Energia e Estado: O novo debate - Ildo Sauer, Professor · Heron de Alexandria (70 A.C. – 10...

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Ildo Luís Sauer Professor Titular do Instituto de Eletrotécnica e Energia da USP Curitiba, 04 de setembro de 2007 Energia e Estado: O novo debate

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Ildo Luís SauerProfessor Titular do Instituto de Eletrotécnica e E nergia da USP

Curitiba, 04 de setembro de 2007

Energia e Estado:

O novo debate

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Roteiro

• Introdução

• Biocombustíveis: a teoria das vantagens comparativa s duzentos anos depois

• As “velhas energias” e o espectro das reformas liber ais

• Aquecimento global: Ciência e interesses do Estado

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Introdução

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AeolipileHeron de Alexandria (70 A.C. – 10 A.C.)

Fonte: Smith College History of ScienceMuseum of Ancient Inventions

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• A “amiga dos mineiros” – Savery (1698).• Newcomen aperfeiçoou o engenho de Savery, permitindo su a aplicaçãocom sucesso (1712)

– Acima, uma máquina de Newcomen originalmente (1760) instalada em Fairbottom -Ashton under Lyne (UK) e atualmente em exposição no He nry Ford Museum (EUA)

Fonte: ashton-under-lyne.com

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Máquina a vapor de James Watt (1769)

Este exemplar está instalado no lobby da Superior Technical School of Industrial Engineers of the UPM , emMadri.

Fonte: Wikipedia

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Vínculos históricos das transições na matriz energética mundial

SOCIEDADES ANTIGASFEUDALISMO

MERCANTILISMO

1ª REVOLUÇÃOINDUSTRIAL

2ª REVOLUÇÃOINDUSTRIAL

REESTRUTURAÇÃOKEYNESIANA

ULTRALIBERALISMO

Madeira

Carvão

Energia hidrelétrica

Petróleo

Gás natural

Energia

nuclear

8

Consumo individual de energia

Fonte: UNESCO Courier

9

Evolução da Intensidade energética: países industrializados, em desenvolvimento e Brasi l

Fonte: World Energy Council, Survey of Energy Resources, London, 1992, apud Kaya & Yokobori, 1997

1 TEP = 11,6279 MWh (IEA, 2002)

1 TEP = 12,5 MWh (BEN, 2002)

TEP/ US$ 1.000

Reino Unido

EUA

Rep. Fed. Alemanha

França

Japão

Brasil

Subdesenvolvidos

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Biocombustíveis

A teoria das vantagens comparativas duzentos anos d epois

11Fonte: White House

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Consumo mundial de energia em 2005

Radiação solar anual absorvida pela Terra

Reservas mundiais de carvão

Reservas mundiais de gás natural

Reservas mundiais de petróleo

Reservas mundiais de urânio

Elaborado com dados das seguintes fontes:BP Statistical Review 2005

Energia Solar - Wolfgang PalzAgência Internacional de Energia Atômica (*) estimativa

Recursos e consumo mundial de energia

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Balanço da radiação solar na Terra

14

A fotossíntese no globo

Fonte: Goddard Space Flight Center

15

David Ricardo (1772 – 1823)

• A renda diferencial

Fonte: "The Warren J. Samuels Portrait Collection at Duke University."

16

Produtividade industrial de etanol no mundo

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Área necessária para a substituição de todo o petróleo consumido (volume)

Fonte: consumo de petróleo – British Petroleum; área agricultável – FAO apud MME, 2006.Produtividade média para biocombustíveis – 3.000 litros/hectare

8201.208,0Outros (A. Sul e Central)

1249553,2Venezuela

213138,8Peru

1040148,2Equador

411230,4Colômbia

733257,5Chile

4131.818,5Brasil

36421,3Argentina

20361.977,8México

5642.241,3Canadá

449620.655,5EUA

%%103 barris/dia

% da área total do país necessária para biocombustível

% da área agricultável necessária para biocombustível

Área necessária para biocombustívelPaís

18

Custos da produção de etanol no mundo (2005)

19

Usinas de a çúcar e álcool - localiza ção - 2007

Fonte: MME, 2006; MAPA, 2006

Produção em 2006:

17,8 bilhões de litros

Região Norte-Nordeste79 unidades industriais:

• Usinas de açúcar 8• Plantas de etanol 19• Etanol e açúcar 52

91% da produção de etanol

9% da produção de etanol

↑↑↑↑ 11% (2005)

Região Centro-Sul288 unidades industriais:

• Usinas de açúcar 8• Plantas de etanol 59• Etanol e açúcar 221

65.897.333,8 barris de petróleo

20Guamaré/RN

Unidade experimental de produção de biodiesel a partir de óleos vegetais UEB-1

21

22

23

Produção descentralizada de etanol COOPERBIO(RS) – PETROBRAS

24

Produção descentralizada de etanol COOPERBIO(RS) – PETROBRAS

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As “velhas energias” e o espectro das reformas liberais

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Turbina a gás Siemens

Montagem

Fonte: Siemens Pressebild

28

Teesside Power StationInglaterraEnron2.000 MW

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Liberalização no Brasil

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Novo liberalismo – organização da indústria energética– Brasil – 1 a reforma

1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000

20

30

40

50

60

70

80

90

100

110

Fornecimento

Suprimento

R$/MWh

47,2%

38,9%

Evolução das tarifas de eletricidade – suprimento e fornecimento(Brasil – 1994 a 2000)

Capacidade instalada x Consumo - (Brasil – 1980 a 2000)

Base 1990 = 100

60

80

100

120

140

160

180

80

Pot. Instad a Geração

81 82

83 84

85 86

87 88

89 90

91 92

93 94

95 96

97 98

99 00

Per íodo

% Cap. Instalada % Consumo 19 81 - 1990

4,8 5,9

1991 - 2000

3,3 4,1

Capacidade instalada x Consumo - (Brasil – 1980 a 2000)

Nível dos Reservatórios da Região Sudeste

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

1991

jan jul

1992

jan jul

1993

jan jul

1994

jan jul

1995

jan jul

1996

jan jul

1997

jan jul

1998

jan jul

1999

jan jul

2000

jan jul

2001

jan jul

2002

jan

Em

%

"O Sudeste representa 68% da capacidade de armazenamentode água do Brasil"

Nível dos reservatórios do Sudeste (1991 a 2002)

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Parque de termelétricas Petrobras

UTE Mário Lago906 MW – 2.784.000m3/dia - Gás

UTE Aureliano Chaves221 MW – 960.000m3/dia - Gás

UTE Fernando Gasparian561 MW – 2.765.952m3/dia Gás

UTE Sepé Tiaraju158 MW – 1.092.365m3/dia Gás

UTE Luis Carlos Prestes250 MW – 1.920.000m3/dia Gás

UTE Barbosa Lima Sobrinho379 MW – 2.100.00m3/dia - Gás

UTE Euzébio Rocha208 MW – 415 t/h1.240.000m3/dia Gás + 330.000m3/dia Gás de refinaria

UTE Gov.Leonel Brizola1036 MW - 400 t/h5.199.112m3/dia - Gás

UTE Celso Furtado179 MW / 350 t/h1.386.076 m3/dia - Gás

UTE Rômulo Almeida133 MW / 42 t/h822.000m3/dia - Gás

UTE Jesus Soares Pereira325 MW - 610 t/h2.000.000 m3/dia - Gás

Termoceará 220 MW1.407.000 m3/dia - Gás

UTE Bahia I30,6 MW – 190m3/diaÓleo combustível

Capacidade Total de Geração de energia elétrica:4,6 GWCapacidade Total de Geração de Vapor:1817 t/hConsumo Total de Gás: 23.676.505 N m3/diaConsu. Total de Óleo:190 m3/dia

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Aquecimento global

Ciência e interesses do Estado

34A massa que o Sol perde irradiando energia é de aproximadamente 1,34x1017 kg ou 134 trilhões de toneladas/dia.

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Radiação de fundo3 K

Fotosfera 6.000 K

Biosfera223 < T< 291 K

Núcleo ≈5.000 K

SOL TERRA PLUTÃO

Termosfera150 < T< 1.000 K

Núcleo15.000.000 K

Superfície de Plutão35 < T < 45 K

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A ciência de Gore

Al Gore - “An inconvenient truth”

37Fonte: Aeronomy of Ice in the Mesosphere

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Fótons quentes Fótons frios

SOL UNIVERSOBIOSFERA

Efeito estufa – natural x incremental

A termodinâmica da vida

Adaptado de Marek Roland-Mieszkowski, Ph.D., September 07, 1994,

39

40

Composição atmosféricaC

on

cen

tra

ção

atm

osf

éric

a Co

ncen

traçã

o a

tmo

sférica

metanoamônia

nitrogênio

água

dióxido de carbono

tempo(bilhões de anos atrás)

oxigênio

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Aprofundamento do fenômeno

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Responsabilidades Comuns Diferenciadas (posição “prudente” do Brasil)

• Convenção Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças C limáticas (UNFCCC)

– Assinada por 154 países mais a União Européia na Ri o 92– O Brasil ratificou em 02/1994– Compromisso coletivo voluntário das nações sobre o aquecimento global– Entrada em vigor: 21/03/1994– Propõe limitar as concentrações das emissões de GEE na atmosfera em

níveis de 1990

• PROTOCOLO DE QUIOTO– Tem como base o Artigo 17 da Convenção do Clima– Adotado pela COP–3 (Quioto - 12/1997); aberto p/ assi natura em 03/1998– Responsabilidades comuns, porém diferenciadas � Os países

industrializados (Anexo 1) devem reduzir suas emiss ões coletivas de seis gases de efeito estufa em 5,2% abaixo dos níveis ob servados em 1990 para o período de compromissos de 2008-2012

– Ato internacional, ratificado em 16/02/2005 por paí ses que representam 55% das emissões do planeta

– Trata as questões de sustentabilidade do planeta– Estabeleceu os Mecanismos de Flexibilização:

• Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL)- entre um p aís em desenvolvimento e um país do Anexo 1

• Implementação Conjunta (JI) – entre países do Anexo 1

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Arcabouço geral para aprovação de projetos de MDL e créditos de carbono

1. Somente áreas que não constituíam formações flore stais até 31 de dezembro de 1989 são passíveis de atender aos critérios de MDL que gerem créditos de carbono.

2. Os projetos precisam gerar reduções mensuráveis e de longo prazo nas emissões. Estas reduções devem ser certificadas por agências credenciadas ( operational entities ). O saldo gerado por este projeto deve ser de longo prazo ( permanence ) e qualquer emissão surgida a posteriori deve ser contabilizada.

3. As reduções ou o sequestro do carbono devem ser ad icionais a qualquer redução que ocorresse naturalmente – sem o projeto. Devem corresponder a u ma retirada líquida de carbono da atmosfera (additionality ).

4. O projeto deve apresentar objetivos de desenvolvi mento sustentável, de acordo com ações definidas pelo governo do país que o estará recebendo.

5. O projeto deve contribuir para a conservação da b iodiversidade e para o uso racional dos recursos naturais.

6. Só são elegíveis projetos iniciados a partir do an o 2000.

7. Um percentual de 2% dos créditos gerados pelo pro jeto constituirá um fundo destinado a auxiliar ações de adaptação nos países que sejam seriamente afetad os por mudanças climáticas ( adaptation levy ). Este fundo poderá custear atividades atualmente não elegíveis como MDL.

8. Uma parte, a ser definida, do resultado da venda de créditos de carbono provenientes de um projeto d e MDL deverá ser reaplicado no custeio do próprio proj eto.

9. Deve ser definido um prazo no qual haverá creditaç ão, entre duas alternativas: máximo de sete anos com direito a renovação por mais dois períodos ou m áximo de dez anos sem renovação.

10. O financiamento de projetos de MDL NÃO DEVERÁ ser proveniente de fundos oficiais de assistência ao desenvolvimento.

11. O plano de gerenciamento de cada projeto deverá p rever e possibilitar a contabilização de “vazamentos”, isto é, emissões não previstas ou ind iretas que resultem das atividades do próprio projeto.

Ildo Luís SauerProfessor Titular do Instituto de Eletrotécnica e Energia da USP

Tel: (11) 3091-2633 [email protected]