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EI-LOSQUE PARTEM…

THERE THEY ARE, THOSE WHO LEAVE…

100 ANOS DA GRANDE GUERRADeclaração de Guerra da Alemanha a Portugal9 de março · 1916~2016

160 ANOS DO CAMINHO-DE-FERRO EM PORTUGAL28 de outubro · 1856~2016

100 ANOS DA ESTAÇÃO DE PORTO SÃO BENTO5 de outubro · 1916~2016

During the 160 years of railways in Portugal, the mobility of goods and people has changed greatly.

The trains, lines, stations, bridges and viaducts have changed landscape and urbanity, enriching the lives of people with the discovery of new horizons, as paths for new opportunities. The far became closer.

There were also people that left their land, for painful challenges as fighting in the in war and trench warfare, where so many lives were lost.

Train stations became departure and encounters places, but also a place for contemplation, as in the case of the emblematic São Bento Train Station, which celebrates its centenary this year.

There they are, those who leave... but many also continue to come back.

100 YEARS OF THE WORLD WARGermany’s Declaration of War on Portugal9th of March · 1916~2016

160 YEARS OF RAILWAYS IN PORTUGAL 28th of October · 1856~2016

100 YEARS OF THE PORTO SÃO BENTO STATION5th of October · 1916~2016

Em 160 anos de caminho-de-ferro em Portugal muito mudou na mobilidade de pessoas e bens.

Os comboios, as linhas, estações, pontes e viadutos mudaram a paisagem e a urbanidade enriquecendo as pessoas com a descoberta de outros horizontes, como caminhos para novas oportunidades, tornaram o longe mais perto.

Houve ainda os que partiram de suas terras, atirados para dolorosos desafios, para combaterem em trincheiras e guerras onde tantos tombaram.

As Estações tornaram-se lugares de partida e reencontros mas também de contemplação, como é o caso da emblemática Estação de São Bento, que este ano comemora o seu centenário.

Ei-los que partem… mas muitos também regressam.

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O meio de transporte ferroviário no mundo aparece em Inglaterra como corolário da Revolução Industrial e da aplicação do vapor ao transporte de pessoas.

Considerado uma das maiores invenções da nossa época, o caminho-de-ferro em Portugal - obra do “Fontismo” - foi inaugurado em 28 de outubro de 1856, entre Lisboa e o Carregado, na distância de 36 km.

Pela sua capacidade de carga de passageiros e mercadorias em grandes distâncias, com rapidez e segurança, o comboio impôs-se como meio de transporte.

Mudou a vida das nações e porque fez dos homens “nómadas individuais” alterou mentalidades.

Fez nascer o turismo - com Thomas Cook - aproximando culturas, motivou a escrita de Victor Hugo, as viagens de Hans Christian Andersen e de Eça de Queirós, seduziu Fernando Pessoa, fascinou o cinema e dominou as artes plásticas.

160 ANOS DO CAMINHO-DE-FERRO EM PORTUGAL28 de outubro · 1856~2016

Como subprodutos importantes trouxe-nos a noção de tempo artificial e o bilhete, este o antepassado do hoje imprescindível “cartão de crédito” internacional.

A arquitetura tomou nova direção pela necessidade da Estação e o emprego do ferro e do vidro proporcionou a cobertura e a iluminação das grandes gares. Inventaram-se também novas maneiras de desenhar e construir pontes para atravessar os grandes vales e responder ao transporte das pesadas cargas.

Constituindo uma “transformação do carácter do trabalho” - e sob uma organização complexa - o “exército” de ferroviários, necessário ao funcionamento do sistema, era governado por regulamentos, cumpridos com disciplina e sujeitos às penalizações da lei.

160 YEARS OF THE RAILWAY IN PORTUGAL 28th of October · 1856~2016

The railway as a means of transport came into existence in England as a result of the Industrial Revolution and the application of steam power to the transport of people.

Considered one of the greatest inventions of our time the Portugal railways – resulting from the “Fontismo” movement – were inaugurated on 28th of October 1856 between Lisbon and Carregado a distance of 36 km.

Due to its capacity for carrying passengers and freight for long distances with speed and in safety the train established itself as a means of transport.

It changed the lives of nations and because it made men “individual nomads” it changed mentalities.

It gave rise to tourism - with Thomas Cook - bringing cultures together; it inspired Victor Hugo’s writing and the travels of Hans Christian Andersen and Eça de Queirós; it captivated Fernando Pessoa; it also fascinated the cinema and dominated the visual arts.

As important by-products it brought us the notion of artificial time and the ticket the latter being the forerunner of today’s indispensable “credit card”.

Architecture also headed in a new direction due to the requirements of the Station with iron and glass being used to provide roofing and lighting for the larger stations. New ways of designing and building bridges for crossing wide valleys were invented to cope with the transport of heavy loads.

There was a “transformation in the nature of work” which required a complex organization. The “army” of railway workers needed for the system to work was governed by regulations which were scrupulously followed and were subject to the sanctions of the law.

The regularity required for the service provided by the various railway companies imposed the organization order and value of carrying out the work involved. There

A regularidade necessária ao serviço prestado pelas diversas companhias de caminhos-de-ferro impôs forte hierarquização da profissão, decalcada da mais clássica das estruturas organizacionais, a militar.

Militares que, pelo caráter estratégico da ferrovia, desde logo intervieram na definição dos traçados das linhas que servem e serv ram o país - organizados, desde 1884, na Companhia de Caminhos de Ferro, “integrada no Regimento de Engenharia”, - e, conjuntamente com o Batalhão de Sapadores de Caminhos de Ferro, se destacaram na participação portuguesa na Grande Guerra.

NUM MOMENTO PARTICULARMENTE SIGNIFICATIVO DA EVOLUÇÃO DA HUMANIDADE, COM GRANDES PREOCUPAÇÕES COM O AMBIENTE, O COMBOIO FOI E É UM MEIO DE TRANSPORTE EFICAZ E COM FUTURO.

was a strong professional hierarchy modelled on the most classical of organizational structures - the military.

Due to the strategic character of the railway the military intervened early on as to the layout of the railway lines which serve and served the country. In 1884 they created the railway company called “Companhia de Caminhos de Ferro” which was part of the Engineering Regiment. Its mission in times of war was to carry out the necessary repairs to ensure that any line which had been destroyed was returned to full working order. During the First World War the Railway Sappers Battalion stood out for their work in this area.

AT A PARTICULARLY SIGNIFICANT TIME IN THE EVOLUTION OF MANKIND WITH OUR CONCERNS FOR THE ENVIRONMENT THE RAILWAY WAS AND IS AN EFFECTIVE MEANS OF TRANSPORT WITH A FUTURE.

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D MAR A II DE ORTUGA RAINHA DE ORTUGA E A GARVES R o de Janei o 4 de ab il de 1819 – isboa 15 de no emb o de 1853

ANTÓN O MAR A DE ONTES EREIRA DE ME O RES DENTE DO CONSE HO DE M N STROS DE RE NO DE ORTUGAsboa 8 de etemb o de 1819 – isboa 22 de anei o de 1887

Vinte anos após a circulação do primeiro comboio comercial no Reino Unido, “… data de 19 de Abril de 1845 o primeiro documento oficial sobre a construção dos caminhos de ferro em Portugal, [preconizando a construção de] um caminho de ferro desde as margens do Tejo até à fronteira de Hespanha” DINIZ ed o Gu lhe me os San os Compi ação de d ve sos documen os ela ivos à Companhia dos Caminhos de e o o uguezes

sboa mp en a Nac on l 1915

Como diz Aguilar, “não sendo Portugal das últimas nações na Europa a possuir caminhos-de-ferro, já muitos o tinham quando se iniciou entre nós a sua construção, explicando-se a demora pelas lutas políticas que só se apaziguaram em 1851 com o movimento da Regeneração.”

“Triunfante o movimento, … o decreto com força de lei de 30 de Agosto de 1852 criou o Ministério das Obras Públicas, Comércio e Indústria indo ocupar essa pasta Fontes [Pereira de Melo], que já era ministro da Fazenda.”AGUI AR Busque s de 1949 – A evolu ão h stó ca dos t anspo tes te est es em o tugal sboa Gaze a dos Caminho -de- e o Nº 1475

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EDRO V DE ORTUGARei de o tug l e A ga ves de 1853 a 1861isboa 16 de setemb o de 1837 – isboa 11 de no emb o de 1861

MEDA HA COMEMORATIVA DAINAUGURAÇÃO DO CAMINHO DE ERRO DE E TE EM ISBOA28 de outub o de 1856

RANC SCO MARIA DE SOUSA BRANDÃOMostei ó S nta Ma a da ei a 11 de maio de 1818isboa 26 de ma o de 1892

OGOTI O DA COM ANH A CENTRA EN NSU ARDOS CAMINHOS DE ERRO DE ORTUGA

Considerado o caminho-de-ferro “um dos mais poderosos meios de civilização, e uma valiosa arma para a defesa de um país”, num momento internacional de expressivos nacionalismos, o Estado, adotando normas gerais e dando garantias de juro ao investimento, tomou “definitivamente para si a direcção e a orientação superior do seu estabelecimento e do seu funcionamento”, como decisor sobre os traçados e de fixação da bitola, de fiscalizador dos trabalhos de construção, de regulador da atividade ferroviária, com a obrigação de manter a exploração das linhas.E TEVES Raú Augu to 1938 – O ob ema Nac onal dos Caminhos de- e o i boa O ic nas G á cas da C

Sendo intenção “ligar Portugal com o resto da Europa”, naquele 30 de agosto de 1852, publicava-se ainda um “decreto com força de lei determinando a construção [de uma linha para ligar Lisboa com o Porto] a entroncar na linha férrea de Lisboa à fronteira, de cuja directriz, “uma comissão de que era a figura mais importante Francisco Maria de Sousa Brandão” se encarregava de estudar.DINIZ ed o Gui he me os S ntos Comp la ão de dive sos documentosela i os à Companhia dos Caminhos de e o o uguezessboa Imp ensa Nac onal 1915

À “Companhia Central Peninsular dos Caminhos de Ferro de Portugal, … a primeira empresa ferroviária existente no país”, coube organizar a viagem inaugural do caminho-de-ferro em Portugal, entre Lisboa e o Carregado, numa distância de 36 km, percorrida em cerca de 40 minutos, e presidida por El-Rei D. Pedro V, no dia 28 de outubro de 1856.AGUI AR Busquets de 1949 – A e olução his ó i a dos t an po tes te est s em o ugal i boa Gazeta dos Caminhos de- e o Nº 1475

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TE E ONE DE MESA AC110

TI OS DE CARRUAGENS1854

TI O DE OCOMOTIVA 1854

Iniciado o nosso caminho-de-ferro com a bitola da via de 1,44 m, a chamada bitola europeia seria mais tarde substituída pela bitola ibérica de 1,67 m. Com o comboio em Elvas/Badajoz em 1863, data de 1866 a primeira ligação internacional, entre Lisboa e Madrid. Aguardando até 1877 pela inovadora solução da ponte Maria Pia, da Casa Eiffel, Lisboa e Vila Nova de Gaia/Porto estavam ligadas pela “viação acelerada” desde 1864.

Desde os primórdios, o caminho-de-ferro adotou uma organização de gestão e funcionamento complexa, apoiada em sistemas técnicos de segurança dos comboios, por exemplo a sinalização e o telégrafo, bem como garantiu a fiabilidade dos veículos, tornando-o numa “realização humana quase perfeita”.

O “exército” de ferroviários era governado por regulamentos, cumpridos com disciplina e sujeitos a penalizações da lei, o que constitui uma “transformação do carácter do trabalho”, que muito envolvia a segurança.

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Em contexto de grandes dificuldades económicas do país, a rede desenvolveu-se por “ramificação, [apesar da sua] rarefacção nas periferias”, “ocorrendo o grande período da construção entre 1878 e 1890”, com o envolvimento direto do Estado, como financiador da construção, na chegada do comboio às regiões a sul do Tejo e ao norte do Douro.SI VEIRA uis Esp nha et a li opu at on and R i w ys n o ugal 1801-1930 n Hi tó a at imónio e n ae t u u asde Caminho-de- e o Visões do pa sado e pe spe iv s do utu o Matos Ana Ca doso de e nhei o M gda Ave a ed CEHC U C DEUS i boa 2014

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No final do século XIX, com intervenção direta do Estado, o comboio, do Barreiro - cujo edifício das atuais Oficinas ferroviárias da CP-EMEF, particularmente a fachada, foi a primeira estação de comboios a ser construída em Portugal – servia Évora e Beja no Alentejo e Faro no Algarve.

De Lisboa, Cascais deixou de precisar do serviço de vapores do Tejo; a estrada de Sintra perdera importância; do Cacém acedia-se à Figueira da Foz, também ponto de partida da Linha da Beira Alta, em direção a Vilar Formoso, ainda hoje a nossa mais importante via de saída para a Europa.

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ARO DE OCOMOT VA

ONTE MAR A IA CONSTRUÇÃOAUTOMOTORA DE VIA ESTREITA ABRICO NAC ONA

Motivações económicas de vária ordem, “abriram” a fronteira de Cáceres; estratégias de defesa justificaram a construção da Linha da Beira Baixa; Viseu, ponto comum às primeiras propostas para trazer o comboio ao Porto, recebeu-o, em via reduzida de 1 m, partilhando espaço, mais tarde, com os serviços do Vale do Vouga.

No mesmo registo do sul, a norte do Douro, “em 1872 iniciou-se a construção da Linha do Minho e um ano depois a Linha do Douro. Elas inauguraram uma época de frenética actividade ferroviária, que em 40 anos lançou a parte substancial das ferrovias actuais. As primeiras Linhas (de Leste e do Norte) tinham sido abertas e exploradas sob o comando de estrangeiros. Mas agora, com a abertura das Linhas do Minho e Douro, a subalternidade acabou. O projecto, a construção, a administração e a exploração passaram para as mãos dos portugueses duma vez para sempre. As Linhas do Minho e Douro foram a carta de alforria dos caminhos-de-ferro portugueses.” GUERRA ank in 1996 – O Dou o dos Engenhei os - 2º Cong esso Inte nacional ob e o io Dou o O e ta a A qu vo C

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ESTAÇÃO DE VA ENÇA CARRUAGEM DE DOIS ISOS NA ESTAÇÃO DE NINE ADQUIRIDA E OS CAMINHOS DE ERRO DO M NHO E DOURO EM 1875

OGÓTI O DO QU NQUAGÉ IMO ANIVERSÁR O DA NAUGURAÇÃODA ONTE 25 DE ABRI 1966~2016

Desde o Porto (Campanhã), em 1875, o comboio saiu para o Minho (Braga), para o Douro (Régua e posteriormente a Barca de Alva em direção a Espanha) e, da Estação da Boavista – a primeira estação ferroviária da cidade – para a Póvoa de Varzim.

Resolvida a construção do Porto de Leixões, completada a Linha do Sado, com ligação ao Porto de Sines, “fechado” o destino do grupo de linhas de via estreita afluentes do Douro, ligadas as linhas do Sueste com a do Leste, em Portalegre, melhorados por concordâncias e variantes alguns traçados, eliminado o estrangulamento da ligação Braga-Faro com a travessia do comboio pela Ponte 25 de Abril, modernizada a ligação ao Porto de Aveiro, a rede ferroviária nacional e os serviços de comboios continuam, no quadro europeu, a servir a economia e os interesses do país.

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ESTAÇÃO DE SÃO BENTO TÚNE D CAR OS I

CHEGADA DO R MEIRO COMBOIO À ESTAÇÃO DE SÃO BENTOADO DA RUA DO OURE RO

Com o átrio totalmente revestido a azulejos decorativos, o edifício da estação - testa das linhas do Caminho de Ferro do Minho e Douro - só foi aberto ao público 20 anos depois, em 5 de outubro de 1916.

Porque, “desde 1879, os portuenses desejavam a ferrovia mais no centro da cidade”, demoliu-se o Convento de São Bento da Avé Maria para, naquele espaço, ser instalada a então denominada “estação central”, a atual Estação de São Bento.

Autorizada, em 1888, a construção da linha “entre Campanhã e ... [as] proximidades da praça de D. Pedro, após a abertura da boca do túnel do lado da Rua da Madeira, acontecida em 1892, Justino Teixeira, diretor do Minho e Douro (MD) pediu “autorização ao Governo para a exploração provisória da linha”, com os serviços da estação instalados num barracão em madeira.

GOMES Rosa A Est ção o o de S Bento Edi cio de a sagei os75º An ve á io 5 de Outub o de 1916 1991C - Caminhos de e o o ugueses Di ecção de Ope ações No e o to 1991

“A inauguração oficial... com a chegada do 1º comboio, [teve lugar] a 7 de Novembro de 1896, sendo descerrada uma lápide de bronze evocativa dos promotores do progresso nacional, que ainda hoje se encontra sob a boca principal do túnel. “A locomotiva que rebocou o comboio inaugural, fabricada pela firma inglesa Beyer Peacock, fora adquirida pela direção do MD, naquele ano, para o serviço de comboios tranvias.”

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Os ferroviários das Oficinas de Porto - Campanhã, dos Caminhos de Ferro do Estado, - Minho e Douro (MD), - pela mão do desenhador e escultor Carlos Leituga e do mestre fundidor António Bento Duarte - homenagearam com o “bronze aos aviadores”, colocado no átrio da “sala de visitas” do Porto, “o que considero o maior feito dos portugueses no século XX: a I Travessia Aérea do Atlântico Sul [entre Lisboa e o Rio de Janeiro], por Sacadura Cabral e Gago Coutinho, em 1922 … cinco anos antes” da aventura do americano Lindeberg, “com aparelhos por eles inventados (o sextante Gago Coutinho e o corrector de rumos), [afirmando] a possibilidade de navegar pelo ar com a mesma precisão com que se navegava no mar”.MOTA Miguel A iênc a em o ugal há ma s de 500 nos jo nal úbl co 12 de unho de 2014

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Portugal viu-se envolvido no teatro europeu da Grande Guerra desde março de 1916, quando a Alemanha nos declarou guerra. Todavia, já na Gazeta dos Caminho-de-Ferro, de 16 de dezembro de 1914, Raúl Esteves tratava das condições de mobilização dos ferroviários para o conflito.

“As tropas de Caminhos-de-Ferro em Portugal iniciaram a sua existência no ano de 1894, com a criação da Companhia de Caminhos de Ferro, integrada no Regimento de Engenharia. Foram constituídas com a missão de, em tempo de guerra, executar os trabalhos necessários para pôr em estado de serviço uma linha férrea, que tivesse sido destruída, construir pequenos ramais de ligação ou de desvio e destruir as linhas que tivessem de ser abandonadas ao inimigo” e, também, da “exploração provisória de algum troço de linha férrea que, … não estivesse entregue ao pessoal ordinário de exploração”

“Com a entrada de Portugal na I Grande Guerra … ficou assente que seria constituído um Batalhão de Sapadores de Caminho-de-Ferro para França“.

h tp www exe c to pt it s RE1 Documen s Ba Sap%20de%20Caminhos%20de%20 e o pd2016 09-25 11 47

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Sobre a mobilização das tropas, Camilo Gomes de Sá, do Couto de Cambeses, avô do fotógrafo Dario Silva, registava, em “31 de Julho de 1917, … Em seguida veio um combóio de trópa que segui para França. Parou a ribeirinha; e veio outro de nine que parou a Bouço; á espéra do dezembarque das trópas que vinham de Braga com destino a prestar aucilio á França, na grande guérra, quando os Alemães penssavam em dominar a Europa. Só visto neste momento de dôr e comução, assistindo a uma tragédia; que Cambezes nunca tinha assistido.

SA GUEIRO Ân ela "Bat lhão de Sapado es de Caminho de- e o" A Gue a de 1914 - 1918 www po uga 1914 o g

“Constituído com um contingente inicial de 1.248 praças e 40 oficiais, e entregue à direcção de Raúl Esteves, foi autonomizado do Corpo Expedicionário Português e colocado sob a dependência directa do Alto Comando Britânico”.

SA GUEIRO Ân ela "Bat lhão de Sap do es de C m nho de- e o" A Gue a de 1914 - 1918 www po uga 1914 o g

Aquele Batalhão “criado a partir das brigadas ferroviárias portuguesas, organizadas em Abril de 1912” passou a englobar todo o pessoal ferroviário “adstrito ao serviço militar”, como refere o Decreto n.º 2:566 de 14 de agosto de 1916, “excluídos os indivíduos pertencentes às tropas de caminhos-de-ferro”.

BRIGADA N.º 1 Caminhos de Ferro do Estado Direcção do Sul e SuesteBRIGADA N.º 2 Caminhos de Ferro do Estado Direcção do Minho e Douro e Vale do CorgoBRIGADA N.º 3 Companhia dos Caminhos de Ferro PortuguesesBRIGADA N.º 4 Companhia dos Caminhos de Ferro Portugueses da

Beira AltaBRIGADA N.º 5 Companhia Nacional de Caminhos de FerroBRIGADA N.º 6 Companhia de Caminhos de Ferro do Vale do VougaBRIGADA N.º 7 Companhia de Caminhos de Ferro do Porto à

Póvoa e FamalicãoBRIGADA N.º 8 Companhia de Caminhos de Ferro de Guimarães

1GGM ob e a I Gue a Mundial um tex o de meu avô Da io Si va 2006 ocomboio net

Não havia senão lamúria, e lagrimas em todo o povo. Juntarão-se duas razões, de grande potencia, primeira a mórte de Manuel da Cunha Dias. Segunda tantos militares conhecidos, caminhavão para os campos de Batalha. Quando o comboio deu partida, tantos lencinhos bramcos assomavão deichando profunda saudade; hólhos frêscos vertiam lagrimas quentes deslizarão pela face de todos os que acistirão a esta separação tão dolorosa”.

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ERNESTO ERE RA SI VA

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É esse profissionalismo do ferroviário na frente de batalha que os documentos pessoais de Ernesto Pereira da Silva justificam e traduzem, para garantir operacional a linha entre La Gorgue e Bethune.EÃO Migue Ange o Ca nei o con unto de documentos ami ia es do espól o de E nes o e ei a Si va E mes nde 2009

Como a origem dos técnicos e dirigentes dos primórdios do transporte ferroviário se encontra nas “escolas técnicas militares”, a organização dos serviços e a lógica de funcionamento hierárquico do pessoal – bem patente nos uniformes que identificavam categorias e funções, e cujo primeiro Regulamento de Fardamentos para caminho de ferro no país “dat[a] de 1872” – imitava ao pormenor a estrutura militar, decalcando dali a rígida disciplina sempre imprescindível à prestação do serviço.TEIXEIRA o o ed o Uni o mes om Hi tó a Expos ção Ent oncamen o ed C - Caminhos de e o o ugueses – Se iço de at imónio e Museolog a maio 2004

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ERNESTO ERE RA SI VAB lh te da ida à Ópe aB lh te do Met opol tano de a s

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No regresso a Portugal, ao Batalhão de Sapadores de Caminhos de Ferro (BSCF), cujo lema era “Sempre Fixe”, foi “concedido o grau de Comendador da Ordem da Torre e Espada, por, num aturado serviço de campanha de quase dois anos, ter dado continuadamente provas brilhantes de inexcedível dedicação pelo cumprimento dos seus deveres, estando sempre pronto para os mais árduos e arriscados serviços, que desempenhou com perfeita competência técnica e particular distinção, tendo merecido honrosas referencias dos comandos aliados, sob cujas ordens serviu, e mantido um alto valor moral e um espírito de corpo fora do vulgar”. ht p www exe c to pt it s RE1 Documen s Ba Sap%20de%20Caminhos%20de%20 e o pd 2016 09-25 11 47

Uma das caraterísticas do trabalho do ferroviário é a mobilidade. Por isso, muito consentâneo com o espírito hodierno da globalização, o caráter aventureiro e decidido do ferroviário converteu-o em cidadão do mundo, conhecedor de gentes, cidades, costumes e tradições inacessíveis aos demais em finais do século XIX, bem como, pelas exigência de atualização profissional permanente, era centro de tertúlias e reuniões, dado os seus conhecimentos permitirem novos temas de conversação e vivências desconhecidas para o trabalhador sedentário.

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GUARDA DE ASSAGEM DE N VE - CHAVESAgua e a de Abe o Sampaio

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RO O Ma ia e nanda A g ande gue a e os caminho -de- e o em o tugalH s ó ia Re is a ngenium O dem dos Engenhei os Novemb o-Dezemb o 2013

“Os caminhos-de-ferro tiveram um papel essencial durante a I Guerra Mundial, constituindo um precioso apoio ao esforço de guerra, transportando tropas, distribuindo matérias primas e produtos alimentares, levando munições aos militares em campanha. Esforço de guerra e caminhos-de-ferro possibilitaram um aumento considerável da mobilidade dos exércitos e tornaram-se vitais para as economias de guerra, tanto de neutros como de beligerantes”.

Internamente, as debilidades económicas do país agravadas, em tempo de guerra, pelo aumento dos preços do carvão e dos equipamentos importados, traduziram-se em grandes dificuldades ao normal funcionamento das empresas ferroviárias e na perda de poder aquisitivo dos trabalhadores, com consequências políticas e sociais que debilitavam o já conturbado ambiente político da época.

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O enquadramento militar, a liderança de Raúl Esteves, e o espírito de corpo do BSCF, serviram ainda o Estado para combater e atalhar algumas das consequências das greves ferroviárias, nomeadamente em 1919, com a utilização do “vagão-fantasma” para evitar a sabotagem dos comboios pelos ferroviários.

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Egas Moniz, médico ferroviário e o primeiro prémio Nobel português, foi o primeiro chefe da Delegação Portuguesa à Conferência de Paz, em Paris, em 1918, no final da Grande Guerra.

Em consequência da participação portuguesa no conflito e das sanções impostas à Alemanha, entre benefícios de diferente cariz, Portugal veio a receber diverso equipamento ferroviário, como carruagens, vagões e locomotivas - em nome das reparações de guerra alemãs - entre as quais tem relevo a locomotiva a vapor que, atualmente, traciona o comboio turístico-histórico no Douro, entre a Régua e o Tua.

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INHA DE S NTRA MASSAMÁ - BARCARENAA quivo C otog a ia de Da o S lva

De caráter essencialmente nacional, o caminho-de-ferro ao enfrentar em Portugal diversas vicissitudes (a crise financeira permanente; a implantação da República, com todas as perturbações inerentes às mudanças de regime; a Grande Guerra; a crise do após-guerra; a concorrência de outros transportes e a crise mundial de 1930; a Guerra Civil de Espanha; a 2.ª Grande Guerra, e a posterior concentração da concessão na CP, em 1947), participa ainda hoje, com lugar de destaque, na estruturação da rede de transportes, no desenvolvimento da mobilidade e acessibilidades e na sustentabilidade ambiental do planeta, contribuindo para a concretização dos objetivos europeus de criar um espaço único europeu de transportes, e reduzir em 60% as emissões de Gases com Efeito de Estufa (GEE) por recurso a energias limpas e renováveis.

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v o B anco 2011 – CE EX 52011DCO144- -TXTpd

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RAMA DE BRAGA RU HEComboio Sé ie C 3400A quivo In aest utu s de o tugal otog a ia de Da o S l a

NHA DO NORTE ONTE DE SÃO JOÃOCombo o Sé e C 4000 - Al a endu aA qu vo C o og a ia de Da o S lva

Tida em conta a evolução do funcionamento e da organização do setor ferroviário, após a entrada de Portugal na CEE, foi reconhecida a necessidade de avançar com medidas legislativas que facilitassem a adaptação dos caminhos-de-ferro às exigências do Mercado Único e aumentar a respetiva eficácia. A Diretiva 91/440/CE, sobre o desenvolvimento dos caminhos-de-ferro comunitários, que visava a independência da gestão das empresas de transporte ferroviário e a separação entre a gestão da infraestrutura e a atividade de transporte, originou a criação da Rede Ferroviária Nacional REFER (hoje Infraestruturas de Portugal) e a abertura do setor à concorrência do mercado.

NO ANO EM QUE COMEMORAMOS OS 160 ANOS DO CAMINHO-DE-FERRO EM PORTUGAL, A CP - COMBOIOS DE PORTUGAL E A INFRAESTRUTURAS DE PORTUGAL, COM PRAGMATISMO E REFLEXOS POSITIVOS NOS RESULTADOS, TÊM VINDO A PROMOVER O MELHOR SERVIÇO PARA O PAÍS.

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CONTEÚDOS

Direcção de História e Cultura Militar ∙ Museu Militar do PortoCP Comboios de Portugal ∙ Secretaria-GeralInfraestruturas de Portugal ∙ Comunicação, Imagem e StakeholdersIP Património ∙ Património Histórico e Cultural

EFEMÉRIDES FERROVIÁRIAS 2016

1856 160 anos do Caminho-de-Ferro em Portugal1866 150 anos do tratado de livre circulação ferroviária entre Portugal-Espanha 150 anos da 1ª ligação entre Lisboa e Madrid1886 130 anos da ligação entre Valença e Vigo - a primeira fronteira ferroviária

a norte do Douro1896 120 anos da chegada do 1º comboio a Porto São Bento1906 110 anos da assinatura do contrato para a decoração a azulejos do átrio

da Estação de Porto São Bento 110 anos da ligação a Bragança, a Vila Real de Trás-os-Montes, a Vila Real

de Santo António, e à Lousã1916 100 anos da inauguração do edifício da Estação de Porto São Bento 100 anos declaração de guerra da Alemanha a Portugal1966 50 anos da electrificação Lisboa - Porto1966 50 anos da inauguração da Ponte 25 de Abril1991 25 anos da inauguração da Ponte São João

COMPOSIÇÃO GRÁFICA

Infraestruturas de Portugal ∙ Comunicação, Imagem e Stakeholders

APOIOS

ESTAÇÃO DE PORTO SÃO BENTO, 5 a 23 de outubro de 2016VILA NOVA DE CERVEIRA ∙ Bienal de Cerveira, 28 de outubro a 3 de dezembro de 2016

EI-LOS QUE PARTEM…

EXERCITO

PROMOTORES ~ COORDENAÇÃO DA EXPOSIÇÃO

MUSEU MILITAR DO PORTO ∙ CP COMBOIOS DE PORTUGAL ∙ INFRAESTRUTURAS DE PORTUGAL