Comportamento dos antitérmicos ibuprofeno e dipirona...

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ANA MARIA MAGNI Comportamento dos antitérmicos ibuprofeno e dipirona em crianças febris Tese apresentada ao Curso de Pós-Graduação da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo para obtenção do título de Mestre em Medicina. São Paulo 2010

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ANA MARIA MAGNI

Comportamento dos antitérmicos ibuprofeno e

dipirona em crianças febris

Tese apresentada ao Curso de Pós-Graduação da

Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São

Paulo para obtenção do título de Mestre em Medicina.

São Paulo

2010

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ANA MARIA MAGNI

Comportamento dos antitérmicos ibuprofeno e

dipirona em crianças febris

Tese apresentada ao Curso de Pós-Graduação da

Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São

Paulo para obtenção do título de Mestre em Medicina.

Orientadora: Profa. Dra. Paula Bruniera

São Paulo

2010

FICHA CATALOGRÁFICA

Preparada pela Biblioteca Central da

Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo

Magni, Ana Maria

Comportamento dos antitérmicos ibuprofeno e dipirona em crianças

febris./ Ana Maria Magni. São Paulo, 2010.

Dissertação de Mestrado. Faculdade de Ciências Médicas da Santa

Casa de São Paulo – Curso de Pós-Graduação em Medicina

Área de Concentração: Pediatria

Orientador: Paula Bruniera

1. Febre 2. Ibuprofeno 3. Dipirona 4. Analgésicos não entorpecentes 5. Criança.

BC-FCMSCSP/33-10

A Deus:

Que me deu uma segunda chance na vida.

AGRADECIMENTOS.

Minha gratidão:

Aos meus pais Anunciata e Giácomo (in memoria), que sempre me incentivaram

a ser médica.

Aos meus filhos Luís Vicente, Luís Gustavo, Ana Luísa e Ana Cláudia pelas

horas a eles roubadas da infância e que dizem que nunca perceberam.

À Maria Beatriz, casada com meu primeiro filho e agora minha filha adotiva.

À minha querida Tia Cesarina Goi (in memoria). Graças a ela pude me atualizar

com frequência porque ficava com meus filhos, quando eram crianças.

À Tia Águeda De Chiara que vibra com minhas conquistas e também com as dos

meus filhos.

Ao meu irmão Nelson Luiz, à minha cunhada Regina Helena, às minhas primas

Maria Laura, Maria Tereza, Maria Cecília e Maria Luísa pelo apoio nas horas mais

difíceis.

Às minhas amigas Maria Helena Mancusi de Carvalho, Maria Lúcia K. C. de

Queiroz, Catherine B. Botta e Margareth G. Caires, mais que amigas, minhas irmãs.

Ao Núncio Vicente De Chiara que foi companheiro de jornada por muitos anos e

que sempre me apoiou na difícil arte da Medicina.

Meus agradecimentos especiais:

À Profa. Dra. Paula Bruniera, minha orientadora pelo incentivo e parceria na

elaboração desta tese.

À Profa. Dra. Maria Lúcia Passarelli, Chefe do Departamento de Pediatria e

Puericultura da Santa Casa de São Paulo, bem como ao Dr. Rogério Pecchini pelo

apoio e exemplo de dinamismo.

Ao Prof. Dr. J. Renato Woiski (in memoria), que orientou meus primeiros passos

no aprendizado de Pediatria.

Ao Prof. Dr. José Vicente Martins Campos (in memoria) e a Prof. Dra. Elizabeth

do Livramento Prado pelo apoio e incentivo na Gastroenterologia Pediátrica.

Ao Prof. Dr Júlio Toporovski que foi, é, e sempre será, meu mestre em Pediatria.

À Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa Misericórdia de São Paulo pela

formação e aperfeiçoamento médico.

À Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, local em que cursei a residência e

continuo como profissional há mais de 30 anos. Considero-a continuidade da minha

casa.

À Fapesp pelo apoio financeiro.

À Diretoria, aos funcionários do Hospital Municipal São Luiz Gonzaga, bem como

aos meus companheiros de equipe: Dra. Maria Cristina F. S. Rodrigues, Dra. Cláudia

R.C. Lopes, Dra. Rosana Cassiano Teixeira, Dra. Cylmara A. G. da Silveira e Dr. Éder

P. Récio, sempre amigos e receptivos.

Aos amigos de longa data, Dra. Clarice B. Neufeld, Dra. Nancy B. Cordovani e

Prof. Dr. Mauro S. Toporosvski pela parceria, companherismo na caminhada da

Gastroenterologia Pediátrica.

À Janssen Cilag Farmacêutica, nas pessoas da Dra. Chiu H. Chen, Farm.

Roberta P. Trefiglio, Dra. Marta Pessoa Cardoso, Dr. José Vicente C. Rinaldi e Dr.

Sérgio Bartczak, pela parceria ética na condução de estudos científicos.

À equipe de apoio médico científico da Janssen Cilag Farmacêutica: Farm.

Juliana Triska, Farm. Sofia Montegi, Farm. Rogério Orsi e em particular a Farm. Patrícia

C. Monteiro pelo carinho, apoio e respeito a toda a minha equipe na elaboração de

trabalho científico.

À Sra. Lúcia Santos Lima, auxiliar de enfermagem, que participou com

competência em todos os casos deste estudo.

Aos estaticistas Sr. Daniel Kashiwamura Scheffer e Sra. Ting Hui Ching, sempre

atenciosos e que trabalharam os dados para a conclusão deste estudo científico.

Ao Sr. Pedro Reiz que contribuiu na redação científica e arte final desta tese.

E finalmente meu agradecimento:

Às crianças e à generosidade de seus pais que permitiram a elaboração deste

estudo.

Lista de abreviaturas

AAS Ácido acetilsalicílico

aC. antes de Cristo

AINH anti-inflamatório não-hormonal

AINHs anti-inflamatórios não-hormonais

ANOVA Análise de Variância de Medidas Repetidas

ANVISA Agência Nacional de Vigilância Sanitária

B-D Becton Dickinson Canadian Incorporation®

CDC Center for Disease Control and Prevention

CONEP Comissão Nacional de Ensino e Pesquisa

Cox Coxigenase

ºC Graus Celsius

DP Desvio padrão

E. Excelente

ºF Graus Fahrenheit

FDA Food and Drugs Administration

FIL Fator inibitório leucêmico

FNT Fator de necrose tumoral

FNTC Fator neurotrópico ciliar

GECA Gastroenterocolite aguda

HMSLG Hospital Municipal São Luiz Gonzaga

IFN Interferon

IL Interleucina

IMC Índice de Massa Corporal

INMETRO Instituto Nacional de Metrologia

IVAS Infecção das vias aéreas superiores

N.S. Não satisfatória

OMA Otite média aguda

OMS Organização Mundial da Saúde

OncM Oncostatina M

OTC Over the counter (sem prescrição médica)

PG Prostaglandina

S. Satisfatória

WHO Word Heath Organization

SUMÁRIO

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................... 01

1.1 Revisão da literatura............................................................................................ 03

1.1.1 Febre............................................................................................................ 03

1.1.2 Definição de febre ........................................................................................ 04

1.1.3 Histórico da febre ......................................................................................... 04

1.1.4 Aferição da temperatura............................................................................... 06

1.1.5 Fisiopatologia da febre ................................................................................. 07

1.1.6 Temperatura normal, hipotermia, febre, hiperpirexia e hipertemia ............... 09

1.1.7 Etiologia da febre ......................................................................................... 10

1.1.8 Febre na percepção dos pais e dos cuidadores .......................................... 11

1.1.9 Sintomas da febre ........................................................................................ 12

1.1.10 Benefícios e malefícios da febre sobre o organismo humano.................... 14

1.1.11 Medidas de controle da febre: físicas e medicamentosas ......................... 16

1.1.11.1 Físicas ........................................................................................... 16

1.1.11.2 Medicamentosas ........................................................................... 16

1.1.11.2.1 Aspirina (salicilatos)....................................................... 19

1.1.11.2.2 Paracetamol (acetaminofeno) ....................................... 21

1.1.11.2.3 Ibuprofeno ..................................................................... 22

1.1.11.2.4 Dipirona (metamizol) ..................................................... 23

1.1.12 Alternância de medicamentos .................................................................... 25

1.1.13 Vantagens e desvantagens do ibuprofeno e da dipirona ........................... 26

1.1.14 Eficácia antitérmica da dipirona e do ibuprofeno após

10, 20, 30,45 minutos, 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7 e 8 horas da medicação .............. 27

2 OBJETIVO ................................................................................................................. 29

3 CASUÍSTICA E MÉTODO ......................................................................................... 31

3.1 Casuística ....................................................................................................... 32

3.2 Critérios para temperatura baixa e alta ........................................................... 32

3.3 Temperatura basal .......................................................................................... 33

3.4 Monitorização da temperatura ......................................................................... 33

3.5 Distribuição dos pacientes .............................................................................. 33

3.6 Critérios de inclusão ........................................................................................ 34

3.7 Critérios de exclusão ....................................................................................... 34

3.8 Randomização ................................................................................................ 35

3.9 Medida da temperatura ................................................................................... 35

3.10 Termômetro para aferir a temperatura .......................................................... 36

3.11 Dosagem e administração ............................................................................ 36

3.11.1 Tabela posológica .............................................................................. 36

3.12 Resposta antitérmica .................................................................................... 37

3.13 Observação nutricional ................................................................................. 38

3.14 Critérios para o comportamento da temperatura .......................................... 38

3.15 Descontinuação ............................................................................................ 38

3.16 Eventos adversos ......................................................................................... 39

3.17 Resposta ao tratamento ................................................................................ 39

3.18 Tolerabilidade ............................................................................................... 39

3.19 Eficácia terapêutica ....................................................................................... 40

3.20 Aspectos documentais e éticos ..................................................................... 40

3.21 Análise estatística ......................................................................................... 40

4 RESULTADOS ...................................................................................................... 42

5 DISCUSSÃO .......................................................................................................... 59

6 CONCLUSÃO ....................................................................................................... 74

7 ANEXOS ............................................................................................................... 76

8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................... 114

FONTES CONSULTADAS .................................................................................. 122

RESUMO .............................................................................................................. 123

ABSTRACT .......................................................................................................... 125

LISTAS E APÊNDICE .......................................................................................... 127

INTRODUÇÃO

2

1 INTRODUÇÃO

Na prática pediátrica, a febre é motivo de frequentes consultas aos serviços

de emergência (Fetveit, 2008). Ela gera ansiedade aos pais e cuidadores por causa da

percepção de que a criança está doente ou que possa apresentar crise convulsiva

(Crocetti et al, 2001). Aproximadamente dois terços das crianças, até os três anos de

idade, que consultam o serviço de emergência pediátrica, o fazem por causa de doença

febril aguda (Porth e Kunert, 2004). Representam 30% das consultas em Pediatria

(Bovin et al, 2007) e mais de 20% dos telefonemas em horário não adequado (Schmitt,

1984).

Na prática diária, os pediatras enfrentam dilema da febre e ansiedade que ela

invariavelmente gera nos pais e responsáveis pela criança. O desconforto, que a febre

causa na criança, tem sido para muitos pediatras, justificativa suficiente para se buscar

medidas para aliviá-la (Murahovschi, 2006).

Os antitérmicos mais utilizados na prática pediátrica são: ibuprofeno,

paracetamol e dipirona. Há muitos estudos sobre os dois primeiros e poucos que

compararam a ação antipirética do ibuprofeno em relação à dipirona, por não ser a

dipirona comercializada mundialmente (Wong et al, 2001; Yilmaz et al, 2003 e Prado et

al, 2006).

A escolha do melhor medicamento antitérmico sempre foi motivo de

controvérsias. Este estudo foi conduzido com o objetivo de comparar o comportamento

dos antitérmicos ibuprofeno e dipirona em crianças febris.

3

1.1 Revisão da Literatura

1.1.1 Febre

O homem por ser um animal homeotérmico tem temperatura quase constante.

Os processos fisiológicos são resultados de reações químicas. Pequenas oscilações da

temperatura interna aceleram ou diminuem a velocidade das reações (Rodrigues e

Bricks, 2003).

A temperatura orgânica é decorrente do equilíbrio entre a produção (metabolismo

basal, digestão, assimilação dos alimentos e esforço muscular) e o consumo calórico

(evaporação, radiação, convecção e condução). A temperatura interna é mantida em

torno dos 37,0ºC, com variações que oscilam entre 0,5ºC a 1,1ºC devido às atividades

diárias (Rodrigues e Bricks, 2003; Ward, 2009).

A taxa de produção de calor pelo organismo, também chamada taxa metabólica

do organismo, é determinada pelo: metabolismo basal de todas as células do corpo;

metabolismo extra causado pela atividade muscular que inclui as contrações

musculares causadas pelo calafrio; metabolismo extra causado pelo efeito da tiroxina,

hormônio do crescimento e testosterona sobre as células; metabolismo extra causado

pelo efeito da epinefrina, norepinefrina e pela estimulação simpática sobre as células;

metabolismo extra causado pelo aumento da atividade química das células, quando a

temperatura da célula se eleva; e metabolismo extra, necessário, para a digestão,

absorção e armazenamento de alimentos (Guyton e Hall, 2006).

Esse calor é transferido dos órgãos e tecidos profundos para a pele por

intermédio dos vasos sanguíneos. Na pele o calor é propagado para o ar e meio

ambiente. A pele constitui-se num sistema controlador de “radiador de calor” eficiente e

o fluxo de sangue é o mecanismo mais eficaz para a transferência desse calor do

centro do corpo para a pele. O tecido subcutâneo, juntamente com a pele e em

particular o tecido adiposo atuam como isolante do corpo. Em geral os lactentes, pré-

termo e desnutridos possuem pouco tecido adiposo, o que dificulta essa homeostase

(Guyton e Hall, 2006).

4

1.1.2 Definição de febre

Febre ou pirexia é a elevação da temperatura corpórea controlada pelo sistema

nervoso central em resposta a estímulo exógeno ou endógeno (Porth e Kunert, 2004).

Ela é sintoma de várias doenças infecciosas e não infecciosas (Schmitt, 1984; Brook,

2003; Ward, 2009).

É considerada febre temperatura: axilar acima de 37,2ºC (99ºF)1 (Ward, 2009);

retal igual ou superior a 37,8ºC (100,0ºF) (Ward, 2009); oral igual ou superior a 37,8ºC

(100,0ºF) (Schmitt, 1984; Rodrigues e Bricks, 2003; Brook, 2003; Wahba, 2004);

timpânica igual ou inferior 37,5ºC (99,5 ºF) (Wong et al, 2001).

A temperatura corporal varia durante o dia (ritmo circadiano). É mais baixa pela

madrugada e no início da manhã. A máxima ocorre no final da tarde (Murahovschi,

2003; Porth e Kunert, 2004).

O lactente até um ano de idade apresenta temperatura mais elevada que o

adulto porque apresenta grande área de superfície corporal e elevado metabolismo

(Rodrigues e Bricks, 2003; Murahovschi, 2003; Ward, 2009).

1.1.3 Histórico da febre

O homem primitivo buscava explicações para o aparecimento das doenças e

seus sintomas, que apareciam sem causa aparente e ameaçavam a saúde e a vida. Ele

começou a investigar a natureza de sua existência. A medicina originou-se das práticas

mágicas e sacerdotais, com ritos complexos, nos quais era evocado o sobrenatural

(Margotta, 1998).

Por volta do ano 2000 a.C., os sumérios relataram a febre por intermédio de

pictogramas baseada em representações simples dos objetos da realidade. Conheciam

várias doenças, tipo de febre e a maneira de tratá-las (Margotta, 1998).

1 Para transformar graus Fahrenheit (ºF) em Celsius (ºC) deve-se reduzir 32 da temperatura em ºF. O

resultado, dividir por 9 e multiplicar por 5. Exemplo: 99ºF = 99 – 32 = 67 : 9 = 7,44 x 5 = 37,2ºC

(Ward,2010).

5

Hipócrates por volta de 400 a.C. acreditava que o corpo humano era constituído

da união de quatro elementos: quente, frio, molhado e seco. O calor inato era condição

básica da vida e caso falhasse ocorreria a morte. Para ele, a temperatura corpórea

tinha ampla relação com os humores (sangue, fleuma, bile amarela e bile negra). A

manifestação de febre representava o excesso de bile amarela. Seus discípulos

seguiam o mestre, visitavam os pacientes e perguntavam sobre suas queixas.

Examinavam de maneira minuciosa o corpo humano, que incluía a “medição” da

temperatura com a colocação da mão sobre o peito do paciente (Margotta, 1998; Hadad

Junior, 2008).

Na era Cristã, Aulo Cornélio Celso descreve os quatro pontos cardiais do

processo inflamatório: rubor, calor, dor e tumor. Na Idade Média ocorreram as grandes

epidemias, tais como, a peste negra e a “dança de São Vito”. O clero, para combater os

sintomas das doenças e por consequência a febre, praticava o exorcismo convencido

de que as doenças estavam relacionadas às impurezas e possessões demoníacas

(Margotta, 1998).

Na Renascença, por volta de 1526, Paracelso escreveu mais de 300 obras

baseadas em observações clínicas, inclusive sobre febre. No século XVII William

Harvey descreveu o fluxo sanguíneo e concluiu que era contínuo e sempre na mesma

direção (Margotta, 1998; Hadad Junior, 2008).

O interesse pelas medidas das funções vitais proporcionou o desenvolvimento de

vários instrumentos, inclusive o termômetro de mercúrio por Gabriel Fahrenheit

(Strathern, 2005).

Na Era Moderna, Claude Bernard emitiu o conceito de “ambiente interno”. Para

ele o corpo é mantido constante por mecanismos interativos e autoreguladores. Os

processos metabólicos que ocorrem no organismo são geradores de calor

(Margotta,1998; Hadad Junior, 2008).

Ignaz Semmelweiss, no século XIX observou que a febre era responsável pela

morte de mulheres após o parto. Demonstrou que agentes patogênicos das mãos e

instrumentos provocavam as mortes. O obstetra húngaro constatou que os agentes

podiam ser eliminados por assepsia das mãos e por meio de antissépticos

(Margotta,1998).

6

Em 1868, Carl Wunderlich, estudou a temperatura corpórea de 25000 pacientes,

com obsevações obtidas duas vezes ao dia, num período de 20 anos. Ele observou que

o termômetro era instrumento útil no fornecimento de informações sobre a condição da

pessoa doente e a temperatura, uma das respostas fisiológicas mais frequentes

monitoras durante uma doença. (Porth e Kunert, 2004).

Com a descoberta da penicilina por Alexander Fleming, em 1928, deu-se o

primeiro passo para a descoberta de novos antibióticos. Na mesma época surgiram

vacinas e exames complementares que auxiliaram o diagnóstico, bem como, melhora

da saúde pública e medidas de higiene (Margotta, 1998).

1.1.4 Aferição da temperatura

A temperatura pode ser aferida em diferentes locais do corpo. As vias utilizadas

são: oral, retal, timpânica e axilar. A aferição da temperatura por via retal é a mais fiel.

Nesse local existe melhor relação com a temperatura central. É possível que a via oral

seja a mais utilizada. Antigamente ela era aferida com termômetro de mercúrio que

oferecia duplo risco por causa do vidro e do mercúrio. Hoje proscrito o seu uso.

Recomenda-se termômetro digital padrão validado. No Brasil, a aferição da temperatura

axilar está culturalmente consagrada (Murahovschi, 2003).

Figura 1 - Aferição da temperatura axilar

`

Fonte: Mount Nittany Medical Center. Axillary temperature. [on line]. Available from: www. mountnittany.org/.../documents?ID=456 [27 Jul 2009].

7

A técnica de aferição consiste em enxugar a axila, se houver sudorese, seguido

da colocação do termômetro. Mantêm-se o braço firmemente apertado contra o tórax.

Aguarda-se a emissão de sinal sonoro de alarme. A temperatura poderá ser verificada

no visor (Murahovschi, 2003).

1.1.5 Fisiopatologia da febre

A temperatura corporal é regulada pelo centro termorregulador que está

localizado no hipotálamo anterior, na região pré-óptica que mantém a temperatura

interna, apesar das grandes oscilações no consumo energético e alterações ambientais

(Rodrigues e Bricks, 2003; Ward, 2009).

O hipotálamo recebe informações concernentes à temperatura de todo o

organismo e as compara com a temperatura de referência no ponto de termorregulação

(set-point) que funciona como termostato, ao qual compete manter o equilíbrio entre a

produção (termogênese) e perda de calor (termólise), de acordo com o caso

(Murahovschi, 2003; Ward, 2009).

A febre é decorrente de um ajuste no ponto termorregulador num patamar

elevado (Murahovschi, 2003). A ação é realizada nos centros termocorretores

localizados no hipotálamo posterior (Ward, 2009).

8

Figura 2 - Fisiopatologia da febre

Fonte: Adaptado de Guyton AC, Hall JE. Temperatura corporal, regulação da temperatura e febre. In: Guyton AC, Hall JE. Tratado de fisiologia médica. 11ª ed. Rio Janeiro: Elsevier; 2006. p.898. PG* = prostaglandina.

O hipotálamo posterior possui quatro núcleos com função termo-corretoras:

núcleo simpático adrenérgico que promove a liberação de noradrenalina e produz

vasoconstrição da pele. Ele permite menor perda de calor por radiação e desencadeia a

pilo ereção, o que reduz a perda de calor por convecção; núcleo simpático colinérgico

que está relacionado com as glândulas sudoríparas; núcleo de termogênese por

calafrios que é responsável pela produção de calor, tipo calafrio, da musculatura

esquelética; e núcleo da termogênese por não calafrios que são estruturas que

controlam a produção de calor por meio de hormônios (Guyton e Hall, 2006).

Quando o ser humano é invadido por microorganismo os mecanismos de defesa

são ativados para a destruição rápida e efetiva do agressor. Os macrófagos englobam o

invasor (pirógenos exógenos) e produzem substâncias pirógenas endógenas como as

citocinas que incluem a interleucina-1, o interferon, o fator de necrose tumoral, a

inteleucina-6 e a interleucina-11. A circulação sanguínea chega ao hipotálamo anterior

9

e ativam o sistema enzimático da ciclogenases. Estas transformam o ácido aracdônico

em prostaglandina, que é a substância capaz de causar mudança acima do limite da

temperatura corpórea normal. O mediador lipídio mais estudado é a prostaglandina E2

(Rodrigues e Bricks, 2003; Brahmer e Sande, 2004; Powell, 2005; Ward, 2009).

A prostaglandina altera o set-point do centro regulador e eleva a temperatura

corpórea. Ela é a última mensageira do processo de origem da febre (Brahmer e

Sande, 2004; Ward, 2009).

Figura 3 - Esquema da patogênese da febre

Fonte: Brahmer J, Sande MA. Febre de origem indeterminada. In: Wilson WR, Sande Doenças infecciosas: diagnóstico e tratamento. São Paulo: Artmed; 2004. p.257. IL Interleucina; FNT, fator de necrose tumoral; IFN interferon; FIL, fator inibitório leucêmico; FNTC, fator neurotrópico ciliar; e OncM, oncostatina M.

1.1.6 Temperatura normal, hipotermia, febre, hiperpirexia e hipertemia

Nenhuma temperatura singular pode ser considerada normal. Ela se eleva

durante o exercício e varia com as temperaturas extremas do ambiente. As aferições

têm demonstrado faixas de temperaturas “normais”, que variam entre 36,0ºC e 37,5ºC.

10

A temperatura corpórea oscila com o exercício e com a temperatura do ambiente

(Guyton e Hall, 2006).

Figura 4 - Classificação da temperatura corporal axilar

Hipotermia........................................................................abaixo de 36,0ºC.

Temperatura normal.................................................entre 36,0ºC a 37,2ºC.

Febre.................................................................................acima de 37,2ºC.

Subfebril...............................................37,3ºC a 37,9ºC.

Febre baixa.................................entre 38,0ºC a 39,1ºC.

Febre alta...........................................maior que 39,1ºC.

Hiperpirexia..........................................acima de 40,0ºC.

Fonte: Adaptado de Pernetta C. Dados antropométricos. Temperatura. In: Pernetta C. Semiologia Pediátrica. 5ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 1990. p.39. Murahovschi J. A criança com febre no consultório. J Pediatr. (Rio J.) 2003;79(supl.1):S55-S64.

Quando a temperatura corpórea se eleva acima dos 40,5ºC muitas células se

danificam. Exames anatomopatológicos decorrentes da hiperpirexia demonstram

hemorragias e degeneração parenquimatosa das células de todo o corpo. As células do

sistema nervoso central, uma vez lesadas, não poderão ser substituídas. Portanto,

temperaturas corpóreas elevadas devem ser combatidas (Guyton e Hall, 2006).

A hipertermia é a elevação da temperatura corpórea por mecanismos distintos da

febre, sem alteração do termostato hipotalâmico. Ela pode se causada por aumento da

produção de calor após exercícios físicos, intoxicação por salicilatos, feocromocitoma,

hipertiroidismo, displasia ectodérmica e hipertermia maligna. Pode ocorrer por

diminuição da perda de calor como ocorre por excesso de agasalhos, por temperatura

ambiental elevada, intoxicação por anticolinérgicos e por alguns antibióticos (Rodrigues

e Bricks, 2003).

11

1.1.7 Etiologia da febre

A febre na faixa etária pediátrica, com maior frequência tem origem viral em

relação à bacteriana. Baker e Bell (1999) constataram que 87% das causas de febre

foram de etiologia viral e 13% bacteriana. Das bacterianas, 50% foram causadas por

infecção do trato urinário, 6% por bacteremia, 12,8% por meningite e o restante por

outras etiologias bacterianas.

As causas de febre em crianças são: infecções agudas e crônicas; desidratação:

(desidratação aguda, febre da sede e diabetes) e queimaduras; doenças do sistema

nervoso central: hemorragias e tumores intracranianos; crises hemolíticas: anemias

hemolíticas, genéticas e adquiridas; hemorrágicas: reabsorção de derrames

sanguíneos; doenças malignas: leucemia, doença de Hodgkin e outros tumores;

doenças de hipersensibilidade: reações a soros animais, vacinas e alguns

medicamentos; doenças imunorreumatológica: doença reumática, lúpus eritematoso

sistêmico e artrite reumatoide; doença inflamatória intestinal; doenças granulomatosas:

sarcoidose; distúrbios endócrinos: tireotoxicose e feocromocitoma; distúrbios

metabólicos: uremia (Pernetta, 1990); causa psicogênica e “factícia”, por manipulação

do termômetro (Rodrigues e Bricks, 2003).

1.1.8 Febre na percepção dos pais e dos cuidadores

Desde a década de 1984, até hoje, ainda persistem as mesmas preocupações e

angústias por parte dos pais e cuidadores em relação às consequências da febre e os

procedimentos a serem adotadas diante dela (Schmitt, 1984). Os pais e cuidadores

acreditam que a febre possa causar dano cerebral (convulsão febril) e levar a morte

(Jones e Jacobsen, 2007). Neste sentido, administram doses inadequadas e com

intervalos diferentes, daquelas preconizadas pelos profissionais da saúde. Além disso,

se utilizam de outros procedimentos, como o banho de imersão em água morna ou

álcool. O uso de banho com álcool é contraindicado, pois se inalado, pode causar

convulsão ou coma. (Schmitt, 1984; Crocetti et al, 2001; Ward, 2009).

12

A febre, apesar de ser sintoma ou sinal, não é doença. Ela causa preocupação

aos pais e cuidadores porque significa que a criança está doente. Denomina-se

“febrefobia” a ansiedade excessiva em relação à febre (Moraga et al, 2007).

Para o leigo o conceito de febre não está claro. Quando os cuidadores são

questionados sobre o conceito de febre, muitas vezes, não estão aptos para respondê-

lo. Muitos consideram febre temperaturas que oscilam entre 37,0ºC a 38,5ºC. Com isso,

demonstra-se confusão entre febre e estado subfebril (Boivin et al, 2007).

A aferição da temperatura pelos pais, muitas vezes, é realizada de maneira

subjetiva pelo tato. Algumas vezes são tomadas de maneira inadequadas devido ao

tempo insuficiente para sua aferição e outras por mau posicionamento do termômetro

(Moraga et al, 2007).

A febre na maioria dos casos é benigna e autolimitada. Pode ser provocada por

agentes bacterianos ou decorrer de causa viral. Não é a intensidade da febre que

determina a gravidade da doença. Acomete entre 2 a 5% das crianças e o pico de

incidência ocorre em torno dos 18 meses (Fetveit, 2008).

Na prática pediátrica sabe-se que a dosagem de determinada medicação está

relacionada com o peso e a idade da criança. Estes parâmetros dificultam o cálculo

posológico. Ora os cuidadores ministram-se doses menores, ora doses maiores. Muitas

vezes pode-se chegar à dose próxima da toxicidade (Bilenko et al, 2006).

De maneira geral, a prescrição de medicamentos com menor frequência de

doses diárias é algo almejado, devido à praticidade de administração (Boivin et al,

2007).

1.1.9 Sintomas da febre

Em pediatria, devido ao excesso de agasalhos, principalmente em lactentes,

pode ocorrer aquecimento corporal e simular febre (Pernetta, 1990).

As manifestações dos quadros febris, tais como calafrios, dor muscular, astenia,

pilo ereção, irritabilidade, rubor, cefaleia, inapetência, sudorese abundante, taquicardia,

taquipneia, desidratação, dificuldade para adormecer. Durante a febre há um aumento

do metabolismo e do trabalho cardíaco. Esse quadro sintomático “justifica” as

13

convicções dos cuidadores para a intervenção no sentido de combatê-la. (Boivin et al,

2007).

Brook (2003) salienta que a febre em crianças menores de três anos associadas

à toxemia é sinal de bacteremia ou septicemia e merecem complementação com

exames laboratoriais. Para ele, crianças menores de três meses, com febre e sem foco

aparente, devem ser monitorizadas para a hipótese de infecção bacteriana grave. Nas

menores de um mês, além dessa medida preconiza-se o uso de antibióticos.

Convulsão febril caracteriza-se por convulsão desencadeada por processo febril,

após um mês de vida em crianças suscetíveis. Ela não é decorrente de infecção,

intoxicação ou anomalia intracraniana e ocorre em 2 a 5% dos casos das crianças de

seis meses a cinco anos de idade (Jones e Jacobsen, 2007). O risco de convulsão febril

não é reduzido com o tratamento da febre (Fetveit, 2008). Por ocasião da primeira crise

convulsiva, muitas crianças são submetidas a procedimentos invasivos e caros, como a

punção lombar, para afastar o diagnóstico de meningite (Ward, 2009).

Figura 5 - Característica da convulsão febril infantil

Ocorrer em crianças suscetíveis (base genética);

Mais frequente entre os 6 e 18 meses de idade;

Desenvolvimento neurológico normal;

Febre de duração inferior a 24 horas, geralmente de etiologia viral;

Aumento súbito da temperatura para 38,5ºC ou mais;

Crises convulsivas tônico-clônicas, generalizadas;

Crises autolimitadas, com duração menor que 15 minutos;

São benignas com recuperação total após período curto de sonolência;

Não levar a distúrbios mentais ou sequelas;

Não aumenta o risco de epilepsia;

Episódio único em 70% dos casos;

A recorrência está relacionada com antecedentes familiares e primeira

crise antes de um ano de idade;

Eletroencefalograma normal nas intercrises; e

Não necessitar de uso de anticonvulsivante.

Fonte: Adaptada de Rosemberg et al. Convulsão febril benigna: os problemas neurológicos e neuomusculares. In: Murahovschi J. Pediatria: diagnóstico e tratamento. 6ª ed. São Paulo: Sarvier; 2003. p. 216. Jones T, Jacobsen SJ. Childhood febrile seizures: overview and implications. Int J Med Sci. 2007; 4:110-4.

14

Pacientes com epilepsia idiopática podem exibir com frequência maior

convulsões associadas a doenças febris (Johnston, 2005).

1.1.10 Benefícios e malefícios da febre sobre o organismo humano

O combate a febre com o uso de antitérmicos é benéfico do ponto de vista

prático. Sua ausência constitui índice valioso da condição hígida. Se a febre é uma

reação do organismo frente uma agressão, combatê-la alteraria os mecanismos

fisiológicos do organismo (Porth e Kunert, 2004).

Tratá-la ou não com medicação continua assunto polêmico. Com a elevação da

temperatura há migração e produção de substâncias bactericidas pelos neutrófilos,

produção de interferon e ocitocinas que são importantes na resposta imunológica

(Bricks, 2006). Ocorre também diminuição da absorção de ferro e do ferro livre

circulante o que provoca diminuição do crescimento bacteriano. A febre pode reduzir a

produção de toxina pelos microorganismos invasores, bem com a sua multiplicação. É

mecanismo de defesa como resposta ao processo inflamatório. A redução da

temperatura com o uso de antitérmicos pode provocar a excreção mais prolongada de

vírus (Bricks, 2006).

Figura 6 - Efeitos benéficos da febre

Fonte: Adaptada de Ward MA. Pathophysiology and treatment of fever in infants and children. Last literature review version 17.3: September 2009. Available from: http/www.uptodateonline.com/online/content/topic.do=3ftopicKey=3dpedi_id/19036=26selectedTitle=3d2=257E150=26source=3dsearch_result [2010 Feb 11].

15

A elevação da temperatura em um grau centígrado provoca o aumento do

metabolismo em 10 a 12%. Desencadeia o aumento do consumo de oxigênio, aumento

da produção de gás carbônico e do trabalho cardíaco. Cria instabilidade metabólica,

sobretudo em crianças cardiopatas e hipoxêmicas (Ward, 2009).

A composição corporal e a ligação proteica são diferentes nas diversas idades

das crianças, o que pode alterar a resposta terapêutica ao medicamento antitérmico

(Brown et al, 1992).

A água extracelular corresponde a 45% do peso corporal no recém-nascido a

termo decrescendo a 39% na primeira semana de vida. A função renal no período

neonatal é caracterizada por predomínio glomerular sobre o tubular. Isso reduz a

superfície de filtração e o coeficiente de permeabilidade do sódio e da água e protege o

organismo contra as perdas. A febre pode causar perda insensível de água pela pele e

pulmões e provocar hipernatremia com hipovolemia (Gallacci e Sanches, 1994).

Figura 7 - Indicação do uso dos antitérmicos

Queixa ou presença de mal-estar por parte da criança;

Necessidade de controlar a perda hídrica e de eletrólitos para evitar a desidratação;

Alteração do nível de consciência;

Antecedentes de crise convulsiva;

Presença de taquipneia ou taquicardia significativa;

Necessidade de diminuir o consumo de oxigênio, tais como: cardiopatia,

pneumopatia crônica e desnutrição; e

Necessidade de diferenciar se o comprometimento do estado geral é decorrente da

febre ou de processo infeccioso importante.

Fonte: Adaptada de Ward MS. Pathophysiology and treatment of fever in infants and children. Last literature review version 17.3: September 2009. Available from: http/www.uptodateonline.com/online/content/topic.do=3ftopicKey=3dpedi_id/ 19036=26selectedTitle=3d2=257E150=26source=3dsearch_result [2010 Feb 11].

A Organização Mundial da Saúde (OMS) desencoraja o uso de antitérmicos em

temperaturas menores que 39,0ºC e os reserva para o uso em pacientes com

temperatura elevadas (Eichenwald, 2003).

16

1.1.11 Medidas de controle da febre: físicas e medicamentosas

1.1.11.1 Físicas

As medidas de controle da febre podem ser físicas e medicamentosas. Ações

físicas só devem ser usadas, como coadjuvantes. Elas controlam a temperatura

corporal, mas não agem no set-point hipotalâmico. O estímulo para a diminuição da

temperatura no set-point só é alcançado por ações medicamentosas (Schmitt, 1984).

As medidas físicas são: utilização de roupas leves, ambiente ventilado,

hidratação, banho morno de imersão por 10 a 20 minutos e fricção da pele com esponja

com água morna por 20 a 30 minutos, associadas à medicação antitérmica. As medidas

físicas de controle da febre só estão justificadas nos casos de temperatura acima de

39,5ºC e somente se trouxerem conforto à criança e nunca na vigência de convulsão

febril (Farhat et al, 2003).

1.1.11.2 Medicamentosas

Vários são os medicamentos utilizados no tratamento da febre e dor. O agente

ideal deveria apresentar: ação rápida; duração da atividade presumível; rápida

metabolização, quando descontinuado; múltiplas vias de administração; infusão

facilmente manipulada quando contínua, no caso da dor; efeitos limitados sobre a

função cardiorrespiratória; efeitos e duração não alterados por doença hepática ou

renal; e sem interação com outros medicamentos. (Barbosa et al, 2003).

A utilização de medicamentos antitérmicos e analgésicos em berçários deve ser

utilizada com critério. Recém-nascidos pré-termo e com baixo peso, às vezes,

necessitam permanecer internados por tempo prolongado, submetidos a procedimentos

invasivos e dolorosos com frequentes colheitas de sangue (Bernaldo e Huberman,

2002).

A farmacocinética e a farmacodinâmica dos antitérmicos variam com a idade. Os

lactentes respondem de modo diferente das crianças maiores e dos adultos. A vida

média de eliminação da maioria dos medicamentos é prolongada em neonatos e

17

crianças jovens em virtude dos sistemas enzimáticos serem imaturos, bem como a

depuração desses fármacos serem mais lenta (Rang et al, 2007).

Nos recém-nascidos, por causa da concentração sérica diminuída de albumina e

alfa ácido glicoproteína, apresentam ligações protéicas reduzidas. Alguns antitérmicos

circulam livremente no sangue, ao invés de ligados às proteínas e com isso apresentam

concentrações séricas próximas à toxicidade. São contraindicados nessa faixa etária

(Rang et al, 2007).

Os medicamentos mais utilizados para o controle da febre são os antitérmicos

não entorpecentes, que são vendidos sem prescrição médica (Barbosa et al, 2003).

Figura 8 – Medicações analgésicas e antitérmicas não entorpecentes

Paraminofenólico – acetaminofeno;

Sulfonanilidico – nimesulida;

Ácidos enólicos:

oxicans – piroxican; e

pirazolonas – dipirona;

Ácidos carboxílicos:

salicilatos – aspirina;

propiônico: ibuprofeno, naproxeno, fenopropeno, cetoprofeno e flurbiprofeno;

antranílico – ácido nefemânico;

acético:

indolacético – indometacina;

pirolacético – ketorolac; e

fenilacético – diclofenato.

Fonte: Adaptado de Barbosa SMM, Santos E, Schvartsman C. Tratamento da dor aguda e crônica em crianças e adolescentes. In: Marcondes E, Vaz FAC, Ramos JLA, Okay Y. Pediatria básica. 9ª ed. São Paulo: Sarvier; 2003. v. 2. p. 520. (v.2: Pediatria clínica geral).

Os analgésicos não entorpecentes mais utilizados são os: analgésicos anti-

inflamatórios (ibuprofeno, aspirina e diclofenato); e analgésicos antitérmicos

(ibuprofeno, aspirina, paracetamol e dipirona) (Bricks,1998).

18

São dois os tipos de ciclogenases: ciclogenase 1 (Cox 1) que é distribuído por

todo o organismo (sistema digestório, plaquetas, rins e outros órgãos); e ciclogenase 2

(Cox 2) enzima relacionada com os processos inflamatórios (Rodrigues e Bricks, 2003;

Burke et al, 2007).

Muitos dos medicamentos anti-inflamatórios não-hormonais (AINHs) são

inibidores de ambas as enzimas, em grau variável. A ação anti-inflamatória está

relacionada ao Cox 2, enquanto os efeitos indesejáveis, particularmente em relação ao

trato digestório, estão relacionados ao Cox 1 (Rang et al, 2007).

Figura 9 - Mecanismo de ação dos medicamentos anti-inflamatórios não-hormonais

(AINHs)

Fonte: Adaptada Moreno-Brea MR. Tolerabilidad de aspirina. Rev Soc Esp Dolor. 2005;12:360.

19

Os analgésicos não entorpecentes são também denominados medicamentos

over the counter (OTC)2 (Kirkland, 2009). Pela facilidade de aquisição dos antitérmicos

deve-se manipulados com cautela e guardá-los fora do alcance das crianças para

evitar o risco de ingestão acidental. No Brasil, os antitérmicos são responsáveis por

14% das intoxicações medicamentosas em crianças menores de dez anos (Rodrigues e

Bricks, 2003).

Figura 10 - Antitérmicos não entorpecentes mais utilizados em Pediatria

Fonte: Murahovschi, J. A criança com febre no consultório. J Pediatr. (Rio J.) 2003;79(supl.1):S63.

1.1.11.2.1 Aspirina (salicilatos, ácido acetilsalicílico)

O ácido acetilsalicílico (AAS) foi o medicamento mais utilizado para a febre até

os anos de 1970, quando os pesquisadores relacionaram esse medicamento com a

2 É traduzido para o português como medicação sem prescrição ou fora do balcão da farmácia.

20

síndrome de Reye que consiste em hepatopatia aguda acompanhada de encefalopatia

grave (Starko, 1980; Moreno-Brea, 2005). É antitérmico e analgésico com as vantagens

de ser também medicamento anti-inflamatório. Sua ação ocorre por intermédio da

inibição das ciclogenase 1 e 2 (Moreno-Brea, 2005).

Os mecanismos de ação da farmacocinética consistem em: início de ação entre

30 a 60 minutos; pico plasmático após duas horas da ingestão oral; metabolização

hepática e excreção renal; tempo de ação de quatro a seis horas; dose antitérmica e

analgésica de 50 a 75 mg/kg/dia; dose anti-inflamatória de 75 a 100 mg/kg/dia; dose

tóxica de 200 mg/kg/dia; dose de 300 mg/kg/dia pode causar insuficiência renal; e na

dose de 500 mg/kg/dia pode ser letal (Burke et al, 2007).

A aspirina não é recomendada para crianças menores de 12 anos (Wahba,

2004). Nas doses preconizadas, por ação direta sobre a mucosa gástrica, pode

provocar o aparecimento de úlcera. Por não ter ação seletiva sobre as coxigenases,

provoca inibição do Cox 1 e causa diminuição da agregação plaquetária que pode

provocar hemorragia e perfuração gastrointestinal. A ação da aspirina sobre a

ciclogenase plaquetária é irreversível. A restauração do processo de coagulação requer

a produção de novas plaquetas. Esse processo demora uma semana (Moreno-Brea,

2005; Burke at al, 2007).

A associação da síndrome de Reye ao uso de salicilatos foi descrita por Starko et

al. (1980) em estudo sobre o vírus da influenza A. A aspirina não deve ser prescrita nos

casos suspeitos de varicela ou influenza A. Essa associação causa toxicidade hepática

e precipita o aparecimento da síndrome de Reye (Moreno-Brea, 2005), que tem

diminuído devido ao decréscimo do uso da aspirina. Como a prevenção da varicela

ainda não faz parte do calendário oficial de vacinação do Ministério da Saúde, embora

seja preconizada pela Sociedade Brasileira de Pediatra, a chance de uma criança

brasileira contrair essa doença é grande, e nesse caso a aspirina não deve ser

recomendada como antitérmico (Brasil, 2009).

Em dose elevadas, principalmente em crianças, pode ocorrer acidose respiratória

com acidose metabólica (Schmitt, 1984; Rang et al, 2007).

A ocorrência de agranulocitose parece ter influência genética e ocorre em 2,7

por milhão de pessoas ao ano, com variação de 1,1 a 7,1 (Hamerschlak et al, 2005).

21

O uso desse antitérmico é contraindicado nos casos de dengue, pois pode

precipitar o aparecimento de quadros hemorrágicos grave. O Ministério da Saúde

recomenda que a aspirina não deva ser utilizada, nos casos de suspeita dessa doença

(Brasil, 2008).

Atualmente a aspirina é utilizada para o tratamento de algumas doençs

reumatológicas e osteoarticulares, na doença de Kawasaki e após cirurgia cardíaca

como antiagregante plaquetário (Silva, 2003; Bursch e Zeltzer, 2005).

1.1.11.2.2 Paracetamol (acetaminofeno)

Ele é derivado do paraminofenol com ação analgésica e antipirética e baixa

atividade anti-inflamatória. Seu mecanismo de ação bloqueia a formação e a liberação

das prostaglandinas (Rang et al, 2007).

O paracetamol é a medicação considerada a mais segura para uso infantil. Está

incluído na lista de medicamentos essenciais da OMS. É o antitérmico de venda livre

mais utilizado na América do Norte, Ásia e Europa (Rang et al, 2007)

O mecanismo de ação da farmacocinética do paracetamol consiste em: início de

ação entre 30 minutos; pico plasmático de duas a três horas após ingestão oral;

metabolização hepática e excreção renal; tempo de ação de quatro a seis horas; dose

de 10 a 15 mg/kg/dose; dose máxima de 75 mg/kg/dia; e dose tóxica quando maior que

120 mg/kg/dia (Rang et al, 2007; Burke et al, 2007).

Pode ser administrado a neonatos nas doses de 5 a 10 mg/kg a cada quarto

horas, por via oral, bem como a lactentes e a gestantes (Guillaumon e Segre, 2002;

Gallacci e Kanashiro, 2008). Não promove irritação gástrica ou sangramento, não altera

a função plaquetária e da coagulação, assim como, não aumenta o risco de anemia

aplástica ou agranulocitose. (Lesko e Mitchell, 1999; Uptodate, 2010a).

Em crianças, por ingestão acidental de doses elevadas, ou na tentativa de

suicídio, quando o indivíduo ingere doses elevadas pode ocorrer falência hepática

aguda. Se o paciente não for submetido ao transplante hepático, pode ser letal. A

ingestão de álcool em associação ao paracetamol em jejum prolongado também pode

levar a insuficiência hepática. Também é contraindicado em crianças com hepatopatia

22

prévia, pois pode precipitar a ocorrência de falência hepática (Davidson e Eastham,

1966; Larson et al, 2005).

1.1.11.2.3 Ibuprofeno

O ibuprofeno é derivado do ácido fenilpropiônico, substância química C13H18O2,

com ação antitérmica, analgésica e anti-inflamatória (Burke et al, 2007; Kirkland, 2009).

É considerada alternativa para o controle de crianças com febre, em relação ao

acetaminofeno (Nahata et al, 1991). É um AINH que atua no metabolismo do ácido

aracdônico e inibe as cicloxigenases. Bloqueia a síntese de prostaglandina e

tromboxano, sem alterar a via das lipoxigenases. Age nas enzimas Cox 1 e Cox 2

(Silva, 2002).

O mecanismo de ação da farmacocinética do ibuprofeno consiste em:

início de ação entre 15 a 30 minutos; pico plasmático é atingido duas horas após

ingestão oral; metabolização hepática e excreção renal; tempo de ação de seis a oito

horas; dose de 5 a 10 mg/kg/dose; dose máxima de 50 mg/kg/dia; a dose pode ser

repetida por, no máximo, quatro vezes ao dia; dose tóxica quando maior que 200

mg/kg/dia (Burke et al, 2007; Kirkland, 2009).

A excreção desse medicamento é rápida, mais de 99% por via urinária como

compostos hidroxilados e carboxilados e em 24 horas após a última dose (Kirkland,

2009). Também está incluído na lista de medicamentos considerados essenciais pela

OMS. Foi liberado para a venda sem prescrição médica no Reino Unido em 1983 e nos

Estados Unidos pelo Food and Drugs Administration (FDA) em 1984 (Burke et al, 2007).

É utilizado com frequência para tratamento de cefaleia, febre e infecções de vias aérea

superiores (Walson et al 1989; Silva, 2002).

Não deve ser prescrito para recém-nascidos e gestantes. Por ser inibidor das

prostaglandinas está associado ao fechamento prematuro do canal arterioso e à

hipertensão pulmonar do recém-nascido (Martin, 2005).

A farmacocinética do ibuprofeno quando dado em doses de 5 a 10 mg/kg , na

faixa etária entre três a dez anos, não se altera (Nahata et al, 1991). O autor salienta

23

que nessa faixa etária, não há mudanças significativas no organismo e que ela ocorrem

antes dos três e depois do dez anos de idade.

Posologia oral do ibuprofeno:

5,5 – 7,9 kg; 50mg;

8,0 – 10,4 kg: 75mg;

10,5 – 15,9 kg: 100mg; e

16,0 – 22,0 kg: 150mg (Uptodate, 2010b).

Pode haver interação medicamentosa entre o ibuprofeno e outras medicações.

Há diminuição da excreção dos aminoglicosídeos, da vancomicina, de alguns anti-

hipertensivos e diuréticos. Pode aumentar a excreção da digoxina (Uptodate, 2010b).

O ibuprofeno é o medicamento que provoca menos sangramento em relação ao

diclofenato, indometacina, naproxeno, piroxeno e cetoprofeno. Dessas medicações

somente o ibuprofeno é prescrito para crianças (Lesko e Mitchell, 1999; Lewis et al,

2002).

1.1.11.2.4 Dipirona (metamizol)

A dipirona é medicação derivada da fenilpirazolona com ação analgésica e

antipirética. Apresenta menos efeitos adversos que o ácido acetilsalicílico. Pode ser

utilizada por crianças a partir dos três meses de idade (Burke et al, 2007).

O mecanismo de ação da farmacocinética da dipirona consiste em: início de ação

entre 30 a 60 minutos; pico plasmático é de duas horas após ingestão oral;

metabolização hepática e excreção renal; tempo de ação de quatro a seis horas; dose

de 10 a 15 mg/kg/dose; e a dose pode ser repetida por, no máximo, quatro vezes ao

dia.

O medicamento não é aceito em todo o mundo. É comercializado no Brasil,

América Latina, Espanha, Áustria, Bélgica Itália, Holanda, Rússia, Israel, Índia e África

do Sul. Não está incluída entre as medicações essenciais listadas pela OMS e não é

comercializado nos Estados Unidos, Canadá e Reino Unido (Uptodate, 2010c).

24

Posologia oral da dipirona (20 gotas = 500 mg e uma gota = 25 mg):

09 – 15 kg: 3 – 10 gotas; e

16 – 23 kg: 5 – 15 gotas (Uptodate, 2010c).

Estudo para verificar a ocorrência de agranulocitose e anemia aplástica, com o

uso da dipirona, concluiu que o risco médio é de 0,2 a 1,1 por milhão para

agranulocitose, e de 6,6 a 10,1 para anemia aplástica (International Agranulocytosis

and Aplastic Anemia Study, 1986). O risco de agranulocitose e anemia aplástica

relacionadas à dipirona são questões discutidas por Edwards e McQuay (2002) e

depois por Schönhöfer et al (2003). Os pesquisadores observaram que a incidência das

duas doenças é baixa, sendo a anemia aplástica menos frequentes que a

agranulocitose. Ainda não está esclarecido, se a dipirona provoca ou agranulocitose e

anemia aplástica.

De Chiara (1996) relatou a contradição verificada entre a prática médica

pediátrica que prescreve o uso da dipirona na dose de uma gota por quilo, o

equivalente a 25 mg/kg, enquanto a literatura recomenda 15 mg/kg (0,6 gota).

25

Figura 11 – Farmacocinética, toxidade e contra-indicações do ibuprofeno e da dipirona

Fonte: Adaptado de Bricks LF. Tratamento da febre em crianças. Pediatria (São Paulo) 2006;28:156.

1.1.12 Alternância de medicamentos

A alternância de medicações antitérmicas é utilizada em crianças por orientação

médica. A prática oferece mais conforto a criança e ameniza o medo que os pais têm da

febre (febrofobia). (Ward, 2009). Esta conduta pode causar danos como intoxicação

iatrogênica secundária, se ministradas em doses elevadas. (Mayoral et al, 2000; Miller,

2007). Esta prática requer cuidados e orientação médica apropriada (Wright e Liebelt,

2007).

A alternância entre o ibuprofeno (10 mg/kg) e o paracetamol (15 mg/kg)

demonstrou maior diminuição da temperatura em relação à medicação única. A redução

da temperatura é mais eficaz e mais duradoura com o ibuprofeno. A utilização das duas

Ibuprofeno Dipirona

Início de ação

30 minutos 30 a 60 minutos

Pico de ação

1 a 2 horas 2 horas

Duração do efeito

6 a 8 horas 4 a 6 horas

Faixa etária

após os 6 meses/idade após os 3 meses/idade

Uso

oral oral, retal, IM e EV

Toxicidade

gástrica gástrica

reduz a adesão plaquetária agranulocitose/aplasia

edema e disfunção renal hipersensibilidade renal

exantema e urticária erupção cutânea

sindrome de Stevens-Johnson

Contraindicação

doença péptica neutropenia

alteração plaquetária prévia hipersensibidade

asma ou rinite grave

doença renal/hipertensão

prévia sensibilidade a outros AINHs

26

medicações associadas proporcionaria um tempo livre de febre maior nas 24 horas

(Hay et al, 2008). A alternância do acetaminofeno (12,5mg /kg); e ibuprofeno (5 mg/kg),

a cada quatro horas, também é recomendada por Sarrel et al, 2006. Kirkland (2009)

não recomenda esta terapia combinada (ibuprofeno e acetoaminofeno), devido à

possibilidade de toxicidade renal em pacientes com história de hipovolemia ou falência

renal.

1.1.13 Vantagens e desvantagens do ibuprofeno e da dipirona

Na literatura poucos são os trabalhos que comparam a dipirona com outros

analgésicos. Lomar e Ferraz (1985) compararam acetaminofeno (15 mg/kg) e dipirona

(12 mg/kg), em dose única em crianças febris (temperatura axilar ≥38ºC), com idade de

seis meses a seis anos, num período de quatro horas. O tratamento foi considerado

eficaz quando houve redução de temperatura de 1,5ºC. O grupo da dipirona necessitou

de menor tempo para atingir a resposta terapêutica estabelecida.

De Chiara (1996) comparou o uso do paracetamol (13 mg/kg) e da dipirona (15

mg/kg). Os medicamentos foram eficazes no combate a quadros febris. Não foi

observado risco de sangramento.

Wong et al (2001) realizaram estudo multicêntrico internacional e compararam

dipirona, ibuprofeno e paracetamol. A normalização da temperatura nos grupos

medicados com ibuprofeno e dipirona (78 e 82% respectivamente) foi significantemente

mais elevada do que com o paracetamol (68%).

Rodrigues e Bricks (2003) salientam que apesar do paracetamol ser o

antitérmico mais seguro para o uso infantil, algumas vezes ele não é capaz de produzir

efeito antitérmico satisfatório. A aspirina, pela sua toxidade deve ser evitada. A

pesquisadora recomenda que quando não se pode utilizar o paracetamol, a dipirona ou

ibuprofeno devem ser prescritos.

É consenso medicar-se a febre com antitérmicos, quando a temperatura axilar do

paciente, medida com termômetro digital, for igual ou superior a 38,0ºC. Em crianças

sadias ela não representa risco grave e opta-se em tratá-la para proporcionar maior

conforto e reduzir a ansiedade dos pais. Quando há temperatura muito elevada (maior

27

que 40,5ºC), para prevenir desidratação e danos ao sistema nervoso central,

recomenda-se medicá-la (Murahovschi, 2003).

Yilmaz at al (2003) concluiram que a dipirona intramuscular foi mais eficaz que o

ibuprofeno oral, ambos na dose de 10mg/kg, na redução da febre. Esse resultado

contrapõe ao encontrado por Prado et al (2006). A autora e colaboradores compararam

ibuprofeno (10 mg/kg) oral e dipirona (15 mg/kg) oral e intramuscular e observaram que

a eficácia antipirética foi similar. Ambos salientam que medicações orais são mais

apropriadas para o combate à febre em Pediatria.

Crianças febris, não-hospitalizadas, de 6 meses a 12 anos, medicadas com dose

simples de ibuprofeno (4-10 mg/kg) e acetaminofeno (7-15 mg/kg) apresentaram

eficácia similares no tratamento da febre e a dor de média intensidade (Perrot et al,

2004).

1.1.14 Eficácia antitérmica do ibuprofeno e da dipirona após 10, 20, 30, 45

minutos, 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7 e 8 horas da medicação

Quando uma criança febril é medicada com antitérmico, nem sempre se

consegue êxito, com o retorno da temperatura aos patamares de normalidade (Mayoral

et al, 2000). Na literatura pesquisada poucos estudos analisam o comportamento

antitérmico da dipirona em relação ao ibuprofeno. A eficácia do ibuprofeno nas doses

de 5 e 10 mg/kg e placebo após ½, 1, 1,5, 2, 3, 4, 5, 6, 7 e 8 horas da medicação

resultou em decréscimo da temperatura após duas horas com ambas as doses, mas

não com o placebo. O máximo do decréscimo da temperatura correu três horas após 5

mg/kg, quatro horas após o ibuprofeno 10 mg/kg e sete horas com o placebo. O

patamar mais baixo do declínio da temperatura foi obtido com ibuprofeno 10 mg/ kg

(Nahata et al, 1991).

O ibuprofeno na dose de 7,5 mg/ kg, o paracetamol 10 mg/kg e a aspirina 10

mg/kg foram testados em crianças febris com aferição da temperatura retal maior que

39,0oC. O controle da temperatura foi domiciliar e realizado após 1, 4 e 6 horas. Outra

dose foi permitida somente após 6 horas. O ibuprofeno foi mais eficaz na redução da

28

febre, porém foi o medicamento que mais apresentou eventos adversos, principalmente

gastrointestinais (Autret et al, 1997).

A resposta de determinado medicamento é influenciada por vários fatores, tais

como: idade, sexo, superficie corporal, entidade nosológica, administração de

antibiótico prévio e a utilização de medidas físicas complementares. O ibuprofeno na

dose de 7 mg/kg foi ofertado às crianças com temperatura retal entre 38,0 a 42,0ºC e

idade de um a dez anos. A temperatura foi controlada após ½, 1,1½, 2, 3 e 4 horas. O

medicamento reduziu a febre e alcançou temperaturas inferiores a 37,5ºC,

independente da temperatura inicial dos pacientes. A eficácia foi maior nas de febres

altas e nos lactentes. O pico máximo de queda foi após duas horas da medicação

(Martinón Sanchez et al, 2000).

Walson et al (1989) compararam ibuprofeno, acetaminofeno e placebo no

tratamento da criança com febre. Elas foram divididas em dois grupos: febre alta

temperatura entre 39,2 a 40,0ºC e febre baixa entre 38,3 a 39,10C. Se durante o estudo

a temperatura se elevasse acima de 40,0ºC ou se houvesse aumento de 1ºF3 em

relação à temperatura basal, em qualquer momento do estudo, o estudo era

descontinuado e classificado com falha do medicamento.

Magni et al (2007) compararam o efeito antipirético e tolerabilidade do ibuprofeno

versus dipirona após dose oral única. Foram estudados 122 pacientes. 85 com febre

baixa e 37 com febre alta, numa proporção de 3:1. O ibuprofeno proporcionou

antipirese mais rápida, potente e por tempo mais prolongado do que a dipirona,

especialmente nos casos de febre alta.

Hay et al (2008), em estudo randomizado, concluíram que a associação de

ibuprofeno e paracetamol, ao invés de um dos dois medicamentos isolados, no

tratamento de febre, em crianças foi medida eficaz para manter uma criança afebril

durante 24 horas. Nesse estudo a proporção de 3:1 pacientes com febre baixa em

relação à alta também foi mantida. Alternância das medicações foi prescrita com

intervalo de 4 horas, como medida para manter a criança afebril.

3 1ºF equivale a 0,58

ºC (Ward, 2010).

29

OBJETIVO

30

2 OBJETIVO

Analisar o comportamento da temperatura em crianças febris medicadas com

dose oral única do ibuprofeno (10 mg/kg) versus dipirona (15 mg/kg) em duas, três,

quatro, cinco, seis, sete e oito horas, após medicação antitérmica, em relação à

temperatura inicial.

31

CASUÍSTICA E MÉTODO

32

3 CASUÍSTICA E MÉTODO

Trata-se de estudo aberto, randomizado, comparativo de dose única de

ibuprofeno (10 mg/kg) versus dipirona (15 mg/kg) em grupos paralelos, conduzido no

Hospital São Luiz Gonzaga, que anteriormente pertencia à Santa Casa de São Paulo,

hoje municipalizado, localizado na cidade de São Paulo. Este estudo foi realizado no

período de setembro de 2000 a março de 2001.

3.1 Casuística

Constituíram-se de 80 crianças febris e com doenças agudas atendidas no setor

de Emergência Pediátrica, do Hospital Municipal São Luiz Gonzaga (HMSLG), São

Paulo – SP.

3.2 Critérios para temperatura baixa e alta

Considerou-se a seguinte temperatura axilar: febre baixa entre 38,0ºC a 39,1ºC; e

febre alta entre >39,1ºC a 40,3ºC.

3.3 Temperatura basal

Os pacientes elegíveis foram incluídos no estudo quando a temperatura axilar

atingia valores 38,0ºC, definida como a segunda de duas leituras consecutivas

aferidas com intervalo de 15 minutos entre uma e outra.

A segunda medida foi considerada a temperatura basal do estudo desde que a

oscilação fosse 0,3ºC entre as duas leituras.

Quando a segunda leitura apresentava valor ˃0,3ºC realizava-se terceira leitura.

A terceira leitura foi considerada a temperatura basal quando a oscilação foi 0,3ºC.

Os pacientes foram divididos em dois grupos conforme a temperatura axilar:

grupo I - temperatura baixa ou febre baixa (temperatura axilar entre 38,0ºC a 39,1ºC); e

grupo lI – temperatura alta ou febre alta (temperatura axilar entre ˃39,1ºC a 40,3ºC).

33

3.4 Monitorização da temperatura

Os pacientes foram monitorados durante oito horas. Nos casos em que após

duas horas do início do tratamento ocorreu aumento da temperatura, após redução

inicial, a observação foi interrompida e ofereceu-se outro antitérmico. Nos pacientes

com diagnóstico de doença infecciosa bacteriana foi introduzido o antibiótico pertinente

durante o estudo.

3.5 Distribuição dos pacientes

Os pacientes foram divididos em dois grupos aleatórios e randomizados.

Temperatura baixa ou febre baixa (38,0ºC a 39,1ºC): medicação – ibuprofeno; e

medicação – dipirona.

Temperatura alta ou febre alta (˃ 39,1ºC a 40,3ºC): medicação – ibuprofeno; e

medicação – dipirona.

34

Figura 12 – Fluxograma do estudo

3.6 Critérios de inclusão

1. Crianças de ambos os sexos com idade entre seis meses a oito anos e que

apresentavam doenças agudas;

2. Peso 6 kg e 22kg;

3. Temperatura axilar entre 38,0ºC e 40,3ºC;

4. Crianças com febre há pelo menos quatro horas e no máximo 48 horas;

5. Disponíbilidade para monitoramento durante oito horas; e

6. Termo de Consentimento Livre e Esclarecido lido e assinado pelos pais ou

responsáveis (Anexo 1).

35

3.7. Critérios de exclusão

1. Pacientes que receberam analgésicos, antipiréticos ou anti-inflamatórios nas

seis horas anteriores à inclusão no estudo;

2. Uso de antibióticos nas 12 horas que antecederam ao estudo;

3. Pacientes que na terceira leitura a diferença em relação à segunda fosse ˃0,3ºC;

4. Pacientes com doença grave;

5. Criança com história pregressa de síndrome dispéptica;

6. Pacientes com insuficiência renal ou hepática;

7. Pacientes com colite ulcerativa, convulsão, doenças malignas ou hematológicas;

8. Pacientes asmáticos com história de sensibilização prévia ao ácido acetilsalicílico;

9. Pacientes alérgicos às drogas em estudo;

10. Pacientes participantes de estudo clínico nos últimos 30 dias;

11. Vômitos nos 30 minutos após a administração do medicamento; e

11. Qualquer condição que contraindicasse administração oral de medicamentos.

A pesquisadora realizou anamnese e exame físico completo, conforme Ficha de

Avaliação Clínica, mantida no anexo (Anexo 2).

3.8 Randomização

Foi realizada randomização por meio de envelopes lacrados, não transparentes e

previamente numerados. A inclusão foi realizada após aferição da temperatura basal de

acordo com a ordem cronológica de captação dos casos, a sequência dos envelopes

era desconhecida pela pesquisadora.

Os pacientes em cada grupo foram randomizados (1:1) para o grupo do

ibuprofeno ou da dipirona, de acordo com a intensidade de temperatura.

36

3.9 Medidas da temperatura

As avaliações foram realizadas: basal, 10, 20, 30, 45 minutos, e de hora em hora

até oito horas, após a administração da medicação. Para este estudo considerou-se as

aferições a partir do pico máximo de efeito dos medicamentos descrito na literatura,

como sendo após duas horas da oferta da medicação.

A técnica de aferição consistiu em secar a axila do paciente e colocar o

termômetro após higienização do aparelho em contato com a superfície axilar. A

enfermeira segurava firmemente o braço da criança junto ao tórax e aguardava 30

segundos, após a emissão do sinal sonoro, para retirar o termômetro.

Entre uma aferição e outra a enfermeira seguiu as recomendações do fabricante:

desligava o aparelho, secava e higienizava com gaze umedecida em água corrente.

O ambiente em que se realizaram as aferições não sofreu variações ambientais

(sem a presença de ar condicionado nem do calor do sol).

A enfermeira foi previamente treinada para seguir o protocolo deste estudo e

permaneceu durante todo o período de hospitalização (oito horas), exclusivamente para

aferir a temperatura, supervisionada pela pesquisadora.

3.10 Termômetro para aferir a temperatura

Foi utilizado termômetro clínico digital, de precisão e qualidade aprovada pelo

Instituto Nacional de Metrologia (INMETRO), padrão validado, marca Becton Dickinson

Canadian Incorporation® (B-D). A faixa de medição varia de 32,0ºC a 42,0ºC. Emite

sinais sonoros ao final de cada medição tanto para temperatura febril ou não.

3.11 Dosagem e administração

3.11.1 Tabela posológica

Depois de estabelecida a temperatura basal e o número da randomização ser

determinado, os pacientes foram tratados de acordo com tabela posológica.

37

Para efeito de cálculo da oferta do medicamento foi utilizado o critério do peso da

criança conforme exemplo: peso entre 7,0 kg – 7,5 kg, a dose foi calculada para 7 kg; e

peso ˃ 7,5 kg, a dose foi calculada para 8 kg.

Figura 13 - Posologia da dipirona (500 mg/mL) e do ibuprofeno (40 mg/mL)

dipirona 500 mg/mL

ibuprofeno 40 mg/mL

dose: 15 mg/kg (0,6 gota/Kg)

dose: 10 mg/kg (0,25mL/kg)

peso gotas mg/kg peso mL mg/kg

6 4 17 6 1,5 10

7 4 14 7 1,5 9

8 5 16 8 2,0 10

9 5 14 9 2,0 9

10 6 15 10 2,5 10

11 7 16 11 2,5 9

12 7 15 12 3,0 10

13 8 15 13 3,0 9

14 8 14 14 3,5 10

15 9 15 15 3,5 9

16 10 16 16 4,0 10

17 10 15 17 4,0 9

18 11 15 18 4,5 10

19 11 14 19 4,5 9

20 12 15 20 5,0 10

21 12 15 21 5,0 10

22 13 15 22 5,5 10

Fonte: Janssen-Cilag Farmacêutica, Brasil e Sanofi - Aventis, Brasil (1999).

Um frasco de cada medicação foi fornecido para cada paciente e o restante da

medicação não utilizada foi catalogada e posteriormente destruída.

Ficou disponível um frasco de paracetamol (Tylenol® gotas, 200 mg/mL) para

cada paciente, caso fosse excluído do estudo.

38

3.12 Resposta antitérmica

Foi considerada resposta antitérmica o decréscimo da temperatura, após as duas

primeiras horas da medicação, em relação a temperatura basal, até atingir oito horas

após o início da observação.

3.13 Observação nutricional

A observação nutricional foi baseada nas curvas de percentil para peso e

comprimento ou estatura para meninos e meninas (0 a 48 meses) e de (4 a 20 anos) de

idade por meio de gráfico (Marcondes et al, 1999). Os dados (peso-estatura-idade)

obtidos neste estudo foram reanalisados, por serem mais atualizados, por meio do

índice de massa corporal (IMC), baseado em gráficos e tabelas para ambos os sexos.

As crianças maiores de dois anos de idade foram reanalisadas e comparadas com os

dados das tabelas e gráficos do índice de massa corporal, segundo o gênero e idade

(Must, 1992) e Center for Disease Control and Prevention (CDC, 2000). As crianças

entre seis meses a dois anos foram reanalisadas por meio de gráfico de peso para

estatura de 0 a 36 meses (CDC, 2000; WHO, 2010).

3.14 Critérios para o comportamento da temperatura

Em relação ao comportamento da temperatura considerou-se:

Descontinuidade;

Segurança;

Resposta ao tratamento baseada nos critérios de:

Excelente, satisfatória e não satisfatória;

Tolerabilidade; e

Eficácia terapêutica.

39

3.15 Descontinuidade

O caso foi descontinuado, quando após duas horas, houve: falha terapêutica

(temperatura manteve-se igual ou maior que a basal); ou elevação da temperatura para

igual ou maior que 38,0ºC, após ter atingido patamares menores e ocorresse elevação

de temperatura para mais de 0,3ºC entre uma aferição e outra. Exemplo:

1) Após três horas da medicação – temperatura = 37,5ºC; e

Após quatro horas da medicação – temperatura = 38,0ºC (descontinuado).

2) Após três horas da medicação – temperatura = 37,6ºC;

Após quatro horas da medicação – temperatura = 37,9ºC (mantido) e;

Após cinco horas da medicação – temperatura = 38,5ºC (descontinuado).

3.16 Eventos adversos

Foram registrados o tipo, início, duração e intensidade dos eventos adversos. A

intensidade foi classificada como não grave (quando leve ou moderado) e grave (caso

implicasse na necessidade de hospitalização).

O investigador determinou a relação de causalidade entre a medicação e o

evento adverso.

3.17 Resposta ao tratamento

A resposta foi avaliada, de hora em hora, e classificada em:

Excelente: quando houve queda da temperatura, com temperatura ≤37,2ºC, isto

é, criança afebril;

Satisfatória: quando houve oscilações entre 0,3ºC e queda da temperatura, com

temperatura entre 37,2ºC e 37,9ºC, isto é, criança subfebril; e

Não satisfatória: quando houve elevação da temperatura ou a criança

permaneceu com temperatura ≥38,0ºC, isto é, febril (Ward, 2009).

40

Foi também avaliada a homogeneidade dos grupos entre si, (grupos de febre

alta, febre baixa, ibuprofeno e dipirona), em relação ao sexo, raça, idade, peso,

doenças, estado nutricional, medidas da temperatura e descontinuidade do estudo.

3.18 Tolerabilidade

A tolerabilidade foi verificada por meio de relatos dos pais ou cuidadores sobre

qualquer intercorrência que os pacientes tivessem apresentado durante o período de

oito horas de observação.

Os pais ou cuidadores também foram orientados e incentivados a se comunicar

com a pesquisadora, por meio de relato espontâneo via telefone ou pessoalmente, de

qualquer intercorrência que considerassem associada às medicações, bem como de

hospitalização ocorrida até 30 dias após o estudo.

3.19 Eficácia terapêutica

A eficácia terapêutica foi analisada por meio: a) duração da ação antitérmica; e

b) comparação das temperaturas ao longo do tempo, em resposta às medicações para

cada grupo de febre (alta e baixa).

3.20 Aspectos documentais e éticos

O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Santa Casa

Misericórdia de São Paulo e também pela Comissão Nacional de Pesquisa (CONEP).

Os pais ou responsáveis legais pelas crianças assinaram Termo de Consentimento

Livre e Esclarecido, previamente à realização de qualquer procedimento (Anexo 1).

Os dados utilizados neste estudo foram obtidos por intermédio de pesquisa

realizada nos anos 2000 e 2001, conforme documento inserido no Anexo 2.

41

3.21 Análise estatística

A análise estatística foi conduzida por bioestatístico independente, que não teve

acesso à distribuição dos pacientes por grupo.

As variáveis qualitativas foram apresentadas em tabelas com as frequências

absolutas e relativas e em gráficos de barras.

Para as variáveis quantitativas foram calculadas medidas resumo (ou descritivas)

e elaborados gráficos de perfil de média.

Para testar a associação entre as variáveis qualitativas utilizou-se o teste do Qui-

Quadrado.

A Análise de Variância para Medidas Repetidas (ANOVA) foi aplicada para

comparar as temperaturas ao longo do tempo em resposta às medicações.

O teste t de Student ou o teste de Mann-Whitney (nas situações em que o

tamanho da amostra era reduzido) foram utilizados para comparar as variáveis

quantitativas entre as medicações, em cada tempo.

O nível de significância adotado foi de 5% e o software utilizado foi o Statistical

Package for Social Sciences (SPSS - v.13).

42

RESULTADOS

43

4 RESULTADOS

No presente estudo, 81 crianças preencheram os critérios de inclusão e foram

randomizadas. Uma criança que passou pelo critério de inclusão no início do trabalho,

no grupo de febre alta, apresentou vômitos de intensidade moderada e não foi incluída

na avaliação.

Em relação à medicação prescrita, 41 crianças foram medicadas com ibuprofeno

(51,2%) e 39 crianças com dipirona (48,8%).

De acordo com a temperatura inicial, 22 crianças (27,5%) foram randomizadas

para o grupo de febre alta: dipirona (n = 11) ou ibuprofeno (n = 11).

O grupo de febre baixa foi constituído por 58 crianças (72,5%) e randomizado

para dipirona (n = 28) ou ibuprofeno (n = 30).

Das 80 crianças, 45 (56,2%) eram do sexo masculino e 45 (56,2%) do sexo

feminino. A média de idade foi de 27 meses, equivalente à dois anos e três meses. O

desvio padrão em relação idade foi 20 meses, equivalente à um ano e oito meses.

Quanto à raça, 47 (58,7%) eram caucaisanos e 33 (41,3%) afrodescendentes.

Em relação ao estado nutricional 64 (80,0%) eram eutróficos e 16 (20,0%)

desnutridos.

44

Tabela 1 – Distribuição das 80 crianças febris medicadas com dose oral única de

ibuprofeno ou dipirona em 2, 3, 4, 5, 6, 7 e 8 horas, segundo o sexo, raça, idade, peso e

estado nutricional no Setor de Emergência do HSLG, São Paulo – SP, no período de

setembro de 2000 a março de 2001.

_______________________________________________________________

Variáveis N

%

_______________________________________________________________

Sexo

Feminino 35 43,8

Masculino 45 56,2

Etnia

Caucasianos 47 58,7

Afrodescendentes 33 41,3

Idade (meses)

De 06 a 24 meses 46 57,4

De 24,1 a 48 meses 25 31,3

De 48,1 a 72 meses 05 6,3

De 72,1 a 96 meses 04 5,0

Média 27 meses

Desvio Padrão 20 meses

Peso (gramas)

Média 12170

Desvio Padrão 3860

Estado nutricional

Eutrófico 64 80,0

Desnutrido 16 20,0

_______________________________________________________________

Total 80 100,0

_______________________________________________________________

A distribuição das 80 crianças febris com ambas as medicações e nos grupos de

febre alta e baixa, em relação ao sexo, raça, idade, peso e estado nutricional foram

representadas na tabela 1.

45

Figura 14 – Distribuição das 80 crianças febris medicadas com dose oral única de

ibuprofeno ou dipirona em 2, 3, 4, 5, 6, 7 e 8 horas, segundo doença apresentada, no

Setor de Emergência do HSLG, São Paulo – SP, no período de setembro de 2000 a

março de 2001.

Na figura 14, foram apresentados os diagnósticos definitivos que ocorreram nas

crianças estudadas: 60,0% casos de infecção das vias aéreas superiores (IVAS: quadros

gripais - 40; otite média aguda - 5; e laringite - 3), seguido na mesma proporção de

gastroenterocolite (GECA), pneumopatia e tonsilite; e outras doenças (6,3%). Muitas

crianças deram entrada no Serviço de Emergências com hipótese diagnóstica de “febre a

esclarecer”.

48

9 9 9

1 1 1 1 1

0

10

20

30

40

50

60

Fre

ên

cia

Fre

qu

en

cia

46

Tabela 2 – Distribuição das 80 crianças febris medicadas com dose oral única de

ibuprofeno e dipirona em 2, 3, 4, 5, 6, 7 e 8 horas durante as 8 horas no Setor de

Emergência do HSLG, São Paulo – SP, no período de setembro de 2000 a março de

2001.

_________________________________________________________

Temperatura N %

__________________________________________________________

Basal 80 100,0

2 horas 80 100,0

3 horas 77 96,3

4 horas 75 93,8

5 horas 65 81,3

6 horas 54 67,5

7 horas 42 52,5

8 horas 31 38,8

___________________________________________________________

Na tabela 2, verificou-se que até duas horas todas as 80 crianças foram

mantidas no estudo. Pelos critérios estabelecidos (falha terapêutica e elevação da

temperatura) houve na terceira hora descontinuidade de três crianças, seguido de mais

duas na quarta hora, mais dez crianças na quinta hora, mais 11 na sexta hora, mais 12

na sétima hora e 11 na oitava. Todos os critérios deste estudo foram cumpridos em 31

crianças.

47

Tabela 3 - Distribuição das 80 crianças febris medicadas com dose oral única de

ibuprofeno ou dipirona em 2, 3, 4, 5, 6, 7 e 8 horas, segundo a randomização para os

grupos de febre alta e baixa em relação ao tempo que a criança foi descontinuada do

estudo, durante as 8 horas no Setor de Emergência do HSLG, São Paulo – SP, no

período de setembro de 2000 a março de 2001.

____________________________________________________________________________________

Febre Alta Febre Baixa

Tempo N % Dipirona Ibuprofeno Dipirona Ibuprofeno

N % N % N % N %

____________________________________________________________________________________

Basal 80 100,0 11 100,0 11 100,0 28 100,0 30 100,0

2 horas 80 100,0 11 100,0 11 100,0 28 100,0 30 100,0

3 horas 77 96,3 11 100,0 11 100,0 26 92,9 29 96,7

4 horas 75 93,8 09 81,8 11 100,0 26 92,9 29 96,7

5 horas 65 81,3 07 63,6 11 100,0 21 75,0 26 86,7

6 horas 54 67,5 06 54,5 08 72,7 19 67,9 21 70,0

7 horas 42 52,5 03 27,2 06 54,5 15 53,6 18 60,0

8 horas 31 38,8 02 18,1 04 36,4 12 42,9 13 43,3

____________________________________________________________________________________

Na tabela 3, evidenciou-se que 100,0% das crianças no grupo de febre alta e

medicadas com ibuprofeno foram mantidas até a quinta hora e 100,0% das medicadas

com dipirona até a terceira hora. Após a quinta hora houve descontinuidade com ambas

as medicações, maior no grupo da dipirona. Na febre baixa, houve descontinuidade do

estudo a partir da terceira hora, porém ela se acentuou após a sexta hora.

48

Tabela 4 – Distribuição das 80 crianças febris medicadas com dose oral única de

ibuprofeno ou dipirona em 2, 3, 4, 5, 6, 7 e 8 horas, segundo a randomização para os

grupos de febre alta e baixa em relação à causa da descontinuidade do estudo, no

Setor de Emergência do HSLG, São Paulo – SP, no período de setembro de 2000 a

março de 2001.

______________________________________________________________________

Causa da descontinuidade N

%

______________________________________________________________________

Não 31 38,8

Elevação da temperatura (≥38,0ºC ou ˃0,3ºC) 29 36,2

Falha terapêutica 14 17,5

Retirada do consentimento após 6 horas 06 7,5

______________________________________________________________________

Total 80 100,0

______________________________________________________________________

Na tabela 4, observou-se que dos 80 casos, 38,8% concluíram o estudo. A falha

terapêutica (temperatura manteve-se igual ou superior à basal) foi verificada em 17,5%.

Houve descontinuidade, pelo protocolo estabelecido, em 36,2% (a temperatura se

elevou para ≥38ºC após ter atingido patamares menores e ocorreu elevação de

temperatura de ˃0,3ºC entre uma aferição e outra). O termo de consentimento foi

retirado por seis pais após seis horas do estudo porque as crianças estavam afebris:

cinco casos medicados com ibuprofeno (um caso de febre alta e cinco casos de febre

baixa) e um caso de dipirona (febre baixa).

49

Tabela 5 - Distribuição das doenças das 80 crianças febris medicadas com dose oral

única de ibuprofeno ou dipirona em 2, 3, 4, 5, 6, 7 e 8 horas em relação ao motivo da

continuidade ou descontinuidade do estudo, no Setor de Emergência do HSLG, São

Paulo – SP, no período de setembro de 2000 a março de 2001.

______________________________________________________________________

Doenças

Motivo da descontinuidade -------------------------------------------------------------------------------------------- Total

IVAS GECA Pneumopatia Tonsilite Outras

____________________________________________________________________________________

Não descontinuado n 20 03 03 02 03 31

% 41,7 33,3 33,3 22,3 60,0 38,8

____________________________________________________________________________________

Retirada do consentimento n 03 01 01 00 01 06

% 7,5 11,1 11,1 0,0 20,0 7,4

____________________________________________________________________________________

↑ da temperatura n 08 03 00 03 00 14

(em relação à basal) % 16,6 33,3 0,0 33,3 0,0 17,5

____________________________________________________________________________________

↑ da temperatura n 17 02 05 04 01 29

(˃0,3ºC e 38,0ºC) % 35,4 22,3 55,6 44,4 20,0 36,3

____________________________________________________________________________________

Total n 40 09 09 09 13 80

% 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0

____________________________________________________________________________________

Na tabela 5, demonstrou-se que houve descontinuidade do estudo em todas as

doenças com perdas (↑ da temperatura em relação à basal mais ↑ da temperatura

˃0,3ºC e 38,0ºC) semelhantes: IVAS (52,0%), GECA (55,6%), pneumopatia (55,6%),

com exceção nas tonsilites em que a descontinuidade atingiu 77,7%.

50

Figura 15 - Distribuição das 80 crianças febris medicadas com dose oral única de

ibuprofeno ou dipirona em 2, 3, 4, 5, 6, 7 e 8 horas, segundo a distribuição das perdas

de seguimento, por descontinuidade, em relação aos grupos febre alta e febre baixa e

medicamentos, no Setor de Emergência do HSLG, São Paulo – SP, no período de

setembro de 2000 a março de 2001.

Na figura 15, observou-se que a descontinuidade do estudo foi semelhante tanto

no grupo de febre alta como no de febre baixa, com ambas as medicações, sem

diferenças estatisticamente significante ao longo do tempo.

0 0

2

45

89

0 0 0 0

3

5

7

0

2 2

7

9

13

16

01 1

4

9

12

17

0

2

4

6

8

10

12

14

16

18

2 h 3 h 4 h 5 h 6 h 7 h 8 h

Desco

nti

nu

idad

e

Tempo

dipirona (alta)

ibuprofeno (alta)

dipirona (baixa)

ibuprofeno (baixa)

51

Tabela 6 – Distribuição das 80 crianças febris medicadas com dose oral única de

ibuprofeno ou dipirona em 2, 3, 4, 5, 6, 7 e 8 horas, segundo a randomização para os

subgrupos de febre alta e baixa em relação à ocorrência de eventos adversos, no Setor

de Emergência do HSLG, São Paulo – SP, no período de setembro de 2000 a março de

2001.

______________________________________________

Eventos adversos N %

__________________________________________________________________________________

Não 75 93,7

Sim

05 6,3

_________________________________________________________________________________

Total 80 100,0 __________________________________________________________________________________

Na tabela 6, demonstrou-se que houve ocorrência de evento adverso num total

de cinco: três no grupo de febre alta e em dois no grupo de febre baixa, totalizando

6,3%.

Figura 16 – Distribuição das cinco crianças febris medicadas com dose oral única de

ibuprofeno ou dipirona em 2, 3, 4, 5, 6, 7 e 8 horas, segundo a ocorrência de evento

adverso, no Setor de Emergência do HSLG, São Paulo – SP, no período de setembro

de 2000 a março de 2001

______________________________________________________________________

Febre Medicação Evento Adverso Casualidade Grave Recuperação

______________________________________________________________________

Alta ibuprofeno persistência/febre 24h não provável não sim

Alta dipirona internação não provável sim sim

Alta dipirona hipotermia após 8h provável não sim

Baixa ibuprofeno bronquite duvidosa não sim

Baixa dipirona internação não provável sim sim

____________________________________________________________________________________

52

Na figura 16, verificou-se que dos cinco eventos, dois foram considerados graves

(internação). Porém, não estavam relacionados a nenhum dos medicamentos. As

internações foram motivadas pelas doenças: pneumopatia e meningite, acompanhadas

de mau estado geral. Após 24 horas do término do estudo um pai relatou caso de

persistência da febre. Ela foi considerada decorrente da tonsilite apresentada pelo

paciente. Os outros três eventos adversos não foram considerados graves.

Tabela 7 – Distribuição das 80 crianças febris medicadas com dose oral única dos dois

medicamentos (ibuprofeno e dipirona) em 2, 3, 4, 5, 6, 7 e 8 horas em relação aos

critérios: excelente, satisfatória, não satisfatória, no Setor de Emergência do HSLG, São

Paulo – SP, no período de setembro de 2000 a março de 2001.

Resposta ao tratamento

2h 3h 4h 5h 6h 7h 8h

n (%) n (%) n (%) n (%) N (%) n (%) N (%)

Excelente 39 (48,8) 47 (61,0) 43 (57,4) 41 (63,0) 30 (55,6) 27 (64,3) 21 (67,7)

Satisfatória 28 (35,0) 23 (29,9) 19 (25,3) 12 (18,5) 15 (27,8) 06 (14,3) 06 (19,4)

Não satisfatória 13 (16,2) 07 (9,1) 13 (17,3) 12 (18,5) 09 (16,6) 09 (21,4) 04 (12,9)

Total 80 (100,0) 77 (100,0) 75 (100,0) 65 (100,0) 54 (100,0) 42 (100,0) 31 (100,0)

Na tabela 7 observou-se que, de acordo com o critério previamente estabelecido,

a resposta terapêutica aos medicamentos (excelente e a satisfatória) foi de mais de

80% (83,8%; 90,9%; 82,7%; 81,5%; 83,4%; 88,6% e 87,1%) respectivamente para 2, 3,

4, 5, 6, 7 e 8 horas com ambos os medicamentos.

53

Tabela 8 – Distribuição das 80 crianças febris medicadas com dose oral única com os dois medicamentos (ibuprofeno e

dipirona) em 2, 3, 4, 5, 6, 7 e 8 horas em relação à resposta ao tratamento (excelente, satisfatória, não satisfatória), no Setor

de Emergência do HSLG, São Paulo – SP, no período de setembro de 2000 a março de 2001.

_____________________________________________________________________________________________________

2h 3h 4h 5h 6h 7h 8h

N % N % N % N % N % N % N %

_____________________________________________________________________________________________________

F E. 4 (36,4) 4 (36,4) 3 (33,3) 2 (28,6) 2 (33,3) 2 (66,7) 2 (100,0)

E A dipirona S. 2 (18,2) 1 (9,1) 2 (22,2) 3 (42,9) 1 (16,7) 0 (0,0) 0 (0,0)

B L N.S. 5 (45,5) 6 (54,5) 4 (44,4) 2 (28,6) 3 (50,0) 1 (33,3) 0 (0,0)

R T ibuprofeno E. 6 (54,5) 10 (90,9) 7 (63,6) 7 (63,6) 5 (62,5) 3 (50,0) 2 (50,0)

E A S. 3 (27,3) 1 (9,1) 4 (36,4) 1 (9,1) 2 (25,0) 1 (11,1) 0 (0,0)

N.S. 2 (18,2) 0 (0,0) 0 (0,0) 3 (27,3) 1 (12,5) 2 (33,3) 2 (50,0)

(p) (0,390) (0,014) (0,047) (0,197) (0,304) (0,741) (0,221)

_____________________________________________________________________________________________________

F E. 12 (42,9) 12 (46,2) 13 (50,0) 13 (61,9) 8 (42,1) 9 (60,0) 8 (66,7)

E B dipirona S. 11 (39,3) 13 (50,0) 8 (30,8) 6 (28,6) 7 (36,8) 4 (26,7) 3 (25,0)

B A N.S. 5 (17,9) 1 (3,8) 5 (19,2) 2 (9,5) 4 (21,1) 2 (13,3) 1 (8,3)

R I ibuprofeno E. 17 (56,7) 21 (72,4) 20 (69,0) 19 (73,1) 15 (71,4) 13 (72,2) 9 (69,2)

E X S. 12 (40,0) 8 (27,6) 5 (17,2) 2 (7,7) 5 (23,8) 1 (5,6) 3 (23,1)

A N.S. 1 (3,3) 0 (0,0) 4 (13,8) 5 (19,2) 1 (4,8) 4 (22,2) 1 (100,0)

(p) (0,173) (0,106) (0,345) (0,141) (0,124) (0,229) (0,391)

_____________________________________________________________________________________________________

E. = Excelente; S.= Satisfatória; N. S. = Não Satisfatória

54

De acordo com os critérios estabelecidos, constatou-se na tabela 8, que a

resposta ao tratamento, foi estatisticamente significante a favor do ibuprofeno, no grupo

de febre alta, após três e quatro horas da medicação ter sido dada. Em relação à febre

baixa, a resposta ao tratamento, ficou no limite da significância, a favor do ibuprofeno,

após três horas da medicação.

Tabela 9 – Distribuição das 80 crianças febris medicadas com dose oral única de

ibuprofeno ou dipirona em 2, 3, 4, 5, 6, 7 e 8 horas, na resposta ao tratamento

(excelente mais a satisfatória), no Setor de Emergência do HSLG, São Paulo – SP, no

período de setembro de 2000 a março de 2001.

_________________________________________________________________________________

2 h 3h 4h 5h 6 h 7h 8 h

Febre ________________________________________________________________

n % n % n % n % n % n % n %

_________________________________________________________________________________

dipirona – alta 11 54,6 11 45,5 09 55,6 07 71,4 06 50,0 03 66,7* 02 100,0*

ibuprofeno – alta 11 81,8 11 100,0 11 100,0 11 72,7 08 87,5 06 66,7 04 50,0*

(p) (0,390) (0,014) (0,047) (0,197) (0,304) (0,741) (0,221)

_________________________________________________________________________________

dipirona – baixa 28 82,2 26 96,2 26 80,8 21 90,5 19 78,9 15 86,7 12 91,7

ibuprofeno – baixa 30 96,7 29 100,0 29 86,2 26 80,8 21 95,2 18 77,8 13 92,3

(p) (0,173) (0,106) (0,345) (0,141) (0,124) (0,228) (0,391)

_________________________________________________________________________________

* Cálculo de 7 e 8 horas prejudicado pela quantidade de nove e seis pacientes, respectivamente.

Na tabela 9, a resposta terapêutica antipirética no grupo de febre alta foi melhor

com o ibuprofeno nas aferições de 2, 3, 4, 6 horas. As diferenças encontradas nas

respostas terapêuticas das 3 e 4 horas foram consideradas estatisticamente

significantes. A resposta terapêutica das 8 horas ficou prejudicada pela quantidade de

seis pacientes.

No grupo de febre baixa, a resposta terapêutica foi melhor a favor do ibuprofeno,

porém sem diferença estatisticamente significante.

55

Quanto à tolerabilidade observou-se que as medicações foram bem toleradas

durante as oito horas do período de observação. Não houve relatos via telefone ou

contato pessoal dos pais e cuidadores durante os 30 dias posteriores ao estudo.

56

Tabela 10 – Comparação da eficácia terapêutica (p) e medidas de resumo das crianças febris medicadas com dose oral

única de ibuprofeno ou dipirona ao longo do tempo, no Setor de Emergência do HSLG, São Paulo – SP, no período de

setembro de 2000 a março de 2001.

Grupo Medicação Medidas basal 10' 20' 30' 45' 1 h 2 h 3 h 4 h 5 h 6 h 7 h 8 h

Alta*

Dipirona

n 11 11 11 11 11 11 11 11 9 7 6 3 2

Média 39,6 39,3 39,1 39,0 38,8 38,7 37,7 37,7 37,8 37,5 37,7 36,8 36,2

DP 0,4 0,5 0,4 0,4 0,5 0,6 0,8 0,8 0,7 0,7 1,1 1,4 1,1

Ibuprofeno

n 11 11 11 11 11 11 11 11 11 11 8 6 4

Média 39,5 39,3 39,0 38,8 38,4 37,8 37,2 36,7 37,0 37,1 37,2 37,6 37,6

DP 0,3 0,5 0,5 0,6 0,7 0,7 0,6 0,4 0,6 0,8 0,7 0,9 1,0

(p)

0,562

0,217 0,007 0,025 0,246 0,414 *** ***

Baixa**

Dipirona

n 28 28 28 28 28 28 28 26 26 21 19 15 12

Média 38,7 38,5 38,5 38,5 38,3 37,9 37,4 37,3 37,3 37,1 37,3 37,1 37,0

DP 0,3 0,4 0,5 0,5 0,5 0,6 0,6 0,5 0,8 0,7 0,8 0,7 0,7

Ibuprofeno

n 30 30 30 30 30 30 30 29 29 26 21 18 13

Média 38,6 38,5 38,4 38,2 37,9 37,7 37,1 36,9 37,1 37,1 36,9 37,0 37,0

DP 0,2 0,4 0,4 0,5 0,4 0,5 0,6 0,5 0,7 0,8 0,7 0,9 0,6

(p)

0,213

0,067 0,004 0,175 0,093 0,093 0,644 0,814

. * Teste de Mann-Whitney; **Teste t de Sudent;

*** O teste estatítico não foi realizado devido às baixas frequências (nove e seis pacientes, respectivamente).

57

Na tabela 10, observou-se as médias e desvio padrão para todas as medidas

das temperaturas aferidas, tanto para febre alta como para a febre baixa, desde a

basal, 10, 20, 30, 45 minutos, 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, até 8 horas.

Demostrou-se também que a diferença do efeito antipirético foi estatisticamente

significante a favor do ibuprofeno, para o grupo de febre alta em relação as 3 e 4 horas

(p = 0,007 e p = 0,025 respectivamente). Em relação à febre baixa foi estatisticamente

significante com 3 horas de tratamento (p = 0,004). Na aferição de 2 horas para febre

baixa, o efeito antipirético ficou no limite da significância (p = 0,067).

Figura 17 – Eficácia terapêutica no grupo de febre alta com ibuprofeno e dipirona em

dose oral única ao longo do tempo, no Setor de Emergência do HSLG, São Paulo – SP,

no período de setembro de 2000 a março de 2001.

A figura 17 demonstrou-se que no grupo de febre alta, observou-se diferença

estatisticamente significante com p = 0,019 entre as duas medicações. Houve

diminuição da temperatura ao longo do tempo (p< 0,001).

35,0

35,5

36,0

36,5

37,0

37,5

38,0

38,5

39,0

39,5

40,0

Tem

pe

ratu

ra (

°C)

Tempo

dipirona

ibuprofeno

p = 0,019

58

Figura 18 – Eficácia terapêutica no grupo de febre baixa com ibuprofeno e dipirona em

dose oral única ao longo do tempo, no Setor de Emergência do HSLG, São Paulo – SP,

no período de setembro de 2000 a março de 2001.

No grupo de febre baixa, conforme figura 18, observou-se diferença

estatisticamente significante com p = 0,022 entre as duas medicações. Também

ocorreu diminuição da temperatura ao longo do tempo (p< 0,001).

Nas figuras 17 e 18 observou-se que, no início da atividade antipirética houve

queda da temperatura para os dois grupos tratados (febre alta e febre baixa) desde a

aferição aos 10 minutos. Constatou-se diminuição mais acentuada no grupo de febre

alta.

35,0

35,5

36,0

36,5

37,0

37,5

38,0

38,5

39,0

39,5

40,0

Tem

pe

ratu

ra (

°C)

Tempo

dipirona

ibuprofeno

p = 0,022

59

DISCUSSÃO

60

5 DISCUSSÃO

A literatura é vasta em trabalhos que comparam o acetaminofeno com o

ibuprofeno; contempla estudos que comparam a dipirona com acetaminofeno, porém, é

restrita quanto aos trabalhos que relacionam o ibuprofeno com a dipirona.

Os estudos de Wong et al (2001) e Prado et al (2006) são os dois únicos

trabalhos disponíveis na literatura científica que comparam a eficácia antipirética e a

tolerabilidade do ibuprofeno em relação à dipirona pela via oral. Esses trabalhos foram

realizados com crianças de seis meses a seis anos de idade. Em nosso estudo foram

incluídas crianças de seis meses a oito anos.

Há, ainda, na literatura um estudo que comparou a eficácia da dipirona

intramuscular com o ibuprofeno oral e a nimesulida oral na redução da febre (Yilmaz et

al, 2003).

Nosso trabalho, além de comparar a eficácia terapêutica e a tolerabilidade,

analisou a resposta ao tratamento baseada em critérios quantitativos de excelente,

satisfatório e não satisfatória.

A dose por nós utilizada, para o ibuprofeno, foi de 10mg/kg, conforme

preconizada na literatura como a melhor dose no combate a febre (Walson et al, 1989;

Nahata et al, 1992; Wahba, 2004; Yamaz et al, 2003); e em metanálise elaborada por

Perrot et al, (2004). Quanto à dipirona, optamos pela dose de 15mg/kg. Está de acordo

com Lomar e Ferraz, (1985), De Chiara (1996), Wong et al (2001) e Prado et al (2006);

Uptodate (2010b).

Muitos pais, cuidadores e pediatras, muitas vezes, utilizam a dipirona, seguindo

a orientação de uma gota por quilo de peso, (uma gota equivale a 25 mg).

Provavelmente, esse fator contribua para a percepção de eficácia antipirética superior

da dipirona em relação a outras drogas, por muitos pediatras (De Chiara, 1996).

O propósito do estudo de Wong et al (2001) foi comparar a eficácia antipirética

dos medicamentos ibuprofeno, dipirona e terceiro medicamento (acetaminofeno).

Utilizaram medicações orais na dose de dipirona de 15mg/Kg e acetaminofeno na dose

de 12mg/Kg, independente da temperatura. O ibuprofeno na dose de 5mg/kg foi

61

utilizado quando a temperatura timpânica basal foi <39,2ºC e 10mg/kg quando a

temperatura foi 39,º2C (dosagens diferentes para o ibuprofeno).

Em nosso estudo a dose do ibuprofeno utilizada foi de 10mg/kg, ou seja, a

mesma dose indepedente da temperatura (febre alta ou baixa, diferente das dosagens

empregadas por Wong).

Yilmaz et al (2003) utilizou a mesma dose para o ibuprofeno, porém a dose da

dipirona foi de 10mg/kg.

O estudo de Prado et al (2006) comparou a eficácia antipirética e a tolerabilidade

dos medicamentos ibuprofeno (10mg/Kg) via oral e dipirona (15mg/kg), via oral e

intramuscular. Os autores se utilizaram de medidas físicas (imersão em água a

temperatura entre 32 a 36ºC por 15 minutos, antes das medicações serem

administradas).

Nós não utilizamos medidas físicas complementares, como ocorreu também no

estudo de Martinón Sanchez et al (2000). Essa estratégia, largamente utilizada por

médicos e cuidadores, poderia comprometer a resposta antitérmica ao medicamento,

embora alguns autores aleguem que não (Ward, 2009).

Essas medidas contribuiriam, embora de maneira fugaz, para decréscimo rápido

da temperatura, enquanto não houvesse ação efetiva dos medicamentos. Elas

proporcionaram alívio dos sintomas da febre e minimizaram o mal-estar, principalmente

nos casos de febre alta (Farhat et al, 2003).

Diferente dos dois estudos (Wong et al, 2001 e Prado et al, 2006) e semelhante a

Yilmaz et al (2003) a aferição realizada neste trabalho foi obtida por medida axilar

porque, no Brasil, é a mais utilizada. Em contrapartida, Wong aferiu a temperatura

timpânica e Prado a retal. Apesar da temperatura retal ser considerada mais fidedigna,

talvez a aferição retal nas crianças estudadas provocasse mal-estar nos pais e

cuidadores.

Este estudo incluiu crianças com temperatura axilar de 38,0ºC a 40,3ºC. Wong

et al (2001) incluiu com temperatura timpânica de 38,5ºC a 40,5ºC. Yilmaz et al (2003)

com temperatura axilar ≥38,5ºC e Prado et al (2006) com temperatura retal de 38,3ºC

a 39,8ºC.

62

As variações das temperaturas das crianças incluídas nos três estudos

decorreram dos diferentes locais de aferição. Diversos autores definiram febre com

base no local de aferição da temperatura (Schmitt, 1984; Wong at al, 2001; Rodrigues e

Bricks, 2003; Brook, 2003; Murahovschi, 2003; Porth e Kunert, 2004; Wahba, 2004).

No estudo Prado as aferições foram até duas horas com o propósito de se

verificar se a dipirona (15mg/kg) intramuscular oferecia melhor resposta antitérmica do

que a dipirona (15mg/kg) ou outra medicação via oral, por causa do mito popular e por

não dizer, até médico, de que a via intramuscular oferece melhor resposta terapêutica

antitérmica. A autora e seus colaboradores demonstraram que as medicações foram

eficazes na ação antitérmica por duas horas e que a via oral é mais apropriada.

No estudo de Yilmaz et al (2003) as aferições também foram por duas horas,

mas eles utilizaram somente dipirona intramuscular e compararam com outras

medicações orais, que não a dipirona. Concluíram que a dipirona intramuscular foi mais

efetiva que o ibuprofeno oral, mas que a via oral é a mais indicada em crianças.

Este estudo, diferente dos trabalhos de Yilmaz ey al (2003) e Prado et al (2006),

teve início com duas horas após a ingestão dos medicamentos e nosso propósito foi

analisar o comportamento da temperatura até oito horas (de hora em hora, após a

segunda hora).

Apesar de não ser o objetivo deste estudo, as temperatura foram aferidas aos

10, 20, 30, 45 minutos e uma hora após a ingestão dos medicamentos. Esta conduta foi

estabelecida, para termos controle rigoroso sobre a criança febril, e serem tomadas

medidas, se estas fossem necessárias.

Reitera-se, que não há estudos semelhantes ao nosso na literatura (ibuprofeno e

dipirona) que comparem os dois medicamentos de hora em hora (da segunda hora até

a oitava) com dosagem de 10mg/kg, para o ibuprofeno, tanto para febre baixa quanto

alta.

Dessa maneira, nosso estudo teve início com duas horas e correspondeu ao

momento final dos estudos Yilmaz e de Prado.

É de conhecimento médico que o pico máximo dos antitérmicos estudados

ocorre, mais ou menos, duas horas da ingestão. Essa constatação repete a

farmacocinética dos medicamentos analisados e nada acrescentaria aos estudos

63

anteriores porque para a medicação ser eficaz, considera-se seu efeito antitérmico por

seis a oito horas.

Talvez o aspecto mais significativo do estudo de Prado tenha sido desmistificar a

eficácia da via intramuscular em relação a via oral.

Yilmaz et al (2003) e Prado et al (2006) consideraram eficácia terapêutica da

medicação quando houve diminuição da temperatura de 1ºC, após duas horas da

ingestão. Wong et al ( 2001) consideraram a medicação eficaz quando houve

diminuição da temperatura de 1,5ºC ou normalização da temperatura (temperatura

timpânica ≤37,5ºC). Neste estudo se considerou a normalização da temperatura

(temperatura axilar ≤37,2ºC, isto é, criança afebril) (Ward, 2009).

A eficácia terapêutica encontrada neste trabalho na segunda hora está de acordo

com a de Wong, Yilmaz e Prado. Obtivemos eficácia terapêutica (média) de mais de

1ºC (1,3 a 1,9ºC) em relação à temperatura basal, independente do medicamento e do

grupo (febre baixa ou alta). Neste estudo, até a aferição de duas horas, manteve-se 80

crianças, ou seja, 100% das crianças estudadas

Apesar da estimativa de descontinuidade esperada por Wong ser de 15%, ela foi

de 22% para a dipirona e de 23% para o ibuprofeno. Se for comparada a

descontinuidade de nosso estudo em relação ao trabalho de Wong, quanto ao mesmo

tempo (seis horas), encontrou-se descontinuidade de 55,5% (dipirona febre alta), 27,3%

(ibuprofeno febre alta); 32,1% (dipirona febre baixa) e 30% (ibuprofeno febre baixa).

As porcentagens de descontinuidade, em nosso estudo, se devem

principalmente, aos critérios estabelecidos por nós. Ou seja, elevação da temperatura

˃0,3ºC entre uma aferição e outra. Observou-se, que no estudo de Prado não houve

descontinuidade decorrente da elevação da temperatura e, no estudo de Wong,

descontinuou as crianças com elevação da temperatura de 0,5ºC. Descontinuamos as

crianças, quando houve falha terapêutica e elevação da temperatura, acima de 38,0ºC.

Elevação que, talvez, pudesse comprometer o bem-estar das crianças e causar

ansiedade aos pais, fato corriqueiro na prática médica pediátrica (Moraga et al, 2007).

Neste estudo ficou evidente que nem sempre conseguimos combater a febre por

um período de oito horas. De acordo com os critérios estabelecidos 31 (38,8%) das 80

64

crianças iniciais, terminaram o estudo. Houve retirada do consentimento de seis pais

após 6 horas, por estarem as crianças afebris.

A literatura evidencia que é difícil eliminar a febre e retornar aos patamares

considerados normais (criança afebril), numa fase aguda da doença. Estudos de

Walson et al (1989) com ibuprofeno (5 e 10mg/kg, acetaminofeno 10mg/kg e placebo)

observaram decréscimo da temperatura, contudo, ela não foi inferior a 37,2ºC,

considerado criança afebril.

Wong também salientou que após a segunda hora da medicação antitérmica

houve elevação média da temperatura com todas as medicações, sempre com valores

acima de 37,5ºC .

Não há como julgar como os outros pesquisadores procederam em relação a

elevação da temperatura. Entretanto, não há como negar que há elevação da

temperatura, com a dimuição sérica da medicação, ao longo do tempo. Neste sentido,

optamos em descontinuar as crianças que apresentaram elevação da tempertura,

conforme descontinuidade proposta em 3.15.

Detectou-se diversidade de doenças agudas (infecção das vias aéreas

superiores, gatroenterocolites, pneumopatias, tonsilites e outras) semelhante ao estudo

de Wong et al, (2001). Com isto, ainda que de modo aleatório, captou-se as diferentes

doenças frequentes nos serviços de emergência pediátrica. Nahata et al (1992)

verificaram a eficácia do ibuprofeno somente em doenças respiratórias.

A variabilidade das doenças não alterou a porcentagem da descontinuidade.

Evidenciou-se que as doenças não influenciaram no comportamento das medicações

estudadas, semelhantes aos resultados encontrados por Brown et al (1992).

Optou-se em introduzir o antibiótico pertinente nos casos de doença infecciosa

aguda em 31,3% dos casos (25 das 80 crianças), pois não seria considerado ético,

deixarmos a criança sem tratamento adequado, num período de oito horas. Ele foi

prescrito por via endovenosa nos casos mais graves, como a meningite e os demais

por via intramuscular ou oral.

Nossa meta foi avaliar a eficácia das duas medicações ao longo de oito horas

(criança afebril, com temperaturas menor que 38,0ºC, desde que não houvesse

elevação da temperatura de mais de 0,3ºC entre uma aferição e outra).

65

Na literatura, há três estudos que comparam a dipirona ao ibuprofeno. Depois de

termos analisado esses trabalhos, procuramos comparar outros estudos ao nosso,

desde que utilizasse um dos medicamentos empregados em nossa pesquisa.

Nos estudos que serão incluídos deste ponto em diante, não se desejou somente

a análise parcial de duas horas (Yilmaz et al, 2003 e Prado et al, 2006); quatro horas

(Lomar e Ferraz, 1985; Martinón Sanchez et al, 2000) ou seis horas (De Chiara,1996;

Autret et al, 1997; Wong et al, 2001). Avaliamos um período de oito horas, semelhante

ao de Walson et al, (1989); e o de Nahata et al (1992). Primeiro foram tratados os

estudos relacionados ao ibuprofeno e, depois, os da dipirona.

O termo eficácia, conforme usado abaixo, descreveu o efeito de determinada

medicação baseada em critérios pré-estabelecidos pelos autores dos estudos

analisados. De alguma maneira, a eficácia representa a não descontinuidade, porque

traduziram o número de pacientes que cumpriram os critérios de manutenção no

estudo, variável para cada autor, apesar de comparáveis.

Dessa maneira, é diferente do termo eficácia utilizado para comparar os

resultados de dois ou mais medicamentos e determinar qual medicamento proporcionou

maior decréscimo da temperatura por mais tempo.

O estudo de Martinón Sánchez et al (2000), utilizou ibuprofeno na dose de

7mg/kg e avaliou a eficácia terapêutica até (quatro horas) da ingestão do medicamento.

O estudo foi dividido em três grupos: temperatura retal entre 38,0ºC e 38,9ºC; 39,0ºC e

39,9ºC; e ≥40,0ºC. Ele foi domiciliar e 59,5% dos pacientes haviam recebido um ou

mais antitérmicos anteriores ao estudo. A eficácia terapêutica em quatro horas foi de

93,5% com temperatura de 37,5ºC ou menos, sem especificar grupos. Neste trabalho

não incluímos crianças que utilizaram medicação antitérmica anterior e, na quarta hora,

na dose de 10mg/kg, obteve-se 100% no grupo de febre alta e de 86,7% na febre baixa.

Autret et al (1997) avaliaram a eficácia e o conforto de crianças com febre que

utilizaram ibuprofeno (7,5mg/kg), aspirina (10mg/kg) e paracetamol (10mg/kg) por seis

horas após a ingestão dos medicamento, com aferição da temperatura retal. Os

resultados evidenciaram maior eficácia com o ibuprofeno (temperatura abaixo de

38,0ºC) em 49,0%. Em nosso estudo, obteve-se 72,7% na febre alta e de 70,0% na

baixa. Utilizou-se a dose de 10mg/kg do ibuprofeno.

66

E provável que Philip D. Walson seja o pioneiro nos estudos sobre o ibuprofeno

em crianças. Ele e seus colaboradores, em 1989, publicaram estudo para avaliar os

medicamentos ibuprofeno (nas doses de 5 e 10mg/kg), acetaminofeno (10mg/Kg) e

placebo no tratamento da criança febril, por oito horas. Dividiram o estudo em dois

grupos: febre alta (temperatura oral de 38,3ºC a 39,1ºC) e febre baixa (temperatura oral

de 39,2ºC a 40,0ºC). Após oito horas do ibuprofeno na dose de 10mg/Kg observaram

que 54,1% permaneceram com valores menores do que a temperatura basal na febre

alta e 38,0% na febre baixa. Os valores encontrados por nós após oito horas com o

ibuprofeno (10mg/Kg) foram de 36,4% na febre alta e de 43,3% na febre baixa,

semelhante aos resultados encontrado por Walson.

O trabalho de Nahata et al (1992) também é por oito horas e analisaram a

eficácia do ibuprofeno com as doses de 5 e 10mg/kg. Contudo, não ofereceram

informações quanto a eficácia do medicamento.

Lomar e Ferraz (1985) compararam o acetaminofeno (15mg/kg) com a dipirona

(12mg/kg). A porcentagem de pacientes que mantiveram a normalização da

temperatura (37,0ºC) por quatro horas, foi de 66,7%. Em nosso trabalho obteve-se

81,8% no grupo de febre alta e de 92,9% no grupo de febre baixa, após a ingestão da

dipirona (quatro horas) com a mesma dosagem.

De Chiara (1996) comparou paracetamol (13mg/kg) e dipirona (15mg/kg) em

crianças febris (temperatura axilar média de 38,4± 0,5ºC). A autora verificou que 13 de

40 crianças (32,5%) mantiveram o descréscimo de 1,5ºC em relação à temperatura

basal na sexta hora. Neste trabalho no grupo de febre alta (dipirona – seis horas) foi de

54,5% e de 67,9% na baixa.

Assinalamos que no presente estudo as aferições foram realizadas em ambiente

hospitalar e sempre pela mesma profissional da área de enfermagem. O trabalho de De

Chiara (1996) agrupou crianças internadas e em domicílio e, as aferições, foram

realizadas pelos pais e cuidadores com temômetro de mercúrio, permitido na época.

Não há na literatura relato da eficácia da dipirona em oito horas, visto que ela

apresenta vida média por seis horas.

Em relação à presença de eventos adversos este estudo de curto prazo (oito

horas), demonstrou que o ibuprofeno e a dipirona são medicações seguras. Apenas um

67

paciente no grupo de temperatura alta foi excluído do estudo por causa de vômitos de

moderada intensidade e que havia ingerido a dipirona. As duas internações foram

motivadas pelo mau estado geral das crianças na ocasião da alta ou pelas doenças

apresentadas, não pelas medicações estudadas. Os outros eventos adversos

(hipotermia e crise asmática) foram considerados não graves e com recuperação total.

O único caso com hipotermia após às oito horas do estudo foi registrado no

grupo de crianças que ingeriram dipirona. Essa ocorrência contraria as afirmações

feitas por Yilmaz et al, ( 2003) de que não há relação entre hipotermia e dipirona.

O desencadeamento da crise de bronquite ocorreu com o ibuprofeno. A

presença de asma contraindica o uso dessa medicação. Na anamnese os pais não

referiram essa doença. Foi a primeira crise. A utilização do ibuprofeno em crianças

asmática deve ser feita com cautela (Uptodate, 2010).

Estudos anteriores já demonstraram a segurança do uso do ibuprofeno em

crianças, mesmo quando utilizado por tempo prolongado. Os eventos adversos são

raros, principalmente gastrointestinais (náusea, dor epigástrica e pirose) e processos

alérgicos. Essa segurança foi apresentada por: Autret et al (1997) em estudo com 300

crianças; Lesko e Mitchell (1999) numa revisão com 84.192. Os autores e seus

respectivos colaboradores estudaram crianças em uso do ibuprofeno e de paracetamol;

Lewis et al (2002) avaliaram pacientes com hemorragia digestiva alta relacionada com o

uso de anti-inflamatórios não-hormonais; e Perrot et al (2004) em metanálise, na qual

não só avaliaram a segurança, mas também a eficácia do ibuprofeno na febre e na dor.

Alguns estudos avaliaram a dipirona e demonstraram que a presença de eventos

adversos, como a anemia aplástica e a agranulocitose, são raros (The Internacional

Agranulocytosis and Aplastic Anemia Study, 1986; Edwards e McQuay, 2002 e

Schönhöfer et al, 2003).

A resposta terapêutica, neste estudo, foi analisada de hora em hora, por oito

horas, baseada em critério quantitativo, submetida à análise estatística, o que torna o

seu resultado mais preciso:

Excelente: quando houve queda da temperatura, com temperatura ≤37,2ºC, isto é,

criança afebril;

68

Satisfatória: quando houve oscilações entre 0,3ºC e queda da temperatura, com

temperatura entre 37,2ºC e 37,9ºC, isto é, criança subfebril; e

Não satisfatória: quando houve elevação da temperatura ou a criança permaneceu

com temperatura igual ou superior a 38,0ºC, isto é, criança febril.

A avaliação realizada por: Autret et al (1997) foi por meio de dados subjetivo

(grau de desconforto apresentado pela criança, tais como, choro e expressão facial

interpretada pelos pais ou cuidadores); a de Lomar e Ferraz (1985); e a de Magni et al

(2005) por meio da opinião do pesquisador.

Baseado no critério descrito, ambas as medicações foram excelentes, ao longo de

oito horas, em 48,8 a 67,7% dos casos. Se fizermos a somatória de excelente mais

satisfatória, a resposta se eleva para 81,5 a 90,9% ao longo das oito horas. O critério

foi aplicado somente na avaliação das crianças que não foram descontinuadas.

O perfil de tolerabilidade foi excelente para as duas medicações durante as oito

horas de estudo. As crianças permaneceram em observação nos 30 dias que se

sucederam ao estudo.

Estes resultados são semelhantes aos encontrados por Lomar e Ferraz (1985);

De Chiara (1996); Wong et al (2001); e a metanálise desenvolvida por Wahba (2004)

com 4.132 crianças em relação a tolerabilidade do ibuprofeno.

O ibuprofeno e a dipirona foram eficazes e houve queda da temperatura, tanto na

febre alta como na febre baixa, o que está de acordo com os achados de Wong at al

(2001); Yilmaz et al (2003) e Prado et al (2006).

Para Wong et al (2001) a eficácia da dipirona oral (15mg/kg) foi melhor que do

ibuprofeno oral (doses de 5 e 10mg/Kg, dependendo da intensidade da febre). Para

Yilmaz et al, 2003 a dipirona intramuscular (10mg/Kg) foi mais eficaz que o ibuprofeno

oral (10mg/Kg). Para Prado et al, (2006) as três medicações: dipirona oral (15mg/Kg) e

intramuscular (15mg/Kg) e ibuprofeno oral (10mg/Kg). Para nós, a eficácia do

ibuprofeno foi estatisticamente significante comparada à dipirona.

O maior decréscimo da temperatura foi na segunda e terceira hora, após a

ingestão dos medicamentos. Wong et al (2001) observaram que a melhor resposta foi

com a dipirona (decréscimo da temperatura em 1,5ºC mais rápido que os outros dois

medicamentos e normalização da temperatura permaneceu por mais tempo).

69

A diferença de resposta possivelmente se deva as duas dosagens utilizada por

Wong para o ibuprofeno (5 e 10mg/kg, de acordo com a temperatura basal) e com

avaliações conjuntas. Ele também não refere quantos pacientes utilizaram cada uma

das duas dosagens.

Nossos resultados (curva na terceira e quarta horas) assemelham-se aos

encontrados por Magni et al ( 2005). A autora e seus colaboradores constaram alto grau

de significância nas aferições de duas, três e quatro horas, principalmente no grupo de

febre alta (p < 0.001).

Semelhante ao encontrado nos estudos de Martinón Sanches et al (2000) a

magnitude do efeito antipirético, neste estudo, foi maior nas febres elevadas (>39C).

Observamos que a eficácia terapêutica, na febre alta foi estatisticamente

significante, na terceira e quarta horas da ingestão do medicamento, à favor do

ibuprofeno. Esse resultado foi semelhante aos achados de Walson et al (1989) e de

Nahata et al (1997), em que houve diminuição da temperatura após duas horas da

medicação, com decréscimo máximo com quatro horas do estudo. Nahata e

colaboradores constataram que, mesmo se a temperatura se elevasse após quatro

horas, ela não atingiria os patamares da temperatura basal.

Neste trabalho, a eficácia terapêutica, na febre baixa, foi estatisticamente

significante após três horas da medicação, a favor do ibuprofeno. A aferição das duas

horas ficou no limite da significância. Walson et al (1989) nos casos de febre baixa,

constataram eficácia terapêutica após duas horas, com pico máximo de queda após

três horas e que se manteve até a quinta hora.

Evidenciamos que não houve diferença estatisticamente significante na

distribuição dos pacientes por idade, sexo, raça, estado nutricional ou diagnóstico de

entrada nos quatro grupos estudado o que demonstra homogeneidade entre os grupos.

Essas variáveis parecem não interferirem nos resultados do estudo, conforme observou

Brown et al (1992).

Em outras palavras, a febre talvez tenha o mesmo comportamento nos

processos agudos infantis, independente da idade, sexo e outras variáveis.

A casuística pequena e a baixa velocidade de inclusão de pacientes e em

particular aqueles com temperatura alta, foi por causa da dificuldade de se triar

70

pacientes que não tivessem recebido medicação analgésica, antipirética ou anti-

inflamatória nas últimas seis horas.

Estudos anteriores também apresentaram pequena casuística com:

Uma só medicação - Nahata et al (1992), com 17 crianças medicadas com ibuprofeno.

Duas medicações - De Chiara (1996), com 79 crianças medicadas com dipirona ou

paracetamol; Lomar e Ferraz (1985), com 80 pacientes medicados com dipirona ou

paracetamol; e Prado et al (2006), com 80 pacientes medicados com ibuprofeno ou

dipirona. Este estudo também foi com 80 pacientes.

Três medicações - Hay et al (2008) com 156 crianças divididas em três grupos de 52

crianças por grupo (paracetamol, ibuprofeno e paracetamol mais ibuprofeno).

Este estudo foi aberto, comparativo e randomizado (com envelopes lacrados,

não transparentes e previamente numerados). Não se trata de duplo cego. O

ibuprofeno foi prescrito em mililitros (mL) e a dipirona em gotas o que dificultou esse

procedimento. Poderíamos à semelhança de Wong et al (2001) ter constituído estudo

duplo cego modificado, aonde nem o paciente, nem o avaliador conhecem o que foi

administrado por uma terceira pessoa. Por se tratar de casuística com 80 casos , novos

estudos deverão ser realizados para comparação dos resultados.

A proporcionalidade 1:3 (22 casos de febre alta e 58 casos de febre baixa)

representam, de alguma forma os casos de febre alta e baixa que procuraram nosso

serviço público de saúde. Ela foi semelhante a encontrada por Hay et al (2008) em que

dos 104 casos estudados 30,0% eram casos de febre alta e 70,0% de febre baixa.

Verificamos que houve descontinuidade do estudo ao longo do tempo. Com

duas horas de estudos tínhamos todos os 80 pacientes incluídos. Houve descréscimo

para 77 pacientes (96,3%) com três horas; 75 (93,6%) com quatro horas; 65 (81,3%)

com cinco horas; 54 (67,5%) com seis horas; 42 (52,5%) com sete horas; e de 31

pacientes (38,8%) com oito horas. Ficou evidente a descontinuidade ao longo do

tempo.

A descontinuidade ocorreu por falha de terapêutica em 14 casos (17,5%); por

elevação da temperatura, após queda inicial, em 29 casos (36,2%¨); e por retirada do

consentimento, seis casos (7,5%). Tanto a falha terapêutica, quanto a elevação da

71

temperatura estavam prevista no método. Só não tínhamos condições de avaliar, no

início qual seria o percentual de descontinuidade.

No grupo de febre alta houve permanência, até a quinta hora, de 100% dos

pacientes que foram medicados com o ibuprofeno e até a terceira hora, de 100% dos

pacientes que foram medicados com a dipirona.

Constatamos que até quatro horas permaneceram no estudo 92,9% das crianças

em uso de dipirona e 96,7% em uso do ibuprofeno.

No grupo de febre baixa verificou-se uma descontinuidade, com ambos os

medicamentos já com três horas da ingestão. Permaneceram no estudo 96,7% dos

pacientes em uso do ibuprofeno e 92,9% dos pacientes em uso da dipirona, até quatro

horas.

A descontinuidade se acentuou na sexta hora tanto na febre alta (72,7% em uso

do ibuprofeno e 54,5% em uso da dipirona), como na febre baixa (70,0% em uso do

ibuprofeno e 67,9% em uso da dipirona).

Ambos os medicamentos sofreram descontinuidade. Ela ficou mais evidente

após quatro horas de estudo, maior com seis horas e mais acentuada com a dipirona.

Essa descontinuidade não apresentou diferença estatisticamente significante em

relação as diversas doenças agudas diagnósticadas no estudo.

Em relação a presença de eventos adversos, eles ocorreram em 6,3% dos

casos. Desses cinco casos, três não estão relacionados às medicações. As duas

internações foram foram por causa do compromentimento do estado geral (um caso de

infecção das vias aéreas superiores e outro decorrente de gastroenterocolite). Houve

relato espontâneo, de persistência da febre por 24 horas após o estudo, pelos pais. A

febre foi considerada decorrente da tonsilite apresentada pelo paciente, e não como

evento adverso pelo uso do ibuprofeno.

Os outros dois eventos adversos, foram considerados não graves: um

relacionado a dipirona (hipotermia) e o outro relacionado ao ibuprofeno (aparecimento

de crise de asma).

A resposta ao tratamento foi analisada de modo quantitativo, de hora em hora, e

submetida à análise estatísica.

72

A resposta terapêutica (excelente mais a satisfatória) na febre alta, foi

estatisticamente significante com três e quatro horas (p=0,014 e p=0,047,

respectivamente) após a medicação a favor do ibuprofeno. O cálculo de sete e oito

horas foi prejudicado pela quantidade de nove e seis pacientes, respectivamente.

No grupo de febre baixa, a resposta terapêutica, também foi melhor com

ibuprofeno, contudo sem diferença estatisticamente significante ao longo das oito horas

do estudo. Após três horas da medicação a resposta ficou no limite da significância (p=

0,106), a favor do ibuprofeno.

A resposta terapêutica, portanto, foi melhor com o ibuprofeno, em ambos os

grupos de febre alta e febre baixa, com diferença estatisticamente significante no grupo

de febre alta, após três e quatro horas da medicação.

Quanto a eficácia terapêutica entre os dois medicamentos e em ambos os

grupos verificou-se que a curva foi mais acentuada com o ibuprofeno, com p = 0,019

na febre alta e p = 0,022, na febre baixa.

No grupo de febre alta houve eficácia estatisticamente significante na terceira e

quarta hora após a ingestão dos medicamentos a favor do ibuprofeno, com p = 0,007 e

p = 0,025, respectivamente.

No grupo de febre baixa houve eficácia estatisticamente significante na terceira

hora, após a ingestão dos medicamentos a favor do ibuprofeno, com p = 0,004. A

eficácia terapêutica com duas horas ficou no limite da significância com p = 0,067.

Nem sempre é possível eliminarmos a febre com a administração de

medicamento, ao longo do tempo. Parece que, quando há sintomatologia ou febrofobia,

a alternância de medicações antitérmicas pode ser opção mais efetiva que a

monoterapia. A alternância é apoiada em estudos elaborados por Mayoral et al (2000),

Hay et al (2008) e pela metanálise de Sarrel et al (2006) que preconizava que em fase

aguda da doença os antitérmicos sejam administrados a cada quatro horas por três

dias. Sarrel et al (2006) consideraram que essa conduta não gera efeitos adversos.

Wright e Liebelt (2007) salientam que a prática de alternância das medicações

deva ser realizada com supervisão médica, não pelos pais e cuidadores, para que se

evite superdosagem (Miller, 2007; Ward, 2009).

73

Como em 61,2% dos nossos casos (42 crianças) não conseguimos mantê-las

afebris por oito horas, a alternância de medicações antitérmicas, a cada quatro horas,

talvez deva ser considerada.

74

Conclusão

75

6 CONCLUSÃO

Este estudo, que analisou o comportamento dos antitérmicos ibuprofeno e

dipirona em crianças febris, demonstrou que dose oral única de ibuprofeno proporciona

atividade antipirética mais acentuada, do que dose oral única de dipirona,

principalmente na presença de febre alta.

Evidenciamos que:

38,8% das crianças permaneceram afebris ao longo de oito horas;

100,0% das crianças obtiveram decréscimo da temperatura, com ambas as

medicações, nas duas primeiras horas do estudo;

100,0% das crianças no grupo de febre alta e medicadas com ibuprofeno foram

mantidas até a quinta hora e 100,0% das medicadas com dipirona até a terceira hora.

Após a quinta hora houve descontinuidade com ambas as medicações, maior no grupo

da dipirona;

No grupo de febre baixa a descontinuidade se iniciou a partir da terceira hora e

se acentuou após sexta hora; e

A eficácia antipirética na febre alta, foi estatisticamente significante, a favor do

ibuprofeno na terceira e quarta hora após a medicação. No grupo de febre baixa a

diferença foi estatisticamente significante, a favor do ibuprofeno, na terceira hora após a

medicação.

Ambas as medicações foram bem toleradas e seguras em curto prazo.

76

Anexos

77

7 Anexos 1 e 2:

(Termo de Consentimento Livre e Esclarecido e Ficha de Avaliação Clínica)

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

PROTOCOLO: “Estudo aberto, multicêntrico, randomizado, comparativo de dose única

de IBUPROFENO VS DIPIRONA, em grupos paralelos, para avaliar a eficácia e a

tolerabilidade como antitérmicos em crianças”.

Descrição e Objetivo do Estudo

O meu(minha) filho(a) está sendo convidado(a) a participar de um estudo clínico para a

eficácia de uma dose única de dois medicamentos contra febre chamados ibuprofeno e

dipirona. O meu(minha) filho(a) usará apenas um dos medicamentos para avaliar a sua

eficácia e a tolerabilidade no tratamento da febre. O ibuprofeno usado será o MotrinR e

a dipirona usada será a NovalginaR. Ambos são medicamentos eficazes no combate à

febre.

O ibuprofeno é anti-inflamatório não-hormonal que possui ação contra inflamação, dor e

febre. É um derivado do ácido arilpropiônico aprovado nos Estados Unidos para uso em

crianças há mais de 15 anos.

A dipirona também é um anti-inflamatório não-hormonal, porém derivado da pirazolona.

É um medicamento já conhecido no país no combate à febre.

Aproximadamente 180 crianças que preencherem todos os critérios de inclusão e que

não preencherem os critérios de exclusão participarão do estudo. Serão 90 pacientes

em cada grupo.

A participação do(a) meu(minha) filho(a) neste estudo será de 8 (oito) horas. Ele será

medicado(a) contra a febre e Será acompanhado(a) pelo médico que medirá a febre em

vários intervalos de tempo até a febre voltar ou no máximo 8 horas. Depois deste

período ele(a) irá para casa, caso o médico que o(a) esteja acompanhando considere

que já pode ter alta.

78

Riscos e Benefícios

O principal benefício do uso do ibuprofeno e da dipirona é a sua ação no combate a

febre. Os dois medicamentos são diferentes quanto a duração do efeito, além da

atividade anti-inflamatória.

Os principais efeitos colaterais do ibuprofeno (MotrinR) são do trato gastrointestinal

(náuseas, dor epigástrica e dor retroesternal), porém acontece muito menos do que

com o uso de aspirina e outros anti-inflamatórios. Outros efeitos colaterais mais raros

são: diminuição do número de plaquetas, redução da visão (ambliopia tóxica), retenção

de líquidos e inchaço.

O uso da dipirona (Novalgina) em pacientes muito sensíveis, independente da dose,

pode ocasionar reações de hipersensibilidade, sendo as mais graves, embora raras, os

distúrbios sanguíneos (diminuição do número de leucócitos granulócitos no sangue

periférico e diminuição do número das plaquetas. Outros efeitos indesejáveis incluem

reação de hipersensibilidade que afetam a pele (urticária), conjuntiva e a mucosa

nasofaríngea muito raramente progredindo com reações bolhosas NE pele, às vezes

com risco de vida (síndrome de Stevens-Johnson ou síndrome de Lyell).

A dipirona será fornecida em gotas, 500 mg/mL e o ibuprofeno em suspensão oral, 50

mg/1,25 mL ao acaso. A porção do medicamento que não for utilizada deverá ser

devolvida ao médico.

Além da medicação serão fornecidos para cada paciente, termômetros digitais, os quais

deverão ser inutilizados após seu uso ou fornecidos aos responsáveis pelo paciente.

A dose média do ibuprofeno será 10 mg/kg e da dipirona de 15 mg/kg.

Para que o estudo seja bem sucedido, é importante a minha colaboração, bem como o

seguimento das instruções do médico. É importante que meu(minha) filho(a) não tome

nenhum outro medicamento sem o conhecimento do seu médico.

De acordo dom seu(sua) médica, existem outros medicamentos que podem tratar da

doença do meu filho(a).

Participação e Término

Eu concordo voluntariamente que meu(minha) filho(a) participe deste estudo. Eu estou

consciente que há outros tratamentos disponíveis para a febre. Meu(minha) filho (a) não

receberá nenhum pagamento pela participação.

79

As consultas não serão cobradas. Se for em seu benefício do ponto de vista médico ou

se ele(a) não seguir corretamente os procedimentos do estudo, o(s) Dr.(s)

_______________________________________________ podem interromper a sua

participação no estudo.

Eu entendo que posso recusar a participação de meu filho(a) no estudo, ou solicitar a

sua saída do estudo a qualquer momento sem afetar seu tratamento médico futuro. Se

eu desejar que ele(a) saia da pesquisa, eu entendo que é importante avisar o seu

médico(a), pois assim, ele(a) poderá planejar a continuidade do tratamento médico.

Confidenciabilidade

Eu sei que a informação existente no prontuário médico do meu filho(a) pode ser

inspecionada pelos médicos que executam a pesquisa, pelos seus representantes da

patrocinadora e pelas autoridades legais. No entanto, se qualquer informação for

divulgada em relatórios ou publicação, isto será feito de forma codificada para a

confidenciabilidade seja mantida.

Os detalhes deste estudo foram satisfatoriamente explicados e todas as minhas

questões respondidas. Se tiver qualquer dúvida relacionada ao estudo, questões sobre

direitos do meu(minha) filho(a) como paciente desta pesquisa, ou se houver algum

problema causado pelo remédio eu posso ligar para____________________________

no telefone _______________.

80

TERMO DE CONSENTIMENTO DO PACIENTE

Ficha Clínica________________

Eu,________________________________________________________li o Termo de

Consentimento e concordo que meu filho(a) participe do estudo aberto do ibuprofeno versus

dipirona em pacientes com febre.

Eu recebi uma cópia do Termo de Consentimento Esclarecido assinado e datado, e do Termo

de Consentimento do Paciente. Eu recebi explicações sobre a natureza do propósito, duração e

efeitos inesperados do estudo. Os possíveis riscos e benefícios do estudo e os tratamentos

alternativos disponíveis para a doença do meu filho(a) foram explicados. Eu tive e oportunidade

de questionar sobre o estudo e todas as minhas dúvidas foram satisfatoriamente esclarecidas.

Eu concordo em cooperar com as instruções médicas e informar o médico caso meu(minha)

filho(a) apresente sintomas inesperados ou incomuns. Eu confirmo que informarei o médico,

sobre qualquer medicação/droga, de qualquer natureza, que meu filho(a) tenha tomado 72

horas antes da entrada no estudo, prescrito ou não.

Eu fui informado(a) que, de acordo com as Leis, o responsável pelo estudo providenciará

tratamento médico por qualquer injúria ou lesão resultante da participação do meu filho(a) no

estudo clínico.

Eu fui informado(a) que este estudo foi submetido a uma revisão e aprovação do Comitê de

Ética.

Eu me sinto livre para retirar meu(minha) filho(a) do estudo em qualquer momento, sem

necessitar de justificativa para minha decisão e sem prejuízo para o tratamento dele(a).

Eu concordo que os resultados do estudo podem ser inspecionados pelas Autoridades

competentes e pelos representantes da Patrocinadora. O nome do meu(minha) filho(a) e

endereço permanecerão em sigilo.

Eu entendo que os representantes da Patrocinadora, do Comitê de Ética ou Autoridades

Competentes podem inspecionar as informações contidas no prontuário médico de meu(minha)

filho(a).

Eu concordo voluntariamente que meu(minha) filho(a) participe deste estudo.

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ASSINATURA DOS PAIS OU RESPONSÁVEL DATA

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ASSINATURA DOS PAIS OU RESPONSÁVEL DATA

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Anexo 3 e 4:

(Resutados parciais da resposta ao tratamento e Base de dados do estudo)

Tabela I – Distribuição das 80 crianças febris medicadas com dose oral única de

dipirona ou ibuprofeno em 2 horas, na resposta ao tratamento, no Setor de Emergência

do HSLG, São Paulo – SP, no período de setembro de 2000 a março de 2001.

Febre Medicamento Resposta ao tratamento (2h)

Total Excelente Satisfatória Não satisfatória

Alta (p=0,390)*

Dipirona n 4 2 5 11

% 36,4 18,2 45,4 100,0

Ibuprofeno n 6 3 2 11

% 54,5 27,3 18,2 100,0

Total n 10 5 7 22

% 45,5 22,7 31,8 100,0

Baixa (p=0,173)*

Dipirona n 12 11 5 28

% 42,9 39,3 17,9 100,0

Ibuprofeno n 17 12 1 30

% 56,7 40,0 3,3 100,0

Total n 29 23 6 58

% 50,0 39,7 10,3 100,0

*Teste do Qui-Quadrado.

Na tabela I, demonstrou-se a resposta terapêutica (excelente mais a satisfatória),

após 2 horas da ingestão da medicação. No grupo de febre alta a resposta terapêutica

com dipirona foi de 54,6% e no grupo com ibuprofeno de 81,8%. Para o grupo de febre

baixa, a resposta terapêutica (excelente mais a satisfatória) com dipirona foi de 82,2% e

com grupo do ibuprofeno de 96,7%.

94

Tabela II – Distribuição das 77 crianças febris medicadas com dose oral única de

dipirona ou ibuprofeno em 3 horas, na resposta ao tratamento, no Setor de Emergência

do HSLG, São Paulo – SP, no período de setembro de 2000 a março de 2001.

Febre Medicamento Resposta ao tratamento (3h)

Total Excelente Satisfatória Não satisfatória

Alta (p=0,014)*

Dipirona n 4 1 6 11

% 36,4 9,1 54,5 100,0

Ibuprofeno n 10 1 0 11

% 90,9 9,1 0,0 100,0

Total n 14 2 6 22

% 63,6 9,1 27,3 100,0

Baixa (p=0,106)*

Dipirona n 12 13 1 26

% 46,2 50,0 3,8 100,0

Ibuprofeno n 21 8 0 29

% 72,4 27,6 0,0 100,0

Total n 33 21 1 55

% 60,0 38,2 1,8 100,0

*Teste Qui-Quadrado.

Na tabela II, a resposta terapêutica (excelente mais a satisfatória), após 3 horas

da ingestão da medicação. No grupo de febre alta e com dipirona foi de 45,5% e no

grupo com ibuprofeno de 100,0%. Para o grupo de febre baixa, a resposta terapêutica

(excelente mais a satisfatória) com dipirona foi de 96,2% e no grupo com ibuprofeno foi

de 100,0%. No grupo de febre alta a resposta terapêutica foi estatisticamente

significante (p = 0,014) e na febre baixa ficou no limite da significância (p = 0,106).

95

Tabela III – Distribuição das 75 crianças febris medicadas com dose oral única de

dipirona ou ibuprofeno em 4 horas, na resposta ao tratamento, no Setor de Emergência

do HSLG, São Paulo – SP, no período de setembro de 2000 a março de 2001.

Febre Medicamento Resposta ao tratamento (4h)

Total Excelente Satisfatória Não satisfatória

Alta

(p=0,047)*

Dipirona N 3 2 4 9

% 33,4 22,2 44,4 100,0

Ibuprofeno N 7 4 0 11

% 63,6 36,4 0,0 100,0

Total N 10 6 4 20

% 50,0 30,0 20,0 100,0

Baixa (p=0,345)*

Dipirona N 13 8 5 26

% 50,0 30,8 19,2 100,0

Ibuprofeno N 20 5 4 29

% 69,0 17,2 13,8 100,0

Total N 33 13 9 55

% 60,0 23,6 16,4 100,0

*Teste do Qui-Quadrado.

Na Tabela III, demonstrou-se a resposta terapêutica (excelente mais a

satisfatória), após 4 horas da ingestão da medicação. No grupo de febre alta com

dipirona ela foi de 55,6% e no grupo com ibuprofeno de 100,0%. Para o grupo de febre

baixa, a resposta terapêutica (excelente mais a satisfatória) com dipirona foi de 80,8% e

no grupo com ibuprofeno de 86,2%. No grupo de febre alta a resposta terapêutica foi

estatisticamente significante (p = 0,047).

96

Tabela IV – Distribuição das 65 crianças febris medicadas com dose oral única de

dipirona ou ibuprofeno em 5 horas, na resposta ao tratamento, no Setor de Emergência

do HSLG, São Paulo – SP, no período de setembro de 2000 a março de 2001.

Febre Medicamento Resposta ao tratamento (5h)

Total Excelente Satisfatória Não satisfatória

Alta (p=0,197)*

Dipirona n 2 3 2 7

% 28,6 42,8 28,6 100,0

Ibuprofeno n 7 1 3 11

% 63,6 9,1 27,3 100,0

Total n 9 4 5 18

% 50,0 22,2 27,8 100,0

Baixa (p=0,141)*

Dipirona n 13 6 2 21

% 61,9 28,6 9,5 100,0

Ibuprofeno n 19 2 5 26

% 73,1 7,7 19,2 100,0

Total n 32 8 7 47

% 68,1 17,0 14,9 100,0

*Teste do Qui-Quadrado.

Na tabela IV, a resposta terapêutica (excelente mais a satisfatória), após 5 horas

da ingestão da medicação. No grupo de febre alta com dipirona foi de 71,4% e no grupo

com ibuprofeno de 72,7%. Para o grupo de febre baixa, a resposta terapêutica

(excelente mais a satisfatória) com dipirona foi de 90,5% e no grupo com ibuprofeno de

80,8%.

97

Tabela V – Distribuição das 54 crianças febris medicadas com dose oral única de

ibuprofeno ou dipirona em 6 horas, na resposta ao tratamento, no Setor de Emergência

do HSLG, São Paulo – SP, no período de setembro de 2000 a março de 2001.

Febre Medicamento Resposta ao tratamento (6h)

Total Excelente Satisfatória Não satisfatória

Alta (p=0,304)*

Dipirona n 2 1 3 6

% 33,3 16,7 50,0 100,0

Ibuprofeno n 5 2 1 8

% 62,5 25,0 12,5 100,0

Total n 7 3 4 14

% 50,0 21,4 28,6 100,0

Baixa (p=0,124)*

Dipirona n 8 7 4 19

% 42,1 36,8 21,1 100,0

Ibuprofeno n 15 5 1 21

% 71,4 23,8 4,8 100,0

Total n 23 12 5 40

% 57,5 30,0 12,5 100,0

*Teste do Qui-Quadrado.

Na tabela V, a resposta terapêutica (excelente mais a satisfatória), após 6 horas

da ingestão da medicação. No grupo de febre alta com dipirona foi de 50,0% e no grupo

com ibuprofeno de 87,5%. Para o grupo de febre baixa, a resposta terapêutica

(excelente mais a satisfatória) com dipirona foi de 78,9% e no grupo com ibuprofeno de

95,2%.

98

Tabela VI – Distribuição das 42 crianças febris medicadas com dose oral única de

dipirona ou ibuprofeno em 7 horas, na resposta ao tratamento, no Setor de Emergência

do HSLG, São Paulo – SP, no período de setembro de 2000 a março de 2001.

Febre Medicamento Resposta ao tratamento (7h)

Total Excelente Satisfatória Não satisfatória

Alta (p=0,741)*

Dipirona n 2 0 1 3

% 66,7 0,0 33,3 100,0

Ibuprofeno n 3 1 2 6

% 50,0 16,7 33,3 100,0

Total n 5 1 3 9

% 55,6 11,1 33,3 100,0

Baixa (p=0,229)*

Dipirona n 9 4 2 15

% 60,0 26,7 13,3 100,0

Ibuprofeno n 13 1 4 18

% 72,2 5,6 22,2 100,0

Total n 22 5 6 33

% 66,7 15,2 18,2 100,0

*Teste do Qui-Quadrado.

Na tabela VI, a resposta terapêutica (excelente mais a satisfatória), após 7 horas

da ingestão da medicação, No grupo de febre alta a com dipirona foi de 66,7% e no

grupo com ibuprofeno de 66,7%. Para o grupo de febre baixa, a resposta terapêutica

(excelente mais a satisfatória) com dipirona foi de 86,7% e no grupo com ibuprofeno de

79,8%. A análise pelo pequeno número de casos (nove) ficou prejudicada.

99

Tabela VII – Distribuição das 31 crianças febris medicadas com dose oral única de

dipirona ou ibuprofeno em 8 horas, na resposta ao tratamento, no Setor de Emergência

do HSLG, São Paulo – SP, no período de setembro de 2000 a março de 2001.

Febre Medicamento Resposta ao tratamento (8h)

Total Excelente Satisfatória Não satisfatória

Alta ((p=0,221)**

Dipirona n 2 0 0 2

% 100,0 0,0 0,0 100,0

Ibuprofeno n 2 0 2 4

% 50,0 0,0 50,0 100,0

Total n 4 0 2 6

% 66,7 0,0 33,3 100,0

Baixa (p=0,391)*

Dipirona n 8 3 1 12

% 66,7 25,0 8,3 100,0

Ibuprofeno n 9 3 1 13

% 69,2 23,1 7,7 100,0

Total n 17 6 2 25

% 68,0 24,0 8,0 100,0

*Teste do Qui-Quadrado.

Na tabela 15, a resposta terapêutica (excelente mais a satisfatória), após 8 horas

da ingestão da medicação, No grupo de febre alta com dipirona foi de 100,0% e no

grupo com ibuprofeno de 50,0%. Para o grupo de febre baixa, a resposta terapêutica

(excelente mais a satisfatória) com dipirona foi de 91,7% e no grupo com ibuprofeno de

92,3%. A análise pelo pequeno número de casos (seis) ficou prejudicada.

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Referências Bibliográficas

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RESUMO

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RESUMO Magni, A.M. Comportamento dos antitérmicos ibuprofeno e dipirona em crianças febris. São Paulo, 2010. Dissertação de Mestrado – Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo. Introdução: Febre é causa frequente das consultas de emergências pediátricas. A escolha do melhor antitérmico sempre foi motivo de controvérsia. Os mais utilizados em pediatria são: paracetamol, ibuprofeno e dipirona. Há muitos estudos sobre os dois primeiros e poucos em relação à dipirona por não ser comercializada mundialmente. Objetivo: Analisar o comportamento da temperatura em crianças febris medicadas com dose oral única do ibuprofeno (10 mg/kg) versus dipirona (15 mg/kg) em duas, três, quatro, cinco, seis, sete e oito horas, após medicação antitérmica, em relação à temperatura inicial. Casuística e Método: Estudo comparativo, aberto, randomizado (1:1), realizado no setor Emergência Pediátrica do Hospital Municipal São Luiz Gonzaga, na cidade de São Paulo, entre setembro de 2000 a março de 2001. Participaram 80 crianças de ambos os sexos, com doenças agudas febris, idade entre

seis meses a oito anos, peso 6 kge 22kg, febre há pelo menos quatro horas e no máximo 48 horas e temperatura axilar basal entre 38,0oC e 40,3 oC. Foram divididas em dois grupos: febre alta (˃39,1oC) e febre baixa (entre 38,0oC e 39,1oC) e grupo do ibuprofeno e da dipirona. Foram excluídas as crianças que receberam analgésicos, antipiréticos ou antiinflamatórios nas seis horas anteriores à inclusão ao estudo, em uso de antibióticos nas 12 horas que antecederam ao estudo, com doença grave, alérgicas as medicações estudadas e com contraindicação à administração oral de medicamentos. O comportamento da temperatura baseou-se nos critérios de descontinuidade, segurança (eventos adversos), resposta ao tratamento baseada em critérios objetivos de: excelente, satisfatória e não satisfatória, tolerabilidade e eficácia terapêutica. Utilizou-se o teste do Qui-Quadrado, t-Student, Mann-Whitney e Análise de Variância para Medidas Repetidas (ANOVA). O nível de significância adotado foi de 5%. Resultados: 38,8% das crianças permaneceram afebris ao longo de oito horas; 100,0% das crianças obtiveram decréscimo da temperatura, com ambas as medicações, nas duas primeiras horas do estudo; 100,0% das crianças no grupo de febre alta e medicadas com ibuprofeno foram mantidas até a quinta hora e 100,0% das medicadas com dipirona até a terceira hora. Após a quinta hora houve descontinuidade com ambas as medicações, maior no grupo da dipirona.No grupo de febre baixa a descontinuidade se iniciou a partir da terceira hora e se acentuou após sexta hora. A eficácia antipirética na febre alta, foi estatisticamente significante, a favor do ibuprofeno na terceira e quarta hora após a medicação. No grupo de febre baixa a diferença foi estatisticamente significante, a favor do ibuprofeno, na terceira hora após a medicação. Conclusão: Este estudo, demonstrou que dose oral única de ibuprofeno proporciona atividade antipirética mais acentuada, do que dose oral única de dipirona, principalmente na presença de febre alta. Ambas as medicações foram bem toleradas e seguras em curto prazo. Palavras-chave: febre, ibuprofeno, dipirona, analgésicos não entorpecentes e criança.

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ABSTRACT

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ABSTRACT Magni, AM. Behavior antipyretic ibuprofen and dipyrone in febrile children. São Paulo, 2010. Dissertação de Mestrado – Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo.

Introduction: Fever is a common cause of consultations in emergency rooms. The antipyretic choice is always been controversial. The most commonly used in children are paracetamol, ibuprofen and dipyrone. There are many studies on the first two and few in relation to dipyrone for not being marketed worldwide. Objective: Analyze the behavior of temperature in febrile children treated with single oral dose of ibuprofen (10 mg / kg) versus dipyrone (15 mg / kg) in two, three, four, five, six, seven and eight hours after medication antipyreticefficacy in relation to the initial temperature. Methods: A randomized, open-label, randomized (1:1), carried out at the Emergency Unit of the Hospital Municipal São Luiz Gonzaga, the city of São Paulo, between September 2000 and March 2001. Attended by 80 children of both sexes with acute febrile diseases, aged six months to eight years, weighing between 6 kg and 22kg, fever for at least four hours and a maximum of 48 hours and temperature rate between 38.0 and 40,3oC. They were divided into two groups: high fever (˃ 39.1oC) and low-grade fever (between 38.0oC and 39.1oC) and group of ibuprofen and dipyrone. We excluded children who received analgesics, antipyretics or anti-inflammatory drugs in the six hours prior to inclusion in the study, use of antibiotics in the 12 hours preceding the study, with severe, allergic studied medication and contraindications to oral administration of drugs. The behavior of the temperature based on the criteria of discontinuity, safety (adverse events), and response to treatment based on objective criteria: excellent, satisfactory and unsatisfactory, tolerability and therapeutic efficacy. We used the chi-square, t-test, Mann-Whitney test and ANOVA. The level of significance was 5%. Results: 38.8% of children remained afebrile over eight hours, 100.0% of the children had a decrease in temperature, with both medications in the first two hours of study, 100.0% of the children in the group of high fever and treated with ibuprofen were maintained until the fifth hour and 100.0% of medicated induced with up to three hours. After the fifth hour there was discontinuity with both medications, higher in the dipirona.No group of low-grade fever discontinuity started from the third hour and became more marked after the sixth hour. The antipyretic efficacy in high fever was statistically significant in favor of ibuprofen in the third and fourth hours after medication. In the group of low-grade fever, the difference was statistically significant in favor of ibuprofen in the third hour after medication. Conclusion: This study demonstrated that single oral dose of ibuprofen provides antipyretic activity more pronounced than single oral dose of dipyrone, especially in the presence of high fever. Both medications were well tolerated and safe in the short term. Keywords: fever, ibuprofen, dipyrone, non-narcotic analgesics and child.

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Listas e Apêndices

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Listas e Apêndices

Aprovação no Comitê de Ética da Santa Casa de São Paulo (067/99);

Aprovação no Comissão Nacional de Ensino e Pesquisa (CONEP) (126/2000); e

Parecer da Janssen-Cilag Farmacêutica datada de 01/2009.

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Declaração de conflito de interesse

Este estudo foi realizado por intermédio de fundo de pesquisa patrocinado pela

Janssen Cilag Farmacêutica.

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