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    LEITURA RECOMENDADA PARA ALUNOS

    A PARTIR DO 7 ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL

    Centro Brasileiro de Informaes

    sobre Drogas Psicotrpicas

    VendaProibida

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    LEITURA RECOMENDADA PARA ALUNOS

    A PARTIR DO 7 ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL

    LIVRETO INFORMATIVO SOBRE

    5 edio - 1 reimpresso

    Braslia, DF

    2011

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    Presidenta da Repblica

    Dilma Rousseff

    Vice-Presidente da Repblica

    Michel Temer

    Ministro da Justia

    Jos Eduardo Cardozo

    Secretria Nacional de Polticas sobre Drogas

    Paulina do Carmo Arruda Vieira Duarte

    Contedo e Texto Original

    CEBRID Centro Brasileiro de Informaessobre Drogas Psicotrpicas Universidade Federalde So Paulo (Depto. de Psicobiologia)

    Distribuio e informaesSecretaria Nacional de Polticas sobre Drogas

    SENAD e Centro Brasileiro de Informaes sobreDrogas Psicotrpicas - CEBRID

    Produo Grfica

    CLR Balieiro Editores

    Projeto grfico/capaSignorini Produo Grfica

    Reviso

    CEBRID e SENADFotografias

    Vivian CuryNarcotics plants (p.25)Plantas de los dioses (p.48)

    VENDA PROIBIDA

    Todos os direitos desta edio reservados ao CEBRID Centro Brasileiro de Informaes sobre

    Drogas Psicotrpicas e a Secretaria Nacional de Polticas sobre Drogas - SENAD

    Tiragem desta edio: 50.000 exemplares

    Impresso no Brasil

    5 edio - 1 reimpresso : 2011

    Disponvel em: www.obid.senad.gov.br e www.cebrid.epm.br

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    O que CEBRID?O CEBRID o Centro Brasileiro de Informaes sobre Drogas Psicotrpicas que funciona

    exclusivamente para ser til populao. Para cumprir essa funo, o CEBRID publica livros,faz levantamentos sobre consumo de drogas (entre estudantes, meninos de rua, populao

    geral), mantm um Banco de Publicaes Cientficas de autores brasileiros sobre o abuso de

    drogas (cerca de 3.900 trabalhos) e publica um Boletim Trimestral. O CEBRID constitudopor uma equipe tcnica composta de especialistas nas reas de Medicina, Farmcia-Bioqumica,Psicologia, Biologia e Comunicao.

    O que SENAD?A Secretaria Nacional de Polticas sobre Drogas SENAD, vinculada ao Gabinete de Segurana

    Institucional da Presidncia da Repblica GSI/PR, o rgo responsvel por coordenar eintegrar as aes do governo nos aspectos relacionados com as atividades de preveno do uso

    de substncias psicoativas, bem como aquelas relacionadas com o tratamento e a reinserosocial de usurios e dependentes. Compete SENAD estimular, assessorar, orientar, acompa-nhar e avaliar a implantao da Poltica Nacional sobre Drogas, integrando aes nas esferas

    governamentais e da sociedade civil. O desenvolvimento e a divulgao de materiais, conten-do informaes atualizadas e fundamentadas cientificamente sobre as drogas e seu consumo,

    fazem parte da misso da SENAD com vistas reduo dos danos sociais e sade decorrentesdo uso de drogas.

    CEBRID Centro Brasileiro deInformaes sobre Drogas PsicotrpicasUniversidade Federal de So Paulo

    Depto. de PsicobiologiaRua Botucatu, 862, 1 andar04023-062 - So Paulo - SPE-mail: [email protected]: www.cebrid.epm.br

    E. A. CarliniSolange A. NappoAna Regina Noto

    Zila van der Meer SanchezYone Gonalves de MouraClaudia Masur de A. CarliniEmrita Stiro OpaleyeCludia Silveira TondowskiDanilo Polverini Locatelli

    Secretaria Nacional de Polticas sobre Drogas SENADEsplanada dos Ministrios, Bloco T, Anexo II, 2 andar, sala 207.Braslia DF. CEP 70064-900Viva Voz: 0800 510 0015www.senad.gov.br

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    ApresentaoSENAD

    O uso indevido de drogas uma questo que preocupa pais, educadores, profissionais de

    sade e a sociedade em geral.Uma das dificuldades encontradas para enfrentar o problema a falta de informaes confi-

    veis sobre o assunto. Muitas vezes, os dados so divulgados fora de um contexto, sem fundamen-

    to na realidade ou de forma distorcida, contribuindo para uma viso preconceituosa.

    Com o objetivo de oferecer populao um material cientificamente fundamentado, que

    apresente os conceitos de forma clara, objetiva e livre de preconceitos, a Secretaria Nacional de

    Polticas sobre Drogas SENAD, edita, em parceria com o Centro Brasileiro de informaes sobre

    Drogas Psicotrpicas CEBRID, este livreto informativo, cuja distribuio pretende socializar e

    democratizar conhecimentos sobre o assunto.Este livreto mais um instrumento de apoio para as pessoas que buscam informaes atua-

    lizadas e adequadas sobre as diferentes drogas, seja para orientar trabalhos de preveno ou de

    atendimento a usurios, seja para servir de base a trabalhos cientficos ou escolares.

    Acreditamos estar, dessa forma, contribuindo com a nossa parte.

    Secretaria Nacional de Polticas sobre Drogas

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    ApresentaoCEBRID

    Com uma longa histria, este livreto contendo dezesseis pequenos captulos, cada um descre-

    vendo uma droga, foi publicado sob a forma de folhetos separados. Teve incio com a publicao,em 1989, do livro Subsdios para uma Discusso de Jandira Masur e E. A. Carlini, Editora

    Brasiliense, atualmente na 5 edio; mas logo ficou claro aos autores que a obra no atingiria boa

    parte dos nossos estudantes, principalmente das escolas pblicas, por dificuldades em adquiri-la.

    Esta incmoda situao foi ento contornada com a publicao de dezesseis folderes financiados

    por vrias entidades e que passaram a ser distribudos gratuitamente.

    A primeira instituio a financiar a obra foi a UNFDAC (United Nations Fund for Drug Abuse

    Control), depois a UNDCP (United Nations Drug Control Programme), seguindo-se a UE (Unio

    Europia). S depois comearam os apoios de dentro de casa: Volkswagen do Brasil, CONFEN(Conselho Federal de Entorpecentes) do Ministrio da Justia e COSAM (Coordenadoria de Sade

    Mental) do Ministrio da Sade. Ao longo destes muitos anos, mais de um milho de folhetos

    foram impressos e distribudos para todo o Pas. Constantemente recebemos solicitaes de mais

    cpias: de todos os estados, cidades do interior deste nosso Brasilzo; muitas destas solicitaes

    escritas mo, com aquelas letras ainda titubeantes de adolescentes. Causa-nos sempre emoo

    atender a esses pedidos.

    Foi para ns motivo de orgulho quando em 1995/1996 a MAPS (Massachusetts Alliance of

    Portuguese Speakers), nos EUA, solicitou-nos autorizao para reproduzir nossos folhetos, paradistribuio aos imigrantes e descendentes de imigrantes da lngua portuguesa vivendo naquele

    pas.

    Posteriormente, a SENAD do Gabinete de Segurana Institucional da Presi dncia da Repblica

    props que a coleo de folhetos fosse enfeixada em uma nica publicao: este livreto.

    Sua primeira edio, um tanto reduzida, ficou pronta em 2003. A segunda edio, com 100

    mil cpias, ficou disposio do pblico em 2004. A terceira edio em 2006, de 30 mil exem-

    plares, foi patrocinada pela FEBRAFARMA (Federao Brasileira da Indstria Farmacutica).

    A quarta edio, em 2007, foi patrocinada pela Secretaria da Educao do Estado

    de So Paulo e FDE (Fundao para o Desenvolvimento de Educao). Foram

    60 mil exemplares, dos quais a maioria chegou diretamente s escolas estaduais.

    Por fim, novamente a SENAD se props a publicar uma nova edio do livreto. Que esta

    publicao possa ser til, como foram os folhetos no passado, a muitos milhares de jovens bra-

    sileiros.

    Finalmente, os autores desta obra agradecem a todos que contriburam para viabilizar esta

    publicao ao longo desses anos.

    E. A. Carlini

    Diretor do CEBRID

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    ndiceO que so drogas psicotrpicas? 7

    parte 1DROGASDEPRESSORASDO

    SISTEMANERVOSOCENTRAL

    Bebidas Alcolicas 13

    Solventes ou Inalantes 16

    Tranquilizantes ou Ansiolticos 19

    Calmantes e Sedativos 22

    Opiceos e Opioides 25

    parte 2DROGASESTIMULANTESDO

    SISTEMANERVOSOCENTRAL

    Anfetaminas 33

    Cocana 36

    Tabaco 40

    parte 3DROGASPERTURBADORASDO

    SISTEMANERVOSOCENTRAL

    Maconha 45

    Cogumelos e Plantas Alucingenas 48

    Perturbadores (Alucingenos) Sintticos 51

    xtase (MDMA) 54Anticolinrgicos 57

    parte 4OUTROS

    Esteroides Anabolizantes 61

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    O que so drogas psicotrpicas?

    Todo mundo j tem uma ideia do significado da palavra droga. Em linguagem comum,de todo o dia ("Ah, mas que droga" ou "logo agora, droga...", ou ainda, "esta drogano valenada!"), droga tem um significado de coisa ruim, sem qualidade. J em linguagem mdica,

    droga quase sinnimo de medicamento. D at para pensar porque uma palavra desig-nada para apontar uma coisa boa (medicamento, afinal este serve para curar doenas), naboca do povo tem um significado to diferente. O termo droga teve origem na palavra droog(holndes antigo) que significa folha seca; isso porque antigamente quase todos os medica-mentos eram feitos base de vegetais. Atualmente, a medicina define droga como qualquersubstncia capaz de modificar a funo dos organismos vivos, resultando em mudanas

    fisiolgicas ou de comportamento. Por exemplo, uma substncia ingerida contrai os vasos san-guneos (modifica a funo) e a pessoa passa a ter um aumento de presso arterial (mudana nafisiologia). Outro exemplo, uma substncia faz com que as clulas do nosso crebro (os chamados

    neurnios) fiquem mais ativas, "disparem" mais (modificam a funo) e, como consequncia, apessoa fica mais acordada, perdendo o sono (mudana comportamental).

    Mais complicada a seguinte palavra: psicotrpico. Percebe-se claramente que compostade duas outras: psicoe trpico. Psico fcil de se entender, pois uma palavrinha grega querelaciona-se a nosso psiquismo (o que sentimos, fazemos e pensamos, enfim, o que cada um ).Mas trpicono , como alguns podem pensar, referente a trpicos, clima tropical e, portanto,nada tem a ver com uso de drogas na praia! A palavra trpico, aqui, se relaciona com o termotropismo, que significa ter atrao por. Ento, psicotrpicosignifica atrao pelo psiquismo, edrogas psicotrpicas so aquelas que atuam sobre nosso crebro, alterando de alguma maneira

    nosso psiquismo.Mas essas alteraes do psiquismo no so sempre no mesmo sentido e direo. Obviamente,

    dependero do tipo de droga psicotrpica ingerida. E quais so esses tipos?Um primeiro grupo aquele em que as drogas diminuema atividade de nosso crebro, ou

    seja, deprimemseu funcionamento, o que significa dizer que a pessoa que faz uso desse tipo dedroga fica "desligada", "devagar", desinteressada pelas coisas. Por isso, essas drogas so chamadasde Depressoras da Atividade doSistema Nervoso Central, a parte que fica dentro da caixacraniana; o crebro o principal rgo. Em um segundo grupo de drogas psicotrpicas estoaquelas que atuam por aumentara atividade de nosso crebro, ou seja, estimulamo funciona-

    mento fazendo com que o usurio fique "ligado", "eltrico", sem sono. Por isso, essas drogas rece-bem a denominao de Estimulantes da Atividade doSistema Nervoso Central. Finalmente,h um terceiro grupo, constitudo por aquelas drogas que agem modificando qualitativamentea atividade de nosso crebro; no se trata, portanto, de mudanas quantitativas, como aumentarou diminuir a atividade cerebral. Aqui a mudana de qualidade! O crebro passa a funcionarfora de seu normal, e a pessoa fica com a mente perturbada. Por essa razo esse terceiro grupo dedrogas recebe o nome de Perturbadores da Atividade do Sistema Nervoso Central.

    Resumindo, ento, as drogas psicotrpicas podem ser classificadas em trs grupos, de acordocom a atividade que exercem em nosso crebro:

    1 Depressores da Atividade do SNC.

    2 Estimulantes da Atividade do SNC.

    3 Perturbadores da Atividade do SNC.

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    Essa uma classificao feita por cientistas franceses e tem a grande vantagem de no compli-car as coisas, com a utilizao de palavras difceis, como geralmente acontece em medicina. Masse algum achar que palavras complicadas, de origem grega ou latina, tornam a coisa mais sriaou cientfica (o que uma grande besteira!), a seguir esto algumas palavras sinnimas:

    1 Depressores tambm podem ser chamadas de psicolpticos.

    2 Estimulantes tambm recebem o nome de psicoanalpticos, noanalpticos, timolpti-cos etc.

    3 Perturbadores tambm chamados de psicoticomimticos, psicodlicos,alucingenos, psicometamrficos etc.

    As principais drogas psicotrpicas, usadas de maneira abusiva, de acordo com a classificaomencionada aqui, esto relacionadas ao lado.

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    Depressores da Atividade do SNC

    lcool. Sonferos ou hipnticos (drogas que promovem o sono): barbitricos,

    alguns benzodiazepnicos. Ansiolticos (acalmam; inibem a ansiedade). As principais drogas pertencentes a essa

    classificao so os benzodiazepnicos. Ex.: diazepam, lorazepam etc.

    Opiceos ou narcticos (aliviam a dor e do sonolncia). Ex.: morfina, herona, code-na, meperidina etc.

    Inalantes ou solventes (colas, tintas, removedores etc.).

    Estimulantes da Atividade do SNC

    Anorexgenos (diminuem a fome). As principais drogas pertencentes a essa classificaoso as anfetaminas.Ex.: dietilpropriona, fenproporex etc.

    Cocana, crack ou merla.

    Perturbadores da Atividade do SNC

    De origem natural (reino vegetal e reino funghi)

    Mescalina (do cacto mexicano). THC (da maconha). Psilocibina (de certos cogumelos). Lrio (trombeteira, zabumba ou saia-branca).

    De origem sinttica

    LSD-25. "xtase". Anticolinrgicos (Artane, Bentyl).

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    DROGASDEPRESSORAS

    DO SISTEMA NERVOSO CENTRAL

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    BEBIDASALCOLICAS

    lcool Etlico: Etanol

    Fermentados (vinho, cerveja)

    Destilados (pinga, whisky, vodka)

    Aspectos histricosRegistros arqueolgicos revelam que os primeiros indcios sobre o consumo de lcool pelo

    ser humano datam de aproximadamente 6000 a.C., sendo, portanto, um costume extremamenteantigo e que tem persistido por milhares de anos. A noo de lcool como uma substncia divi-

    na, por exemplo, pode ser encontrada em inmeros exemplos na mitologia, sendo talvez um dos

    fatores responsveis pela manuteno do hbito de beber, ao longo do tempo.

    Inicialmente, as bebidas tinham contedo alcolico relativamente baixo, como, por exemplo,

    o vinho e a cerve ja, j que depen diam exclu sivamente do processo de fer mentao. Com o adven-

    to do processo de destilao, introduzido na Europa pelos rabes na Idade Mdia, surgiram novos

    tipos de bebidas alcolicas, que passaram a ser utilizadas em sua forma destilada. Nessa poca,

    esse tipo de bebi da passou a ser con siderado um remdio para todas as doenas, pois dissi pavam

    as preocupaes mais rapidamente que o vinho e a cerveja, alm de produzirem um alvio mais

    eficiente da dor, surgindo, ento, a palavra usque (do glico usquebaugh, que significa gua da

    vida).

    A partir da Revoluo Industrial, registrou-se grande aumento na oferta desse tipo de bebida,

    contribuindo para um maior consumo e, consequentemente, gerando aumento no nmero de

    pessoas que passaram a apresentar algum tipo de problema decorrente do uso excessivo de lcool.

    Aspectos geraisApesar do desconhecimento por parte da maioria das pessoas, o lcool tambm conside-

    rado uma droga psicotrpica, pois atua no sistema nervoso central, provocando mudana no

    comportamento de quem o consome, alm de ter potencial para desenvolver dependncia.

    O lcool uma das poucas drogas psicotrpicas que tem seu consumo admitido e at incen-

    tivado pela sociedade. Esse um dos motivos pelos quais ele encarado de forma diferenciada,

    quando comparado com as demais drogas.

    Apesar de sua ampla aceitao social, o consumo de bebidas alcolicas, quando excessivo,passa a ser um problema. Alm dos inmeros acidentes de trnsito e da violncia associada a epi-

    sdios de embriaguez, o consumo de lcool a longo prazo, dependendo da dose, frequncia e cir-

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    cunstncias, pode provocar um quadro de dependncia conhecido como alcoolismo. Dessa forma,

    o consumo inadequado do lcool um importante problema de sade pblica, especialmente nas

    sociedades ocidentais, acarretando altos custos para a sociedade e envolvendo questes mdicas,

    psicolgicas, profissionais e familiares.

    Efeitos agudosA ingesto de lcool provoca diversos efeitos, que aparecem em duas fases distintas: uma

    estimulante e outra depressora.

    Nos primeiros momentos aps a ingesto de lcool, podem aparecer os efei-

    tos estimulantes, como euforia, desinibio e loquacidade (maior facilidade

    para falar). Com o passar do tempo, comeam a surgir os efeitos depressores, como

    falta de coordenao motora, descontrole e sono. Quando o consumo muito exagerado,

    o efeito depressor fica exacerbado, podendo at mesmo provocar o estado de coma.

    Os efeitos do lcool variam de intensidade de acordo com as caractersti-

    cas pessoais. Por exemplo, uma pessoa acostumada a consumir bebidas alcoli-

    cas sentir os efeitos do lcool com menor intensidade, quando comparada com outra

    que no est acostumada a beber. Um outro exemplo est relacionado estrutura fsica:

    a pessoa com estrutura fsica de grande porte ter maior resistncia aos efeitos do lcool.

    O consumo de bebidas alcolicas tambm pode desencadear alguns efeitos desagradveis, como

    enrubescimento da face, dor de cabea e mal estar geral. Esses efeitos so mais intensos para algumas

    pessoas cujo organismo tem dificuldade de metabolizar o lcool. Os orientais, em geral, tm maior

    probabilidade de sentir esses efeitos.

    lcool e trnsitoA ingesto de lcool, mesmo em pequenas quantidades, diminui a coordenao motora e os

    reflexos, comprometendo a capacidade de dirigir veculos ou operar outras mquinas. Pesquisas

    revelam que grande parte dos acidentes provocada por motoristas que haviam bebido antes de

    dirigir. Nesse sentido, o Cdigo de Trnsito Brasileiro de 1997 foi alterado pela Lei n o11.705,

    de 19 de junho de 2008, conhecida como "Lei Seca". Pela nova legislao, proibido dirigir aps

    o consumo de qualquer quantidade de bebidas alcolicas. A Lei prev penas para os motoristas

    infratores de suspenso temporria da Carteira de Habilitao, apreenso do veculo e priso

    para os motoristas que apresentem concentrao de lcool no sangue superior a 0,6g por litro

    de sangue.

    AlcoolismoComo j citado neste texto, a pessoa que consome bebidas alcolicas de forma excessiva,

    ao longo do tempo, pode desenvolver dependncia, condio conhecida comoalcoolismo

    . Osfatores que podem levar ao alcoolismo so variados, envolvendo aspectos de origem biolgica,

    psicolgica e sociocultural. A dependncia do lcool condio frequente, atingindo cerca de

    10% da populao adulta brasileira.

    A transio do beber moderado ao beber pro blemtico ocorre de forma lenta, tendo uma

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    interface que, em geral, leva vrios anos. Alguns sinais da dependncia do lcool so: desenvol-

    vimento da tolerncia, ou seja, a necessidade de beber maiores quantidades de lcool para obter

    os mesmos efeitos; aumento da importncia do lcool na vida da pessoa; percepo do grande

    desejo de beber e da falta de controle em relao a quando parar; sndrome de abstinncia (apa-

    recimento de sintomas desagradveis aps ter ficado algumas horas sem beber) e aumento da

    ingesto de lcool para aliviar essa sndrome.

    A sndrome de abstinncia do lcool um quadro que aparece pela reduo ou parada brusca

    da ingesto de bebidas alcolicas, aps um perodo de consumo crnico. A sndrome tem incio 6

    a 8 horas aps a parada da ingesto de lcool, sendo caracterizada por tremor das mos, acompa-

    nhado de distrbios gastrintestinais, distrbios do sono e estado de inquietao geral (abstinncia

    leve). Cerca de 5% dos que entram em abstinncia leve evoluem para a sndrome de abstinncia

    grave ou delirium tremens que, alm da acentuao dos sinais e sintomas anteriormente referidos,

    se caracteriza por tremores generalizados, agitao intensa e desorientao no tempo e no espao.

    Efeitos sobre outras partes do corpoOs indivduos dependentes do lcool podem desenvolver vrias doenas. As mais frequen-

    tes so as relacionadas ao fgado (esteatose heptica, hepatite alcolica e cirrose). Tambm so

    frequentes problemas do aparelho digestivo (gastrite, sndrome de m absoro e pancreatite) e

    do sistema cardiovascular (hipertenso e problemas cardacos). H, ainda, casos de polineurite

    alcolica, caracterizada por dor, formigamento e cibras nos membros inferiores.

    Durante a gravidezO consumo de bebidas alcolicas durante a gestao pode trazer consequncias para o

    recm-nascido, e, quanto maior o consumo, maior o risco de prejudicar o feto. Dessa forma,

    recomendvel que toda gestante evite o consumo de bebidas alcolicas, no s ao longo da ges-

    tao, como tambm durante todo o perodo de amamentao, pois o lcool pode passar para o

    beb atravs do leite materno.

    Cerca de um tero dos bebs de mes dependentes do lcool, que fizeram uso excessivo dessa

    droga durante a gravidez, afetado pela sndrome fetal pelo lcool. Os recm-nascidos apresen-tam sinais de irritao, mamam e dormem pouco, alm de apresentarem tremores (sintomas que

    lembram a sndrome de abstinncia). As crianas gravemente afetadas, e que conseguem sobrevi-

    ver aos primeiros momentos de vida, podem apresentar problemas fsicos e mentais que variam

    de intensidade de acordo com a gravidade do caso.

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    SOLVENTES OUINALANTES

    Cola de sapateiro, Esmalte,

    Lana-perfume e Acetona

    DefinioA palavra solventesignifica substncia capaz de dissolver coisas, e inalante toda substn-

    cia que pode ser inalada, isto , introduzida no organismo atravs da aspirao pelo nariz oupela boca. Em geral, todo solvente uma substncia altamente voltil, ou seja, evapora-se muito

    facilmente, por esse motivo pode ser facilmente inalado. Outra caracterstica dos solventes ou

    inalantes que muitos deles (mas no todos) so inflamveis, quer dizer, pegam fogo facilmente.

    Um nmero enorme de produtos comerciais, como esmaltes, colas, tintas, tneres, propelen-

    tes, gasolina, removedores, vernizes etc., contm esses solventes. Eles podem ser aspirados tanto

    involuntria (por exemplo, trabalhadores de indstrias de sapatos ou de oficinas de pintura, o dia

    inteiro expostos ao ar contaminado por essas substncias) quanto voluntariamente (por exemplo,

    a criana de rua que cheira cola de sapateiro, o menino que cheira em casa acetona ou esmalte,

    ou o estudante que cheira o corretivo Carbexetc.).

    Todos esses solventes ou inalantes so substncias pertencentes a um grupo qumico chamado

    de hidrocarbonetos, como o tolueno, xilol, n-hexano, acetato de etila, tricloroetileno etc. Para

    exemplificar, eis a composio de algumas colas de sapateiro vendidas no Brasil: Cascola mis-

    tura de tolueno + n-hexano; Patex Extra mistura de tolueno com acetato de etila e aguarrs

    mineral; Brascoplast tolueno com acetato de etila e solvente para borracha. Em 1991, uma

    fbrica de cola do interior do Estado de So Paulo fez ampla campanha publicitria afirmando

    que finalmente havia fabricado uma cola de sapateiro que no era txica e no produzia vcio,

    porque no continha tolueno. Essa indstria teve um comportamento reprovvel, alm de cri-

    minoso, j que o produto anunciado ainda continha o solvente n-hexano, sabidamente bastante

    txico.

    Um produto muito conhecido no Brasil o cheirinho ou lol, tambm conhecido como

    cheirinho da lol. Trata-se de um preparado clandestino (isto , fabricado no por um esta be-

    lecimento legal, mas, sim, por pessoas do submundo), base de clorofrmio mais ter, utilizado

    somente para fins de abuso. Mas j se sabe que, quando esses fabricantes no encontram umadaquelas duas substncias, eles misturam qualquer outra coisa em substituio. Assim, em relao

    ao cheirinho da lol no se conhece bem sua composio, o que complica quando se tem casos

    de intoxicao aguda por essa mistura. Ainda, importante chamar a ateno para o lana-perfume.

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    Esse nome designa inicialmente aquele lquido que vem em tubos e que se usa no Carnaval. base

    de cloreto de etila ou cloretila, proibida sua fabricao no Brasil e s aparece nas ocasies de Car-

    naval, contrabandeada de outros pases sul-americanos. Mas cada vez mais o nome lana-perfume

    tambm utilizado para designar o cheirinho da lol (os meninos de rua de vrias capitais brasi-

    leiras j usam estes dois nomes cheirinho e lana para designar a mistura de clorofrmio e ter).

    Efeitos no crebroO incio dos efeitos, aps a aspirao, bastante rpido de segundos a minutos no mximo

    e em 15 a 40 minutos j desaparecem; assim, o usurio repete as aspiraes vrias vezes para

    que as sensaes durem mais tempo.

    Os efeitos dos solventes vo desde uma estimulao inicial at depresso, podendo tambm

    surgir processos alucinatrios. Vrios autores dizem que os efeitos dos solventes (quaisquer que

    sejam) lembram os do lcool, entretanto este no produz alucinaes, fato bem descrito para os

    solventes. Entre os efeitos, o predominante a depresso, principalmente a do funcionamento

    cerebral. De acordo com o aparecimento desses efeitos, aps inalao de solventes, foram dividi-

    dos em quatro fases:

    Primeira fase:a chamada fase de excitao, que a desejada, pois a pessoa fica eufrica,

    aparentemente excitada, sentindo tonturas e tendo perturbaes auditivas e visuais. Mas

    podem tambm aparecer nuseas, espirros, tosse, muita salivao e as faces podem ficar

    avermelhadas.

    Segunda fase:a depressodo crebro comea a predominar, ficando a pessoa confusa, deso-

    rientada, com a voz meio pastosa, viso emba ada, perda do autocontrole, dor de cabea,

    palidez; ela comea a ver ou a ouvir coisas.

    Terceira fase:a depresso aprofunda-secom reduo acentuada do estado de alerta, incoor-

    denao ocular (a pessoa no con segue mais fixar os olhos nos objetos), incoordenao moto-

    ra com marcha vacilante, fala engrolada, reflexos deprimidos, podendo ocorrer processos

    alucinatrios evidentes.

    Quarta fase:depresso tardia, que pode chegar inconscincia, queda da presso, sonhos

    estranhos, podendo ainda a pes soa apresentar surtos de convulses (ataques). Essa fase ocorre

    com frequncia entre aqueles cheiradores que usam saco plstico e, aps um certo tempo, j no

    conseguem afast-lo do nariz e, assim, a intoxicao torna-se muito perigosa, podendo mesmo

    levar ao coma e morte.

    Finalmente, sabe-se que a aspirao repetida, crnica, dos solventes pode levar destruio

    de neurnios (clulas cerebrais), causando leses irreversveis no crebro. Alm disso, pessoas

    que usam solventes cronicamente apresentam-se apticas, tm dificuldade de concentrao edficit de memria.

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    Efeitos sobre outras partes do corpoOs solventes praticamente no agridem outros rgos, a no ser o crebro. Entretanto, exis te

    um fenmeno produzido pelos solventes que pode ser muito perigoso. Estes tornam o corao

    humano mais sensvel a uma substncia que o nosso corpo fabrica, a adrenalina, que faz o nme-

    ro de batimentos cardacos aumentar. Essa adrenalina liberada toda vez que temos de exercerum esforo extra, como, por exemplo, correr, praticar certos esportes etc. Assim, se uma pes soa

    inala um solvente e logo depois faz esforo fsico, seu corao pode sofrer, pois ele est muito

    sensvel adrenalina liberada por causa do esforo. A literatura mdica j cita vrios casos de

    morte por arritmia cardaca (batidas irregulares do corao), principalmente de adolescentes.

    Efeitos txicosOs solventes quando inalados cronicamente podem levar a leses da medula ssea, dos rins,

    do fgado e dos nervos perifricos que controlam os msculos. Por exemplo, verificou-se, emoutros pases, que em fbricas de sapatos ou oficinas de pin tura os operrios, com o tempo, aca-

    bavam por apresentar doenas renais e hepticas. Em decorrncia disso, nesses pases passou

    a vigorar uma rigorosa legislao sobre as condies de ventilao dessas fbricas, e o Brasil

    tambm tem leis a respeito. Em alguns casos, principalmente quando existe no solvente uma

    impureza, o benzeno, mesmo em pequenas quantidades, pode levar diminuio de produo

    de glbulos brancos e vermelhos pelo organismo.

    Um dos solventes bastante usados nas nos sas colas o n-hexano. Essa substn-

    cia muito txica para os nervos perifricos, produzindo degenerao progressiva,

    a ponto de causar transtornos no marchar (as pessoas acabam andando com dificuldade, o chamado

    andar de pato), podendo at chegar paralisia. H casos de usurios crnicos que, aps alguns

    anos, s podiam se locomover em cadeira de rodas.

    Aspectos geraisA dependncia entre aqueles que abusam cronicamente de solventes comum, sendo os

    componentes psquicos da dependncia os mais evidentes, tais como desejo de usar a substncia,perda de outros interesses que no seja o solvente. A sndrome de abstinncia, embora de pouca

    intensidade, est presente na interrupo abrupta do uso dessas drogas, sendo comum ansiedade,

    agitao, tremores, cibras nas pernas e insnia.

    Pode surgir tolerncia substncia, embora no to dramtica em relao a outras drogas

    (como as anfetaminas, que os dependentes passam a tomar doses 50-70 vezes maiores que as

    iniciais). Dependendo da pes soa e do sol vente, a tolerncia instala-se ao fim de um a dois meses.

    Os solventes so as drogas mais usadas entre os meninos(as) de rua e entre os estu-

    dantes da rede pblica de ensino, quando se excluem da anlise o lcool e o tabaco.

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    TRANQUILIZANTESOUANSIOLTICOS

    Benzodiazepnicos

    DefinioExistem medicamentos que tm a propriedade de atuar quase exclusivamente sobre a ansie-

    dade e a tenso. Essas drogas j foram chamadas de tranquilizantes, por tranquilizar a pessoaestressada, tensa e ansiosa. Atualmente, prefere-se designar esses tipos de medicamentos pelo

    nome de ansiolticos, ou seja, que destroem a ansiedade. De fato, esse o principal efeito

    teraputico desses medicamentos: diminuir ou abolir a ansiedade das pessoas, sem afetar em

    demasia as funes psquicas e motoras.

    Antigamente, o principal agente ansioltico era uma droga chamada meprobamato,que pra-

    ticamente desapareceu das farmcias com a descoberta de um importante grupo de substncias:

    os benzodiazepnicos. De fato, esses medicamentos esto entre os mais utilizados no mundo

    todo, inclusive no Brasil. Para se ter ideia, atualmente existem mais de cem remdios em nosso

    pas base desses benzodiazepnicos. Estes tm nomes qumicos que terminam geralmente pelo

    sufixo am. Assim, relativamente fcil a pessoa, quando toma um remdio para acalmar-se, saber

    o que realmente est tomando: tendo na frmula uma palavra terminada em am, um benzodia-

    zepnico. Exemplos: diazepam, bromazepam, clobazam, clorazepam, estazolam, flurazepam,

    flunitrazepam, lorazepam, nitrazepam etc. Uma das excees a substncia chamada clordia-

    zepxido, que tambm um benzodiazepnico. Por outro lado, essas substncias so comerciali-

    zadas pelos laboratrios farmacuticos com diferentes nomes fantasia, existindo assim dezenas

    de remdios com nomes diferentes: Valium, Calmociteno, Dienpax, Psicosedin, Frontal,

    Frisium, Kiatrium, Lexotan, Lorax, Urbanil, Somaliumetc, so apenas alguns dos nomes.

    Efeitos no crebroTodos os benzodiazepnicos so capazes de estimular os mecanismos do crebro que normal-

    mente combatem estados de tenso e ansiedade. Assim, quando, devido s tenses do dia-a-dia

    ou por causas mais srias, determinadas reas do crebro funcionam exageradamente, resultan-

    do em estado de ansiedade, os benzodiazepnicos exercem um efeito contrrio, isto , inibem osmecanismos que estavam hiperfuncionantes, e a pessoa fica mais tranquila, como que desligada

    do meio ambiente e dos estmulos externos.

    Como consequncia dessa ao, os ansiolticos produzem uma depres-

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    so da atividade do nosso crebro que se caracteriza por: 1. diminuio de ansiedade;

    2. induo de sono; 3. relaxamento muscular; 4. reduo do estado de alerta.

    importante notar que esses efeitos dos ansiolticos benzodiazepnicos so grandemente ali-

    mentados pelo lcool, e a mistura do lcool com essas drogas pode levar ao estado de coma. Alm

    desses efeitos principais, os ansiolticos dificultam os processos de aprendizagem e memria, o

    que , evidentemente, bastante prejudicial para aqueles que habitualmente se utilizam dessas

    drogas.

    Finalmente, importante ainda lembrar que essas substncias tambm prejudicam em parte

    as funes psicomotoras, prejudicando atividades como dirigir automveis, aumentando a pro-

    babilidade de acidentes.

    Efeitos sobre outras partes do corpoOs benzodiazepnicos so drogas muito especficas em seu modo de agir, pois tm predileo

    quase exclusiva pelo crebro. Dessa maneira, nas doses teraputicas no produzem efeitos dignos

    de nota sobre os outros rgos.

    Efeitos txicosDo ponto de vista orgnico ou fsico, os benzodiazepnicos so drogas bastante seguras,

    pois so necessrias grandes doses (20 a 40 vezes mais altas que as habituais) para trazer efeitos

    mais graves: a pessoa fica com hipotonia muscular (mole), grande dificuldade para ficar em

    p e andar, baixa presso sangunea e suscetibilidade a desmaios. Mas, mesmo assim, a pessoa

    dificilmente chega a entrar em coma e morrer. Entretanto, a situao muda muito de figura se

    o indivduo, alm de ter tomado o benzodiazepnico, tambm ingeriu bebida alcolica. Nesses

    casos, a intoxicao torna-se sria, pois h grande diminuio da atividade cerebral, podendo

    levar ao estado de coma.

    Outro aspecto importante quanto aos efeitos txicos refere-se ao uso dessas substncias por

    mulheres grvidas. Suspeita-se que essas drogas tenham um poder teratognico razovel, isto ,

    podem produzir leses ou defeitos fsicos na criana por nascer.

    Aspectos geraisOs benzodiazepnicos, quando usados durante alguns meses seguidos, podem levar as pessoas

    a um estado de dependncia. Como consequncia, sem a droga o dependente passa a sentir muita

    irritabilidade, insnia excessiva, sudorao, dor pelo corpo todo, podendo, em casos extremos,

    apresentar convulses. Se a dose tomada j grande desde o incio, a dependncia ocorre mais

    rapidamente ainda. H tambm desenvolvimento de tolerncia, embora esta no seja muito acen-

    tuada, isto , a pessoa fica acostumada droga e precisa aumentar a dose para obter o efeito inicial.

    Situao no BrasilComo j foi relatado, existem muitas dezenas de remdios no Brasil base de ansiolticos

    benzodiazepnicos. At recentemente, era comum os mdicos, chamados de obesologistas (que

    tratam das pessoas obesas em busca de tratamento para emagrecer), colocarem nas receitas esses

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    benzodiazepnicos para atenuar o nervosismo produzido pelas drogas que tiram o apetite (ver

    Captulo Anfetaminas). Atualmente, a legislao no permite essa mistura.

    Alm disso, h um verdadeiro abuso por parte dos laboratrios nas indicaes desses medi-

    camentos para todos os tipos de ansiedades, mesmo aquelas consideradas normais, isto , cau-

    sadas pelas tenses da vida cotidiana. Assim, certas propagandas mostram uma mulher com um

    largo sorriso, feliz, pois tomou certo remdio que corrigiu a ansiedade gerada pelos trs bilhetes

    recebidos: um do marido, avisando que chegar tarde para o jantar; outro do filho, dizendo que

    chegar com o time de basquete para um lanche; e o terceiro da empregada, avisando que faltou

    ao trabalho porque foi ao SUS. Ainda existem exemplos de indicao dos benzodiazepnicos para

    as moas sorrirem mais (pois a tenso evita o riso), ou para evitar as rugas, que envelhecem (uma

    vez que a ansie dade faz as pessoas franzirem a testa, crian do rugas). No , portanto, surpreen-

    dente que, em um levantamento sobre o uso no mdico de drogas psicotrpicas por estudantes

    nas 27 capitais brasileiras, em 2004, os ansiolticos estivessem em quarto lugar na preferncia

    geral, sendo esse uso muito mais intenso entre meninas do que entre meninos.

    Os benzodiazepnicos so controlados pelo Ministrio da Sade, isto , a farmcia pode

    vend-los somente mediante receita especial do mdico, que deve ser retida para posterior con-

    trole, o que nem sempre acontece.

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    CALMANTES ESEDATIVOSBarbitricos

    Definio e histricoSedativo o nome que se d aos medi camentos capazes de diminuir a atividade do crebro,

    principalmente quando este est em esta do de excitao acima do normal. O termo sedativo sinnimo de calmanteou sedante.

    Quando um sedativo capaz de diminuir a dor, recebe o nome de analgsico. J quando o

    sedativo capaz de afastar a insnia, produzindo o sono, chamado de hipnticoou sonfero.

    E quando um calmante tem o poder de atuar mais sobre estados exagerados de ansiedade, deno-

    minado de ansioltico. Finalmente, existem algumas dessas drogas capazes de acalmar o crebro

    hiperexcitado dos epilpticos. So as drogas antiepilpticas, capazes de prevenir as convulses

    desses doentes.

    Neste captulo ser abordado um grupo de drogas tipo sedativos-hipnticos que so chama-

    das de barbitricos. Algumas delas tambm so teis como antiepilpticos.

    Essas drogas foram descobertas no comeo do sculo XX, e diz a histria que o qumico euro-

    peu que fez a sntese de uma delas pela primeira vez grande descoberta foi comemorar em um

    bar. E, l, encantou-se com uma garonete, linda moa que se chamava Brbara. Em um acesso de

    entusiasmo, nosso cientista resolveu dar ao composto recm-descoberto o nome de barbitrico.

    Efeitos no crebroOs barbitricos so capazes de deprimir vrias reas do crebro; como consequncia, as

    pessoas podem ficar mais sonolentas, sentindo-se menos tensas, com sensao de calma e rela-

    xamento. As capacidades de raciocnio e de concentrao ficam tambm afetadas.

    Com doses um pouco maiores que as recomendadas pelos mdicos, a pessoa comea a sentir-

    se como que embriagada (sensao mais ou menos seme lhante de tomar bebidas alcolicas em

    excesso): a fala fica pastosa e a pessoa pode sentir-se com dificuldade de andar direito.

    Os efeitos anteriormente descritos deixam claro que quem usa esses barbitricos tem a aten-

    o e as faculdades psicomotoras prejudicadas; assim, fica perigoso operar mquina, dirigir auto-mvel etc.

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    Efeitos sobre outras partes do corpo

    Os barbitricos so quase exclusivamente de ao central (cerebral), isto , no agem nosdemais rgos. Assim, a respirao, o corao e a presso do sangue s so afetados quando o

    barbitrico, em dose excessiva, age nas reas do crebro que comandam as funes desses rgos.

    Efeitos txicosEssas drogas so perigosas porque a dose que comea a intoxicar est prxima da que produz

    os efeitos teraputicos desejveis. Com essas doses txicas, comeam a surgir sinais de incoor-

    denao motora, um estado de inconscincia comea a tomar conta da pessoa, ela passa a ter

    dificuldade para se movimentar, o sono fica muito pesado e, por fim, pode entrar em estado decoma. A pessoa no responde a nada, a presso do sangue fica muito baixa e a respirao to

    lenta que pode parar. A morte ocorre exatamente por parada respiratria. muito importante

    saber que esses efeitos txicos ficam muito mais intensos se ela ingerir lcool ou outras drogas

    sedativas. s vezes, intoxicao sria pode ocorrer por esse motivo.

    Outro aspecto importante quanto aos efeitos txicos refere-se ao uso dessas

    substncias por mulheres grvidas. Essas drogas tm potencial teratognico, alm de provocarem

    sinais de abstinncia (como dificuldades respiratrias, irritabilidade, distrbios do sono e dificul-

    dade de alimentao) em recm-nascidos de mes que fizeram uso durante a gravidez.

    Aspectos geraisExistem muitas evidncias de que os barbitricos levam as pessoas a um esta do de depen-

    dncia; com o tempo, a dose tem tambm de ser aumentada, ou seja, h desenvolvimento de

    tolerncia. Esses fenmenos se desenvolvem com maior rapidez quando doses grandes so usadas

    desde o incio. Quando a pessoa est dependente dos barbitricos e deixa de tom-los, passa a

    ter a sndrome de abstinncia, cujos sintomas vo desde insnia rebelde, irritao, agressivida-

    de, delrios, ansiedade, angstia, at convulses generalizadas. A sndrome de abstinncia requer

    obrigatoriamente tratamento mdico e hospitalizao, pois h risco de a pessoa vir a falecer.

    Situao no BrasilOs barbitricos eram usados de maneira at irresponsvel no Brasil. Vrios remdios para

    dor de cabea, alm da aspi rina, continham tambm um barbitrico qualquer. Assim, os anti gos

    como Cibalena, Veramon, Optalidom, Fiorinaletc. tinham o butabarbitalou secobarbital

    (dois tipos de barbitricos) em suas frmulas. O uso abusivo que se registrou muita gente usan-

    do grandes quantidades, repetidamente de medicamentos, como o Optalidone o Fiorinal,

    levou os laboratrios farmacuticos a modificarem suas frmulas, retirando os barbitricos de

    sua composio.

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    Hoje em dia no mais se usa os medicamentos barbitricos para tratamento de ansiedade e

    insnia (para estes sintomas os benzodiazepnicos so muito mais utilizados). Por outro lado,

    o fenobarbitalconhecido pelo nome comercial de Gardenal bastante usado no Brasil (e no

    mundo), pois um timo remdio para os epi lpticos. Finalmente, um outro barbitrico, o tio-

    pental, usado por via endovenosa, por anestesistas, em cirurgias.

    A legislao brasileira exige que todos os medicamentos que contenham barbitricos em suas

    frmulas sejam vendidos nas farmcias somente com a receita do mdico, para posterior controle

    pelas autoridades sanitrias.

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    OPICEOSEOPIOIDES

    Papoula do Oriente, Opiceos, Opioides

    Definio e histricoMuitas substncias com grande atividade farmacolgica podem ser extradas de uma planta

    chamada Papaver somniferum, conhecida popularmente com o nome de Papoula do Oriente.Ao se fazer cortes na cpsula da papoula, quando ainda verde, obtm-se um suco leitoso, o pio

    (a palavra pio em grego quer dizer suco).

    Quando seco, esse suco passa a se chamar p de pio. Nele existem vrias substncias com

    grande atividade farmacolgica. A mais conhecida a morfina, palavra que vem do deus da

    mitologia grega Morfeu, o deus dos sonhos. Pelo prprio segundo nome da planta somniferum,

    de sono, e do nome morfina, de sonho, j d para fazer uma ideia da ao do pio e da morfina

    no homem: so depressores do sistema nervoso central, isto , fazem o crebro funcionar mais

    devagar. Mas o pio ainda contm mais substncias, sendo a codena tambm bastante conheci-

    da. Ainda possvel obter-se outra substncia, a herona, ao se fazer pequena modificao qu-

    mica na frmula da morfina. A herona , ento, uma substncia semissinttica (ou seminatural).

    Todas essas substncias so chamadas de drogas opiceas ou simplesmente opiceos, ou

    seja, oriundas do pio, que, por sua vez, podem ser opiceos naturais quando no sofrem

    nenhuma modificao (morfina, codena) ou opiceos semissintticos quando resultantes de

    modificaes parciais das substncias naturais (como o caso da herona).

    Mas o ser humano foi capaz de imitar a natureza fabricando em laboratrios vrias substncias

    com ao semelhante dos opiceos: a meperidina, a oxicodona, o propoxifeno e a metadona

    so alguns exemplos. Essas substncias totalmente sintticas so chamadas de opioides (isto

    , semelhantes aos opiceos). Todas so colocadas em comprimidos ou ampolas, tornando-se,

    ento, medicamentos. A cincia foi tambm capaz de desenvolver um adesivo que contm essas

    substncias que, ao ser colado na pele de um paciente, vai liberando pouco a pouco a quanti-

    dade necessria para a ao teraputica que o mdico indicou. So os chamados adesivos trans-

    drmicos ou patch(pronuncia-se: pti). A tabela a seguir apresenta exemplos de alguns desses

    medicamentos.

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    Nome de alguns medicamentos vendidos no Brasil contendo drogas tipo opiceos e

    opioides em suas formulaes dados dos laboratrios fabricantes, site da ANVISA

    e Dicionrio de Especialidades Farmacuticas DEF 2007/2008.

    Opiceos/Opioides Indicao de uso mdico

    Nomes comerciais

    dos medicamentos

    Preparaes

    farmacuticas

    Naturais

    Morfina Analgsico Dimorf,Dolo Moff

    Morfenil

    AmpolasComprimidos

    Codena AnalgsicoAntigamente era usado

    como antitussgeno(ver quadro 1)

    CodatenCodein

    Codex

    Paco

    TylexVicodil

    AmpolasComprimidos

    Soluo Oral

    Sintticos

    Meperidina ouPetidina

    Analgsico DolantinaDolosal

    DornotPetinan

    Ampolas

    Propoxifeno Analgsico Doloxene A Comprimidos

    Fentanil Analgsico BiofentDurogesic

    FastfenFendrop

    FentalixFentanest

    FentanolaxUnifental

    AmpolasAdesivos Transdrmicos

    Metadona Tratamento dedependentes de morfina eheronaAnalgsico

    Mytedom AmpolasComprimidos

    Oxicodona Analgsico OxyContin Comprimidos

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    Efeitos no crebroTodas as drogas tipo opiceo ou opioide tm basicamente os mesmos efeitos no sistema ner-

    voso central: diminuem sua atividade. As diferenas ocorrem mais em sentido quantitativo, isto

    , so mais ou menos eficientes em produzir os mesmos efeitos; tudo fica, ento, sendo principal-

    mente uma questo de dose. Assim, temos que todas essas drogas produzem analgesia e hipnose(aumentam o sono), da receberam tambm o nome de narcticos, que so exatamente as drogas

    capazes de produzir esses dois efeitos: sono e diminuio da dor. Recebem tambm, por isso, o

    nome de drogas hipnoanalgsicas. Agora, para algumas drogas a dose necessria para esse efeito

    pequena, ou seja, so bastante potentes, como, por exemplo, a morfina e a herona; outras,

    por sua vez, necessitam de doses 5 a 10 vezes maiores para produzir os mesmos efeitos, como a

    codena e a meperidina.

    Algumas drogas podem ter, ainda, ao mais especfica, por exemplo, de deprimir os acessos

    de tosse. por essa razo que a codena foi muito usada como antitussgeno, ou seja, para dimi-nuir a tosse (ver quadro 1). Outras apresentam a caracterstica de levar a uma dependncia mais

    facilmente; da serem muito perigosas, como o caso da herona.

    Alm de deprimir os centros da dor, da tosse e da viglia (o que causa sono), todas essas dro-

    gas em doses um pouco maior que a teraputica acabam tambm por deprimir outras regies do

    crebro, como, por exemplo, as que controlam a respirao, os batimentos do corao e a presso

    do sangue. Como ser visto, isso muito importante quando se analisam os efeitos txicos que

    elas produzem.

    Em geral, as pessoas que usam essas substncias sem indicao mdica, ou seja, abusam delas,procuram efeitos caractersticos de uma depresso geral do crebro: um estado de torpor, como

    isolamento da realidade do mundo, calmaria na qual realidade e fantasia se misturam, sonhar

    acordado, estado sem sofrimento, afeto meio embotado e sem paixes. Enfim, fugir das sensaes

    que so a essncia mesmo do viver: sofrimento e prazer que se alternam e se constituem em nossa

    vida psquica plena.

    Efeitos sobre outras partes do corpo

    As pessoas sob ao dos narcticos apresentam contrao acentuada da pupila dos olhos

    (menina dos olhos), que s vezes chegam a ficar do tamanho da cabea de um alfinete. H

    tambm uma paralisia do estmago e o indivduo sente-se empachado, com o estmago cheio,

    como se no fosse capaz de fazer a digesto. Os intestinos tambm ficam paralisados e, como

    consequncia, a pessoa que abusa dessas substncias geralmente apresenta forte priso de ventre.

    com base nesse efeito que os opiceos so utilizados para combater as diarreias, ou seja, so

    usados terapeuticamente como antidiarricos.

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    Efeitos txicosOs narcticos usados por meio de injees, ou em doses maiores por via oral, podem causar

    grande depresso respiratria e cardaca. A pessoa perde a conscincia e fica com uma cor meio

    azulada porque a respirao muito fraca quase no oxigena mais o sangue e a presso arterial cai

    a ponto de o sangue no mais circular normalmente: o estado de coma que, se no tiver o aten-dimento necessrio, pode levar morte. Literalmente, centenas ou mesmo milhares de pessoas

    morrem todo ano na Europa e nos Estados Unidos intoxicadas por herona ou morfina. Alm

    disso, como muitas vezes esse uso feito por injeo, com frequncia os dependentes acabam

    tambm por adquirir infeces como hepatites e mesmo Aids.

    Aqui no Brasil, uma dessas drogas foi utilizada com alguma frequncia por injeo venosa:

    o propoxifeno (principalmente o Algafan). Acontece que essa substncia muito irritante para

    as veias, que se inflamam e chegam a ficar obstrudas. Houve muitos casos de pessoas com srios

    problemas de circulao nos braos por causa disso. Houve mesmo descrio de amputao dessemembro devido ao uso crnico de Algafan. Felizmente, esse uso irracional do propoxifeno no

    ocorre mais entre ns.

    Outro problema com essas drogas a facilidade com que levam dependncia, tornando-se

    o centro da vida das vtimas. E quando esses dependentes, por qualquer motivo, param de tomar

    a droga, ocorre um violento e doloroso processo de abstinncia, com nuseas e vmitos, diarreia,

    cibras musculares, clicas intestinais, lacrimejamento, corrimento nasal etc., que pode durar at

    de 8 a 12 dias.

    Alm disso, o organismo humano torna-se tolerante a todas essas drogas narcticas. Ou seja,como o dependente no consegue mais se equilibrar sem sentir seus efeitos, ele precisa tomar

    doses cada vez maiores, enredando-se mais e mais em dificuldades, pois para adquiri-las preciso

    cada vez mais dinheiro.

    Para se ter uma ideia de como os mdicos temem os efeitos txicos dessas drogas, basta dizer

    que eles relutam muito em receitar a morfina (e outros narcticos) para cancerosos, que geral-

    mente tm dores extremamente fortes. E assim milhares de doentes de cncer padecem de um

    sofrimento muito cruel, pois a nica substncia capaz de aliviar a dor, a morfina ou outro narcti-

    co, tem tambm esses efeitos indesejveis. Atualmente, a prpria Organizao Mundial de Sade

    tem aconselhado os mdicos de todo o mundo que, nesses casos, o uso contnuo de morfina

    plenamente justificado. Felizmente, so pouqussimos os casos de dependncia dessas drogas no

    Brasil, principalmente quando comparado com o problema em outros pases. Entretanto, nada

    garante que essa situao no poder modificar-se no futuro.

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    Quadro 1 Xaropes de Codena

    Os xaropes so formulaes farmacuticas que contm grande quantidade de acares,

    fazendo com que o lquido fique viscoso, meio grosso (xaroposo).

    Nesse veculo ou lquido, coloca-se a substncia medicamentosa que vai trazer o efeito

    benfico desejado pelo mdico que a receitou. Assim, por muito tempo foram produzidos

    xaropes para tosse em que o medicamento ativo a codena, como por exemplo, o Setux,

    Eritse Pambenyl, que no so mais fabricados.

    Existem ainda muitos xaropes para tratar a tosse que contm certas plantas em sua

    frmula, como, por exemplo, o agrio, o guaco etc. Esses medicamentos, chamados de

    fitoterpicos, no tem os efeitos txicos da codena nem causam dependncia.

    Mas tambm existem outras maneiras de se preparar tais remdios. Em vez de coloc-

    los em um xarope, faz-se uma soluo aquosa, s vezes com um pouco de lcool, tendo-seassim as chamadas gotas para tosse. Alguns desses remdios tambm tinham a codena

    como princpio ativo, como era o caso do Belacodide Gotas Binelli.

    Mas como a codena atua sobre a tosse? O crebro humano possui uma certa rea a

    chamada centro da tosse que comanda os acessos de tosse, e justamente l que a code-

    na vai agir. Toda vez que esse centro de tosse estimulado h emisso de uma ordem

    para que a pessoa tussa. A codena capaz de inibir ou bloquear essa rea; assim, mesmo

    que haja um estmulo para ativ-lo, o centro, estando bloqueado pela droga, no reage, ou

    seja, no d mais a ordem para a pessoa tossir, e a tosse que vinha ocorrendo deixa deexistir. Mas como os outros opiceos, a codena age em outras regies no crebro. Assim,

    outros centros que comandam as funes dos rgos so tambm inibidos; com a codena,

    a pessoa sente menos dor (ela um bom analgsico), pode ficar sonolenta, e a presso san-

    gunea, o nmero de batimentos do corao e a respirao podem ficar diminudos.

    O nico xarope de codena fabricado atualmente no Brasil o Codein, usado como

    analgsico. Os xaropes e as gotas base de codena antitussgenos no so mais fabricados

    no Brasil, mas antes eles eram vendidos nas farmcias brasileiras somente com a apresenta-

    o da receita do mdico, que ficava retida para posterior controle. Infelizmente, isso nem

    sempre acontecia, pois algumas farmcias desonestas para ganhar mais dinheiro vendiam

    essas substncias por baixo do pano. Ainda hoje esse problema persiste em algumas

    farmcias do Brasil para todos os medicamentos psicotrpicos. Contudo, os farmacuticos

    responsveis por esses estabelecimentos podem ser punidos caso sejam descobertos.

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    DROGASESTIMULANTES

    DO SISTEMA NERVOSO CENTRAL

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    ANFETAMINASBolinhasRebites

    Nomes comerciais de alguns medicamentos base de drogas tipo

    anfetamina vendidos no Brasil.

    Dados obtidos do Dicionrio de Especialidades Farmacuticas DEF 2007/2008.

    Anfetamina Produtos (nomes comerciais) vendidos em farmcias

    Dietilpropiona ou Anfepramona Dualid S; Inibex S; Hipofagin S

    Fenproporex Desobesi M

    Mazindol Fagolipo; Moderine; Absten S

    Metanfetamina Pervitin*

    Metilfenidato Ritalina; Concerta

    * Retirado do mercado brasileiro, mas encontrado no Brasil graas importao ilegal de outros pases sul-americanos.Nos Estados Unidos cada vez mais usado sob o nome de ICE.

    DefinioAs anfetaminas so drogas estimulantes da atividade do sistema nervoso central, isto ,

    fazem o crebro trabalhar mais depressa, deixando as pessoas mais acesas, ligadas, commenos sono, eltricas etc.

    So chamadas de rebite, principalmente entre os motoristas que precisam dirigir duran-

    te vrias horas seguidas sem descanso, a fim de cumprir prazos predeterminados. Tambm so

    conhecidas como bola por estudantes que passam noites inteiras estudando, ou por pessoas que

    costumam fazer regimes de emagrecimento sem acompanhamento mdico.

    Nos Estados Unidos, a metanfetamina (uma anfetamina) tem sido muito consumida na forma

    fumada em cachimbos, recebendo o nome de ICE (gelo).

    Outra anfetamina, metilenodioximetanfetamina (MDMA), tambm conhecida pelo nome de

    xtase, tem sido uma das drogas com maior acei tao pela juventude inglesa e agora, tambm,

    apresenta um consumo crescente no Brasil.

    As anfetaminas so drogas sintticas, fabricadas em laboratrio. No so, portanto, produtos

    naturais. Existem vrias drogas sintticas que pertencem ao grupo das anfetaminas, e como cada

    uma delas pode ser comercializada sob a forma de remdio, por vrios laboratrios e com dife-

    rentes nomes comerciais, temos um grande nmero desses medicamentos, conforme mostra a

    tabela a seguir.

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    Efeitos no crebroAs anfetaminas agem de maneira ampla afetando vrios comportamentos do ser humano. A

    pessoa sob sua ao tem insnia (isto , fica com menos sono), inapetncia (perde o apetite), sente-

    se cheia de energia e fala mais rpido, ficando ligada.

    Assim, o motorista que toma o rebite para no dormir, o estudante que ingere bola paravarar a noite estudando, um gordinho que as engole regularmente para emagrecer ou, ainda, uma

    pessoa que se injeta com uma ampola de Pervitinou com comprimidos dissolvidos em gua

    para ficar ligado ou ter um baque esto na realidade tomando drogas anfetamnicas.

    A pessoa que toma anfetaminas capaz de executar uma atividade qualquer por mais tempo,

    sentindo menos can sao. Este s aparece horas mais tarde, quan do a droga j se foi do orga nismo;

    se nova dose for tomada as energias voltam, embora com menos intensidade. De qualquer manei-

    ra, as anfetaminas fazem com que o organismo reaja acima de suas capacidades, esforos excessi-

    vos, o que logicamente prejudicial para a sade. E, o pior que a pessoa ao parar de tomar senteuma grande falta de energia (astenia), ficando bastante deprimida, o que tambm prejudicial,

    pois nem consegue realizar as tarefas que normalmente fazia anteriormente ao uso dessas drogas.

    Efeitos sobre outras partes do corpoAs anfetaminas no exercem somente efeitos no crebro. Assim, agem na pupila dos olhos

    produzindo dilatao (midrase); esse efeito prejudicial para os motoristas, pois noite ficam

    mais ofuscados pelos faris dos carros em direo contrria. Elas tambm causam aumento do

    nmero de batimentos do corao (taquicardia) e da presso sangunea. Tambm pode haver

    srios prejuzos sade das pessoas que j tm problemas cardacos ou de presso, que faam

    uso prolongado dessas drogas sem acompanhamento mdico, ou ainda que se utilizam de doses

    excessivas.

    Efeitos txicosSe uma pessoa exagera na dose (toma vrios comprimidos de uma s vez), todos os efeitos

    anteriormente descritos ficam mais acentuados e podem surgir comportamentos diferentes donormal: fica mais agressiva, irritadia, comea a suspeitar de que outros esto tramando contra

    ela o chamado delrio persecutrio. Dependendo do excesso da dose e da sensibilidade da

    pessoa, pode ocorrer um verdadeiro estado de paranoia e at alucinaes. a psicose anfetam-

    nica. Os sinais fsicos ficam tambm muito evidentes: midrase acentuada, pele plida (devido

    contrao dos vasos sanguneos) e taquicardia. Essas intoxicaes so graves, e a pessoa geral-

    mente precisa ser internada at a desintoxicao completa. s vezes, durante a intoxicao, a

    temperatura aumenta muito e isso bastante perigoso, pois pode levar a convulses.

    Finalmente, trabalhos recentes em animais de laboratrio mostram que o uso continuado deanfetaminas pode levar degenerao de determinadas clulas do crebro. Esse achado indica a

    possibilidade de o uso crnico de anfetaminas produzir leses irreversveis em pessoas que abu-

    sam dessas drogas.

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    Aspectos geraisQuando uma anfetamina continuamente tomada por uma pessoa, esta comea a perceber,

    com o tempo, que a cada dia a droga produz menos efeito; assim, para obter o que deseja, precisa

    tomar a cada dia doses maiores. H at casos que de 1 a 2 comprimidos a pessoa passou a tomar

    at 40 a 60 comprimidos diariamente. Esse o fenmeno de tolerncia, ou seja, o organismoacaba por se acostumar ou ficar tolerante droga. Por outro lado, o tempo prolongado de uso

    tambm pode trazer uma sensibilizao do organismo aos efeitos desagradveis (paranoia, agres-

    sividade etc.), ou seja, com pequenas doses o indivduo j manifesta esses sintomas.

    Discute-se at hoje se uma pes soa que vinha tomando anfetamina h tempos e pra de tomar

    apresentaria sinais dessa interrupo da droga, ou seja, se teria uma sndrome de abstinncia. Ao

    que se sabe, algumas podem ficar nessas condies em um estado de grande depresso, difcil de

    ser suportada; entretanto, no regra geral.

    Informaes sobre consumoO consumo dessas drogas no Brasil chega a ser alarmante, tanto que at a Organizao das

    Naes Unidas vem alertando o Governo brasileiro a respeito. Dados de um relatrio das Naes

    Unidas de 2007 indicam que o consumo de estimulantes no Brasil, principalmente para diminuir

    o apetite e misturado a outros remdios para perder peso, um dos mais elevados do mundo.

    Uma preocupao se d pela prescrio mdica excessiva destes medicamentos, mas tambm pelo

    fato de que podem ser comprados sem receita mdica, mesmo que isso contrarie a lei, ou ainda

    com receitas falsificadas.Esse consumo exagerado pode ainda influenciar o uso indevido destes medicamentos por

    adolescentes. Por exemplo, entre 48.155 estudantes brasileiros do ensino fundamental e do ensi-

    no mdio pesquisados nas 27 capitais do Pas, 1.782 adolescentes (3,7% deles), revelaram j ter

    experimentado pelo menos uma vez na vida uma droga tipo anfetamina. O uso frequente (seis ou

    mais vezes no ms) foi relatado por 240 estudantes (0,5% do total), sendo mais comum entre as

    meninas, as mais interessadas em perder peso.

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    COCANAPasta de CocaCrackMerla

    DefinioA cocana uma substncia natural, extrada das folhas de uma planta encontrada exclusi-

    vamente na Amrica do Sul, a Erythroxyloncoca, conhecida como cocaou epadu, este ltimonome dado pelos ndios brasileiros. A cocana pode chegar at o consumidor sob a forma de um

    sal, o cloridrato de cocana, o p, farinha, neve ou branquinha, que solvel em gua e

    serve para ser aspirado (cafungado) ou dissolvido em gua para uso intravenoso (pelos canos,

    baque), ou sob a forma de base, o crack, que pouco solvel em gua, mas que se volatiliza

    quando aquecida e, portanto, fumada em cachimbos.

    Tambm sob a forma base, a merla(mela, mel ou melado), um produto ainda sem refino e

    muito contaminado com as substncias utilizadas na extrao, preparada de forma diferente do

    crack, mas tambm fumada. Enquanto o crack ganhou popularidade em So Paulo, Braslia foi

    a cidade vtima da merla. De fato, pesquisas mostram que mais de 50% dos usurios de drogas da

    Capital Federal fazem uso de merla, e apenas 2% de crack.

    Por apresentar aspecto de pedra no caso do crack e pasta no caso da merla, no podendo ser

    transformado em p fino, tanto o crack como a merla no podem ser aspirados, como a cocana p

    (farinha), e por no serem solveis em gua tambm no podem ser injetados. Por outro lado, para

    passar do estado slido ao de vapor quando aquecido, o crack necessita de uma temperatura rela-

    tivamente baixa (95C), o mesmo ocorrendo com a merla, ao passo que o p necessita de 195C;

    por esse motivo o crack e a merla podem ser fumados e o p no.

    H ainda a pasta de coca, que um produto grosseiro, obtido das primeiras fases de extra-

    o de cocana das folhas da planta quando estas so tratadas com lcali, solvente org nico como

    querosene ou gasolina, e cido sulfrico. Essa pasta contm muitas impurezas txicas e fumada

    em cigarros chamados basukos.

    Antes de se conhecer e de se isolar cocana da planta, a coca (planta) era muito

    usada sob forma de ch. Ainda hoje esse ch bastante comum em certos pases da

    Amrica do Sul, como Peru e Bolvia, sendo em ambos permitido por lei, haven-do at um rgo do Governo, o Instituto Peruano da Coca, que controla a qualidade

    das folhas vendidas no comrcio. Esse ch at servido aos hspedes nos hotis. Acontece, porm,

    que, sob a forma de ch, pouca cocana extrada das folhas; alm disso, ingerindo (toma-se pela

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    boca) o tal ch, pouca cocana absorvida pelos intestinos e, ainda, por essa via ela imediatamente

    j comea a ser metabolizada. Atravs do sangue, chega ao fgado e boa parte destruda antes de

    chegar ao crebro. Em outras palavras, quando a planta ingerida sob a forma de ch, muito pouca

    cocana chega ao crebro.

    Todo mundo comenta que vive mos hoje em dia uma epidemia de uso de cocana, como se

    isso estivesse acontecendo pela primeira vez. Mesmo nos Estados Unidos, onde, sem dvida,

    houve uma exploso de uso nesses ltimos anos, j existiu fenmeno semelhante no passado. E

    no Brasil tambm, h cerca de 60 ou 70 anos utilizou-se aqui muita cocana. Tanto que o jornal

    O Estado de S. Paulopublicava esta notcia em 1914: H hoje em nossa cida de muitos filhos de fam-

    lia cujo grande prazer tomar cocana e deixar-se arrastar at aos decli ves mais perigosos deste vcio.

    Quando... atentam... tarde de mais para o recuo.

    Tanto o crack como a merla tambm so cocana; portanto, todos os efeitos provocados no

    crebro pela cocana tambm ocorrem com o crack e a merla. Porm, a via de uso dessas duas

    formas (via pulmonar, j que ambos so fumados) faz toda a diferena em relao ao p.

    Assim que o crack e a merla so fumados, alcanam o pulmo, que um rgo intensiva-

    mente vascularizado e com grande superfcie, levando a uma absoro instantnea. Atravs do

    pulmo, cai quase imediatamente na circulao, chegando rapidamente ao crebro. Com isso,

    pela via pulmonar, o crack e a merla encurtam o caminho para chegar ao crebro, surgindo os

    efeitos da cocana muito mais rpido do que por outras vias. Em 10 a 15 segundos, os primeiros

    efeitos j ocorrem, enquanto os efeitos aps cheirar o p surgem aps 10 a 15 minutos, e aps

    a injeo, em 3 a 5 minutos. Essa caracterstica faz do crack uma droga poderosa do ponto devista do usurio, j que o prazer acontece quase instantaneamente aps uma pipada (fumada

    no cachimbo).

    Porm, a durao dos efeitos do crack muito rpida. Em mdia, em torno de 5 minutos,

    enquanto aps injetar ou cheirar, duram de 20 a 45 minutos. Essa certa durao dos efeitos faz

    com que o usurio volte a utilizar a droga com mais frequncia que as outras vias (praticamente de 5

    em 5 minutos), levando-o dependncia muito mais rapidamente que os usurios da cocana por

    outras vias (nasal, endovenosa) e a um investimento monetrio muito maior.

    Logo aps a pipada, o usurio tem uma sensao de grande prazer, intensa euforia e poder. to agradvel que, logo aps o desaparecimento desse efeito (e isso ocorre muito rapidamente,

    em 5 minu tos), ele volta a usar a droga, fazen do isso inmeras vezes, at acabar todo o estoque que

    possui ou o dinheiro para consegui-la. A essa compulso para utilizar a droga repetidamente d-se

    o nome popular de fissura, que uma vontade incontrolvel de sentir os efeitos de prazer que

    a droga provoca. A fissura no caso do crack e da merla avas saladora, j que os efeitos da droga

    so muito rpidos e intensos.

    Alm desse prazer indescritvel, que muitos comparam a um orgasmo, o crack e a merla provo-

    cam tambm um estado de excitao, hiperatividade, insnia, perda de sensao do cansao, falta deapetite. Esse ltimo efeito muito caracterstico do usurio de crack e merla. Em menos de um ms, ele

    perde muito peso (8 a 10kg) e em um tempo maior de uso ele perde todas as noes bsicas de higiene,

    ficando com um aspecto deplorvel. Por essas caractersticas, os usurios de crack (craqueros) ou de

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    merla so facilmente identificados. Aps o uso intenso e repetitivo, o usurio experimenta sensaes

    muito desagradveis, como cansao e intensa depresso.

    Efeitos no crebroA tendncia do usurio aumentar a dose da droga na tentativa de sentir efeitos mais inten-

    sos. Porm, essas quantidades maiores acabam por levar o usurio a comportamento violento,

    irritabilidade, tremores e atitudes bizarras devido ao aparecimento de paranoia(chamada entre

    eles de noia). Esse efeito provoca um grande medo nos craqueros, que passam a vigiar o local

    onde usam a droga e a ter uma grande desconfiana uns dos outros, o que acaba levando-os a

    situaes extremas de agressividade. Eventualmente, podem ter alucinaes e delrios. A esse

    conjunto de sintomas d-se o nome de psicose cocanica. Alm dos sintomas descritos, o

    craquero e o usurio de merla perdem de forma muito marcante o interesse sexual.

    Efeitos sobre outras partes do corpoOs efeitos provocados pela cocana ocorrem por todas as vias (aspirada, inalada, endoveno-

    sa). Assim, o crack e a merla podem produzir aumento das pupilas (midrase), que prejudica a

    viso; a chamada viso borrada. Ainda pode provocar dor no peito, contraes musculares,

    convulses e at coma. Mas sobre o sistema cardiovascular que os efeitos so mais intensos.

    A presso arterial pode elevar-se e o corao pode bater muito mais rapidamente (taquicardia).

    Em casos extremos, chega a produzir parada cardaca por fibrilao ventricular. A morte tambm

    pode ocorrer devido diminuio de atividade de centros cerebrais que controlam a respirao.O uso crnico da cocana pode levar a degenerao irreversvel dos msculos esquelticos,

    conhecida como rabdomilise.

    Aspectos geraisComo ocorre com as anfetaminas (cujos efeitos so em parte semelhantes aos da cocana), as

    pessoas que abusam da cocana relatam a necessidade de aumentar a dose para sentir os mesmos

    efeitos iniciais de prazer, ou seja, a cocana induz tolerncia. como se o crebro se acomo-

    dasse quela quantidade de droga, necessitando de uma dose maior para produzir os mesmos

    efeitos prazerosos. Porm, paralelamente a esse fenmeno, os usurios de cocana tambm desen-

    volvem sensibilizao, ou seja, para alguns efeitos produzidos pela cocana, ocorre o inverso

    da tolerncia, e com uma dose pequena os efeitos j surgem. Mas para a angstia do usurio, os

    efeitos produzidos com pouca quantidade de droga so exatamente aqueles considerados desa-

    gradveis, como, por exemplo, a paranoia. Dessa forma, com o passar do tempo, o usurio neces-

    sita aumentar cada vez mais a dose de cocana para sentir os efeitos de prazer, porm seu crebro

    est sensibilizado para os efeitos desagradveis, ocorrendo como consequncia do aumento da

    dose uma intensificao de efeitos indesejveis, como paranoia, agressividade, desconfiana etc.

    No h descrio convincente de uma sndrome de abstinncia quando a pessoa para de usar

    cocana abruptamente: no sente dores pelo corpo, clicas, nuseas etc. s vezes pode ocorrer

    de essa pessoa ficar toma da de grande fissura, desejar usar novamente a droga para sentir seus

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    efeitos agradveis e no para diminuir ou abolir o sofrimento que ocorreria se realmente houvesse

    uma sndrome de abstinncia.

    Usurios de drogas injetveis e Aids

    No Brasil a cocana a substncia mais usada na forma injetvel. Os usurios de drogasinjetveis (UDIs) compartilham agulhas e seringas e expem-se ao contgio de vrias doenas,

    entre estas hepatites, malria, dengue e Aids. Essa prtica , hoje em dia, um fator de risco para a

    transmisso do HIV. Porm, os UDIs tm optado por mudana de via, assim, hoje em So Paulo,

    muitos antigos UDIs utilizam o crack por considerarem mais seguro, j que por essa via no

    compartilham seringas e agulhas. Entretanto, principalmente mulheres usurias de crack, prosti-

    tuem-se para obter a droga e geralmente o fazem sob efeito da fissura. Nesse estado, perdem a

    noo do perigo, no conseguem proceder a um sexo seguro, expondo-se a doenas sexualmente

    transmissveis (DST) e, ainda, podendo transmitir o vrus a seus parceiros sexuais. Essa prticademonstra que o crack diante das DST/Aids no to seguro quanto se suponha inicialmente.

    No Brasil, na dcada de 90, foram realizados trs estudos multicntricos em parceria com a

    Organizao Mundial da Sade e a Coordenao Nacional de Doenas Sexualmente Transmissveis

    e Aids do Ministrio da Sade (CN-DST/AIDS). Em agosto de 2000, os UDIs representavam 19,3%

    dos casos de Aids do pas no acumulado histrico. A prevalncia de casos de pessoas infectadas pelo

    HIV na populao geral de 0,6%. J entre os usurios de drogas injetveis, h uma prevalncia de

    aproximadamente 80%. Contudo, segundo o Boletim Epidemiolgico apresentado pelo Ministrio

    da Sade, o nmero de UDIs infectados pelo HIV tem diminudo entre os anos de 1983 e 2007.A porcentagem de casos notificados caiu de 27,6 no perodo de 1980 a 1995, para 7,2 em 2008

    entre os homens e, de 21,7 para 3% entre as mulheres. As campanhas do Ministrio da Sade, por

    meio da Coordenao Nacional de DST/Aids, tm redu zido muito o nmero de infectados por essa

    via. Porm, iniciam-se agora campanhas que venham coibir a transmisso de DST/Aids por crack.

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    TABACO

    Este captulo foi elaborado em parceria com o INCA/Contapp.

    Definio e histricoO tabaco uma planta cujo nome cientfico Nicotiana tabacum, da qual extrada uma

    substncia chamada nicotina. Comeou a ser utilizada aproximadamente no ano 1000 a.C., nassociedades indgenas da Amrica Central, em rituais mgico-religiosos, com o objetivo de purifi-

    car, contemplar, proteger e fortalecer os mpetos guerreiros, alm disso, esses povos acreditavam

    que essa substncia tinha o poder de predizer o futuro. A planta chegou ao Brasil provavelmen-

    te pela migrao de tribos tupis-guaranis. A partir do sculo XVI, seu uso foi introduzido na

    Europa, por Jean Nicot, diplomata francs vindo de Portugal, aps ter-lhe cicatrizado uma lcera

    na perna, at ento incurvel.

    No incio, utilizado com fins curativos, por meio do cachimbo, difundiu-se rapidamente, atin-

    gindo sia e frica no sculo XVII. No sculo seguinte, surgiu a moda de aspirar rap, ao qual

    foram atribudas qualidades medicinais, pois a rainha da Frana, Catarina de Mdicis, o utilizava

    para aliviar suas enxaquecas.

    No sculo XIX, surgiu o charuto que veio da Espanha e atingiu toda a Europa, Estados Unidos

    e demais continentes, sendo utilizado para demonstrao de ostentao. Por volta de 1840 a

    1850, surgiram as primeiras descries de homens e mulheres fumando cigarros, porm, somen-

    te aps a Primeira Guerra Mundial (1914 a 1918), seu consumo apresentou grande expanso.

    Seu uso espalhou-se por todo o mundo a partir de meados do sculo XX, com a ajuda de tc-

    nicas avanadas de publicidade e marketing que se desenvolveram nessa poca.

    A partir da dcada de 1960, surgiram os primeiros relatrios cientficos que relacionaram o

    cigarro ao adoecimento do fumante, e hoje existem inmeros trabalhos comprovando os malef-

    cios do tabagismo sade do fumante e do no fumante exposto fumaa do cigarro.

    Hoje, o fumo cultivado em todas as partes do mundo e responsvel por uma atividade

    econmica que envolve milhes de dlares. Apesar dos males que o hbito de fumar provoca, a

    nicotina uma das drogas mais consumidas no mundo.

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    Efeitos no crebroQuando o fumante d uma tragada, a nicotina absorvida pelos pulmes, chegando ao cre-

    bro aproximadamente em nove segundos.

    Os principais efeitos da nicotina no sistema nervoso central consistem em: elevao leve no

    humor (estimulao) e diminuio do apetite. A nicotina considerada um estimulante leve,apesar de um grande nmero de fumantes relatar sensao de relaxamento quando fumam. Essa

    sensao provocada pela diminuio do tnus muscular.

    Essa substncia, quando usada ao longo do tempo, pode pro vocar o desenvolvimento de tole-

    rncia, ou seja, a pessoa tende a consumir um nmero cada vez maior de cigarros para sentir os

    mesmos efeitos que, originalmente, eram produzidos por doses menores.

    Alguns fumantes, quando suspendem repentinamente o consumo de cigarros, podem sentir

    fissura(desejo incontrolvel de fumar), irritabilidade, agitao, priso de ventre, dificuldade de

    concentrao, sudorese, tontura, insnia e dor de cabea. Esses sintomas caracterizam a sndro-me de abstinncia, desaparecendo dentro de uma ou duas semanas.

    A tolerncia e a sndrome de abstinncia so alguns dos sinais que caracterizam o quadro de

    dependnciaprovocado pelo uso do tabaco.

    Efeitos sobre outras partes do corpoA nicotina pro duz um pequeno aumento no batimento cardaco, na presso arte rial, na fre-

    quncia respiratria e na atividade motora.

    Quando uma pessoa fuma um cigarro, a nicotina imediatamente distribuda pelos tecidos.No sistema digestivo, provoca diminuio da contrao do estmago, dificultando a digesto. H,

    ainda, aumento da vasoconstrio e da fora dos batimentos cardacos.

    Efeitos txicosA fumaa do cigarro contm um nmero muito grande de substncias txicas ao organismo. Entre

    as principais, citamos a nicotina, o monxido de carbono e o alcatro.

    O uso intenso e constante de cigarros aumenta a probabilidade de ocorrncia de algumas

    doenas, como, por exemplo, pneumonia, cncer (pulmo, laringe, faringe, esfago, boca, est-mago etc.), infarto de miocrdio, bronquite crnica, enfisema pulmonar, derrame cerebral, lcera

    digestiva etc. Entre outros efeito txicos provocados pela nicotina, podemos destacar, ainda, nu-

    seas, dores abdominais, diarreia, vmitos, cefaleia, tontura, braquicardia e fraqueza.

    Tabaco e gravidezQuando a me fuma durante a gravidez, o feto tambm fuma, recebendo as substncias txicas

    do cigarro atravs da placenta. A nicotina provoca aumento do batimento cardaco no feto, reduo

    de peso no recm-nascido, menor estatura, alm de alteraes neurolgicas importantes. O risco deabortamento espontneo, entre outras complicaes na gestao, maior nas gestantes que fumam.

    Durante a amamentao, as substncias txicas do cigarro so transmitidas para o beb atra-

    vs do leite materno.

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    Tabagismo passivoOs fumantes no so os nicos expostos fuma a do cigarro, pois os no fumantes tambm

    so agredidos por ela, tornando-se fumantes passivos.

    Os poluentes do cigarro dispersam-se pelo ambiente, fazendo com que os no fumantes prxi-

    mos ou distantes dos fumantes inalem tambm as substncias txicas.Estudos comprovam que filhos de pais fumantes apresentam incidncia trs vezes maior de

    infeces respiratrias (bronquite, pneumonia, sinusite) do que filhos de pais no fumantes.

    Aspectos geraisO hbito de fumar muito frequente na populao. At pouco tempo era comum a associa-

    o do cigarro imagem de pessoas bem-sucedidas, jovens e esportistas nos meios de comunica-

    o. Esse cenrio foi alterado aps a Lei 10 167, de dezembro de 2000, que proibiu a propaganda

    de cigarros nos meios de comunicao de massa. Essa restrio foi uma grande conquista, poisaquele tipo de propaganda estimulava o uso do cigarro. Alm disso, os programas de controle

    do tabagismo vm recebendo um destaque cada vez maior em diversos pases, ganhando apoio

    de grande parte da populao.

    O INCA (Instituto Nacional de Cncer) o rgo do Ministrio da Sade responsvel

    pelas aes de controle do tabagismo e pre veno primria de cncer no Brasil, por meio da

    Coordenao Nacional de Controle do Tabagismo e Preveno Primria de Cncer (Contapp).

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    DROGASPERTURBADORAS

    DO SISTEMA NERVOSO CENTRAL

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    MACONHATHC (Tetraidrocanabinol)

    Hashishi, Bangh,Ganja, Diamba, Marijuana,Marihiana

    Definio e histricoA maconha o nome dado aqui no Brasil a uma planta chamada cientificamente de Cannabis

    sativa. Em outros pases, ela recebe diferentes nomes, como os mencionados no ttulo deste cap-tulo. J era conhecida h pelo menos 5000 anos, sendo utilizada quer para fins medicinais, quer

    para produzir risos. Talvez a primeira meno da maconha em nossa lngua tenha sido em um

    escrito de 1548, no qual est dito no portugus daquela poca: e j ouvi a muitas mulheres que,

    quando hio ver algum homem, para estar choquareiras e graciosas a tomavo.

    At o incio do sculo XX, a maconha era considerada em vrios pases, inclusive no Brasil,

    um medicamento til para vrios males. Mas tambm j era utilizada para fins no mdicos por

    pessoas desejosas de sentir coisas diferentes, ou mesmo que a utilizavam abusivamente. Em

    consequncia desse abuso, e de um certo exagero sobre seus efeitos malficos, a planta foi proibi-

    da em praticamente todo o mundo ocidental, nos ltimos 50 a 60 anos. Mas, atual mente, graas

    s pesquisas recentes, a maconha (ou substncias dela extradas) reconhecida como medica-

    mento em pelo menos duas condies clnicas: reduz ou abole nuseas e vmitos produzidos por

    medicamentos anticncer e tem efeito benfico em alguns casos de epilepsia (doena que se carac-

    teriza por convulses ou ataques). Entretanto, bom lembrar que a maconha (ou as substncias

    extradas da planta) tem tambm efeitos indesejveis que podem ser prejudiciais.

    O THC (tetraidrocanabinol) uma substncia qumica fabricada pela prpria maconha, sendo

    o principal responsvel pelos efeitos desta. Assim, dependendo da quantidade de THC presente

    (o que pode variar de acordo com solo, clima, esta o do ano, poca de colheita, tempo decorrido

    entre a colheita e o uso), a maconha pode ter potncia diferente, isto , produzir mais ou menos

    efeitos. Essa variao nos efeitos depende tambm da prpria pessoa que fuma a planta, pois

    todos sabemos que h grande variao entre as pessoas, e de fato, ningum igual a ningum!

    Assim, a dose de maconha insuficiente para um pode produzir efeito ntido em outro e at forte

    intoxicao em um terceiro.

    Efeitos da maconhaPara o bom entendimento, melhor dividir os efeitos que a maconha produz sobre o homem

    em fsicos(ao sobre o prprio corpo ou partes dele) e psquicos(ao sobre a mente). Esses

    efeitos sofrero mudanas de acordo com o tempo de uso que se considera, ou seja, os efeitos so

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    agudos(isto , quando decorrem apenas algumas horas aps fumar) e crnicos(consequncias

    que aparecem aps o uso continuado por semanas, ou meses ou mesmo anos).

    Os efeitos fsicos agudosso muito poucos: os olhos ficam meio avermelhados (o que em

    linguagem mdica se chama hiperemia das conjuntivas), a boca fica seca (e l vai outra palavri-

    nha mdica antiptica: xerostomia o nome difcil que o mdico d para boca seca) e o corao

    dispara, de 60 a 80 batimentos por minuto pode chegar a 120 a 140 ou at mesmo mais (taqui-

    cardia).

    Os efeitos psquicos agudos dependero da qualidade da maconha fumada e da sensibilidade

    de quem fuma. Para uma parte das pessoas, os efeitos so uma sensao de bem-estar acompa-

    nhada de calma e relaxamento, sentir-se menos fatigado, vontade de rir (hilaridade). Para outras

    pessoas, os efeitos so mais para o lado desa gradvel: sentem angstia, ficam aturdidas, temerosas

    de perder o controle mental, trmulas, suadas. o que comumente chamam de m viagem ou

    bode. H, ainda, evidente perturbao na capacidade da pessoa em calcular tempoe espaoe

    um prejuzo de memria e ateno.

    Assim, sob a ao da maconha, a pessoa erra grosseiramente na discriminao do tempo,

    tendo a sensao de que se passaram horas quando na realidade foram alguns minutos; um tnel

    com 10m de comprimento pode parecer ter 50 ou 100m.

    Quanto aos efeitos na memria, eles se manifestam principalmente na chamada memria a

    curto prazo, ou seja, aquela que nos importante por alguns instantes. Dois exemplos verdicos

    ajudam a entender esse efeito: uma telefonista de PABX em um hotel (que ouvia um dado nmero

    pelo fone e no instante seguinte fazia a liga o), quando sob ao da maconha, no era mais capazde lembrar-se do nmero que acabara de ouvir. O outro caso o de um bancrio que lia em uma

    lista o nmero de um documento que tinha de retirar de um arquivo, e que sob ao da maconha

    j havia esquecido o nmero quando chegava em frente ao arquivo.

    Pessoas sob esses efeitos no conseguem, ou melhor, no deveriam executar tarefas que

    dependem de ateno, bom senso e discernimento, pois correm o risco de prejudicar outros e/

    ou a si prprio. Como exemplo disso: dirigir carro, operar mquinas potencialmente perigosas.

    Aumentando-se a dose e/ou dependendo da sensibilidade, os efeitos psquicos agudos podem

    chegar at a alteraes mais evidentes, com predominncia de delrios e alucinaes. Delriouma manifestao mental pela qual a pessoa faz um juzo errado do que v ou ouve; por exemplo,

    sob ao da maconha uma pessoa ouve a sirene de uma ambulncia e julga que a polcia que

    vem prend-la; ou v duas pessoas conversando e pensa que ambas esto falando mal ou mesmo

    tramando um atentado contra ela. Em ambos os casos, essa mania de perseguio (delrios per-

    secutrios) pode levar ao pnico e, consequentemente, a atitudes perigosas (fugir pela janela,

    agredir como forma de defesa antecipada contra a agresso que julga estar sendo tramada). J

    a alucinao uma percepo sem objeto, isto , a pessoa pode ouvir a sirene da polcia ou ver

    duas pessoas conversando quando no existe nem sirene nem pessoas. As alucinaes podemtambm ter fundo agradvel ou terrificante.

    Os efeitos fsicos crnicosda maconha j so de maior gravidade. De fato, com o uso conti-

    nuado, vrios rgos do corpo so afetados. Os pulmes so um exemplo disso. No difcil ima-

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    ginar como ficaro esses rgos quando passam a receber cronicamente uma fumaa que muito

    irritante, dado ser proveniente de um vegetal que nem chega a ser tratado como o tabaco comum.

    Essa irritao constante leva a problemas respiratrios (bronquites), alis, como ocorre tambm

    com o cigarro comum. Mas o pior que a fumaa da maconha contm alto teor de alcatro (maior

    mesmo que na do cigarro comum) e nele existe uma substncia chamada benzopireno, conhecido

    agente cancergeno; ainda no est provado cientificamente que o fumante crnico de maconha

    est sujeito a adquirir cncer dos pulmes com maior facilidade, mas os indcios, em animais de

    laboratrio, de que assim pode ser so cada vez mais fortes.

    Outro efeito fsico adverso (indesejvel) do uso crnico da maconha refere-se testosterona. Esta

    o hormnio masculino que, como tal, con fere ao homem maior quan tidade de msculos, voz mai