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Universidade do Estado do Pará Universidade Federal do Amazonas Centro de Ciências Biológicas e da Saúde Programa de Pós-Graduação em Enfermagem Escola de Enfermagem Magalhães Barata Curso de Mestrado Associado de Enfermagem Daiane de Souza Fernandes Avaliação da capacidade funcional de idosos longevos amazônidas BELÉM/PA 2015

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Universidade do Estado do Pará

Universidade Federal do Amazonas

Centro de Ciências Biológicas e da Saúde

Programa de Pós-Graduação em Enfermagem

Escola de Enfermagem Magalhães Barata

Curso de Mestrado Associado de Enfermagem

Daiane de Souza Fernandes

Avaliação da capacidade funcional de idosos

longevos amazônidas

BELÉM/PA

2015

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Daiane de Souza Fernandes

Avaliação da capacidade funcional de idosos longevos amazônidas

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação Mestrado Associado de Enfermagem UEPA-UFAM como requisito para obtenção do título de Mestre. Área de concentração: Enfermagem Linha de Pesquisa: Educação e tecnologia de Enfermagem para o cuidado em saúde a indivíduos e grupos sociais. Orientadora: Prof.ª. Drª. Maria Izabel P. de Oliveira Santos.

BELÉM/PA

2015

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Dados Internacionais de Catalogação-na-Publicação (CIP) Sistema de Bibliotecas da UEPA

Fernandes, Daiane de Souza

Avaliação da capacidade funcional de idosos longevos amazônidas / Daiane de Souza Fernandes. -- Belém, 2015.

92 f. : il.

Orientador: Maria Izabel P. de Oliveira Santos. Dissertacão (Mestrado em Enfermagem) - Universidade do Estado do Pará,

Belém, 2015.

1. Enfermagem. 2. Idosos - Amazônia. 3. Enfermagem geriátrica. I. Santos, Maria Izabel P. de Oliveira, Orient. II. Título.

CDD 22.ed. 610.73 ___________________________________________________________________

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Daiane de Souza Fernandes

Avaliação da capacidade funcional de idosos longevos amazônidas

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação Mestrado Associado de Enfermagem UEPA-UFAM como requisito para obtenção do título de Mestre. Área de concentração: Enfermagem Linha de Pesquisa: Educação e tecnologia de Enfermagem para o cuidado em saúde a indivíduos e grupos sociais. Orientadora: Prof.ª. Drª. Maria Izabel P. de Oliveira Santos.

Data: _____/_____/______

Banca Examinadora:

______________________________________________– Orientadora

Prof.ª Dr.ª Maria Izabel Penha de Oliveira Santos Doutora em Enfermagem - UFRJ Universidade do Estado do Pará ______________________________________________– Examinadora Interna

Prof.ª Dr.ª Angela Maria Rodrigues Ferreira Doutora em Enfermagem - UFRJ Universidade do Estado do Pará

_____________________________________________– Examinadora Interna

Prof.ª Dr.ª Iaci Proença Palmeira (Suplente) Doutora em Enfermagem - UFRJ Universidade do Estado do Pará ______________________________________________– Examinadora Externa

Prof.ª Dr.ªLuciaHisako Takase Gonçalves Doutora em Enfermagem – USP/SP Universidade Federal do Pará _______________________________________________– Examinadora Externa

Prof.ªDr.ª Silvana Sidney Costa Santos (Suplente) Doutora em Enfermagem– UFSC Universidade Federal do Rio Grande/RS

BELÉM/PA

2015

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A Deus, minha estrutura e fortaleza,

Toda honra e glória sejam dadas a ti, Pai.

Ao meu anjo na terra, Sophia,

Que, mesmo sem saber, motiva-me em cada passo dado.

Minha luz, paz e motivo sublime de felicidade

Amo-te, minha adorável filha.

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AGRADECIMENTOS

Aos amados idosos longevos que participaram do estudo. Aprendi muito com

vocês. A cada entrevista um sorriso, abraço, aperto de mão, olhar ou

lágrimas, os quais me transportavam a um momento de reflexão e

aprendizado. Quanta sabedoria vocês possuem! Que Deus abençoe a cada

um abundantemente.

Ao meu esposo e companheiro nesta linda caminhada, Eloi. Obrigada pelo

apoio incondicional, paciência e compreensão da ausência por vezes

necessária. Amo você.

Aos meus pais Silvio e Sani, irmãos Silvinho e Tuane, que, mesmo com a

distância geográfica que nos separa, sei que torcem e regozijam-se pelas

minhas conquistas. Amos vocês.

Aos meus amados avós maternos Benedito (in memoriam) e Cecília, paternos

Purdenciana (in memoriam) e Sebastião. Vocês foram os primeiros idosos

com quem tive contato na vida e tenho certeza que através do nosso convívio

descobri o amor na gerontologia. Este estudo é para vocês, meus amados,

minhas fontes de inspiração. A cada trecho escrito lembrava de cada um, isto

me marcou profundamente. Amo vocês.

À Patrícia, minha filha do coração. Se hoje cheguei aqui, saiba que a sua

participação foi fundamental. Muito obrigada por tudo.

Em especial à Profa. Dra. Izabel Penha, minha orientadora, por toda

dedicação, condução e direcionamentos para com este estudo. Você é um

exemplo de docente a ser seguido. Saiba que aprendi muito com você e

buscarei compartilhar este aprendizado com meus alunos. Muito obrigada por

tudo, estimada Professora.

À Profa. Dra. Lucia Takase, por estimular um mergulho profundo na

gerontologia, estimulando-me a trilhar caminhos na Enfermagem

Gerontológica para o fortalecimento da mesma Universidade. Admiro muito

você, que é um espelho como pessoa e profissional em que busco me

esmerar no cotidiano.

Às Professoras Dra. Angela Ferreira e Dra. Silvana Sidney, pela partilha neste

estudo desde a qualificação até a finalização. Muito obrigada pelas valiosas

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contribuições.

Aos Professores doPrograma de Pós Graduação em Enfermagem PPGENF-

UEPA, Dra. Mary Elizabeth, Dra. Ana Gracinda, Dra. Elizabeth Teixeira, Dra.

Iaci Proença, Dra. Laura Vidal, Dra. Ivaneide Leal, Dra. Ivonete Pereira, Dra.

Margareth Sá, Dr. Nelson Ribeiro, muito obrigada pelo compartilhamento do

saber.

À Coordenação do PPGENF- UEPA, pela disponibilidade durante os dois

anos de caminhada.

À Nelma, secretária do PPGENF-UEPA pela resolutividade de todas as

demandas durante este período de convivência.

À PROPESP/UEPA pelo incentivo através de fomentos da FAPESPA para

realização deste estudo.

Ao Grupo de Pesquisa Ensino e Extensão em Saúde do Idoso da

Amazônia(GESIAMA)pelo apoio e incentivo à pesquisa na nossa região.

Tenho muito orgulho em fazer parte deste grupo.

Aos meus amados amigos de turma: Adilson, Anderson, Camila, em especial

Cláudia e Érika. Construímos uma linda história. Nossos caminhos não se

cruzaram à toa, foi providência divina.

À minha amiga Profa.Msc. Andrea Costa da Universidade Federal do Pará

(UFPA). Você foi fundamental nesta conquista, pois foram dois anos em que

tive que conciliar minha entrada como docente na Universidade e o Mestrado,

e o seu apoio incondicional foi fundamental. Você é um presente de Deus na

minha vida.

Às Professoras Msc.Ana Paula e Dra. Heliana Chaves da UFPA, colegas de

semestre, muito obrigada pelo amparo constante.

Meus estimados alunos da monitoria e extensão: Magaly, Christopher,

Fernanda, Oziele, Débora, Stelacelly e Carol. Vocês foram essenciais nesta

caminhada.

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RESUMO

FERNANDES, Daiane de Souza. Avaliação da capacidade funcional de idosos longevos amazônidas. Belém-Pará, 2015. Dissertação (Mestrado em Enfermagem) - Escola de Enfermagem Magalhães Barata, Universidade do Estado do Pará, 2015.

O objetivo deste estudo foi avaliar a capacidade funcional dos idosos longevos amazônidas. Método: estudo epidemiológico, transversal, analítico realizado com 116 idosos com idade igual ou maior que 80 anos, cadastrados em uma Unidade Municipal de Saúde na Cidade de Belém-Pará, Brasil. Método: os dados foram obtidos por meio de formulário contendo as variáveis do estudo. Para avaliação da capacidade funcional utilizou-se a Medida de Independência funcional e para avaliação cognitiva o Mini Exame do Estado Mental. Construiu-se um banco de dados no Statistical Package for the Social Science 20.0. Realizou-se a análise univariada e bivariada, pelas medidas de proporção, média, desvio padrão e o teste Qui-Quadrado de Pearson, admitindo-se um erro amostral de α=5% e o p(valor)≤0,005. Resultados: dentre os longevos, 64,7 % eram mulheres, 48,3% viúvos, 97,4% possuíam filhos, 89,7% moravam com familiares, 65,6% eram procedentes do interior do estado, 92,2% apresentavam renda mensal de um salário mínimo advinda de benefícios, 92,2% não possuíam trabalho com renda, 36,2% eram analfabetos. As comorbidades se destacaram, 69,0% eram ex fumantes, 83,6% não ingeriam bebida alcoólica, 87,1% eram sedentários, 61,2% não caíram nos últimos 12 meses, 17,2% relataram como principal atividade de lazer ir à igreja. Quanto aos aspectos cognitivos observou-se, que quanto menor a escolaridade, pior o desempenho cognitivo (p=0.00). Na avaliação da capacidade funcional pela Medida de Independência funcional, notou-se que nos domínios autocuidado, controle de esfíncteres e locomoção os idosos apresentaram independência modificada, enquanto que na mobilidade/transferência a maioria dos longevos já necessitava de supervisão. Na relação da Medida de Independência funcional com o sexo verificou-se que no desempenho para o autocuidado e controle dos esfíncteres não houve diferença quanto ao sexo (p valor ≥0,05). Na mobilidade (transferência) os homens apresentaram independência total, já as mulheres necessitavam de supervisão (com p valor ≤0,05). Na associação entre a Medida de Independência funcional e faixa etária observou-se que a independência modificada estava presente nos idosos, predominantemente na faixa etária de 80-89 anos (com p valor ≤0,05). Conclusões: apesar dos idosos terem desenvolvido alguma morbidade ainda apresentam uma capacidade funcional para o dia-a-dia, mesmo que necessitem de supervisão para as tarefas de maior gasto energético como a mobilidade e transferência. Os resultados deste estudo evidenciaram as peculiaridades do cuidado mostrando que a avaliação da capacidade funcional no atendimento ao idoso longevo é uma estratégia fundamental para identificação precoce de declínios funcionais, e sua manutenção e preservação, e que essa atividade poderia ser desenvolvida por todos os profissionais de saúde, estendida nesta pesquisa ao Enfermeiro, implicando na prevenção de incapacidades futuras, na redução de custo ao Sistema Único de Saúde, assim como para o idoso e família.

Palavras-chave: Idoso de 80 anos ou mais. Capacidade funcional. Saúde coletiva. Enfermagem.

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ABSTRACT

FERNANDES, Daiane de Souza. Assessmento functional capacity of the oldest Amazonia nelderly. Belém, Pará,2015. Dissertation (Master of Nursing) Nursing Magalhães Barata, State University of Pará,2015. The objective of this study was to evaluate the functional capacity of the oldest Amazonian elderly. Method: epidemiological, cross-sectional analytical study of 116 elderly aged more than 80 years, registered in a Municipal Health Unitin the city of Belem-Para. Method: Data were collected through a form containing the study variables. Toassess functional capacity used the Functional Independence Measure and cognitive assessment the Mini Mental State Examination. It built up a data base in Statistical Package for the Social Science 20.0. We conducted univariate and bivariate analysis, through the proportion of measurements, mean, standard deviation and the Chi-square test of Pearson assuminga sampling error ofα= 5% and p(value)≤0,005. Results: Among the oldest old, 64.7% were women, 48.3% widowed, 97.4% had children, 89.7% lived with family members, 65.6% were from the interior of the state,92.2% had monthly income of a minimum wagearising benefits,92.2% had no job within come, 36.2% were illiterate. Comorbidities stood out, 69.0% were for mer smokers, 83.6% did not consume alcohol, 87.1% were sedentary, 61.2 %have not fallenin the last 12 months,17.2% reported as the main leisure activity go to church.As for the cognitive aspects it was observed that the lower the educational level, the worse the cognitive performance(p =0:00). In the assessment of functional capacity through the MIF, it was noted that the are asself-care, sphincter control and locomotion subjects presented modified independence, while mobility/ transfer most long-lived longer need ed supervision.The relationship of MIF with sex it was found that the performance for self-care and sphincter control there was no difference in gender (pvalue≥0,05). While mobility (transfer) men had full independence, while women need ed supervision with p value(≤0,05). The association between MIF and age was observed that the modified independence was present predominantly in the elderly aged 80-89years, with p value(≤0,05). Conclusions: The results showed that although older people have developed some morbidity, but still have a functional capacity for day-to-day, even in need of supervision for tasks requiringg reater energy expendituresuch as mobility and portability. Therefore, the results of this study drew attention to the care of the peculiarities showing that the assessment of functional capacityin serving the elderly longevity isa key strategy for early identification of functional decline, as well as its maintenance and preservation, and that this activity could be developed for all health professionals, and consequently extended this study to Nurse, resulting in preventing further disability, reduced costto the National Health System, as well as for the elderly and family. Keywords: Aged,80 and over. Functional capacity.Public health.Nursing.

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LISTA DE QUADROS

p.

QUADRO 01 - Distribuiçãodos artigos brasileiros segundo autores,

título, ano de publicação, área da saúde e objetivo

QUADRO 02 - Distribuição dos artigos estrangeiros segundo o título,

periódico/ base de dados, ano de publicação, categorias e

autores

QUADRO 03 - Esquema de classificação da Medida de Independência

Funcional (MIF)

QUADRO 04 - Domínios e tarefas da MIF motora com suas respectivas

pontuações

75

76

37

40

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LISTA DE FIGURAS

p.

FIGURA 01 - População de 80 anos ou mais de idade, por sexo

FIGURA 02 - Distribuição percentual da população projetada por grupo de

idade – Brasil – 2020/2060

FIGURA 03 - Saúde e funcionalidade

FIGURA 04 - Diagrama do delineamento amostral

23

28

36

22

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LISTA DE TABELAS

p.

TABELA 01 - Perfil sociodemográfico dos idosos longevos que participaram do

estudo. Belém-PA, 2015

TABELA 02 - Distribuição das condições epidemiológicas de saúde dos idosos

longevos, Belém - PA, 2015

TABELA 03 - Distribuição da função cognitiva dos idosos longevos que

participaram do estudo segundo o ponto de corte da

escolaridade do Mini Exame do Estado Mental (MEEM) –

Belém-PA, 2015

TABELA 04 - Distribuição do desempenho dos idosos longevos do estudo

segundo os domínios da MIFm (Medida de Independência

Funcional Motora), Belém-PA, 2015

TABELA 05 -Distribuição do nível de independência dos idosos longevos que

participaram do estudo, segundo o sexo. Belém –PA, 2015

TABELA 06 -Distribuição do nível de independência dos idososlongevos que

participaram do estudo, segundo a faixa etária, Belém -PA,

2015

44

45

46

46

47 75

48

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LISTA DE SIGLAS

ABEn Associação Brasileira de Enfermagem

APS Atenção Primária à Saúde

CAPES Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior

CEP Comitê de Ética e Pesquisa com Seres Humanos

CIF Classificação Internacional de Funcionalidade

DAGUA Distrito Administrativo do Guamá

DCNTs Doenças Crônicas Não Transmissíveis

DeCS Descritores em Ciências da Saúde

ESF Estratégia Saúde da Família

HAS Hipertensão Arterial Sistêmica

Hiperdia Sistema de Cadastro e acompanhamento de Hipertensos e Diabéticos

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

MEC Ministério da Educação e Cultura

MEEM Mini Exame do Estado Mental

MIF Medida de Independência Funcional

MIFm Medida de Independência Funcional motora

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PNSPI Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa

SESMA Secretaria Municipal de Saúde de Belém

SIS Síntese de Indicadores Sociais

SPSS Statistical Package for Social Sciences

SUS Sistema Único de Saúde

TCLE Termo de Consetimento Livre e Esclarecido

UMS Unidade Municipal de Saúde

WHO World Health Organization

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SUMÁRIO

CAPÍTULO I INTRODUÇÃO...........................................................................................................16 1.1. Apresentação do estudo..................................................................................16

1.2. Justificativa......................................................................................................19

1.3. Contextualização do problema da pesquisa....................................................21 1.3.1 Da experiência docente e familiar à definição do tema.....................................21 1.4Objetivos...............................................................................................................25 1.4.1 Objetivo Geral...................................................................................................25 1.4.2 Objetivos Específicos........................................................................................25 CAPÍTULO II REVISÃO DA LITERATURA.....................................................................................26 2.1 Envelhecimento humano e capacidade funcional...............................................26 2.2 O idoso longevo e as implicações para a formação de recursos humanos.....................................................................................................................29 2.3 Envelhecimento e as contribuições da enfermagem gerontogeriátrica................31 CAPÍTULO III MATERIAIS E MÉTODOS.........................................................................................34 3.1 Tipo de estudo......................................................................................................34 3.2 Local da pesquisa................................................................................................34 3.3 População e procedimentos de amostragem.......................................................35 3.4 Coleta de dados...................................................................................................36 3.5 Análise de resultados ............................................. ............................................41 3.6 Aspectos éticos....................................................................................................41

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CAPÍTULO IV 4- APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS..............................................................44 CAPÍTULO V 5- DISCUSSÃO DOS RESULTADOS.......................................................................50 5.1 Perfil sóciodemográfico dos idosos longevos......................................................50 5.2 Condições epidemiológicas e de saúde...............................................................55 5.3 Avaliação cognitiva...............................................................................................58 5.4 Capacidade funcional dos idosos longevos segundo a Medida de Independência Funcional motora e sua relação com o sexo e faixa etária........................................59 CONCLUSÃO.............................................................................................................65 REFERÊNCIAS..........................................................................................................67 APÊNDICES...............................................................................................................75 ANEXOS....................................................................................................................84

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Fernandes, D. S. Avaliação da capacidade funcional de idosos longevos amazônidas... 16

CAPÍTULO I - INTRODUÇÃO

1.1 Apresentação do estudo

Esta pesquisa apresenta como objeto de estudo a capacidade funcional do

idoso longevo. Capacidade significa a aptidão de um indivíduo para executar uma

tarefa ou ação ajustada ao seu ambiente habitual. Funcionalidade é um termo mais

abrangente que busca designar o envolvimento de todas as funções do corpo,

atividades e participação, é contrária à incapacidade (Organização Mundial de

Saúde - OMS, 2003).

Neste estudo optou-se pelo conceito de capacidade funcional atribuído pela

Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa (PNSPI, 2006), o qual se caracteriza

pela presença de habilidades físicas e mentais necessárias para realização de

atividades básicas e instrumentais da vida diária, e segundo essa política este é o

principal indicador que compromete a saúde do idoso atualmente.

Por esse motivo, foi introduzido em gerontologia esse novo indicador de

saúde dos idosos. Como o processo de envelhecimento ocorre de forma

heterogênea, as pessoas da mesma faixa etária podem apresentar a capacidade

funcional distinta uma da outra (MORAES, 2014; SANTOS; GRIEP, 2013). A

capacidade funcional tem sido geralmente entendida em termos da habilidade e

independência para realizar determinadas atividades do dia a dia. (BORGES;

BENEDETTI; FARIAS, 2011).

Bem-estar e capacidade funcional são equivalentes, pois são representados

pela presença de autonomia (capacidade individual de decisão e comando sobre as

ações, estabelecendo e seguindo as próprias regras) e independência (capacidade

de realizar algo com os próprios meios), permitindo que o indivíduo cuide de si e de

sua vida (MORAES, 2012). A PNSPI considera que na velhice o conceito de saúde

está mais arraigado nas suas condições de autonomia e independência do que

necessariamente na ausência de doenças (MORAES, 2012).

Qualquer política destinada aos idosos necessita levar em conta a capacidade

funcional, a necessidade de autonomia, independência. E também ter a

possibilidade de atuações em variados contextos sociais e de elaboração de novos

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Fernandes, D. S. Avaliação da capacidade funcional de idosos longevos amazônidas... 17

significados para a vida na idade avançada, além de incentivar medidas preventivas,

o cuidado e a atenção integral à saúde (VERAS, 2009).

O processo de envelhecimento populacional é cada vez mais notório,

apresentando altas taxas. A distribuição populacional por idade e sexo segue

direcionando para a tendência de envelhecimento da estrutura etária no País

(INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA-IBGE, 2013).

A demanda crescente de idosos desperta uma necessidade de reestruturação

nas redes de atenção à saúde com vistas a atender esta parcela da população de

acordo com as peculiaridades que são necessárias. Para explicar o aumento

considerável de pessoas idosas, é preciso levar em conta alguns fatores como

diminuição das taxas de fecundidade, mortalidade infantil associada ao aumento da

expectativa de vida (MORAES, 2012).

A população idosa é subdividida em grupos de acordo com a faixas etárias

pela World Health Organization (WHO, 2004): idoso jovem (young-old), são as

pessoas com idade entre 60 e 69 anos; idoso velho (old-old), para as pessoas entre

70-79 anos; e idoso mais velho (oldest-old), para os idosos com 80 anos ou mais. O

grupo populacional de 80 anos ou mais pode ainda receber outras denominações

como: mais idosos, muito idosos, idosos em velhice avançada e longevos

(LENARDT; CARNEIRO, 2013; WILLIG,2012).

Torna-se importante destacar uma mudança etária significativa no grupo de

pessoas idosas, em especial no segmento que se encontra acima dos 80 anos de

idade, alterando a composição etária do próprio grupo (MENEZES; LOPES, 2012;

WILLIG,2012; BETIOLLI, 2012; MENEZES; LOPES, 2009).

O envelhecimento rápido provoca profundas consequências nos serviços de

saúde, com maior sobrecarga de doenças crônicas não transmissíveis e

incapacidades funcionais. O envelhecimento não é sinônimo de dependência, mas

de maior vulnerabilidade social, biológica, ambiental e familiar (MORAES, 2014).

Estudos enfatizam a necessidade da avaliação da capacidade funcional dos

idosos de acordo com o paradigma da capacidade funcional proposto pela PNSPI,

pois a mesma pode indicar complicações futuras relacionadas à saúde do idoso, tais

como incapacidade física, fragilidade, institucionalização e mortalidade precoce

(BRITO et al., 2013; SANTOS et al., 2013; HOEFELMANN et al., 2011).

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Fernandes, D. S. Avaliação da capacidade funcional de idosos longevos amazônidas... 18

A avaliação da capacidade funcional necessita ser realizada de forma

interdisciplinar, envolvendo diferentes profissionais de saúde. Assim, é

imprescindível que a equipe possa desenvolver ações que promovam o

redirecionamento da prática assistencial, na perspectiva de oferecerem um cuidado

em saúde de acordo com a sua realidade e principalmente voltado às necessidades

que os idosos apresentam, para que tenha um cuidado efetivo na aplicação de

tecnologias e na promoção da saúde (SANTOS; GRIEP, 2013). O idoso é

considerado ativo quando consegue realizar suas atividades cotidianas e seus

papéis sociais, mesmo com a presença de patologias.

Em 2013, a participação relativa dos idosos de 60 anos ou mais de idade foi

de 13,0% da população total. O aumento do grupo de pessoas com 60 anos ou mais

de idade é acentuado, as previsões indicam 15,7% em 2024 e 33,7% em 2060, ou

seja, um aumento de 18 pontos percentuais (IBGE, 2014). O grupo de idosos de 60

anos ou mais de idade será maior do que o grupo de crianças com até 14 anos de

idade após 2030, e em 2055 a participação de idosos na população total será maior

do que a de crianças e jovens com até 29 anos de idade (IBGE, 2013).

Na Região Norte a proporção de pessoas de 60 anos ou mais de idade revela

em 2013 o percentual de 8,8%, enquanto que o Pará apresentou 9,5% da sua

população composta por pessoas desta faixa etária. A região metropolitana de

Belém apresentou o total de 10,7%. Em relação às faixas etárias na velhice, os

idosos com idade a partir de 80 anos representam 13,8% da população idosa

brasileira. Quanto aos dados da região amazônica desta faixa etária, o Norte

apresentou o total de 1,1% de pessoas longevas enquanto que o Pará, 1,2%, e a

região metropolitana de Belém, 1,4% (IBGE, 2014).

De acordo com a distribuição da população total projetada de idosos de 80

anos ou mais, no Brasil em 2020 a estimativa é 1,9% da população, enquanto que

em 2060 a previsão é de 8,8%, configurando um aumento cada vez mais expressivo

dos idosos longevos (IBGE, 2013).

Uma grande parcela dos idosos longevos é portadora de doenças ou

disfunções orgânicas que, na maioria das vezes, não estão associadas à limitação

das atividades ou à restrição da participação social. Assim, mesmo com doenças, o

idoso pode continuar desempenhando os papéis sociais. O foco da saúde está

estritamente relacionado à funcionalidade global do indivíduo, definida como a

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Fernandes, D. S. Avaliação da capacidade funcional de idosos longevos amazônidas... 19

capacidade de gerir a própria vida ou cuidar de si mesmo. A pessoa é considerada

saudável quando é capaz de realizar suas atividades sozinha, de forma

independente e autônoma, mesmo que sofra de doenças (MORAES, 2009).

1.2 Justificativa

A prestação de serviços de saúde aos idosos acima de 80 anos nos níveis

primário, secundário e terciário é um dos grandes desafios Nesta faixa etária, são

diversas as peculiaridades demandadas, como, por exemplo: consultas frequentes,

cuidados permanentes, medicações de uso contínuo e exames periódicos. Para os

gestores de saúde, a falta de profissionais, estrutura física e recursos para prestar

atendimento a esta população gera transtornos e repercussões para toda a

sociedade. Torna-se importante salientar que estudos relacionados aos idosos

longevos ainda são incipientes (WILLIG,2012; BETIOLLI, 2012; VERAS, 2009).

Para identificar a relevância e contribuições que esta pesquisa poderá trazer,

buscou-se conhecer o estado da arte envolvendo o objeto de estudo do tema

proposto.

A exploração dos artigos científicos foi realizada nas seguintes bases de

dados: Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde/ Biblioteca

Virtual em Saúde (LILACS/BVS), Medical LiteratureAnalysisandRetrievalSystem

Online /Biblioteca Virtual em Saúde (MEDLINE/BVS) e Scientific Eletronic Library

Online (SciELO)/ Biblioteca Virtual em Saúde (Scielo/BVS). Os artigos na integra

foram obtidos por meio eletrônico.

O Descritor em Ciências da Saúde (DeCS) disponível sobre idosos longevos

é: “Idoso de 80 Anos ou mais”. O termo capacidade funcional não é considerado um

descritor pelo DeCS. Optou-se por realizar a busca por meio de palavras-chave

como, por exemplo: atividades cotidianas, pela inexistência do termo “capacidade

funcional” como descritor. Foram realizadas as combinações descritas a seguir:

idoso de 80 anos ou mais e funcionalidade; idoso de 80 anos ou mais e capacidade

funcional; idoso de 80 anos ou mais e atividade cotidianas; idoso longevo; idoso

longevo e funcionalidade; idoso longevo e capacidade funcional; idoso longevo e

atividades cotidianas.

Adotou-se como critério de inclusão: artigos publicados em português, inglês

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Fernandes, D. S. Avaliação da capacidade funcional de idosos longevos amazônidas... 20

e espanhol no período de 2001 a 2014 e com disponibilização online do texto

completo. Os artigos foram pré-selecionados no período de 14 anos devido às

principais políticas na área terem sido promulgadas neste período. Como critério de

exclusão, não foram utilizados artigos que não focalizaram o seu objeto de estudo,

na capacidade funcional do idoso longevo. Assim, utilizando-se as combinações

obteve-se um quantitativo de 292 estudos envolvendo a produção científica de todas

as categorias profissionais da área da saúde.

Aplicando-se os critérios de inclusão, foram pré-selecionados 159 artigos, e

entre esses,11 estudos encontravam-se repetidos em outra base de dados, restando

148 artigos. Após a leitura dos resumos e aplicação dos critérios de exclusão

obteve-se a amostra de cinco artigos sobre o tema em questão conforme o Quadro

01 (Apêndice 01).

Para catalogação e posterior análise dos artigos, utilizou-se um instrumento

validado por Ursi (SOUZA; SILVA; CARVALHO, 2010). Foram extraídas do

instrumento as seguintes informações: ano e região de publicação, modalidade, local

da coleta de dados, características metodológicas, objetivos, amostra e nível de

evidência.

Estudos específicos da enfermagem relacionados a capacidade funcional de

idosos longevos ainda são escassos no Brasil, sendo confirmado por alguns estudos

elaborados em nosso país elucidando esta questão (LENARDT; CARNEIRO, 2013;

BETIOLI, 2012; MENEZES; LOPES, 2012).

Na literatura estrangeira a busca foi realizada por meiodo portal de periódicos

da CAPES/MEC (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível

Superior/Ministério da Educação e Cultura) com acesso autorizado pela

Universidade Federal do Pará.

O Portal de Periódicos reúne em um único espaço virtual as melhores

publicações do mundo. Ele conta com um acervo de mais de 36 mil títulos com texto

completo, 130 bases referenciais, 12 bases dedicadas exclusivamente a patentes,

além de livros, enciclopédias e obras de referência, normas técnicas, estatísticas e

conteúdo audiovisual (CAPES, 2014).

A busca foi realizada por meio dos mesmos descritores e palavras-chave

utilizadas no levantamento em bases brasileiras, porém os termos foram

pesquisados em inglês, visto que o objetivo era ter acesso às publicações

estrangeiras. Inicialmente obteve-se o total de 314 publicações estrangeiras. Após a

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leitura dos resumos foram selecionados 26 estudos estrangeiros publicados em

periódicos de alto impacto nos últimos 10 anos, conforme o Quadro 02 (Apêndice

02).

Por meio da busca em bases de dados estrangeiras, observou-se um

quantitativo maior de estudos, quando comparado à busca em bases brasileiras,

mas, independente do quantitativo, correlacionando a outros temas de interesse

envolvendo idosos, notou-se que publicações sobre idosos longevos e sua

capacidade funcional ainda são incipientes em nível mundial, brasileiro e local, o que

justifica ainda mais a relevância deste estudo.

Com base nas lacunas existentes no conhecimento, sobretudo em nossa

realidade, tal lacuna caracteriza-se como um aspecto que dará relevância à

divulgação deste estudo e às contribuições que poderá trazer para a ciência e

principalmente na enfermagem gerontológica, no incentivo de novas pesquisas

sobre o tema cujos resultados poderão subsidiar ações cuidativas para essa

população.

Este estudo trará subsídios para estruturação do Programa Saúde do Idoso

no local escolhido para a pesquisa, visto que o mesmo ainda não funciona em

conformidade ao que é estabelecido pela PNSPI.

1.3 Contextualização do problema da pesquisa

1.3.1 Da experiência docente e familiar à definição do tema

O interesse por estudar este tema surgiu a partir da experiência no

atendimento ao idoso como docente, suscitando motivos para o desenvolvimento

desta pesquisa, pois as observações diárias de atendimento instigaram a

necessidade de investigar sobre a avaliação da capacidade funcional dos idosos,

especificamente dos longevos, aliando-se ao fato de o local escolhido para esta

pesquisa não possuir o Programa de Saúde do Idoso estruturado. Esse panorama

não se apresenta somente aqui na Região Norte, mas traz um retrato também

nacional, como dito a seguir: em nosso país ainda existe a incipiência na pesquisa

envolvendo pessoas longevas (LENARDT; CARNEIRO, 2013; BETIOLI, 2012;

MENEZES; LOPES, 2012).

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A vivência familiar da pesquisadora com avós longevos também foi um fator

primordial para o engajamento na elaboração deste estudo, visto que influenciou

diretamente no olhar mais sensível às peculiaridades dos idosos com idade a partir

de 80 anos. Os resultados desta pesquisa poderão vir a contribuir com o

planejamento de ações individuais com respeito às peculiaridades dos idosos

longevos.

Nos últimos anos, o Brasil vem apresentando um novo padrão demográfico

que se caracteriza pela redução da taxa de crescimento populacional e por

transformações profundas na composição de sua estrutura etária, com um

significativo aumento do contingente de idosos. Estas modificações, por seu turno,

têm imprimido importantes mudanças também no perfil epidemiológico da

população, com alterações relevantes nos indicadores de morbimortalidade (IBGE,

2014), além das implicações para a funcionalidade, sobretudo dos mais longevos.

Esse panorama demográfico pode ser observado nas modificações da estrutura da

pirâmide etária projetada para 2050 (Figura 01):

Figura 01: População de 80 anos ou mais de idade, por sexo

Fonte: IBGE (Síntese de Indicadores Sociais - SIS, 2009).

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Tem se tornado preocupação a aplicação de procedimentos tecnológicos na

avaliação da saúde dos idosos, entre eles, a avaliação da capacidade funcional,

sobretudo dos que alcançam idades mais elevadas, ou seja, acima de 80 anos,

devido ao impacto dela na saúde e, portanto, em que se conhecer o padrão

funcional dessa população é imperioso. Essa nova demanda de cuidados e recursos

pode ser observada no relatório dos indicadores sociais e da saúde (Figura 02).

Figura 02: Distribuição percentual da população projetada, por grupos de idade – Brasil – 2020/2060

Fonte: IBGE (SIS, 2013p. 21).

Assim,

Os cuidados com a saúde do idoso exigem investimentos em recursos físicos, medicamentos, pessoal capacitado e procedimentos tecnológicos. As doenças crônicas não transmissíveis, que já são um dos maiores problemas de saúde no mundo, exigem atenção permanente e tratamentos diferenciados: a hipertensão arterial e a diabetes têm sido alvos de programas de saúde pública, no entanto, outras doenças crônicas não transmissíveis frequentes como a artrite/artrose e a depressão merecem ser tratadas também como um problema de saúde coletiva. Diante desse quadro, o desafio colocado para as políticas públicas, quanto ao envelhecimento da população, compreende um aumento do fornecimento de serviços e de benefícios, que possibilitem uma vida longa e de qualidade, com saúde e dignidade (SIS, 2013, p.216) Grifo da autora

O aumento do número de idosos em todo o mundo desperta preocupações

para os governos, visto que esta situação pode acarretar uma maior utilização do

sistema de saúde, devido ao aumento da longevidade e ao aparecimento das

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Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNTs), o que se configura como um dos

grandes desafios para a saúde pública (SANTOS et al., 2012). Esse grupo de

idosos, pelo próprio processo de envelhecimento, apresenta comorbidades

(LOURENÇO et al., 2012; GUIMARÃES et al., 2011).

Sobre os idosos longevos, quando se fala em envelhecimento ativo é

importante citar alguns aspectos peculiares como: saúde física e mental,

independência para atividades cotidianas, suporte familiar, integração social. O

envelhecimento comporta um período muito longo, no qual as fragilidades e

limitações tendem a aumentar com o passar dos anos, o que vai diferenciar um

idoso jovem de um longevo. É fato que o idoso longevo apresenta uma maior

predisposição para o desenvolvimento de patologias e comprometimento da

funcionalidade, quando comparado aos mais jovens (MENEZES, 2009). Porém as

características deste idoso são influenciadas pela forma como o mesmo vivenciou os

aspectos que podem interferir na sua senescência, durante todo o seu ciclo de vida.

Assim, admitiu-se como questão de pesquisa: Existe a possibilidade de os

idosos amazônidas atendidos em uma unidade básica de saúde pública de

Belém/PA, mesmo em idade avançada e com alterações fisiológicas presentes,

manterem e preservarem sua capacidade funcional para realizar as atividades

cotidianas?

Definiram-se como hipóteses para este estudo:

H0: Idosos longevos não apresentam nenhum comprometimento de sua

capacidade funcionalpara realização de atividades cotidianas.

H1: Idosos longevos apresentam comprometimento parcial da sua capacidade

funcional para realização de atividades cotidianas.

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Fernandes, D. S. Avaliação da capacidade funcional de idosos longevos amazônidas... 25

1.4 Objetivos

1.4.1 – Objetivo geral

• Avaliar a capacidade funcional de idosos longevos amazônidas cadastrados

em uma Unidade Básica de Saúde do SUS na cidade de Belém- Pará.

1.4.2 – Objetivos específicos

• Identificar o perfil socioeconômico, demográfico e condições epidemiológicas

e da saúde dos idosos longevos;

• Verificar a capacidade funcional do idoso longevo segundo a Medida de

Independência Funcional (MIF) motora;

• Associar a capacidade funcional do idoso longevo com o sexo e faixa etária.

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CAPÍTULO II - REVISÃO DA LITERATURA

Este capítulo comporta a revisão de literaturae traz como tema o

envelhecimento humano e capacidade funcional, o idoso longevo e as implicações

para formação de recursos humanos, sobretudo na enfermagem, e envelhecimento

e as contribuições da enfermagem gerontogeriátrica, destacando as tendências dos

estudos realizados envolvendo estas temáticas.

2.1 Envelhecimento Humano e Capacidade Funcional

O mundo está passando por um intenso processo de transição demográfica

que é caracterizado por um aumento significativo de pessoas de 60 anos ou mais. O

mundo está envelhecendo. Sobre esse contexto o conhecimento e o desejo de

compreender o envelhecimento são de interesse para os seres humanos desde os

tempos antigos. Filósofos da antiguidade estavam preocupados com a questão da

senescência e a preparação para a velhice. Platão e Cícero expressaram em suas

obras em forma de pensamentos estas preocupações (BARRIOS et al., 2012).

Desde os anos de 1970, no Brasil, se verifica um acentuado crescimento do

número de pessoas na faixa de 60 anos e mais (SANTOS, 2011). Estimativas

descrevem que, em 2025, o Brasil ocupará o sexto lugar no quantitativo de idosos,

alcançando cerca de 32 milhões de pessoas com 60 anos ou mais (MORAES, 2012;

OLIVEIRA, 2010; MENEZES; LOPES, 2009). Em 2050, as crianças de 0 a 14 anos

representarão 13,15%, ao passo que a população idosa alcançará os 22,71% da

população total (SANTOS; GRIEP, 2013;).

Envelhecer de forma bem-sucedida implica em risco baixo para

incapacidades e doenças, assim com uma boa saúde mental. A mudança no perfil

demográfico da população reflete modificações intensas no perfil epidemiológico,

uma vez que as doenças transmissíveis que antes faziam parte do cenário

saúde/doença como as mais prevalentes, agora começam a disputar espaço com as

DCNTs (CALDAS, 2006).

Estas mudanças epidemiológicas aguçam o surgimento de novas demandas

de saúde, como a epidemia de doenças crônicas e as incapacidades funcionais que

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demandam consequentemente uma maior e mais prologada procura pelos serviços

de saúde (MORAES, 2012; SANTOS, 2011; DAMY, 2010; OLIVEIRA, 2010; VERAS,

2009).

Logo, o conceito de saúde necessita estar claro, principalmente quando

relacionado à saúde do idoso. Estudos definem a saúde como uma medida da

capacidade de realização de aspirações e da satisfação das necessidades e não

simplesmente como a ausência de doenças. Uma grande parcela dos idosos é

portadora de doenças ou disfunções orgânicas que, na maioria das vezes, não estão

associadas à limitação das atividades ou à restrição da participação social (DAMY,

2010; MORAES, 2012; VERAS, 2009).

A PNSPI apresenta como finalidade primordial a necessidade de promover,

manter e recuperar a autonomia e independência de pessoas de 60 anos ou mais

por meio de medidas individuais e coletivas em consonância com os princípios e

diretrizes do Sistema Único de Saúde (BRASIL, 2006).

Para manutenção da capacidade funcional é primordial o estabelecimento de

ações preventivas, pois de acordo com as diretrizes básicas da PNSPI (BRASIL,

2006) torna-se nítido perceber a preocupação com ações que vislumbrem o

envelhecimento ativo, objetivando manter e melhorar ao máximo a capacidade

funcional dos idosos, prevenindo doenças, promovendo recuperação da saúde dos

que adoecem, e reabilitando os que venham a ter a sua capacidade funcional

restringida (VERAS, 2009; MENEZES; LOPES, 2009).

Constituem-se como diretrizes da PNSPI: a) promoção do envelhecimento

ativo e saudável; b) atenção integral, integrada à saúde da pessoa idosa; c) estímulo

às ações intersetoriais, visando à integralidade da atenção; d) provimento de

recursos capazes de assegurar qualidade da atenção à saúde da pessoa idosa; e)

estímulo à participação e fortalecimento do controle social; f) formação e educação

permanente dos profissionais de saúde do SUS na área de saúde da pessoa idosa;

g) divulgação e informação sobre a Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa

para profissionais de saúde, gestores e usuários do SUS; h) promoção de

cooperação nacional e internacional das experiências na atenção à saúde da pessoa

idosa; i) apoio ao desenvolvimento de estudos e pesquisas (VERAS, 2009;BRASIL,

2006).

A avaliação da funcionalidade necessita incluir testes ou escalas apropriadas.

Foram desenvolvidas várias escalas específicas para avaliação do idoso e a escolha

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do instrumento baseia-se na simplicidade, rapidez, portabilidade e fidedignidade dos

resultados. Todas apresentam vantagens e desvantagens e necessitam ser

utilizadas como indicadores da presença de incapacidades (MORAES, 2010).

Para que a autonomia e a independência estejam preservadas é importante

atentar para o funcionamento adequado dos sistemas corporais relacionados a

cognição, mobilidade, humor e comunicação, conforme representado pela Figura 03.

Figura 03: Saúde e funcionalidade

Fonte MORAES, 2012, p.13

A funcionalidade global é o ponto de partida para a avaliação da saúde do

idoso e necessita ser realizada de forma criteriosa e detalhada, atentando que, caso

seja necessário, devem-se utilizar informantes, familiares ou não, desde que tenham

um contato próximo ao idoso e assim sejam capazes de detalhar o desempenho das

atividades de vida diária do mesmo. Presença de declínio funcional não pode ser

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Fernandes, D. S. Avaliação da capacidade funcional de idosos longevos amazônidas... 29

atribuída ao envelhecimento normal e sim às incapacidades mais frequentes no

idoso (MORAES, 2012).

2.2 O idoso longevo e as implicações para a formação de Recursos Humanos

O mundo e o Brasil estão envelhecendo e isto já é um fato confirmado. Outro

aspecto que chama a atenção neste processo do envelhecimento é o aumento

gradativo de idosos de 80 anos ou mais, denominado ainda de longevos,

octogenários, mais velhos, muito idosos, mais idosos (LENARDT; CARNEIRO, 2013;

BRITO et al., 2013; BETIOLI, 2012; LOURENÇO et al., 2012; TALLMANN, 2011).

Em se tratando de dados populacionais sobre os idosos longevos, essa

população aumentou de 600 mil em 1980 para 1,6 milhão no ano 2000. Nos dez

anos seguintes, o crescimento desse segmento etário foi bastante significativo –

aproximadamente três milhões. Com este quantitativo de longevos no Brasil,

descreve-se que as projeções para esses idosos são de nove milhões no ano de

2020 e 14 milhões em 2040 (BETIOLI, 2012).

Os idosos longevos apresentam características fisiológicas, psicológicas,

sociais e econômicas particulares e esta situação ocasiona diferenças significativas

nesta faixa etária. Tais diferenças são peculiares de cada indivíduo, considerando

seu contexto social e cultural (LOURENÇO et al., 2012).

Na continuidade do processo fisiológico após os 80 anos de idade, se

percebe uma diminuição na capacidade funcional e cognitiva, direcionando ao que

pode ser denominado de envelhecimento longevo (LOURENÇO et al., 2012;

KARLAMANGLA et al.,2009).

Os idosos longevos apresentam uma heterogeneidade significativa quando

comparados aos idosos mais jovens, isto relacionando ao grau de dependência que

nesta faixa etária apresenta variações de independentes a dependentes

(TALLMANN, 2011).

Sobre esse aspecto, estudos descrevem um número de publicações ainda

reduzidas, principalmente no Brasil, relacionadas ao idoso longevo, fato este que

demonstra a necessidade premente de aumento de publicações envolvendo esta

temática (LENARDT; CARNEIRO, 2013; BETIOLI, 2012; MENEZES; LOPES, 2012).

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A necessidade de ampliação de conhecimentos na área da atenção à saúde

do idoso longevo, especificamente, é primordial, pois este tem sido o segmento

populacional que mais cresce no Brasil (MENEZES; LOPES, 2009)

Nos próximos 30 anos, o aumento de pessoas muito idosas irá resultar em

um maior número absoluto de idosos fragilizados, apesar de haver redução no

número de idosos fragilizados, devido às ações de promoção à saúde e prevenção

de doenças (MENEZES; LOPES, 2012).

Estudos realizados sobre independência descrevem um aumento da parcela

de idosos com comprometimentos incapacitantes. Com o passar dos anos a

tendência é apresentar um aumento de dependência. E, tratando-se de idosos mais

velhos, os mesmos podem ser mais dependentes que os mais jovens (LENARDT; &

CARNEIRO, 2013; MENEZES; LOPES, 2009).

Além da prevalência das DCNTs na velhice, e o aumento das incapacidades,

denominado de envelhecimento funcional, pode-se dizer que com o passar dos anos

o envelhecimento diminui a capacidade funcional do indivíduo (LENARDT;

CARNEIRO, 2013; BRITO et al., 2013).

Estudos envolvendo capacidade funcional são válidos para o entendimento de

como as pessoas vivem os anos de vida ganhos com o aumento da longevidade. É

um conceito útil para avaliar a saúde dos idosos e o impacto na vida cotidiana. A

partir disso, é evidente a relevância de estudos que auxiliem no conhecimento das

alterações presentes nestes grupos (SANTOS et al., 2012).

De acordo com toda as modificações vivenciadas na transição demográfica e

epidemiológica percebida atualmente, elucida-se que a mesma promove grandes

desafios para os profissionais de saúde, trazendo importantes consequências para a

educação profissional no que tange ao processo do envelhecimento.

A PNSPI apresenta duas diretrizes que elucidam a necessidade de preparo

para atuação na área da geriatria e gerontologia, a saber: formação e educação

permanente dos profissionais de saúde do Sistema Único de Saúde (SUS) na área

de saúde da pessoa idosa e divulgação e informação sobre aPNSPI para

profissionais de saúde (BRASIL, 2006), ratificando dessa forma que para atuar com

esta população é primordial a realização de capacitações.

No cotidiano dos serviços de saúde, é possível observar a carência ou a

dificuldade de habilidades para avaliação da capacidade funcional, assim como é

possível afirmar que evidências indicam que os profissionais de saúde apresentam

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Fernandes, D. S. Avaliação da capacidade funcional de idosos longevos amazônidas... 31

dificuldades para identificação e intervenção nas síndromes geriátricas, porém

apresentam abordagem correta de problemas clínicos isolados (MOTA; AGUIAR,

2007).

A interdisciplinaridade e a intersetorialidade são eixos importantíssimos para

uma prestação de cuidado integral ao idoso, atendendo assim suas peculiaridades

mais íntimas e fornecendo uma assistência integral de acordo com os princípios do

Sistema Único de Saúde. Uma equipe profissional qualificada, com ética e

humanização, pode proporcionar ao idoso chances para uma melhor qualidade de

vida (HOEPERS et al., 2013).

Desenvolver práticas interdisciplinares incide na revisão de legislações

profissionais, bem como na flexibilização de papéis sociais, contribuindo para

ampliação das práticas na formação dos profissionais de saúde, e dessa forma

ajudando na prestação de serviços com maior qualidade para o idoso (MOTA;

AGUIAR, 2007).

2.3 Envelhecimento e as contribuições da Enfermagem Gerontogeriátrica

Com o mundo envelhecendo, as práticas de saúde necessitam estar

arraigadas em uma prestação de cuidados que atenda às necessidades desta nova

parcela da população: os idosos (CALDAS, 2006).

A velhice é uma fase da vida que requer cuidados diferenciados devido às

peculiaridades apresentadas. Neste contexto, a enfermagem gerontogeriátrica é

uma especialidade da enfermagem fundamentada nos conhecimentos que envolvem

a enfermagem, geriatria e gerontologia, com foco no cuidado à pessoa idosa

(GONÇALVES; ALVAREZ; SANTOS, 2012).

A enfermagem gerontogeriátrica é uma especialidade em ascendência no

Brasil, a qual vem se organizando e estruturando uma gama de conhecimentos

específicos, atrelados às habilidades práticas direcionadas, acumuladas pela

experiência. A terminologia “enfermagem gerontogeriátrica” foi adotada neste

estudo, pois está em conformidade com a mesma adotada nas oitos Jornadas

Brasileiras de Enfermagem Geriátrica e Gerontológica, já levadas a termo no Brasil

(GONÇALVES; ALVAREZ; SANTOS, 2012).

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A Jornada Brasileira de Enfermagem Geriátrica e Gerontológica configura um

evento de grande importância envolvendo a temática, no âmbito nacional. Foi

através da VIII Jornada que consolidou-se a criação do Departamento Científico de

Enfermagem Gerontológica na Associação Brasileira de Enfermagem (ABEn), uma

valiosa conquista para a enfermagem gerontogeriátrica brasileira (GONÇALVES;

ALVAREZ; SANTOS, 2012).

Os cuidados relacionam-se com a enfermagem gerontogeriátrica, a qual

caracteriza-se por um campo do conhecimento que incorpora aos conhecimentos

específicos da enfermagem, os relacionados ao processo de envelhecer, para

estabelecer, junto ao idoso e ao ambiente no qual está inserido, condições que

viabilizem envelhecer de forma saudável, maximizando sua autonomia e

independência, promovendo conforto, assim como também facilitando diagnósticos,

tratamento de condições crônicas, entre outros (TALLMAN, 2011).

A prática do cuidado na enfermagem gerontogeriátrica é visualizada a partir

da vinculação ao processo do cuidar em enfermagem integral, orientando esta

pessoa idosa em seu contexto cotidiano (GONÇALVES; ALVAREZ; SANTOS,

2012).

O enfermeiro desempenha um papel de grande importância na prestação de

cuidados ao idoso por meio de estratégias de promoção à saúde, prevenção de

doenças, agravos e reabilitação. Na equipe de saúde o enfermeiro necessita atentar

para a capacidade funcional e atendimento do idoso, estando pautado no

conhecimento gerontológico, o que irá contribuir significativamente para a prestação

de cuidado de acordo com as peculiaridades deste público (LOURENÇO et al.,

2012).

A atenção primária em saúde desempenha um papel importantíssimo na

atenção à saúde do idoso. O enfermeiro que atua neste nível de atenção à saúde

geralmente possui contato direto com o idoso, realizando um acompanhamento

longitudinal, e isso ocasionará benefícios significativos para esta parcela da

população (BETIOLLI, 2012).

O enfermeiro tem um importante papel e a enfermagem destaca-se como

profissão, pois é capaz de utilizar abordagens contextualizadas e individuais,

realizando uma promoção à saúde integral, considerando ainda as múltiplas

dimensões que ocorrem no processo do envelhecimento, o que irá contribuir para o

aprimoramento das práticas em saúde dos idosos (TALLMANN, 2011).

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O enfermeiro necessita realizar cotidianamente um trabalho diferenciado,

pautado nas necessidades do idoso, fazendo uma ponte entre a subjetividade do

indivíduo e objetividade da prática assistencial, conforme nos descreve o estudo:

A promoção do cuidado gerontológico de enfermagem deve se concretizar, sem que esteja somente submetida à cura, mas sim valorize o tratamento com as pessoas, o 'cuidado digno', partilhando e interagindo para alcançar o bem viver. Isto exige dos profissionais o estímulo à compreensão abrangente com a definição dos limites e atuações da própria profissão, de forma a promover não somente o cuidado e o profissional, mas todo o contexto envolvido no processo. (HAMMERSCHMIDT; BORGHI; LENARDT, 2006, p. 115).

A transição etária que está ocorrendo dentro do grupo das pessoas idosas,

sendo caracterizada por um aumento significativo de pessoas de longevas, desafia o

enfermeiro para prestação de cuidados neste novo segmento (MENEZES; LOPES,

2009).

A produção acadêmica de enfermagem na área do idoso longevo necessita

de uma maior visibilidade. O que se torna primordial pois a partir do momento em

que ocorre a agregação dos resultados na produção acadêmica no contexto da

prática de atendimento ao idoso, isso com certeza refletirá na qualidade dos serviços

prestados. A necessidade de um olhar diferenciado para a assistência e um

redirecionamento da prática em saúde são fundamentais para a avalição do cuidado

de forma integral (MENEZES; LOPES, 2009).

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Fernandes, D. S. Avaliação da capacidade funcional de idosos longevos amazônidas... 34

CAPÍTULO III – MATERIAIS E MÉTODOS

3.1 Tipo de estudo

Trata-se de estudo epidemiológico, transversal, analítico. É um método de

análise de dados em um grupo de indivíduos selecionados aletoriamente, sendo um

recorte da realidade. O estudo é delineado para possibilitar o diagnóstico imediato

de determinada situação característica de uma população, como qualidade de

saúde, por exemplo, com base na avaliação individual do estado de saúde de cada

um dos seus membros (FONTELLES, 2012; KLEIN; BLOCK 2005).

No estudo transversal, as variáveis são identificadas num ponto no tempo e

as relações entre as mesmas são determinadas. Este tipo de pesquisa é indicado

quando pouco se sabe sobre um fenômeno em particular (SOUSA; DRIESSNACK;

MENDES, 2007).

3.2 Local da pesquisa

A pesquisa foi realizada na Unidade Municipal de Saúde (UMS) localizada no

Bairro do Guamá no Município de Belém/Pará, devido a esta Unidade de Saúde

fazer parte do meu cotidiano profissional como campo de aulas práticas da

Universidade Federal do Pará, ao qual estou vinculada como docente.

O bairro do Guamá está localizado na extremidade sul do Município de

Belém. Fica à margem do rio Guamá e apresenta como bairros adjacentes Canudos,

Terra Firme, São Braz, Cremação e Condor. Sua área urbana é de 4.127.78 km2 e

faz parte do Distrito Administrativo do Guamá (DAGUA), composto por 11 bairros,

conforme o anexo 01 (DIAS Jr., 2009).

No ano de 2000, o Guamá ganhou o status do bairro mais populoso de

Belém, representando na época 7,9% do total de habitantes de Belém. De acordo

com o anuário de Belém (2012), a população do bairro é de 94.610 habitantes.

Em relação ao quantitativo de idosos de 80 anos ou mais o bairro apresentou

2.426 idosos, o que correspondia na época a 2,5% da população, sendo

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Fernandes, D. S. Avaliação da capacidade funcional de idosos longevos amazônidas... 35

considerado um dos bairros de Belém com maior concentração de pessoas nesta

faixa etária (BELÉM, 2012).

3.3 População e procedimentos de amostragem

Para identificação da população de referência para o estudo, inicialmente foi

realizado um levantamento no período de janeiro a fevereiro de 2014 nos arquivos

da Unidade de Saúde para obtenção do total da população acima de 60 anos

cadastrados na referida unidade. Utilizarem-se como bases de dados para

levantamento os programas Hiperdia (Sistema de cadastro e acompanhamento de

Hipertensos e Diabéticos) e Saúde do Idoso, o último ainda em processo inicial de

estruturação. Obteve-se o total de 1.210 idosos cadastrados.

Entre esses idosos cadastrados, 187 idosos tinham idade igual ou superior a

80 anos. A partir dessa subamostra foi realizado o cálculo amostral pela fórmula

destinada para populações finitas, conforme demonstrado abaixo, de onde obteve-

se a amostra inicial, que foi de 127 idosos. Considerou-se o nível α de 5% e p valor

≤ 0,05% (FONTELLES, 2012).

n=N x n0 onde N0= 1/E2

N+n0

Em que se tem:

n= tamanho da amostra desejada

N= Tamanho da população de referência

n0= primeiro valor aproximado do tamanho da amostra

E0= nível alfa estabelecido (margem de erro)

Adotou-se como critérios de inclusão para a amostra da população deste

estudo: idosos de 80 anos ou mais, de ambos os sexos, cadastrados na Unidade

Municipal de Saúde do Guamá.Para melhor entendimento do delineamento

amostral, apresenta-se um fluxograma abaixo, que contempla todas as etapas da

amostragem (Figura 04).

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Fernandes, D. S. Avaliação da capacidade funcional de idosos longevos amazônidas... 36

Figura 04 – Diagrama do Delineamento amostral

Fonte: Construído pela autora, 2015.

O quantitativo de 11 (8,6%) perdas na amostra justifica-se pela recusa dos

idosos em participarem do estudo.

3.4 Coleta de dados

Para realização da coleta de dados foi elaborado um formulário estruturado

contemplando as variáveis de interesse para o estudo, entre elas as

sociodemográficas e econômicas (idade, sexo, procedência, estado civil, anos de

estudo, renda mensal, trabalho, coabitação e número de filhos). Para investigação

das condições epidemiológicas e de saúde foram pesquisadas as doenças pré-

existentes ou comorbidades, uso de álcool e cigarro, presença de quedas, atividade

física e lazer.

Para o rastreamento da função cognitiva (screening cognitivo) foi utilizado o

Mini Exame do Estado Mental (MEEM), o qual foi desenvolvido por Folstein et al.

em1975 e validado no Brasil por Bertolucci et al., em 1994. O referido teste possui

11 itens, agrupados em sete categorias: orientação temporal, orientação espacial,

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registro de três palavras, atenção e cálculo, lembrança das três palavras, linguagem

e capacidade construtiva visual. A pontuação é de zero a 30. As notas de corte

sugeridas para este estudo são: Analfabetos = 19; 1 a 3 anos de escolaridade = 23;

4 a 7 anos de escolaridade = 24; > 7 anos de escolaridade = 28 (BRASIL,2007).

Optou-se pelo MEEM para compor a função cognitiva da avaliação funcional, pois a

que foi proposta na MIF (Medida de Independência Funcional) é de caráter subjetivo.

Para avaliação da capacidade funcional utilizou-se a MIF, a qual foi traduzida

e adaptada para o Brasil em 2000 (RIBERTO et al., 2001). A Medida da

Independência Funcional (MIF) ou Functional Independence Measure (FIM) teve

origem nos anos de 1980 e foi desenvolvida nos Estados Unidos para avaliação de

pessoas em processo de reabilitação (HOERPERS et al., 2013).

A MIF avalia o desempenho da funcionalidade (independência funcional) de

uma pessoa idosa a partir da realização de um conjunto de 18 tarefas

(funcionalidade motora e cognitiva), as quais referem-se às subescalas ou domínios

denominados de autocuidado, controle esfíncteriano, transferências, locomoção,

comunicação e cognição social. Isso permite quantificar de forma objetiva a

necessidade de ajuda ou a independência do idoso, dando subsídios para o

planejamento terapêutico singular. Nas tarefas avaliadas pela MIF cada item pode

ser classificado em uma escala de graus de dependência de 7 níveis, sendo o valor

1 correspondente à dependência total e o valor 7 à independência completa, ou seja,

correspondente à normalidade na realização de tarefas de forma independente.

Desse modo, o escore da MIF TOTAL (incluindo a parte motora e cognitiva) pode

variar de 18 (totalmente dependente) a 126 (completamente independente)

(LENARDT; CARNEIRO, 2013; LOURENÇO, 2011). Essa classificação da

funcionalidade encontra-se demonstrada no Quadro 03 a seguir:

Quadro 03 – Esquema de classificação da Medida de Independência funcional (MIF)

INDEPENDÊNCIA (SEM AJUDA) Não é necessária a ajuda de outra

pessoa para realizar atividades.

7. INDEPENDÊNCIA COMPLETA Todas as tarefas descritas que

constituem a atividade em questão são

realizadas em segurança, sem

modificação, sem ajuda técnica e em

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Fernandes, D. S. Avaliação da capacidade funcional de idosos longevos amazônidas... 38

tempo razoável.

6. INDEPENDÊNCIA MODIFICADA A atividade requer uma ajuda técnica,

adaptação, prótese ou órtese, um

tempo de realização demasiado

elevado, ou não pode ser realizada em

condições de segurança suficientes.

DEPENDENTE (COM AJUDA) É necessária outra pessoa para

supervisão ou ajuda física, sem esta, a

atividade não pode ser realizada.

5. SUPERVISÃO OU PREPARAÇÃO A pessoa só necessita de um controle,

ou uma presença, ou uma sugestão, ou

um encorajamento, sem contato físico.

Ou ainda o ajudante (a ajuda) arranja

ou prepara os objetos necessários ou

coloca-lhe a órtese ou prótese (ajuda

técnica).

4. ASSISTÊNCIA MÍNIMA O contato é puramente “tátil’, com uma

ajuda leve, a pessoa realiza a maior

parte do esforço.

3. ASSISTÊNCIA MODERADA A pessoa requer mais que um contato

leve, uma ajuda moderada. Realiza um

pouco da metade do esforço requerido

para a atividade.

DEPENDÊNCIA COMPLETA A pessoa efetua menos da metade do

esforço requerido para a atividade.

Uma ajuda máxima ou total é

requerida, sem a qual a atividade não

pode ser realizada.

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Fernandes, D. S. Avaliação da capacidade funcional de idosos longevos amazônidas... 39

2. ASSISTÊNCIA MÁXIMA A pessoa desenvolve menos da

metade do esforço requerido,

necessitando de ajuda ampla ou

máxima, mas ainda realiza algum

esforço que ajuda no desempenho da

atividade.

1. ASSISTÊNCIA TOTAL A pessoa efetua esforço mínimo,

necessitando de ajuda total para

desempenhar as atividades.

Fonte: BRASIL. Ministério da Saúde. Envelhecimento e saúde da pessoa idosa, 2007.

A MIF TOTAL pode ser utilizada em dois domínios, ou seja, a motora e

cognitiva. Porém, para este estudo optou-se por avaliar somente a MIF motora,

justificando-se que os itens avaliados no domínio cognitivo são de caráter subjetivo e

não comportam no objetivo deste estudo neste momento. Além disso, a MIF motora

faz parte do rol de medidas de avaliação da capacidade funcional recomendadas

pelos técnicos do Ministério da Saúde e consta no Caderno de Envelhecimento e

Saúde da Pessoa Idosa (BRASIL, 2007), sendo indicada sua aplicação na atenção

primária. Justifica-se, que para a avaliação cognitiva, preferiu-se utilizar um

instrumento com comparâmetros mais objetivos, como é o caso do MEEM.

Ainda sobre a MIF, se esclarece que o domínio de avaliação da função

MOTORA recebe uma pontuação que pode variar de13 a 91 pontos (SILVA et al.,

2015; MIRANDOLA, 2014; ROCHA et al., 2014;). O Quadro 04 representa os

domíniose tarefas da MIF motora com suas respectivas pontuações:

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Quadro 04 – Domínios e tarefas da MIF motora com suas respectivas pontuações

Níveis 7- Independência completa (em segurança, em

tempo normal)

6- Independência modificada (ajuda técnica)

Sem ajuda

Dependência modificada

5- Supervisão

4- Assistência mínima (indivíduo>=75%)

3- Assistência moderada (indivíduo >=50%)

2- Assistência máxima (indivíduo >=25%)

1- Assistência total (indivíduo>=0%)

Com Ajuda

DATA Domínios e Tarefas Pontuação

AUTOCUIDADOS 6-42 pontos

A Alimentação

B Higiene pessoal

C Banho ( lavar o corpo todo)

D Vestir-se acima do tronco

E Vestir-se abaixo do tronco

F Uso do vaso sanitário

CONTROLE DE ESFÍNCTERES 2-14 pontos

G Controle de urina

H Controle de fezes

MOBILIDADE ( transferências) 3-21 pontos

I Leito, cadeira, cadeira de rodas

J Vaso sanitário

K Banheira ou chuveiro

LOCOMOÇÃO 2- 14 pontos

L Marcha

Cadeira de rodas

M Escadas

TOTAL

Fonte: Mirandola, 2014.

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A MIF é utilizada para aplicação em faixas etárias definidas (RIBERTO et al.,

2004), neste caso, os idosos longevos, os quais são uma parcela da população

idosa exposta a maior risco de desenvolver perdas funcionais (SANTOS et al.,

2013).

Segundo o Caderno de Atenção à Pessoa Idosa do Ministério da Saúde, a

avaliação dos domínios e tarefas da MIF motora devem ser pontuados de acordo

com as árvores de decisões (Anexo 04), que atuarão como guias para a

identificação do nível de independência/dependência avaliado.

Algumas observações necessitam ser consideradas para aplicação da MIF

motora: sempre que uma tarefa for preparada por outrem, o nível máximo de

avaliação é 5; não expor a pessoa idosa a riscos para testar alguns itens da escala,

considerar o valor 1; sempre que dois cuidadores forem necessários para execução

de uma tarefa, marcar 1; nunca deixar nenhum item sem marcar (BRASIL, 2007).

3.5 Análise de resultados

Para a análise dos dados deste estudo construiu-se um banco de dados

organizado no aplicativo SPSS (Statistical Package for the Social Science) for

Windows 20.0. Os dados digitados foram submetidos à dupla conferência para

garantir a confiabilidade dos resultados. Para o tratamento dos dados

socioeconômicos e demográficos (variáveis quantitativas), realizaram-se análises

descritivas com medidas de posição e dispersão, e para as variáveis nominais,

categóricas ou ordinais aplicou-se o Teste Qui-Quadrado de Pearson.

3.6 Aspectos éticos

O estudo foi pautado na Resolução 466/12 do Conselho Nacional de Saúde,

cujas diretrizes sobre pesquisa que envolve seres humanos asseguram direitos e

deveres da comunidade científica, e em especial dos participantes da pesquisa,

trazendo referências da bioética tais como autonomia, não maleficência,

beneficência, justiça e equidade, visando assegurar os direitos e deveres que dizem

respeito às mesmas. Dessa forma, se buscará atender aos referenciais básicos

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Fernandes, D. S. Avaliação da capacidade funcional de idosos longevos amazônidas... 42

éticos e científicos. Considerando a dignidade humana e pela proteção dos

participantes desta pesquisa que envolve seres humanos, foi elaborado o TCLE

(Termo de Consentimento Livre e Esclarecido) conforme Apêndice 04.

O respeito devido à dignidade humana exige que toda pesquisa se processe

após consentimento livre e esclarecido dos participantes, que por si manifestem a

sua anuência à participação na pesquisa. Os participantes do estudo foram

selecionados pela própria pesquisadora, pois a mesma é docente no local em que

aconteceu a coleta de dados.

O TCLE contendo o assunto e o objetivo da pesquisa foi entregue ao

participante para leitura até a compreensão e sua assinatura, para que o mesmo

tivesse ciência da seriedade da pesquisa, confidencialidade dos dados informados,

da não lucratividade da mesma e a garantia de desistência a qualquer momento

durante a coleta de dados. A coleta de dados aconteceu somente após a leitura e

assinatura do TCLE e o esclarecimento de qualquer dúvida sobre a pesquisa. Foram

assinadas duas vias do TCLE, ficando uma via com o participante.

Ratifica-se que, caso o participante da pesquisa não soubesse ler e escrever,

o mesmo consentiu a realização da coleta dos dados após a leitura do TCLE pelo

pesquisador, com a autorização do registro da polpa digital do participante no TCLE

em duas vias.

Riscos para os participantes e pesquisadores

Os riscos que poderiam ocorrer durante o estudo envolvendo os participantes

e pesquisador seriam mínimos. Porém destaca-se o risco de exposição de

privacidade dos participantes. Para contornar esse risco, as informações prestadas

pelos participantes do estudo foram coletadas em um ambiente reservado,

consultório específico, climatizado e com conforto, tomando-se medidas necessárias

para permanência no ambiente somente do entrevistador e entrevistado, de modo a

preservar sua identidade, bem como a liberdade de recusa na participação da

pesquisa e ainda de abandonar a qualquer instante a mesma, sem que isso lhe

trouxesse quaisquer tipos de prejuízo.

No decorrer na pesquisa foi utilizado um formulário (Apêndice 03) com

identificação somente numérica dos participantes, preservando a identidade civil dos

mesmos.

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As informações serão guardadas por cinco anos e depois incineradas pelo

pesquisador.

Quanto aos benefícios que o estudo poderá gerar a partir dos resultados

encontrados, ressaltam-se as ações de educação em saúde individuais e/ou

coletivas que poderão ser revistas para o melhor controle da saúde dos idosos,

principalmente os longevos. Assim como a Secretaria Municipal de Saúde do

Município de Belém será informada sobre os resultados do estudo, com isso

contribuindo para uma readequação da assistência deste perfil de idosos na Atenção

Primária à Saúde.

Destaca-se que para a minimização de qualquer dano eventual imediato ou

tardio, comprometendo o indivíduo ou a coletividade, a coleta de dados foirealizada

somente após a submissão à apreciação do projeto pelo Comitê de Ética em

Pesquisa, sistema CEP/CONEP da Universidade do Estado do Pará para análise de

danos imediatos ou posteriores, no plano individual ou coletivo dos participantes,

tendo como número de Parecer: 1.101.295, com data de 26 de maio de 2015(Anexo

06).

Ratifica-se ainda que foi solicitada a autorização da Secretaria Municipal de

Saúde (SESMA) de Belém/Pará (Anexo 05) para o desenvolvimento da pesquisa.

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CAPÍTULO IV –APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS

Este capítulo apresenta os resultados do estudo, organizados conforme a

ordem das variáveis analisadas, ou seja, as socioeconômicas, demográficas,

condições epidemiológicas de saúde, avaliação cognitiva, MIF e a relação da

mesma com o sexo e faixa etária, conforme demonstrado nas tabelas a seguir.

Tabela 1 – Perfil sociodemográfico dos idosos longevosque participaram do estudo.Belém/PA, 2015.

(n=116).

Variáveis f %

Sexo

Feminino Masculino

75 41

64,7 35,3

Idade (média=85,1; DP= 4,703±)

80-89 100 86,2 90-99 14 12,1 100 ou + 2 1,7 Estado civil

Viúvo (a) 56 48,3 Casado (a) ou vive com alguém 41 35,3 Separado (a) 6 5,2 Solteiro (a) 13 11,2 Possui filhos? Sim 113 97,4 Não 3 2,6 Com quem mora? Familiares 104 89,7 Sozinho (a) 9 7,8 Outros 3 2,6 Procedência Interior do estado 76 65,6 Belém 32 27,6 Outro estado 7 6,0 Outro país 1 0,9 Renda Mensal(SM)* Até 1 SM 107 92,2 2 SM 8 6,9 > 3 -4 SM 1 0,9 Possui algum trabalho com renda? Não 107 92,2 Sim 9 7,8 Anos de estudo Analfabeto/Nunca estudou 42 36,2 < 1 ano de estudo 14 12,1 1 a 3 anos de estudo 39 33,6 4 a 8 anos 17 14,7 Mais 8 anos 4 3,4

Nota: Medidas em frequência e proporção. * Salário Mínimo (SM) = R$788,00

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Segundo os dados demonstrados na Tabela 1, observa-se que a maior

proporção dos idosos longevos era do sexo feminino, em comparação com o

masculino da amostra analisada. A faixa etária predominate foi entre 80-89 anos, na

maioria os idosos eram viúvos, possuiam filhos, viviam com a família, eram

procedentes do interior do Estado do Pará, tinham renda mensal de até um salário

mínimo, não possuiam algum tipo de trabalho com renda e apresentavam baixa

escolaridade.

Tabela 2 – Distribuição das condições epidemiológicas de saúde dos idosos longevos. Belém/PA,

2015. (n=116).

Variáveis f %

Doenças mais prevalentes Comorbidade Hipertensão Arterial Sistêmica Sem doenças Outras doenças

46 36 22 10

39,7 31,0 19,0 8,6

Diabetes 02 1,7 Ex- fumante Sim 80 69,0 Não 36 31,0 Ingestão de bebida alcóolica Não 97 83,6 Sim 19 16,4 Atividade física Não 101 87,1 Sim 15 12,9 Quedas nos últimos 12 meses Não 71 61,2 Sim 45 38,8 Atividades de lazer Ir à igreja 20 17,2 Assistir televisão 16 13,8 Não tem lazer 16 13,8 Conversar 10 8,6 Viajar 7 6,0 Passear 4 3,4 Brincar com os netos 4 3,4 Outros 39 35,1

Nota: Medidas em frequência e proporção

A tabela 2 estratifica as condições epidemiológicas e de saúde dos longevos

entrevistados. A maioria relatou possuir comorbidades, sendo a doença de base a

Hipertensão Arterial Sistêmica, eram ex fumantes, não utilizam bebida alcóolica, a

maioria não havia caído nos últimos 12 meses, eram sedentários e tinham algum

tipo de participação e/ou lazer.

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Fernandes, D. S. Avaliação da capacidade funcional de idosos longevos amazônidas... 46

Tabela 3 – Distribuição da função cognitiva dos idosos longevos do estudo, segundo o ponto de corte

da escolaridade do Mini Exame do Estado Mental(MEEM) – Belém/PA, 2015, (n=116).

Escolaridade Pontuação MEEM

28 a + % 24 a 27 % 20 a 23 % 19 ou -

% P*

Analfabetos 0 0 1 4,2 15 30,6 26 72,2 0,000

< 1 ano de estudo

0 0 3 12,5 7 14,3 4 11,1

1 a 3 anos 2 28,6 10 41,7 22 49,9 5 13,9 4 a 8 anos 5 71,4 7 29,2 4 8,2 1 2,8 Total 7 100 21 87,6 48 103 36 100

Nota: Medidas em proporção e teste Qui Quadrado de Pearson(p). * P valor ≤0,05

A Tabela 03 apresenta a pontuação no Mini Exame do Estado Mental (MEEM)

relacionada com a escolaridade em anos de estudo. Observa-se, que quanto menor

a escolaridade, menor a pontuação no MEEM. As duas variáveis apresentaram

correlação (p valor ≤0,000).

Tabela 4- Distribuição do desempenho dos idosos longevos do estudo segundo os domínios da

MIFm (Medida de Independência Funcional Motora), Belém/PA, 2015 (n=116).

Domínios da MIFm Níveis de Independência Funcional %

7 6 5 4 3 2 1

Autocuidado 1,7 86,2 0,0 6,9 0,9 2,6 1,7 Controle dos Esfíncteres

38,8 44,8 0,0 6,0 5,2 0,9 4,3

Mobilidade (Transferências)

25,0 19,8 38,8 7,8 3,4 0,0 5,2

Locomoção 9,5 54,3 3,4 9,5 10,3 6,9 6,0

Nota: I(Independente=7);IM(Independência Modificada=6);S(Supervisão=5); DM(Dependência

Mínima=4); DMo(Dependência Moderada=3); DMa(Dependência Máxima=2); DT(Dependência

Total=1).

A Tabela 4 apresenta o desempenho dos idosos segundo os domínios da

MIFm.Os quatro domínios da MIF motora correspondem ao autocuidado

(alimentação, higiene pessoal, banho, vestir-se acima e abaixo do tronco, uso do

vaso sanitário), controle de esfíncteres (urina e fezes), mobilidade (leito, cadeira ou

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cadeira de rodas, vaso sanitário, banheira ou chuveiro) e locomoção (marcha ou

cadeira de rodas e escada).

Observou-se pelo relato dos idosos entrevistados que as atividadesde

autocuidado para uma grande proporçãojá apresentavam uma independência

modificada, assim como mais de 40% para o controle dos esfíncteres e 54% para

locomoção. Quanto à mobilidade, notou-se que a maior parte dos idosos já

necessitava de supervisão.

Tabela 5 –Distribuição do nível de independência dos idosos longevos que participaram do estudo,

segundo o sexo, Belém/PA, 2015 (n=116).

MIFm (Domínios) Masculino Feminino f % f% *p

Autocuidado Nível 7 0 0,0 2 2,7 0,168 Nível 6 38 92,7 62 82,7 Nível 5 0 0,0 0 0,0 Nível 4 0 0,0 8 10,7 Nível 3 1 2,4 0 0,0 Nível 2 1 2,4 2 2,7 Nível 1 1 2,4 1 1,3 Controle de esfíncteres Nível 7 21 51,2 24 32,0 0,319 Nível 6 16 39,0 36 48,0 Nível 5 0 0,0 0 0,0 Nível 4 1 2,4 6 8,0 Nível 3 1 2,4 5 6,7 Nível 2 0 0,0 1 1,3 Nível 1 2 4,9 3 4,0 Mobilidade (Transferências) Nível 7 17 41,5 12 16,0 0,032 Nível 6 7 17,1 16 21,3 Nível 5 11 26,8 34 45,3 Nível 4 3 7,3 6 8,0 Nível 3 0 0,0 4 5,3 Nível 2 0 0,0 0 0,0 Nível 1 3 7,3 3 4,0 Locomoção Nível 7 5 12,2 6 8,0 0,042 Nível 6 29 70,7 34 45,3 Nível 5 0 0,0 4 5,3 Nível 4 2 4,9 9 12,0 Nível 3 1 2,4 11 14,7 Nível 2 1 2,4 7 9,3 Nível 1 3 7,3 4 5,3

Nota: Medidas em frequência e proporção; teste Qui-Quadrado de Pearson. * P valor (≤0,05)

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Fernandes, D. S. Avaliação da capacidade funcional de idosos longevos amazônidas... 48

Na Tabela 05 verificou-se que no desempenho para o autocuidado e controle

dos esfíncteres, segundo o relato dos idosos do estudo, não houve diferença quanto

ao sexo (p valor ≥0,05). Muito embora para o controle de esfíncteres a proporção

entre os homens para independência total foi maior em relação às mulheres, que já

tinham independência modificada. Quanto à mobilidade (transferências) os homens

apresentaram independência total, enquanto que as mulheres já necessitavam de

supervisão, com p valor ≤0,05. Assim como na locomoção uma maior proporção de

idosos do sexo masculino apresentou independência modificada em relação às

idosas, com p valor também ≤0,05.

Tabela 6 –Distribuição do nível de independênciados idosos longevos que participaram do estudo,

segundo a faixa etária, Belém -PA, 2015 (n=116).

Variáveis 80-89 90-99 100 + *p f% f% f%

Autocuidado Nível 7 2 2,0 0 0,0 0 0,0 0,000 Nível 6 92 92,0 7 50,0 1 50,0 Nível 5 0 0,0 0 0,0 0 0,0 Nível 4 4 4,0 4 28,6 0 0,0 Nível 3 1 1,0 0 0,0 0 0,0 Nível 2 1 1,0 1 7,1 1 50,0 Nível 1 0 0,0 2 14,3 0 0,0 Controle de esfíncteres Nível 7 42 42,0 3 21,4 0 0,0 0,000 Nível 6 47 47,0 4 28,6 1 50,0 Nível 5 0 0,0 0 0,0 0 0,0 Nível 4 3 3,0 4 28,6 0 0,0 Nível 3 6 6,0 0 0,0 0 0,0 Nível 2 1 1,0 0 0,0 0 0,0 Nível 1 1 1,0 3 21,4 1 50,0 Mobilidade (transferências)

Nível 7 28 28,0 1 7,1 0 0,0 0,000 Nível 6 21 21,0 2 14,3 0 0,0 Nível 5 41 41,0 3 21,4 1 50,0 Nível 4 7 7,0 2 14,3 0 0,0 Nível 3 1 1,0 3 21,4 0 0,0 Nível 2 0 0,0 0 0,0 0 0,0 Nível 1 2 2,0 3 21,4 1 50,0 Locomoção Nível 7 0 0,0 0 0,0 0 0,0 0,002 Nível 6 60 60,0 3 21,4 0 0,0 Nível 5 4 4,0 0 0,0 1 50,0 Nível 4 8 8,0 2 14,3 0 0,0 Nível 3 8 8,0 4 28,6 0 0,0 Nível 2 6 6,0 2 14,3 0 0,0 Nível 1 3 3,0 3 21,4 1 50,0

Nota: Medidas em frequência proporção; teste Qui quadrado de Pearson(p) * P valor (≤0,05)

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Fernandes, D. S. Avaliação da capacidade funcional de idosos longevos amazônidas... 49

Observou-se, nos resultados apresentados na Tabela 6, que a independência

funcional para as atividades de autocuidado e controle dos esfíncteres estavam

presentes nos idosos mais independentes e predominantemente na faixa etária de

80-89anos, com p valor (≤0,05). Quanto ao desempenho para transferências e

locomoção, cerca de 60% dos idosos entre 80-89 anos ainda mantinham

independência modificada, porém mais de 75% dos idosos nas faixas etárias mais

avançadas já necessitavam de algum tipo de ajuda, segundo os domínios avaliados.

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Fernandes, D. S. Avaliação da capacidade funcional de idosos longevos amazônidas... 50

CAPÍTULO V - DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

A avaliação da capacidade funcional nos indivíduos na fase da velhice é uma

recomendação da Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa (BRASIL, 2006), e

do Caderno de Envelhecimento da pessoa Idosa (BRASIL, 2007).

Esta avaliação pode ser realizada por diversos profissionais da área da saúde

em conformidade com os princípios preconizados pelo Sistema Único de Saúde

(SUS). Deve ser uma avaliação integral, a qual objetiva principalmente detectar

precocemente alterações iniciais, manutenção ou reabilitação da capacidade

funcional, objetivando primordialmente o não estabelecimento ou potencialização de

incapacidades.

Para atender aos objetivos propostos por este estudo, este capítulo realizará

a discussão dos resultados, embasada em estudos que enfocaram a temática em

questão. Destaca-se que os longevos que foram participantes da pesquisa eram

usuários assíduos nos programas aos quais eram vinculados na Atenção Primária à

Saúde (APS), o que, supõe-se, também influenciaria na sua capacidade funcional.

A discussão seguirá a ordem dos resultados apresentados no capítulo

anterior a saber: Perfil sociodemográfico, condições epidemiológicas e de saúde,

avaliação cognitiva, capacidade funcional dos idosos segundo a Medida de

Independência Funcional motora e a sua relação com o sexo e faixa etária.

5.1 Perfil sociodemográfico dos idosos longevos

O perfil demográfico irá mudar drasticamente nos próximos anos devido ao

aumento de idosos muldialmente. Em 2050 as pessoas longevas serão

responsáveis por um quinto das pessoas idosas no mundo (TAEKEMA et al. 2012).

Os idosos com idade igual ou maior de 80 anos constituem um crescente

grupo etário dentro da população. A preocupação é que o aumento da extensão da

vida vai ser acompanhada por níveis mais elevados de doença que se traduzem em

incapacidade, dependência e aumentando demandas por serviços de saúde e

assistência social. Ratifica-se que os chamados muito idosos têm sido pouco

representados nas ivestigações relacionadas ao envelhecimento. Os dados sobre os

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Fernandes, D. S. Avaliação da capacidade funcional de idosos longevos amazônidas... 51

mesmos são rotineiramente com base em amostras relativamente pequenas

(JAGGER et al., 2011).

Os idosos com idade a partir de 80 anos são grupo que vem se destacando

dentro da fase da velhice e correspondem no Brasil à 13,8% da população idosa

(IBGE, 2014).

Os resultados da pesquisa demostraram uma maior prevalência do sexo

feminino na amostra estudada. A feminização é um fenômeno notório na velhice. A

Síntese de Indicadores do IBGE mostrou que no ano de 2013 as mulheres idosas

corresponderam a 55,5% na população, com faixa etária a partir de 60 anos (IBGE,

2014).

A longevidade é maior entre as mulheres quando comparada aos homens

(PEREIRA; BESSE, 2011). Num estudo de coorte realizado na Dimanarca com

nonagenários nascidos em 1905 e 1915, o qual avaliou 2.262 longevos nascidos em

1905 e 12 anos depois avaliou 1.584 nonagenários nascidos em 1915, observou-se

prevalência de mulheres longevas (CHRISTENSEN et al., 2013), assim como em

outros estudos estrangeiros e brasileiros(INOUYE;PEDRAZZONI, 2007; TERRY et

al., 2008; LANDI et al., 2009;DE RANGO et al., 2010; NOGUEIRA et al.,

2010;JAGGER et al., 2011; BARBOZA, 2011; RABUNÃL-REY et al., 2012;

LENARDT; CARNEIRO, 2013; ANSAI;SERA, 2013; MOSSAKOWSKA et al., 2014).

Este processo apresenta implicações em às Políticas Públicas, pois a maioria

das mulheres é víuvas, com baixa escolaridade e pouca experiência no mercado

formal. Com isso a longevidade feminina nem sempre é vista como vantagem

(CAMARANO, 2002).

A faixa etária mais prevalente no estudo foi entre 80 e 89 anos, semelhante a

resultados encontrados em outros estudos realizados com idosos longevos

(INOUYE; PEDRAZZONI, 2007; NOGUEIRA et al., 2010; ROSSET et al., 2011;

BRITO et al., 2013; LENARDT; CARNEIRO, 2013; MIRANDOLA, 2014). A

expectativa de vida do brasileiro em 2013 foi de 74,9 anos (IBGE, 2013). Fato que

está em congruência com este estudo.

A viuvez foi o estado civil mais preponderante, principalmente entre as

mulheres. O processo de feminização está atrelado ao processo da viuvez. Com o

aumento da expectativa de vida, a proporção de viúvas tem acompanhado este

processo, observando-se uma diminuição no quantitativo de idosas casadas. Alguns

fatores estão relacionados a este fato, como a maior longevidade no sexo feminino e

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a prevalência cultural de os homens casarem-se novamente com mulheres mais

novas (CAMARANO, 2002; BOTH et al., 2012).

Um estudo realizado com objetivo de descrever o perfil socioepidemiológico

de 227 idosos longevos residentes em Recife, no Estado de Pernambuco, mostrou

que 64,8% dos entrevistados eram viúvos (PORCIÚNCULA, 2012).

Em outro estudo seccional realizado na cidade de Belém-Pará com o objetivo

de avaliar a capacidade funcional de 259 idosos atendidos no programa

Hiperdia/SUS, 22,8% relataram como estado civil a viuvez, sendo a faixa etária

predominante 60 a 70 anos (SANTOS; GRIEP, 2013).

A abordagem sobre a viuvez em idade avançada é uma das temáticas menos

investigadas, apesar de ser um dos acontecimentos dos ciclos da vida mais

normativo. A escassez de projetos ou movimentos culturais que incluam a

participação da pessoa idosa contribuem para a dificuldade na superação do luto

(SILVA; FERREIRA-ALVES, 2012; BOTH et al., 2012).

A maioria dos idosos do estudo afirmou ter filhos, fato este relacionado

também ao maior quantitativo de mulheres no estudo, as quais vivenciam o

processo da gestação. Uma pesquisa realizada na Georgia, EUA, com centenários,

apontou que o número de filhos é considerado uma variável positiva no processo do

envelhecimento (BARBOZA, 2011).

A moradia com familiares destacou-se nesta pesquisa, demostrando que os

idosos longevos, os quais tendem a apresentar um comprometimento funcional,

acabam vivenciando esta fase da velhice com pessoas do seu convívio familiar

(filhos, cônjuge, netos).

No ano de 2013, o arranjo familiar mais prevalente para os idosos (30,6%) foi

aquele composto por idosos morando com filhos, todos com 25 anos ou mais de

idade, na presença ou não de outros parentes ou agregados, sendo este indicador

mais elevado para as idosas (33,3%) do que para os idosos (27,3%). Dessa forma,

84,9% dos idosos estavam em arranjos em que havia presença de outra pessoa

com quem estabelecessem alguma relação familiar, fosse cônjuge, filho, outro

parente ou agregado (IBGE, 2014).

Mais da metade dos idosos do estudo afirmou ter como procedência a região

interiorana/rural do estado. Idosos que são procedentes de regiões rurais podem

apresentar uma melhor capacidade funcional, visto que os hábitos de vida podem

ser mais saudáveis.

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Fernandes, D. S. Avaliação da capacidade funcional de idosos longevos amazônidas... 53

Em estudo realizado na cidade de Curitiba/Paraná, com 116 longevos,

observou-se que 78,4% tinham como procedência a área rural/interiorana do estado.

Foi verificado ainda que a partir das décadas de 1970 e 1980 os movimentos

migratórios da zona rural para a urbana foram intensos e estavam relacionados à

mecanização da agricultura e industrialização nos grandes centros urbanos

(LOURENÇO, 2011).

Em outro estudo, realizado na China envolvendo 8.805 idosos com idade

entre 80 e 105 anos, observou-se a procedência da região interiorana do país e o

estudo apontou que estes longevos possuíam níveis de atividades de vida diária

maiores do que aqueles que residiam na zona urbana (LENARDT; CARNEIRO,

2013).

A renda média dos participantes do estudo foi de um salário mínimo. Em um

estudo realizado no Rio Grande com Sul, em duas cidades distintas, totalizando 272

longevos, a média da renda dos participantes era de um salário mínimo (ROSSET et

al., 2011).

A síntese de indicadores do IBGE mostrou que a aposentadoria corresponde

a principal fonte de renda dos idosos no Brasil, com 59%, e na Região Norte esse

percentual é de 58,7. Em relação à distribuição percentual de pessoas com idade a

partir de 60 anos, que residem em domicílios particulares, por classes de rendimento

mensal domiciliar per capita (%), mostrou que 41,6% ganham até um salário mínimo

no Brasil, sendo no Norte 59,6%, considerado um dos valores significativamente

mais altos, ficando atrás somente da Região Nordeste, que obteve 61,2% (IBGE,

2014).

Os idosos que possuem um rendimento financeiro restrito apresentam um

acesso limitado aos cuidados alimentares e sociais, enfatizando a saúde e

educação, ratificando que estes são influenciadores significativos na qualidade de

vida dos mesmos. Os fatores socioeconômicos influenciam na saúde dos mais

velhos (INOUYE; PEDRAZZONI, 2007; MORAES; RODRIGUES; GERHARDT,

2008).

Quanto ao fato de possuírem algum trabalho com renda, a maioria dos idosos

entrevistados afirmou não possuir. Os idosos que mantêm algum trabalho com

renda, além de aposentadorias, pensões ou outros benefícios, tendem a apresentar

uma maior autonomia e independência. Segundo estudo, existe a necessidade de

implementação de políticas públicas que estimulem a inserção destes idosos no

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Fernandes, D. S. Avaliação da capacidade funcional de idosos longevos amazônidas... 54

mercado de trabalho, pois isso é uma forma de ratificar o estímulo a manutenção da

capacidade funcional. O trabalho para as pessoas a partir de 60 anos ou mais no

Brasil contribuiu com 28,3% da composição do rendimento deste grupo (IBGE,

2014).

O analfabetismo foi o grau de escolaridade com maior percentagem entre os

longevos entrevistados. Hoje, no Brasil, a média em anos de estudos dos idosos

corresponde a 4,7 anos, e na Região Norte, 3,7anos. No país, 28,4% dos idosos

apresentam menos de um ano de estudo (IBGE, 2014).

O contexto histórico do século XX, o qual está relacionado ao período de

nascimento e infância dos longevos, apresentava uma limitação de acesso à rede

escolar pública. Quem morava na zona rural tinha essa dificuldade mais acentuada

em função do irrisório número de escolas disponíveis, dificuldade de locomoção

devido ao espaço geográfico, entre outros motivos (BIOLCHI et al., 2013).

Em uma pesquisa realizada em município de porte médio, situado na região

central do Estado de São Paulo, com 80 idosos longevos, 75% eram analfabetos. O

estudo descreveu que alguns fatores contribuem significativamente para o alto

índice de analfabetismo entre os idosos longevos, como, por exemplo, a dificuldade

de acesso à escola. Os homens tinham um maior nível de instrução quando

comparado às mulheres, pois a cultura da época não valorizava a educação escolar

para as mesmas, que geralmente eram educadas para serem boas esposas, donas

de casa e mães (INOUYE; PEDRAZZONI, 2007).

Outro estudo, realizado na cidade de Calabria na Itália, com 853 idosos sendo

um grupo com idade superior a 90 anos (400 indivíduos) e outro com idade entre 65

e 85 anos (453 indivíduos), mostrou que cerca de 82% dos indivíduos com idade

superior a 90 anos não havia terminado o primeiro nível da escola, com 50% das

mulheres e 41% dos homens completamente analfabetos (DE RANGO et al., 2010).

Um estudo realizado com o objetivo de investigar a funcionalidade de 124

idosos cadastrados em uma unidade da Estratégia Saúde da Família (ESF) na

região metropolitana de Belém/Pará mostrou que a maioria dos idosos apresentou

uma baixa escolaridade (LOPES; SANTOS, 2015).

Os fatores citados anteriormente também apresentam uma relação direta com

o processo de feminização na velhice, visto que, uma vez que houve a restrição de

estudos em décadas passadas para as mulheres, e sendo elas hoje em maior

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Fernandes, D. S. Avaliação da capacidade funcional de idosos longevos amazônidas... 55

número na velhice, isso corrobora para o elevado índice analfabetismo entre os

idosos.

A baixa escolaridade e o analfabetismo são fatores que relacionam-se

diretamente com o comprometimento do nível de entendimento do idoso e isso

contribui para limitação de acesso às informações (FARIAS; SANTOS, 2012).

5.2 Condições epidemiológicas e de saúde

As doenças crônicas não transmissíveis relatadas como comorbidades foram

as que se destacaram no questionamento sobre realização de tratamentos para

patologias citados pelos idosos no estudo, tendo ênfase a Hipertensão Arterial

Sistêmica (HAS). Destacam-se como problemas de saúde mais comuns entre os

idosos, principalmente os mais velhos, os quais são menos investigados pelos

serviços de saúde, as comorbidades, declínios cognitivo e funcional (ROSSET et al.,

2011).

A comorbidade na velhice é um fenômeno que pode favorecer o aumento da

vulnerabilidade, resultado da diminuição das reservas fisiológicas e do possível

comprometimento funcional associados às diversas mudanças físicas (TIER et al.,

2014).

A HAS aparece como uma das principais doenças que acometem os idosos

com idade de 80 anosou mais, seguida da diabetes (LANDI et al., 2009). Com o

processo do envelhecimento ocorre uma tendência para para o aumento da pressão

arterial acima dos parâmetros normais, de acordo com o avançar da idade (NUNES

et al., 2009).

Estima-se que a maioria dos idosos apresentem pelo menos uma doença

crônica, com isso a situação de cronicidade e longevidade atual, contribuem para o

aumento das limitações funcionais dos idosos brasileiros, necessitando de cuidados

constantes (GONÇALVES et al., 2006).

Na cidade de Leinden, na Holanda, foi realizado um estudo populacional

prospectivo em um período de 12 anos, no qual avaliou-se sobrevida de 599 idosos

longevos com idade de 85 anos, e observou-se que as doenças crônicas, como

doenças cardiovasculares, HAS, diabetes, artrose e artrite, foram as mais

prevalentes nos estrevistados (TAEKEMA et al. 2012).

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Fernandes, D. S. Avaliação da capacidade funcional de idosos longevos amazônidas... 56

Em um outro estudo realizado no Brasil, no Rio Grande do Sul, com 137

idosos longevos, verificou-se que dentre as doenças crônicas não transmissíveis

indagadas, a hipertensão arterial foi citada por praticamente a metade dos idosos,

seguido por problemas de coluna, reumatismo, insônia, catarata e problemas de

circulação. E que, apesar de a mesma ter sido a doença mais prevalente, não foi a

que mais interferiu na capacidade funcional dos idosos, e sim o reumatismo, seguido

de problemas na coluna e insônia. Afirmando que o indicador da funcionalidade foi

mais significativo naquela população do que a mera presença de doenças

(MORAES; RODRIGUES; GERHARDT, 2008).

Destaca-se que um estudo mostrou que os idosos longevos podem ser

portadores de comorbidades, e este fator está atrelado ao comprometimento

funcional, mas mesmo assim podem apresentar uma vivência positiva do

envelhecimento (BARBOZA, 2011).

De acordo com estudo realizado com 841 idosos com idade média de 85

anos, nascidos em 1921, vivendo em Newcastle e North Tyneside no Reino Unido,

apesar de considerável morbidade, as pessoas se mostraram muito independentes

(JAGGER et al., 2011).

O número de longevos ex-fumantes foi expressivo no estudo, enquanto que o

hábito de ingestão de bebida alcóolica foi inexpressivo. Já são feitas associações

negativas entre a utilização de fumo, bebidas alcóolicas e a sobrevida em idades

extremas. O tabagismo está associado a várias morbidades, dentre elas destaca-se

a hipertensão arterial (BARBOZA, 2011).

Em estudo realizado na cidade de Gotemburgo, na Suécia, com todos os

homens nascidos em 1913, total de 855, com objetivo de identificar as variáveis de

importância para se alcançar os 90 anos de idade, observou-se que o não hábito de

fumar foi uma das varáveis que influenciou na sobrevida de 111 homens que

conseguiram chegar na idade determinada (WILHELMSEN et al., 2010).

A não realização de exercícios físicos foi uma característica da maioria dos

idosos deste estudo. A prática regular de exercício físico é uma forte aliada na

minimização de perdas como equilíbrio, alterações de massa muscular e óssea

decorrentes do processo fisiológico do envelhecimento (FARIAS; SANTOS, 2012).

Um estudo realizado em Florianópolis, Santa Catarina com o objetivo de

avaliar as percepções quanto às barreiras e facilitadores para a prática de atividades

físicas, com 30 idosas longevas inativas, mostrou que existem mais barreiras que

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Fernandes, D. S. Avaliação da capacidade funcional de idosos longevos amazônidas... 57

facilitadores para a prática de atividades físicas. As principais foram: limitação física,

falta de disposição, excesso de cuidado da família, exercícios físicos inadequados,

doenças, falta de segurança, medo de quedas, aumento da idade, nunca ter

realizado atividade física para o lazer (KRUG; LOPES; MAZO, 2015).

A capacidade de limitar doenças relacionadas à idade tem sido proposta

como um dos mecanismos responsáveis pelo sucesso envelhecimento em

indivíduos extremamente velhos e manter a realização do exercício físico

provavelmente desempenha um papel significativo neste processo (VENTURELLI;

SCHENA; RICHARDSON,2012).

As quedas foram relatadas por 38,8% dos idosos longevos deste estudo. A

incidência de quedas tende a aumentar com o avançar da idade, e existem diversos

fatores relacionados ao evento de cair (ANTES et al., 2013; TIER et al., 2014).

Esses fatores possuem gênese multifatorial podendo envolver condições intrínsecas

ou extrínsecas. Entende-se como o primeiro a relação com as alterações

anatomofisiológicas e o segundo, com os ambientes inseguros (COSTA et al., 2013).

Uma pesquisa realizada com o objetivo de verificar associação entre quedas

e capacidade funcional com 94 idosos longevos residentes em comunidade urbana

no Estado da Bahia mostrou que a prevalência de quedas foi de 27,7%, e foram

classificados como dependentes para Atividades básicas da vida diária 19,6% dos

idosos. O estudo afirmou que os resultados mostraram proporção de quedas

significativamente maior entre idosos longevos funcionalmente dependentes do que

entre idosos independentes (BRITO et al., 2013).

Num estudo de coorte sueco com duas amostras, sendo uma composta por

973 e outra por 1273 idosos menores e maiores de 80 anos, observou-se que as

quedas foram mais prevalentes em pessoas com idade mais avançada, pois as

mesmas relacionam-se diretamente com a capacidade funcional e esta tende a

reduzir-se com o aumento da idade (MOLLER et al., 2013).

O comprometimento funcional é um fator de risco para quedas, o que pode

ser visto como a fase inicial de um declínio funcional onde o idoso está em transição

de ser independente para ser dependente. Isso enfatiza a necessidade de detectar

esta característica nas pessoas mais velhas e iniciar uma intervenção preventiva a

fim de melhorar a função física, para evitar quedas futuras. (MOLLER et al., 2013).

O evento da queda acarreta diversificadas consequências para o idoso. Estas

podem ser das mais simples até as mais complexas. Identificar o risco de quedas na

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Fernandes, D. S. Avaliação da capacidade funcional de idosos longevos amazônidas... 58

avaliação da pessoa idosa influencia consideravelmente na minimização de

complicações, como o comprometimento da capacidade funcional (TIER et al., 2014)

Os idosos deste estudo destacaram o hábito de ir à igreja como a atividade de

lazer mais frequente. As práticas religiosas são mais comuns entre os idosos,

quando comparados a outras faixas etárias do ciclo de vida. Os mais longevos

tendem a expressar ainda mais a forte religiosidade. As atividades religiosas podem

diminuir com o envelhecimento devido às limitações funcionais, porém as atitudes

religiosas permanecem (FARIAS; SANTOS, 2012).

Um estudo realizado com 316 idosos residentes em Lafaiete Coutinho, Bahia,

com o objetivo de analisar a associação do comprometimento da capacidade

funcional com condições de saúde e fatores sociodemográficos e comportamentais,

mostrou que 92,4% dos entrevistados participavam de alguma atividade religiosa

(FREITAS et al., 2012).

Os idosos deste estudo, apesar da longevidade, eram ativos em algumas

atividades, e isso pode ter influência no desempenho das atividades religiosas

frequentes no seu cotidiano. Neste estudo as mais destacadas foram assistir

televisão e conversar.

Um estudo realizado para averiguar o envelhecimento ativo de 87 idosos mais

idosos em Santa Catariana em relação às condições epidemiológicas e de saúde

verficou que 86,2% apresentavam doenças cardiovasculares. Destes, 48,2%

apresentavam HAS e Diabetes, 25,9% realizavam exercício físico, 8,5% fumavam,

29,8% consumiam bebida alcóolica, 43,6% referiram terem caído no último ano

(FARIAS; SANTOS, 2012), assemelhando-se aos achados das condições

epidemiológicas em saúde deste estudo.

5.3 Avaliação Cognitiva

Na avalição cognitiva segundo o MEEM, observou-se que, quanto menor a

escolaridade, menor é o desempenho no teste de capacidade funcional.

Esse aspecto também foi observado em uma pesquisa realizada utilizando o

mesmo teste com 530 idosos e que demonstrou que a idade não interferiu nos

escores alcançados, em contrapartida, ao se comparar os níveis de escolaridade a

diferença estatística foi significativa. Com isso se afirmou que um fator de erro

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Fernandes, D. S. Avaliação da capacidade funcional de idosos longevos amazônidas... 59

importante é a atribuição de distúrbios cognitivos evidentes a razões culturais ou à

idade (BERTOLUCCI et al., 1993).

Um estudo que descreveu o perfil social e funcional de 503 idosos assistidos

pela Estratégia Saúde da Família em Dourados, no Mato Grosso do Sul, realizou a

avaliação cognitiva pelo MEEM. Foram identificados 215 (42,7%) idosos com deficit

cognitivo, dos quais 116 (54%) eram analfabetos. Ao se comparar o resultado da

avaliação cognitiva com outros estudos, os dados foram semelhantes, pois a baixa

escolaridade foi determinante nos escores finais (ALVARENGA; OLIVEIRA;SOUZA,

2011).

Outro estudo de coorte dinamarquês, que avaliou 2.262 nonagenários

nascidos em 1905, e 12 anos depois avaliou 1.584 nonagenários nascidos em 1915,

afirmou que a melhoria na educação contribui para a melhora do estado cognitivo,

visto que são fatores intimamente relacionados (CHRISTENSEN et al., 2013). A falta

de estímulo das atividades cognitivas tende a exarcebar o declínio cognitivo em

idades mais avançadas (BARBOZA, 2011).

Em um estudo realizado com 340 idosos centenários na Polônia, no qual para

avaliação cognitiva se utilizou o MEEM, observou-se que um baixo rendimento

cognitivo pode ser um fator que irá interferir na sobrevida do longevo e que a

avaliação cognitiva rotineira dos mais velhos é uma conduta necessária, visto que o

declínio cognitivo pode influenciar no desempenho funcional do longevo

(MOSSAKOWSKA et al., 2014).

5.4 Capacidade funcional dos idosos longevos segundo a Medida de

Independência Funcional motora (MIFm) e a sua relação com sexo e faixa

etária

Para avaliação da capacidade funcional neste estudo optou-se por utilizar a

Medidade de Independência Funcional motora. A identificação do desempenho

funcional é um importante indicador de saúde para os idosos em todas as faixas

etárias. Este é influenciado por condições multifatoriais e está associado à interação

de fatores demográficos, sociais, econômicos, epidemiológicos e comportamentais.

Os longevos do estudo, quanto ao desempenho funcional de acordo a MIFm

em relação aos domínios autocuidado, controle de esfincter e locomoção,

apresentaram independência modificada, enquanto que para as tarefas de

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Fernandes, D. S. Avaliação da capacidade funcional de idosos longevos amazônidas... 60

mobilidade/transferência, nos idosos mais longevos, já se identificou a necessidade

de supervisão que caracteriza dependência.

Num estudo realizado em Criciúma/Santa Catarina, para investigação da

capacidade funcional pela MIF com 20 longevos institucionalizados, observou-se

que nos domínios autocuidado (33%), controle de esfíncter (50%) e locomoção

(27,2%) apresentaram independência modificada, enquanto que na

mobilidade/transferência (25%) apresentaram dependência modificada do tipo

supervisão (HOEPERS et al., 2013).

Outro estudo, realizado com 116 longevos admitidos em uma Unidade de

Internação Hospitalar, na qual se avaliou a capacidade funcional por meio da MIF

motora, observou-se que a maioria dos idosos era independente para a realização

das atividades. Quantos aos domínios autocuidado, controle de esfíncter, controle

de locomoção e transferência, os mesmos apresentaram independência modificada

(LOURENÇO, 2011).

No estudo em questão observou-se que no domínio da

mobilidade/transferência a maioria dos longevos foi classificada na dependência

modificada do tipo supervisão. A dificuldade na mobilidade/transferências para

cadeira, cama, cadeira de rodas, vaso sanitário tem uma intrínseca relação com a

motivação de algumas DCNTs, pois dependendo do tipo podem dificultar a

realização de tais atividade pelo idoso (LOURENÇO, 2011).

A avaliação da mobilidade direciona a visibilidade para verificação do declínio

funcional, sendo considerada valiosa no estudo das relações da capacidade

funcional com características sociodemográficas, condições crônicas e eventos

relacionados à saúde, visto que são situações que podem interferir diretamente na

mesma (ROCHA et al., 2014).

Em relação à investigação da capacidade funcional de idosos que são

acompanhados na APS na região metropolitana de Belém/Pará, dois estudos

concluíram que os idosos avaliados apresentaram boa capacidade funcional

(SANTOS; GRIEP, 2013; LOPES; SANTOS, 2015), porém, esses estudos não

apresentaram resultados com idosos longevos, o que talvez não seja possível para

realizar comparações mais apuradas na nossa região.

Neste estudo, quando associada a capacidade funcional ao sexo, notou-se

que que as mulheres apresentaram dependência no domínio mobilidade, enquanto

que os homens em todos os domínios mantiveram-se na classificação da

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independência total ou modificada. Ressalta-se que os homens apresentam perdas

anátomo-fisiológicas em alguns aspectos de forma mais lentificada que a mulher,

como, por exemplo, a perda da massa mineral óssea por volta dos 50 a 60 anos,

enquanto que na mulher ocorre entre 45 e 70 anos, e menor perda de massa

corporal (SANTOS, 2011).

O fenômeno de feminização na velhice talvez também possa explicar este

fato, pois é um processo notório, e apesar de este grupo apresentar maior

expectativa de vida, consequentemente apresenta maior perda funcional. Algumas

hipóteses podem explicar este fato, como maior prevalência de condições

incapacitantes não letais entre as mesmas (osteoporose, depressão, por exemplo) e

o fato de a mulher apresentar um maior número de condições de saúde, quando

comparada aos homens na mesma faixa etária (NUNES et al., 2009).

Assim como a solidão potencializada pela condição de viuvez, que pode

influenciar no comprometimento funcional com tendência a cuidar menos da sua

sáude (NUNES et al., 2009).

Um estudo realizado com 33.515 idosos, com objetivo de analisar a influência

dos fatores demográficos, socioeconômicos, condições de saúde e do contexto das

unidades da federação na incapacidade funcional dos idosos, mostrou a relação do

sexo feminino à incapacidade funcional (ALVES; LEITE; MACHADO, 2010).

Outro estudo prospectivo observacional foi realizado na Espanha com 80

centenários, sendo 26 homens e 64 mulheres, observou-se que o sexo masculino

apresentou melhor capacidade funcional e desempenho cognitivo quando

comparado ao feminino (RABUÑAL-REY et al.,2012).

Na cidade de Calabria, na Itália, foi feita uma pesquisa com 853 idosos, sendo

um grupo com idade superior a 90 anos (400 indivíduos) e outro com idade entre 65

e 85 anos (453 indivíduos), e observou-se que os homens apresentaram melhor

desempenho funcional que as mulheres. Homens envelhecem melhor que as

mulheres, embora seja paradoxal o fato de os mesmos apresentarem menor

expectativa de vida que as mulheres (DE RANGO et al., 2010).

Outro estudo transversal realizado em Boston, nos Estados Unidos, com 523

mulherese e 216 homens com 97anos ou mais, os homens tiveram uma melhor

avaliação funcional do que as mulheres (TERRY et al., 2008).

Num estudo realizado com 841 idosos longevos com idade igual ou superior a

85 anos, na Inglaterra, os resultados apontaram os homens como mais

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independentes que as mulheres (JAGGER et al., 2011). Nesse mesmo estudo 41%

dos idosos foram considerados independentes. As mulheres tendem a apresentar

um pior desempenho funcional que os homens (SANTOS et al., 2012).

Na relação da MIFm com a faixa etária, os octagenários apresentaram

independência modificada nos domínios autocuidado, controle de esfíncteres e

locomoção, enquanto que os nonagenários e centenários oscilaram entre

independência modificada e dependência, demostrando que, quanto maior a faixa

etária, pior a capacidade funcional, e que talvez seja uma condição esperada na

população pelas perdas funcionais relacionadas ao próprio envelhecimento

fisiológico.

Em um estudo de coorte longitudinal realizado com 207 idosas centenárias

dinamarquesas, as quais foram avaliados em dois grupos separadamente: nascidas

em 1895 e 1905, observou-se que as nascidas em 1895 apresentaram pior

desempenho funcional comparadas às que nasceram em 1905 (ENGBERG et al.,

2008).

Em outro estudo brasileiro, realizado com o objetivo de estudar a relação

entre capacidade funcional, capacidade de tomar decisão e qualidade de vida com

47 longevos, no qual se utilizou a MIFm, observou que os nonagenários

apresentaram pior capacidade funcional, quando comparados aos octogenários

(MIRANDOLA, 2014).

Os idosos mais velhos tendem a apresentar uma pior capacidade funcional,

assim como entre os próprios longevos. Conforme o aumento da idade, este

processo é acompanhado pelo declínio da capacidade funcional (MIRANDOLA,

2014). Nesse contexto, alguns dados sociodemográficos podem interferir nas

habilidades funcionais dos idosos, dentre eles destacam-se a faixa etária e local de

nascimento (LENARDT; CARNEIRO, 2013).

O comprometimento funcional aumenta com a idade. A maior proporção de

idosos com algum tipo de dependência estão os com idade a partir de 80 anos

(JAGGER et al., 2011). Já existem alguns estudos que relacionam o declínio da

capacidade funcional de acordo com o avançar da idade (SCATTOLLIN;

COLOMBO; DIOGO, 2007; NUNES et al., 2009; ALVES; LEITE; MACHADO, 2010;

NOGUEIRA et al., 2010; MIRANDOLA, 2014).

O processo de envelhecimento humano influencia em alguns determinantes,

como a diminuição da aptidão física, e trazendo como consequência a diminuição

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progressiva nas atividades habitais, o que influenciará na qualidade de vida dos

idosos mais velhos. O idoso, ao alcançar os 80 anos com saúde e manter-se

funcionalmente ativo, pode caracterizar menor idade funcional quando comparado

com um outro de 60 anos inativo (BIOLCHI et al., 2013).

Detectar o grau de dependência dos idosos atentando para os diversos

constituintes da aptidão física torna-se uma conduta fundamental para o

direcionamento e seleção de intervenções individuais ou grupais, com vistas à

melhoria ou manutenção da capacidade funcional, principalmente as relacionadas

com as atividades de vida diária (GONÇALVES et al., 2010).

O processo de envelhecimento é heterogêneo e com isso encontram-se

longevos em elevadas faixas etárias com um bom desempenho funcional. As

pessoas mais velhas, em pelo menos alguns países, são mais independentes do

que em gerações anteriores. Essa situação sugere um futuro um pouco mais

otimista para pessoas longevas e desafia a idéia de que o aumento da longevidade

e da expectativa de vida de sucessivas gerações dos idosos, devem sempre ser

tratados com alarme (JAGGER et al., 2011).

A capacidade funcional está diretamente relacionada ao potencial que os

idosos possuem em decidir e atuar nas suas vidas com idependência no seu dia a

dia. As avaliações obtidas sobre a capacidade funcional permitem conhecer o perfil

dos idosos, o que auxiliará no estabelecimento de condutas que visem retadar ou

prevenir incapacidades (BIOLCHI etal., 2013).

Estudo de coorte, realizado na Dimanarca com nonagenários nascidos em

1905 e 1915, sugere que as pessoas longevas podem viver até idades mais

avançadas com um bom funcionamento global (CHRISTENSEN et al., 2013).

Indivíduos com boa escolaridade são menos propensos à exposição a fatores

de risco à saúde e ainda à submissão a condições de trabalho inadequadas. Um

elevado nível educacional corrobora para acesso às informações, mudanças no

estilo de vida relacionadas à saúde, principalmente no que tange à promoção da

mesma e especialmente no seguimento de orientações para melhor qualidade de

vida (SCATTOLLIN; COLOMBO; DIOGO, 2007). Isto influencia positivamente na

capacidade funcional.

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Limitações do estudo

Uma das limitações, quanto a comparações mais sustentadas, foi a

dificuldade de encontrar pesquisas específicas sobre a temática na realidade

brasileira para embasamento da discussão, e este aspecto pode ser sinalizado pelo

estado da arte.

Outra limitação identificada é por ser este estudo de cunho transversal, onde

os dados foram obtidos em um determinado período do tempo, além do tamanho da

amostra, contrapondo generalizações para este público, mas promovendo reflexões

sobre as condutas futuras.

Mesmo diante das limitações, esta dissertação/pesquisa apresentou o intuito

de contribuir para discussão relacionada à capacidade funcional do longevos,

especificamente os amazônidas, visto que é um estudo pioneiro sobre a temática na

região e servirá de apoio para os demais que estão por vir, permitindo dessa forma

um olhar e uma assistência peculiares para os idosos da nossa região.

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CONCLUSÃO

Os objetivos propostos para este estudo foram alcançados, reforçando as

afirmações sobre a importância da avaliação da capacidade funcional, sendo esta

um valioso indicador de saúde dos idosos.

O processo de envelhecimento mundial e brasileiro faz emergir uma série de

desafios para a prestação do cuidado integral ao idoso. Identificar as condições de

saúde dos longevos, grupo etário que vem se destacando na velhice, é fundamental

para intervenções direcionadas de forma a atender às demandas desta população e

consequentemente promover uma melhor qualidade de vida.

A metodologia apresentada no estudo permitiu mostrar o perfil

sociodemográfico e condições epidemiológicas de saúde dos idosos longevos

amazônidas, o que foiao encontro de estudos mais recentes publicados sobre a

temática, sobretudo os estrangeiros.

A capacidade funcional avaliada dos longevos mostrou que a independência

modificada foi prevalente nos domínios de autocuidado, controle de esfíncteres e

locomoção, enquanto que na mobilidade/transferência foi observada uma

dependência modificada que já exige supervisão, na qual aquele longevo precisa de

um encorajamento visual, auditivo ou oral sem o toque corporal por outrem para

realização da atividade, o que confirma a hipótese levantada no estudo de que os

idosos longevos apresentam comprometimento parcial da sua capacidade funcional

para realização de atividades cotidianas.

Na relação da capacidade funcional com o sexo, notou-se uma maior

independência em todos os domínios da medida de indepêndencia funcional para os

homens, mostrando que o sexo maculino apresentou um melhor desempenho

funcional, fato que está em congruência ao que é exposto pelos estudos

envolvendo a capacidade funcional dos mais velhos.

No que concerne a comparações entre as diversas faixas etárias identificadas

no estudo com a capacidade funcional, verificou-se que, quanto maior a idade, há o

aumento da dependência e consequente declínio funcional. Esse aspecto pode ser

uma pista para encorajar a necessidade de atenção dos profissionais de saúde no

atendimento a este público.

A avaliação da capacidade funcional no atendimento ao idoso é uma

premissa da Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa, e necessita ser uma

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atividade desenvolvida por todos os profissionais de saúde, e consequentemente é

estendida neste estudo ao Enfermeiro.

Apesar das limitações, este estudo apresenta resultados que poderão

contribuir para estruturação do Programa do Idoso no local em que foi desenvolvida

a pesquisa, com vistas às especificidades encontradas nessa população.

Os resultados também direcionaram para o predomínio da independência

modificada, apesar da idade avançada dos idosos que participaram do estudo,

sugerindo-se que se pensar no momento atual na adoção de medidas de promoção

à saúde e prevenção de incapacidades no futuro pode ser uma estratégia para

melhoria na qualidade de vida, bem como de redução dos custos para o Sistema

Único de Saúde, para o idoso e sua família, que estão diretamente implicados pela

dependência.

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Fernandes, D. S. Avaliação da capacidade funcional de idosos longevos amazônidas... 75

APÊNDICE 01

Quadro 01 – Distribuição dos artigos brasileiros sobre a avaliação da capacidade funcional de idosos longevos segundo autores, título, ano de publicação, área da saúde e objetivo. Belém/PA, 2014

Autores Título do artigo Ano Área de

conhecimento

Objetivo

NOGUEIRA , Silvana L. et

al.

Fatores determinantes

da capacidade funcional

em idosos longevos

2010 Nutrição Investigar a influência de fatores

socioeconômicos, demográficos,

biológicos e de saúde, nutricionais, de

relações sociais, além da

autoavaliação da saúde sobre a

capacidade funcional de idosos

longevos (80 anos e mais).

AIRES,

Marinês;PASKULIN,

LisianeManganelliGirardi;

MORAIS, Eliane Pinheiro.

Capacidade funcional de

idosos mais velhos:

Estudo comparativo em

três regiões do Rio

Grande do Sul

2010 Enfermagem Comparar o grau de dependência

para as atividades de vida diária

(AVD) de 155 idosos com 80 anos ou

mais.

EIBEL, Bruna et al. Treinamento com

estimulação elétrica

funcional sobre a

capacidade funcional e

a variabilidade da

pressão arterial em uma

idosa centenária: estudo

de caso

2011 Fisioterapia Avaliar os efeitos do treinamento com

EEF sobre a capacidade funcional e a

VPA em uma idosa centenária.

BRITO , Thaís

Alves;FERNANDES,

Marcos Henrique;

COQUEIRO,Raildo da

Silva; JESUS, Cleber

Souza.

Quedas e capacidade

funcional em idosos

longevos residentesem

comunidade

2013 Enfermagem Verificar associação entre quedas e

capacidade funcional em idosos

longevos residentes em comunidade.

SANTOS ,Vanessa R. et

al.

Associação entre fatores

de risco cardiovascular

e capacidade funcional

de idosos longevos

2013 Educação Física Analisar a associação entre a

presença de fatores de risco

cardiovascular (FRC) e a capacidade

funcional de idosos longevos

Fonte: Tendências das produções científicas relacionadas à capacidade funcional dos idosos longevos – Estado da arte - arquivos da autora (e-mail: [email protected]).

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Fernandes, D. S. Avaliação da capacidade funcional de idosos longevos amazônidas... 76

APÊNDICE 02

Quadro 2 – Distribuição dos artigos estrangeirossobre a avaliação da capacidade funcional de idosos

longevos segundo título, periódico/base de dados, ano de publicação, categoria e autores. Belém/PA,

2014

nº Título doartigo Periódico/B

ase de

dados

Ano Categoria Autores

01 GeneticContributionto Rate ofChange in

FunctionalAbilitiesamongDanishTwinsAged 75

Yearsor More

Web of

Science 2002 Multiprofissional CHRISTENSEN,Kaar

e et al.

02 Strategiestoenhancelongevityandindependentfunction

: The Jerusalem Longitudinal Study Scopus 2005 Multiprofissional STESSMAN,Jochana

n. etsl.

03 MorbidityofTokyo-areacentenariansand its

relationshiptofunctional status The

journalsofgero

ntology

2007 Multiprofissional TAKAYAMA, Michiyo

et al.

04 Daily ActivitiesandSurvivalatOlder Ages Web of

Science 2007 Multiprofissional KLUMB,Petra L.;

MAIER. Reiner.

05 HDL-cholesterolandphysical performance:

resultsfromtheageingandlongevitystudy in

thesirentegeographicarea (ilSIRENTEStudy)

Pro Quest 2007 Multiprofissional LANDI, Francesco et

al

06

The JapaneseCentenarianStudy:

Autonomywasassociatedwithhealthpractices as well

as physical status

Web of

Science 2007 Multiprofissional OZAKI, A. et al

07 SociodemographicEffectsonthe Dynamics ofTask-

Specific ADL FunctioningattheOldest-old Ages: The

Case of China

Pro Quest 2007 Multiprofissional GU, Danan ; XU, QIN

GU, Danan

08 ImprovingActivitiesof Daily Living in

DanishCentenarians—ButOnly in Women: A

ComparativeStudyofTwoBirthCohorts Born in 1895

and 1905

The

journalsofgero

ntology

2008 Não identificado ENGBERG,

Henriette et al.

09 Disentanglingthe roles ofdisabilityandmorbidity in

survivaltoexceptionalold age National Library

of Medicine 2008 Multiprofissional TERRY,Dellara F.;

SEBASTIANI, Paola;

ANDERSEN, Stacy

L.; PERLS,Thomas

T.

10 Exceptionallongevity does notresult in

excessivelevelsofdisability Web of

Science 2008 Multiprofissional CHRISTENSEN,Kaar

e et al.

11 Self - perceptionofhealth (SPH) in theoldest-

oldsubjects Web of

Science 2009 Multiprofissional ZINIC, L. et al.

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Fernandes, D. S. Avaliação da capacidade funcional de idosos longevos amazônidas... 77

12 Daily PainandFunctional Decline AmongOld-

OldAdults Living in theCommunity:

ResultsfromtheilSIRENTEStudy

Scopus 2009 Multiprofissional LANDI, Francesco et

al

13 Aged-relatedchanges in

attentionalcapacityandtheabilitytomulti-task as a

predictorforfalls in adultsaged 75 yearsandolder

Web of

Science 2010 Multiprofissional MAKIZAKO, Hyuma

et al.

14 Factorsassociatedwithreaching 90 yearsof age: a

studyofmenborn in 1913 in Gothenburg, Sweden. Journalofintern

al medicine 2010 Medicina WILHELMSEN, L. et

al.

15 Determinantfactorsoffunctional status

amongtheoldestold Revista

Brasileira de

Fissioterapia

2010 Não identificado NOGUEIRA, Silvana

L. et al.

16 Capabilityanddependency in the Newcastle 85

cohortstudy. Projectionsof future careneeds Web of

Science 2011 Multiprofissional JAGGER, Carol et al.

17 ToGrowOld in Southern Italy: A

ComprehensiveDescriptionoftheOldandOldestOld in

Calabria

Web of

Science 2011 Multiprofissional RANGO, Francesco

de. et al.

18 Electrocardiographicabnormalities in centenarians:

impactonsurvival Web of

Science 2012 Multiprofissional RABUNAL-REY,

Rámon et al.

19 The role ofexercise capacity in

thehealthand longevity ofcentenarians Scopus 2012 Multiprofissional VENTURELLI,

Massimo;

SHENA, Frederico;

RICHARDSON,

Russel S.

20 Functionalcapacity in elderlylongevity:

anintegrativereview Directoryof

Open Access

Journals

(DOAJ)

2012 Enfermagem LOURENÇO, Tânia

Maria. et al.

21 Functionalcapacityandassociatedfactors in theelderly:

populationstudy Directoryof

Open Access

Journals

(DOAJ)

2012 Multiprofissional FREITAS, Roberta

Souza et al.

22 Predictingsurvival in oldestoldpeople. The American

Journalof

Medicine

2012 Multiprofissional TAEKAMA, Diana G.

et al

23 Associationbetweenbonemassandfunctionalcapacityo

felderlyaged 80 yearsor more Scopus 2013 Multiprofissional SANTOS, Vanessa

Ribeiro et al.

24 Physicalandcognitivefunctioningofpeopleolderthan

90 years: a comparisonoftwoDanishcohortsborn10

years apart

Lancet 2013 Multiprofissional CHRISTENSEN,Kaar

e et al.

25 Prevalenceandpredictorsoffallsanddizziness in

peopleyoungerandolderthan 80 yearsof age—A

longitudinal cohortstudy

Scopus 2013 Multiprofissional MOLLER, Olsson U.

et al

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Fernandes, D. S. Avaliação da capacidade funcional de idosos longevos amazônidas... 78

26 Cognitive Performance andFunctional Status Are the

Major FactorsPredictingSurvivalofCentenarians in

Poland

Web of

Science 2014 Multiprofissional MOSSAKOWSKA,

Malgorzata et al.

Fonte: Tendências das produções científicas relacionadas à capacidade funcional dos idosos

longevos – Estado da arte - arquivos da autora (e-mail: [email protected]).

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Fernandes, D. S. Avaliação da capacidade funcional de idosos longevos amazônidas... 79

APÊNDICE 03

UNIVERSIDADE DO ESTADO DO PARÁ

CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE

ESCOLA DE ENFERMAGEM “MAGALHÃES BARATA”

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM

MESTRADO ASSOCIADO EM ENFERMAGEM UEPA-UFAM

INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS SOCIOECONÔMICO E CONDIÇÕES DE

SAÚDE

Parte I – Características Sociodemográficas

1. Idade: _______(anos)

2. Faixa etária:

3. Sexo: 1( ) Masc; 2( ) Fem.

4. Estado civil:

1.( ) Viúvo

2.( ) Casado (a)

3.( ) Separado (a)

4.( ) Solteiro (a)

5. Possui filhos:

1.( ) Sim 2. ( ) Não

6. Com quem mora:

1.( ) Familiares (cônjuge, filhos, netos....)

2.( ) Sozinho (a)

3.( ) Outros....(Arranjo familiar)

7. Procedência: 1( ) Belém; 2( ) Interior do estado ; 3( ) Outro estado; 4 ( ) Outro país

8. Tem alguma renda mensal:

1.( ) 1 salário mínimo

2.( ) 2 salários mínimos

3.( )> 3 -4 salários mínimos

9. Possui algum trabalho?

1.( ) Sim 2. ( ) Não

10. Anos de estudo:

1.( ) Analfabeto/Nunca estudou

2.( ) < 1 ano de estudo;

1 ( ) 80-89; 2 ( ) ≥90-99 3 ( ) ≥100

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Fernandes, D. S. Avaliação da capacidade funcional de idosos longevos amazônidas... 80

3.( ) 1 a 3 anos de estudo;

4.( ) 4 a 8 anos;

5.( ) Mais 8 anos..

Parte II – Condições Epidemiológicas e de Saúde

11. Ex-fumante.....

1.( ) Sim, Por quanto tempo? _________; 2.( ) Não

12. Faz uso de bebida alcoólica?

1.( ) Sim;2. ( ) Não. Se sim, todos os dias?

1 ( ) Sim ( ); 2( ) Eventualmente

13. Neste último ano o (a) senhor (a) apresentou alguma queda?

1.( ) Sim 2. ( ) Não. Se sim, quantas?....

14. O (A) senhor(a) prática alguma atividade física?

1.( ) Sim 2. ( ) Não

Qual? Quantos vezes na semana_____

15- O que o (a) senhor(a) mais gosta de fazer para se divertir?

( ) Ir à igreja ( ) Assistir televisão( ) Não tem lazer ( ) Conversar

( ) Viajar ( ) Passear ( ) Brincar com os netos ( )Outros

16- O (A) senhor(a) realiza tratamento para alguma destas doenças?

1.( ) HAS 2.( )Artrite 3.( ) Osteoporose

4.( )Diabetes 5.( )Artrose 6.( ) Problemas Respiratórios

7.( )Alzheimer 8.( ) Asma 9. ( ) problemas renais

10.( )Prostatite 11.( ) Cardiopatia 12.( ) Comorbidades

13. ( ) outros

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Fernandes, D. S. Avaliação da capacidade funcional de idosos longevos amazônidas... 81

APÊNDICE 04

Governo do Estado do Pará

Universidade do Estado do Pará

Centro de Ciências Biológicas e da Saúde

Escola de Enfermagem “Magalhães Barata”

Programa de Pós-Graduação em Enfermagem

Mestrado Associado em Enfermagem Uepa-Ufam

Comitê de Ética em Pesquisa Envolvendo Seres Humanos – CEP/Campus

IV/CCBS/UEPA

TERMO DE ESCLARECIMENTO

Para a conclusão do meu curso de Pós-Graduação em

Enfermagem Mestrado Associado em Enfermagem da Universidade do

Estado do Pará-UEPA, realizarei uma pesquisa que tem como título:

“AVALIAÇÃO DA CAPACIDADE FUNCIONAL DE IDOSOS LONGEVOS

AMAZÔNIDAS”, com o objetivo de conhecer qual a quantidade de ajuda

solicitada por um idoso de 80 anos ou mais para realização de suas

atividades de vida diária.

Os avanços na área da saúde ocorrem através de estudos como

este, por isso convidamos o (a) senhor (a) a participar do estudo

respondendo um conjunto de perguntas sobre a quantidade de ajuda de

que necessita para desenvolver algumas atividades no seu dia a dia, na

forma de entrevista, sendo suas respostas registradas por escrito pelo

pesquisador somente com a sua autorização. Caso não saiba responder

a alguma pergunta ou lhe provoque constrangimento, o (a) senhor (a)

tem a liberdade para não responder. Para evitar a preocupação de que

os dados sejam divulgados, deixamos claro que as informações obtidas

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Fernandes, D. S. Avaliação da capacidade funcional de idosos longevos amazônidas... 82

têm como única finalidade o estudo e que os resultados obtidos serão

descritos de uma forma geral e não individual, não sendo divulgada

qualquer informação sua. Os resultados poderão ser apresentados em

eventos científicos, ou outro meio de comunicação e publicados em

revista. Sua participação no estudo é muito importante, pois

possibilitará, como benefícios, a melhoria dos serviços oferecidos aos

idosos com idade igual ou maior que 80 anos, bem como o (a) senhor

(a) receberá informações, se achar necessário, sobre a autonomia e

independência do idoso mais velho.

Esta pesquisa tem risco de exposição de privacidade, porém, para

garantir sua segurança, vamos manter sigilo das informações coletadas

e manter seu nome no anonimato.

Nesta pesquisa não será realizado qualquer procedimento que lhe

cause desconforto ou risco à sua vida. A qualquer momento o (a) senhor

(a) pode desautorizar a pesquisadora de fazer uso de suas informações

obtidas. Assim como afastar-se da pesquisa, e todo material anotado lhe

será devolvido. Não há despesas pessoais para o (a) senhor (a) em

qualquer fase do estudo. Este trabalho será realizado com recursos

próprios, e não haverá nenhum pagamento por sua participação. As

informações obtidas serão utilizadas somente nesta pesquisa,

guardadas pela pesquisadora por cinco anos e depois destruídas. Se

tiver qualquer dúvida em relação à pesquisa ou os seus direitos poderá

entrar em contato com a responsável Daiane de Souza Fernandes,

domiciliada na Rua Itabira/ Condomínio Jardim Itabira, lote 02B Quadra

01, CEP 67030390 Ananindeua/PA, Coren-Pa nº. 149702, tel.:(091)

981228165, ou sua orientadora Profa. Maria Izabel Penha de Oliveira

Santos, tel.:(091) 981581028, e ainda o CEP (Comitê de Ética em

Pesquisa) da Universidade do Estado do Pará, End.: Av. José Bonifácio,

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Fernandes, D. S. Avaliação da capacidade funcional de idosos longevos amazônidas... 83

1289 CEP: 66063-010 Fone: (091) 3211-1612 Fax: 3249-4671 Ramal:

208, E-mail: [email protected].

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE, APÓS ESCLARECIMENTO

Declaro que li o esclarecimento acima e compreendi as

informações que me foram explicadas sobre a pesquisa. Conversei com

a coordenadora e/ou a pesquisadora do projeto sobre minha decisão em

participar, autorizando a realização da entrevista, ficando claro para mim

quais são os objetivos da pesquisa, a forma como vou participar, os

riscos e benefícios e as garantias de confidencialidade e de

esclarecimento permanente. Ficou claro também que a minha

participação não tem despesas, nem receberei nenhum tipo de

pagamento, podendo retirar meu consentimento a qualquer momento,

sem penalidades ou prejuízos. Concordo voluntariamente participar

desse estudo assinando este termo em duas cópias e uma ficará

comigo.

Belém, _____ de ________________ de 2015

Assinatura do Participante

Assinatura do Pesquisador

Responsável

RG ________________

RG ________________

Impressão

Digital

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Anexo 01

Figura 08: Bairro do Guamá/ Belém/Pará

Fonte: (DIAS JR, 2009).

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Anexo 02

MEEM – MINI EXAME DO ESTADO MENTAL

1) ORIENTAÇÃO TEMPORAL: 0 A 5 PONTOS

PONTUAÇÃO

ANO ( ) ACERTOU ( ) ERROU

SEMESTRE ( ) ACERTOU ( ) ERROU

MÊS ( ) ACERTOU ( ) ERROU

DIA ( ) ACERTOU ( ) ERROU

DIA DA SEMANA ( ) ACERTOU ( ) ERROU

2) ORIENTAÇÃO ESPACIAL: 0 A 5 PONTOS

ESTADO ( ) ACERTOU ( ) ERROU

CIDADE ( ) ACERTOU ( ) ERROU

BAIRRO ( ) ACERTOU ( ) ERROU

RUA ( ) ACERTOU ( ) ERROU

LOCAL ( ) ACERTOU ( ) ERROU

3) REGISTRO: 0 A 3 PONTOS

CANECA ( ) CONSEGUIU ( ) NÃO CONSEGUIU

TIJOLO ( ) CONSEGUIU ( ) NÃO CONSEGUIU

TAPETE ( ) CONSEGUIU ( ) NÃO CONSEGUIU

4) ATENÇÃO E CALCULO: 0 A 5 PONTOS

O SR.(A) FAZ CÁLCULO? SE SIM, FAZER O TESTE 4A, SE NÃO, 4B.

4A

100-7=93 ( ) ACERTOU ( ) ERROU

93-7=86 ( ) ACERTOU ( ) ERROU

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86-7=79 ( ) ACERTOU ( ) ERROU

79-7=72 ( ) ACERTOU ( ) ERROU

72-7=65 ( ) ACERTOU ( ) ERROU

4B – SOLETRAR A PALAVRA MUNDO DE TRÁS PARA FRENTE

O ( ) ACERTOU ( ) ERROU

D ( ) ACERTOU ( ) ERROU

N ( ) ACERTOU ( ) ERROU

U ( ) ACERTOU ( ) ERROU

M ( ) ACERTOU ( ) ERROU

5) MEMÓRIA E EVOCAÇÃO DAS PALAVRAS: 0 A 3 PONTOS

CANECA ( ) ACERTOU ( ) ERROU

TIJOLO ( ) ACERTOU ( ) ERROU

TAPETE ( ) ACERTOU ( ) ERROU

6) LINGUAGEM E NOMEAÇÃO: 0 A 3 PONTOS

CANETA ( ) ACERTOU ( ) ERROU

RELÓGIO ( ) ACERTOU ( ) ERROU

7) LINGUAGEM: REPITA A FRASE: NEM AQUI, NEM ALÍ, NEM LÁ.

( ) CONSEGUIU ( ) NÃO CONSEGUIU

8) FECHE OS OLHOS: LER E EXECUTAR 0 A 1 PONTO

( ) FECHOU OS

OLHOS

( ) NÃO FECHOU OS

OLHOS

9) PEGUE O PAPEL COM A MÃO DIREITA, DOBRE-O AO MEIO E COLOQUE NO CHÃO: 0 A 3

PONTOS

PEGOU COM A MÃO

DIREITA

( ) ACERTOU ( ) ERROU

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DOBROU AO MEIO ( ) ACERTOU ( ) ERROU

COLOCOU NO CHÃO ( ) ACERTOU ( ) ERROU

10) ESCREVA UMA FRASE COMPLETA: 0 A 1 PONTO

_________________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________________

_________________________________________________________

11) COPIE O DESENHO: 0 A 1 PONTO

ESCORE TOTAL: 30 PONTOS - Analfabetos = 19;1 a 3 anos de escolaridade = 23;4

a 7 anos de escolaridade = 24; > 7 anos de escolaridade = 28 (BRASIL,2007).

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ANEXO 03

MEDIDA DE INDEPENDÊNCIA FUNCIONAL- MIF

Nº_______

Níveis 7- Independência completa (em segurança,

em tempo normal)

6- Independência modificada (ajuda técnica)

Sem ajuda

Dependência modificada

5- Supervisão

4- Assistência mínima (indivíduo>=75%)

3- Assistência moderada (indivíduo >=50%)

2- Assistência máxima (indivíduo >=25%)

1- Assistência total (indivíduo>=0%)

Com Ajuda

DATA Domínios e Tarefas Pontuação

AUTOCUIDADOS 6-42 pontos

A Alimentação

B Higiene pessoal

C Banho ( lavar o corpo todo)

D Vestir-se acima do tronco

E Vestir-se abaixo do tronco

F Uso do vaso sanitário

CONTROLE DE ESFÍNCTERES 2-14 pontos

G Controle de urina

H Controle de fezes

MOBILIDADE (transferências) 3-21 pontos

I Leito, cadeira, cadeira de rodas

J Vaso sanitário

K Banheira ou chuveiro

LOCOMOÇÃO 2- 14 pontos

L Marcha

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Cadeira de rodas

M Escadas

TOTAL

( Não deixe nenhum item sem marcar, se não for possível testar, marque 1.)

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Anexo 04

Árvore de Decisões GERAL da MIF motora

Anexo 5

Fonte: BRASIL. Ministério da Saúde. Envelhecimento e saúde da pessoa idosa, 2007.

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Anexo 05

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Anexo 06

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