Design de Narrativa Transmidiatica Movel Conectividade Procedimental Entre TVDi e Dispositivo Movel

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10º Congresso Brasileiro de Pesquisa e Desenvolvimento em Design, São Luís (MA) Design de Narrativa Transmidiática Móvel: conectividade procedimental entre TVDi e Dispositivo Móvel Design of Mobile Transmedia Narrative: procedural connectivity between iDTV and Mobile Device Ursula Reichenbach, Rachel Zuanon Resumo O artigo tem por objetivo formular o Design de Narrativa Transmidiática Móvel para a conectividade procedimental entre Televisão Digital Interativa (TVDi) e Dispositivo Móvel, por meio de uma metodologia de pesquisa de caráter bibliográfico e exploratório acerca do Design de Narrativa Transmidiática. Examinou-se, para tanto, as instâncias tecnológicas (I) e semióticas (II) de ambos os Designs de Narrativa, em uma análise comparativa. Palavras Chave: Design de Narrativa Transmidiática Móvel, TVDi, Dispositivo Móvel. Abstract This paper aims to propose the Design of Mobile Transmedia Narrative for procedural connectivity between Interactive Digital Television (iDTV) and Mobile Device by means of a research methodology bibliographical and exploratory about the design of transmedia narrative. It was analised the technological (I) and semiotics (II) instances of both designs of narrative in a comparative analysis. Keywords: Mobile Transmedia Narrative Design, iDTV, Mobile Device.

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Design de Narrativa Transmidiática Móvel:

conectividade procedimental entre TVDi e Dispositivo

Móvel

Design of Mobile Transmedia Narrative: procedural connectivity between iDTV and Mobile Device

Ursula Reichenbach, Rachel Zuanon

Resumo

O artigo tem por objetivo formular o Design de Narrativa Transmidiática Móvel para a

conectividade procedimental entre Televisão Digital Interativa (TVDi) e Dispositivo Móvel,

por meio de uma metodologia de pesquisa de caráter bibliográfico e exploratório acerca do

Design de Narrativa Transmidiática. Examinou-se, para tanto, as instâncias tecnológicas (I) e

semióticas (II) de ambos os Designs de Narrativa, em uma análise comparativa.

Palavras Chave: Design de Narrativa Transmidiática Móvel, TVDi, Dispositivo Móvel.

Abstract

This paper aims to propose the Design of Mobile Transmedia Narrative for procedural

connectivity between Interactive Digital Television (iDTV) and Mobile Device by means of a

research methodology bibliographical and exploratory about the design of transmedia

narrative. It was analised the technological (I) and semiotics (II) instances of both designs of

narrative in a comparative analysis.

Keywords: Mobile Transmedia Narrative Design, iDTV, Mobile Device.

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Introdução

A tecnologia digital se estrutura a partir de elementares unidades informacionais

denominadas bits. A Televisão Digital Interativa (TVDi) e o Dispositivo Móvel processam

ambos estas mesmas unidades, o que permite o fluxo de informação multidirecional entre

estes e outros meios digitais1. Jenkins (2009/2011) é precursor em definir projetual e

narratologicamente a estrutura deste fluxo informacional sob o conceito de Narrativa

Transmidiática2, a qual se distribui entre os meios digitais interativos e tem seus distintos

componentes rigorosamente conectados para expandir a narrativa central (MILLER, 2008). Já

sob a perspectiva tecnológica, esta Narrativa formula uma rede ou grafo (mat.), “um conjunto

(…) de nodos (vértices) com ligações (arestas) entre si3” (NEWMAN, 2003), como demonstra

a figura abaixo (Figura 1).

Figura 1: Representação gráfica de uma rede. Fonte: NEWMAN, 2003, traduzida.

Na Narrativa Transmidiática ocorre a conectividade ou conexão (“arestas”) entre

narrativas audiovisuais (configuram-se “vértices”) sincronizadas e distribuídas entre meios.

Quando então subsidiada pela tecnologia digital, a Narrativa Transmidiática ocorre de

maneira procedimental, ou seja, por regras, em (A) processo e (B) método autônomos. De

ordem semiótica, o processo autônomo (A) refere-se às relações de troca entre narrativas

1 A este fluxo possibilitado pela tecnologia dá-se o nome de convergência midiática

(JENKINS:2009).

2 Stackelberg (2011) identifica outros conceitos que a Narrativa Transmidiática tangencia,

como por exemplo: Distributed Narratives (WALKER, 2004), Pervasive Games

(MONTOLA, 2009), Ubiquitous Gaming (MCGONIGAL, 2006), Very Distributed

Storytelling (DAVENPORT, 1998), e Augmented Reality Games (SZULBORSKI, 2005).

3 No original: “A network is a set of items, which we will call vertices or sometimes nodes,

with connections between them, called edges” (NEWMAN, 2003).

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disponíveis nos meios com suas respectivas linguagens; enquanto que o método autônomo

(B), de ordem tecnológica, define a tecnologia (como QR-Code4, Reconhecimento de

Imagem, Realidade Aumentada etc.) e o método técnico (programação) para a coordenação

entre as narrativas presentes nos meios. Neste sentido, analisa-se o conceito contemporâneo

de Design de Narrativa Transmidiática (primeira seção) sob a instância projetual tecnológica e

semiótica (segunda) a fim de diferenciá-la de um Design de Narrativa Transmidiática regido

por procedimento (regras) para a mobilidade da narrativa de um meio para o outro,

identificada como Design de Narrativa Transmidiática Móvel (terceira).

Assim, na primeira seção define-se a estrutura Narrativa Transmidiática linear

segundo Jenkins (2009/2010), Stackelberg (2011), entre outros, contrapondo à compreensão

de Deleuze e Guatarri (1995) e Martin (2003) quanto à estrutura narrativa audiovisual; na

segunda, examina-se a instância projetual tecnológica e semiótica da Conectividade

Procedimental Transmidiática; e, na terceira seção, contrapõe-se esta à Conectividade

Procedimental Transmidiática Móvel, a fim de formular-se o Design de Narrativa

Transmidiática Móvel.

Design de Narrativa Trasmidiática: entre a linearidade e a não-

linearidade

A Conectividade Procedimental da Narrativa Transmidiática Móvel entre TVDi e o

Dispositivo Móvel prevê a mobilidade entre estruturas narrativas de um meio para o outro. A

seção discute a configuração desta estrutura. Examina-se a estrutura Narrativa Transmidiática

a partir de Jenkins (2009/2011), Stackelberg (2011), entre outros, que argumentam para a

linearidade, a qual é discutida como critério projetual relativo aos meios, à proposta (gênero)

e ao perfil do público. Esta defendida linearidade é então contraposta à estrutura narrativa

audiovisual, que apresenta intrinsecamente a não-linearidade (DELEUZE e GUATARRI,

1995) e linearidade (MARTIN, 2003), para investigar as instâncias da linguagem audiovisual

que se constituem método para a mobilidade das estruturas narrativas.

A linearidade no design de Narrativa Transmidiática

Fundamenta Stackelberg (2011) que “uma mesma história (ou seja conjunto de fatos)

pode ser apresentada em uma ou mais narrativas baseadas em diferentes pontos de vista,

distintas seleções de fatos, ou diferentes mídias” (STACKELBERG, 2011).

4 Abreviação de Quick Response Code. Consiste em um código de barras bi-dimensional,

criado em 1994 pela empresa japonesa Denso-Wave, e utilizado para armazenar textos e/ou

URLS de sites, vídeos etc. A leitura dos dados armazenados no código é realizada por meio

da câmera e de software específico integrados ao Dispositivo Móvel. Parâmetros disponíveis

em <http://www.denso-wave.com/qrcode/qrstandard-e.html> Acesso em: 16 dez. 2011.

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Segundo Stackelberg (2011), Pratten (2011), Mcclean (2007), Ryan (2005), o Design de

Narrativa Transmidiática deve contribuir para a configuração de estruturas narrativas lineares,

subsidiadas pelo método aristotélico e fraytagiano5 definido em “início, meio e fim”, ou

“exposição, complicação, clímax e desfecho”, a fim de: (1) permitir que a maior parte dos

espectadores ou teleinteratores6 compreendam a narrativa; (2) considerar os usuários passivos,

ou seja, aqueles que não interagem com a narrativa; (3) viabilizar o desenvolvimento da

linearidade, dada a complexidade da não-linearidade e da própria Narrativa Transmidiática na

qual os “elementos [de] ficção [encontram-se] dispersos sistematicamente por entre múltiplos

canais de distribuição” (JENKINS, 2009, p. 27). A Narrativa Transmidiática define um

“universo ficcional complexo o qual pode sustentar múltiplos personagens e histórias” (idem:

2011, online), podendo ser enunciado com distintas formas de percepção sobre este universo,

quer seja por ponto de vista, seleção de fatos ou distintos meios. Estas narrativas se

configuram em estruturas lineares construídas a partir de episódios individuais

independentes, ou seja, acessíveis “em seus próprios termos como se fizesse uma contribuição

única para o sistema narrativo como um todo” (idem, 2011). Constitui-se a estrutura Narrativa

Transmidiática de extensões ou fragmentos complementares7 a um núcleo central, de modo a

propor uma expansão da experiência narrativa8. Neste contexto, ainda que de estrutura

centralizada a partir de um núcleo narrativo definidor (uma história central), toda narrativa

apresenta essencialmente uma estrutura linear (RYAN, 2005)9, e o usuário, por si, apreende e

reconstrói essa linearidade, no que compreende as “relações de causalidade, as motivações

psicológicas e as seqüências temporais” (idem, p. 523).

Assim, para a construção de estrutura narrativa linear, a lógica da Conectividade

Transmidiática (não necessariamente procedimental) se fundamenta a partir do tempo

5 Relativo ao novelista alemão Gustav Fraytag (1816- 1895). Entre suas maiores obras está

Die Technik des Dramas (1863), na qual explica a piramide da estrutura narrativa (exposição,

complicação, climax e desfecho).

6 “Teleinterator” combina as características de telespectador e interator, podendo ser definido

como aquele que, além de assistir televisão, também interage com os seus conteúdos.

7 No original: “Extensions may serve different functions. (…) The extension may provide

insight into the caracters and their motivations (…) May flash out aspects of the ficional

world (…) or may bridge between events depicted in a series of sequels (…) The extension

may add a greater sense of realism to the fiction as a whole” (JENKINS, 2011, online).

8 Isto promove um “(…) comportamento migratório dos públicos dos meios de comunicação,

que vão a quase qualquer parte em busca das experiências de entretenimento que desejam”

(JENKINS, 2009, p. 29).

9 Diverge Ryan (2005) de Landow (1997) quanto a narrativas significativas e não-lineares.

Para Ryan, narrativas significantes são fundamentalmente lineares, haja vista que estas

estruturas são reguladas por uma relação de causalidade, motivações psicológicas, seqüências

temporais e, portanto, não podem ser determinadas pelo usuário. Isto significa, por sua vez,

que, no âmbito das narrativas não-lineares, projetualmente são definidas linearidades

narrativas (relação de causalidade etc.) entre fragmentos determinados pelo teleinterator.

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“presente”, o qual seleciona os fatos e os sincroniza com o início da narrativa

(STAKELBERG, 2011). Embora independentes, cada narrativa é complementar a outras e,

neste sentido, não é necessário conhecer todas as narrativas para compreendê-las, visto que

cada uma é, por si só, “completa”, como mostra a figura abaixo (Figura 2) para N1, N2, N3,

N4.

Figura 2 – Representação adaptada da distribuição e estrutura narrativa transmidiática conceitualmente

segundo Jenkins (2009) e Stackelberg (2011). Fonte: Stackelberg (2012), adaptada e relida.

A figura acima, adaptada e relida de Stakelberg (2011), descreve que em sincronia ou

não (T1,T2, T4, T5) os fragmentos da narrativa (N1, N2, N3, N4) enunciadas em diferentes

meios (Meio1, Meio2 , Meio3 , Meio4) formalizam uma narrativa completa Nc = N1 + N2 + N3

+ N4. Descreve também que cada narrativa possui uma estrutura dramática independente, sem

apresentar conectividade procedimental. Cada narrativa está ainda diretamente associada ao

meio: a narrativa N1 é discorrida no Meio1 em um momento determinado (aqui t1), enquanto

que a N2 no Meio2 em outro (t2, por exemplo), e assim por diante. Neste sentido, a Narrativa

Transmidiática investigada por estes autores (STACKELBERG, 2011; PRATTEN, 2011;

MCCLEAN, 2007; RYAN, 2005) defende a linearidade como instrumento de controle da

narrativa, no que tange à experiência do teleinterator e, como projeto, para construir a lógica

da narrativa por meio do ponto de vista, seleção de fatos e meio.

A linearidade e a não-linearidade no design de narrativa audiovisual

Contrapõe-se, assim, este argumento de Pratten (2010) para a linearidade às

discussões de Deleuze e Guatarri (1995) para a não-linearidade (I), bem como à

potencialidade da conectividade procedimental em propor ao teleinterator o controle sobre a

narrativa (II).

(I) Deleuze e Guatarri (1995) defendem que a não-linearidade é intrínseca à

linguagem, a qual permite “sempre efetuar (…) decomposições estruturais internas”

(DELEUZE e GUATARRI, 1995, p. 15). Isto significa que, implícita e conceitualmente,

existe, em qualquer narrativa, a associação entre seus elementos. A linguagem audiovisual,

em si, é exemplo deste princípio, no que se constituí a partir da relação entre imagens

seqüenciais, denominadas dialéticas internas (MARTIN, 2003), que, por sua vez, podem

estabelecer relações entre imagens não seqüenciais, como ocorre nas dialéticas externas

(ibidem), como descreve a figura a seguir (Figura 3). A linearidade e a não-linearidade são,

na realidade, uma qualidade intrínseca à linguagem audiovisual, no que é enunciada linear e

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seqüencialmente em quadros ou imagens (1-4), que apresentam contidas em si a não-

linearidade, que se amplia no ato da interação.

Figura 3 –Narrativa audiovisual seqüenciada linearmente em imagens de 1-4, as quais dispõem de conexões

com outras narrativas, propiciando construções de narrativas não-lineares. Fonte: das autoras.

Ou seja, para os usuários passivos, aqueles que não interagem com a narrativa, a

linearidade e a não-linearidade ocorrem no fluxo das imagens-narrativas, enquanto que para

os ativos, incide a não-linearidade na interação com os nodos (vértices) contidos na imagem-

narrativa, haja vista que obras interativas são, por princípio, não-lineares (MILLER, 2008)10

.

Argumenta-se na seção “Instancia Projetual Tecnológica e Semiótica da Conectividade

Transmidiática Móvel”, que estas instâncias da linguagem audiovisual, constituem-se método

para a mobilidade das narrativas.

(II) Já no que concerne à potencialidade do meio procedimental em executar e propor ao

teleinterator o controle sobre a narrativa, prevê-se uma execução autônoma, de ordem

semiótica, a qual é capaz de (1) diferenciar as narrativas enunciadas e não enunciadas; (2)

identificar a seqüência narrativa enunciada e definir sua subseqüente, seja por meio da

lógica narrativa, ou pela lógica do teleinterator (desejos e projeções sobre a narrativa); (3)

reproduzir a narrativa identificada como subseqüente em linguagem adequada ao meio, isto

é, os elementos de linguagem audiovisual (enquadramento11

, plano12

, angulações,

movimentos de câmera, velocidade da imagem, entre outros) apresentam-se coerentes às

qualidades ergonômicas (dimensão física, contexto de uso etc.) e tecnológicas

(processamento, memória etc.) do meio.

Na seção seguinte examina-se as instâncias projetuais semiótica e tecnológica da

Conectividade Procedimental Transmidiática, a fim de identificar seus respectivos processo e

método.

10

No original: “Interactive works (…) are always nonlinear.” (MILLER, 2010, p. 11).

11

“Composição do conteúdo da imagem” (MARTIN, 2003, p. 34).

12

“A grandeza do plano (…) é determinada pela distância entre a câmera e o assunto e

pela distância focal da objetiva utilizada” (MARTIN, 2003, p. 36)

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Instâncias projetuais tecnológica e semiótica da

Conectividade Procedimental Transmidiática

A Conectividade Procedimental, como já definida, é regida por regras, em (A)

processo e (B) método autônomos. O processo autônomo (A) incide sobre a instância

projetual semiótica, enquanto que o método autônomo (B) sobre a projetual tecnológica. A

seção descreve ambas as instâncias na Conectividade Procedimental Transmidiática,

discorrida por Stackelberg (2011), a fim de propiciar a diferenciação entre esta e a

Conectividade Procedimental Transmidiática Móvel.

No que tange à instância projetual tecnológica (I) da Conectividade Procedimental

Transmidiática, Pratten (2011) propõe a conectividade entre as narrativas por meio de (1) QR-

Code, disponibilizado visualmente na tela do televisor e capturado pelo Dispositivo Móvel,

por meio da câmera de vídeo integrada ao mesmo; (2) código de acesso ao conteúdo de banco

de dados para o Dispositivo Móvel; e (3) banco de dados, o qual reconhece a narrativa

disposta na TVDi e a complementa diretamente com a narrativa no Dispositivo Móvel

(Figura 4).

Figura 4: Esquema de conectividade procedimental, segundo Pratten (2011), entre TV e Dispositivo Móvel

(para transmissão ao vivo e re-transmissão). Fonte: PRATTEN: 2011, traduzida, reduzida e adaptada.

Enquanto a conectividade por meio do banco de dados (3) propõe uma conectividade

procedimental sem a necessidade de interação do usuário com a narrativa disponível no

televisor, a conectividade por meio de código de acesso (2) e por meio do QR-Code (1) ocorre

a partir da interação com a narrativa apresentada no televisor. Cabe, entretanto, diferenciar

que a conectividade procedimental identificada por Pratten (2010) propõe uma interatividade

linear13

(quantidade de vértices(nodos) interativos disponíveis em uma imagem-narrativa):

um único código disponível associado a uma função em um tempo determinado (não ocorre a

simultaneidade), é anunciado áudio ou visualmente na imagem televisiva para a expansão da

13

Refere-se aqui à interatividade linear e não à (estrutura) narrativa linear. Por interatividade

linear ou não-linear entende-se a quantidade de narrativas interativas disponíveis em uma

imagem-narrativa. Neste sentido, a conectividade procedimental, identificada por Pratten

(2010), propõe uma interatividade linear no que não apresenta simultaneidade.

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experiência narrativa (Figura 5).

Figura 5: Tempo de disposição visual ou auditiva para o QR-Code em narrativas conectivas procedimentais,

segundo Pratten (2010). Fonte: das autoras.

Conseqüentemente, no que tange à instância projetual semiótica (II) da

Conectividade Procedimental Transmidiática, a proposta do QR-Code e a respectiva narrativa

expandida não permitem a interatividade sobre a narrativa, ou seja, não propiciam a

interatividade definida por Crocomo (2007 apud Cannito, 2010, p.147) nos seguintes

parâmetros aqui discorridos: (1) reativididade, (2) coatividade, (3) pró-atividade.

A reatividade (1) refere-se à escolha de opção entre narrativas. No contexto do QR-

Code, o Dispositivo Móvel captura, por meio da câmera, uma extensão da narrativa

disponível no televisor, mas não usufrui do dispositivo como selecionador de narrativas

disponíveis simultaneamente na imagem-narrativa. Neste caso, o teleinterator é limitado

quanto às opções da narrativa, visto que sua interatividade restringe-se à experimentar ou não

uma única narrativa adicional disponível por determinado tempo na tela do televisor. A

coatividade (2) diz respeito ao controle de seqüência, ritmo e estrutura do programa. O QR-

Code é uma extensão narrativa, mas não um mecanismo de controle destas instâncias pelo

teleinterator. A pró-atividade (3) visa o controle de conteúdo e estrutura, contudo o QR-Code

não pressupõe a possibilidade de envio de conteúdo relativo à determinada seleção, tão pouco

permite a remixagem, remontagem e inserção de comentários sobre imagens audiovisuais

específicas selecionadas pelo próprio teleinterator.

Portanto, nesta conectividade procedimental identificada por Pratten (2010), não

ocorre a mobilidade dos nodos (vértices) da narrativa de um meio para o outro, em um

processo de re-dimensão destes segundo as características específicas dos meios. Ao contrário

disso, o que se observa é a adição de nodos (vértices) para a interatividade em redes sociais,

visualização de dados ou outras experiências com áudio, como demonstrado em intonow.com

e shazam.com (PRATTEN, 2011). Nos casos identificados não se propõe, na instância

projetual semiótica (II), a conectividade entre narrativas, de forma a desenvolver, a partir da

linguagem audiovisual resultante de cada meio, estruturas narrativas interativas que permitam

a reatividade, coatividade e pró-atividade.

Neste outro sentido, no qual é proposta a conectividade entre narrativas, faz-se uso das

potencialidades de cada meio, o qual é segundo Bolter e Grusin (1999):

[Meio é] aquilo que re-media e ao se apropriar de técnicas, formas, significados

sociais de outras mídias está continuamente (re)modelando, e (re)formando

conteúdo e formas, bem como o que se chama de realidade e não apenas a sua

aparência (BOLTER E GRUSIN, 2000, p. 65)14

14

No original “(…) medium is that which remediates. It is that which appropriates the

techniques, forms, and social significance of other media and attempts to rival or refashion

them in the name of the real.” (BOLTER e GRUSIN, 2000, p.65)

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Assim, a conectividade procedimental entre TVDi e Dispositivo Móvel compreende que

uma mesma narrativa é movida de um meio para outro e re-mediada neste processo contínuo,

disponível tecnologicamente, denominado Conectividade Procedimental Transmidiática

Móvel. Esta, por sua vez, promove experiências narrativas exclusivas em cada meio, posto

que uma experiência narrativa construída em um meio não pode ser apenas duplicada em

outro, como esclarece Ryan (2005, p.516): “um texto que se aproveita de modo

narrativamente significativo das propriedades [do meio], é um texto que pensa com este

meio” (ibidem) 15

. Ou seja, é necessário que a estrutura narrativa contemple a lógica e as

propriedades específicas de cada meio. Nesta perspectiva, a Conectividade Procedimental

Transmidiática Móvel reforça a autonomia do teleinterator para definir o conteúdo que é

apresentado em cada ambiente digital e, conseqüentemente, sua experiência narrativa.

Instâncias projetuais tecnológica e semiótica da

Conectividade Procedimental Transmidiática Móvel

No que tange à instância projetual tecnológica (I) da Conectividade Procedimental

Transmidiática Móvel, a conectividade entre o Dispositivo Móvel e a TVDi ocorre por meio

da sobreposição física do primeiro sobre o segundo, sendo a seleção da imagem-narrativa

realizada pelo teleinterator a partir do enquadramento da câmera. Tal escolha é então

interpretada pelo sistema que se auto-organiza quanto: às imagens subseqüentes à seleção; e

às estruturas interativas de nodos (vértices), juntamente capturadas com a seleção (Figura 6).

15

No original: “A text that takes advantage in a narratively significant way of one or more of

these properties is a text that thinks with its medium.” (RYAN, 2005, p. 516)

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Figura 6: Esquema de Conectividade Procedimental Transmidiática Móvel entre TVDi e

Dispositivo Móvel (para transmissão ao vivo e re-transmissão). Fonte: das autoras

A figura acima exemplifica uma rede de três vértices intrínseca à narrativa audiovisual

veiculada na TVDi: a figura principal (A), a coadjuvante (B) e o cenário (C). Neste contexto,

a estrutura dos nodos (vértices) da rede configuram uma natureza não-linear da narrativa,

propondo uma interatividade não-linear, na qual o acesso simultâneo a estes três elementos

por meio da imagem-narrativa permite a interação para a expansão desta em três distintas

instâncias16

. Neste sentido, diferente da Conectividade Procedimental Transmidiática, a

Conectividade Procedimental Transmidiática Móvel potencializa a não-linearidade e,

portanto, a navegação entre conteúdos audiovisuais. Nesta perspectiva, a imagem-narrativa,

em si, apresenta as possibilidades (conexões/vértices) latentes em sua estrutura interna, como

os atuantes (personagens, objetos, cenários etc.) e predicados (fatos e ações)

(TODOROV:1973) para a interatividade.

Diverge-se tecnicamente, porém, a quantidade de vértices(nodos) dispostos na TVDi

em relação ao Dispositivo Móvel, visto que esta é determinada pela proporção do display

(tela) dos meios: quanto menor o display, menor a quantidade de nodos possíveis. O display e

a conseqüente quantidade de nodos do Dispositivo Móvel é cerca de oito17

vezes menor em

relação ao televisor. Por sua tela de maior proporção, a potencial simultaneidade de nodos

(vértices) no televisor formaliza uma rede mais complexa e não-linear. Quando então

capturada pelo Dispositivo Móvel, esta rede reduz-se proporcionalmente em 1/8 da

capacidade narrativa e tende a uma relativa qualidade linear, dada as restrições quanto ao

processamento de dados e memória deste meio. Neste mesmo sentido, os parâmetros do

padrão do Sistema Brasileiro de Televisão Digital (SBTVD) reforçam: (1) a redução da

transmissão de conteúdo para os Dispositivos Móveis (receptores one-seg) em 91,63% em

relação aos televisores (receptores full-seg); (2) redução da recepção em quase 60% no que

tangem à resolução18

e (3) redução da codificação que permite uma taxa de quadros variadas

(5 Hz, 10 Hz, 12 Hz, 15 Hz, 24 Hz, 30 Hz para one-seg e 30Hz ou 60Hz para full-seg)

(ABNT NBR 15601, 2008; 15604, 2008; 15602-1, 2008;15606-5, 2008).

Esta limitação incide também sobre a forma e a estrutura da imagem-narrativa nos

Dispositivos Móveis e, portanto, da própria linguagem audiovisual nestes: a variedade de cor

e a textura é simplificada em seu processamento “(…) a fim de visualizar os maiores

elementos mais claramente” (PARKER, 2011, p. 179)19

. Ou seja, as restrições tecnológicas

demandam uma composição de imagem (enquadramento) de baixa variedade de elementos

16

A técnica de apresentar eventos simultaneamente em uma seqüência temporal é denominada

“Intercorte” (Intercutting) (VAN SIJLL, 2005).

17

Dispositivo Móvel com aproximadamente 7 polegadas e uma TV de LCD 55 polegadas.

18

60% é a diferença percentual do número de linhas da menor resolução do receptor full-seg

720 x 480 (480 linhas) em relação à maior resolução 352 x 288 (288 linhas) do receptor one-

seg na mesma razão de aspecto (4:3).

19

No original: “(…) But in the both cases, for texture and a for color, the Idea is to simplify

the image so as to see the larger components more clearly” (PARKER, 2011, p. 178).

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visuais, a fim de reduzir os efeitos da simplificação propiciada pelo processamento. Assim, a

quantidade de unidades informacionais (bits) para a TVDi favorecem o uso de planos gerais20

,

enquanto para os Dispositivos Móveis deve-se priorizar os planos detalhes21

para a redução

das variações de cor e textura.

Assim, na instância projetual semiótica (II), os fatos selecionados são disponíveis

simultaneamente e em sincronia narrativa (mesmo áudio) em distintos meios digitais, que

podem apresentar pontos de vista diferenciados sobre os referidos fatos. Abaixo (Figura 7)

exemplifica-se esta simultaneidade entre a narrativa1 e a narrativa2, nos respectivos TVDi e

Dispositivo Móvel.

Figura 7 – Representação da sincronia de conteúdo transmidiático

entre TVDi e Dispositivo Móvel. Fonte: das autoras

A sincronia do conteúdo transmidiático entre TVDi e Dispositivo Móvel propõe que a

narrativa do primeiro meio (Narrativa 1), seja complementada no segundo (Narrativa 2).

Assim, um fenômeno dramático (sujeitos/agentes e ações/predicados) da narrativa N1 , enunciada na TVDi, é expandida em outra narrativa N2 , no Dispositivo Móvel (Figura 8,

abaixo), de forma a apresentar desdobramentos tangentes ao referido fenômeno22

.

20

Refere-se à dimensão de plano no qual o conteúdo material [ou seja, a quantidade de

elementos visuais] é maior, dada a distância da câmera em relação ao assunto; e seu conteúdo

dramático [ou seja, a qualidade dos elementos visuais] é menor, visto que sua grandeza e

significação é pequena. (MARTIN, 2003).

21

Refere-se à dimensão de plano contrária ao plano geral. Neste caso, o conteúdo material é

menor e o conteúdo dramático é maior (MARTIN, 2003, p. 37). 22

Argumenta-se que estes referem-se à qualquer atuante (personagem) ou predicado (ações e

fatos) (TODOROV, 1973), posto que estes são representantes da realidade que compõe a

realidade narrativa (RICOEUR, 2011) e compõe a estrutura sintáxica de “sujeito” e “ação”.

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Figura 8 – Representação ilustrativa da estrutura narrativa transmidiática para a Conectividade Procedimental

entre TVDi e Dispositivo Móvel. Fonte: das autoras.23

Ou seja, cada narrativa é linear em si (se constituí em exposição, complicação, clímax

e desfecho), mas não-linear no que são tecnologicamente conectadas entre si. Em

contrapartida, a interatividade linear ou não-linear (quantidade de nodos disponíveis na

interface) permite a ruptura dessa linearidade. Neste sentido, até então, mapeou-se que a

narrativa N2 do Dispositivo Móvel estende a narrativa N1 da TVDi em dois níveis: (1) Na

estrutura textual, por associações entre ambas as narrativas enquanto conexões (a)

conjuntivas (descritivas, que discursam ações simultâneas) ou (b) disjuntivas (argumentativas,

que discorrem sobre distintos pontos de vista acerca de determinado assunto). (2) Na

estrutura visual. Considera as especificidades dos respectivos meios, no que concerne aos

elementos de linguagem: enquadramentos, planos, angulações, movimentos de câmera,

velocidade da imagem, entre outros. Por exemplo, detalhes de um mesmo sujeito ou

predicado, imperceptíveis na TVDi, podem ser favorecidos no Dispositivo Móvel por meio

desta conectividade.

Em suma, a estrutura narrativa nesta mobilidade de nodos (vértices) deve considerar:

(1) os meios e suas potencialidades para a interatividade linear ou não-linear (quantidade de

vértices disponíveis na imagem-narrativa), (2) as propostas conceituais e experimentais das

23

A conectividade proposta por Pratten (2011), aqui denominada Conectividade

Procedimental Transmidiática, também compreende a mesma conectividade narrativa, na qual

um fenômeno dramático de uma narrativa é descrito em outra. Entretanto identifica-se que:

(1) as produções narrativas transmidiáticas, embora proponham-se conceitualmente em

atender as especificidades de cada meio, ainda não desenvolvem a instância projetual

tecnológica (I), visto que não se auto-organizam em função do meio; (2) o QR-Code não

disponibiliza necessariamente narrativas audiovisuais, e sim o acesso limitado e restrito a

redes sociais ou a jogos de perguntas e respostas, entre outras possibilidades. Já no segundo

caso, no qual ocorre a Conectividade Procedimental Móvel, o Dispositivo Móvel captura por

meio da câmera de imagem-narrativa o fenômeno da narrativa linear N1 na TVDi e narra

linearmente N2.

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narrativas (gêneros, subgêneros etc.) (RYAN, 2005; STACKELBERG, 2010), (3) bem como

o perfil passivo ou ativo do público alvo (PRATTEN:2010; RYAN, 2005; STACKELBERG,

2010 etc.).

Considerações finais

O meio digital interativo permite o fluxo informacional entre a TVDi e o Dispositivo

Móvel. O Design de Narrativa Transmidiática define a instância narrativa do projeto, a

estrutura da história, no que considera o perfil do público, as qualidades do meio e a proposta

conceitual (gênero). O presente artigo descreveu que o Design de Narrativa Transmidiática,

no que tange à instancia projetual tecnológica (I) da conectividade pelo uso do QR-Code, não

permite para a seleção e recorte da narrativa a partir da imagem-narrativa; por conseguinte, no

que tange à instancia projetual semiótica (II), não propõe a mobilidade dos nodos (vértices) da

narrativa de um meio para o outro, em um processo de “re-dimensão” destes, segundo as

características dos ambientes digitais em questão, mas a adição de nodos (vértices) para a

interatividade em redes sociais, visualização de dados, entre outras.

Já a instancia projetual tecnológica (I) do Design de Narrativa Transmidiática

Móvel, formulado no presente artigo, compreende uma conectividade procedimental entre a

TVDi e o Dispositivo Móvel, a qual é regida por regras em (A) processo e (B) método

autônomos para a auto-organização do sistema quanto às narrativas, meios e respectivas

linguagens. Por meio do uso da câmera de vídeo do Dispositivo Móvel ocorre a seleção de

nodos(vértices) contidos na imagem-narrativa da TVDi e, assim, a mobilidade de estruturas

narrativas de um meio para o outro, de modo a (1) estender a experiência narrativa e (2)

promover reatividade, pró-atividade e co-atividade. Neste processo, o sistema reconhece o

fenômeno dramático selecionado e re-configura a estrutura textual e visual da narrativa em

ambos os meios. Neste sentido, a simultaneidade de vértices(nodos) sob a imagem-narrativa

propõe uma interatividade não-linear, no que há uma múltipla disponibilidade de conexões

narrativas. Distingui-se entretanto que a quantidade de vértices na TVDi é potencialmente

maior que no Dispositivo Móvel, dada (1) a proporção do display (tela), processamento de

dados e memória do meio e (2) dos parâmetros do SBTVD que reduzem a transmissão de

conteúdo para estes. Isto significa que, tecnicamente, a linguagem audiovisual para o

Dispositivo Móvel deve priorizar o uso de plano detalhe, enquanto que a TVDi o de plano

geral. Assim, em relação à instância projetual semiótica (II), o Design de Narrativa

Transmidiática Móvel configura narrativas lineares (constituídas em exposição, complicação,

clímax e desfecho) (STACKELBERG, 2011; PRATTEN, 2011; MCCLEAN, 2007; RYAN,

2005), mas promove a não-linearidade no que (1) conecta tecnologicamente os fenômenos

dramáticos de distintas narrativas; (2) permite a ruptura da linearidade a partir da

interatividade sobre os nodos da imagem-narrativa; (3) agencia as conexões da estrutura

textual (conjuntiva ou disjuntiva) e da estrutura visual (para distintas formas de percepção) da

narrativa sincrônica apresentada na TVDi e no Dispositivo Móvel.

Nesta perspectiva, embora o Sistema Brasileiro de Televisão Digital (SBTVD)24

considere a redução da transmissão do sinal da TVDi para os Dispositivos Móveis, sem

24

Em fase de implementação em todo território brasileiro até 2016 (MINISTÉRIO DAS

COMUNICAÇÕES, online, 2011). Definições sobre o padrão disponíveis em: ABNT NBR

15601:2007; 15604:2007; 15602-1:2007;15606-5:2008.

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10º Congresso Brasileiro de Pesquisa e Desenvolvimento em Design, São Luís (MA)

contemplar a veiculação de conteúdos especificos para estes últimos25

(BRASIL, 2006), este

artigo examina a Narrativa Transmidiática a fim de apresentar potencialidades para o Design

de Narrativa Transmidiática Móvel, com o intuito de difundir sua relevância, tendo em vista

motivar a pesquisa nas áreas de conhecimento afins, para avanços nos estudos relacionados à

conectividade procedimental entre ambos os meios.

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25

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(ABNT NBR 15601:2007:5). “Transmissão digital simultânea para recepção fixa, móvel e

portátil” (Decreto Nº 5.820, Art. 6º, Inciso II). A “transmissão hierárquica” diz respeito à

atribuição de intensidade ou potência de sinal diferenciada para cada meio, segundo critérios

da emissora.

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