D. jose rodrigues e o coronelismo midiatico na bahia

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Entenda o acontecimento... Em 1984, vivia-se o sexto ano, consecutivo, de seca na região. A imprensa regional noticiava bastante as querelas existentes relacionadas à questão agrária e ao uso da água para irrigação, à medida que crescia o número de empresários que migravam para o Vale do Salitre. Esses empresários compravam motobombas potentes e com elas desviavam água do riacho para irrigar suas grandes lavouras situadas na parte superior do curso do rio. A população, localizada às margens do curso médio e inferior, ficava sem água para as plantações, para os animais e até para beber. Diante dessa realidade, os produtores prejudicados e a comunidade do Baixo Salitre começam a discutir medidas que solucionassem os problemas que tomavam proporções inesperadas. A situação se agravava a cada dia. No dia 6 de fevereiro de 1984, os lavradores da comunidade de Campo dos Cavalos (Baixo Salitre) reuniram-se e desligaram a energia elétrica, fornecida pela Coelba – empresa baiana de fornecimento de energia elétrica – que alimentava as motobombas do Alto Salitre. No dia seguinte, enviaram uma comissão à Juazeiro para exigir do prefeito, na época Jorge Khoury, e de autoridades competentes uma solução para o conflito que se instalara. [...] Por volta das 15 horas do dia 07 de fevereiro, apareceram em Campo dos Cavalos os produtores do Alto Salitre: Otacílio Nunes de Souza Padilha Neto e Joaquim Amando Agra (conhecido como Quincas), dois grandes plantadores de cebola, sendo que o primeiro era funcionário do Banco do Brasil. De acordo com informações colhidas em entrevista com moradores do Salitre envolvidos no acontecimento, os dois chegaram armados de revólveres, dispostos a religarem a energia. Em vez de tentarem dialogar com os lavradores – que se encontravam reunidos no local desde a manhã do dia 06 –, começaram a proferir xingamentos, e, ao serem empurrados por alguns dos agricultores, passaram a disparar tiros contra a multidão. Quando acabou a munição de Otacílio e Quincas, os ribeirinhos os mataram com tiros e um dos presentes atingiu a garganta de uma das vítimas com uma faca. [...] O fato ficou conhecido como a “Chacina do Salitre” e, durante meses, foi tema de discussão na sociedade juazeirense, principalmente devido ao destaque dado pela mídia na época. Alguns agricultores foram presos, foragidos, julgados. Mas, em 1994, o último julgamento absolveu os envolvidos, com exceção do Sr. J. C. A que fugiu.” (Trecho de Ensaio acadêmico A “chacina” do Salitre e os diferentes enfoques dado pelo Jornal de Juazeiro, Jornal A Tarde, Correio da Bahia e Jornal da Bahia, no ano de 1984 - escrito pela Jornalista Érica Daiane Costa em agosto de 2007, na época estudante da UNEB/Juazeiro-BA) DOM JOSÉ RODRIGUES E O CORONELISMO MIDIÁTICO NA BAHIA Os arquivos dos jornais podem ser encontrados no Museu Regional do São Francisco e nos arquivos da Diocese de Juazeiro - BA. O ensaio completo pode ser solicitado à autora.

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Trecho de Ensaio acadêmico A “chacina” do Salitre e os diferentes enfoques dado pelo Jornal de Juazeiro, Jornal A Tarde, Correio da Bahia e Jornal da Bahia, no ano de 1984 - escrito pela Jornalista Érica Daiane Costa em agosto de 2007, na época estudante da UNEB/Juazeiro-BA)

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Entenda o acontecimento...

Em 1984, vivia-se o sexto ano, consecutivo, de seca na região. A imprensa regional noticiava bastante as querelas existentes relacionadas à questão agrária e ao uso da água para irrigação, à medida que crescia o número de empresários que migravam para o Vale do Salitre. Esses empresários compravam motobombas potentes e com elas desviavam água do riacho para irrigar suas grandes lavouras situadas na parte superior do curso do rio. A população, localizada às margens do curso médio e inferior, ficava sem água para as plantações, para os animais e até para beber. Diante dessa realidade, os produtores prejudicados e a comunidade do Baixo Salitre começam a discutir medidas que solucionassem os problemas que tomavam proporções inesperadas. A situação se agravava a cada dia. No dia 6 de fevereiro de 1984, os lavradores da comunidade de Campo dos Cavalos (Baixo Salitre) reuniram-se e desligaram a energia elétrica, fornecida pela Coelba – empresa baiana de fornecimento de energia elétrica – que alimentava as motobombas do Alto Salitre. No dia seguinte, enviaram uma comissão à Juazeiro para exigir do prefeito, na época Jorge Khoury, e de autoridades competentes uma solução para o conflito que se instalara. [...] Por volta das 15 horas do dia 07 de fevereiro, apareceram em Campo dos Cavalos os produtores do Alto Salitre: Otacílio Nunes de Souza Padilha Neto e Joaquim Amando Agra (conhecido como Quincas), dois grandes plantadores de cebola, sendo que o primeiro era funcionário do Banco do Brasil. De acordo com informações colhidas em entrevista com moradores do Salitre envolvidos no acontecimento, os dois chegaram armados de revólveres, dispostos a religarem a energia. Em vez de tentarem dialogar com os lavradores – que se encontravam reunidos no local desde a manhã do dia 06 –, começaram a proferir xingamentos, e, ao serem empurrados por alguns dos agricultores, passaram a disparar tiros contra a multidão. Quando acabou a munição de Otacílio e Quincas, os ribeirinhos os mataram com tiros e um dos presentes atingiu a garganta de uma das vítimas com uma faca. [...] O fato ficou conhecido como a “Chacina do Salitre” e, durante meses, foi tema de discussão na sociedade juazeirense, principalmente devido ao destaque dado pela mídia na época. Alguns agricultores foram presos, foragidos, julgados. Mas, em 1994, o último julgamento absolveu os envolvidos, com exceção do Sr. J. C. A que fugiu.” (Trecho de Ensaio acadêmico A “chacina” do Salitre e os diferentes enfoques dado pelo Jornal de Juazeiro, Jornal A Tarde, Correio da Bahia e Jornal da Bahia, no ano de 1984 - escrito pela Jornalista Érica Daiane Costa em agosto de 2007, na época estudante da UNEB/Juazeiro-BA)

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Os arquivos dos jornais podem ser encontrados no Museu Regional do São Francisco e nos arquivos da Diocese de Juazeiro - BA. O ensaio completo pode ser solicitado à autora.