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    MdulosIntroduo ao Ecoturismo

    Paisagens Naturais Brasileiras

    Planejamento do Ecoturismoem reas protegidas

    AutoresPedro de Alcntara Bittencourt CsarBeatriz Veroneze StiglianoSidnei RaimundoJoo Carlos Nucci

    Coordenao

    Regina Araujo de AlmeidaLuiz Gonzaga Godoi Trigodson LeiteMaria Atade Malcher

    Livro do Aluno

    ECOTURISMO

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    O Ministrio doTurismo est lanando a coleo de livros de educao para oturismo, um produto do projeto Caminhos do Futuro. Trata-se de mais uma iniciativa

    para envolver toda a sociedade no esforo de dar qualidade e aumentar a competi-

    tividade do turismo brasileiro, com vistas no desenvolvimento econmico e social do

    Brasil. Neste caso, com os olhares voltados para professores e alunos do ensino

    fundamental e mdio da rede pblica.

    Os livros abordam temas relevantes para o turismo no pas. Mostram caminhos e

    a importncia de se desenvolver o turismo de forma sustentvel e inclusiva, gerando

    renda e benefcios para todos os brasileiros. O desafio capacitar professores em

    contedos de turismo, para que absorvam novos conhecimentos e despertem nas

    crianas e jovens o interesse pela conservao do patrimnio natural e cultural e

    tambm pelas carreiras emergentes no mercado do turismo.

    O projeto Caminhos do Futuro se insere nas diretrizes do Plano Nacional de Turismo,

    que reconhece o turismo como atividade econmica e incentiva parcerias para o

    desenvolvimento do setor. A coleo de educao para o turismo um exemplo da

    unio de esforos entre o Ministrio do Turismo, o Instituto de Academias Profissio-nalizantes, a Academia de Viagens e Turismo e a Universidade de So Paulo, com

    apoio da Fundao Banco do Brasil.

    Esse esforo conjunto de agentes pblicos e privados vai permitir dotar as escolas

    brasileiras de material didtico-pedaggico de qualidade, democratizando para todo

    o Pas o conhecimento sobre as vrias faces do turismo e suas potencialidades. As

    crianas e jovens tero a oportunidade de vislumbrar no turismo um fator de construo

    da cidadania e de integrao social. A possibilidade de um futuro melhor para todos.

    Walfrido dos Mares GuiaMinistro do Turismo

    APRESENTAOAPRESENTAO

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    Apoio

    Ministrio do TurismoMinistro

    Walfrido dos Mares Guia

    Secretaria Executiva

    SecretrioMrcio Favilla Lucca de Paula

    Secretaria Nacional de Programasde Desenvolvimento do Turismo

    SecretriaMaria Luisa Campos Machado Leal

    Repblica Federativa do Brasil

    Presidente: Luiz Incio Lula da Silva

    Departamento de Qualificao eCertificao e de Produo

    Associada ao TurismoDiretora

    Carla Maria Naves Ferreira

    Coordenao-Geral deQualificao e Certificao

    Coordenadora-GeralTnia Mara do Valle Arantes

    Consultoria Tcnica do ProjetoConsultora da UNESCO

    Maria Aparecida Andrs Ribeiro

    Reviso Tcnica e Adequaode Textos

    Acompanhamento e Avaliaodo Projeto

    Consultora do PNUDStela Maris Murta

    Conselho

    PresidenteTasso Gadzanis

    Vice-PresidenteFlvio Mendes Bitelman

    SecretrioNilton Volpi

    TesoureiroOsmar Malavasi

    Diretora AcadmicaRegina Araujo de Almeida

    Conselho ConsultivoCaio Luiz de CarvalhoLus Francisco de Sales

    Manuel Pio Corra

    IAP Instituto de Academias Profissionalizantes

    Equipe Academia de Viagens eTurismo - AVT

    CoordenaoProf. Dr. Luiz Gonzaga Godoi Trigo

    Assistente AdministrativoSilvnia Soares

    Assistente FinanceiroCarmen Marega

    Assistente TcnicoMarcelo Machado Silva

    Material Didtico do ProjetoCaminhos do Futuro

    Equipe de CoordenaoRegina Araujo de Almeida

    Luiz Gonzaga Godoi TrigoEdson R. Leite

    Maria Atade Malcher

    Reviso de PortugusCelina Maria LuvizotoLaura Cristo da Rocha

    Vanda Bartalini Baruffaldi

    Reviso EditorialDbora Menezes

    Consolidao Final dos textosSilvnia Soares

    Coordenao de ProjetosProf. Dr. Ricardo Ricci Uvinha

    Ncleo de Turismo da Universidade de So Paulo

    Coordenao Geral: Profa. Dra. Beatriz H. Gelas Lage

    Coordenao DocumentaoProfa. Dra. Regina A. de Almeida

    Coordenao de MarketingProf. Dr. Luiz Gonzaga Godoi Trigo

    Coordenao de EventosProf. Dr. Edson R. Leite

    MTUR/AVT/IAP/USP 2007Qualquer parte desta obra poder ser reproduzida para fins

    educacionais e institucionais, desde que citada a fonte.

    Escola de Artes, Cincias e Humanidades EACHCurso de Lazer e TurismoDiretor: Dante De Rose JniorCoordenadora: Beatriz H. Gelas Lage

    FBB Fundao Banco do Brasil

    GTTP Global Travel & Tourism PartnershipDiretora: Dra. Nancy Needham

    USP Universidade de So PauloFFLCH Faculdade de Filosofia, Letras e Cincias HumanasDiretor: Gabriel CohnDepartamento de Geografia - Chefe: Jurandyr Ross

    LEMADI - Laboratrio de Ensino e Material DidticoCoordenador: Prof. Dr. Francisco Capuano ScarlatoTcnica Responsvel: Waldirene Ribeiro do Carmo

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    Sum

    rio MDULO I - INTRODUO AO ECOTURISMO

    A HISTRIA DO ECOTURISMO. ....................................................................... 8

    TEMA 1: CONTEXTUALIZANDO O ECOTURISMO NO MUNDO ATUAL.......... 9

    Modalidades ou segmentos associados ao ecoturismo ................. 10

    O turismo Rural .............................................................................. 10

    O turismo de Aventura .................................................................. 11

    TEMA 2: IMPACTOS PRODUZIDOS PELO ECOTURISMO ............................. 12

    Efeitos da atividade turstica em ambientes naturais ................... 12

    Avaliando os impactos do Ecoturismo ........................................... 13

    A interpretao da natureza ou interpretao ambiental ........... 15

    TEMA 3: CONDIES ATUAIS E TENDNCIAS DOECOTURISMO NO SCULO XXI ..................................................... 16

    Ecoturismo: um mercado em expanso no Brasil e no Mundo..... 16

    Detalhes que fazem a diferena ................................................... 17

    MDULO II - PAISAGENS NATURAIS BRASILEIRAS

    TEMA 1: NATUREZA E PAISAGEM................................................................ 20

    TEMA 2: COMPOSIO DA PAISAGEM...................................................... 21

    TEMA 3: ANALISANDO A PAISAGEM ........................................................... 22

    TEMA 4: AVALIANDO A PAISAGEM .............................................................. 23

    TEMA 5: PAISAGENS BRASILEIRAS ............................................................... 24

    Zonas de transio ........................................................................ 27

    MDULO III - PLANEJAMENTO DO ECOTURISMO EMREAS PROTEGIDAS

    TEMA 1: AS UNIDADES DE CONSERVAO E O TURISMO ......................... 32

    Planos de manejo de Unidades de Conservao .......................... 33

    TEMA 2: PLANEJAMENTO DO ECOTURISMO .............................................. 34

    Etapas do planejamento ............................................................... 34

    A sustentabilidade do planejamento ............................................. 34

    Caracterizao da oferta e da demanda ..................................... 36

    Roteiro para inventrio da oferta turstica ................................... 38

    GLOSSRIO. ................................................................................................ 40

    BIBLIOGRAFIA. ............................................................................................ 47

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    Autores: Pedro de Alcntara Bittencourt CsarBeatriz Veroneze StiglianoSidnei Raimundo

    Mdulo I

    INTRODUOAO ECOTURISMO

    Crdito

    Fo

    tos:DboraMenezes

    Parque Nacional dos Lenis Maranhenses (MA)

    Parque Nacional do Iguau (PR)

    Florianopolis (SC)

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    Neste mdulo, voc vai conhecer e discutir os principais conceitos relativos ao ecoturismo. Leituras, pesquisas etrabalhos extraclasse so parte das atividades que contribuiro para voc compreender melhor as atividades tursticas em

    ambientes naturais.O objetivo lev-lo a descobrir algo mais sobre o ecoturismo

    e sua importncia para o desenvolvimento da atividade turstica.

    O turismo uma atividade que tem crescido muito nasltimas dcadas, tanto no Brasil quanto em diversas partes domundo. A EMBRATUR (Instituto Brasileiro de Turismo) e o Con-selho Mundial de Viagens e Turismo (WTTC, na sigla em ingls)apontam que o nmero de estrangeiros que visitam o Brasil,anualmente, de cerca de cinco milhes de pessoas, das quaismais de metade so provenientes de pases da Amrica do Sul,principalmente Argentina, Chile, Paraguai e Uruguai; segui-dos de Estados Unidos, Alemanha, Espanha, Frana, Inglater-ra, Itlia e Portugal.

    No Brasil, alguns fatos importantes demonstram o cresci-mento do turismo. Investimentos do setor privado, com a cons-truo de hotis, parques temticos e centros de conveno;assim como a criao de inmeros cursos voltados formaoem turismo, desde cursos rpidos e tcnicos at graduaes(que atualmente so mais de 500, em todo o pas) e ps-graduaes. Por isso, a rea precisa de profissionais capacitados,comunicativos e que, em algumas situaes, tenham conhecimento de um idioma estrangeiro.

    O turismo, como o conhecemos hoje, uma atividade iniciada em 1841, com a realizao da primeira viagemorganizada de que se tem registro. Foi uma excurso, na Inglaterra, entre as cidades de Leicester e Loughborough. Um

    jovem pregador batista, Thomas Cook, teve a idia de alugar um trem a fim de levar os fiis de sua igreja a um congressoantialcolico.

    Para saber mais sobre esses assuntos, leia o livro,Aprendiz de Lazer e Turismo e o livro, Passaporte para o Mundo. Masvale lembrar o conceito de turismo da Organizao Mundial do Turismo, que adotado no Brasil. Nesse conceito, o

    turismo uma atividade econmica representada pelo conjunto de transaes compra e venda de servios tursticos efetuados entre os agentes econmicos do turismo, gerado pelo deslocamento voluntrio e temporrio de pessoaspara fora dos limites da rea ou regio em que tm residncia fixa, por quaisquer motivos, excetuando-se o de exerceralguma atividade remunerada no local que visita.

    O turismo, quando comparado com outras atividades, como a industrial ou agrcola, costuma causar menos problema natureza e s pessoas. Contudo, se mal planejado, pode promover grandes descaracterizaes s paisagens naturais eculturais dos destinos tursticos.

    Nos anos 1970 e 1980, houve uma expanso dos locais tursticos, os quais foram saturados com infra-estrutura,equipamentos e servios de apoio ao turismo. Tratou-se de uma fase de excessos, acentuada pela baixa qualidade dascasas e infra-estrutura das localidades tursticas, onde predominou o concreto, o crescimento desordenado, a arquiteturaurbana, falta de controle de efluentes. Com isso, grandes extenses de reas acabaram transformando-se de destinaestursticas em locais de segundas residncias, desabitadas fora da temporada de visitao.

    Vejam alguns exemplos problemticos desse perodo:

    aumento e esgotamento de recursos naturais;

    grande quantidade de construes, descaracterizando a paisagem original;

    aumento da produo de lixo e esgoto;

    alterao de ecossistemas naturais devido introduo de espcies exticas (de fora da localidade) deanimais e plantas;

    compra de lembranas produzidas a partir de elementos naturais escassos;

    descaracterizao cultural, com perda de valores tradicionais;

    aumento do custo de vida, gerando inflao;

    gerao de fluxos migratrios para reas de concentrao turstica; e

    adensamentos urbanos no planejados; favelizao.Fonte: Bernaldez (1994)

    Mas esse modelo turstico est se esgotando e novas formas de praticar o turismo, respeitando a natureza, comeama se consolidar. Essa nova abordagem ser discutida no tpico 2 e no mdulo III deste livro.

    O ecoturismo surgiu tambm por causa desses problemas causados pelo turismo. Alguns turistas no estavaminteressados nos padres de consumo desse modelo indicado no pargrafo anterior. Assim, aps a dcada de 1980,

    A HISTRIA DO ECOTURISMOA HISTRIA DO ECOTURISMO

    Crdito:DboraMenezes

    Caverna no Parque Estadual Turstico do Alto do Ribeira,em Iporanga (SP)

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    ocorreu uma renovao da atividade, com o enaltecimento da calma, das aventuras e o desejo por conhecer de formamais aprofundada as regies visitadas.

    Foi durante as duas ltimas dcadas do sculo XX que o Ecoturismo passou a ser visto como possibilidade deproporcionar benefcios tanto para a natureza quanto para a sociedade (as pessoas que trabalham com o turismo, assimcomo as comunidades moradoras de locais tursticos).

    Esses benefcios foram motivados aps a conferncia das Naes Unidas sobre meio ambiente na cidade do Rio deJaneiro em 1992 - a chamada Rio-92. Nessa conferncia, consolidou-se o termo desenvolvimento sustentvel. Paraaprofundar sobre as premissas do desenvolvimento sustentvel, veja o livro, tica, Meio Ambiente e Cidadania para oTurismo.

    Em linhas gerais, o conceito de sustentabilidade aponta diretrizes sobre o modo como os seres humanos enxergame se relacionam com a natureza. Isso acabou por estimular o interesse global e o grande crescimento do ecoturismo comouma estratgia de desenvolvimento sustentvel.

    Assim, comeou a surgir um turista interessado em ambientes conservados e as instituies que trabalham comturismo passaram a estabelecer diretrizes polticas para um turismo sustentvel. Veja alguns encontros ao longo dadcada de 1980 que contriburam, ao lado de novas aspiraes dos turistas, para a estruturao de um turismo alterna-tivo ou brando, as razes do ecoturismo:

    em 1980, uma conferncia da OMT, que considerada um marco nas mudanas de direo do turismo;

    em 1981, estabelecido em Bancoc, na Tailndia, a Comisso Ecumnica em Turismo do Terceiro Mundo(ECTWT), que prope apoio aos modelos de turismo alternativo desses pases;

    em 1989, na Polnia ocorre um encontro sobre perspectivas tericas em formas alternativas de turismo e

    tambm em 1989, na Arglia, realiza-se um seminrio sobre turismo alternativo da OMT, do qual surge aproposta de turismo sustentvel.

    Baseado em Paulo Pires (2002)

    Atualmente, o ecoturismo se expande aproximadamente 20% ao ano. No Brasil, em 2001, 13,2% dos estrangeirosque visitaram o pas eram ecoturistas. Esse crescimento do turismo na natureza reflete mudanas muito importantes naforma como os seres humanos observam e interagem com o ambiente natural.

    Mas o turismo em ambientes naturais ainda vem sendo desenvolvido de forma bastante restrita e com aes isoladas.Dessa forma, o grande potencial natural e cultural existente ainda no plenamente aproveitado como alternativa dedesenvolvimento econmico e social para as comunidades locais e como propulsor da conservao e da proteo doambiente natural. Por isso, faz-se necessria a ao conjunta de governantes, iniciativa privada, entidades do terceiro setore comunidades, de forma que os recursos existentes nos ambientes naturais sejam aproveitados de maneira sustentvel.

    O termo ecoturismo foi criado no incio da dcada de 1980. Trata-se de uma atividade turstica desenvolvida em reasnaturais em que o visitante procura algum aprendizado sobre os componentes do local visitado. Safris fotogrficos,estudos do meio e observao da fauna so algumas das possibilidades que o ecoturismo oferece. baseado, assim, ematrativos naturais variados como cachoeiras, rios, lagos, grutas, montanhas, fauna e flora. Necessita, portanto, de umambiente pouco alterado pelo homem para suas prticas.

    Em 1994, o Ministrio da Indstria, Comrcio e Turismo (MICT) e o Ministrio do Meio Ambiente e da AmazniaLegal (MMA), empresrios e consultores formaram um Grupo de Trabalho. Esse grupo formulou as Diretrizes para umaPoltica Nacional de Ecoturismo, na qual a atividade foi assim definida:

    Segmento da atividade turstica que utiliza, de forma sustentvel, o patrimnio natural e cultural, incentiva suaconservao e busca a formao de uma conscincia ambientalista atravs da interpretao do ambiente, promoven-do o bem-estar das populaes.

    Por essa definio, podemos perceber que o ecoturismo precisa ser praticado de uma forma sustentvel. As atividadesplanejadas no podem promover degradaes na natureza; ao contrrio, deve contribuir para sua conservao. Para umaprtica turstica ser entendida como ecoturstica, ela tambm precisa propor aes para que o turista seja informado esensibilizado para a conservao e importncia das reas visitada. Isso pode ser feito por meio de tcnicas de interpreta-o ambiental. Esse assunto ser tratado no tema 2 deste mdulo. Finalmente, o ecoturismo deve envolver a comunidadelocal nas decises de implantao de atividades e servios do turismo, garantindo que as aspiraes dessas comunidadessejam atendidas.

    nesse conjunto de procedimentos e preocupaes que o ecoturismo se embasa. No respeitar quaisquer dessespreceitos no praticar o ecoturismo.

    Aprofundando um pouco mais essas informaes, leia o trecho da pgina seguinte, escrito por um pesquisador dotema e discuta com seu professor e colegas:

    TEMA 1

    CONTEXTUALIZANDO O ECOTURISMONO MUNDO ATUAL

    CONTEXTUALIZANDO O ECOTURISMONO MUNDO ATUAL

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    Na perspectiva de oferecer mais uma soluo possvel questo da preservao ambiental, adquiriu grandeexpanso um conjunto de novas prticas tursticas sob essa denominao. Como alternativa ao mercado, tende aprivilegiar reas de natureza praticamente intocada, adotando o discurso preservacionista e da sustentabilidade,conforme pronunciam entidades de referncia internacional como a Ecotourism Society(www.ecotourism.org) (...). Oecoturismo delimita, a princpio, uma ruptura com as formas tradicionais de visitar a natureza, ao pautar-se pelabusca prioritria da preservao dos ecossistemas e pela sustentabilidade da atividade, tomada inclusive como formade viabilizar economicamente a prpria preservao ecolgica.

    No final do sculo XX, o amplo debate em torno de temas como a poluio urbana, o estresse cotidiano, avalorizao da biodiversidade e a preservao ambiental, possibilitaram o advento de novas prticas e discursos nombito do turismo direcionado natureza. Intensifica-se progressivamente a busca de reas naturais, para muitoalm das zonas costeiras tropicais (o tradicional binmio praia-sol) (...).

    (Jesus, 2003: 81-82)

    Dessa forma, o ecoturismo constitui-se num conjunto de princpios de respeito natureza e cultura local. Para serseu praticante, tambm preciso compreender e respeitar essas dimenses. Uma delas o perfil do ecoturista. Quem ele? Quais so suas necessidades e aspiraes?

    Os ecoturistas, geralmente, apresentam elevado grau de instruo: muitos concluram um curso superior e preferemlocais que respeitam as culturas tradicionais e a natureza. Eles querem aprender e buscam informaes e esclarecimentosnas destinaes visitadas.

    Os esclarecimentos requisitados pelos ecoturistas dizem respeito, principalmente, s caractersticas da natureza, ouseja, so pessoas que se apresentam motivadas para aprender sobre rios, montanhas, oceanos, florestas, rvores, florese fauna silvestres. No entanto, no se preocupam apenas em observar uma paisagem ou elemento da natureza, mastambm em sentir e perceber algo mais de seu valor, por exemplo: a importncia da natureza para a sociedade, seu valorhistrico, produo de recursos (alimentos e matria-prima), oportunidades de reflexo, contemplao, controle deprocessos (controle de eroses e inundaes, fotossntese e produo de biomassa), entre outros. Procuram, alm do ricocontato com a natureza, vivenciar novos estilos de vida e esperam ver o dinheiro que gastam em suas viagens, contri-buindo para a conservao e para o benefcio da economia local.

    O ecoturista aceita um guia mais descritivo e espera o fornecimento de um nvel apropriado de explicao sobre anatureza e a cultura das localizaes visitadas. Sendo assim, as pessoas que trabalham com o ecoturismo devem sercapazes de explicar conceitos, significados da natureza, de entender a estrutura e a dinmica bsica dos ecossistemas edas paisagens naturais, e ser capazes de explanar sobre as conseqncias das mudanas promovidas pelo ser humano,considerando os princpios bsicos da conservao da natureza.

    bom lembrar que os conhecimentos necessrios adquiridos por meio de livros e cursos devem estar associados eno substituir a familiaridade com o meio, que uma ferramenta poderosa para os guias de ecoturismo. Os conhecimen-

    tos j existentes na comunidade local devem ser reconhecidos, valorizados e utilizados na explicao sobre a natureza.Modalidades ou segmentos associados ao ecoturismo _____________________________________

    Com base nas informaes sobre ecoturismo apontados no tema anterior, possvel ainda verificar algumas especia-lizaes ou atividades a ele associadas.

    Ressalta-se que h inmeros conceitos e abordagens a respeito das modalidades de turismo na natureza. Assimsendo, apresentamos algumas possibilidades de turismo na natureza, que so variadas, indo do ecoturismo ao turismorural, ao de aventura e outros, como o turismo cultural e o turismo de pesca, por exemplo.

    O turismo Rural _________________________________________________________________________Segundo a EMBRATUR, turismo rural:

    O conjunto de atividades tursticas desenvolvidas no meiorural, comprometido com a produo agropecuria, agregan-

    do valor a produtos e servios, resgatando e promovendo opatrimnio cultural e natural da comunidade.

    Assim, pode-se afirmar que o turismo rural uma atividade queune a explorao econmica agropecuria com outras funes, comoa valorizao do ambiente rural e da cultura local (caipira, cabocla etc),sendo esses seus atrativos principais.

    Como a atividade agropecuria sazonal, ou seja, s ocorre emalguns meses do ano (poca do plantio, irrigao, colheita etc), e,como a turstica, sazonal (os perodos de frias e feriados etc),essas duas atividades devem ser pensadas de uma forma associada. O turismo vem a complementar a renda dos pro-prietrios rurais, no devendo ser, no entanto, a nica fonte da qual dependem.

    Alm disso, a criao de meios para manter o homem no campo proporciona a resoluo de dois problemas cruciais:desacelerar o crescimento urbano e frear o xodo rural dos pequenos municpios e vilarejos. Nesse contexto, a atividadeturstica contribui para alguns dos problemas encontrados no campo.

    Inmeras razes justificam o crescimento do turismo rural:

    a ampliao e melhoria das estradas e dos meios de comunicao que ligam os centros urbanos ao meio rural,reduzindo o tempo de deslocamento e o isolamento entre esses espaos;

    Crdito:Dbora

    Menezes

    Passeio a cavalo no interior de Santa Catarina

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    a expanso das residncias secundrias e dos stios voltados ao lazer e condomnios;

    ostress e o crescente custo de vida urbano, decorrentes do crescimento intenso e desordenado das cidades;

    a busca pela volta s origens rurais dos antepassados.

    O que se destaca, no turismo rural, a prtica da atividade turstica que envolve os elementos do campo, lembrandoque esses elementos so o homem, seus costumes, tradies e produo, a paisagem, entre outros.

    AtividadesAtividades1) Pesquise uma propriedade rural que oferea atividades de turismo. Caracterize-a, levantando seus atrativos, servios

    existentes e mo-de-obra ( do local? Recebe algum treinamento especfico? Trabalha com atividades no-tursticas napropriedade?). Verifique, tambm, as caractersticas dos visitantes.

    O turismo de Aventura __________________________________________________________________A busca por atividades de aventura em ambientes naturais apresentou um forte crescimento nos ltimos 15 anos.

    Foram criadas diversas empresas que tm como produto inmeras prticas, ou esportes, chamados de aventura, comorafting (descidas, com botes inflveis, em rios com forte corredeira), rapel (descidas, com cordas, de penhascos oucachoeiras), pra-quedismo, vo livre.

    Em oficina realizada pela Embratur, em 2001, em Caet (MG), o turismo de aventura foi definido como:

    Segmento do mercado turstico que promove a prtica de ativida-

    des de aventura e esporte recreacional ao ar livre, envolvendo emoese riscos controlados e exigindo o uso de tcnicas e equipamentos espe-cficos, a adoo de procedimentos para garantir segurana pessoal ede terceiros e o respeito ao patrimnio ambiental e sociocultural.

    Pode-se dizer que o crescimento das viagens junto natureza relacio-nadas, ao turismo de aventura, resulta do cruzamento de duas tendnciasatuais: a expanso dos esportes de aventura e a valorizao do consumode cenrios naturais, por meio da atividade turstica. A superao de limi-tes juntamente com a busca por novas emoes e adrenalina so objetivoscomuns entre os adeptos.

    Vale a pena ressaltar que tem se tornado cada vez mais comum aorganizao de viagens, envolvendo a prtica de atividades de aventura, visando a desenvolver o esprito de equipe entreos participantes. Essas viagens vm sendo utilizadas como instrumento para motivar funcionrios de empresas de vrios

    setores, estimulando a integrao, desenvolvendo pacincia, tolerncia e companheirismo, alm de outras habilidadescomo equilbrio, fora, coordenao, estratgia, etc.Leia o texto a seguir sobre Brotas (SP), importante destino turstico do Brasil, conhecida pela prtica de rafting, entre

    outras atividades de aventura:

    Em 1993, um grupo local de ecologistas fundou em Brotas a agncia Mata dentro Ecoturismo. Oferecendoleque sortido de opes de esportes de aventura, com trinta guias especializados, a cidade recebe seiscentos turistasmensalmente, tornando-se na opinio de diversas agncias a capital paulista dos esportes radicais. Funciona ali oRaid Brotas Discovery, uma espcie de escola de esportes de aventura, destinada a iniciar novos adeptos, ou seja,novos consumidores do produto oferecido naquela regio. Pensa-se em se fundar na cidade uma biblioteca/videotecapblica temtica, dedicada exclusivamente aos esportes de aventura. (...) A pequena cidade vem se reestruturandocompletamente para atender nova demanda.

    (Jesus, 2003: 85)

    interessante notar que, do fluxo de turistas de aventura em Brotas, 80% provm da capital paulista.

    Um indicador do crescimento do turismo de aventura o nmero de freqentadores de eventos de aventura como aAdventure Sports Fair, feira anual do setor, que acontece em So Paulo, desde 99, quando recebeu 42 mil visitantes.Outro indicativo o aumento do nmero de empresas e do volume de vendas no setor de equipamentos, vesturio ecalados para aventura ao ar livre.

    AtividadesAtividades1) Com os alunos divididos em grupo, discutir sobre viagens feitas, localidades visitadas, tipos de atividades desenvolvidas,

    se j estiveram em algum destino de turismo na natureza, que atrativos conheceram. Abordar como foi a experincia.

    2) Pesquise se h alguma modalidade de turismo em ambiente natural em sua cidade ou regio.

    3) Se existir, descreva as principais caractersticas da rea e as atividades oferecidas.

    4) Busque imagens dessas vrias modalidades de turismo na natureza e identifique as principais caractersticas presentes nelas.

    5) Discutir: O que voc entende por patrimnio? D exemplos de patrimnios culturais e naturais de sua localidade.(Para esse assunto, consultar o livro Cultura e Turismo)

    Crdito:DboraMe

    nezes

    Rafting no rio Cachoeira, em Antonina (PR)

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    Neste tpico, destacamos os impactos (positivos e negativos) que o turismo e ecoturismo podem produzir no meio

    ambiente. Apresentamos tambm algumas ferramentas ou tcnicas de avaliao de impactos para aumentar os positivos,como a interpretao ambiental, e para reduzir os negativos, como os estudos de capacidade de carga e o manejo doimpacto da visitao (VIM, da sigla em ingls).

    Efeitos da atividade turstica em ambientes naturais _______________________________________Qualquer atividade humana tem efeitos sobre a rea em que realizada. A natureza desse efeito pode ser econmica,

    sociocultural, ambiental, entre outras. Da mesma forma, o turismo gera efeitos, ou impactos, sobre a localidade visitadae sobre os recursos naturais, especificamente, pois estes constituem a base para o desenvolvimento do ecoturismo.

    Os possveis efeitos ou impactos da atividade turstica sobre um ambiente natural so vrios. Eles no so, necessaria-mente, negativos. Podem tambm ser positivos, configurando-se como impactos econmicos, ambientais (ou fsicos) e

    socioculturaisda localidade visitada. Devemos, ento, cuidar para que os efeitos negativos sejam controlados, de formaque a rea seja conservada e que sejam gerados benefcios a todos os elementos envolvidos (natureza e comunidadelocal).

    A fragilidade dos ecossistemas naturais, muitas vezes, no comporta certas atividades, como o trfego excessivo deveculos. Por outro lado, a infra-estrutura necessria, se no atendidas normas pr-estabelecidas, pode comprometer demaneira acentuada o meio ambiente, com alteraes na paisagem, nas guas, na vegetao, na fauna. Importante tambm o cuidado com as populaes locais para que elas tambm possam usufruir os benefcios do turismo. A busca dealternativas ao turismo tradicional, ou de massa, tem levado explorao de lugares novos, em muitos casos, comecossistemas frgeis que correm o risco de degradao se no forem respeitadas suas caractersticas.

    Apresentamos, a seguir, alguns dos possveis efeitos da atividade turstica em ambientes naturais, baseados emalguns pesquisadores como Mathieson e Wall, 1982; Bernaldz, 1992; Western, 1995; Lage e Milone, 2001:

    Efeitos econmicos positivos: Gerao de empregos;

    Diversificao da economia regional, com a criao de micro e pequenos negcios;

    Fixao da populao no local, evitando o xodo rural;

    Desenvolvimento e melhoria da infra-estrutura de transportes, comunicaes, saneamento, iluminao, etc.

    Efeitos econmicos negativos: Instalao de segundas residncias, prejudicando espaos e fontes de renda da populao;

    Possveis desvios dos recursos econmicos gerados na localidade pelo envio de divisas para fora dela (pagamentode salrios de trabalhadores de outras cidades ou de produtos comprados fora do municpio, por exemplo);

    Aumento de preos de produtos em geral inflao; Especulao imobiliria.

    Efeitos socioculturais positivos: Valorizao da herana cultural material e imaterial (festas, costumes,

    danas, culinria, artesanato);

    Orgulho tnico;

    Intercmbio cultural; Conservao de locais histricos, preservando a arquitetura local; Resgate e perpetuao de atividades tpicas da comunidade;

    Fortalecimento dos vnculos familiares e comunitrios.

    Efeitos socioculturais negativos: Descaracterizao da vida social local; Relacionamento precrio entre turistas e moradores, gerando tenses;

    Aumento de problemas sociais como uso de drogas, prostituio eviolncia;

    Degradao do patrimnio histrico e cultural.

    Efeitos ambientais positivos: Diminuio do impacto sobre o patrimnio natural;

    Criao de alternativas de arrecadao para as Unidades de Conservao;

    Aumento da conscincia da populao local e dos turistas sobre a necessidade de proteo do meio ambiente; Ajuda na conservao das reas naturais;

    Criao de novas reas protegidas; Conservao da biodiversidade;

    TEMA 2

    IMPACTOS PRODUZIDOSPELO ECOTURISMO

    IMPACTOS PRODUZIDOSPELO ECOTURISMO

    Crdito:DboraMenezes

    Em Jericoacoara (CE), a inusitada coleta de lixo

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    13Ecoturismo

    Melhoria da infra-estrutura nas reas naturais; Maior fiscalizao por parte dos moradores, turistas e rgos competentes.

    Efeitos ambientais negativos: Poluio sonora, visual e auditiva; Desmatamento; Introduo de espcies animais e vegetais exticas;

    Prejuzos a espcies em seus hbitos alimentares, migratrios, etc.;

    Aumento na gerao de lixo, esgoto e problemas com saneamento bsico; Ocupao inadequada do solo.

    De forma geral, deve-se atentar para alguns aspectos quando se pensa no desenvolvimento do turismo em ambientesnaturais como, por exemplo: as instalaes e infra-estrutura adequadas e incorporadas paisagem do local; a preocupa-o com a coleta de lixo e tratamento de esgoto; a poluio sonora e do ar; o tipo de atividade a ser desenvolvida, deacordo com as caractersticas do meio e dos recursos naturais. Para os moradores locais, deve-se buscar seu envolvimento,com participao ativa seja no planejamento e organizao do turismo, para que sejam gerados benefcios, seja acompa-nhando a interao com os turistas.

    Alguns destinos tursticos no mundo mostram sinais de crise e estresse, que exigem uma mudana de atitude dosagentes envolvidos na atividade turstica. Vrios exemplos existem em que o turismo vem ameaando a qualidade doambiente natural. O entorno das metrpoles e a orla, que apresentam uma vocao de turismo e veraneio (segundaresidncia e chcaras de final de semana) so grandes exemplos brasileiros.

    H que lembrar, todavia, que tanto os benefcios do ecoturismo como os problemas dele decorrentes so potenciais,isto , dependem fundamentalmente do modo como seu planejamento, implantao e monitoramento forem organiza-

    dos e realizados. Sabendo-se que o turismo em ambientes naturais pode trazer conseqncias indesejadas, deve-sesempre ter em mente que h necessidade de constante monitoramento. Alem disso, alguns instrumentos de planeja-mento de uso e ocupao das terras, o plano diretor e o zoneamento ecolgico e econmico, entre outros, so importan-tes aliados na minimizao de impactos do turismo.

    Deve-se, tambm, entender que o grau dos efeitos gerados pelos visitantes pode variar, dependendo da sensibilizaoe conhecimento do turista, do tamanho do grupo, do preparo dos guias e monitores1 , de estruturas adequadas parareceber o turista, como sanitrios, cestos e sistema de coleta do lixo gerado, trilhas definidas, cuidados com a contenodo solo para evitar eroso e deslizamentos, etc. Deve-se, assim, atentar para as vrias maneiras de diminuir os efeitosnegativos da atividade.

    AtividadesAtividades1) Que tipo de cuidados voc acredita serem importantes quando se faz uma atividade (uma caminhada, por exemplo)

    em um ambiente natural?

    2) Cite outros exemplos de efeitos da atividade turstica sobre uma rea natural, tanto positivos, quanto negativos.

    3) Se houver turismo em ambientes naturais em seu municpio (ou na regio), pesquise quais so seus principais efeitos.Indique se ocorreram mudanas na natureza, nas construes e nos costumes das pessoas aps a chegada doturismo. Entreviste os ancios da regio para ter maiores informaes do passado.

    Avaliando os impactos do Ecoturismo ____________________________________________________Para pensar o significado dos impactos em reas naturais, dois aspectos devem ser considerados: (1) que a maior

    parte dos ecossistemas seja mantida sem qualquer distrbio e (2) que a evidncia dos impactos no seja notada pelosvisitantes. O primeiro aspecto associa-se proteo da rea e o segundo proteo da qualidade da experincia dosvisitantes. Ambos so importantes, mas a questo principal consiste na manuteno da integridade dos ecossistemas.

    O uso de reas naturais com atividades ecotursticas no afeta substancialmente os ecossistemas, pois, na maioria

    dos casos, ocorre de forma concentrada em algumas reas como trilhas ou destinaes mais populares. Entretanto,algumas outras ameaas no direta ou exclusivamente relacionadas ao turismo podem causar problemas emecossistemas delicados, como: despejo de esgotos, incndios, caa, introduo de espcies exticas, acampamentoem margens de rios.

    Os impactos causados pela recreao afetam a paisagem de uma determinada rea, interagindo com todos os seuselementos, sendo que a gua, a fauna, a flora e o solo so os que possuem maiores estudos sobre impactos da recreaoem reas naturais. Assim, importante que a paisagem seja entendida e analisada como um todo, como cada elementointeragindo em um determinado ecossistema, auxiliando dessa forma numa melhor gesto e administrao do recursonatural.

    Assim, uma srie de tcnicas foram desenvolvidas para potencializar os impactos positivos e reduzir os negativos.Passamos agora a discutir as principais tcnicas.

    1 Guia de turismo o profissional que, devidamente cadastrado na EMBRATUR, exerce as atividades de acompanhamento, orientaoe transmisso de informaes a pessoas ou grupos, em visitas, excurses urbanas, municipais, estaduais, interestaduais, internaci-onais ou especializadas. O monitor um condutor de visitantes no credenciado pela EMBRATUR. O monitor ambiental uma figuramuito presente nas atividades de turismo na natureza e, quando residente no local visitado, conhecido tambm como monitorlocal.

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    Tcnicas de Avaliao de Impactos da Atividade EcotursticaEstudos recentes visam a garantir espaos para visitao e para conservao de recursos naturais e culturais, focados

    principalmente no manejo2 do visitante. Levam-se em considerao informaes como o comportamento do visitante,o tipo de infra-estrutura construda para o atendimento, o tipo de ambiente visitado e as comunidades residentes.

    Dessa forma, para minimizar os impactos negativos do turismo, necessrio utilizar instrumentos de controle. Existemdiversas ferramentas que objetivam contribuir para o controle de impactos, utilizadas em reas naturais de pases comoEstados Unidos, Canad, Austrlia, Costa Rica e Brasil, entre outros. Indicamos, a seguir, algumas tcnicas mais consagradaspara o manejo do visitante e avaliao de impactos natureza e cultura do local visitado.

    Capacidade de Carga TursticaO primeiro mtodo aplicado ao controle de impactos do turismo foi a capacidade de carga. O conceito de capacidade

    de carga envolve consideraes cientficas e outros mais subjetivos, apresentando uma grande quantidade de aspectosque devem ser avaliados.

    Definies de capacidade de carga recreativa ou turstica3 geralmente incorporam dois aspectos centrais: primeiro, ocomponente da natureza que se refere integridade dos recursos; segundo, o aspecto comportamental, que reflete aqualidade da experincia turstica. Dessa forma, a capacidade de carga turstica pode ser definida como: O nmeromximo de pessoas que podem utilizar um ambiente de lazer sem causar um declnio inaceitvel na qualidade daexperincia recreativa (Mathieson e Wall, 1982:184).

    Ou seja, a capacidade de carga turstica a quantidade mxima de pessoas que um local suporta, a fim de no causarefeitos negativos excessivos sobre o ambiente e sobre a experincia do visitante.

    Estudos de capacidade de carga turstica em reas naturais consideram vrios fatores de anlise, como:

    tamanho da rea e espao utilizvel pelo turista; fragilidade do ecossistema a ser visitado; recursos naturais: nmero, diversidade e distribuio das espcies vege-

    tais e animais; relevo e hidrografia;

    sensibilidade e mudanas de comportamento de espcies animais diantedos visitantes;

    percepo ambiental dos turistas;

    disponibilidade de infra-estrutura e facilidades;

    oportunidades existentes para que os visitantes desfrutem dos recursos.

    possvel dizer que os nveis de capacidade so influenciados por dois grupos defatores:

    caractersticas dos visitantes/turistas (quantidade de visitantes, atividades

    praticadas, etc.); caractersticas da rea de destinao e da populao local (nvel de dificuldade

    de acesso, caractersticas naturais, grau de isolamento dos habitantes, etc.).

    Geralmente, em uma rea com o objetivo de fornecer atividades de lazer aosvisitantes, a capacidade de carga maior do que se ela fosse destinada educao ambiental.

    H dois tipos principais de capacidade de carga turstica. Uma refere-se ao espao fsico onde acontece a atividade; aoutra a capacidade de carga psicolgica, que diz respeito sensao que o visitante tem sobre o local, se sente que estcheio demais, ou se o nmero de pessoas est adequado, ou mesmo baixo. Contudo, no final dos estudos, estabelece-se o nmero mximo de pessoas que um local pode suportar. Disso aparecem algumas crticas, pois se trata de um estudoquantitativo, sem considerar as necessidades, aspiraes ou comportamento dos visitantes.

    AtividadesAtividades1) Discuta com seus colegas sobre a capacidade de carga. Anote exemplos de situaes em que a capacidade de carga fsica

    de um lugar foi atingida. Pense em algum atrativo turstico que costuma visitar e analise sua capacidade de carga turstica.

    2) Que medidas poderiam ser adotadas para diminuir a presso causada pela visitao a atrativos que voc conhece?

    Manejo do Impacto da Visitao (VIM4 )

    um mtodo desenvolvido tambm sobre o impacto da visitao. Mas, ao contrrio da capacidade de carga, no estfocado no estabelecimento de um nmero de pessoas, mas sim nas causas potenciais dos problemas que afetam uma reavisitada e na seleo de estratgias (nem sempre quantitativas) para a soluo dos problemas.

    identificao do problema e seu estado ou condio; determinao das causas potenciais; seleo das estratgias de manejo potenciais.

    2 Manejo: conjunto de medidas e aes para gerenciar ou administrar uma determinada atividade.3 Os dois termos so, normalmente, utilizados como sinnimos. Vamos aqui, apenas para facilitar a leitura, utilizar o termo capaci-

    dade de carga turstica.4 Sigla do nome em ingls - Visitor Impact Management

    Crdito:DboraMenezes

    Em Paraty (RJ), exemplo de trilha com eroso

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    15Ecoturismo

    O objetivo dessa tcnica manter os impactos dentro de nveis aceitveis a partir de critrios pr-estabelecidos. Paratanto, necessrio o estabelecimento de indicadores de impacto.

    O VIM foca a identificao das relaes entre o impacto e os padres de visitao. Para tal, busca levantar indicadores.Por exemplo:

    indicadores fsicos: propriedade do solo, ou nmero de eroso numa trilha;

    indicadores biolgicos: quantidade de bromlias ao longo de uma trilha, proporo de espcies exticas (de forado local) e

    indicadores sociais: nmero de encontros de visitantes numa trilha ou atrativo, grau de satisfao.

    Assim, o VIM busca elencar um certo nmero de indicadores, ou seja, algo de fcil observao e medio. E, a partirdeles, realizar o monitoramento a fim de verificar se algum tipo de visita (por exemplo, passeios a p, com bicicleta, a cavalo,etc.) causa problemas nas caractersticas originais do local. E isso pode ser percebido por alteraes nos indicadoresselecionados.

    Uma vez identificado um problema, esse mtodo tenta buscar solues que no sejam necessariamente a reduo donmero de pessoas, mas intervenes ou mudanas de atitudes ou comportamentos que garantam a continuidade davisita e protejam o recurso natural ou cultural.

    AtividadesAtividades1) Levante com seus colegas indicadores fsicos, biolgicos ou sociais de uma rea visitada em sua regio. Durante o

    semestre letivo, acompanhe (faa um monitoramento) da rea, verificando se os indicadores selecionados esto se

    modificando. Caso estejam, avalie as causas e proponha solues para minimizar os problemas.

    A interpretao da natureza ou interpretao ambiental___________________________________A interpretao ambiental consiste em um conjunto de tcnicas para garantir a experincia de visitao. Isso

    realizado por meio da transmisso de informaes a respeito das caractersticas da natureza e da cultura local ao pblicovisitante.

    Um programa de interpretao ambiental pode enriquecer a experincia do visitante, pois permite que este entendamelhor o que est sendo vivenciado, relacionando o contedo da interpretao com a experincia.

    Assim, a interpretao ambiental ou da natureza uma tcnica didtica, flexvel e moldvel s mais diversas situaes,que busca esclarecer os fenmenos da natureza para determinado pblico-alvo, em linguagem adequada e acessvel,utilizando os mais variados meios auxiliares para tal.

    Entendem-se como meios auxiliares as diversas estratgias para transmitir (interpretar) uma informao para ovisitante. Pode ser um recurso udio-visual, um filme, placas ao longo de um trajeto - trilhas interpretativas -, a capacitao

    de um guia, mapas e folheteria, entre outras estratgias. importante que a tcnica de interpretao no fique restritaapenas a um meio. Ao contrrio, deve-se buscar uma complementao desses meios para garantir uma melhor transmissoda informao.

    Porm, seja qual for o meio utilizado, importante que ele respeite alguns princpios, tais como:

    qualquer interpretao que no relaciona, de alguma forma, o que se est exibindo ou descrevendo, com algo dapersonalidade ou experincia do visitante ser de difcil entendimento;

    a interpretao inclui informao;

    a interpretao uma arte e pode ser ensinada;

    o propsito principal da interpretao a provocao, ou seja, avivar a curiosidade e o interesse;

    a interpretao dirigida a crianas deve ter programas e apresentaes especficas, relacionadas faixa etria e aoseu desenvolvimento cognitivo;

    a interpretao deve apresentar os fenmenos em sua totalidade, evitando apresentar apenas partes isoladas

    dele. Por exemplo: falar da rvore, mas no contextualizar o ambiente em que ela se instalou; sua relao como oclima, com o solo e a utilizao humana da rvore.

    Dessa forma, a interpretao um meio de aumentar o valor da experincia do ecoturista, pois o local torna-se maisinteressante quando se conhece algo a mais, ou seja, no basta observar a natureza como um cenrio, uma fotografia ouuma pintura; necessrio evidenciar as relaes entre os elementos naturais que compem e se relacionam nessapaisagem. Com isso, o ecoturista pode entender e valorizar o local visitado, mantendo uma postura de respeito eevitando impactos indesejveis.

    Para uma interpretao bem-sucedida, recomenda-se envolver as pessoas ativamente no processo de aprendizado,procurando estimular todos os rgos dos sentidos, explicando a utilidade do conhecimento que est sendo adquiridoe executando experincias diretas.

    AtividadesAtividades1) Com os colegas, faa uma pesquisa das caractersticas naturais e culturais de um local visitado em sua regio.

    Transforme os resultados de sua pesquisa em informao para o visitante. No se esquea de utilizar vrios meiospara isso: uma cartilha, um mapa, placas de explicao (interpretao), entre outros.

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    AtividadesAtividades1) Pesquise informaes sobre os plos de ecoturismo. Existe algum prximo sua cidade ou em seu estado? O que

    voc acha que eles representam?

    2) Busque informaes complementares sobre a Agenda 21 no Brasil e em sua regio. Verifique se algum rgomunicipal realiza trabalhos relacionados a ela.

    Ecoturismo: um mercado em expanso no Brasil e no Mundo ______________________________Estima-se que 50 milhes de pessoas no mundo e meio milho no Brasil praticam o ecoturismo. O crescimento anual

    estimado de 20% no mundo e 10% no Brasil. As viagens voltadas natureza representam 10% das viagens deamericanos e europeus; a primeira inteno de viagem para os turistas que vo Costa Rica e ao Qunia. De 4 a 6 milhesde moradores dos Estados Unidos fazem, por ano, turismo na natureza fora de seu pas; no Brasil, existem cerca de 250operadores e agentes especializados e mais de 2000 meios de hospedagem, sendo aproximadamente 220 eco-hotis.

    A participao do Brasil no mercado do ecoturismo ainda muito pequena, considerando que o pas tem potencial para

    desenvolver vrios segmentos do turismo na natureza. Os principais destinos de ecoturismo da atualidade so:Regio Norte:Lodges (hotis de selva) localizados prximos a Manaus; rios da regio; Parque Nacional do Pico da

    Neblina (AM); Serra do Navio e Fortaleza de So Jos (AP); Ilha de Maraj (PA); Monte Roraima (RR); Vale doGuapor (RO); Xapuri (AC); Ilha do Bananal (TO);

    Regio Centro-Oeste: Pantanal; Bonito (MS); Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros (GO); Parque Nacionalda Chapada dos Guimares (MT);

    Regio Nordeste: Parque Nacional Marinho de Fernando de Noronha(PE); Delta do Parnaba (PI) e Ilha do Caju (MA); Parque Nacional deSete Cidades (PI); Parque Nacional da Chapada Diamantina; ParqueNacional Marinho de Abrolhos e Praia do Forte (BA);

    Regio Sudeste: Parque Nacional de Itatiaia (RJ/MG); Floresta daTijuca, Ilha Grande, Parque Nacional da Serra dos rgos (RJ); Par-que Nacional da Serra do Cip, Parque Nacional de Ibitipoca (MG);

    Parque Estadual da Pedra Azul (ES); Parque Estadual Intervales, Par-que Estadual do PETAR, Parque Estadual da Juria, Parque Estadualde Campos do Jordo, Parque Estadual da Serra do Mar, ParqueEstadual Ilha do Cardoso, Parque Estadual Serra da Bocaina eLagamar (SP);

    Nesse tema, abordam-se as principais diretrizes polticas brasileiras para a implantao adequada de atividades de

    ecoturismo, destacando algumas tendncias desse segmento. Traam-se tambm algumas recomendaes diferenciaispara o sucesso dessa atividade.

    Os Plos de Ecoturismo e a Agenda 21 ___________________________________________________A EMBRATUR, em parceria com o Instituto de Ecoturismo do Brasil (IEB), identificou 96 regies, no Brasil, para o

    desenvolvimento do ecoturismo, conhecidas como Plos de Ecoturismo, espalhadas por vrios estados.Esse projeto teve como objetivo identificar as localidades brasileiras onde a prtica do ecoturismo vem ocorrendo e

    aquelas onde essa prtica pode ocorrer. Os plos de ecoturismo tentam contribuir para preservar as riquezas da naturezae valorizar a cultura e as tradies populares, destacando as diferenas regionais brasileiras.

    So identificados o potencial natural das reas, sua fauna e flora, relevo e paisagem, e as condies da infra-estruturanos locais onde o ecoturismo se apresenta como uma alternativa de desenvolvimento.

    A Agenda 21 um programa de ao, baseado em um documento de 40 captulos que constitui a mais ousada eabrangente tentativa j realizada de promover, em escala planetria, um novo padro de desenvolvimento, conciliando

    mtodos de proteo ambiental, justia social e eficincia econmica. AAgenda 21 foi um documento discutido na RIO-92.Mais do que um documento um processo de planejamento participativo, que analisa a situao atual de um pas,

    estado, municpio e/ou regio, que planeja o futuro de forma sustentvel. Esse processo de planejamento deve envolvertodas as pessoas na discusso dos principais problemas e na formao de parcerias e compromissos para a sua soluoa curto, mdio e longo prazo. Em outras palavras, o esforo de planejar o futuro, com base nos princpios deAgenda 21,gera produtos concretos, exeqveis e mensurveis, derivados de compromissos pactuados entre todas as pessoas.

    Os preceitos daAgenda 21 vm sendo aplicados ao turismo. Neste campo, ela defende um processo participativo detomada de decises, com forte envolvimento da comunidade local e estmulo s lideranas comunitrias. A Agenda 21voltada ao turismo refora a preocupao com o desenvolvimento do turismo com respeito ao ambiente natural e comunidade local.

    Crdito:DboraMenezes

    Parque Estadual da Perda Azul, em DomingosMartins (ES)

    TEMA 3

    CONDIES ATUAIS E TENDNCIASDO ECOTURISMO NO SCULO XXI

    CONDIES ATUAIS E TENDNCIASDO ECOTURISMO NO SCULO XXI

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    17Ecoturismo

    Regio Sul: Parque Nacional dos Aparados da Serra; Parque Nacional da Lagoa do Peixe; Serras Gachas (RS); Ilhade Santa Catarina, Rio Itaja-Au (SC); Parque Nacional de Foz do Iguau, Parque Nacional do Superagi, ParqueEstadual de Viva Velha, Parque Estadual do Marumbi (PR).

    Quanto s principais destinaes ecotursticas internacionais, no continente asitico, a Malsia e as Filipinas so osprincipais destinos; no continente africano, desponta a frica do Sul; na Amrica do Sul, a Amaznia peruana, o Equador,a Venezuela e, somente depois, o Brasil; na Amrica Central, a Costa Rica; e, na Amrica do Norte, os principais destinosesto no bem estruturado sistema de Parques Nacionais Norte Americanos, como Yelowstone e Iosemite.

    AtividadesAtividades1) Pesquise se, em sua regio, existe alguma localidade famosa pelo ecoturismo. Qual? Quais so suas caractersticas e

    atividades possveis de serem desenvolvidas?

    2) Voc acredita que h possibilidade de realizar um trabalho conjunto com outros municpios para apresentar umaoferta mais abrangente? Se for o caso, o que os municpios de sua regio poderiam oferecer?

    Detalhes que fazem a diferena __________________________________________________________A atividade turstica em ambientes naturais requer uma srie de cuidados para seu sucesso. importante contar com

    um bom guia, dar ateno aos preparativos, alimentao, aos equipamentos e materiais adequados e ao preparo docondutor para a resoluo de imprevistos nas atividades de ecoturismo. Podemos pensar em qualquer atividade ecoturstica,mas neste tpico se aborda, principalmente, uma das atividades mais comuns em ambientes naturais: a caminhada, outrilha. Vamos l?

    Um bom guia local aquele que presta ateno aos detalhes e que se preocupa com o bem-estar dos visitantes. Ele deve ter curso

    preparatrio, compromisso com o projeto e com prticas de mnimo impacto; capacitao em tcnicas de conduo einterpretao; simpatia, personalidade e noes de relaes pessoais, habilidade para se comunicar; conhecimentossobre o atrativo e a regio; conhecimentos de primeiros socorros e de como agir em vrios tipos de emergncias.

    Antes de comear a atividade em ambiente natural importante: conhecer o local por onde passar o grupo; obter permisso, quando necessrio (propriedade particular,

    UC, rea indgena, rea de extrao); saber que tipos de animais e plantas existem na rea (alm de ser til para explicaraos turistas, importante para evitar e tratar acidentes); traar o roteiro, com previso de tempo de percurso, paradas ehorrio de retorno (deixar pessoas avisadas sobre essa programao); traar um perfil dos visitantes - saber se algumtem algum problema de sade, se toma medicao e conhecer o preparo fsico dos membros do grupo.

    Alimentao importante darmos ao visitante a possibilidade de experimentar a culinria tpica do local, algo de que os turistas

    gostam muito.Quando se vai fazer uma trilha, no entanto, importante prestar ateno ao cardpio, que deve incluir alimentos de

    fcil digesto, leves e que forneam bastante energia para a atividade. Deve-se lembrar sempre a importncia da higieneno preparo dos alimentos, alm da boa apresentao dos pratos.

    Todos que vo participar de uma atividade fsica devem levar gua e um lanche, como: sanduches reforados,preferencialmente com po integral; queijos de consistncia dura; uva passa ou outras frutas secas; castanhas; barra decereais; biscoitos; frutas frescas (banana, laranja, goiaba, ma).

    Equipamentos, vesturio e materiais adequadosEm alguns casos, para melhor aproveitamento do local, so necessrios equipa-

    mentos e materiais especiais, como binculos para observao, mscaras e snorkel(equipamento para mergulho sem garrafa de ar); roupas especiais (de neoprene, porexemplo, para alguns esportes na gua); repelentes de insetos, botas, capacetes (pararafting, espeleologia, etc.); cordas (para rapel, por exemplo); lanternas; coletes salva-vidas (obrigatrios para atividades em embarcaes), etc.

    Algumas recomendaes quanto ao vesturio: deve atender s necessidades doambiente; para clima quente, nada melhor do que roupas leves, confortveis, resis-tentes e ventiladas; em regies de clima frio, malhas de l, gorros e luvas so necess-rios; calados como botas e calas compridas (evitar jeans) do maior proteo contraarbustos, espinhos e animais peonhentos; levar itens que protejam do sol, comochapus e bons, e de mosquitos, como camisetas de manga longa; quando houvertravessia de leitos dgua e pernoites, importante levar uma muda de roupa.

    Em caso de pernoite em acampamento selvagem, devem-se providenciar barracas,sacos de dormir, fogareiro, panelas e talheres, alimentao suficiente para as refei-es, vela, lcool em gel ou benzina, entre outros equipamentos.

    Com relao a como carregar os itens que estiverem sendo levados para a trilha, importante levar tudo em uma mochila pequena, deixando as mos livres.

    Fonte:MicrosoftOfficeOnline

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    Preparo para imprevistos e problemas de sade na trilhaNa hora de levar um turista a um ambiente natural, existe uma srie de cuidados a serem tomados para que a experincia

    seja a melhor possvel. Afinal, estamos lidando com pessoas que, muitas vezes, no tm muito preparo fsico e, freqentemente,nenhum conhecimento sobre o local visitado, o que implica uma grande responsabilidade. Por isso, preciso ateno.

    Alguns dos cuidados recomendveis so: checar a disponibilidade de soro em postos de atendimento, para uso nocaso de picadas de animais peonhentos; avisar o corpo de bombeiros mais prximo sobre o grupo de pessoas e o localaonde se est indo; necessrio estar acompanhado de algum com noes de primeiros-socorros.

    Lembre-se: existem cursos especficos para a formao de guias de ecoturismo e, se voc quiser seguir adiante nestaprofisso, importante buscar instruo complementar.

    Tornando uma caminhada interessanteAgora, para finalizar, vamos pensar em algumas das principais etapas de uma caminhada guiada e seus objetivos, de

    forma a torn-la uma experincia agradvel, considerando a interpretao ambiental como instrumento educativo naconduo de grupos.

    Preparao para a sada: apresentao do guia e saudao aos participantes; informao sobre a durao e graude dificuldade da caminhada; informao e verificao sobre roupas ou equipamentos necessrios; recomenda-es sobre normas de conduta e de segurana; no caso de trilhas extensas, abordagem sobre condicionamentofsico e prtica de aquecimento e alongamento muscular; busca de cordialidade e clima amistoso, lembrando que,muitas vezes, atividades de recreao so muito bem-vindas para o entrosamento do grupo.

    Introduo (no local de sada ou prximo da primeira parada): apresentao do ambiente (ecossistema) a ser visitado;orientao sobre o objetivo e o tema da caminhada; motivao para a participao e criao de expectativa e curiosidade.

    Ao longo das paradas (corpo): apresentao do tema em cada uma das paradas; transmisso de informaespertinentes ao tema, sem fugir das idias principais.

    Concluso (ltima parada): reforo da mensagem; relao entre o tema e o que foi visto e discutido ao longo docaminho e finalizao, com agradecimento do guia pela participao.

    Para tornar uma caminhada mais dinmica, algumas sugestes:

    ter mo ajuda visual e material de apoio comunicao, para uso tanto na introduo quanto nas paradas ou nofinal da caminhada (binculo, trena, mapas, fotos, desenhos, gravaes, amostra de solos, fantoches e bonecos),conforme o tema, o grupo e o local a ser percorrido;

    incorporar atividades curtas nas paradas, como medies, uso dos sentidos, jogos e adivinhaes;

    fazer perguntas para envolver as pessoas. Elas servem para aumentar a ateno e podem ajudar em comparaes,dedues, resolues de problemas, demonstraes e avaliaes;

    envolver os participantes na caminhada, estimulando a busca do que lhes interessa;

    estimular a percepo da caminhada como um momento de descoberta, tanto do ambiente ao redor, quanto desi mesmo.

    AtividadesAtividades1) Pesquise alguns esportes de aventura e verifique que equipamentos e materiais so necessrios para sua prtica.

    2) Fazer uma caminhada com seus colegas de sala e professores, planejando-a com antecedncia. Anote tudo o quepuder observar e aprender. Ao final, discuta com seus colegas e professores como foi a experincia.

    Abreviaturas e SiglasCBTS: Conselho Brasileiro de Turismo Sustentvel

    CNUMAD: Conferncia das Naes Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento

    EMBRATUR: Instituto Brasileiro de TurismoFUNBIO: Fundo Brasileiro para Biodiversidade

    IBAMA: Instituto Brasileiro do Meio Ambiente

    IEB: Instituto de Ecoturismo do Brasil

    IH: Instituto de Hospitalidade

    IUCN: International Union for the Conservation of Nature and Natural Resources

    OMT: Organizao Mundial de Turismo

    PROECOTUR: Programa de Desenvolvimento do Ecoturismo na Amaznia Legal

    RPPN: Reserva Particular do Patrimnio Natural

    UC: Unidade de Conservao

    UNESCO: Organizao das Naes Unidas para a Educao, a Cincia e a CulturaWCED: World Comission on Environment and Development

    WWF: World Wildlife Fund (Fundo Mundial da Vida Selvagem)

    WTTC: World Travel & Tourism Council

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    Mdulo I

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    Mdulo II

    PAISAGENSNATURAIS

    BRASILEIRAS

    Autor: Joo Carlos Nucci

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    Este mdulo tem como finalidade despertar seu interesse pelo ambiente que o cerca para compreender melhor omeio em que vive e atuar sobre ele de forma consciente.

    Nosso objetivo permitir que voc participe mais ativamente no planejamento e desenvolvimento de sua comunidadee da atividade turstica que se realiza nela.

    O ser humano, desde suas origens, procura transformar a natureza parasatisfazer as suas necessidades. Nas primeiras sociedades humanas, a relao

    com a natureza era de trabalho e convivncia direta, sendo a manuteno dasnecessidades bsicas alcanadas por meio da caa, da coleta e da agriculturade subsistncia.

    Com o passar dos anos, o crescimento do conhecimento humano, asdescobertas de novos recursos naturais, o avano das tcnicas tornaram aspaisagens humanizadas e deram melhores condies de vida para, pelo me-nos, parte da humanidade. Contudo, esse processo trouxe alguns problemase conflitos.

    H mais de um sculo, existe uma preocupao com a destruio da nature-za, fornecedora de recursos fundamentais para a qualidade de vida na Terra,tais como o ar puro, a gua potvel, as formaes vegetais, a fauna, as paisa-gens notveis.

    Uma das formas para se pensar sobre essa relao do ser humano com anatureza, a preocupao com as transformaes no tempo - ou seja: comoera, como est agora e como pode ficar - e tambm no espao - ou seja: ondeesto, como se organizam e como funcionam - pode ser encontrada na pala-vra PAISAGEM.

    Paisagem significa ao (sufixo agem) sobre uma localidade (prefixo pais)e essa ao seria ao humana, porm, neste livro, entende-se a paisagemcomo uma representao da natureza pouco transformada pela sociedade.

    A cultura j modificou muito as formas naturais, porm a natureza conti-nua a exercer certas influncias, mesmo nas paisagens alteradas pelo serhumano. Mesmo com a total retirada da vegetao em uma rea urbana, pode-se constatar a fora da natureza tentandoreconquistar o seu espao. Se os cuidados com a rea ocupada pelo homem forem abolidos, a vegetao comea ainvadi-la e a recoloniz-la.

    Pode-se dizer, ento, que a paisagem tudo o que vemos e percebemos e contm elementos culturais e da natureza.Sendo assim, no existe uma paisagem totalmente cultural ou totalmente natural, mas sim uma composio de elemen-

    tos naturais e culturais. Em alguns lugares, com mais elementos do natural, como nos parques e reservas institudos paraa conservao da natureza; em outros, com o cultural, como nas cidades.

    AtividadesAtividades1) Tente desenhar ou procure em uma revista ou jornal diferentes tipos de paisagens e faa uma relao com os rgos

    dos sentidos (viso, audio, olfato, tato e paladar), ou seja, descreva o que voc est vendo, os possveis cheiros,sons, texturas e gostos que poderiam ser experimentados nessas paisagens.

    2) Procure, nas proximidades da sua casa ou escola, as influncias da natureza nas paisagens mais transformadas pelasculturas.

    NATUREZA E PAISAGEM

    TEMA 1

    NATUREZA E PAISAGEM

    Crdito:Dbora

    Menezes

    Morro da Cruz, em Urubico (SC)

    APRESENTAOAPRESENTAO

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    A COMPOSIO DA PAISAGEM

    TEMA 2

    A COMPOSIO DA PAISAGEM

    Como vimos no tpico anterior, a palavra paisagem contm uma caracterstica fundamental que a torna um ponto departida para a interpretao do meio, ou seja, ela acessvel aos rgos dos sentidos dos seres humanos, principalmente

    viso.Mas a paisagem entendida como um cenrio sem vida, sem movimento, como uma pintura em um quadro, seria

    apenas o ponto de partida. O importante considerar, numa paisagem, a existncia das ligaes entre os seres vivos e anatureza no viva (rocha, clima etc.), alm de procurar explicao para a distribuio, no espao, de seus elementosconstituintes.

    Alexander von Humboldt (1769-1859)

    Humboldt foi um grande naturalista e gegrafo alemo, com muitos e variados conhecimentos, que se dedicou aosestudos da natureza em todos os seus aspectos. Nasceu em Berlim em 14 de setembro de 1769 e com 30 anos de idade(1799), realizou viagens pela Venezuela, Colmbia, Equador, Peru, Mxico e Cuba. Ao retornar para Berlim escreveu, em1808, um de seus mais famosos livros, Quadros da Natureza. Humboldt pesquisou em suas viagens temas comodistribuio das plantas, estudos de temperatura, fora magntica da Terra, vulces, origem de alguns tipos de rochas,entre outros, e publicou os resultados de suas pesquisas em diversas revistas cientficas. Porm, a sua mais importanteobra recebe o ttulo de Cosmos, sendo a primeira parte da obra publicada em 1845. Nela, Humboldt escreve sobre

    quase todos os fenmenos fsicos e biolgicos do Universo, procurando mostrar as relaes existentes entre eles. Humboldtmorreu em 06 de maio de 1859 em Berlim, deixando grandes contribuies para os estudos integrados das paisagens.

    Fonte: Disponvel em: http://www.epigrafe.com/resena/autresena.asp?aut_id=2&lib_id=6

    Para entendermos as relaes entre os elementos de uma paisagem, podemos consider-la como um sistema.A palavra sistema, atualmente, est em toda parte: sistema eltrico, sistema de computador, sistema hidrulico,sistema bancrio, sistema escolar e assim por diante, sempre querendo retratar uma viso que considera asrelaes entre as partes.

    Tambm nas cincias naturais, a palavra sistema passou a fazer parte do vocabulrio, por exemplo, com os termos:ecossistema e geossistema. Este ltimo foi sugerido com o intuito de se representar a paisagem segundo a visosistmica, o mesmo fato ocorrendo na Ecologia, que criou o termo ecossistema na tentativa de entender as relaes entreos seres vivos e o meio no-vivo.

    A noo de ecossistema surgiu entre os bilogos mais acostumados ao trabalho com a natureza, com nfase nosestudos dos seres vivos. Sendo assim, os elementos no-vivos ficam deslocados e o ser humano tambm no suficien-temente considerado nos estudos dos ecossistemas.

    Pode-se dizer que o ecossistema a representao das interaes que ocorrem na natureza. As interaes entre osseres vivos e seu meio podem ser identificadas por meio de um diagrama de compartimentos (caixas e setas), sendo queos compartimentos, ou seja, as caixas so preenchidas pelos elementos do ambiente, e as setas indicam o caminho doalimento ou da energia. Por exemplo: um diagrama de compartimentos e setas representando a interao de umgafanhoto com o capim. Lembremos que o capim, como um vegetal, necessita de energia luminosa para viver, sendo essarepresentada pelo sol em um compartimento circular que indica fonte de energia.

    Sol Capim Gafanhoto

    A palavra ecossistema uma unio de duas palavras: ecos esistema. A palavra ecos derivada da palavra grega oikos,

    significando casa, lugar de vida, ambiente; e o termo sistema pode ser definido como um conjunto de elementos queinteragem mediante fluxos de matria e de energia. Esses fluxos originam relaes de dependncia entre os fenmenos.Exemplificando:

    Elementos - sol, pssaro, planta, etc.;Fluxos - representados pelas setas no diagrama;Matria - alimentos, nutrientes para as plantas, gases como oxignio e gs carbnico, etc.;Energia - luz, calor, etc.

    Podemos concluir que o ecossistema uma construo abstrata, construda pelo homem na tentativa de entendermelhor as relaes existentes na paisagem; portanto, diferentemente desta, que visvel e concreta, denunciada porindicadores facilmente perceptveis (vegetao, formas de relevo, uso e cobertura do solo, por exemplo), o ecossistemano existe concretamente; so esquemas virtuais das paisagens.

    Nem por isso eles perdem a sua grande importncia, pois olhar as paisagens segundo uma viso sistmica, procuran-do entender no somente as formas, mas tambm a estrutura, a dinmica e a evoluo de uma paisagem, tornou-se uma

    atitude fundamental na construo do conhecimento sobre as relaes entre a natureza e a sociedade humana.Uma das formas de relao entre a natureza e a sociedade se d por meio da atividade turstica, promovendo a integraoe derrubando fronteiras entre as paisagens. Podemos dizer que a paisagem , ao mesmo tempo, uma das matrias-primas doturismo e beneficiada por ele graas s aes que a protegem e transformam. A avaliao da paisagem por meio de uma visosistmica fundamental para o planejamento e desenvolvimento do turismo, em especial do ecoturismo.

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    Quais so os elementos da paisagem que devem ser estudados? Devo estudar todos os elementos e todas as suascaractersticas? Como deve ser feito esse estudo? Que nvel de detalhe devo considerar?Pode-se dizer que no h uma receita nica e pronta para estudar todos os diferentes tipos de paisagem. Sendo

    assim, neste item, procuraremos traar algumas consideraes que necessitaro de adaptaes de acordo com as parti-cularidades de cada situao encontrada.

    Rocha, gua, ar, solo, formas de relevo, vegetao, fauna, o ser humano e suasconstrues interagem para formar uma paisagem. Cada elemento influencia e influenciado por todos os outros; portanto, deveramos considerar todos eles aomesmo tempo, o que parece ser impossvel.

    Ento, para facilitar o estudo, podemos analisar os elementos que mais se desta-cam e mais influenciam a paisagem em estudo, ou ento escolher elementos quepossam indicar caractersticas que, no momento, so as mais importantes para asnossas intenes.

    Em algumas paisagens como, por exemplo, nas montanhosas, podemos encon-trar as formas de relevo como, os morros, as serras e os vales, como os elementosque mais se destacam e ajudam a definir aquela paisagem. Essas formas podemestar cobertas por vegetao (agricultura ou vegetao espontnea) e por constru-es humanas, que so outros elementos que tambm se destacam.

    Os seres vivos podem funcionar como indicadores da qualidade, pois reagemprimeiro s influncias exteriores, exibindo alteraes, como reduo populacional.Se o interesse for o de monitorar as pequenas modificaes em uma paisagem, oestudo da vegetao, da flora e da fauna pode ser de grande valia, ou seja, busca-sesaber como esses elementos estavam presentes antes de uma interferncia e comoficaram aps essa interferncia.

    Um outro elemento que se altera facilmente conforme o ser humano passa autilizar a paisagem a gua, que pode ter suas caractersticas monitoradas nos riose lagos.

    Deve-se, tambm, considerar as caractersticas climticas gerais da localidade: a influncia de geadas, dados sobre aevaporao, formao de nevoeiros, etc.Ento, podemos comear o estudo da paisagem por um levantamento descritivo, tentando listar os diferentes

    elementos que a formam. Um segundo passo seria a qualificao desses elementos e combinaes, ou seja, devemosavaliar os limites e as vantagens que o local pode nos oferecer. Depois disso, devemos enfatizar a articulao dos fatores

    ANALISANDO A PAISAGEM

    TEMA 3

    ANALISANDO A PAISAGEM

    AtividadesAtividades1) Vamos usar, como exemplo, organismos de um lago para construir um diagrama de compartimentos que represente

    as interaes ocorridas nesse ecossistema. Os compartimentos sero preenchidos pelos seres vivos e as setas indica-ro o caminho do alimento ou da energia.Considere: Fonte primria de energia: sol; Organismos do lago; algas: vegetais que transformam a energia do sol em alimento; peixes herbvoros que se alimentam das algas; peixes carnvoros que se alimentam dos peixes herbvoros; fungos e bactrias que se alimentam das algas e dos peixes, geralmente depois de mortos.

    2) Em um pasto h, alm do gado que o homem cria para comer, diversos tipos de roedores (ratos, pres, capivaras, etc).Esses roedores herbvoros servem de alimento para cobras e corujas. Qualquer um desses animais, com exceo dogado, pode ser capturado por gavies.a) Construa um diagrama de compartimentos para representar o ecossistema de pasto.b) Ao contrrio do ecossistema, que uma representao esquemtica do ambiente feita pelo ser humano, a

    paisagem concreta, palpvel e mais facilmente percebida diretamente no terreno. A paisagem a forma resultan-te do funcionamento dos seus elementos.Faa um desenho que represente a paisagem do ecossistema de pasto construdo no item a) deste exerccio.

    3) Procure em revistas, jornais ou desenhe uma paisagem qualquer. Tente representar, na forma de um diagrama, ogeossistema dessa paisagem. Considere os elementos da natureza (rochas, rios, solo, vegetao, fauna, etc.) e osculturais (usos e construes humanas: agricultura, casas, prdios, indstrias, etc.), colocando-os nos compartimentos(caixas) e aponte, por meio das setas, as relaes existentes entre eles. Pode-se ainda acrescentar elementos nem sempreconsiderados, como os relacionados ao clima, como mais um elemento da paisagem.

    Crdito:DboraMenezes

    Parque Nacional do Iguau

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    23Ecoturismo

    Mdulo II

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    relacionados com a utilizao da paisagem pelo ser humano, como os usos (agrcolas), edificaes (urbana, industrial,tecnolgica) e modificaes importantes (represas, aterros, desmatamentos, etc.), no esquecendo de considerar o climae os rios que so dinmicos e podem atravessar a paisagem.

    importante atentar para as transformaes provocadas pelo ser humano e relacion-las aos limites e aptides decada tipo de paisagem.

    AtividadesAtividades1) Analise o fluxograma (diagrama de compartimentos) e responda as questes a seguir:

    (paisagem vista de modo sistmico)

    a) D exemplos de cada interao indicada pelas setas, por exemplo: como a vegetao influencia os solos? como o clima influencia a fauna?

    b) Voc acha que faltam setas entre o clima e o solo?c) Acrescente o ser humano no esquema.d) Ao acrescentar o ser humano no esquema, identifique a importncia das transformaes ocorridas na paisagem

    para a atividade turstica e mostre como o turismo pode contribuir para essas transformaes.

    2) Encontre a foto de uma paisagem e faa uma lista dos seus elementos constituintes. Construa um diagrama decompartimentos, indicando com setas as influncias entre eles.

    A avaliao de uma paisagem sempre vai depender de quem a analisa, mas os critrios utilizados podem se basear emestudos que levam em considerao a qualidade do funcionamento e da estrutura das paisagens. Podemos citar algunsdos critrios, tais como a diversidade, o grau de naturalidade, a fragilidade, a freqncia de espcies ameaadas, entreoutros. Porm, geralmente essas avaliaes so realizadas com o auxlio de tcnicas, instrumentos e conhecimentosadquiridos aps um treinamento mais especfico e, na maioria das vezes, so complexas e realizadas por profissionais.

    Uma forma um pouco mais fcil de avaliar as paisagens est na classificao conforme a intensidade de alteraesprovocadas pelos seres humanos na natureza. Essas alteraes produzem tipos de paisagens com diferentes graus detransformaes. Podemos encontrar, ento, desde paisagens muito alteradas, com pouca presena da natureza, atpaisagens com quase nenhuma alterao humana.

    Sendo assim, as paisagens podem ser avaliadas de acordo com o grau de naturalidade que elas apresentam. Ento, combase, por exemplo, no tipo de superfcie e nas mudanas na vegetao e na flora (espcies), como a perda de espcies nativas,a paisagem pode ser classificada como natural, quase-natural, semi-natural, agri-cultural, quase cultural ou cultural.

    Os termos utilizados no importam muito, o que interessa organizar os diferentes tipos de paisagens de acordocom o grau de transformao. A avaliao feita de forma relativa, ou seja, uma paisagem comparada com as outraspara se determinar em qual posio ela ser colocada.

    Ento, teramos paisagens naturais que no sofrem influncia humana direta e so capazes de auto-regulao,passando por paisagens prximas de naturais, que so influenciadas pelo ser humano, mas que, apesar disso, ainda

    conseguem se manter em equilbrio; depois as paisagens semi-naturais, resultantes do uso humano, mas no criadasintencionalmente e que apresentam capacidade limitada de auto-regulao e, finalmente, paisagens humanizadas, ouseja, criadas e dependentes do controle e manejo humanos. Alm desses tipos, teramos ainda as paisagens tecnolgicas,caracterizadas por estruturas e processos tcnicos, criadas intencionalmente pelo homem para atividades industriais,econmicas ou culturais e contendo a natureza de modo disperso em sua malha e no entorno.

    AVALIANDO A PAISAGEM

    TEMA 4

    AVALIANDO A PAISAGEM

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    O entendimento de uma paisagem vai depender,entre outras questes, da escala utilizada, ou seja, dadistncia a que vamos nos posicionar para apreender apaisagem.

    Neste tpico, vamos analisar as paisagens em esca-las bem pequenas para que possamos englobar todasas grandes paisagens do Brasil. A escala considerada da ordem de 1:25.000.000; ento, vamos ver as paisa-gens brasileiras como se estivssemos analisando umaimagem de satlite, ou seja, l do espao sideral. Paranoes de escala e de representao, veja o livro de Geo-

    grafia e Cartografia para o Turismo.

    Para essa distncia ou para essa escala, as unidades

    de paisagens que podemos delimitar so chamadas deDomnios.

    Foi o gegrafo e professor Dr. Aziz Nacib AbSaberque, em 1967, props para o Brasil uma classificao ebatizou as unidades de paisagens vistas nessa escala,com o nome de Domnios Morfoclimticos e Fitogeo-

    grficos, designando, ento, seis tipos diferentes deDomnios para o Brasil:

    Domnio Amaznico (terras baixas florestadas equatoriais);

    Domnio Tropical Atlntico (mares de morros - reas mamelonares florestadas). As reas litorneas e prximas dacosta recobertas com Mata Atlntica;

    Domnio dos Cerrados (chapades tropicais interiores com cerrados e floresta-galeria), do Brasil Central;

    Domnio dos Planaltos Subtropicais com Araucrias. Uma subdiviso da Mata Atlntica que recobre os Estados do Sul;

    Domnio das Pradarias Mistas (coxilhas subtropicais com pradarias mistas); o pampa gacho;

    Domnio dos Sertes Secos: caatingas (depresses intermontanas e interplanlticas semi-ridas); O serto nordestino.

    AtividadesAtividades1) Leia os trechos da poesia abaixo e responda: como deve ser a cidade ideal para voc? Discuta o assunto com os

    colegas.A Cidade Ideal(Enriquez - Bardotti, traduo de Chico Buarque, 1977 - trechos)

    A cidade ideal dum cachorro

    Tem um poste por metro quadrado

    No tem carro, no corro, no morro

    E tambm nunca fico apertado

    A cidade ideal da galinha

    Tem as ruas cheias de minhoca

    A barriga fica to quentinha

    Que transforma o milho em pipoca

    2) Para voc, qual paisagem deveria receber melhor proteo?a) Uma paisagem mais ntegra ou uma paisagem mais alterada?b) Uma paisagem com maior diversidade ou uma com menor diversidade?c) Uma mais frgil ou uma mais resistente?

    3) Quais os outros critrios ou formas de avaliar as paisagens voc poderia sugerir?

    4) Escolha uma regio prxima a voc e faa uma classificao dos diferentes tipos de paisagens, organizando-as deacordo com o grau de alterao causado pelo ser humano. Verifique, no texto deste captulo, uma proposta declassificao conforme a influncia e o controle requisitado pela paisagem para seu bom funcionamento.

    5) Qual ou quais paisagens so ideais para a prtica do ecoturismo? Justifique sua resposta.

    PAISAGENS BRASILEIRAS

    TEMA 5

    PAISAGENS BRASILEIRAS

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    25Ecoturismo

    Mdulo II

    25Ecoturismo

    Podemos perceber, na figura da pgina anterior, que os limites entre os Domnios no se tocam, pois se considera aexistncia de uma zona de transio entre um Domnio e outro, ou seja, a passagem de um tipo de paisagem para outrono ocorre de forma brusca, mas de modo gradativo.

    Embora tenhamos apontado que a paisagem composta pelos elementos da natureza (fsicos e biolgicos) e pelasaes da sociedade, para este tpico, a nfase da descrio dos Domnios brasileiros ser dada na vegetao, como umdos elementos que mais se destaca e caracteriza essas paisagens nessa escala de abordagem e que exerce forte influncianas motivaes de viagens dos ecoturistas.

    Domnio Amaznico (Terras baixas florestadas equatoriais)O principal tipo de vegetao a Floresta Tropical, que pode ser subdividida em pelo menos trs grandes tipos de

    matas: as de terra firme, as de vrzea e as de igap.

    Matas de Terra FirmeCobrem as reas mais altas, livres de inundao, ocupando cerca de 90% da Amaznia. A copa das rvores forma um

    dossel fechado que dificulta a entrada de luz. Conseqentemente, os arbustos e as plantas herbceas so poucofreqentes. As rvores formam vrios estratos (andares), propiciando abrigo para a fauna. So exemplos de espcies dervore da Floresta de Terra Firme, a castanha-do-par (Bertholettia excelsa), o mogno (Swietenia macrophylla) e a sumama(Ceiba pentandra).

    Matas de VrzeaOcupam os terrenos ao longo dos rios de guas brancas, isto , rios com guas lamacentas, ricas em matria

    inorgnica em suspenso, como o Amazonas. As vrzeas altas so ocupadas por uma vegetao semelhante das matas

    de terra firme, onde se pode encontrar o angelim (Dinizia excelsa), uma das rvores mais altas da Amaznia, que atingeat 60m de altura. Encontra-se tambm a seringueira (Hevea brasiliensis), a rvore considerada a maior produtora deborracha. Devido maior penetrao de luz nessas florestas, o estrato rasteiro e o arbustivo so mais desenvolvidos.

    Matas de IgapSo encontradas, preferencialmente, nas reas mais baixas permanentemente inundadas, prximas aos rios de guas

    negras, isto , rios que tm origem no setor da bacia hidrogrfica j coberta pela floresta. A vegetao dessas matas adaptada para suportar as condies de solo alagado e, conseqentemente, com pouco oxignio. As rvores podematingir cerca de 20m de altura. Quanto s espcies vegetais, a mais alta e majestosa delas, encontrada nas matas deigap, a sumama (Ceiba pentandra), rvore de 40m de altura.

    Domnio Tropical Atlntico(Mares de Morros - reas mamelonares florestadas)

    Estendendo-se ao longo de toda faixa litornea brasileira, do RioGrande do Norte ao Rio Grande do Sul, e interiorizando-se mais para ointerior nos estados de Esprito Santo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, SoPaulo, Paran, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, existia uma florestatropical praticamente contnua, ainda que muito diversificada, chamadade Mata Atlntica.

    O Domnio Tropical Atlntico abrange uma grande diversidade depaisagens. Percorrendo a faixa no sentido leste-oeste, por exemplo, naaltura do estado de So Paulo, podemos encontrar paisagens litorneas(praias, cordes arenosos, rios sinuosos bordejados por plantas do man-guezal, morros da Serra que mergulham no mar). No sentido norte-sul,ou seja, desde a regio nordeste do Brasil at a regio sul, o grande fatorque influencia na natureza o clima.

    Portanto, qualquer descrio desse riqussimo Domnio estar sem-

    pre incompleta, mas, em termos gerais, pode-se dizer que as florestas dacosta brasileira, influenciadas pela umidade constante e altas temperatu-ras, so densas, sempre verdes, com rvores geralmente entre 20 e 30mde altura, distribudas em dois ou mais estratos. O ambiente sob a copadas rvores escuro, mal ventilado e mido.

    Nessas florestas, podem ser encontradas, tambm, espcies arbreasde at 40m de altura, como o jequitib-branco (Cariniana estrellensis) emuitas espcies de epfitas (bromlias, orqudeas e arceas), crescendosobre essa e outras espcies arbreas.

    na Floresta Tropical Atlntica que encontramos o pau-brasil (Caesal-pinia echinata), a paineira (Chorisia speciosa) e vrias palmeiras, como opalmito-juara (Euterpe edulis).

    Associados s florestas costeiras esto os manguezais, influenciados pela gua do mar e pela gua doce dos rios.

    Sobre um sedimento mole, pouco arejado e salgado, crescem as trs espcies vegetais que mais caracterizam essaformao: o mangue-seriba ( Avicennia sp), com suas razes respiratrias (pneumatforos), o mangue-vermelho (Rhy-

    zophora sp), com suas razes-escora que partem do tronco, e o mangue-branco (Laguncularia racemosa), planta arbustivacom ramificao abundante.

    Paisagem Parque do Marumbi (PR)

    Crdito:DboraMenezes

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    Os manguezais se distribuem ao longo de toda costa brasileira, com exceo do litoral do Rio Grande do Sul. Asespcies arbreas do manguezal variam de cerca de 1m de altura, quando esto prximas ao limite sul de ocorrncia, atmais de 30m na zona equatorial.

    Ainda na regio costeira, porm no alto das montanhas, acima de 1500m, podem aparecer os campos de altitude, oucampos rupestres, onde no h mais florestas e as plantas crescem sobre pedras, sob a forte radiao solar e ventosintensos e constantes. Serra dos rgos e Itatiaia no Estado do Rio de Janeiro e Campos do Jordo em So Paulo soexemplos dessas formaes.

    No interior da regio sudeste do Brasil, surge as florestas com rvores mais baixas, por volta de 10 a 15m, e o interiorda floresta mais iluminado com grande densidade de plantas herbceas e arbustivas.

    Essas florestas podem ser consideradas semi-decduas, ou seja, na poca menos mida do ano, muitas espciesdeixam cair suas folhas como uma forma de evitar a perda de gua por transpirao. Suas florestas apresentam 8.000 das300 mil espcies de plantas do mundo e esto entre os oito santurios de biodiversidade mais ameaados do planeta. Asflorestas que recobrem a Serra do Japi, no Estado de So Paulo, fazem parte dessa formao.

    Domnio dos Planaltos Subtropicais com AraucriasOs pinheirais ocorrem nos estados do Rio Grande do Sul,

    Santa Catarina e Paran e nas partes mais elevadas dos estadosde So Paulo, Rio de Janeiro e do sul de Minas Gerais. EsseDomnio formado por florestas com diferentes espcies arbreas,das quais se destaca a imponente araucria.

    A araucria (Araucria angustifolia), que chega a atingir de25 a 30m de altura, um dos pinheiros nativos do Brasil, popu-

    larmente conhecido como pinheiro-do-paran. A semente daaraucria o pinho, tradicionalmente apreciado nas festas

    juninas. As araucrias, junto com outras espcies arbreas, comopor exemplo, a imbuia (Ocotea porosa), a canela lageana (Ocotea

    pulchella), o pinheiro-bravo (Podocarpus lambertii), a erva-mate(Ilex paraguariensis) e a canela sassafrs (Ocotea prestiosa), for-mam florestas encontradas nos topos dos morros.

    Domnio das Pradarias Mistas(Coxilhas subtropicais com pradarias mistas)

    O campo sul-rio-grandense mais bem representado pela vegetao de campanha (reas abertas), onde o campodomina entrecortado por delgados cordes de matas em galeria, ou seja, matas que acompanham as margens dos rios.As plantas crescem em desabrigo sob ampla exposio luz e ao vento, em solo seco, sendo o salgueiro (Salix humb