaraconsolidaçãodeumtalmodeloéumdostemasmaisdiscutidosecontroversosna comunidade brasileira no Japão. Resumindo em poucas palavras essadiscussão extremamente complexa, pode-se ressaltar as duas posiçõesantagônicasa seguir.Porum lado, considerandoa importânciade semantar aidentidadeculturaleaperspectivadevoltaaoBrasilnofuturo,algunsdefendemaposiçãodequesedeveoferecerumcurrículoquesejaomaispróximopossíveldaquele indicado pelo MEC. Por outro lado, considerando a importância dosbrasileiros se integraremcultural eprofissionalmenteao Japãoeaperspectivade longa permanência nesse país de residência, se deve focar bem mais nocurrículoelínguajaponesa,mantendooportuguêscomolínguadeherança.

A resposta a essa questão não é simples, pois envolve ampla gama defatores,como,porexemplo,osentimentonacionalista,oplanodenegóciosdasescolasbrasileiras,asperspectivasdefinanciamentodessasescolas,osmodelosatuais de apoio por meio de bolsas de estudos existentes, o surgimento daterceira geração de brasileiros no Japão, etc. Ademais, essa questão se tornouespecialmente delicada após os dramáticos efeitos da crise financeirainternacionalde2008,quereduziuonúmerodebrasileirosnoJapãodemaisde317milparamenosde200milempoucosanos,eque,destarte,fragilizouaindamaisoequilíbriofinanceirodemuitasescolasbrasileiras.

3DeacordocomIshi(2010).Trata-sedoColégioPitágoras–Brasil,unidadedeOta(http://www.pitagoras.com.br/colegios/japao/japao.asp?subunidade=1)

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A presente pesquisa tem dois objetivos principais. Em primeiro lugar,buscaavaliarquemodelodeescoladevesermaisfavorávelaobem-estarfuturodas famíliasbrasileirasno Japão.Para tanto,usa-seos instrumentaisdaTeoriados JogosedaTeoriadeDesenhodeMecanismosde formaquea avaliação sefuja de posicionamentos ideológicos prévios e se fundamente na análiseeconômica de incentivos e de bem-estar social. Em segundo lugar, uma vezdeterminadoomodeloótimo,buscaoferecerumapropostademecanismosquepossamestimularaadoção,odesenvolvimentoeaconsolidaçãodessemodelo.

Para atingir esses objetivos, o trabalho está organizado nas seguintesseções. Após esta breve introdução, a seção 2 discute a situação inicial com aqualsedepararamosbrasileirosquechegaramaoJapãoemgrandenúmeropelaprimeiraveznosanos1990emodelaasdecisõesdasfamíliasquantoàeducaçãode seus filhos. O principal resultado encontrado é que a falta de preparo dasociedadejaponesaemgeraledasescolasjaponesasemparticularparareceberosestrangeirostornoumuitodifícilaadaptaçãodascriançasàescolajaponesa,fazendo com que algumas famílias preferissem atémanter seus filhos fora dosistema escolar. A seção 3 modela então o surgimento das escolas brasileirascomoalternativaàsescolasjaponesaseconcluiqueessaalternativaaumentouobem-estar socialdas famílias aooferecerumambiente culturalmenteamigávelàsnossascriançaseao fomentaramanutençãodaculturanacional.Diantedasdificuldadesdeadaptaçãoà escola japonesa,pormaisprecáriasque fossemasescolas brasileiras iniciais, elas possibilitaram um aumento de bem-estar amuitas famíliasbrasileirasqueseviamrestritasa sofreroselevadoscustosdeadaptação à escola japonesa ou então manter seus filhos fora do sistemaeducacional.

Aseção4discuteaescolabilínguecomoumaalternativasuperioràescolabrasileira e à escola japonesa,mas chama a atenção para a baixa capilaridadedessemodelodevidoaoselevadoscustosenvolvidos.Aseção5discuteomodelode“afterschool”paraaescolabrasileiracomoumaformadetomarproveitodoexcelente sistema educacional japonês ao mesmo tempo em que favorece odesempenhodoalunobrasileiroesuaconsequenteadaptaçãoàescolajaponesa,mantendo a língua portuguesa como língua de herança bem como a culturajaponesa.

A seção 6 discute os desafios atuais para se implementar o modelosugeridoeaseção7apresentaumapropostadebolsadeestudosespecíficaaserimplantadanosentidodefomentaraadoçãodomodeloafterschool.Finalmente,aseção8apresentaasconclusõesdapesquisa.

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2.OmovimentodecasséguieaeducaçãodosbrasileirosnoJapão:aspectoshistóricoseopanoramaoriginal

2.1.Anos1990eamudançanaleideimigração

Osanos1980foramanosdeelevadocrescimentonoJapão,comaumentodo PIB anual emmédia de 4,2% apesar dos efeitos das crises do petróleo dadécadade1970(Gráfico1,Nunes,2012).Poroutrolado,ataxadecrescimentoda população decaiu fortemente ao longo desse período, passando demais de1,5%naprimeirametadedadécadade1970,parapoucomais0,4%nasegundametadedadécadade1980(Gráfico2,2011).

Gráfico1.TaxadecrescimentodoPIBreal(%)doJapão

Fonte:Nunes,2012.

Diante da crescente escassez da mão de obra local, o governo japonêspromoveuumareformada leide imigraçãoquefacilitouaentradanoJapãodedescendentes de japoneses até a terceira geração, “com a possibilidade deexerceratividadesremuneradasnoJapãosemrestriçõesderenovarovistoedevir a ser residentes permanentes” (Sasaki, 2006). Essa reforma, associada àgrandecriseeconômicapelaqualpassavaoBrasilna“décadaperdida”de1980,proporcionougrandefluxodenikkeisbrasileirosnoJapão,quechegouaatingir320milbrasileirosantesdoLehmanshockde2008.

Segundo Sasaki (2006), citando Cornelius (1995, p.396), “a polıtica deoportunidades de imigraçao facilitada para os nikkeijins da America Latina evistapelasautoridades japonesascomoummeio,politicamentedebaixocusto,

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deajudararesolverafaltademão-de-obra,comavantagemadicionaldequeosimigrantes com ancestralidade japonesa não são vistos a perturbar ahomogeneidadeétnicamíticadopaís”.

Gráfico2.TaxadecrescimentopopulacionalnoJapão:1970-2010

Fonte:Cox,2011.

No entanto, justamente pela perspectiva de fácil adaptação devido àherança étnica, o governo japonês pouco se preparou para a chegada dosbrasileiros,queenfrentaramdiversostiposdedificuldadesdeadaptaçãoaopaíse à cultura de seus pais e/ou avós, que lhes era estranha. Em particular, seusfilhosenfrentaramoselevadoscustosdeadaptaçãoàescolajaponesa,que,alémda língua e da exigência de conteúdo acadêmico, é caracterizada pela fortepresença de assédio (bullying, ijime)mesmo entre japoneses (Kanasiro, 2011).Estaseçãomodelaasescolhasaoalcancedasfamíliasbrasileirasnesseprimeiromomentodomovimentodecasséguiquantoàescolarizaçãodascrianças.

2.2.Asopçõesiniciaisparaasfamílias:Modelagem

Consideramosnestemodeloapenasdois“agentes”:afamíliaeaNatureza.A família deve decidir sobre o encaminhamento do filho quanto ao estudo e aNatureza modela os aspectos estocásticos da situação, ou seja, os aspectos

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incontroláveispela famílianomomento emquedecide encaminhar seu filho aumaescolajaponesaou,alternativamente,adeixá-loemcasa.

Asituaçãoestratégicacorrespondenteencontra-sedescritanaFigura1.

Em primeiro lugar, a família (F) decide se coloca a criança em escolajaponesaouseadeixaemcasa,foradaescola.

Caso a família opte por manter o filho em casa, a criança não recebequalquer formaçãonemem línguaportuguesa,nemem língua japonesa, sendoassimsuaperspectivasalarialamenorpossível,quedenotamospor𝑟".Essaéaconsequênciaesperadaparaafamíliacomadecisãodemanterofilhoemcasa.

Figura1.Aopçãoentredeixarofilhoemcasaouenviá-loàescolajaponesa.

Fonte:Elaboraçãoprópria

Consideremosagoraaopçãodeenviaro filhoparaaescola japonesa.Oensino elementar no Japão é gratuito, com exceção do custo de transporte, dealimentação,viagens,uniformeeatividadesdeclube.Nocasodoensinomédio,mesmoopúblico, já temcusto.Noentanto,naturalmente trata-seda formade

F

Nãoiràescola

EscolaJaponesa

𝑟"

NãoseadaptaAdapta-se{𝜋}

N

{1 − 𝜋}

{𝛼} {1 − 𝛼 − 𝛽}{𝛽}

Brasil

N

𝑟+ − 𝑝 𝑟- − 𝑝 𝑟. − 𝑝

Superior Médio

𝑟" − 𝑝

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ensinomais barata no país. Denotemos por𝑐0o custo esperado para a famíliaquandoofilhovaiparaaescolajaponesa,acimadocustodeficaremcasa4.

Caso a família decida pela escola japonesa, o filho enfrentará o “custo”psicológico de tentar se adaptar ao novo ambiente que lhe é culturalmenteadversoe,possivelmente,atémesmohostil.Essecustopsicológicoémodeladopelo somando– 𝑝, 𝑝 > 0na utilidade resultante do filho, qualquer que seja suatrajetóriaapartirdomomentoemqueentranaescolajaponesa.Parasimplificaranotação,desprezamossemperdadegeneralidade,ocustofinanceirodeenviara criança à escola japonesa,𝑐0e mantemos apenas o custo psicológico𝑝. Umaformadesejustificaressasimplificaçãoépensarnoscustosqueaparecerãonosdemais capítulos como um custo adicional, acima do custo básico da escolajaponesa.

Aquestãodaadaptaçãosecolocaemseguida,ouseja,ofilhoseadaptaráàescola japonesa com probabilidade𝜋ou não conseguirá se adaptar, o queocorrerácomprobabilidade1 − 𝜋.

Caso se adapte, continuará na escola até o final do ciclo fundamental emédio,quandopoderáconseguirumaformaçãodeensinosuperiordequalidadeno Japão, o que renderá a mais alta remuneração𝑟+ , e que ocorrerá comprobabilidade𝛼.Poderáaindaconcluirapenasoensinomédioouumafaculdadedemenorprestígio,querenderáaofilhoumsaláriomenor,𝑟-,compatívelcomaquele de seus pais, sendo que isso ocorrerá com probabilidade𝛽. Poderá,finalmente, não conseguir qualquer opção profissional minimamente aceitávelnoJapão,tendoquevoltarparaoBrasiletrabalharporumsalárioaindamenor,𝑟. .Estaúltimasituaçãoocorrerácomprobabilidade1 − 𝛼 − 𝛽.

Porhipótesetemos,então,𝑟+ > 𝑟- > 𝑟. > 𝑟".

Casonãoseadapteàescolajaponesa,oalunoélevadoaabandonarseusestudos. Nesse caso a remuneração profissional que conseguirá será𝑟" ,equivalente à que receberia caso nem tivesse tentando frequentar a escolajaponesa.

2.3.Resoluçãodoproblemadedecisão:Asopçõesiniciaisparaasfamílias

Umavezmodeladaasituaçãocomaqualsedefrontaumafamíliatípicadebrasileiros trabalhando no Japão, passemos agora à análise de sua tomada dedecisãoquantoaenviarofilhoàescolajaponesaoudeixa-loemcasa.

4Mesmopermanecendoemcasa,porexemplo,acriançanecessitasealimentar;portanto,essecustonãoéconsideradoem𝑐0.

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Caso o envie à escola japonesa e o filho se adapte, a utilidade esperadaserá:

𝛼𝑟+ + 𝛽𝑟- + 1 − 𝛼 − 𝛽 𝑟. − 𝑝 (1)

Por outro lado, caso o envie à escola japonesa e o filho não se adapte,abandonandoosestudos,suautilidadeserá:

𝑟" − 𝑝 (2)

Portanto, a utilidade esperada do filho quando é enviado à escolajaponesaé:

𝑈𝐸 𝐽 = 𝛼𝑟+ + 𝛽𝑟- + 1 − 𝛼 − 𝛽 𝑟. 𝜋 + 𝑟" 1 − 𝜋 − 𝑝 (3)

Poroutrolado,casopermaneçaemcasa,suautilidadeserá:

𝑈𝐸 𝐶 = 𝑟" (3)

Comparandoasutilidadesacima,dadasashipótesesdomodelo,percebe-seimediatamenteque:

𝑟" − 𝑝 < 𝑈𝐸 𝐶 < 𝛼𝑟+ + 𝛽𝑟- + 1 − 𝛼 − 𝛽 𝑟. (4)

A expressão acima deixa os principais trade-offs envolvidos na decisãodasfamílias.Seafamíliaestiverseguradequeseufilhonãoseadaptaráàescolajaponesa,entãoserámelhordeixá-loemcasa.Trata-sedaprimeiradesigualdadeacima. Por outro lado, se estiver segura que ele se adaptará e se o custo deadaptação for negligenciável, então será melhor enviá-lo à escola. Esta é asegundadesigualdadeacima.

Noscasosintermediários,éfácilverqueafamíliaescolherámanterofilhoemcasase,esomentese𝑈𝐸 𝐶 > 𝑈𝐸 𝐽 ,ouseja,se:

𝑝 > 𝛼𝑟= + 𝛽𝑟> + 1 − 𝛼 − 𝛽 𝑟? − 𝑟" 𝜋 (5)

O fator entre colchetes do lado direito da equação acima é o ganhoesperado adicional, medido em termos de melhores salários futuros do filho,quando este consegue concluir a escola japonesa, em relação ao que receberiacaso ficasse em casa. Esse ganho ocorre com probabilidade𝜋. Portanto, se oscustos psicológicos e financeiros associados a frequentar a escola japonesaultrapassarem os benefícios esperados em termos salariais, a família preferirámanterofilhoemcasa.

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Aexpressão(5)éequivalenteàexpressãoaseguir.

𝑝𝜋 > 𝛼𝑟= + 𝛽𝑟> + 1 − 𝛼 − 𝛽 𝑟? − 𝑟" (6)

Caso a condição acima não seja satisfeita, então a família escolherá porcolocarofilhonaescolajaponesa.Oseja,afamíliapreferiráestritamentecolocarofilhonaescolajaponesaseesomentese𝑈𝐸 𝐽 > 𝑈𝐸 𝐶 ,ouainda,se:

𝑝𝜋 < 𝛼𝑟= + 𝛽𝑟> + 1 − 𝛼 − 𝛽 𝑟? − 𝑟" (7)

Nocasodaigualdadeentreosdoistermosacimaocorrer,ouseja,𝑈𝐸 𝐽 =𝑈𝐸 𝐶 , então a família encontra-se indiferente entre colocar o filho em escolajaponesaoudeixa-loemcasa.

2.4.Discussão:Umasituaçãomuitodelicada

Adesigualdade(6)evidenciaquequantomenorfor𝜋equantomaiorfor𝑝, maior será a probabilidade da família manter o filho em casa. Em outraspalavras,quantomenores foremas perspectivas de umaboa adaptação àescola japonesa e quanto maiores forem os custos psicológicos (efinanceirosadicionais)associadosaoambienteadversodaescolajaponesa,maior será a probabilidade da família decidir não colocar o filho nosistemaeducacional japonês tradicional,mesmo sabendoqueaodeixá-loemcasa,nãoconseguiráumbomempregonemnoBrasil,nemnoJapão.

É de fundamental importância entender que os parâmetros centrais domodelo,𝜋e𝑝,podemvariardefamíliaparafamília.Suponha,porexemplo,queofilhotenhasidoalfabetizadoemescolajaponesaquandoaindanoBrasil,antesdafamília mudar-se para o Japão. Suponha ainda que esse mesmo filho tenhaconvivido longamente com avós, nascidos e crescidos no Japão antes deimigrarem para o Brasil. Então é de se esperar que o filho esteja melhoradaptado à cultura japonesa, o que facilitaria sua adaptação à escola japonesa,aumentando o valor do parâmetro𝜋e reduzindo o valor do custo𝑝, de formaqueacondição(6)seráprovavelmentesatisfeita.

Suponhaagoraquesetratadeumafamíliamistaemqueapenasumdospaisédeorigemjaponesaeooutronãotenhatidoexperiêncianemcomalínguanemcomaculturajaponesaantesdemudar-separaoJapão.Suponhaaindaque

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o filhonãotenhatidoquasenenhumcontatocomacolônia japonesanoBrasil,desconhecendo completamente a língua e as particularidades da culturanipônica. Então é provável que a probabilidade𝜋seja baixa e o custo𝑝sejaelevado,de formaquemuitoprovavelmenteacondição(6)serásatisfeitaparaessafamília.

Destarte,acondição(6)podeserválidaparaalgumasfamíliasenquantoacondição(7)podeserválidaparaoutras,ouseja,adecisãosobreondecolocarofilhopodedependerdecaracterísticasespecíficasdecadafamília.

Se usarmos a notação 𝑖 para designar uma família específica, edenotarmosseusparâmetroscorrespondentespor𝜋A e𝑝A ,entãopodemosdizer,na linguagem da Economia da Informação e dos Incentivos, que a família écaraterizadapelo“tipo”𝑡A =

CDED.

Denotemos por 𝑏 o ganho (benefício) adicional esperado 𝑏 =𝛼𝑟= + 𝛽𝑟> + 1 − 𝛼 − 𝛽 𝑟? − 𝑟". Então, a solução do problema de decisão dafamília𝑖podeserreescritacomo:

Manterofilhocasase𝑡A > 𝑏

Matricularofilhonaescolajaponesase𝑡A < 𝑏(8)

Seja𝑓 𝑡A a função densidade de probabilidade dos tipos das famílias.Então𝑓 𝑡A pode ser interpretado como a quantidade de famílias do tipo𝑡A , deformaqueopercentualdefamíliasqueenviaseusfilhosàescolajaponesaédadopor:

𝐹 𝑏 = 𝑓 𝑡A 𝑑𝑡A.

"= 𝑝𝑟𝑜𝑏 𝑡A ≤ 𝑏 (9)

É importante tambémdestacaradramaticidadedasituaçãoemque𝑡A >𝑏. Nesse caso a família se sente forçada a manter seu filho fora do sistemaeducacional japonês por sentir que há grande hostilidade na escola japonesa,mesmo sabendo que ao tomar essa decisão, estará condenando o filho a umfuturocommenoresperspectivasprofissionais.

Naturalmente, as famíliasdosprimeirosdecasségui, sentindoadelicadasituaçãoemquealguns se encontravam,buscaramalternativasa essa situaçãoindesejável.Aescolabrasileirasurgiulogonosprimeirosanosdadécadade90,quase que juntamente com a chegada dos primeiros decasségui que usaram anova lei de visto, justamente para oferecer uma alternativa a essas duaslimitadas opções. A próxima seção modela e analisa a escola brasileira comosubstitutoàescolajaponesa.

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3. Situação atual: A emergência da escola brasileira como alternativa àescolajaponesa

3.1.Osurgimentodaescolabrasileira

OsprimeirosdecasséguisachegaremnoJapãoemrespostaàalteraçãodaleidovistojaponesaeramtipicamentehomenssemsuasfamílias.Rapidamente,no entanto, começaram a trazer suas esposas e filhos, tendo então que sedefrontarcomosproblemasdescritosnaseçãoanterior.

A primeira atitude a adotarem aqueles que decidiram pormanter seusfilhosforadaescolajaponesafoiaorganizaçãocoletivadaguardadascrianças.Foram contratadas as primeiras “tias” para cuidar dos filhos enquanto os paistrabalhavam. Dessa primeira organização mais simples foram surgindo asescolasbrasileiras, comoobjetivode, alémdaguarda,manteredesenvolveroconhecimento da língua-pátria. Com o passar do tempo, o currículo foi seexpandindo, sendo que existem hoje 39 escolas brasileiras cadastradas naembaixadabrasileiraemTóquiocomoaprovadaspeloMEC(35)ouemviasdeobtençãodeaprovaçãooure-aprovação(4).Essasescolasseapresentamcomoumaalternativaàescolajaponesaquesegueocurrículobrasileiro.

EstaseçãoanalisaadecisãodeumafamíliabrasileiranoJapãoquantoaoestudodofilho,considerandoessemodelodeescolabrasileiraeasperspectivasdeencaminhamentofuturodacriança,usandoparatantooinstrumentalbásicodeteoriadosjogos.

3.2.Modelagem

Aescolabrasileiraemseumodeloatualfuncionaemhoráriointegral.Poressa razão, a escola brasileira se caracteriza como uma alternativa à escolajaponesa. Na linguagem da teoria econômica, pode-se caracterizar a escolabrasileiracomoumsubstitutoàescolajaponesa.Noentanto,nãosetratadeumsubstituto perfeito uma vez que o foco do ensino da escola brasileira é ocurrículobrasileiro,enãoocurrículonipônico.

Emsuma,omodeloatualdeescolabrasileiraédesubstitutoimperfeitodeescolajaponesa.

Assim como no capítulo anterior, consideramos apenas dois agentes, afamíliaeaNatureza,estaúltimamodelandoosaspectosestocásticosdasituação,ou seja, os aspectos incontroláveis pela família no momento em que decide

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encaminharseufilhoaumaescolajaponesa,aumaescolabrasileira,oudeixá-loemcasa.

Figura2.Aescolabrasileiracomosubstitutoimperfeitoàescolajaponesa.

Fonte:Elaboraçãoprópria

A situação estratégica correspondente encontra-se descrita na Figura 2.Emprimeirolugar,afamília(F)decidesecolocaacriançaemescolajaponesa,ouemescolabrasileira,ouaindaamantenhaemcasa.

Casoafamíliadecidapelaescolajaponesa,temosasituaçãoretratadanocapítuloanterior.Anovidadeocorrequandoacriançanãoconsegueadaptar-seaessaescolajaponesa.Nessecaso,duassituaçõespodemadvir.

Napiordassituações,queocorrecomprobabilidade𝜌,otraumadoalunobrasileiroassociadoànãoadaptaçãoàescolajaponesaétãograndequenemelenão consegue nem mesmo aceitar uma transferência para a escola brasileira,

{𝜌} {1 − 𝜌}

{𝜋} {1 − 𝜋}

{𝛼} {1 − 𝛼 − 𝛽}

{𝛽}

{𝛼′} {1 − 𝛼′ − 𝛽′}

{𝛽′}

{𝛼NN} {1 − 𝛼NN − 𝛽NN}

{𝛽NN}

EscolaBrasileira

EscolaJaponesa

NãoseadaptaAdapta-se

AbandonaEscolaBrasileira

F

N

N

N

N N

Brasil

Médio

Superior

Brasil

Médio

Superior

Brasil

Médio

Superior

𝑟+ − 𝑝 𝑟- − 𝑝 𝑟. − 𝑝 𝑟+ − 𝑝− 𝑐O

𝑟- − 𝑝− 𝑐O

𝑟. − 𝑝− 𝑐O

𝑟- − 𝑐O 𝑟. − 𝑐O𝑟+ − 𝑐O𝑟" − 𝑝

Nãoiràescola

𝑟"

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sendo então levado a abandonar seus estudos. Nesse caso a remuneraçãoprofissionalqueconseguirá,𝑟",serámuitobaixa,comonocapítuloanterior.

Por outro lado, no melhor dos casos o aluno consegue continuar seusestudos em escola brasileira, concluindo o ensino fundamental e seguindo seuaprendizado,deformaaobterasmesmasremuneraçõesdescritasanteriormente𝑟+, 𝑟-, 𝑟.mas agora com as probabilidades respectivas 𝛼N, 𝛽N, 1 − 𝛼N − 𝛽N. Ahipótesequefazemosagoraéqueémaisfácilsecolocarnomercadoprofissionaljaponês de alta renda tendo estudado em escola japonesa do que em escolabrasileira, sendo a probabilidade de conseguir um emprego de segunda classeidêntica.Portanto,postulamosque:

α > 𝛼N, 𝛽 = 𝛽N, 1 − 𝛼 − 𝛽 < 1 − 𝛼N − 𝛽N.

Alternativamente, caso a família decida colocar o filho diretamente naescolabrasileira,entãoelenãoterámaioresproblemasdeadaptaçãoaoestudo,obtendo agora as remunerações anteriormente descritas 𝑟+, 𝑟-, 𝑟. com asprobabilidades respectivas𝛼NN, 𝛽NN, 1 − 𝛼NN − 𝛽′′. A hipótese feita aqui é que aprobabilidadedeacessoaumempregobemremuneradoéaindamenorquandoo aluno não tem qualquer experiência de escola japonesa, sendo que aprobabilidade de conseguir um emprego de menor remuneração continuainalterada,ouseja:

α > 𝛼N > 𝛼NN, 𝛽 = 𝛽N = 𝛽NN, 1 − 𝛼 − 𝛽 < 1 − 𝛼N − 𝛽N < 1 − 𝛼NN − 𝛽′′

A escola brasileira, por ser uma instituição privada, cobra umamensalidade, fazendocomqueocusto financeirodeenviarumacriançaaessainstituição sejamaior que aquele custo financeiro de enviar a criança à escolajaponesa.Denotamospor𝑐O essecusto,queaparecenaramadiretadaárvorenaFigura2.Postulamosnestetrabalhoque,enquantoocustofinanceirodaescolabrasileiraémaiorqueaqueledaescola japonesa,o custopsicológicodaescolajaponesaéelevado,de formaqueocusto totaldaescola japonesaémaiorqueaqueledaescolabrasileira,ouseja:

𝑝 > 𝑐O

3.3.Resolução

Umavezmodeladaasituaçãocomaqualsedefrontaumafamíliatípicadebrasileiros trabalhando no Japão, passemos agora à análise de sua tomada dedecisãoquantoaquetipodeescoladeveráenviarofilho.

Caso o envie à escola japonesa e o filho se adapte à escola, a utilidadeesperadaserá:

𝛼𝑟+ + 𝛽𝑟- + 1 − 𝛼 − 𝛽 𝑟. − 𝑝 (1)

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Por outro lado, caso o envie à escola japonesa e o filho não se adapte,abandonandoosestudos,suautilidadeserá:

𝑟" − 𝑝 (2)

Caso,aindaquenãoseadapteàescolajaponesa,ofilhoconsigacontinuarseusestudosnaescolabrasileira,suautilidadeserá:

𝛼N𝑟+ +𝛽N𝑟- + 1 − 𝛼N − 𝛽′ 𝑟. − 𝑝 (3)

Portanto, a utilidade esperada da família caso envie seu filho à escolajaponesaserá:

𝑈𝐸 𝐽 = 𝛼𝑟+ + 𝛽𝑟- + 1 − 𝛼 − 𝛽 𝑟. 𝜋 + 𝑟" 1 − 𝜋 𝜌+ 𝛼N𝑟+ +𝛽N𝑟- + 1 − 𝛼N − 𝛽′ 𝑟. 1 − 𝜋 1 − 𝜌 − 𝑝

(4)

Por outro lado, caso o envie à escola brasileira, a utilidade esperadadafamíliaserá:

𝑈𝐸 𝐵 = 𝛼NN𝑟+ +𝛽NN𝑟- + 1 − 𝛼NN − 𝛽′′ 𝑟. − 𝑐O (5)

Finalmente,casomantenhaacriançaforadequalquerescola,autilidadeesperadadafamíliaserá:

𝑈𝐸 𝐶 = 𝑟" (6)

Comparemos primeiramente a opção demanter o filho em casa com aopçãodeenviá-loàescolabrasileira.A famíliapreferiráenviaro filhoàescolabrasileirase𝑈𝐸 𝐵 > 𝑈𝐸 𝐶 ,ouseja,se:

𝑐O < 𝛼NN𝑟+ +𝛽NN𝑟- + 1 − 𝛼NN − 𝛽′′ 𝑟. − 𝑟" (7)

O termo à direita da expressão acima representa o ganho adicional, emtermos de perspectivas de futuro profissional do envio da criança à escolabrasileira emcomparação comdeixá-lo emcasa. Jáo termoàdireita éo custoadicionaldemanteracriançanaescolabrasileira.

Para facilitar a análise supomos que a condição (7) acima seja sempresatisfeita,deformaqueasfamíliaspreferemenviarosfilhosàescolajaponesaadeixá-los em casa. Mais à frente analisaremos como os resultados mudamquando(7)nãoéverdadeira.

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Comparemos agora as opções pela escola brasileira versus a escolajaponesa.Primeiramentenoteque,dadasashipótesesdomodelo:

𝛼𝑟+ + 𝛽𝑟- + 1 − 𝛼 − 𝛽 𝑟. > 𝛼N𝑟+ +𝛽N𝑟- + 1 − 𝛼N − 𝛽′ 𝑟.> 𝛼NN𝑟+ +𝛽NN𝑟- + 1 − 𝛼NN − 𝛽′′ 𝑟. > 𝑟"

(8)

Portanto,casonãohouvessecustoalgumassociadoaodesafiodeestudaremescola japonesaenãohouvessequalquerpossibilidadedenãoadaptaçãoàescola, a família espontaneamente optaria por enviar o filho para a escolajaponesa,quelhedariaomaiorretornoesperado,mesmoqueaescolabrasileirafosse gratuita. Esta é a situação ideal correspondendo a um ambiente escolaracolhedor,preocupadoemreceberoalunoestrangeiroepreparadoparatanto.

Por outro lado, caso o custo psicológico𝑝exista e sejamuito elevado, aponto de que 𝛼𝑟+ + 𝛽𝑟- + 1 − 𝛼 − 𝛽 𝑟. − 𝑝 < 𝛼NN𝑟+ +𝛽NN𝑟- + 1 − 𝛼NN −𝛽NN 𝑟. − 𝑐O , então a família nem pensará em enviar seu filho para a escolajaponesa, escolhendo imediatamente a escola brasileira. Esta é a situaçãoinversa, correspondendo a um ambiente escolar tão hostil e/ou despreparadoquenãocompensaparaafamíliaenfrentá-lo.

As duas situações acima descritas são extremas e não imaginamos quenenhuma delas corresponda à realidade, sendo a primeira muito otimista e asegundademasiadamentepessimista.

Consideremos agora as situações intermediárias em que o custopsicológiconãoéexageradamenteelevado,ouseja𝛼𝑟+ + 𝛽𝑟- + 1 − 𝛼 − 𝛽 𝑟. −𝑝 > 𝛼NN𝑟+ +𝛽NN𝑟- + 1 − 𝛼NN −𝛽NN 𝑟. − 𝑐O masexiste tantopossibilidadedenãoadaptação( 1 − 𝜋 > 0 como,nessecaso,adeposteriorabandonodosestudos𝜌 > 0 . Então, a família escolherá enviar o filho diretamente para a escolabrasileirase,esomentese𝑈𝐸 𝐵 > 𝑈𝐸 𝐽 ,ouseja,se:

𝛼NN𝑟+ +𝛽NN𝑟- + 1 − 𝛼NN −𝛽NN 𝑟. − 𝑐O

>

𝛼𝑟+ + 𝛽𝑟- + 1 − 𝛼 − 𝛽 𝑟. 𝜋 + 𝑟" 1 − 𝜋 𝜌

+ 𝛼N𝑟+ +𝛽N𝑟- + 1 − 𝛼N −𝛽N 𝑟. 1 − 𝜋 1 − 𝜌 − 𝑝

Acondiçãoacimapodeserreescritacomo:

𝑝 − 𝑐O >

𝛼𝑟+ + 𝛽𝑟- + 1 − 𝛼 − 𝛽 𝑟. 𝜋+ 𝛼N𝑟+ +𝛽N𝑟- + 1 − 𝛼N −𝛽N 𝑟. 1 − 𝜌 + 𝑟"𝜌 1 − 𝜋− 𝛼NN𝑟+ +𝛽NN𝑟- + 1 − 𝛼NN −𝛽NN 𝑟.

(9)

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Otermoqueprecedeosinaldedesigualdadeéocustoadicionaldaescolajaponesa(queincluiocustopsicológico)erelaçãoàescolabrasileira.Jáotermoposterior ao sinal é o benefício adicional da escola japonesa em termos deexpectativas salariais em relação à escola brasileira. Se o curto adicional formaiorqueobenefícioadicional,entãofamíliapreferiráaescolabrasileira.

Caso a condição acima não seja satisfeita, então a família escolherá porcolocarofilhonaescolajaponesa.Oseja,afamíliapreferiráestritamentecolocarofilhonaescolajaponesaseesomentese𝑈𝐸 𝐽 > 𝑈𝐸 𝐵 ,ouseja,se:

𝑝 − 𝑐O

<

𝛼𝑟+ + 𝛽𝑟- + 1 − 𝛼 − 𝛽 𝑟. 𝜋+ 𝛼N𝑟+ +𝛽N𝑟- + 1 − 𝛼N −𝛽N 𝑟. 1 − 𝜌 + 𝑟"𝜌 1 − 𝜋− 𝛼NN𝑟+ +𝛽NN𝑟- + 1 − 𝛼NN −𝛽NN 𝑟.

(10)

Nocasodaigualdadeentreosdoistermosacimaocorrer,ouseja,𝑈𝐸 𝐽 =𝑈𝐸 𝐵 , então a família encontra-se indiferente entre colocar o filho em escolajaponesaouemescolabrasileira.

Valenotarqueestaanálisefoifeitasupondo-seválidaacondição(7),quedizqueafamíliapreferelevarofilhoàescolabrasileiradoquedeixá-loemcasa.No entanto, se o custo da escola brasileira se tornar muito elevado, então acondição (7) pode não ser mais verdadeira. Se isso ocorrer, e além disso, acondição(8)tambémforverdadeira,entãoasfamíliaspreferirãomanterofilhoemcasa,reduzindoaindamaissuasperspectivasfuturasdesucessoprofissional.

3.4. Discussão: Heterogeneidade das famílias e a não-otimalidade daobrigatoriedade

A desigualdade (9) evidencia que quantomenor for𝜋e quantomaioresforem𝜌e𝑝, maior será a probabilidade da condição ser satisfeita. Em outraspalavras,quantomenores foremas perspectivas de umaboa adaptação àescola japonesa, quantomaiores forem as chances do filho abandonar oestudo em função dos traumas causados pela escola japonesa e quantomaiores foremos custospsicológicos associados ao ambiente adversodaescolajaponesa,maiorseráaprobabilidadedafamíliadecidirnãocolocarofilhonosistemaeducacionaljaponêstradicional,mesmosabendoqueaoseguirosistemabrasileiro,menoresserãoaschancesdeofilhoconseguirumempregodealtarendanoJapão.

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É importante ressaltar que, como discutido no capítulo anterior, acondição (9) pode ser válida para algumas famílias enquanto a condição (10)podeserválidaparaoutras,ou seja, adecisãosobreondecolocaro filhopodedependerdecaracterísticasespecíficasdecadafamília.

Aobservaçãoacimasugerequeaexigênciadeumadecisãoúnicaparatodasasfamíliasbrasileiras,sejaeladeestudaremescolasbrasileirasouem escolas japonesas, pode reduzir o bem-estar social dos brasileiro noJapão,seforimplementadamantendo-seaestruturaatualdescritaacima.

Em particular, dadas as opções disponíveis hoje, a decisão do governojaponês de não tornar obrigatória a participação das crianças estrangeiras naescolajaponesapareceacertada.

Poroutro lado, jáobservamosqueautilidadeesperadaparaas famíliasnobraçoesquerdodaárvoreapresentadanaFigura2éclaramentemaiorqueautilidadeesperadanobraçodireitodafigurase𝑝nãoformuitoelevado,ouseja,estudar na escola japonesa gera maior retorno esperado se não houverdesistência e se o custo psicológico da adaptação não for por demais elevado.Masentão,asquestõesquesecolocamsãoasseguintes:

(i)Existealgumajustequepossaser introduzidonasopçõesatuaisde formaamelhoraproveitaropotencialdasescolasjaponesas?

(ii)Seexistir,esseajustepodeserfeitodeformacompatívelcomosincentivos,ouseja,deformaqueas famíliasoptemvoluntariamenteporenviarseusfilhospara a escola japonesa semanecessidadede tornar essa atividadeobrigatóriaporlei?

(iii)Finalmente,épossívelresponderpositivamenteàsquestõesem(i)e(ii)semqueissoimpliqueemcustosadicionaisparaogovernobrasileiro?

Aspróximasseçõessugeremqueparaseobterrespostasafirmativasparaessasperguntaspodesernecessárioreveravisãoatualdaescolabrasileiracomoumsubstitutoimperfeitoàescolajaponesa.

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4.Umasoluçãorestrita:Aescolabrasileirabilíngue

4.1.Introdução

AseçãoanterioridentificouumafacedoproblemadedecisãocomoqualsedefrontaumafamíliadebrasileirosnoJapãoquantoaoestudodeseusfilhos,quetemopotencialdegerarumequilíbriosubótimonosentidodasperspectivasde empregabilidade e ascensão social no Japão. De fato, prevendo o custopsicológicodoestudonaescolajaponesa,asdificuldadesdeadaptaçãodacriançaaessaescola, e a consequentepossibilidadedeabandono totaldosestudos,ospaispodempreferir enviar seus filhos à escolabrasileira,mesmosabendoqueessa decisão reduzirá a probabilidade de suas crianças conseguirem acesso aensinosuperiordequalidadequeabririaasportasparaumempregodemaiorqualidade,statussocialeremuneração.

Aquestãoquesecoloca,então,é:Oquepodeserfeitoparaestimularasfamíliasbrasileirasa trilharemcomsegurançaocaminhoque levaráaoestudosuperiordequalidade?

Nestaseçãoestudamosaescolaverdadeiramentebilínguecomopossívelrespostaaessaquestão.Aescolabilíngueéaquelaquesegueosdoiscurrículosnacionais, o japonês e o brasileiro, e que garante um nível de aprendizado docurrículojaponêscompatívelcomaqueleobtidonaescolajaponesaeumníveldeaprendizadodocurrículobrasileirocompatívelcomaqueleensinadonoBrasil.

Primeiramente introduzimos no modelo original essa opção aos pais emostramos que, caso eles possam arcar com os custos associados a essainstituição, então a escola bilíngue tende a resolver o problema identificado.Argumentamosemseguidaqueomodeloconsideradoéessencialmenteaquelede uma escola de elite, cara, de difícil acesso a boa parte da comunidadebrasileirano Japãoque,apesardegarantirboarenda,nãochegouàposiçãodealta renda, em geral. Concluímos assim que a solução da escola bilíngue éadequadaeaplicável,masnãoacessívelagrandepartedospotenciaisusuários,não sendo, então um substituto adequado à escola japonesa5. Mais ainda,mostramos que sem a devida característica elitista (alto custo dasmensalidades), uma tentativa de se expandir esse tipode escola pode resultaremumasituaçãoduplamenteprejudicialparaascrianças,queterminamaescolacombaixaproficiênciatantonocurriculumjaponêscomonobrasileiro.

4.2.Modelagem:Aopçãopelaescolabilíngue

5Essaéumadasprincipaisrazõespelasquaisseencontrampoucasescolasbilínguesemqualquercidadenomundo.

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AFigura3estendeaFigura2incluindonelaaescolabilínguecomomaisumaalternativaàescolajaponesa.

Trata-sedoramosuperior,direitodaárvorede jogo.Esteterceiroramodeescolhadafamíliasepareceàqueledaescolabrasileira,tendoduasdiferençassignificantes.

Aprimeiraéocusto𝑐.S desemanterofilhonaescolabilíngue.Espera-sequeessecustosejaconsiderável,umavezqueaescolabilínguecapazdelecionaros currículos japonês e brasileiro completos com amesma qualidade deve teralgocomparávelcomodobrodonúmerodeprofessoresdeumaescolajaponesacomum. É verdade que muitas matérias não serão repetidas. Por exemplo, épossívelcompatibilizaroscurrículosdematemáticadosdoispaísesde formaaevitar repetições. No entanto é importante lembrar que mesmo no caso damatemática,aindahádiferençascurricularesqueobrigarãomaishorasdeensinoque se apenas um currículo fosse seguido. Os currículos de outras disciplinas,comohistóriaegeografia,porexemplo,sediferenciamaindamais.Seriamuitobomseaescolabilínguepudessecontarcomprofessorestambémbilínguesquepudessemlecionarosdoiscurrículosnassuasrespectivasáreas.Isso,noentanto,nãoéfácildesegarantir,especialmentenassériesmaisavançadas.Aescassezdeprofessorescomesseperfil,porsuavez,tornaessamãodeobraqualificadamaiscara,contribuindoparaomaiorcustodessaescola.

A segunda diz respeito às probabilidades relativas dos diferentesresultadosdaeducação,emtermosfinanceiros:𝑟+, 𝑟-, 𝑟. .Ahipótesequefazemosaesserespeitoéqueaescolabilínguegeraprobabilidadesequivalentesàescolajaponesa, i.e., 𝛼NNN = 𝛼, 𝛽NNN = 𝛽 . Esta hipótese pode ser questionada seconsiderarmos que a escola japonesa, por dedicar-se exclusivamente aocurrículojaponês,conseguemelhorprepararosalunosparaomercadojaponês.No entanto, deve-se considerar que estamosmodelando aqui a escola bilíngueideal,quesededicaforteeseriamenteaoensinodosdoiscurrículos.Destarte,odesempenho de seus alunos no mercado japonês deve ser próximo daquelesformadosemescolasjaponesas.

Ademais,deve-setambémconsiderarqueodomínioda línguabrasileiratambém abre portas para o aluno brasileiro formado na escola bilíngue,especialmente nas universidades de estudos estrangeiros e em empresasmultinacionais.Esteúltimoaspecto tendea compensarpossíveisdesvantagensquesubsistamquantoaocurrículojaponês.

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Figura3.Aescolabilínguecomosubstitutoperfeitoàescolajaponesa.

Fonte:Elaboraçãoprópria

EscolaBrasileira

F

𝑟"

Nãoiràescola

N

Superior

Médio Brasil

{𝛼NN} {𝛽NN} {1 − 𝛼NN − 𝛽NN}

𝑟+ − 𝑐O 𝑟- − 𝑐O 𝑟. − 𝑐O

N

Superior

Médio Brasil

{𝛼NNN} {𝛽NNN} {1 − 𝛼NNN − 𝛽NNN}

𝑟+ − 𝑐.S

𝑟- − 𝑐.S 𝑟. − 𝑐.S

{𝛽′}{𝛼′}{𝛼} {1 − 𝛼 − 𝛽}{𝛽}

BrasilMédio

Superior

{𝜌}

{𝜋}

NãoseadaptaAdapta-se

N

N

{1 − 𝛼′ − 𝛽′}

MédioSuperior

𝑟- − 𝑝− 𝑐O

𝑟. − 𝑝− 𝑐O

𝑟+ − 𝑝− 𝑐O

NN

𝑟+ − 𝑝 𝑟- − 𝑝 𝑟. − 𝑝 𝑟" − 𝑝

AbandonaEscolaBrasileira

{1 − 𝜋}

{1 − 𝜌}

Brasil

EscolaJaponesa

EscolaBilíngue

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4.3.Resolução

No capítulo anterior resolvemos o jogo com apenas as duas ramas àesquerdadaárvoreechegamosaosseguintesretornosesperados:

Opçãopordeixarofilhoemcasa:

𝑈𝐸 𝐶 = 𝑟"

Opçãopelaescolabrasileira:

𝑈𝐸 𝐵 = 𝛼NN𝑟+ +𝛽NN𝑟- + 1 − 𝛼NN −𝛽NN 𝑟. − 𝑐O= 𝛼NN𝑟+ + 𝛽𝑟- + 1 − 𝛼NN − 𝛽 𝑟. − 𝑐O

Opçãopelaescolajaponesa:

𝑈𝐸 𝐽 = 𝛼𝑟+ + 𝛽𝑟- + 1 − 𝛼 − 𝛽 𝑟. 𝜋+ 𝛼N𝑟+ +𝛽N𝑟- + 1 − 𝛼N −𝛽N 𝑟. 1 − 𝜌 + 𝑟"𝜌 1 − 𝜋 − 𝑝

Incorporemos agora o retorno esperado de se enviar os filhos à escolabilíngue.Casooptepelaescolabilíngue,oretornoesperadoparaopaié:

𝑈𝐸 𝑏𝑙 = 𝛼NNN𝑟+ +𝛽NNN𝑟- + 1 − 𝛼NNN −𝛽NNN 𝑟. − 𝑐.S= 𝛼𝑟+ + 𝛽𝑟- + 1 − 𝛼 − 𝛽 𝑟. − 𝑐.S

Para simplificar a análise dos casos, supomos que vale a condição𝑈𝐸 𝐵 > 𝑈𝐸 𝐶 ,comodiscutidonocapítuloanterior,ouseja,émelhorenviarofilhoàescolabrasileiradoquedeixa-loemcasa.

Comparandoastrêsopçõesrestantes,obtemososseguintesresultados:

𝐵 ≻ 𝑏𝑙 ⟺ 𝑐.S − 𝑐O > 𝛼 − 𝛼NN 𝑟+ − 𝑟. (9)

𝐽 ≻ 𝑏𝑙 ⟺ 𝑐.S − 𝑝 > 𝛼𝑟+ + 𝛽𝑟- + 1 − 𝛼 − 𝛽 𝑟. 1 − 𝜋 − 𝑟" 1 − 𝜋 𝜌

− 𝛼N𝑟+ + 𝛽𝑟- + 1 − 𝛼N − 𝛽 𝑟. 1 − 𝜋 1 − 𝜌 (10)

Acondição (9)acimadizqueseocusto (financeiro)adicionaldaescolabilíngue ultrapassar o benefício salarial esperado marginal (o adicional deprobabilidade 𝛼 − 𝛼NN de conseguirumsaláriomelhor comparado comopior𝑟+ − 𝑟. , então a família preferirá encaminhar o filho para a escola brasileiramaisbarata.

Otermoàesquerdadacondição(10)éocustoadicionallíquidodaescolabilíngue em relação à escola japonesa. Como no caso da escola japonesa há ocustodeadaptação,𝑝,essecustodevesersubtraídodocustofinanceirodaescola

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bilíngue. Jáo termoàdireitarefleteprimeiramenteoganhoadicionalderendada escola bilíngue devido ao fato de que não mais existe o problema deadaptação(primeirosomando)aoqualsesubtraiarendaesperadaquandonãoháadaptaçãoàescolajaponesa(segundoeterceirosomandos).

Aanálisedessasduascondiçõessugerequeseocustofinanceiroadicional𝑐daescolabilíngue formuitoelevado,a famíliapreferiráumadasoutrasduasalternativasàescolabilíngue.Suponha,porexemplo,quevalhaacondição (7).Então,seacondição(9)tambémforválida,afamíliaoptaráporcolocarofilhonaescolajaponesaclássica,mesmotendoaopçãodaescolabilíngue.

A Tabela 1 abaixo apresenta todas as possíveis configurações relativasdosparâmetroseasconsequentesescolhasdasfamílias,emque¬(𝑋)significaarelação oposta à condição(𝑋); por exemplo,¬(7) ⟺ (8). Por simplicidade,excluímosdaanáliseoscasosdeindiferença.

Tabela1.OsparâmetrosdoproblemaeasrespectivasdecisõesquantoaoestudodascriançasbrasileirasnoJapão.

Caso Comparação 𝐵&𝐽 𝐵&𝑏𝑙 𝑏𝑙&𝐽 Decisão

A Condição (7) (9) (10) 𝐵

Interpretação 𝐵 ≻ 𝐽 𝐵 ≻ 𝑏𝑙 𝐽 ≻ 𝑏𝑙

B Condição (7) (9) ¬(10) 𝐵

Interpretação 𝐵 ≻ 𝐽 𝐵 ≻ 𝑏𝑙 𝑏𝑙 ≻ 𝐽

C Condição (7) ¬(9) ¬(10) 𝑏𝑙

Interpretação 𝐵 ≻ 𝐽 𝑏𝑙 ≻ 𝐵 𝑏𝑙 ≻ 𝐽

D Condição ¬(7) (9) (10) 𝐽

Interpretação 𝐽 ≻ 𝐵 𝐵 ≻ 𝑏𝑙 𝐽 ≻ 𝑏𝑙

E Condição ¬(7) ¬(9) (10) 𝐽

Interpretação 𝐽 ≻ 𝐵 𝑏𝑙 ≻ 𝐵 𝐽 ≻ 𝑏𝑙

F Condição ¬(7) ¬(9) ¬(10) 𝑏𝑙

Interpretação 𝐽 ≻ 𝐵 𝑏𝑙 ≻ 𝐵 𝑏𝑙 ≻ 𝐽

Fonte:Elaboraçãoprópria

OscasosAeBcorrespondemàsituaçãoemqueocustodaescolabilíngueé muito elevado, de forma que, mesmo que a escola bilíngue seja preferida àescolajaponesa(casoB),afamíliaaindaprefereaescolabrasileira.

Os casos C e F correspondem às situações em que a escola bilíngueconsegueoferecerseusserviçosabaixocusto,deformaque,independentemente

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dafamíliapreferiraescolabrasileiraà japonesaouvice-versa,asvantagensdaescolabilínguesesobressaemàsduas.

Finalmente,oscasosDeEcorrespondemàssituaçõesemqueocustodeadaptaçãoàescolajaponesaébaixo,bemcomooriscodeabandonodessaescola,deformaquesuagratuidadefazcomqueasfamíliasprefiramcolocarseusfilhosnessaescola,mesmoqueaescolabilínguesejasuperioràescolabrasileira(casoE).

4.4.Discussão:Umaalternativalimitada

Existemexemplosde escolasbilíngues funcionandobemnomundo.EmBrasília,a“EscoladasNações/Schoolof theNations”(www.schoolofthenations.com.br)funcionacomessafilosofiadesde1980ensinandonaslínguasinglesaeportuguesa.EmManaus,iniciasuasatividadesnestedia15defevereirode2016a primeira escola pública bilíngue português-japonês, a Escola Estadual deTempoIntegralBilínguePortuguês/JaponêsProfessorDjalmadaCunhaBatista(http://saopauloshimbun.com/br/amazonas-inaugura-a-primeira-escola-publica-bilingue-com-idioma-japones/). Trata-se de uma escola em tempointegralqueoferecerá cursosnasduas línguas, aindaque seguindoo currículobrasileiro.

NãoconstadoconhecimentodestepesquisadoraexistêncianoJapãodeescolas bilíngues Português-Japonês segundo o conceito estrito aqui definido.Parece haver a nível pré-escolar algumas opções em outras línguas(http://www.tokyowithkids.com/discussions/messages/151/952.html?1358704423) mas não a nível mais avançado. Instituto Educacional TS Recreaçãorecentemente inaugurou uma pré-escola bilíngue reconhecida pelo governojaponês, de quem recebe apoio financeiro, e também aberta aos alunosjaponeses.

Considerandooreduzidonúmerodeescolasbilíngues,parecehaverumaoportunidadedenegóciosproveitosatanto financeiramente,quantoemtermosde garantia de melhor futuro profissional para algumas de nossas crianças,especialmenteaníveldeensinoformal,ouseja,nívelescolar(ensinoelementaremédio).

Vale lembrar também que o reduzido número de escolas bilínguesexistente está relacionado com os custos envolvidos. A escola pública bilíngueemManausacimacitada,porexemplo,seráumaescoladeturnointegral.Ocustodeumaescolabilíngueprivada faz comquemuitospaisoptempornãoenviarseusfilhosaessainstituição,ouseja,aconteceumdoscasosA,B,DouE.

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Casoaescolabilíngueinteressenúmerosuficientedefamíliaseconsigasemanter financeiramente, então sua função social estará bem desempenhada,ainda que seu benefício seja provavelmente reduzido a uma elite maisprivilegiadafinanceiramente.

Oqueocorrerácasoaescolanãoconsigaumnúmerodealunossuficienteparacobriroselevadoscustosassociadosaoensinobilíngue?Entãoaescolateráqueseajustarfinanceiramenteparaevitarafalência.Existemduasformasdesefazerisso.Aprimeiraéaumentarsubstantivamenteasmensalidades.Nessecaso,perderáaindamaisalunos,oquepodenãoresolversuasituaçãofinanceira.Casoresolve, então se tornará uma escola ainda menor e voltada para uma classeaindamaisreduzidadecidadãosmaisprivilegiadosfinanceiramente,acentuandoseucaráterdeelite.

A segunda é adequar custos, reduzindo o número e/ou a qualidade docorpodocente, juntando turmasdediferentes séries, condensandooprogramaacadêmico, reduzindo horas de atividade. Muito provavelmente focará suasatividades didáticasmais fortemente emumadas duas línguas, para reduzir aquantidadedeprofessores contratados, afetando fortementeonívelde ensino.Nessecaso,aescolaqueinicialmentesebaseavaempropostacurriculararrojadabilíngue, termina impossibilitada de garantir o nível acadêmico almejado, nalíngua japonesa, na língua portuguesa ou, no pior dos casos, em qualquer daslínguas. Considerando as entrevistas realizadas, bem como os relatosencontrados na internet, parece a este pesquisador que as escolas brasileirasexistentesnaatualidade,aindaquealgumassedefinamcomobilíngues,sofremdosproblemasdescritosnoparágrafoacima.

Em outras palavras, apesar de sua intenção inicial ambiciosa, a escolabilínguedependedomercadopara semanter.Casoos custos se tornemmuitoelevados,ocasionandograndeabandonodealunos,oresultado finalpodeviraserumaescolabilínguenaintenção,masumaescolaincapazdeoferecerensinocompletoemqualquerdasduaslínguas,gerandooqueamídiajaponesachamadecrianças“duplamente limitadas”.Essasituação,queparecesertragicamentecomum no Japão atual (vide http://elisafuji.blogspot.jp/2010/03/criancas-brasileiras-no-japao.html), é extremamente preocupante. Do ponto de vista domodelodeteoriadosjogos,oqueestariaacontecendoéqueasduasramasmaisà direita do jogo descrito na Figura 2 se tornam, ao longo do tempo,essencialmenteequivalente,ouseja:𝛼NN = 𝛼NNN(e𝛽′′ = 𝛽′′′comoantes),deformaque aquilo que possa ter surgido comoum substituto perfeito (e até superior,pela facilidade de adaptação dos alunos) à escola japonesa, volta a ser umsubstitutoimperfeito,conformeestudadoanteriormente.

Emsuma,apresenteanálisesugereque,quandomuito,aescolabilíngueseráummecanismocapazdebeneficiarumaelitede famíliaseconomicamentefavorecidas que terão recursos suficientes para manter seus filhos em escola

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cara de elevada qualidade acadêmica. No pior dos casos, a escola bilíngue setransformaráamédioprazoemescolabrasileira,substitutaimperfeitadaescolajaponesa, com o risco de formar cidadãos “duplamente limitados” cominsuficiente conhecimento da língua portuguesa, da língua japonesa e doconteúdocurricular,sejaelebrasileirooujaponês.

Portanto,grandepartedasfamílias,aquelassemcondiçõesfinanceirasdepagar o custo de uma escola de elite, estarão essencialmente na condiçãoapresentadanocapítuloanterior,deformaqueosproblemasmencionadosnãoserãoresolvidos.

Apróximaseçãoapresentaumapropostaalternativadefilosofiadeescolabrasileira comoescolade suporte, complementar à escola japonesa, que temopotencialderesolverosproblemasdiscutidosanteriormente.

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5.Umasoluçãocompatívelcomosincentivos:Aescolabrasileiracomocomplementoàescolajaponesa

5.1.Introdução

Atéomomento,todasasalternativasinstitucionaisàescolajaponesa,sejaa escola brasileira, seja a escola bilíngue, se configuravam como substitutas àescolajaponesa,ouseja,acriançanãopodefrequentaraescolajaponesa.Vimos,noentanto,quemnenhumadasalternativasseconfiguracomo imperfeitasporserem ou demasiadamente caras (a escola bilíngue) ou incapaz de oferecer asmesmasperspectivasprofissionaisfuturas.

Analisando cuidadosamente as razões que afastam os alunos da escolajaponesa,pudemosidentificarosseguintesfatores:

i)O limitadodomínioda língua japonesadificulta a compreensãodo conteúdoacadêmicoensinado,comprometendoodesempenhodacriança.

ii) O desempenho limitado e a dificuldade de comunicação fazem com que osdemaisalunosossegreguem(bullying,ijime).

iii) O baixo desempenho e a segregação resultante da baixa comunicabilidadereduzem a autoestima das crianças, reforçando seu baixo desempenhoacadêmico,seudistanciamentoeisolamentodogrupo.

iv) As dificuldades de expressão dos pais na língua japonesa, bem como seushorários rígidos e longos de trabalho, dificultam a comunicação entre pais emestreseescola,reduzindoaperspectivadeintegraçãodacriançanoambienteescolar.

v)Oreduzidodomíniodalínguajaponesaedoconteúdoacadêmicoimpedemospaisdeauxiliarnodesenvolvimentodastarefasdecasa,reduzindoaindamaisodesempenhoescolardascrianças.

Essesfatorestodosestãorepresentadosnomodelopeloparâmetro𝑝.

Por outro lado, também concluímos que o sucesso na escola japonesagarante a melhor perspectiva de sucesso profissional futuro para as crianças.Portanto, caso os fatores acima possam ser minimizados, então existe aperspectivademudançanadecisãodasfamílias.

Nestaseçãoapresentamosumanovaalternativa,deummodeloadicionaldeescolabrasileira,quetemasseguintescaracterísticas:

i)Écompatívelcomafrequênciadascriançasnaescolajaponesa.

ii) Possibilita um melhor desempenho acadêmico das crianças na escolajaponesa.

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iii)Possibilitaumamelhorcomunicaçãoentrepaisbrasileiroseescolajaponesa.

iv)Fortaleceaautoestimadascriançasbrasileiras.

v)Usadeformamaiseficienteeconcentradaosrecursosdaescolabrasileira,deformaanãoaumentarocusto,nemparaospais,nemparaasprópriasescolas,emcomparaçãocomomodelotradicionaldeescolabrasileira.

vi)Permiteamanutençãodomodeloatualdeescolabrasileiracomosubstitutoda escola japonesa, pois o horário horário desta nova escola é complementar.Portanto,umaescolabrasileiratradicionalpodeadotaronovomodelosemabrirmãodesuaestruturaatual.

5.2.Modelagem

A Figura 4 apresenta o novomodelo de escola proposto. Esta escola évoltada para os alunos brasileiros que vão à escola japonesa. Após a escolajaponesa,essesalunossedirigemàescolabrasileira,ondereceberãoatençãoemumsistemadotipo“afterschool”.AdiferençadestemodelodeafterschoolcomaquelejáadotadoporalgumasescolasbrasileirasnoJapão,équeofoconãoseráocurrículoacadêmicobrasileiro.Ofocoseránoseguintetripé:

(1)Criarumaestruturadesuporteacadêmicoparaosucessonaescolajaponesa.

(2)Criarumaestruturadesuportepsicológicoparaosucessonaescolajaponesaenodia-a-dia.

(3) Manter a língua portuguesa como língua de herança e reforçar a herançaculturalbrasileira.

O suporteacadêmico serádadoporprofessoresbilínguesque consigamreforçaroconteúdoensinadonaescolajaponesa,ouaindaporprofessorjaponêscomoapoiodeintérpretebrasileiro.Paraumaescolamenor,alunosdediversasséries poderão estar juntosnamesma sala, o que fará comqueo suporte sejabaseado na demanda dos alunos, das suas dúvidas quanto ao conteúdo recémaprendido,dasdúvidasnaresoluçãodosdeveresdecasa.Paraumaescolamaior,alunosdemesmasérieestarão juntos, facilitandoa coordenaçãoda revisãodoconteúdo.

Paradisciplinasuniversaiscomomatemáticaoucomputação,osprópriosprofessoresdaescolabrasileiradiurnapoderãotambémtrabalharnessaescolaque se inicia após a escola japonesa. Para matérias mais específicas, como alíngua japonesa, um esforço adicional será necessário para selecionarprofessoresque conheçamminimamentea línguaportuguesapara ensinar aosalunosbrasileirosemambienteadequado,ouaindaparaencontrar intérpretesqualificados.

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O suporte psicológico é tão importante quanto o suporte acadêmico edeveseroferecidoporpsicólogose/oupsicopedagogos,quedevemgarantirumambiente acolhedor e de reforço da autoestima dos alunos. Devem servir deinterlocutoresentreosalunos,ospaiseaescola japonesa,oferecendoserviçosdetraduçãodemensagensenviadaspelaescolajaponesaaospaisbrasileirosoumesmo participar de reuniões com profissionais da escola japonesa. De sumaimportânciaéaaçãodospsicólogosnosentidodeajudarosalunosaentenderemque suas particularidades, que geram algumas dificuldades na escola japonesaem termos de entendimento e de desempenho acadêmico, também são umaforça, uma vantagem em termos de experiência, de flexibilidade, deconhecimentodeuma culturadistinta e aberturade espírito que lhes colocampotencialmenteàfrentedoscolegasnaescolajaponesa.

Finalmente, um horário deverá ser reservado pata o reforço da línguaportuguesa como língua de herança, além do reforço da herança culturalbrasileira,visandomanterovínculodacriançacomopaísdeseuspais.

Este modelo de escola está representado na rama inferior direita daárvoredejogonaFigura4.Vê-sequesetrataessencialmentedeumaréplicadaramaesquerdaemqueoalunovaiapenasparaaescola japonesa.Assimcomoquando a criança vai apenas para a escola nipônica, há a possibilidade de nãoadaptaçãoe, portanto, abandonodessaescola, havendomesmoapossibilidadedeabandonototaldosestudos.Nocasodenãoadaptação,acriançaaindatemapossibilidadedemudarparaumaescolabrasileiratradicional,queaacolheráemsubstituiçãoàescolajaponesa.

Figura4.Onovomodelodeescolabrasileiradesuportecidadão.

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Fonte:Elaboraçãoprópria

A principal diferença entre esses dois ramos são as probabilidades de

EscolaJaponesa

EscolaBrasileira

F

EscolaBilíngue

𝑟"

Nãoiràescola

N

Superior

Médio Brasil

{𝛼NN} {𝛽NN} {1 − 𝛼NN − 𝛽NN}

𝑟+ − 𝑐O 𝑟. − 𝑐O𝑟- − 𝑐O

N

Superior

Médio Brasil

{𝛼NNN} {𝛽NNN} {1 − 𝛼NNN − 𝛽NNN}

𝑟+ − 𝑐.S 𝑟- − 𝑐.S

𝑟. − 𝑐.S

EscolaJaponesaseguidadeescolabrasileira

{𝛽′}{𝛼′}{𝛼} {1 − 𝛼 − 𝛽}{𝛽}

BrasilMédio

Superior

{𝜌}

{𝜋}

NãoseadaptaAdapta-se

N

N

{1 − 𝛼′ − 𝛽′}

MédioSuperior

𝑟+ − 𝑝 𝑟- − 𝑝 𝑟. − 𝑝

NN

𝑟+ − 𝑝 𝑟- − 𝑝 𝑟. − 𝑝 𝑟" − 𝑝

AbandonaEscolaBrasileira

{1 − 𝜋}

{1 − 𝜌}

Brasil

{𝛼∗∗}{𝛼∗} {1 − 𝛼∗ − 𝛽∗}{𝛽∗}

BrasilMédio

Superior

{𝜌∗}

{𝜋∗}

NãoseadaptaAdapta-se

N

N

{1 − 𝛼∗∗ − 𝛽∗∗}

MédioSuperior

NN

𝑟+ − 𝑝− 𝑐O

𝑟- − 𝑝− 𝑐O

𝑟. − 𝑝− 𝑐O

𝑟" − 𝑝

AbandonaEscolaBrasileira

{1 − 𝜋∗}

{1 − 𝜌∗}

Brasil

{𝛽∗∗}

𝑟+ − 𝑝− 𝑐O

𝑟- − 𝑝− 𝑐O

𝑟. − 𝑝− 𝑐O

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adaptação à escola japonesa𝜋∗, de abandonar os estudos,𝜌∗, bem como asprobabilidades de sucesso profissional futuro,𝛼∗ ,𝛽∗ ,𝛼∗∗ ,𝛽∗∗ e os custos(psicológicos) 𝑝 associados à escola japonesa quando a criança frequenta aescolabrasileiraafterschool.

Aseguirdiscutimoscadaumdessesnovosparâmetros.

Emprimeirolugar,eesseéumdosprincipaispapéisdonovomodelodeescola, a escola brasileira ao apoiar o aluno acadêmica e psicologicamente oaluno brasileiro, reduz fortemente o custo psicológico de frequentar a escolajaponesa,ouseja,𝑝 ≪ 𝑝.Poressamesmarazão,reduzaprobabilidadedacriançanão seadaptarà escola japonesa, ou seja,𝜋∗ ≫ 𝜋.Ademais,mesmono casodacriançanãoseadaptar,aexistênciadeambienteculturalmentereconfortantenaescola brasileira after school, além do acompanhamento psicológico que lá éfeito,reduzasprobabilidadesdacriançaabandonartotalmenteaescola,ouseja,𝜌∗ ≪ 𝜌.

Resta agora discutir as probabilidades𝛼∗,𝛽∗,𝛼∗∗,𝛽∗∗. Parece naturalesperar que, tendo o apoio adicional da escola brasileira after school, asprobabilidadesno ramo inferiordireito sãomais favoráveis ao sucessoquenoramoinferioresquerdo.Noentanto,parafacilitaraanálise,supomosidentidadeentreessasprobabilidades,ouseja,𝛼∗ = 𝛼,𝛽∗ = 𝛽,𝛼∗∗ = 𝛼′,𝛽∗∗ = 𝛽′.Notequeestahipótesetornaonovomodeloaquipropostomenosatraente.Portanto,casoconcluamos que o novo modelo é preferido pela família, esse resultadorepresentaráaindamaisfortementeasvantagensdaproposta.

5.3.Resolução

Neste modelo mais rico e abrangente em termos de oportunidades deescolhadafamília.Asopções,esuasrespectivasutilidadesesperadassãoagora:

(i)Manterofilhoemcasa:

𝑈𝐸 𝐶 = 𝑟"

(ii)Enviarofilhoàescolabrasileiraemsubstituiçãoàjaponesa:

𝑈𝐸 𝐵 = 𝛼NN𝑟+ +𝛽NN𝑟- + 1 − 𝛼NN −𝛽NN 𝑟. − 𝑐O= 𝛼NN𝑟+ + 𝛽𝑟- + 1 − 𝛼NN − 𝛽 𝑟. − 𝑐O

(iii)Enviarofilhosomenteàescolajaponesa:

𝑈𝐸 𝐽 = 𝛼𝑟+ + 𝛽𝑟- + 1 − 𝛼 − 𝛽 𝑟. 𝜋 + 𝛼N𝑟+ +𝛽N𝑟- + 1 − 𝛼N −𝛽N 𝑟. 1 −𝜌 + 𝑟"𝜌 1 − 𝜋 − 𝑝

(iv)Enviarofilhoàescolabilíngue:

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𝑈𝐸 𝑏𝑙 = 𝛼NNN𝑟+ +𝛽NNN𝑟- + 1 − 𝛼NNN −𝛽NNN 𝑟. − 𝑐.S= 𝛼𝑟+ + 𝛽𝑟- + 1 − 𝛼 − 𝛽 𝑟. − 𝑐.S

(v)Enviaràescolabrasileiradereforçoapósaescolajaponesa:

𝑈𝐸 𝐵𝐽 = 𝛼𝑟+ + 𝛽𝑟- + 1 − 𝛼 − 𝛽 𝑟. 𝜋∗ + 𝛼N𝑟+ +𝛽N𝑟- + 1 − 𝛼N −𝛽N 𝑟. 1 − 𝜌∗ + 𝑟"𝜌∗ 1 − 𝜋∗ − 𝑝 − 𝑐O 𝜋∗ + 1 − 𝜋∗ 1 − 𝜌∗

Considerando as análises anteriores que sugerem o custo elevado daescolas bilíngues, faremos apenas a comparação entre as seguintes opções:Escolajaponesa,escolabrasileiracomosubstituto,escolabrasileiraafterschool.Maisprecisamente,estamosinteressadosnasituaçãoemqueafamíliaprefereaescola brasileira tradicional à escola japonesa, ou seja, supomos que vale aseguintecondição:

𝑈𝐸 𝐵 > 𝑈𝐸 𝐽 :

𝑝 − 𝑐O >

𝛼𝑟+ + 𝛽𝑟- + 1 − 𝛼 − 𝛽 𝑟. 𝜋+ 𝛼N𝑟+ +𝛽N𝑟- + 1 − 𝛼N −𝛽N 𝑟. 1 − 𝜌 + 𝑟"𝜌 1 − 𝜋− 𝛼NN𝑟+ +𝛽NN𝑟- + 1 − 𝛼NN −𝛽NN 𝑟.

Comparandoasopções(iii)e(iv),ouseja,escola japonesaversusescolajaponêsebrasileira,vemosfacilmenteque,como𝜋∗ ≫ 𝜋e𝜌∗ ≪ 𝜌,então:

𝛼𝑟+ + 𝛽𝑟- + 1 − 𝛼 − 𝛽 𝑟. 𝜋∗

+ 𝛼N𝑟+ +𝛽N𝑟- + 1 − 𝛼N −𝛽N 𝑟. 1 − 𝜌∗ + 𝑟"𝜌∗ 1 − 𝜋∗ >

𝛼𝑟+ + 𝛽𝑟- + 1 − 𝛼 − 𝛽 𝑟. 𝜋+ 𝛼N𝑟+ +𝛽N𝑟- + 1 − 𝛼N −𝛽N 𝑟. 1 − 𝜌 + 𝑟"𝜌 1 − 𝜋

Portanto, se 𝑝 > 𝑝 + 𝑐O 𝜋∗ + 1 − 𝜋∗ 1 − 𝜌∗ , então as famíliaspreferirãoaonovomodeloaenviarosfilhossomenteàescolajaponesa.

Observe que que, como𝑝 ≪ 𝑝, a condição acima é facilmente satisfeita.Eladizqueocustoadicionalcomaescolabrasileira,descontadodosbenefíciosfuturos em termos de probabilidade de sucesso, é suficientemente baixo paraque,somadoaoreduzidocustopsicológico𝑝,nãoultrapasseocustopsicológicodoimpactodaescolajaponesasemoapoiodaescolabrasileiraafterschool.

Valenotarquese tratadeumacondiçãosuficiente,masnãonecessária.Issoporqueháobenefícioadicionaldomaiorsalárioesperadocomessaescolha.

Comparandoagoracomaescolabrasileiratradicional,temosqueonovomodeloserápreferívelaoanteriorse:

𝛼𝑟+ + 𝛽𝑟- + 1 − 𝛼 − 𝛽 𝑟. 𝜋∗

+ 𝛼N𝑟+ +𝛽N𝑟- + 1 − 𝛼N −𝛽N 𝑟. 1 − 𝜌∗ + 𝑟"𝜌∗ 1 − 𝜋∗

− 𝛼NN𝑟+ +𝛽NN𝑟- + 1 − 𝛼NN −𝛽NN 𝑟. > 𝑝 − 𝑐O 1 − 𝜋∗ − 1 − 𝜋∗ 1 − 𝜌∗

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Valenotarqueotermoàdireitadadesigualdadeébemmenorque𝑝 − 𝑐O .Como o termo à esquerda se encontra aumentado em relação ao termocorrespondente à escola japonesa sem after school, então esta condição serealizarácomaltaprobabilidade.

Defato,esperamosquevalhamasseguintesdesigualdades:

𝛼𝑟+ + 𝛽𝑟- + 1 − 𝛼 − 𝛽 𝑟. 𝜋∗

+ 𝛼N𝑟+ +𝛽N𝑟- + 1 − 𝛼N −𝛽N 𝑟. 1 − 𝜌∗ + 𝑟"𝜌∗ 1 − 𝜋∗ − 𝑝− 𝑐O 𝜋∗ + 1 − 𝜋∗ 1 − 𝜌∗

>𝛼NN𝑟+ +𝛽NN𝑟- + 1 − 𝛼NN −𝛽NN 𝑟. − 𝑐O >

𝛼𝑟+ + 𝛽𝑟- + 1 − 𝛼 − 𝛽 𝑟. 𝜋+ 𝛼N𝑟+ +𝛽N𝑟- + 1 − 𝛼N −𝛽N 𝑟. 1 − 𝜌 + 𝑟"𝜌 1 − 𝜋 − 𝑝

Acondiçãoacimaequivaleadizerque:

𝑈𝐸 𝐽𝐵 > 𝑈𝐸 𝐵 > 𝑈𝐸 𝐽 (*)

Ouseja,omodelotradicionaldeescolabrasileiracomosubstitutoàescolajaponesaépreferível à escola japonesadevidoaoelevado custopsicológicodeadaptação e os riscos de abandono. No entanto, a escola japonesacomplementada pela escola brasileira em novo modelo de after school seconfigura como amelhor das opções, pois garante omelhor de dois sistemas:garanteamelhorformaçãoacadêmicadosistemajaponês,egaranteumamelhoradaptaçãoàescoladosistemabrasileiro.

Chamamosa condição (*)de condiçãode compatibilidadede incentivosda escola brasileira complementar. É justamente para essas famílias para asquais a condição (*) é satisfeita que a nova proposta de escola brasileira seráextremamente importante,egarantiráumfuturopromissorparaosbrasileirosnoJapão.

5.4.Discussão

É importante entender alguns aspectos fundamentais relacionados aonovomodelodeescolabrasileiraaquiproposto,queo tornamparticularmentedesejávelnasituaçãopelaqualpassamasescolasbrasileirasatualmente.

(i)Emprimeirolugar,omodelonãonecessariamenteenvolvecustosadicionais,nemparaasfamílias,nemparaasescolas.Defato,comoessemodelopermiteàsescolasfuncionarememhorárioreduzido,estaseconomizarãocustos,tantocom

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amanutenção,comocomopagamentodefuncionários.Essaeconomiapodeserdirecionada para contratação de professores mais preparados para o novomodelo e de psicólogos. Portanto, não há necessidade de aumento demensalidades.

(ii)Casoexistanúmerosuficientedealunosaindadesejososdepermanecernaescola brasileira em tempo integral, omodelo de escola substituta à japonesa,umamesmaescolapodeexpandir suasatividadesoferecendoosdoismodelos,paragruposdealunosdistintos.Chamoaatençãodequealgonessadireção jáocorre em algumas escolas brasileiras que oferecem curso integral seguindo ocurrículobrasileiro, e “afterschool”de línguaportuguesaparaaquelesquevãoparaaescolajaponesa.

(iii) Portanto, a proposta não implica no fechamento do modelo de escolasubstituta.Caberáacadaescolaverificarquemodeloserámaisadequadoparaasnecessidadesdeseusalunos,podendoinclusive,conformeditoacima,manterosdoismodelos.

(iv)AcomunidadebrasileiranoJapãoéextremamentedinâmicaesuarealidademudamuito rapidamente. Emmenos de 10 anos passamos de um número deaproximadamente 300 mil brasileiros para aproximadamente 170 mil, após ochoquefinanceirointernacional.EssareduçãodonúmerodebrasileirosnoJapãonecessariamente obrigada as escolas brasileiras a se reestruturarem. Muitaspodem deixar de ter número de alunos suficiente para amanutenção de umaescoladetempointegral.Aopçãopela“afterschool”,aoreduzircustos,podeviraserumasoluçãoparaosproblemasfinanceirosenfrentadosporalgumasdessasescolas.

(v)Quantomaisosbrasileirosseadaptaremàsociedadejaponesa,menorseráocustopsicológicoassociadoàescolanipônica,oquepoderágerarumatendêncianatural à redução de famílias interessadas no sistema de turno integral.Novamente,a“afterschool”seconfigurariacomoumasoluçãoparaessareduçãode alunos no modelo tradicional, uma vez que, mesmo adaptados à língua ecultura japonesa, os descendentes de brasileiros continuarão interessados namanutençãodaherançalinguísticaeculturaldeseusantepassados.

(vi)OconceitodeafterschooljáexistenoJapãoeéestimuladopeloministériodaeducação japonês. Trata-se do sistema Gakudou hoiku:学童 保育. O fato dosistematerapoiogovernamental,significaque,amédioprazo,aescolabrasileirapodevirasequalificarparareceberrecursosfinanceirosdogovernojaponês,oqueresolveráasdificuldadesfinanceiraspelasquaispassamessasinstituições.

(vii)Comoapropostanãoimplicaemobrigatoriedadedemudançaimediatademodelo,elasatisfazacondiçãodeRacionalidadeIndividualeaquelasescolasqueoptarem pela mudança voluntária estarão satisfazendo a condição deCompatibilidadedeIncentivos.

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(viii)Oapoiofinanceiro,pormeiodebolsasdeestudoaosalunos,comonocasodaMitsui/ABIC,favoreceaescolabrasileirasobreaescolajaponesa.Seosalunosbrasileirospuderemusaralgumtipodebolsatambémparaonovomodelo,entãoesse modelo se tornará ainda mais atraente, aumentando ainda mais aquantidadedealunosqueoptarãopelonovomodeloe,consequentemente,commaioresexpectativasdesucessoprofissionalfuturo.

(ix) Há ainda a possibilidade do modelo se expandir para incorporar outrasnacionalidadesalémdabrasileira,comojáfazaONGNoBorders6.Essaexpansãotambémcontribuiráparaaestabilidadefinanceiradaescola.

Ademais, vale ressaltar os benefícios desse modelo para as criançasbrasileiras e suas famílias, especialmente na situação em que se encontramatualmente.

(i)Passagemda2ª.paraa3ª.geraçãodebrasileirosnoJapão(Nakaema,2014).Atingimos uma fase da presença de brasileiros no Japão em que há grandenúmero de pais nascidos no próprio Japão, que têmmenor domínio da línguaportuguesa. Ademais, esses pais ainda têm maior facilidade de apoiar aadaptaçãodosfilhosporconheceremmelhoraculturajaponesaqueaprimeirageração. Por essas razões, para muitas crianças, o português agora deve serensinado como língua estrangeira. Finalmente, essas famílias têm maiorperspectivadepermanecernoJapãoqueaprimeirageraçãodedecasséguis.

(ii) O sistema educacional japonês é um dosmelhores domundo. Enquanto oBrasil sempre fica nos últimos lugares no PISA, o Japão sempre fica entre osprimeiros.Notestede2015oJapãoficouemsegundolugarnaáreadeciênciascom538pontos,porexemplo,enquantooBrasilcom401pontossomenteficouacimade7paísespoucodesenvolvidos7.PartedarazãodofracassodoBrasilnoPISAé justamente essemesmo currículoque se tenta ensinar aquino Japão, eque está sendo atualmente reformado. Portanto, é uma oportunidade perdidainsistir emummodelo em reformae abrirmãodeummodelo consolidadodesucesso.

(iii)Oscustosparaospaisdiminuirão,poisashorasserãoreduzidas,permitindoassim cobrir os custos de transporte, por exemplo. Em pesquisa desenvolvidaporestepesquisadorcomapoiodaEmbaixadadoBrasilemTóquioconstatou-sequeosprogramasdeafterschool,quandodisponíveis,cobravam,emmédiaumamensalidadede17780ienesenquantoasescolasbrasileirasemtempointegralcobravamemmédiamensalidadesde39140ienes.

(iv)Oapoioacadêmicodoafterschoolpossibilitaráummelhordesempenhodoaluno, reduzindo a evasão da escola japonesa. Com uma melhor formação no6https://www.npo-no-borders.com/portugu%C3%AAs/7Vide:https://www.oecd.org/pisa/pisa-2015-results-in-focus.pdf

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japonês, os brasileiros terãomelhores condições de concorrer nomercado detrabalhojaponês,obtendoassimmaioresperspectivasdeascensãosocial.

(v) As escolas públicas japonesas também avançaram muito em suascapacidadesde apoiar as crianças estrangeirasnesses27anosde aplicaçãodareforma da lei de imigração. Com a emergência e a profissionalização dosprogramasdeClasseInternacionalnessasescolas,acriançabrasileirajáteráumapoiodelínguaportuguesaeumapoiodeconteúdoacadêmiconaprópriaescolajaponesa, de forma que uma instituição reforçará a outra, aumentando oaproveitamentodacriançanasduasinstituições.

Finalmente, convém ressaltar que o novo modelo apresenta benefíciosinclusiveparaoJapão,conformedescritobrevementeaseguir.

(i)Aopropiciara formaçãodecidadãoseguindoocurrículo japonês,omodelooferece cidadãos mais bem preparados para o mercado de trabalho japonês,contribuindo para o aumento da produtividade e da competitividade daeconomialocal.

(ii) Ao facilitar a integração, o modelo contribui para a redução das tensõessociais,reduzindoasdificuldadesdosbrasileirosse integraremàsociedadeemque,paramuitos,éondenasceramecresceram.

(iii)Emconsequência, tambémserãoreduzidososcustoscomacriminalidade,que, no caso dos brasileiros, é parcialmente uma consequência da falta deadaptaçãoàsociedadejaponesa.

(iv) Finalmente, vale notar que os brasileiros no Japão têm uma taxa defertilidade maior que os japoneses (Sakamoto, 2014), de forma que suapermanência no país implica em redução do elevado custo associado aoenvelhecimentopopulacional.

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6.Desafiosparaaimplantação

A análise pregressa enfoca os aspectos positivos do novo modelo deescolabrasileiraafterschool,comocomplementonolugardesubstitutoàescolajaponesa. O modelo proposto traria benefícios gerais, tanto para as famílias,comoparaasescolasemesmoparaoJapão.Diantedisso,surgenaturalmenteaseguintequestão:Porqueessenãoé,atualmente,omodelodominantedeescolabrasileiranoJapão?

Qualquer resposta simples a essa indagação será seguramenteincompleta,umavezquese tratadeumaquestãoextremamentecomplexa.Noentanto,pode-seenumerarosseguintespontos.

(i) Existe um custo inicial de implementação relacionado ao planejamento, àseleçãoecontrataçãodeprofessores,aoalugueldeespaço físicocasooespaçoqueéusadoatualmentenãoestejadisponível.

(ii)Existeumcustodetransporteparaaescolabrasileiraapósaescolajaponesaque pode vir a reduzir a demanda pelo novomodelo. Vale notar que algumasescolas japonesas se encontramem locais distantes dos centrosdas cidades, oquetornamaisdifíciloacesso.

(iii) Há incerteza geral quanto à demanda por esse tipo de serviço e tambémquantoàcapacidadeadministrativadaescoladeimplementaressenovomodelo.

(iv)Existeapreocupaçãodesobrecargaexcessivaimpostaaosalunosbrasileirosemtermosdetempodeestudoquandoestesvãoàescolabrasileiraapósaescolajaponesa.

(v)Existeapreocupaçãodequeasatividadesextracurriculares(“clubactivities”)dequeosalunosparticipamapósohorárioescolarregularimpeçaestascriançasdeiràescolabrasileira.

(vi)Algumasdireçõesdeescolatêmumavisãoprofundamentearraigadadequeéfundamentalparaacriançabrasileirapassarodiaemumambienteemquealínguadominantesejaalínguaportuguesae,portanto,seopõem,porprincípio,adividirotempodacriançacomaescolajaponesa.

(vii) Algumas escolas foram surgindo a partir da experiência pessoal de seusdiretores, sem que houvesse uma gestão profissional do empreendimento.Nessescasos,ainovação,aindaquepassíveldegerarbenefíciosinclusiveparaaestabilidadefinanceiradainstituição,tendeaassustarosdirigentes.

(viii) Pesquisa conduzida por este pesquisador com auxílio da Embaixada doBrasil em Tóquio sugere que as mensalidades do modelo after school seriaaproximadamente a metade da mensalidade do modelo tradicional de tempointegral. Portanto, algunsdiretoresde escolapodem temer reduçãode receita,casoessemodelosetornedominante.

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(ix) O principal programa de apoio pormeio de bolsas existente, capitaneadopelaMitsui,seassentanoapoioàsescolasqueoferecemomodelotradicional,deforma que, inicialmente, não haveria bolsas desse programa para escolasoferecendoosistemadeafterschool.

Todosospontosenumeradossãopassíveisderejeiçãocasosejafeitaumaavaliaçãomaisprofundadostrade-offsenvolvidosnaadoçãodonovomodelo.Noentanto,éfundamentalentenderquevisõesarraigadasdemandammuitotempopara serem modificadas. Não é raro que setores inteiros da economiadesapareçam por se recusarem a aderir a inovações que, ao final, os tornamobsoletos.Aopiniãodestepesquisadoréqueàmedidaqueasescolasjaponesasaperfeiçoemseusprogramasinternacionais,osprópriospaisbuscarãocadavezmaisomodeloafterschool,deformaque,seasescolasatuaisnãoseadaptaremaele, outros empresários, inclusive de origem não-brasileira, ocuparão esseespaço,tirandoproveitodessaoportunidadedenegócio.

Enquanto essa tendência natural não sematerializa, no entanto, nossascrianças continuam perdendo a oportunidade de acesso a um dos melhoressistemas de ensino do mundo, bem como a oportunidade de uma maiorintegração no mercado de trabalho japonês. Para reduzir esse tempo, ummecanismo adequado de incentivos deve ser desenvolvido. A próxima seçãoapresentaumapropostaparaumtalmecanismo.

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7.Propostaparaaalavancagemdomodeloproposto

7.1.Característicasdomodeloproposto

Assim como o modelo atual de escola brasileira de tempo integraldependesignificativamentedeumsistemadebolsasaosalunos,paraqueosetorouse investir no novo modelo, alguma segurança deve ser-lhe oferecida. Estetrabalhopropõequeessasegurançatomeaformadeumnovosistemadebolsasdeestudo,nosmoldesdabolsacapitaneadaABIC/Mitsui,masvoltadaàscriançasque se comprometem a seguir o modelo: “Escola japonesa seguida de escolabrasileira after school”. O sistema de bolsas deverá ter as seguintescaracterísticas.

Paraosalunos:

(i) Os recipientes deverão sematricular tanto na escola japonesa, em períodoregular,comonaescolabrasileira,emperíodoafterschool.

(ii)Ocritériodeseleçãoseráanecessidade,dadaaexigênciaem(i).

(iii)Oscritériosdepermanênciaserãoanecessidadeeodesempenhoacadêmiconaescolajaponesa.

(iv)Oabandonodaescolajaponesaoudabrasileiraimplicaráemperdadabolsa.

Paraasescolas:

(i) As escolas em que os alunos poderão usar a bolsa deverão oferecer oprogramadeafterschoolnosmoldesaquipropostos.

(ii)Ocritériodeseleçãodaescolaseráaqualidadedoprogramadeafterschoolproposto,qualidadeessaqueseráperiodicamenteavaliada.

(iii)Oscritériosdepermanêncianoprogramaparaaescolaserãoanecessidadeeodesempenhodeseusalunosnaescolajaponesa.

Valenotarque,nomodeloproposto,nãoháanecessidadedainstituiçãoreceptora da bolsa ser denominada de escola. De fato, uma ONG como a NoBorders aparececomoainstituiçãonaturalparaofereceroprogramaproposto,tendo, naturalmente, todas as qualificações para receber os alunos agraciadoscomanovamodalidadedebolsa.

7.2.Osvaloresdabolsa

AONGNoBordersdesenvolveumprogramadeacompanhamentodo tipoafterschoolmuitopróximodomodelopropostonesteestudo(https://www.npo-

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no-borders.com/portugu%C3%AAs/), cobrando uma taxa extremamente baixade8000ienespormês.Consideremosqueoprogramaorapropostoofereçaumabolsa20000ienespormês.Entãocadaalunocustaria240milienesporano.

Oprogramadebolsaspoderiaserimplementadoprogressivamente,deformaaavaliarcuidadosamentesua implantação.Apropostaéque iniciecomumtotalde50alunosnoprimeiroano,oquedemandaria12.000.000ienes,oequivalenteaaproximadamente100,000.00dólaresamericanos.Esseprogramapoderiaserampliado progressivamente, podendo atingir 100 alunos ao um custo deaproximadamente200mildólaresamericanos.

7.3.Financiamentodonovoprogramadebolsasproposto

O novo programa de bolsas deverá ser novo e não retirar recursos doprograma ABIC/Mitsui. Essa sugestão se fundamenta nas seguintesconsiderações.Emprimeirolugar,qualquerremanejamentodosrecursosatuaisnessa direção tenderia a causar grande oposição por parte dos atuaisbeneficiários,oquepoderágerarumconflitodeinteressesnãosaudávelparaonovoprogramaproposto.Emsegundolugar,émuitobom,dopontodevistadeavaliação científica de programas, que os doismodelos subsistam para que, amédio prazo, possa-se comparar os resultados de cada um deles com oinstrumental da teoria de avaliação de projetos, de forma a determinar qualdeles, na prática, gera maior benefício às famílias brasileiras no Japão.Finalmente,em terceiro lugar, jáexistehojegrandecentralizaçãodoprogramadebolsaseumamaiordescentralizaçãopodeserbenéfica.

Apropostaéqueseconsigafontesnovasdefinanciamento,pormeiodecontatocominstituiçõesqueaindanãocontribuemcomacomunidadebrasileirano Japão, mas que dela se beneficiam, como as grandes empresasautomobilísticasedeeletrônica,porexemplo.

Pode-se ainda buscar financiamento no Brasil. Sugiro, em particular,buscar parceria com a Fundação Educar DPaschoal(http://www.educardpaschoal.org.br/proposito.php) e, sobretudo, a FundaçãoLemann (http://www.fundacaolemann.org.br/), que muito se preocupa com aescolarização das crianças brasileiras. Sugiro ainda contactar o MovimentoTodos Pela Educação (https://www.todospelaeducacao.org.br/quem-somos/o-tpe/).

Pode-se ainda iniciar uma campanha pulverizada, visando sobretudo acomunidadede empresários brasileirosno Japão, do tipo “Garanta o futurodeuma criança brasileira no Japão”. Se o valor da bolsa de 1 aluno for de 20000ienes,entãoumempresárioqueadote1alunoestarádesembolsandoaquantia

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de 240000 ienes por ano, o que equivale aproximadamente ao salário de umúnicomêsdeumempregadotípico.

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8.Conclusão

O presente trabalho buscou avaliar os incentivos à escolarização decriançasbrasileirasnoJapão,tendoporobjetivofinalmaximizarobem-estardasfamíliasbrasileiras residentesno Japão.O instrumentaldaanálise consistiudaTeoriadosJogosedaTeoriadeDesenhosdeMecanismos.Oprincipalresultadoobtido foi que, apesar da escola brasileira de tempo integral cumprir umimportante papel na escolarização das crianças brasileiras, ela é incompatívelcom o aproveitamento do sistema educacional público japonês, que tem semostradoumdosmelhoresdomundodeacordocomosexamesinternacionaisPISA.

De forma a proporcionar às crianças melhor acesso a esse sistemaeducacional, foipropostoomodelodeescolabrasileira complementaràescolajaponesa.Nessemodelo,acriançavaiàescola japonesano turnoregulare,emseguida, se dirige à escola brasileira em regime de after school, onde recebe:apoioacadêmicoparaomelhorentendimentodoconteúdodaescola japonesa;apoiopsicológicoparaenfrentaremmelhorescondiçõesosdesafiosqueaescolajaponesarepresenta;emanutençãodalínguaportuguesaedaculturabrasileiradeherança.

Os modelos formais estudados sugerem que o formato after schoolaumenta o bem-estar social das famílias brasileiras no Japão em comparaçãocomosdemaisformatosestudados,e,portanto,deveserestimulado.

Apesquisaconcluicomumapropostadecriaçãodeumsistemadebolsasde estudo dirigido exclusivamente aos alunos que enfrentam o desafio deestudarnaescolajaponesa,recebendoemseguidaoapoiodaescolabrasileiraeregimedeafterschool, de formaa fomentarumadisseminaçãomais rápidadonovomodelodeescolabrasileira.

À guisade conclusão, é aopiniãodestepesquisadorqueobrasileironoJapãopodeirmuitolonge,socialeeconomicamente,desdequelhesejamdadasas condições de competir empé de igualdade com seus concorrentes locais. Omodelopropostovisajustamentepropiciar-lheessascondiçõesdesucesso.

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The Economics and Politics (CNPq) Research Group started publishing its members’ working papers on June 12, 2013. Please check the list below and click at

http://econpolrg.com/working-papers/ to access all publications.

Number Date Publication

71/2017 06-16-2017 Escola japonesa ou escola brasileira? A inserção dos estudantes brasileiros na escola no Japão, Maurício Soares Bugarin

70/2017 04-17-2017 How the East was Lost: Coevolution of Institutions and Culture in the 16th Century Portuguese Empire, Bernardo Mueller

69/2017 04-10-2017 A reforma política sob o ponto de vista da análise econômica do direito, Pedro Fernando Nery and Fernando B. Meneguin

68/2016 07-14-2016 O dilema entre a eficiência de curto e de longo prazo no ordenamento jurídico e o impacto no crescimento econômico, Fernando B. Meneguin and Tomás T. S. Bugarin

67/2016 05-04-2016 A estrutura de capital de empresas brasileiras de capital aberto: uma análise de seus determinantes, João Pedro Bertani Catrib, Paulo Augusto P. de Britto and André Luiz Marques Serrano

66/2016 04-20-2016 Tests for history dependence in mixed-Poisson growth: Brazil, 1822-2000, and USA, 1869-1996, with an estimate of the world mixing distribution at start-up, Steve De Castro and Flávio Gonçalves

65/2016 04-13-2016 Piketty’s Prediction meets technical progress in Harrod-Domar’s Dynamics and Solow Swan’s Surrogate, Steve De Castro

64/2016 04-06-2016 Análise do impacto da alteração normativa na aposentadoria por invalidez no Brasil, Helvio Antonio Pereira Marinho, Moises de Andrade Resende Filho and Vander Mendes Lucas

63/2016 03-30-2016 Black movement: Estimating the effects of affirmative action in college admissions on education and labor market outcomes, Andrew Francis-Tan and Maria Tannuri-Pianto

62/2016 01-13-2016 Electronic voting and Social Spending: The impact of enfranchisement on municipal public spending in Brazil, Rodrigo Schneider, Diloá Athias and Maurício Bugarin

61/2015 12-02-2015 Alunos de inclusão prejudicam seus colegas? Uma avaliação com dados em painel de alunos da rede municipal de São Paulo, Bruna Guidetti, Ana Carolina Zoghbi and Rafael Terra

60/2015 12-02-2015 Impacto de programa Mais Educação em indicadores educacionais, Luís Felipe Batista de Oliveira and Rafael Terra

59/2015 10-21-2015 Eficiência de custos operacionais das companhias de distribuição de energia elétrica (CDEEs) no Brasil: Uma aplicação (DEA & TOBIT) em dois estágios, Daniel de Pina Fernandes and Moisés de Andrade Resende Filho

58/2015 10-14-2015 Determinantes do risco de crédito rural no Brasil: uma crítica às renegociações da dívida rural, Lucas Braga de Melo and Moisés de Andrade Resende Filho

57/2015 10-07-2015 Distribuição da riqueza no Brasil: Limitações a uma estimativa precisa a partir dos dados tabulados do IRPF disponíveis, Marcelo Medeiros

56/2015 10-01-2015 A composição da desigualdade no Brasil. Conciliando o Censo 2010 e os dados do Imposto de Renda, Marcelo Medeiros, Juliana de Castro Galvão and Luísa Nazareno

55/2015 09-24-2015 A estabilidade da desigualdade no Brasil entre 2006 e 2012: resultados adicionais, Marcelo Medeiros and Pedro H. G. F. Souza

54/2015 09-24-2015 Reciclagem de plataformas de petróleo: ônus ou bônus?, Roberto N. P. di Cillo 53/2015 09-09-2015 A Progressividade do Imposto de Renda Pessoa Física no Brasil, Fábio Castro and

Mauricio S. Bugarin

52/2015 07-03-2015 Measuring Parliaments: Construction of Indicators of Legislative Oversight, Bento Rodrigo Pereira Monteiro and Denílson Banderia Coêlho

51/2015 06-29-2015 A didactic note on the use of Benford’s Law in public works auditing, with an application to the construction of Brazilian Amazon Arena 2014 World Cup soccer stadium, Mauricio S. Bugarin and Flavia Ceccato Rodrigues da Cunha

50/2015 04-29-2015 Accountability and yardstick competition in the public provision of education, Rafael Terra and Enlinson Mattos

49/2015 04-15-2015 Understanding Robert Lucas (1967-1981), Alexandre F. S. Andrada

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Number Date Publication

48/2015 04-08-2015 Common Labor Market, Attachment and Spillovers in a Large Federation, Emilson Caputo Delfino Silva and Vander Mendes Lucas

47/2015 03-27-2015 Tópicos da Reforma Política sob a Perspectiva da Análise Econômica do Direito, Pedro Fernando Nery and Fernando B. Meneguin

46/2014 12-17-2014 The Effects of Wage and Unemployment on Crime Incentives - An Empirical Analysis of Total, Property and Violent Crimes, Paulo Augusto P. de Britto and Tatiana Alessio de Britto

45/2014 12-10-2014 Políticas Públicas de Saúde Influenciam o Eleitor?, Hellen Chrytine Zanetti Matarazzo

44/2014 12-04-2014 Regulação Ótima e a Atuação do Judiciário: Uma Aplicação de Teoria dos Jogos, Maurício S. Bugarin and Fernando B. Meneguin

43/2014 11-12-2014 De Facto Property Rights Recognition, Labor Supply and Investment of the Poor in Brazil, Rafael Santos Dantas and Maria Tannuri-Pianto

42/2014 11-05-2014 On the Institutional Incentives Faced by Brazilian Civil Servants, Mauricio S. Bugarin and Fernando B. Meneguin

41/2014 10-13-2014 Uma Introdução à Teoria Econômica da Corrupção: Definição, Taxonomia e Ensaios Selecionados, Paulo Augusto P. de Britto

40/2014 10-06-2014 Um modelo de jogo cooperativo sobre efeitos da corrupção no gasto público, Rogério Pereira and Tatiane Almeida de Menezes

39/2014 10-02-2014 Uma análise dos efeitos da fusão ALL-Brasil Ferrovias no preço do frete ferroviário de soja no Brasil, Bruno Ribeiro Alvarenga and Paulo Augusto P. de Britto

38/2014 08-27-2014 Comportamentos estratégicos entre municípios no Brasil, Vitor Lima Carneiro & Vander Mendes Lucas

37/2014 08-20-2014 Modelos Microeconômicos de Análise da Litigância, Fa bio Avila de Castro

36/2014 06-23-2014 Uma Investigação sobre a Focalização do Programa Bolsa Família e seus Determinantes Imediatos. André P. Souza, Plínio P. de Oliveira, Janete Duarte, Sérgio R. Gadelha & José de Anchieta Neves

35/2014 06-22-2014 Terminais de Contêineres no Brasil: Eficiência Intertemporal. Leopoldo Kirchner and Vander Lucas

34/2014 06-06-2014 Lei 12.846/13: atrai ou afugenta investimentos? Roberto Neves Pedrosa di Cillo 33/2013 11-27-2013 Vale a pena ser um bom gestor? Comportamento Eleitoral e Reeleição no Brasil,

Pedro Cavalcante 32/2013 11-13-2013 A pressa é inimiga da participação (e do controle)? Uma análise comparativa da

implementação de programas estratégicos do governo federal, Roberto Rocha C. Pires and Alexandre de Avila Gomide

31/2013 10-30-2013 Crises de segurança do alimento e a demanda por carnes no Brasil, Moisés de Andrade Resende Filho, Karina Junqueira de Souza and Luís Cristóvão Ferreira Lima

30/2013 10-16-2013 Ética & Incentivos: O que diz a Teoria Econômica sobre recompensar quem denuncia a corrupção? Maurício Bugarin

29/2013 10-02-2013 Intra-Village Expansion of Welfare Programs, M. Christian Lehmann 28/2013 09-25-2013 Interações verticais e horizontais entre governos e seus efeitos sobre as decisões de

descentralização educacional no Brasil, Ana Carolina Zoghbi, Enlinson Mattos and Rafael Terra

27/2013 09-18-2013 Partidos, facções e a ocupação dos cargos de confiança no executivo federal (1999-2011), Felix Lopez, Mauricio Bugarin and Karina Bugarin

26/2013 09-11-2013 Metodologias de Análise da Concorrência no Setor Portuário, Pedro H. Albuquerque, Paulo P. de Britto, Paulo C. Coutinho, Adelaida Fonseca, Vander M. Lucas, Paulo R. Lustosa, Alexandre Y. Carvalho and André R. de Oliveira

25/2013 09-04-2013 Balancing the Power to Appoint officers, Salvador Barberà and Danilo Coelho 24/2013 08-28-2013 Modelos de Estrutura do Setor Portuário para Análise da Concorrência, Paulo C.

Coutinho, Paulo P. de Britto, Vander M. Lucas, Paulo R. Lustosa, Pedro H. Albuquerque, Alexandre Y. Carvalho, Adelaida Fonseca and André Rossi de Oliveira

23/2013 08-21-2013 Hyperopic Strict Topologies, Jaime Orillo and Rudy José Rosas Bazán 22/2013 08-14-2013 Há Incompatibilidade entre Eficiência e Legalidade? Fernando B. Meneguin and Pedro

Felipe de Oliveira Santos

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21/2013 08-07-2013 A Note on Equivalent Comparisons of Information Channels, Luís Fernando Brands Barbosa and Gil Riella

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19/2013 07-24-2013 A Simple Method of Elicitation of Preferences under Risk, Patrícia Langasch Tecles and José Guilherme de Lara Resende

18/2013 07-17-2013 Algunas Nociones sobre el Sistema de Control Público en Argentina con Mención al Caso de los Hospitales Públicos de la Provincia de Mendoza, Luis Federico Giménez

17/2013 07-10-2013 Mensuração do Risco de Crédito em Carteiras de Financiamentos Comerciais e suas Implicações para o Spread Bancário, Paulo de Britto and Rogério Cerri

16/2013 07-03-2013 Previdências dos Trabalhadores dos Setores Público e Privado e Desigualdade no Brasil, Pedro H. G. F. de Souza and Marcelo Medeiros

15/2013 06-26-2013 Incentivos à Corrupção e à Inação no Serviço Público: Uma análise de desenho de mecanismos, Maurício Bugarin and Fernando Meneguin

14/2013 06-26-2013 The Decline in inequality in Brazil, 2003–2009: The Role of the State, Pedro H. G. F. de Souza and Marcelo Medeiros

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12/2013 06-19-2003 The State and income inequality in Brazil, Marcelo Medeiros and Pedro H. G. F. de Souza

11/2013 06-19-2013 Uma alternativa para o cálculo do fator X no setor de distribuição de energia elétrica no Brasil, Paulo Cesar Coutinho and Ângelo Henrique Lopes da Silva

10/2013 06-12-2013 Mecanismos de difusão de Políticas Sociais no Brasil: uma análise do Programa Saúde da Família, Denilson Bandeira Coêlho, Pedro Cavalcante and Mathieu Turgeon

09/2013 06-12-2103 A Brief Analysis of Aggregate Measures as an Alternative to the Median at Central Bank of Brazil’s Survey of Professional Forecasts, Fabia A. Carvalho

08/2013 06-12-2013 On the Optimality of Exclusion in Multidimensional Screening, Paulo Barelli, Suren Basov, Mauricio Bugarin and Ian King

07/2013 06-12-2013 Desenvolvimentos institucionais recentes no setor de telecomunicações no Brasil, Rodrigo A. F. de Sousa, Nathalia A. de Souza and Luis C. Kubota

06/2013 06-12-2013 Preference for Flexibility and Dynamic Consistency, Gil Riella

05/2013 06-12-2013 Partisan Voluntary Transfers in a Fiscal Federation: New evidence from Brazil, Mauricio Bugarin and Ricardo Ubrig

04/2013 06-12-2013 How Judges Think in the Brazilian Supreme Court: Estimating Ideal Points and Identifying Dimensions, Pedro F. A. Nery Ferreira and Bernardo Mueller

03/2013 06-12-2013 Democracy, Accountability, and Poverty Alleviation in Mexico: Self-Restraining Reform and the Depoliticization of Social Spending, Yuriko Takahashi

02/2013 06-12-2013 Yardstick Competition in Education Spending: a Spatial Analysis based on Different Educational and Electoral Accountability Regimes, Rafael Terra

01/2013 06-12-2013 On the Representation of Incomplete Preferences under Uncertainty with Indecisiveness in Tastes, Gil Riella