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Desenvolvimento rural e práticas tradicionais de agricultores familiares: o caso do milho no vale do Capivari, Santa Catarina, Brasil. Rural development and traditional practices of small-scale famers: the case of maize on Capivari Valley, Santa Catarina, Brasil. REBOLLAR, Paola Beatriz May 1 ; MILLER, Paul Richard Momsen 1 ; CARMO, Victor Barbosa do 1 1 Universidade Federal de Santa Catarina/UFSC, SC, Brasil, [email protected]; [email protected]; [email protected] RESUMO A diversidade genética do milho é importante para milhões de famílias de agricultores em todo o mundo. A existência de populações de milho crioulo tem forte relação com processos sociais específicos. Este estudo busca compreender estes processos sociais e sua relação com as políticas de desenvolvimento rural brasileiras. Entre junho de 2006 e novembro de 2009, 13 famílias de agricultores em 3 municípios do vale do Capivari foram entrevistados e visitados diversas vezes para a coleta de dados qualitativos. A partir da análise dos resultados, é possível afirmar que políticas de desenvolvimento rural contribuíram para modificar os processos sociais que historicamente promoveram a diversidade genética do milho. Apesar disso, algumas famílias de agricultores ainda mantém mecanismos que integram de forma complementar as técnicas de manejo e seleção de sementes de milho, a existência de redes de trocas e a coesão social. PALAVRAS-CHAVE: milho crioulo, agricultura familiar, conhecimentos tradicionais, relações de gênero. ABSTRACT The genetic diversity of the maize is important for millions of families of farmers in the whole world. The existence of populations of creole maize has fort relation with specific social processes. This study searchs to understand these social processes and its relation with the Brazilian politics of rural development. Between June of 2006 and November of 2009, 13 families of agriculturists in 3 cities on Capivari valley had been interviewed and visited to collect of qualitative data. From the analysis of the results, is possible to affirm that politics of rural development had contributed to modify the social processes that had historically promoted the diversity genetic of maize. Although this, some families of farmers still keeps mechanisms that integrate of complementary form the techniques of handling and election of maize seeds, the existence of nets of exchanges and the social cohesion. KEY WORDS: open polinated maize, small-scale farmers, traditional knowledge, gender relationships. Revista Brasileira de Agroecologia Rev. Bras. de Agroecologia. 5(2): 174-186 (2010) ISSN: 1980-9735 Correspondências para: [email protected] Aceito para publicação em

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Desenvolvimento rural e práticas tradicionais de agricultoresfamiliares: o caso do milho no vale do Capivari, Santa Catarina,Brasil.Rural development and traditional practices of small-scale famers: the case of maize onCapivari Valley, Santa Catarina, Brasil.

REBOLLAR, Paola Beatriz May1; MILLER, Paul Richard Momsen1; CARMO, VictorBarbosa do1

1 Universidade Federal de Santa Catarina/UFSC, SC, Brasil, [email protected];[email protected]; [email protected]

RESUMO

A diversidade genética do milho é importante para milhões de famílias de agricultores em todo o mundo.A existência de populações de milho crioulo tem forte relação com processos sociais específicos. Esteestudo busca compreender estes processos sociais e sua relação com as políticas de desenvolvimentorural brasileiras. Entre junho de 2006 e novembro de 2009, 13 famílias de agricultores em 3 municípiosdo vale do Capivari foram entrevistados e visitados diversas vezes para a coleta de dados qualitativos. Apartir da análise dos resultados, é possível afirmar que políticas de desenvolvimento rural contribuírampara modificar os processos sociais que historicamente promoveram a diversidade genética do milho.Apesar disso, algumas famílias de agricultores ainda mantém mecanismos que integram de formacomplementar as técnicas de manejo e seleção de sementes de milho, a existência de redes de trocas ea coesão social.

PALAVRAS-CHAVE: milho crioulo, agricultura familiar, conhecimentos tradicionais, relações de gênero.

ABSTRACT

The genetic diversity of the maize is important for millions of families of farmers in the whole world. Theexistence of populations of creole maize has fort relation with specific social processes. This studysearchs to understand these social processes and its relation with the Brazilian politics of ruraldevelopment. Between June of 2006 and November of 2009, 13 families of agriculturists in 3 cities onCapivari valley had been interviewed and visited to collect of qualitative data. From the analysis of theresults, is possible to affirm that politics of rural development had contributed to modify the socialprocesses that had historically promoted the diversity genetic of maize. Although this, some families offarmers still keeps mechanisms that integrate of complementary form the techniques of handling andelection of maize seeds, the existence of nets of exchanges and the social cohesion.

KEY WORDS: open polinated maize, small-scale farmers, traditional knowledge, gender relationships.

Revista Brasileira de AgroecologiaRev. Bras. de Agroecologia. 5(2): 174-186 (2010)ISSN: 1980-9735

Correspondências para: [email protected] para publicação em

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Introdução

O milho é uma das três espécies agrícolascultivadas mais importantes do mundo. Suaprodução é muito importante para milhares defamílias de agricultores. Durante milênios, o milhocultivado consistia unicamente de populações depolinização aberta. Com a inserção da tecnologiade produção de linhagens híbridas de milho estasituação se modificou e grande parte da produçãoatual vem de plantas com polinização controlada.Este controle visa uniformizar a população aoponto de torná-la uma variedade (comprodutividade e características morfológicasprevisíveis). No entanto, esta uniformização reduzfortemente a diversidade genética da populaçãomanejada. Além disso, a ausência da polinizaçãoaberta impede a evolução da população emrelação as transformações do ambiente em queestão inseridas.

Populações de milho de polinização aberta,também chamado de crioulo, continuam sendomanejadas por agricultores familiares. Estaspopulações representam um recurso genético ecultural único. A existência de populações crioulasde milho é importante para produtores de milho,melhoristas e consumidores em todo mundo(KELEMAN et al, 2009). O manejo destaspopulações implica na utilização de métodostradicionais, refinados ao longo de séculos deexperiência indígena e colonial. Este manejo temforte relação com processos sociais específicos.Alguns destes processos foram descritos porANDRADE (2003); BELLON e BRUSH (1994);HERNANDEZ X. (1985); LOUETTE (2000);KELEMAN et al (2009); MORENO et al (2006).Dentre os diversos processos descritos é possíveldestacar:

a)Padrões de uso da terra: A agricultura édesenvolvida nos mais diversos tipos de solo,altitudes e precipitações. Estas variações estãoassociadas com o uso e a evolução genética domilho crioulo (KELEMAN et al, 2009);

b)Práticas dos agricultores para seleção desementes: As sementes de milho crioulo sãoselecionadas e armazenadas pelas famílias deagricultores a cada ano (BELLON e BRUSH,1994; LOUETTE, 2000; MORENO et al, 2006).Isto implica numa rotina de atividades dosmembros da família que permite esta seleção earmazenamento;

c)Seleção de características para o usodoméstico: Na maior parte das propriedadesprodutoras de milho crioulo, a principal seleçãoocorre no paiol. Assim, a maior intensidade deseleção ocorre sobre as espigas e não sobre asplantas (BELLON e BRUSH, 1994). De formageral, o uso culinário do milho crioulo é uma dasprincipais pressões de seleção exercida sobre aspopulações manejadas. Além desta, é possívelcitar ainda a necessidade de qualidade noarmazenamento como outro critério que define adireção da seleção genética (MORENO et al,2006).

d)Redes sociais de intercâmbio de sementes:Em geral, os produtores de milho crioulopertencem a redes sociais de trocas de sementese outros produtos agrícolas (ANDRADE, 2003;REBOLLAR, 2008; LOUETTE, 2000; MORENO etal, 2006). A existência de redes de troca permitemaior fluxo genético reduzindo o afunilamento dogermoplasma local. Louette (2000) aponta que emcomunidades onde existem redes de trocas, oafunilamento genético da seleção não pode serobservado. Isto demonstra a complementaridadeentre a forma de seleção, a manutenção de redesde trocas e a coesão social.

e)Relações de gênero e divisão de tarefas: Aexistência de populações de milho crioulo édependente da ação humana e está baseada emdistintos papéis de gênero, particularmente, emrelação à conservação e seleção de sementes.Para entender as práticas de manejo de espéciesagrícolas utilizadas é necessário compreender aligação crucial entre gênero e os conhecimentos

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dos agricultores (MOMSEN, 2007).As políticas de desenvolvimento rural que

surgiram no último século (e) se estabeleceramnas esferas nacional, estadual e municipal. Elasforam responsáveis pelo desenvolvimento edisseminação de variedades de milho híbridovisando a uniformização e a possibilidade demecanização da produção desta espécie. Estasvariedades foram amplamente adotadas emmuitas regiões brasileiras.

Atualmente, o estado de Santa Catarina(Brasil) conta com diferentes órgãos que seocupam da elaboração e implantação de políticasde desenvolvimento rural. A atuação destesórgãos, bem como, as políticas por elesdesenvolvidas estão, geralmente, orientadas paraa integração dos agricultores e sua produção naeconomia agrícola global. Assim, estas políticas eações estão baseadas na assistência técnica,disponibilização de crédito e organização decadeias produtivas voltadas para o mercado.Estas atividades muitas vezes são acompanhadasde programas sociais como educaçãofundamental ou técnica e empoderamentoeconômico e social das mulheres.

Estas políticas e ações foram capazes detrazer resultados positivos em diversas situações.No entanto, sofrem fortes críticas por seu alcanceespacial limitado, sua fragmentação institucional epela contribuição em mudanças que desagregamprocessos sociais tradicionais. Diante disto, esteestudo busca compreender os processos sociaisrelacionados com o manejo de populações demilho crioulo e sua relação com as políticas dedesenvolvimento rural brasileiras no estado deSanta Catarina.

MétodoA área de estudo compreende o vale do rio

Capivari e seu entorno, nos municípios de SãoMartinho, Rio Fortuna e São Bonifácio no sudestede Santa Catarina (figura 1). O rio Capivari nascea 800 m acima do nível do mar, na serra do

Capivari, corre no sentido norte-sul até desaguarno rio Tubarão, formando um fértil vale(DIRKSEN, 1995). Neste caminho recebe aságuas de diversos afluentes como os riosBloemer, Moll, Ferro, Sete, Poncho, Gabirobaentre outros. No alto vale está São Bonifácio, nomédio vale Rio Fortuna e no baixo vale SãoMartinho.

Os solos do vale são de origem granítica,predominantemente ácidos. É classificado comopodzólico vermelho-amarelo. Nas várzeasocorrem depósitos aluviais arenosos e argilososdos rios. Este vale apresenta cobertura vegetalem diversos estágios de regeneração, com portesherbáceo, arbustivo e arbóreo inseridas noDomínio da Mata Atlântica (IBGE, 1990). Estavegetação é uma subárea da Floresta TropicalAtlântica, a Floresta Tropical do Litoral e EncostaCentro-Sul. Esta floresta se caracteriza por matasde encostas íngremes, localizadas na Serra doMar e na Serra Geral (KLEIN, 1978). O regimepluviométrico do vale do Capivari se caracterizapela ocorrência de precipitação durante cerca de200 dias/ano. Esta é uma das mais altasprecipitações médias do sul do Brasil.

Os agricultores do vale do Capivari são teuto-brasileiros, descendentes de imigrantes quechegaram ao local no século XIX. Até os diasatuais, dialetos alemães (Hochdeutsch ePlattdeutsch) ainda são utilizadas diariamente noconvívio familiar e comunitário. Além da língua,essas comunidades mantêm outrascaracterísticas construídas desde a instalação deseus antepassados no local. Uma destascaracterísticas facilmente observável estárelacionada à dieta e práticas agrícolas do grupo.

Foram utilizadas os seguintes métodos paraobtenção de dados qualitativos:

a)Bola de neve: esta técnica foi aplicada paraidentificar os agricultores que manejampopulações de milho crioulo. Em conversasinformais cada agricultor indicou outras pessoas

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com conhecimentos relevantes para a pesquisa(BERNARD, 1988). Esta identificação inicial foirealizada em 2006.

b)Entrevistas abertas nas propriedades: estemétodo foi utilizado para determinar as atividadesrelacionadas com o milho desenvolvidas pormulheres e homens, as práticas de manejo eseleção de sementes de cada família e as redesde trocas de sementes (BERNARD, 1988). Asentrevistas destacaram 13 pontos de interesse:nomes e idades dos membros das famílias quemanejam populações de milho, seus locais denascimento, locais de residência atual, número enome de populações manejadas, tempo de cultivoda população pela família, número de espigas esementes selecionadas por ano, tamanho das

roças, manejo das sementes durante o ano,critérios de seleção de sementes, usos do milho eo sistema de trocas do qual participam. Duranteas entrevistas foram visitadas as roças, os paióise as cozinhas das famílias entrevistadas(LOUETTE, 2000). Dentre os colaboradoresidentificamos uma informante-chave(CUNNINGHAM, 2001). Segundo este autor,informantes-chave são as pessoas dacomunidade que detém o maior conhecimentosobre o tema pesquisado (CUNNINGHAM, 2001,p.121). As visitas as famílias foram realizadasentre 2006 e 2009. A maior parte das famílias foivisitada 2 vezes. Apenas a família da informante-chave foi visitada 12 vezes.

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Resultados e discussão

Importância histórica do milhoSanta Catarina apresenta uma história de mais

de 2.000 anos de cultivo de milho. Introduzido porgrupos Jê (DE MASI, 2006), esta espécie passoua ter maior disseminacao já que os Guaraniocuparam áreas maiores e áreas que não eramhabitadas pelos Jê. Além disso, os Guaranitrouxeram suas sementes de milho que vieramsendo adaptadas em sua longa marcha de 10.000anos desde a Amazônia até o sul (SCHMITZ,1991). Nas comunidades indígenas, as mulhereseram as responsáveis pelo plantio e manejo domilho (SCHMITZ, 1991; SHIVA, 1993). Osnumerosos grupos Guarani se instalaram no oestee nos vales e planícies costeiras da região leste doestado.

Os europeus ocuparam o litoral do estadodesde o início do contato com os povos indígenasdo Brasil. Inicialmente, vicentistas visitavam SantaCatarina para aprisionar indígenas (PIAZZA eHUBENER, 2003). No inicio da colonização, asuniões entre mulheres indígenas e homenseuropeus foram muito comuns na colôniaportuguesa (FERRO, 1996). Nestes movimentosforam fundados os primeiros núcleospopulacionais no litoral (FAGUNDES, 2004;GALVÃO, 1884; HARO, 1996). No século XVIII,foram trazidos casais açorianos para habitar eassim garantir a posse da terra para a coroaportuguesa (HARO, 1996; PIAZZA e HUBENER,2003).

No século XIX, novos grupos de imigrantesprovenientes das atuais Alemanha, Itália e Polôniaentre outros, chegaram ao estado e ocuparam osvales da região litorânea de Santa Catarina(SEYFERTH, 2000; VIEIRA FERREIRA, 2001). Ovale do Capivari é um destes vales. Estesimigrantes aprenderam com a populaçãomiscigenada o manejo adequado de espéciesagrícolas como o milho (VIEIRA FERREIRA, 2001,p.73). Todos estes grupos (humanos) que

ocuparam o litoral catarinense adotaram o milhocomo produto agrícola importante. No vale doCapivari populações de milho de polinizaçãoaberta (ou crioulo) continuam sendo cultivadas porfamílias de agricultores descendentes deimigrantes.

A maior parte dos produtos agrícolasconsumidos pelas famílias que colaboraram comesta pesquisa são produtos domesticados porindígenas americanos. Nesta categoria estão omilho, o feijão, a mandioca, a batata-doce, abatata-inglesa, o cará, o amendoim, a abóbora.No entanto, outros produtos também fazem partedo complexo alimentar local: hortaliças(principalmente couve e repolho), cebola, o gado(para carne e leite), as galinhas (carne e ovos),abelhas (mel) e os porcos (principalmente parabanha).

A partir da técnica bola de neve obtivemosinformações sobre 13 agricultores que manejammilho no vale do Capivari. Todos os entrevistadosreceberam educação formal fundamental. Os maisjovens das famílias terminaram ou estãoterminando de cursar o ensino médio. As idadesdos entrevistados que manejam milho variaramentre 29 e 87 anos. Estes agricultores estavamdistribuídos em 3 municípios do vale: SãoMartinho, Rio Fortuna e São Bonifácio. A maiorparte dos agricultores pesquisados vive muitopróximo ao seu local de nascimento. Apenas 1dos entrevistados vive hoje a mais de 20km dolocal de nascimento.

Três dos agricultores não cultivavam maismilho. Um dos entrevistados manejava milhos depolinização aberta e milho híbrido. Noveagricultores manejavam 1 população de milho. Osagricultores utilizam a mesma nomenclatura paradesignar a população de milho crioulo presente novale. Todos disseram que antigamente o milho erachamado “milho cravo”, depois passou a serchamado “milho comum” e agora “amarelinho”. Amaior parte dos agricultores (70%) afirmou que a

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população de milho manejada é cultivada por suafamília há mais de 80 anos. Os agricultoresentrevistados não consideram que as sementestrocadas ou compradas de outros produtores daregião modifiquem a população de milhomanejada.

Relações de gênero na produção de milhocrioulo

Nas entrevistas realizadas com as famílias deagricultores ficaram destacados os distintos papéisde gênero. Nestas famílias existe divisão detarefas por gênero flexíveis. Esta flexibilidade estárelacionada com a quantidade de membros que afamília dispõe. Assim, famílias onde existe númerosemelhante de mulheres e homens tendem adividir as tarefas de forma mais rígida. Já asfamílias onde existe maior quantidade de mulheresou de homens, as tarefas são divididas de formadiferente.

De forma geral, as tarefas mais pesadas comoa derrubada e a queima da vegetação antes doplantio são realizadas principalmente por homens.Atividades como o plantio, a capina e a colheitasão compartilhadas por mulheres e homens. Já aseleção de sementes e o preparo de alimentossão realizadas principalmente por mulheres. Noentanto, na família da informante-chave existeapenas uma mulher e os homens também ajudamnestas tarefas.

Apesar de existirem diferenças nos espaços,conhecimentos e ações de homens e mulheres,estes estão relacionados entre si. Assim, a boacriação de suínos e bovinos do marido dependeda boa produção de milho propiciada pela seleçãode sementes realizada pela esposa. Por isso, osdiferentes conhecimentos e tarefas de gênero seapóiam mutuamente e possibilitam negociaçõessobre a seleção e manejo do milho.

O milho é utilizado de diferentes formas pelasfamílias. O milho verde pode ser preparado de

diversas formas: fervido na espiga, como curau,canjica, pamonha, polenta. Já o milho seco éutilizado para fazer farinha para pão, comoalimento para galinhas e porcos e guardado parasemente (figura 2).

A produção de milho tem profunda relevânciasubjetiva para a informante-chave. Estainformante desconhece diversos aspectos de suahistória familiar, como de onde vieram seusantepassados, mas conhece em detalhes ahistória do milho em sua família. Conta que apopulação que hoje é manejada é um legado desua avó, que assim como a mãe, eramresponsáveis pela produção e seleção desementes na família. O tema da produção eseleção de sementes de milho permeia asrelações sociais da informante. Este é um tema deconversas informais com a irmã nos finais desemana e com as amigas nos bailes da cidade.

Nas visitas realizadas aos agricultores do valedo Capivari que colaboraram com esta pesquisapercebemos que cada agricultor possui maioresconhecimentos sobre questões distintas. Ainformante-chave é reconhecida como especialistano manejo e seleção de sementes de milhocrioulo. Já os demais agricultores sãoreconhecidos como especialistas em outrasculturas agropecuárias. Dessa forma, apesar detambém produzir milho, cada agricultor tem seuspróprios interesses e conhecimentos comoprodução de gado através de pastoreiorotacionado, produção de farinha de milho de altaqualidade através de um sistema de moagemelaborado a partir de sua tafona de pedras movidaa água, cultivo de cebolas desenvolvendo tiposcom formato alongado, produção ecomercialização de pães do milho local, cultivo defeijões, criação de porcos macau para produçãode banha, produção de mel e queijo.

Padrões de uso da terra

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No vale do Capivari, os agricultores foramestabelecidos em colônias. Até hoje seushabitantes se referem a região desta forma etratam a si mesmos como colonos. Este sistemade ocupação utilizava os rios como referencialgeográfico. Todos os terrenos são faixas de terraque vão do rio até o alto do morro. Nesta região, orelevo é bastante inclinado e a maior parte dosterrenos tem poucas áreas planas. Em funçãodisso, as famílias de agricultores não adotaram amecanização em larga escala e continuam autilizar a tração animal e a força humana para a

realização de suas atividades.Além disso, os terrenos coloniais eram

constituídos principalmente por minifúndios, ouseja, pequenas propriedades. No vale do Capivari,terrenos com 50 hectares são consideradosgrandes. No ultimo século, a legislação brasileirarelacionada com heranças obrigou a divisão dosterrenos de forma igualitária entre os filhoshomens e mulheres. Isso levou a uma reduçãosensível no tamanho das propriedades. A geraçãoatual entende que não é mais possível subdividiras propriedades por inviabilizar a prática agrícola.

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A ausência de mecanização e o tamanhoreduzido das propriedades dificulta a inserçãodestas famílias em cadeias produtivas voltadaspara o mercado. As famílias entrevistadaspraticam a agricultura para auto-sustento e obtémpequena remuneração monetária por suaprodução. A maior parte do dinheiro que circulaentre as famílias provem de políticas dedesenvolvimento rural como a aposentadoria rural.Outra fonte de dinheiro é a criação de gado decorte, em geral, entre 2 e 5 animais, queconstituem uma espécie de poupança.

Diante desta situação, a aquisição de sementese insumos químicos industriais anualmente épraticamente impossível para estas famílias. Como acesso a educação e a informação generalizadono último século, muitos agricultores(principalmente jovens) optam por vender osterrenos e migrar para centros urbanos regionais.Estas propriedades são vendidas para citadinosenriquecidos que as utilizam como sítio de lazerpara finais de semana ou para produção demadeira de pinus que possui alto valor demercado e demanda apenas manutenção anual.

Alguns programas de desenvolvimento ruralbuscam reverter esta situação. No vale doCapivari um exemplo deste tipo de programa é oProjeto Pão de Milho Amarelinho. O pão de milhoé uma comida tradicional e muito importante paraas famílias da região. Sua produção é tradicional eresponsabilidade das mulheres principalmente.Este projeto tem por objetivo agregar valor ao pãode milho e vendê-lo aos visitantes do município enas regiões vizinhas. Como o próprio nomesugere, o produto esperado é um pão com acoloração amarela. No entanto, o pão tradicionalda região não tem esta coloração, mas uma coralaranjada devido aos demais produtos presentesno pão (cará e batata-doce) e a características dapopulação de milho local. Diante disso, nem todasas famílias do município optaram por participar do

projeto.

Práticas de manejo e seleção de sementesNas propriedades visitadas, o tamanho das

roças oscilou entre 0,5ha e 2ha. Os colaboradoresutilizam aproximadamente 200 espigas para cadahectare de plantio de milho. Todos afirmaram quedescartam as sementes das extremidades dasespigas, utilizando apenas os grãos da porçãocentral, em média 400 sementes/espiga. Assim,utilizam aproximadamente 80.000 sementes/ha.

No que se refere ao manejo da sementedurante o ano visando sua conservação para asafra seguinte, três agricultores afirmaramarmazenar as espigas que serão utilizadas emcestos no paiol. Suas sementes são debulhadaspoucos dias antes do plantio. Outros 6 agricultoresinformaram que armazenam, inicialmente, asespigas selecionadas em cestos no paiol e depoisas transferem para garrafas pet de 2 litros. Ainformante-chave indicou manejo diferenciado dassementes ao longo do ano visando suamanutenção. As primeiras espigas que serãousadas como sementes são selecionadas aindana roça. Este tipo de seleção também foiverificada por Moreno et al (2006, p.1779) emagricultores familiares mexicanos. Também naroça é definido o que será utilizado para silagem.No paiol existem diferentes locais dearmazenagem de espigas. Estas são separadasde acordo com seu uso: como alimentação animal(galinhas e porcos), para farinha ou comosemente. As espigas que são selecionadas comosementes são bem empalhadas e sãoarmazenadas em caixa d`água com tampa até omomento da debulha. As sementes das porçõescentrais são debulhadas em peneira onde seusgrãos são analisados individualmente. Nestaanálise a agricultora descarta as sementes quetiverem sinais de ataques por fungos (“grãoardido”).

Depois de analisados individualmente, os

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grãos selecionados pela informante-chave sãoarmazenados em garrafas pet. Calculamos queem cada garrafa pet de 2 litros podem serarmazenadas aproximadamente 4.000 sementesdesta população de milho, pesando 1,5kg. Aagricultora escolhe a maioria das sementes decoloração amarela, mas escolhe algumas espigascom grãos vermelhos, azuis e rajados em menorproporção para compor suas sementes (figura 3).

Todos os agricultores apontaram critériossemelhantes na escolha das sementes.Apontaram como ideais os grãos enrugados (tipopreferido para farinha de pão por ser mais doce) ebonitos, grandes e sadios (sem a presença defungos), e as espigas com sabugos finos. Ainformante-chave apontou outras característicasbuscadas na seleção de sementes como a firmezados grãos no sabugo e o bom empalhamento quegarante maior proteção contra o ataque deinsetos. Da mesma forma Andrade (2003) afirmaque a seleção de espigas por agricultoresfamiliares nos municípios de Anitápolis e SantaRosa de Lima está direcionada para obtenção decaracterísticas específicas como farinha doce dealta qualidade e maior resistência ao ataque deinsetos. Aanderson (1944) aponta a preocupação

dos Hershey em selecionar uma população comalta produtividade, espigas bem granadas,sanidade dos grãos e não-acamamento.

Redes sociaisAs famílias de agricultores que produzem milho

crioulo no vale do Capivari participam de redes detrocas de sementes para aumentar a variabilidadegenética das populações de milho. Estas famíliasnão fazem parte de nenhuma política dedesenvolvimento rural para troca de sementes.

As redes de trocas promovem fluxo degermoplasma e reduzem a deriva genética(LOUETTE, 2000). Além do milho, outras espéciesvegetais também apresentam redes de trocas.Existem trocas em mandioca, Manihot sculenta(PERONI, 2004), batata-doce, Ipomea batatas(VEASEY et al, 2007), cevada, Hordeum sp.(ASFAW, 2000; WOREDE et al, 2000).

Os agricultores visitados revelaram como asredes de troca que funcionam no vale do Capivari.Foram apontadas pessoas e regiões onde sãorealizadas as trocas. Foi possível determinar queos agricultores participam de dois tipos desistemas de trocas. Um destes sistemas é local,onde os agricultores trocam sementes com

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vizinhos ou familiares num raio de no máximo10km da residência atual. Participam deste tipo desistema de trocas 6 dos agricultores entrevistados.O outro sistema é regional, onde algunsagricultores trocam sementes com vizinhos,familiares e outros conhecidos num raio máximode 70km. Neste estudo, 4 dos agricultoresparticipam deste sistema. Destes, 3 agricultoresefetuam trocas em nível regional porque seusfamiliares vivem em locais distantes da suaresidência. Apenas a informante-chave participado sistema regional porque é procurada por outrosagricultores de locais mais distantes parainteressados em adquirir suas sementes de milho.Além disso, esta agricultora observa a produçãode milho de outros membros do grupo e,ocasionalmente, compra ou troca suas sementes.Estas sementes são plantadas e cultivadasseparadamente. Caso seu desempenho sejasatisfatório são acrescentadas à sua população noano seguinte.

Andrade (2003) menciona a existência deredes de trocas de milho entre os agricultoresfamiliares dos municípios de Anitápolis e SantaRosa de Lima, localizados em um vale próximo aodo rio Capivari. Canci (2006) também cita aexistência de redes de trocas de milho, feijão eoutras espécies no oeste de Santa Catarina.Anderson (1944) aponta o hábito do Sr. Hersheyde observar as roças de seus vizinhos e comprarsementes depois de anos de observações. Oprincipal negócio desta família era a venda desementes. Suas sementes eram vendidas no locale também exportadas para outros continentescomo Europa, Ásia e América do Sul. Louette(2000) aponta a existência de redes trocas demilho em comunidades indígenas do no altiplanomexicano. Neste local, Louette (2000) identificoutrês tipos de agricultores. O primeiro grupo eracomposto por aqueles agricultores que nãoparticipam de redes de trocas e cultivam apenas

sementes próprias. O segundo grupo cultivasementes próprias e sementes adquiridas emtrocas dentro da comunidade ou em outrasregiões. Por fim, o terceiro grupo era composto deagricultores que nunca usavam suas própriassementes.

Louette (2000) defende a perspectiva de que omanejo tradicional de milho não é conduzido deacordo com os preceitos de congelamento depaisagem. Segundo Louette (2000) as redes detrocas de sementes tornam as populações demilho geneticamente abertas. Esta constataçãopermite inserir as populações de milho depolinização aberta no modelo de metapopulaçõesde Levins (1969). Segundo este autormetapopulação é um grupo de populações queestão separadas fisicamente, mas que interagemem algum nível. Peroni (2004) aplicou estemodelo para compreender o efeito das redes detrocas na ecologia e genética da mandioca nolitoral paulista. Veasey et al (2007) tambémaplicaram este modelo para compreender osefeitos de redes de trocas de batata-doce em SãoPaulo. Da mesma forma é possível utilizar estemodelo de metapopulações para avaliar o queocorre no vale do Capivari, onde cada produtorpossui pequenas roças distantes umas das outras,mas que interagem a partir da troca oucomercialização de sementes.

O maior fluxo genético proporcionado pelasredes é importante para contrabalancear outroaspecto do manejo de milho: uma intensidade deseleção muito forte. A observação mais difundidado manejo de germoplasma indígena e deagricultores familiares é a prática de seleçãorigorosa de sementes baseada na avaliação dasespigas de milho após a colheita (BELLON eBRUSH, 1994; HERNANDES X, 1985). A seleçãode espigas por tipo é uma prática que reduz adiversidade do germoplasma, diminuindo apossibilidade de mudanças e adaptações futuras

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(ALLARD, 1971). A seleção promovida pelainformante-chave, a partir de uma população com175.000 plantas e aproximadamente 52.500.000sementes potenciais, mantém apenas 500 espigase 200.000 sementes. Estes valores correspondema uma intensidade de seleção de 0,5%,considerado muito forte (PATERNIANI eMIRANDA FILHO, 1987). Estes autoresrecomendam de 1 a 10% (PATERNIANI eMIRANDA FILHO, 1987). LOUETTE (2000) apontaque em comunidades onde existem redes detrocas, o afunilamento genético da seleção nãopode ser observado a nível genético. Istodemonstra a complementaridade entre a forma deseleção, a manutenção de redes de trocas e acoesão social.

ConclusãoA partir da análise dos resultados, é possível

afirmar que políticas de desenvolvimento ruralcontribuíram para modificar os processos sociaisque historicamente promoveram a diversidadegenética do milho. Apesar disso, algumas famíliasde agricultores ainda mantém mecanismos queintegram de forma complementar as técnicas demanejo e seleção de sementes de milho, aexistência de redes de trocas e a coesão social.

O último século foi marcado por fortesmudanças nas relações de gênero em toda asociedade. A diminuição do tamanho das famílias,o êxodo rural e as políticas de educação eempoderamento econômico e cultural dasmulheres alteraram as atividades e espaços degênero na produção de milho crioulo. Hoje, estasatividades e espaços contam com maiorflexibilidade. Mas os saberes de mulheres ehomens ainda são indispensáveis ecomplementares para o manejo do milho crioulo.

O uso da terra foi fortemente alterado pelapolítica de heranças, pelas novas tecnologiasagrícolas e pela inserção em cadeias produtivas.Muitos agricultores adotaram o milho híbrido, os

insumos químicos e mecanização porquefacilitaram seu trabalho e de sua família. Isto foi,muitas vezes, necessário devido a redução dotamanho das famílias e das propriedades. Outrosagricultores buscaram diferentes soluções paraestes problemas, seja por impossibilidadefinanceira de acesso a estas tecnologias, sejapela convicção de ater-se aos fazeres tradicionais.

Da mesma forma, o desenvolvimento edisseminação do milho híbrido, os insumosquímicos e mecanização através de políticas dedesenvolvimento rural alteraram as práticas demanejo e seleção de sementes. Em muitasfamílias estas práticas não existem mais e osconhecimentos associados a estas estãodesaparecendo com a morte dos membros maisantigos. Em outras famílias, estes conhecimentospermanecem e se perpetuam com os jovens queoptam (ou tem possibilidade) de permanecer naspropriedades rurais.

As redes sociais, (geneticamente)fundamentais para a existência do milho crioulo,se afrouxaram e reduziram seu tamanho. Mas,permanecem em muitos lugares onde o manejodo milho é realizado, seja por colonos ouindígenas. A persistência destas redes apontapara o surgimento de novas estratégias para acontinuidade das práticas de manejo de milho.Estas redes são alvo de programas dedesenvolvimento rural tanto em Santa Catarinacomo em outras regiões da América Latina.

Estas informações apontam para os efeitosdas diferentes formas de integração de famílias deagricultores na economia agrícola global. Por umlado, a liberalização dos mercados e amodernização da agricultura e educação ruralreduziu a diversidade genética do milho. Mas,contra as expectativas pessimistas queacreditavam no desaparecimento do milho criouloe da agricultura familiar, muitas famílias ecomunidades em diferentes lugares do mundocriaram estratégias para continuar manejando

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esta espécie.

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