Das memórias de Kaganóvitch (VII)

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    Para a Histria do Socialismo

    Documentos

    www.hist-socialismo.net

    Traduo do russo e edio por CN, 28.09.2011

    (original: http://publ.lib.ru/ARCHIVES/K/KAGANOVICH_Lazar'_Moiseevich/_Kaganovich_L._M..html)

    _____________________________

    Das memrias de Kaganvitch (VII)1

    Anexos

    Notas para uma interveno na reunio do Comit de Controlo do partido adstritoao CC do PCUS (1962) . 1

    Rascunho de um comentrio s conversas de N.S. Khruchov com diplomatas

    estrangeiros (final dos anos 50 incio dos anos 60) . 5

    Notas soltas sobre a personalidade de Khruchov (finais dos anos 80) . . 15

    Sobre a resoluo do CC do PCUS Sobre o Culto da personalidade e as suas

    consequncias (finais dos anos 80) . 19

    Notas para uma interveno na reuniodo Comit de Controlo do Partido adstrito ao CC do PCUS

    (1962)

    1. Conheceis toda a histria deste processo, por isso serei breve. Aps a decisoda minha excluso do CC, juntamente com os camaradas Mlotov, Malenkov eCheplov, por luta fraccionria, permanecendo membro do partido, tal como oscamaradas indicados, trabalhei honestamente, como compete a um comunista, emprol do comunismo, cumprindo rigorosamente todas as decises do partido e do

    CC.2. Aps cinco anos de honesta actividade comunista, na qualidade de membro de

    base do partido, em que desempenhei sem reparos as funes que me foramatribudas na economia e cumpri empenhadamente as obrigaes no partido etrabalho social, tal como Mlotov, Malenkov e Cheplov, fui expulso do partido em1962.

    3. Porquanto no podiam fazer-nos quaisquer outras acusaes relativas nossaactividade e conduta partidria, para alm das que foram inscritas na resoluo do

    1 Lazar Kaganvitch, Pmiatnie Zapiski(notas memoriais), ed. Vagrius, Moscovo, 2003,pp. 619-623. (N. Ed.)

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    Plenrio de 1957, acusaram-nos de actos relacionados com a violao da legalidadedurante a direco de Stline.

    4. Todavia, camaradas, o XX Congresso, tendo aprovado uma resoluo sobre as violaes da legalidade, elegeu-me a mim, tal como a Mlotov, Malenkov eCheplov, para o CC, depois, o Plenrio do CC elegeu-nos para o Presidium do CC,

    isto apesar de j ento se saber que Stline no fora o nico culpado pelas violaes,e que o tinham tambm sido outros seus correligionrios de trabalho: membros doPresidium e do CC, nomeadamente Mlotov, Kaganvitch, Malenkov, bem comoKhruchov, Mikoian, Chvernik e outros.

    Depois do XX Congresso, o Plenrio de Junho de 1957, tendo aprovado aresoluo sobre O Grupo Antipartido, excluiu-nos do CC, mas manteve-nos nopartido, no obstante j na altura se ter falado sobre a defesa que fazamos deStline.

    5. Por isso, a repetio das antigas acusaes e as acusaes agora evocadas deaces ilegais, relacionadas com o chamado culto da personalidade, que

    conduziram minha expulso e de outros camaradas do partido, so artificiais e atcontraditrias com o XX Congresso, que nos elegeu para o CC. Contradizemigualmente a resoluo do CC de 1957, que nos manteve no partido. No houvenenhuma ocorrncia nova que possa dar legtimo fundamento partidrio minhaexpulso, de Mlotov e de Malenkov do partido. Tudo o que agora levantado emconcreto, por exemplo, contra mim, Kaganvitch, j era conhecido quandodecidiram no me expulsar do partido, mas manter-me nas suas fileiras. Aotrabalhar, por exemplo, no transporte ferrovirio, nas condies difceis denumerosos descarrilamentos e acidentes, parte significativa dos quais eraprovocada por diversionistas, espies, nomeadamente trotskistas, como ficou

    provado nos processos judiciais, fui obrigado, tal como outros noutros ramos esectores, a combater resolutamente os inimigos, denunciando e chamando responsabilidade os culpados, bem como a punir os seus cmplices. Nesta lutacontra verdadeiros criminosos e seus cmplices, com grande infelicidade, umaparte de pessoas inocentes tambm foi vitimada.

    Creiam-me, sinto um grande pesar por isso e no me eximo minha parte deresponsabilidade pelo que aconteceu, mas preciso ter presente e compreender asituao poltica dessa poca, quando o fascismo preparava a guerra contra a nossaPtria e a sua quinta coluna lutava ferozmente contra ns, em particular numsector to decisivo como os caminhos-de-ferro. Por isso tnhamos de lutar decididae implacavelmente. Os rgos competentes apresentaram-nos provas convincentese fundamentadas dos culpados, e ns concordmos com a sua deteno. Houvepessoas inocentes que foram denunciadas, mas tambm parte desses materiaiseram convincentes da sua culpa, tanto mais que os prprios contriburam para isso,em particular, ao fazerem posteriormente confisses.

    6. A situao poltica escaldante da poca, sobretudo a intensificao daespionagem e da diverso dos estados imperialistas, em primeiro lugar,evidentemente, da Alemanha hitleriana e do imperialismo japons (que nosenviaram, por exemplo, juntamente com trabalhadores honestos libertados dosCaminhos-de-Ferro da China Oriental, uma grande quantidade de espies japoneses e outros), exigia uma vigilncia reforada, acuidade e reaco rpida

    contra a sabotagem, que minava o avano e o funcionamento normal dos caminhos-

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    de-ferro e, por essa via, a execuo do plano quinquenal e a preparao do pas paraa resistncia s foras agressoras que ultimavam a guerra contra a URSS.

    Devo dizer-vos, todavia, que, no obstante tudo isto, a direco do Comissariadodas Vias de Comunicao (CVC) e eu prprio, enquanto Comissrio do Povo,revelmos a necessria vigilncia ao no concordar com muitas acusaes feitas a

    quadros do transporte, baseadas em denncias dos inimigos detidos. Contestei osmateriais e as exigncias dos rgos de segurana visando a deteno de muitosquadros do transporte, e, em muitos casos, o CC e Stline pessoalmenteconcordaram comigo. Poderia nomear um grande nmero de quadros, queexerciam na altura e continuaram a exercer funes de direco no CVC e naslinhas, os quais permaneceram inclumes devido nossa insistncia, a despeito dosmateriais apresentados contra eles pelos rgos competentes.

    Falo disto no para mostrar mrito, mas para salientar que a par de punies justas de culpados, a par de inocentes vitimados, houve muitas condenaesevitadas ou, como mais tarde os prprios diziam em conversas comigo, salvaes

    da morte.Tudo isto mostra que a situao era difcil e complexa, em todo o caso no to

    simples e linear como muitos hoje imaginam, depois de o fascismo hitleriano e asua quinta coluna terem sido destroados e eliminados na URSS. Por isso,exprimindo os meus sentimentos de amargura, sofrimento e compaixo para comas famlias das vtimas inocentes, afirmo: no devemos sucumbir a sentimentospessoais, mas sim abordar o assunto como gente politicamente madura. Tendoapurado graves erros e violaes da legalidade, tendo-os criticado e revelado etomado medidas para que no se repitam no futuro, no podemos deixar que issonos desmagnetize, a ns e aos outros, mas devemos ter sempre presente que

    tambm hoje temos contra ns os imperialistas, que no se reconciliaram com asvitrias do socialismo e amolam a faca ainda mais afiada nuclear contra a UnioSovitica e outros pases socialistas. O imperialismo reaccionrio dos EUA e dosseus aliados aspira a ocupar o lugar do fascismo hitleriano como fora liderante doimperialismo agressor. Eles no deixaro de nos combater, nomeadamente atravsda espionagem, diverso e sabotagem. Por isso, ao revelarmos e reconhecermos oserros e insuficincias, lamentando-os, admitindo a nossa parte de responsabilidadepela sua ocorrncia, em caso algum podemos permitir um optimismo infundado,uma atitude no classista e apoltica, abdicar da vigilncia, mas devemos preparar-nos para uma luta implacvel contra os inimigos do socialismo, contra os inimigosda nossa Ptria, venham de onde vierem. Devemos ter sempre presente que nos

    espera ainda uma longa e spera luta contra os inimigos at vitria definitiva dosocialismo e do comunismo!

    7. Camaradas, peo que no interpretem estas minhas ltimas reflexes geraiscomo o desejo de as sobrepor a erros concretos e pessoais. Acrescento aqui queerros semelhantes foram tambm cometidos, por exemplo, por Khruchov. Comefeito, a maioria dos quadros dirigentes, membros do Bureau do Comit deMoscovo do partido (CM), dos bairros e do Soviete de Moscovo, os quais, durante adireco de Kaganvitch, quando este foi secretrio do CM, trabalhavamsalutarmente, foram presos durante a direco do CM de N. Khruchov. Ou ainda,por exemplo, os camaradas Mikoian e Chvernik. O facto que tambm eles

    enviaram para o Ministrio da Segurana do Estado (MGB) as suas cartasconcordando com a deteno no apenas de quadros de direco, mas tambm de

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    membros do Colgio e dos seus prprios adjuntos, e por vezes no apenasconcordando, mas tambm pedindo a deteno, tendo em conta os materiaisincriminatrios doMGB.

    No pensem que ao falar disto, exijo a expulso do partido de Khruchov,Mikoian, Chvernik, etc. Ou que pretendo que me equiparem a eles como membro

    do CC e do seu Presidium. Pretendo apenas a minha reintegrao no partido, aoqual dediquei mais de 50 anos da minha vida, por cuja vitria lutei incansvel,consequente e abnegadamente. No vou aqui relatar a minha biografia, todos vssabeis que fui, nomeadamente, presidente da Comisso de Controlo do Partido.Direi apenas que, atravs de um trabalho obstinado, uma dedicao total e umafidelidade abnegada doutrina de Marx e de Lnine e ao nosso querido partido, deoperrio me tornei num dirigente do partido. Lutei e luto contra todos os seusinimigos, pela orientao geral leninista, pela vitria do socialismo e docomunismo, pela vitria da paz entre os povos, do socialismo e da revoluo emtodos os pases do mundo!

    Tenho ainda vitalidade e capacidade de trabalho, quero agir e lutar pela causa docomunismo, como membro do meu querido e amado partido leninista, e peo-vos,camaradas, membros do Comit de Controlo do Partido, que me reintegrem nasfileiras do Partido Comunista da Unio Sovitica!

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    Rascunho de um comentrio s conversasde N.S. Khruchov com diplomatas estrangeiros

    (final dos anos 50 incio dos anos 60)2

    Nas conversas com representantes de potncias estrangeiras, em particular dosEstados Unidos da Amrica, em que se referiu aos acontecimentos da vida internado partido de Junho de 1957, Khruchov afirmou:

    O grupo antipartido interveio contra mim e outros camaradas; Interveio contra a linha do CC do nosso partido; Este grupo era constitudo por pessoas presunosas; Estavam convencidos de que os seus nomes no podiam ser repudiados; Vorochlov, Mlotov, Kaganvitch e Malenkov consideravam-se

    omnipotentes;

    verdade que Malenkov no o mesmo tipo de figura que os trs primeiros,os quais tambm tiveram no passado muito de bom; Mas no acompanharam os tempos, compreenderam mal a situao,

    avaliaram mal o panorama.Se examinarmos estas afirmaes de Khruchov tornar-se- evidente o quanto

    elas so errneas e falsas. Em primeiro lugar, a interveno foi dirigida contraKhruchov, mas no contra outros camaradas, e no foi de um grupo mas doPresidium do CC da sua maioria. Em segundo lugar, falsa a afirmao deKhruchov de que esta interveno foi contra a linha do CC do nosso partido. Pelocontrrio, foi precisamente pela concretizao da linha do partido leninista e do seu

    CC que o Presidium do CC, maioritariamente, interveio contra a sua adulteraopor parte de Khruchov.Para encobrir as suas tergiversaes, Khruchov identifica a sua pessoa com o

    Comit Central, com o partido, enquanto o Presidium do CC, que interveio contraKhruchov, identificado com um grupo, o que constitui uma manifesta conversodoPresidium num grupo.

    Khruchov precisou desta falsificao para justificar as medidas contra a maioriados membros do Presidium do CC, que apelidou de grupo e at antipartido. sabido que na Resoluo do X Congresso sobre A Unidade do Partido, Lnineindicou que os principais indcios de fraccionismo antipartido so a existncia deuma plataforma especial, com os seus pontos de vista dirigidos contra o partido, eum grupo fraccionrio organizado separadamente dos rgos do partido, com umadisciplina prpria, as suas reunies organizadas, propaganda contra o CC, etc.

    Nem preciso dizer que Mlotov, Vorochlov, Kaganvitch, Malenkov, Sabrov,Bulgnine, Pervkhine e Chpilov, que constituam a maioria do Presidium do CC,nada tinham que se pudesse parecer com isto. No s no havia qualquerplataforma, como nem mesmo quaisquer pontos de vista opostos aos pontos devista do partido e do seu CC. Nas reunies havia discusses normais, previstas nosEstatutos.

    Lnine sempre exigiu documentos, factos que confirmassem quaisquerafirmaes verbais. No entanto, no houve e no h sequer qualquer referncia a

    2 Idem, ibidem, pp. 629-642. (N. Ed.)

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    documentos e factos que confirmem a declarao de Khruchov sobre a linhaantipartido dos camaradas citados. Pelo contrrio, todos os discursos, relatrios,notas, todo o trabalho prtico em todas as questes e assuntos de que foramincumbidos pelo partido estavam imbudos de contedo leninista e orientados parao cumprimento das decises do partido e do seu Comit Central, em conjunto com a

    classe operria, o campesinato, a intelligentsia aos quais estavam ligados. Comefeito, no foi por acaso que Khruchov no apresentou em parte alguma nem umas citao, um s documento, que confirmasse as suas afirmaes sobre a linhaantipartido do grupo de Mlotov, Kaganvitch, Malenkov, artificialmente fabricadapor ele, e, aparentemente por razes tcticas, s raramente referiu Vorochlov, oqual tambm estava contra Khruchov. Todo o partido e o povo sovitico leram osrelatrios e discursos destes camaradas e conhecem da sua aco prtica, o enormetrabalho que desenvolveram sob a direco do CC para o cumprimento das decisesdo congresso, nomeadamente do XX Congresso, e do Comit Central: para omelhoramento do trabalho do partido e do Estado, para a elevao do nvel de vida

    material e cultural dos operrios, kolkhozianos e de todos os trabalhadores, para aeliminao das violaes legalidade revolucionria, pela aplicao das normasleninistas na vida do partido e dos sovietes, pelo desanuviamento da situaointernacional, luta pela paz e reforo da capacidade de defesa da nossa Ptria.

    Tudo isto era a linha e aco nicas do partido, do seu CC e Presidium, quedurante longos anos foram integrados pelos referidos camaradas. Por isso, asinvencionices de Khruchov dividindo aqueles que se lhe opunham noPresidium doCC parecem extraordinrias. Sem nenhuma dvida que estes camaradas tambmcometeram erros, mas no sem razo Khruchov, nas conversas com representantesestrangeiros, foi obrigado a reconhecer que no passado destes camaradas haviamuito de bom.

    A afirmao de Khruchov de que se tratava de um grupo de pessoaspresunosas constitui um artifcio primrio, o desejo de lanar as culpas para osoutros e atribuir-lhes aquilo de que ele prprio era acusado ( que foi precisamenteKhruchov quem foi acusado de presuno noPresidium do CC). O mesmo se aplicas suas palavras de que Mlotov, Kaganvitch, Vorochlov e Malenkov seconsideravam omnipotentes e estavam convencidos de que os seus nomes nopodiam ser repudiados. A verdade que foi precisamente Khruchov que seimaginou omnipotente e comeou a maltratar os membros do Presidium do CC,designadamente Vorochlov, Mlotov, Kaganvitch, Malenkov, Bulgnine e outros,levando a sua ofensiva at ao desfecho vitorioso. Foi precisamente para justificar

    a sua agressividade que evocou a omnipotncia do grupo antipartido. Ao afirmar gratuitamente a existncia de um grupo, Khruchov omite

    desavergonhadamente que, depois da crtica que lhe foi feita pelos camaradasMalenkov, Kaganvitch e Mlotov, ele, Khruchov, na reunio, agradeceu pela crticaaos membros do Presidium, incluindo aos atrs referidos, e prometeu, emconformidade, corrigir os seus erros e insuficincias.

    de uma evidncia absoluta que a lenda sobre o grupo antipartido foiinventada por Khruchov para justificar os seus mtodos de direco no leninistas,formar o seu grupo fraccionrio e realizar mudanas no sentido do oportunismo.

    Khruchov tenta atribuir um carcter poltico geral de princpio acusao que

    fez aos camaradas de terem constitudo um grupo antipartido, fabricando-lhesuma plataforma. Mas ao dizer que no passado de Vorochlov, Mlotov e

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    Kaganvitch houve muito de bom, desfaz a sua invectiva, a qual contraditadapelos factos histricos que testemunham o contrrio. Khruchov profere a suasentena ignorando os factos.

    Sabemos pela histria que os referidos camaradas se distinguiram, antes demais, por serem fiis ao marxismo-leninismo, por nunca terem encarado a

    dialctica revolucionria como um cata-vento, no se punham, como o povo diz, denariz no ar, no balouavam entre o leninismo e o trotskismo, como fez, porexemplo, Khruchov na primeira metade dos anos 20.

    No digo que Khruchov se tenha oposto sempre e em todos os aspectos linhaleninista, mas sendo um excntrico (apesar de no inteiramente e deprovavelmente no conhecer o significado preciso desta palavra) e um comunistaimaturo, ansiava que todos reconhecessem nele um inovador, embora issofrequentemente fosse como deitar uma colher de fel num barrica de mel. Avaliandopor alto a barrica do mel, vertia a sua colher de fel khruchoviano, com frequnciamais que uma colher, o que estragava toda a barrica de mel. Sempre procurou pr

    qualquer coisa a grugulejar para se distinguir dos outros.Mal sabia Stline, ao chamar para perto de si Mikita,3 com o seu grugulejar,

    que, o que este grugulejaria depois da sua morte, ultrapassaria em muito oprprio Opanass com os seus machados e o buraco no gelo.

    Conta-se na Ucrnia a histria do vigoroso e inteligente Opanass, que s sededicava a coisas que ele prprio inventava. Uma noite acorda a mulher e diz-lhe:Tanko, acorda, tive uma ideia: Se juntar todos os machados da aldeia e abrir umburaco no rio, e depois lanar todos os machados para esse buraco, o grugulejarser tal que se ouvir na aldeia. Alis, o prprio Khruchov contou esta histria aStline, e este quando o via chegar dizia-lhe: Ento diz l, Mikita, o que que est

    hoje por a a grugulejar? Khruchov presenteou demasiado frequentemente o CCcom os seus grugulejos do novo, e chegou a ser bem sucedido, mas na maiorparte das vezes no teve xito e foi fastidioso. Poder-se-ia referir muitas situaesem que os membros do Presidium, nomeadamente Mlotov, Kaganvitch,Vorochlov, Malenkov, Bulgnine e outros, contestaram propostas de inovaesduvidosas. Todavia, infelizmente, uma parte delas passava. Por exemplo, a inovaokhruchoviana abolindo a conhecida teoria de Vliams sobre a rotao das culturascustou caro nossa agricultura.

    Mesmo ideias boas pelas quais Khruchov justamente se bateu, com frequnciadevido aos seus excessos, conduziram a resultados negativos (por exemplo, omilho). claro que ele no foi nenhum inovador nesta matria. O mrito deKhruchov resume-se a ter sublinhado a importncia deste objectivo. Mas levou-o aoabsurdo com as suas exigncias de semear milho por toda a parte, o que fezfracassar a expanso desta cultura s regies onde era rentvel e possvel.Infelizmente tambm hoje o milho, se no tratado com desprezo, no lhe dado odevido valor, e pena.

    De seguida, nas referidas conversas com os diplomatas estrangeiros, Khruchovdivaga sobre Stline e sobre as acusaes contra o grupo antipartido, imaginadopor ele.

    3 Deformao do nome Nikita. Consta que Khruchov era assim tratado por Stline. (N.Ed)

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    Ns afirmmos: as coisas no podem nem devem continuar a ser como eramcom Stline disse Khruchov. Eles [ou seja o grupo] responderam:Era assime assim vai continuar a ser. Ns dissemos: Era assim, mas deixar de ser. Entoeles declararam: Ns vamos afast-lo. E o nosso partido, o nosso povo pegaramneles e afastaram-nos.

    Assim, pretendendo ser espirituoso e acutilante, na prtica Khruchov descreve ascoisas de forma ignara, simplista e difamatria, f-lo no estilo e esprito da vulgarstira burguesa. O principal, evidentemente, que tudo isto mentira.

    O que o Presidium do CC disse, em primeiro lugar Mlotov, Vorochlov,Kaganvitch e Bulgnine, foi: preciso eliminar tudo o que h de negativo nosmtodos e sistema de administrao, prioritariamente, eliminar as arbitrariedades,as represses que punem gente inocente. Mas isto no significa revogar tudo o quehouve de positivo durante o perodo de Stline. Com efeito, durante a direco deStline houve grandiosos feitos de inspirao revolucionria: a luta contra osinimigos internos e externos da revoluo e do Poder Sovitico, a sua derrota; os

    grandiosos quinqunios, a que o povo chamou os quinqunios de Stline, daindustrializao e colectivizao socialista, de um desenvolvimento gigantesco dacultura, da cincia e de elevao do bem-estar material do povo. Cumprindo-se olegado de Lnine, o grande lder, com o trabalho herico de milhes de pessoas soba direco do partido, apoiando-se em todas estas conquistas e realizaes doregime socialista, foi sob a direco directa de Stline que se garantiu e alcanou amaior vitria da histria sobre o imperialismo hitleriano na Guerra Patritica.Depois da guerra, o povo sovitico, sob a direco de Stline, realizou a segundaproeza: o restabelecimento de uma economia incrivelmente destruda, de cidades ealdeias; os quinqunios do ps-guerra lanaram os alicerces de um novodesenvolvimento gigantesco da nossa Ptria com base na nova tcnica.

    A verdade que at a bomba atmica, que era e uma resposta ameaaatmico-nuclear do imperialismo americano, foi criada pelos nossos operrios,cientistas e engenheiros durante a direco de Stline. A par do grandioso epositivo, houve erros, deficincias, arbitrariedades e ilegalidades que foramcondenados pelo partido. Mas nem tudo o que houve durante Stline incluindo ograndioso e positivo deve ser repudiado. Tal formulao da questo aproveita aosinimigos do socialismo, facilita a nova ofensiva da burguesia contra o nosso partido,a Unio Sovitica e o socialismo.

    Rejeitando tudo o que houve durante Stline, Khruchov ajuda involuntariamentea ofensiva dos inimigos contra tudo aquilo que caro ao povo, que foi alcanadocom os esforos do povo durante a direco de Stline.

    Sim, o povo, os operrios, o partido e os quadros dirigentes vem e criticamcorajosamente os erros, as insuficincias, as ilegalidades. Mas no admitem que sesubstitua e destrua tudo o que de grandioso foi criado com Lnine e, depois dele,com Stline. No se pode esquecer que o povo, o partido e os veteranos da guerra edo trabalho no so algum que esquea pelo que passou, lembram-se bem do gritopico e abnegado dos nossos heris marchando para a morte no ataque contra oshitlerianos: Pela Ptria! Por Stline! Do mesmo modo, os kolkhozianos e aintelligentsia trabalharam abnegada e heroicamente na retaguarda sob a direcodo partido e com o nome de Stline nos lbios.

    Stline teve erros graves e deficincias, e por isso o partido e as massaspopulares criticam-no a ele e a outros membros da direco de Stline, mas,

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    fazendo-o, no consentem que ningum difame Stline e a sua direco e repudietudo aquilo que to caro ao povo sovitico: as realizaes do socialismo ligadas aonome de Stline, que dedicou toda a sua vida luta pelos interesses da classeoperria e do campesinato, pela vitria do marxismo-leninismo.

    Muitos excessos, represses e arbitrariedades foram provocados pela luta aguda

    conduzida pelos inimigos internos e externos do povo sovitico. Nesta luta foramcometidos erros grosseiros que vitimaram tambm inocentes. Mas Stline no onico culpado disto. No se pode hoje armar em acusador de Stline, com ligeirezae triunfalismo, e ainda por cima gabar-se disso e receber aplausos, como o fazemKhruchov e Mikoian que, satisfeitos consigo mesmo, agradecem esses aplausos,omitindo com isso a sua quota parte de responsabilidade no que se passou. Averdade que o mesmo Khruchov que hoje representa o papel de benfeitor, no XVIICongresso4 afirmou: A luta de classes no termina, e ns devemos mobilizar as foras do partido, as foras da classe operria, os rgos da ditadura do proletariado para a eliminao definitiva dos inimigos de classe, de todos os

    resqucios dos oportunistas de direita e de esquerda e de todos os outros quequeriam e querem travar a nossa justa e incessante marcha para a frente.Khruchov, como todos ns, apoiou as medidas repressivas contra os inimigos

    do povo trotskistas-bukharinistas. Nas novas condies pode-se admitirintervenes com esprito novo, mas, em primeiro lugar preciso ser comedido,no rejeitar e transformar em negativo tudo o que de grandioso e positivo foi feitopor Stline para o partido, para a nossa Ptria. Em segundo lugar, no se podeespecular a propsito dos erros, e vangloriar-se de tal coragem, atribuindo tudo asi prprio, e assim eximir-se do crculo de Stline, o qual tem naturalmente a suaparte de responsabilidade.

    preciso encarar esta luta, que foi travada pelo partido e pelo povo soviticocontra os inimigos internos e externos da nossa Ptria Socialista, na perspectivamarxista-leninista, histrica e cientfica, tirar lies, revelando os erros e asarbitrariedades que vitimaram, a par de verdadeiros inimigos, tambm pessoasinocentes.

    Foi precisamente deste modo que procedeu oPresidium do CC, por iniciativa doqual foi constituda a comisso para examinar e investigar os processos de todos osreprimidos, visando declarar uma amnistia, e elaborar concluses gerais, queseriam apresentadas ao Presidium e ao Plenrio do CC convocado especialmentepara esse efeito. OPresidium do CC reconheceu a necessidade de no s revelar osfactos, com profundidade e numa ptica poltica de princpio, mas tambm explicarao partido e ao povo tudo o que houve de negativo no passado e que no se podeadmitir no futuro. Isto foi feito depois do XX Congresso com a aprovao dacircunstanciada resoluo marxista-leninista do CC, Sobre a Superao do Cultoda Personalidade e as suas Consequncias Esta resoluo foi aprovada porunanimidade, nomeadamente por Mlotov, Kaganvitch, Vorochlov, Khruchov,Malenkov, Bulgnine, Mikoian, Pervkhine, Sabrov e outros. Esta resoluocolocou toda a questo no plano poltico-ideolgico, abriu uma corrente vivificante,regeneradora, no trabalho do partido de explicao dos erros do passado, da sua

    4 O XVII Congresso do PCU(b) realizou-se de 26 de Janeiro a 10 de Fevereiro de 1934.(N. Ed.)

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    no admisso no futuro, conservando e reforando o poder do Estado Sovitico e aunidade do partido.

    Stline continuou a obra de Marx e Lnine com talento e abnegao. Foiprecisamente graas fidelidade aos seus geniais ensinamentos e sua estratgia queStline se tornou o grande lder dos povos soviticos. Mentem e caluniam o nosso

    partido e o nosso grande povo sovitico os inimigos de classe e os seus lacaios queinsinuam que o povo exaltava Stline por medo. A classe operria, o campesinatokolkhoziano, a intelligentsia sovitica, nomeadamente os cientistas soviticos, fiissem reservas sua Ptria, ao novo regime socialista, tinham conscincia e estavamconvictos de que o partido, o CC e Stline, com a sua direco e a sua linhaleninista, garantiam a salvaguarda, a defesa dos imperialistas, a consolidao dasconquistas do regime sovitico, da Grande Revoluo Socialista de Outubro, e acontinuao da marcha em frente do socialismo at vitria do comunismo.

    Mesmo os que no tinham lido os volumosos tomos da Histria sabiam bem esabem, lembravam-se e lembram-se das etapas principais da nossa luta difcil e

    sangrenta pela nova vida, sob a direco de Lnine, e do papel de Stline nesta luta.Stline foi um discpulo fiel e companheiro de luta de Lnine ao longo de toda a

    histria do partido: nos anos da dura clandestinidade tsarista, das lutas dosoperrios contra os capitalistas, dos camponeses contra os latifundirios, da lutarevolucionria abnegada contra as autoridades tsaristas, da luta contra osmencheviques, socialistas-revolucionrios, nacionalistas, anarquistas e todo o tipode oportunistas que minavam as foras do proletariado revolucionrio.

    Depois do derrubamento do governo tsarista, na luta contra o governo burgusque lanou Lnine na clandestinidade, Stline, substituindo Lnine, leu o relatriono VI Congresso e, juntamente com Sverdlov e outros, dirigiu a preparao da

    Grande Revoluo Socialista de Outubro, realizada por operrios e soldados sob adireco genial de Lnine.Nos duros anos da guerra civil, Stline foi incessantemente enviado pelo CC para

    as principais frentes como dirigente dos conselhos militares. O partido e o povoconhecem o seu importante papel na vitria sobre Denkine, Iudnitch e Koltchak.

    Depois do fim vitorioso da guerra civil, sob a direco do nosso genial Lnine,Stline ajudou Lnine como membro do Conselho do Trabalho e da Defesa, comocomissrio do Controlo Estatal, como comissrio para os Assuntos Nacionais ecomo membro do Politburo do CC: na concepo e aplicao da Nova PolticaEconmica, na resoluo das novas e difceis tarefas do restabelecimento daeconomia nacional destruda pela guerra, na direco do partido, na luta contra otrotskismo e outros grupos e fraces oposicionistas que levantavam a cabea,intervindo como foras organizadas com as suas plataformas contra o CC, contraLnine, e que ameaavam dividir e desintegrar o partido, o que foi evitado porLnine com a ajuda de Stline.

    No momento mais penoso, o da morte de Lnine, lder e fundador do partido,Stline foi o membro do Politburo em torno do qual se uniu a maioria do partido,do CC e da Comisso Central de Controlo, com vista ao prosseguimento da polticade Lnine e ao cumprimento do seu legado. Podero o povo e o partido esquecer ogrande juramento que fizeram pela boca de Stline junto sepultura de Lnine, odefunto mestre amado e pai do partido? Este juramento constituiu durante muitos

    anos o dever sagrado de dezenas de milhes de pessoas no seu trabalho herico e naluta pela construo do socialismo, pela consolidao do Estado multinacional

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    sovitico, fundado por Lnine, a grande Unio das Repblicas SocialistasSoviticas.

    Depois da morte de Lnine surgiu um novo grande perigo ante o partido: ostrotskistas e outros oposicionistas, os zinovievistas-kamenievistas que se lhesjuntaram, e depois os desviacionistas de direita, os rikovistas e bukharinistas, que

    pressionavam o partido para renegar construo do socialismo. Sob diferentesexplicaes da natureza da NEP, direita e esquerda, na prtica preconizavam oalargamento do quadro da NEP, o desenvolvimento das relaes burguesas,aplicando isto tambm s relaes com a burguesia estrangeira. Tal significava ofim de todas as conquistas da Revoluo Socialista de Outubro.

    A perda de Lnine o qual com a sua autoridade poderia com mais facilidadedominar todos estes desviacionistas, que na prtica eram inimigos do socialismo agravou o perigo tanto para o partido como para o socialismo, e para a prpriaexistncia do Poder Sovitico. E eis que neste momento, para grande felicidade dopartido, verificou-se que entre os membros do Politiburo se destacava Stline, o

    qual, apesar das suas insuficincias, possua qualidades positivas quepredominavam sobre as insuficincias. A sua firmeza terica e ideolgica deprincpio, a sua fidelidade ao marxismo-leninismo, o conhecimento profundo e acompreenso da estratgia e da tctica de Lnine, o seu talento organizativo, acapacidade para unir pessoas tanto no plano ideolgico como no plano prtico eoperativo, que eram reconhecidos pelo partido, pelo povo e pelo CC, fizeram dele apessoa que, juntamente com o ncleo leninista, encabeou a obra de Lnine, arealizao do seu legado com vista construo do socialismo na URSS.

    No entanto, a aplicao da poltica de Lnine sem Lnine enfrentou por partedos trotskistas e outros oposicionistas uma resistncia muito maior do que

    enquanto Lnine esteve vivo. Os opositores travavam uma luta encarniada contraa poltica leninista, atacando antes de mais o CC, Stline e o ncleo leninista os velhos bolcheviques que estava unido em torno dele. Sabemos pela histria dopartido qual a perfdia fraccionria da luta desencadeada pelos trotskistas esemelhantes. No entanto, a eles contraps-se a fora da direco leninista do CC,encabeada por Stline, digno continuador da obra de Lnine, e o partido venceu!

    Os inimigos e os caluniadores apresentam a luta travada como uma simples etrivial luta pelo poder pessoal. Trata-se de uma mentira descarada. Na verdade, estafoi uma luta pelo socialismo, pelo internacionalismo, contra o aburguesamento doEstado e do prprio partido, pelo papel dirigente do proletariado e da velha guardaleninista, pelo reforo do partido, da sua composio social, para garantir o xito daluta contra o nepmanismo, os elementos burgueses e kulaques, pela ofensiva dosocialismo em toda a frente, pelo fortalecimento das posies internacionais donosso Estado socialista da ditadura do proletariado, pelo fortalecimento dasposies internacionais do nosso partido leninista no movimento comunista eoperrio internacional. A luta era complexa e aguda. Stline, paciente e firmementecontra atacou a ofensiva trotskista. Mentem os caluniadores que afirmam queStline teria alegadamente ajustado contas com os trotskistas e outrosoposicionistas unicamente atravs de medidas administrativas e em regimeacelerado. Pelo contrrio, Stline e todo o CC e a Comisso Central de Controlotravaram uma prolongada luta ideolgica de princpio, esperando que, seno a

    maioria, pelo menos uma parte deles se demarcasse. Com efeito, um facto que opartido e o seu CC lutaram pacientemente contra a oposio durante 15 anos, e s

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    depois foram aplicadas medidas de Estado, represses, incluindo at processos judiciais e execues. Isto aconteceu j num momento em que os oposicionistasenveredaram pelo caminho da diverso, da sabotagem e do terror, at mesmo daespionagem. Antes do seu total desmascaramento, eles intervinham nas reunies,conferncias (recordo-me da interveno de Sokolnikov e de outros na conferncia

    de Moscovo do partido em 1934). Com efeito, um facto que Trtski e Zinviev,conduzindo uma luta oposicionista, se mantiveram como membros doPolitburo aolongo de vrios anos, at organizarem abertamente a sua manifestao contra oGoverno, em 1927, no dia do 10. aniversrio da Revoluo de Outubro. Lembro-mede ns, ento jovens tchequistas, por exemplo, Kaganvitch, Krov, Mikoian, termosperguntado a Stline porque que os tolerava no Politburo, e ele respondeu-nos:Nestes casos no pode haver precipitao. Em primeiro lugar possvel que elesainda ganhem juzo e no nos obriguem a expuls-los como medida extrema, emsegundo lugar, preciso que o partido compreenda a necessidade da suaexpulso.

    O partido, a classe operria, as massas populares revolucionrias, sofrendo adolorosa perda de Lnine, superando as dificuldades da vida nas condies da lutapela reconstruo, viam que a direco do partido, encabeada por Stline,prosseguia digna e consequentemente a obra de Lnine, dirigia o seu trabalhoherico e abnegado pelo restabelecimento da economia destruda e a realizao dograndioso plano de Lnine de electrificao do pas, a sua industrializao ecolectivizao, para a construo com xito do socialismo no nosso Pas dosSovietes, sitiado por capitalistas.

    A classe operria, o campesinato revolucionrio e a intelligentsia sovitica viamque estas grandiosas tarefas da construo do socialismo eram realizadas numa batalha difcil contra as foras imperialistas inimigas externas, contra forasinternas da burguesia renascidas nas condies daNEP, que continuavam a apostarna restaurao do poder do capital na Rssia, na URSS, e davam passosdesesperados fazendo ressurgir o banditismo, implantando a espionagem,organizando a diverso e o terror, e outras aces semelhantes anti-soviticas econtra-revolucionrias.

    Nesta luta contra o Estado sovitico e o partido contavam tambm com a ajudadas foras contra-revolucionrias de uma parte da pequena burguesia, que seopunha construo do socialismo.

    Os verdadeiros marxistas-leninistas viam e compreendiam que, do ponto de vista marxista, tudo isto encontrava a sua expresso poltica no s nomenchevismo, no socialismo-revolucionrio, mas tambm no interior do nossopartido, no grupo do trotskismo menchevizante, ao qual se uniram os zinovievistas,os kamenievistas, bem como outros oposicionistas que se manifestavam comsonoras mas falsas bandeiras e designaes: Oposio Operria, CentralismoDemocrtico, e mais tarde sem qualquer disfarce (como no caso da fracokulaque desviacionista de direita bukharinista-rikovista). A luta contra todos estesgrupos e fraces era mais difcil do que com o menchevismo declarado e osocialismo-revolucionrio, porque, em primeiro lugar, estavam no interior doprprio partido, em segundo lugar porque entre eles havia tambm gente honestaque simplesmente se tinha desviado do leninismo. Mas esta luta era uma

    necessidade histrica, tanto contra os inimigos conscientes e activos do leninismo

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    como contra os seus cmplices involuntrios. Os operrios e o povo revolucionriocompreenderam isto e apoiaram o partido, o seu CC e Stline nesta luta.

    Esta foi uma luta contra a quinta coluna do fascismo hitleriano que ascendeuao poder na Alemanha e se preparava para a guerra contra o Pas dos Sovietes.Hoje, mais do que nunca, pode-se afirmar que esta luta poltica e a eliminao da

    quinta coluna na URRS tiveram um enorme papel histrico na vitria na GuerraPatritica sobre o inimigo da humanidade o fascismo alemo.

    O partido e os povos soviticos aperceberam-se disto com o seu instintorevolucionrio de classe e a conscincia de patriotas e internacionalistasrevolucionrios, e por isso apoiaram o Comit Central e o Governo nesta luta difcilencabeada por Stline.

    Os inimigos de classe, em particular os agentes do imperialismo, apresentam deforma caluniosa tudo isto como se estas matilhas de bandidos, espies,diversionistas fossem alegadamente uma inveno de Stline para eliminar os seusinimigos pessoais. Trata-se de uma diverso ideolgica do imperialismo.

    Infelizmente, mesmo que involuntariamente, so ajudados efectivamente poraqueles acusadores do culto da personalidade de Stline que, em vez de umacrtica partidria honesta dos erros ocorridos, alimentam, de forma especulativa,sensacionalista e pequeno-burguesa, uma campanha demaggica no nosso partidoe nas massas. Escamoteiam as condies histricas daquela poca, a agudeza daluta contra os inimigos da Unio Sovitica. Atribuem a Stline, s suascaractersticas pessoais negativas, todas as razes das tergiversaes e erros nestaluta. Ignoram o principal, a necessidade histrica desta luta, qual, infelizmente, se juntaram razes de carcter subjectivo. Isto diz respeito no s a Stline, mastambm a outros membros da direco de Stline do CC e do Governo,

    nomeadamente Mlotov, Vorochlov, Kaganvitch, Malenkov, e queles que hojerepresentam o papel de heris acusadores inocentes: Khruchov, Mikoian,Chvernik e outros.

    falso que, alegadamente, Mlotov, Vorochlov, Kaganvitch e Malenkovneguem os erros de Stline. Todavia, ao contrrio de Khruchov e dos camaradasque o apoiam Mikoian e Chvernik , consideram que na figura de Stline, emtoda a sua aco partidria revolucionria histrica, predominou o grande, opositivo. Consideram que a experincia e as lies da efectivamente grandiosa, noinflada artificialmente, obra de Stline na direco do partido, do povo sovitico detodas as nacionalidades, depois de Lnine e ao longo de 30 anos, constitui umgrande capital, no apenas histrico, mas actual, como toda a experincia domarxismo-leninismo. Este grande capital, a experincia de Stline, no pode servista de um modo leviano e pequeno-burgus.

    Os velhos bolcheviques e o Presidium do CC afirmavam: devemos criticar,suprimir e no permitir no futuro tudo o que de negativo foi admitido na prtica deStline e da direco de Stline, tanto por razes objectivas como subjectivas. Istoprejudica a nossa marcha em frente na via para o comunismo. Mas no devemosdeitar fora a experincia de Stline e de todos ns, a experincia e as lies da lutacontra os inimigos internos e externos do socialismo, os quais podem aindaaparecer, repetir a experincia do fascismo hitleriano e da sua quinta coluna, quefoi destroada, mas pode ressurgir. Stline e a sua grande experincia pertencem ao

    partido, ao Estado sovitico, aos povos soviticos e sua vanguarda a classe

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    operria, que nas condies actuais do nosso Estado sovitico conserva e deveconservar o seu papel dirigente, o papel hegemnico.

    Ningum conseguir apagar a memria de Stline no nosso pas, onde foivenerado, respeitado, saudado, a quem se manifestava dedicao e amor em cartas(enviadas nomeadamente da Ucrnia, Ao querido pai Stline, em cuja redaco

    Khruchov participou e subscreveu).Ningum conseguir eliminar Stline da histria da grande luta dos povos da

    URSS e do partido, como talentoso companheiro de Lnine, grande lder aclamadodo partido e dos povos soviticos, comandante do Exrcito Sovitico, terico eprtico revolucionrio do movimento comunista e operrio internacional. Aocriticarmos os erros de Stline e no permitir a sua repetio, mantemos no arsenalda nossa Ptria e do partido toda a sua rica experincia e lies da luta pela vitriado socialismo.

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    Notas soltas sobre a personalidade de Khruchov(finais dos anos 80)5

    Sinto a necessidade de responder a uma pergunta que alguns camaradas me

    fazem, e outros at me criticam, a propsito de ter sido eu sobretudo quempromoveu Khruchov durante uma srie de anos.

    Como secretrio do CC, dirigi o trabalho de quadros e promovi muitas pessoascapazes, em particular do meio operrio. Com Khruchov as coisas passaram-seassim. Em 1925, acabado de ser eleito secretrio-geral do CC do Partido Comunista(bolchevique) da Ucrnia, parti de Khrkov para o centro da nossa indstria, oDonbass, primeiro para Iuzovka, onde antes da revoluo trabalhei numaorganizao clandestina. Depois de visitar uma srie de minas, fbricas, aldeias ebairros participei na conferncia distrital do partido.

    Durante a conferncia veio ter comigo o camarada Khruchov. Disse-me: Voc

    no me conhece, mas eu conheo-o, esteve c no incio de 1917, voc era ento ocamarada Kocherovitch.6 Dirijo-me a si por um motivo pessoal: difcil para mimtrabalhar aqui. O caso que em 1923 e 1924 apoiei as intervenes dos trotskistas,mas no final de 1924 compreendi o meu erro, reconheci-o e at me elegeramsecretrio do comit de bairro. Mas esto sempre a lembrar-me disso, sobretudo ocamarada Moissienko, do Comit distrital. Veja, a minha delegao props-me para o presidium da conferncia, mas fui recusado. Pelos vistos aqui no medeixam trabalhar. Por isso, peo-lhe ajuda, como secretrio-geral do CC do PC(b)da Ucrnia, para que me transferiram para outro local.

    Khruchov deixou-me uma boa impresso. Gostei da forma aberta como

    reconheceu os seus erros e a avaliao sensata da sua situao. Prometi-lhe quequando chegasse a Khrkov pensaria na sua transferncia. Passado pouco tempo, omeu assistente comunica-me que o camarada Khruchov tinha chegado do Donbasse estava a telefonar da estao de comboios, pedindo que o recebesse. Respondi:Ento que venha. E recebi-o. Lembro-me de que me agradeceu por t-lo logorecebido. Eu pensava disse ele que teria de esperar longamente.

    Reparando que estava plido, perguntei-lhe: Possivelmente veio directamentedo comboio e ter fome? Sorrindo, disse: Voc v as coisas, uma pessoaperspicaz, de facto h muito que no como. Ento, coma, e depois falaremos.

    Serviram-lhe ch e sandes que ele comeu com apetite. Perguntei-lhe: E se para j lhe dssemos um lugar de instrutor na Seco de Organizao do CC? Depoisveremos, pode ser que surja uma possibilidade de trabalho local. Isso disseele at demasiado para mim, chego a Khrkov e vou logo para o aparelho doCC, mas uma vez que manifestou essa opinio, eu fico naturalmente muitoagradecido pela sua confiana e, evidentemente, aceito.

    Passado algum tempo vi que era um funcionrio capaz e ao saber que o comitdistrital de Kev precisava de gente nova, envimo-lo para Kev como instrutor doCC, e l elegeram-no chefe da Seco de Organizao do Comit Distrital.Trabalhou ali at 1929.

    5 Lazar Kaganvitch, Pmiatnie Zapiski(notas memoriais), ed. Vagrius, Moscovo, 2003,pp. 644-649. (N. Ed.)

    6Seguramente um dos nomes usados na clandestinidade por Kaganvitch. (N.Ed.)

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    Nessa altura eu j estava novamente no Secretariado do CC do PCU(b) emMoscovo. E eis que, em 1929, fui informado de que o camarada Khruchov tinhachegado de Kev e pedia para ser recebido. Recebi-o sem demoras. Vinha pedir-meapoio para ingressar na Academia Industrial I.V. Stline. Estudei na FaculdadeOperria disse mas no acabei, pois chamaram-me para trabalhar no

    partido, mas agora queria terminar os estudos na Academia Industrial. Como podem chumbar-me na admisso, peo encarecidamente a sua ajuda para meisentarem de exames, que eu recuperarei. A Academia Industrial era frequentadasobretudo por gestores econmicos, os quais tambm eram admitidos em partecom iseno de exames. Depois de me ter aconselhado com os camaradas Kibicheve Mlotov, telefonei para a Academia e pedi para admitirem o camarada Khruchov.

    Em 1930, j tinha sido eleito secretrio do Comit de Moscovo do partido,acumulando com as funes de secretrio do CC, tive de me ocupar da clula daAcademia Industrial as coisas no corriam bem. Ao participar numa reunio demilitantes da clula, assisti a vrias intervenes sobre o trabalho insatisfatrio do

    Bureau da clula e do seu secretrio. O prprio Khruchov interveio. Depois deconsultarmos o Comit de Bairro, propusemos o camarada Khruchov parasecretrio da clula. Neste perodo, a luta contra o desvio de direita agudizara-se eKhruchov deu boas provas de si na luta contra os direitistas. A conferncia dobairro de Baman elegeu o novo Comit de Bairro e o camarada Khruchov foi eleitoseu secretrio. Passado algum tempo surgiu a necessidade de um novo secretriopara um bairro maior, o de Krasnopresnenski, e ns decidimos propor o camaradaKhruchov para secretrio deste comit de bairro. Mais tarde, quando precismos deum segundo secretrio do Comit de Moscovo, eu, como primeiro secretrio,propus o camarada Khruchov, e depois Khruchov foi eleito primeiro secretrio doComit da Cidade de Moscovo do partido (CCM), que na altura estava integrado naorganizao do Oblast de Moscovo, por isso Khruchov manteve o cargo desecretrio do Comit de Moscovo.

    Lembro-me de me ter aconselhado com o camarada Stline sobre este assunto,falei-lhe de Khruchov, que era um bom funcionrio, e do seu desvio trotskista em1923-24. O camarada Stline perguntou: E ele superou esses erros? Respondi:No s superou como luta energicamente contra eles. Nesse caso disseStline de prop-lo, tanto mais se um bom funcionrio. Lembro-me de que,quando mais tarde almocei em sua casa, Stline perguntou sua mulher (elatambm estudava na Academia Industrial): Ndia, este o tal Khruchov daAcademia Industrial de quem me dizias que era um bom funcionrio? Sim

    respondeu ela. Ele um bom funcionrio. Depois convocaram o camaradaKhruchov para uma reunio do Secretariado do CC, onde o camarada Stline disse:Quantoao seu pecado no passado, deve diz-lo na conferncia antes das eleies,e o camarada Kaganvitch dir que o CC sabe disso e tem confiana no camaradaKhruchov. E assim foi feito.

    Em Moscovo, Khruchov trabalhou bem e justificou a confiana nele depositada.Mais tarde foi enviado pelo Comit Central para a Ucrnia, onde trabalhou comoprimeiro secretrio do CC do PC(b) da Ucrnia e presidente do Conselho deComissrios do Povo. Deu um grande contributo para o desenvolvimento daUcrnia, para a industrializao, colectivizao e para a luta contra os inimigos,

    nomeadamente trotskistas, direitistas e nacionalistas. Tal como outros, cometeu

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    naturalmente erros e faltas. Durante a Guerra Patritica, Khruchov deu boas provascomo membro de conselhos militares das frentes.

    Em 1947, o CC do PCU(b) reconheceu a necessidade de separar as funes desecretrio do CC e de presidente do Conselho de Ministros da Repblica SoviticaSocialistas da Ucrnia. O CC enviou para a Ucrnia o secretrio do CC do PCU(b) e

    membro do Politburo, camarada L.M. Kaganvitch, para desempenhar as funesde primeiro secretrio do CC do PC(b) da Ucrnia. Lembro-me de que Khruchov,desgostoso e talvez mesmo ofendido com a deciso do CC do PCU(b), recebeu-mepessoalmente com alegria, dizendo-me: Estou muito contente por seres precisamente tu quem enviaram para primeiro secretrio. Naturalmenteprometi-lhe que a minha tarefa era ajud-lo a ele e ao CC do PC(b) da Ucrnia. Eassim foi, trabalhmos em boa harmonia.

    Quando regressei a Moscovo, comuniquei ao camarada Stline que a situaoexistente na Ucrnia me tinha agradado embora permanecesse difcil, e pedi quefosse prestada uma ajuda suplementar repblica, o que mereceu grande ateno

    por parte do camarada Stline que concretizou essa ajuda. A seguir questionou-mesobre Khruchov. Fiz uma avaliao objectiva, notando que, como toda a gente, eletinha naturalmente defeitos, em particular referi os traos de presuno e sabichoque tinham surgido nele, mas tornara-se um grande quadro dirigente comcapacidade para crescer ainda mais.

    Convm referir que, nessa altura, Stline procurava intensivamente pessoascapazes e descobria-as. Por exemplo, descobriu e valorizou Pervkhine, Kossguinee Malenkov. Reparou em Malenkov quando o levmos para o Comit de Moscovo,onde foi responsvel de organizao, e nomeou-o, primeiro, adjunto e depoisresponsvel pela Seco de Organizao e Instruo do CC. Da mesma forma,

    Stline dirigiu a sua ateno para Khruchov.Pouco depois, o CC transferiu Khruchov da Ucrnia para Moscovo para asfunes de secretrio do Comit de Moscovo e mais tarde secretrio do CC.

    Alm disso, precisamente no incio dos anos 50, Stline comeou a aproximar-sede Khruchov. Em 1951-52, e at morte de Stline, Khruchov, Malenkov e Briatornaram-se convidados frequentes de Stline na datcha Blijnia.

    Tambm me perguntam hoje se no lamento ter introduzido Khruchov?Respondo: No, no lamento, vi-o crescer desde 1925 e tornar-se num grandedirigente escala de um krai ou de um oblast. Ele foi til ao nosso Estado e aonosso partido, a par de erros e insuficincias, dos quais ningum est livre. Noentanto, a torre de primeiro secretrio do CC do PCUS revelou-se ser demasiadoalta para ele. (Aqui, a iniciativa da sua apresentao no partiu de mim, apesar deter votado a favor). H pessoas que ficam com a cabea roda quando sobem muitoalto. Khruchov revelou-se ser uma dessas pessoas. Vendo-se na torre mais alta,ficou com a cabea roda, e desatou a fazer das suas, o que foi perigoso tanto paraele como sobretudo para o Estado e para o partido, tanto mais que lhe faltavamclaramente a firmeza e uma base terica e cultural. A modstia e o autodidactismo,que lhe eram inicialmente caractersticos, passaram para segundo plano, e osubjectivismo, a presuno de tudo saber, a eureka, dominaram o seucomportamento, e isto no podia acabar bem. Isto e muitas outras coisas levaram queda de Khruchov da torre mais alta.

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    Escrevi estas linhas sobre Khruchov antes de conhecer a edio das memriasde Khruchov. O livro publicado na Amrica apareceu em Moscovo, mas no o liporque no consegui arranj-lo.

    Quando perguntei ao camarada Mlotov se tinha lido essas memrias, disse-meque sim. Indagando-o sobre como as avaliava, respondeu-me: um documento

    antipartido. Ento questionei-o: Mas ser possvel que Khruchov tenha descidoto baixo?. Mlotov respondeu: Sim, sim, o seu enfurecimento pela forma comoacabou a sua carreira de dirigente de Estado f-lo cair, poltica e partidariamente, num torvelinho. Manifestando pena e indignao, comentei: Sim, isso muito triste, ao que Mlotov retorquiu: Sobretudo para ti, averdade que foste tu que o promoveste. Sim disse eu promovi-o, verdade, mas s at certo ponto. No o propus para o posto de primeiro secretriodo CC, prevendo que ele no daria conta do recado, que fracassaria. Todos vs,nomeadamente tu, Viatcheslav, aprovastes esta proposta de Malenkov e deBulgnine.

    Depois de ler as chamadas memrias de Khruchov, publicadas na revistaOgoniok, convenci-me de que a avaliao de Mlotov justa. Nem sequer vale apena responder a Khruchov para no descer ao nvel da vendedora de mercado quegrita para a vizinha: Porca s tu. Tive por ele ternos sentimentos de amizade,mas claro que me enganei. Conclui-se que Khruchov no um simples camaleo,mas um reincidente do trotskismo.

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    Sobre a resoluo do CC do PCUSSobre o Culto da personalidade e as suas consequncias

    (finais dos anos 80)7

    consensual que as decises do XX Congresso tiveram um caloroso apoio dopartido, do povo sovitico, bem como dos partidos comunistas e operrios irmos.8O CC, acima de tudo, desferiu um golpe ideolgico contra os inimigos do partido,sublinhando, na sua resoluo, que os inimigos do comunismo e do socialismoconcentram o fogo nas insuficincias que foram referidas pelo Comit Central donosso partido no XX Congresso. Procurando enfraquecer a grande fora patriticadas decises do XX Congresso do PCUS, os idelogos do capitalismo recorrem atodo o tipo de subterfgios e ardis para desviar a ateno dos trabalhadores dasideias vanguardistas e inspiradoras que so apresentadas pelo mundo socialistaante a humanidade.

    Nos ltimos tempos, afirma o CC, a imprensa burguesa lanou uma amplacampanha caluniadora anti-sovitica, como pretexto para a qual os crculosreaccionrios tentam utilizar alguns factos relacionados com a condenao peloPartido Comunista da Unio Sovitica do culto da personalidade de I.V. Stline.Alimentando uma campanha caluniadora, os idelogos da burguesia procuram denovo, sem xito, lanar uma sombra sobre as grandes ideias do marxismo-leninismo, minar a confiana dos trabalhadores no primeiro pas socialista domundo a URSS, e provocar confuso nas fileiras do movimento comunista eoperrio internacional. Indicando que a experincia histrica nos ensina que osinimigos de classe do proletariado procuram sempre utilizar os factos e momentos

    que lhes so vantajosos para quebrar a unidade internacionalista e dividir omovimento operrio internacional, o CC constatou que tambm os partidoscomunistas e operrios irmos discerniram a tempo esta manobra dos inimigos dosocialismo e do-lhes a merecida resposta.

    Entretanto, sublinha o CC, seria errado fechar os olhos ao facto de que algunsdos nossos amigos estrangeiros no entenderam inteiramente a questo do culto dapersonalidade e as suas consequncias, e por vezes fazem uma interpretaoincorrecta de algumas teses ligadas ao culto da personalidade. Deve-se dizer quetais interpretaes incorrectas foram feitas por um grande nmero de membros donosso partido, incluindo uma parte de membros do CC.

    Na sua resoluo, o CC explica circunstanciadamente a questo do culto dapersonalidade, com base nos princpios do marxismo-leninismo relativos ao papeldas massas populares, do partido e de certas personalidades na histria, sobre ainadmissibilidade do culto da personalidade da direco poltica por muito grandesque sejam os seus mritos.

    7 Lazar Kaganvitch, Pmiatnie Zapiski(notas memoriais), ed. Vagrius, Moscovo, 2003,pp. 649-665. (N. Ed.)

    8 de crer que autor se refere s decises de carcter poltico, social e econmicotomadas no XX Congresso, e no propriamente crtica de Stline, a qual no figurou

    oficialmente nem na ordem de trabalhos nem nos documentos aprovados, excepo deuma telegrfica resoluo j aqui referida (Ver nota 6 de Os ltimos anos na direco dopartido) (N. Ed.)

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    O nosso partido demonstrou grande fora e solidez, como nenhum dos partidosgovernantes dos pases capitalistas possui, quando, no XX Congresso, por iniciativado Comit Central, considerou necessrio falar, aberta e corajosamente, daspesadas consequncias do culto da personalidade, dos erros srios que foramcometidos no ltimo perodo da vida de Stline, e apelar a todo o partido, num

    esforo conjunto, para pr termo a tudo aquilo que o culto da personalidade trouxeconsigo.

    Grande importncia tem a parte da resoluo do CC em que se afirma: Opartido partiu do pressuposto de que mesmo que a interveno contra o culto dapersonalidade crie algumas dificuldades temporrias, a prazo, do ponto de vistados interesses radicais e fins ltimos da classe operria, tal iniciativa proporcionar um enorme resultado positivo. Ao mesmo tempo estabelecem-seslidas garantias de que nunca mais no futuro podero surgir fenmenossemelhantes ao culto da personalidade no nosso partido e no pas, de que, no futuro, a direco do partido e do pas ser feita colegialmente, na base da

    aplicao da poltica marxista-leninista, nas condies de uma ampla democraciainterna no partido, com a participao criativa de milhes de trabalhadores, numcontexto de desenvolvimento, por todos os meios, da democracia sovitica .Adicionalmente ao que foi dito no XX Congresso, na resoluo do CC sublinha-se osmritos de Stline na luta do partido e nos xitos alcanados na construo dosocialismo, nessa proeza histrica universal que foi realizada pelo povo sovitico. Durante os primeiros quinqunios, o pas economicamente atrasado deu umsalto gigantesco no seu desenvolvimento econmico e cultural, em resultado dosesforos intensos e hericos do povo e do partido. Com base nos xitos daconstruo do socialismo foi elevado o nvel de vida dos trabalhadores e extinto para sempre o desemprego. No pas teve lugar uma profundssima revoluocultural. Permanecendo durante um longo perodo no posto de secretrio-geral doCC do partido, I.V. Stline, juntamente com outros dirigentes, lutouenergicamente pela materializao do legado de Lnine. Dedicado ao marxismo-leninismo, como terico e grande organizador liderou a luta do partido contra ostrotskistas, oportunistas de direita, nacionalistas burgueses, contra as manobrasdo cerco capitalista. Nesta luta poltica e ideolgica, Stline granjeou uma grandeautoridade e popularidade. No entanto, no correcto ligar todas as nossasgrandes vitrias ao nome de Stline. Os xitos alcanados pelo partido comunistae pelo Pas dos Sovietes e os elogios feitos a Stline fizeram-lhe perder a cabea. 9 Neste contexto comeou gradualmente a formar-se o culto da personalidade de

    Stline.Particularmente importante na resoluo do CC de 30 de Junho o facto de o CC

    analisar a obra de Stline em estreita ligao com as condies histricas, nas quaisdecorreu a luta revolucionria contra os inimigos e a construo do socialismo naURSS, algo que todos deveriam conhecer e ter sempre em conta, em especial anossa juventude. O Pas dos Sovietes indica o CC na sua resoluo foi o pas que

    9 Nesta resoluo do CC de Junho de 1956, que veio repor uma certa parte da verdade

    histrica espezinhada no relatrio secreto de Khruchov, permanecem afirmaesgratuitas, totalmente infundadas e inadmissveis, como esta de que, alegadamente, oselogios tero feito Stline perder a cabea. (N. Ed.)

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    sozinho abriu humanidade o caminho para o socialismo. Como uma fortalezasitiada, manteve-se sob o cerco capitalista.

    Os inimigos do Pas dos Sovietes no Ocidente e no Oriente, depois da fracassadainterveno de 14 Estados, em 1918-20, continuaram a preparar as suas cruzadascontra a URSS. Os inimigos enviaram espies e diversionistas em grande

    quantidade para a URSS, procurando por todos os meios minar o primeiro estadosocialista no mundo. A ameaa de uma nova agresso contra a URSS acentuou-seespecialmente depois da ascenso do fascismo ao poder na Alemanha em 1933, queproclamou como objectivo a eliminao do comunismo e da Unio Sovitica primeiro Estado dos trabalhadores no mundo.

    Todos se recordam da formao do chamado pacto anti-Komintern, do eixoBerlim-Roma-Tquio, apoiados activamente por toda a reaco mundial. Numasituao de perigo iminente de uma nova guerra, e de recusa por parte daspotncias ocidentais das medidas vrias vezes propostas pela Unio Sovitica pararefrear o fascismo e organizar a segurana colectiva, o Pas dos Sovietes foi forado

    a dirigir todas as suas foras para consolidar a defesa e contrariar as manobras docerco capitalista.O partido teve de educar o povo no esprito da vigilncia permanente e do estado

    de prontido ante os inimigos externos. As manobras da reaco internacional eram tanto mais perigosas quanto, no

    interior do pas, h muito que decorria uma luta de classes encarniada, na qual sedecidia quem vence quem?. Depois da morte de Lnine, activaram-se ascorrentes hostis trotskistas, oportunistas de direita, nacionalistas burgueses que defendiam posies de negao da teoria leninista sobre a possibilidade da vitria do socialismo num s pas, o que na prtica conduzia restaurao do

    capitalismo na URSS. O partido comunista desenvolveu uma luta implacvel contraestes inimigos do leninismo. Cumprindo o legado de Lnine, o partido comunistaaprovou a linha da industrializao socialista, da colectivizao da agricultura e darealizao da revoluo cultural. O CC sublinha que no caminho para a resoluodas enormes e difceis tarefas da construo da sociedade socialista num s pas,nas condies do cerco capitalista, a nossa Ptria Sovitica e o seu partidocomunista tiveram de superar dificuldades imensas e extraordinrias. Sem ajudaexterior, num curtssimo prazo de dez anos, tnhamos de eliminar o atraso secular ereconstruir a economia nacional nas novas bases socialistas. Esta situaocomplexa internacional e interna exigia uma disciplina de ferro, o reforoincessante da vigilncia, uma estrita centralizao da direco, o que no podiadeixar de se reflectir negativamente no desenvolvimento de algumas formas dedemocracia. Durante a luta encarniada com todo o mundo imperialista, o nossopas teve de recorrer a certas limitaes da democracia, justificadas pela lgica daluta do nosso povo pelo socialismo nas condies do cerco capitalista. Na suaresoluo, o CC explica que o partido e o povo consideravam j na altura estaslimitaes como temporrias, que seriam eliminadas medida que o Estadosovitico se consolidasse, crescessem e se desenvolvessem as foras da democracia edo socialismo em todo o mundo. O povo aceitou conscientemente estes sacrifciostemporrios, vendo a cada dia os novos xitos do regime social sovitico . O CCsublinha que o povo sovitico superou todas as dificuldades na via da construo do

    socialismo, sob a direco do seu partido comunista, que seguiu perseverante,consequente e firmemente a linha geral leninista. Os soviticos refere o CC

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    conheciam Stline como um homem que intervinha sempre em defesa da URSS,contra as manobras dos inimigos e que se batia pela causa do socialismo. Nestaluta, utilizava por vezes mtodos imprprios, violava os princpios e as normas davida do partido. Foi esta a tragdia de Stline. Mas tudo isto, por outro lado,dificultava a luta contra as arbitrariedades cometidas, uma vez que os xitos da

    construo do socialismo, o fortalecimento da URSS, nas condies do culto dapersonalidade, eram atribudos a Stline.

    questo porque que o ncleo leninista de dirigentes existente no CC nointerveio abertamente contra Stline, o CC responde: Qualquer intervenocontra ele nestas condies no seria compreendida pelo povo, a questo aquinada tem a ver com a falta de coragem pessoal. claro que algum que, nestascondies, se manifestasse contra Stline no teria apoio no povo. Alm disso,uma interveno semelhante seria considerada na altura como contrria causado socialismo, como um acto extremamente perigoso de quebra da unidade dopartido e de todo o Estado nas condies do cerco capitalista. Acresce que os xitos

    alcanados pelos trabalhadores da Unio Sovitica, sob a direco do seu partidocomunista, infundiam um legtimo orgulho no corao de cada sovitico ecriavam uma atmosfera, na qual, tendo enormes xitos como pano de fundo, errosisolados e insuficincias pareciam menos importantes, ao mesmo tempo que asconsequncias negativas destes erros eram rapidamente compensadas pelasforas vitais do partido e da sociedade sovitica que registavam um crescimentocolossal.

    Os erros e arbitrariedades tiveram efectivamente lugar. Mas Stline no foi onico culpado. Uma determinada parte da culpa recai sobre cada um de ns,membros do Politburo/Presidium do CC, nomeadamente sobre Khruchov. Em vezde o reconhecer, Khruchov condimentou, exagerou, efabulou literariamente eacrescentou o seu ponto, especulou sobre os erros e casos de arbitrariedades,proporcionando assim, voluntria ou involuntariamente, aos inimigos apossibilidade no s de difamar Stline, que prestou grandes servios ao povosovitico e ao proletariado mundial, mas tambm ao nosso partido e a todo osistema sovitico de ditadura do proletariado.

    Podem perguntar: Mas porque que no colocou esta questo no XXCongresso?. Ao que j foi dito atrs podemos acrescentar um aspecto essencial:Ns, o ncleo fundamental, bolchevique e leninista do Presidium do CC, estvamospreocupados com o objectivo principal de conservar a unidade do partido e do CC.Isto determinou tambm a nossa prudncia, diria mesmo, a nossa excessiva moleza,

    inclusivamente na crtica a certas teses do relatrio do CC, s quais no foi dadaformulao mais correcta, em particular no captulo 6. Isto determinou tambm acircunstncia de no termos intervindo no Congresso sobre o inesperado relatriosuplementar Sobre o Culto da Personalidade e as suas Consequncias. Recemosque isso pudesse conduzir quebra da unidade do partido e do CC. Pode-se,evidentemente, criticar este procedimento, mas ele foi ditado pela nossapreocupao principal conservar a unidade do partido e do CC. Reflectiu-se aquiainda o facto de, durante uma srie de anos, termos sido combatentes leninistascontra o fraccionismo oposicionista e, por exemplo, excepo das comunicaesoficiais, enquanto membros do colectivo dirigente, o Politburo, no mantnhamos

    conversas privadas, em separado, sobre assuntos do Politburo, nomeadamentesobre a questo do relatrio de Khruchov. Mesmo no XX Congresso, tal como nos

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    anos seguintes, fomos fiis resoluo do X Congresso sobre a unidade do partido ea inadmissibilidade do fraccionismo. Khruchov aproveitou-se deste nossoantifraccionismo para, ao mesmo tempo, criar efectivamente o seu grupofraccionrio, que era um centro organizado nas costas do Presidium oficial do CC.Isto, por exemplo, fez com que, depois do XX Congresso, sem discusso colectiva no

    Presidium do CC ou sequer mesmo ter sido dado conhecimento a todos os seusmembros, tenham sido levadas a cabo as iniciativas hericas de derrubamentodo falecido Stline, e de destruio de todas as esculturas e monumentos a Stline(entre os quais havia obras artsticas de grande valor). As ordens eram dadas sem oconhecimento de uma srie de membros do Presidium (designadamentede mim).Isto refere-se igualmente retirada dos livros de Stline das bibliotecas e destruio da sua maioria, incluindo obras clssicas fundamentais como Princpiosdo Leninismo, e outras.

    Por fim, a transladao nocturna do tmulo de Stline do Mausolu foitambm feita sem discusso e mesmo sem o conhecimento da maioria dos

    membros doPresidium do CC.Elementos hostis e dissidentes podem at elogiar Khruchov por estahabilidade, mas isto no foi a habilidade dele em contraposio com a nossainpcia, mas a recada de Khruchov no trotskismo, do qual foi partidrio nosanos 20.

    Se antes no evocvamos sem necessidade os pecados trotskistas do passado deKhruchov, e Stline tinha-los perdoado, hoje pode-se dizer com segurana que nodescomedimento e nos mtodos de luta contra o falecido Stline revelaram-se emanifestaram-se os resqucios dos seus pecados trotskistas passados e do seucarcter vingativo trotskista.

    A superao do chamado culto da personalidade, dos erros ocorridos e das suasconsequncias, necessria nos interesses do partido e do pas, mas no exigia oalarido sensacionalista, vulgar, pequeno-burgus, feito por Khruchov no seurelatrio especial, num esforo para vincar o seu papel herostrtico.10 Istopoderia ter sido feito no quadro do esprito leninista de partido, dentro das normasleninistas de funcionamento do partido, sem o sensacionalismo vulgar, sem causardanos ao partido e ao Estado.

    Sem exagerar a perfeio da resoluo do CC sobre o culto da personalidade,pode-se dizer com rigor que desempenhou um papel importante para acompreenso mais profunda e mais correcta dos membros do partido, da classeoperria e dos trabalhadores, da essncia da questo do culto da personalidade, dodano que causou, segundo uma interpretao correcta marxista-leninistarevolucionria e de classe.

    Isto, naturalmente, teve reflexos positivos tambm nos partidos comunistasirmos de outros pases. E ainda hoje particularmente importante porque, como justamente se afirma na resoluo do CC, nos ltimos tempos foi lanada umaampla campanha caluniadora anti-sovitica, para a qual os crculosreaccionrios tentam utilizar como pretexto alguns factos relacionados com a

    10

    Neologismo do autor, que alude ao incendirio grego Herstrato, responsvel peladestruio do Templo de Diana em feso, considerado uma das Sete Maravilhas daAntiguidade. (N. Ed.)

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    condenao pelo Partido Comunista da Unio Sovitica do culto da personalidadede I.V. Stline.

    Tambm actualmente, nos anos 70-80, os anti-soviticos, anticomunistas,agentes do imperialismo continuam a utilizar a questo do culto da personalidadede I.V. Stline para abalar o prestgio e o poderio dos pases socialistas em

    proveito do imperialismo e dos incendirios da guerra. Os inimigos concentram oseu fogo na crtica ao fundamento dos fundamentos: a justa luta pela vitria dosocialismo, no sistema de poder poltico do proletariado.

    Os apologistas da ditadura burguesa, que criticam o culto da personalidade deStline, apresentam-se a si prprios como humanistas ao mesmo tempo queapoiam o arbtrio selvagem dos burgueses exploradores dos operrios e a repressosangrenta dos povos. A crtica dos nossos erros por eles utilizada como pretextopara subverter o socialismo e a luta revolucionria do proletariado pelo socialismo,para subverter a prpria Revoluo Socialista de Outubro e o Poder Sovitico.

    Os revolucionrios proletrios devem ter sempre presente que foram

    precisamente os imperialistas e os seus agentes nas intervenes, conspiraes,diverses, que obrigaram o Poder Sovitico e o partido bolchevique a adoptar asnecessrias medidas extremas de luta luta na qual houve erros e deformaes.No se pode ajuizar correctamente estes erros sem o conhecimento, compreenso,avaliao e percepo dos factos histricos dessa luta desesperada,extraordinariamente dura, que foi travada sob a direco do partido e do seuComit Central por massas de muitos milhes de operrios, camponeses etrabalhadores da Rssia contra os imperialistas nacionais e estrangeiros,intervencionistas, guardas brancos, sabotadores, conspiradores, espies ediversionistas, em cujo auxlio se envolveram no s os mencheviques e socialistas-

    revolucionrios, mas tambm os renegados ensandecidos trotskistas e direitistasno interior das fileiras do nosso partido. No se pode desculpar os trotskistas edesviacionistas de direita pelo facto de serem membros do partido. Com efeito,tambm os mencheviques eram membros do POSDR antes da ciso, e passados 10-12 anos tornaram-se contra-revolucionrios.

    Esta foi uma luta que salvou a revoluo, o socialismo e o Estado sovitico. Nessaluta contra verdadeiros inimigos foram cometidos excessos, erros e abusos depoder, que o partido condenou e tomou medidas para a sua preveno no futuro.

    Ao fazer-se o balano da vida e obra de Stline, enquanto combatente contra otsarismo, contra o capitalismo e os seus agentes, pelo marxismo-leninismo, pelosocialismo e pelo comunismo, pela vitria da Revoluo de Outubro, do Estadosovitico, pela construo do socialismo na URSS e pela derrota dos ocupantesfascistas na Guerra Patritica, preciso antes de mais no reproduzir asinvencionices caluniadoras dos imperialistas, mas, numa ptica revolucionria,cientfica, de partido e leninista, respeitar as propores na avaliao do positivo edo negativo, repudiar o alarido pequeno-burgus, o sensacionalismo, odescomedimento e a sobreposio dos erros e defeitos a tudo o que dehistoricamente grandioso foi feito por Stline em prol do partido, do povo e do pas.